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Aulas 01 a 04 CPP INQUÉRITO POLICIAL Arts. 4.º a 23 do CPP. Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

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Aulas 01 a 04

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Arts. 4.º a 23 do CPP.

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas

autoridades policiais no território de suas

respectivas circunscrições e terá por fim a

apuração das infrações penais e da sua

autoria.

Parágrafo único. A competência definida

neste artigo não excluirá a de autoridades

administrativas, a quem por lei seja cometida

a mesma função.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

A persecução penal é dever do Estado, logo

cabe a ele a apuração e esclarecimento dos

fatos e suas circunstâncias.

Art. 144 da CF: Polícia Judiciária

competência para investigação da existência

de crimes comuns e da sua autoria.

CUIDADO: Não se trata de poder/dever

exclusivo ou privativo da polícia.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Função do IP: 1) Materialidade;

2) Autoria.

Trata-se de procedimento de natureza

administrativa, ima fase pré-processual.

Destina-se à formação de convencimento do

responsável pela acusação.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

• O convencimento do responsável pela

acusação pode ocorrer também por meio

de outras atividades em processos

administrativos ou até por juntada de

documentação obtida de forma lícita pelo

particular (peças de informações).

• Logo, o IP não é indispensável!!

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Há contraditório e ampla defesa no âmbito do

IP?

Divergência doutrinária. Prevalece o

entendimento de que não!

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

• O esclarecimento das infrações penais,

como regra, cabe à Polícia Judiciária e,

como exceção, às autoridades

administrativas.

• Polícia judiciária:

• a) Âmbito Estadual: Polícia Civil;

• b) Âmbito Federal: Polícia Federal.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Em se tratando de ação penal pública, o IP

deve ser iniciado:

a)De ofício (pela autoridade policial: delegado

de polícia estadual ou federal). Esta hipótese

ocorre quando o delegado tem conhecimento

da prática de uma infração penal, que pode

ser pessoal ou comunicada por meio de uma

notitia criminis, por qualquer um do povo

(pode ser apócrifa? STF diz que não salvo se

o doc. foi produzido pelo acusado ou

constitui o próprio corpo de delito).

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Com relação à delação anônima, o

entendimento majoritário é de que não é

possível a instauração de IP com base

unicamente nesta prova. Mas deve ensejar

diligências informais.

Art. 5.º, § 3o Qualquer pessoa do povo que

tiver conhecimento da existência de infração

penal em que caiba ação pública poderá,

verbalmente ou por escrito, comunicá-la à

autoridade policial, e esta, verificada a

procedência das informações, mandará

instaurar inquérito.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

b) mediante requisição da autoridade

judiciária (juiz) ou do Ministério Público, ou a

requerimento do ofendido ou de quem tiver

qualidade para representá-lo.

Requisitos do requerimento: Art. 5.º, § 1: a) a

narração do fato, com todas as

circunstâncias; b) a individualização do

indiciado ou seus sinais característicos e as

razões de convicção ou de presunção de ser

ele o autor da infração, ou os motivos de

impossibilidade de o fazer; c) a nomeação

das testemunhas, com indicação de sua

profissão e residência.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Se o Delegado indeferir o requerimento de

reabertura do IP, cabe recurso ao Chefe de

Polícia (art. 5.º, § 2.º). Nada impede que o

particular encaminhe os documentos

diretamente para o MP (que pode requisitar).

Se a ação penal for pública condicionada, o

IP não poderá ser iniciado sem representação

(art. 5.º, § 4.º).

Já na ação penal privada, o delegado só pode

proceder a inquérito a requerimento de quem

tenha qualidade para intentá-la (art. 5.º, § 5.º).

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Resumindo, são formas de instauração de IP:

a)Portaria da Autoridade Policial;

b)Auto de Prisão em Flagrante;

c)Requerimento do Ofendido;

d)Representação do Ofendido;

e)Requisição Judicial ou Ministerial.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da

prática da infração penal, a autoridade

policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para

que não se alterem o estado e conservação

das coisas, até a chegada dos peritos

criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação

com o fato, após liberados pelos peritos

criminais;

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento:

III - colher todas as provas que servirem para

o esclarecimento do fato e suas

circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no

que for aplicável, do disposto no Capítulo III

do Título Vll, deste Livro, devendo o

respectivo termo ser assinado por duas

testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento:

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e

coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a

exame de corpo de delito e a quaisquer

outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo

processo datiloscópico, se possível, e fazer

juntar aos autos sua folha de antecedentes;

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento:

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado,

sob o ponto de vista individual, familiar e

social, sua condição econômica, sua atitude

e estado de ânimo antes e depois do crime e

durante ele, e quaisquer outros elementos

que contribuírem para a apreciação do seu

temperamento e caráter.

CUIDADO: Mandados de busca e apreensão

de coisas e/ou pessoas, interceptações

telefônicas etc. precisam de autorização

judicial.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento:

Hipótese de reconstituição dos fatos:

Art. 7.º Para verificar a possibilidade de

haver a infração sido praticada de

determinado modo, a autoridade policial

poderá proceder à reprodução simulada dos

fatos, desde que esta não contrarie a

moralidade ou a ordem pública.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prisão em flagrante (ler arts. 301 a 310):

Importante: (Art. 304) Apresentado o preso à

autoridade competente, ouvirá esta o

condutor e colherá, desde logo, sua

assinatura, entregando a este cópia do termo

e recibo de entrega do preso. Em seguida,

procederá à oitiva das testemunhas que o

acompanharem e ao interrogatório do

acusado sobre a imputação que lhe é feita,

colhendo, após cada oitiva suas respectivas

assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o

auto.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prisão em flagrante (ler arts. 301 a 310):

§ 1o Resultando das respostas fundada a

suspeita contra o conduzido, a autoridade

mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso

de livrar-se solto ou de prestar fiança, e

prosseguirá nos atos do inquérito ou

processo, se para isso for competente; se

não o for, enviará os autos à autoridade que o

seja.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prisão em flagrante (ler arts. 301 a 310):

§ 2o A falta de testemunhas da infração não

impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,

nesse caso, com o condutor, deverão assiná-

lo pelo menos duas pessoas que hajam

testemunhado a apresentação do preso à

autoridade.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar,

não souber ou não puder fazê-lo, o auto de

prisão em flagrante será assinado por duas

testemunhas, que tenham ouvido sua leitura

na presença deste.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prisão em flagrante (ler arts. 301 a 310):

Requisitos (art. 306): a) comunicação

imediata ao juiz competente, ao Ministério

Público e à família do preso ou à pessoa por

ele indicada; b) Encaminhamento, em até 24h

após a realização da prisão, ao juiz

competente, do auto de prisão em flagrante e,

caso o autuado não informe o nome de seu

advogado, cópia integral para a Defensoria

Pública; c) Também em 24h, será entregue ao

preso, mediante recibo, a nota de culpa,

assinada pela autoridade, com o motivo da

prisão, o nome do condutor e os das

testemunhas.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento escrito (art. 9.º): Todas as

peças do inquérito policial serão, num só

processado, reduzidas a escrito ou

datilografadas e, neste caso, rubricadas pela

autoridade.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prazo (art. 10):

JUSTIÇA ESTADUAL:

a)Indiciado preso (flagrante ou preventiva):

10 dias;

b) Indiciado solto: 30 dias.

JUSTIÇA FEDERAL (L. 5.010/1966):

a) 15 dias (preso), prorrogáveis por mais 15

dias;

b) 30 dias (solto)

LEI DE DROGAS (L. 11.343/2006):

a) 30 dias (preso);

b) 90 dias (solto).

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Prazo (art. 10):

Em se tratando de indiciado solto, é possível

a prorrogação, na forma do art. 10, § 3.º:

“Quando o fato for de difícil elucidação, e o

indiciado estiver solto, a autoridade poderá

requerer ao juiz a devolução dos autos, para

ulteriores diligências, que serão realizadas

no prazo marcado pelo juiz”.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Discussão acerca da constitucionalidade do

art. 156, I:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a

quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz

de ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação

penal, a produção antecipada de provas

consideradas urgentes e relevantes,

observando a necessidade, adequação e

proporcionalidade da medida;

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Ao término do IP:

§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do

que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz

competente.

§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar

testemunhas que não tiverem sido inquiridas,

mencionando o lugar onde possam ser

encontradas.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Quando do encerramento:

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como

os objetos que interessarem à prova,

acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a

denúncia ou queixa, sempre que servir de

base a uma ou outra.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

O delegado deve:

I - fornecer às autoridades judiciárias as

informações necessárias à instrução e

julgamento dos processos;

II - realizar as diligências requisitadas pelo

juiz ou pelo Ministério Público;

III - cumprir os mandados de prisão

expedidos pelas autoridades judiciárias;

IV - representar acerca da prisão preventiva.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

“Mini” Contraditório (art. 14):

O ofendido, ou seu representante legal, e o

indiciado poderão requerer qualquer

diligência, que será realizada, ou não, a juízo

da autoridade.

Do indeferimento, cabe recurso ao Chefe de

Polícia.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Curador (art. 15):

“Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado

curador pela autoridade policial”.

O menor é aquele com idade entre 18 e 21

anos!!

Há discussão acerca da revogação tácita ou

não deste artigo, com o Novo Código Civil.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Com relação ao MP, este não poderá requerer

a devolução do inquérito à autoridade

policial, senão para novas diligências,

imprescindíveis ao oferecimento da denúncia

(art. 16).

Arquivamento: A autoridade policial não

poderá mandar arquivar autos de inquérito

(art. 17). Nem o MP (Quem arquiva é o juiz!).

No máx., arquiva BOs que versam sobre fatos

atípicos.

Ler art. 28 do CPP.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Caso seja arquivado pela autoridade

judiciária:

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento

do inquérito pela autoridade judiciária, por

falta de base para a denúncia, a autoridade

policial poderá proceder a novas pesquisas,

se de outras provas tiver notícia.

Ver Súmula 524, STF: “Arquivado o inquérito

policial, por despacho do juiz, a requerimento

do Promotor de Justiça, não pode a ação

penal ser iniciada, sem novas provas”.

Cuidado, devem ser provas substancialmente

novas.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Inquérito policial em crime de ação penal

privada:

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação

pública, os autos do inquérito serão

remetidos ao juízo competente, onde

aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu

representante legal, ou serão entregues ao

requerente, se o pedir, mediante traslado.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Inquérito policial é sigiloso (não secreto):

Art. 20. A autoridade assegurará no

inquérito o sigilo necessário à elucidação do

fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de

antecedentes que lhe forem solicitados, a

autoridade policial não poderá mencionar

quaisquer anotações referentes a instauração

de inquérito contra os requerentes.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Incomunicabilidade do preso (inconst.?):

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado

dependerá sempre de despacho nos autos e

somente será permitida quando o interesse

da sociedade ou a conveniência da

investigação o exigir. Parágrafo único. A

incomunicabilidade, que não excederá de

três dias, será decretada por despacho

fundamentado do Juiz, a requerimento da

autoridade policial, ou do órgão do Ministério

Público, respeitado, em qualquer hipótese, o

disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto

da Ordem dos Advogados do Brasil. (Ver

art. 5.º, LXII e LXIII, CF e art. 136, § 3º, CF).

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas

em que houver mais de uma circunscrição

policial, a autoridade com exercício em uma

delas poderá, nos inquéritos a que esteja

procedendo, ordenar diligências em

circunscrição de outra, independentemente

de precatórias ou requisições, e bem assim

providenciará, até que compareça a

autoridade competente, sobre qualquer fato

que ocorra em sua presença, noutra

circunscrição.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do

inquérito ao juiz competente, a autoridade

policial oficiará ao Instituto de Identificação e

Estatística, ou repartição congênere,

mencionando o juízo a que tiverem sido

distribuídos, e os dados relativos à infração

penal e à pessoa do indiciado.

CPP – INQUÉRITO POLICIAL

Aspectos adicionais:

1) Indiciamento: Hoje há a lei 12.830/2013,

que no seu art. 2.º, § 6.º, diz: “O indiciamento,

privativo do delegado de polícia, dar-se-á por

ato fundamentado, mediante análise técnico-

jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,

materialidade e suas circunstâncias.”;

2) Em resumo, o IP tem natureza

administrativa; é um procedimento escrito,

de caráter inquisitivo, dispensável e sigiloso.