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Direção-geral da Administração da Justiça CÓDIGO DA EXECUÇÃO DAS PENAS Texto de Apoio CFFJ - 2012

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  • Direo-geral da Administrao da Justia

    CDIGO DA EXECUO DAS PENAS

    Texto de Apoio CFFJ - 2012

  • 2

    A Lei n. 115/2009 de 12 de outubro, atual Cdigo de Execuo das Penas e Medidas

    Privativas de Liberdade, doravante (CEP), entrou em vigor no passado dia 12.04.2010.

    Veio substituir a Lei de Execuo das Penas e Medidas Privativas da Liberdade

    (Decreto-lei n. 265/79, alterado pelos Decretos-leis n. 49/80 e 414/85) e a Lei orgnica

    dos Tribunais de Execuo das Penas (Decreto-Lei n. 783/76, de 29 de outubro, alterado

    pelos Decretos-Leis n.s 227/77, e n. 204/78,), j desatualizadas face evoluo da

    realidade social e criminal, difcil compatibilidade com outras legislaes e a

    recomendaes e orientaes europeias, no domnio da execuo das penas, quer na

    vertente material quer processual.

    A nova Lei 115/2009, integrou num nico cdigo matria que se encontrava dispersa

    por vrios diplomas legais, de forma a conferir atualidade e sntese ao sistema de execuo

    de penas. Reforou o princpio da jurisdicionalizao, ampliando, significativamente, as

    competncias do Tribunal de Execuo das Penas, para acompanhar e fiscalizar a execuo

    das penas e medidas privativas da liberdade.

    O Ministrio Pblico tem agora um novo papel na execuo das penas, luz da sua

    funo constitucional de defesa da legalidade democrtica, e vrias decises da

    Administrao Prisional passam a ser-lhe obrigatoriamente comunicadas para verificao

    da respetiva legalidade e eventual impugnao.

    Introduz novidades, nomeadamente, na individualizao com base na avaliao das

    necessidades e riscos individuais e na elaborao de um plano individual de readaptao. E

    ainda aspetos que se prendem com a problemtica do envelhecimento, a

    toxicodependncia, o relacionamento com a comunidade social e as visitas intimas.

    I- Nota Introdutria

  • 3

    A tramitao dos processos, passa a ser efetuada eletronicamente de acordo com o

    artigo 150. do CEP, nos termos definidos na Portaria n.195-A/2010 1 de 8 de abril.

    Refora a integrao do recluso na sociedade e valoriza o trabalho prisional.

    Possibilita a afetao de parte da remunerao do recluso ao cumprimento de

    obrigaes como a prestao de alimentos ou de indemnizao vtima.

    O presente cdigo incorpora o instituto da modificao da execuo da pena de priso2,

    alargando o seu mbito de aplicao aos condenados afetados por doena grave, evolutiva

    e irreversvel; aos condenados portadores de deficincia permanente grave; e aos

    condenados de idade avanada, sempre que a tal se no oponham exigncias de preveno

    ou de ordem e paz social.

    O novo Cdigo de Execuo das Penas e Medidas Privativas da Liberdade encontra-se,

    em termos sistemticos, dividido em duas partes. O Livro I (art.s 1. a 132.) contm os

    princpios fundamentais da execuo das penas e medidas privativas da liberdade e

    complementado pelo Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais [Decreto Lei n.

    51/2011]3 (art.1. n.2 do CEP) com o objetivo de se estabelecerem regras uniformes e

    garantir uma aplicao homognea da lei em todo o sistema prisional, terminando com 49

    regulamentos.

    1 Altera a Portaria n. 114/2008, de 6 de fevereiro, com a redao resultante das Portarias n.s 457/2008, de 20 de junho, e 1538/2008, de 30 de dezembro, que regula vrios aspetos da tramitao eletrnica dos processos judiciais. 2 Previsto na Lei n. 36/96, de 29 de agosto e agora revogado pelo art. 8. da Lei 115/2009 de 12 de outubro. 3 Regula a estrutura orgnica, o regime de funcionamento e as competncias dos orgos e servios do E.P. (art. 116. do CEP)

    Metodologia

  • 4

    O Livro II contm as normas processuais especficas do processo do Tribunal de

    Execuo das Penas.

    NOTA: As referncias a artigos sem indicao do diploma legal do qual fazem parte, so

    feitas por reporte Lei n. 115/2009, de 12 de outubro Cdigo da Execuo das Penas e

    Medidas Privativas da Liberdade.

    Vamos, essencialmente, privilegiar o Livro II por nele estar regulada a tramitao

    processual.

    O presente manual pretende ser um mero instrumento de trabalho, de modo nenhum se

    substituindo aos diplomas legais aplicveis, nem dispensando a sua consulta e,

    naturalmente, sem prejuzo de orientao diversa dos senhores Magistrados4.

    O seu principal objetivo fornecer informao de forma a facilitar a implementao de

    prticas processuais reputadas mais convenientes e contribuir para uma maior

    uniformizao na tramitao processual.

    4 Art. 161., n. 1, do C.P.C.: As secretarias judiciais asseguram o expediente, autuao e regular

    tramitao dos processos pendentes, nos termos estabelecidos na respetiva Lei Orgnica, em conformidade com a lei de processo e na dependncia funcional do magistrado competente.

    Art. 6., n. 3, do Estatuto dos Funcionrios de Justia, aprovado pelo Dec.-Lei n. 343/99, de 26/08, na redao dada pelo Dec.-Lei n. 96/2002, de 12/04: Os oficiais de justia, no exerccio das funes atravs das quais asseguram o expediente, autuao e regular tramitao dos processos, dependem funcionalmente do magistrado competente.

    Objetivos

  • 5

    LIVRO I

    O disposto no Livro I abrange no s o regime da execuo das penas e medidas

    privativas da liberdade, nos estabelecimentos prisionais dependentes do Ministrio da

    Justia, mas tambm o regime da execuo de medidas privativas da liberdade nos

    estabelecimentos destinados ao internamento de inimputveis (art. 1. n.1),

    regulamentado pelo Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais, Decreto-lei n.

    51/2011 5.

    O CEP tem tambm aplicabilidade e contm disposies sobre as finalidades da

    execuo da priso preventiva, do internamento preventivo e da deteno.

    5 Publicado no DR, I srie N.71 de 11 de abril de 2011 e em vigor a partir de 11-06-2011, mas no aplicvel ao

    E.P.Militar de Tomar dependente do Ministrio da Defesa, para o qual ter de haver um regulamento muito similar ao dos E.P..

    Princpios Gerais

    mbito de aplicao

  • 6

    O novo Cdigo define expressamente as finalidades da execuo das penas e medidas

    de segurana privativas da liberdade num grande princpio o da reinsero do agente

    (condenado) na sociedade, preparando-o para conduzir a sua vida de modo socialmente

    responsvel, sem cometer crimes (art. 2.).

    O Cdigo estabelece no art. 3. os princpios orientadores da Execuo das Penas e

    Medidas Privativas da Liberdade de que destacmos o respeito pela dignidade da pessoa

    humana, em harmonia com os princpios fundamentais da CRP e a promoo do sentido da

    responsabilidade do recluso atravs do estimulo participao no planeamento do seu

    processo de reinsero social, a realizar-se em cooperao com a comunidade, atravs do

    ensino, formao, trabalho e programas.

    Quanto ao modo de execuo, deve respeitar a personalidade do recluso e os seus

    direitos e interesses jurdicos no afetados pela sentena condenatria ou da deciso de

    aplicao de medida privativa da liberdade.

    Deve ser sempre levada a cabo com absoluta imparcialidade, sem discriminaes no

    que toca a sexo, raa, lngua, territrio de origem, religio, convices politicas ou

    ideolgicas, situao econmica, condio social ou orientao sexual (art. 3. do CEP).

    Consagra o estatuto jurdico do recluso com enumerao de um elenco de direitos

    (art. 7.) e deveres (art. 8.) nomeadamente:

    - direito a ter acesso ao SNS;

    - formao, trabalho, ensino;

    -o direito de sufrgio, direito consulta e aconselhamento jurdico;

    -o direito a manter consigo filho at aos 3 anos de idade ou,

    excecionalmente, at aos 5 anos;

    -o direito de acesso ao seu processo individual;

  • 7

    -o direito a ser ouvido, a apresentar pedidos, reclamaes, queixas e recursos e a impugnar a legalidade das decises dos servios

    prisionais.

    Mas, a grande novidade na execuo das penas e medidas privativas de liberdade

    orienta-se pelo princpio da individualizao do tratamento prisional (art. 5. do CEP) e

    tem por base a avaliao das necessidades e riscos de cada recluso, levadas a cabo por um

    conjunto de atividades de reinsero social, programadas e faseadas, que visam a

    preparao do recluso para a liberdade atravs :

    - do desenvolvimento das suas responsabilidades;

    -da aquisio de competncias que lhe permitam optar por um

    modo de vida socialmente responsvel, sem cometer crimes;

    -prover s suas necessidades aps a libertao;

  • 8

    Os estabelecimentos prisionais podem estar organizados em unidades diferenciadas

    em funo da:

    - situao jurdico-penal, sexo, idade, sade fsica e mental

    - exigncias de segurana

    -programas disponveis

    -regimes de execuo

    Devem tambm existir EP vocacionados para a execuo das penas e medidas

    privativas de liberdade aplicadas:

    . a presos preventivos,

    Estabelecimentos Prisionais

  • 9

    . reclusos que cumpram pena de priso pela 1. vez;

    . jovens at aos 25 anos,

    . mulheres,

    . reclusos que caream de especial proteo ou

    . reclusos casados ou em unio de facto.

    As unidades devem estar divididas por setores prprios destinados colocao do recluso:

    .aps o ingresso

    .em cela de separao

    .em quarto de segurana

    .em cela disciplinar

    .em estado de particular vulnerabilidade

    Artigo 8.o do DL 125/2007

    Estabelecimentos prisionais

    1Os servios externos da DGSP so constitudos pelos estabelecimentos prisionais, no

    dotados de autonomia administrativa e criados por diploma prprio.

    2Os estabelecimentos prisionais classificam-se em centrais, especiais e regionais.

    3So equiparados a estabelecimentos prisionais regionais, com as devidas adaptaes, as

    zonas prisionais em funcionamento junto da Polcia Judiciria.

    4So rgos dos estabelecimentos prisionais centrais, especiais e regionais:

    a) O diretor;

    b) O conselho tcnico.

  • 10

    1 No Distrito Judicial do Porto: 3 EP centrais, 9 EP regionais (incluindo o EP junto Polcia

    Judiciria (PJ) no Porto) e 1 EP especial (EP feminino);

    2 No Distrito Judicial de Coimbra: 2 EP centrais, 8 EP regionais (incluindo o EP junto PJ em

    Coimbra) e 1 EP especial (EP para jovens adultos);

    3 No Distrito Judicial de Lisboa: 7 EP centais, 6 EP regionais (incluindo o EP junto PJ em

    Lisboa), 2 EP especiais (1 EP feminino e 1 hospital prisional) e 1 cadeia de apoio (dependente de 1

    EP regional);

    4 No Distrito Judicial de vora: 3 EP centrais, 7 EP regionais e 1 EP especial (EP para membros

    das foras de segurana ou outros reclusos que necessitem de medidas especiais de proteo).

    FONTE: D.G.S.P. in

    Classificao

    A classificao dos estabelecimentos prisionais fixada por portaria do Ministro da

    Justia, tendo em conta dois fatores:

    A - Nvel de segurana 6 em:

    - Estabelecimentos de segurana especial regime de segurana (art.12 n. 4)

    - Estabelecimentos de segurana alta regime comum (art. 12 n.2)

    - Estabelecimentos de segurana mdia regime aberto (art.12. n.3)

    B Grau de complexidade de gesto

    - grau elevado

    - grau mdio

    6 Art. 9. n.1 al.b) do CEP

  • 11

    Privilegiando-se o regime que mais favorea a reinsero social, as penas e as medidas

    privativas da liberdade so executadas, tendo em conta a avaliao do condenado e a sua

    evoluo ao longo da execuo em:

    REGIME COMUM

    REGIME ABERTO

    REGIME DE SEGURANA

    Regime Comum

    O recluso colocado no regime comum, sendo este o regime regra, quando a

    execuo da pena ou medida privativa da liberdade no possa ocorrer em regime aberto

    nem deva realizar-se em regime de segurana.

    A execuo das penas e medidas privativas da liberdade em regime comum decorre em

    estabelecimento ou unidade de segurana alta e caracteriza-se pelo desenvolvimento de

    atividades em espaos de vida comum no interior do EP e dos contactos do exterior

    permitidos nos termos da lei.

    Regime Aberto 7

    -Finalidades

    7 Um dos deveres do recluso no regime aberto sujeitar-se a testes para deteo de consumo de lcool e de substncias estupefacientes, bem como a rastreio de doenas contagiosas art. 8. al. g) por remisso do art. 14. n.9 do CEP.

    Regimes de Execuo

  • 12

    - favorecer os contactos com o exterior e a aproximao

    comunidade.

    -Pressupostos Comuns

    - consentimento do recluso;

    - no for de recear que se subtraia execuo da pena ou

    medida privativa de liberdade ou que se aproveite das

    possibilidades que tal regime lhe proporciona para

    delinquir

    -o regime se mostrar adequado ao seu comportamento

    prisional salvaguarda da ordem, segurana e disciplina

    no estabelecimento prisional proteo da vitima e

    defesa da ordem e da paz social (art.s 12. n.3 e 14.,

    n.1).

    O regime Aberto admite duas modalidades

    Regime Aberto no Interior (RAI)8

    Caracterizao: desenvolvimento de atividades no permetro do E.P. ou

    imediaes com vigilncia atenuada, no deixando de estar sujeitos aos meios comuns de

    segurana previstos no n.2 do art. 88. nomeadamente, a revista pessoal, a busca, o

    controlo peridico de presenas.

    8 As decises de colocao em regime aberto no interior, bem como de cessao, so comunicadas ao Diretor geral dos Servios Prisionais art. 14. n. 7 do CEP

  • 13

    Requisitos especficos

    pena de priso at 1 ano

    - pena superior a 1 ano, logo que tenha cumprido 1/6 da pena ( n.s 2 e 3

    do art. 14. do CEP).

    Competncia para conceder regimes abertos (RAI)

    Diretor do EP

    Regime Aberto no Exterior (RAE)

    Caracterizao desenvolvimento de atividades de ensino, formao

    profissional, trabalho ou programas em meio livre, sem vigilncia direta.

    Requisitos especficos:

    - cumprimento no mnimo de da pena;

    - gozo prvio de uma licena de sada jurisdicional com xito;

    - inexistncia de processo pendente que implique priso preventiva.

    Competncia para conceder regimes abertos (RAE)

  • 14

    Diretor-Geral dos Servios Prisionais, cuja deciso de

    colocao previamente homologada pelo TEP (cfr.art. 172.-A9 ,

    n.1 ex vi art. 14. n.8 do CEP)

    Regime de Segurana

    O recluso colocado em regime de segurana quando a sua situao jurdico-penal ou o

    seu comportamento em meio prisional revelam perigosidade por ter sido condenado por

    crime de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada ou haja o perigo de

    evaso ou de tirada.- Al.s i),j),l) e m) do art. 1. do CPP.

    A colocao do recluso em regime de segurana depende de requisitos objetivos

    consignados na lei 10 (n. 6 do art. 15. do CEP)

    Competncia: as decises de colocao, manuteno e cessao em regime

    de segurana competem ao Diretor-Geral Dos Servios Prisionais (cfr.art.15. n.4).

    NOTA:

    A execuo das penas e medidas privativas da

    liberdade em regime de segurana

    obrigatoriamente reavaliada no prazo mximo de 6

    meses.

    No caso do recluso com idade at aos 21 anos

    reavaliado aos 3 meses (cfr. N.5 do art. 15. do

    CEP).

    9 Art. 172.-A aditado pela Lei n. 40/2010, de 04-10-2010. 10 As decises de colocao e manuteno em regime de segurana, bem como a cessao, so comunicadas ao Ministrio Pblico para verificao da legalidade art. 15. n. 6 do CEP. Tambm ao recluso colocado no regime de segurana no permitido receber ofertas de alimentos do exterior art. 31. n. 4 do CEP.

  • 15

    O recluso ingressa em estabelecimento prisional atravs de:

    - Mandado do tribunal que determine a execuo da pena ou medida

    privativa da liberdade;

    - Mandado de deteno;

    - Captura, em caso de evaso ou ausncia no autorizada;

    -Apresentao voluntria, que sujeita a confirmao junto do tribunal

    competente;

    - Deciso da autoridade competente no mbito da cooperao judiciria

    internacional em matria penal;

    - Transferncia;

    - Trnsito entre estabelecimentos prisionais.

    Procedimentos no ato do ingresso

    Quando o condenado d entrada no EP, o seu ingresso registado (art. 16. n.7) e

    organizado, para cada recluso, um processo individual nico11 (art. 18.) que o

    acompanha em todo o seu percurso, mesmo em caso de reingresso e de transferncia12.

    11 Para alm deste processo individual nico, cada recluso tem ainda um processo clnico individual (art. 32. n.6 do CEP), distinto e autnomo daquele.

    12 S aberto um novo processo se os factos tiverem sido cancelados do registo.

    Ingresso, Afetao, Programao do Tratamento Prisional e Libertao

  • 16

    So-lhe comunicados, explicados e traduzidos, se necessrio, e entregue cpia, os seus

    direitos e deveres (al.j) n.5 do art. 7. e n. 4 do art. 16.)

    Faz parte deste processo o Plano Individual de Readaptao (P.I.R.) (art.s 18. n. 3 e

    21. do CEP), aqui sendo estabelecidas as medidas e atividades adequadas ao tratamento

    prisional do recluso, bem como a sua durao e faseamento, nomeadamente nas reas de

    ensino, formao, trabalho, sade, atividades scio-culturais e contactos com o exterior,

    com a finalidade de preparao para a liberdade, procurando obter-se a participao e

    adeso do recluso. No caso de menores, podem ainda participar os pais ou representantes

    legais ou quem tenha a sua guarda (art. 21., n.s 5 e 6)

    Plano Individual de Readaptao (P.I.R.)

    obrigatrio:

    - Sempre que a pena no cumprida,13 exceda um ano.

    - Independentemente da durao da pena, nos casos de reclusos at aos 21

    anos14 ou

    - Aos condenados em pena relativamente indeterminada (art. 21. n.2 do CEP).

    O PIR bem como as suas alteraes so aprovados pelo Diretor do EP e comunicados ao

    TEP, para homologao, devendo ser entregue um exemplar ao recluso (art. 21., ns 7 e

    8).

    13 Pena que pode resultar da soma das penas ou parte da pena no cumprida. 14 No caso de recluso menor de 21 anos o P.I.R. tambm elaborado com a participao dos pais, representante legal ou de quem tenha a sua guarda.

  • 17

    Afetao a Estabelecimento Prisional

    A afetao (art. 20 do CEP) e a transferncia (art. 22.) do recluso a um

    determinado E.P. da competncia do diretor-geral dos Servios Prisionais, sendo

    comunicada aos tribunais competentes e demais entidades.

    Esta afetao tem em conta a organizao dos estabelecimentos prisionais, a

    avaliao do recluso, a situao jurdico-penal, o sexo, a idade, o estado de sade do

    recluso, a natureza do crime cometido, a durao da pena a cumprir as exigncias de

    ordem e segurana e a proximidade ao seu meio familiar.

    Mandado de Libertao

    O recluso libertado por mandado15 do tribunal competente.

    A libertao tem lugar (art. 24. do CEP):

    - durante a manh do ltimo dia do cumprimento da pena.

    - Se o ltimo dia do cumprimento da pena for sbado, domingo ou feriado, a

    libertao pode ter lugar no dia til imediatamente anterior se a durao da

    pena justificar e a tal se no opuserem razes de assistncia.

    - Quando o feriado nacional for o 25 de dezembro, a libertao deve ter lugar

    durante a manh do dia 23.

    - O momento da libertao pode ser antecipado de dois dias quando razes

    prementes de reinsero social o justificarem.

    No momento da libertao, so devolvidos ao recluso os objetos, valores e documentos

    que lhe pertenam (art. 25. n. 4).

    15 Em caso de urgncia, a libertao pode ser ordenada por qualquer outro meio de comunicao mais expedita, nomeadamente, telex, telecpia, correio eletrnico (art. 111. do CPP).

  • 18

    Quando o Tribunal competente considerar que a libertao (art. 23. n.3), evaso ou

    ausncia (art. 97. n.3) do recluso pode criar perigo para o ofendido16, informa-o do dia

    da libertao e tambm a entidade policial da rea de residncia do ofendido (art. 23 n.

    3).

    H incentivos ao ensino, considerando-se tempo de trabalho e sendo atribudo ao

    recluso um subsdio pela frequncia assdua, aproveitamento escolar e o comportamento

    no espao educativo, sendo tidos em conta para efeitos de flexibilizao da execuo da

    pena.

    Com o objetivo de privilegiar a reinsero do recluso so tambm desenvolvidos nos EP

    aes de formao e aperfeioamento profissionais.

    O trabalho pode ser realizado no interior ou no exterior do EP, podendo haver a

    colaborao de entidades pblicas ou privadas.

    Dispe o art. 46. que das remuneraes e outras receitas auferidas pelo recluso so

    repartidas em quatro partes iguais, que so afetas constituio de fundos com as

    seguintes finalidades:

    - Uso pessoal pelo recluso, designadamente em despesas da sua vida diria;

    - Apoio reinsero social, a ser entregue ao recluso no momento da sua libertao

    e, excecionalmente, apoio no gozo de licenas de sada;

    - Pagamento, de indemnizaes, multas, custas e outras obrigaes emergentes da

    condenao;

    16 O art. 6. da Lei n. 51/2007 prev que a informao ao ofendido deve ser acompanhada da comunicao das medidas de polcia tendentes preveno do crime.

    Ensino, Formao Profissional, Trabalho, Programa e Actividade

  • 19

    - Pagamento de obrigaes de alimentos.

    No caso de o condenado no se encontrar sujeito ao pagamento de indemnizaes,

    multas, custas ou ao pagamento de obrigaes de alimentos, o montante repartido em 2

    partes iguais pelos restantes fundos.

    Visitas

    Dispe o art. 7. n. 1 al. e) do CEP que o recluso tem direito a manter contactos com

    o exterior, nomeadamente, receber visitas. Estas, visam manter e promover os laos

    familiares, afetivos e profissionais do recluso.

    O recluso tem direito a receber visitas regulares do cnjuge ou de pessoa, de outro ou

    do mesmo sexo, com quem mantenha uma relao anloga dos cnjuges, de familiares e

    outras pessoas com quem mantenha relao pessoal significativa (art.s 58. e 59.). E, se o

    recluso no beneficiar de licenas de sada pode receber visitas ntimas do cnjuge ou de

    pessoa, de outro ou do mesmo sexo, com quem mantenha uma relao anloga dos

    cnjuges ou uma relao afetiva estvel.

    O recluso tem tambm direito a receber a visita de advogado, notrio, conservador ou

    solicitador, tendentes resoluo de assuntos jurdicos.

    No autorizao e proibio de visita

    As decises de no autorizao e de proibio de visita so da competncia do diretor

    do estabelecimento prisional por um perodo de 6 meses e do diretor geral dos Servios

    Prisionais pelos perodos sucessivos de 6 meses, devendo ser feita a comunicao ao TEP.

    Contudo, a proibio no pode ser aplicada aos advogados, notrios (cfr. ar.61.n.1).

    Contactos com o exterior

  • 20

    As decises de no autorizao, de proibio e de prorrogao da proibio de visita

    so fundamentadas e comunicadas ao recluso.

    O recluso pode impugnar a legalidade das decises de no autorizao, de proibio e

    de prorrogao da proibio de visita perante o tribunal de execuo das penas (n.5 do

    art. 65. do CEP).

    Correspondncia e outros meios de comunicao

    No domnio da correspondncia o recluso tem direito a receber e a enviar - a expensas

    suas - correspondncia e encomendas (art. 7. n1 al.e) e art. 67. do CEP), sendo

    controlada por razes de ordem e segurana do estabelecimento prisional.

    O diretor do EP pode, por despacho fundamentado, ordenar a leitura, quando a

    correspondncia possa pr em perigo as finalidades da execuo, quando exista fundada

    suspeita da prtica de crime ou por razes de proteo da vtima do crime ou de ordem e

    segurana.

    Esta deciso comunicada ao recluso, salvo em caso de receio fundado de grave

    prejuzo para os valores que atravs dela se pretendem acautelar.

    Reteno de correspondncia

    Na sequncia do controlo feito correspondncia, o diretor do EP pode, por despacho

    fundamentado, ordenar a reteno de correspondncia e de encomendas do recluso.

    As decises de reteno de correspondncia e de no comunicao ao recluso so

    comunicadas ao Ministrio Pblico junto do tribunal de execuo das penas para

    verificao da legalidade (art. 69. n.2 do CEP).

    Sobre a correspondncia retida cabe ao Ministrio Pblico junto do tribunal de

    execuo das penas promover sobre o destino da mesma, (art. 69.n.3) e o TEP decidir

    (art. 138. n.4 al.h) do CEP).

  • 21

    Os objetos proibidos encontrados na correspondncia e nas encomendas so retidos,

    podendo ser destrudos, devolvidos, depositados ou entregues no momento da libertao

    (art. 28. n.3 al. a) e b) do CEP).

    Contactos telefnicos

    A competncia para autorizar ou restringir chamadas telefnicas, pertence ao diretor

    do E.P., com possibilidade do recluso impugnar para o TEP, das decises de restries

    (cfr.n. 5 do art. 70.).

    Comunicao social

    Os rgos de comunicao social podem visitar os estabelecimentos prisionais para

    realizao de reportagens, com autorizao do Diretor Geral dos Servios Prisionais (art.

    75.,n.1), bem como realizar entrevistas a reclusos que deem o seu consentimento mas

    cuja autorizao ponderado os riscos de estigmatizao do recluso, do impacto negativo

    sobre a vitima e da violao da privacidade.

    Direito informao

    Ao recluso permitida a possibilidade de se manter informado sobre os

    acontecimentos pblicos relevantes, designadamente atravs de acesso a jornais, revistas,

    livros, emisses de rdio e de televiso.

    Contactos com rgos de comunicao social

    O Diretor-Geral dos Servios Prisionais pode autorizar os rgos de comunicao

    social a:

    - visitar os EP

  • 22

    - realizar entrevistas a reclusos 17.

    NOTA:

    No caso de recluso preventivo, a entrevista depende

    de autorizao do tribunal ordem do qual o recluso

    cumpre priso preventiva.

    No so permitidas:

    - A recolha e divulgao de imagens e sons que permitam a identificao

    de reclusos, salvo consentimento esclarecido e expresso dos mesmos;

    - A recolha e divulgao de imagens e sons que permitam a identificao

    de filhos que os reclusos mantenham consigo no estabelecimento;

    - Emisses de rdio ou televiso em direto do estabelecimento prisional;

    - Entrevistas a reclusos colocados em regime de segurana ou reportagens

    em estabelecimentos prisionais ou unidades de segurana especial;

    - A recolha e divulgao de imagens que possam pr em risco a segurana

    do estabelecimento prisional.

    Licenas de sada do estabelecimento prisional

    [Disposies legais: Art.s 76. a 85. do CEP]

    Tipos de licenas de sada

    17 Esta deciso do Diretor G.S.P. pode ser impugnada pelo recluso para o TEP.

  • 23

    Nos termos do art. 76. do CEP, com o consentimento do recluso, podem ser

    concedidas, 2 tipos de sada:

    A - As licenas de sada jurisdicionais ou

    B - As licenas de sada administrativas.

    Requisitos para a concesso de sadas

    Podem ser concedidas licenas de sada quando se verifiquem os seguintes

    requisitos:

    - Fundada expectativa de que o recluso se comportar de modo socialmente responsvel, sem cometer crimes;

    - Compatibilidade da sada com a defesa da ordem e da paz social; e

    - Fundada expectativa de que o recluso no se subtrair execuo da pena ou

    medida privativa da liberdade.

    A - LICENAS DE SADA JURISDICIONAIS

    As licenas de sada jurisdicionais visam a manuteno e promoo dos laos familiares

    e sociais e a preparao para a vida em liberdade.

    O Tribunal de Execuo das Penas tem competncia para conceder e revogar as

    licenas de sada jurisdicionais.

    Podem ser concedidas quando cumulativamente se verifique:

  • 24

    - Pena at cinco anos o cumprimento de um sexto da pena e no mnimo seis

    meses,

    - Pena superior a cinco anos o cumprimento de um quarto da pena;

    - A execuo da pena em regime comum ou aberto;

    - A inexistncia de outro processo pendente em que esteja determinada priso

    preventiva;

    - A inexistncia de evaso, ausncia ilegtima ou revogao da liberdade

    condicional nos 12 meses que antecederem o pedido.

    Se a execuo da pena est a decorrer em regime comum o recluso pode gozar de

    licenas de sada jurisdicional at 5 dias de 4 em 4 meses.

    Se a execuo da pena decorre em regime aberto o recluso pode gozar at um

    limite mximo de 7 dias igualmente de 4 em 4 meses.

    As licenas de sada jurisdicionais no so custodiadas.

    B - LICENAS DE SADA ADMINISTRATIVAS

    As licenas de sada administrativas compreendem:

    - Sadas de curta durao (art. 80. CEP)

    - Sadas para realizao de atividades ( art. 81. CEP);

  • 25

    - Sadas especiais (art. 82. CEP),

    - Sadas de preparao para a liberdade (art. 83. CEP).

    B.1 - Licenas de sada de curta durao

    O diretor do estabelecimento prisional pode conceder licenas de sada de curta

    durao desde que cumulativamente se verifique:

    - A execuo da pena em regime aberto;

    - O gozo prvio com xito de uma licena de sada jurisdicional;

    - A inexistncia de evaso, ausncia ilegtima ou revogao da liberdade

    condicional nos 12 meses que antecederem o pedido.

    Podem ser concedidas de 3 em 3 meses, at ao mximo de 3 dias seguidos,

    abrangendo preferencialmente os fins de semana.

    No so vigiadas.

    B.2 - Licenas de sada para atividades

    O diretor-geral dos Servios Prisionais pode conceder a reclusos que se encontrem em

    regime comum ou aberto:

    - Licenas de sada para atividades, com carcter ocasional, no mbito

    laboral, do ensino, da formao profissional ou de outros programas;

  • 26

    - Licenas de sada para visitas de estudo, de formao ou ldicas,

    adequadas ao desenvolvimento de competncias pessoais e sociais,

    organizadas pelo estabelecimento prisional.

    Estas licenas so sempre vigiadas.

    O recluso que se encontra em priso preventiva, pode beneficiar da concesso de

    licenas de sada para atividades, no mbito laboral, do ensino, da formao profissional

    ou de outros programas desde que no haja oposio do tribunal ordem do qual cumpre a

    medida de coao.

    B.3 - Licenas de sada especiais

    Podem ser concedidas pelo diretor do estabelecimento prisional e tm a durao

    necessria concretizao do fim a que se destinam, no podendo exceder 12 horas,

    designadamente:

    - Em caso de doena grave ou falecimento de familiar prximo;

    - Por motivo de fora maior, de negcio ou ato jurdico.

    No caso de recluso em priso preventiva, a concesso depende da no oposio do

    tribunal ordem do qual cumpre a medida de coao.

    B.4 - Licenas de sada de preparao para a liberdade

    O Diretor-Geral dos Servios Prisionais, a fim de facilitar a preparao para a

    liberdade, pode autorizar o recluso a sair do estabelecimento prisional, at ao mximo de

    oito dias, nos

    - ltimos trs meses de cumprimento da pena ou nos

  • 27

    - ltimos trs meses que antecedem os cinco sextos de pena superior a seis

    anos de priso.

    Renovao do pedido

    As licenas de sada, quer jurisdicionais quer de curta durao, podem ser concedidas

    ou no concedidas.

    Em caso de no concesso de licena de sada jurisdicional o recluso no pode

    apresentar novo pedido antes de decorridos quatro meses, a contar da data da deciso

    que lhe negou a licena de sada jurisdicional.

    Se a no concesso se prende com a licena de sada de curta durao, o recluso

    apenas pode apresentar novo pedido decorrido trs meses, sobre a data da deciso que

    no lhe concedeu a licena de sada.

    Decorridos estes prazos h a renovao do pedido.

  • 28

    Incumprimento das condies

    Se, durante a licena de sada, o recluso no cumprir qualquer das condies

    impostas, pode a entidade que a concedeu -TEP ou o diretor do E.P.-

    - fazer-lhe solene advertncia,

    - determinar a impossibilidade de apresentao de novo pedido durante

    seis meses ou

    - revogar a licena de sada.

    Em caso de licena de sada administrativa, o diretor comunica a revogao ao

    Ministrio Pblico junto do tribunal de execuo das penas para o MP promover (e o TEP

    determinar) o desconto, no cumprimento da pena, do tempo em que o recluso andou em

    liberdade (art. 141. al. h) ex vi art. 85. n.3 do CEP).

    Ao revogar a licena de sada, (TEP ou diretor do EP18) determina a fixao de um

    prazo, entre 6 e 12 meses a contar do regresso ao estabelecimento prisional, durante o

    qual o recluso no pode apresentar novo pedido.

    Tratando-se de licena de sada administrativa, o recluso pode impugnar perante

    o tribunal de execuo das penas a legalidade da deciso de revogao.

    Finalidades

    Compete aos servios prisionais, atravs do corpo da guarda prisional a manuteno da

    ordem e da segurana no EP.

    18 TEP entidade competente para conceder e revogar as licenas de sada jurisdicionais (art. 79. e art. 138. n.4 al.b) do CEP). Diretor do EP para conceder e revogar as licenas de sada de curta durao (art.80. n.1 e 85. n.1 do CEP)

    Ordem, segurana e disciplina

  • 29

    Para assegurar a ordem e a segurana so utilizados meios comuns de segurana,

    designadamente:

    - a observao,

    - a revista pessoal,

    - a busca,

    - o controlo peridico de presenas

    - o controlo atravs de instrumentos de deteo19

    E meios especiais de segurana, como sejam a

    - proibio do uso de determinados bens ou objetos;

    - observao durante o perodo noturno;

    - privao do convvio ou do acesso a espaos comuns do EP;

    - utilizao de algemas;

    - colocao em cela de separao,

    - colocao em quarto de segurana.

    19

    meios cintcnicos ou sistemas eletrnicos de vigilncia.

  • 30

    Cela de separao

    O recluso colocado em cela de separao deixa de poder comunicar com os outros

    reclusos e limita os contactos com o exterior.

    A colocao do recluso em cela de separao tem lugar quando exista perigo de

    evaso ou tirada ou perigo da prtica de atos de violncia e obriga a que seja

    reapreciada pelo diretor do EP, de 72 em 72 horas.

    Na 1. reapreciao (cumpridas que sejam as primeiras 72 horas) se for de manter a

    deciso, o diretor do EP informa o MP, para verificao da legalidade (cfr. n..6 do art.

    92.).

    So tambm comunicadas ao MP as decises de cessao (art. 92. n.7).

    Decorridos 30 dias e a manter-se a situao, o diretor do EP, prope a colocao do

    recluso em regime de segurana (sendo esta deciso da competncia do DGSP art. 15.

    CEP).

    Quarto de segurana

    O recluso colocado em quarto de segurana quando tiver lugar uma situao de

    grave alterao do estado psico-emocional que represente grave perigo da prtica de atos

    de violncia. Este recluso diariamente examinado pelo mdico.

    Findos 10 dias e no havendo alterao dos pressupostos o recluso transferido para

    estabelecimento hospitalar. Esta colocao comunicada ao MP para verificao da

    legalidade (cfr. N.5 do art. 93.).

    Meios coercivos

    permitida a utilizao de meios coercivos, nomeadamente a coao fsica, a

    coao com meios auxiliares e as armas, ao pessoal do corpo da guarda prisional, para

  • 31

    impedir atos de violncia, insubordinao, rebelio, amotinao, evaso, tirada de

    reclusos ou a entrada ou permanncia ilegais de pessoas no estabelecimento prisional.

    Evaso ou ausncia no autorizada20

    Em caso de evaso ou ausncia no autorizada de algum recluso, o diretor do

    estabelecimento prisional comunica o caso, de imediato:

    - s foras e servios de segurana,

    - ao diretor-geral dos Servios Prisionais,

    - ao tribunal ordem do qual cumpre medida privativa de

    liberdade e

    - ao tribunal de execuo das penas.

    O CEP prev ainda a aplicao das disposies nos artigos 335. a 337., do CPP,

    relativos declarao de contumcia aos condenados que dolosamente se tenham

    eximido execuo da pena ou de medida de internamento, estabelecendo a competncia

    do TEP para ordenar a declarao (art. 97. n.2), com as seguintes alteraes:

    a) Os editais21 e anncios contm, em lugar da indicao do crime e das

    disposies legais que o punem, a indicao da sentena condenatria e da pena

    ou medida de segurana a executar;

    20 - Ac. TRC - Acrdo da Relao de Coimbra de 07-03-2012

    http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/11764734aecc2221802579d00036aa6b?OpenDocument

    21 -Locais de afixao de Editais art. 113., n.11. 1parte. . Um porta do Tribunal. . Outro na porta da ltima residncia conhecida do condenado. . Outro na junta de freguesia.

  • 32

    b) O despacho de declarao da contumcia e o decretamento do arresto so da

    competncia do tribunal de execuo das penas.

    NOTA:

    Quando considerar que a evaso ou a ausncia do

    recluso pode criar perigo para o ofendido, o tribunal

    competente informa-o da ocorrncia, reportando-o

    igualmente entidade policial da rea da residncia

    do ofendido.

    Quais os atos a praticar depois de declarada a contumcia

    (disposies aplicveis art.s. 337. CPP)

    O despacho que declarar a contumcia :

    anunciado, sempre que o tribunal entenda por conveniente, em dois

    nmeros seguidos de um dos jornais de maior circulao na localidade da

    ltima residncia do arguido ou de maior circulao;

    notificado ao defensor do arguido e a parente ou pessoa da sua

    confiana;

    Quer o despacho que declara a contumcia quer o que declara a sua

    cessao, so registados no registo de contumcia atravs de boletim

    prprio e remetido D.S.I.C., nos termos do art. 20. do Decreto-Lei n.

    381/98, de 27 de novembro.

    O instituto da contumcia tem um conjunto de efeitos coativos que vo desde a:

    - anulabilidade dos negcios jurdicos de natureza patrimonial,

  • 33

    - proibio de obter documentos tais como: o B.I., passaporte, carta de

    conduo, certides de registo e,

    - decretamento do arresto.

    Como efeito da declarao de contumcia so passados mandados de deteno.

    Princpios

    Tambm aqui, se procedeu redefinio do procedimento disciplinar, com vista

    adoo de princpios e regras.

    No permitido o recurso analogia n.2 do art.98. do CEP.

    S pode ser punida disciplinarmente a prtica de facto que constitua infrao disciplinar

    Princpio da legalidade (art. 29. da CRP e art. 1. do CP e n.1 do art. 98. do CEP).

    A medida disciplinar, no pode ofender a dignidade do recluso.

    proibida a aplicao coletiva ou com carcter perptuo ou de durao ilimitada ou

    indefinida n. 4, 2. parte do art. 98. CEP.

    A proibio da dupla punio pelo mesmo facto - principio do ne bis in idem n. 6

    do art. 98. do CEP.

    A definio de concurso de infraes (art. 100. do CEP) e de infrao disciplinar

    continuada (art. 101. do CEP)

    Infraes e medidas disciplinares

    Classificao das infraes disciplinares

    Regime Disciplinar

  • 34

    As infraes disciplinares classificadas em dois escales (art. 102. do CEP):

    - Infraes disciplinares simples;

    - Infraes disciplinares graves.

    Considera-se infrao disciplinar simples:

    - No se apresentar, reiteradamente, limpo e arranjado;

    - No proceder, reiteradamente, limpeza e arrumao do alojamento e

    respetivo equipamento;

    - No proceder, reiteradamente, limpeza e arrumao do alojamento e

    respetivo equipamento;

    - Simular doena ou situao de perigo para a sua sade ou de terceiro;

    - Insultar, ofender ou difamar funcionrio prisional no exerccio das suas

    funes ou por causa destas,

    de entre outras elencadas no art. 103. do CEP.

    Considera-se infrao disciplinar grave:

    - Estabelecer comunicao no permitida com o exterior ou, com

    outros reclusos e criar perigo para a ordem e segurana do

    estabelecimento prisional;

    - Simular doena que implique deslocao ao exterior;

    - Efetuar negcio no autorizado com outros reclusos ou, com

    funcionrios do estabelecimento prisional;

    - Destruir, danificar ou desfigurar bens do estabelecimento prisional,

  • 35

    -Tentar, evadir-se, promover ou participar em tirada de recluso;

    De entre outras apontadas no art. 104. do CEP.

    Classificao das medidas disciplinares

    Das vrias medidas disciplinares que dispe o art. 105. do CEP merece-nos especial

    ateno:

    - Permanncia obrigatria no alojamento at 30 dias (al.f) n. 1 do art.

    105. do CEP);

    - Internamento em cela disciplinar at 21 dias (al.g) n.1 do art. 105. do

    CEP).

    A permanncia no alojamento consiste na presena contnua do recluso naquele

    espao, podendo ser reduzido o perodo de permanncia a cu aberto, nunca podendo ser

    inferior a uma hora por dia.

    O diretor do estabelecimento prisional pode autorizar visitas de familiares prximos

    com a durao mxima de uma hora por semana, bem como o cumprimento desta medida

    em perodos interpolados, quando esteja em causa a formao profissional ou escolar do

    recluso.

    O internamento em cela disciplinar consiste na presena contnua do recluso em cela

    separado da restante populao prisional, podendo ser reduzido o perodo de permanncia

    a cu aberto, com salvaguarda do limite mnimo de 1 hora diria.

    S aplicvel s infraes graves (art.105. n. 2 do CEP).

    O recluso privado de atividades e de comunicaes com o exterior, sem prejuzo dos

    contactos com o advogado ou o assistente religioso e do acesso a correspondncia, jornais,

    livros e revistas.

  • 36

    Procedimento disciplinar

    Sendo o procedimento disciplinar do recluso de natureza sancionatria, a sua

    existncia pressupe a prtica de uma infrao disciplinar.

    E, neste mbito estabelece o n.3 do art. 105. do CEP que a escolha e a

    determinao da durao da medida disciplinar so feitas em funo:

    Da natureza da infrao,

    Da gravidade da conduta e das suas consequncias,

    Do grau de culpa do recluso,

    Dos seus antecedentes disciplinares,

    Das exigncias de preveno da prtica de outras infraes disciplinares,

    E da vontade de reparar o dano causado.

    A tramitao do procedimento disciplinar concretizada no Regulamento Geral dos

    Estabelecimentos prisionais a que se refere o art. 1., n.2 e art. 110., n.5 do CEP, -

    [Decreto Lei n. 51/2011].

    Competncia

    A aplicao de medida disciplinar compete ao diretor do estabelecimento prisional

    (n.1 do art. 112. do CEP) mas, se a infrao tiver sido praticada contra ou na pessoa do

    diretor, j a competncia para aplicao da medida disciplinar cabe ao diretor geral dos

    servios prisionais 22 (n.2, art. 112. do CEP).

    A deciso de aplicao de medida disciplinar pode ser precedida de audio do

    conselho tcnico do estabelecimento prisional, a titulo meramente consultivo, e no

    vinculativo, dado o regime imperativo do art. 112. n.1, ao estabelecer a competncia do

    diretor do E.P. para aplicar medidas disciplinares.

    22 A competncia assumida por via hierrquica. a consagrao de que ningum deve ser juiz em causa prpria.

  • 37

    Contudo, h situaes em que obrigatria a audio prvia - no caso do n.2 do art.

    109. do CEP do mdico do E.P., quando o recluso se encontre em tratamento mdico

    psiquitrico, ou que revele ideao suicida ou, no caso de gravidez, puerprio ou aps

    interrupo de gravidez, quando se trate de medidas disciplinares previstas nas al.s f) e g)

    do n.1 do art. 105. do CEP e, nos restantes casos quando circunstncias excecionais o

    justifiquem.

    Trmites legais do procedimento disciplinar

    De acordo com o n. 2 do art. 110. do CEP, logo que seja iniciado o

    procedimento, o recluso informado dos factos que lhe so imputados, sendo-lhe

    garantidos os direitos de ser assistido por advogado, ser ouvido e de apresentar provas para

    sua defesa.

    O procedimento disciplinar considerado urgente, devendo ser concludo no prazo

    mximo de 10 dias teis (n.3 do art. 110. do CEP).

    A deciso final, fundamentada de facto e de direito, na medida em que algumas

    decises desta natureza podem ser objeto de impugnao perante o TEP- cfr. n. 2 do art.

    114. do CEP- so notificadas ao recluso23 e ao seu defensor, quando o tenha, e

    registadas 24 no processo individual daquele.

    Esta impugnao tem efeito suspensivo (art. 114. n.2, mas sem prejuzo das medidas

    cautelares na pendncia do procedimento disciplinar (art. 114. n.2 e 111. n.1)

    Mas, nem todas as decises disciplinares so impugnveis; apenas o so as decises que

    aplicam medidas disciplinares permanncia obrigatria no alojamento (al. f) n.1 do art.

    105. do CEP e 107. ou internamento em cela disciplinar (al. g) do n.1 do art. 105. do

    CEP e 108.).

    23 com esta notificao da deciso final que se desencadeia a impugnao referida no art. 114. do CEP. 24 Este registo est relacionado com o tratamento prisional individualizado - n.2 do art. 5.

  • 38

    A impugnao para o TEP, referida no art. 114. desencadeia-se aps a notificao ao

    recluso e ao seu defensor da deciso final e da sua fundamentao art. 110. n. 4.

    Medidas cautelares na pendncia do processo disciplinar

    No decurso do processo disciplinar, o diretor do estabelecimento prisional pode

    determinar a aplicao das medidas cautelares necessrias para impedir a continuao da

    infrao disciplinar.

    A aplicao de medidas cautelares no pode exceder 60 dias ou, no caso de

    confinamento, 30 dias.

    Sendo aplicada medida cautelar de confinamento por todo o dia, aplicvel o n. 1 do

    artigo 109. isto , o recluso fica sob vigilncia clnica e assistncia mdica.

    Execuo das medidas disciplinares

    A execuo da medida disciplinar imediata, quando no h impugnao art. 113.

    n.1.

    A impugnao da deciso para o TEP, tem efeito suspensivo, suspendendo a eficcia da

    deciso aplicada pelo diretor do EP 114. n.2, sem prejuzo das medidas cautelares que

    seja necessrio levar a efeito.

    Quando o recluso tiver de cumprir duas ou mais medidas disciplinares, a sua execuo

    simultnea sempre que as medidas forem concretamente compatveis.

    A execuo sucessiva de medida disciplinar de internamento em cela disciplinar no

    pode exceder 30 dias 25.

    25 Explica-se esta norma pelo isolamento a que o recluso submetido durante muito tempo seguido em cela disciplinar.

  • 39

    Se o recluso tiver para cumprir medidas de internamento em cela disciplinar por mais

    de 30 dias interrompe a execuo da medida, sendo retomada decorridos oito dias.

    Em situaes especiais - aniversrio, visita papal, ramado, etc. o diretor do

    estabelecimento prisional pode interromper o cumprimento das medidas disciplinares

    - Permanncia obrigatria no alojamento at 30 dias;

    - Internamento em cela disciplinar at 21 dias.

    previstas nas alneas f) e g) do n. 1 do artigo 105. pelo perodo mximo de vinte e quatro

    horas.

    Impugnao das medidas disciplinares

    Nos termos do art. 114. o recluso pode impugnar, para o TEP, das decises

    administrativas proferidas pelo diretor do EP ou do diretor geral dos servios prisionais de

    aplicao de medidas disciplinares.

    Tal impugnao apenas admissvel das decises de aplicao das medidas

    disciplinares de

    permanncia obrigatria no alojamento e de

    internamento em cela disciplinar.

    Esta impugnao tem efeito suspensivo; e tendo efeito suspensivo reveste natureza

    urgente, sendo tramitada imediatamente e com preferncia sobre qualquer outra

    diligncia (art. 202. n.2 do CEP).

    Mas, a impugnao no prejudica a execuo das medidas cautelares na pendncia do

    processo disciplinar (cfr. 114. n.2 e 111.)

    O Prazo para impugnar

  • 40

    das decises de aplicao das medidas disciplinares de

    permanncia obrigatria no alojamento e de

    internamento em cela disciplinar.

    de 5 dias26 (art. 203. n.1 do CEP) a contar da comunicao ou da notificao da

    deciso conforme estatui o art. 203. n.1 do CEP.

    Prescrio

    O procedimento disciplinar extingue-se, por efeito de prescrio, a contar da data do

    cometimento da infrao

    - Para as infraes simples 4 meses

    - Para as infraes graves 6 meses

    A prescrio interrompe-se com a comunicao ao recluso da instaurao do

    procedimento disciplinar.

    A medida disciplinar prescreve

    -Para as infraes simples 4 meses

    -Para as infraes graves 6 meses

    26 - diferente do prazo geral da impugnao do art. 200. do CEP que de 8 dias.

  • 41

    a contar do dia seguinte ao da deciso que a aplicou.

    A prescrio da medida disciplinar interrompe-se com o incio de execuo da medida.

    PRISO PREVENTIVA

    DETENO

    PRISO POR DIAS LIVRES E EM REGIME DE SEMI - DETENO

    MEDIDA DE SEGURANA DE INTERNAMENTO E INTERNAMENTO DE

    IMPUTAVEL PORTADOR DE ANOMALIA PSIQUICA

    Priso preventiva

    A priso preventiva uma medida de privao de liberdade ordenada pelo juiz como

    medida de coao (art. 202. do CPP) e observa os prazos do art. 215. do CPP.

    A presente lei atribui exclusivamente ao TEP a competncia para acompanhar e

    fiscalizar a execuo de medidas privativas da liberdade prevendo, tambm para o preso

    preventivo que ele possa, querendo, beneficiar de determinados aspetos do regime de

    execuo das penas, nomeadamente, frequentar cursos de ensino e formao profissional,

    trabalhar e participar em atividades organizadas pelo estabelecimento prisional.

    NOTA:

    O recluso que se encontre em priso preventiva pode

    beneficiar de Licenas de Sada Administrativas para

    Regras especiais

  • 42

    realizao de Atividade e licenas de sadas especiais.

    Deteno

    A deteno uma medida cautelar de acordo com o preceituado no art. 254. do CPP

    com as finalidades de:

    -Assegurar a presena imediata ou, nunca excedendo 24 horas, do detido

    perante a autoridade judiciria em ato processual (art.s 116. e 333. do CPP).

    -Sujeitar o detido, no prazo mximo de 48 horas,

    -a julgamento em processo sumrio (art. 381. do C.P.P.),

    -a primeiro interrogatrio judicial (art. 141. do CPP) ou

    - aplicao ou execuo de uma medida de coao;

    Dependendo da finalidade com que realizada a deteno tanto pode recair sobre o

    arguido, suspeito, ofendido ou testemunha.

    Na deteno efetuada com as finalidades supra descritas, o detido permanece em

    estabelecimento prisional, por despacho do diretor geral dos servios prisionais.

    Priso por dias livres

    O n.1 do art. 45. do C. Penal trata a priso por dias livres como uma forma de

    cumprimento de pena de priso, no uma priso contnua mas uma privao de liberdade

    por perodos correspondentes a fins de semana. O condenado pode, por ex., apresentar-se

    no E.P. s 19 horas de sbado, para sair s 7 horas de segunda feira, ficando registado no

    processo individual do condenado.

  • 43

    Incio do cumprimento

    A deciso que fixa o cumprimento da pena por dias livres e em regime de

    semideteno, menciona os elementos necessrios execuo da mesma, indicando a

    data do incio.

    entregue ao condenado cpia da deciso condenatria e guia de apresentao no

    E.P. onde a pena deve ser cumprida.

    No so passados mandados de conduo nem de libertao. As faltas de entrada de

    acordo com a sentena so comunicadas ao TEP. No sendo considerada a falta justificada

    depois de ouvido o condenado, a pena de priso passa a ser cumprida em regime contnuo

    pelo tempo que faltar, passando-se mandados de captura (art. 125. n.4).

    O E.P. abre processo individual, com base na certido da sentena com nota do

    trnsito em julgado e na guia de apresentao. Neste processo so anotadas, todas as

    entradas e sadas do condenado, bem como as decises dos servios prisionais relativas ao

    mesmo.

    Regime de Semideteno

    A possibilidade da semideteno, prevista no n.1 do art. 46. do C.Penal, e art. 487.

    do C.P.P. depende do consentimento do condenado. Essencialmente permite ao

    condenado prosseguir com a sua atividade profissional normal, os seus estudos ou a sua

    formao profissional. O condenado concludas as suas tarefas dirias regressa ao E.P..

    Medida de segurana de internamento e internamento de imputvel portador de anomalia psquica

  • 44

    A deciso de afetao a estabelecimento ou unidade prisional compete ao diretor geral

    dos servios prisionais e comunicada ao TEP (art. 126. n.3 CEP)

    Deve ser elaborado com a participao de especialistas em sade mental o plano

    teraputico e de reabilitao, estruturado em funo das necessidades, aptides

    individuais e avaliao de risco, homologado pelo TEP (art. 128. n.s 1,2 e 3).

    De acordo com o art. 128. n.6 o internado goza de direitos previstos na Lei de Sade

    Mental (Lei n. 36/98,27), nomeadamente os direitos de:

    - Ser informado dos seus direitos;

    - Bem como do plano teraputico proposto

    -Receber tratamento e proteo, no respeito pela sua individualidade e

    dignidade.

    organizado um processo individual do internado, no qual constam todas as

    comunicaes recebidas do tribunal e registados os elementos a este fornecidos, bem como

    os relatrios de avaliao peridica dos efeitos do tratamento sobre a perigosidade do

    internado (art. 129. n.1).

    O relatrio de avaliao peridica remetido ao TEP anualmente, ou sempre que as

    condies o justificaram ou o TEP o solicitar (art. 129., n.2)

    Licenas de sada

    So aplicveis as licenas de sada se no houver prejuzo para as finalidades

    teraputicas e se se verificarem os respetivos pressupostos, que devem ser aferidos sob

    orientao mdica, sendo limitadas s sadas jurisdicionais compatveis com o plano

    teraputico e de reabilitao durante o perodo mnimo de internamento (3 anos) aplicado

    nos termos do art. 91. n.2 do CP (art. 130. n.s1 e 2).

    27 Alterada pela Lei n. 101/99 de 26.07.

  • 45

    LIVRO II

    DO PROCESSO PERANTE O TRIBUNAL DE EXECUO DAS PENAS

    O Livro II contm as normas processuais especficas do Tribunal de Execuo das Penas.

    O art. 9. da Lei 115/2009, define o direito aplicvel.

    Disposies transitrias

    As disposies do livro II do Cdigo da Execuo das Penas e Medidas Privativas da Liberdade no se aplicam aos

    processos iniciados anteriormente sua vigncia [12-04-2009] quando da sua aplicabilidade imediata possa resultar

    agravamento sensvel e ainda evitvel da situao processual do recluso ou quebra da harmonia e unidade dos vrios

    atos do processo, continuando, nesses casos, os processos a reger-se, at final, pela legislao ora revogada; e no

    prejudica a aplicao imediata das normas sobre renovao da instncia nos processos de liberdade condicional.

    Para os efeitos previstos no artigo 145. do Cdigo, constituem-se em principais os primeiros autos registados e

    autuados aps a data de entrada em vigor da presente lei.

  • 46

    Aos Tribunais Judiciais compete administrar a justia penal em matria de execuo

    das penas e medidas privativas da liberdade.

    Ao Ministrio Pblico, nos termos do CEP e do EMP compete acompanhar e verificar a

    legalidade da execuo das penas e medidas privativas de liberdade.

    Aos Servios Prisionais compete garantir a ordem, a segurana e a disciplina nos

    estabelecimentos prisionais de forma a que a execuo das penas e medidas privativas de

    liberdade decorra com normalidade e proceder s comunicaes e diligncias legalmente

    previstas no CEP.

    Aos Servios de Reinsero Social 28compete intervir na execuo das penas e medidas

    privativas de liberdade prestando assessoria tcnica 29 aos tribunais de Execuo das Penas

    e garantir o acompanhamento da liberdade condicional e da liberdade para prova e a

    colaborao com os servios prisionais na preparao da liberdade condicional,

    promovendo a reinsero social e a preveno criminal, atravs de mecanismos de

    natureza social educativa e laboral.

    Com a reforma de 2007,a aplicao da vigilncia eletrnica [Lei n. 33/2010] alargada

    fase ps-sentencial, passando a DGRS a fiscalizar a execuo de penas curtas de priso

    em regime de permanncia na habitao e o perodo de adaptao liberdade condicional

    Artigo 1.

    mbito

    A presente lei regula a utilizao de meios tcnicos de controlo distncia, adiante designados por vigilncia

    28 - A Direco-Geral dos Servios Prisionais e a Direco-Geral da Reinsero Social, do origem a um nico organismo a Direco-Geral da Reinsero Social e dos Servios Prisionais DGRSP- (cfr.Dec.Lei n.123/2011 art. 12.) 29 A assessoria prestada pela reinsero social tem especial relevncia nos processos de internamento, liberdade condicional, licena de sada jurisdicional, modificao da execuo da pena de priso e indulto, atravs de informaes, relatrios sociais, relatrios com avaliao psicolgica e percias sobre a personalidade.

    Disposies Gerais

  • 47

    eletrnica, para fiscalizao:

    a) Do cumprimento da medida de coao de obrigao de permanncia na habitao, prevista no artigo 201. do Cdigo de Processo Penal;

    b) Da execuo da pena de priso em regime de permanncia na habitao, prevista no artigo 44. do Cdigo Penal;

    c) Da execuo da adaptao liberdade condicional, prevista no artigo 62. do Cdigo Penal;

    d) Da modificao da execuo da pena de priso, prevista no artigo 120. do Cdigo da Execuo das Penas e medidas Privativas da Liberdade;

    e) Da aplicao das medidas e penas previstas no artigo 35. da Lei n. 112/2009, de 16 de setembro.

    Os tribunais de execuo das penas (TEP) so tribunais judiciais de competncia

    especializada.

    O novo Cdigo atribui, exclusivamente, ao TEP a competncia para acompanhar e

    fiscalizar a execuo das penas e medidas privativas da liberdade, aps o trnsito em

    julgado, da sentena que decretou o cumprimento da medida privativa da liberdade,

    pondo termo sobreposio de prticas processuais entre o tribunal da condenao e o

    TEP.

    Existem, atualmente, no ordenamento jurdico Portugus 4 Tribunais de Execuo das

    Penas a saber;

    1- Tribunal de Execuo das Penas do Porto

    2- Tribunal de Execuo das Penas de Coimbra

    3- Tribunal de Execuo das Penas de Lisboa e

    4- Tribunal de Execuo das Penas de vora

    Tribunais de Execuo das Penas

  • 48

    Competncia territorial

    A competncia territorial30 do TEP determina-se em funo da localizao do

    estabelecimento a que se encontra afeto o recluso. Esta coincidente com a rea dos

    respetivos distritos judiciais, com exceo dos estabelecimentos prisionais de Vale dos

    Judeus e de Alcoentre que embora localizados no distrito judicial de vora, esto sujeitos

    jurisdio do TEP de Lisboa.

    Assim,

    - competente o TEP com sede na rea da residncia do arguido ou do condenado.

    - Se o arguido ou condenado residir no estrangeiro competente o TEP de Lisboa.

    -Se houver TRANSFERNCIA e o processo for remetido a outro tribunal de Execuo das

    Penas esta transmisso

    notificada ao:

    . arguido

    . seu advogado

    . ao tribunal de condenao

    . aos servios de reinsero social

    E, se o arguido estiver privado da liberdade tambm

    . D.G. dos Servios Prisionais e

    . aos diretores dos Estabelecimentos Prisionais envolvidos.

    30 Jurisprudncia: Ac. STJ - http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/b846cd1c7b2aa164802577ed004bbe2e?OpenDocument

  • 49

    Competncia em razo da matria

    Consta dos art.s 470., 474. e 475. do CPP; art.s 91. e 92. da Lei n.3/99 e 124. e

    125. da Lei n. 52/2008, - Lei de Organizao e Funcionamento dos Tribunais Judiciais

    (LOFTJ) - e tambm o CEP, no art.138., consagra um vasto leque de competncias,

    nomeadamente:

    1 Compete ao tribunal de execuo das penas garantir os direitos dos reclusos, pronunciando-se sobre a

    legalidade das decises dos servios prisionais nos casos e termos previstos na lei.

    2 Aps o trnsito em julgado da sentena que determinou a aplicao de pena ou medida privativa da

    liberdade, compete ao tribunal de execuo das penas acompanhar e fiscalizar a respetiva execuo e decidir

    da sua modificao, substituio e extino, sem prejuzo do disposto no artigo 371. -A do Cdigo de Processo

    Penal.

    3 Compete ainda ao tribunal de execuo das penas acompanhar e fiscalizar a execuo da priso e do

    internamento preventivos, devendo as respetivas decises ser comunicadas ao tribunal ordem do qual o

    arguido cumpre a medida de coao.

    4 Sem prejuzo de outras disposies legais, compete aos tribunais de execuo das penas, em razo da

    matria:

    a) Homologar os planos individuais de readaptao, bem como os planos teraputicos e de reabilitao de

    inimputvel e de imputvel portador de anomalia psquica internado em estabelecimento destinado a

    inimputveis, e as respetivas alteraes;

    b) Conceder e revogar licenas de sada jurisdicionais;

    c) Conceder e revogar a liberdade condicional, a adaptao liberdade condicional e a liberdade para

    prova;

    d) Homologar a deciso do diretor-geral dos Servios Prisionais de colocao do recluso em regime aberto

    no exterior, antes da respetiva execuo;

    e) Determinar a execuo da pena acessria de expulso, declarando extinta a pena de priso, e

    determinar a execuo antecipada da pena acessria de expulso;

    f) Convocar o conselho tcnico sempre que o entenda necessrio ou quando a lei o preveja;

    g) Decidir processos de impugnao de decises dos servios prisionais;

    h) Definir o destino a dar correspondncia retida;

  • 50

    i) Declarar perdidos e dar destino aos objetos ou valores apreendidos aos reclusos;

    j) Decidir sobre a modificao da execuo da pena de priso relativamente a reclusos portadores de

    doena grave, evolutiva e irreversvel ou de deficincia grave e permanente ou de idade avanada, bem como

    da substituio ou da revogao das respetivas modalidades;

    l) Ordenar o cumprimento da priso em regime contnuo em caso de faltas de entrada no estabelecimento

    prisional no consideradas justificadas por parte do condenado em priso por dias livres ou em regime de

    semideteno;

    m) Rever e prorrogar a medida de segurana de internamento de inimputveis;

    n) Decidir sobre a prestao de trabalho a favor da comunidade e sobre a sua revogao, nos casos de

    execuo sucessiva de medida de segurana e de pena privativas da liberdade;

    o) Determinar o internamento ou a suspenso da execuo da pena de priso em virtude de anomalia

    psquica sobrevinda ao agente durante a execuo da pena de priso e proceder sua reviso;

    p) Determinar o cumprimento do resto da pena ou a continuao do internamento pelo mesmo tempo, no

    caso de revogao da prestao de trabalho a favor da comunidade ou da liberdade condicional de indivduo

    sujeito a execuo sucessiva de medida de segurana e de pena privativas da liberdade;

    q) Declarar a caducidade das alteraes ao regime normal de execuo da pena, em caso de simulao de

    anomalia psquica;

    r) Declarar cumprida a pena de priso efetiva que concretamente caberia ao crime cometido por

    condenado em pena relativamente indeterminada, tendo sido recusada ou revogada a liberdade condicional;

    s) Declarar extinta a pena de priso efetiva, a pena relativamente indeterminada e a medida de

    segurana de internamento;

    t) Emitir mandados de deteno, de captura e de libertao;

    u) Informar o ofendido da libertao ou da evaso do recluso, nos casos previstos nos artigos 23. e 97.;

    v) Instruir o processo de concesso e revogao do indulto e proceder respetiva aplicao;

    x) Proferir a declarao de contumcia e decretar o arresto de bens, quanto a condenado que

    dolosamente se tiver eximido, total ou parcialmente, execuo de pena de priso ou de medida de

    internamento;

    z) Decidir sobre o cancelamento provisrio de factos ou decises inscritos no registo criminal;

    aa) Julgar o recurso sobre a legalidade da transcrio nos certificados do registo criminal.

  • 51

    Dos conflitos de competncia

    Os conflitos de competncia podem ser negativos ou positivos.

    Negativos quando dois ou mais Tribunais em conflito se declarem incompetentes para

    conhecerem de determinado crime.

    Positivos quando dois ou mais Tribunais se declararem competentes para conhecerem

    desse mesmo crime.

    O conflito cessa logo que um dos Tribunais se declare, conforme os casos, competente

    ou incompetente para conhecer desse crime.

    DO CDIGO DE PROCESSO PENAL

    Disposies aplicveis art.s 34., 35. e 36. do C.P.P.

    Artigo 34.

    Casos de conflito e sua cessao

    1 - H conflito, positivo ou negativo, de competncia quando, em qualquer estado do processo, dois ou mais tribunais, de

    diferente ou da mesma espcie, se considerarem competentes ou incompetentes para conhecer do mesmo crime imputado

    ao mesmo arguido.

    2 - O conflito cessa logo que um dos tribunais se declarar, mesmo oficiosamente, incompetente ou competente, segundo o

    caso.

    Artigo 35

    Denncia do conflito

    1 - O tribunal, logo que se aperceber do conflito, suscita-o junto do rgo competente para o decidir, nos termos dos artigos

    11 e 12, remetendo-lhe cpia dos atos e todos os elementos necessrios sua resoluo, com indicao do Ministrio

    Pblico, do arguido, do assistente e dos advogados respetivos.

    2 - O conflito pode ser suscitado tambm pelo Ministrio Pblico, pelo arguido ou pelo assistente mediante requerimento

    dirigido ao rgo competente para a resoluo, contendo a indicao das decises e das posies em conflito, ao qual se

    juntam os elementos mencionados na parte final do nmero anterior.

    3 - A denncia ou o requerimento previstos nos nmeros anteriores no prejudicam a realizao dos atos processuais

    urgentes.

  • 52

    Artigo 36.

    Resoluo do conflito

    1 - O rgo competente para dirimir o conflito envia os autos com vista ao Ministrio Pblico e notifica os sujeitos

    processuais que no tiverem suscitado o conflito para, em todos os casos, alegarem no prazo de cinco dias, aps o que, e

    depois de recolhidas as informaes e as provas que reputar necessrias, resolve o conflito.

    2 - A deciso sobre o conflito irrecorrvel.

    3 - A deciso imediatamente comunicada aos tribunais em conflito e ao Ministrio Pblico junto deles e notificada ao

    arguido e ao assistente.

    4 - correspondentemente aplicvel o disposto no n. 3 do artigo 33..

    CONFLITOS DE COMPETNCIA - TEP

    SUSCITADO CONFLITO QUEM O DECIDE E DISPOSIO LEGAL

    MAGISTRADOS JUDICIAIS

    QUEM DECIDE

    DISPOSIO LEGAL

    1. INSTNCIA

    MESMO DISTRITO JUDICIAL

    TRIBUNAL DA RELAO

    ART. 12. N. 5 al. a) do CPP

    1. INSTNCIA

    DISTRITOS JUDICIAIS DIFERENTES

    SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA

    ART. 11. n. 6 al.a) do CPP

    Ministrio Pblico

    Compete em especial ao Ministrio Pblico nos termos do art. 3., n. 1 al.g) do

    E.M.P., (aprovado pela Lei n. 60/98 de 27.08) promover a execuo das decises dos

    tribunais para que tenha legitimidade. Ora, na rea processual penal tal legitimidade -lhe

    conferida por meio do disposto no art. 469. do CPP promover a execuo das penas e

    medidas de segurana.

  • 53

    Tambm a nova Lei n. 115/2009, no mbito do processo junto do TEP, o MP tem as

    competncias elencadas no art. 141. do CEP e que se transcrevem:

    a) Visitar os estabelecimentos prisionais regularmente e sempre que necessrio ou conveniente para o exerccio das competncias previstas no presente Cdigo;

    b) Verificar a legalidade das decises dos servios prisionais que, nos termos do presente Cdigo, lhe devam ser obrigatoriamente comunicadas para esse efeito e impugnar

    as que considere ilegais;

    c) Recorrer das decises do tribunal de execuo das penas, nos termos previstos na lei;

    d) Participar no conselho tcnico;

    e) Impulsionar a transferncia, para o pas da nacionalidade ou da residncia, de pessoa sujeita a medida privativa da liberdade por tribunal portugus ou dar seguimento ao pedido;

    f) Promover a deteno provisria, a extradio ativa e a entrega de pessoa contra a qual exista processo pendente no tribunal de execuo das penas;

    g) Diligenciar, junto do tribunal competente, pela promoo da realizao do cmulo jurdico de penas logo que, por qualquer forma, tome conhecimento da verificao dos respetivos pressupostos;

    h) Promover o desconto, no cumprimento da pena, do tempo em que o recluso andou em liberdade, na hiptese de revogao de licena de sada administrativa ou jurisdicional;

    i) Em caso de execuo sucessiva de penas, proceder ao respetivo cmputo, para efeitos de concesso de liberdade condicional;

    j) Em caso de revogao de licena de sada ou da liberdade condicional, calcular as datas para o termo de pena e, nos casos de admissibilidade de liberdade condicional, para os efeitos previstos nos artigos 61. e 62. do Cdigo Penal e submeter o cmputo homologao do juiz;

    l) Dar parecer sobre a concesso do indulto e promover a respetiva revogao;

    m) Suscitar a resoluo do conflito de competncia;

    n) Instaurar a execuo por custas;

    o) Instaurar os procedimentos, promover e realizar as demais diligncias previstas no presente Cdigo.

    Dispe o art. 142. do CEP que o Conselho Tcnico 31 um rgo auxiliar do TEP, com

    funes consultivas, competindo-lhe emitir parecer sobre a concesso de liberdade

    condicional, de liberdade para prova e de licenas da sada jurisdicionais e definir as

    31

    O Artigo 10. do Dec-Lei n. 125/2007 (estrutura orgnica da DGSP), define CT dos EP.

    Conselho tcnico

  • 54

    condies a que devam ser sujeitas. Compete ainda ao Conselho Tcnico dar parecer sobre

    os assuntos solicitados pelo juiz do TEP.

    Quem participa no Conselho Tcnico

    O CT presidido pelo Juiz do TEP, podendo participar o MP junto do mesmo tribunal.

    Fazem parte do CT o diretor do EP com voto de qualidade, o responsvel para a rea

    do tratamento penitencirio, o chefe do servio de vigilncia e segurana e o

    responsvel da competente equipa dos servios de reinsero social.

    Para alm destes membros pode ainda participar no CT qualquer funcionrio 32 que o

    Juiz entenda ser til para os assuntos a debater.

    O processo individual (art. 144.) e nico (art. 145.). Desde logo pela imposio do

    principio da individualizao da execuo prevista no art. 5..

    O que significa que no mbito do art. 477. do CPP so extradas, oficiosamente,

    tantas certides quantos os arguidos e organizado no TEP, um nico processo, sendo os

    autos principais os que derem origem abertura do processo (cfr. art. 9. n.3 do CEP).

    So autuados e correm por apenso aos autos principais todos os outros processos e

    incidentes.

    Se o processo estiver findo, so requisitados ao arquivo, ainda que de outro Tribunal, a

    no ser que se refiram a factos j cancelados do registo criminal.

    Estatui o art. 146. do CEP, como regra para os atos decisrios, 33 do juiz do TEP, que

    so sempre fundamentados de facto e de direito.

    32 Este funcionrio sem direito de voto.

    O Processo: Sua natureza

  • 55

    Publicidade do processo

    Art. 146. do CEP

    - O processo no TEP , desde o incio, acessvel aos sujeitos que nele intervm,

    ficando estes, porm, vinculados ao segredo de justia.

    - OUTRAS entidades no judiciais, o processo torna-se pblico a partir da audio do

    arguido ou condenado, se a ela houver lugar. Se no houver lugar referida audio, o

    processo pblico depois de proferida a deciso em 1. instncia.

    - A consulta de auto, obteno de cpias, extratos e certides de partes dele e a

    reproduo, pelos rgos de comunicao social dependem de requerimento dirigido ao

    juiz com indicao dos fins a que se destinam art. 146. do CEP.

    DO CDIGO DE PROCESSO PENAL

    Da forma dos atos e da sua documentao

    Forma escrita dos atos

    Artigo 94.

    Forma escrita dos atos

    1 Os atos processuais que tiverem de praticar-se sob a forma escrita so redigidos de modo

    perfeitamente legvel, no contendo espaos em branco que no sejam inutilizados, nem entrelinhas, rasuras

    ou emendas que no estejam ressalvadas.

    2 Podem utilizar-se mquinas de escrever ou processadores de texto, caso em que se certifica, antes da

    assinatura que o documento foi integralmente revisto e se identifica a entidade que o elaborou.

    3 Podem igualmente utilizar-se frmulas pr-impressas, formulrios em suporte eletrnico ou carimbos,

    a completar com o texto respetivo, podendo recorrer-se a assinatura eletrnica certificada.

    4 Em caso de manifesta ilegibilidade do documento, qualquer participante processual pode solicitar,

    sem encargos, a respetiva transcrio datilogrfica.

    33 - Atos decisrios art. 97. do C.P.P..

  • 56

    5 As abreviaturas a que houver de recorrer-se devem possuir significado inequvoco. As datas e os

    nmeros podem ser escritos por algarismos, ressalvada a indicao das penas, montantes indemnizatrios e

    outros elementos cuja certeza importe acautelar.

    Assinatura

    Artigo 95

    Assinatura

    1 - O escrito a que houver de reduzir-se um ato processual no final, e ainda que este deva continuar-se em

    momento posterior, assinado por quem a ele presidir, por aquelas pessoas que nele tiverem participado e pelo

    funcionrio de justia que tiver feito a redao, sendo as folhas que no contiverem assinatura rubricadas

    pelos que tiverem assinado.

    2 - As assinaturas e as rubricas so feitas pelo prprio punho, sendo, para o efeito, proibido o uso de

    quaisquer meios de reproduo.

    3 - No caso de qualquer das pessoas cuja assinatura for obrigatria no puder ou se recusar a prest-la, a

    autoridade ou o funcionrio presentes declaram no auto essa impossibilidade ou recusa e os motivos que para

    elas tenham sido dados 34.

    Os atos decisrios

    (disposies aplicveis art.. 97. CPP)

    Dos juzes:

    Sentenas, quando conhecerem a final o objeto do processo;

    Despachos quando conhecerem qualquer questo interlocutria ou quando

    puserem termo ao processo fora do caso atrs referido;

    Acrdos, quando forem proferidos por um tribunal colegial.

    Os atos decisrios do Ministrio Pblico tomam a forma de despachos.

    34 Ter em ateno que no se torna necessrio a indicao de testemunhas ou a aposio da impresso digital quando o notificando no possa ou se recuse a assinar o auto, bastando to s o oficial de justia encarregado da notificao de dizer dos motivos que tenham sido dados para a falta de assinatura.

  • 57

    Os atos decisrios referidos nos nmeros anteriores revestem os requisitos formais dos

    atos escritos ou orais consoante os casos.

    Os atos decisrios so sempre fundamentados, devendo ser especificados os motivos

    de facto e de direito da deciso.

    Definio de auto

    Artigo 99.

    Auto

    1 - O auto o instrumento destinado a fazer f quanto aos termos em que se desenrolaram aos atos

    processuais a cuja documentao a lei obrigar e aos quais tiver assistido quem o redige, bem como a recolher

    as declaraes, requerimentos, promoes e atos decisrios orais que tiverem ocorrido perante aquele.

    2 O auto respeitante ao debate instrutrio e audincia denomina-se ata e rege-se

    complementarmente pelas disposies legais que este Cdigo lhe manda aplicar.

    3 O auto contm, alm dos requisitos previstos para os atos escritos, meno dos seguintes elementos:

    a) Identificao das pessoas que intervieram no ato;

    b) Causas, se conhecidas, da ausncia das pessoas cuja interveno no ato estava prevista;

    c) Descrio especificada das operaes praticadas da interveno de cada um dos participantes

    processuais, das declaraes prestadas, do modo como o foram, dos documentos apresentados ou

    recebidos e dos resultados alcanados, de modo a garantir a genuna expresso da ocorrncia;

    d) Qualquer ocorrncia relevante para a apreciao da prova ou da regularidade do ato.

    4 -. correspondentemente aplicvel o disposto no artigo 169. do C.P.P.

    Redao do auto

    (disposies aplicveis art..100. CPP)

    efetuada pelo funcionrio de justia ou pelo funcionrio de polcia criminal, sob a

    direo da entidade que presidir ao ato.

    Interveno de Advogado

    Nos termos do n 1 e 2 do art. 147. do CEP, o condenado, tem a possibilidade e a

    obrigatoriedade de interveno do advogado.

  • 58

    O direito assistncia judiciria. A constituio de advogado ou a nomeao de

    defensor.

    OBRIGATORIEDADE de defensor

    no processo de internamento (art. 157 ns 1 e 2) e

    no incidente de incumprimento (art 185).

    Aplicao subsidiria do art. 64. do CPP, ex vi art. 154. do CEP.

    Comunicaes, convocaes e notificaes

    O art. 149. do CEP faz remisso para as disposies do CPP respeitantes s

    comunicaes, convocaes e notificaes.

    (Disposies aplicveis art.s 111. a 117. do CPP)

    Como se fazem as comunicaes entre os servios de justia, e entre as autoridades

    judicirias e os rgos de polcia criminal

    Por mandado: quando o ato seja praticado dentro dos limites da competncia

    territorial da entidade que proferiu a ordem;

    Por carta precatria: quando o ato seja praticado fora daqueles limites;

    Por carta rogatria: havendo que concretizar o ato no estrangeiro;

    Por ofcio, aviso, carta, telegrama, telex, telecpia, comunicao telefnica,

    correio el