cnsp - audiência pública em sp sobre precatórios

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESEMBARGADOR IVAN SARTORI E DESEMBARGADOR PEDRO CAUBY PIRES DE ARAÚJO Assunto: Audiência Pública em 24/10/2013 Precatórios - Estado de São Paulo CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS – CNSP e ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO ANSJ, congregando entidades associativas que representam 700.000 servidores ativos, aposentados e pensionistas, credores de precatório alimentar, por intermédio de seu Diretor Jurídico que ora se inscreve infra-assinado, JULIO BONAFONTE, vêm à presença de Vossas Excelências com propostas por escrito que se vinculem às sugestões apresentadas, para manifestação oral na audiência pública que será realizada, diante da legitimidade de atuação por serem autoras da ADI nº 4357, julgada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. A questão do recebimento do precatório alimentar é dramática aos servidores que tiveram salários, aposentadorias e pensões subtraídas e sonegadas pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos 26 (vinte e seis) anos, ou seja, desde o gatilho salarial de 1987 e posteriores descumprimentos das Constituições Federal e Estadual, período em que muitos vieram a falecer, estimativa de 90.000 sem receber em vida o legítimo crédito. Desta vez, e não era sem hora, o Supremo Tribunal Federal em recente julgamento de 14/03/2013 cumpriu seu dever como guardião da Constituição Federal, julgou fulminando as referidas inconstitucionalidades e decretando o fim do calote aguardando apenas a modulação final da operacionalidade de pagamento, surgindo mais uma vez a real esperança do recebimento, o que não pode ser frustrada, sob pena de descrédito da Justiça. Mesmo antes do julgamento, no cumprimento da E.C. nº 62/09, especialmente a prioridade para os idosos e portadores de doença grave, a que se refere o artigo 100 § 2º, mereceu por parte de

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNALDE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESEMBARGADOR IVANSARTORI E DESEMBARGADOR PEDRO CAUBY PIRES DE ARAÚJO

Assunto: Audiência Pública em 24/10/2013Precatórios - Estado de São Paulo

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORESPÚBLICOS – CNSP e ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DOPODER JUDICIÁRIO ANSJ, congregando entidades associativas querepresentam 700.000 servidores ativos, aposentados e pensionistas,credores de precatório alimentar, por intermédio de seu Diretor Jurídicoque ora se inscreve infra-assinado, JULIO BONAFONTE, vêm à presençade Vossas Excelências com propostas por escrito que se vinculem àssugestões apresentadas, para manifestação oral na audiência pública queserá realizada, diante da legitimidade de atuação por serem autoras daADI nº 4357, julgada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.

A questão do recebimento do precatório alimentar édramática aos servidores que tiveram salários, aposentadorias e pensõessubtraídas e sonegadas pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos26 (vinte e seis) anos, ou seja, desde o gatilho salarial de 1987 e posterioresdescumprimentos das Constituições Federal e Estadual, período em quemuitos vieram a falecer, estimativa de 90.000 sem receber em vida o legítimocrédito.

Desta vez, e não era sem hora, o Supremo TribunalFederal em recente julgamento de 14/03/2013 cumpriu seu dever comoguardião da Constituição Federal, julgou fulminando as referidasinconstitucionalidades e decretando o fim do calote aguardando apenas amodulação final da operacionalidade de pagamento, surgindo mais umavez a real esperança do recebimento, o que não pode ser frustrada, sobpena de descrédito da Justiça.

Mesmo antes do julgamento, no cumprimento daE.C. nº 62/09, especialmente a prioridade para os idosos e portadores dedoença grave, a que se refere o artigo 100 § 2º, mereceu por parte de

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Vossa Excelência, esforços para realizar o pagamento, estruturando oDEPRE para realização dos cálculos de depósitos junto as Varas daFazenda Pública e direcionados ao Setor de Execução.

Milhares de depósitos efetuados, e nesse passoreside a gravíssima problemática do recebimento pelos credores dos valorespublicados em relações pelo Tribunal de Justiça que são acompanhadaspelos mesmos, via internet, contemplados com o depósito em seus nomesprojetam planejamento financeiro para o gasto e até para pagamento dedívidas ou destinação de recursos para tratamento de doenças, o que aofinal, num prazo longo, é frustrado.

Consequentemente, a referida operacionalidadegera sucessivamente o desgaste da imagem do Poder Judiciário e dosAdvogados dos credores que são injustamente acusados sem ter levantadoo depósito, e o que é pior, até o presente sem solução viável com umameta que seja alcançada, envolvendo todos: funcionários, Juízes,Advogados, e Presidência do T.J., para que finalmente o dinheiro chegueem suas mãos.

Há casos de conhecimento público e notório que operíodo de atraso já ultrapassou 2 (dois) anos entre a data do depósito enada foi levantado, tendo alguns servidores falecidos neste período,especialmente os portadores de doença grave.

Diversas são as causas, falta de funcionários,sistema a ser organizado, interferências dos que atuam (infelizmente), comas chamadas “cessões de crédito”, com extravio de processos, habilitaçõesde falecidos e herdeiros, enfim, tudo somando-se como justificativa, masque não podem ser admitidas e devem ser modificadas e sanadas para oobjetivo ser alcançado.

Todos os envolvidos tem evidenciado esforços,Presidência/funcionários, O.A.B – Advogados, nestes últimos 4 (quatro)anos, mas o resultado não tem sido totalmente eficiente, o que indica aurgente necessidade de mudança.

Única e exclusivamente com o espírito decolaboração e com a responsabilidade pública de sugerir e não apenasreclamar, as entidades com as excusas pelo extenso relato, mas que sefaz absolutamente necessário para a compreensão do aflitivo problema,propõe o seguinte:

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1- Que Vossa Excelência destine definitivamente e nãotemporariamente, 40 (quarenta) funcionários Escreventes,Técnicos Judiciários concursados e com previsão de nomeaçãoao Setor de Execução contra a Fazenda Pública;

2- Que seja realizado imediatamente à posse, intenso e urgentetreinamento específico para os exercícios das atividadescartorárias atinentes a todo o processamento dos depósitos/levantamentos dos valores referentes aos precatórios/ R.P.V.;

3- Que seja determinado aos servidores credenciados nas Varasda Fazenda Pública o rigoroso cumprimento do Comunicado nº26/2012, para que a impressão das planilhas a partir do 2º diaútil de cada mês, referente aos pagamentos dos precatórios sejaprovidenciada com a celeridade devida e respectiva juntada comencaminhamento do processo ao Setor de Execuções contra aFazenda Pública, propiciando ganho de dias na tramitação;

4- Que seja organizado sistema de guarda dos processos com osrespectivos volumes por entidades devedoras, evitando-seextravios e propiciando a imediata busca e célere tramitaçãodas planilhas de depósitos para conclusão do r. despacho doJuízo da Execução;

5- Que o r. despacho dos Juízes do Setor de Execuções contra aFazenda Pública sejam uniformizados no sentido do aceite porpetição da declaração de responsabilidade do grau dosAdvogados dos credores pela regularidade da representaçãoprocessual, dispensando-se a Certidão, ato processual quedemanda pelo grande volume, muito tempo em prejuízo daceleridade que se busca no levantamento;

6- A exclusão nos despachos supracitados da questão referenteao Imposto de Renda a ser retido, sendo referido desconto ouisenção, já calculada pelo próprio DEPRE na elaboração daplanilha do cálculo de depósito, evitando-se incidentesdesnecessários e desencontros entre fonte depositante/D. Juízoda Execução/Banco e Advogados no ato de levantamento no quese refere ao pagamento de precatórios e declaração anual deimposto de renda.

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JUSTIFICATIVA

O DEPRE hoje já devidamente estruturado, temcondições técnicas de absorver esta competência, em nome do depositanteTribunal de Justiça efetuar o cálculo, tendo em vista que já calcula osdescontos previdenciários e hospitalares para retenção, sabedor do nº demeses a que se refere o cálculo, em obediência a Instrução Normativa daReceita Federal nº 1127/2011, seguindo a jurisprudência predominante aexemplo da própria Tabela Prática de Atualização de Cálculos e cumprindoo Comunicado nº 07/2012 do próprio Tribunal de Justiça, que isenta osjuros moratórios da base de cálculo por ser verba de natureza indenizatória,no Superior Tribunal de Justiça RESP 1.230.964, Rel. Ministro HumbertoMartins; RESP 1.2075.700 – Rel. Eliana Calmon e RESP 1.232.995 Rel.Napoleão Nunes Maia Filho e no TJSP as Câmaras de Direito Público: 1º,2º, 3º, 5º,7º,8º,9º e 13º.

Determinar por cálculo se o imposto é devido ouisento ao credor na própria planilha.

Se devido, o Advogado providenciará o respectivodepósito em nome do credor junto ao Banco e se isento já terá a referidainformação para utilizá-la quando da declaração dos valores recebidos,independentemente de oitiva das partes, nem Contador Judicial, nemapreciação do D. Juízo, dando-se mais agilidade ao levantamento.

7- Que se estabeleça distinção entre os credores para fins delevantamento dos depósitos, ou seja, que as preferências paramaiores de 60 (sessenta) anos e portadores de doenças gravessejam processadas imediatamente no processo,independentemente das cessões de crédito e das habilitaçõesdos falecidos/herdeiros;

8- Que se estabeleça meta a ser cumprida no prazo máximo de90 (noventa) dias úteis, entre a data do depósito e o respectivolevantamento, para que se possa regularizar e solucionar oproblema.

9- Exclusão da suspensão de aplicação da Súmula 17- Jurosnas planilhas de depósitos efetuados pelo Tribunal de Justiça,

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tendo em vista que os mesmos são devidos entre a data daexpedição e o final do exercício seguinte quando do nãocumprimento do referido prazo constitucional previsto noantigo artigo 100 § 5º da Constituição Federal, comopenalidade/sanção aos entes públicos devedoresrigorosamente em obediência à jurisprudência dominante doSupremo Tribunal Federal e recente julgamento na ADIs 4357e 4425, inclusive com pedido de cancelamento da referidaSúmula, nos termos do artigo 5º da Lei 11.417/06

10-Que nos depósitos a serem efetuados pelo DEPRE sejamcalculados a atualização monetária, sem aplicação da indevidae inconstitucional TR – Caderneta de Poupança, art. 5º da Lei11.960/09, julgada inconstitucional na ADI 4357 porarrastamento, utilizando-se pela Tabela Prática para Cálculode Atualização Monetária dos Débitos Judiciais, publicada noDiário Oficial do Estado – Poder Judiciário – Tribunal de Justiçado Estado de São Paulo.

Finalmente como sugestão cabível mister se fazexcluir do modelo de ofício requisitório a que se refere a Portaria 8660/2012 anexo II, os campos: Data de nascimento (20) e Portador de Doençagrave (21), dados que tem dificultado, trazendo considerável prejuízo aoscredores por mais de 1(um) exercício orçamentário pela ausência deprotocolamento e apresentação até 01/07 junto ao DEPRE.

JUSTIFICATIVA

O patrono dos credores quando do ingresso dademanda há muitos anos e diante da inexigibilidade dos referidos dadosnão os possuía e agora mesmo diligenciando em um grupo de litisconsórciode 48 (quarenta e oito) não conseguiu apresentar de 27 (vinte e sete),prejudicando todo o grupo e o ingresso do precatório.

E o que é mais importante, a Secretaria de Gestãoe Administração Pública do Estado, em seu banco de dados detém em

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razão de cadastramento e prontuários funcionais de todos os servidoresativos, aposentados e pensionistas a data de

nascimento, inclusive no que refere aos portadores de doença grave,porque isenta-os na fonte, podendo consequentemente colaborar como Poder Judiciário fornecendo-os ao DEPRE – Tribunal de Justiça emcaráter geral e de forma absolutamente oficial, propiciandooperacionalizá-los para as diversas finalidades, bastando que VossaExcelência oficie solicitando, bem como, aos DRH – Recursos Humanosdas Prefeituras e Autarquias.

A vantagem tambem é que de posse dos dados,o Tribunal de Justiça – DEPRE dispensará aos Advogados grande volumede requerimentos para comprovação nos pedidos de preferência – idadee doença grave.

Excluir do ofício requisitório, Portaria 8.660/2012,anexos I e II, data da intimação da devedora para compensação e datado transito em julgado da decisão sobre compensação e valorcompensado, respectivamente, tendo em vista o julgamento do Plenáriodo S.T.F. de 14/03/2013 - publicada aos 02/04/2013, que declarouinconstitucional os dispositivos do art. 100 §§ 9º, 10º da EmendaConstitucional nº 62/09.

Com o cumprimento do Comunicado nº 438/2013,requer à Vossas Excelências a inscrição e respectiva manifestação oralna audiência pública a ser realizada – Precatórios, tendo em vista possuiro potencial de contribuição e relevância jurídica sobre a matéria.

São Paulo, 08 de outubro de 2013

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JULIO BONAFONTE

Diretor Jurídico da CNSP e ANSJ