código de processo penal para concursos - nestor távora - 2015

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  • AUTORES FBIO ROQUE ARAJO

    NESTOR TVORA

    5a edio- 2015 Revisada, ampliada e atualizada

    I ); I EDITORA ~ JsPODIVM www.editorajus p odivm. com .b r

  • SOBRE OS AUTORES

    FBIO ROQUE ARAJO Juiz Federai/BA. Mestre e Doutor pela UFBA. Professor-Adjunto da Faculdade de Direito da UFBA .

    . Professor de Direito Penal e Processo Penal do CERS. Ex-Juiz de Direito/BA. Ex-Procurador Federal. Facebook: Fbio Roque Arajo lnstagram: @professorfabioroque

    NESTOR TVORA Advogado. Mestre em Direito Pblico pela Universidade Federal da Bahia. Especialista em Cincias Criminais pelas Faculdades Jorge Amado. Professor da Escola de Magistrados da Bahia. Professor da Fundao Escola Superior do Ministrio Pblico da Bahia. Professor da Escola Superior de Advocacia Orlando Gomes. Professor da Faculdade Baiana de Direito nos cursos de graduao e Ps-Graduao. Professor do Curso Juspodivm-BA e dos Cursos Telepresenciais LFG e Praetorium. Ex-Defensor Pblico-AL.

    5

  • SUMRIO

    LIVRO I - DO PROCESSO EM GERAL....................................................................................... 11

    TTULO 1- DISPOSIES PRELIMINARES............................................................................... 16 TTULO 11- DO INQURITO POLICIAL...................................................................................... 23 TTULO 111 - DA AO PENAL................................................................................................... 54 TTULO IV- DA AO CIVIL ..................................................................................................... 106 TTULO V- DA COMPETNCIA ................................................................................................. 113

    Captulo 1- Da competncia pelo lugar da infrao.............................................................. 126 Captulo 11- Da competncia pelo domiclio ou residncia do ru......................................... 131 Captulo 111- Da competncia pela natureza da infrao ....................................................... 133 Captulo IV- Da competncia por distribuio..................................................................... 139 Captulo V- Da competncia por conexo ou continncia.................................................... 140 Captulo VI- Da competncia por preveno....................................................................... 157 Captulo VIl- Da competncia pela prerrogativa de funo................................................... 159 Captulo VIII - Disposies Especiais................................................................................... 170

    TTULO VI- DAS QUESTES E PROCESSOS INCIDENTES ....................................................... 173 Captulo I - Das questes prejudiciais.................................................................................. 173 Captulo 11- Das excees................................................................................................... 178 Captulo 111- Das incompatibilidades e impedimentos.......................................................... 194 Captulo IV- Do conflito de jurisdio.................................................................................. 195 Captulo V- Da restituio das coisas apreendidas.............................................................. 203 Captulo VI- Das medidas assecuratrias............................................................................ 209 Captulo VIl- Do incidente de falsidade................................................................................ 223 Captulo VIII -Da insanidade mental do acusado.................................................................. 226

    TTULO VIl- DA PROVA CAPTULO 1- DISPOSIES GERAIS ................................................. 231 Captulo li -Do exame do corpo de delito, e das percias em geral....................................... 244 Captulo 111- Do interrcgatrio do acusado........................................................................... 268 Captulo IV- Da confisso................................................................................................... 284 Captulo V- Do ofendido..................................................................................................... 287

    7

  • Captulo VI- Das testemunhas . ... .......... ..... .. .......... .......................... ........ .. ... ..... .. .... ... ... ..... 290 Captulo VIl- Do reconhecimento de pessoas e coisas........................................................ 320 Captulo VIII- Da Acareao................................................................................................ 322 Captulo IX- Dos documentos............................................................................................. 324 Captulo X- Dos indcios..................................................................................................... 328 Captulo XI- Da busca e da apreenso .............. ............ .............................. ........................ 329

    TTULO VIII- DO JUIZ, DO MINISTRIO PBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIA.......................... 340

    Captulo I -Do juiz .............. ... ................ ..... .. ............................................... ....... ......... ....... 340 Captulo 11- Do Ministrio Pblico ....................................................................................... 350 Captulo 111- Jo acusado e seu defensor............................................................................. 353 Captulo IV- Dos assistentes .... ... .. ........... .. ....... ............ .. ............... ............. ... ........... ......... 365 Captulo V - Dos funcionrios da justia.............................................................................. 372 Captulo VI - Dos peritos e intrpretes.................................................................................. 372

    TTULO IX- DA PRISO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISRIA ........... 376 Captulo I -Das disposies gerais ... :................................................................................. 376 Captulo 11 - Da priso em flagrante...................................................................................... 397 Captulo 111- Da priso preventiva........................................................................................ 414 Captulo IV - Da priso domiciliar........................................................................................ 430 Captulo V- Das outras medidas cautelares......................................................................... 436 Captulo V -Da liberdade provisria, com ou sem fiana..................................................... 441

    TTULO X- D.I\S CITAES E INTIMAES.............................................................................. 461 Captulo 1- Das citaes..................................................................................................... 461 Captulo 11- Das intimaes................................................................................................ 481

    TTULO XI- D APLIGAO PROVISRIA DE INTERDIES DE DIREITOS E MEDIDAS DE SEGURANA.................................................. 485 TTULO XII- DA SENTENA..................................................................................................... 437 LIVRO 11- DOS PROCESSOS EM ESPCIE............................................................................... 517 TTULO 1- DO PROCESSO COMUM .......................................................................................... 517

    8

    Captulo I -Da instruo criminal ........................................................................................ 517 Captulo 11 - Do procedimento relativo aos processos da competncia do tribunal do jri...... 541

    Seo 1- Da Acusao e da Instruo Preliminar........................................................... 544 Seo 11 - Da Pronncia, da lmpronncia e da Absolvio Sumria ................................ 550

    Seo 111- Da Preparao do Processo para Julgamento em Plenrio ............................ . Seo IV - Do Alistamento dos Jurados ........................................................................ . Seo V - Do Desaforamento ....................................................................................... . Seo VI- Da Organizao da Pauta ............................................................................. . Seo VIl -Do Sorteio e da Convocao dos Jurados ................................................... . Seo VIII- Da Funo do Jurado .................................................................................. . Seo IX- Da Composio do Tribunal do Jri e da Formao do Conselho de Sentena ...................................................................................................................... . Seo X- Da reunio e das sesses do Tribunal do Jri. ............................................... . Seo XI- Da Instruo em Plenrio ............................................................................. . Seo XII- Dos Debates ............................................................................................... . Seo XIII- Do Questionrio e sua Votao .................................................................. . Seo XIV- Da sentena .............................................................................................. . Seo XV- Da Ata dos Trabalhos ................................................................................. . Seo XVI- Das Atribuies do Presidente do Tribunal do Jri ..................................... ..

    Captulo 111- Do processo e do julgamento dos Crimes da competncia do juiz singular ...... . TTULO 11- DOS PROCESSOS ESPECIAIS ............................................................................... .

    Captulo I - Do processo e do julgamento dos crimes de falncia ........................................ . Captulo 11 - Do processo e do julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionrios pblicos .................................................. . Capitulo 111- Do processo e do julgamento dos crimes de calnia e injria, de competncia do juiz singular .......................................... . Captulo IV - Do processo e do julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial. ........ . Captulo V- Do processo sumrio ...................................................................................... . Captulo VI- Do processo de restaurao de autos extraviados ou destrudos ..................... . Captulo VIl- Do processo de aplicao e medida de segurana por fato no criminoso ................................................................... .

    LIVRO 111- DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL ................................................... .

    TTULO 1- DAS NULIDADES .................................................................................................. .. TTULO 11- DOS RECURSOS EM GERAL ................................................................................ .

    Captulo I -Disposies gerais ........................................................................................... .

    TTULO 11- DOS RECURSOS EM GERAL ................................................................................. . Captulo I - Disposies gerais ........................................................................................... . Captulo 11 - Do recurso em sentido estrito .......................................................................... . Captulo 111 -Da apelao ................................................................................................... . Captulo IV- Do protesto por novo jri ................................................................................ .

    566 568 569 574 576 577

    582 586 597 600 606 614 616 618 620

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  • Captulo VI- Das testemunhas . ... .......... ..... .. .......... .......................... ........ .. ... ..... .. .... ... ... ..... 290 Captulo VIl- Do reconhecimento de pessoas e coisas........................................................ 320 Captulo VIII- Da Acareao................................................................................................ 322 Captulo IX- Dos documentos............................................................................................. 324 Captulo X- Dos indcios..................................................................................................... 328 Captulo XI- Da busca e da apreenso .............. ............ .............................. ........................ 329

    TTULO VIII- DO JUIZ, DO MINISTRIO PBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIA.......................... 340

    Captulo I -Do juiz .............. ... ................ ..... .. ............................................... ....... ......... ....... 340 Captulo 11- Do Ministrio Pblico ....................................................................................... 350 Captulo 111- Jo acusado e seu defensor............................................................................. 353 Captulo IV- Dos assistentes .... ... .. ........... .. ....... ............ .. ............... ............. ... ........... ......... 365 Captulo V - Dos funcionrios da justia.............................................................................. 372 Captulo VI - Dos peritos e intrpretes.................................................................................. 372

    TTULO IX- DA PRISO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISRIA ........... 376 Captulo I -Das disposies gerais ... :................................................................................. 376 Captulo 11 - Da priso em flagrante...................................................................................... 397 Captulo 111- Da priso preventiva........................................................................................ 414 Captulo IV - Da priso domiciliar........................................................................................ 430 Captulo V- Das outras medidas cautelares......................................................................... 436 Captulo V -Da liberdade provisria, com ou sem fiana..................................................... 441

    TTULO X- D.I\S CITAES E INTIMAES.............................................................................. 461 Captulo 1- Das citaes..................................................................................................... 461 Captulo 11- Das intimaes................................................................................................ 481

    TTULO XI- D APLIGAO PROVISRIA DE INTERDIES DE DIREITOS E MEDIDAS DE SEGURANA.................................................. 485 TTULO XII- DA SENTENA..................................................................................................... 437 LIVRO 11- DOS PROCESSOS EM ESPCIE............................................................................... 517 TTULO 1- DO PROCESSO COMUM .......................................................................................... 517

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    Captulo I -Da instruo criminal ........................................................................................ 517 Captulo 11 - Do procedimento relativo aos processos da competncia do tribunal do jri...... 541

    Seo 1- Da Acusao e da Instruo Preliminar........................................................... 544 Seo 11 - Da Pronncia, da lmpronncia e da Absolvio Sumria ................................ 550

    Seo 111- Da Preparao do Processo para Julgamento em Plenrio ............................ . Seo IV - Do Alistamento dos Jurados ........................................................................ . Seo V - Do Desaforamento ....................................................................................... . Seo VI- Da Organizao da Pauta ............................................................................. . Seo VIl -Do Sorteio e da Convocao dos Jurados ................................................... . Seo VIII- Da Funo do Jurado .................................................................................. . Seo IX- Da Composio do Tribunal do Jri e da Formao do Conselho de Sentena ...................................................................................................................... . Seo X- Da reunio e das sesses do Tribunal do Jri. ............................................... . Seo XI- Da Instruo em Plenrio ............................................................................. . Seo XII- Dos Debates ............................................................................................... . Seo XIII- Do Questionrio e sua Votao .................................................................. . Seo XIV- Da sentena .............................................................................................. . Seo XV- Da Ata dos Trabalhos ................................................................................. . Seo XVI- Das Atribuies do Presidente do Tribunal do Jri ..................................... ..

    Captulo 111- Do processo e do julgamento dos Crimes da competncia do juiz singular ...... . TTULO 11- DOS PROCESSOS ESPECIAIS ............................................................................... .

    Captulo I - Do processo e do julgamento dos crimes de falncia ........................................ . Captulo 11 - Do processo e do julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionrios pblicos .................................................. . Capitulo 111- Do processo e do julgamento dos crimes de calnia e injria, de competncia do juiz singular .......................................... . Captulo IV - Do processo e do julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial. ........ . Captulo V- Do processo sumrio ...................................................................................... . Captulo VI- Do processo de restaurao de autos extraviados ou destrudos ..................... . Captulo VIl- Do processo de aplicao e medida de segurana por fato no criminoso ................................................................... .

    LIVRO 111- DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL ................................................... .

    TTULO 1- DAS NULIDADES .................................................................................................. .. TTULO 11- DOS RECURSOS EM GERAL ................................................................................ .

    Captulo I -Disposies gerais ........................................................................................... .

    TTULO 11- DOS RECURSOS EM GERAL ................................................................................. . Captulo I - Disposies gerais ........................................................................................... . Captulo 11 - Do recurso em sentido estrito .......................................................................... . Captulo 111 -Da apelao ................................................................................................... . Captulo IV- Do protesto por novo jri ................................................................................ .

    566 568 569 574 576 577

    582 586 597 600 606 614 616 618 620

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  • Captulo V- Do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e das apelaes, nos tribunais de apelao ............................................. 704 Captulo VI- Dos embargos ................................................................................................ 715 Captulo VIl - Da reviso...................................................................................................... 718 Captulo VIII - Do recurso extraordinrio .............................................................................. 726 Captulo IX- Da carta testemunhvel................................................................................... 735 Captulo X- Do habeas corpus e seu processo.................................................................... 738

    LIVRO IV- DA, EXECUO ....................................................................................................... 765 TTULO 1- DISPOSIES GERAIS ............................................................................................ 765 TTULO 11- DA EXECUO DAS PENAS EM ESPCIE............................................................... 766

    Captulo 1- Das penas privativas de liberdade...................................................................... 766 Captulo 11- Do livramento condicional ................................................................................ 771 Captulo 11 - Da reabilitao .... .. .. .. .... .. ...... .... .. .................. ............ .... .. .. .......... ...... ............ ... 77 4

    TTULO V- DA EXECUO DAS MEDIDAS DE SEGURANA.................................................... 777 LIVRO V- DAS RELAES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA.................... 781 TTULO NICO .......................................................................................................................... 781

    Captulo 1- Disposies gerais............................................................................................ 781 Captulo 11 - Das cartas rogatrias ............ .............. ................ .... .. .. .. .... .... .. .. .. .. .. ............ .... . 783 Captulo 111- Da Homologao de sentenas estrangeiras.................................................... 786

    LIVRO I

    DO PROCESSO EM GERAL

    1. PRINCPIOS 1.1. Consideraes iniciais sobre os princpios

    Os princpios so os valores fundamentais de cada disciplina.

    Atualmente, j se consolidou o entendimento de que os princpios so modalidade de norma jurdica, ao lado das regras.

    No processo penal, podemos falar em princpios constitucionais e prir.cpios processuais penais propriamente ditos. Por sua vez, os princpios constimcionais podem ser explcitos ou implcitos.

    1.2. Princpio da presuno de inocncia ou do estado de Inocncia ou da no culpabi-lidade

    Previsto no art. 5, LVII, da Constituio Federal, significa dizer que ::~bgum ser considerado culpado seno aps o trnsito em julgado da sentena penal condenatria.

    Referido princpio ?Ossui dois principais desdobra!nemos: o primeiro, de tr:.Ztamento, e, por esta razo, o ru no pode ser tratado como culpado, enquanto no advir o trn~ito em julgado da condenao. Por isto, no possvel a execuo provisria da pen2c, salvo para a concesso de benefcios penais (Smula n 716 do STF). O segundo desdobr

  • Captulo V- Do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e das apelaes, nos tribunais de apelao ............................................. 704 Captulo VI- Dos embargos ................................................................................................ 715 Captulo VIl - Da reviso...................................................................................................... 718 Captulo VIII - Do recurso extraordinrio .............................................................................. 726 Captulo IX- Da carta testemunhvel................................................................................... 735 Captulo X- Do habeas corpus e seu processo.................................................................... 738

    LIVRO IV- DA, EXECUO ....................................................................................................... 765 TTULO 1- DISPOSIES GERAIS ............................................................................................ 765 TTULO 11- DA EXECUO DAS PENAS EM ESPCIE............................................................... 766

    Captulo 1- Das penas privativas de liberdade...................................................................... 766 Captulo 11- Do livramento condicional ................................................................................ 771 Captulo 11 - Da reabilitao .... .. .. .. .... .. ...... .... .. .................. ............ .... .. .. .......... ...... ............ ... 77 4

    TTULO V- DA EXECUO DAS MEDIDAS DE SEGURANA.................................................... 777 LIVRO V- DAS RELAES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA.................... 781 TTULO NICO .......................................................................................................................... 781

    Captulo 1- Disposies gerais............................................................................................ 781 Captulo 11 - Das cartas rogatrias ............ .............. ................ .... .. .. .. .... .... .. .. .. .. .. ............ .... . 783 Captulo 111- Da Homologao de sentenas estrangeiras.................................................... 786

    LIVRO I

    DO PROCESSO EM GERAL

    1. PRINCPIOS 1.1. Consideraes iniciais sobre os princpios

    Os princpios so os valores fundamentais de cada disciplina.

    Atualmente, j se consolidou o entendimento de que os princpios so modalidade de norma jurdica, ao lado das regras.

    No processo penal, podemos falar em princpios constitucionais e prir.cpios processuais penais propriamente ditos. Por sua vez, os princpios constimcionais podem ser explcitos ou implcitos.

    1.2. Princpio da presuno de inocncia ou do estado de Inocncia ou da no culpabi-lidade

    Previsto no art. 5, LVII, da Constituio Federal, significa dizer que ::~bgum ser considerado culpado seno aps o trnsito em julgado da sentena penal condenatria.

    Referido princpio ?Ossui dois principais desdobra!nemos: o primeiro, de tr:.Ztamento, e, por esta razo, o ru no pode ser tratado como culpado, enquanto no advir o trn~ito em julgado da condenao. Por isto, no possvel a execuo provisria da pen2c, salvo para a concesso de benefcios penais (Smula n 716 do STF). O segundo desdobr

  • A autodefesa patrocinada pelo prprio ru e, em regra, se materializa por ocasio do interrogatrio. Vai se dividir em direito de audincia (direito de ser ouvido no processo) e direito de presena (direito de comparecer a todos os aros do processo, ainda que por meio de videoconferncia). Ao contrrio da defesa tcnica, a aurodefesa disponvel, ficando a cargo da convenincia do ru o seu exerccio.

    Importante destacar, ainda, que, em sede de Tribunal do Jri, vigora o princpio da plenitude de defesa (art. 5, XXXVIII, a, CF), permitindo-se ao ru valer-se de argumentos jurdicos e/ou metajurdicos, invocando teses sociolgicas, filosficas, econmicas, dentre outras.

    I+ (Vunesp- Defensor Pblico- MS/2008) Explique quais so as manifestaes processuais do direito de autodefesa do ru e ainda se esse direito renuncivel.

    ------------------------------------------------------------------------------

    1.5. Princpio da igualdade processual ou da paridade de armas (par conditio) Decorrncia do prprio princpio da isonomia, previsto no art. 5, caput, CF, significa

    dizer que as partes devem ter as mesmas oportunidades de atuao processual e devem ser tratadas de fmma igualitria, na medida das suas igualdades.

    I+ (Vunesp- Defensor Pblico- MS/2008) Explique a garantia da paridade de armas no processo penal, frente ao rincpio do in dbio pro reo.

    ------------------------------------------------------------------------------

    1.6. Princpio da imparcialidade do juiz No se deve confundir imparcialidade com neutralidade. Atualmente, parece haver um

    certo consenso em rorno da ideia de que a neutralidade no pode ser alcanada. Neutro, nenhum magistrado , pois todos carregam consigo seus valores (ticos, morais, religiosos, familiares, ideolgicos, etc).

    A imparcialidade, todavia, corresponde apenas ao devido distanciamento do julgador em relao aos fatos que deve apreciar. Sob esta perspectiva, o julgador no apenas pode, mas deve ser imparcial. Se houver uma aproximao indevida entre o julgador e os faros posros sua apreciao ou com as partes envolvidas, haver, fatalmente, a ocorrncia de uma das hipteses de suspeio (art. 254, CPP) ou impedimento (art. 252, CPP).

    1.7. Princpio da publicidade

    Corolrio do Estado Democrtico, impe que os atos processuais no estejam revestidos de segredo, o que pode gerar desconfial)a acerca da sua legitimidade. Importante destacar que, n~s termos do art. 5, LX, CF, a lei s poder restringir a publicidade dos atos pro-cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 792 do CPP).

    .Por outro lado, o sigilo no pode atingir o acesso aos auros da investigao. O que j foi d~v!damente produzido e est documentado ser acessado. o que se depreende da Smula VJ~culante no 14, editada pelo STF em 2009, nos seguintes termos: " direito do defensor, no mteresse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados 12

    1!11J;il1011IQ;II34fil&193;f;!! em procedimenro investigatrio realizado po1' rgo com competncia de polcia judiciria, digam respeiro ao exerccio do direito de defesa." Havendo denegao arbitrria de acesso, caber mandado de segurana, sem prejuzo do manejo da reclamao constitucional, afinal, h smula vinculante corroborando o acesso.

    Advirta-se, entretanto, que o direito de acesso aos autos da investigao no abrange o prvio conhecimento de diligncias que ainda sero realizadas, sob pena de absoluta impres-tabilidade do inqurito.

    1:8. Princpio da verdade real

    A busca da verdade real (ou material) constitui um dos princpios mais controversos do processo penal na atualidade. Por fora deste princpio, caberia ao magistrado buscar a verdade, reconstruindo o que de fato ocorreu, ainda que alm dos autos (superando o dogma do processo civil de que "o que no est nos autos no est no mundo").

    Atualmeme, porm, existe certa divergncia em sede doutrinria acerca da possiblidade de se alcanar a verdade real, que seria um dogma inatingvel.

    Por esta razo, alguns autores preferem falar em verdade processualmente construda, ou verdade humanamente possvel.

    1.9. Princpio do juiz natural O princpio do juiz natural possui dois desdobramentos: em primeiro lugar, consagra

    a ideia de que o cidado tem o direito de ser processado perante a autoridade competente (art. 5, LIII, CF), isto , magistrado devidamente investido na Jurisdio. Em segundo lugar, referido princpio obsta a criao de juzos ou tribunais de exceo (art. 5, XXXVII, CF). Em outras palavras, tal princpio impede a criao de rgos jurisdicionais ps-fato, como ocorreu com Tribunais internacionais, como os de Nuremberg, de Ruanda e da ex-Iugoslvia.

    Importante ressaltar, porm, que o Tribunal Penal Internacional, ao qual aderimos ex-pressamente, no constitui tribunal de exceo, pois o Estatuto de Roma, que o criou, dispe que s sero julgados os fatos ocorridos aps a sua criao.

    1.10. Princpio do promotor natural

    H divergncias em relao existncia deste princpio. O entendimento majoritrio em doutrina, contudo, no sentido de que existe o princpio do promotor natural e ele se caracteriza pela proibio de designao arbitrria de membros do MP. Com efeito, a pr-pria independncia funcional dos membros do Ministrio Pblico obsta que se permita a designao aleatria de promotores para caso especfico.

    l.ll. Princpio do favor rei ou do favor ru

    Como regra de tratamento, a dvida milita em benefcio do ru (in dubio pro reo). Por esta razo, s lcito ao magistrado emitir decreto condenatrio quando j no restar dvida acerca da materialidade e autoria (ou participao).

    13

    r r

  • A autodefesa patrocinada pelo prprio ru e, em regra, se materializa por ocasio do interrogatrio. Vai se dividir em direito de audincia (direito de ser ouvido no processo) e direito de presena (direito de comparecer a todos os aros do processo, ainda que por meio de videoconferncia). Ao contrrio da defesa tcnica, a aurodefesa disponvel, ficando a cargo da convenincia do ru o seu exerccio.

    Importante destacar, ainda, que, em sede de Tribunal do Jri, vigora o princpio da plenitude de defesa (art. 5, XXXVIII, a, CF), permitindo-se ao ru valer-se de argumentos jurdicos e/ou metajurdicos, invocando teses sociolgicas, filosficas, econmicas, dentre outras.

    I+ (Vunesp- Defensor Pblico- MS/2008) Explique quais so as manifestaes processuais do direito de autodefesa do ru e ainda se esse direito renuncivel.

    ------------------------------------------------------------------------------

    1.5. Princpio da igualdade processual ou da paridade de armas (par conditio) Decorrncia do prprio princpio da isonomia, previsto no art. 5, caput, CF, significa

    dizer que as partes devem ter as mesmas oportunidades de atuao processual e devem ser tratadas de fmma igualitria, na medida das suas igualdades.

    I+ (Vunesp- Defensor Pblico- MS/2008) Explique a garantia da paridade de armas no processo penal, frente ao rincpio do in dbio pro reo.

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    1.6. Princpio da imparcialidade do juiz No se deve confundir imparcialidade com neutralidade. Atualmente, parece haver um

    certo consenso em rorno da ideia de que a neutralidade no pode ser alcanada. Neutro, nenhum magistrado , pois todos carregam consigo seus valores (ticos, morais, religiosos, familiares, ideolgicos, etc).

    A imparcialidade, todavia, corresponde apenas ao devido distanciamento do julgador em relao aos fatos que deve apreciar. Sob esta perspectiva, o julgador no apenas pode, mas deve ser imparcial. Se houver uma aproximao indevida entre o julgador e os faros posros sua apreciao ou com as partes envolvidas, haver, fatalmente, a ocorrncia de uma das hipteses de suspeio (art. 254, CPP) ou impedimento (art. 252, CPP).

    1.7. Princpio da publicidade

    Corolrio do Estado Democrtico, impe que os atos processuais no estejam revestidos de segredo, o que pode gerar desconfial)a acerca da sua legitimidade. Importante destacar que, n~s termos do art. 5, LX, CF, a lei s poder restringir a publicidade dos atos pro-cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 792 do CPP).

    .Por outro lado, o sigilo no pode atingir o acesso aos auros da investigao. O que j foi d~v!damente produzido e est documentado ser acessado. o que se depreende da Smula VJ~culante no 14, editada pelo STF em 2009, nos seguintes termos: " direito do defensor, no mteresse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados 12

    1!11J;il1011IQ;II34fil&193;f;!! em procedimenro investigatrio realizado po1' rgo com competncia de polcia judiciria, digam respeiro ao exerccio do direito de defesa." Havendo denegao arbitrria de acesso, caber mandado de segurana, sem prejuzo do manejo da reclamao constitucional, afinal, h smula vinculante corroborando o acesso.

    Advirta-se, entretanto, que o direito de acesso aos autos da investigao no abrange o prvio conhecimento de diligncias que ainda sero realizadas, sob pena de absoluta impres-tabilidade do inqurito.

    1:8. Princpio da verdade real

    A busca da verdade real (ou material) constitui um dos princpios mais controversos do processo penal na atualidade. Por fora deste princpio, caberia ao magistrado buscar a verdade, reconstruindo o que de fato ocorreu, ainda que alm dos autos (superando o dogma do processo civil de que "o que no est nos autos no est no mundo").

    Atualmeme, porm, existe certa divergncia em sede doutrinria acerca da possiblidade de se alcanar a verdade real, que seria um dogma inatingvel.

    Por esta razo, alguns autores preferem falar em verdade processualmente construda, ou verdade humanamente possvel.

    1.9. Princpio do juiz natural O princpio do juiz natural possui dois desdobramentos: em primeiro lugar, consagra

    a ideia de que o cidado tem o direito de ser processado perante a autoridade competente (art. 5, LIII, CF), isto , magistrado devidamente investido na Jurisdio. Em segundo lugar, referido princpio obsta a criao de juzos ou tribunais de exceo (art. 5, XXXVII, CF). Em outras palavras, tal princpio impede a criao de rgos jurisdicionais ps-fato, como ocorreu com Tribunais internacionais, como os de Nuremberg, de Ruanda e da ex-Iugoslvia.

    Importante ressaltar, porm, que o Tribunal Penal Internacional, ao qual aderimos ex-pressamente, no constitui tribunal de exceo, pois o Estatuto de Roma, que o criou, dispe que s sero julgados os fatos ocorridos aps a sua criao.

    1.10. Princpio do promotor natural

    H divergncias em relao existncia deste princpio. O entendimento majoritrio em doutrina, contudo, no sentido de que existe o princpio do promotor natural e ele se caracteriza pela proibio de designao arbitrria de membros do MP. Com efeito, a pr-pria independncia funcional dos membros do Ministrio Pblico obsta que se permita a designao aleatria de promotores para caso especfico.

    l.ll. Princpio do favor rei ou do favor ru

    Como regra de tratamento, a dvida milita em benefcio do ru (in dubio pro reo). Por esta razo, s lcito ao magistrado emitir decreto condenatrio quando j no restar dvida acerca da materialidade e autoria (ou participao).

    13

    r r

  • Imponante destacar que esta orientao no imposta quando do recebimento da de-nncia ou queixa-crime, bem como no momento da prolao da pronncia, j que a ceneza exigida na condenao no necessria nos aros ele evoluo procedimental.

    1.12. Princpio do devido processo legal

    Nos termos do art. 5, LIV, CF, "ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". O processo expresso de garantia contra eventuais arbtrios perpetrados pelo Estado. Como corolrio do devido processo, teremos o contraditrio, a ampla defesa, a paridade ele armas, e roda a carga protetiva constitucionalmente assegurada.

    1.13. Princpio da economia processual Foi o princpio que orientou o legislador constituinte derivado a aprovar, por meio da

    Emenda Constitucional n 45/2004, a razovel durao do processo (art. 5, LXXVIII, CF). A celeridade c a informalidade, princpios expressos na Lei n 9.09911995 (Juizados Especiais), decorrem da icleia de economia processual.

    Naturalmente, a celeridade que se pretende no processo penal no pode, jamais, cami-nhar em descompasso com a preservao das garantias constitucionais. A razovel durao do processo corresponcle busca pelo equilbrio: processo que no seja moroso a ponto de ensejar a impunidade, mas tambm no to clere a ponto de no observar as garantias do investigado ou do ru.

    1.14. Princpio da no auto incriminao (nemo tenetur se detegere) Princpio de acordo com o qu3.l ningum obrigado a produzir prova contra si mesmo.

    Este princpio no est expresso 113. Constituio Federal, mas decorrncia lgica dos prin-cpios da presuno de inocncia (art. 5, LVII, CF) e do direito ao silncio.

    O investigado ou o ru no so obrigados a fornecer material para exames de DNA, grafotcnicos, a parricip3.r de reproduo simulada dos faros, a se submeter a exames de alcoolemia c nem a dizer a verdade.

    Pouco importa, ainda, a condio formal de investigado ou de ru. Ainda que se trate, por exemplo, de uma testemunha ou de um perito, no haveria que se falar em crime de falso testemunho ou falsa percia (art. 324, CP) se eles negam, falseiam ou calam a verdade para no se incriminar.

    Por fim, importa destacar que, mesmo no havendo previso constitucional expressa deste princpio, foi ele consagrado pelo Pacto de So Jos da Costa Rica, incorporado ao ordenamento jurdico brasileiro pelo Decreto n 678, de 6 de novembro de 1992, e que tem status supralegal, conforme entendimento do STF.

    1.15. Princpio da vedao s provas ilcitas Prova ilcita aquela que viola a norma (princpios e regras) constitucional e a norma

    infraconstitucional. A sua utilizao proibida constitucionalmente (art. ) 0 , LVI, CF). So inadmissveis as provas cleriV3.das das ilcitas (art. 157, CPP), pois adoramos a teoria dosfrutos da rvore envenenada. 14

    l!''lilifiIIQ;{Ifff}11;M! A jurisprudncia do STF, todavia, admite a utilizao das provas ilcitas em benefcio

    do ru; a despeito de algumas manifestaes doutrinrias (Fernando Capez) sustentando a possibilidade de, excepcionalmente, serem utilizadas provas ilcitas em benefcio da acusao. Esta tese no acolhida pela nossa jurisprudncia.

    11+ (MPE-SP- Promotor de Justia- SP/2012) Dissertao: Princpios constitucionais do processo e seus reflexos na legislao processual penal.

    2. SISTEfv!AS PROCESSUAIS PENAIS

    2.1. Sistema inquisitivo

    Neste sistema processual, adorado pelo Direito Cannico a partir do sculo XIII e que marcou o perodo da Inquisio, as funes ele acusao e julgamento esto concentradas na mesma pessoa. O juiz-inquisidor acusa e ele mesmo julga. Cabe-lhe, ainda, produzir as provas que so coleradas em sigilo. No h que se falar em contraditrio ou presuno de inocncia.

    Neste sistema, como se percebe, o ru visto mais como objeto do processo do que como sujeito de direitos. Para logo, se v que este sistema incompatvel com os direitos e garantias assegurados constitucionalmente.

    2.2. Sistema acusatrio Foi o sistema adotado no Brasil. Este sistema diametralmente oposto ao sistema in-

    quisitivo, pois caracteriza-se pela publicidade, contraditrio e presuno de inocncia: Alm disto, a princip3.l caratcrsrica do sistema acusatrio que as funes de acusao, defesa e julgamento esto separadas. O rgo acusatrio no se confunde com o julgador.

    Convm eschrecer, todavia, que no adotamos o sistema acusatrio puro, ortodoxo, pois, no Brasil, permite-se ao magistrado, excepcionalmente, produzir provas (art. 156, CPP), conceder habeas corpus ele ofcio c, at mesmo, decretar medidas caurel

  • Imponante destacar que esta orientao no imposta quando do recebimento da de-nncia ou queixa-crime, bem como no momento da prolao da pronncia, j que a ceneza exigida na condenao no necessria nos aros ele evoluo procedimental.

    1.12. Princpio do devido processo legal

    Nos termos do art. 5, LIV, CF, "ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". O processo expresso de garantia contra eventuais arbtrios perpetrados pelo Estado. Como corolrio do devido processo, teremos o contraditrio, a ampla defesa, a paridade ele armas, e roda a carga protetiva constitucionalmente assegurada.

    1.13. Princpio da economia processual Foi o princpio que orientou o legislador constituinte derivado a aprovar, por meio da

    Emenda Constitucional n 45/2004, a razovel durao do processo (art. 5, LXXVIII, CF). A celeridade c a informalidade, princpios expressos na Lei n 9.09911995 (Juizados Especiais), decorrem da icleia de economia processual.

    Naturalmente, a celeridade que se pretende no processo penal no pode, jamais, cami-nhar em descompasso com a preservao das garantias constitucionais. A razovel durao do processo corresponcle busca pelo equilbrio: processo que no seja moroso a ponto de ensejar a impunidade, mas tambm no to clere a ponto de no observar as garantias do investigado ou do ru.

    1.14. Princpio da no auto incriminao (nemo tenetur se detegere) Princpio de acordo com o qu3.l ningum obrigado a produzir prova contra si mesmo.

    Este princpio no est expresso 113. Constituio Federal, mas decorrncia lgica dos prin-cpios da presuno de inocncia (art. 5, LVII, CF) e do direito ao silncio.

    O investigado ou o ru no so obrigados a fornecer material para exames de DNA, grafotcnicos, a parricip3.r de reproduo simulada dos faros, a se submeter a exames de alcoolemia c nem a dizer a verdade.

    Pouco importa, ainda, a condio formal de investigado ou de ru. Ainda que se trate, por exemplo, de uma testemunha ou de um perito, no haveria que se falar em crime de falso testemunho ou falsa percia (art. 324, CP) se eles negam, falseiam ou calam a verdade para no se incriminar.

    Por fim, importa destacar que, mesmo no havendo previso constitucional expressa deste princpio, foi ele consagrado pelo Pacto de So Jos da Costa Rica, incorporado ao ordenamento jurdico brasileiro pelo Decreto n 678, de 6 de novembro de 1992, e que tem status supralegal, conforme entendimento do STF.

    1.15. Princpio da vedao s provas ilcitas Prova ilcita aquela que viola a norma (princpios e regras) constitucional e a norma

    infraconstitucional. A sua utilizao proibida constitucionalmente (art. ) 0 , LVI, CF). So inadmissveis as provas cleriV3.das das ilcitas (art. 157, CPP), pois adoramos a teoria dosfrutos da rvore envenenada. 14

    l!''lilifiIIQ;{Ifff}11;M! A jurisprudncia do STF, todavia, admite a utilizao das provas ilcitas em benefcio

    do ru; a despeito de algumas manifestaes doutrinrias (Fernando Capez) sustentando a possibilidade de, excepcionalmente, serem utilizadas provas ilcitas em benefcio da acusao. Esta tese no acolhida pela nossa jurisprudncia.

    11+ (MPE-SP- Promotor de Justia- SP/2012) Dissertao: Princpios constitucionais do processo e seus reflexos na legislao processual penal.

    2. SISTEfv!AS PROCESSUAIS PENAIS

    2.1. Sistema inquisitivo

    Neste sistema processual, adorado pelo Direito Cannico a partir do sculo XIII e que marcou o perodo da Inquisio, as funes ele acusao e julgamento esto concentradas na mesma pessoa. O juiz-inquisidor acusa e ele mesmo julga. Cabe-lhe, ainda, produzir as provas que so coleradas em sigilo. No h que se falar em contraditrio ou presuno de inocncia.

    Neste sistema, como se percebe, o ru visto mais como objeto do processo do que como sujeito de direitos. Para logo, se v que este sistema incompatvel com os direitos e garantias assegurados constitucionalmente.

    2.2. Sistema acusatrio Foi o sistema adotado no Brasil. Este sistema diametralmente oposto ao sistema in-

    quisitivo, pois caracteriza-se pela publicidade, contraditrio e presuno de inocncia: Alm disto, a princip3.l caratcrsrica do sistema acusatrio que as funes de acusao, defesa e julgamento esto separadas. O rgo acusatrio no se confunde com o julgador.

    Convm eschrecer, todavia, que no adotamos o sistema acusatrio puro, ortodoxo, pois, no Brasil, permite-se ao magistrado, excepcionalmente, produzir provas (art. 156, CPP), conceder habeas corpus ele ofcio c, at mesmo, decretar medidas caurel

  • Art.1

    3.2. Espcies

    a) Material ou de produo o Estado. No .Brasil, compete privativamente Unio legislar sobre Processo Penal (art. 22, I,

    CF). ~e! comp,l~menta~ federal pode autorizar os Estados e o Distrito Federal a legislar em q~est~es espeCificas de Interesse local (art. 22, pargrafo nico, CF) A Unio, os Estados e 0 Dlstnto Federal p.ossuem competncia concorrente para legislar sobre criao, funcionamento e processo dos Juizados especiais (art. 24, X, ele art. 98, I, CF), sobre Direito Penitencirio (art. 24, I e I o e 2o, CI~) e procedimentos em matria processual (art. 24, XI, CF).

    b) Formal ou de cognio a fome que revela a norma. Pode ser: b.I) Imediata ou direta: a lei e os tratados. b.2) Mediara ou indireta: so os costumes e os princpios gerais do direito. Cost~m~s consistem 1.1o co~junto d7 prticas sociais reiteradas que as pessoas obedecem

    pela convJcao de sua obngatonedade; e esta convico de obrigatoriedade que distinaue os costumes do mero hbito. b

    o costume pode ser contra lega~ (deixa de aplicar a norma), seczmdum fegem (de acordo com a norma) ou praeter fegem (complementando a lei, preenchendo as suas lacunas).

    J ~s ~r~ncpios gerais do direito correspondem a premissas ticas extradas do ordena-m~nt~ ~und1co. A lei processual, por expressa previso do CPP, pode ser suplementada pelos pnnC!p!Os gerais do Direito (art. 3, CPP).

    ---..:........ __ --.-;-~~T:..:_T.::.U::lO:__:I:.__-DISPOSIES PRELIMINARES Art. 12 O processo penal reger-se-, em todo o territrio brasileiro, por este cdl~o, r~~~lvados: ------1 -os tratados, as convenes e regras de direito internacional

    . 11- as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica, dos ministros de Estado nos cnme~ con~xos com os d~. Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal nos cnmes e responsabilidade (Consmuio, ar~s. 86, 89, 22, e 100); '

    111- os processos da competncia d~Justi~ Militar; -IV- os processos da competncia do tribu~al e~pecial (Constituio, art. 122, no 17); V- os processos por crimes de imprensa.

    P~rgr~f~ nico. _A~licar-se-, entretanto, este Cdigo aos processos reeridos nos ns IV e v quan o as e1s espec1a1s que os regulam no dispuserem de modo diverso. . '

    1. BREVES COl\JENTRIOS O CPP consagra a adoo d ' d . .

    . o pnncipiO a terntonalidade (/oms reuit actum) Com Isto, teremos a aplicao da I . I I b 1 "' .

    . I I e! processua pena rasi eira aos crimes praticados em territrio nac10na , ressa vadas apen -16 ' as, as exceoes expressamente previstas em lei. No se admite a

    Art.1

    aplicao, no Brasil, de direito processual estrangeiro. Saliente-se, todavia, que o Brasil aderiu jurisdio do Tribunal Penal Internacional (art. 5, 4, CF), podendo, portanto, entregar o autor de crime praticado em solo nacional, sendo espcie de jurisdio complementar brasileira.

    A primeira exceo prevista pelo artigo para aplicao da lei processual penal corres-ponde s normas de Direito Internacional. Nesta senda, devemos salientar- que os agentes diplomticos no esto sujeitos lei (processual) penal brasileira. Os agentes consulares, por sua vez, de acordo com antiga e sedimentada jurisprudncia do STF, estaro imunes legislao nacional, apenas quando praticarem infraes penais no exerccio de suas funes (RHC 50.155/SP, Rei. Min. Barros Monteiro).

    Ainda no que tange aos tratados internacionais, cumpre destacar que estes possuem status de norma constitucional, quando versam sobre direitos humanos e se submetem ao proces-so legislativo das Emendas Constitucionais (art. 5, 3, CF). J os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que no tenham se submetido ao processo legislativo das Emendas Constitucionais sero recepcionados com status de norma supralegal, vale dizer, superior lei ordinria e inferior Constituio Federal. l~ o entendimento do STF, que, recentemente, decidiu que "o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicvel a legislao infraconstiwcional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adeso" (RE 349.703/RS, Rei. Min. Carlos Britto).

    Tambm no se sujeitam lei processual penal a chamada jurisdio poltica, consistente no julgamento pelos crimes de responsabilidade de algumas autoridades. Nestes casos, o julgamento ocorre perante o Legislativo. o que ocorre nos julgamentos, perante o Senado Federal, do presidente e vice-presidente da Repblica, por crime de responsabilidade, bem como de ministros de Estado e comandantes das Foras Armadas, nos crimes de mesma natureza e conexos com aqueles (art. 52, I, CF). De igual sorte, o julgamento dos crimes de responsabilidade praticados por ministro do STF, membro do Conselho Nacional de Justia e Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o procurador-geral da Repblica e o advogado geral da Unio (art. 52, Il, CF) .

    Aos processos de competncia da Justia Militar no se aplicam as regras do CPP, cabendo a observncia das regras insculpidas no Cdigo de Processo Penal Militar. A ressalva prevista no inciso IV do artigo j no possui aplicao, na medida em que o Tribunal Especial a que se refere estava previsto na Constituio de 1937 (Tribunal de Segurana Nacional) e j foi extinto. De igual sorte, j no se aplica a ressalva relativa aos crimes de imprensa (inciso V), porquanto o STF considerou a Lei de Imprensa (Lei n 5.250/67) no recepcionada pela CF/88 (ADPF 130/DF, Rei. Min. Carlos Brino).

    Devemos salientar que o CPP ser aplicado subsidiariamente aos procedimemos especiais previsto em lei especial (ex.: Lei de drogas).

    2. QUESTES DE CONCURSO 01. (Juiz Substituto- TJ/AC/CESPE/2012- Adaptada) Em relao aplicao da lei no espao, vigora o

    princpio da absoluta territorialidade da lei processual penal.

  • Art.1

    3.2. Espcies

    a) Material ou de produo o Estado. No .Brasil, compete privativamente Unio legislar sobre Processo Penal (art. 22, I,

    CF). ~e! comp,l~menta~ federal pode autorizar os Estados e o Distrito Federal a legislar em q~est~es espeCificas de Interesse local (art. 22, pargrafo nico, CF) A Unio, os Estados e 0 Dlstnto Federal p.ossuem competncia concorrente para legislar sobre criao, funcionamento e processo dos Juizados especiais (art. 24, X, ele art. 98, I, CF), sobre Direito Penitencirio (art. 24, I e I o e 2o, CI~) e procedimentos em matria processual (art. 24, XI, CF).

    b) Formal ou de cognio a fome que revela a norma. Pode ser: b.I) Imediata ou direta: a lei e os tratados. b.2) Mediara ou indireta: so os costumes e os princpios gerais do direito. Cost~m~s consistem 1.1o co~junto d7 prticas sociais reiteradas que as pessoas obedecem

    pela convJcao de sua obngatonedade; e esta convico de obrigatoriedade que distinaue os costumes do mero hbito. b

    o costume pode ser contra lega~ (deixa de aplicar a norma), seczmdum fegem (de acordo com a norma) ou praeter fegem (complementando a lei, preenchendo as suas lacunas).

    J ~s ~r~ncpios gerais do direito correspondem a premissas ticas extradas do ordena-m~nt~ ~und1co. A lei processual, por expressa previso do CPP, pode ser suplementada pelos pnnC!p!Os gerais do Direito (art. 3, CPP).

    ---..:........ __ --.-;-~~T:..:_T.::.U::lO:__:I:.__-DISPOSIES PRELIMINARES Art. 12 O processo penal reger-se-, em todo o territrio brasileiro, por este cdl~o, r~~~lvados: ------1 -os tratados, as convenes e regras de direito internacional

    . 11- as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica, dos ministros de Estado nos cnme~ con~xos com os d~. Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal nos cnmes e responsabilidade (Consmuio, ar~s. 86, 89, 22, e 100); '

    111- os processos da competncia d~Justi~ Militar; -IV- os processos da competncia do tribu~al e~pecial (Constituio, art. 122, no 17); V- os processos por crimes de imprensa.

    P~rgr~f~ nico. _A~licar-se-, entretanto, este Cdigo aos processos reeridos nos ns IV e v quan o as e1s espec1a1s que os regulam no dispuserem de modo diverso. . '

    1. BREVES COl\JENTRIOS O CPP consagra a adoo d ' d . .

    . o pnncipiO a terntonalidade (/oms reuit actum) Com Isto, teremos a aplicao da I . I I b 1 "' .

    . I I e! processua pena rasi eira aos crimes praticados em territrio nac10na , ressa vadas apen -16 ' as, as exceoes expressamente previstas em lei. No se admite a

    Art.1

    aplicao, no Brasil, de direito processual estrangeiro. Saliente-se, todavia, que o Brasil aderiu jurisdio do Tribunal Penal Internacional (art. 5, 4, CF), podendo, portanto, entregar o autor de crime praticado em solo nacional, sendo espcie de jurisdio complementar brasileira.

    A primeira exceo prevista pelo artigo para aplicao da lei processual penal corres-ponde s normas de Direito Internacional. Nesta senda, devemos salientar- que os agentes diplomticos no esto sujeitos lei (processual) penal brasileira. Os agentes consulares, por sua vez, de acordo com antiga e sedimentada jurisprudncia do STF, estaro imunes legislao nacional, apenas quando praticarem infraes penais no exerccio de suas funes (RHC 50.155/SP, Rei. Min. Barros Monteiro).

    Ainda no que tange aos tratados internacionais, cumpre destacar que estes possuem status de norma constitucional, quando versam sobre direitos humanos e se submetem ao proces-so legislativo das Emendas Constitucionais (art. 5, 3, CF). J os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que no tenham se submetido ao processo legislativo das Emendas Constitucionais sero recepcionados com status de norma supralegal, vale dizer, superior lei ordinria e inferior Constituio Federal. l~ o entendimento do STF, que, recentemente, decidiu que "o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicvel a legislao infraconstiwcional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adeso" (RE 349.703/RS, Rei. Min. Carlos Britto).

    Tambm no se sujeitam lei processual penal a chamada jurisdio poltica, consistente no julgamento pelos crimes de responsabilidade de algumas autoridades. Nestes casos, o julgamento ocorre perante o Legislativo. o que ocorre nos julgamentos, perante o Senado Federal, do presidente e vice-presidente da Repblica, por crime de responsabilidade, bem como de ministros de Estado e comandantes das Foras Armadas, nos crimes de mesma natureza e conexos com aqueles (art. 52, I, CF). De igual sorte, o julgamento dos crimes de responsabilidade praticados por ministro do STF, membro do Conselho Nacional de Justia e Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o procurador-geral da Repblica e o advogado geral da Unio (art. 52, Il, CF) .

    Aos processos de competncia da Justia Militar no se aplicam as regras do CPP, cabendo a observncia das regras insculpidas no Cdigo de Processo Penal Militar. A ressalva prevista no inciso IV do artigo j no possui aplicao, na medida em que o Tribunal Especial a que se refere estava previsto na Constituio de 1937 (Tribunal de Segurana Nacional) e j foi extinto. De igual sorte, j no se aplica a ressalva relativa aos crimes de imprensa (inciso V), porquanto o STF considerou a Lei de Imprensa (Lei n 5.250/67) no recepcionada pela CF/88 (ADPF 130/DF, Rei. Min. Carlos Brino).

    Devemos salientar que o CPP ser aplicado subsidiariamente aos procedimemos especiais previsto em lei especial (ex.: Lei de drogas).

    2. QUESTES DE CONCURSO 01. (Juiz Substituto- TJ/AC/CESPE/2012- Adaptada) Em relao aplicao da lei no espao, vigora o

    princpio da absoluta territorialidade da lei processual penal.

  • Art. 2 iill!llllt1Qlilt11iJijffi!lfi!l;fi1il}J 02. (Juiz Substituto- TJ/BA/CESPE/2012- Adaptada) Aplica-se s normas processuais penais o princpio

    da extraterritorialidade, visto que so consideradas extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves pblicas a servio do governo brasileiro, onde quer que se encontrem.

    03. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) Considere que um determinado ilcito penal fora praticado a bordo de uma aeronave privada a servio do Governo Uruguaio que se encontrava em pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Neste caso, correto afirmar que a lei processual penal brasileira ser aplicada, haja vista tratar-se de delito praticado em solo nacional.

    04. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) Considere que um determinado ilcito penal fora praticado a bordo de uma embarcao mercantil brasileira fundeada no porto de Fort Lauderdale/FL, nos Estados Unidos. Mesmo sendo o autor do delito e a vtima de nacionalidade brasileira, no ser aplicada a-lei processual penal do Brasil por se considerar, no particular, que o delito fora cometido em solo estrangeiro.

    OS. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) As sedes diplomticas e consulares so consideradas territrio estrangeiro e, por esse motivo, no se aplicam as leis processuais penais brasileiras aos delitos perpetrados no interior de suas dependncias.

    rn~m~~~-~0~1--~v-rl ~02~~F~~~0~3---F-.i-o4---V-.-0-5---F-,I

    Art. 22 A lei processual penal aplicar-se- desde logo, sem prejuzo da validade dos atos reali-zados sob a vigncia da lei anterior.

    I. BREVES COMENTAIUOS Consagra-se a adoo, entre ns, do princpio da aplicao imediata (ou princpio do

    efeito imediato) da lei processual. Portanto, no processo penal, vigora a regra do tempus regt actum, de onde podemos extrair duas consequncias:

    a) a lei processual penal aplica-se imediatamente; b) os atos processuais j realizados so considerados vlidos. Assim, se, por exemplo, a

    lei processual estabelece novas regras para a citao do acusado, as citaes j efewadas so vlidas e a nova regra dever ser aplicada s citaes ulteriormente realizadas.

    Percebemos que no Direito Processual Penal, no vigora o princpio da irretroatividade ou princpio da retroatividade benfica (art. ) 0 , XXXIX c XL, CF e art. 2, CP), como ocorre no Direito Penal. Assim, benfica ou malfica, a lei processual ser aplicada de pronto. Em sentido diverso, minoritrio na doutrina, Aury Lopes ]r. sustenta que norma processual penal aplica-se a regra da retroatividade benfica, segundo a mesma rotina da lei material.

    Questo palpitante diz respeito soluo para aplicao da lei mista (ou hbrida), en-tendida como aquela que comporta aspectos de direito material e direito processual. Nesta situao, na esteira do entendimento pacfico no STF, deve prevalecer o aspecto material, valendo a regra da retroatividade benfica para o ru (HC 83.864/DF, Rei. Min. Seplve-da Pertence). dizer, cabe ao intrprete centrar-se na anlise do aspecto material, e duas solues se apresentam:

    1) Se for benfico, retroagir da incidncia

    das suas disposies, na ntegra, seja mais favorvel ao ru do que o advindo da aplicao da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinao de leis.

    STF/589- Aplicao da lei no tempo. Porte ilegal de arma. Denncia e sentena. Aplicao da lei no tempo. Norma instrumental. Envolvida na espcie norma instrumental, como o caso da revelada no art. 384 do CPP, tem-se a validade dos atos praticados sob a vigncia da lei anterior- art. 22 do CPP.//Denncia e sentena. Porte ilegal de arma. Descabe cogitar de descompasso entre denncia e sentena quando a primeira, baseada no art. 16, pargrafo nico, inc. IV, da Lei 10.826/03, muito embora consignando a posse ilegal de arma, retrata a apreenso em via pblica, havendo ocorrido a priso em flagrante, lastreando-se o ttulo condenatrio na posse ilegal. HC 96.296-RS, rei. Min. Marco Aurlio.

    STJ/509- Direito penal e processual penal. Natureza da ao penal. Norma processual penal ma-terial. A norma que altera a natureza da ao penal no retroage, salvo para beneficiar o ru. A norma que dispe sob~e a classificao da ao penal influencia decisivamente o jus puniendi, pois interfere nas causas de extino da punibilidade, como a decadncia e a renncia ao direito de queixa, portanto tem efeito material. Assim, a lei que possui normas de natureza hbrida (penal e processual) no tem pronta aplicabilidade nos moldes do art. 22 do CPP, vigorando a irretroatividade da lei, salvo para beneficiar o ru, conforme dispem os arts. 52, XL, da CF e 22, pargrafo nico, do CP. Precedente citado: HC 37.544-RJ, DJ 5/11/2007. HC 182.714-RJ, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.

    3. QUESTES DE CONCURSO 01. (Vunesp- Delegado de Polcia- SP/2014) A lei processual penal a) tem aplicao imediata, sem prejuzo dos atos realizados sob a vigncia de lei antericr. b) somente pode ser aplicada a processos iniciados sob sua vigncia. c) tem aplicao imediata, devendo ser declarados invlidos os atos praticados sob a vigncia de lei

    anterior.

    d) tem aplicao imediata, devendo ser renovados os atos praticados sob a vigncia da lei anterior. e) retroativa aos atos praticados sob a vigncia de lei anterior.

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  • Art. 2 iill!llllt1Qlilt11iJijffi!lfi!l;fi1il}J 02. (Juiz Substituto- TJ/BA/CESPE/2012- Adaptada) Aplica-se s normas processuais penais o princpio

    da extraterritorialidade, visto que so consideradas extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves pblicas a servio do governo brasileiro, onde quer que se encontrem.

    03. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) Considere que um determinado ilcito penal fora praticado a bordo de uma aeronave privada a servio do Governo Uruguaio que se encontrava em pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Neste caso, correto afirmar que a lei processual penal brasileira ser aplicada, haja vista tratar-se de delito praticado em solo nacional.

    04. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) Considere que um determinado ilcito penal fora praticado a bordo de uma embarcao mercantil brasileira fundeada no porto de Fort Lauderdale/FL, nos Estados Unidos. Mesmo sendo o autor do delito e a vtima de nacionalidade brasileira, no ser aplicada a-lei processual penal do Brasil por se considerar, no particular, que o delito fora cometido em solo estrangeiro.

    OS. (Juiz Substituto- TJ/PR/PUC/2012- Adaptada) As sedes diplomticas e consulares so consideradas territrio estrangeiro e, por esse motivo, no se aplicam as leis processuais penais brasileiras aos delitos perpetrados no interior de suas dependncias.

    rn~m~~~-~0~1--~v-rl ~02~~F~~~0~3---F-.i-o4---V-.-0-5---F-,I

    Art. 22 A lei processual penal aplicar-se- desde logo, sem prejuzo da validade dos atos reali-zados sob a vigncia da lei anterior.

    I. BREVES COMENTAIUOS Consagra-se a adoo, entre ns, do princpio da aplicao imediata (ou princpio do

    efeito imediato) da lei processual. Portanto, no processo penal, vigora a regra do tempus regt actum, de onde podemos extrair duas consequncias:

    a) a lei processual penal aplica-se imediatamente; b) os atos processuais j realizados so considerados vlidos. Assim, se, por exemplo, a

    lei processual estabelece novas regras para a citao do acusado, as citaes j efewadas so vlidas e a nova regra dever ser aplicada s citaes ulteriormente realizadas.

    Percebemos que no Direito Processual Penal, no vigora o princpio da irretroatividade ou princpio da retroatividade benfica (art. ) 0 , XXXIX c XL, CF e art. 2, CP), como ocorre no Direito Penal. Assim, benfica ou malfica, a lei processual ser aplicada de pronto. Em sentido diverso, minoritrio na doutrina, Aury Lopes ]r. sustenta que norma processual penal aplica-se a regra da retroatividade benfica, segundo a mesma rotina da lei material.

    Questo palpitante diz respeito soluo para aplicao da lei mista (ou hbrida), en-tendida como aquela que comporta aspectos de direito material e direito processual. Nesta situao, na esteira do entendimento pacfico no STF, deve prevalecer o aspecto material, valendo a regra da retroatividade benfica para o ru (HC 83.864/DF, Rei. Min. Seplve-da Pertence). dizer, cabe ao intrprete centrar-se na anlise do aspecto material, e duas solues se apresentam:

    1) Se for benfico, retroagir da incidncia

    das suas disposies, na ntegra, seja mais favorvel ao ru do que o advindo da aplicao da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinao de leis.

    STF/589- Aplicao da lei no tempo. Porte ilegal de arma. Denncia e sentena. Aplicao da lei no tempo. Norma instrumental. Envolvida na espcie norma instrumental, como o caso da revelada no art. 384 do CPP, tem-se a validade dos atos praticados sob a vigncia da lei anterior- art. 22 do CPP.//Denncia e sentena. Porte ilegal de arma. Descabe cogitar de descompasso entre denncia e sentena quando a primeira, baseada no art. 16, pargrafo nico, inc. IV, da Lei 10.826/03, muito embora consignando a posse ilegal de arma, retrata a apreenso em via pblica, havendo ocorrido a priso em flagrante, lastreando-se o ttulo condenatrio na posse ilegal. HC 96.296-RS, rei. Min. Marco Aurlio.

    STJ/509- Direito penal e processual penal. Natureza da ao penal. Norma processual penal ma-terial. A norma que altera a natureza da ao penal no retroage, salvo para beneficiar o ru. A norma que dispe sob~e a classificao da ao penal influencia decisivamente o jus puniendi, pois interfere nas causas de extino da punibilidade, como a decadncia e a renncia ao direito de queixa, portanto tem efeito material. Assim, a lei que possui normas de natureza hbrida (penal e processual) no tem pronta aplicabilidade nos moldes do art. 22 do CPP, vigorando a irretroatividade da lei, salvo para beneficiar o ru, conforme dispem os arts. 52, XL, da CF e 22, pargrafo nico, do CP. Precedente citado: HC 37.544-RJ, DJ 5/11/2007. HC 182.714-RJ, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.

    3. QUESTES DE CONCURSO 01. (Vunesp- Delegado de Polcia- SP/2014) A lei processual penal a) tem aplicao imediata, sem prejuzo dos atos realizados sob a vigncia de lei antericr. b) somente pode ser aplicada a processos iniciados sob sua vigncia. c) tem aplicao imediata, devendo ser declarados invlidos os atos praticados sob a vigncia de lei

    anterior.

    d) tem aplicao imediata, devendo ser renovados os atos praticados sob a vigncia da lei anterior. e) retroativa aos atos praticados sob a vigncia de lei anterior.

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  • Art. 2 r;,ill!lf11HRBt?lfiJQ;i9!1MIU;\;lf1 02. (FEPESE- Promotor de Justia- SC/2014- adaptada) So efeitos do princpio tem pus regitactum,

    previsto no Cdigo de Processo Penal: a) os atos processuais realizados sob a gide da lei anterior so considerados vlidos; b) as normas processuais tm aplicao imediata, pouco importando se o fato que de J origem ao processo anterior sua entrada em vigor.

    03. (Delegado de Polcia- PA/UEPA/2013- Adaptada) Uma lei que reduza o prazo para a interposio de recurso no pode ser aplicada aos processos em andamento, haja vista que, em se tratando de norma mais gravosa, no pode retroagir para alcanar processos iniciados antes de sua vigncia.

    04. (Delegado c e Polcia- PA/UEPA/2013- Adaptada) A supervenincia de lei alterando o procedimento da ao penal surte efeitos imediatos sobre os processos em andarl)ento, determinando a renovao dos atos j praticados que com ela sejam incompatveis.

    OS. (Defensor Pblico- DPE/MS/Vunesp/2012- Adaptada) Uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 anos de recluso pelo crime de homicdio tem direito interposio do recurso denominado "protesto por novo ji" em virtude do crime a ela imputado ter sido praticado em 2006.

    06. (Juiz Substi:uto- TJ/PA/CESPE/2012- Adaptada) A Lei nQ 12.403/2011, que alterou o quantum da pena mxima para a concesso de fiana, segue o direito material nesse aspecto, sendo, por isso, aplicado o princpio da retroatividade da lei penal mais benfica, no o do tempus regit actum. .

    07. (Promotor de Justia- MPE/TO/CESPE/2012- Adaptada) Se, aps deciso que tiver concedido liber-dade provisria a determinado preso, entrar em vigor nova lei que proba a concesso do benefcio para condenados por crime da espcie do cometido por esse preso, dever o juiz da causa revogar a liberdade provisria, em razo da sup~rveniente proibio legal.

    08. (Delegado de Polcia- RJ/FUNCAB/2012) Um Delegado de Polcia, em 10/04/2012, ou seja, aps o julgamento pelo STF da ADI 4424 (09/02/2012), que entendeu ser a ao penal por leso corporal leve, no m:Jito da violncia domstica contra a mulher, pblica incondicionada, se depara com not-cia de um crime de leso corporal leve, no mbito da violncia domstica contra a mulher, ocorrido em 04/01/2012, ou seja, antes do julgamento da referida ADI 4424, sem que a vtima tenha represen-tado. Tende em conta o controle de constitucionalidade na via abstrata pelo STF, em matria penal, doutrinariamente possvel dizer que:

    a) Nesse caso, por fora do art. SQ, LX, da CRF (princpio da retroatividade benfica e irretroatividade in malan partem), os efeitos do controle abstrato devem ser adstritos tcnica de declarao de in-constitucionalidade sem pronncia de nulidade, ou seja, efeito extunc, devendo o Delegado instaurar o inqurito.

    b) O STF, no controle de constitucionalidade pela via abstrata, exerce funo tpica, jurisdicional, e, mesmo em tema de normas processuais mistas, sua deciso erga omnes, com efeito vinculante inter partes, O Delegado dever instaurar o inqurito.

    c) Quando a lei processual mista for declarada inconstitucional ou tiver interpretao fixada cujo efeito seja prejudi:ial ao ru, por fora do princpio da irretroatividade da lei penal prejudicial (art. SQ, LX, CRF/88), seus efeitos devero ser prospectivos, ou seja, ocorrer declarao de inconstitucionalidade sem pronncia de nulidade. O Delegado no poderia instaurar o inqurito.

    d) Nesse caso, indiscutivelmente, o Delegado de Polcia dever instaurar o inqurito independentemen-te de representao da vtima, pois a deciso do STF vinculante e erga omnes, no encontrando qualquer OL tro limite, vez que a Corte atua como legislador positivo.

    e) Por se tratar de lei material, o caso reclama a tcnica de controle de constitucionalidade com pronncia de nulidade. atribuindo-se efeito ex nunc. Assim, no poderia o Delegado instaurar inqurito.

    09. (Juiz Substituto- TJ/BA/CESPE/2012- Adaptada) A lei processual aplica-se de imediato, devendo-se respeitar, entretanto, a data em que o crime foi praticado e observar a pretenso punitiva j estabe-lecida.

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    1!\fl;lltiIIQ;il3f}il3t,id3;i,\Q Art. 3

    I!Dll~lmJ~0~1_.!:cA:.__L! ~0:=2_~v_LI ~o~3 __ .__c__::04_,___c___~ F OG 07 08 c I 09 F I

    i!+ (MPE-PR _Promotor de Justia- PR/2011) (MXIMO 10 LINHAS). O art. 387, in_ciso I~ do Cdigo de Processo Penal recebeu nova redao pela lei 11.719, de 20 de junho de 2008. E posslvel sua aplica-o na sentena ou acrdo lavrados hoje, relativos a casos cuja instruo tenha termmado antes da entrada em vigor da lei? Ex~l~~u_e~ ___________ ----- ________________________________ _

    ------------------------

    lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem o suplem~nto ds princpios gerais de direito. '.'. !~:.~ -~' ,';, . ' ', ' '

    1. BREVES COMENTRIOS Interpretao extensiva aquela em que o intrprete amplia o contedo da lei, quando

    ela disse menos do que deveria. No processo penal, podemos utilizar com~ exemplo a.s causas d - d ( t 254 CPP supra) que tambm devem ser apliCadas aos Jurados, e suspeiao o JUIZ ar . , , , porquanto estes tambm so juzes, embora leigos.

    Analogia um processo de auto-integrao da lei, consistente na aplicao a um ~aro, no regido pela norma jurdica, de disposio legal aplicvel a ~at~ semelhante .. C~n;, ISto,. consagra-se a ideia de que "onde existe a mesma razo deve existir o me_si~O direito (ubt eadem ratio, ibi eadem ius). Releva salientar que a analogia vedada no Dtretto Penal, salvo se beneficiar o ru (analogia in bonam partem). O processo penal no conhece a mesma vedao, pois, aqui, no se trata 'de norma penal incriminadora.

    Princpios gerais de direito so "postulados que procuram ~~ndament~r rodo,~ sistem_a jurdico, no tendo necessariamente uma correspondnc_ia ~~sitlv~da equtvalente Con,st.I-tuem premissas ticas que fundamentam o ordenamento JUndtco. Sobre o tema, afir~1a~u~10 Fabbrini Mirabete que "o direito processual penal est sujeito s influncias desses pnnC!ptos como os referentes liberdade, igualdade, ao direito natural etc".

    2. INFORJvATIVOS DE JURISPRUDNCIA s.rF/siis~--i~~i;;:;~~~:-R~-~;~~~:;;.~ii~~~ii~--~~;~i~~-d-~-;~~~--37o-~~--;;~;d~-;:l'j;:1:;.:i-~ti;;;~~~;d; acrdo do "habeas corpus" impetrado ao STJ se efetivou pelo D1ano de Just1a, mu1~0 embora :e tratasse de ru preso, sem formao jurdica e atuando em causa prpria. 2. O pacien_te preso nao poderia ter conhecimento da intimao realizada via Dirio da Justia, uma vez que, sabidamente: tal peridico no circula em estabelecimentos prisionais. 3. Em casos como o presente, deve-se aplicar por analogia o art. 370, 2Q, do CPP. HC 100103, rei. Min. E/len Gracie, 4.5.10. 29 T.. srF/s25~-5~-b~~~~i-~-;;~--ci~-;:~~~~;;:;~-~h;N;E~~~-~~~;d~:;.~ii~~-~-~-~~-~-i~i-~~--ci~--~-;~:4?~;l'c: o Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contra decisao q~e deferira substituio de testemunha no localizada. Na espcie, sustentava-se que a substltuiao de testemunha fora deferida com base no art. 397 do CPP ("Se no for encontrado qualquer das testemunhas, 0 juiz poder deferir o pedido de substituio, se esse pedido no tiver ~ar fim frustra; 0 disposto nos arts. 41, in fine, e 395."), dispositivo que, quando da prolao da decisao a~ravada, Ja teria sido revogado pela Lei 11.719/2008. Alegava-se, ademais, que tal procedimento na_o podena mais ser admitido, por ausncia de previso legal. Considerou-se que, embora a possibilidade ~e substituio de testemunha no encontrada no estivesse mais expressamente prevista no CPP, na o

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  • Art. 2 r;,ill!lf11HRBt?lfiJQ;i9!1MIU;\;lf1 02. (FEPESE- Promotor de Justia- SC/2014- adaptada) So efeitos do princpio tem pus regitactum,

    previsto no Cdigo de Processo Penal: a) os atos processuais realizados sob a gide da lei anterior so considerados vlidos; b) as normas processuais tm aplicao imediata, pouco importando se o fato que de J origem ao processo anterior sua entrada em vigor.

    03. (Delegado de Polcia- PA/UEPA/2013- Adaptada) Uma lei que reduza o prazo para a interposio de recurso no pode ser aplicada aos processos em andamento, haja vista que, em se tratando de norma mais gravosa, no pode retroagir para alcanar processos iniciados antes de sua vigncia.

    04. (Delegado c e Polcia- PA/UEPA/2013- Adaptada) A supervenincia de lei alterando o procedimento da ao penal surte efeitos imediatos sobre os processos em andarl)ento, determinando a renovao dos atos j praticados que com ela sejam incompatveis.

    OS. (Defensor Pblico- DPE/MS/Vunesp/2012- Adaptada) Uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 anos de recluso pelo crime de homicdio tem direito interposio do recurso denominado "protesto por novo ji" em virtude do crime a ela imputado ter sido praticado em 2006.

    06. (Juiz Substi:uto- TJ/PA/CESPE/2012- Adaptada) A Lei nQ 12.403/2011, que alterou o quantum da pena mxima para a concesso de fiana, segue o direito material nesse aspecto, sendo, por isso, aplicado o princpio da retroatividade da lei penal mais benfica, no o do tempus regit actum. .

    07. (Promotor de Justia- MPE/TO/CESPE/2012- Adaptada) Se, aps deciso que tiver concedido liber-dade provisria a determinado preso, entrar em vigor nova lei que proba a concesso do benefcio para condenados por crime da espcie do cometido por esse preso, dever o juiz da causa revogar a liberdade provisria, em razo da sup~rveniente proibio legal.

    08. (Delegado de Polcia- RJ/FUNCAB/2012) Um Delegado de Polcia, em 10/04/2012, ou seja, aps o julgamento pelo STF da ADI 4424 (09/02/2012), que entendeu ser a ao penal por leso corporal leve, no m:Jito da violncia domstica contra a mulher, pblica incondicionada, se depara com not-cia de um crime de leso corporal leve, no mbito da violncia domstica contra a mulher, ocorrido em 04/01/2012, ou seja, antes do julgamento da referida ADI 4424, sem que a vtima tenha represen-tado. Tende em conta o controle de constitucionalidade na via abstrata pelo STF, em matria penal, doutrinariamente possvel dizer que:

    a) Nesse caso, por fora do art. SQ, LX, da CRF (princpio da retroatividade benfica e irretroatividade in malan partem), os efeitos do controle abstrato devem ser adstritos tcnica de declarao de in-constitucionalidade sem pronncia de nulidade, ou seja, efeito extunc, devendo o Delegado instaurar o inqurito.

    b) O STF, no controle de constitucionalidade pela via abstrata, exerce funo tpica, jurisdicional, e, mesmo em tema de normas processuais mistas, sua deciso erga omnes, com efeito vinculante inter partes, O Delegado dever instaurar o inqurito.

    c) Quando a lei processual mista for declarada inconstitucional ou tiver interpretao fixada cujo efeito seja prejudi:ial ao ru, por fora do princpio da irretroatividade da lei penal prejudicial (art. SQ, LX, CRF/88), seus efeitos devero ser prospectivos, ou seja, ocorrer declarao de inconstitucionalidade sem pronncia de nulidade. O Delegado no poderia instaurar o inqurito.

    d) Nesse caso, indiscutivelmente, o Delegado de Polcia dever instaurar o inqurito independentemen-te de representao da vtima, pois a deciso do STF vinculante e erga omnes, no encontrando qualquer OL tro limite, vez que a Corte atua como legislador positivo.

    e) Por se tratar de lei material, o caso reclama a tcnica de controle de constitucionalidade com pronncia de nulidade. atribuindo-se efeito ex nunc. Assim, no poderia o Delegado instaurar inqurito.

    09. (Juiz Substituto- TJ/BA/CESPE/2012- Adaptada) A lei processual aplica-se de imediato, devendo-se respeitar, entretanto, a data em que o crime foi praticado e observar a pretenso punitiva j estabe-lecida.

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    1!\fl;lltiIIQ;il3f}il3t,id3;i,\Q Art. 3

    I!Dll~lmJ~0~1_.!:cA:.__L! ~0:=2_~v_LI ~o~3 __ .__c__::04_,___c___~ F OG 07 08 c I 09 F I

    i!+ (MPE-PR _Promotor de Justia- PR/2011) (MXIMO 10 LINHAS). O art. 387, in_ciso I~ do Cdigo de Processo Penal recebeu nova redao pela lei 11.719, de 20 de junho de 2008. E posslvel sua aplica-o na sentena ou acrdo lavrados hoje, relativos a casos cuja instruo tenha termmado antes da entrada em vigor da lei? Ex~l~~u_e~ ___________ ----- ________________________________ _

    ------------------------

    lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem o suplem~nto ds princpios gerais de direito. '.'. !~:.~ -~' ,';, . ' ', ' '

    1. BREVES COMENTRIOS Interpretao extensiva aquela em que o intrprete amplia o contedo da lei, quando

    ela disse menos do que deveria. No processo penal, podemos utilizar com~ exemplo a.s causas d - d ( t 254 CPP supra) que tambm devem ser apliCadas aos Jurados, e suspeiao o JUIZ ar . , , , porquanto estes tambm so juzes, embora leigos.

    Analogia um processo de auto-integrao da lei, consistente na aplicao a um ~aro, no regido pela norma jurdica, de disposio legal aplicvel a ~at~ semelhante .. C~n;, ISto,. consagra-se a ideia de que "onde existe a mesma razo deve existir o me_si~O direito (ubt eadem ratio, ibi eadem ius). Releva salientar que a analogia vedada no Dtretto Penal, salvo se beneficiar o ru (analogia in bonam partem). O processo penal no conhece a mesma vedao, pois, aqui, no se trata 'de norma penal incriminadora.

    Princpios gerais de direito so "postulados que procuram ~~ndament~r rodo,~ sistem_a jurdico, no tendo necessariamente uma correspondnc_ia ~~sitlv~da equtvalente Con,st.I-tuem premissas ticas que fundamentam o ordenamento JUndtco. Sobre o tema, afir~1a~u~10 Fabbrini Mirabete que "o direito processual penal est sujeito s influncias desses pnnC!ptos como os referentes liberdade, igualdade, ao direito natural etc".

    2. INFORJvATIVOS DE JURISPRUDNCIA s.rF/siis~--i~~i;;:;~~~:-R~-~;~~~:;;.~ii~~~ii~--~~;~i~~-d-~-;~~~--37o-~~--;;~;d~-;:l'j;:1:;.:i-~ti;;;~~~;d; acrdo do "habeas corpus" impetrado ao STJ se efetivou pelo D1ano de Just1a, mu1~0 embora :e tratasse de ru preso, sem formao jurdica e atuando em causa prpria. 2. O pacien_te preso nao poderia ter conhecimento da intimao realizada via Dirio da Justia, uma vez que, sabidamente: tal peridico no circula em estabelecimentos prisionais. 3. Em casos como o presente, deve-se aplicar por analogia o art. 370, 2Q, do CPP. HC 100103, rei. Min. E/len Gracie, 4.5.10. 29 T.. srF/s25~-5~-b~~~~i-~-;;~--ci~-;:~~~~;;:;~-~h;N;E~~~-~~~;d~:;.~ii~~-~-~-~~-~-i~i-~~--ci~--~-;~:4?~;l'c: o Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contra decisao q~e deferira substituio de testemunha no localizada. Na espcie, sustentava-se que a substltuiao de testemunha fora deferida com base no art. 397 do CPP ("Se no for encontrado qualquer das testemunhas, 0 juiz poder deferir o pedido de substituio, se esse pedido no tiver ~ar fim frustra; 0 disposto nos arts. 41, in fine, e 395."), dispositivo que, quando da prolao da decisao a~ravada, Ja teria sido revogado pela Lei 11.719/2008. Alegava-se, ademais, que tal procedimento na_o podena mais ser admitido, por ausncia de previso legal. Considerou-se que, embora a possibilidade ~e substituio de testemunha no encontrada no estivesse mais expressamente prevista no CPP, na o

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  • Art. 3 iiiiilK~IIlMPffitUM;lJ!i~~li~Glil!l se haveria de entender que o legislador teria adotado um silncio eloquente na matria, sobretudo por no ter havido uma revogao direta e expressa do antigo texto do art. 397 do CPP, mas sim uma reforma de captulos inteiros do Cdigo, por leis esparsas, alcanando aquele dispositivo, sem que se pudesse concluir, contudo, que a inacessvel volutas legis/ataris seria no sentido de impedir eventuais substituies de testemunhas no curso da instruo, mesmo quando no localizada a que fora arrolada originalmente, sob pena de se inviabilizar uma prestao jurisdicional efetiva e justa. Assim, reputou-se perfeitamente aplicvel hiptese, por analogia (CPP, art. 32), o art. 408 do CPC ("Art. 408. Depois de apresentada o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte s pode substituir a testemunha: 1- que falecer; 11- que, por enfermidade, no estiver em condies de depor; 111- que, tenda mudado de residncia, no for encontrada pela oficial de justia."), enquadrando-se o caso em anlise no inciso 111 do referido dispositivo legal. No se vislumbrou, por fim, qualquer tentativa de burla ao prazo processual para o arrolamento das testemunhas. Vencido o Min. Marco Aurlio que dava provimento ao recurso. AP 470 AgR/MG, rei. Min. Joaquim Barbosa, 23.10.2008.

    ., .. ,. .................... .

    STF/508- Priso Preventiva e Imposio de Condies. Poder geral de cautela. Aplicao ana-lgica do art. 798, CPC. Por no vislumbrar qualquer tipo de constrangimento ilegal no ato que condicionara a revogao do decreto prisional ao cumprimento de certas condies estabelecidas pelo juzo de origem, ato esse mantido sequencialmente pelo TRF da 2 Regio e pelo STJ, a Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava violao aos artigos 22; 52, 11, XV e LVII e 22, 1, todos da CF. Reputando observados os princpios e regras constitucionais aplicveis matria, asseverou-se no haver direito absoluto liberdade de ir e vir (CF, art. 52, XV), de modo a existirem situaes em que necessria a ponderao dos interesses em conflito na apreciao do caso concreto. No ponto, registrou-se que o ato impugnado levara em conta, pa~a a imposio das condies, o fato de o paciente possuir dupla nacionalidade, alm de residncia em outro pas, onde man-teria o centro de seus negcios, conforme reconhecido pela defesa. Assim, considerou-se que a medida adotada teria natureza acautelatria, inserindo-se no poder geral de cautela (CPC, art. 798 e CPP, art. 32) que autoriza ao magistrado impor providncias tendentes a garantir a instruo criminal e tambm a aplicao da lei penal (CPP, art. 312). Enfatizou-se, ainda, que os argumentos relativos eventual transgresso do direito liberdade de locomoo e dos princpios da legalidade e da no culpabilidade se inter-relacionariam, no havendo como acolh-los pelos mesmos fundamentos j expostos. De igual forma, rejeitaram-se as assertivas de ofensa ao princpio da independncia dos Poderes e da regra de competncia privativa da Unio para legislar sobre direito processual, haja vista que a deciso no mova ria no ordenamento jurdico e no usurparia atribuio do Poder Legislativo. Precedente citado: HC 86758/PR (DJU de 12.9.2006). HC 94147/RJ, rei. Min. Ellen Gracie, 27.5.2008.

    3. QUESTES DE CONCURSO

    01. (FEPESE- Promotor de Justia - SC/2014- Adaptada) Segundo o Cdigo de Processo Penal, a lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica.

    02. (Promotor de Justia- MPE/SC/2012- Adaptada) A lei processual penal, em benefcio do ru, ad-mitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem como o suplemento dos princpios gerais de direito.

    03. (Juiz Substituto- TJ/MG/Vunesp/2012- Adaptada) A analogia aplicvel somente em caso de lacuna involuntria da lei, ainda que no haja real semelhana entre o caso previsto e o no previsto.

    04. (Juiz Substituto - TJ/AC/CESPE/2012 -Adaptada) A lei penal admite a aplicao analgica e a lei processual penal, a interpretao analgica.

    22

    W!JJtNI#Q;tIHffii3~~~6MitJJ Art. 4

    ~TTULO 11- DO INQURITO POLICIAL

    1. BREVES COMENTRIOS 1.1. Persecuo criminal (persecutio criminis): perseguio do crime

    Consiste no poder-dever do Estado investigar e punir as infraes penais. Divide-se em duas fases bem distintas:

    a) Fase pr-processual (informativa, preliminar e inquisitiva): a fase de investigao criminal, que antecede a instaurao do processo. Esta fase destinada coleta de elementos relativos materialidade (existncia elo crime) e autoria ou participao na ir:frao penal.

    O inqurito policial a principal modalidade de investigao criminal. Alm dele, po-demos mencionar os inquritos parlamentares elas Comisses Parlamentares ele Inqurito (CPI's), o inqurito policial-militar (IPM), o inqurito ela polcia da Cmara dos Deputados ou Senado Federal (Smula n 397 elo STF) e a investigao elo Ministrio 7blico.

    Muito embora ainda pairem controvrsias na doutrina acerca elo poder ce investigao elo Ministrio Pblico, a jurisprudncia admite a tese. Alm disto, nos termos ela Smula n 234 do STJ, o membro do MP