cocaína vermelha

30
Cocaína Vermelha Tradução do livro Red Cocaine do Joseph Douglass Tradução Incompleta Última Atualização – 2015/01/07 – 11:28 Daniel Frederico Lins Leite http://amizadedasnacoes.blogspot.com.br/2011/01/red-cocaine-traduzido-para-portugues.html

Upload: httpwwwwhatis-theplanorg

Post on 07-Nov-2015

104 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Como o mundo é enganada.

TRANSCRIPT

  • Coca na Vermelha

    Traduo do livro Red Cocaine do Joseph Douglass

    Traduo Incompleta

    ltima Atualizao 2015/01/07 11:28

    Daniel Frederico Lins Leite

    http://amizadedasnacoes.blogspot.com.br/2011/01/red-cocaine-traduzido-para-portugues.html

  • Sumrio A Ofensiva Chinesa das Drogas ..................................................................................................................... 3

    Os Soviticos decidem competir ................................................................................................................... 6

    Construindo a Rede das Drogas da Amrica Latina .................................................................................... 13

    Khrushchev Instrui os Pases Satlites ........................................................................................................ 23

  • A Ofensiva Chinesa das Drogas

    Em 1928, Mao Tse-Tung, o lder comunista Chins, instruiu um dos seus subordinados de confiana, Tan

    Chen-Lin, para comear a cultivar pio em grande quantidade. Mao tinha dois objetivos: utilizar o pio

    como fonte de troca para suprimentos necessrios e drogar a regio branca onde branca possui

    sentido ideolgico, e no racista. Era assim que Mao se referia oposio no comunista. A estratgia do

    Mao era simples; utilizar as drogas para aliviar a rea almejada. Aps esta regio estar capturada e sobre

    controle, proibir o uso de todos os narcticos e impor controle estrito para garantir que a papoila

    continuasse exclusivamente como um instrumento do Estado contra seus inimigos.

    Mais tarde, Mao falaria do uso do pio contra os imperialistas apenas como uma fase moderna na

    guerra do pio que comeou no sculo XIX. pio foi uma poderosa arma que foi utilizada pelos

    imperialistas contra os Chineses e deve ser utilizada contra eles na segunda Guerra do pio. Foi assim

    que Mao explicou para Wang Chen em uma palestra sobre seu plano para plantar pio, uma guerra

    qumica por mtodos primitivos. Porm, o fato do pio ter sido previamente utilizado contra os

    Chineses foi apenas uma desculpa, no a verdadeira razo. Mao utilizou o pio como uma arma poltica,

    pela primeira vez, contra seu prprio povo, os chineses, durante sua caminhada para estabelecer o

    regime comunista na China. Seu uso do pio expandiu simplesmente porque se demonstrou como uma

    arma eficiente. Assim que Mao dominou o territrio da China em 1949, a produo do pio foi

    nacionalizada e o trfico de narcticos, contra os estados no comunistas, se tornou a atividade formal

    do novo estado comunista, a Repblica Popular da China. A operao do trfico Chins se expandiu

    rapidamente. Os alvos oficiais foram: Japo, os exrcitos americanos no sudeste asitico e o territrio

    americano. As principais organizaes envolvidas no incio da dcada de 50 foram o Ministrio De

    Polticas Externas da China, o Ministrio do Comrcio e o Servio de Inteligncia.

    A Coria do Norte tambm estava traficando narcticos cooperando com a China nesta poca, e estava

    diretamente conectada com o fluxo de drogas dentro do Japo e nas bases Americanas no sudeste

    asitico.

    Os problemas domsticos com narcticos no Japo ficaram srios em 1946. A Diviso de Investigao

    Criminal das Foras Armadas Americanas no Japo, junto das autoridades japonesas, comeou a construir

    uma rede por todo o Japo para determinar como as drogas estavam entrando no pas. Em 1951, os

    japoneses oficialmente identificaram os narcticos que entravam ilegalmente no pas e as fontes do

    trfico eram os governos comunistas da China e da Coria do Norte. Este trfico no era limitado ao

    pio e a herona, mas tambm inclua o haxixe, a maconha, cocana e perigosos estimulantes sintticos

    como o hiropon e os aminos butanos. Estes sintticos so especialmente perigosos e quando analisados

    so responsveis por srios problemas de sade que comearam a aparecer no Japo no incio da dcada

    de 1950.

    A experincia americana foi similar japonesa. Um novo trfico foi identificado no final da dcada de

    1940. US Narcotics e agentes especializados se uniram para descobrir estas novas fontes e em 1951

    comearam a descobrir grandes quantidades de herona em grandes portos americanos como Nova

  • Iorque, So Francisco e Seattle. A herona foi diagnosticada como tendo sido fabricada na China e o trfico

    gerenciado pelos Chineses.

    Sincronizado com o aumento do trfico de narcticos chineses entre 1949 e 1952, a produo de pio na

    China aumentou rapidamente e atingiu o patamar de 2.000 a 3.000 toneladas por ano. Esta produo

    continuou neste patamar entre 1958-1964, quando a produo aumento para incrveis 8.000 toneladas

    como parte do Grande Passo Para Frente. As datas destes aumentos so cruciais. Como ser discutido

    no captulo 11, numa anlise do uso de narcticos nos Estados Unidos, observa-se dois aumentos abruptos

    no consumo que se destacam. O uso de narcticos nos Estados Unidos veio caindo nas dcadas de 1930

    e 1940. Ento comeando em 1949-1952, ocorreu uma ascenso abrupta simultaneamente com o

    lanamento da operao chinesa de trfico. Aps 1952, o consumo de narcticos decaiu. No final dos anos

    50 e no incio dos 60, veio o segundo grande aumento. Este segundo aumento coincide precisamente com

    o segundo momento da operao chinesa e com a entrada da Unio Sovitica no trfico de narcticos,

    como ser descrito mais tarde. Esta correlao um dos indicativos que o aumento do trfico e consumo

    de drogas dentro dos Estados Unidos e pelo mundo afora no um processo evolucional natural, ou um

    fenmeno condicionado pela demanda. Ao contrrio, existem poderosas foras subversivas

    estimulando e expandindo o consumo.

    No caso do trfico chins, no existe dvida que foi uma poltica oficial do estado. Dados sobre o trfico

    Chins e Norte-Coreano foi obtido pelo servio de segurana internacional Japons, Servio de

    Inteligncia do Exrcito Americano e pelo US Narcotics Bureau operando com a ajuda de agentes

    infiltrados e pelos informantes da CIA na China. Estes dados indicavam claramente as fontes de produo,

    estabelecimentos para empacotamento, rede de trfico e at mesmo as organizaes de gerncia. Como

    ser discutida mais tarde, a operao Chinesa de narcticos estava infiltrada e observada por agentes

    soviticos e tchecos, e estavam unidos aos comunistas da Coria do Norte, do Vietn e do Japo.

    A operao Chinesa dos narcticos tambm foi descrita por vrios oficiais Chineses que mais tarde

    abandonaram a China e conseguiram asilo poltico em outros pases. Um destes que desertou no fim de

    1950 descreveu uma reunio secreta os oficiais do estado em 1952, quando a operao Chinesa foi

    reorganizada, e um plano de 20 anos de durao foi adotado. Nesta reunio, foram tomadas decises

    para regular a quantidade de narcticos, estabeleceram regulaes para promoes, fizeram agendas

    desenvolvidas para encorajar uma propaganda agressiva, despacharam representantes de vendas,

    expandiram a pesquisa e produo e reorganizaram responsabilidades de gerenciamento.

    Esta informao tambm confirmada por dados coletadas pelos agentes de Inteligncia da Unio

    Sovitica e Tchecos, como ser discutido in maiores detalhes pelos Captulos 4 e 6.

    A organizao por detrs da operao Chinesa dos narcticos foi extensiva e envolveu desde vrios

    ministrios e agncias estatais at os nveis mais locais. Estas organizaes supervisionaram a

    valorizao das terras de produo (Ministrio da Agricultura); cultivo e pesquisa para produzir

    variedades melhores da papoula (Ministro da Agricultura); desenvolvimento de opiceos (Comit para A

    Reviso da Austeridade); controle de estoque e preparao para exportao (Ministro do Comrcio);

    gerenciamento das organizaes de comercio exterior (Ministro do Comercio Estrangeiro); controle

  • estatstico e produo (Quadro de Produo do Governo Central); finanas (Ministrio das Finanas);

    propaganda atrs de representantes especiais e criao de intrigas polticas (Ministrio de Assuntos

    Estrangeiros); e segurana e cobertura das operaes (Ministrio da Segurana Pblica).

    O portflio de tcnicas do trfico contava com os do contrabando clssico; transporte utilizando as

    empresas de navegao (algumas informadas e outras desinformadas disto); uso de comunistas e

    chineses dispersos pelo mundo; colaborao com os sindicatos dos crimes organizados; uso de

    mercadorias normais como disfarce; transporte por correio; e falsificao ou empacotamento falso

    utilizando marcas conhecidas. Como veremos mais adiante, a estratgia e a ttica Sovitica utilizaram

    tcnicas similares, organizao, gerenciamento, alvos e motivaes embora num estilo Leninista e

    numa escala imensamente maior.

    Nas dcadas de 1950 e 1960, provavelmente o mais importante oficial operando no dia-a-dia do

    controle da operao das drogas na China foi Chou Em-Lai. Como o ideolgico chefe Sovitico, Mikhail A.

    Suslov explicou durante um importante discurso na China em um encontro com o Comit Central

    Sovitico em fevereiro de 1964, a estratgia de Chou En-Lai era desarmar os capitalistas com coisas que

    eles adoram provar [referindo-se as drogas].

    Professor J. H. Turnbull foi o chefe do Departamento de Qumica Aplicada no Colgio Militar-Real de

    Cincia em Shrivenham na Inglaterra e especialista em trfico de narcticos e suas implicaes

    estratgicas. Em 1972, seguindo a publicidade focada no macio uso de narcticos contra os soldados

    Americanos no Sudeste da sia (ver Captulo 16), Turnbull preparou um sucinto relatrio da estratgia

    do trfico de narctico Chins. O Trfico Chins, ele escreveu, era direcionado aos grandes setores

    industriais do Mundo Livre. Em termos comerciais isto oferece alvos bvios, j que eles proveem tanto

    grandes e fluentes mercados. Estes setores industriais eram particularmente vulnerveis por causa da

    natureza aberta de suas sociedades.

    A produo e distribuio de drogas, Turnbull enfatizou, foram uma valiosa fonte de renda nacional e

    uma poderosa arma de subverso. Ele identificou trs grandes objetivos bsicos das atividades

    subversivas da China no emprego das drogas: financiar as atividades subversivas pelo mundo;

    corromper e enfraquecer as pessoas do Mundo Livre; e destruir a moral dos combatentes Americanos

    no sudeste asitico.

    A concluso do Turnbull foi praticamente igual quela chegada vinte anos antes pelo Comissrio de

    Narcticos dos Estados Unidos, Harry Anslinger - sendo bastante revelador hoje. A disseminao secreta

    de narcticos do pio, em particular a viciante droga herona, para objetivos tantos comerciais como

    para subversivos, representa uma das maiores ameaas para os servios armados e para as sociedades

    do Mundo Livre. A operao subversiva precisa ser reconhecida como uma forma peculiar de guerra

    qumica, naquela a qual a vtima voluntariamente se expe ao ataque.

  • Os Soviticos decidem competir

    Quando a China comeou a travar a guerra com drogas e narcticos no final da dcada de 1940, sua

    estratgia foi rapidamente identificada. Vrios carregamentos de drogas foram apreendidos e vrios

    dados foram coletados que identificaram as fontes como a Repblica Popular da China, junto com suas

    rotas de trfico, tcnicas e eventualmente at as principais organizaes por trs da produo e

    distribuio. No caso da Unio Sovitica, dados sobre a operao no ficaram imediatamente disponveis,

    talvez provando o cuidado dos soviticos com a segurana e tcnicas de cobertura antes mesmo da

    ofensiva de Moscou ser lanada. Como ser visto, a ofensiva Sovitica foi desenvolvida para ser bem mais

    abrangente que a operao chinesa, e assim que operando, foi intensificada anualmente.

    Enquanto a dbia fama de iniciar uma guerra poltica em larga escala utilizando drogas vai para o Chineses,

    foram os Soviticos quem transformaram o trfico em efetiva arma poltica e de inteligncia realizao

    que no levantou praticamente nenhuma desconfiana no Ocidente do envolvimento Sovitico. Apenas

    em 1968 uma fonte apareceu no Ocidente que possua conhecimento detalhado sobre a ofensiva

    Sovitica com as drogas. A histria a seguir a primeira revelao detalhada do conhecimento desta fonte

    sobre a guerra das drogas dos Soviticos.

    A fonte em questo Jan Sejna, que desertou da Checoslovquia para os Estados Unidos em fevereiro de

    1968. O Major General Sejna foi um membro do Comit Central, da Assembleia Nacional, do Politburo e

    do Partido. Ele tambm foi um membro da Principal Administrao Poltica, da sua mesa poltica e

    membro dos Departamentos Administrativos dos rgos. Ele foi Primeiro Secretrio do Partido no

    Ministrio da Defesa, onde foi Chefe do Departamento e membro do Colegiado do Ministrio. Sua

    principal posio foi Secretrio do poderoso Conselho de Defesa, que quem toma as decises em

    matria de defesa, inteligncia, poltica exterior e poltica econmica. Sejna foi um dos principais

    tomadores de decises oficiais do Partido. Ele tinha reunies regulares com os mais altos oficiais na Unio

    Sovitica e dos pases Comunistas. Ele esteva presente no incio, no planejamento e na aplicao das

    operaes de trfico de narcticos dos Soviticos.

    A ideia Sovitica de usar o trfico de drogas e narcticos como uma operao estratgica, Sejna explicou,

    surgiu durante a Guerra das Coreias. Durante este conflito, os chineses e os norte-coreanos usaram drogas

    contra as foras militares americanas tanto para minar a eficincia dos oficiais e dos soldados como para

    lucrar com o processo. Os soviticos estavam tambm ajudando os norte-coreanos na guerra, embora em

    meios no to bvios como os chineses.

    A guerra propiciou aos soviticos a oportunidade de estudar a eficincia das foras americanas e seus

    equipamentos, com a ajuda da inteligncia da Checoslovquia. Como parte dessa misso de inteligncia,

    a Checoslovquia construiu um hospital na Coreia do Norte. Ostensivamente criado para tratamento das

    casualidades da guerra, era na realidade uma instalao para pesquisa, onde doutores checos, soviticos

    e norte-coreanos faziam experimentos em prisioneiros de guerra americanos e sul-coreanos. O oficial

    checo encarregado das principais operaes na Coreia do Norte foi o Coronel Rudolf Bobka da Zpravdajska

    Sprava (Zs), o General-Coronel Professor Doutor Dufek da Administrao da Inteligncia Militar da

  • Checoslovquia, um especialista em corao, era o encarregado pelo hospital. Seja soube do hospital e de

    suas atividades diretamente pelo Coronel Bobka, atravs de vrios relatrios e de reunies que

    sumarizavam os resultados dos experimentos e usava os resultados em estudos do potencial estratgico

    militar do trfico de drogas.

    Os experimentos eram justificados como preparativos para a prxima guerra. Prisioneiros de guerra

    americanos e sul-coreanos eram usados como cobaias em: experimentos de guerra qumica e biolgica;

    em testes de resistncia fisiolgicos e psicolgicos; e em testes da eficcia de vrias drogas para controle

    mental, que eram utilizadas para fazerem os americanos renunciarem a Amrica e falar em benefcio do

    sistema comunista.

    Para entender melhor os efeitos biolgicos e qumicos nos soldados americanos e sul-coreanos, autpsias

    foram realizadas em cadveres capturados e nos prisioneiros de guerra que no sobreviveram a diversos

    experimentos. Durante esta atividade, os doutores soviticos determinaram que um altssimo percentual

    de jovens soldados sofreu prejuzos cardiovasculares, que eles referiam como pequenos ataques

    cardacos.

    O servio de inteligncia sovitico ao mesmo tempo em que estava estudando a operao chinesa de

    trfico de drogas declarou que os jovens soldados americanos eram o grupo mais propcio ao uso de

    drogas pesadas. Os doutores soviticos perceberam a correlao e criaram a hiptese que um dos fatores

    que provavelmente contribuiu para as doenas do corao foi o abuso de drogas.

    Notcias do efeito debilitante das drogas chamaram a ateno do lder Sovitico, Nikita Khrushchev. O

    trfico de drogas e de narcticos, ele imaginou, deveria ser visto como uma operao estratgica para

    enfraquecer o inimigo, ao invs de meramente como uma ferramenta financeira e de inteligncia. Assim,

    ele ordenou uma operao conjunta dos civis com os militares. Um estudo sovitico e checo para

    examinar o efeito total do trfico de drogas e narcticos na sociedade Ocidental; incluindo seus efeitos

    no trabalho, na educao, nos militares (o principal alvo na poca) e seu uso como apoio as medidas de

    inteligncia sovitica. Esse estudo no foi abordado nem como uma questo ttica nem como uma

    simples oportunidade que pode ser explorada. O potencial dos narcticos foi examinado em um contexto

    de uma estratgia de longo-prazo. Custo e risco, benefcios e retornos, integrao e coordenao com as

    operaes foram examinadas. At mesmo o efeito das drogas em vrias geraes foi analisado pelos

    cientistas da Academia de Cincias Sovitica.

    As concluses do estudo foram: o trfico seria extremamente eficiente; os alvos mais vulnerveis eram os

    Estados Unidos, a Frana e a Alemanha Ocidental; e que os soviticos deveriam capitalizar com esta

    oportunidade. Esse estudo foi aprovado pelo Conselho de Defesa Sovitico no final de 1955 e incio de

    1956. A principal orientao do Conselho de Defesa na aprovao da ao foi direcionar os planejadores

    para acelerar o calendrio de eventos, que foi possvel, pois certa experincia com narcticos j existia no

    servio de inteligncia sovitico, mas que era desconhecido para as pessoas que prepararam o estudo.

    Esse plano foi formalmente aprovado quando os soviticos decidiram comear a traficar narcticos contra

    os chamados burgueses, especialmente contra os capitalistas americanos o principal inimigo.

  • Alm disso, o estudo apareceu na poca mais propcia para os comunistas porque, simultaneamente, os

    soviticos sob o comando de Khruschev estavam trabalhando para modernizar o movimento

    revolucionrio mundial. Khruschev acreditava que o crescimento tinha estagnado sob Stalin e ele queria

    um rejuvenescimento que iria tirar vantagem das novas condies globais.

    A estratgia sovitica da guerra revolucionria uma estratgia global. A estratgia sovitica dos

    narcticos apenas uma parte desta estratgia global e mais bem compreendida neste contexto.

    Normalmente se acha que o alvo principal desta atividade o terceiro mundo, porm este no o caso.

    Tanto as estratgias como as tticas soviticas foram desenvolvidas para o mundo inteiro, onde os

    principais setores eram as naes desenvolvidas e o principal alvo, os Estados Unidos.

    A nova estratgia revolucionria tomou forma entre os anos de 1954 e 1956. Como detalhado por Sejna,

    existiam 5 principais frentes da estratgia modernizada. Primeiro foi um treinamento melhorado dos

    lderes dos movimentos revolucionrios os civis, os militares e os de inteligncia. A fundao da

    Universidade de Patrice Lumumba em Moscou um exemplo de uma das primeiras medidas para

    modernizar o treinamento dos lderes revolucionrios soviticos.

    O segundo passo foi o treinamento dos terroristas. O treinamento para uma rede internacional de

    terroristas comeou, na verdade, por trs do slogan Luta por Liberao, dentro da estratgia de

    descolonizao do Comintern. O termo liberao nacional foi criado para substituir o movimento de

    guerra revolucionria por duas fachadas: uma para prover uma capa de nacionalismo para o que era uma

    basicamente uma operao de inteligncia sovitica; e outra para prover um nome que era

    semanticamente separado do movimento revolucionrio comunista.

    O terceiro passo foi o trfico internacional de drogas e narcticos. Drogas foram incorporadas a estratgia

    para travar a guerra revolucionria tanto como uma arma poltica e de inteligncia contra a sociedade

    burguesa, tanto como um mecanismo para recrutar agentes de influncia por todo o mundo.

    O quarto passo foi infiltrar as organizaes criminosas e, mais tarde, estabelecer os Blocos Soviticos que

    eram patrocinados e formados por redes dessas organizaes criminosas por todo o mundo.

    O quinto passo era planejar e preparar a sabotagem em escala mundial. A rede para essa atividade foi

    montada em 1972.

    Por causa da proximidade do crime organizado e dos traficantes, a entrada dos soviticos no crime

    organizado merece uma ateno especial. As decises de Moscou para o crime organizado foram feitas

    em 1955. Essa foi tambm uma operao global apontada para todos os pases, no somente os Estados

    Unidos, apesar de que o crime organizado nos Estados Unidos, alm da Frana, Inglaterra, Alemanha e

    Itlia foram os principais alvos.

    A principal razo para infiltrar o crime organizado foi porque os soviticos acreditavam que informao

    de alta qualidade informao sobre corrupo policial, dinheiro e negcios, relaes internacionais,

    trfico de drogas e contra inteligncia seria facilmente encontrado no crime organizado. Os soviticos

    perceberam que se eles infiltrassem com sucesso o crime organizado, teriam acesso a uma promissora

  • maneira de controlar muitos polticos e teriam acesso as melhores informaes sobre drogas, dinheiro,

    armas e diversas categorias de corrupo. Um motivo secundrio foi utilizar o crime organizado como

    uma cobertura para a distribuio das drogas.

    No caso do trfico de drogas, os soviticos formaram grupos de estudo para analisar o crime organizado:

    identificar os principais criminosos, desenvolver estratgias e tticas para infiltrar nesses grupos,

    identificar quais pessoas poderiam ser usadas para promover essa infiltrao e para examinar a

    possibilidade da utilizao de novas frentes criminosas. Na Checoslovquia, esses estudos duraram seis

    meses e foram levados a srio; eram operaes envolvendo os principais oficiais da inteligncia, da contra

    inteligncia militar e civil e rgos administrativos do Comit Central.

    O primeiro plano foi posto em prtica em 1956. Foi dada a Checoslovquia as direes das operaes que

    deveriam ser empreendidas como parte do plano de inteligncia, que foi revisto e aprovado no final do

    outono deste ano. O plano instrua o servio de inteligncia estratgica da Checoslovquia para infiltrar

    dezessete grupos do crime organizado, assim como a mfia na Frana, Itlia, ustria, Amrica Latina e

    Alemanha. O partido comunista Italiano foi bastante usado no processo de infiltrao. Vinte por cento

    dos policiais italianos foram membros do Partido Comunista naquela poca. Esses membros ajudaram os

    agentes do bloco sovitico a infiltrar a Mfia. Criminosos de guerra, por exemplo alguns alemes, foram

    coagidos a ajudar os agentes do Bloco Sovitico nesse processo, especialmente na Amrica Latina.

    A operao Checoslovquia foi bastante bem sucedida e custou uma pechincha. A atividade do crime

    organizado se desenvolveu em torno da chantagem e da coleta de informao; era uma operao com

    dois lados. Uma vez infiltrados, os agentes permaneciam por um bom tempo passivos; eles apenas

    coletavam informaes. Ento, no momento mais oportuno, essas informaes seriam vazadas por

    motivos polticos por exemplo, para provocar mudanas revolucionrias, ou para criar uma situao que

    poderia ser aproveitada pelos Socialdemocratas. Por isso a operao foi organizada dentro da unidade de

    inteligncia estratgica: ela era usada para vantagens estratgicas.

    Narcticos, terrorismo e o crime organizado foram coordenados e usados em conjunto de uma maneira

    complementar. Drogas eram usadas para destruir a sociedade. Terrorismo era usado para desestabilizar

    o pas e preparar o movimento revolucionrio. Crime organizado era utilizado para controlar a elite. Todas

    essas trs linhas eram operaes estratgicas de longo prazo e todas as trs foram incorporadas no plano

    Sovitico de 1956.

    Porm, antes que o trfico de narcticos pudesse ser operado, diversas medidas preparatrias eram

    requeridas. As duas mais importantes eram o desenvolvimento de uma estratgia para a propaganda de

    disfarce do trfico de drogas e dos narcticos e o treinamento das equipes de inteligncia. Os soviticos

    queriam esconder suas operaes dos chineses e em especial do Ocidente, para evitar conflito com a

    corrente da coexistncia pacfica do Ocidente e a Unio Sovitica. Como a estratgia dos narcticos era

    nova, era preciso a aquisio e o treinamento das habilidades de inteligncia. Esse treinamento envolveu,

    no apenas os soviticos, como tambm os agentes de inteligncia do Leste Europeu.

    Alm disso, durante o fim da dcada de 1950, um programa de pesquisa foi realizado para obter dados

    quantitativos sobre os efeitos reais das diferentes drogas em soldados, o que envolveu a utilizao de

  • soldados soviticos como cobaias. Como parte desta pesquisa, um programa de espionagem foi iniciado

    para penetrar os centros mdicos e relacionados do Ocidente, especialmente os de natureza militar, para

    determinar o quanto o Ocidente conhecia dos efeitos de drogas nas pessoas particularmente os efeitos

    de uso militar.

    Em paralelo, os servios de inteligncia soviticos foram direcionados a descobrir o quanto os servios de

    inteligncia do Ocidente conheciam o trfico de drogas e em quais grupos eles haviam agentes infiltrados.

    Uma das mais importantes questes tratadas nesse estudo foi a capacidade dos servios de inteligncia

    do Ocidente de monitorar a produo e distribuio das drogas. Muitos anos mais tarde, Sejna descobriu

    os resultados desse estudo diretamente do Chefe Agente Geral da Unio Sovitica, Marechal Matvey v.

    Zakharov.

    Zakharov disse que o servio sovitico concluiu que a inteligncia e a contra inteligncia dos Estados

    Unidos era cega, o que facilitava muito a operao sovitica. As operaes de inteligncia dos Estados

    Unidos, juntos dos britnicos, estavam todas concentrada no trfico de narcticos vindos da Tailndia e

    de Hong Kong, onde existia tanta atividade com drogas e corrupes associadas que nenhuma informao

    do trfico sovitico poderia ser coletada. O rudo era simplesmente muito grande.

    Durante os estudos, o uso de narcticos e drogas ganhou reconhecimento de uma arma especial na guerra

    qumica. Na Checoslovquia, a pesquisa de drogas e narcticos foi formalmente adicionada no

    planejamento militar, como um brao da pesquisa sobre guerra qumica. Essa pesquisa inclua testes dos

    efeitos das drogas em desempenho militar por exemplo, no desempenho de pilotos, estudo que foi

    realizado no Instituto de Sade das Foras Areas.

    Finalmente, o estudo bsico sobre o impacto das drogas foi expandido para melhorar a identificao sobre

    quais grupos seriam alvos. Este estudo foi responsabilidade do Departamento de Polticas Exteriores do

    Comit Central da CFSU (Partido Comunista da Unio Sovitica). Era, na realidade, uma anlise do cenrio

    poltico e um estudo de tcnicas de propaganda.

    Uma das ltimas medidas que foram iniciadas antes da operao entrar em prtica foi o estabelecimento

    de centros de treinamento para traficantes de drogas. No caso da Checoslovquia, esses centros foram

    uma operao em parceria da Unio Sovitica com a Checoslovquia. Existiam tantos centros de

    treinamento de inteligncia civil, que eram administrados tanto por oficiais da KGB (Sovitica) e oficiais

    Checos da Segunda Administrao do Ministrio do Interior (a Segunda Administrao da Checoslovquia

    era a KGB da Checoslovquia); como centros de treinamento militar, administrados pela GRU (Inteligncia

    Militar Sovitica) e seu correspondente Tcheco, a Zs.

    Esses planos foram desenvolvidos em 1959, como o General Sejna recorda, e a reviso do Conselho de

    Defesa dos planos e a deciso de patrocin-los, segundo as instrues do Conselho de Defesa Sovitico,

    aconteceu entre 1959 e 1960.

    O centro de treinamento da Zs (inteligncia militar) ficava localizado em uma base em Petrzalka na

    Checoslovquia, no subrbio da Bratislava, situado perto da fronteira com a ustria. O centro de

  • treinamento da Segunda Administrao ficava localizada perto de Liberec, perto da fronteira com a

    Alemanha Ocidental.

    Cada curso consistia de trs meses de intensivo treinamento. Enquanto doutrinao Marxista-Leninista

    existia, a nfase era o trfico de drogas. O curso inclua:

    A natureza do negcio das drogas, tipos e caractersticas;

    Meios de produo;

    Organizao da distribuio;

    Mercados das drogas e seus consumidores;

    Segurana;

    Infiltrao nas redes de produo existentes;

    Como utilizar a experincia das redes de inteligncia.

    Comunicao com as organizaes crimosas de drogas;

    Como passar informao de inteligncia; e,

    Como recrutar fontes de inteligncia

    Nos centros da Zs, dois diferentes grupos foram escalados para o treinamento. O primeiro grupo foi

    recrutado pelos servios de inteligncia militares e civis. Esse grupo foi estritamente para criminosos

    comuns os participantes no eram nem comunistas nem tinham motivaes ideolgicas. Criminosos

    est entre aspas pois era isso que o curso visava formar. Porm todos os participantes eram escolhidos a

    dedo para ter certeza que todos possuam fichas limpas; ou seja, todos eles no tinham antecedentes

    criminosos ou passado corrupto que poderiam torn-los suscetveis a chantagem por outros partidos.

    Normalmente, eram filhos ou filhas de pessoas no poder. Essas pessoas e o seu risco associado eram

    normalmente levantadas nas discusses no Conselho de Defesa da Checoslovquia.

    O segundo grupo eram pessoas recomendadas pelos Primeiros Secretrios dos diversos Partidos

    Comunistas ao redor do mundo. Esses eram comunistas considerados leais a causa. Eles tambm eram

    severamente espionados pelo servio de contra inteligncia antes de serem admitidos para o curso. Seu

    treinamento era ligeiramente diferente, porque seu trfico tambm teria interesse poltico e porque

    operavam e se comunicavam por canais especiais (o Partido ou o Servio de Inteligncia). Seu trfico e

    treinamento eram especialmente orientados para dar suporte ao Primeiro Secretrio do Partido

    Comunista local; por exemplo, comprometer os lderes da oposio.

    Alm disso, os instrutores Checos e os Soviticos normalmente proviam dois instrutores para cada curso

    que possuam experincia prtica. Normalmente eram da Amrica Latina ou outros que falavam Espanhol

    de maneira fluente. Esses instrutores apresentavam seminrios lidando com problemas prticos e

    experincias reais.

    Como indicado acima, esses cursos duravam em torno de trs meses, ou seja, quatro grupos por ano. O

    primeiro grupo a fazer o curso da Zs na Checoslovquia foi pequeno sete futuros traficantes, sendo eles:

    quatro da Amrica Latina, dois da Alemanha Ocidental e mais um sendo Italiano ou Francs, como lembra

    o Sejna. Em 1964, o tamanho do grupo aumentou para quatorze, e ao final da dcada de 60, vinte foi

  • alcanado. Assim um total de trinta estudantes foi treinado apenas no primeiro ano no centro da Zs na

    Checoslovquia e por volta de 1968 j eram 80 formados.

    O tamanho do centro da Segunda Administrao foi similar. Centros similares de treinamento tambm

    existiam na Bulgria, Alemanha Oriental e na Unio Sovitica. E por volta de 1962-1963, a Checoslovquia

    foi orientada pela Unio Sovitica para ajudar a Coreia do Norte, o Vietnam do Norte e Cuba para

    estabelecer centros de treinamento. Imaginando que todos os centros possuam o tamanho mnimo e

    cada um operando perto de sua capacidade, e que nenhum outro centro existia ou foi adicionado aps a

    sada do Sejna, o nmero de formados passou de 25.000.

    Esses estudantes que prestaram o curso nos centros da Checoslovquia foram principalmente da Amrica

    Latina, Europa Ocidental e partes do Oriente Mdio, Canad e Estados Unidos. O foco da Bulgria era o

    Oriente Mdio e o Sudeste da sia Turquia, Afeganisto, Paquisto, Lbano e Siria. Alemanha Oriental

    focava na Europa Ocidental e nos Pases Escandinavos, e todos os pases do Oriente.

    O curso era de graa, com todas as despesas pagas. Os formados retornavam aos seus respectivos pases

    e comeavam a aplicar suas novas habilidades. Algumas desenvolveram operaes independentes e

    alguns cooperavam com operaes correntes. Os que desviaram e tentaram mudar de lado eram mortos.

    Todos eles retornavam um percentual a Unio Sovitica, que repassava o dinheiro aos servios de

    inteligncia dos pases satlites que faziam os treinamentos. No caso da Checoslovquia, o repasse era de

    30% do que Unio Sovitica recebia.

    A formao desses centros de treinamento completou a preparao para a estratgia das drogas. Essas

    atividades desenvolvimento estratgico, treinamento, pesquisa, espionagem e anlise de mercado

    foram as principais atividades da primeira ofensiva Sovitica com as drogas no final da dcada de 1950.

    Onde existiam operaes de inteligncia envolvendo trfico real era apenas uma sondagem inicial. O

    trfico real, da perspectiva do Sejna, no comeou at o ano de 1960, quando a propaganda estratgica

    comeou, os agentes de inteligncia estratgicos foram treinados e as escolas de treinamento formaram

    inmeros traficantes de drogas.

  • Construindo a Rede das Drogas da Amrica Latina

    O brao tcheco da ofensiva das drogas sovitica comeou em 1960 em duas frentes: sia (Indonsia,

    ndia e Burma) e a Amrica Latina (Cuba). Por causa do importante papel de Cuba para o crescimento do

    uso de drogas ilegais e de narcticos nos Estados Unidos, a operao sovitica-cubana-tcheca merece

    uma ateno especial.

    No final do vero de 1960, apenas um ano e meio aps Fidel Castro conquistar o poder, seu irmo Raul

    Castro visitou a Checoslovquia em procura de ajuda militar e assistncia financeira. Naquela poca,

    Fidel e os soviticos se odiavam. Por essa razo os cubanos procuraram a Checoslovquia e no a Unio

    Sovitica. Sejna foi o responsvel por receber a delegao cubana e foi o seu anfitrio durante a visita.

    Uma de suas primeiras aes foi arrumar uma visita do Raul Unio Sovitica para conhecer

    Khrushchev. Seguindo essa visita, os soviticos direcionaram os tchecos para trabalhar com os cubanos

    e pavimentar o caminho para uma tomada sovitica de Cuba. Os soviticos queriam que a

    Checoslovquia liderasse a tomada, porm escondendo a influncia sovitica. Eles no queriam que

    Fidel Castro ficasse sabendo da operao sovitica para infiltrar e tomar cuba e no queriam que os

    Estados Unidos ficassem sabendo o que estava acontecendo.

    Cuba e a Checoslovquia assinaram um acordo onde a Checoslovquia iria prover ajuda militar a Cuba,

    treinar os cubanos em planejamento e operaes militares e ajudar organizar a inteligncia e a contra

    inteligncia cubana. Em troca, Cuba aceitou se tornar o centro revolucionrio no Ocidente e permitiu

    que a Checoslovquia estabelecesse estaes de inteligncia em Cuba. Dezesseis conselheiros tchecos

    foram para cuba para prover treinamento e estabelecer as operaes de inteligncia e contra

    inteligncia. Aproximadamente quinze por cento dos conselheiros tchecos eram agentes da inteligncia

    sovitica disfarados de tchecos. Em trs anos, todos os tchecos em posies chaves seriam trocados

    por soviticos. Assim, desde o princpio, a inteligncia cubana e suas estruturas militares foram

    fortemente influenciadas pelos soviticos. Em menos de dez anos, os soviticos estavam em total

    controle.

    Depois que os primeiros cubanos foram treinados como agentes de inteligncia, eles receberam suas

    primeiras ordens de Moscou pela Checoslovquia: infiltrar nos Estados Unidos e em todos os pases da

    Amrica Latina para produzir e distribuir drogas e narcticos nos Estados Unidos. As instrues do

    Conselho de Defesa Sovitico foram para o conselho de Defesa Tcheco e depois para Cuba. Conselheiros

    Tchecos ajudaram os cubanos a iniciar a produo de drogas e narcticos como prioridade mxima e

    tambm ajudaram eles a criar as rotas de transporte pelo Canad e pelo Mxico, onde os Tchecos

    tinham boas redes de agentes, para dentro dos Estados Unidos. Rudolph Barak, o Ministro do Interior da

    Checoslovquia e logo o chefe da inteligncia civil, pessoalmente ajudou os cubanos a estabelecerem a

    operao. Desde o princpio, Barak estava constantemente empurrando Soviticos para cada vez mais

    longe. Ele queria acelerar a produo e fazer um melhor uso da rede de agentes Tchecos na Amrica

    Latina, sia, ustria e Alemanha Ocidental.

  • A produo e o trfico de drogas por Cuba s comearam aps as instrues terem sido recebidas do

    Conselho de Defesa Sovitico para expandir a ofensiva. Em 1961, a Checoslovquia recebeu instrues

    do Conselho de Defesa Sovitico para a inteligncia cubana infiltrar as operaes existentes na Amrica

    Latina e nos Estados Unidos para preparar a base e recrutar pessoas para essas operaes

    independentes. A ordem foi apresentada pelo Conselho de Defesa da Checoslovquia e pelos Ministros

    da Defesa e Do Interior. Como secretrio do Conselho de Defesa da Checoslovquia, Sejna foi

    responsvel por coordenar e agendar as direes e atribuies subsequentes. O plano tcheco para pr

    em prtica a ordem foi coordenado e aprovado pelos rgos Administrativos do Comit Central do

    Partido Comunista da Unio Sovitica.

    O principal objetivo da infiltrao foi obter informaes sobre indivduos que foram corrompidos pelas

    drogas e pelo trfico de narcticos. Os principais alvos identificados eram os militares, policiais,

    polticos, religiosos e executivos. Alguns alvos adicionais eram as instituies cientficas, indstrias

    militares e universidades. Um objetivo secundrio era obter inteligncia sobre a produo e distribuio

    de drogas que j existia, para habilitar os soviticos a exercer o controle estratgico e ajudar a prevenir

    que as vrias infiltraes paralelas atrapalhassem umas s outras. Inteligncia derivada das infiltraes

    no crime organizado tambm contribuiu para esse objetivo. A primeira reunio para coordenar a

    infiltrao e a coleta de dados sobre drogas e a corrupo gerado pelos narcticos que Sejna sabe

    ocorreu em 1962 durante a Segunda Conferncia de Havana. Uma reunio secreta dos soviticos e dos

    agentes da inteligncia treinados pelos soviticos e de todas as organizaes Latinas Americanas. Essa

    reunio secreta foi organizada pela inteligncia cubana e tcheca. Oficiais tchecos dos servios de

    inteligncia militar, Zs, organizaram a reunio. Outros oficiais tchecos que participaram da reunio

    foram: o Ministro do Interior, da Segunda Administrao (a organizao equivalente da KGB na

    Checoslovquia) e a contra inteligncia militar.

    Na coleta de dados sobre indivduos corrompidos pelo trfico de drogas, tanto usurios de drogas como

    os que estavam lucrando com o trfico, os soviticos identificaram um grande nmero de pessoas que

    poderiam ser compradas, que eram suscetveis influncia e, principalmente, no estavam

    preocupadas com as consequncias de suas aes. As informaes do dossi continham bases

    excelentes para recrutamento de agentes de influncia ou espies. Essa informao tambm foi

    utilizada para expor e prejudicar a reputao de indivduos e organizaes consideradas hostis aos

    interesses soviticos.

    O uso de informao sobre corrupo para chantagear e para recrutar agentes de influncia uma velha

    ttica do Marxismo-Leninismo que foi utilizada em escala global. A inteligncia tcheca dividiu esses

    dossis sobre corrupo em duas categorias: pessoas que j esto em posio de poder e pessoas que

    potencialmente chegaro a posies de poder. Em 1967, a inteligncia tcheca possua 2500 dossis

    sobre pessoas do alto escalo. Seus arquivos no permitiam duplicao de dossis mantidos pelos

    outros que estavam ativos na Amrica Latina os cubanos, alemes orientais, hngaros, blgaros e

    soviticos por causa da cooperao desses servios de inteligncia. Assim, no final da dcada de 1960,

    os soviticos j possuam dados sobre corrupo de mais de 10.000 pessoas influentes pela Amrica

    Latina.

  • Como um indicativo que esses nmeros no so exagerados, em 1971 um francs chamado Batkoun foi

    pego traficando herona para dentro do Canad. Ele foi deportado para a Frana e julgado l por trfico

    de herona. Durante o julgamento, Batkoun foi identificado como um membro do Partido Comunista da

    Frana e agente da subseo "Groupement Cinq da KGB sovitica. Valeurs Actuelles reportou que

    quando preso, Batkoun tinha em mos uma lista com mais de dois mil viciados em herona no Canad,

    dentre eles proeminentes civis, artistas, apresentadores de TV e professores universitrios.

    Corrupo, claro, no est confinada na Amrica Latina, mas inclui a Amrica do Norte e os pases

    europeus como Frana, Sucia, ustria, Sua, Itlia, Reino Unido e a Alemanha, onde estes dois ltimos

    foram identificados pelo lder do Departamento Internacional do Partido Comunista da Unio Sovitica,

    Boris Ponomarev, como os mais corruptos. Sabendo que as instituies financeiras que lavam esse

    dinheiro ilcito fazem parte desta rede de corrupo, o potencial para os soviticos de praticarem

    chantagem e influenciarem em diversas operaes infinito. Alis, como veremos posteriormente,

    parte da estratgia sovitica em envolver pessoas com influncia no trfico de drogas, especialmente

    pessoas em bancos, intuies financeiras, polticos, militares e executivos industriais, foi precisamente

    para abrir uma potencial chance para chantagear e influenciar certas operaes.

    Conhecimento das operaes dos vrios traficantes independentes, suas redes de trfico, seus contatos,

    tambm foram utilizados para o objetivo mencionado anteriormente, para exercer controle estratgico

    sobre certas operaes. No geral, os soviticos no queriam ou no precisaram de um controle ttico,

    das operaes do dia-a-dia. Enquanto as drogas e os narcticos estivessem indo na direo certa, para

    as sociedades burguesas, os objetivos soviticos esto sendo alcanados. O importante para os

    soviticos prevenir que estas atividades interfiram com outras operaes soviticas e certamente

    prevenir que essas operaes faam o holofote dos jornalistas apontem na direo errada.

    As informaes coletadas por esse processo so impressionantes. Em 1963, o General Sejna, o Ministro

    da Defesa e chefe da inteligncia Militar visitou o centro de treinamento de traficantes de drogas da Zs

    na Bratislava. Seu anfitrio e acompanhante foi o Coronel Karel Borsky, o responsvel pelos centros de

    treinamento. Na poca, Sejna ficou impressionado pelo nvel de detalhe sobre a rede de trfico ao redor

    do mundo que o curso continha, principalmente pelos detalhes sobre a Amrica Latina. Por exemplo,

    uma grande quantidade de informao foi adquirida em inmeras empresas do Mxico onde a principal

    atividade era contrabando de drogas - incluindo fotos dos caminhes e os nomes dos motoristas usados

    no transporte da droga para os Estados Unidos.

    Armado com o conhecimento de como as operaes com drogas funcionam, os soviticos observam

    uma operao e exercem controle somente quando necessrio. O potencial para o controle estratgico

    evidente quando se analisa o testemunho dado em 1983 pelo Juan Crump, um advogado colombiano

    e traficante de drogas. Respondendo o Senador Dennis DeConcini (Democrata - Arizona) sobre a

    importncia dos contatos com os oficiais colombianos, Crump respondeu que contatos (suborno) era

    essencial para existir e sobreviver. Os soviticos por esses conhecimentos e pela inteligncia sobre suas

    atividades ilegais, eles conseguiam exercer controle sobre os traficantes independentes quando

    necessrio.

  • Outro mecanismo empregado para lidar com organizaes e indivduos que no cooperam armar para

    serem pegos pelas autoridades. especulado que isso que tenha habilitado aos EUA ter trazido o super

    traficante colombiano Carlos Lehder Rivas para ser julgados nos EUA. As possveis causas da traio so

    fceis de imaginar. Por exemplo, tantos os soviticos como os outros membros do Cartel de Medelln

    podem ter chegado concluso que Lehder estava falando demais, politizado demais. Lehder estava

    dando entrevista a rdios e chamando a cocana da "bomba atmica da Amrica Latina". Cocana era

    uma arma da revoluo a ser utilizada contra os imperialistas, ele explicava. O problema com isso que

    estava chamando a ateno de maneira desnecessria para as operaes de drogas, especialmente ao

    Cartel de Medelln que ele participava, e estava perto demais da verdade das Operaes Soviticas.

    Assim qualquer parte pode ter decidido cal-lo. A beleza que, o entregando as autoridades

    americanas, estas tinham suas imagens melhoradas, apesar de estarem agindo como agentes

    disciplinadores dos outros traficantes.

    Outro exemplo desta prtica foi dado por Ramom Milian Rodriguez, um CPA de Miami que administrou

    uma boa parte do dinheiro do trfico ganho pelo Cartel de Medelln da Colmbia. Na tentativa de sair

    com $5.3 milhes de dlares dos Estados Unidos em 1983, ele acabou sendo preso e acusado de

    estelionato. Rodriguez foi empregado pelo cartel para arrumar pontos seguros para coletar, contar e

    empacotar o dinheiro. Ele conseguiu depois arrumar um esquema de envio do dinheiro, um complexo

    processo par lavagem do dinheiro utilizando vrios bancos. Todos os bancos no Panam eram utilizados

    por Rodriguez neste processo. Eventualmente, ele explicou, grande parte do dinheiro que chegava at

    ele era investido em imveis, aes, ttulos de dvida pblica para o cartel. Quando Rodriguez criou esta

    operao, Manuel Antnio Noriega era um coronel responsvel pelo servio de inteligncia do Panam.

    Rodriguez testemunhou para um subcomit do Senado Americano em 1988 que o Noriega "utilizou

    magistralmente as agncias de represso americana para me retirar da operao, deixando esta intacta

    e operante". A denncia para a priso de Rodriguez foi uma ligao annima, na teoria enviada por

    Noriega, do Panam para o Esquadro do Sul da Flrida sobre drogas, alertando para os planos de

    Rodriguez. Porm h outras possibilidades a serem consideradas. Rodriguez se declarou ser fortemente

    anticomunista. Em 1980 ou 1981, a inteligncia cubana, a DGI, tentou recruta-lo para uma operao,

    mas ele havia negado. Mais ou menos ao mesmo tempo, havia comeado uma guerra entre o Cartel de

    Medelln e os revolucionrios do M-19 (patrocinados pelos cubanos). Rodriguez disse que aconselhou o

    Cartel em como lutar utilizando tticas terroristas e aconselhou a no cooperar com o M-19 assim que a

    guerra estivesse resolvida. Ele tambm avisou ao Cartel sobre as tticas da inteligncia cubana que ele

    viu sendo tomado para penetrar e controlar o Cartel. Finalmente, ele explicou como era especialmente

    cuidadoso nas negociaes com Noriega para garantir que "Noriega fosse poderoso o suficiente para

    nos servir e nunca poderoso o suficiente para nos controlar". Enquanto a ligao que denunciou

    Rodriguez pode ter vindo de Noriega, sobre estas circunstncias logico suspeitar que a inteligncia

    cubana ou sovitica esteve por detrs de tudo.

    Usando as informaes ganhas com a infiltrao nas organizaes de drogas, os Soviticos no tinham

    nenhuma necessidade em ter controle direto (ttico) de todas as operaes na Amrica Latina. Na

    verdade, seria at melhor manter certa distncia e que alguns dos infiltrados nem soubessem que os

    Soviticos exerciam controle quando necessrio. Esse princpio operacional pode ser visto em uma

  • resoluo secreta adotada na Conferncia Tri-Lateral de Cuba em 1966, que a lista como o sexto

    princpio operacional:

    "Para resguardar a campanha dos viciados em drogas, devemos defend-la em nome dos direitos

    individuais. Devemos manter o Partido Comunista afastado dos canais do narctico e do trfico, para

    que as fontes de entrada de dinheiro no possam ser conectadas com as aes revolucionrias do

    Partido Comunista. Apesar disto, devemos combinar a fomentao do medo da guerra atmica com o

    pacifismo e a desmoralizao dos jovens com os agentes alucingenos."

    Seguindo a deciso de possuir agentes de inteligncia Cubana infiltrado em todas as operaes na

    Amrica Latina, o Conselho de Defesa dos Soviticos deu mais instrues, novamente pelo Conselho de

    Defesa da Checoslovquia, desta vez para Cuba estabelecer sua prpria produo e pr em operao em

    vrios pases da Amrica Latina. Cuba se moveu rapidamente para estabelecer suas atividades com

    narcticos no Mxico e na Colmbia. A rede resultante foi operada por Colombianos porm foi dirigida

    por Cubanos. A inteligncia Tcheca ajudou a estabelecer as operaes e os Soviticos estavam

    envolvidos tanto no planejamento como na aprovao das operaes. Assim que os novos

    empreendimentos comearam a acontecer no Mxico e na Colmbia, os Cubanos, com ajuda dos

    Tchecos, expandiram para o Panam e para a Argentina, e, com a assistncia da Alemanha Oriental, para

    o Uruguai e Jamaica.

    Cuba e a Checoslovquia tambm desenvolveram uma operao conjunta no Chile. Danislav Lhotsky,

    um agente da inteligncia Tcheca, estava oficialmente no Chile supostamente para discutir problemas

    econmicos. Suas instrues eram para desenvolver, junto dos Cubanos, a produo e distribuio das

    redes no Chile e depois expandir esta rede para a Argentina e para o Brasil. Quando Lhotsy retornou

    para a Checoslovquia em 1967, ele foi premiado com o prmio "Ordem da Estrela Vermelha" pelo seu

    timo trabalho construindo a rede de drogas no Chile.

    Uma das principais contribuies de Cuba na operao de drogas no Chile - identificado pelo relatrio da

    Administrao para Aplicao de Polticas de Drogas - foi o recrutamento do senador marxista Salvador

    Allende, que mais tarde se tornaria presidente do Chile. Allende foi tambm presidente da Conferncia

    Tri-Lateral. Ele props a criao da OLAS - Organizao de Solidariedade na Amrica Latina - como uma

    "unida frente advogando a revoluo armada" e foi eleito como seu primeiro lder. Durante a

    presidncia do Allende, o trfico de drogas floresceu no Chile. Em 1973, as autoridades dos EUA

    mensuraram que US$309 milhes em cocana foram produzidas em laboratrios Chilenos.

    Na Argentina, as operaes de drogas da Checoslovquia foram estabelecidas por um dos seus

    principais agentes, Oldrick Limbursky, que estava alocado na Argentina como um representante de uma

    companhia de exportao Tcheca. Ele construiu a rede de drogas na Argentina e depois a expandiu para

    o Brasil.

    Resumindo, os Cubanos foram extremamente eficientes em estabelecerem as operaes por toda a

    Amrica Latina. Tanto Fidel como o Raul Casto eram entusiastas e se esforaram para que as atividades

    expandissem muito mais rpido do que os Soviticos achassem prudente. A primeira visita do Fidel

    Castro a Checoslovquia foi bastante notvel neste aspecto. Sua visita coincidiu com uma posterior

  • visita a Moscou e logo em seguida com a Crise dos Msseis em Cuba. Ele estava perturbado, para no

    dizer coisa pior, e gastou mais de dez dias reclamando que os principais lderes Soviticos no o

    consultavam para nada. Logo em seguida ele voltou para a Checoslovquia.

    As conversas com Fidel eram em sua maioria complicadas, Sejna explica. Fidel achava que podia destruir

    o capitalismo de um dia para outro. Ele queria utilizar a rede criminosa para a revoluo e usar todo o

    conhecimento das pessoas que j estavam corrompidas pelas drogas, que estavam chegando pelas

    operaes secretas Cubanas, para aumentar a venda das drogas. As drogas iro nos ajudar, Sejna

    lembra do Fidel gostava de enfatizar, na nossa defesa, para obteno de dinheiro e para liquidar o

    capitalismo. Fidel era completamente empenhado. Este episdio, na verdade, era uma das razes que

    os soviticos o tinham mais como um Anarquista do que como um Comunista. Os oficiais checos tiveram

    muito trabalho para convenc-lo que ele precisava se preparar para os prximos 20 anos e no somente

    para o dia seguinte. No possvel, eles lembravam, trocar toda a gerao mais antiga. Ns podemos

    corromp-los e explor-los utilizando o crime para obter mais informaes e para influenciar as

    decises. Mas o foco para a mudana significativa precisa ser nas geraes mais jovens. Essas so as

    pessoas que precisamos trabalhar para mudar o exrcito, para retardar o desenvolvimento cientfico e

    para influenciar as lideranas governamentais. Por isso, a juventude americana foi selecionada como

    principal alvo da ofensiva com as drogas.

    Para conseguirem comunicar as estratgias mais importantes e da melhor maneira possvel para o Fidel,

    os oficiais Checos organizaram um relatrio detalhado sobre a estratgia do Khrushchev da

    coexistncia pacifica, a mesma que foi desenvolvida e explicada para os mais importantes oficiais

    Checos em 1954; a coexistncia pacfica no existia para eles virarem amigos dos americanos, mas sim

    para leva-los destruio mais rapidamente. Toda a operao foi feita para que o Fidel conseguisse

    entender que deveria utilizar as estratgias das drogas totalmente integrada estratgia geral, e que

    por isso, no fazia sentido isolar as operaes com as drogas e tratar o trfico de drogas como uma

    operao independente. O trfico de drogas foi pensado como uma parte importante na coordenao

    da estratgia geral, e era fundamental que o Fidel conseguisse entender a importncia desta operao

    no longo prazo, que era, na verdade, a sistemtica destruio do capitalismo.

    Alm da produo e do trfico, Cuba tambm se envolveu em pesquisa e desenvolvimento de novas

    drogas. No inverno de 1963, um substituto do Raul Castro foi para a Checoslovquia para conseguir

    ajuda em forma de equipamentos para produzir drogas na Colmbia a para produzir drogas sintticas

    como parte de um experimento em Cuba. O equipamento foi pego por Raul Castro somente em 1964,

    quando ele parou em Praga aps uma visita a Moscou. Logo aps isso, o chefe do Departamento de

    Sade da Checoslovquia, o coronel-general Miroslav Hemalla acompanhado de dois subordinados e

    dois tcnicos, voou para Cuba para assinar um tratado de cooperao na rea Mdica (apenas um

    disfarce para pesquisas utilizando drogas), para ensinar os Cubanos a operar as mquinas, e para instruir

    o Fidel a comear a produo de drogas na Repblica Dominicana. Est ttica fazia parte da estratgia

    Sovitica de sempre produzir as drogas o mais localmente possvel, ao invs de transport-las da Unio

    Sovitica e do Leste Europeu. Os Cubanos deviam ser utilizados como os operadores, para manter os

    Soviticos limpos.

  • Seguindo estas e outras medidas para penetrar nas organizaes criminosas e para instalar as operaes

    de Cuba por toda a Amrica Latina, os Soviticos ordenaram outra operao de backup e outras redes

    de distribuio por toda a regio esta organizada diretamente por servios selecionados do Leste

    Europeu. O primeiro alvo da Checoslovquia foi a Colmbia. Para comear as operaes, os Soviticos

    recomendaram que os Checos deveriam contratar um dos principais indivduos da rede Cubana na

    Colmbia, um militar aposentado que se apresentava pelo nome de Kovaks. O codinome desta operao

    secreta na Colmbia foi Pirmide, que tinha a ideia de confundir as pessoas como se fosse uma

    operao do Oriente Mdio. O oficial Checo em cargo desta operao foi o primeiro substituto do

    gabinete do Ministrio do Interior. Logo aps esta operao, ele foi nomeado Ministro do Interior. Por

    incrvel que parea, muitos do Ocidente nem sequer percebiam que a funo do Ministro do Interior no

    era tomar conta dos rios e parques, o que acontece na maioria dos pases ocidentais, mas sim da

    segurana interna, ou seja, inteligncia civil e operaes secretas.

    Kovaks viajou Checoslovquia em abril de 1964 com um plano de uma nova operao que deveria ser

    aprovada pela inteligncia Checoslovquia. Para disfarar a sua viagem, ele foi primeiro ao Mxico, onde

    na embaixada Checa ele conseguiu um passaporte falso. Do Mxico ele voou para Viena, onde ele

    conseguiu um passaporte checo que foi utilizado na Terceira parte da viagem.

    O plano final que ele trouxe consigo, que iria iniciar novas operaes na Colmbia, foi primeiramente

    levado aos Soviticos para aprovao. Depois disso, o plano, modificado em ltima hora para incorporar

    sugestes soviticas foi apresentado ao Conselho de Defesa da Checoslovquia. O plano continha vrias

    diretrizes, alm de vrias estimativas, onde as mais importantes eram:

    1. Com a ajuda para obter os equipamentos necessrios, a produo de cocana comearia em seis

    meses;

    2. A rede de distribuio estava funcionando em menos de seis meses;

    3. A distribuio comearia nos Estados Unidos e no Canad. Mais tarde, a distribuio poderia ir

    para a Europa;

    4. A distribuio seria mantida a distncia do mercado interno;

    Na apresentao do plano conjunto do Ministrio da Defesa e do Ministrio do Interior, o ministro da

    defesa explicou que j haviam sido selecionados doze pessoas para a operao. Dentre esses, oito j

    haviam possudo permisso para operar por duas vias; primeiro, pelo Partido Comunista da Colmbia, e

    Segundo por um j antigo agente da inteligncia Checa que estava alocado como um oficial de alta

    patente no Ministrio da Segurana da Colmbia. O plano foi unanimemente aceito pelo Conselho de

    Defesa da Checoslovquia.

    Por causa da operao mais efetiva que estava se desenvolvendo no Mxico, os Soviticos direcionaram

    os Checos para infiltrar e ganhar controle da operao. O codinome secreto desta operao foi Rhine,

    para que a operao fosse associada a Europa. O agente Checo selecionado para esta iniciativa foi o

    Major Jidrich Strnad, que estava operando no Mxico sobre o disfarce de uma empresa de exportao.

    Seu chefe da Zs era o Coronel Borsky.

  • Os Cubanos foram especialistas em recrutar Mexicanos para estabelecer a produo e a rede de

    distribuio e utilizar as informaes obtidas atravs da corrupo para chantagear os oficiais

    Mexicanos. Os Soviticos ficavam impressionados, e um dos principais motivos para direcionar a

    inteligncia Checa para infiltrar as operaes Cubanos era para aprender os segredos do sucesso no

    Mxico.

    Reconhecendo a posio estratgica do Mxico, os soviticos direcionaram o estabelecimento de uma

    segunda operao Checa no Mxico que foi desenvolvida para complementar a iniciativa Rhine. O

    codinome secreto dessa segunda operao foi Lua Cheia. Esta campanha teve dois propsitos. O

    primeiro era para desenvolver uma extensa rede para distribuio de droga dentro dos Estados Unidos.

    O Segundo era treinar agentes que iriam ser inseridos dentro dos Estados Unidos e Canad que

    possuam instrues para se infiltrar nas redes de distribuio de drogas. Utilizando os seus contatos

    dentro das redes do Mxico, eles deveriam tomar conta gradualmente das redes dos Estados Unidos e

    do Canad. O nome Lua Cheia se referre ao fato dos agentes do Bloco Sovitico estarem em controle

    da maior parte dos grupos dos Estados Unidos e do Canad. Mxico, bom destacar, sempre foi um alvo

    importante tambm da ofensiva Chinesa com drogas.

    Com ambos Soviticos (inicialmente utilizando os Cubanos) e Chineses focando no Mxico, no de se

    surpreender que o Mxico uma das principais rotas do narcotrfico de herona, cocana e maconha

    para dentro dos Estados Unidos.

    A inteligncia Checa tambm se envolveu em operaes Cubanas no Panam, sobre o codinome

    Pablo. Uma operao Cubana tambm foi desenvolvida em El Salvador. Em uma reunio sobre como

    financiar o Partido Comunista de El Salvador, Sejna lembra que os soviticos direcionavam os Cubanos

    para financiar o Partido utilizando os lucros das operaes com drogas no prprio pas.

    Uma operao a parte foi criada para aumentar os benefcios daqueles que regularmente procuravam

    as quentes areias e aguas das ilhas caribenhas, especialmente para tirar proveito da expanso do

    turismo Caribenho. O segundo secretrio do Partido Comunista Francs (um experiente agente da KGB),

    junto do primeiro secretrio do Partido Comunista do Guadalupe, concebeu esta ideia, de distribuir

    drogas nas rotas tursticas do Caribe. Os seus objetivos eram levantar dinheiro e obter informaes que

    podiam ser utilizadas para chantagear outros membros da burguesia Americana.

    Eles ajudaram a estabelecer a operao e proveram recomendaes das pessoas aptas a serem

    recrutadas para operar. A operao foi, mais tarde, entregue a dois oficiais da inteligncia Checa, um da

    inteligncia militar e outro do Ministrio de Interior. Ambos oficiais eram nascidos na Frana e falavam o

    francs fluentemente. Guadalupe era o centro da operao, que servia a ilha de Martinique e

    eventualmente as outras ilhas do Caribe. O dinheiro levantado por esta operao foi capaz de financiar

    todas as operaes da inteligncia Comunista em Guadalupe, Martinique, Suriname, Haiti e boa parte da

    inteligncia Comunista da Frana.

    No incio da dcada de 1960, os soviticos estavam construindo rapidamente vrias organizaes pelo

    Amrica do Norte, Amrica Central, Amrica do Sul e pelo Caribe. Outros satlites soviticos

    diretamente envolvidos eram a Checoslovquia, Cuba, Hungria, Alemanha Oriental, Bulgria e a Polnia.

  • A maioria do conhecimento do Sejna era da dimenso da estratgia da parte Checa. As operaes dos

    outros satlites no so lidadas com detalhes por esta anlise, porm todos eles estavam

    profundamente envolvidos nas operaes com drogas. Romnia e a Albnia no faziam parte

    oficialmente da ofensiva Sovitica porque os Soviticos no confiavam na segurana destes dois pases.

    Albnia chegou a pedir para participar citando a sua fora na inteligncia na rea Bltica e do Oriente

    Mdio, porm ao invs de trazer a Albnia para a operao, os Soviticos decidiram dar o dinheiro para

    os Albaneses comprarem os equipamentos necessrios, para que a Albnia trabalhasse de maneira

    independente.

    Pases em que o Sejna teve conhecimento direto das organizaes que foram estabelecidas na dcada

    de 1960 incluem Canad, Mxico, Panam, Argentina, Chile, Brasil, Colmbia, Costa Rica, Uruguai,

    Paraguai, Peru, Guadalupe, El Salvador, Repblica Dominicana, Jamaica e obviamente os Estados Unidos.

    Para esta lista deveriam ser adicionados os pases onde o crime organizado foi crtico para o

    narcotrfico. Um exemplo destes pases a Venezuela, pas que os Soviticos decidiram em 1960-61

    que seria o centro da organizao da mfia, das operaes e da lavagem de dinheiro do hemisfrio

    Ocidental

    As drogas inicialmente escolhidas foram o pio, herona, morfina, maconha e os sintticos como o LSD.

    Enquanto a cocana no era proeminente na poca, em 1961, os Soviticos, analisando o cenrio das

    drogas, concluram que a cocana era, para utilizar umas das frases favoritas deles a onda do futuro.

    Esta revelao veio ao Sejna numa reunio em Moscou em 1964 que foi armada para a discusso e a

    coordenao de um plano de disfarce. Estavam na reunio, da Checoslovquia, o chefe da

    Administrao Poltica Principal, o chefe da Zs (inteligncia militar) e a principal cabea da inteligncia

    estratgica, alm, claro, do Jan Sejna. Os soviticos presentes era o chefe da Administrao Poltica

    Principal, o chefe da GRU (Inteligncia Militar Sovitica) e o chefe da inteligncia estratgica, e o General

    Boris Shevchenko, o chefe do Departamento de Propaganda Especial, quem coordenou a reunio.

    Foi nesta reunio que Shevchenko introduziu o termo Epidemia Rosa. Discutindo o future, ele

    reforou o potencial da cocana. Ela preferida herona, ele explicou, porque ela de produo mais

    fcil alm de poder ser distribuda para muito mais pessoas do que a herona. Os Soviticos estavam to

    impressionados com o potencial da cocana, que, de fato, eles falavam numa epidemia, numa epidemia

    branca. Para servir e expandir esta epidemia, Shevchenko explicava, uma produo e distribuio

    separada era necessria, iniciando imediatamente.

    Esta nova operao utilizando a cocana foi referida e chamada pelo codinome de Epidemia Rosa. No

    incio os pases que lideraram a produo e distribuio foram a Unio Sovitica, Checoslovquia e Cuba.

    A Checoslovquia comeou imediatamente um programa tecnolgica especial para desenvolver a as

    tcnicas necessrias. Esta operao foi operada pela inteligncia militar e pelo Departamento de Sade

    sob o comando da contra inteligncia militar.

    As necessrias experincias na produo foram conduzidas num centro de pesquisa ultrassecreto em

    Milovice. A operao foi facilitada pelos Cubanos, que aprenderam algumas tcnicas rudimentares que

    eram utilizadas na Amrica do Sul e passaram todas as informaes para a inteligncia Checa. Os

  • cientistas Checos aprenderam e depois evoluram as tcnicas para um modelo de produo em massa

    de modo mais profissional.

    Assim, entre 1960 e 1965, os servios da inteligncia Sovitica, diretamente de Moscou, estabeleceram

    a produo, distribuio de drogas, alm de operaes de lavagem de dinheiro por todo o Sul, Centro o

    Norte do continente Americano. Somente as pessoas que passavam por um pesado processo de

    investigao local podiam fazer parte das operaes, que eram discretamente gerenciadas pelo Bloco

    Sovitico ou pelos agentes da Inteligncia Cubana, que, na maioria das vezes, eram treinados na Unio

    Sovitica. Os futuros narcotraficantes de todo o mundo eram treinados em narcotrfico nos centros do

    Leste Europeu e na Unio Sovitica. Alguns centros adicionais existiam na Coria do Norte, no Vietn do

    Norte e em Cuba. Os graduados viravam agentes do narcotrfico Sovitico. Inicialmente o narcotrfico

    era de herona, maconha e sintticos. Porm, com o efeito que comeou em 1964, uma rede especial foi

    criada para servir e expandir a futura epidemia de cocana.

  • Khrushchev Instrui os Pases Satlites

    Em 1962, Khrushchev formalmente entendeu as operaes Soviticas com narcticos para os satlites do

    Leste Europeu. Os lderes estratgicos (Alto Escalo do Secretariado, Primeiros Ministros, Ministros de

    Defesa, Chefes de Gabinete e assistente especiais) dos principais satlites foram convocados para

    participar de uma reunio secreta em Moscou para discutir a recesso econmica das economias

    socialistas. Romnia, Albnia e a Iugoslvia no se apresentaram. Sejna era um dos oficiais que estavam

    presentes. Os oficiais Soviticos do mais alto nvel hierrquico participaram da reunio incluindo o Nikita

    Khrushchev, Leonid Brezhnev, Mikhail Suslov e Andrei Kirilenko. Foi nesta reunio que Khrushchev

    formalmente apresentou a estratgia Sovitica: Mao Tse-tung e os Chineses so muito espertos, ele

    comeou, se referindo aos negcios com as drogas, eles so muito criativos e muito eficientes tambm.

    Porque devemos deixar os Chineses trabalharem sozinhos neste mercado mundial, ele perguntou, e

    rapidamente respondeu a sua prpria pergunta; Os Chineses so bons, mas o servio de inteligncia do

    Bloco Sovitico possui um nvel de organizao muito maior e deve se mover o mais rpido possvel para

    usar tanto as drogas como os narcticos tanto para rachar a sociedade capitalista como para financiar as

    atividades revolucionrias.

    Khrushchev ento comeou uma discusso dos vrios benefcios que podiam derivar deste negcio.

    Proveria uma tima renda e ainda poderia servir como fonte para o muito-desejado cmbio financeiro

    para financiar as operaes de inteligncia. Alm disso, serviria para sabotar tanto a sade como a moral

    dos trabalhadores Americanos. Como pessoas viciadas em drogas no so confiveis em crises e

    emergncias, todo esse negcio com as drogas enfraqueceria o fator humano numa situao de defesa.

    Khrushchev tambm levou em considerao o impacto na educao no longo prazo. As escolas

    Americanas sempre eram um dos alvos de mais alta prioridade, porque eram nestes lugares que os futuros

    lderes na burguesia poderiam ser encontrados. Um outro alvo de maior importncia para o Khrushchev

    era a tica trabalhista dos Americanos. Assim como o orgulho e a lealdade, todos estes seriam sabotados

    pelo uso das drogas. Finalmente, as drogas e os narcticos levariam a uma queda na influncia da religio

    e, ele adicionou, poderia at mesmo criar o caos.

    Quando ns discutimos esta estratgia, Khrushchev conclui, alguns ficaram preocupados que essa

    operao poderia ser considerada imoral. Porm devemos declarar categoricamente, ele enfatizou,

    tudo aquilo que acelerar a destruio do capitalismo moral1.

    Somente algumas poucas perguntas foram feitas pelos presentes durante a reunio. Janos Kadar, o

    Primeiro Secretrio da Hungria, expressou sua preocupao que as operaes com as drogas no deveria

    interferir no progresso conseguido durante a coexistncia pacfica. Ele estava se referindo a assistncia

    econmica e tecnolgica que comeou a fluir do Oeste. Aps isso, ele sugeriu que os pases do Terceiro

    Mundo que no eram tidos como suspeitos pelos Estados Unidos fossem utilizados para pr a operao

    em prtica.

    1 Citao de Lenin (No encontrei essa citao do Lenin no www.marxists.org)

  • Essa ttica, na verdade, j estava sendo utilizada para manter uma distncia segura entre os pases do

    Bloco Sovitico e de fato os que estavam trabalhando nas operaes com narcticos. Por toda a Amrica

    Latina, por exemplo, enquanto agentes da inteligncia do Bloco Sovitico exerciam um certo controle e

    davam as direes de maneiras gerais, as pessoas nativas destes pases estavam pegando no pesado de

    fato das operaes. Est tcnica tambm pode ser vista sendo utilizada em respeito as operaes do Bloco

    Sovitico quanto a Europa Ocidental. Por exemplo, a Agncia Americana Contra Drogas preparou um

    relatrio sobre o papel da Bulgria no trfico internacional de drogas num Congresso em 1984. Vrias

    fontes, todas consistentes, foram referenciadas no relatrio, que cobria as operaes entre 1970 e 1984.

    Uma das organizaes que foram destacadas neste relatrio foi a KINTEX, uma firma Blgara de

    importao e exportao que foi fundada em 1968. KINTEX foi gerenciada pela polcia secreta Blgara e

    agia sobre ordens secretas de Moscou. KINTEX foi estabelecida, segundos as fontes do relatrio,

    principalmente para prover um mecanismo para utilizar estrangeiros dentro da Bulgria para fabricar e

    enviar narcticos para a Europa Ocidental e munio para o Oriente Mdio. Os estrangeiros eram Turcos,

    Srios e Jordanianos. As reunies de coordenao incluam traficantes da Grcia, Itlia, Iraque e Ir.

    Enquanto a Bulgria foi identificada no incio da dcada de 1970 num estudo secreto da CIA como o novo

    centro para distribuio do trfico de narcticos e de armas, todos os dados do relatrio da DEA (Agncia

    Americana Contra Drogas) na verdade se refere a estrangeiros trabalhando dentro da Bulgria. A resposta

    do governo Blgaro para as reclamaes Americanas era sempre negar qualquer envolvimento: a

    presena de estrangeiros dentro do solo Blgaro no constitua nenhum crime e nenhum Blgaro tanto

    dentro do solo Blgaro quando fora, fora incriminado.

    Outro lder que discursou na reunio em Moscou foi Walter Ulbricht, o Primeiro Secretrio da Repblica

    Democrtica da Alemanha. Ele aproveitou a oportunidade para fazer presso por um envolvimento maior

    da Alemanha. Naquela poca, os Alemes no possuam permisso para conduzir suas prprias

    estratgias de inteligncia e por isso, Ulbricht enfatizava, a Alemanha necessitava de ajuda para explorar

    seus recursos na frica, no Oriente Mdio e na Amrica Latina. Inteligncia Estratgica, ou seja,

    sabotagem, terrorismo, trapaa e espionagem, foi exatamente onde a ofensiva com os narcticos

    comeou e onde ela se sentia em casa. Em 1964, a Alemanha Oriental recebeu a permisso de comear

    as suas prprias operaes de Inteligncia Estratgica.

    Mais tarde, neste mesmo dia, j sob efeito de alguns drinques, Khrushchev cutucou o cotovelo do Sejna

    de maneira brincalhona, e com brilho em seus olhos, ele revelou o nome secreto de toda a operao

    Sovitica com trfico de drogas, Druzhba Narodov, o qu, numa simples traduo, significa A Amizade

    das Naes. Esconder a real inteno das operaes com um trocadilho era puro Khrushchev.

    Esta reunio em Moscou foi nica. A estratgica Sovitica foi considerada extremamente sensvel e foi

    associada a ela o mais alto nvel de classificao de segurana. Pessoas sem a absoluta necessidade de

    saber detalhes da operao, no deveriam saber absolutamente nada sobre a operao. Seguindo a

    reunio, que foi o incio oficial da operao, com pouqussimas excees, todas as coordenaes e

    cooperaes foram tratadas de maneira bilateral apenas.

  • Os lderes dos satlites retornaram aos seus respectivos pases a procederam com os seus respectivos

    planos individuais no meio do maior esquema de segredo possvel. Sejna descreveu a maneira como os

    planos da Checoslovquia foram desenvolvidos, resumido para o Conselho de Defesa, aprovado e depois

    implementado. Esta descrio prov uma viso muito interessante de como os planos operacionais

    contendo informaes altamente sensveis eram desenvolvidos, controlados e mantidos em segredo. A

    tarefa de desenvolver o plano era designada para cinco pessoas, cada um do Departamento de rgos

    Administrativos, inteligncia civil, inteligncia militar, do Departamento de Assuntos Estrangeiros e da

    Administrao de Sade Militar. Sejna era o encarregado da Secretaria do Conselho de Defesa. As cinco

    pessoas, mais um cozinheiro do secretariado do Sejna, foram isolados numa vila em Rusveltova N 1, que

    por acaso foi onde Fidel Castro ficou enquanto estava visitando a cidade de Praga. O trabalho deles foi

    monitorado pelo Chefe dos Conselheiro Soviticos da Zs e pelo Jiri Rudolf e pelo Vaclav Havranek, que

    eram os oficiais do Departamento de rgos Administrativos responsveis pela inteligncia e a contra

    inteligncia militar. Apenas outros cinco oficiais Checos tinham acesso a Vila: o Ministro do Interior, o

    Ministro da Defesa, o Chefe do Gabinete, o Chefe da Segunda Administrao (inteligncia civil) e Sejna.

    Depois que este grupo conseguiu finalizar o plano geral, as nicas pessoas que tiveram acesso a este plano

    foram os sete membros do Conselho de Defesa.

    Quando o plano de operao com os narcticos estava finalizado, ele foi considerado mais sensvel at

    mesmo do que os planos anuais da inteligncia. Nove cpias foram feitas e envelopadas e depois enviados

    para o Conselho de Defesa, onde eles foram abertos e examinados antes da votao para sua aprovao.

    O Ministro da Defesa e o Ministro de Assuntos Interiores apresentaram conjuntamente o plano para o

    Conselho de Defesa. O plano levava em conta pesquisa, desenvolvimento, a influncia das drogas nos

    seres humanos, testes, produo, distribuio, como o dinheiro seria lidado no projeto, como os lucros

    seria utilizado e os indivduos que teriam as responsabilidades particulares. Durante a apresentao, o

    Ministro de Assuntos Interiores, Rudolph Barak explicou que Este projeto no serviria apenas para

    destruir a sociedade Ocidental, mas este projeto vai fazer a sociedade Ocidental ainda por cima nos pagar

    por isso. Antonin Novotny, Primeiro Secretrio e Presidente do Conselho de Defesa perguntou o quanto

    ganharamos com isso?, e Barak respondeu: O suficiente para financiar completamente o servio de

    inteligncia da Checoslovquia.

    Assim que a discusso terminou, nem mesmo esperando o fim da reunio, como normalmente era feito,

    Sejna recolheu todas as cpias e fechou todos os envelopes. Todas, menos trs cpias, foram totalmente

    destrudas. Estas trs cpias foram enviadas para a inteligncia militar (Zs), para a Segunda Administrao

    do Ministrio de Assuntos Interiores e para os arquivos do Conselho de Defesa, que era onde o Sejna fazia

    parte do secretariado. Nenhuma instruo por escrito para pr o plano em operao foi gerada. As

    principais pessoas de cada departamento, de cada agncia que possua alguma tarefa especfica nesta

    fase do projeto ia a um dos trs escritrios que possuam as cpias do projeto e podiam ler apenas o

    mnimo necessrio. Por exemplo, para o desenvolvimento cientfico e produo, os chefes do Rear

    Services2 e da Administrao Mdica vieram de maneira independente ao escritrio do Sejna para ler as

    suas partes pertinentes do plano. O trabalho do Sejna era garantir que cada oficial entendeu

    2 http://en.wikipedia.org/wiki/Rear_services

  • perfeitamente a sua responsabilidade. O oficial era ento obrigado a assinar um termo de

    responsabilidade que entendeu perfeitamente a ordem, e depois disso o oficial ia embora.

    Esse processo foi aplicado at mesmo ao Ministro de Defesa. Todas as ordens eram verbais. Relatrios

    com o progresso deviam ser enviados ao Sejna em at seis meses. Sejna em pessoa agregava todos os

    relatrios e apresentava os resultados para o Conselho de Defesa.

    Um ano depois, em 1963, Khrushchev, descontente com a velocidade da operao, direcionou o Major

    General Nikolai Savinkin, o chefe-substituto do Departamento de rgos Administrativos do Comit

    Central do Partido Comunista da Unio Sovitica (ele viria a se tornar o Chefe em 1964 depois da morte

    do General Mironov num acidente de avio), para visitar cada um dos pases satlites e Cuba

    pessoalmente para preparar um plano detalhado de como poderia acelerar e coordenar a operao com

    narcticos. O Departamento de rgos Administrativos um dos dois ou trs principais departamentos

    do Comit Central. Ele controla o Ministrio da Defesa, o Ministrio de Assuntos Interiores (KGB) e o

    Ministrio da Justia. Era exatamente este o departamento que direcionava a operao Druzhba

    Naradov. Outras organizaes que participaram sero descritas no prximo captulo.

    O plano de Savinkin foi aprovado pelo Conselho Sovitico de Defesa e as diretivas foram enviados aos

    pases satlites. Estas diretivas, que chegaram atravs do Sejna como o Secretrio do Conselho Checo de

    Defesa e o Chefe do Gabinete do Ministrio da Defesa, cobria uma larga variedade de aes: pesquisa,

    produo, organizao do transporte, organizao das cooperaes atravs dos pases satlites em vrias

    regies do mundo, a necessidade da cooperao em ajudar Cuba a infiltrar todas as operaes da Amrica

    Latina e como esta cooperao deveria ser feita, nomeava as pessoas que deveriam, em diversos pases,

    ajudar na distribuio, na propaganda e na desinformao. Tambm foram recebidas instrues de como

    e quais instituies financeiras deveriam participar das transferncias e lavagem de dinheiro. No caso

    especfico da Checoslovquia, pelo menos quinze bancos diferentes em nove pases (incluindo Singapura,

    Viena, Argentina e Holanda) foram identificados. O banco Sovitico em Londres foi se tornando cada vez

    mais envolvido nas transferncias dos lucros do trfico.

    As instrues de propaganda e desinformao eram especificamente interessantes. Propaganda,

    desinformao e trapaa so desenvolvidas para ajudar o plano de trapaa geral. Nas operaes com

    drogas e narcticos, a essncia da propaganda e da desinformao era que a culpa do trfico e do uso de

    drogas deveria cair sobre a sociedade. Adicionalmente, e suportando a essncia bsica do plano, as

    provas de corrupo deveriam ser liberadas para desmerecer certos indivduos e organizaes

    consideradas hostis para os interesses Soviticos. Haviam duas principais campanhas de propaganda

    uma direcionada contra a juventude e outra direcionada contra a populao como um todo. Estas

    campanhas envolveram o Departamento de Propagandas Especiais, o Departamento de propaganda e o

    Departamento de Assuntos Internacionais, com uma coordenao central dentro do Departamento de

    rgos Administrativos.

    A estratgia bsica para a propaganda e a trapaa foi desenvolvida primeiramente em 1961 ou 1962 pelo

    General Sovitico Kalashnik, o Chefe-Substituto do Principal Administrao Poltica, o guardio ideolgico

    de todo o estabelecimento militar Sovitico. Kalashnik era o chefe ideolgico da Secretaria Principal de

  • Administrao Poltica. Sejna relembrou as simples instrues do Kalashnik: Nossa propaganda deve ser

    sempre direcionada para os nossos inimigos, no para os nossos amigos. A palavra amigo significava,

    na verdade drogas e narcticos. Propaganda e trapaa deveriam ser utilizadas para tirar o foco da ateno

    das drogas e dos narcticos, especialmente em relao as classes mdia e alta, que eram um dos alvos da

    propaganda, e mudar o foco da ateno das pessoas para os problemas da guerra nuclear, a guerra do

    Vietn e o Antiamericanismo.

    Estas instrues de propaganda foram estendidas em 1964 numa carta assinada pelo Leonid Brezhnev

    que foi muito discutida numa reunio no Conselho de Defesa da Checoslovquia. A carta mandava que os

    dados referentes ao trfico de drogas e narcticos dos Chineses deveriam ser divulgados ao pblico, para

    assim anunciar ao mundo o papel da China como a fonte de todo o trfico ilegal e assim desviar a ateno

    das operaes Soviticas. (Um dos principais artigos escritos com este propsito apareceu no Pravda no

    dia 13 de Setembro de 1964. Foi escrito pelo V. Ovchinnikov e foi intitulado Os Traficantes).

    Em setembro de 1963 os principais lderes (Primeiros Secretrios, Primeiros Ministros, Ministros da

    Defesa, Ministros de Assuntos Interiores e uma equipe selecionada de cada um destes, num total de 15

    pessoas de cada pas, exceto Romnia, Albnia e Iugoslvia, que no se apresentaram) se encontraram

    em Moscou para a conferncia anual sobre o plano e as tticas que deveriam ser postas em prtica no

    ano vindouro. A diplomacia, a inteligncia e as partes envolvidas ou seja, o processo integrado para o

    prximo ano, era revista pelos lderes Soviticos.

    O principal palestrante era o Mikhail Suslov, o chefe ideolgico do Partido Comunista e um dos principais

    oficiais no desenvolvimento dos planos estratgicos. Na discusso sobre as drogas, Suslov comeou

    apontando que a deciso que foi tomada sobre o uso do trfico de drogas e narcticos foi a melhor deciso

    que podia ter sido tomada. Como os Soviticos tinham levantado, na dcada de 1950, que a Amrica

    Latina era extremamente dependente da burguesia, especialmente dos Estados Unidos, os Soviticos

    perceberam que com o uso das drogas isso poderia mudar: os pases da Amrica Latina poderiam todos

    depender da Unio Sovitica. O principal instrumento para isso deveria ser tanto as drogas como outros

    modos de corrupo, prtica que os Soviticos concluram que j estava espalhado por todas as Amricas.

    Os Soviticos se referiam a este movimento revolucionrio na Amrica Latina como a Segunda Libertao.

    A Primeira Libertao foi a libertao tanto de Portugal como da Espanha. A Segunda Libertao seria a

    libertao dos Estados Unidos e da burguesia. A Terceira Libertao seria a transio para o Comunismo.

    Suslov explicou que era necessrio desarmar os anticomunistas e todos os amigos dos Estados Unidos

    antes da Segunda Libertao acontecer. Os Soviticos acreditavam que a burguesia corrompida j tinha

    aceita a ideia da revoluo, o que na verdade era pura trapaa induzida pelos Soviticos. A estratgia

    utilizada para encorajar a aceitao da ideia de revoluo foi de argumentar que os pases Latinos

    Americanos estavam destinados a passar por uma srie de estgios revolucionrios, em que as mudanas

    que ocorreriam seriam benficas. Nos primeiros estgios, no haveria, pelo controle dos Soviticos,

    nenhuma meno ao socialismo ou sequer utilizao de frases socialistas para no assustar as pessoas

    com o conceito da revoluo.

  • Os Soviticos listaram os cinco fatores que se mostraram mais efetivos para acelerar o processo

    revolucionrio na Amrica Latina:

    1. A igualdade militar entre Estados Unidos e a Unio Sovitica: A Unio Sovitica deveria ser forte

    o suficiente para impedir a interferncia dos Estados Unidos antes que a revoluo possa iniciar.

    2. A bancarrota do colonialismo: Enfraquecer e por ltimo romper os laos da Amrica Latina com

    os Estados Unidos atravs da propaganda de como a explorao e a impropriedade das polticas

    colonialistas, alm protecionismo, que andava junto do colonialismo, atrasavam a Amrica Latina.

    3. Organizao Ideolgica e de suprimentos para as foras de liberao: Uma melhor organizao e

    uma ofensiva ideolgica unificada eram requisitos para as foras de liberao. O movimento

    acabou por se separar demais na poca de Stalin. Unidade ideolgica era uma necessidade e a

    assistncia de suprimentos dinheiro, armas, treinamento, organizao - precisava melhorar e

    muito na Amrica latina.

    4. A derrota dos Estados Unidos no Vietn: Era necessrio separar os Estados Unidos dentro de casa

    e tornar extremamente difcil para os Estados Unidos se envolverem em guerras fora de seu

    territrio novamente. Tambm era fundamental que as foras nacionalistas (pr-Estados Unidos)

    reconheam que os Estados Unidos no podem mais ser confiados como aliados contra o processo

    revolucionrio.

    5. A desmoralizao dos Estados Unidos e de seus vizinhos tanto ao sul como ao norte: As drogas

    eram o principal instrumento para trazer esta desmoralizao a desmoralizao pelas drogas

    deveria ser referida como a Epidemia Rosa. Os Soviticos acreditavam que quando a Epidemia

    Rosa cobrisse toda a Amrica do Norte e do Sul, a situao estaria altamente satisfatria para a

    revoluo.

    Suslov reviu a situao da Amrica Latina, utilizando os dados recolhidos pela inteligncia Sovitica, pelos

    partidos Comunistas locais, por Cuba e pelos agentes da inteligncia do Pacto de Warsaw que j tinham

    penetrado nas operaes com drogas na Amrica Latina. Fazendo especiais referncias ao Paraguai,

    Jamaica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Mxico, Suslov declarou que 70% dos burocratas da Amrica

    Latina j estavam ligados com (ou seja, corrompidos pelas) operaes com drogas. No Mxico, ele disse,

    80% dos burocratas estavam ligados com as drogas e envolvidos em algum nvel de corrupo. Na

    Amrica Latina, 65% dos padres catlicos usavam drogas, ele disse. Padres Catlicos eram alvos de

    primeira linha na estratgia Sovitica na Amric