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Saneamento Básico para Gestores Públicos

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SaneamentoBásico paraGestores Públicos

www.cnm.org.br

Saneamento B

ásico para G

estores Públicos

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SaneamentoBásico para

Gestores Públicos

Brasília, 2009

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Diretoria da CNM

CONSELHO DIRETOR

Presidente Paulo Ziulkoski Famurs – Mariana Pimentel/RS1oVice-presidente João Guerino Balestrassi Amunes – Colatina/ES2oVice-presidente Luiz Benes Leocádio de Araujo Femurn – Lajes/RN3oVice-presidente Pedro Ferreira de Souza AMM – Jauru/MT4oVice-presidente Valtenis Lino da Silva ATM – Santa Fé do Araguaia/TO1oSecretário Vicente de Paula Souza Guedes Aemerj – Valença/RJ2oSecretário Rubens Germano Costa Famup – Picuí/PB1oTesoureiro Joarez Lima Henrichs AMP – Barracão/PR2oTesoureiro Gilmar Alves Da Silva FMM – Quirinópolis/GO

CONSELHO DE REPRESENTANTES REGIONAIS

TitularRegiãoNorte Jair Aguiar Souto Manaquiri/AMSuplenteRegiãoNorte Rildo Gomes de Oliveira Tartarugalzinho/APTitularRegiãoSul Glademir Aroldi Saldanha Marinho/RSSuplenteRegiãoSul Mauri Heinrich Ibirubá/RSTitularRegiãoSudeste David Loureiro Coelho São Fidélis/RJSuplenteRegiãoSudeste Elbio Trevisan Cesário Lange/SPTitularRegiãoNordeste Renilde Bulhôes Santana do Ipanema/ALSuplenteRegiãoNordeste Eliene Leite Araújo Brasileiro General Sampaio/CETitularRegiãoCentro-Oeste Simone Nassar Tebet Três Lagoas/MSSuplenteRegiãoCentro-Oeste Abelardo Vaz Inhumas/GO

CONSELHO FISCAL

Titular Helder Zahluth Barbalho Famep – Ananindeua/PATitular Luís Coelho da Luz Filho APPM – Paulistana/PITitular Orlando Santiago UPB – Santo Estevão/BA1oSuplente Evandro Bazzo Assomasul – Jardim/MD2oSuplente Liberato Rocha Caldeira APM – Valentim Gentil/SP3oSuplente Jose Maria Bessa de Oliveira Ameap – Porto Grande/AP

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Saneamento Básicopara Gestores Públicos

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Coordenação TécnicaJeconiasRosendodaSilvaJúnior

TextosEngoAdalbertoJoaquimMendes

RevisãoKeilaMarianadeA.Oliveira

Editoração e projeto gráficoThemazComunicaçãoLtda.

Qualquerpartedestapublicaçãopoderáserreproduzida,desdequecitadaafonte.Copyright©2009.ConfederaçãoNacionaldeMunicípios.

Impresso no Brasil.

Todososdireitosreservadosà:

Confederação Nacional de Municípios – CNMSCRS505,BlocoC,Lote1–3oandar–Brasília/DF–CEP:70350-530

Tel.:(61)2101-6000–Fax:(61)2101-6008E-mail:[email protected]

Ficha Catalográfica

Confederação Nacional dos Municípios – CNM

Saneamento Básico para Gestores Públicos / Confederação Nacional dos Municípios. – Brasília/DF : CNM, 2009.

260 p.

I – Saneamento básico. II – História do Saneamento. III – Formulação da política Municipal de Saneamento. IV – Modelos de Gestão de Saneamento. V – Consórcios Públicos. I. Título: Saneamento Básico para Gestores Públicos.

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Sumário

Carta do Presidente.......................................................................................... 9

1 História do Saneamento.............................................................................. 11

1.1Aolongodotempo................................................................... 11

1.2NoBrasil.................................................................................. 17

2 Lei Nacional do Saneamento Básico – LNSP Lei No 11.445/2007............ 21

2.1Conceitos.................................................................................. 21

2.2Abrangência............................................................................. 23

2.3Princípios................................................................................. 27

2.4Exercíciodatitularidade.......................................................... 28

2.5Regulação................................................................................. 36

2.6Aspectoseconômicosesociais................................................ 38

2.7Aspectostécnicos..................................................................... 41

2.8Controlesocial......................................................................... 42

2.9PolíticaFederaldeSaneamentoBásico–Plansab................... 42

3 Formulação da Política Pública de Saneamento Básico........................... 47

3.1PlanoMunicipaldeSaneamento.............................................. 47

3.2Diferençaentreplanoeprojeto................................................ 49

3.3Níveisdeparticipação.............................................................. 50

3.4Metodologia............................................................................. 54

3.5Diagnóstico.............................................................................. 58

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3.6Planejamento.......................................................................... 151

3.7ConferênciaMunicipaleConversãodoPlanoemLei.......... 157

4 Modelos de Gestão..................................................................................... 165

4.1Conceito................................................................................. 165

4.2Autarquias.............................................................................. 167

4.3Outrasformasdegestão......................................................... 174

4.4Regulação............................................................................... 177

4.5EstruturaTarifária.................................................................. 179

5 Consórcios públicos................................................................................... 186

5.1ConsideraçõesGerais............................................................. 186

5.2CooperaçãoXConsórciosXPrestaçãodeServiços.............. 188

5.3ConstituiçãodeConsórcios.................................................... 191

5.4GestãoFinanceiraedePessoal.............................................. 194

6 Referências................................................................................................. 197

Anexos

Anexo1LeiNo11.445/2007........................................................ 200

Anexo2LeiNo11.107/2005........................................................ 228

Anexo3DecretoNo6.017/2007.................................................. 238

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9Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Carta do Presidente

Nasduasúltimasdécadas,osaneamentonoBrasilcareceudeplanejamen-tosistemático,associadoàindefiniçãodepolíticaseprogramasqueefetivamen-tetrouxessemrespostasàsdemandassociais.Emconsequência,osaneamentocomoaçãosocioeconômicadecarátercoletivonuncaalcançouníveisestáveisdeinstitucionalização,resultandoemumarealidadeextremamenteprecária,nãoapenasdosindicadoresdesalubridadeambiental,mastambémnosfatoresquecaracterizamasexpressõeseconômicas,financeiras,organizacionais,gerenciaisetecnológicasdessesetordeatividadehumanadoPaís.

Emumpaísgigantesco,decontrastesacentuados,torna-senecessáriaumaestrutura técnico-administrativa, que, além de competência técnica, acene comprovidênciaseatrativosconcretosparadesencadearumprocessodeparticipaçãodoMunicípionaprestaçãodos serviçosde interesse local.Entreos atrativos aseremutilizadoshádesepriorizaraaplicaçãoderecursoseaintermediaçãonaconsolidaçãodepropostadedesenvolvimento institucional-localprovedorasdeautossuficiência–administrativa,financeira–e,consequentemente,daautogestão.

Estemodelodescentralizadodeatuaçãofundamenta-senapremissadequequantomaispróximooprestadordeserviçoseopoderdecisórioestiveremdousuário,tantomaiseficienteeacessívelsetornaoserviçoprestado,estimulandoefacilitandoaparticipaçãocomunitárianaeleiçãodeprioridadesenocontrole,exercidopelasociedade,sobreoórgãopúblico.

CercadeumterçodototaldosMunicípiosbrasileirostemosseusserviçosdeáguaeesgotosgerenciadosdiretamente,sendonosdemaisoserviçoconce-dido peloMunicípio àsCompanhiasEstaduais, ou da Iniciativa Privada. Emambososcasos,osserviçosapresentamcarênciasgerenciaisefinanceiras.Namaioriadoscasosnãoexistemprojetosouomínimoplanejamento.Asamplia-ções,quandonecessárias,sãorealizadasdeformaduvidosa,semgarantiadeque

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10 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

osrecursosinvestidosirãoatingirosobjetivos.Essasituaçãosedeveprimordialmenteàsquaseduasdécadasemqueo

setorficoucarentede regulamentação, emquea competênciapela realizaçãodosserviçossetransformouemquestãojurídica,easfontesdefinanciamentoparaosetorsecaram,umavezquenãohaviasegurançajurídicaparaqualquerinvestimento.

Comisso,criaram-seasdiversasdistorçõesquedesafiamacapacidadedegestãodosatuaisresponsáveispeloserviçodesaneamento,arecuperaçãode20anosdefaltadeplanejamento,comoformadebuscarfinanciamentoparainvestiremmodernização,ampliaçãoeadequaçãodossistemasdesaneamentoaumanovarealidadedemográfica,ambientalelegalemquevivemos.

NãosepodenegarqueLeino11.445,promulgadaem5dejaneirode2007evigentedesde22defevereirode2007,contribuiuefetivamenteparaamini-mizaçãodosproblemascitados,transferindoparaosMunicípiosaformulaçãodapolíticadesaneamentobásicoeoutrascompetências,masoimobilismodogovernofederalperantealgunssetoresquetentamimpediraediçãodoDecre-toRegulamentardaLeitemproporcionadoelevadosprejuízosaosMunicípios,poiscomessequadroreferencialbásicodasituaçãoatualnãohásegurançajurí-dicasuficienteparaestabelecimentodaspolíticasmunicipaisdesaneamentoemfunçãodaspressõesexercidasporoutrasinstâncias.

Assim,aConfederaçãoNacionaldeMunicípios(CNM)buscapormeiodaediçãodestematerialedarealizaçãodesemináriosemtodooPaísconscientizareapoiarosGestoresMunicipaisaseutilizaremdonovomarcoregulatóriodosaneamento,daformamaisadequada,paraaárduatarefaderecuperarotempoperdidoeatenderàsdemandasdapopulaçãonessesetordagestãopúblicaqueéimprescindívelparaamelhoriadascondiçõesdevidadenossapopulação.

Atenciosamente,PauloZiulkoski

PresidentedaCNM

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11Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

1 História do Saneamento

1.1 Ao longo do tempo

AhistóriadoSaneamentoremontaamuitosséculosantesdaEraCristãe

estásemprerelacionadaaosurgimentoeaocrescimentodascidades.Noproces-

sodeformaçãodascidades,ésemprepossívelverificarapresençadeumcurso

deáguaemsuapaisagem.Emsuasmúltiplasatividades,ohomemprecisada

água,para suprir suasnecessidadesbásicas,principalmente, comoalimentoe

paraoafastamentodeseusdejetos.

HámilêniosantesdeCristo,oschineseseosjaponesesutilizavamfiltração

porcapilaridadeparaobterágua.Aáguaémencionadanostextosbíblicospor

Efézios,5:26,Ezequiel,14:22e36:25,Levítico,6:27,Samuel,21:41eSãoJoão,

13:5,Samuel,26:11,SãoMarcos,14:13,Reis,20:20,Jeremias,5:4.

DuranteaIdadeAntiga,atéoséc.Vd.C,haviamcrençasemitosrelacio-

nadoscomaágua,sugerindoumavisãomágico-religiosa.Osprimeirosescritos

dahumanidade,pormeiodosSumérios,surgiramcomasprimeirasinstruções

parairrigaçãodosterraços.

ONiloeraoriginadodauniãoentreOsíriseÍsis,daqualnasceuomenino-

Deus,Hórus,queobrigouooceanoarecuardeixandonasmargensolodoalu-

vialqueadubavaasplantações.OfluxodoNiloeracontroladopordispositivo

administrativo,gerindoaspartesamontanteejusanteeprojetandoosníveisde

águaduranteosperíodosanuais.Técnicasimportantesforamdesenvolvidaspara

airrigação,taiscomoaconstruçãodediques;canalizaçõesexterioresesubter-

râneas.

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12 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Tem-senotíciadequeexistiamcoletoresdeesgotoemNipur(Babilônia)

desde3.750a.C.Oprimeirosistemapúblicodeabastecimentodeágua,oaque-

dutode Jerwan, foi construídonaAssíria em691a.C.Osgrandes aquedutos

romanosforamconstruídosemváriaspartesdomundo,apartirde312a.C.No

ano70a.C.,SextusJuliusFrontinusfoinomeadoSuperintendentedeÁguasde

Roma.

HáregistrosquenoValedoIndo(3.200a.C)existiaoabastecimentode

águaeossistemasdedrenagemquecontavamcomruasdotadasdecanaisde

esgotocobertosportijolos,casascombanheiraseprivadaslançandonoscanais.

NopaláciodofaraóKeóps,ousodetubosdecobreedocumentosemsânscrito

(2.000a.C)aconselhavamoacondicionamentodaáguaemvasosdecobre,ex-

posiçãoaosol,filtragememcarvão,areiaoucascalho,imersãodebarradeferro

aquecida.

A interpretaçãodomundobaseadanaobservaçãodanatureza (batizada

depoisdevisão“hipocráticonaturalista”)ocorreapartirdoséculoVIIa.C.Se-

gundoaEscoladeMileto(TalesdeMileto–625?/558a.C),osrioseramalimen-

tadospelaáguadomar,aqualascendiapormeiodadestilaçãoprovocadapelo

fogointeriordasrochasoupelorefluxocapilardaágua.

ApreocupaçãocomaqualidadedaáguasurgepormeiodePlatão(427-

347a.C),quandoafirmouque“qualquerumque tenhacorrompidoaáguade

outrem[...]alémderepararoprejuízoseráobrigadoalimparafonte[...]”.Já

Aristóteles (384-322a.C) especulava acercadas correlações entre a águadas

chuvaseoslençóissubterrâneos,equeosriosseoriginariamdaáguadaschuvas

edaumidadedoardascavernas.

Aconstruçãodosaquedutospermitiaotransportedaáguademuitolonge

até chegaremagrandes reservatóriosquedescarregavamemoutrosmenores,

comvazõescontroladasporcomportas,demodoqueprivilegiava,primeiramen-

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13Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

te,asfontespúblicas,depoisosbanhosefinalmenteoslaresdosricos.

Possivelmenteemrazãodadestruiçãocausadapelopaludismo(malária)

noLácio, comdestruição de 53 populações inteiras tenha contribuído com a

compreensãodosgestorespúblicosdoprocessosaúde-doençaesuarelaçãocom

oabastecimentodeáguaeoafastamentodaságuasservidas.NoséculoIa.C

MarcusTerentiusVarroespeculavaque“haviavidanoslugarespatanososdepe-

quenosanimaisquenãopodemserpercebidospelosolhosepenetramnocorpo

pelabocaenarinas,causandogravesdesordens”.

NaIdadeMédia,compreendidaentreoséculoVd.CatéséculoXVd.C,

comaquedadoImpérioRomanonoOcidente,oescravagismoromanopassaa

cederlugarnasregiõesdaGália,Bretanha,Germânia,Espanha,Portugalanovas

organizaçõessocioeconômicasqueseconsolidaramnosistemafeudal.

Nesseperíodo,aáguaéentendidacomoelementovital,também,parao

desenvolvimento econômico, sendo registrado em1086, na Inglaterra, pouco

mais de 5.600 rodas d’água emoinhos projetados para fornecer forçamotriz

nasatividadesdetransformação(moagem,tecelagem,tinturaria,curtimento)de

propriedadedossenhoresfeudais(médiade1para50famílias).

Oabastecimentodeáguapormeiodacaptaçãodiretaderios,afastando-se

daspráticasromanasdecaptaralongasdistânciastrouxeumretrocessoconsi-

deráveldopontodevistasanitário.Obaixoconsumodeáguaacarretougraves

consequênciasàsaúdepública.

As crises econômicas, políticas e religiosas orientaram a construção de

muralhasefossosaoredordascidades.ProvavelmentecomaquedadeRomae

asnovasorganizaçõessociais,oconhecimentoficouarquivadonosindevassá-

veismosteirosreligiososnosséculosseguintes.

Notexto“DeAqvisvrbisRomae”,deFrontinus,descobertoporGianFran-

cescoPoggio,somenteem1425,háosseusensinamentosdehidráulica,sanea-

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14 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

mentoegestãoindisponíveisdurantetodaaIdadeMédia.Atitularidadesobrea

águaéredefinidaesefragmentanasmãosdaaristocracialaicaedoseclesiastas.

Aáguadeixadeserumrecursopúblico,gerenciadopelogovernocomofoina

RomaRepublicanaenaImperialmantidascoletivamentepeloscidadãos,sendo

quepartedoconsumodiáriodeumafamíliaeragarantidapormeiodacompra

deáguatransportadapelos“carregadores”.

Amaiorpartedapopulaçãoescavavaosseuspoçosnointeriordascasas,

masapresençadefossaseestercosanimaisemsuasproximidadescontamina-

vamquasetodasessasfontesdeágua,contribuindoparaoavançodasdoenças.

Operíodofoimarcadoporgrandesepidemias.NoséculoXIV,metadedapopu-

laçãodaEuropafoiinfectadaenaÍndia,1896,houveamortede10milhõesde

pessoasem12anos,coma,aindahoje,nãoerradicadacólera,lepraetifo.

NaIdadeModerna(1453–1789)surgeavisãoexperimentalistaapartirda

decadênciadavisãonaturalista,sendoParacelso(1493-1543)umdosimpulso-

resdanovaconcepçãodoconceitodesaúde-doença,percebendoarelaçãoentre

doençaseocupaçãoprofissional–tuberculosefibróidedosmineiros.

AlémdolivrodeFrontinus,foramtambémtraduzidososlivrosdeVitrú-

vio,em1673,eaperfeiçoou-se,entre1630e1660,bombaseseurendimento.

Nesteperíodo,desenvolveu-seametodologiadamediçãodevelocidadesdees-

coamentosedasvazõeseseestabelecequeosrios,asfonteseaságuassubter-

râneaseramformadaspelaschuvas.

Omodelodeabastecimentodeáguabaseadonaaristocracia laicaenos

eclesiásticos estava em falência.EmParis, final do séculoXV, controlava-se

adistribuiçãodeáguapormeiodecanalizaçõeseumadezenade fontes, sob

avigilânciadamunicipalidade.Afabricaçãodetubosdeferrofundido(1664):

possibilitariaumincrementoconsiderávelnadistribuiçãodeáguacanalizada.

NaIdadeContemporânea,de1789atéosdiasatuais,arevoluçãotermo-

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15Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

dinâmica,possibilitadapelamáquinaavapor(1764)incentivaaaceleraçãodo

processoprodutivo,causandoumforteimpactosocioeconômicoeambiental.O

textofrancêsmaisantigoarespeitodocombateàpoluiçãodaságuas(1829)pre-

viaapuniçãocommultaouprisãoaquematirassenaságuasdrogaseprodutos

queprovocassemoenvenenamentoouadestruiçãodospeixes.

ApartirdemeadosdoséculoXIXinicia-seaimplantaçãodosaneamento,

bemcomodaadministraçãoelegislaçãodestesedeoutrosserviçospúblicos.Na

Inglaterraháaintroduçãodosistemaderededeesgotostransferindoaságuas

servidasaoscursosd’água.Osresíduosindustriaisforamosprimeirosaserem

incluídosnaleibritânicadecontroledepoluiçãodaságuas(1833).

Odesenvolvimentodegrandescentrosindustriaispassaaseratraçãodas

populaçõesdaszonasrurais,quepassaramaviverempéssimascondiçõesde

habitaçãoedetrabalho,apresentandoÍndicesdemortalidadeedoençasqueau-

mentaramconsideravelmente.

Avisãohigienista torna-sedominantenoséculoXIXe iníciodoséculo

XX.NaFrança,implanta-sea“medicinaurbana”,queobjetivavasanearosespa-

çosdascidades,disciplinandoalocalizaçãodoscemitériosehospitais,arejando

asruaseasconstruçõespúblicaseisolandoáreas“miasmáticas”.ComosurgimentodasorigensdapolíticanacionaldesaúdenaInglaterra

(séculoXVIII),umadasquestõescentraiseraaumentarariquezaeopoderna-cionais,sendoreservadoàindústriaumdosprincipaismeiosparaatingiratãoalmejadaprosperidadeeotrabalhoumdosfatoresdeproduçãomaisimportante.

Pordoençaoupormorte,emrazãodapropagaçãodedoençasporveicu-

laçãohídrica,representavafortesprejuízosàeconomia,trazendocomoconse-

quênciaareduçãodeprodutividade.AoiniciaroséculoXIX,métodosutilizados

paraoestudodeproblemassociaisdasaúdeeramoempirismoracionaleaob-

servaçãocríticae,apartirde1820,surgindoaanáliseestatística.

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16 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Orenascimentodarelaçãoentresaneamentoesaúdepúblicaéverificado

nosestudosdeEdwinChadwickquefornecemabaseparaodesenvolvimento

dasrelaçõesentresaneamentoesaúde(publicação,em1842,dorelatório“The

SanitaryConditionsof theLabouringPopulationofGreatBritain”,propondo

açõesdesaneamentodomeiocomoadrenagemdeáreaspantanosas).

Nãocabiamaisintervirapenassobreocorpodoindivíduo,hajavistaque

asdoençasvinhamdefora,sendonecessárioagirsobreo“corposocial”.Amedi-

cinasefazcoletivaparacombateradoençadeformamaiseficaz.Nãosetratava

decombateradoençajáinstaladanoindivíduo,masdeevitá-la(oobjetodaação

médicapassaaseraprevenção).

Estudoclássicodeepidemiologia,realizadoporJohnSnow,em1854sobre

atransmissãodacólera,éoiníciodeumanovafasenaanálisedascondiçõesde

saúdeedoençadosgruposhumanos.Snowcombateateoriadosmiasmascomo

aúnicaexplicaçãoparaasepidemias,antecipandoemumadécadaaformulação

dateoriadosgermesporPasteur;eaidentificaçãodoCholeravibrio,porKoch.

AofinaldoséculoXIXeiníciodoséculoXX,comosavançosdamicro-

biologia,assiste-seaumnovodeslocamentonacompreensãodoprocessosaúde-

doença.Nosentidodeindividualizarasaçõespreventivasecurativas,responsa-

biliza-seodoentepelacontaminação,sendoinstauradaa“políciasanitária”,com

afinalidadedecontrolarosfocosdecontaminaçãonascidades.

Aprevençãodasdoençasesuacurapela imunizaçãopormeiodecam-

panhasdevacinaçãotrouxeram,também,umabrandamentoquantoàcontinui-

dadeconsistentedosaneamentodomeio.SomenteemmeadosdoséculoXX

começamasurgirasteoriasqueseopunhamaomodelounicausaldasdoenças,

buscandonaassociaçãodeváriosfatoresaexplicaçãoparaelas.

Nosdiasatuais,cercade1bilhãodepessoasnomundonãotêmacessoà

águapotável,2bilhõesdepessoasemtodoomundo(deumtotalde9,3bilhões)

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17Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

sofrerãocomaescassezdeáguapotávelatémeadosdoséculo,casopersistaa

“inércia dos dirigentes” em adotar políticas para preservar e recuperar os re-

cursoshídricos.Cercade6milcriançasmorremdiariamentedevidoadoenças

ligadasàáguainsalubreeaumsaneamentoehigienedeficientes.Cercade80%

detodasasdoençasnomundoaindaserelacionamcomocontroleinadequado

daágua.

1.2 No Brasil

Ahistória do Saneamento noBrasil pode ser dividida em oito fases.A

primeirasedácomEstáciodeSá,61anosdepoisdoiníciododomíniodePor-

tugal (1500),noRiode Janeiro,quandomandaescavaroprimeiropoçopara

abastecimentodeáguadeumacidade.Em1673,noRiodeJaneiro,eradado

inícioàsobrase,em1723,surgiuoprimeiroaquedutotransportandoáguasdo

rioCarioca,atualmenteconhecidocomoosArcosdaLapa(Ilustração1.2),em

direçãoaochafariz.

ILUSTRAÇÃO 1.2 – ARCOS DA LAPA (Rio de Janeiro)

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18 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

NacidadedeSãoPaulo,oprimeirochafarizdatade1744(em1842,havia

nacidadequatrochafarizes).Em1746,eramconstruídaseinauguradaslinhas

adutorasparaosconventosdeSantaTereza,noRiodeJaneiro,enaLuz,emSão

Paulo.Demodogeral,pode-seafirmarquenoperíodocolonialasaçõesdesane-

amentoeramdefinidascomassoluçõesindividuais.Resumiam-seàdrenagem

dosterrenoseàinstalaçãodechafarizes,emalgumascidades.

AsegundafaseocorreemmeadosdoséculoXIXeiníciodoséculoXX,

quandoocorreaorganizaçãodosserviços,easprovínciasentregaramasconces-

sõesàscompanhiasestrangeiras,principalmente inglesas.Entre1857e1877,

ogovernodeSãoPaulo,apósaassinaturadecontratocomaempresaAchilles

MartinD’Éstudens,constróioprimeirosistemadeabastecimentodeáguaen-

canada.OdePortoAlegre(RS)foiconcluídoem1861,eodacidadedoRiode

Janeiro,construídoporAntônioGabrielli,em1876,comainvençãodoDecan-

tadorDortmundéapioneiranainauguraçãoemnívelmundialdeumaEstação

deTratamentodeÁgua(ETA),comseisFiltrosRápidosdePressãoAr/Água.

OiníciodoséculoXXéconsideradoaorigemdaterceirafase,emquese

começaavincularosaneamentoaseusrecursos.Basicamenteemdecorrência

dainsatisfaçãogeraldapopulaçãoemfunçãodapéssimaqualidadedosserviços

prestadospelasempresasestrangeirasocorreaestatizaçãodosserviços;

Apartir dos anos 1940 se inicia a comercializaçãodos serviços.Nesse

período,osorçamentosdosaneamentosãodestacadosdoorçamentogeraldas

cidades.Surgemautarquiasemecanismosdefinanciamentoparaabastecimento

deágua,queseapresentacomoprincipalcaracterísticadaquartafase,comforte

influênciadoServiçoEspecialdeSaúdePública–Sesp,que,apósa2ªGuerra

Mundial, passou a ser denominada Fundação Sesp, antecessora da Fundação

NacionaldeSaúde–Funasa,comexcelentesserviçosprestadosaosMunicípios

brasileiros.

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19Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Aquintafaseestáconsubstanciadanoperíodo1950a1960emquesão

criadasasempresasdeeconomiamista,comdestacadaparticipaçãodosemprés-

timosdoBancoInteramericanodeDesenvolvimento–BID,quepreviaoreem-

bolsodosrecursosfinanceirosviatarifas,exigindoautonomiacadavezmaior

dascompanhias..

ComoRegimeMilitar surge a sexta fase sendo, em1971, instituído o

PlanoNacional deSaneamento (Planasa).Neste período, foramconsolidados

osvaloresquesurgiramnosanos1950,ouseja,autonomiaeautossustentação

pormeiodastarifasefinanciamentosbaseadosemrecursosretornáveis.Houve

extremaconcentraçãodedecisões,comimposiçõesdascompanhiasestaduais

sobreosserviçosmunicipaiseumaseparaçãoradicaldasinstituiçõesquecuida-

vamdasaúdenoBrasileasqueplanejamoSaneamento.

Por intermédiodoDecreto-Lei949de13deoutubrode1969,oBanco

NacionaldeHabitação(BNH)foiautorizadoaaplicar,nasoperaçõesdefinan-

ciamentoparaosaneamento,alémdeseusprópriosrecursos,osdoFundode

GarantiaporTempodeServiço(FGTS).

DesdeaextinçãodoBNH,em1986,eafalênciadoPlanasa,quecaracte-

rizaasétimafase,osetordesaneamentoviveuum“vazioinstitucional”enfren-

tando,atébempoucotempo,odesafiodesuperá-lo.Em1991,aCâmaraFederal

iniciaosdebatescomatramitaçãodoPLC199,oqualdispõesobreaPolítica

NacionaldeSaneamento,seusInstrumentosedáoutrasProvidências.

Após4anosdeampladiscussãocomentidadesquerepresentavamosdi-

ferentessegmentosdaáreaedesuaaprovaçãopelasduascasaslegislativasdo

CongressoNacional,oPLC199foivetadointegralmentesobajustificativado

governo federaldequeeleera incompatívelcomaLeidasConcessões,num

momentoemquesediscutiaaparticipaçãodiretadainiciativaprivadanaadmi-

nistraçãodosserviçosdesaneamento.

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20 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

EssaestratégiadeprivatizaçãoficouconfiguradanoProjetodeLeidoSena-

doNo266/1996,cujaementaeraaseguinte:“estabelecediretrizesparaoexercício

dopoderconcedenteeparaointer-relacionamentoentreUnião,Estados,Distrito

FederaleMunicípiosemmatériadeserviçospúblicosdeSaneamentoedáoutras

providências”.OPLS266buscavaaindatransferiratitularidadedosserviçospara

osEstados,nasregiõesmetropolitanas,aglomeraçõesurbanasemicro-regiões.

Outrainiciativanessesentidoocorreuquandoogovernofederalencami-

nhou,emregimedeurgênciaconstitucional,oPL4.147/2001,quetambémbus-

cava tomara titularidadedos serviçosde saneamentodosMunicípioseabria

caminhopara aprivatizaçãodo setor.Todas essas tentativas foram frustradas

pelainiciativadomovimentomunicipalistabrasileiroqueimpediuaaprovação

dosprojetosnoCongressoNacionalebatalhoupeloarquivamentodefinitivode

taispropostas.

Aoitavafasedahistóriadosaneamento,noPaís,émarcadaporintensa

lutadosMunicípiospelatitularidadedessesserviços,incluindolongasbatalhas

judiciais dosMunicípios comasCompanhiasEstaduais, e a definiçãode um

marcoregulatórioparaosetor.Assimsendo,em5dejaneirode2007foisancio-

nadaaLeiFederalno11.445,tambémconhecidacomoaLeiNacionaldoSane-

amentoBásico–LNSB,quepassouatervigênciaapartirde22defevereirodo

mesmoano,consideradacomofundamentomaisimportanteparaaorganização

edesenvolvimentodosaneamentonoBrasil.

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21Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

2 Lei Nacional do Saneamento Básico – LNSB Lei No 11.445/2007

2.1 Conceitos

NoâmbitodaLeino11.445/2007,entende-secomoplanejamentoodesen-

volvimentodasatividadesatinentesàidentificação,qualificação,quantificação,

organizaçãoeorientaçãodetodasasações,públicaseprivadas,pormeiodas

quaisumserviçopúblicodeveserprestadooucolocadoàdisposiçãodeforma

adequada.

Aregulaçãodeveserentendidacomotodoequalquerato,normativoou

não,quedisciplineouorganizeumdeterminadoserviçopúblico,incluindosuas

características,padrõesdequalidade, impactosocioambiental,direitoseobri-

gaçõesdosusuáriosedosresponsáveisporsuaofertaouprestaçãoefixaçãoe

revisãodovalordetarifaseoutrospreçospúblicos.

Asatividadesdeacompanhamento,monitoramento,controleouavaliação,

nosentidodegarantirautilização,efetivaoupotencial,doserviçopúblico,são

consideradascomofiscalização.

Pororganizaçãodoserviçopúblicodesaneamentobásicoentende-seas

atividadesderegulaçãocomoobjetivodedefinirearticularosrecursosmate-

riais,humanosetécnicosnecessáriosàadequadaprestaçãodeserviço,atendidas

aspremissasdoplanejamento.

Nãoconstituiserviçopúblicoaaçãodesaneamentoexecutadapormeiode

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22 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

soluçõesindividuais,desdequeousuárionãodependadeterceirosparaoperar

osserviços,bemcomoasaçõeseosserviçosdesaneamentobásicoderesponsa-

bilidadeprivada,incluindoomanejoderesíduosderesponsabilidadedogerador.

Entende-secomoprestaçãodeserviçopúblicodesaneamentobásicoaati-

vidade,acompanhadaounãodeexecuçãodeobra,comobjetivodepermitiraos

usuáriosoacessoaserviçopúblicodesaneamentobásicocomcaracterísticase

padrõesdequalidadedeterminadospelaregulaçãoeporcontratodeconcessão

oudeprograma.

Oconjuntodemecanismoseprocedimentosquegarantemàsociedade

informações,representaçõestécnicaseparticipaçõesnosprocessosdeformu-

laçãodepolíticas,deplanejamentoedeavaliaçãorelacionadosaosserviços

públicosdesaneamentobásicoéidentificadocomosendoadefiniçãodecon-

trolesocial.

Éconsideradoprestadordeserviçopúblicooórgãoouentidade,inclusi-

veempresa,dotitular,aoqualaleitenhaprevistoacompetênciadeprestaro

serviçopúblico,ouaoqualotitulartenhadelegadoaprestaçãodosserviçospor

meiodecontrato.Éenquadradacomoprestaçãoregionalizadaaquelaemqueum

únicoprestadoratendeadoisoumaistitulares,emdeterminadoâmbitoterrito-

rial,comuniformidadedefiscalizaçãoeregulaçãodosserviços,inclusivedesua

remuneraçãoecomcompatibilidadedeplanejamento.

Denomina-segestãoaliadaàassociaçãovoluntáriadeentesfederados,por

convêniodecooperaçãoouconsórciopúblico,conformedispostonoart.241da

Constituição.

Auniversalização corresponde a ampliaçãoprogressivados serviçosde

saneamentobásicoobjetivandooacessodetodososdomicíliosocupadosedos

locaisdetrabalhoedeconvivênciasocialemumdeterminadoterritório.Oser-

viçopúblicodesaneamentobásicoéconsideradouniversalizadoemumterritó-

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23Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

rioquandoasseguraoatendimento,nomínimo,dasnecessidadesbásicasvitais,

sanitáriasehigiênicas,detodasaspessoas,independentementedesuacondição

socioeconômica,emtodososdomicílioselocaisdetrabalhoedeconvivência

social,compromoçãodousoracionaldosrecursosnaturais.

O instrumento econômico de política social, para garantir a universali-

zaçãodoacessoaosaneamentobásico,especialmenteparapopulaçõeseloca-

lidadesdebaixarendaéoqueseentendeporsubsídios.Ossubsídiospodem

ser classificadoscomodiretos (destinadosausuáriosdeterminados), indiretos

(destinadosaoprestadordosserviços),internos(quandoosrecursosforemar-

recadadoseaplicadosnoâmbitoterritorialdedeterminadotitular)oucruzados

ouentrelocalidades(quandoosrecursosforemaplicadosemâmbitoterritorial

diferentedoarrecadado,nostermosdegestãoassociadadeserviçospúblicos).

Caracteriza-secomoprojetosassociadosaosserviçospúblicosdesanea-

mentobásicoosdesenvolvidosemcaráteracessóriooucorrelatoàprestaçãodos

serviços,capazesdegerarbenefíciossociais,ambientaisoueconômicosadicio-

nais,dentreeles:

• ofornecimentodeáguabrutaparaoutrosusosnãosujeitosàregula-

çãodotitular,comprovadoonão-prejuízoaosserviçospúblicosde

abastecimentodeágua;

• oaproveitamentodeáguadereuso;

• o aproveitamentodo lodo resultante de tratamentode águaou de

esgotosanitário;

• oaproveitamentodosmateriaisintegrantesdosresíduossólidospor

meiodereusooureciclagem;

• oaproveitamentodeenergiadequalquerfontepotencialvinculada

aosserviços,inclusivedobiogásresultantedetratamentodeesgoto

sanitáriooudetratamentooudisposiçãofinalderesíduossólidos.

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24 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Sãoidentificadascomolocalidadesdepequenoporteasvilas,aglomera-

dosrurais,povoados,núcleos,lugarejosealdeias,assimdefinidospeloInstituto

BrasileirodeGeografiaeEstatística–IBGE.

A comunicação dirigida a usuário determinado, inclusive por meio de

mensagememdocumentodecobrançapelaprestaçãodos serviçosédefinida

comoaviso.Aqueladirigidaausuárioseaoregulador,inclusivepormeiodevei-

culaçãoemmídiaimpressaoueletrônicaéconsideradacomocomunicação,ea

correspondênciaespecíficadirigidaaousuáriodeserviçodesaneamentobásico

comobjetivodecomunicarainterrupçãodoabastecimentodeáguaéintitulada

notificação.

2.2 Abrangência

ALeiNacionaldeSaneamentoBásico–LNSB,Leino11.445/2007,esta-

beleceasdiretrizesnacionaisparaosaneamentobásicoeparasuapolíticafede-

ral.Aleiemquestãofoisancionadanodia5dejaneirode2007ecomeçouater

vigênciaapartirdodia22defevereirodomesmoano.

Noâmbitodeaplicaçãodalei,considera-sesaneamentobásicooconjunto

deserviços,infraestruturaseinstalaçõesoperacionaisde:

• abastecimentodeáguapotável:constituídopelasatividades,infraes-

truturaseinstalaçõesnecessáriasaoabastecimentopúblicodeágua

potável,desdeacapaçãoatéasligaçõesprediaiserespectivosins-

trumentosdemedição;

• esgotamento sanitário:constituídopelasatividades, infraestruturas

einstalaçõesoperacionaisdecoleta,transporte,tratamentoedispo-

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25Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

siçãofinaladequadosdosesgotossanitários,desdeasligaçõespre-

diaisatéoseulançamentofinalnomeioambiente;

• limpezaurbanaemanejoderesíduossólidos:conjuntodeatividades,

infraestruturaseinstalaçõesoperacionaisdecoleta,transporte,trans-

bordo,tratamentoedestinofinaldolixodomésticoedolixooriginário

davarriçãoelimpezadelogradouroseviaspúblicas;

• drenagememanejodaságuaspluviaisurbanas:conjuntodeativida-

des,infraestruturaseinstalaçõesoperacionaisdedrenagemurbana

deáguaspluviais,detransporte,detençãoouretençãoparaoamorte-

cimentodevazõesdecheias,tratamentoedisposiçãofinaldaságuas

pluviaisdrenadasnasáreasurbanas.

Consideram-se serviços públicos de abastecimento de água os serviços

constituídosporumaoumaisdeumadasseguintesatividades:

• captação;

• aduçãodeáguabruta;

• tratamentodeágua;

• aduçãodeáguatratada;

• reservação;

• distribuiçãodeágua,inclusiveligaçãopredialemedição.

Sãoosserviçospúblicosdeesgotamentosanitárioaquelesconstituídospor

umaoumaisdeumadasseguintesatividades:

• coleta,inclusiveligaçãopredial;

• transporte;

• tratamento;

• disposiçãofinaldeesgotossanitários,inclusivedoslodosoriginários

daoperaçãodeunidadesdetratamentoedefossassépticas.

Sãodefinidos,segundoalei,osserviçospúblicosdemanejoderesíduos

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26 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

sólidosacoletaetransbordootransporte,atriagemparafinsdereutilizaçãoou

reciclagem,o tratamento, inclusiveporcompostagemeadisposiçãofinaldos

resíduosdomésticosedosoriginários:

• deoutrasatividadescomcaracterísticasdequantidadeequalidade

similaresaosresíduosdomésticos;

• davarriçãoelimpezadelogradouroseviaspúblicas;

• deoutrasatividadesquevenhamaserconsideradasresíduossólidos

urbanospornormasdotitular.

Consideram-setambémserviçosdemanejoderesíduossólidos:

• Osserviçosdevarrição,capina,roçada,podaeatividadescorrelatas

emviaselogradourospúblicos;

• Outrosserviçosconstituídosporatividadespertinentesàlimpezapú-

blicaurbana,dentreeles:

a) oasseiodetúneis,escadarias,monumentos,abrigosesanitários

públicos;

b)araspagemearemoçãodeterra,areiaequaisquermateriaisde-

positadospelaságuaspluviaisemlogradourospúblicos;

c) adesobstruçãoelimpezadebueiros,bocas-de-loboecorrelatos;

d)alimpezadelogradourospúblicosondeserealizemfeiraspúbli-

caseoutroseventosdeacessoabertoaopúblico.

Deacordocomostermosdenormalegalderegulação,osresíduosorigi-

náriosdedeterminadasatividadescomerciais,industriaisedeserviçospodem

serconsideradosresíduossólidosurbanos.

Osserviçospúblicosdemanejodaságuaspluviaisurbanassãoosconsti-

tuídosporumaoumaisdeumadasseguintesatividades:

• drenagemurbana;

• transporte;

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27Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• detençãoouretençãoparaoamortecimentodevazõesdecheias;e

• tratamentoedisposiçãofinal.

2.3 Princípios

Nostermosdaleivigenteosserviçospúblicosdesaneamentobásicopos-

suemnaturezaessencialedevemserprestadoscombasenosseguintesprincí-

piosfundamentais:

• universalizaçãodoacesso;

• integralidade,compreendidacomooconjuntode todasasativida-

desecomponentesdecadaumdosdiversosserviçosdesaneamento

básico,propiciandoàpopulaçãooacessonaconformidadedesuas

necessidadesemaximizandoaeficáciadasaçõesedosresultados;

• abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e

manejodosresíduossólidosrealizadosdeformasadequadasàsaúde

públicaeàproteçãodomeioambiente;

• disponibilidade,emtodasasáreasurbanas,deserviçosdedrenagem

edemanejodaságuaspluviaisadequadosàsaúdepúblicaeàsegu-

rançadavidaedopatrimôniopúblicoeprivado;

• adoçãodemétodos,técnicaseprocessosqueconsideremaspeculia-

ridadeslocaiseregionais;

• articulaçãocomaspolíticasdedesenvolvimentourbanoeregional,

dehabitação,decombateàpobrezaedesuaerradicação,deprote-

çãoambiental,depromoçãodasaúdeeoutrasderelevanteinteresse

socialvoltadasparaamelhoriadaqualidadedevida,paraasquaiso

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28 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

saneamentobásicosejafatordeterminante;

• eficiênciaesustentabilidadeeconômica;

• utilizaçãodetecnologiasapropriadas,considerandoacapacidadede

pagamentodosusuárioseaadoçãodesoluçõesgraduaiseprogres-

sivas;

• transparênciadasações,baseadaemsistemasdeinformaçõesepro-

cessosdecisóriosinstitucionalizados;

• controlesocial;

• segurança,qualidadeeregularidade;

• integraçãodasinfraestruturaseserviçoscomagestãoeficientedos

recursoshídricos.

2.4 Exercício da Titularidade

TodososMunicípiosquenãoestãoinseridosemregiõesmetropolitanas

sãooslegítimostitularesdosserviçosdesaneamento.Adefiniçãodatitularidade

dosMunicípiospertencentesàsregiõesmetropolitanasdependededecisãodo

SupremoTribunalFederalqueanalisaduasADIN(AçãoDiretadeInconstitu-

cionalidade).

Segundoaleivigente,oscontratoseosconvêniosfirmadosatéadatadere-

ferência13/2/1995ecomvencimentoapós31/12/2008NÃOpodemserPROR-

ROGADOSeaquelescujovencimentoestejacompreendidoentre22/2/2007e

31/12/2008PODEMserPRORROGADOSaté30/6/2009.

Oscasosdeinexistênciadecontratosouconvênios,deinstrumentospor

prazoindeterminadoounulo,bemcomocomprazodevigênciaexpiradoantes

de22/2/2007eoutrasformasdeprestaçãoprecáriaaprestaçãodeserviçosna

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29Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

situaçãoatualépermitidaaté31/12/2010.

Os contratos de concessão firmados entre 14/2/1995 e 06/4/2005

e os contratos de programa assinados a partir de 7/4/2005 deverão obe-

decer às datas de vencimento estipuladas nos respectivos instrumen-

tos, e a prorrogação da vigência depende do atendimento dos requisitos

doart.11,caputeincisos,daLeino11.445/2007.

Oartigo9o,daLNSB,estabelecequeotitulardosserviçosdevaformular

arespectivapolíticapúblicadesaneamentobásico,devendo,paratanto:

• elaborarosplanosdesaneamentobásico,nostermosdaLei;

• prestardiretamenteouautorizaradelegaçãodosserviçosedefinir

oenteresponsávelpelasuaregulaçãoefiscalização,bemcomoos

procedimentosdesuaatuação;

• adotarparâmetrosparaagarantiadoatendimentoessencialàsaúde

pública,inclusivequantoaovolumemínimoper capitadeáguapara

abastecimentopúblicoobservadoasnormasnacionaisrelativasàpo-

tabilidadedaágua;

• fixarosdireitoseosdeveresdosusuários;

• estabelecermecanismosdecontrolesocial;

• estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado

comoSistemaNacionaldeInformaçõesemSaneamento;

• intervireretomaraoperaçãodosserviçosdelegados,porindicação

daentidadereguladora,noscasosecondiçõesprevistosemleienos

documentoscontratuais.

ÉdefundamentalimportânciaqueoGestorPúblicoatenteparaaimpor-

tânciadoartigo9odaLeino11.445/2007,queestabelecearesponsabilidadepela

formulaçãodapolíticadesaneamentoaoseutitular,portanto,talresponsabili-

dadeéindelegável.

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30 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

DuranteavigênciadoPlanoNacionaldeSaneamento–Planasa,criado

noiníciodadécadade1970,oBNHcentralizavaegeriaosrecursosdoSistema

FinanceirodoSaneamento–SFS,elaboravasuasnormas,coordenavasuaope-

ração,aprovavaosprogramasestaduaisdeinvestimentos,analisavaosestudos

deviabilidadetécnica,estudostarifáriosefiscalizavaasCompanhiasEstaduais

deSaneamento.

Entendia-se como saneamento básico, os sistemas de abastecimento de

águaeesgotossanitários.AsCompanhiasEstaduaisforamcriadasparaviabili-

zarasobrasdesaneamentonosgrandescentrosurbanos,principalmente,asca-

pitaisbrasileiras,emfunçãodovertiginosocrescimentopopulacionalemtorno

dessesaglomeradosurbanos.Cercade80%dapopulaçãojávivianascidades.

Nomodelodegestãoentãovigente,osMunicípiosondeosgestoresmuni-

cipaissemostravamincompetentesparagerirosetordesaneamentoconcediam

osserviçosàsCompanhiasEstaduais.ComoosMunicípiosdepequenoemédio

porteapresentavamcaracterísticasdeboaoperação(custosoperacionaisreduzi-

dos)eexigiambaixosinvestimentospassaramaserverdadeirossustentáculos

dasrecém-criadasCompanhias.NesseperíodoosMunicípios,alémdeperderem

aadministraçãodeseussistemasdesaneamento,eramobrigadosacustearalgu-

masobrasdeexpansão,quenãointeressavamàsEstaduais.

ComafalênciadoPlanasa,quenãoconseguiucumprirosseusobjetivos,

eaextinçãodoBNH,emmeadosdosanos1980,criou-seumvazioinstitucional

ocupadopelasCompanhiasEstaduaisquepassaramaplanejar,regulareoperar

ossistemasdesaneamentotrazendo,comoconsequência,algumasdisputasjudi-

ciaisdegrandeproporção,entreasprefeituraseasCompanhiasEstaduais.

Essasituaçãoestábemdefinidanoartigo10queestabelece

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31Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Aprestação de serviços públicos de saneamento básico por en-tidade que não integre a administração do titular depende dacelebração de contrato, sendo vedada a sua disciplinamedianteconvênios,termosdeparceriaououtrosinstrumentosdenaturezaprecária.

Deacordocomoartigo11,oscontratosquetenhamporobjetoaprestação

deserviçospúblicosdesaneamentobásicosãoválidosdesdequesecomprove:

• aexistênciadeplanodesaneamentobásico;

• aexistênciadeestudocomprovandoaviabilidadetécnicaeeconô-

mico-financeiradaprestaçãouniversaleintegraldosserviços,nos

termosdorespectivoplanodesaneamentobásico;

• aexistênciadenormasderegulaçãoqueprevejamosmeiosparao

cumprimentodasdiretrizesdaLeino11.445/2007,incluindoadesig-

naçãodaentidadederegulaçãoedefiscalização;

• arealizaçãopréviadeaudiênciaedeconsultapúblicasobreoedital

delicitação,nocasodeconcessãoesobreaminutadocontrato.

Ademais,osplanosde investimentoseosprojetos relativosaocontrato

deverão ser compatíveis como respectivoplanode saneamentobásico e nos

casosdeserviçosprestados,mediantecontratosdeconcessãooudeprograma,

deverãoprever:

• aautorizaçãoparaacontrataçãodosserviços,indicandoosrespecti-

vosprazoseaáreaaseratendida;

• ainclusão,nocontrato,dasmetasprogressivasegraduaisdeexpan-

sãodos serviços, dequalidade, de eficiência e deuso racional da

água,daenergiaedeoutrosrecursosnaturais,emconformidadecom

osserviçosaseremprestados;

• asprioridadesdeação,compatíveiscomasmetasestabelecidas;

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32 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• ascondiçõesdesustentabilidadeeequilíbrioeconômico-financeiro

daprestaçãodosserviços,emregimedeeficiência,incluindo:

• osistemadecobrançaeacomposiçãodetaxasetarifas;

• asistemáticadereajustesederevisõesdetaxasetarifas;

• apolíticadesubsídios;

• mecanismosdecontrolesocialnasatividadesdeplanejamento,re-

gulaçãoefiscalizaçãodosserviços;

• ashipótesesdeintervençãoederetomadadosserviços.

Oparágrafo3odoartigo11defineque

Oscontratosnãopoderãocontercláusulasqueprejudiquemasati-vidadesderegulaçãoedefiscalizaçãoouoacessoàsinformaçõessobreosserviçoscontratados.

Nosserviçospúblicosdesaneamentobásicoemquemaisdeumpresta-

dor execute atividade interdependente comoutra, a relação entre elas deverá

serreguladaporcontratoehaveráentidadeúnicaencarregadadasfunçõesde

regulaçãoedefiscalização.

Aentidadederegulaçãodefinirá,pelomenos:

• asnormastécnicasrelativasàqualidade,àquantidadeeàregulari-

dadedosserviçosprestadosaosusuárioseentreosdiferentespres-

tadoresenvolvidos;

• asnormaseconômicasefinanceirasrelativasàstarifas,aossubsídios

eaospagamentosporserviçosprestadosaosusuárioseentreosdi-

ferentesprestadoresenvolvidos;

• agarantiadepagamentode serviçosprestados entreosdiferentes

prestadoresdosserviços;

• osmecanismosdepagamentodediferençasrelativasa inadimple-

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33Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

mentodosusuários,perdascomerciaisefísicaseoutroscréditosde-

vidos,quandoforocaso;

• osistemacontábilespecíficoparaosprestadoresqueatuememmais

deumMunicípio.

Ocontratoasercelebradoentreosprestadoresdeserviçosdeveráconter

cláusulasqueestabeleçampelomenos:

• asatividadesouinsumoscontratados;

• ascondiçõeseasgarantiasrecíprocasdefornecimentoedeaces-

soàsatividadesouinsumos;

• oprazodevigência,compatívelcomasnecessidadesdeamorti-

zaçãodeinvestimentos,eashipótesesdesuaprorrogação;

• osprocedimentosparaaimplantação,ampliação,melhoriaeges-

tãooperacionaldasatividades;

• asregrasparaafixação,oreajusteearevisãodastaxas,tarifase

outrospreçospúblicosaplicáveisaocontrato;

• ascondiçõeseasgarantiasdepagamento;

• osdireitosedeveressub-rogadosouosqueautorizamasub-ro-

gação;

• as hipóteses de extinção, inadmitida a alteração e a rescisão

administrativasunilaterais;

• aspenalidadesaqueestãosujeitasaspartesemcasodeinadim-

plemento;

• adesignaçãodoórgãoouentidaderesponsávelpelaregulaçãoe

fiscalizaçãodasatividadesouinsumoscontratados.

Noartigo13tem-se:

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34 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Os entes da Federação, isoladamente ou reunidos em consórciospúblicos, poderão instituir fundos, aosquais poderão ser destina-das,entreoutrosrecursos,parcelasdasreceitasdosserviços,comafinalidadedecustear,naconformidadedodispostonosrespectivosplanosdesaneamentobásico,auniversalizaçãodosserviçospúbli-cosdesaneamentobásico.

Noparágrafoúnicoacrescenta-se:

Osrecursosdosfundosaqueserefereocaputdesteartigopode-rãoserutilizadoscomofontesougarantiasemoperaçõesdecréditoparafinanciamentodosinvestimentosnecessáriosàuniversalizaçãodosserviçospúblicosdesaneamentobásico.

Aprestaçãodeserviçospúblicosdesaneamentobásicoobservaráplano,

quepoderáserespecíficoparacadaserviço,oqualabrangerá,nomínimo:

• diagnósticodasituaçãoedeseusimpactosnascondiçõesdevida,

utilizandosistemade indicadoressanitários,epidemiológicos,am-

bientaisesocioeconômicoseapontandoascausasdasdeficiências

detectadas;

• objetivosemetasdecurto,médioe longoprazosparaauniversa-

lização, admitidas soluçõesgraduais e progressivas, observando a

compatibilidadecomosdemaisplanossetoriais;

• programas,projetoseaçõesnecessáriasparaatingirosobjetivose

asmetas,demodocompatívelcomosrespectivosplanosplurianuais

ecomoutrosplanosgovernamentaiscorrelatos,identificandopossí-

veisfontesdefinanciamento;

• açõesparaemergênciasecontingências;

• mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da

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35Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

eficiênciaeeficáciadasaçõesprogramadas.

Acrescente-seoseguinte:

• osplanosdesaneamentobásicodeverãosereditadospelostitulares,

podendoserelaboradoscombaseemestudosfornecidospelospres-

tadoresdecadaserviço;

• aconsolidaçãoeacompatibilizaçãodosplanosespecíficosdecada

serviçoserãoefetuadaspelosrespectivostitulares;

• osplanosdesaneamentobásicodeverãosercompatíveiscomospla-

nosdasbaciashidrográficasemqueestivereminseridos;

• osplanosdesaneamentobásicoserãorevistosperiodicamente,em

prazonãosuperiora4(quatro)anos,anteriormenteàelaboraçãodo

PlanoPlurianual;

• seráasseguradaampladivulgaçãodaspropostasdosplanosdesane-

amentobásicoedosestudosqueasfundamentem,inclusivecoma

realizaçãodeaudiênciasouconsultaspúblicas;

• adelegaçãodeserviçodesaneamentobásiconãodispensaocumpri-

mentopeloprestadordorespectivoplanodesaneamentobásicoem

vigoràépocadadelegação;

• quandoenvolveremserviçosregionalizados,osplanosdesaneamen-

tobásicodevemsereditadosemconformidadecomoestabelecido

noart.14daLeiemquestão;

• excetoquandoregional,oplanodesaneamentobásicodeveráenglo-

barintegralmenteoterritóriodoentedaFederaçãoqueoelaborou.

• incumbeàentidadereguladoraefiscalizadoradosserviçosaverifi-

caçãodocumprimentodosplanosdesaneamentoporpartedospres-

tadoresdeserviços,naformadasdisposiçõeslegais,regulamentares

econtratuais.

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36 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

2.5 Regulação

Oexercíciodafunçãoderegulaçãodeveráatenderoseguinte:

• independênciadecisória,incluindoautonomiaadministrativa,orça-

mentáriaefinanceiradaentidadereguladora;

• transparência,tecnicidade,celeridadeeobjetividadedasdecisões.

Sãoobjetivosdaregulação:

• estabelecerpadrõesenormasparaaadequadaprestaçãodosserviços

eparaasatisfaçãodosusuários;

• garantirocumprimentodascondiçõesemetasestabelecidas;

• prevenirereprimiroabusodopodereconômico,ressalvadaacom-

petência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da

concorrência;

• definirtarifasqueasseguremtantooequilíbrioeconômicoefinan-

ceirodoscontratoscomoamodicidadetarifária,mediantemecanis-

mosqueinduzamaeficiênciaeaeficáciadosserviçosequepermi-

tamaapropriaçãosocialdosganhosdeprodutividade.

Aentidadereguladoraeditaránormasrelativasàsdimensõestécnica,eco-

nômicaesocialdeprestaçãodosserviços,queabrangerão,pelomenos,osse-

guintesaspectos:

• padrõeseindicadoresdequalidadedaprestaçãodosserviços;

• requisitosoperacionaisedemanutençãodossistemas;

• asmetasprogressivasdeexpansãoedequalidadedosserviçoseos

respectivosprazos;

• regime,estruturaeníveistarifários,bemcomoosprocedimentose

prazosdesuafixação,reajusteerevisão;

• medição,faturamentoecobrançadeserviços;

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37Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• monitoramentodoscustos;

• avaliaçãodaeficiênciaeeficáciadosserviçosprestados;

• planodecontasemecanismosdeinformação,auditoriaecertifica-

ção;

• subsídiostarifáriosenãotarifários;

• padrõesdeatendimentoaopúblicoemecanismosdeparticipaçãoe

informação;

• medidasdecontingênciasedeemergências,inclusiveracionamento;

Complementarmenteéimportanteobservaroseguinte:

• aregulaçãodeserviçospúblicosdesaneamentobásicopoderáser

delegadapelostitularesaqualquerentidadereguladoraconstituída

dentrodoslimitesdorespectivoEstado,explicitando,noatodede-

legaçãodaregulação,aformadeatuaçãoeaabrangênciadasativi-

dadesaseremdesempenhadaspelaspartesenvolvidas;

• asnormasderegulaçãodeverãofixarprazoparaosprestadoresde

serviços comunicarem aos usuários as providências adotadas em

facedequeixasoudereclamaçõesrelativasaosserviços;

• asentidadesfiscalizadorasdeverãoreceberesemanifestarconclu-

sivamentesobreasreclamaçõesque,ajuízodointeressado,nãote-

nhamsidosuficientementeatendidaspelosprestadoresdosserviços;

• emcasodegestãoassociadaouprestaçãoregionalizadadosserviços,

ostitularespoderãoadotarosmesmoscritérioseconômicos,sociais

etécnicosdaregulaçãoemtodaaáreadeabrangênciadaassociação

oudaprestação;

• osprestadoresdeserviçospúblicosdesaneamentobásicodeverão

forneceràentidadereguladoratodososdadoseinformaçõesneces-

sáriasparaodesempenhodesuasatividades,naformadasnormas

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38 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

legais,regulamentaresecontratuais;

• compreendem-senasatividadesderegulaçãodosserviçosdesanea-

mentobásicoainterpretaçãoeafixaçãodecritériosparaafielexe-

cuçãodoscontratos,dosserviçoseparaacorretaadministraçãode

subsídios;

• deveráserasseguradapublicidadeaosrelatórios,estudos,decisões

einstrumentosequivalentesqueserefiramàregulaçãoouàfiscali-

zaçãodosserviços,bemcomoaosdireitosedeveresdosusuáriose

prestadores,aelespodendoteracessoqualquerdopovo,indepen-

dentementedaexistênciadeinteressedireto.

Noartigo27assegura-se:

aosusuáriosdeserviçospúblicosdesaneamentobásico,naformadasnormaslegais,regulamentaresecontratuais:I–Amploacessoainformaçõessobreosserviçosprestados;II–Prévioconhecimentodosseusdireitosedeveresedaspenali-dadesaquepodemestarsujeitos;III–Acessoamanualdeprestaçãodoserviçoedeatendimentoao usuário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectivaentidadederegulação;IV–Acessoarelatórioperiódicosobreaqualidadedaprestaçãodosserviços.

2.6 Aspectos econômicos e sociais

Sobopontodevistadosaspectoseconômicosesociais,osserviçospú-

blicosdesaneamentobásicodeverãotersustentabilidadeeconômico-financeira

assegurada,semprequepossível,medianteremuneraçãopelacobrançadosser-

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39Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

viços,preferencialmentenaformadetarifaseoutrospreçospúblicosparaabas-

tecimentodeáguaeesgotamentosanitário.

Paraosserviçosdelimpezaurbanaemanejoderesíduossólidosurbanos,a

sustentabilidadedevesergarantidaportaxasoutarifaseoutrospreçospúblicos,

emconformidadecomoregimedeprestaçãodoserviçooudesuasatividades.

Paraomanejodeáguaspluviaisurbanas:naformadetributos,inclusivetaxas,

emconformidadecomoregimedeprestaçãodoserviçooudesuasatividades.

Ainstituiçãodetarifas,preçospúblicosetaxasparaosserviçosdesanea-

mentobásicoobservaráasseguintesdiretrizes:

• prioridadeparaatendimentodas funçõesessenciais relacionadasà

saúdepública;

• ampliaçãodoacessodoscidadãoselocalidadesdebaixarendaaos

serviços;

• geraçãodosrecursosnecessáriospararealizaçãodosinvestimentos,

objetivandoocumprimentodasmetaseobjetivosdoserviço;

• inibiçãodoconsumosupérfluoedodesperdícioderecursos;

• recuperaçãodoscustosincorridosnaprestaçãodoserviço,emregi-

medeeficiência;

• remuneração adequada do capital investido pelos prestadores dos

serviços;

• estímuloaousodetecnologiasmodernaseeficientes,compatíveis

comosníveisexigidosdequalidade,continuidadeesegurançana

prestaçãodosserviços;

• incentivoàeficiênciadosprestadoresdosserviços.

Os reajustesde tarifasdeserviçospúblicosdesaneamentobásicoestão

previstosnoartigo37,emquesedeterminaquesejamrealizadosno interva-

lo mínimo de 12 meses.As revisões tarifárias (artigo 38) compreenderão a

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40 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

reavaliaçãodascondiçõesdaprestaçãodosserviçosedas tarifaspraticadase

poderãoser:

• periódicas,objetivandoadistribuiçãodosganhosdeprodutividade

comosusuárioseareavaliaçãodascondiçõesdemercado;

• extraordinárias,quandoseverificaraocorrênciade fatosnãopre-

vistosnocontrato,foradocontroledoprestadordosserviços,que

alteremoseuequilíbrioeconômico-financeiro.

Astaxasoutarifasdecorrentesdaprestaçãodeserviçopúblicodelimpeza

urbanaedemanejoderesíduossólidosurbanosdevemlevaremcontaaadequa-

dadestinaçãodosresíduoscoletadosepoderãoconsiderar:

• onívelderendadapopulaçãodaáreaatendida;

• ascaracterísticasdoslotesurbanoseasáreasquepodemserneles

edificadas;

• opesoouovolumemédiocoletadoporhabitanteoupordomicílio.

Acobrançapelaprestaçãodoserviçopúblicodedrenagememanejode

águaspluviaisurbanasdevelevaremconta,emcadaloteurbano,osporcentuais

de impermeabilização e a existência de dispositivos de amortecimento ou de

retençãodeáguadechuva,bemcomopoderáconsiderar:

• onívelderendadapopulaçãodaáreaatendida;

• ascaracterísticasdoslotesurbanoseasáreasquepodemserneles

edificadas.

Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes

hipóteses:

• situaçõesdeemergênciaqueatinjamasegurançadepessoasebens;

• necessidadedeefetuarreparos,modificaçõesoumelhoriasdequal-

quernaturezanossistemas;

• negativadousuárioempermitirainstalaçãodedispositivodeleitura

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41Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

deáguaconsumida,apóstersidopreviamentenotificadoarespeito;

• manipulaçãoindevidadequalquertubulação,medidorououtrains-

talaçãodoprestador,porpartedousuário;e

• inadimplementodousuáriodoserviçodeabastecimentodeágua,do

pagamentodastarifas,apóstersidoformalmentenotificado.

Asuspensãodosserviços,previstanaLeino11.445/2007,deveráserpre-

cedidadeprévioavisoaousuário,não inferiora30 (trinta)diasdadatapre-

vistaparaa suspensão.A interrupçãooua restriçãodo fornecimentodeágua

porinadimplênciaaestabelecimentosdesaúde,ainstituiçõeseducacionaisede

internaçãocoletivadepessoaseausuárioresidencialdebaixarendabeneficiário

de tarifasocialdeveráobedeceraprazosecritériosquepreservemcondições

mínimasdemanutençãodasaúdedaspessoasatingidas.

2.7 Aspectos técnicos

Aprestaçãodosserviçosatenderáarequisitosmínimosdequalidade,in-

cluindoaregularidade,acontinuidadeeaquelesrelativosaosprodutosofereci-

dos,aoatendimentodosusuárioseàscondiçõesoperacionaisedemanutenção

dossistemas,deacordocomasnormasregulamentaresecontratuais.

Ressalvadasasdisposiçõesemcontrário,dasnormasdo titular,daenti-

dadederegulaçãoedemeioambiente,todaedificaçãopermanenteurbanaserá

conectadaàsredespúblicasdeabastecimentodeáguaedeesgotamentosanitário

disponíveisesujeitandoousuárioaopagamentodastarifasedeoutrospreços

públicosdecorrentesdaconexãoedousodessesserviços.

Naausênciaderedespúblicasdesaneamentobásico,serãoadmitidasso-

luçõesindividuaisdeabastecimentodeáguaedeafastamentoedestinaçãofinal

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42 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

dosesgotossanitários,observadasasnormaseditadaspelaentidadereguladora

e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e de recursos

hídricos.Ainstalaçãohidráulicapredialligadaàredepúblicadeabastecimento

deáguanãopoderásertambémalimentadaporoutrasfontes,conformeestabe-

lecidono§2odoartigo45daLeino11.445/2007.

2.8 Controle social

Ocontrolesocialdosserviçospúblicosdesaneamentobásicopoderáin-

cluir a participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, estaduais, do

DistritoFederalemunicipais,asseguradaarepresentação:

• dostitularesdosserviços;

• deórgãosgovernamentaisrelacionadosaosetordesaneamentobá-

sico;

• dosprestadoresdeserviçospúblicosdesaneamentobásico;

• dosusuáriosdeserviçosdesaneamentobásico;

• deentidadestécnicas,organizaçõesdasociedadecivilededefesado

consumidorrelacionadasaosetordesaneamentobásico.

2.9 Política Federal de Saneamento Básico – Plansab

OPlanoNacionaldeSaneamento–Plansabéuminstrumentofundamental

deimplementaçãodaPolíticaFederaldeSaneamentoBásicoexpressanasdire-

trizesenosinstrumentosdaLei11.445/2007,queconsideraaspectosrelevantes

datransversalidadeeinterdependênciacomasquestõesrelativasaodesenvolvi-

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43Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

mentourbanoe,também,comaspolíticapúblicasdesaúde,recursoshídricos,

mobilidadeetransporteurbano,habitaçãoemeioambienteparaamelhoriada

salubridadeambientaledaqualidadedevida.

Oartigo48indicaasdiretrizesdessapolíticaemtornodosseguintespontos:

• prioridadeparaasaçõesquepromovamaequidadesocialeterrito-

rialnoacessoaosaneamentobásico;

• aplicaçãodosrecursosfinanceirosporelaadministradosdemodoque

promovaaodesenvolvimentosustentável,aeficiênciaeaeficácia;

• estímuloaoestabelecimentodeadequadaregulaçãodosserviços;

• utilizaçãodeindicadoresepidemiológicosededesenvolvimentoso-

cialnoplanejamento,implementaçãoeavaliaçãodassuasaçõesde

saneamentobásico;

• melhoriadaqualidadedevidaedascondiçõesambientaisedesaúde

pública;

• colaboraçãoparaodesenvolvimentourbanoeregional;

• garantiademeiosadequadosparaoatendimentodapopulaçãoru-

raldispersa,inclusivemedianteautilizaçãodesoluçõescompatíveis

comsuascaracterísticaseconômicasesociaispeculiares;

• fomentoaodesenvolvimentocientíficoe tecnológico,àadoçãode

tecnologiasapropriadaseàdifusãodosconhecimentosgerados;

• adoçãode critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levan-

doemconsideraçãofatorescomonívelderendaecobertura,grau

deurbanização,concentraçãopopulacional,disponibilidadehídrica,

riscossanitários,epidemiológicoseambientais;

• adoçãodabaciahidrográficacomounidadedereferênciaparaopla-

nejamentodesuasações;

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44 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a

Municípios,mediantemecanismosdecooperaçãoentreentesfede-

rados.

Oartigo49defineosobjetivosdaPolíticaFederaldeSaneamentoBásico

relacionadosaosseguintesaspectos:

• contribuirparaodesenvolvimentonacional,areduçãodasdesigual-

dadesregionais,ageraçãodeempregoederendaeainclusãosocial;

• priorizar planos, programas e projetosquevisemà implantação e

ampliaçãodosserviçoseaçõesdesaneamentobásiconasáreasocu-

padasporpopulaçõesdebaixarenda;

• proporcionarcondiçõesadequadasdesalubridadeambientalaospo-

vosindígenaseoutraspopulaçõestradicionais,comsoluçõescom-

patíveiscomsuascaracterísticassocioculturais;

• oferecercondiçõesadequadasdesalubridadeambientalàspopula-

çõesruraisedepequenosnúcleosurbanosisolados;

• assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados

peloPoderPúblicosegundocritériosdepromoçãodasalubridade

ambiental, demaximizaçãoda relaçãobenefício-custo edemaior

retornosocial;

• incentivaradoçãodemecanismosdeplanejamento,regulaçãoefis-

calizaçãodaprestaçãodosserviçosdesaneamentobásico;

• promoveralternativasdegestãoqueviabilizemaautossustentação

econômicaefinanceiradosserviçosdesaneamentobásico,comên-

fasenacooperaçãofederativa;

• promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico,

estabelecendomeiosparaaunidadeearticulaçãodasaçõesdosdife-

rentesagentes,bemcomododesenvolvimentodesuaorganização,

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45Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos,

contempladasasespecificidadeslocais;

• fomentarodesenvolvimentocientíficoe tecnológico, a adoçãode

tecnologiasapropriadaseadifusãodosconhecimentosgeradosde

interesseparaosaneamentobásico;

• minimizarosimpactosambientaisrelacionadosàimplantaçãoede-

senvolvimentodasações,obraseserviçosdesaneamentobásicoe

assegurarquesejamexecutadasdeacordocomasnormasrelativas

àproteçãodomeioambiente,aousoeocupaçãodosoloeàsaúde.

A alocação de recursos públicos federais e os financiamentos com re-

cursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entida-

des da União serão feitos em conformidade com as diretrizes e os objetivos

estabelecidos nos arts. 48 e 49 da Lei Nacional de Saneamento Básico e com

os planos de saneamento básico e condicionados:

• aoalcancedeíndicesmínimosdedesempenhodoprestadornages-

tãotécnica,econômicaefinanceiradosserviços,bemcomo,naefi-

ciênciaeeficáciadosserviços,aolongodavidaútildoempreendi-

mento;

• àadequadaoperaçãoemanutençãodosempreendimentosanterior-

mentefinanciados.

• Oartigo52defineoconteúdo,aabrangênciaeosobjetivosdoPlan-

sab,quedeveráconter:

• osobjetivoseasmetasnacionaiseregionalizadas,decurto,médioe

longoprazos,paraauniversalizaçãodosserviçosdesaneamentobá-

sicoeoalcancedeníveiscrescentesdesaneamentobásiconoterri-

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46 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

tórionacional,observandoacompatibilidadecomosdemaisplanos

epolíticaspúblicasdaUnião;

• asdiretrizeseasorientaçõesparaoequacionamentodoscondicio-

nantesdenaturezapolíticoinstitucional,legalejurídica,econômico-

financeira, administrativa, cultural e tecnológica com impacto na

consecuçãodasmetaseobjetivosestabelecidos;

• aproposiçãodeprogramas,projetoseaçõesnecessáriosparaatingir

osobjetivoseasmetasdaPolíticaFederaldeSaneamentoBásico,

comidentificaçãodasrespectivasfontesdefinanciamento;

• asdiretrizesparaoplanejamentodasaçõesdesaneamentobásicoem

áreasdeespecialinteresseturístico;

• osprocedimentosparaaavaliaçãosistemáticadaeficiênciaeeficá-

ciadasaçõesexecutadas.

Osplanosdevemserelaboradoscomhorizontede20(vinte)anos,avalia-

dosanualmenteerevisadosacada4(quatro)anos,preferencialmenteemperío-

doscoincidentescomosdevigênciadosplanosplurianuais.

Oartigo53instituioSistemaNacionaldeInformaçõesemSaneamento

Básico–Sinisa,comosseguintesobjetivos:

• coletaresistematizardadosrelativosàscondiçõesdaprestaçãodos

serviçospúblicosdesaneamentobásico;

• disponibilizarestatísticas,indicadoreseoutrasinformaçõesrelevan-

tesparaacaracterizaçãodademandaedaofertadeserviçospúblicos

desaneamentobásico;

• permitirefacilitaromonitoramentoeaavaliaçãodaeficiênciaeda

eficáciadaprestaçãodosserviçosdesaneamentobásico.

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47Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

3 Formulação da Política Pública de Saneamento Básico

3.1 Plano Municipal de Saneamento Básico

Deacordocomoartigo9o,daLeino11.445/2007cabeexclusivamente

aotitularaformulaçãodapolíticapúblicadesaneamentobásico,devendo,para

tanto:

• elaborarosplanosdesaneamentobásico,nostermosdaLei;

• prestardiretamenteouautorizaradelegaçãodosserviçosedefinir

oenteresponsávelpelasuaregulaçãoefiscalização,bemcomoos

procedimentosdesuaatuação;

• adotarparâmetrosparaagarantiadoatendimentoessencialàsaúde

pública,inclusivequantoaovolumemínimoper capitadeáguapara

abastecimentopúblicoobservadoasnormasnacionaisrelativasàpo-

tabilidadedaágua;

• fixarosdireitoseosdeveresdosusuários;

• estabelecermecanismosdecontrolesocial;

• estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado

comoSistemaNacionaldeInformaçõesemSaneamento;

• intervireretomaraoperaçãodosserviçosdelegados,porindicação

daentidadereguladora,noscasosecondiçõesprevistosemleienos

documentoscontratuais.

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48 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Noartigo19aLNSBestabelecequeoplanodesaneamentopossaseres-

pecíficoparacadaserviço,abrangendo,nomínimo,oseguinte:

• diagnósticodasituaçãoedeseusimpactosnascondiçõesdevida,

utilizandosistemade indicadoressanitários,epidemiológicos,am-

bientaisesocioeconômicoseapontandoascausasdasdeficiências

detectadas;

• objetivos emetas de curto,médio e longoprazopara a universa-

lização, admitidas soluçõesgraduais e progressivas, observando a

compatibilidadecomosdemaisplanossetoriais;

• programas, projetos e ações necessárias para atin-

gir os objetivos e as metas, de modo compatível com

os respectivos planos plurianuais e com outros planos

governamentaiscorrelatos, identificandopossíveisfontesdefinan-

ciamento;

• açõesparaemergênciasecontingências;

• mecanismoseprocedimentosparaaavaliaçãosistemáticadaefici-

ênciaeeficáciadasaçõesprogramadas.

Em função dos artigos citados conclui-se que a formulação da política

públicadesaneamentobásicoédeextremaimportâncianãosendoconcebível

aelaboraçãodoplanodesaneamentonosmoldesdeumprojeto.Portanto,dada

aconfiguraçãocomplexadosplanosnãobastaaoMunicípioacontrataçãode

empresasdeconsultoriadeengenharia.Essasempresaspodemedevemsercon-

tratadasapenasparaelaboraçãodeestudosespecíficoscomoapoionafacilitação

dastomadasdedecisão.

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49Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

3.2 Diferença entre plano e projeto

EmboranoBrasiltenhamsidodesenvolvidasváriasexperiênciasempla-

nejamentodeaçõesparasaneamento,valelembrarqueodescasocomoplane-

jamentonasúltimasdécadasnãopodeserentendidocomregra,mascomouma

exceçãoaqualmostraoesvaziamentodasatividadesdosaneamento.

Apráticadoplanejamentoépoucodifundida,commuitocaminhoatrilhar

paraquesetornerotina.Nosúltimos30anostemsidocomumaideiadeelabo-

raçãodeprojetosoquecaracterizaodescompassonacompreensãodosentidodo

planejamento,cujapalavranemsempretemsidoempregadadamelhorforma.

Existegrandeproximidadeentreosconceitosdeplanoeprojetocomam-

bosabordandoaideiadeapontarparaofuturo;entretanto,umadasacepções

paraprojetoestávinculadaàarquitetura,quetemosignificadodeplanogeralde

umaedificação,maisnosentidodedetalhe.Nessecontexto,costuma-seempre-

garotermoplanopensandonoprojetocomosseusdetalhes.

Outraconfusãorotineirasurgequandoseabordaaquestãodospontosdi-

nâmicos envolvidos no planejamento.O cenário ideal para o planejamento é

aqueleemqueasituaçãoatualestátotalmenteequacionadahavendopreocupa-

ção,apenas,emencontrarrespostasparaasnecessidadesedemandasdofuturo.

Assimsendo,oplanejamentodeveabordarnãosóadinâmicadeocupaçãofutu-

ra,comotambémcontemplaroatendimentoàsnecessidadesatuais.

AvelocidadeeascaracterísticasdoprocessodeurbanizaçãonoBrasiltem

representadoumdesafioconstantenaimplementaçãodainfraestruturasanitária,

sendoreduzidasasexperiênciasacumuladas,nosentidodeseutilizarativamente

aofertaadequadaeestratégicadossistemasdesaneamento.

Atarefadedesenvolvimentodeumplanomunicipaldesaneamentoesbar-

raemobstáculosimportantes,intrínsecosdapróprianaturezadoplanejamento,

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50 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

quetemcomoobjetivoocenáriodelongoprazoeanecessidadedesuareava-

liaçãoaolongodotempo,comoseuredirecionamento.Avisãodelongoprazo

extrapolaoperíododeumagestão,tornandoimportantequeessaquestãoseja

incorporadaportodaasociedade.

3.3 Níveis de participação

Asformasdeparticipaçãodasociedadesãomúltiplaseasuadefiniçãoé

revestidadegrandeimportância,oferecendolegitimidadeaoprocesso.Oobjeti-

vodaparticipaçãocidadãéconseguiroenvolvimentodacomunidadenatomada

dedecisõesquevãoestabeleceraconfiguraçãodosserviçosdesaneamentodo

Município.

AexperiênciatemdemonstradoqueosresultadossãoexcelentesnosMu-

nicípiosondeaparticipaçãodasociedadetemocorridoefetivamente,naelabo-

raçãodosplanosmunicipaisdesaneamento,maséimportantealertarqueapar-

ticipaçãodasociedadenãodeveocorrerdemododescontrolado,queconduzaa

umasériedefrustraçõesdesnecessárias.Paratanto,sugere-setrêsmodosbásicos

departicipação,indicadasaseguir.

• direta por meio de apresentações, debates, pesquisas e qualquer

meio que seja utilizado para expressar as opiniões individuais ou

coletivas;

• emfasesdeterminadaspormeiodesugestõesoualegações,apresen-

tadasdeformaescrita;

• porintermédiodegruposdetrabalho.

A capacidade municipal para a elaboração do plano de saneamen-

to será tanto maior quanto mais o Município estiver articulado com os

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51Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

demais Municípios da microrregião e iniciar o seu processo de plane-

jamento a partir da sua vocação regional e da divisão de papéis, entre

outrospontos.

Essa articulação, não sópotencializa a soluçãodeproblemas comuns e

qualifica os resultados, como permite a otimização dos recursos no processo

deelaboraçãodoplano.Oordenamentojurídicobrasileiro,atualmente,permite

aosMunicípios,principalmenteaquelesdepequenoemédioportedeterminadas

soluçõesqueviabilizamaadministraçãoeoperaçãodosserviçosdesaneamento

deformaeconômicaeeficiente.

Oplanejamentofundamentadonaparticipaçãoampladasociedadegaran-

tea legitimidadedoprocesso,garantindoaogestormunicipala tranquilidade

paraadministraçãodosetor,masexigealgunscuidadosparaobtençãodepleno

sucesso,taiscomo:

• visãorenovadoradoPoderPúblicoparaocompartilhamentodopo-

dercomosdiferentessegmentossociais;

• novaorganizaçãodaadministraçãopública,comeficiência,transpa-

rênciaeflexibilidadedeprocedimentos;

• instituiçãodoscanaisdeparticipação,comaimplementaçãodepro-

cessoscontínuos,integradosedescentralizados;

• estabelecimentoderegrasclarasparaaparticipaçãoemtodoopro-

cesso,comfórunsconsultivosedeliberativos,canaispermanentese

temporários,momentosdeaberturaediscussão,bemcomoosmo-

mentosdesistematização;

• firmezaetransparênciadoGrupodeTrabalho,detalsorteaassegurar

quetodostenhamdireitoàvoz,comocondiçãodecredibilidadepara

evoluçãodoprocesso,garantindooafloramentodosinteressesdiver-

gentes,explicitandoosconflitos,construindo-seapartirdaíopacto;

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52 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• produçãodeinformaçõesdarealidadeurbana,emlinguagemsimples

etransparente,permitindoademocratizaçãoaoacessoàinformação.

Oplanejamentodosserviçosdesaneamentotemporfinalidadeavalori-

zação,aproteçãoeagestãoequilibradadosrecursosambientais,assegurando

asuaharmonizaçãocomodesenvolvimentolocalesetorialpormeiodaeco-

nomiadoseuempregoeracionalizaçãodosseususos.Assimsendo,umPlano

deSaneamentodeveprocuraratenderaprincípiosbásicos,osquaisdeverãoser

discutidoseacordadoscomasociedade.

Algunsprincípiosfundamentaissãosugeridosparadiscussão:

• semprequeexistamriscosdeefeitosadversosgravesouirreversíveis

paraoambiente,emgeral,eparaosrecursoshídricosemparticular,

nãodeveráserutilizadooargumentodeexistênciadelacunascien-

tíficasoudeconhecimentosparajustificaroadiamentodasmedidas

eficazesparaevitarasdegradaçõesambientais;

• serásemprepreferíveladotarmedidaspreventivasque impeçama

ocorrênciadeefeitosambientaisadversosouirreversíveisaquere-

correr,maistarde,amedidascorretivasdessesmesmosefeitos;

• apolíticadesaneamento,emgeral,nãodeveserbalizadapelosní-

veismínimosaceitáveisdeproteçãodosrecursos;

• naresoluçãodosproblemasambientais,emgeral,edosrecursoshí-

dricos,emparticular,designadamentenoquedizrespeitoaotrata-

mentodaságuasresiduais,deverãoseradotadasasmelhorestecno-

logiasdisponíveis;

• usuário-pagador,queenglobaoprincípiodopoluidor-pagador,será

objetivoprimordialdapolíticadesaneamento;

• asestratégiasaadotardeverãoobedeceraprincípiosdeeficiência

econômica, istoé, as estratégiasdevemser selecionadasdemodo

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53Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

quemaximizeosbenefícios líquidos,devendoaseleçãodassolu-

ções,adotadaspararesolverumdeterminadoproblema,serbaseada

emcritériosdecusto-benefício;

• asdecisõesdeverãosertomadaspelosórgãosdaadministraçãomu-

nicipalqueestãoemmelhorescondiçõesparafazê-las,emfunçãoda

naturezadosproblemasedasconsequênciasdasdecisões;

• nagestãodosistemadesaneamentomunicipaldever-se-áprocurar

alcançarumajustadistribuiçãodoscustosedosbenefíciosdasdeci-

sõestomadaspelosagentes;

• nagestãodosistemadesaneamentodeverãoserrespeitadososprin-

cípiosdasolidariedadeedacoesão,nãodevendoagestãointegrada

dosistemadesaneamentocontribuirparacriarouagravarassime-

triassociaisouadministrativas;

• naformulaçãodasmetasdeverãosercriadasascondiçõesparaque

osdiferentesgruposesetoresdeusuários(gruposdedefesadoam-

biente,comunidadecientíficaepúblicoemgeral),pormeiodasres-

pectivasorganizaçõesrepresentativas,possamformulareexprimir

assuasopiniões,quedeverãoserdevidamenteconsideradasnasde-

cisõesatomar;

• noplanejamentoenagestãodosistemadesaneamentomunicipal,

asmedidaseaçõesadotadasdevemserflexíveis,permitindooajus-

tamentoadaptativodassoluçõesasituaçõesfuturasincertas(daevo-

luçãodossistemasnaturaisedaevoluçãodosdiferentessetoresde

atividadeseconômicas);

• deve-se assegurar que os diversos agentes envolvidos, públicos e

privados, tenhama capacidade para implementar asmedidas e as

açõesadotadas;

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54 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• globalidade, baseando-se numa abordagem conjunta e interligada

dosaspectostécnicos,econômicos,ambientaiseinstitucionais.

• racionalidade,visandoàotimizaçãodaexploraçãodasváriasfontes

deáguaeoatendimentodasváriasnecessidades,articulandoade-

mandaeaofertaesalvaguardandoapreservaçãoquantitativaequa-

litativadosrecursoshídricos,bemcomoumaaplicaçãoeconômica

dosrecursosfinanceiros;

• o planejamento dos sistemas não deve ser elaborado de maneira

compartimentada,deve-selevaremconsideraçãoainterdependên-

ciadessessistemasparagarantirasalubridadeambientaldacidade.

Alémdosaspectossanitários,devemserconsideradostambémas-

pectostecnológicosedegestão,oquegaranteasustentabilidadede

funcionamentodessessistemas;

• participação,envolvendoagenteseconômicoseaspopulaçõesdire-

tamenteinteressadas,visandoaobteroconsensodetodasaspartes

envolvidas;

• ação estratégica, dando respostas imediatas diante da informação

disponível.

3.4 Metodologia

AmetodologiaparaaelaboraçãodoPlanodeSaneamentobaseia-senas

EtapasapresentadasaseguireFases.AsEtapasindicamumroteiroasersegui-

dodesdeoinícioaofinaldacriaçãodoPlano,enquantoasFasessereferemaos

procedimentosnecessáriosaconstruçãodosplanos.A1ªEtapa,Fundamentos,

cujoresponsáveléoGrupoExecutivo,devedesenvolverasseguintesatividades:

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55Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• definirdiretrizeseconceitosbásicos,comorientaçõesgeraiseespe-

cíficasparacadaórgãorelacionadocomosaneamentobásico;

• discutirasdiretrizesdoPlanoemreuniãopúblicadoGrupoConsul-

tivocomparticipaçãodosdiversossetoresdasociedade;

• levantarasituaçãoatual,identificandoascarênciasedeterminando

ademandareprimida;

• realizarprognósticocomavaliaçãodascondiçõesatuaisedosindi-

cadorese,também,aprojeçãoparaohorizontepropostopeloPlano,

consideradooPlanodiretorUrbano,casoexista;

• definirhorizontedoplano;

• elaborardiagnóstico,definindoosserviçospúblicosde interessee

outrasatividadescorrelatas(comogestãodosresíduosdaconstrução

civil,resíduosdeserviçosdesaúde,controledevetoresegestãode

recursoshídricoseproteçãodemananciais);

• definir estruturadoplano comodiagnóstico, objetivos emetasde

curto,médio e longo prazo para universalização do atendimento,

bemcomoprogramas,projetoseaçõesnecessáriasparaatingirobje-

tivosemetas,alémdeaçõesparaemergênciaecontingência.

AsPropostasdevemserdesenvolvidasna2ªEtapa,sobaresponsabilidade

dosGruposExecutivoeConsultivo,consistindonoseguinte:

• apresentarasconclusõesdaprimeiraetapadoGrupoExecutivoem

reuniãopúblicaparacríticaeencaminhamentodepropostas;

• realizarproposiçõescontemplandoosseguintesitens:

a)diretrizesparaaaçãomunicipal(obras,serviçosegestãodos

serviçosdesaneamentoambiental);

b)estruturaadministrativaparaagestãodoPlanoedefiniçãode

competências;

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56 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

c)sistema de avaliação permanente e integrado ao sistema de

planejamentomunicipal;

d)prioridadesdeinvestimentoscomorientaçãoparaocronograma

deimplantação;

• discutirasproposiçõesemreuniõespúblicasdoGrupoExecutivo;

• realizarreuniãopúblicafinal(SeminárioFinal)paradiscussãodore-

latórioeencaminhamentodoPlanoaoConselhoMunicipaldeSaú-

deoudeSaneamento,casoexista,eaoPoderLegislativoMunicipal.

Na3ªEtapa,Aprovação,acargodosGruposExecutivoeConsultivo,estão

previstasasseguintesatividades:

• discussãopeloConselhoMunicipaldeSaúdeoudeSaneamentoe

peloPoderLegislativoMunicipal.

• aprovaçãopeloConselhoMunicipaldeSaúdeouSaneamento,pelo

PoderLegislativoMunicipalesançãodaLeipeloPrefeitoMunicipal.

AInstitucionalizaçãoprevistana4ªEtapadevedesenvolver,sobarespon-

sabilidadedosGruposExecutivoeConsultivo,oseguinte:

• elaboraçãodeResoluçõesdoConselhoouDecretosRegulamenta-

dores;

• realização das alterações administrativas necessárias para imple-

mentaçãodoPlano;

• realizaçãodeprevisõesorçamentárias.

• Na 5ª Etapa, Implementação, a cargo do Poder Público, estão

previstasduasatividades:

• implementaçãodasaçõespropostasnoPlano;

• gestãodoplanodesaneamento/indicadores.

A6ªEtapaconsistenaAvaliaçãodeResultadosqueoPoderPúblicodeve-

ráobterpormeiodeMecanismoseprocedimentosparaavaliaçãodaeficiênciae

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57Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

daeficáciadasaçõesprogramadas.OtempodeduraçãoparaelaboraçãodoPla-

noestáestimado,nomáximo,em8(oito)meses,quedeveráseraprovadopelo

ConselhoMunicipaldaSaúdee/oudeSaneamentoououtroexistente,contendo

oselementosbásicosparaaoperacionalizaçãodapolíticaeoplanejamentodas

açõesdesaneamentobásicodoMunicípio,planosdeinvestimentos,metasdos

serviços,definiçãodeprioridades,recursoseoutros.

Segundo aLei no 11.445/2007, o Plano deverá ser revisado de 4 em 4

anos,deformaarticuladacomaspolíticasmunicipaisdesaúde,meioambiente,

recursoshídricos,desenvolvimentourbanoeruraledehabitação,entreoutras.

AsexperiênciasdesenvolvidaspelosMunicípiosquetemtradiçãonaelaboração

dePlanosMunicipaisdeSaneamentotêmdemonstradoquearevisãodosPlanos

deveserrealizadaacada2anos.

OPlanodeveinformarcomo,quando,comquem,comquerecursosserá

implementado,quaisasaçõesequaisosmecanismosdecontroleedeavaliação

serãoutilizados.Deve,também,refletirasnecessidadeseosanseiosdapopu-

lação local, devendo, para tanto, resultar de um planejamento democrático e

participativoparaqueeleatinjasuafunçãosocial.

ParasubsidiaraelaboraçãodoPlanoé importanteaestruturaçãodeum

SistemadeInformaçõesquedeveráseralimentadocomdadossobreascondi-

çõesdosserviçosdesaneamento.Osistemadeveráconsideraroperfilepidemio-

lógicodapopulaçãoeindicadoressocioambientais,incluindonívelderendada

populaçãoeosindicadoresdesalubridadeambiental.

Estesistemapoderáfornecerinformaçõesparaelaboraçãodediagnósticos

darealidade,planejamentoeavaliaçãodasações.Assim,torna-senecessárioa

garantiadoacessoàsinformaçõescontidasnestesistemaatodososórgãos,enti-

dadesdasociedadecivilepopulaçãoemgeral,deformaqueeleseconstituaem

uminstrumentodecidadania.

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58 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

3.5 Diagnóstico

3.5.1 Aspectos GerAis

Deummodogeral,odiagnósticoconsistenaidentificaçãoenacaracte-

rizaçãodosdiversosproblemas,apartirdossintomasobservados,procurando,

casoacaso,identificarasrespectivascausas.Aidentificaçãodestesproblemas,

a suagravidadeeextensãodeverãopermitirhierarquizá-losdeacordocoma

suaimportânciaparaque,emfaseposterior,prioridadessejamdefinidaseinter-

vençõessejamhierarquizadas.Aprimeiraatividadedafasedodiagnósticoéa

realizaçãodapesquisadesatisfaçãodosusuários.

Oprocessoparaconhecimentodeumarealidadedevesersistematizado,

levando-se em consideração aspectos técnicos e sociais. Para a execução do

diagnóstico, recomenda-se a formaçãodeumGrupodeTrabalhoenvolvendo

representantesdetodososórgãosdoMunicípioquetemalgumtipoderelação

comosetordesaneamento,taiscomo:

• autarquias ou departamentos ligados ao saneamento ou empresas

concessionáriasdeserviçosdeáguaedeesgoto,bemcomoasencar-

regadasdecoletaderesíduossólidoseoperaçãodeaterrosanitário;

• secretariasMunicipaisdaáreadecomponentesurbanos,taiscomo:

ObrasdeInfraestruturaUrbana,Habitação,TransporteseMeioAm-

biente;

• secretariasmunicipaisdeadministraçãoefinanças,entreelas:Plane-

jamento,FinançaseRegulaçãoUrbana;

• secretariasmunicipaisdaáreasocial,principalmente,Saúde,Cultu-

ra,EducaçãoeAssistênciaSocial;

• instituições de ensino e pesquisa, se possível, Universidades,

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59Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Escolas,CentrosdeEducaçãoProfissionalizantes;

• sociedadecivilorganizada;e

• outras.

OsGruposdeTrabalhopodemserconstituídosporumGrupoExecutivo–

GEeporumGrupoConsultivo–GC.OGrupoExecutivoserácompostoporcon-

sultoresetécnicosdaAutarquiadeSaneamentoedasSecretariaisMunicipaisque

tenhaminterfacescomsaneamento,porrepresentantesdasociedadecivil,bem

comoporprofessores,pesquisadoreseestudantesuniversitários.

AsatribuiçõesdoGEsãoasseguintes:

• acompanharodiagnósticodasituaçãodosserviçosdesaneamento

básicodoMunicípio;

• avaliarestudos,projetoseplanosexistentesreferentesaosaneamen-

toecomoutrosquetenharelaçãocomeste;

• proporaçõesparaimplementaçãooumelhoriadosserviçosdesane-

amentobásicodopontodevistatécnicoeinstitucional.

OGCéconcebidocomoumainstânciaformadaporrepresentantes(au-

toridadese/outécnicos)das instituiçõesdoPoderPúblicomunicipal,estadual

efederalrelacionadascomosaneamentobásico.Alémdessasrepresentações,o

GrupodeverácontarcomosmembrosdoConselhoMunicipaldeSaneamento,

deSaúde,deMeioAmbiente,casoexistam,ederepresentantesdeorganizações

daSociedadeCivil.

OGCdeve-seresponsabilizarpelasseguintesatribuições:

• discutir e avaliar,mensalmente, o trabalho produzido peloGrupo

executivo;

• criticaresugeriralternativas,casonecessário,auxiliandootrabalho

doGrupoExecutivonaelaboraçãodoPlano;

• avaliaroandamentodostrabalhosdopontodevistadasuaviabilida-

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60 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

detécnica,operacional,financeira,social,ambientaleinstitucional,

buscandopromoveraintegraçãodasaçõesdesaneamento.

3.5.2 AbAstecimento de ÁGuA

• Manancial

Define-secomomanancialtodafontedeáguautilizadaparaabastecimento

doméstico,comercial, industrialeoutrosfins.Demaneirageral,quantoàori-

gem,osmananciaissãoclassificadosemmananciaisdesuperfícieesubterrâneo.

Omanancial superficialéconsideradocomo todapartedeummanancialque

escoanasuperfícieterrestre,compreendendooscórregos,ribeirões,rios,lagos

ereservatóriosartificiais.

Asprecipitaçõesatmosféricas,logoqueatingemosolo,podemsearma-

zenarnasdepressõesdo terreno,nos lagose represas,oualimentaroscursos

d’águadeumabaciahidrográfica,setransformandoemescoamentosuperficial

eaoutraparcelaseinfiltranosolo.Abaciahidrográficaéumaáreadasuperfície

terrestre,drenadaporumdeterminadocursod’águaelimitadaperifericamente

pelodivisordeáguas,comopodeservisualizadonaIlustração3.5.2.1.

Osprincipaisproblemascomosmananciaisdesuperfíciesereferemasua

proteção, principalmente a partir daocupação indevidadasmargensdos cur-

sosd’água, lançamentodeefluentes sanitários, contaminaçãocomdefensivos

eprodutosagrícolas,bemcomo,ausênciadamataciliar.NaIlustração3.5.2.2

pode-seobservarummanancialdesuperfícieondesenotaemdetalheaprecária

proteçãocomamataciliareoassoreamento.

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61Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.1 – BACIA HIDROGRÁFICA

Fonte: Castro, 1997

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.2 – MANANCIAL COM PROTEÇÃO INADEQUADA

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62 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Omanancialsubterrâneoéapartedomanancialqueseencontratotalmen-

teabaixodasuperfícieterrestre,compreendendooslençóisfreáticoeprofundo,

tendosuacaptaçãofeitapelospoçosrasosouprofundos,galeriasdeinfiltração

oupeloaproveitamentodasnascentes.Águasmeteóricascompreendemaágua

existentenanaturezanaformadechuva,neveougranizo.

Aescolhadomanancialpodeserconsideradacomoumadasmaisimpor-

tantesdecisõesnaimplantaçãodeumsistemadeabastecimentodeágua,qual-

querquesejadecaráterindividualoucoletivo.Havendomaisdeumaopção,sua

definiçãodeverálevaremcontaoscritériosaseguir.

Primeiramenteéindispensávelarealizaçãopréviadeanálisesdecompo-

nentesorgânicos, inorgânicos ebacteriológicosdas águasdomanancial, para

verificaçãodosteoresdesubstânciasprejudiciais,atendendooquedispõeale-

gislaçãovigente.O segundo critério se refere à vazãomínimadomanancial,

necessáriaparaatenderàdemandaporumdeterminadoperíododeanos.

O terceirose refereàanálisedomanancialsubterrâneoquepodeexigir

tratamentomaissimples,desdequebemprotegido,apresentandomenorproba-

bilidadedecontaminação.Entreosmananciaisqueexigemapenasdesinfecção

incluem-seapenasalgumaságuassubterrâneasecertaságuasdesuperfíciebem

protegidas,sujeitasabaixograudecontaminação.

Comoquartocritériopode-sesugerirosmananciaisqueexigemtratamento

simplificadoquecompreendemaságuasdemananciaisprotegidos,combaixos

teoresdecoreturbidez,sujeitasapenasàfiltraçãolentaedesinfecção.Osmanan-

ciaisqueexigemtratamentoconvencionalcompreendendo,basicamente,aságuas

desuperfície,comturbidezelevada,querequeremtratamentocomcoagulação,

floculação,decantação,filtraçãoedesinfecção,caracterizamoquintocritério.

Oclima,hidrologia,geologia,morfologia,usosdosoloeoutrosinterferem

diretamentenaqualidadedaáguadeumabaciahidrográfica,queconsequen-

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63Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

tementeexigemnaoperaçãodossistemasdeabastecimentodeáguaoconhe-

cimentodarelaçãocausa–efeito,principalmenteaodesenvolvimentodealgas,

havendomuitasrelações,diretaseindiretas,entreeutrofizaçãoeaoperaçãode

sistemasdeabastecimento.

Emrazãodoaumentodaconcentraçãodenutrientesnomanancialháo

florescimentodealgasquepodeacarretardiretamenteos seguintesefeitosna

qualidadedaágua:

a) aumentodamatériaorgânicaparticulada;

b) incremento de substâncias orgânicas dissolvidas que podemgerar

saboreodoràágua,serumdosfatoresdaformaçãodecompostos

organo-clorados,aumentaracor,possibilitarocrescimentodebac-

tériasnaETA,bemcomonadistribuiçãoecolaborarcomoaumento

doprocessodecorrosão;

c) acréscimodopHesuasflutuaçõesdiárias;

d)podeliberarosulfetodehidrogênio,amônia,ferro,manganês,fós-

foroeoutroscomponentesemfunçãodadiminuiçãodoteordeoxi-

gêniopróximoaosedimento;

EmrelaçãoàoperaçãodaETAedasunidadesdereservaçãoedistribuição

asalteraçõescitadaspodemocasionarosseguintesefeitosdiretosouindiretos:

a) noqueserefereàcoagulaçãoháaumentodecoagulanteedealcali-

nizanteparacorreçãodopHdecoagulação;

b)osflocosresultantesficamleves,havendonecessidadedoemprego

depolímeronacondiçãodeauxiliardoprocessodefloculaçãopara

evitaraflotação;

c) diminuiaeficiênciadaremoçãodeflocosnodecantador,ocasionan-

doemdecorrênciaoaumentodaturbidez;

d)aumentodaquantidadedeáguana lavagemdosfiltros emconse-

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64 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

quênciadaobstruçãodomeiofiltrantecomareduçãodaduraçãoda

carreiradefiltração;

e) devidoàpresençadematériaorgânicaeamônia,diminuiçãodaefi-

ciênciadadesinfecção,eemrazãodapotencialidadedeformação

decompostosorgano-cloradosháoaumentodoconsumodecloro;

f) nosistemadedistribuiçãoexisteapossibilidadedecrescimentode

bactériasemfunçãodamatériaorgânica,ocorrênciadeproblemas

comsaboreodor,bemcomoaumentodadeposiçãodeferroeman-

ganêsnastubulações.

Emdecorrênciadoquefoiexposto,osefeitosnosusuáriosdesistemasde

abastecimentodeáguaestãoassociadosàpresençadecompostospotencialmen-

tetóxicosecarcinogênicos,desabor,deodor,corrosãodastubulações,danosa

roupaseaparelhossanitários,bemcomocustosadicionaisemtratamentosespe-

cíficos.

Asalgasazuis,algascianofíceasoucianobactérias,nãopodemserconsi-

deradasnemcomoalgasnemcomobactériascomuns.Sãomicroorganismoscom

característicascelularesprocariontes,ouseja,bactériassemmembrananuclear,

porémcomumsistemafotossintetizantesemelhanteaodasalgas(vegetaiseuca-

riontes),sãobactériasfotossintetizantes.Existeumaconfusãonanomenclatura

destesseres,poisaprincípiopensoutratar-sedealgasunicelulares,Posterior-

menteosestudosdemonstraramqueelaspossuemcaracterísticasdebactérias.

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65Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.3: CIANOBACTÉRIA

Ascianobactériaspodemviveremdiversosambientesecondiçõesextre-

mascomoemáguasdefontestermais,comtemperaturadeaproximadamente

74ºCouemlagosantárticoscomtemperaturaspróximasa0ºC,outrasresistem

àaltasalinidadeatéemperíodosdeseca.Algumasformassãoterrestres,vivem

sobrerochasousoloúmido,estaspodemserimportantesfixadorasdonitrogênio

atmosférico,sendoessenciaisparaalgumasplantas.

Ascianobactériaspodemproduzirgostoeodordesagradávelnaáguaede-

sequilibrarosecossistemasaquáticos.Omaisgraveéquealgumascianobacté-

riassãocapazesdeliberartoxinas,quenãopodemserretiradaspelossistemasde

tratamentodeáguatradicionaisenempelafervura,quepodemserneurotoxinas

ouhepatotoxinas.Originalmenteestastoxinassãoumadefesacontradevorado-

resdealgas,mas,comaproliferaçãodascianobactériasnosmananciaisdeágua

potáveldascidades,estaspassaramaserumagrandedificuldadenasETA’s.

Ascianobactériaspodemserencontradasnaformaunicelular,comonos

gêneros Synechococcus eAphanothece ou em colônias de seres unicelulares

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66 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

comoMicrocystis,Gomphospheria,Merispmopediumou,ainda,apresentarem

ascélulasorganizadasemformadefilamentos,comoOscillatoria,Planktothrix,

Anabaena,Cylindrospermopsis,Nostoc.Quando testadaspelométodode co-

loraçãodeGram,comportam-secomobactériasGram-negativas,comissode-

monstramquepossuemparedescelularespoucopermeáveisaosantibióticos.

Acoloraçãodascianobactériaspodeserexplicadapormeiodapresença

dospigmentos clorofila-A (verde), carotenóides (amarelo-laranja),ficocianina

(azul)eaficoeritrina(vermelho).Todosestespigmentosatuamnacaptaçãode

luzparaafotossíntese.Algumasespéciespodemapresentarmaisdeumtipode

pigmento,issoexplicaaexistênciadecianobactériasdasmaisvariadascores.

Ascianobactériassãomicrorganismosautotróficoseafotossínteseéseu

principalmeioparaobtençãodeenergiaemanutençãometabólica.Seusproces-

sosvitaisrequeremsomenteágua,dióxidodecarbono,substânciasinorgânicas

eluz.Areproduçãodascianobactériasnãocoloniaiséassexuada,asformasfila-

mentosaspodemreproduzir-seassexuadamenteealgumasespéciesdecolônias

filamentosassãocapazesdeproduziresporosresistentes,osacinetos,que,aose

destacarem,originamnovascolôniasfilamentosas.

Tomando-se comobaseos estudospromovidos emmananciais de água

potável,percebemosqueosmotivosprincipaisparaoaumentodaincidênciade

cianobactériassão:

a) oaumentoanormaldaquantidadedecomponentesnitrogenadose

fosfatadosnaágua.Ascianobactériastêmtrêselementosquelimi-

tamoseucrescimentosão:oNitrogênio,oOxigênioeoFósforo;

b)oaumentodamatériaorgânicafavoreceoaumentodaquantidade

demicrorganismosdecompositoreslivresnaáguaenossedimentos,

queacabamconsumindoooxigêniodissolvidonaágua,favorecendo

comissoaatividadefotossintéticadascianobactérias.Alémdisso,

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67Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

nosmeiosanaeróbicos,adisponibilidadedasformasinorgânicasde

nitrogênioefósforoaumenta,facilitandoasgrandesinfestações.

Ossereshumanosemcontatodiretocomaáguacontendoflorescimentos

decianobactériastóxicas,ematividadesderecreioouporsuaingestão,podem

secontaminarpodendoacarretardoençasdotiporinite,conjuntivite,dispneia,

dermatites,quadrosdegastroenteritecomdiarreia,náuseas,vômitos,cólicasab-

dominaisefebreouhepatitecomaneroxia,entreoutras.

A remoçãodeprodutosmetabólicosdasalgaspodeocorrerda seguinte

forma:

c) oxidação;

d)extraçãopormeiodeaeração;e

e) adsorçãoemcarvãoativadoempó.

Aaplicaçãodealgicidas,particularmenteemlagos,érecomendadaparao

controledeflorescimentodealgas.Osulfatodecobrepodeserutilizado,mashá

toxidadedocobrenosdemaisorganismosvivos,oqueobrigaadosagemdesse

produtopormeiodeensaiosdelaboratório.

• Captação

De acordo comomanancial a ser aproveitado, podem ser utilizadas as

seguintes formas de captação: superfície de coleta (água de chuva), caixa de

tomada(nascentedeencosta),galeriafiltrante(fundodevales),poçoescavado

(lençolfreático),poçotubularprofundo(lençolsubterrâneo),tomadadiretade

rios,lagoseaçudes(mananciaisdesuperfície).NaIlustração3.5.2.4podeser

visualizadaasváriasformasdecaptação.

Atomadadeáguadeummanancialdesuperfícieéumtipodecaptação

de uso generalizado no aproveitamento de pequenos cursos d’água, que visa

somenteaelevaroníveldeágua,sendoqueavazãodoriodevesersuperiorà

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68 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

vazãomáximadeadução,poisabarragemnãotemfunçãodeacumularágua.

Acaptaçãoemmananciaisdesuperfíciepodeserdoseguintetipo:barragemde

nível,tomadadiretacomproteção,poçodetomada,canaldederivação,torrede

tomadaetomadadeáguaflutuante.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.4 – TIPOS DE CAPTAÇÃO

NaIlustração3.5.2.5,observa-seumabarragemdeníveldeumacaptação

deáguabrutabemoperada.

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69Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.5 – BARRAGEM DE NÍVEL – CAPTAÇÃO BEM OPERADA

NaIlustração3.5.2.6tem-seumacaptaçãoflutuanteena3.5.2.7umato-

madadeáguabrutaemtorre.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.6 – CAPTAÇÃO FLUTUANTE

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70 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.7 – CAPTAÇÃO EM TORRE

Emrelaçãoàs captaçõesdomanancial subterrâneo,pormeiodepoços,

há que se ter muitos cuidados, pois a ausência de proteção sanitária poderá

comprometeraqualidadedaáguadistribuída.

• Adução

Adutoraéoconjuntodetubulações,peçasespeciaiseobrasdearte,dis-

postasentre:captaçãoeaestaçãode tratamentodeágua(ETA),captaçãoeo

reservatóriodedistribuição,captaçãoearedededistribuição,ETAeoreservató-

riodedistribuição,ETAearedededistribuição.Atubulaçãoquederivadeuma

adutoraindoalimentarumsetorqualquerdaáreaaserabastecidaédenominada

subadutora.

Asadutorasseclassificamdeacordocomanaturezadaáguatransportada

(águabrutaouáguatratada),deacordocomaenergiautilizadaparaoescoa-

mentodaágua(porgravidade,recalqueoumista),deacordocomomodode

escoamentoedeacordocomavazãodedimensionamento.Osproblemasmais

comunsnasadutoras,comonamaioriadastubulaçõesemferrofundido,refe-

rem-seaoaumentodarugosidadecomconsequentediminuiçãodacapacidade

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71Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

deveiculação,ouseja,aumentodaperdadecarga.

NaIlustração3.5.2.8épossívelvisualizarumaadutoradeáguabrutaem

tubulaçãodeferrofundido.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.8 – ADUTORA DE ÁGUA BRUTA

• Estações Elevatórias

Asestaçõeselevatóriassão instalaçõesdestinadasa transportareelevar

aáguabrutaou tratada.Podemapresentaremsua forma,dependendode seu

objetivoeimportância,variaçõesasmaisdiversas.Temcomoprincipaisusosa

captaçãodeáguademananciaisdesuperfícieoupoços,ou,ainda,oaumentoda

pressãonasredes,conhecidoscomo“boosters”,oquenãoérecomendávelsob

opontodevistatécnico.

NaIlustração3.5.2.9,adiante,pode-sevisualizarumaedificaçãoprojetada

econstruídaparafuncionarcomoestaçãoelevatóriadeáguabruta.NaIlustra-

ção3.5.2.10podemserobservadas,emdetalhes,astubulaçõesdesucção(com

diâmetrosvariáveis–nãorecomendadotecnicamente)queestãoconectadasàs

bombas.

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72 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.9 – ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA BRUTA

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.10 – TUBULAÇÕES DE SUCÇÃO

Normalmentemotoreselétricossãoacopladosàsbombashidráulicasque

veiculamaágua,brutaoutratada,parapontoscomcotastopográficasmaisal-

tas.Osconjuntoselevatórios(motor+bomba)desistemasdeabastecimentode

água são, emmédia,degrandedimensão,necessitandodeponte rolantepara

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73Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

suamanipulação,poisapresentampesoelevadonãosuportávelemcondiçõesde

segurançapelostransportadores,eletricistasemecânicos.

NaIlustração3.5.2.11mostra-seemdetalheoespaçodestinadoàpontero-

lante,daestaçãoelevatóriadeáguabruta,sobreospilaresquenãofoiinstalada.

NaIlustração3.5.2.12,adiante,sevêemdetalhesosconjuntoselevatóriosnovos

quesubstituíramosantigos(equipamentosobsoletoscomaltoníveldeconsumo

deenergiaelétrica)noprogramadeeficiênciaenergética,quetevecomoobje-

tivoareduçãodocustodoitemenergiaelétricacujovalorérepresentativonos

sistemasdeabastecimentodeágua.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.11 – ESPAÇO PARA PONTE ROLANTE SOBRE OS PILARES

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74 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.12 – NOVOS CONJUNTOS ELEVATÓRIOS PARA REDUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Astubulaçõesquesaemdasbombassãodenominadasbarriletesesuadis-

posiçãoédefundamentalimportânciaparaqueosistemafuncioneemregimede

eficiência.Outrofatorrelevanteparareduzirperdasdeáguaserefereàmanuten-

çãopreventivaparaseevitarvazamentoscomooqueémostradonaIlustração

3.5.2.13.

O fenômeno mais importante no processo de veiculação da água por

intermédio dos conjuntos elevatórios se refere à produçãodos transientes hi-

dráulicos, conhecido, também,comogolpedearíete,que se formamno inte-

rior das tubulações, nem sempre objeto das atenções e cuidados dos dirigen-

tes e das equipes de operação e manutenção, podendo acarretar acidentes

degrandemonta.

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75Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.13 – VAZAMENTO DE ÁGUA – MANUTENÇÃO DEFICIENTE

Comoobjetivodeeliminaçãoouminimizaçãodostransienteshidráulicos,

são instaladas algumas estruturas como, entreoutras, tanquesde amortização

constante–TAU,ouequipamentoscomoasválvulasantecipadorasdeondas.Na

Ilustração3.5.2.14émostradaumaválvulaantecipadoradeondadesativadapor

medida de contenção de despesas.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.14 – VÁLVULA ANTECIPADORA DE ONDA DESATIVADA

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76 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ComosepodeobservarnaIlustração3.5.2.9,aedificaçãoéantiga,mas

comespaçosuficienteparaabrigarosequipamentosdeumaestaçãoelevatória,

entretantodeficienteemrelaçãoàfaltadeumaponterolante,mostrada3.2.5.11

edeacessoadequadoparaveículos,noqueserefereàcargaedescarga,poisestá

obstruídaporalgumascaixasqueforamconstruídasnolocal.

Mesmocomasdeficiênciasapontadasnoprocessodediagnóstico,aesta-

çãoelevatóriadeáguabrutapodeseraproveitadanonovosistema.Assimsendo,

quandodaelaboraçãododiagnósticoédesumaimportânciaquesefaçaoapro-

veitamentoaomáximodasunidadesexistentes;entretanto,asunidadescriadas

deimprovisoeemcondiçõesprecáriasdeusodevemsereliminadaseestudadas

outrassoluçõescomo,porexemplo,aestaçãoelevatóriaimprovisada,comos

cabosno terreno,semproteção,colocandoemriscoaspessoasque transitam

pelolocal,conformepodeserobservadonaIlustração3.5.2.15.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.15 – ESTAÇÃO ELEVATÓRIA IMPROVISADA – CABOS NO TERRENO

• Estação de Tratamento de Água – ETA

Aqualidadefísico-químicaebacteriológicadaáguaobtidanomanancial

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77Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

équemdefineotipodetratamento,necessárioparaatenderaospadrõesdepota-

bilidadeestabelecidospelaPortariano518/2004,doMinistériodaSaúde,afim

dequesetorneadequadaaoconsumohumano.Emmédiaaságuasdesuperfície

sãoasquemaisnecessitamdetratamento,poisseapresentamcomqualidades

físicasebacteriológicasimpróprias.Exceçãodeveserfeitaàságuasdenascen-

tesque,comumasimplesproteçãodascabeceirasecloração,podemser,muitas

vezes,consumidassemperigo.

Aságuasdegrandesrios,emboranãosatisfazendopeloseuaspectofísico,

podemserrelativamentesatisfatórias,sobopontodevistaquímicoebacterio-

lógico,quandocaptadasoucolhidasemlocaisdoriomenossujeitosàcontami-

nação.Portanto,adefiniçãodanecessidadeoudométododetratamentoaser

implantado,deveobedeceràclassificaçãodaságuasestabelecidaspelalegisla-

çãoemvigor.

Demodogeral,aqualidadedaságuasdesuperfícievariaaolongodotem-

po,deacordocomaépocadoanoeoregimedaschuvas.Avariaçãodaqualida-

dedaáguadosgrandesriosémaislentaqueadospequenosrios,cujaturbidez,

porexemplo,podevariarentrelargoslimiteseemcurtoespaçodetempo.Atéa

qualidadedaáguadelagosartificiaisounaturaisvariacomodecorrerdotempo.

Nem todaáguapodeserutilizada,poiscadamétodode tratamento tem

eficiêncialimitada.Sendoapoluiçãomuitoalta,aáguatratadapoderánãoser

aindasatisfatória.Assim,porexemplo,nãoépossível,nemprático,tratarágua

deesgotospormétodosconvencionais,apontodetorná-lapotável.

AoperaçãoinadequadadaETA,porumprojetomalconcebidoouporde-

ficiênciadaequipetécnica,éfatorpreponderantequeinterferenaqualidadeda

águaaserdistribuídaàpopulação.Emdeterminadassituaçõesaáguaprovenien-

tedomanancialsubterrâneopoderáchegaràsuperfíciecomtemperaturasaltas,

eteoresdeferro,manganêseflúor,inadequadosaoconsumohumano,havendo

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78 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

necessidadedetratamentoespecífico.NaIlustração3.5.2.16sãoapresentadasas

instalaçõesderesfriamentodeumpoçoartesianocomprofundidadesuperiora

milmetros.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.16 – CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA COM TORRE DE RESFRIAMENTO

Aconservaçãodas instalaçõesfísicasdaETAtambémdeveserfatorde

constantepreocupação,poispodecontribuirparaareduçãodasperdasdeágua

quepodemocorrerpormeiodaestrutura,comosepodeobservaromalestado

dasparedesdaETAmostradanasIlustrações3.5.2.17e3.5.2.18,comvazamen-

tosaparentes.

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79Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.17 – PAREDES DA ETA COM VAZAMENTOS

ÉfundamentalparaaboaoperaçãodeumaETAumlaboratóriobemequi-

padodetalsortequeosoperadorestenhamosresultadosdasanálisesrapidamen-

teparaorientaçãodosprocedimentosdetratamentoquedevemseraplicados.Na

Ilustração3.5.2.19pode-sevisualizarumadassalasdeumlaboratóriomediana-

mentebemequipado.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.18 – PAREDES DA ETA COM VAZAMENTOS

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80 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.19 – LABORATÓRIO DE UMA ETA

Asestaçõesdetratamentodeáguaconvencionaisdeciclocompletosão

constituídasdecâmaradechegadadeáguabruta,calhaParshall,floculador,de-

cantadorefiltros.Todooprocessodetratamentoquímicoepreparaçãodaágua

paradecantaçãoefiltraçãocompreendemtrêsfasesdistintas:misturarápidaque

consistenaadiçãodoscompostosquímicosoureagentesesuadispersãounifor-

menaágua,aformaçãodeflocosedesenvolvimentooucondicionamentodos

flocos.

Acoagulaçãoéumprocessoquímicoquevisaaaglomerarimpurezasque

seencontramemsuspensõesfinas,emestadocoloidal,empartículassólidasque

possamserremovidaspordecantaçãoe/oufiltração.Aspartículasseagregam

constituindoformaçõesgelatinosasinconsistentes,denominadasflocos.Osflo-

cosiniciaissãoformadosrapidamenteeaelesaderemàspartículas.

Aprimeirafasedoprocessopodeserefetuadanodispositivodemedição

devazãodaETA(normalmentecalhaParshall)ouemcâmarasespeciaisdeno-

minadascâmarasdemisturarápida,comagitadoresmecânicos.Afaseseguinte

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81Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

serealizaemcâmarasdeagitaçãolentaoufloculadores.Essesfloculadorespo-

demserhidráulicos(chicanascommovimentohorizontalouverticaldaágua)ou

mecanizados(deeixoverticaloudeeixohorizontal)

Aáguadevidamentefloculadaétransferidaparaodecantador,ondeére-

alizadoumprocessodinâmicodeseparaçãodaspartículassólidassuspensasna

água(emflocos).Osflocosmaispesadosqueaáguatenderãoirparaofundo

do decantador, verificando-se a separação.Ao ser diminuída a velocidade de

escoamentodaságuasficamreduzidososefeitosda turbulência, facilitandoa

deposiçãodessaspartículas.NaIlustração3.5.2.20,observa-seodecantadorde

umaETAmaloperada,principalmente,pelaausênciaderaspadordefundo,com

flocosindevidamenteflutuando.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.20 – DECANTADOR COM FLOCOS FLUTUANTES

Afiltraçãodaáguacomoprocessodepurificaçãoconsisteemfazê-laatra-

vessarascamadasporosasqueirãoreterasimpurezasquenãoforamretidasno

decantador.NaIlustração3.5.2.21visualiza-seumaETAdeciclocompletocom

boaoperação.

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82 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.21 – ETA CONVENCIONAL DE CICLO COMPLETO

• Reservatórios

Osreservatóriosdedistribuiçãosãounidadesdestinadasacompensaras

variaçõeshoráriasdevazãoeagarantiraalimentaçãodaredededistribuição

emcasosdeemergência,fornecendoaáguanecessáriaeapressãosuficientena

rede.Dependendodesuaconfiguraçãoelocalizaçãoemrelaçãoàrede,podem

serclassificadosemelevados,enterrados,semienterradoseapoiados.

Osmateriaisnormalmenteutilizadosnasuaconstrução,emfunçãodesuas

característicasbásicas,sãoalvenariadepedra,concretoarmado,chapametálica

eoutrosmateriais.Osreservatóriosdedistribuiçãosãodimensionadosparafun-

cionarcomovolantesdadistribuição,atendendoàvariaçãohoráriadoconsumo,

assegurarumareservadeáguaparacombateaincêndios,manterumareserva

paraatendercondiçõesdeemergência,atenderàdemandanocasodeinterrup-

çõesdeenergiaelétricanasunidadesdebombeamentodeáguaemanutençãode

pressõesnaredededistribuição.

Visandoàsocasiõesdelimpezainternaoureparos,éconvenientequeos

reservatóriostenhampelomenosdoiscompartimentos,evitando-se,dessafor-

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83Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ma,ainterrupçãodofornecimentodeáguanessasoportunidades.Ascanaliza-

çõesdeentradadeáguanoreservatóriodevemserindividualizadas,umapara

cadacompartimento,providasderegistrosparaisolamentodaunidade.Asmes-

masrecomendaçõesdevemserobservadasparaastubulaçõesdesaída.

Os reservatórios devem ser dotados de extravasores (sem válvulas) de

água, sendoumparacadacompartimento,previstosde tal formaquepossam

descarregar,excepcionalmente,porfalhadodispositivodecontroledenível,o

volumeexcedentenascanalizaçõesdedescarga.Alémdosextravasores,osre-

servatóriosdevemserdotadosdetubulaçõesparadescargaqueserãoacionados

durante a sua limpeza, uma para compartimento.Os reservatórios devem ser

operadoscomosindicadoresdiretosdoníveldeáguae/ousistemadeindicação

adistância,quepermitirãoocontroledosvolumesarmazenados,bemcomopre-

ventivocontraaperdad’águaporextravasamentos.

Asaberturasdestinadasàinspeçãodoreservatóriodevemestarconvenien-

tementelocalizadaseprotegidascontraapossibilidadedepoluição.Astampas

devemrecobrir,nomínimo,5cmdeumrebordode15cmoumaisdealtura,a

serdeixadosalientenocontornodaaberturadeinspeçãoparaimpedirainfiltra-

çãodeáguasexternas.Asescadasdeacessodevemoferecersegurançaparaos

operadores,comguardacorpo,degrausequandonecessáriospatamaresinterme-

diáriosconvenientementeestudados.

Paraevitarodesenvolvimentodealgasnoseu interior,os reservatórios

devemimpedir,aomáximo,apenetraçãodailuminaçãonatural.Agarantiada

estanqueidadedosreservatóriosdeconcretodevesergarantidacomaimpermea-

bilizaçãodesuasparedes.Emrelaçãoaosreservatóriosconstruídosemestrutura

metálica,éfundamentalamanutençãopreventivacomtratamentoespecíficode

talmaneiraquesejaevitadooprocessodecorrosão.

Aprovidênciamaisimportanteparaevitarpressõesdiferenciaisperigosas

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84 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

naestruturadosreservatórioséobomfuncionamentodosdispositivosdeventi-

lação.Emtermosdesegurançaemrelaçãoànavegaçãoaérea,quandonecessá-

rio,éobrigatóriaasinalizaçãodastorres.NasIlustrações3.5.2.22e3.5.2.23é

possívelavisualizaçãodomauestadodeconservaçãodeumreservatórioapoiado.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.22– RESERVATÓRIO SEM MANUTENÇÃO

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.23 – RESERVATÓRIO SEM MANUTENÇÃO

• Rede de Distribuição

Aredededistribuiçãodeáguaéaunidadedosistemaqueconduzaágua

paraospontosdeconsumo,sendoconstituídaporumconjuntodetubulaçõese

peçasdispostasconvenientementeafimdegarantiroabastecimentodasunida-

descomponentesdalocalidadeabastecida.

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85Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Oscondutosformadoresdaredededistribuiçãoseclassificamemprin-

cipaisesecundários.Oscondutosprincipaissereferemàquelesdemaiordiâ-

metro, responsáveis pela alimentaçãodos condutos secundários.Os condutos

secundários,geralmentedemenordiâmetro,sãoencarregadosdoabastecimento

diretodospontosdeconsumo.

Aredededistribuiçãodeáguadeveserprojetada,construídaeoperada

parafuncionarininterruptamente,compressãoadequadaemqualquerpontoda

rede.Aqualidadedaáguadistribuídapelarededeveterasuaqualidadedetal

modoaatenderàlegislaçãovigente,talcomoaPortaria518,doMinistérioda

Saúde,emparticularnaobediênciaaocronogramadasanálisesfísico-quimicas

ebacteriológicas.

Osregistroseosdispositivosdedescargadevemserestrategicamenteins-

taladosnaredededistribuiçãoparapossibilitarasmanobrasquandodaneces-

sidadedereparos,descargaseoutrasintervençõesquesemostremnecessárias.

Emdeterminadas situações,principalmente, empontosbaixosé importantea

instalaçãoderegistrosparadescargasparalimpezaperiódicadarede,seminter-

rupçõesprejudiciaisaoabastecimento.

Deve-seevitar,semprequepossível,aexistênciadepontassecasnarede,

mantendo-seascondiçõessanitáriaseaspossibilidadesdecontaminação,du-

ranteaexecuçãodereparos,substituições,remanejamentoseprolongamentos.

Apóso assentamentodenovas tubulações ede reparosnas linhas existentes,

deve-secuidardadesinfecçãodastubulações.Apósaaplicaçãodessasolução,

devem-sepreencherastubulaçõescomágualimpaparaemseguidadescarregá-

la.Essaoperaçãonecessitadecontroledeexamesbacteriológicos.

Osproblemasmaiscomunsdaredededistribuiçãodeáguasereferemaos

vazamentosinvisíveis,quenãoafloramàsuperfície,principalmenteemfunção

doexcessodepressão,idadedaredeeosramaisdasligaçõesprediais,quecon-

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86 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

tribuememgrandeescalacomosíndicesdeperdadeágua.

Recomenda-sequeasredesdedistribuiçãofuncionememfunçãodeuma

setorizaçãobemplanejadacomdispositivosdecontroledevazão(macromedi-

dores),quepermitaobalançohídriconadistribuição,emedidoresdeconsumo

nasligaçõesprediais(Hidrômetros)paradeterminaçãodoconsumoaserfatu-

rado.

• Controle e Redução de Perdas de Água

Conceituam-seperdasdeáguacomotodaperdarealouaparentedeágua

outodooconsumonãoautorizadoquedeterminaaumentodocustodofuncio-

namentoouqueimpeçaarealizaçãoplenadareceitaoperacional.Asperdasapa-

rentesdeágua,ounãofísicas,consistemnosconsumosnãoautorizados(roubos)

e/ouna imprecisãodosmedidoresdevazãodos sistemasdemacromediçãoe

micromedição(hidrômetros).

Asperdasreaisdeáguaconsistemtodasasperdasfísicasdeáguaocasio-

nadasporvazamentoserompimentos,superficiaisousubterrâneos,emredese

ramaisou,ainda,devazamentoseextravasamentosemreservatórios.NoBrasil,

oíndicemédiodeperdasédaordemde40%(índicemuitosuperioràsrecomen-

daçõesinternacionais).Ascausasfundamentaisdasperdasdeágua,quandohá

consumodeáguaautorizadoefaturado,sãoainexistênciadehidrometração,as

deficiênciasnaspráticas/rotinascomerciais,afaltademonitoramentoeocontro-

lesistematizadodosconsumosmedidosefaturados.

Quandooconsumoéautorizadoenão faturado,ascausasse referema

deficiênciasnasprática/rotinascomerciais,faltademediçãoe/oufaturamentode

águacomercializadaemcaminhõespipa,desatualizaçãodocadastrocomercial,

ligações não cadastradas, falta de contabilizaçãodos volumesvendidos, falta

de quantificação e contabilização dos volumes utilizados nas atividades ope-

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87Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

racionais,naquelesdestinadosaoabastecimentoemergencialeaoatendimento

comunitário(chafarizes/lavanderias,etc.).

Asperdasnãoaparentes,pormeiodeconsumonãoautorizado,referem-se

àsligaçõesclandestinas,fraudes(by pass,violaçãodehidrômetrose/ouqualquer

outrotipodeviolaçãonaligaçãoativaouinativa)eroubodeáguaemhidrantes

ouemquaisqueroutrospontosdosistemadaredededistribuição,taiscomo:cai-

xasdemanobras,descargas,ventosas,tomadasdepressão,reservatórios,entre

outros.NaIlustração3.5.2.24,nota-seumarmáriodeumprestadordeserviço

comhidrômetrosfraudadosouviolados.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.24 – HIDRÔMETROS VIOLADOS

Asdeficiênciasdamediçãopodemserresumidasnaausênciaouimpre-

cisãodosmacromedidores,máqualidadedosmedidores,submedição,dimen-

sionamentoinadequadodomedidor,inexistênciademacromedição,estimativas

incorretas,inconsistênciasnossistemasdeinformaçõesemãodeobranãoqua-

lificada.

A imprecisãodamediçãoocorre, principalmente, pelamáqualidadeda

manutenção da rede, inexistência de uma política eficiente demanutenção e

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88 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

substituiçãodehidrômetroseainexistênciadeumapolíticaparaquantificação

dosvolumesoperacionais.NaIlustração3.5.2.25,pode-seobservarumcavalete

deumaligaçãopredialcomhidrômetro(semabrigo,expostoaotempo)inclina-

do,queacarretacomoconsequênciasubmediçãoelevada.

ILUSTRAÇÃO 3.5.2.25 – HIDRÔMETRO INCLINADO

Éfundamentalqueosistemadedistribuição,conformemencionado,seja

devidamentesetorizado,dotadocomosequipamentosquepermitamarealização

dobalançohídricoeplanejadodetalsortequeaspressões,máximasemínimas,

naredesejamaquelaspreconizadaspelasnormasbrasileiras.Paraocontrolee

reduçãodasperdasdeágua,sugerem-seosseguintesequipamentos:

a)adaptadorparamanômetro;

b)aparelhomedidordecorrenteCC-CA,tensãoVCC-VCA,fator

depotenciaeetc.;

c)caboinfravermelho(aquisiçãodedadosdos loggers);

d)calibreougalgador,comprimentoútil1.200mm;

e)datalogger(pulsosoudigital),comsaídaviainfravermelho;

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89Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

f)geofoneeletrônicosemfiltro;

g)dataloggerdediferencialdepressão(vazão),comsaídainfra-

vermelho;

h)dataloggerdepressão,comsaídaeminfravermelho;

i)detectorderede;

j)geofoneeletrônicocomfiltros;

k)geofonemecânico;

l)balançadepesomorto(aferiçãomanômetros);

m)geradordepulso(detecçãodeligaçõesclandestinas);

n)hastedeescuta;

o)hastedeperfuração;

p)líquidopitométrico,densidade2,90(tetrabrometano);

q)registrodederivação1”(1polegada)parapitometria(tap);

r)líquidopitométricomercúrio;

s)líquidopitométrico,densidade1,60(tetracloretodecarbono);

t)registradorgráficodepressão;

u)registradorgráficodepressão;

v)registradorgráficodevazão(célulabourton);

x)máquinaMüller(perfuraçãoeinstalaçãodetapsemtubulações

emcarga);

Além dos equipamentos citados deve ser adquirido o que se sugere a

seguir:

a)notebooktipoPentiumIVc/512Mb,RAM2,8GHz;

b)pardemangueirasparapitometria(completascomestrangula-

doresepresilhas);

c)tubosU,emvidropirex;

d)macromedidortipoWoltmanDN50mmcomsaídapulsada;

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90 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

e)macromedidortipoWoltmanDN75mmcomsaídapulsada;

f)tuboPitotdotipoCole,comprimentoútil1.200mm.

3.5.3 esGotAmento sAnitÁrio

• Noções Básicas

Oesgotodomésticoéaquelequeprovemprincipalmentederesidências,

estabelecimentoscomerciais,instituiçõesouquaisqueredificaçõesquedispõem

deinstalaçõesdebanheiros,lavanderiasecozinhas.Compõem-seessencialmen-

tedaáguadebanho,excretas,papelhigiênico,restosdecomida,sabão,deter-

genteseáguasdelavagem.

Asfezeshumanascompõem-sederestosalimentaresoudosprópriosali-

mentosnãotransformadospeladigestão,integrando-seasalbuminas,asgordu-

ras,oshidratosdecarbonoeasproteínas.Ossaiseumainfinidadedemicroorga-

nismostambémestãopresentes.Naurina,sãoeliminadasalgumassubstâncias,

comoaureia,resultantesdastransformaçõesquímicas(metabolismo)decom-

postosnitrogenados(proteínas).

Asfezeseprincipalmenteaurinacontêmgrandeporcentagemdeágua,

alémdematériaorgânicaeinorgânica.Nasfezes,estácercade20%dematéria

orgânica,enquantonaurina,2,5%.Osmicro-organismoseliminadosnasfezes

humanassãodediversostipos,sendooscoliformes(Escherichia coli,Aerobac-

ter aerogeneseoAerobacter cloacae)estãopresentesemgrandequantidade,

podendoatingirumbilhãoporgramadefezes.

Asprincipaiscaracterísticasfísicasligadasaosesgotosdomésticossão:

a) matériasólida:osesgotosdomésticoscontêmaproximadamente99,9%de

águae,apenas,0,1%desólidos.Éemrazãodesseporcentualde0,1%de

sólidosqueocorremosproblemasdepoluiçãodaságuas,trazendoaneces-

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91Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

sidadedesetratarosesgotos;

b) temperatura: a temperaturado esgoto é, emgeral, pouco superior àdas

águasdeabastecimento.Avelocidadededecomposiçãodoesgotoépro-

porcionalaoaumentodatemperatura;

c) odor:osodorescaracterísticosdoesgotosãocausadospelosgasesforma-

dosnoprocessodedecomposição,assim,oodordemofo,típicodoesgoto

fresco,érazoavelmentesuportável,eoodordeovopodre,insuportável,é

típicodoesgotovelhoouséptico,emvirtudedapresençadegássulfídrico;

d) coreturbidez:acoreturbidezindicamdeimediatooestadodedecompo-

siçãodoesgoto.Atonalidadeacinzentadaacompanhadadealgumaturbi-

dezétípicadoesgotofrescoeacorpretaétípicadoesgotovelho;

e) variaçãodevazão:avariaçãodevazãodoefluentedeumsistemadeesgoto

domésticoéemfunçãodoscostumesdoshabitantes.Avazãodoméstica

doesgotoécalculadaemfunçãodoconsumomédiodiáriodeáguadeum

indivíduo.Estima-seque,paracada100litrosdeáguaconsumida,sãolan-

çadosaproximadamente80litrosdeesgotonaredecoletora,ouseja,80%.

Asprincipaiscaracterísticasquímicasdosesgotosdomésticossão:

a) matériaorgânica:cercade70%dossólidosnoesgotosãodeorigemorgâ-

nica,geralmenteessescompostosorgânicossãoumacombinaçãodecar-

bono,hidrogênioeoxigênioe,algumasvezes,comnitrogênio.Osgrupos

desubstânciasorgânicasnosesgotossãoconstituídospor:compostosde

proteínas(40%a60%),carboidratos(25%a50%),gorduraseóleos(10%)

eureia,sulfatans,fenóis,etc.

b) matériainorgânica:nosesgotos,amatériainorgânicaéformadaprincipal-

mentepelapresençadeareiaedesubstânciasmineraisdissolvidas.

Asprincipaiscaracterísticasbiológicasdoesgotodomésticosão:

a) micro-organismosdeáguasresiduais:osprincipaisorganismosencontra-

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92 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

dosnosesgotossão:asbactérias,os fungos,osprotozoários,osvíruse

asalgas.Destegrupoasbactériassãoasmaisimportantes,poissãores-

ponsáveispeladecomposiçãoeestabilizaçãodamatériaorgânica,tantona

naturezacomonasestaçõesdetratamento;

b) indicadoresdepoluição:háváriosorganismoscujapresençaemumcorpo

d’águaindicaumaformaqualquerdepoluição.Paraindicar,noentanto,a

poluiçãodeorigemhumanausa-seadotarosorganismosdogrupocolifor-

mecomoindicadores.Asbactériascoliformessãotípicasdointestinodo

homemedeoutrosanimaisdesanguequente(mamíferos)e,porestarem

presentesnasfezeshumanas(100a400bilhõesdecoliformes/hab.xdia)e

desimplesdeterminação,sãoadotadascomoreferênciaparaindicareme-

diragrandezadapoluição.Seriademasiadamentetrabalhosaeantieconô-

micaarealizaçãodeanálisesparadeterminaçãodapresençadepatogêni-

cosnoesgoto;aoinvésdisso,determina-seapresençadecoliformese,por

segurança,age-secomoseospatogênicostambémestivessempresentes.

Àmedidaqueascomunidadeseaconcentraçãohumanatornam-semaio-

res,assoluçõesindividuaispararemoçãoeodestinodoesgotodomésticoevo-

luíram e deram lugar às soluções de caráter coletivo denominado sistema de

esgotos.

Osesgotossãoclassificadosconformeotipo,comosegue:

a) esgotosdomésticos: incluemaságuascontendomatériafecaleaságuas

servidas,resultantesdebanhoedelavagemdeutensílioseroupas;

b) esgotos industriais:compreendemosresíduosorgânicos,de indústriade

alimentos,matadouros,etc.;aságuasresiduáriasagressivas,procedentes

deindústriasdemetais,etc.;aságuasresiduáriasprocedentesdeindústrias

decerâmica,águaderefrigeração,etc.;

c) águaspluviais:sãoaságuasprocedentesdaschuvas;

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93Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

d) águadeinfiltração:sãoaságuasdosubsoloqueseintroduzemnarede.

Ostiposdesistemasdeesgotossãoosseguintes:

a) sistemaunitário:consistenacoletadeáguaspluviais,dosesgotosdomés-

ticosedosdespejosindustriaisemumúnicocoletor.Alémdobenefíciode

permitiraimplantaçãodeumúnicosistema,évantajosoquandoforprevis-

toolançamentodoesgotobruto,seminconvenienteemumcorporeceptor

próximo.Nodimensionamentodosistemadevemserprevistasasprecipi-

taçõesmáximascomperíododerecorrência,geralmenteentre5e10anos.

Comodesvantagem,apresentacustodeimplantaçãoelevadoeproblemas

dedeposiçõesdematerialnoscoletoresporocasiãodaestiagem.Quanto

aotratamento,ocustodeimplantaçãoétambémelevadotendoemvista

queaestaçãodeveserprojetadacomcapacidademáximaque,nosistema

unitário,ocorreduranteaschuvas.Igualmente,aoperaçãoéprejudicada

pelabruscavariaçãodavazãonaépocadaschuvas,afetandodomesmo

modoaqualidadedoefluente;

b) sistemaseparadorabsoluto:nessesistema,oesgotodomésticoeoindus-

trialficamcompletamenteseparadosdoesgotopluvial.Éosistemaado-

tadonoBrasil.Ocustodeimplantaçãoémenorqueodosistemaanterior;

c) sistemamisto:a redeéprojetadapara receberoesgotosanitárioemais

umaparceladaságuaspluviais.Acoletadessaparcelavariadeumpaís

paraoutro.Emalgunspaísescolhem-seapenasaságuasdostelhados;em

outros,umdispositivocolocadonasbocasde loborecolheaságuasdas

chuvasmínimaselimitaacontribuiçãodaschuvasdegrandeintensidade.

• Unidades Constituintes

Osistemapúblicoconvencionaléconstituídodasseguintesunidades:

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94 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

a) ramalpredial: sãoos ramaisque transportamosesgotosdascasasatéa

redepúblicadecoleta;

b) coletordeesgoto:recebemosesgotosdascasaseoutrasedificações,trans-

portando-osaoscoletores-tronco;

c) coletor-tronco:tubulaçãodaredecoletoraquerecebeapenascontribuição

deesgotodeoutroscoletores;

d) interceptor:osinterceptorescorremnosfundosdevale,margeandocursos

d’águaou canais.São responsáveispelo transportedos esgotosgerados

nasub-bacia,evitandoqueestessejamlançadosnoscorposd’água.Ge-

ralmentepossuemdiâmetrosmaioresqueocoletor-troncoemfunçãode

maiorvazão;

e) emissário: sãosimilaresaos interceptores,diferenciandoapenaspornão

recebercontribuiçãoaolongodopercurso;

f) poçosdevisita(PV):sãocâmarascujafinalidadeépermitirainspeçãoea

limpezadarede.Oslocaismaisindicadosparasuainstalaçãosãooinício

darede,mudançasdedireção,declividade,diâmetrooumaterial,nasjun-

çõeseemtrechoslongos.Nostrechoslongos,adistânciaentrePVsdeve

serlimitadapeloalcancedosequipamentosdedesobstrução;

g) elevatória: quando as profundidades das tubulações tornam-se demasia-

damente elevadas, quer em razão da baixa declividade do terreno, quer

emrazãodanecessidadedesetransporumaelevação,torna-senecessário

bombearosesgotosparaumnívelmaiselevado.Apartirdesseponto,os

esgotospodemvoltarafluirporgravidade;

h) estaçãodeTratamentodeEsgotos(ETE):afinalidadedaETEéadere-

moverospoluentesdosesgotos,osquaisviriamcausarumadeterioração

daqualidadedoscursosd’água.Umsistemadeesgotamentosanitáriosó

podeserconsideradocompletoseincluiraetapadetratamento.AEstação

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95Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

deTratamentodeEsgoto(ETE)podedispordealgunsdosseguintesitens,

ou todos eles: grade, desarenador, sedimentação primária, estabilização

aeróbica,filtrobiológicooudepercolação,lodosativados,sedimentação

secundária,digestordelodo,secagemdelodo,desinfecçãodoefluente;

i) disposição final: após o tratamento, os esgotos podem ser lançados ao

corpod’água receptorou, eventualmente, aplicadosno solo.Emambos

os casos, há de se levarem em conta os poluentes eventualmente ainda

presentes nos esgotos tratados, especialmenteorganismospatogênicos e

metaispesados.Astubulaçõesquetransportamestesesgotossãotambém

denominadasemissário.

• Sistema Condominial

Osistemacondominialdeesgotoséumasoluçãoeficienteeeconômica

paraesgotamentosanitáriodesenvolvidanoBrasilnadécadade1980.Estemo-

deloseapoia, fundamentalmente,nacombinaçãodaparticipaçãocomunitária

coma tecnologiaapropriada.Esse sistemaproporcionaumaeconomiadeaté

65%em relaçãoao sistemaconvencionaldeesgotamento,graçasàsmenores

extensãoeprofundidadedaredecoletoraeàconcepçãodemicrossistemasdes-

centralizadosdetratamento.

OnomeSistemaCondominialéemfunçãodeseagregaroquarteirãour-

banocomaparticipaçãocomunitária,formandoocondomínio,semelhanteao

queocorreemumedifíciodeapartamentos(vertical);delesedistingue,todavia,

porserinformalquantoàsuaorganizaçãoeporserhorizontaldopontodevista

físico.

Dessemodo,aredecoletorabásicaoupúblicaapenastangenciaoquar-

teirão-condomínioao invésdecircundá-locomonosistemaconvencional.As

edificaçõessãoconectadasaessaredepúblicapormeiodeligaçãocoletivaao

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96 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

níveldocondomínio(Ramalcondominial),cujalocalização,manutençãoe,às

vezes,aexecuçãoéacordadacoletivamente,noâmbitodecadacondomínioe

comoprestadordoserviço,apartirdeumesquemadedivisãoderesponsabili-

dadeentreacomunidadeinteressadaeoPoderPúblico.

Osistemacondominialéconstituídodasseguintesunidades:

a) ramal condominial: rede coletora que reúne os efluentes das casas que

compõemumcondomínioepodeserdepasseio,quandooramalcondomi-

nialpassaforadolote,nopasseiodiantedesteaaproximadamente0,70m

dedistânciadomuro,defundodelotequandooramalcondominialpassa

pordentrodolote.Estaéaalternativademenorcusto,poisdestamaneira

épossívelesgotartodasasfacesdeumconjuntocomomesmoramalede

jardim:quandooramalcondominialpassardentrodolote,porémnasua

frente;

b) redebásica:redecoletoraquereúneosefluentesdaúltimacaixadeinspe-

çãodecadacondomínio,passandopelopasseiooupelarua;

c) unidade de tratamento: a cada microssistema corresponde uma estação

para tratamento dos esgotos, que pode ser o tanque séptico com filtros

anaeróbiosedeareia.

• Tratamento de Esgotos Sanitários

Aslagoasdeestabilizaçãosãoomaissimplesmétodode tratamentode

esgotosexistentes.Sãoconstruídaspormeiodeescavaçãono terrenonatural,

cercadode taludesde terraourevestidocomplacasdeconcreto.Geralmente,

têmaformaretangularouquadrada.

As lagoasdeestabilizaçãopodemserclassificadasemquatrodiferentes

tipos:

a) lagoas anaeróbias: possuemafinalidadedeoxidar compostos orgânicos

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97Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

complexosantesdotratamentocomlagoasfacultativasouaeradas.Asla-

goasanaeróbiasnãodependemdaaçãofotossintéticadasalgas,podendo

assimserconstruídascomprofundidadesmaioresqueasoutras,variando

de2ma5m.Sãoprojetadassemprequepossívelassociadaalagoasfacul-

tativasouaeradas;

b) lagoasfacultativas:oseufuncionamentoéporintermédiodaaçãodealgas

ebactériassobainfluênciadaluzsolar(fotossíntese).Amatériaorgâni-

cacontidanosdespejoséestabilizada,partetransformando-seemmatéria

maisestávelnaformadecélulasdealgaseparteemprodutosinorgânicos

finaisquesaemcomefluente.Estaslagoassãochamadasdefacultativas

graçasàscondiçõesaeróbiasmantidasnasuperfície,liberandooxigênio,e

graçasàsanaeróbiasmantidasnaparteinferiorondeamatériaorgânicaé

sedimentada.Têmprofundidadevariandode1ma2,5meáreasrelativa-

mentegrandes;

c) lagoasdematuração:asuaprincipalfinalidadeéareduçãodecoliformes

fecais,contidosnosdespejosdeesgotos.Sãoconstruídassempredepoisdo

tratamentocompletodeumalagoafacultativaououtrotipodetratamento

convencional.Comadequadodimensionamento,épossívelconseguirín-

diceselevadosderemoçãodecoliformes,garantindoassimumaeficiência

muitoboa.Asprofundidadesnormalmenteadotadassãoiguaisàsdasla-

goasfacultativas;

d) lagoas aeróbias oude alta taxa: têmcomoprincipal aplicação a cultura

colheitadealgas.Sãoprojetadasparao tratamentodeáguas residuárias

decantadas.Constituemumpoderosométodoparaproduçãodeproteínas,

sendode100a1.000vezesmaisprodutivasqueaagriculturaconvencio-

nal.Éaconselháveloseuuso,paratratamentodeesgoto,quandohouver

aviabilidadedoreaproveitamentodaproduçãodasalgas.Asuaoperação

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98 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

exigepessoalcapazeoseuusoérestrito.Aprofundidademédiaéde0,3

ma0,5m.

AIlustração3.5.3.1apresentaumsistemadetratamentodeesgotos,por

meiodelagoas,bemoperado.

ILUSTRAÇÃO 3.5.3.1 – SISTEMA DE LAGOAS BEM OPERADO

Aslagoasaeradasmecanicamentesãoidênticasàslagoasdeestabilização,

comumaúnicadiferença:sãoprovidasdeaeradoresmecânicosdesuperfície

instaladosemcolunasdeconcretooudotipoflutuantesetambémdedifusores.

Aprofundidadevariade3ma5m.Oesgotobrutoélançadodiretamentenala-

goadepoisdepassarporumtratamentopreliminar(caixadeareia).Funcionam

comoumtanquedeaeraçãonoqualosaeradoresartificiaissubstituemaoxida-

çãopormeiodasalgasnaslagoasdeestabilização.

Aáreaparaconstruçãoéinferioràsdaslagoasdeestabilizaçãoemvirtude

daprofundidadeedotempodedetençãoparaaestabilizaçãodamatériaorgâni-

ca,quetambémémenor.Hánecessidadedeenergiaelétricaparafuncionamento

dessesaeradores.Podemserclassificadasemtrêsdiferentestipos:

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99Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

a) aeróbiacommisturacompleta;

b)aeradafacultativa;

c) aeradacomaeraçãoprolongada.

Asmaisusadassãoasduasprimeirasemfunçãodomenorcustodeim-

plantaçãoeoperação,bemcomomenorsofisticaçãoemsuaoperação,masnão

significaqueocustooperacionalsejanuloparaasdositens“a”e“b”,poishá

necessidadedecuidadosaolongodotempoparaquenãohajadeterioraçãodas

instalações.

Ascaixasdeareiaoudesarenadoressãounidadesdestinadasareterareia

eoutrosmineraisinertesepesadosqueseencontramnaságuasdeesgoto(en-

tulhos,seixo,partículasdemetal,carvão,etc.).Essesmateriaisprovêmdelava-

gem,enxurradas, infiltrações,águasresiduáriasdasindústrias,etc.Têmcomo

principalempregoaproteçãodosconjuntoselevatórios,evitandoabrasões,sedi-

mentosincrustáveisnascanalizaçõeseempartescomponentesdasETEs,como

decantadores,digestores,filtros,tanquesdeaeração,etc.

Aindaqueapresentemvariaçõesemcertosdetalhes,osprocessosdelodos

ativadosconsistemessencialmentedaagitaçãodeumamisturadeáguasresidu-

áriascomcertovolumedelodobiologicamenteativo,mantidoemsuspensãopor

umaaeraçãoadequadaeduranteumtemponecessárioparaconverterumapor-

çãobiodegradáveldaquelesresíduosaoestadoinorgânico,enquantooremanes-

centeéconvertidoemlodoadicional.Tallodoéseparadoporumadecantação

secundáriae,emgrandeparte,éretornadoaoprocesso,sendoaquantidadeem

excessodispostapelosmeiosusuais(digestão).

Oslodosativadosconsistemdeagregadosfloculentosdemicro-organis-

mos,materiaisorgânicoseinorgânicos.Osmicro-organismosconsideradosin-

cluembactérias, fungos,protozoáriosemetazoárioscomorotíferos, larvasde

insetosecertosvermes.Todoseles se relacionamporumacadeiadealimen-

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100 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

tação:bactériasefungosdecompõemomaterialorgânicocomplexoeporessa

atividadesemultiplicamservindodealimentoaosprotozoários,osquais,por

sua vez, são consumidos pelosmetazoários que tambémpodem se alimentar

diretamentedebactérias,fungosemesmodefragmentosmaioresdosflocosde

lodosativados.

Oprocessoenvolveentãoumestágiodeaeraçãoseguidoporumasepa-

raçãodesólidosdaqualolodoobtidoérecirculadoparasemisturaraoesgoto.

Naetapadeaeração,ocorreumarápidaadsorçãoefloculaçãodosmateriaisor-

gânicosdissolvidoseemsuspensãocoloidal.Ocorreaindaumaoxidaçãopro-

gressivaeumasíntesedoscompostosorgânicosadsorvidosedaquelesquesão

continuamenteremovidosdasolução.Finalmente,oxidaçãoedispersãodaspar-

tículasdelodocomoprosseguimentodaaeração.

Oprocessodos lodosativadoséomaisversátildosprocessosbiológicos

detratamento.Podeproduzirumefluentecomconcentraçãodematériaorgânica

variandodemuitoaltaamuitobaixa.Historicamente,foidesenvolvidoapartirde

1913naInglaterraepermaneceusemsofrergrandesalteraçõesporquasetrinta

anos.Quandocomeçaramasmudanças,elasforamprovocadasmaispelosopera-

doresdasestações,aotentaremsolucionarproblemasespeciais,quepropriamente

porengenheirosenvolvidosemprojetosoupesquisas.Comoavançodatecno-

logia,entretanto,começaramosgruposdepesquisaatrazersuacontribuiçãoem

termosdemodificaçõesbásicasnoprocesso.

Muitasmodificaçõesdoprocessodelodosativadostêmsidodesenvolvidas

nosúltimosanos,masapenasduasvariaçõesbásicasdevemserconsideradas:

a) sistemaconvencional,noqualabsorção,floculaçãoesíntesesãoal-

cançadasemumestágio;

b)sistemadeestabilizaçãoporcontato,noqualaoxidaçãoeasíntese

domaterialorgânicoremovidoocorrememumtanquedeaeração

separado.

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101Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Nailustração3.5.3.2épossívelavisualizaçãodeumaestaçãodetratamen-

todeesgotosdelodosativados.

ILUSTRAÇÃO 3.5.3.2 – ETE LODOS ATIVADOS BEM OPERADA

NosistemaUasbBiofiltroAerado,asseguintesunidadescompõemoflu-

xogramadetratamentodaETE:

a) pré-tratamento: grademédia (limpezamanual, situada na estação

elevatória);

b) tratamentoprimário:reatoranaeróbiodefluxoascendente(Uasb);

c) tratamentosecundário:biofiltrosaeradossubmersos;

d)desidrataçãodolodo:leitosdesecagem;

e) bombeamento.

Oesgotogradeadoéencaminhadoàestaçãoderecalque,ondeserábom-

beadoparaoreatorUasb.Aestaçãoelevatóriatambémreceberáolododelava-

gemdosbiofiltrosaeradossubmersos,naocasiãoemqueestesreatoresforem

submetidosà lavagemdomeiogranular.Olodoserábombeadoparaoreator

Uasb,juntoaoesgotopré-tratado.

Odesarenadorobjetivaàreduçãodoacúmulodematerialinertenosrea-

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102 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

toresbiológicos.Seráinstaladoumdesarenadordotipocanalcomlimpezama-

nual,situadonoaltodoreatorUasb.Vertedorestriangularesserãoinstaladosna

saídadodesarenador,objetivandoocontroledeníveld’águae adistribuição

vazõesparaalimentaçãodoreatorUasb.Aareiaseráremovidaperiodicamente

dodesarenador,sendoacondicionadaemcaçambaseencaminhadasparaaterro

sanitário.

OreatorUasbconsisteemumfluxoascendentedeesgotospormeiode

umleitodelodobiológicodensoedeelevadaatividademetabólicaanaeróbia.

Operfildesólidosnoreatorvariademuitodensoecompartículasgranularesde

elevadacapacidadedesedimentaçãopróximasaofundo(leitodelodo),atéum

lodomaisdispersoeleve,próximoaotopodoreator(mantadelodo).Umdos

princípios fundamentaisdoprocessoéa suacapacidadeemdesenvolveruma

biomassadegrandeatividadenoreator.Essabiomassapodeseapresentarem

flocosouemgrânulos(1mma5mmdetamanho).

Ocultivodeumlodoanaeróbiodeboaqualidadeéconseguidopormeio

deumprocessocuidadosodepartida,duranteoqualaseleçãodabiomassaéim-

posta,permitindoqueolodomaisleve,demáqualidade,sejaarrastadoparafora

dosistema,aomesmotempoemqueolododeboaqualidadeéretido.Olodo

maisdenso,normalmente,sedesenvolvejuntoaofundodoreatoreapresenta

umaconcentraçãodesólidostotaisdaordemde40ga100gSST/l.Usualmen-

te,nãoseutilizaqualquerdispositivomecânicodemistura,umavezqueestes

parecemterumefeitoadversonaagregaçãodolodo,e,consequentemente,na

formaçãodegrânulos.

Aseficiênciasderemoçãodamatériaorgânicacostumamsesituarnafaixa

de70%a80%(DBO5),oque,emalgunscasos,podeinviabilizarolançamento

diretodosefluentestratadosnocorporeceptor.Porestemotivo,emboraoUasb

sejaumreatorqueincluaamplasvantagens,principalmentenoquedizrespeito

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103Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

arequisitosdeárea,simplicidadedeoperação,projetoemanutençãoeredução

médiadematériaorgânica,ébastanteimportantequesejaincluídaumaetapade

pós-tratamentoparaesseprocesso.

Portanto, na ETE o reatorUasb realizará o tratamento primário, sendo

inseridonocircuitodetratamentologoapósopré-tratamento.OUasbserácons-

truídoemaçocarbonoprotegidocontraacorrosão.Adigestãodolododelava-

gemdosbiofiltrosserárealizadanestaunidade.

OsBiofiltrosaeradossubmersossãoreatoresbiológicosàbasedeculturas

demicro-organismosfixassobrecamadadesuporteimóvel.Naprática,umbio-

filtroéconstituídoporumtanquepreenchidocomummaterialporoso,pormeio

doqualaáguaresiduáriaeoarfluempermanentemente.Naquase totalidade

dosprocessosexistentes,omeioporosoémantidosobtotalimersãopelofluxo

hidráulico,caracterizandoosbiofiltroscomoreatorestrifásicoscompostospor:

a) fase sólida: constituídapelomeio suporte epelas colôniasdemicro-or-

ganismos que nele se desenvolvem sob a forma de umfilme biológico

(biofilme);

b) faselíquida:compostapelolíquidoempermanenteescoamentoatravésdo

meioporoso;

c) fasegasosa: formadapelaaeraçãoartificiale,emreduzidaescala,pelos

gasessubprodutosdaatividadebiológicanoreator.

Acaracterísticaprincipaldoprocessoéasuacapacidadederealizar,no

mesmoreator,aremoçãodecompostosorgânicossolúveisedepartículasem

suspensãopresentesnoesgoto.Afasesólida,alémdeservirdemeiosuportepara

ascolôniasbacterianasdepuradoras,constitui-seemumeficazmeiofiltrante.

Lavagensperiódicassãonecessáriasparaeliminaçãodoexcessodebio-

massaacumulada,mantendoasperdasdecargahidráulicaatravésdomeiopo-

rosoemníveisaceitáveis.AlavagemdoBFéumaoperação,compreendendo

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104 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ainterrupçãototaldaalimentaçãocomesgotoediversasdescargashidráulicas

sequenciaisdeareáguadelavagem(retro-lavagem).

A funçãodosBFs seráadegarantiropolimentodoefluenteanaeróbio

dosUasb.Esteprocessodetratamentoécapazdeproduzirumefluentedeexce-

lentequalidade,semanecessidadedeumaetapacomplementardeclarificação.

ADBO5eumafraçãodonitrogênioamoniacalremanescentesdosUasbserão

oxidadaspormeiodagrandeatividadedobiofilmeaeróbio.Emconsequência

dagrandeconcentraçãodebiomassaativa,osreatoresserãoextremamentecom-

pactos.OsBFstambémserãoconstruídosemaçocarbono.

• Condicionantes

Conformemencionadoanteriormente,osistemadeesgotamentosanitário

podeocorrerporintermédiodesoluçõesunidomiciliares(fossassépticassegui-

dasdeinfiltraçãonosolo),soluçõescoletivascomoredesmistasoudotipose-

paradorabsoluto.Nesteúltimocaso,osistemaéconstituídobasicamentepor:

redescoletoras, interceptoreseestaçõesdetratamento.Portanto,seadotadoo

sistemaseparadorabsoluto,deve-severificarquenãoexistamlançamentosde

esgotoindustrialouresidencialnaredededrenagemnaturalouconstruída.

Emdecorrênciadasdificuldadesoperacionais,alocalizaçãodeelevatórias

deesgotodevesercuidadosamenteanalisada,sendoinclusivefatorderestrição

forteparaaocupaçãodedeterminadasáreas.Assim,interessaconhecerascara-

cterísticasfísicasehidráulicasdasredes;quantidadeelocalizaçãodosintercep-

tores;ecaracterísticasdasunidadesdetratamento.

Nosistemadeesgotamentosanitário,olançamentodosefluenteséoprin-

cipalcondicionanteparaplanejamento.Essacondiçãodeterminaotipoeonível

detratamentoesualocalização.Adisposiçãodolodogeradonoprocessopode

ser fator importantenademandaporárea.Outroaspectoquemereceespecial

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105Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

atençãodizrespeitoaoslocaisdelançamentodoesgototratado,ounão.Deve-

severificaraqualidadedosesgotoslançadoseacapacidadedeautodepuração

dessescorposreceptores.

Importantetambéméplenoconhecimentodascaracterísticasfísicasehi-

dráulicasdasredes;quantidadeelocalizaçãodosinterceptores;ecaracterísticas

daETE,custodeoperaçãoedemanutenção,adequaçãodomodelotecnológico

deengenhariaedegestãoàrealidadelocal.

Demodogeral,observa-sequede todososcomponentesdosistemado

esgotamentosanitárioéoqueapresentamaiorcarência.Nessesentido,érele-

vanteidentificarasáreasquenãosãoatendidasequaléotipodeurbanização

quepredominanessasáreassemcobertura.

Seaocupaçãoterritorialfordotipodesordenada,semplanejamento(caso

típicodevilas,favelaseloteamentosclandestinos),oatendimentoporformas

convencionaisdeesgotamentosanitáriopodeexigiraçõesconjuntasdeurbani-

zaçãoe/ouremoçõesedesapropriações.

Este tipo de urbanização apresenta maiores dificuldades para

a execução de obras convencionais devido, principalmente, aos fa-

tores referentes ao traçado e à largura de vielas e becos que mui-

tas vezes não permitem a implantação conjunta de rede de drenagem e

deesgotos.

Aocupaçãodesordenadacriasituaçõesdesfavoráveis,principalmentenos

fundos de vale em interior de quarteirão, ausência de pontos de lançamento,

formaçãodeáreasderiscoeetc.Odinamismodaocupaçãodificultaoplaneja-

mentodeaçõesdemédioelongoprazo;aausênciae/ouprecariedadedeinfra-

estruturaurbana,muitasvezesexecutadapelosprópriosmoradores,namaioria

dasvezesdificultaeencareceaimplantaçãodossistemasdeesgotosanitário.

adiantedagrandemontaderecursosaseremalocadosparaimplantaçãode

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106 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

sistemadeesgotamentosanitárioe,porconseguinte,ograndeperíodonecessá-

rioparaasuaimplantação,faz-senecessáriopreverascondiçõesintermediárias

paraimplantaçãodepartedosistemacomtodasassuasunidades,sem,noen-

tanto,permanecerparcialmenteociosoporumgrandeperíodo.Nessesentido,a

opçãoporsistemasdescentralizados(comounãoposteriorunificação)deveser

sempreanalisada.

Outradificuldade encontradanas áreasdevilas e favelasdiz respeito à

manutençãodossistemas.Aausênciaouprecariedadedosistemadecoletade

lixo,associadaàfaltadeconscientizaçãosanitáriaeambientaldapopulaçãose

constituiemgraveproblemaparaavidaútildasredesquepassamademandar

manutençãomaisfrequente.

Daíaimportânciadeaçãonacomunidadeparatalconscientização.Além

disso,osbenefíciosalcançadospelaimplantaçãodesistemasdeesgotosficam

minimizadosemrazãodoelevadonúmerodeligaçõesdomiciliaresnãoexecu-

tadas,pordificuldadestécnicaseporfaltadeprevisãodesteserviço,quandoda

implantaçãodosistema.

ÉfundamentalumtrabalhoconstanteedeeficienteparceriaentreaOpe-

radoradosServiçoseaAdministraçãoMunicipal,oqualdeveserequacionado

tantonaconcepçãodaredecoletoraquantonaprevisãodoserviçodeimplanta-

çãoenoestabelecimentodeumatarifaadequadanosentidodesensibilizaros

moradoresdessasáreasparaaimportânciadeligaremsuasinstalaçõesdomici-

liaresaosistema.

3.5.4 sistemA de LimpezA urbAnA – mAnejo de resíduos sóLidos

• Generalidades

Os resíduos sólidos sãomateriais heterogêneos, (inertes,minerais e or-

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107Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

gânicos)resultantesdasatividadeshumanasedanatureza,osquaispodemser

parcialmenteutilizados,gerando,entreoutrosaspectos,proteçãoàsaúdepública

eeconomiaderecursosnaturais.Osresíduossólidosconstituemproblemassani-

tário,econômicoeprincipalmenteestético.

Demodogeral,osresíduossólidossãoconstituídosdesubstâncias:

a) facilmentedegradáveis(FD):restosdecomida,sobrasdecozinha,

folhas,capim,cascasdefrutas,animaismortoseexcrementos;

b)moderadamentedegradáveis(MD):papel,papelãoeoutrosprodutos

celulósicos;

c) dificilmentedegradáveis(DD):trapo,couro,pano,madeira,borra-

cha,cabelo,penadegalinha,osso,plástico;

d)nãodegradáveis(ND):metalnãoferroso,vidro,pedras,cinzas,ter-

ra,areia,cerâmica.

Sua composição varia de acordo com os hábitos e os costumes da po-

pulação,quantidadedehabitantes,poderaquisitivo,variaçõessazonais,clima,

desenvolvimento,níveleducacional,variandoaindaparaamesmacomunidade

comasestaçõesdoano.

Osresíduossólidosseclassificamquantoàsuaorigem,daseguinteforma:

a) domiciliar;

b)comercial;

c) industrial;

d)serviçosdesaúde;

e) portos,aeroportos,terminaisferroviárioseterminaisrodoviários;

f) agrícola;

g)construçãocivil;

h) limpezapública(logradouros,praias,feiras,eventos,etc.);

i) abatedourosdeaves;

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108 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

j) matadouros;

k)estábulos.

Ascaracterísticasfísicasdosresíduossólidossãoasseguintes:

a) compressividade:éareduçãodovolumedosresíduossólidosquan-

dosubmetidosaumapressão(compactação);

b) teor de umidade: compreende a quantidade de água existente na

massadosresíduossólidos;

c) composiçãogravimétrica:determinaaporcentagemdecadaconsti-

tuintedamassaderesíduossólidos,proporcionalmenteaoseupeso;

d)produçãoper capita:éamassade resíduossólidosproduzidapor

umapessoaemumdia(kg/hab.xdia);

e) peso específico: é o peso dos resíduos sólidos em relação ao seu

volume.

Osresíduossólidos,emgeral,têmasseguintescaracterísticasquímicas:

a) podercalorífico:indicaaquantidadedecalordesprendidadurantea

combustãodeumquiloderesíduossólidos;

b) teoresdematériaorgânica:éoporcentualdecadaconstituinteda

matériaorgânica(cinzas,gorduras,macronutrientes,micronutrien-

tes,resíduosminerais,etc.);

c) relaçãocarbono/nitrogênio:determinaograudedegradaçãodama-

tériaorgânica;

d)potencialdehidrogênio:éoteordealcalinidadeouacidezdamassa

deresíduos.

Quantoàscaracterísticasbiológicas,osresíduossólidosapresentamagen-

tespatogênicosemicro-organismosprejudiciaisàsaúdehumana.Osresíduos

sólidosconstituemproblemasanitáriodeimportância,quandonãorecebemos

cuidadosconvenientes.Asmedidastomadasparaasoluçãoadequadadoproble-

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109Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

madosresíduossólidostêm,soboaspectosanitário,objetivocomumaoutras

medidasdesaneamento:deprevenirecontrolardoençasaelesrelacionadas.

Alémdesseobjetivo,visa-seaoefeitopsicológicoqueumacomunidade

limpaexercesobreoshábitosdapopulaçãoemgeral,facilitandoainstituição

dehábitoscorrelatos.Osresíduossólidosconstituemproblemasanitárioporque

favorecemaproliferaçãodevetoreseroedores.Podemservetoresmecânicos

deagentesetiológicoscausadoresdedoenças,taiscomo:diarreiasinfecciosas,

amebíase,salmoneloses,helmintosescomoascaridíase,teníaseeoutrasparasi-

toses,bouba,difteria,tracoma.Ademaisservem,ainda,decriadouroeesconde-

rijoderatos,animaisessesenvolvidosnatransmissãodapestebubônica,leptos-

piroseetifomurino.

Asbaratasquepousamevivemnosresíduossólidosondeencontramlí-

quidosfermentáveistêmimportânciasanitáriamuitorelativanatransmissãode

doençasgastrointestinais,pormeiodetransportemecânicodebactériasepara-

sitasdasimundíciesparaosalimentosepelaeliminaçãodefezesinfectadas.Po-

dem,ainda,transmitirdoençasdotratorespiratórioeoutrasdecontágiodireto,

pelomesmoprocesso.

Édenotar-se tambémapossibilidadedecontaminaçãodohomempelo

contatodiretocomosresíduossólidosoupelamassadeáguaporestespoluídas.

Por seremfontescontínuasdemicro-organismospatogênicos, tornam-seuma

ameaçarealàsobrevivênciadocatadorderesíduossólidos.Osresíduossólidos,

pordisporemdeáguaealimento,sãopontosdealimentaçãoparaanimais,como

cães,aves,suínos,equinosebovinos.

Prestam-seaindaosresíduossólidosàperpetuaçãodecertasparasitoses,

comoastriquinoses,quandosefazoaproveitamentoderestosdecozinha(car-

nescontaminadas)paraaalimentaçãodeporcos.Possibilita,ainda,aprolifera-

çãodemosquitosquesedesenvolvemempequenasquantidadesdeáguaacumu-

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110 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ladasemlatas,vidroseoutrosrecipientesabertos,comumenteencontradosnos

monturos.

Asvantagenseconômicasdasoluçãoadequadaparaoproblemadosresí-

duossólidospodemserencaradascomodecorrênciadasoluçãodosproblemas

deordemsanitária,qualsejaoaumentodavidamédiaefetivadohomem,quer

pelareduçãodamortalidade,querpelareduçãodedoenças.

Quandoosresíduossólidossãodispostosdemaneirainadequada,favore-

cemaproliferaçãoderatosque,alémdeseremtransmissoresdedoençasede

destruíremgênerosalimentícioseutensílios,podemcausarincêndiosprovoca-

dospordanosàsinstalaçõeselétricas.

A soluçãodoproblema constitui ganhopara a comunidade.Eis porque

projetoseprogramassãodesenvolvidosnosentidodarecuperaçãoeconômicade

materiaisrecicláveiseorgânicos,encontradosnosresíduossólidos.

Existemváriasmaneiras de acondicionar os resíduos sólidos, conforme

descriçãoaseguir:

a) resíduos domiciliares/comerciais: recipientes rígidos, recipientes

herméticos, sacosplásticosdescartáveis e contêiner coletorou in-

tercambiável;

b) resíduosdevarrição:sacosplásticosdescartáveisapropriados,con-

têiner coletor ou intercambiável, caixas subterrâneas, recipientes

basculantes–cestos,contêineresestacionários;

c) feiraslivreseeventos:recipientesbasculantes–cestos,contêineres

estacionários,tamboresde100/200l,cestoscoletoresdecalçadas;

d)entulhos:contêineresestacionários;

e) resíduosdosserviçosdesaúde:sacosplásticosconfeccionadoscom

materialincinerávelparaosresíduoscomuns;recipientesfeitoscom

material incinerávelcomopolietilenorígido,papelãoonduladoou

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111Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

outromaterialcomasmesmascaracterísticas,paraacondicionamen-

todosresíduosinfectantes;

f) outros(matadouroseestábulos):estessãocoletadosetransportados

paraodestinofinal,ouacondicionadosemcontêineresestacionários.

AsinformaçõesdoDiagnósticodeManejodeResíduosSólidosUrbanos

-–2006,doSistemaNacionaldeInformaçõessobreSaneamento(Snis),indicam

queanaturezajurídicadosórgãosgestoresdemanejoderesíduossólidoséma-

joritariamenterealizadapelaadministraçãopúblicadireta,secundadaporautar-

quiaseseguidaporempresaspúblicasesociedadesdeeconomiamistacomad-

ministraçãopública,conformepodeserobservadonaIlustração3.5.4.1,adiante.

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.1 – NATUREZA JÚRIDICA DOS GESTORES DE RS

• Coleta e Transporte

Sobopontodevistasanitário,aeficiênciadacoletareduzosperigosde-

correntesdemauacondicionamentonafonte.Osistemadecoletadeveserbem

organizado a fim de produzir omaior rendimento possível e servir, pela sua

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112 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

pontualidade,deestímuloeexemploparaqueacomunidadecolabore.Estapar-

ticipaçãoéimportanteparaasoluçãodoproblemaeconsiste,principalmente,no

adequadoacondicionamentodosresíduossólidosenacolocaçãodosrecipientes

emlocaispreestabelecidos.

Dadoqueotrabalhorealizadopelaequipeassumecaráterdealtaimpor-

tância,tornando-senecessárioqueemseutreinamentosejamabordadosprincí-

piosdecidadania,cuidadosligadosàconservaçãodoequipamentoedosreci-

pientes,alémdosimprescindíveisconhecimentosdeordemsanitária,sanadores

dosriscospotenciaiscausadospelosresíduossólidos.Soboaspectoeconômico,

oplanejamentoeaorganizaçãodeumbomsistemadecoletasãofundamentais,

umavezqueestafasevaria,emmédia,50%a80%,eàsvezesmais,docustodas

operaçõesdelimpeza,noscentrosurbanos.

Demodogeral.acoletaeotransportedevemgarantirosseguintesrequi-

sitos:

a) auniversalidadedoserviçoprestado;

b) regularidadedacoleta(periodicidade,frequênciaehorário);

c) periodicidade:osresíduossólidosdevemserrecolhidosemperíodos

regulares;

d) frequência:éointervaloentreumacoletaeaseguinteedevesero

maiscurtopossível;

e) horário:usualmenteacoletaéfeitaduranteodia.Noentanto,acole-

tanoturnasemostramaisviávelemáreascomerciaiseoutroslocais

deintensotráfegodepessoasedeveículos.

Noqueserefereàcoletaeaotransportedosresíduossólidos,usa-sevários

tiposdeveículoscomolutocar,carroçadetraçãoanimal,caçambaconvencional

dotipoprefeitura,caçambadotipobasculanteecaminhãocomesemcompac-

tação,etc.OdimensionamentodacoletaestáligadoaoPlanodeGerenciamento

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113Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

deResíduosSólidosnoqualdescreveasaçõesrelativasaomanejo,sendocon-

templadosageração,asegregação,oacondicionamento,acoleta,otransporte

eadestinaçãofinal.NaIlustração3.5.4.2,sãomostradosveículosadequadosà

coletaderesíduossólidos

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.2 – VEÍCULOS COLETORES DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Programaredimensionarsãotarefasnecessáriasquandosedetectaane-

cessidadedereformularosserviçosexistentesequandoseplanejaampliações

paralocaisnãoatendidos.Quandoacoletadomiciliarécontratadapelaprefei-

tura,cabeaelaogerenciamentodosprincipaisrequisitosnecessáriosàcontem-

plaçãodasetapasdecoleta,transporteedisposiçãofinal.

Asestaçõesdetransferênciaservemparalimitaropercursodostranspor-

tescoletores.Sãoespaçosfísicosparaarmazenamentotemporáriodosresíduos

bastanteutilizadosemgrandescentrosurbanos,emqueumamaioreconomiaé

conseguidapelotransportedosresíduosemveículoscomcapacidadede40m³a

60m³.Asestaçõesdetransferênciasãoclassificadasdaseguinteforma:

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114 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

a) quantoaomeiodetransporte(apóstransferência.):rodoviário,ferrovi-

árioehidroviário;

b)quantoaomododearmazenagem:comfossodeacumulaçãoesemfos-

so;

c) quantoaotratamentofísicoprévio:comsistemadereduçãodevolume

esimplestransferência.

DeacordocomoDiagnósticodeManejodeResíduosSólidosUrbanos

–2006,doSnis,apopulaçãoatendidacomcoletaderesíduosdomiciliares,por

tipodefrequência,podeservisualizadanaIlustração3.5.4.3,aseguir.

Amédiadamassacoletadaderesíduosdomiciliareseresíduosdelimpeza

públicaper capitaemrelaçãoàpopulaçãourbana,deacordocomoSnis/2006,

émostradanaIlustração3.5.4.4.

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.3 – POPULAÇÃO ATENDIDA POR COLETA DE RS

Fonte: Snis/2006

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115Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.4 – MÉDIA DA MASSA COLETADA

Fonte: Snis/2006

DeacordocomoSnis/2006,opreçodosserviços,agrupando-seosvalores

dasterceirizaçõesdacoletaderesíduosdomiciliares,segundooportedosMu-

nicípios,sãovaloresmédioscontratuaisparaacoletaterceirizadaquevariamde

R$59,88/t,paraMunicípiosdepequenoporte,atéR$64,24/t,paraMunicípios

grandes.Aprodutividademédiadopessoaldacoleta(coletadoresemotoristas)

éde2.735Kg/empr.xdia,apresentandoovalormáximode2.949Kg/empr.x

diaparaMunicípiosdegrandeporteemínimode955Kg/empr.xdiaparaMu-

nicípiospequenos.

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116 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Noquadro3.5.4.1,aseguir,apresenta-seadistribuiçãodefrotadecoleta

deresíduosdomiciliaresedelimpezaurbana,poridade,segundooprestadordo

serviço,ouseja,pelaprefeituraouporempresa.

QUADRO 3.5.4.1 – IDADE DA FROTA DE COLETA DE RESÍDUOS

IDADE PREFEITURAS EMPRESASMENOS DE 5 ANOS 23,0 63,6

DE 5 A 10 ANOS 26,2 25,2

MAIS QUE 10 ANOS 50,8 11,2

Acomposiçãodafrotadeacordocomotipodeveículocoletorpodeser

visualizadanoquadro3.5.4.2.

QUADRO 3.5.4.2 – COMPOSIÇÃO DA FROTA

VEÍCULO PORCENTAGEMCAMINHÃO COMPACTADOR 44,0

CAMINHÃO BASCULANTE, BAÚ OU

CARROCERIA 46,7

CAMINHÃO POLIGUINDASTE (BROOK) 4,0

TRATOR AGRÍCOLA COM REBOQUE 3,5

TRAÇÃO ANIMAL 2,8

• Limpeza PúblicaAlimpezapúblicaéconstituídadasseguintesatividades:

a) varrição;

b)capinagem;

c) feiras;

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117Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

d)eventos;

e) praias;

f) pinturademeiofiocomcal;

g)cemitérios;

h)monumentos;

i) bueiros;e

j) córregos.

Varriçãoéoconjuntodeprocedimentosconcernentesà limpezamanual

oumecanizadaquesedesenvolveemviaselogradourospúblicos,abrangendo

oarraste,oacondicionamentoeorecolhimentoouasucçãodosresíduoscomu-

mentepresentesnumafaixadeaproximadamente1metrodelarguraapartirdas

sarjetas.

As informações do Snis/2006 indicam que as prefeituras são o agente

executordemaiorpresençanatarefadevarrição,chegandoa49,0%doscasos

ematuaçãoexclusivaemais16,3%ematuaçãoconjuntacomempresas.Jáas

empresastrabalhamcomexclusividadeem34,4%dosMunicípiosdaamostra,

aosquaissesomamos16,3%emqueatuamemconjuntocomasprefeituras.

Comonocasodacoletaderesíduossólidos,aatuaçãoexclusivadaspre-

feiturasnavarrição,emborapresenteemtodasasfaixasdeportepopulacional

caifortementecomocrescimentodotamanhodosMunicípios,dandolugarpara

aatuaçãodeempresas,querexclusivamente,queremconjuntocomaprefeitura,

indicandoumajunçãodosdoisserviçosnatrajetóriadeterceirização.

Aterceirizaçãodosserviçosdevarriçãoapresentavalorescontratuaisque

indicamvaloresmédiosdeR$43,89eR$44,10porKm,paracontratosseme

comcoletados resíduos, respectivamente, comumadispersãomuito altanos

valores,emambososcasos.Aprodutividadedopessoaldavarrição(varredores)

apresentacomovalormédio1,0Km/empr.xdiaaté2Km/empreg.xdia.

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118 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Capinaéoconjuntodeprocedimentosconcernentesaocorte,manualou

mecanizado;ouàsupressão,poragentesquímicos,dacoberturavegetalrasteira

consideradaprejudicialequesedesenvolveemviaselogradourospúblicos,bem

comoemáreasnãoedificadas,públicasouprivadas,abrangendoeventualmentea

remoçãodesuasraízeseincluindoacoletadosresíduosresultantes.

NosMunicípiosquerealizamcapinapredominalargamenteacapinama-

nual(95,5%).Acapinamanualapresentavaloreselevados,acimade90%,para

todososportesdosMunicípios.Jáapresençadecapinamecânicaestápresente

emumaboaparceladeMunicípios;noentanto,semqueseverifiquetendência

associadaaoportedoMunicípio.Aoutraformadecapinaépormeiodaaplica-

çãodeprodutosquímicos,commenorfrequência.

• Reciclagem

Tantoquantopossíveldeve-seaprenderareduziraquantidadedosresíduos

sólidosquesegera.Éimportanteoentendimentodequeareduçãonãoimplica

padrão de vidamenos agradável. É simplesmente uma questão de reordenar

osmateriaisqueusamosnodia-a-dia.Umadas formasde se tentar reduzir a

quantidadedosresíduossólidosgeradaécombatendoodesperdíciodeprodutos

ealimentosconsumidos.

OdesperdícioresultaemônusparaoPoderPúblicoeparaocontribuinte.

Suareduçãosignificadiminuiçãonoscustos,alémdefatordecisivonapreser-

vaçãodosrecursosnaturais.Menoslixogeradotambémimplicaráestruturade

coletamenorereduçãodecustosdedisposiçãofinal.

Existem inúmeras formasde reutilizarosobjetos,desdeautilizaçãode

embalagensretornáveisatéoreaproveitamentodeembalagensdescartáveispara

outrosfins;issosãoapenasalgunsexemplos.Areciclagemconsisteemumasérie

deatividadeseprocessos,industriaisounão,quepermitemseparar,recuperare

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119Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

transformarosmateriaisrecicláveiscomponentesdosresíduossólidosurbanos.

Essasatividadeslevamaaçãodereintroduzirosresíduosnocicloprodutivo.

Asetapasdereciclagemdosresíduossólidossão:

a) separação e classificação dos diversos tipos de materiais (vidro,

papéis,plástico,metais);

b)processamentoparaobtençãode: fardos,materiais triturados,e/ou

produtosquereceberamalgumtipodebeneficiamento;

c) comercializaçãodosmateriaisnaformatriturada,prensadaoupro-

dutosobtidosdosprocessosdereciclagem;

d)reutilizaçãodosprodutose reaproveitamentoemprocessos indus-

triais,comomatérias-primas.

Sobaóticadointeresseempresarialpeloprocessoprodutivodetratamen-

toetransformaçãoderesíduos,deve-severificarademanda,istoé,omercado

consumidoréograndedeterminantedoqueproduzir,comoproduzir,quandoe

quantoseráproduzido.Semummercadojáexistente,oucomperspectivadeser

criado,nãoexisteafilosofiaempresarial.

A seguir apresentam-se alguns tópicos que devem ser considerados em

relaçãoaoassuntoemquestão:

a) todaaproduçãodeveserdefinidaedirecionadaapartirdeummer-

cado;

b) reciclageméumnegócioedeveserassimtratado.Devem-seencon-

trarasrespostasparaasseguintesindagaçõesarespeitodoqueserá

reciclado, taiscomo:qualomaterial?Quaissãooscustos?Como

transportarparaalinhadeprodução?Ondearmazenar?

c) osistemadeveutilizartécnicasdeestudodetempoimpedindodiver-

sostiposdedesperdício,comadiminuiçãodecustoscommovimen-

tação, fabricação de produtos defeituosos e estoques, dandomais

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120 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

eficiênciaeeconomiaàslinhasdeprodução;

d)oarranjofísicodoprocessoprodutivodevedisporosequipamentos

segundooroteirodeprodução;

e) os postos de trabalho em uma linha produtiva para a reciclagem

devemestarcomequivalênciaemtermosdecargadetrabalho,ou

entãohaverásobrecargaeconsequentementeacúmulo(ougargalo

produtivo);

f) planejamentosdospostosde trabalhodevem incluir a suaflexibi-

lidade,autonomiaeproximidadecomofatoresdeterminantes,pois

poderemosdeslocarprodutosetrabalhadoresdeacordocomasne-

cessidadesdaslinhasprodutivas;

g)aindanoaspectodoplanejamentoda linhadeprodução,deve ser

dadaamplapreferênciaaequipamentospequenos,maisflexíveis(de

fácilmovimentação)efáceisemtermosdemanutençãopreventiva;

h)comotodaaproduçãoédiretamentevinculadaàdemanda,ostem-

posdoprocessodevemadaptar-seperfeitamenteaessasvariaçõesde

demandaemcurtoprazo.

Na Ilustração3.5.4.5,observa-seas incidênciasdemateriais recicláveis

recuperadosportipodematerial,aseguir.

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121Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.5 – INCIDÊNCIAS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

No manejo dos resíduos sólidos, deve-se levar em conta que em-

bora a reciclagem deva ser meta, ela é pouco eficiente para garan-

tir que o ciclo dematéria seja alcançado. Isso significa que a área para dis-

posição final dos resíduos coletados ainda é fator muito importante.

Oprocessodereciclagem,porsuavez,tambémnecessitadeáreasignificativa,

tendopesoconsiderávelnoplanejamento.

• Tratamento de Resíduos Sólidos

Acompostageméumprocessobiológico,aeróbicoecontrolado,noqual

amatériaorgânicaéconvertidapelaaçãodemicro-organismosjáexistentesou

inoculadosnamassaderesíduosólido,emcompostoorgânico.Oteordeumida-

dedosresíduossólidossitua-seentre50%a60%.Seformuitobaixa,aatividade

biológicaficacomprometidaeseformuitoaltaaoxigenaçãoéprejudicadae

ocorre a anaerobiose, surgindo consequentemente um líquido escuro de odor

desagradável,denominadochorume.

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122 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Énecessáriaparaaatividadebiológicaadegradaçãodamatériaorgânica

deformamaisrápida,semodoresruinseissoocorrededuasmaneiras:artificiais

(mecânicas)ounaturais(reviramentos).Ociclodereviramentositua-seemmé-

diaduasvezesporsemanaduranteosprimeiros60dias.

Oprocessoinicia-seàtemperaturaambiente,aumentandogradativamente

àmedidaqueaaçãodosmicro-organismosseintensifica.Ovalordatemperatura

idealéde55oC,devendoserevitadaatemperaturaacimade65oCporcausarema

eliminaçãodosmicro-organismosestabilizadores,responsáveispeladegradação

dosresíduosorgânicos.Afasedenominadatermofílicaéimportanteparaaeli-

minaçãodemicróbiospatogênicosesementesdeervadaninhas,eventualmente

presentenomaterialemcompostagem.Ofinaldoprocessocaracteriza-sepela

presençadetemperaturasmesofílicas,entre30oCa40oC.

Osaspectostécnicosparaconstruçãodeumaáreaparacompostagemcon-

vencionalsãoosapresentadosaseguir:

a) declividadedoterreno:2%a3%;

b)regularizaçãodopiso;

c) sistemadedrenagem;

d) impermeabilizaçãodaárea;

e)manterdistânciamínimade500mdaperiferiadacidade;

f) ventospredominantesdacidadeparaausina;

g) infraestruturanecessária,águaeenergiaelétrica;

h)oterrenodeveestara2mdonívelmaisaltodolençolfreático.

Aincineraçãoéumprocessodeoxidaçãoàaltatemperatura,comaqueima

dosgasesentre1.000oCa1.450oC,notempodeatéquatrosegundos,devendo

ocorrereminstalaçõesbemprojetadasecorretamenteoperadas,ondeháatrans-

formaçãodemateriaiseadestruiçãodosmicro-organismosdosresíduossólidos,

visando,essencialmente,àreduçãodoseuvolumepara5%e,doseupeso,para

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123Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

10%a15%dosvaloresiniciais.

Asescóriaseascinzasgeradasnoprocessosãototalmenteinertes,deven-

do recebercuidadosquantoaoacondicionamento,armazenamento, identifica-

ção,transporteedestinaçãofinaladequada.Oníveldeeficiênciadedestruiçãoe

remoçãonoprocessodeincineração,porincineradoresdotipoconvencional,do

tiporotativo,dotipoverticaleosdecâmara,comascapacidadesvariandode30

kg/horaa1.300kg/hora,nãodeveserinferiora99,99%.

Ageraçãodedioxinasefuranos,derivadosdereaçõesemmoléculasde

cloroexpostasàgrandepressãoetemperatura,emambientescheiosdematéria

orgânica,causamdanosaomeioambienteeaohomem.Adisposiçãofinaldos

resíduospodeserrealizadaematerrosqueconsistemnoenterramentoplanejado

dosresíduossólidosecontroladostecnicamentequandodosaspectosambien-

tais,demodoaevitaraproliferaçãodevetoreseroedoreseoutrosriscosàsaúde.

Cuidadosespeciaisdevemserconsideradosquantoàlocalizaçãodosater-

ros,devendo-seevitaraproximidadedehabitações,possibilidadedecontami-

nação de água, distâncias, acesso ao local, obras de drenagem, planejamento

daprópriaoperaçãoedassucessivasfrentesaserematacadas.Osaterrossão

classificadosdaseguinteforma:

a) aterrosdesuperfície;

b)aterroscomdepressõeseondulações;

c)métododerampa;

d)métododetrincheira;

e)métododaárea;e

f) aterrosemvalas.

Oaterrocontroladoéuma técnicadedisposiçãode resíduossólidosno

solo,visandoàminimizaçãodosimpactosambientais.Essemétodoutilizaal-

guns princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os

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124 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

comumacamadadematerialinertenaconclusãodecadajornadadetrabalho.

Estemétododedisposiçãoproduzpoluição,porémdeformacontrolada,

geralmente,nãodispõedeimpermeabilizaçãodebase(podendocomprometera

qualidadedaságuassubterrâneas),nemdesistemasdetratamentodopercolado

(termoempregadoparacaracterizaramisturaentreochorumeeaáguadechuva

quepercolanoaterro)edobiogásgerado.

Oaterrosanitárioderesíduossólidosurbanoséatécnicadedisposiçãode

resíduosnosolo,visandoàminimizaçãodosimpactosambientais,métodoeste

queutilizaprincípiosdeengenhariaparaconfinarosresíduossólidosamenor

áreapossívelereduzi-losaomenorvolumepermissível,cobrindo-oscomuma

camadadeterranaconclusãodecadajornadadetrabalho,ouaintervalosmeno-

res,senecessário.NaIlustração3.5.4.5pode-seobservarumaterrocorretamente

operado,inclusivecomautilizaçãodeequipamentodecompactaçãoadequado,

otratorsobreesteira.

ILUSTRAÇÃO 3.5.4.5 – ATERRO SANITÁRIO BEM OPERADO

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125Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• Resíduos de Serviços de Saúde

Esteserviçocorrespondeaoconjuntodeprocedimentosreferentesaoreco-

lhimentoderesíduosinfectantesouperfurocortantesgeradosemestabelecimen-

tosdeatençãoàsaúde(hospitais,clínicas,postosdesaúde,clínicasveterinárias,

consultóriosmédicoseodontológicos,farmácias,laboratóriosdeanálisesclíni-

casedemaisestabelecimentoscongêneres)eque,emfunçãodesuascaracterís-

ticasespecíficas,demandamaadoçãodemétodose/ouprocedimentosespeciais

deacondicionamento,coleta,transporte,tratamentooudisposiçãofinal.

Paraosserviçosdesaúdeháprocedimentosmínimosqueorientamoge-

renciamentoeotratamentodeseusresíduos,comvistasapreservarasaúdepú-

blicaeaqualidadedevidadapopulaçãoedomeioambiente,osquaisratificam

queasaçõespreventivassãomenosonerosasemaiseficazesparaalcançaresses

objetivos.

Resoluçõesgovernamentaisdeterminamquecaberáaosestabelecimentos

de saúdeemoperaçãooua serem implantadosogerenciamentodos resíduos

produzidos.Oplanodegerenciamento,seguindooscritériosepadrõesfixados

peloórgãoambientaldecadaEstadodafederaçãoédocumentointegrantedo

processodelicenciamentoambiental.

OgerenciamentodosRSSconstitui-seemumconjuntodeprocedimentos

degestão,planejadoseimplementadosapartirdebasescientíficasetécnicas,

normativaselegais,comoobjetivodeminimizaraproduçãoderesíduosepro-

porcionaraosresíduosgeradosumencaminhamentoseguro,deformaeficiente,

visandoàproteçãodostrabalhadores,àpreservaçãodasaúdepública,dosrecur-

sosnaturaisedomeioambiente.

Ogerenciamentodeveabrangeroplanejamentoderecursosfísicos,recur-

sosmateriaiseacapacitaçãoderecursoshumanosenvolvidosnomanejodos

RSS.BaseadonascaracterísticasenovolumedosRSSgerados,umPlanode

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126 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

GerenciamentodeResíduosdeServiçosdeSaúde(PGRSS)queestabeleçaas

diretrizesdemanejodosRSSdeveserelaborado.

AdisposiçãofinaldosRSSprecisaserrealizadaematerrocontroladoou

sanitárioque será implantado (dependendodo caso)peloprojeto técnicoque

siga rigorosamente aNorma daAssociaçãoBrasileira deNormasTécnicas –

ABNT,quedeterminaosprocedimentosdeapresentaçãodeprojetos tantode

aterroscontroladoscomodeaterrossanitáriosderesíduossólidosurbanos.

Amassaderesíduosdosserviçosdesaúdecoletadaper capita,emrelação

àpopulaçãourbana,segundoosdadosdoSnis/2006,apontacomoindicadormí-

nimoototalde0,21kg/1.000hab.xdiaeomáximode49,81kg/1.000hab.xdia,

resultandoovalormédioiguala6,45kg/1.000hab.xdia.

• Resíduos Sólidos da Construção Civil

Acoletadiferenciadaderesíduossólidosdaconstruçãociviléoconjunto

deprocedimentosreferentesaorecolhimentoderesíduosprovenientesdecons-

truções,reformas,reparosedemoliçõesdeobraseosresíduosresultantesdees-

cavaçõesepreparaçãodeterrenosparaimplantaçãodeedificações.Incluem-se

nestacategoriaderesíduos:tijolos,blocoscerâmicos,concretoemgeral,solos,

rochas,metais,resinas,colas,tintas,madeirasecomponentes,argamassa,gesso,

telhas,pavimentoasfáltico,vidros,plásticos,tubulações,fiaçãoelétricaeoutros,

classificadosconformenormasdaABNTemclassesA,B,CeD.

Emcercade64%dosMunicípiosbrasileiros, a prefeitura executa– só

ouemconjuntocomoutrosagentes–acoletadeResíduosSólidosdaCons-

truçãoCivil –RCD.Desses, contudo, somente em14,5%o serviço é cobra-

do.Desagregando-seaexecuçãodacoletadeRCDporagentecomatuaçãoex-

clusiva, tem-seaindadestaqueparaaprefeitura(34,1%)seguidadeempresas

especializadas(17,0%).Acombinaçãodetodososquatroagentestrabalhando

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127Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

simultaneamentealcança42,0%dasrespostas

• Informações Adicionais

Outrofatordegrandeimportânciaéainterfaceentrealimpezapúblicae

acomunidadelocal.Omanejoderesíduossólidostemgrandedependênciada

boaaceitabilidadedosserviçospelosusuários,paraquealimpezapúblicapossa

sermaisefetiva.Alémdisso,ofatodeosresíduossólidosurbanosteremvalor

econômicodeve ser considerado, pois existempessoas que têmna “catação”

seumeiodevida.Dessaforma,cuidadoespecialprecisaserdadoaosaspectos

sociaisrelacionadosaomanejodosresíduossólidos.

Ascausasdosproblemasmaisfrequentesnosistemadelimpezaurbana

podemserresumidamenteidentificadasdaseguinteforma:

a)Presençadelixonasvias:

–inexistênciadecoleta;

–sistemadecoletainapropriadoparaolocal;

–coletadeficiente,frequênciairregular;

–faltadecampanhaeducativa;

–faltadefiscalizaçãoeaplicaçãodalegislaçãomunicipal.

b)Presençadelixonoscorposdeáguasuperficiais:

–inexistênciadecoleta;

–sistemadecoletainapropriadoparaolocal;

–coletadeficiente,freqüênciairregular;

–faltadecampanhaeducativa;

–faltadefiscalizaçãoeaplicaçãodalegislaçãomunicipal;

–faltaoutratamentoinadequadodochorumegeradonolocaldedis-

posiçãofinal.

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128 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

c)Poluiçãodoscorposdeáguasuperficiaisesubterrâneos:

–contaminaçãopelochorume.

d)Incômodosemtornodaáreadedisposiçãofinal:

–existênciadelixão;

–localizaçãoinadequadacomoutrasatividades;

–operaçãoinadequada.

e)DeficiêncianaGestãodoSistema:

–ausênciadeOrganogramaedePlanoFuncional;

–obsolescênciae/ouinadequabilidadedasestruturaseequipamentos;

–sistemaoperandodemododeficitário.

As soluções para os problemasmais frequentes no sistema de limpeza

urbanasãoasseguintes:

a) recuperaçãoeampliaçãodasestruturasfísicasetrocasdeequipamentos;

b) modernizaçãodomodelodegestão;

c) reavaliaçãodoPlanoTarifário;

d) reforçodacapacidadefiscalizadoradosórgãoscompetentes;

3.5.5 drenAGem urbAnA

Osistemadedrenagemsesobressaicomoumdosmaissensíveisdospro-

blemascausadospelaurbanização,tantoemrazãodasdificuldadesdeesgota-

mentodaságuaspluviais,quantoemrazãodainterferênciacomosdemaissis-

temasdeinfraestrutura,alémdeque,comaretençãodaáguanasuperfíciedo

solo,surgemdiversosproblemasqueafetamdiretamenteaqualidadedevidada

população.

Osistemadedrenageméomaisdestacadonoprocessodeexpansãourba-

na,ouseja,oquemaisfacilmentecomprovaasuaineficiênciaapósaschuvasde

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129Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

grandeintensidade,acarretandotranstornosàpopulação,causandocomoconse-

quênciainundaçõesealagamentos.Alémdisso,tambémpropiciaoaparecimen-

todedoençascomoaleptospirose,diarreias,febretifoideeaproliferaçãodos

mosquitosanofelinos,quepodemdisseminaramalária.

Assimsendo,essaságuasdevemserdrenadaspormeiodeumsistemaque

permitaoescoamentoeficazquepossasofreradaptações,paraatenderàevolu-

çãourbanísticaaolongodotempo.

Noaspectosanitárioadrenagemvisaprincipalmenteà:

• desobstrução dos cursos d’água, dos igarapés e riachos, evitando

a formação de criadouros (formação de lagoas) combatendo, por

exemplo,amalária;e

• não-propagaçãodealgumasdoençasdeveiculaçãohídrica.

Nestaatividade,objetiva-seacoletadasinformaçõesqueindiqueasitua-

çãoatualdoMunicípionoquedizrespeitoàsenchentesurbanaseàdrenagem

urbanaparasubsidiar,emumaetapaposterior,odesenvolvimentodeaçõese

alocaçãoderecursos,afimdemitigarosproblemascausadospelasenchentese

asdeficiênciasdosistemadedrenagem.

Aurbanizaçãodeumabaciasemanifestanumaceleradoprocessodeim-

permeabilização de sua superfície, como consequência, principalmente, pela

construçãodeprédios,pavimentaçãoderuas,calçadaseestacionamentos.

Aimpermeabilizaçãodosoloreduzainfiltração,aumentandoovolumees-

coadosuperficialmente.Alémdareduçãodainfiltração,existemoutrosaspectos

queinfluenciamsignificativamentenascaracterísticas“naturais”dainfiltração

emáreasurbanas,como:presençadeaterros,escavação,compactaçãoemistura

demateriaisdediferentegranulometria.

Aincorporaçãodesuperfíciessemipermeáveiseimpermeáveistornaasu-

perfície do terrenomais lisa, o que aumenta a velocidade do escoamento.O

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130 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

armazenamentoemdepressõesdasuperfície tambémé reduzido,aumentando

aindamaisoexcedentedaprecipitaçãoescoadosuperficialmente.

Existemoutrascircunstânciasquepodemprovocarenchentesporelevação

denível,comoporexemplo,oestrangulamentodaseçãodeumcursod’água

devidoàconstruçãodepilaresdepontes,represamentosouremansosgerados

porbarragensouriosdemaiorporte,entreoutras.

Apóso processodeocupaçãodo solo, a resposta da bacia aos diferen-

testiposdechuvamudaradicalmente.Nessascondições,elaécapazdegerar

escoamentoparaoseventosmaisfrequentes(menosseverosemaisintensos).

Aproporçãono aumento da vazão superficial é significativamentemaior nos

eventosmenosseverosedemaiorintensidadequenoseventosmaisseverose

menosintensos.

Énaturalqueessasnovascaracterísticasdabaciaserefletemnadistribui-

çãoestatísticadasenchentes,aumentandoamédiaanual,ocoeficientedevaria-

çãodadistribuiçãodiminuieadeclividadedacurvavazão-tempoderetorno,e

tendamadiminuir.

Asperdaspor interceptaçãoeevaporaçãosãodesprezíveisnaescalade

tempodeumeventochuvosonumabaciaurbana,masaevaporaçãotemefeito

significativonarecuperaçãodosoloentreeventos.NaIlustração3.5.5notam-se

asprincipaismudançasnocomportamentohidrológicodeumabaciahidrográfi-

caemfunçãodaurbanização.

Outras alterações significativas decorrentes do processo de desenvolvi-

mentourbanonabaciasãoasmudançasnosistemadedrenagem,materializadas

naconstruçãodeobrasdemicrodrenagememodificaçõessubstanciaisnama-

crodrenagem.

Estaúltimapodesersintetizadapeloaumentodaextensãodoscanaisar-

tificiais,osarroiosecórregossãoretificadosesuasuperfícieéfrequentemente

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131Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

revestida.Essasmudanças,emgeral,aumentamaeficiênciadoescoamento,an-

tecipandootempodepicodohidrogramadeescoamentosuperficial.

Existemsituaçõesemqueaurbanizaçãoseapresentacomefeitoscontrá-

riosaosmencionados,enãoaconteceumaumentonavazãodepicoe/ouumare-

duçãonotempodepico.Essassituaçõesocorremquandoafaltademanutenção

daredededrenagemprovocaoseuassoreamento.Comisso,consequentemente

suaeficiênciahidráulicadiminui.

Otraçadoinadequadoderuaseasconstruçõesqueinvademoleitodos

riosgeramalagamentostemporários,quereduzemavazãodepicoeretardam

otempodepico.Énecessáriodestacarcomoimpactonegativodaurbanização

nãoapenasasenchenteseoaumentodovolumeescoadosuperficialmente,mas

tambémoutrosimpactosambientaiscomoapioranaqualidadedaságuasdos

córregosearroiosqueatravessamacidade.Oaumentonaproduçãodesedimen-

tos;acontaminaçãodosaquíferos;alémdasdoençasdeveiculaçãohídrica.

Assim,pode-seconcluirque,dopontodevistahidrológico, são trêsos

aspectos indesejáveismaispreocupantesderivadosdo fenômenodeocupação

dosolo:

• aumentoconsiderávelnovolumeevelocidadedoescoamento su-

perficial;

• aumentonaproduçãodesedimentosdevidoàerosão;e

• deterioraçãodaqualidadedaságuasdrenadaspelosesgotospluviais.

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132 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.5 – MUDANÇAS HIDROLÓGICAS DECORRENTES DA URBANIZAÇÃO

Paraomanejodaságuaspluviais,ograudeimpermeabilizaçãodosoloé

fatordegrande importância, influindo fortementenasdecisões tecnológicasa

seremadotadasparaobomdesempenhodessesistema.Alémdisso,orespeito

pelasáreasnaturaisdeescoamentominimizaoscustosenvolvidosnaimplanta-

çãodasobras,podendosignificaraviabilidadeounãodesoluçãoparaalgumas

situações.

Aspecto importanteaserconsideradoéofatorderisco,umavezqueo

fenômenodaprecipitaçãoéprobabilístico.Diantedisso,oplanejamentodeve

levaremcontaquesempreháoriscodequeasvazõesprevistaspodemserul-

trapassadas.

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133Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Umsistemageraldedrenagemurbanaéconstituídopelossistemasdemi-

crodrenagememacrodrenagem.Amicrodrenagemurbanaédefinidapelosiste-

madecondutospluviaisemnívelderedeprimáriaurbana,quepropiciaaocupa-

çãodoespaçourbanoouperiurbanoporumaformadeassentamento,adaptando-

seaosistemadecirculaçãoviária.Normalmenteossistemasdemicrodrenagem

sãoconstituídosdaseguinteforma:

• bocadeloboquesãodispositivosparacaptaçãodeáguaspluviais,

localizadosnassarjetas;

• assarjetassãoelementosdedrenagemdasviaspúblicas,quecap-

tamaságuaspluviaisprecipitadasnasviaspúblicasequeparaelas

escoam;

• os poços de visita são dispositivos localizados em pontos conve-

nientesdosistemadegaleriasparapermitemamudançadedireção,

mudançadedeclividade,mudançadediâmetroelimpezadascana-

lizações;

• ostubosdeligaçõessãocanalizaçõesdestinadasaconduziraságuas

pluviaiscaptadasnasbocasdeloboparaagaleriaouparaospoços

devisita;e

• oscondutossãotubulaçõesdestinadasàconduçãodaságuassuper-

ficiaiscoletadas.

Osistemademacrodrenageméoconjuntodeinstalaçõesformadasporca-

naisnaturaisouartificiais,galeriasdegrandesdimensõeseestruturasauxiliares,

quetemporobjetivoamelhoriadascondiçõesdeescoamentodeformaaatenuar

osproblemasde erosões, assoreamento e inundações ao longodosprincipais

talvegues(fundodevale).

Amacrodrenagemdazonaurbanacorrespondeàredededrenagemnatural

pré-existentenosterrenosantesdaocupação,sendoconsituídapelosigarapés,

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134 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

córregos,riachoserioslocalizadosnostalveguesevalas.Oscanaissãocursos

d’águaartificiaisdestinadosaconduziráguaàsuperfícielivre.

Atopografiadoterreno,anaturezadosoloeotipodeescoamentodetermi-

namaformadaseçãoaseremadotadas,asinclinaçõesdetaludesedeclividade

longitudinaldoscanais.Apesardeindependentes,asobrasdemacrodrenagem

mantêmumestreitorelacionamentocomosistemadedrenagemurbano,deven-

do,portantoserprojetadasconjuntamenteparaumadeterminadaárea.

Asintervençõesnossistemasdemacrodrenagemconsistembasicamente

em:

• retificaçãoe/ouampliaçãodasseçõesdecursosnaturais;

• construçãodecanaisartificiaisougaleriasdegrandesdimensões;

• estruturas auxiliaresparaproteçãocontra erosões e assoreamento,

travessiaseestaçõesdebombeamento;

• Justifica-seaimplantaçãoouaampliaçãodossistemasdemacrodre-

nagemnosseguintescasos:

-saneamentodeáreasalagadiças;

-ampliaçãodamalhaviáriaemvalesocupados;

• minimizarouevitaroaumentodecontribuiçãodesedimentopro-

vocadopelodesmatamentoemanejoinadequadodosterrenos,lixos

lançadossobreosleitos;e

• ocupaçãodosleitossecundáriosdecórregos.

Ostiposmaiscomunsdedrenagemsãoosindicadosaseguir:

• asuperficial,queémaisadequadaparaosterrenosplanos,comcapa

superficialsustentávelesubsolorochosoouargilosoimpermeável,

impedindooencharcamentodoterreno,evitandoasaturaçãoprolon-

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135Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

gadadosoloeacelerandoapassagemdaáguasemriscodeerosãoe

acumulaçãodelamanoleito.

• asubterrâneatemcomoobjetivoorebaixamentodolençolfreático

atéonívelquefavoreçaocultivoeagarantiadaestabilidadedases-

tradas,bemcomoasegurançadasconstruções.Adrenagemsubter-

rânea,utilizandovalas,éaplicadanoscasosemquenãosejaneces-

sárioorebaixamentodolençolfreáticomaisque1,5m,issoporque

ovolumedeterraaserremovidoseráproporcionalaoquadradoda

profundidadedavala.

• averticaléutilizadaemterrenosplanosquasesemdecliveparaque

aáguadrene,comonospântanosemarisma.Estesterrenospossuem

umacapasuperficialencharcadaporexistirabaixodelaumacamada

impermeável,impedindo,assim,ainfiltração.Poder-se-ádarsaída

às águas superficiais e subterrâneas, pelos poços verticais, preen-

chidoscompedras,cascalhoouareiagrossa,protegendoassim,sua

estabilidade.Devem-setomarprecauções,emdecorrênciadessetipo

dedrenagem,quantoaoriscodecontaminaçãodaságuassubterrâ-

neas.

• aelevaçãomecânica(bombas)deveserutilizadaquandoonívelda

águaaserbombeadaéinferioraoníveldolocaldestinadoareceber

olíquido,umavezquenãohácargahidráulicanoextremoinferior

daáreaaserdrenadaequandoolençolfreáticodoterrenoéelevado,

podendo-sesubstituiraredededrenagemsuperficialporsistemade

poços,apartirdobombeamentoparaasvalascoletoras.

Aseguirsãoidentificadasalgumasintervençõesparamanutençãodossis-

temasdemacrodrenagem:

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136 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• retificaçãodecanais;

• limpezamanual;

• limpezamecânica;

• desmatamento;

• aterro;

• construçõesdeobrasdearte;

• revestimentodecanais.

3.5.6 institucionAL

Emrelaçãoàscaracterísticasdoprestadordeserviçosdesaneamentobási-

codevemserobtidasasseguintesinformações:

• nome;

• datadeconstituição;

• serviçosprestados;

• organograma;

• modelodegestãosepúblicamunicipalouestadual,privado,coope-

rativo,etc.;

Nocasodeconcessãodosserviçosdesaneamentobásicodevemsercole-

tadasasinformaçõesaseguir:

• identificaçãodoconcessionário;

• datadetérminodaconcessão;

• instrumentolegalqueregulaaconcessão(leimunicipal,contratode

operação,etc.);

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137Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• nahipótesedeoprazodeconcessãoestarporexpirar,ouquandonão

existirinstrumentolegaladequado,esclarecerquaisprovidênciases-

tãosendotomadasparaasolução.

Dosistemadeoperaçãoemanutençãoéimportantequesetenhaconheci-

mentodosseguintesitens:

• capacidadedeproduçãomédiaemáximadossistemas;

• existênciadecadastrotécnico;

• existênciadeprogramasdecontroleoperacional;

• diagnósticodedesempenhodasunidades;

• custosindividualizadosdeoperaçãoemanutençãodossistemas.

Dosistemacomercialdeve-sesaberemfunçãodesérieshistóricasdos3

últimosanosoquesegue:

• faturamento;

• produção;

• estimativasdevolumes;

• economiasatendidas,porcategoriadeuso;

• índicedeMedição;

• índicedearrecadação(arrecadação/faturamento);

• descriçãodapolíticatarifáriaeestruturatarifáriavigente.

Emrelaçãoaosistemafinanceiro,éimportantequesetenhaconhecimento

dassérieshistóricasdos3últimosanosde:

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138 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• receitasoperacionaisdiretas,atravésdastarifaseindiretas,conside-

randoavendadeserviços,multaseetc.;

• receitasnãooperacionais taiscomoaplicaçõesfinanceiras,vendas

deativoseetc.;

• despesasdeexploraçãocompessoal,energiaelétrica,produtosquí-

micos,materiais,serviçosdeterceiros,serviçosgerais,fiscais,ser-

viçosdadívida;

• orçamentoanualdecustoseinvestimentos.

NocálculodoscustoslocaisdeMunicípiosvinculadosaCompanhiasEs-

taduaisdeSaneamento,oscustoscontabilizadosdeformacentralizadadeverão

serdesagregadosproporcionalmenteàquantidadedeligações.

Éimportantedosistemaadministrativooconhecimentoreferenteaosre-

cursoshumanosutilizadostaiscomo:quantidadedeempregados,divididosem

profissionaisdenívelsuperior,técnicos,operacionais,administrativos,terceiri-

zados,estagiários,bolsistas,existênciadeplanosdecapacitaçãoe/oudemissão.

Alémdoquefoiexplicitado,sãoimportantesparaodiagnósticoinstitucio-

nalasseguintesinformações:

• indicadoresdegestão;

• índicesdecoberturaecontinuidadedosserviços;

• qualidade;

• custosetarifas;

• eficiênciaeprodutividade.

Noqueconcerneaosíndicesdeatendimentodossistemasdeabastecimen-

todeáguaeesgotamentosanitário,oDiagnósticodosServiçosdeÁguaeEsgo-

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139Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

tos–2007,doSnisrevelaqueosmaioresíndicesdecoberturaseconcentramnos

EstadosdeSãoPauloeDistritoFederal,assimcomoosmenoresestãoconcen-

tradosnosEstadosdoNorteealgunsdoNordeste.Paramelhorvisualizaçãodo

exposto,apresentam-se,aseguir,asIlustrações3.5.6.1e3.5.6.2.

Oestudo“DimensionamentodaNecessidadedeInvestimentosparaUni-

versalizaçãodosServiçosdeÁguaeEsgotosnoBrasil”,realizadopeloPMSSe

divulgadoem2003,apontouqueoBrasilnecessitavaàépocadeR$178bilhões

parauniversalizaros serviçosdeáguaeesgotose fazera reposiçãoda infra-

estruturaexistentedeformaaasseguraratendimentocontínuoedequalidade.

Essevalor,atualizadoparadezembrode2007combasenoIPCA,édeR$268,8

bilhões.OEstudoconsiderouademandapelosserviçosapartirdoanode2001

comprazomáximodeuniversalizaçãode20anos.

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.1 – ÍNDICE DE COBERTURA DE ÁGUA

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140 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.2 – ÍNDICE DE COBERTURA DE ESGOTOS

InvestigandoosdadosdasériehistóricadoSnisapartirde2001,ouseja,

dosúltimos7anos(2001a2007),e,cruzandocomosresultadosdoEstudo,é

possívelaseguinteconclusão:

• totalinvestido,jáatualizadopeloIPCA:R$28,6bilhões;

• médiaanualdosinvestimentosnosúltimos7anos:R$4,1bilhões;

• saldoainvestirparasealcançarauniversalização:R$240,2bilhões;

• quantidadedevezesquedeveocorreromesmoinvestimentomédio

parasealcançarauniversalização:66vezes.

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141Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Portanto,nahipótesedemanter-secomomédiadeinvestimentosanuais,o

valormédioverificadonosúltimos7anos(R$4,1bilhões)pode-sepreverreais

dificuldadesparasealcançaratãodesejadauniversalizaçãodosserviçosdeágua

eesgotosnoBrasil,casoessecenárionãosealtere.

Onúmerodetrabalhadoresenvolvidosdiretamentecomaprestaçãodos

serviçosfoide187,4mil, incluídosnesse totalospostosde trabalhopróprios

dosprestadoresdeserviçosiguala127,8mileosqueresultaramdasatividades

terceirizadas.Observou-seumcrescimentodeaproximadamente3,4%daforça

detrabalhoem2007comparativamentea2006.

É de se considerar que, além desses postos de trabalho, a atividade de

prestaçãodeserviçosdeáguaeesgotosgeraempregosnaindústriademateriais

eequipamentos,naexecuçãodeobras,naprestaçãodeoutrosserviçosdeenge-

nhariaenasáreasdeprojetoseconsultoria.

Comefeito,adotandocomoreferênciaoModelodeGeraçãodeEmpregoe

RendadoBNDES,quepropõeumataxamédiade530empregosparacadaR$10

milhõesdeaumentonaproduçãodaconstruçãocivil,pode-seestimarqueosetor

saneamentobrasileiro,noanode2007,aoinvestircercadeR$4,2bilhões,gerou,

aproximadamente,224,6milempregosdiretos,indiretosedeefeitorenda.

Aprodutividadedepessoal totalmedida segundo a quantidadede liga-

ção ativa (água+ esgotos) porpessoal total (próprios+ terceiros) obteve, no

Snis/2007,oíndicemédiode281,3ligações/empregadoem2007.Nospresta-

dores regionais,ovalormédio foide318,7 ligações/empregado,comvalores

variandodesdeummínimode80,87ligações/empregadoatéomáximode491,8

ligações/empregado.

NoqueserefereaosdadosdoSnisem2007,ovalormédiodasperdas

defaturamentoparatodooconjuntodeprestadoresdeserviçosfoide39,1%.

Observa-seumareduçãoem0,7pontoporcentualcomparativamentea2006eo

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142 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

retornoaopatamarverificadoem2005,quandooíndicefoide39,0%.

Algunsprestadoresdeserviçossinalizamfrágeiscondiçõestécnico-ope-

racionais e de gestãodos serviços, indicando a necessidadede investimentos

namelhoriaoperacionalenareformadagestão,deumlado;eorecomendável

não-investimentoemnovossistemasdeproduçãodeágua,deoutro;pois,como

sesabe,ampliaraproduçãoemumambientedeelevadasperdaspodetercomo

consequênciaperdasdeáguaaindamaiores.

Parao indicadormédiode todoosubconjuntodeabrangência regional,

oíndiceatual(39,1%)apresentoumelhorade0,4pontoporcentualemrelação

aodoanode2006(39,5%).NaIlustração3.5.6.3pode-seobservaroíndicede

perdasnofaturamento,porEstadobrasileiro.

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.3 – ÍNDICE DE PERDAS NO FATURAMENTO – SNIS/2007

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143Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Admitindoque60%dasperdasreaiseaparentessãorecuperáveis–em

outraspalavras,reduzirasperdasaparentesaopatamarde20,7m³/seasperdas

reaisparaopatamarde49,8m³/s–,entãooganhopoderiachegaraomontante

deR$4,4bilhõesnoano.Esteéumnúmeroavassalador,seconsiderarmosque

ademandaanualdeinvestimentosemáguaeesgotosnoPaíséavaliadaproxima

deR$12bilhõesporanoparaatingirmosauniversalizaçãoem20anos.

Ascomposiçõesmédiasdadespesadeexploraçãoedadespesatotalcom

osserviçosparaosprestadoresdeserviçosdeabrangênciaregionalelocal,par-

ticipantesdoSnis,noanodereferência–2007,sãomostradasnasIlustrações

3.5.6.4a3.5.6.7,aseguir.

Observa-sequeopesodasdespesasdeexploraçãonacomposiçãodocusto

totaldosserviçosprestadosporagentesdeabrangênciaregionaléinferioraodos

prestadoreslocais.Enquantonosprimeirosopesofoide68,4%,nossegundoso

valorobservadofoide85,7%.Essefato,emgrandeparte,édevidoàsmenores

incidências dos custos referentes ao serviço da dívida e aDPA (depreciação,

provisãoe amortização)nosprestadoresde abrangência local.As incidências

menoresdecorremdofatodequeamaioriadessesprestadoreséorganizadana

formadeautarquia,oupertencemàadministraçãopúblicadireta,econta,muitas

vezes,comrecursosfiscaisparainvestimentos.

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144 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.4 – DESPESAS DE EXPLORAÇÃO – DEX – PRESTADORES REGIONAIS

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.5 – DESPESAS DE EXPLORAÇÃO – DEX – PRESTADORES LOCAIS

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145Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.6– DESPESAS TOTAIS – DTS – PRESTADORES REGIONAIS

ILUSTRAÇÃO 3.5.6.7– DESPESAS TOTAIS – DTS – PRESTADORES LOCAIS

ComoocorrehistoricamentenasériededadosdoSnis,asdespesastotais

comosserviçosporm³faturado,dosprestadoresdeabrangênciaregionalem

2007forammaioresqueascorrespondentesaosserviçoslocais,tantonolimite

inferiordafaixadevariaçãoquantonosuperior.

Emtermosdeindicadormédio,osprestadoresregionaisapresentaramum

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146 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

resultadodeR$1,99/m3(3,1%maiorqueovalorde2006quefoiR$1,93/m3)e,

entreosprestadoresdeserviçosdeabrangêncialocal,estevalorfoideR$1,23/

m3(7,0%maiorqueovalorde2006,R$1,15/m3).

Emtermosdevalormédiodatarifamédiapraticada,osprestadoresregionais

apresentaramumatarifamédiadeR$2,06/m3(7,3%maiorqueovalorde2006,

R$1,92/m3)eentreosprestadoresdeabrangêncialocalessatarifafoideR$1,35/

m3(7,1%maiorqueovalorde2006,R$1,26/m3).Emambososcasosovalor

médiodatarifasuperouainflaçãonoperíodo,medidapeloIPCA,4,4%.

Omontantedasdespesasfiscaisetributáriasrealizadasnoanode2007foi

deR$2,7bilhões,12,5%superioraoverificadoem2006,R$2,4bilhões.Desse

montante,92,6%foramdespesasdosprestadoresdeserviçosregionais(ascom-

panhiasestaduais).

Aparticipaçãodessasdespesasnareceitaoperacional total,nocasodos

prestadores regionais, foideaproximadamente12,4%.Considerandoospres-

tadoresdeserviços locaisesuasdiferentesnaturezas jurídico-administrativas,

observaram-sevariaçõessignificativasnaparticipaçãodasdespesasfiscaisetri-

butáriassobrereceitaoperacional:1,0%nasentidadesdedireitopúblico;11,8%

nasentidadesdedireitoprivadoemqueosóciomajoritárioéoPoderPúblico;e

12,6%nasempresasprivadas.

Talsituação,segundoconclusãodoSnis/2007,emtese,podejustificara

visãodeespecialistasdo setorde saneamento,queconsideramaorganização

dosserviçosemformadeautarquiacomoamelhorsoluçãodopontodevistafi-

nanceiro.De fato, o resultado confirma que, sobre os prestadores de serviços

organizados na forma de direito público, como é o caso das autarquias, há

uma baixa incidência de despesas fiscais e tributárias.

NaanálisedosdadosfornecidosaoSnis,emrelaçãoàqualidadedosser-

viços,concluiu-sequeapenas34,7%dosMunicípiosbrasileiroscumpremto-

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147Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

talmenteasexigênciasdaPortariano518/2004,queestabeleceospadrõesde

qualidade da água para consumo humano.Do restante, 65,3%que não cum-

premintegralmenteacitadaPortaria,63,9%cumpremparcialmentee1,4%não

acumprem.Emrelaçãoàaplicaçãodeflúornaágua,osdadosdoSnisindicam

que toda a água éfluoretada, atendendoplenamente àPortaria 518/2004, em

45,9%dosMunicípios,eem39,8%nãoexistefluoretação,ouseja,oíndiceé

igualazero.

Emoutra importante informação sobre qualidadedos serviços, com re-

laçãoàocorrênciadeintermitêncianossistemasdeabastecimentodeágua,foi

informadoquenãohouveintermitênciaem73,2%daquantidadedeMunicípios

paraosquaisainformaçãofoifornecidaequehouveintermitênciaem26,8%.

As intermitências totalizaramumaquantidade acumuladano anode55,6mil

interrupçõesprolongadas,comumaduraçãototalestimadade328,5milhoras

acumuladasnoano,tendoprejudicado116,5milhõesdeeconomias,tambémem

quantidadeacumuladanoano.

Emrelaçãoàdrenagemurbanaestima-sequenoBrasilcercade45mi-

lhõesdehabitantesnãodispõemdesseserviço,correspondendoànecessidadede

implantaçãode150.000kmderedescoletorasdeáguaspluviais.

3.5.7 LicençA AmbientAL

De acordo com aResoluçãoCONAMAno 237, de 19 de dezembro de

1997,sãoprevistasasseguinteslicençasambientais:

• LicençaPrévia(LP)–concedidanafasepreliminardoplanejamento

doempreendimentoouatividadeaprovandosualocalizaçãoecon-

cepção,atestandoaviabilidadeambientaleestabelecendoosrequi-

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148 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

sitosbásicosecondicionantesaserematendidosnaspróximasfases

desuaimplementação;

• LicençadeInstalação(LI)–autorizaainstalaçãodoempreendimen-

toouatividadedeacordocomasespecificaçõesconstantesdospla-

nos,programaseprojetosaprovados,incluindoasmedidasdecon-

troleambientaledemaiscondicionantes,daqualconstituemmotivo

determinante;

• Licença deOperação (LO) – autoriza a operação da atividade ou

empreendimento,apósaverificaçãodoefetivocumprimentodoque

constadaslicençasanteriores,comasmedidasdecontroleambiental

econdicionantesdeterminadosparaaoperação.

ALeiNacionaldoSaneamentoBásico–LNSBdeterminano caputdo

artigo44queolicenciamentoambientaldeunidadesdetratamentodeesgotossa-nitáriosedeefluentesgeradosnosprocessosdetratamentodeáguaconsideraráetapasdeeficiência,afimdealcançarprogressivamenteospadrõesestabelecidospela legislaçãoambiental,emfunçãodacapacidadedepagamentodosusuários.

Oparágrafo1o,doartigo44,definequeaautoridadeambientalcompetente

éresponsávelpeloestabelecimentodosprocedimentossimplificadosdelicen-

ciamentoemfunçãodoportedasunidadesedosimpactosambientaisesperados,

bemcomodefiniçãodasmetasprogressivasparaqueaqualidadedosefluentes

deunidadesdetratamentodeesgotossanitáriosatendaaospadrõesdasclasses

doscorposhídricosemqueforemlançados,apartirdosníveispresentesdetra-

tamentoeconsiderandoacapacidadedepagamentodaspopulaçõeseusuários

envolvidos.

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149Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

3.5.8 outorGA de direito de uso de recursos Hídricos

AOutorgadeDireitodeUsodeRecursosHídricoséoatoadministrativo

medianteoqualoPoderPúblicooutorgante(União,EstadoouDistritoFederal)

facultaaooutorgado(requerente)odireitodeusoderecursohídrico,porprazode-

terminado,nostermosenascondiçõesexpressasnorespectivoatoadministrativo.

Oato administrativoutilizadopelaAgênciaNacionaldeÁguas–ANA

para emissão das outorgas, como tambémpara os demais atos normativos, é

aResolução.AResoluçãodeoutorgacontémaidentificaçãodooutorgado,as

característicastécnicaseascondicionanteslegaisdousodaáguaautorizado.A

ANApublicanoDiárioOficialdaUniãosomenteoextratodaresoluçãoconten-

doseuno,onomedorequerente,avalidadedaoutorga,oMunicípio,afinalidade

eomanancialdeintervenção.

AoutorgasefaznecessáriaparaqueoEstado,nacondiçãodegerencia-

dor dos recursos hídricos sob sua responsabilidade, realize a suadistribuição

observandoaquantidadeequalidadeadequadosaosatuaisefuturosusos,per-

mitindoaoadministrador(outorgante)realizarocontrolequali-quantitativoda

água,eaousuário(requerente)anecessáriaautorizaçãoparaimplementaçãode

seusempreendimentosprodutivos.É,também,uminstrumentoimportantepara

minimizarosconflitosentreosdiversosusuárioseevitarimpactosambientais

negativosaoscorposhídricos.

AAgênciaNacionaldeÁguaséaresponsávelpelaemissãodeoutorgasde

direitodeusoderecursoshídricosemcorposhídricosdedomíniodaUnião.Em

corposhídricosdedomíniodosEstadosedoDistritoFederal,asolicitaçãode

outorgadeveserfeitaàsrespectivasautoridadesoutorgantesestaduaisrespon-

sáveispelogerenciamentodosrecursoshídricos.Atualmente,26Unidadesda

FederaçãopossuemLegislaçõessobreRecursosHídricos.

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150 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Aderivaçãooucaptaçãodeparceladaáguaexistenteemumcorpod’água

paraconsumofinal,inclusiveabastecimentopúblico,ouinsumodeprocessopro-

dutivo,aextraçãodeáguadeaquíferosubterrâneoparaconsumofinalouinsumo

deprocessoprodutivo,olançamentoemcorpodeáguadeesgotosedemaisresí-

duoslíquidosougasosos,tratadosounão,comofimdesuadiluição,transporte

oudisposiçãofinal,ousoderecursoshídricoscomfinsdeaproveitamentodos

potenciaishidrelétricoseoutrosusosquealteremoregime,aquantidadeoua

qualidadedaáguaexistenteemumcorpodeáguaestãosujeitosaoutorgapelo

PoderPúblico,deacordocomoartigo12daLeiFederalno9.433/1997.

Jáousoderecursoshídricosparaasatisfaçãodasnecessidadesdepeque-

nosnúcleospopulacionais,distribuídosnomeiorural,asderivações,ascapta-

çõeseoslançamentosconsideradosinsignificantes,tantodopontodevistade

vazãocomodecargapoluenteeasacumulaçõesdevolumesdeáguaconsidera-

dasinsignificantesindependemdeoutorgadedireitodeusoderecursoshídricos.

Osserviçosde limpezaeconservaçãodemargens, incluindodragagem,

desdequenãoalteremoregime,aquantidadeouqualidadedaáguaexistente

nocorpodeágua,asobrasdetravessiadecorposdeáguaquenãointerferemna

quantidade,qualidadeouregimedaságuas,cujocadastramentodeveseracom-

panhadodeatestadodaCapitaniadosPortosquantoaosaspectosdecompati-

bilidadecomanavegaçãoeosusoscomvazõesdecaptaçãomáximasinstantâ-

neasinferioresa1,0l/sou3,6m³/h,quandonãohouverdeliberaçãodiferentedo

CNRH,nãosãoobjetodeoutorgadedireitodeusoderecursoshídricos,massão

obrigatoriamentepassiveisdecadastro,emformulárioespecíficodaANA.

AResoluçãoANAno707,de21dedezembrode2004,regulamentaafor-

madesolicitaraoutorga.Orequerentedevepreencherosformuláriosdesolici-

taçãoeenviá-losaoórgãocompetente.Duranteoperíododevigênciadaoutorga

orequerentedeverámanteremseupodertodososdocumentoscomprobatórios

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151Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

dasinformaçõesprestadasnosformuláriosdesolicitaçãodeoutorga,compro-

metendo-se a disponibilizá-los, ao outorgante, a qualquer tempo, caso neces-

sário,ficandosujeitoàspenalidadeslegaisemcasodeinexpressãodaverdade.

3.5.9 reLAtório de diAGnóstico

NapartefinaldoRelatóriodeDiagnósticodevemconstarasconclusõesre-

ferentesaositenstécnicos,operacionaiseinstitucionaisdossistemasexistentes,

ressaltandoosaspectosmaisimportantesedemaiorimpacto.

3.6 Planejamento

3.6.1 cArActerísticAs dA ÁreA de pLAnejAmento

DeacordocomaLeino11.445/2007,osserviçosdesaneamentobásicode-

vemserdisponibilizadosparaototaldapopulaçãodoMunicípio,ouseja,opla-

nejamentodeveconsiderarasuauniversalização.Assimsendo,sobaóticalegal,

oplanodevecontemplarcomosserviçosdesaneamentoaáreaurbanaerural.

OPlanoDiretorMunicipaléuminstrumentodevitalimportâncianoauxí-

lioàdefiniçãodasáreascaracterísticasdeplanejamento,apontandooseixosde

desenvolvimento,perímetrourbanoeoutrasdefiniçõesdepolíticaspúblicasdo

local,quedeverãoserobservadasnoperíododesuavigência.

3.6.2 estimAtivA popuLAcionAL

Asprojeçõespopulacionaisdeverãoserelaboradascombasenoscensos

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152 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

demográficosoficiaisdoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística–IBGE,

cujosresultadosdeverãoseraferidosoucorrigidosutilizando-se:

• avaliaçõesdeprojetoseoutrosestudosdemográficosexistentes;

• evoluçãodaquantidadedehabitaçõescadastradasnaprefeituramu-

nicipalouCiaConcessionáriadeEnergiaElétrica;

• contagemdireta, por aerofotos, oumapas aerofotogramétricos ca-

dastraisatuaiseantigosdeedificações.

CasooMunicípiotenhaaafluênciadepopulaçãoflutuante,outemporária,

considerarsuainfluêncianototaldapopulaçãoparaefeitodeutilizaçãodosservi-

çosdesaneamento.Ohorizontedoestudopopulacionaldeveráalcançar20anos.

3.6.3 pArâmetros de pLAnejAmento

Adefiniçãodosparâmetrosnoplanejamentodosserviçosdesaneamento

édesumaimportância,principalmentenoqueserefereaoconsumoper capita

deágua,contribuiçãodeesgotoseproduçãoderesíduosdomiciliares,queserão

utilizadosnoestudodasdemandas.

Oconsumoper capitadeáguadeveráserelaborado,considerandoademan-

daefetiva,ouseja,oconsumoacrescidodasperdas,pormeiodesériehistórica

mensalde,nomínimo,trêsanos,tomando-secomobaseoconsumodaseconomias

micromedidas,excetoquandooíndicedehidrometraçãonãoforsignificativo.

Naeventualidadedainexistênciadessasinformaçõesouinformaçõescon-

fiáveisdosistemaemestudo,dever-se-árecorrerainformaçõesdelocalidades

comcaracterísticasfísicasedetarifassimilares,dotadasdemicromedição.As

perdasdeáguaconsideradasnosestudosdevemrefletirasmetasprevistasno

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153Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

desenvolvimentooperacional,comíndicesdecrescentesaolongodoperíodode

planejamento.

Oníveldeperdasdeáguaadmissívelédaordemde25%,eossistemas

comíndicesdeperdassuperiora25%devemdesenvolverplanoderecuperação,

poisesseindicadoréumlimitanteimportanteparaobtençãoderecursosjunto

aosgovernosfederaleestadual,bemcomoasinstituiçõesfinanceirasnacionais

einternacionais.

Em relação aos demais parâmetros utilizados nos sistemas de abasteci-

mentodeáguatêm-seocoeficientedodiademaiorconsumo(k1),adotadoigual

a1,2eodahorademaiorconsumoiguala1,5.Deacordocomasnormasvigen-

tesadota-secomovolumemínimodosreservatóriosdeáguaoequivalentea1/3

dodiademaiorconsumo.

Nosestudosrealizadosrecentemente, tratou-sedahipótesedosvolumes

dosreservatóriosdossistemasdeabastecimentodeáguasuperioresaomínimo

exigidopelaNormaBrasileira(1/3dodiademaiorconsumo),visandoàredução

docomponentedoscustosreferentesaoconsumodeenergiaelétrica.Naatuali-

dade,oitemenergiaelétricatemgranderepresentatividadenoscustosoperacio-

nais.Autilizaçãodosequipamentoselétricosforadosperíodosdepicoconduza

relevanteeconomianoitemenergia.

Emrelaçãoaossistemasdeesgotamentosanitárioaplica-separadetermi-

naçãodasvazõesdecontribuiçãoocoeficientederetornoágua/esgoto(k3)que

normalmenteéadotadoiguala0,80.Emrelaçãoàredecoletora,coletores-troco,

interceptoreseoutroscomponenteslinearessãodesumaimportânciaoestudo

paraestimativadacontribuiçãodeinfiltração.

Emrelaçãoàproduçãoderesíduos,éimportantequeesseíndicesejaobti-

dopormeiodepesagem.Asmédiasdeproduçãodosresíduossólidosurbanos,

naAméricaLatina,sãoasseguintes:

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154 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• ResíduosSólidosUrbanos–0,9kg/hab.xdia;

• ResíduosdeServiçosdeSaúde–3kg/leito.xdia;e

• ResíduosPerigosos–0,5/hab.xdia.

Amédiabrasileiraderesíduosdeserviçosdesaúdeéde2,63kg/leito.x

diaeasmédiasnacionais,deproduçãoderesíduosdomiciliares,porfaixade

população,sãoasseguintes:

• até100.000habitantes–0,4kg/hab.xdia;

• de100.000habitantesa200.000habitantes–0,5kg/hab.xdia;

• de200.000habitantesa500.000habitantes–0,6kg/hab.xdia;e

• acimade500.000habitantes–0,7kg/hab.xdia.

3.6.4 redução e controLe de perdAs e reuso de ÁGuA

Nodecorrerdaelaboraçãodoplanejamentodeveráserdadaatençãoespe-

cialàsaçõesdereduçãoecontroledeperdasereusodeágua.Osestudosdeverão

seapoiarnaidentificaçãodeaçõesquebusquemocombateàsperdasdeágua

nossistemas,tantoasmedidascoercitivasquantoasdecunhotécnico-operacio-

nal,ouseja,definiçãodeprovidênciasdecaráterinternoeasquesereferemao

interiordosdomicílios.

Duranteaelaboraçãodoplanejamento,deverãoserconsideradasmedidas

eestratégiasabrangentes,adequadasàsrealidadeslocais,deformaaavaliaras

açõesecustos,paraatenderàspremissasdeconservaçãoeeconomianosusos

daságuas,envolvendo,noquecouberem,osseguintesaspectos:

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155Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• políticatarifária;

• custosdeoperaçãoemanutençãodosistemanaprestaçãodeserviços;

• aumentodaeficiência,detecçãoeeliminaçãodevazamentos;

• adoçãodeequipamentosdebaixoconsumo;

• reciclagemdeáguasservidas;

• utilizaçãodeáguanãopotávelparausosmenosexigentes;

• campanhasdeinformaçãoeeducação;e,

• pesquisaedesenvolvimentodenovastecnologiaseprocedimentos.

3.6.5 estudo dAs ALternAtivAs

Deverãoserformuladas,nestaetapa,asalternativastécnicasconsiderando

asunidadesdossistemasexistentesesuaintegraçãocomassoluçõesaserem

propostas.Asalternativasformuladasdeverãosolucionaroproblemademaneira

completaeintegrada,baseando-seemconceitosdecomprovadaeficiênciatécni-

caou,casosejaminovadores,quepossamtersuaeficiênciademonstrada.

Noplanejamentodasunidadesdosnovossistemasdesaneamentobásico

devemsertratadasemtermosdesuacomposição,suascaracterísticasprincipais,

suaseficiências,suasrestriçõeseaspectoscondicionantes.Nãodevehaverpre-

ocupação como dimensionamento, podendo ser utilizadas bases topográficas

existenteseutilizaçãode índicesparadeterminaçãodeáreasde terrenospara

implantaçãodasnovasunidades.

Aprimeiraalternativadeverásempreconsideraroaproveitamentomáxi-

modasunidadesexistentespormeiodemelhoriaseotimizaçãodosistema,que

poderãoresultaremexpansãodoatendimento,cominvestimentomínimo.De-

verãosersemprerealizadasanálisescomparativasdasalternativastecnológicas

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156 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

disponíveisparaosdiversoscomponentesdossistemasqueserãoampliadosou

melhorados.

Ênfaseespecialdeveserdadaaossistemasexistentesaseraproveitado,

comotambémnasexpansõesprevistas,comrespeitoàrecuperaçãoeàsubsti-

tuiçãodeunidades,equipamentoseredesobsoletosouemestadoadiantadode

deterioração,quecoloquememriscoasaúdedapopulação.Damesmaforma,

devemserprevistosequipamentosparamediçãoeautomaçãodasunidadesope-

racionais.

3.6.6 compArAção e seLeção de ALternAtivAs

Definidasasalternativastécnicaeambientalmenteviáveisserãoestima-

dososcustosdecadaumadelas,considerandoosrelativosaoinvestimentoede

operação,sendoaenergiaelétricaapresentada,também,emtermoseconômicos.

A comparação das diferentes alternativas deverá ser realizada

por meio do cálculo do fluxo de caixa, a valor presente, dos custos

de investimento, operação e manutenção, não sendo considerados

os custos de depreciação e inflação, com taxa de desconto

de12%aoano,aolongodoperíododeplanejamento.

Paraefeitodecomparaçãoentrealternativas,naanálisebenefícioxcusto

deverãoserincluídososcustosdosterrenos,comvalordemercado,mesmoque

asáreasemquestãotenhamsidoobtidaspordoação,desapropriadasouquejá

sejamdepropriedadedoPrestadordeServiços,doMunicípio,doEstadooudo

governofederal.

Seráeleitacomosoluçãoaseradotadaaquelaalternativaqueapresentaro

customínimo.

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157Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

3.7 Conferência Municipal e Conversão do Plano em Lei

Osprocessosdeplanejamentoegestãoparticipativospoderãoocorrera

partirdaorganizaçãoedaconduçãodasatividadesdemobilizaçãosocial.Na

implementaçãodesseprocessoestão incluídos:conferências,seminários,con-

sultaspúblicaseencontrostécnicosparticipativosparadiscussãodeproblemas

esoluçõesrelativasaosaneamentobásico.

Aparticipaçãosocialpermiteobterinformaçõesquegeralmentenãoestão

disponíveisnas fontesconvencionaisdeconsultaeque,pormeiode técnicas

especiaisedeprofissionaisexperientes,sãoincorporadasaoPlano.Valeressal-

tarqueaparticipaçãodacomunidadenodesenvolvimentodostrabalhostemo

potencialdetorná-laagenteefetivodamanutençãodasdiretrizespropostas.

Paraquehajaagestãoparticipativa,é indispensávelqueosváriosatores

sociaisintervenientes,sejamenvolvidosdurantetodaaelaboraçãodoPlano,iden-

tificandoesistematizandoosinteressesmúltiplos,algumasvezesconflitantes.

Considerandoqueumadascondiçõesbásicasparaaparticipaçãosejao

conhecimentoclaroeconsistentedoobjetodeestudo,devemserprevistosme-

canismospermanentesderepassedeinformaçõessobreostrabalhospropostos

eemdesenvolvimento,estimulandoaparticipaçãodosdiversosatoresestratégi-

cosdurantetodooperíododeelaboraçãodoPlano.

OenvolvimentodasociedadenoPlanodeSaneamentoBásicodevesede-

senvolveraolongodetodooperíododeelaboração,pormeiodasconferências

edeoutrasações.Deveráserdesenvolvidoumplanodeaçãocomosseguintes

objetivos:

• divulgaraelaboraçãodoplanodeSaneamentoBásico;

• envolverapopulaçãonadiscussãodaspotencialidadesedosproble-

masdesalubridadeesaneamentoambientalesuasimplicações;

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158 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• conscientizarasociedadeparaaresponsabilidadecoletivanapreser-

vaçãoenaconservaçãodosrecursoshídricos;

• estimularossegmentossociaisaparticiparemdoprocessodegestão

ambiental.

Nessafasedeveráserdefinidooconjuntodemecanismoseprocedimentos

quegarantamaparticipaçãoefetivadasociedadenadiscussãoeelaboraçãodo

Plano,devendoserobservadonomínimo:

• audiênciaseconsultaspúblicas;

• divulgaçãodosestudosepropostas;

• criaçãodeconselhopopularcomcomposiçãomultidisciplinareco-

ordenaçãocompartilhadaparapromoçãodasseguintesações:

a) regionalizaçãodoMunicípioeidentificaçãodeatoresregionais;

b) oficinasparaescolhadedelegados,capacitaçãopassiva,concei-

tuação,visãodacidadecidadãeeixostemáticos;

c) semináriosporeixotemáticoesistematizaçãodepropostas,com

resgatedasdecisõesdoPlanoDiretorParticipativo;

d) referendodasproposiçõessistematizadasemaudiênciaspúblicas.

OMunicípiodesenvolverámecanismossistematizadosdeenvolvimento

da sociedadedurante todooprocessodeelaboraçãodoplanoe, emespecial,

paraasconferências.Estemecanismodeverápermitirbuscaraparticipaçãoda

sociedadenaimplementaçãodasmedidasquevisemdisciplinareinduzirosane-

amentobásico,estimularacriaçãodenovosgruposrepresentativosdasociedade

nãoorganizadae implementaroprocessodemobilizaçãosocialparaas fases

subsequentesdaelaboraçãodoplano.Asformasdeparticipaçãoprevistassão:

>> Encontro Preparatório para as Conferências

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159Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Comoprimeiraatividadedoestudo,oMunicípioformularáumplanode

mobilizaçãosocial,comachamadaparaasconferênciasmunicipais,emquese

serãodefinidososobjetivos,asmetaseoescopodoplanodemobilização,além

decronogramaseprincipaisatividadesaseremimplementadasaolongodode-

senvolvimentodoPlanodeSaneamentoBásico.

>> Seminários e encontros técnicos dos grupos temáticos para discussão

OMunicípioestaráprogramadoparaapoiaraequipededesenvolvimento

doplano,quediscutirápormeiodegrupostemáticososproblemaslevantados

nasConsultasPúblicas.Aequipeiniciaráoprocessodeidentificaçãodealter-

nativasparasolucioná-loserecomendaráaçõesaseremincorporadasaoPlano,

fortalecendo,assim,ainteraçãoentreaequipetécnicaeosatoressociais.

Oprocessodemobilizaçãosocialpodeser realizadoemtrêsmomentos

distintos:

• 1o Momento

Oprimeiromomentotemcomoobjetivos:

a)sensibilizaracomunidadeparaaparticipaçãonoprocessodacon-

ferênciaenasatividadesprevistasparaelaboraçãodoPMSB;

b)inserirosconteúdosreferentesàsquestõesdosaneamentonoMu-

nicípio;

c)definirmediantemetodologiasdemocráticasgruposderepresen-

tação(delegados).

Essesobjetivospodemseratingidoscomarealizaçãodeplenáriasereu-

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160 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

niões com segmentosorganizadosda sociedadeque servirão comoencontros

preparatóriosparaaconferênciafinal.

Nesteseventospodemserutilizadoscomomateriaisdidáticos:conjuntode

slides,contendoatemática,osobjetivos,asatividadeseocronogramadoprocesso

derealizaçãodaconferência;cartilhasinformativassobrearealidadedosserviços

desaneamentoambientaldoMunicípio;jornalinformativo;revistatemática;cole-

tâneadereportagensveiculadasemrádiosejornaislocais;cadernodediagnósticos

epropostas;cadernodepropostasembraile(casosejanecessário).

Osseguinteseventoscompõemo1o Momento:

– Plenárias

Asplenáriassãoabertasaopúblicoepodemserutilizadasparaintroduzir

otemaeelegerosdelegadosdaconferência.Onúmeroeoslocaisdasplenárias

devemserdefinidosconsiderandoadivisãopolítica-administrativadoMunicí-

pioouadivisãoporbaciahidrográficaparaquesepossamescolherdelegados

representantesdetodaaáreadeabrangênciadoPlano.Aescolhadedelegados

representantesdetodasasáreasdoMunicípiofacilitaráaconstruçãodosdiag-

nósticosedaspropostasparasoluçõesdosproblemaslocais.

Amobilizaçãodasociedadeparaaparticipaçãodasplenáriaspodeserrea-

lizadautilizandoinstrumentosdecomunicaçãodemassa.Osmateriaisdidáticos

eaexposiçãooraldevemserapresentadosemlinguagemacessívelaopessoalde

baixaescolaridadeparaqueelespossamentenderamensagempassadaepoder

teceropiniõesacercadoassuntoabordado.

Nasplenáriasdevemserapresentadososobjetivos,asatividadesprevis-

tasnasplenáriaseoscritériosparaeleiçãodosdelegadoscomsuasrespectivas

atribuições.Os critérios e o sistema de eleição dos delegados (semanual ou

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161Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

informatizado)devemserdefinidosantecipadamente.

Valeressaltaranecessidadedeseestruturarametodologiadasplenárias,

mediante a construção de instrumentos didáticos com linguagem apropriada,

abordandoosconteúdossobreosserviçosdesaneamentobásicoexistentes.Nas

plenárias,éindispensávelaparticipaçãodosmembrosdefórunsparticipativosjá

existentes,aexemplodoConselhodeSaúde,doconselhodeAssistênciaSocial

eOrçamentoParticipativo,entreoutrosatuantesnoMunicípio.

– Reuniões com Segmentos Organizados da Sociedade

Estasreuniõestêmcomoobjetivosensibilizarossegmentosorganizados

dasociedade(ONGs,entidadesdeprofissionaisdeclasses,deensino,sindicais,

dainiciativaprivada,domovimentopopular;PoderLegislativo;PoderExecuti-

voeoutros)paraaparticipaçãonasatividadesdaConferência,contribuindonas

discussõesenaelaboraçãodoPlanoMunicipaldeSaneamentoBásico.

Asreuniõespodemserrealizadasconsiderandocadasegmentodeclasse

ouagrupando-osparaquesepossatermaisarticulação.Nestaatividade,alémda

exposiçãodas informaçõesqueobjetivemàsensibilizaçãodosrepresentantes,

faz-se necessário a apresentação dos objetivos da conferência, das atividades

previstasparaaconstruçãocoletivadoPMSBe, também,deveserdefinidaa

indicaçãodosrepresentantesdossegmentospresentes.

• 2o Momento

Osegundomomentotemoobjetivodepromoveratividadesdecapacita-

çãodosdelegados.Estemomentoéimportanteparaaexposiçãodosproblemas

edaspotencialidadesexistentesnoMunicípioreferenteàsquestõesqueenvol-

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162 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

vemosserviçosdesaneamentobásicoe,também,paramostrarasinterrelações

entreosaneamentobásicoeasdemaisáreasdoconhecimento(SaúdePública,

MeioAmbiente,ControleUrbano,Habitaçãoeoutras).Nessesegundomomen-

to,serãopromovidosseminários,oficinasdecapacitação,alémdadivulgaçãodo

PMSApormeiodeveículosdecomunicaçãoescritoefalado.

– Seminários

Serãoabertosaopúblicoemgeral,commesassobreastemáticasqueabor-

damosserviçosdesaneamentobásicoàluzdosdiagnósticosexistentessobrea

situaçãonoMunicípio.

– Oficinas de Capacitação

Servirácomomomentodecapacitaçãocomtodososdelegadoseleitosnas

plenáriasereuniõescomsegmentosorganizadosdasociedade,assimcomodeve

prevermetodologiasparticipativasecriativasparaconstruçãodediagnósticose

formulaçãodepropostasparaoenfrentamentodasquestõesapresentadas.Serão

utilizadosmétodoscriativoseparticipativos,taiscomo:pintura,construçãode

painéis,visitasdecampo,acervofotográfico,etc.Éinteressante,também,consi-

derarmeiosdecomunicaçãoculturalmenteutilizadosnoMunicípio,taiscomo:

teatrodebonecos,cartilhacomlinguagemdecordel,etc.

Duranteaoficinadecapacitação,seráelaboradoumJornalInformativo,

comreportagenssobresaneamento,osquaisvisampromoveraparticipaçãode

atoressociaismaisconscientizadosnoprocessodeformulaçãoediscussãode

diagnósticosepropostasdoPlano.

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163Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• 3o Momento

AterceiraetapadeelaboraçãodoPlanoconsisteemtransformarempro-

jetodeleiostemas,aspropostaseasdiretrizesquenortearãoosetordesanea-

mentobásiconoperíododesuavigência.Assimsendo,opassoseguinte,apóso

trabalhotécnicosetransformaremprojetodelei,seráapassagemdodocumento

porduasvalidaçõespolíticas,asaber:

a) aprimeiraconsistiránarealizaçãodeumaConferênciaMunicipal,com

participaçãodosdelegadosrepresentandooPoderPúblicoeosdiversos

segmentosdasociedadecivil,estesdefinidosporocasiãodasreuniões

comunitárias;

b) asegundaocorreránaCâmaradeVereadores,queacolheráoProjetode

LeiaprovadonaConferênciaMunicipalparaquesejadiscutidoeapro-

vado.ApósaprovaçãopeloPoderLegislativohaveráoencaminhamento

para sanção do prefeito e, em seguida, publicação quando entrará em

vigor.

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164 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

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165Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

4 Modelos de Gestão

4.1 Conceito

Oconceitodeserviçosmunicipaisdesaneamentobásicoconsistenocon-

juntodeaçõestécnicaseadministrativasdestinadasaproverapopulaçãodesses

serviços essenciais, sistematizando-se as ações em dois grupos diferenciados

pelasuanatureza:atividades-fimemeio.

As atividades-fim agrupam as ações técnicas diretamente relacionadas

comossistemasdeabastecimentodeágua,deesgotamentosanitário,resíduos

sólidosedrenagemurbana,compreendendo,inclusive,manutenção,operação,

elaboraçãodeprojetoseexecuçãodeobras.

Asatividades-meioestãorelacionadasaprocedimentosadministrativose

jurídicosquedãosuporteparaasatividades-fim.Envolvemosserviçosdemo-

vimentaçãodepessoal,aquisiçãodebenseserviços,contabilidade,tesouraria,

secretaria, emissão e cobrança de tarifas, assessoria jurídica e demais tarefas

correlatas.

Alémdessesdoisgrupos,algunsprestadoresdeserviçosexecutamoutras

atividades,dentreasquaissedestacamaçõesdeproteçãoerecuperaçãodomeio

ambiente, saneamentorural,educaçãosanitária, implantaçãodemelhoriassa-

nitáriasdomiciliares, gerenciamentodos resíduos sólidos edrenagemurbana.

GeralmentesãoMunicípiosqueatingiramboaorganizaçãoinstitucionalesus-

tentaçãofinanceira,oquepossibilitaagregaremoutrasatividades.

Afaltaouainsuficiênciadeserviçosdesaneamentoéidentificadacomo

umdosprincipaisproblemasurbanos.Aausênciadeplanejamento,osdéficits

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166 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

decobertura,ospassivossociaiseambientais,asdificuldadesparaobtençãode

recursoseasdificuldadespolíticassãoquestõesquemerecemumenfrentamento

objetivoeorganizado.

A prática temmostrado que a implantação desses serviços depende da

vontadepolíticadosdirigentesmunicipaise,geralmente,podeserrealizadapor

meiodesoluçõesdebaixocustoacessíveisàmaioriadosMunicípios.Emcada

Município,oproblemadeveserbemdimensionado,políticaetecnicamente.

Criarouorganizarumserviçomunicipaldesaneamentobásicosignifica,

antesdemaisnada,definiromodelodegestãoedesuaorganizaçãoadministra-

tiva,constituir,formarecapacitarequipetécnica,bemcomoelaborarestudos,

projetoseplanosdetrabalho.Outradefiniçãoimportanteéestabelecermecanis-

mosdefinanciamentoeminstâncialocal.

São importantes fontes de financiamento as contribuições demelhorias

eosfundosmunicipaiscriadosparaexecuçãodeobrasespecíficas.Osvalores

arrecadados com a cobrança de tarifas de água e de esgoto devem cobrir os

custoscomaoperaçãoeamanutençãodossistemaseainda,sepossível,gerar

excedentesparainvestimentos.

Umadecisãopolíticaimportanteéadesebuscarlegitimaçãosocialparao

fortalecimentoinstitucionaldosserviços.Éprecisodesenvolverumtrabalhode

sustentaçãopolítica,baseadonarelaçãopermanentecomasociedadelocal,com

afinalidadedemanteroPoderPúblicoemsintoniacomasdemandasdapopu-

laçãoefazercomqueestapopulaçãocompreendaadimensãodosproblemasde

saneamentodoMunicípioparaparticipardaconstruçãodeumapolíticapública

paraosetor.

Colocaràdisposiçãodapopulaçãobonsserviçosdeabastecimentodeágua

edeesgotamentosanitário,manterossistemasembomestadodeconservaçãoe

funcionamento,preveregarantirasdemandasfuturassãoobrigaçõesdoPoder

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167Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Público,quedependemessencialmentedecincofatoresconsideradosbásicos:

• percepçãodadimensãodosproblemasdesaneamentodoMunicípio;

• gerenciamentodosserviços,deformaorganizadaeeficiente;

• implementaçãodetarifasadequadasàsnecessidadesdosserviços;

• efetivocontrolesocialdosserviços;e

• continuidade administrativa com planejamento a médio e longo

prazo.

4. 2 Autarquias

4.2.1 orGAnizAção AdministrAtivA

O primeiro passo para organizar os serviços de saneamento é esco-

lher o modelo de gestão mais apropriado à realidade local. Organizar sig-

nifica, formalmente, constituir uma entidade destinada a coordenar as ati-

vidades relacionadas à administração, operação, manutenção e expansão,

de modo que a prestação desses serviços seja feita de forma adequada,

atendendoaosrequisitoslegaiseàsdemandasdapopulação.

Asformasdeprestaçãodeserviçospúblicos,qualquerquesejasuana-

tureza,podemserporadministraçãodiretaouadministraçãoindireta.Naadmi-

nistraçãodireta,oPoderPúblico,ouseja,aprefeituraassumediretamente,por

intermédiodosseusórgãos,aprestaçãodosserviços,caracterizandoumagestão

centralizada.

Naadministraçãodireta,agestãoéfeitaporintermédiodeumDeparta-

mentoMunicipal,criadoporumaleidereorganizaçãodaadministraçãopública.

Oprincípiofundamentaléadistribuiçãodasatividadesentreosdiversosseto-

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168 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

resquecompõemoaparelhoadministrativodaprefeituracomafinalidadede

reduzircustosadministrativos.Asatividades-fimficamsobaresponsabilidade

doDepartamentoMunicipal,órgãotécnicoespecializado,criadoespecialmente

paraexecutaressasfunções.

Asatividades-meiosãodistribuídasparasetoresjáexistentesnaprefeitura.

Assim,amovimentaçãodepessoal,aaquisiçãodebenseserviços,contabilida-

de,assessoriajurídicaeoutrasatividadesficamintegradasàsrotinasdesetores

especializadosquedãoapoioàsatividadesdodepartamento.

Asautarquiassãoentesadministrativosautônomos,criadosporleiespecí-

fica,compersonalidadejurídicadedireitopúblico,patrimôniopróprioeatribui-

çõesoutorgadasnaformadalei,tendocomoprincípiofundamentaladescentra-

lização.Diferentementedosdepartamentos,possuemtotalautonomiajurídica,

administrativaefinanceira,competindo-lhesemgeralexercertodasasativida-

desrelacionadasàadministração,àoperação,àmanutençãoeàexpansãodos

serviços.

Os serviços de saneamento são desmembrados da administração direta,

ouseja,doaparelhoadministrativodaprefeitura,eagrupadosemumaautarquia

municipalcomoobjetivodeintegrar,emummesmoórgão,asatividades-fim

easatividades-meio,deformaquetornemaiseficienteoprocessodegestãoe

eviteocompartilhamentodepoderes,comoocorrenaadministraçãodireta.

AsautarquiassãoconsideradasumprolongamentodoPoderPúblico,por-

tantoconservamosmesmosprivilégios,reservadosaosentespúblicos,taiscomo

imunidadedetributoseencargos,prescriçãodedívidaspassivasemcincoanos,

impenhorabilidadedebensecondiçõesespeciaisemprocessosjurídicos,entre

outros.Porestamesmarazão,estãosujeitasaosmesmosprocessosdecontrole

daadministraçãodiretaesãoobrigadasasubmetersuascontaseatosadministra-

tivosaoPoderExecutivo,àCâmaraMunicipaleaosTribunaisdeContas.

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169Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Omodelodeestruturaquedeveserseguidoemsuacriaçãodependedoporte

doMunicípio,poisparaMunicípiosdepequenoportenãotemsentidoaconcepção

deumaestruturacomplexa,principalmentepelalimitaçãodeprofissionaisecustos

operacionais.Assimsendo,paraumMunicípiocompopulaçãoaté10.000habitan-

tesoorganogramadaIlustração4.2.1.1éomaisrecomendável.

ILUSTRAÇÃO 4.2.1.1 – MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO ATÉ 10.000 HABITANTES

Aestruturafuncionalcontacomdoisníveishierárquicos,sendooprimeiro

constituídopelaDiretoriadaAutarquiaeosegundopordoisórgãosexecutivos:

aseçãotécnica,queseráresponsávelpelaoperação,manutençãoeexpansãodos

sistemasdeabastecimentodeágua,esgotamentosanitário,limpezapúblicaere-

síduossólidos,bemcomopeladrenagemurbana.Aorganizaçãoadministrativa,

nessecaso,contacomumórgãodeassessoria,vinculadoàDiretoria,aoContro-

leInterno,queseráconstituídopelosservidoresdaAutarquia.

ParaosMunicípioscompopulaçãocompreendidaentre10.000habitantes

e50.000habitantes,oorganogramamaisrecomendadoéapresentadonaIlustra-

ção4.2.1.2,aseguir

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170 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 4.2.1.2 – MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO ENTRE 10.000 HAB. ATÉ 50.000 HAB.

Nessaestruturafuncional,hádoispontoshierárquicosquesãoconstituí-

dospelaDiretoriadaAutarquiaeosegundo,porquatroórgãosexecutivosiden-

tificadosaseguir:

• seçãodeágua,esgotoedrenagem;

• seçãodelimpezaurbanaeresíduossólidos;

• seçãodeexpansão;e

• seçãoadministrativaefinanceira.

Aorganizaçãoadministrativa,nessecaso,tambémcontacomumórgãode

assessoria,vinculadoàDiretoria,aoControleInterno,queseráconstituídopelos

servidoresdaAutarquia.

ParaosMunicípioscompopulaçãocompreendidaentre50.000habitantes

e1000.000habitantes,oorganogramafuncionalquemelhorseaplicaestáindi-

cadonaIlustração4.2.1.3.Nessemodelohátrêsníveisdehierarquia,oprimeiro

formadopelaDiretoriadaAutarquia,osegundoporcincoDivisõeseoterceiro

pelosSetoressubordinadosàsDivisões.Asegundainstânciahierárquicaécons-

tituídapelasseguintesDivisões:

• água,esgotoedrenagem;

• limpezaurbanaeresíduossólidos;

• drenagem;

• expansão;e

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171Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• administrativaefinanceira.

Aorganizaçãoadministrativa,nessecaso, tambémcontacomórgãosde

assessoria,vinculadosàDiretoria,sãoeles:aAssessoriaJurídica,aComissão

PermanentedeLicitação,oControleInternoeoPlanejamentoeCoordenação.

ILUSTRAÇÃO 4.2.1.3 – MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO ENTRE 50.000 HAB. ATÉ 100.000 HAB.

Na estrutura funcional apresentada na Ilustração 4.2.1.4, recomendada

paraMunicípioscompopulaçãosuperiora100.000habitantes,háquatropontos

hierárquicos.OprimeiroéoConselhoTécnico-Administrativo,denaturezacon-

sultivaedeliberativa,queseconfiguracomoprimeirograuhierárquico,ficando

aelesubordinadaaDiretoriaExecutiva.

OsegundonívelhierárquicoéaDiretoriaExecutiva,quetemasisubor-

dinadas cincoDivisões adeÁguaeEsgotos,Drenagem,Expansão,Limpeza

PúblicaeResíduosSólidos,bemcomo,aAdministrativaeFinanceira.Acada

umadasDivisõesestãovinculadosossetores.

Estão também incorporados a essa estrutura funcional, comoórgãos de

assessoriadaDiretoriaExecutiva,aAssessoriaJurídica,aComissãoPermanente

deLicitação,oControleInterno,oPlanejamentoeCoordenação,bemcomoos

RecursosHumanoseasRelaçõesPúblicas.

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172 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ILUSTRAÇÃO 4.2.1.4 – MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO SUPERIOR A 100.000 HABITANTES

4.2.2 estruturAção

ParaacriaçãodeumaAutarquiasugere-seaseguintesequência:

• elaboraroProjetodeLeideCriaçãodaAutarquia comoentidade

autárquicadedireitopúblico,daadministraçãoindireta;

• submeteràaprovaçãodaCâmaraMunicipal;

• seaorganizaçãoadministrativacontiveremsuaestruturaoConse-

lho,estabelecer,pormeiodedecreto,oRegimentoInternodoCon-

selhoTécnicoeAdministrativo;

• estabelecer,pormeiodedecreto,oRegimentoInternodaAutarquia,

quetratadaorganizaçãoadministrativa,estruturaecompetênciados

órgãosintegrantes;

• estabelecer,pormeiodeDecreto,oRegulamentodosServiçosde

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173Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Saneamento,quedispõesobreprestaçãodosserviços,acobrançade

tarifas,etc.;

• submeter à aprovaçãodaCâmaraMunicipaloProjetodeLeique

instituioPlanodeClassificaçãodeCargoseSaláriosdaAutarquia,

quedispõesobreoregimejurídico,provimentodecargosefetivose

emcomissão,vencimentos,vantagensegratificações,etc.;

• submeteràaprovaçãodaCâmaraMunicipaloOrçamentoPrograma

daAutarquia;

• nomear,pormeiodedecreto,osocupantesdeCargosdeProvimento

emComissão,especificamenteodeDiretordaAutarquia;

• realizarConcursoPúblicoparaprovimentodoscargosefetivoscons-

tantesdoquadro-geraldeservidoresdaAutarquia;

• promoverotreinamentodosservidores,tendocomoobjetivoapre-

paraçãoparaexecuçãodesuasatribuições;

• instalareabriroescritóriodaAutarquiaedemaisdependênciaspara

oiníciodesuasatividades;

• procederainscriçãodaAutarquianoCadastroNacionaldePessoa

Jurídica(CNPJ)e,conformeexigênciadecadaestado,noConselho

RegionaldeQuímica(CRQ),noConselhoRegionaldeEngenharia

(Crea),ArquiteturaeAgronomia;

• nomear, pormeiodePortaria doDiretor daAutarquia, os demais

membrosdadiretoria:chefesdeDivisão,deSetoroudeSeções;e

• nomear,pormeiodePortariadoDiretordaAutarquia,osmembros

dosÓrgãosdeAssessoria:NúcleodePlanejamentoeCoordenação,

NúcleodeRecursosHumanoseRelaçõesPúblicas,AssessoriaJurí-

dica,ComissãoPermanentedeLicitaçãoeControleInterno.

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174 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Aestruturaçãodoquadrodepessoaléumadasfasesmaisimportantesna

organizaçãodaAutarquia,levando-seemcontaque:

• despesacompessoaltemumpesosignificativonocustodosservi-

ços.Consequentemente,influencianovalordastarifas,noequilíbrio

financeirodaAutarquiaenasuacapacidadedeinvestimentos;

• serviçoseficienteseeficazesexigemquadrodepessoalbemdimen-

sionado,boacapacitaçãoprofissionalepolíticasalarialadequada.

Essasduaspremissasdenotamaimportânciadeseinstituirumapolíticade

pessoalcentradanavalorizaçãodosfuncionários.Amaioriadosproblemasque

ocorrememumserviçoédecorrentedafaltadecapacitaçãodosfuncionários

outambémdafaltadededicaçãoedezelonodesempenhodesuasatribuições.

Somam-seaessesalgunsdecorrentesdemateriais,equipamentos,deoutrosre-

cursosoudecondiçõesimprevistas.

Comoexemplo,pode-secitarqueémaiseficienteummodestolaboratório

paraocontroledaqualidadedaágua,acargodeumlaboratoristaconsciencioso

ecompetente,queoinverso,umlaboratóriodotadodosúltimosrecursos,soba

responsabilidadedeumlaboratoristaincompetente.Portanto,aorganizaçãoda

estruturadepessoalmerececuidadosespeciais.

4.3 Outras formas de gestão

OGestorPúblicoeasociedadedeformageral,nomomentodadecisão

quantoaomodelodegestãoaseradotadopeloMunicípio,devemconsiderara

determinaçãolegaldequeaprestaçãodosserviçosdeveráatenderarequisitos

mínimosdequalidade,incluindoaregularidade,acontinuidadeeaquelesrelati-

vosaosprodutosoferecidos,aoatendimentodosusuárioseàscondiçõesopera-

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175Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

cionaisedemanutençãodossistemas,deacordocomasnormasregulamentares

econtratuais,principalmenteatarifaaserpagapelapopulação.

Naadministraçãoindireta,oPoderPúblicotransfereaexecuçãodosservi-

çosparaautarquias,paraentidadesparaestatais,instituídassobaformadeem-

presaspúblicasousociedadesdeeconomiamista(CompanhiasMunicipais),ou,

ainda,concedeosserviçosparaasEmpresasdaIniciativaPrivadaoupormeio

de contratos de programa.Os sistemas de saneamento são operados e admi-

nistradospelasCompanhiasEstaduais,caracterizando,emtodososcasos,uma

gestãodescentralizada.Oquadro4.3,aseguir,apresentaalgunsaspectoscom-

parativosentreosmodelosdegestãopordepartamentos,autarquiaseempresas

deeconomiamista.

QUADRO 4.3 – QUADRO-COMPARATIVO DEPARTAMENTOS versus AUTARQUIAS versus EMPRESAS

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176 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Alémdoquefoicitado,oordenamentojurídicobrasileiropermiteoutras

formasdegestãocomoalivreassociaçãoentreasempresasdainiciativaprivada

comascompanhiasestaduais,destascomosMunicípiospormeiodassocieda-

desdefinsespecíficos,consórciospúblicoseoutras.

Amaiorliberdadeadministrativaefinanceiradascompanhiasmunicipais

esbarraemumitemmuitoimportantequeserefereàtributação,refletindosobre

adeterminaçãodastarifas,poisrecaisobreasinstituiçõesorganizadassobafor-

madecompanhiaseempresasprivadasaltosencargostributários,oquejánão

ocorrecomasAutarquias,quesãoisentas.

Segundo o SistemaNacional de Informações sobre Saneamento – Snis

omontantedasdespesasfiscaisetributáriasrealizadasnoanode2007foide

R$2,7bilhões,valor12,5%superioraoverificadoem2006,quefoideR$2,4

bilhões.Dessemontante,92,6%foramdespesasdosprestadoresdeserviçosre-

gionais,ouseja,ascompanhiasestaduais.

Aparticipaçãodessasdespesasnareceitaoperacional total,nocasodos

prestadoresregionais,foideaproximadamentede12,4%.Considerandoospres-

tadoresdeserviços locaisesuasdiferentesnaturezas jurídico-administrativas,

observaram-sevariaçõessignificativasnaparticipaçãodasdespesasfiscaisetri-

butáriassobrereceitaoperacional:1,0%nasentidadesdedireitopúblico;11,8%

nasentidadesdedireitoprivadoemqueosóciomajoritárioéoPoderPúblico;e

12,6%nasempresasprivadas.

Talsituação,emtese,podejustificaravisãodeespecialistasdosetorde

saneamento,queconsideramaorganizaçãodosserviçosemformadeautarquia

comoamelhorsoluçãodopontodevistafinanceiro.Defato,oresultadoconfir-

maque,sobreosprestadoresdeserviçosorganizadosnaformadedireitopúbli-

co,comoéocasodasautarquias,háumabaixaincidênciadedespesasfiscaise

tributárias.

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177Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

4.4 Regulação

Conformecomentado,porimposiçãolegal,otitulardosserviçosdeverá

formulararespectivapolíticapúblicadesaneamentobásico,comaelaboração

dosplanosdesaneamentobásicoedefiniroenteresponsávelpelasuaregulação

efiscalização,bemcomoosprocedimentosdesuaatuação.Oexercíciodafun-

çãoderegulaçãotemcomoprincípiosaindependênciadecisória,incluindoau-

tonomiaadministrativa,orçamentáriaefinanceiradaentidadereguladora,bem

comotransparência,tecnicidade,celeridadeeobjetividadedasdecisões.

Sãoobjetivosdaregulaçãooestabelecimentodepadrõeseasnormaspara

aadequadaprestaçãodosserviçoseparaasatisfaçãodosusuários,agarantiado

cumprimentodascondiçõesedasmetasestabelecidas,aprevençãoerepressão

aoabusodopodereconômico,ressalvadaacompetênciadosórgãosintegrantes

dosistemanacionaldedefesadaconcorrência,bemcomoadefiniçãodastarifas

queasseguremtantooequilíbrioeconômicoefinanceirodoscontratoscomoa

modicidadetarifária,mediantemecanismosqueinduzamaeficiênciaeaeficácia

dosserviçosequepermitamaapropriaçãosocialdosganhosdeprodutividade.

Aentidadereguladoradeveeditarnormasrelativasàsdimensõestécnica,

econômicaesocialdeprestaçãodosserviços,quecontenham,pelomenos,os

padrõeseosindicadoresdequalidadedaprestaçãodosserviços,osrequisitos

operacionaisedemanutençãodossistemas,asmetasprogressivasdeexpansão

edequalidadedosserviçoseosrespectivosprazos,oregime,estruturaeníveis

tarifários,bemcomoosprocedimentoseosprazosde suafixação, reajuste e

revisão,amedição,ofaturamentoeacobrançadeserviços,omonitoramento

doscustos,aavaliaçãodaeficiênciaeaeficáciadosserviçosprestados,oplano

decontaseosmecanismosdeinformação,auditoriaecertificação,ossubsídios

tarifáriosenãotarifários,ospadrõesdeatendimentoaopúblicoemecanismos

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178 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

departicipaçãoe informação,asmedidasdecontingênciasedeemergências,

inclusiveracionamento;

Emboraalegislaçãopermitaquearegulaçãodeserviçospúblicosdesane-

amentobásicopossaserdelegadapelostitularesaqualquerentidadereguladora

constituídadentrodoslimitesdorespectivoEstado,explicitando,noatodede-

legaçãodaregulação,aformadeatuaçãoeaabrangênciadasatividadesaserem

desempenhadaspelaspartesenvolvidas,nãoserecomendaaregulaçãopormeio

dasagênciasqueestejamdistantesdoMunicípio,ouquenãosejamdiretamente

comprometidascomosseusinteressesedesuaregião.Aformamaisindicada

paraoexercíciodaregulação,soboaspectoeconômicoedeconhecimentoes-

pecíficodarealidadelocal,éaconstituiçãodeconsórcioscomfinalidaderegu-

latória.

A proximidade da regulação e fiscalização dos serviços de saneamento

atendeàdeterminaçãolegaldequeasentidadesfiscalizadorasdeverãoreceber

esemanifestarconclusivamentesobreasreclamaçõesque,ajuízodointeressa-

do,nãotenhamsidosuficientementeatendidaspelosprestadoresdosserviços,

bemcomocobrá-losquantoaofornecimentodetodososdadoseinformações

necessáriosparaodesempenhodesuasatividades,naformadasnormaslegais,

regulamentaresecontratuais.Incluem-seentreosdadoseinformaçõesaquelas

produzidasporempresasouprofissionaiscontratadosparaexecutarserviçosou

fornecermateriaiseequipamentosespecíficos.

Compreendem-senasatividadesderegulaçãodosserviçosdesaneamento

básicoainterpretaçãoeafixaçãodecritériosparaafielexecuçãodoscontratos,

dosserviçoseparaacorretaadministraçãodesubsídios.Deveráserassegurada

publicidade aos relatórios, estudos, decisões e instrumentos equivalentes que

serefiramàregulaçãoouàfiscalizaçãodosserviços,bemcomoaosdireitose

deveresdosusuárioseprestadores,aelespodendoteracessoqualquerdopovo,

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179Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

independentementedaexistênciadeinteressedireto.

Aimportânciadaregulaçãoefiscalizaçãofacilmenteacessíveisaosusu-

áriossebaseianoqueestabelecealegislaçãoqueasseguraaosusuáriosdeser-

viçospúblicosdesaneamentobásico,oamploacessoa informaçõessobreos

serviçosprestados,oprévioconhecimentodosseusdireitosedeveresedaspe-

nalidadesaquepodemestarsujeitoseoacessoamanualdeprestaçãodoserviço

edeatendimentoaousuário,elaboradopeloprestadoreaprovadopelarespec-

tiva entidade de regulação, bem como o acesso a relatório periódico sobre a

qualidadedaprestaçãodosserviços.

4.5 Estrutura Tarifária

DeacordocomoqueestabeleceaLeino11.445/2007osserviçosdesanea-

mentodevemserimplementadoscomrecursosprovenientes,preferencialmente,

dacobrançadetarifas,aocontráriodeoutraspolíticas,quetêmsuasfontesde

financiamentoembasadasnaarrecadaçãodeimpostos,comoossetoressaúdee

educação.Essemodelodefinanciamentoviacobrançadetarifas,estáconsolida-

donamaioriadospaíses.

Bancosdefomentoeórgãospúblicosimpõem,comogarantiadasustenta-

bilidadefinanceira,aaplicaçãodeumapolíticatarifáriacondizentecomoporte

doempréstimosolicitado.Éumatendênciaqueseconsolida,exigindo-sedos

Municípiosaorganizaçãodeseusserviçosdesaneamento,principalmenteno

tocanteaossistemastarifários.

Ossistemasdeabastecimentodeáguapermitem,comfacilidade,medir

osconsumosindividuais,oudepequenosgruposdeconsumidores,comains-

talaçãodehidrômetros.Issopossibilitaidentificar,deformadiretaerápida,as

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180 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

diferentesdemandasdecorrentesdaprestaçãodoserviço,oqueéfundamental

paraoplanejamentodosinvestimentosnecessários.

Alémdisso,acobrançatorna-semaisjusta–quemconsomemenos,paga

menos;quemconsomemais,pagamais.Estabelecertarifasapropriadas,detal

sorte que garanta o equilíbrio econômico e financeiro da entidade prestadora

do serviçopodepermitir aoperaçãoadequadados sistemasepossibilitar sua

conservaçãoeampliação,considerandooperfilsocioeconômicodapopulação,

tornando-se,assim,umimportanteinstrumentoparaofinanciamentoeacons-

truçãodaspolíticasdeSaneamento.

Acobrançapelaprestaçãodeumserviçopúblico,pelainstituiçãodetaxa

estáassociadaaserviçosnãoquantificáveis,ouseja,nãodivisíveis,deutilização

obrigatória–portanto,deformacompulsória–,estandooserviço,porissomes-

mo,sujeitoaumregimetributário.Sãooscasosdosserviçosdelimpezaurbana,

drenagemeiluminaçãopública.

Acobrançapormeiodetarifaestáassociadaaserviçosdenaturezaindus-

trial,quepodemserfracionadosporunidades,ouseja,correspondeàcobrança

porprestaçãodeserviçosquantificáveis.Pornãoseremdeutilizaçãoobrigató-

ria,osserviçosestãosujeitosaumregimecontratual.Éocasodosserviçosde

energiaelétrica,telefonia,gáscanalizado,correiosetransportes.NoBrasil,os

serviçosdeabastecimentodeáguaedeesgotamentosanitário,tradicionalmente

sãoremuneradosmedianteacobrançadetarifas.

Comotributo,ataxaestásujeitaaumalegislaçãoespecífica.Asuainsti-

tuiçãoérealizadapormeiodelei,bemcomoafixaçãodeseuvaloreosfuturos

reajustes.Deacordocomoprincípiodaanterioridade,aleiqueinstituiataxa,ou

reajustaseuvalor,deveestarvigorandoatéodia31dedezembrodoanoanterior

aoqueserácobradaoumajorada.Portanto,ainstituiçãodataxa,bemcomoseus

futurosreajustes,dependedaaprovaçãodeleinaCâmaraMunicipal.

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181Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Jáastarifas,porestaremassociadasaumregimecontratualoudepreços,

sãodecompetênciadaprópriaadministraçãopública,quepodefixarereajustar

osseusvaloresmedianteautorizaçãoexpressanaleidecriaçãodaAutarquia,ou

porqualqueroutroinstrumentolegal.Dessaforma,aCâmaraMunicipalaprova

ainstituiçãodastarifaseautorizaoPoderExecutivoafixarseusvalores,bem

comoestabeleceros futuros reajustes.Apesarde afixaçãodas tarifas serum

atoexclusivodoExecutivo,entende-sequeasociedadedeveparticipardesua

formulação, reservando-se às câmarasmunicipaisopapelde interlocutorado

processo.

Deacordocomoartigo29,daLeino11.445/2007,osserviçospúblicosde

saneamentobásicoterãoasuasustentabilidadeeconômico-financeiraassegura-

da,semprequepossível,medianteremuneraçãocomacobrançadosserviços.

Nocasodosserviçosdeabastecimentodeáguaeesgotamentosanitárioaco-

brançadeveserrealizada,preferencialmentepormeiodetarifaseoutrospreços

públicos.

Normalmente,astarifasdeesgotossanitáriostêmcomoreferênciaovo-

lumedeáguaconsumidoemedidoporhidrômetro.Osusuáriosqueseutilizam

defonteprópriadeáguaelançamnosistemapúblicodeesgotososseusefluen-

tessanitáriostemesseserviçocobradoproporcionalmenteaovolumeexplorado

nessasfontespormeiodemicromedidor.

Nos serviçosde limpezaurbanaemanejode resíduos sólidosurbanos, a

leivigenteestabelecetaxasoutarifaseoutrospreçospúblicos,deacordocomo

regimedeprestaçãodoserviçooudesuasatividades.Nocasodomanejodeáguas

pluviaisurbanas,naformadetributos,inclusivetaxas.

Ainstituiçãodastarifas,dospreçospúblicosedastaxasparaosserviços

desaneamentobásicodeveráobservarasseguintesdiretrizes:

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182 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• prioridadeparaatendimentodas funçõesessenciais relacionadasà

saúdepública;

• ampliaçãodoacessodoscidadãosedaslocalidadesdebaixarenda

aosserviços;

• geraçãodosrecursosnecessáriospararealizaçãodosinvestimentos,

objetivandoocumprimentodasmetasedosobjetivosdoserviço;

• inibiçãodoconsumosupérfluoedodesperdícioderecursos;

• recuperaçãodoscustosincorridosnaprestaçãodoserviço,emregi-

medeeficiência;

• remuneração adequada do capital investido pelos prestadores dos

serviços;

• estímuloaousodetecnologiasmodernaseeficientes,compatíveis

comosníveisexigidosdequalidade,continuidadeesegurançana

prestaçãodosserviços;

• incentivoàeficiênciadosprestadoresdosserviços.

Astaxasoutarifasdecorrentesdaprestaçãodeserviçopúblicodelimpeza

urbanaedemanejoderesíduossólidosurbanosdevemlevaremcontaaadequa-

dadestinaçãodosresíduoscoletadosepoderãoconsiderar:

• onívelderendadapopulaçãodaáreaatendida;

• ascaracterísticasdoslotesurbanoseasáreasquepodemserneles

edificadas;

• opesoouovolumemédiocoletadoporhabitanteoupordomicílio.

Oartigo36daLeiNacionaldeSaneamentoBásico–LNSBestabeleceque

acobrançapelaprestaçãodoserviçopúblicodedrenagememanejodeáguas

pluviaisurbanasdevelevaremconta,emcadaloteurbano,osporcentuaisdeim-

permeabilizaçãoeaexistênciadedispositivosdeamortecimentoouderetenção

deáguadechuva,bemcomopoderáconsiderar:

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183Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

• onívelderendadapopulaçãodaáreaatendida;

• ascaracterísticasdoslotesurbanoseasáreasquepodemserneles

edificadas.

Prevêodispositivolegalqueosreajustesdetarifasdeserviçospúblicos

desaneamentobásicoserãorealizadosobservando-seointervalomínimode12

(doze)meses,deacordocomasnormaslegais,regulamentaresecontratuais.As

revisõestarifáriascompreenderãoareavaliaçãodascondiçõesdaprestaçãodos

serviçosedastarifaspraticadasepoderãoser:

• periódicas,objetivandoadistribuiçãodosganhosdeprodutividade

comosusuárioseareavaliaçãodascondiçõesdemercado;

• extraordinárias,quandoseverificaraocorrênciade fatosnãopre-

vistosnocontrato,foradocontroledoprestadordosserviços,que

alteremoseuequilíbrioeconômico-financeiro.

Asrevisõestarifáriasterãosuaspautasdefinidaspelasrespectivasentida-

desreguladoras,ouvidosostitulares,osusuárioseosprestadoresdosserviços.

Poderãoserestabelecidosmecanismostarifáriosdeinduçãoàeficiência,inclu-

sivefatoresdeprodutividade,assimcomodeantecipaçãodemetasdeexpansão

equalidadedosserviços.

Astarifasdeverãosefixadasdeformaclaraeobjetiva,devendoosreajus-

teseasrevisõessertornadospúblicoscomantecedênciamínimade30(trinta)

diascomrelaçãoàsuaaplicação.Afaturaaserencaminhadaaousuáriofinal

deveráobedeceraomodeloestabelecidopelaentidadereguladora,quedefinirá

ositenseoscustosquedeverãoestarexplicitados.

ALNSBprevêqueosserviçospoderãoserinterrompidospeloprestador

nasseguinteshipóteses:

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184 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

• situaçõesdeemergênciaqueatinjamasegurançadepessoasebens;

• necessidadedeefetuarreparos,modificaçõesoumelhoriasdequal-

quernaturezanossistemas;

• negativadousuárioempermitirainstalaçãodedispositivodeleitura

deáguaconsumida,apóstersidopreviamentenotificadoarespeito;

• manipulaçãoindevidadequalquertubulação,medidorououtrains-

talaçãodoprestador,porpartedousuário;e

• inadimplementodousuáriodoserviçodeabastecimentodeágua,do

pagamentodastarifas,apóstersidoformalmentenotificado.

Paraaefetivaçãodainterrupçãodofornecimentodosserviços,hácertos

cuidadosquedevemserseguidos,taiscomo:

• asinterrupçõesprogramadasserãopreviamentecomunicadasaore-

guladoreaosusuários;

• asuspensãodosserviçospor recusadousuáriopara instalaçãode

hidrômetroeporinadimplênciaseráprecedidadeprévioaviso,não

inferiora30(trinta)diasdadataprevistaparaasuspensão;

• a interrupçãooua restriçãodo fornecimentodeáguapor inadim-

plênciaaestabelecimentosdesaúde,ainstituiçõeseducacionaisede

internaçãocoletivadepessoaseausuárioresidencialdebaixarenda

beneficiáriodetarifasocialdeveráobedeceraprazosecritériosque

preservemcondiçõesmínimasdemanutençãodasaúdedaspessoas

atingidas.

Noartigo45,daLeino11.445/2007constaque

Ressalvadasasdisposiçõesemcontráriodasnormasdotitular,daentidadederegulaçãoedemeioambiente,todaedificaçãoperma-nenteurbanaseráconectadaàsredespúblicasdeabastecimentode

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185Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

águaedeesgotamentosanitáriodisponíveisesujeitaaopagamentodastarifasedeoutrospreçospúblicosdecorrentesdaconexãoedousodessesserviços.

Naausênciaderedespúblicasdesaneamentobásico,serãoadmitidasso-

luçõesindividuaisdeabastecimentodeáguaedeafastamentoedestinaçãofinal

dosesgotossanitários,observadasasnormaseditadaspelaentidadereguladora

epelosórgãosresponsáveispelaspolíticasambiental,sanitáriaederecursoshí-

dricos.Determina,ainda,o§2odoreferidoartigoque:“Ainstalaçãohidráulica

predialligadaàredepúblicadeabastecimentodeáguanãopoderásertambém

alimentadaporoutrasfontes.”

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186 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

5 Consórcios públicos

5.1 Considerações Gerais

Emumpaís de dimensões continentais,marcado por grandes desigual-

dadessociaiseregionaisedetentordeumaricadiversidadeculturaleregional,

comoonosso,ocaráterestratégicodaorganizaçãofederativadoEstadobrasi-

leiroéodeconstituirumaestruturapolíticaeinstitucionaldedivisãoterritorial

dopoder,quepermitaaarticulaçãoentreesferasdegovernoautônomasparaa

realizaçãodeumempreendimentocomum.

Osentesfederativossempreseressentiramdafragilidadejurídicadosins-

trumentosdecooperaçãofederativa,sendoinúmerososcasosemque,porfalta

de estatuto jurídico adequado, nãoprosperaramexperiências significativasde

cooperaçãofederativa.Emfunçãodoexposto,foirealizadainsistentereivindi-

caçãoparaediçãodeumaleiquedisciplinasseosconsórciospúblicoseagestão

associadade serviçospúblicos, reconhecendonos consórcios a personalidade

jurídica.

Ofortalecimentodofederalismobrasileirosedeucomaredemocratização

doPaísquefoiemgrandeparteimpulsionadopelosgovernossubnacionais.Nes-

sesentido,adescentralizaçãofiscal,administrativaepolíticadoBrasilestiveram

intimamenteassociadasaoprocessodedemocratizaçãodoPaís.Sobaóticada

relaçãoentreoPoderPúblicoeasociedade,aConstituiçãode1988colocouna

agendapolíticaostemasdaparticipaçãocidadãedocontrolesocialnaelabora-

çãoenaimplementaçãodepolíticaspúblicas.

OprincipalobjetivoalcançadocomaLeidosConsórciosPúblicosfoio

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187Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

decomplementarodesenhofederativobrasileiroeaprimoraraorganizaçãoda

federação,instrumentalizandoepropiciandonovaregulamentaçãoàcooperação

horizontaleverticalentreastrêsesferasdegoverno,abrindoapossibilidadede

potencializaraintervençãodoPoderPúblicoedeotimizareracionalizaraapli-

caçãoderecursospúblicosnaexecuçãodeatribuiçõesquesãocompartilhadas.

É importante ressaltarqueoConsórcioPúblicoconstitui antesde tudo,

uminstrumentodecooperaçãofederativaquepossibilitamaiorarticulaçãoins-

titucional, não se tratandoda constituição de umquarto ente federativo,mas

disponibilizaaosentesfederadosumarranjoinstitucional,oqualpossibilitauma

novapráticadepactuaçãoecooperaçãointergovernamental.Assimsendo,aLei

11.107/2005,regulamentadapeloDecretopresidencial6.017/2007respeitaaau-

tonomiaeascompetênciasdecadaesferadegoverno.

Éinegávelqueoconsórciopúblicodámaiorsegurançajurídicaaosentes

Consorciados,poisfortaleceoefeitodevinculaçãodosacordosdecooperação

intergovernamentaleaumentaacontratualizaçãoentreosentesconsorciados,

tantonoatodaformação,daextinçãodoconsórcio,oudaretiradavoluntáriade

umenteconsorciado,comonaformalizaçãodascontribuiçõesfinanceirasedas

responsabilidadesassumidas.

Éimportantenotarqueoconsórciopúblicoeagestãoassociadadeser-

viçospúblicostêmcomoprincipalcaracterísticaanaturezavoluntária,depen-

dendo,exclusivamente,davontadedecadaentedaFederaçãoque,cumpridas

assuasobrigações,podesairdoconsórciooudagestãonomomentoquebem

entender.

OreferencialbásicodaLeideConsórciosPúblicoséoprincípiodasub-

sidiariedadeemqueasinstanciasfederativasmaisamplasnãodevemassumiro

queasinstanciasfederativasmenorespodemdesenvolver,ouseja,nãodeveo

estadoassumiraquiloquepodeserresolvidonosMunicípios,nempodeaUnião

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188 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

intervirnoquepodesermelhorexecutadopelosestadoseoDistritoFederal.

OsMunicípiospossuemgrandesdiferençasemsuacapacidadeeconômica

e de gestão, quepermite associar ao princípio da subsidiariedadeo princípio

dacooperação,ouseja,peloprincípiodasubsidiariedadeaprimaziadaaçãoé

doMunicípio,masseestenãopossuir,isoladamente,ascondiçõestécnicasou

econômicaspara agir, cabe identificar se por intermédioda cooperação essas

insuficiênciaspodemsersupridas.

Oprincípiodacooperaçãopodeserhorizontal,deMunicípioparaMunicí-

pio,deEstadoparaEstado,ouvertical,daUniãoparaosEstadoseMunicípios,

dosEstadosparaosMunicípios.Assimsendo,aintervençãodiretaeexecutória

dasinstânciascentraisdevemserconsideradascomoúltimorecursoaserapli-

cado.

Osprincípioscitadosreforçamasaçõeslocaiseregionais,permitindoque

as políticas públicas alcancemo cidadão em cadaMunicípio, incentivando a

utilizaçãodeestruturasadministrativasdosMunicípios,aoinvésdoEstadoeda

União,quesãomaiscarasenemsempreeficienteseeficazes.

5.2 Cooperação X Corsórcio X Prestação de Serviços

Oartigo241daConstituição–emfunçãodaredaçãodadapelaEmenda

Constitucionalno19–estabeleceque

AUnião,osEstados,oDistritoFederaleosMunicípiosdiscipli-narãopormeiodeleiosconsórciospúblicoseosconvêniosdeco-operaçãoentreosentesfederados,autorizandoagestãoassociadadeserviçospúblicos,bemcomoatransferênciatotalouparcialdeencargos,serviços,pessoalebensessenciaisàcontinuidadedosser-viçostransferidos.

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189Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Agestão associada pormeio de convênio de cooperação émuitomais

restritoqueagestãoassociadaporconsórciopúblico,pornãogerarumapessoa

jurídica,poismuitasfunçõesestataisnãopodemserdelegadasoutransferidas

paraoambienteexternodaAdministraçãodotitular.Nãoélícitoqueumentefe-

derativo,porintermédiodeconvêniodecooperaçãoaliene,transfiraoupermita

queoutroexerçaatitularidadedeserviçospúblicosquelhecompeteprover.Não

seadmitequeumentefederativodiminuaasresponsabilidadesqueaConstitui-

çãolheoutorgou.

Contrariamenteaoqueocorrecomoconvêniodecooperaçãonoconsórcio

públicoatransferênciadepoderesinerentesàtitularidadedeserviçospúblicos

éomesmoqueatransferênciadessespoderesparaumaautarquiacriadapelo

própriotitular,poisoconsórciointegraaadministraçãoindiretadetodososcon-

sorciados.Agestãoassociadaautorizadaporconsórciopossibilitaainstituição

deagênciasreguladorasconsorciaisou,ainda,adefiniçãouniformeouintegrada

detarifasparadeterminadosserviços.

Alémdasatividadesdeplanejamento,regulaçãoefiscalização,agestão

associada pode ser ajustada para a prestação dos serviços públicos.Caso o

consórciopúblicovenhaaprestarosserviços,seránecessárioqueoprotocolo

de intenções (primeiraprovidênciaparacriaçãodeumconsórcio)preveja a

outorgadessacompetênciaàentidadeasercriadaequeoconsórciosejacon-

tratadopelotitulardecadaserviço.Exemplificando:seoconsórcioéformado

por“n”Municípios,cadaumdosMunicípiosintegrantesteráumcontratocom

oconsórcio.

OcorrendoahipótesedequeoPrestadordeServiços sejaumaautarquia

ou empresa do ente federativo consorciado, ou que a gestão associada

tenha sido autorizada por convênio de cooperação, é necessário, também,

a celebração de um contrato de programa, previsto no artigo 13 da Lei de

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190 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Consórcios Públicos, que deve possuir cláusulas específicas, sob pena de não

possuirvalidadejurídica.

Deformageral,osentesfederativospodemestabelecerumagestãoasso-

ciadadeserviçospúblicoscomumprogramadetrabalhoque,mediantecontra-

to,poderáserexecutadoporempresa,fundaçãoouautarquiadaadministração

indiretadequalquerumdoscomponentesdoconsórcio.Assimsendo,asituação

vigente por longos anos, onde era comumno saneamento básico, em que as

companhiasestaduaiscelebravamsemlicitaçãoumcontratodeconcessãocom

osMunicípiossealterouefoisubstituídoporumnovomodelo,reguladopela

Leino11.107/2005.

ALeidosConsórciosPúblicosestabeleceutratamentoespecíficoparaos

contratosdeprogramaque,entreoutros,prevêosseguintesaspectos:

• asuacelebraçãodispensaalicitação;

• aexigênciadetransparênciadagestãoeconômicaefinanceirados

serviçosemrelaçãoacadaumdeseustitulares;

• amanutençãodocontrato,mesmocomaextinçãodoconsórcioou

doconvêniodecooperaçãoqueautorizouagestãoassociada;

• aproibiçãodocontratadoregularedafiscalizaçãodosserviçosque

eleprópriopresta,aumentandoaeficiênciapelaseparação técnica

entreasesferasderegulaçãoedeprestaçãodeserviços;

• a extinção automática do contrato caso o contratado deixe de in-

tegrar a administração indiretado entedaFederaçãoquepresta a

cooperaçãofederativa.

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191Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

5.3 Constituição de Consórcios

Paraconstituiçãodeconsórciosdevemsercumpridastrêsetapas,sendoa

primeiradenominadaProtocolodeIntenções,asegundaRatificaçãoeaterceira

elaboraçãodoEstatuto.AUniãosomenteparticiparádeconsórciospúblicosem

quetambémfaçampartetodososEstadosemcujosterritóriosestejamsituados

osMunicípiosconsorciados.

Sãocláusulasnecessáriasdoprotocolodeintenções,asquaisdeverãoser

publicadasnaimprensaoficial,asseguintes:

• denominação,afinalidade,oprazodeduraçãoeasededoconsórcio;

• aidentificaçãodosentesdaFederaçãoconsorciados;

• aindicaçãodaáreadeatuaçãodoconsórcio;

• aprevisãodequeoconsórciopúblicoéassociaçãopúblicaoupessoa

jurídicadedireitoprivadosemfinseconômicos;

• oscritériospara,emassuntosdeinteressecomum,autorizarocon-

sórciopúblicoarepresentarosentesdaFederaçãoconsorciadospe-

ranteoutrasesferasdegoverno;

• asnormasdeconvocaçãoefuncionamentodaassembleia-geral,in-

clusiveparaaelaboração,aprovaçãoemodificaçãodosestatutosdo

consórciopúblico;

• aprevisãodequeaassembleia-geraléainstânciamáximadocon-

sórciopúblicoeonúmerodevotosparaassuasdeliberações;

• aformadeeleiçãoeaduraçãodomandatodorepresentantelegaldo

consórciopúblicoque,obrigatoriamente,deveráserChefedoPoder

ExecutivodeentedaFederaçãoconsorciado;

• onúmero,asformasdeprovimentoearemuneraçãodosemprega-

dospúblicos,bemcomooscasosdecontrataçãoportempodetermi-

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192 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

nadoparaatenderànecessidadetemporáriadeexcepcionalinteresse

público;

• ascondiçõesparaqueoconsórciopúblicocelebrecontratodegestão

outermodeparceria;

• a autorizaçãopara a gestão associadade serviçospúblicos, expli-

citando,ascompetênciascujoexercíciose transferiuaoconsórcio

público,osserviçospúblicosobjetodagestãoassociadaeaáreaem

queserãoprestadosbemcomoaautorizaçãoparalicitarououtorgar

concessão,permissãoouautorizaçãodaprestaçãodosserviços,as

condições a quedeveobedecer ao contratodeprograma, no caso

deagestãoassociadaenvolvertambémaprestaçãodeserviçospor

órgãoouentidadedeumdosentesdaFederaçãoconsorciadoseos

critériostécnicosparacálculodovalordastarifasedeoutrospreços

públicos,bemcomoparaseureajusteourevisão;e

• odireitodequalquerdoscontratantes,quandoadimplentecomsuas

obrigações,deexigiroplenocumprimentodascláusulasdocontrato

deconsórciopúblico.

Ocontratodeconsórciopúblicodeverásercelebradocomaratificação,

mediantelei,doprotocolodeintenções,ouseja,comaapreciaçãoeaprovação

dasrespectivasCâmarasMunicipais.Oprotocolodeintenções,depoisderatifi-

cado,alteraasuadenominaçãoparacontratodeconsórciopúblico,semnecessi-

dadedecoletadenovasassinaturas.Ocontratodeconsórciopúblico,casoassim

prevejacláusula,podesercelebradoporapenaspartedosentesdaFederaçãoque

subscreveramoprotocolodeintenções.

Aratificaçãopodeserrealizadacomreservaque,aceitapelosdemaisentes

subscritores,implicaráconsorciamentoparcialoucondicional.Sendorealizada

após2anosdasubscriçãodoprotocolodeintenções,dependerádehomologação

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193Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

daassembleia-geraldoconsórciopúblico,emboracaibalembrarqueédispen-

sadodaratificaçãooentedaFederaçãoque,antesdesubscreveroprotocolode

intenções,disciplinarporleisuaparticipaçãonoconsórciopúblico.

A terceiraetapa,Estatuto, será realizadaapósasduasetapasanteriores,

comaconvocaçãodaassembleia-geraldoconsórciopúblico,queverificaráa

ratificaçãodoprotocolodeintençõesporpartedecadaconsorciado,queemse-

guidaproclamaráoconsórcioconstituídoenasequênciaaanáliseeaaprovação

doestatutoquedeverá,natotalidade,obedeceraocontratodeconsórciopúblico.

Érecomendável,nessaoportunidade,queseefetueaeleiçãodaprimeiradireto-

riadoconsórcio.

Nenhumentefederativopodeserobrigadoaseconsorciarouaseman-

terconsorciado,poisoconsorciamentodependedeatodevontadeequalquer

consorciadopodesairdoconsórciopúblicoquandonãomaislheinteressar,en-

tretantosuaretiradadeveserrealizadarespaldadaporleiespecífica.Outrofato

relevanteaserconsideradoserefereàsobrigaçõesqueforamassumidasnoâm-

bitoconsorcial,quenãoseextinguemcomaretiradadoente.

Aextinçãodoconsórciopúblicodeveráobedeceràsmesmasetapasdesua

constituição,ouseja,dependerádedecisãodaassembléia-geral,queaproveo

instrumentodedistratoque,comonocasodoprotocolodeintenções,deveráser

ratificadoporleidecadaumdosentesfederativosconsorciados.Esseprocedi-

mentodeveseradotado,também,quandosedesejaraalteraçãodocontratode

constituiçãodoconsórciopúblico.

Nahipótesedeextinçãodoconsórcio,osbenseosdireitospertencerão,

emcondomínio, a todos os entes antes consorciados, comportando a partilha

amigáveloujudicial.Quantoàsobrigações,todososentesserãosolidariamente

responsáveis até que haja decisão que indique os responsáveis por cada uma

delas.Excluem-sedessasregrasosbens,direitos,encargoseobrigaçõesdecor-

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194 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

rentesdegestãoassociadadeserviçospúblicos,queserãoatribuídosaostitulares

dosserviços,isoladamenteouemcondomínio.Emfunçãodoexposto,recomen-

da-semanterregistroscontábeisprecisoseatualizados.

5.4 Gestão Financeira e de Pessoal

Osconsorciadospoderãofornecerrecursosfinanceirosaosconsórciosde

duasformas.Aprimeirapormeiodefornecimentodebensouaprestaçãodeser-

viços.Deacordocomoartigo2o,§1o,IncisoIII,daLeideConsórciosPúblicos

paraessetipodecontrataçãoédispensadaalicitação.Éimportanteressaltarque

essaformadeenvioderecursosfinanceiroséapreferencial,ouseja,oconsór-

cioé remuneradopelosserviçosqueprestaoupelosbensque fornece, sendo

asdespesasdecunhoadministrativodiluídasnovalordoserviçooudobem.

Evidentemente,alinhadecomparaçãodospreçospraticadosdeveseraqueles

operadospelomercado.

Nahipótesedequenãosejapossívelaidentificaçãodoenteconsorciado

beneficiáriodiretodoserviçoouprodutorealizadopeloconsórcio,énecessário

quesejacelebradoocontratoderateio,quepossuiregrasprópriasequedevem

ser rigorosamente cumpridas, sobpenade se incorrer em improbidade admi-

nistrativa.Algunsconsórciospodemprestarserviçospúblicosremuneradospor

taxaou tarifas, peloque serãomantidos.É licitoque entesnão consorciados

possamcelebrarconvênioscomosconsórcios, inclusiveparatransferênciade

recursos.

Noquadroprópriodepessoaldoconsórciohaveráapenasempregospúbli-

cos,sejamemcomissão,providosmediantenomeaçãodoseupresidente,oupor

provimentoefetivo,providosmedianteconcurso,masnenhumdelesterádireito

àestabilidade,sendo,sempre,regidopelaConsolidaçãodasLeisdoTrabalho.

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195Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Issoseexplicapelofatodequeoconsórciopodeserdesconstituídoaqualquer

tempoecomsuaextinçãonãoserápossívelidentificarcomqualenteindividu-

almenteháovínculo.

Éimportantesalientarqueosempregospúblicosesuaremuneração,assim

comooscritériosparasuarevisão,devemserprevistosnoprotocolodeinten-

ções.Os entes consorciados podem ceder servidores aos consórcios, sendo a

cessãoumasoluçãoválidaquandocertasfunçõesdoconsórcio,noenvolvimento

deprerrogativasadministrativas,comooexercíciodoPoderdePolíciaquesó

podemserexercidasporservidorescomvínculoestatutário.

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196 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

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197Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

6 Referências

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde.Manual de Saneamento. 3. ed. rev.

Brasília:FundaçãoNacionaldeSaúde,2004.

BRASIL.FundaçãoNacionaldeSaúde.Manual de orientação para criação e

organização de autarquias municipais de água e esgoto.3.Ed.Brasília:Funasa,

2003,136p.

BRASIL.ResoluçãoConama no 237, de 19 de dezembro de 1997.On-line.

Disponívelem:<http//www.lei.adv.br/conama01.htm>.

BRASIL.MinistériodasCidades.Guia para elaboração de planos municipais

de saneamento/Ministério das Cidades.Brasília:MCidades,2006,152p.

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200 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Anexo 1

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007.

Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1o Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico.

Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

I – universalização do acesso;

II – integralidade, compreendida como o conjunto de todas as ativida-des e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados;

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201Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

III – abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;

IV – disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drena-gem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;

V – adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as pecu-liaridades locais e regionais;

VI – articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção am-biental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;

VII – eficiência e sustentabilidade econômica;

VIII – utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas;

IX – transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;

X – controle social;

XI – segurança, qualidade e regularidade;

XII – integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I – saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraes-truturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de me-dição;

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202 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lança-mento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de ativida-des, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

II – gestão associada: associação voluntária de entes federados, por con-vênio de cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição Federal;

III – universalização: ampliação progressiva do acesso de todos os domi-cílios ocupados ao saneamento básico;

IV – controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que ga-rantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacio-nados aos serviços públicos de saneamento básico;

V – (VETADO);

VI – prestação regionalizada: aquela em que um único prestador atende a 2 (dois) ou mais titulares;

VII – subsídios: instrumento econômico de política social para garantir a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente para popula-ções e localidades de baixa renda;

VIII – localidade de pequeno porte: vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos, lugarejos e aldeias, assim definidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

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203Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 1o (VETADO).

§ 2o (VETADO).

§ 3o (VETADO).

Art. 4o Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de sane-amento básico.

Parágrafo único. A utilização de recursos hídricos na prestação de ser-viços públicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos termos da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, de seus regulamentos e das legislações estaduais.

Art. 5o Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabili-dade do gerador.

Art. 6o O lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao gerador pode, por de-cisão do poder público, ser considerado resíduo sólido urbano.

Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades:

I – de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei;

II – de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei;

III – de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana.

CAPÍTULO II

DO EXERCÍCIO DA TITULARIDADE

Art. 8o Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses ser-viços, nos termos do art. 241 da Constituição Federal e da Lei no 11.107, de 6

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204 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

de abril de 2005.

Art. 9o O titular dos serviços formulará a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto:

I – elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei;

II – prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimen-tos de sua atuação;

III – adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abaste-cimento público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água;

IV – fixar os direitos e os deveres dos usuários;

V – estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput do art. 3o desta Lei;

VI – estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento;

VII – intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos docu-mentos contratuais.

Art. 10. A prestação de serviços públicos de saneamento básico por enti-dade que não integre a administração do titular depende da celebração de con-trato, sendo vedada a sua disciplina mediante convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de natureza precária.

§ 1o Excetuam-se do disposto no caput deste artigo:

I – os serviços públicos de saneamento básico cuja prestação o poder pú-blico, nos termos de lei, autorizar para usuários organizados em cooperativas ou associações, desde que se limitem a:

a) determinado condomínio;

b) localidade de pequeno porte, predominantemente ocupada por popu-lação de baixa renda, onde outras formas de prestação apresentem custos de operação e manutenção incompatíveis com a capacidade de pagamento dos usuários;

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205Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

II – os convênios e outros atos de delegação celebrados até o dia 6 de abril de 2005.

§ 2o A autorização prevista no inciso I do § 1o deste artigo deverá prever a obrigação de transferir ao titular os bens vinculados aos serviços por meio de termo específico, com os respectivos cadastros técnicos.

Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico:

I – a existência de plano de saneamento básico;

II – a existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econô-mico-financeira da prestação universal e integral dos serviços, nos termos do respectivo plano de saneamento básico;

III – a existência de normas de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das diretrizes desta Lei, incluindo a designação da entidade de regulação e de fiscalização;

IV – a realização prévia de audiência e de consulta públicas sobre o edital de licitação, no caso de concessão, e sobre a minuta do contrato.

§ 1o Os planos de investimentos e os projetos relativos ao contrato deve-rão ser compatíveis com o respectivo plano de saneamento básico.

§ 2o Nos casos de serviços prestados mediante contratos de concessão ou de programa, as normas previstas no inciso III do caput deste artigo deverão prever:

I – a autorização para a contratação dos serviços, indicando os respecti-vos prazos e a área a ser atendida;

II – a inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais de ex-pansão dos serviços, de qualidade, de eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais, em conformidade com os serviços a serem prestados;

III – as prioridades de ação, compatíveis com as metas estabelecidas;

IV – as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro da prestação dos serviços, em regime de eficiência, incluindo:

a) o sistema de cobrança e a composição de taxas e tarifas;

b) a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas;

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206 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

c) a política de subsídios;

V – mecanismos de controle social nas atividades de planejamento, regu-lação e fiscalização dos serviços;

VI – as hipóteses de intervenção e de retomada dos serviços.

§ 3o Os contratos não poderão conter cláusulas que prejudiquem as ati-vidades de regulação e de fiscalização ou o acesso às informações sobre os serviços contratados.

§ 4o Na prestação regionalizada, o disposto nos incisos I a IV do caput e nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá se referir ao conjunto de Municípios por ela abrangidos.

Art. 12. Nos serviços públicos de saneamento básico em que mais de um prestador execute atividade interdependente com outra, a relação entre elas deverá ser regulada por contrato e haverá entidade única encarregada das funções de regulação e de fiscalização.

§ 1o A entidade de regulação definirá, pelo menos:

I – as normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regularidade dos serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envol-vidos;

II – as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;

III – a garantia de pagamento de serviços prestados entre os diferentes prestadores dos serviços;

IV – os mecanismos de pagamento de diferenças relativas a inadimple-mento dos usuários, perdas comerciais e físicas e outros créditos devidos, quando for o caso;

V – o sistema contábil específico para os prestadores que atuem em mais de um Município.

§ 2o O contrato a ser celebrado entre os prestadores de serviços a que se refere o caput deste artigo deverá conter cláusulas que estabeleçam pelo menos:

I – as atividades ou insumos contratados;

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207Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

II – as condições e garantias recíprocas de fornecimento e de acesso às atividades ou insumos;

III – o prazo de vigência, compatível com as necessidades de amortiza-ção de investimentos, e as hipóteses de sua prorrogação;

IV – os procedimentos para a implantação, ampliação, melhoria e gestão operacional das atividades;

V – as regras para a fixação, o reajuste e a revisão das taxas, tarifas e outros preços públicos aplicáveis ao contrato;

VI – as condições e garantias de pagamento;

VII – os direitos e deveres sub-rogados ou os que autorizam a sub-roga-ção;

VIII – as hipóteses de extinção, inadmitida a alteração e a rescisão admi-nistrativas unilaterais;

IX – as penalidades a que estão sujeitas as partes em caso de inadimple-mento;

X – a designação do órgão ou entidade responsável pela regulação e fiscalização das atividades ou insumos contratados.

§ 3o Inclui-se entre as garantias previstas no inciso VI do § 2o deste arti-go a obrigação do contratante de destacar, nos documentos de cobrança aos usuários, o valor da remuneração dos serviços prestados pelo contratado e de realizar a respectiva arrecadação e entrega dos valores arrecadados.

§ 4o No caso de execução mediante concessão de atividades interdepen-dentes a que se refere o caput deste artigo, deverão constar do correspondente edital de licitação as regras e os valores das tarifas e outros preços públicos a serem pagos aos demais prestadores, bem como a obrigação e a forma de pagamento.

Art. 13. Os entes da Federação, isoladamente ou reunidos em consórcios públicos, poderão instituir fundos, aos quais poderão ser destinadas, entre ou-tros recursos, parcelas das receitas dos serviços, com a finalidade de custear, na conformidade do disposto nos respectivos planos de saneamento básico, a universalização dos serviços públicos de saneamento básico.

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208 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Parágrafo único. Os recursos dos fundos a que se refere o caput deste artigo poderão ser utilizados como fontes ou garantias em operações de crédito para financiamento dos investimentos necessários à universalização dos servi-ços públicos de saneamento básico.

CAPÍTULO III

DA PRESTAÇÃO REGIONALIZADA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Art. 14. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é caracterizada por:

I – um único prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não;

II – uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua remuneração;

III – compatibilidade de planejamento.

Art. 15. Na prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico, as atividades de regulação e fiscalização poderão ser exercidas:

I – por órgão ou entidade de ente da Federação a que o titular tenha de-legado o exercício dessas competências por meio de convênio de cooperação entre entes da Federação, obedecido o disposto no art. 241 da Constituição Federal;

II – por consórcio público de direito público integrado pelos titulares dos serviços.

Parágrafo único. No exercício das atividades de planejamento dos ser-viços a que se refere o caput deste artigo, o titular poderá receber cooperação técnica do respectivo Estado e basear-se em estudos fornecidos pelos presta-dores.

Art. 16. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico poderá ser realizada por:

I – órgão, autarquia, fundação de direito público, consórcio público, em-presa pública ou sociedade de economia mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na forma da legislação;

II – empresa a que se tenham concedido os serviços.

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209Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Art. 17. O serviço regionalizado de saneamento básico poderá obedecer a plano de saneamento básico elaborado para o conjunto de Municípios aten-didos.

Art. 18. Os prestadores que atuem em mais de um Município ou que prestem serviços públicos de saneamento básico diferentes em um mesmo Município manterão sistema contábil que permita registrar e demonstrar, sepa-radamente, os custos e as receitas de cada serviço em cada um dos Municí-pios atendidos e, se for o caso, no Distrito Federal.

Parágrafo único. A entidade de regulação deverá instituir regras e crité-rios de estruturação de sistema contábil e do respectivo plano de contas, de modo a garantir que a apropriação e a distribuição de custos dos serviços este-jam em conformidade com as diretrizes estabelecidas nesta Lei.

CAPÍTULO IV

DO PLANEJAMENTO

Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico obser-vará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo:

I – diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e so-cioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas;

II – objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universaliza-ção, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilida-de com os demais planos setoriais;

III – programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de fi-nanciamento;

IV – ações para emergências e contingências;

V – mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiên-cia e eficácia das ações programadas.

§ 1o Os planos de saneamento básico serão editados pelos titulares, po-dendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de

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210 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

cada serviço.

§ 2o A consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares.

§ 3o Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos.

§ 4o Os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual.

§ 5o Será assegurada ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a reali-zação de audiências ou consultas públicas.

§ 6o A delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cum-primento pelo prestador do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da delegação.

§ 7o Quando envolverem serviços regionalizados, os planos de sanea-mento básico devem ser editados em conformidade com o estabelecido no art. 14 desta Lei.

§ 8o Exceto quando regional, o plano de saneamento básico deverá en-globar integralmente o território do ente da Federação que o elaborou.

Art. 20. (VETADO).

Parágrafo único. Incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos ser-viços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais.

CAPÍTULO V

DA REGULAÇÃO

Art. 21. O exercício da função de regulação atenderá aos seguintes prin-cípios:

I – independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orça-mentária e financeira da entidade reguladora;

II – transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões.

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211Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

Art. 22. São objetivos da regulação:

I – estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos servi-ços e para a satisfação dos usuários;

II – garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;

III – prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a compe-tência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência;

IV – definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financei-ro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que indu-zam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.

Art. 23. A entidade reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:

I – padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços;

II – requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;

III – as metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços e os respectivos prazos;

IV – regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;

V – medição, faturamento e cobrança de serviços;

VI – monitoramento dos custos;

VII – avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;

VIII – plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certifica-ção;

IX – subsídios tarifários e não tarifários;

X – padrões de atendimento ao público e mecanismos de participação e informação;

XI – medidas de contingências e de emergências, inclusive racionamento;

XII – (VETADO).

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212 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 1o A regulação de serviços públicos de saneamento básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma de atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas.

§ 2o As normas a que se refere o caput deste artigo fixarão prazo para os prestadores de serviços comunicarem aos usuários as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações relativas aos serviços.

§ 3o As entidades fiscalizadoras deverão receber e se manifestar conclu-sivamente sobre as reclamações que, a juízo do interessado, não tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores dos serviços.

Art. 24. Em caso de gestão associada ou prestação regionalizada dos serviços, os titulares poderão adotar os mesmos critérios econômicos, sociais e técnicos da regulação em toda a área de abrangência da associação ou da prestação.

Art. 25. Os prestadores de serviços públicos de saneamento básico de-verão fornecer à entidade reguladora todos os dados e informações neces-sários para o desempenho de suas atividades, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais.

§ 1o Incluem-se entre os dados e informações a que se refere o caput deste artigo aquelas produzidas por empresas ou profissionais contratados para executar serviços ou fornecer materiais e equipamentos específicos.

§ 2o Compreendem-se nas atividades de regulação dos serviços de sane-amento básico a interpretação e a fixação de critérios para a fiel execução dos contratos, dos serviços e para a correta administração de subsídios.

Art. 26. Deverá ser assegurado publicidade aos relatórios, estudos, deci-sões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos usuários e prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do povo, independentemente da existência de interesse direto.

§ 1o Excluem-se do disposto no caput deste artigo os documentos consi-derados sigilosos em razão de interesse público relevante, mediante prévia e motivada decisão.

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213Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 2o A publicidade a que se refere o caput deste artigo deverá se efetivar, preferencialmente, por meio de sítio mantido na rede mundial de computadores - internet.

Art. 27. É assegurado aos usuários de serviços públicos de saneamento básico, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais:

I – amplo acesso a informações sobre os serviços prestados;

II – prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das penalidades a que podem estar sujeitos;

III – acesso a manual de prestação do serviço e de atendimento ao usu-ário, elaborado pelo prestador e aprovado pela respectiva entidade de regula-ção;

IV – acesso a relatório periódico sobre a qualidade da prestação dos ser-viços.

Art. 28. (VETADO).

CAPÍTULO VI

DOS ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS

Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabili-dade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante remu-neração pela cobrança dos serviços:

I – de abastecimento de água e esgotamento sanitário: preferencialmente na forma de tarifas e outros preços públicos, que poderão ser estabelecidos para cada um dos serviços ou para ambos conjuntamente;

II – de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades;

III – de manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos, inclusive taxas, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades.

§ 1o Observado o disposto nos incisos I a III do caput deste artigo, a ins-

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214 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

tituição das tarifas, preços públicos e taxas para os serviços de saneamento básico observará as seguintes diretrizes:

I – prioridade para atendimento das funções essenciais relacionadas à saúde pública;

II – ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços;

III – geração dos recursos necessários para realização dos investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço;

IV – inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos;

V – recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço, em regi-me de eficiência;

VI – remuneração adequada do capital investido pelos prestadores dos serviços;

VII – estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços;

VIII – incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços.

§ 2o Poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços.

Art. 30. Observado o disposto no art. 29 desta Lei, a estrutura de remuneração e cobrança dos serviços públicos de saneamento básico poderá levar em consideração os seguintes fatores:

I – categorias de usuários, distribuídas por faixas ou quantidades cres-centes de utilização ou de consumo;

II – padrões de uso ou de qualidade requeridos;

III – quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço, visando à garantia de objetivos sociais, como a preservação da saúde pública, o adequa-do atendimento dos usuários de menor renda e a proteção do meio ambiente;

IV – custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço em quanti-dade e qualidade adequadas;

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215Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

V – ciclos significativos de aumento da demanda dos serviços, em perío-dos distintos; e

VI – capacidade de pagamento dos consumidores.

Art. 31. Os subsídios necessários ao atendimento de usuários e localida-des de baixa renda serão, dependendo das características dos beneficiários e da origem dos recursos:

I – diretos, quando destinados a usuários determinados, ou indiretos, quando destinados ao prestador dos serviços;

II – tarifários, quando integrarem a estrutura tarifária, ou fiscais, quando decorrerem da alocação de recursos orçamentários, inclusive por meio de sub-venções;

III – internos a cada titular ou entre localidades, nas hipóteses de gestão associada e de prestação regional.

Art. 32. (VETADO).

Art. 33. (VETADO).

Art. 34. (VETADO).

Art. 35. As taxas ou tarifas decorrentes da prestação de serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão considerar:

I – o nível de renda da população da área atendida;

II – as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas;

III – o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio.

Art. 36. A cobrança pela prestação do serviço público de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas deve levar em conta, em cada lote urbano, os percentuais de impermeabilização e a existência de dispositivos de amorte-cimento ou de retenção de água de chuva, bem como poderá considerar:

I – o nível de renda da população da área atendida;

II – as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas.

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216 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Art. 37. Os reajustes de tarifas de serviços públicos de saneamento bási-co serão realizados observando-se o intervalo mínimo de 12 (doze) meses, de acordo com as normas legais, regulamentares e contratuais.

Art. 38. As revisões tarifárias compreenderão a reavaliação das condi-ções da prestação dos serviços e das tarifas praticadas e poderão ser:

I – periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produtividade com os usuários e a reavaliação das condições de mercado;

II – extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos não previs-tos no contrato, fora do controle do prestador dos serviços, que alterem o seu equilíbrio econômico-financeiro.

§ 1o As revisões tarifárias terão suas pautas definidas pelas respectivas entidades reguladoras, ouvidos os titulares, os usuários e os prestadores dos serviços.

§ 2o Poderão ser estabelecidos mecanismos tarifários de indução à efici-ência, inclusive fatores de produtividade, assim como de antecipação de metas de expansão e qualidade dos serviços.

§ 3o Os fatores de produtividade poderão ser definidos com base em in-dicadores de outras empresas do setor.

§ 4o A entidade de regulação poderá autorizar o prestador de serviços a repassar aos usuários custos e encargos tributários não previstos originalmen-te e por ele não administrados, nos termos da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.

Art. 39. As tarifas serão fixadas de forma clara e objetiva, devendo os reajustes e as revisões serem tornados públicos com antecedência mínima de 30 (trinta) dias com relação à sua aplicação.

Parágrafo único. A fatura a ser entregue ao usuário final deverá obedecer a modelo estabelecido pela entidade reguladora, que definirá os itens e custos que deverão estar explicitados.

Art. 40. Os serviços poderão ser interrompidos pelo prestador nas se-guintes hipóteses:

I – situações de emergência que atinjam a segurança de pessoas e bens;

II – necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias de qual-quer natureza nos sistemas;

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217Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

III – negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de leitura de água consumida, após ter sido previamente notificado a respeito;

IV – manipulação indevida de qualquer tubulação, medidor ou outra insta-lação do prestador, por parte do usuário; e

V – inadimplemento do usuário do serviço de abastecimento de água, do pagamento das tarifas, após ter sido formalmente notificado.

§ 1o As interrupções programadas serão previamente comunicadas ao regulador e aos usuários.

§ 2o A suspensão dos serviços prevista nos incisos III e V do caput deste artigo será precedida de prévio aviso ao usuário, não inferior a 30 (trinta) dias da data prevista para a suspensão.

§ 3o A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por inadimplên-cia a estabelecimentos de saúde, a instituições educacionais e de internação coletiva de pessoas e a usuário residencial de baixa renda beneficiário de tarifa social deverá obedecer a prazos e critérios que preservem condições mínimas de manutenção da saúde das pessoas atingidas.

Art. 41. Desde que previsto nas normas de regulação, grandes usuários poderão negociar suas tarifas com o prestador dos serviços, mediante contrato específico, ouvido previamente o regulador.

Art. 42. Os valores investidos em bens reversíveis pelos prestadores constituirão créditos perante o titular, a serem recuperados mediante a explo-ração dos serviços, nos termos das normas regulamentares e contratuais e, quando for o caso, observada a legislação pertinente às sociedades por ações.

§ 1o Não gerarão crédito perante o titular os investimentos feitos sem ônus para o prestador, tais como os decorrentes de exigência legal aplicável à implantação de empreendimentos imobiliários e os provenientes de subven-ções ou transferências fiscais voluntárias.

§ 2o Os investimentos realizados, os valores amortizados, a depreciação e os respectivos saldos serão anualmente auditados e certificados pela entida-de reguladora.

§ 3o Os créditos decorrentes de investimentos devidamente certificados poderão constituir garantia de empréstimos aos delegatários, destinados exclu-sivamente a investimentos nos sistemas de saneamento objeto do respectivo contrato.

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218 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 4o (VETADO).

CAPÍTULO VII

DOS ASPECTOS TÉCNICOS

Art. 43. A prestação dos serviços atenderá a requisitos mínimos de quali-dade, incluindo a regularidade, a continuidade e aqueles relativos aos produtos oferecidos, ao atendimento dos usuários e às condições operacionais e de manutenção dos sistemas, de acordo com as normas regulamentares e con-tratuais.

Parágrafo único. A União definirá parâmetros mínimos para a potabilida-de da água.

Art. 44. O licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos sanitários e de efluentes gerados nos processos de tratamento de água con-siderará etapas de eficiência, a fim de alcançar progressivamente os padrões estabelecidos pela legislação ambiental, em função da capacidade de paga-mento dos usuários.

§ 1o A autoridade ambiental competente estabelecerá procedimentos simplificados de licenciamento para as atividades a que se refere o caput deste artigo, em função do porte das unidades e dos impactos ambientais esperados.

§ 2o A autoridade ambiental competente estabelecerá metas progressi-vas para que a qualidade dos efluentes de unidades de tratamento de esgotos sanitários atenda aos padrões das classes dos corpos hídricos em que forem lançados, a partir dos níveis presentes de tratamento e considerando a capaci-dade de pagamento das populações e usuários envolvidos.

Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de es-gotamento sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços.

§ 1o Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão ad-mitidas soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sa-nitária e de recursos hídricos.

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219Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 2o A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimen-to de água não poderá ser também alimentada por outras fontes.

Art. 46. Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos ta-rifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da de-manda.

CAPÍTULO VIII

DA PARTICIPAÇÃO DE ÓRGÃOS COLEGIADOS NO CONTROLE SO-CIAL

Art. 47. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, esta-duais, do Distrito Federal e municipais, assegurada a representação:

I – dos titulares dos serviços;

II – de órgãos governamentais relacionados ao setor de saneamento bá-sico;

III – dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico;

IV – dos usuários de serviços de saneamento básico;

V – de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.

§ 1o As funções e competências dos órgãos colegiados a que se refere o caput deste artigo poderão ser exercidas por órgãos colegiados já existentes, com as devidas adaptações das leis que os criaram.

§ 2o No caso da União, a participação a que se refere o caput deste artigo será exercida nos termos da Medida Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001, alterada pela Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003.

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220 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

CAPÍTULO IX

DA POLÍTICA FEDERAL DE SANEAMENTO BÁSICO

Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de saneamento bá-sico, observará as seguintes diretrizes:

I – prioridade para as ações que promovam a eqüidade social e territorial no acesso ao saneamento básico;

II – aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo a promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a eficácia;

III – estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços;

IV – utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento so-cial no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de sanea-mento básico;

V – melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;

VI – colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;

VII – garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares;

VIII – fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados;

IX – adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de urbaniza-ção, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epi-demiológicos e ambientais;

X – adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o pla-nejamento de suas ações;

XI – estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a Municípios, mediante mecanismos de cooperação entre entes federados.

Parágrafo único. As políticas e ações da União de desenvolvimento ur-bano e regional, de habitação, de combate e erradicação da pobreza, de pro-teção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária

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221Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

articulação, inclusive no que se refere ao financiamento, com o saneamento básico.

Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento Básico:

I – contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualda-des regionais, a geração de emprego e de renda e a inclusão social;

II – priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e am-pliação dos serviços e ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;

III – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental aos po-vos indígenas e outras populações tradicionais, com soluções compatíveis com suas características socioculturais;

IV – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às po-pulações rurais e de pequenos núcleos urbanos isolados;

V – assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo poder público dê-se segundo critérios de promoção da salubridade am-biental, de maximização da relação benefício-custo e de maior retorno social;

VI – incentivar a adoção de mecanismos de planejamento, regulação e fiscalização da prestação dos serviços de saneamento básico;

VII – promover alternativas de gestão que viabilizem a auto-sustentação econômica e financeira dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa;

VIII – promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para a unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua organização, capacidade téc-nica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as especifi-cidades locais;

IX – fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos conhecimentos gerados de interesse para o saneamento básico;

X – minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e de-senvolvimento das ações, obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as normas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde.

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222 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Art. 50. A alocação de recursos públicos federais e os financiamentos com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entidades da União serão feitos em conformidade com as diretrizes e objetivos estabelecidos nos arts. 48 e 49 desta Lei e com os planos de saneamento bá-sico e condicionados:

I – ao alcance de índices mínimos de:

a) desempenho do prestador na gestão técnica, econômica e financeira dos serviços;

b) eficiência e eficácia dos serviços, ao longo da vida útil do empreendi-mento;

II – à adequada operação e manutenção dos empreendimentos anterior-mente financiados com recursos mencionados no caput deste artigo.

§ 1o Na aplicação de recursos não onerosos da União, será dado prio-ridade às ações e empreendimentos que visem ao atendimento de usuários ou Municípios que não tenham capacidade de pagamento compatível com a auto-sustentação econômico-financeira dos serviços, vedada sua aplicação a empreendimentos contratados de forma onerosa.

§ 2o A União poderá instituir e orientar a execução de programas de incentivo à execução de projetos de interesse social na área de saneamento básico com participação de investidores privados, mediante operações estru-turadas de financiamentos realizados com recursos de fundos privados de in-vestimento, de capitalização ou de previdência complementar, em condições compatíveis com a natureza essencial dos serviços públicos de saneamento básico.

§ 3o É vedada a aplicação de recursos orçamentários da União na admi-nistração, operação e manutenção de serviços públicos de saneamento básico não administrados por órgão ou entidade federal, salvo por prazo determinado em situações de eminente risco à saúde pública e ao meio ambiente.

§ 4o Os recursos não onerosos da União, para subvenção de ações de saneamento básico promovidas pelos demais entes da Federação, serão sem-pre transferidos para Municípios, o Distrito Federal ou Estados.

§ 5o No fomento à melhoria de operadores públicos de serviços de sane-amento básico, a União poderá conceder benefícios ou incentivos orçamentá-rios, fiscais ou creditícios como contrapartida ao alcance de metas de desem-penho operacional previamente estabelecidas.

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223Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 6o A exigência prevista na alínea a do inciso I do caput deste artigo não se aplica à destinação de recursos para programas de desenvolvimento institu-cional do operador de serviços públicos de saneamento básico.

§ 7o (VETADO).

Art. 51. O processo de elaboração e revisão dos planos de saneamento básico deverá prever sua divulgação em conjunto com os estudos que os fun-damentarem, o recebimento de sugestões e críticas por meio de consulta ou audiência pública e, quando previsto na legislação do titular, análise e opinião por órgão colegiado criado nos termos do art. 47 desta Lei.

Parágrafo único. A divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentarem dar-se-á por meio da disponi-bilização integral de seu teor a todos os interessados, inclusive por meio da internet e por audiência pública.

Art. 52. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério das Cidades:

I – o Plano Nacional de Saneamento Básico - PNSB que conterá:

a) os objetivos e metas nacionais e regionalizadas, de curto, médio e longo prazos, para a universalização dos serviços de saneamento básico e o alcance de níveis crescentes de saneamento básico no território nacional, observando a compatibilidade com os demais planos e políticas públicas da União;

b) as diretrizes e orientações para o equacionamento dos condicionantes de natureza político-institucional, legal e jurídica, econômico-financeira, admi-nistrativa, cultural e tecnológica com impacto na consecução das metas e ob-jetivos estabelecidos;

c) a proposição de programas, projetos e ações necessários para atingir os objetivos e as metas da Política Federal de Saneamento Básico, com iden-tificação das respectivas fontes de financiamento;

d) as diretrizes para o planejamento das ações de saneamento básico em áreas de especial interesse turístico;

e) os procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações executadas;

II – planos regionais de saneamento básico, elaborados e executados em articulação com os Estados, Distrito Federal e Municípios envolvidos para as regiões integradas de desenvolvimento econômico ou nas que haja a partici-

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224 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

pação de órgão ou entidade federal na prestação de serviço público de sane-amento básico.

§ 1o O PNSB deve:

I – abranger o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos sólidos e o manejo de águas pluviais e outras ações de sanea-mento básico de interesse para a melhoria da salubridade ambiental, incluindo o provimento de banheiros e unidades hidrossanitárias para populações de baixa renda;

II – tratar especificamente das ações da União relativas ao saneamento básico nas áreas indígenas, nas reservas extrativistas da União e nas comuni-dades quilombolas.

§ 2o Os planos de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo de-vem ser elaborados com horizonte de 20 (vinte) anos, avaliados anualmente e revisados a cada 4 (quatro) anos, preferencialmente em períodos coincidentes com os de vigência dos planos plurianuais.

Art. 53. Fica instituído o Sistema Nacional de Informações em Sanea-mento Básico - SINISA, com os objetivos de:

I – coletar e sistematizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de saneamento básico;

II – disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevan-tes para a caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos de saneamento básico;

III – permitir e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiência e da efi-cácia da prestação dos serviços de saneamento básico.

§ 1o As informações do Sinisa são públicas e acessíveis a todos, devendo ser publicadas por meio da internet.

§ 2o A União apoiará os titulares dos serviços a organizar sistemas de informação em saneamento básico, em atendimento ao disposto no inciso VI do caput do art. 9o desta Lei.

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225Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 54. (VETADO).

Art. 55. O § 5o do art. 2o da Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 2o .........................................................................................

......................................................................................................

§ 5o A infraestrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equi-pamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, es-gotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação.

............................................................................................. ” (NR)

Art. 56. (VETADO)

Art. 57. O inciso XXVII do caput do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 24. ............................................................................................

.........................................................................................................

XXVII – na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

................................................................................................... ” (NR)

Art. 58. O art. 42 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 42. ............................................................................................

§ 1o Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outorga, o ser-viço poderá ser prestado por órgão ou entidade do poder concedente, ou dele-gado a terceiros, mediante novo contrato.

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226 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

.........................................................................................................

§ 3o As concessões a que se refere o § 2o deste artigo, inclusive as que não possuam instrumento que as formalize ou que possuam cláusula que pre-veja prorrogação, terão validade máxima até o dia 31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009, tenham sido cumpridas, cumulativa-mente, as seguintes condições:

I – levantamento mais amplo e retroativo possível dos elementos físi-cos constituintes da infraestrutura de bens reversíveis e dos dados financei-ros, contábeis e comerciais relativos à prestação dos serviços, em dimensão necessária e suficiente para a realização do cálculo de eventual indenização relativa aos investimentos ainda não amortizados pelas receitas emergentes da concessão, observadas as disposições legais e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da publicação desta Lei;

II – celebração de acordo entre o poder concedente e o concessionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventuais créditos remanescen-tes de investimentos ainda não amortizados ou depreciados, apurados a partir dos levantamentos referidos no inciso I deste parágrafo e auditados por institui-ção especializada escolhida de comum acordo pelas partes; e

III – publicação na imprensa oficial de ato formal de autoridade do poder concedente, autorizando a prestação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis) meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto nos incisos I e II deste parágrafo.

§ 4o Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3o deste artigo, o cálculo da indenização de investimentos será feito com base nos critérios previstos no instrumento de concessão antes celebrado ou, na omissão deste, por avaliação de seu valor econômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de ativos imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das sociedades por ações, efetuada por empresa de auditoria independente esco-lhida de comum acordo pelas partes.

§ 5o No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventual indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anu-ais, iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada de investimentos e de outras indenizações relacionadas à prestação dos serviços, realizados com capital próprio do concessionário ou de seu controlador, ou originários de ope-

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227Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

rações de financiamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão.

§ 6o Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o § 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato que venha a disciplinar a prestação do serviço.” (NR)

Art. 59. (VETADO).

Art. 60. Revoga-se a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978.

Brasília, 5 de janeiro de 2007; 186o da Independência e 119o daRepública.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAMárcio Fortes de Almeida

Luiz Paulo Teles Ferreira BarretoBernard Appy

Paulo Sérgio Oliveira PassosLuiz Marinho

José Agenor Álvares da SilvaFernando Rodrigues Lopes de Oliveira

Marina Silva

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228 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Anexo 2Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005.

Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realiza-ção de objetivos de interesse comum e dá outras providências.

§ 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito privado.

§ 2o A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municí-pios consorciados.

§ 3o Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS.

Art. 2o Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da Federação que se consorciarem, observados os limites constitucio-nais.

§ 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:

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229Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entida-des e órgãos do governo;

II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e

III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.

§ 2o Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.

§ 3o Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais em vigor.

Art. 3o O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.

Art. 4o São cláusulas necessárias do protocolo de intenções as que es-tabeleçam:

I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do consór-cio;

II – a identificação dos entes da Federação consorciados;

III – a indicação da área de atuação do consórcio;

IV – a previsão de que o consórcio público é associação pública ou pes-soa jurídica de direito privado sem fins econômicos;

V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, autorizar o con-sórcio público a representar os entes da Federação consorciados perante ou-tras esferas de governo;

VI – as normas de convocação e funcionamento da assembléia geral, in-clusive para a elaboração, aprovação e modificação dos estatutos do consórcio

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230 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

público;

VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância máxima do con-sórcio público e o número de votos para as suas deliberações;

VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do representante legal do consórcio público que, obrigatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Execu-tivo de ente da Federação consorciado;

IX – o número, as formas de provimento e a remuneração dos emprega-dos públicos, bem como os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

X – as condições para que o consórcio público celebre contrato de gestão ou termo de parceria;

XI – a autorização para a gestão associada de serviços públicos, explici-tando:

a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio público;

b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão prestados;

c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autori-zação da prestação dos serviços;

d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, no caso de a gestão associada envolver também a prestação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes da Federação consorciados;

e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e

XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento das cláusulas do contrato de con-sórcio público.

§ 1o Para os fins do inciso III do caput deste artigo, considera-se como área de atuação do consórcio público, independentemente de figurar a União como consorciada, a que corresponde à soma dos territórios:

I – dos Municípios, quando o consórcio público for constituído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios com territórios nele contidos;

II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando o consórcio

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231Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

público for, respectivamente, constituído por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e o Distrito Federal;

III – (VETADO)

IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio for consti-tuído pelo Distrito Federal e os Municípios; e

V – (VETADO)

§ 2o O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada ente da Federação consorciado possui na assembléia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado.

§ 3o É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imó-veis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos.

§ 4o Os entes da Federação consorciados, ou os com eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma e condições da legislação de cada um.

§ 5o O protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial.

Art. 5o O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.

§ 1o O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da Federação que subs-creveram o protocolo de intenções.

§ 2o A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita pelos de-mais entes subscritores, implicará consorciamento parcial ou condicional.

§ 3o A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de homologação da assembléia geral do consórcio público.

§ 4o É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.

Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:

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232 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;

II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legisla-ção civil.

§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.

§ 2o No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admis-são de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Art. 7o Os estatutos disporão sobre a organização e o funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos do consórcio público.

Art. 8o Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público mediante contrato de rateio.

§ 1o O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consis-tentes em programas e ações contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou outros preços públicos.

§ 2o É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.

§ 3o Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o con-sórcio público, são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.

§ 4o Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve forne-cer as informações necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as despesas realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformidade dos elementos econômi-cos e das atividades ou projetos atendidos.

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233Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 5o Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações suficientes para suportar as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.

Art. 9o A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusi-ve quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, con-tratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.

Art. 10. (VETADO)

Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da gestão de consór-cio não responderão pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo consórcio público, mas responderão pelos atos praticados em desconformidade com a lei ou com as disposições dos respectivos estatutos.

Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu representante na assembléia geral, na forma previamente disciplinada por lei.

§ 1o Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de consórcio público ou no instrumento de transferência ou de alie-nação.

§ 2o A retirada ou a extinção do consórcio público não prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os contratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio pagamento das indenizações eventualmente devidas.

Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de consórcio público de-penderá de instrumento aprovado pela assembléia geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados.

§ 1o Os bens, direitos, encargos e obrigações decorrentes da gestão as-sociada de serviços públicos custeados por tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos aos titulares dos respectivos serviços.

§ 2o Até que haja decisão que indique os responsáveis por cada obriga-

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234 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

ção, os entes consorciados responderão solidariamente pelas obrigações re-manescentes, garantindo o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.

Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.

§ 1o O contrato de programa deverá:

I – atender à legislação de concessões e permissões de serviços públi-cos e, especialmente no que se refere ao cálculo de tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos serviços a serem prestados; e

II – prever procedimentos que garantam a transparência da gestão eco-nômica e financeira de cada serviço em relação a cada um de seus titulares.

§ 2o No caso de a gestão associada originar a transferência total ou par-cial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos servi-ços transferidos, o contrato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas que estabeleçam:

I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária da entidade que os transferiu;

II – as penalidades no caso de inadimplência em relação aos encargos transferidos;

III – o momento de transferência dos serviços e os deveres relativos a sua continuidade;

IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos do pessoal transferido;

V – a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e adminis-tração transferidas e o preço dos que sejam efetivamente alienados ao contra-tado;

VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da prestação dos serviços.

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235Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

§ 3o É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao contratado o exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos servi-ços por ele próprio prestados.

§ 4o O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão asso-ciada de serviços públicos.

§ 5o Mediante previsão do contrato de consórcio público, ou de convênio de cooperação, o contrato de programa poderá ser celebrado por entidades de direito público ou privado que integrem a administração indireta de qualquer dos entes da Federação consorciados ou conveniados.

§ 6o O contrato celebrado na forma prevista no § 5o deste artigo será automaticamente extinto no caso de o contratado não mais integrar a adminis-tração indireta do ente da Federação que autorizou a gestão associada de ser-viços públicos por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação.

§ 7o Excluem-se do previsto no caput deste artigo as obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a consórcio público.

Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públi-cos, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas adequadas.

Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e funciona-mento dos consórcios públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações civis.

Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 41. ...................................................................................

................................................................................................

IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;

........................................................................................” (NR)

Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 23. ...................................................................................

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236 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

................................................................................................

§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.” (NR)

“Art. 24. ...................................................................................

................................................................................................

XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consór-cio público ou em convênio de cooperação.

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executi-vas.” (NR)

“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, neces-sariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autori-dade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.

......................................................................................” (NR)

“Art. 112. ................................................................................

§ 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação da qual, nos termos do edital, decorram contratos administrativos celebrados por órgãos ou entida-des dos entes da Federação consorciados.

§ 2o É facultado à entidade interessada o acompanhamento da licitação e da execução do contrato.” (NR)

Art. 18. O art. 10 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos:

“Art. 10. ...................................................................................

................................................................................................

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237Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a pres-tação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.” (NR)

Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios de coo-peração, contratos de programa para gestão associada de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que tenham sido celebrados anteriormente a sua vigência.

Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabilidade pública que serão observadas pelos consórcios públicos para que sua gestão financeira e orçamentária se realize na conformidade dos pressupostos da responsabilidade fiscal.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação

Brasília, 6 de abril de 2005; 184o da Independência e 117o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Márcio Thomaz Bastos

Antonio Palocci Filho Humberto Sérgio Costa Lima

Nelson Machado José Dirceu de Oliveira e Silva

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238 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Anexo 3

Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO No 6.017, DE 17 DE JANEIRO DE 2007.

Regulamenta a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 20 da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DO OBJETO E DAS DEFINIÇÕES

Art. 1o Este Decreto estabelece normas para a execução da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, consideram-se:

I - consórcio público: pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei no 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito pú-

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239Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

blico e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos;

II - área de atuação do consórcio público: área correspondente à soma dos seguintes territórios, independentemente de figurar a União como consorciada:

a) dos Municípios, quando o consórcio público for constituído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios com territórios nele contidos;

b) dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando o consórcio público for, respectivamente, constituído por mais de um Estado ou por um ou mais Estados e o Distrito Federal; e

c) dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio for constituído pelo Distrito Federal e Municípios.

III - protocolo de intenções: contrato preliminar que, ratificado pelos entes da Federação interessados, converte-se em contrato de consórcio público;

IV - ratificação: aprovação pelo ente da Federação, mediante lei, do proto-colo de intenções ou do ato de retirada do consórcio público;

V - reserva: ato pelo qual ente da Federação não ratifica, ou condiciona a ratificação, de determinado dispositivo de protocolo de intenções;

VI - retirada: saída de ente da Federação de consórcio público, por ato formal de sua vontade;

VII - contrato de rateio: contrato por meio do qual os entes consorciados comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a realização das despe-sas do consórcio público;

VIII - convênio de cooperação entre entes federados: pacto firmado exclu-sivamente por entes da Federação, com o objetivo de autorizar a gestão asso-ciada de serviços públicos, desde que ratificado ou previamente disciplinado por lei editada por cada um deles;

IX - gestão associada de serviços públicos: exercício das atividades de planejamento, regulação ou fiscalização de serviços públicos por meio de con-sórcio público ou de convênio de cooperação entre entes federados, acompa-nhadas ou não da prestação de serviços públicos ou da transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos;

X - planejamento: as atividades atinentes à identificação, qualificação,

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240 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

quantificação, organização e orientação de todas as ações, públicas e priva-das, por meio das quais um serviço público deve ser prestado ou colocado à disposição de forma adequada;

XI - regulação: todo e qualquer ato, normativo ou não, que discipline ou or-ganize um determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto sócio-ambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços públicos;

XII - fiscalização: atividades de acompanhamento, monitoramento, con-trole ou avaliação, no sentido de garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público;

XIII - prestação de serviço público em regime de gestão associada: exe-cução, por meio de cooperação federativa, de toda e qualquer atividade ou obra com o objetivo de permitir aos usuários o acesso a um serviço público com características e padrões de qualidade determinados pela regulação ou pelo contrato de programa, inclusive quando operada por transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos;

XIV - serviço público: atividade ou comodidade material fruível diretamente pelo usuário, que possa ser remunerado por meio de taxa ou preço público, inclusive tarifa;

XV - titular de serviço público: ente da Federação a quem compete prover o serviço público, especialmente por meio de planejamento, regulação, fiscali-zação e prestação direta ou indireta;

XVI - contrato de programa: instrumento pelo qual devem ser constituí-das e reguladas as obrigações que um ente da Federação, inclusive sua ad-ministração indireta, tenha para com outro ente da Federação, ou para com consórcio público, no âmbito da prestação de serviços públicos por meio de cooperação federativa;

XVII - termo de parceria: instrumento passível de ser firmado entre con-sórcio público e entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes para o fomento e a execução de atividades de interesse público previs-tas no art. 3o da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; e

XVIII - contrato de gestão: instrumento firmado entre a administração pú-blica e autarquia ou fundação qualificada como Agência Executiva, na forma do

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art. 51 da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, por meio do qual se estabele-cem objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avalia-ção do seu cumprimento.

Parágrafo único. A área de atuação do consórcio público mencionada no inciso II do caput deste artigo refere-se exclusivamente aos territórios dos en-tes da Federação que tenham ratificado por lei o protocolo de intenções.

CAPÍTULO II

DA CONSTITUIÇÃO DOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Seção I

Dos Objetivos

Art. 3o Observados os limites constitucionais e legais, os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes que se consorciarem, ad-mitindo-se, entre outros, os seguintes:

I - a gestão associada de serviços públicos;

II - a prestação de serviços, inclusive de assistência técnica, a execução de obras e o fornecimento de bens à administração direta ou indireta dos entes consorciados;

III - o compartilhamento ou o uso em comum de instrumentos e equipa-mentos, inclusive de gestão, de manutenção, de informática, de pessoal técni-co e de procedimentos de licitação e de admissão de pessoal;

IV - a produção de informações ou de estudos técnicos;

V - a instituição e o funcionamento de escolas de governo ou de estabele-cimentos congêneres;

VI - a promoção do uso racional dos recursos naturais e a proteção do meio-ambiente;

VII - o exercício de funções no sistema de gerenciamento de recursos hí-dricos que lhe tenham sido delegadas ou autorizadas;

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242 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

VIII - o apoio e o fomento do intercâmbio de experiências e de informações entre os entes consorciados;

IX - a gestão e a proteção de patrimônio urbanístico, paisagístico ou turís-tico comum;

X - o planejamento, a gestão e a administração dos serviços e recursos da previdência social dos servidores de qualquer dos entes da Federação que integram o consórcio, vedado que os recursos arrecadados em um ente federa-tivo sejam utilizados no pagamento de benefícios de segurados de outro ente, de forma a atender o disposto no art. 1o, inciso V, da Lei no 9.717, de 1998;

XI - o fornecimento de assistência técnica, extensão, treinamento, pesqui-sa e desenvolvimento urbano, rural e agrário;

XII - as ações e políticas de desenvolvimento urbano, sócio-econômico local e regional; e

XIII - o exercício de competências pertencentes aos entes da Federação nos termos de autorização ou delegação.

§ 1o Os consórcios públicos poderão ter um ou mais objetivos e os entes consorciados poderão se consorciar em relação a todos ou apenas a parcela deles.

§ 2o Os consórcios públicos, ou entidade a ele vinculada, poderão desen-volver as ações e os serviços de saúde, obedecidos os princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde - SUS.

Seção II

Do Protocolo de Intenções

Art. 4o A constituição de consórcio público dependerá da prévia celebra-ção de protocolo de intenções subscrito pelos representantes legais dos entes da Federação interessados.

Art. 5o O protocolo de intenções, sob pena de nulidade, deverá conter, no mínimo, cláusulas que estabeleçam:

I - a denominação, as finalidades, o prazo de duração e a sede do con-sórcio público, admitindo-se a fixação de prazo indeterminado e a previsão de alteração da sede mediante decisão da Assembléia Geral;

II - a identificação de cada um dos entes da Federação que podem vir a

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243Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

integrar o consórcio público, podendo indicar prazo para que subscrevam o protocolo de intenções;

III - a indicação da área de atuação do consórcio público;

IV - a previsão de que o consórcio público é associação pública, com per-sonalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou pessoa jurídica de direito privado;

V - os critérios para, em assuntos de interesse comum, autorizar o consór-cio público a representar os entes da Federação consorciados perante outras esferas de governo;

VI - as normas de convocação e funcionamento da assembléia geral, in-clusive para a elaboração, aprovação e modificação dos estatutos do consórcio público;

VII - a previsão de que a assembléia geral é a instância máxima do consór-cio público e o número de votos para as suas deliberações;

VIII - a forma de eleição e a duração do mandato do representante legal do consórcio público que, obrigatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação consorciado;

IX - o número, as formas de provimento e a remuneração dos empregados do consórcio público;

X - os casos de contratação por tempo determinado para atender a neces-sidade temporária de excepcional interesse público;

XI - as condições para que o consórcio público celebre contrato de gestão, nos termos da Lei no 9.649, de 1998, ou termo de parceria, na forma da Lei no 9.790, de 1999;

XII - a autorização para a gestão associada de serviço público, explicitan-do:

a) competências cuja execução será transferida ao consórcio público;

b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão prestados;

c) a autorização para licitar e contratar concessão, permissão ou autorizar a prestação dos serviços;

d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, no caso de

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nele figurar como contratante o consórcio público; e

e) os critérios técnicos de cálculo do valor das tarifas e de outros preços públicos, bem como os critérios gerais a serem observados em seu reajuste ou revisão;

XIII - o direito de qualquer dos contratantes, quando adimplentes com as suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento das cláusulas do contrato de consórcio público.

§ 1o O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada ente da Federação consorciado possui na assembléia geral, sendo assegurado a cada um ao menos um voto.

§ 2o Admitir-se-á, à exceção da assembléia geral:

I - a participação de representantes da sociedade civil nos órgãos colegia-dos do consórcio público;

II - que órgãos colegiados do consórcio público sejam compostos por re-presentantes da sociedade civil ou por representantes apenas dos entes con-sorciados diretamente interessados nas matérias de competência de tais ór-gãos.

§ 3o Os consórcios públicos deverão obedecer ao princípio da publicidade, tornando públicas as decisões que digam respeito a terceiros e as de natureza orçamentária, financeira ou contratual, inclusive as que digam respeito à ad-missão de pessoal, bem como permitindo que qualquer do povo tenha acesso a suas reuniões e aos documentos que produzir, salvo, nos termos da lei, os considerados sigilosos por prévia e motivada decisão.

§ 4o O mandato do representante legal do consórcio público será fixado em um ou mais exercícios financeiros e cessará automaticamente no caso de o eleito não mais ocupar a Chefia do Poder Executivo do ente da Federação que representa na assembléia geral, hipótese em que será sucedido por quem preencha essa condição.

§ 5o Salvo previsão em contrário dos estatutos, o representante legal do consórcio público, nos seus impedimentos ou na vacância, será substituído ou sucedido por aquele que, nas mesmas hipóteses, o substituir ou o suceder na Chefia do Poder Executivo.

§ 6o É nula a cláusula do protocolo de intenções que preveja determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio

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público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imó-veis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos.

§ 7o O protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial.

§ 8o A publicação do protocolo de intenções poderá dar-se de forma re-sumida, desde que a publicação indique o local e o sítio da rede mundial de computadores - internet em que se poderá obter seu texto integral.

Seção III

Da Contratação

Art. 6o O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.

§ 1o A recusa ou demora na ratificação não poderá ser penalizada.

§ 2o A ratificação pode ser realizada com reserva que deverá ser clara e objetiva, preferencialmente vinculada à vigência de cláusula, parágrafo, inciso ou alínea do protocolo de intenções, ou que imponha condições para a vigência de qualquer desses dispositivos.

§ 3o Caso a lei mencionada no caput deste artigo preveja reservas, a admissão do ente no consórcio público dependerá da aprovação de cada uma das reservas pelos demais subscritores do protocolo de intenções ou, caso já constituído o consórcio público, pela assembléia geral.

§ 4o O contrato de consórcio público, caso assim esteja previsto no proto-colo de intenções, poderá ser celebrado por apenas uma parcela dos seus sig-natários, sem prejuízo de que os demais venham a integrá-lo posteriormente.

§ 5o No caso previsto no § 4o deste artigo, a ratificação realizada após dois anos da primeira subscrição do protocolo de intenções dependerá da homolo-gação dos demais subscritores ou, caso já constituído o consórcio, de decisão da assembléia geral.

§ 6o Dependerá de alteração do contrato de consórcio público o ingresso de ente da Federação não mencionado no protocolo de intenções como possí-vel integrante do consórcio público.

§ 7o É dispensável a ratificação prevista no caput deste artigo para o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público, de forma a poder assumir todas

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246 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

as obrigações previstas no protocolo de intenções.

Seção IV

Da Personalidade Jurídica

Art. 7o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:

I - de direito público, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções; e

II - de direito privado, mediante o atendimento do previsto no inciso I e, ainda, dos requisitos previstos na legislação civil.

§ 1o Os consórcios públicos, ainda que revestidos de personalidade jurídi-ca de direito privado, observarão as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, admissão de pessoal e à prestação de contas.

§ 2o Caso todos os subscritores do protocolo de intenções encontrem-se na situação prevista no § 7o do art. 6o deste Decreto, o aperfeiçoamento do contrato de consórcio público e a aquisição da personalidade jurídica pela as-sociação pública dependerão apenas da publicação do protocolo de intenções.

§ 3o Nas hipóteses de criação, fusão, incorporação ou desmembramen-to que atinjam entes consorciados ou subscritores de protocolo de intenções, os novos entes da Federação, salvo disposição em contrário do protocolo de intenções, serão automaticamente tidos como consorciados ou subscritores.

Seção V

Dos Estatutos

Art. 8o O consórcio público será organizado por estatutos cujas dispo-sições, sob pena de nulidade, deverão atender a todas as cláusulas do seu contrato constitutivo.

§ 1o Os estatutos serão aprovados pela assembléia geral.

§ 2o Com relação aos empregados públicos do consórcio público, os esta-tutos poderão dispor sobre o exercício do poder disciplinar e regulamentar, as atribuições administrativas, hierarquia, avaliação de eficiência, lotação, jornada de trabalho e denominação dos cargos.

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§ 3o Os estatutos do consórcio público de direito público produzirão seus efeitos mediante publicação na imprensa oficial no âmbito de cada ente con-sorciado.

§ 4o A publicação dos estatutos poderá dar-se de forma resumida, desde que a publicação indique o local e o sítio da rede mundial de computadores - in-ternet em que se poderá obter seu texto integral.

CAPÍTULO III

DA GESTÃO DOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Seção I

Disposições Gerais

Art. 9o Os entes da Federação consorciados respondem subsidiariamente pelas obrigações do consórcio público.

Parágrafo único. Os dirigentes do consórcio público responderão pessoal-mente pelas obrigações por ele contraídas caso pratiquem atos em desconfor-midade com a lei, os estatutos ou decisão da assembléia geral.

Art. 10. Para cumprimento de suas finalidades, o consórcio público pode-rá:

I - firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber au-xílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas;

II - ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Fede-ração consorciados, dispensada a licitação; e

III - caso constituído sob a forma de associação pública, ou mediante pre-visão em contrato de programa, promover desapropriações ou instituir servi-dões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou de interesse social.

Parágrafo único. A contratação de operação de crédito por parte do con-sórcio público se sujeita aos limites e condições próprios estabelecidos pelo Senado Federal, de acordo com o disposto no art. 52, inciso VII, da Constitui-ção.

Seção II

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Do Regime Contábil e Financeiro

Art. 11. A execução das receitas e das despesas do consórcio público de-verá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Art. 12. O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacio-nal e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do seu representante legal, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e eco-nomicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos que os entes da Federação consorciados vierem a celebrar com o consórcio público.

Seção III

Do Contrato de Rateio

Art. 13. Os entes consorciados somente entregarão recursos financeiros ao consórcio público mediante contrato de rateio.

§ 1o O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro, com observância da legislação orçamentária e financeira do ente consorciado contratante e depende da previsão de recursos orçamentários que suportem o pagamento das obrigações contratadas.

§ 2o Constitui ato de improbidade administrativa, nos termos do disposto no art. 10, inciso XV, da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, celebrar contrato de rateio sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas em Lei.

§ 3o As cláusulas do contrato de rateio não poderão conter disposição tendente a afastar, ou dificultar a fiscalização exercida pelos órgãos de controle interno e externo ou pela sociedade civil de qualquer dos entes da Federação consorciados.

§ 4o Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o con-sórcio público, são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.

Art. 14. Havendo restrição na realização de despesas, de empenhos ou de movimentação financeira, ou qualquer outra derivada das normas de direito financeiro, o ente consorciado, mediante notificação escrita, deverá informá-la ao consórcio público, apontando as medidas que tomou para regularizar a situ-ação, de modo a garantir a contribuição prevista no contrato de rateio.

Parágrafo único. A eventual impossibilidade de o ente consorciado cumprir

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249Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

obrigação orçamentária e financeira estabelecida em contrato de rateio obriga o consórcio público a adotar medidas para adaptar a execução orçamentária e financeira aos novos limites.

Art. 15. É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contra-to de rateio, inclusive os oriundos de transferências ou operações de crédito, para o atendimento de despesas classificadas como genéricas.

§ 1o Entende-se por despesa genérica aquela em que a execução orça-mentária se faz com modalidade de aplicação indefinida.

§ 2o Não se considera como genérica as despesas de administração e planejamento, desde que previamente classificadas por meio de aplicação das normas de contabilidade pública.

Art. 16. O prazo de vigência do contrato de rateio não será superior ao de vigência das dotações que o suportam, com exceção dos que tenham por obje-to exclusivamente projetos consistentes em programas e ações contemplados em plano plurianual.

Art. 17. Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve forne-cer as informações financeiras necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as receitas e despesas realizadas, de forma a que possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federa-ção na conformidade dos elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.

Seção IV

Da Contratação do Consórcio por Ente Consorciado

Art. 18. O consórcio público poderá ser contratado por ente consorciado, ou por entidade que integra a administração indireta deste último, sendo dis-pensada a licitação nos termos do art. 2o, inciso III, da Lei no 11.107, de 2005.

Parágrafo único. O contrato previsto no caput, preferencialmente, deverá ser celebrado sempre quando o consórcio fornecer bens ou prestar serviços para um determinado ente consorciado, de forma a impedir que sejam eles custeados pelos demais.

Seção V

Das Licitações Compartilhadas

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250 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

Art. 19. Os consórcios públicos, se constituídos para tal fim, podem reali-zar licitação cujo edital preveja contratos a serem celebrados pela administra-ção direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, nos termos do § 1o do art. 112 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

Seção VI

Da Concessão, Permissão ou Autorização de Serviços Públicos ou de Uso de Bens Públicos

Art. 20. Os consórcios públicos somente poderão outorgar concessão, per-missão, autorização e contratar a prestação por meio de gestão associada de obras ou de serviços públicos mediante:

I - obediência à legislação de normas gerais em vigor; e

II - autorização prevista no contrato de consórcio público.

§ 1o A autorização mencionada no inciso II do caput deverá indicar o ob-jeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, inclusive metas de desempenho e os critérios para a fixação de tarifas ou de outros preços públicos.

§ 2o Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos ou, no caso de específica autorização, serviços ou bens de ente da Federação con-sorciado.

Art. 21. O consórcio público somente mediante licitação contratará con-cessão, permissão ou autorizará a prestação de serviços públicos.

§ 1o O disposto neste artigo aplica-se a todos os ajustes de natureza con-tratual, independentemente de serem denominados como convênios, acordos ou termos de cooperação ou de parceria.

§ 2o O disposto neste artigo não se aplica ao contrato de programa, que poderá ser contratado com dispensa de licitação conforme o art. 24, inciso XXVI, da Lei no. 8.666, de 21 de junho de 1993.

Seção VII

Dos Servidores

Art. 22. A criação de empregos públicos depende de previsão do contrato

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251Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

de consórcio público que lhe fixe a forma e os requisitos de provimento e a sua respectiva remuneração, inclusive quanto aos adicionais, gratificações, e quais-quer outras parcelas remuneratórias ou de caráter indenizatório.

Art. 23. Os entes da Federação consorciados, ou os com eles convenia-dos, poderão ceder-lhe servidores, na forma e condições da legislação de cada um.

§ 1o Os servidores cedidos permanecerão no seu regime originário, so-mente lhe sendo concedidos adicionais ou gratificações nos termos e valores previstos no contrato de consórcio público.

§ 2o O pagamento de adicionais ou gratificações na forma prevista no § 1o deste artigo não configura vínculo novo do servidor cedido, inclusive para a apuração de responsabilidade trabalhista ou previdenciária.

§ 3o Na hipótese de o ente da Federação consorciado assumir o ônus da cessão do servidor, tais pagamentos poderão ser contabilizados como créditos hábeis para operar compensação com obrigações previstas no contrato de ra-teio.

CAPÍTULO IV

DA RETIRADA E DA EXCLUSÃO DE ENTE CONSORCIADO

Seção I

Disposição Geral

Art. 24. Nenhum ente da Federação poderá ser obrigado a se consorciar ou a permanecer consorciado.

Seção II

Do Recesso

Art. 25. A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu representante na assembléia geral, na forma previamente disciplinada por lei.

§ 1o Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão do contrato de consórcio público ou do instrumento de transferência ou de alie-nação.

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§ 2o A retirada não prejudicará as obrigações já constituídas entre o con-sorciado que se retira e o consórcio público.

§ 3o A retirada de um ente da Federação do consórcio público constituído por apenas dois entes implicará a extinção do consórcio.

Seção III

Da Exclusão

Art. 26. A exclusão de ente consorciado só é admissível havendo justa causa.

§ 1o Além das que sejam reconhecidas em procedimento específico, é justa causa a não inclusão, pelo ente consorciado, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, de dotações suficientes para suportar as despesas que, nos termos do orçamento do consórcio público, prevê-se devam ser assumidas por meio de contrato de rateio.

§ 2o A exclusão prevista no § 1o deste artigo somente ocorrerá após prévia suspensão, período em que o ente consorciado poderá se reabilitar.

Art. 27. A exclusão de consorciado exige processo administrativo onde lhe seja assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Art. 28. Mediante previsão do contrato de consórcio público, poderá ser dele excluído o ente que, sem autorização dos demais consorciados, subscre-ver protocolo de intenções para constituição de outro consórcio com finalida-des, a juízo da maioria da assembléia geral, iguais, assemelhadas ou incom-patíveis.

CAPÍTULO V

DA ALTERAÇÃO E DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS DE CONSÓRCIO PÚBLICO

Art. 29. A alteração ou a extinção do contrato de consórcio público depen-derá de instrumento aprovado pela assembléia geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados.

§ 1o Em caso de extinção:

I - os bens, direitos, encargos e obrigações decorrentes da gestão associa-da de serviços públicos custeados por tarifas ou outra espécie de preço público

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serão atribuídos aos titulares dos respectivos serviços;

II - até que haja decisão que indique os responsáveis por cada obrigação, os entes consorciados responderão solidariamente pelas obrigações remanes-centes, garantido o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.

§ 2o Com a extinção, o pessoal cedido ao consórcio público retornará aos seus órgãos de origem, e os empregados públicos terão automaticamente res-cindidos os seus contratos de trabalho com o consórcio.

CAPÍTULO VI

DO CONTRATO DE PROGRAMA

Seção I

Das Disposições Preliminares

Art. 30. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade, as obrigações contraídas por ente da Federa-ção, inclusive entidades de sua administração indireta, que tenham por objeto a prestação de serviços por meio de gestão associada ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.

§ 1o Para os fins deste artigo, considera-se prestação de serviço público por meio de gestão associada aquela em que um ente da Federação, ou en-tidade de sua administração indireta, coopere com outro ente da Federação ou com consórcio público, independentemente da denominação que venha a adotar, exceto quando a prestação se der por meio de contrato de concessão de serviços públicos celebrado após regular licitação.

§ 2o Constitui ato de improbidade administrativa, a partir de 7 de abril de 2005, celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio de cooperação federativa sem a celebração de contrato de programa, ou sem que sejam observadas outras formalidades pre-vistas em lei, nos termos do disposto no art. 10, inciso XIV, da Lei no 8.429, de 1992.

§ 3o Excluem-se do previsto neste artigo as obrigações cujo descumpri-mento não acarrete qualquer ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a consórcio público.

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Art. 31. Caso previsto no contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação entre entes federados, admitir-se-á a celebração de contrato de programa de ente da Federação ou de consórcio público com autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista.

§ 1o Para fins do caput, a autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista deverá integrar a administração indireta de ente da Federação que, por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação, autorizou a gestão associada de serviço público.

§ 2o O contrato celebrado na forma prevista no caput deste artigo será automaticamente extinto no caso de o contratado não mais integrar a adminis-tração indireta do ente da Federação que autorizou a gestão associada de ser-viços públicos por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação.

§ 3o É lícito ao contratante, em caso de contrato de programa celebrado com sociedade de economia mista ou com empresa pública, receber participa-ção societária com o poder especial de impedir a alienação da empresa, a fim de evitar que o contrato de programa seja extinto na conformidade do previsto no § 2o deste artigo.

§ 4o O convênio de cooperação não produzirá efeitos entre os entes da Federação cooperantes que não o tenham disciplinado por lei.

Seção II

Da Dispensa de Licitação

Art. 32. O contrato de programa poderá ser celebrado por dispensa de licitação nos termos do art. 24, inciso XXVI, da Lei no 8.666, de 1993.

Parágrafo único. O termo de dispensa de licitação e a minuta de contrato de programa deverão ser previamente examinados e aprovados por assessoria jurídica da Administração.

Seção III

Das Cláusulas Necessárias

Art. 33. Os contratos de programa deverão, no que couber, atender à le-gislação de concessões e permissões de serviços públicos e conter cláusulas que estabeleçam:

I - o objeto, a área e o prazo da gestão associada de serviços públicos, inclusive a operada por meio de transferência total ou parcial de encargos, ser-

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255Saneamento Básico para Gestoes PúblicosConfederação Nacional de Municípios – CNM

viços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços;

II - o modo, forma e condições de prestação dos serviços;

III - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da quali-dade dos serviços;

IV - o atendimento à legislação de regulação dos serviços objeto da gestão associada, especialmente no que se refere à fixação, revisão e reajuste das tarifas ou de outros preços públicos e, se necessário, as normas complemen-tares a essa regulação;

V - procedimentos que garantam transparência da gestão econômica e financeira de cada serviço em relação a cada um de seus titulares, especial-mente de apuração de quanto foi arrecadado e investido nos territórios de cada um deles, em relação a cada serviço sob regime de gestão associada de ser-viço público;

VI - os direitos, garantias e obrigações do titular e do prestador, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão dos serviços e conseqüente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e instalações;

VII - os direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização dos serviços;

VIII - a forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos mé-todos e práticas de execução dos serviços, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercê-las;

IX - as penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita o presta-dor dos serviços, inclusive quando consórcio público, e sua forma de aplicação;

X - os casos de extinção;

XI - os bens reversíveis;

XII - os critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas ao prestador dos serviços, inclusive quando consórcio público, espe-cialmente do valor dos bens reversíveis que não foram amortizados por tarifas e outras receitas emergentes da prestação dos serviços;

XIII - a obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas do consórcio público ou outro prestador dos serviços, no que se refere à prestação dos serviços por gestão associada de serviço público;

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256 Saneamento Básico para Gestores PúblicoslConfederação Nacional de Municípios – CNM

XIV - a periodicidade em que os serviços serão fiscalizados por comissão composta por representantes do titular do serviço, do contratado e dos usuá-rios, de forma a cumprir o disposto no art. 30, parágrafo único, da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;

XV - a exigência de publicação periódica das demonstrações financeiras relativas à gestão associada, a qual deverá ser específica e segregada das demais demonstrações do consórcio público ou do prestador de serviços; e

XVI - o foro e o modo amigável de solução das controvérsias contratuais.

§ 1o No caso de transferência total ou parcial de encargos, serviços, pes-soal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o contrato de programa deverá conter também cláusulas que prevejam:

I - os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária do ente que os transferiu;

II - as penalidades no caso de inadimplência em relação aos encargos transferidos;

III - o momento de transferência dos serviços e os deveres relativos à sua continuidade;

IV - a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos do pessoal transferido;

V - a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e administra-ção transferidas e o preço dos que sejam efetivamente alienados ao prestador dos serviços ou ao consórcio público; e

VI - o procedimento para o levantamento, cadastro e avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da prestação dos serviços.

§ 2o O não pagamento da indenização prevista no inciso XII do caput, inclusive quando houver controvérsia de seu valor, não impede o titular de re-tomar os serviços ou adotar outras medidas para garantir a continuidade da prestação adequada do serviço público.

§ 3o É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao contratado o exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos servi-ços por ele próprio prestados.

Seção IV

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Da Vigência e da Extinção

Art. 34. O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o contrato de consórcio público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços públicos.

Art. 35. A extinção do contrato de programa não prejudicará as obrigações já constituídas e dependerá do prévio pagamento das indenizações eventual-mente devidas.

CAPÍTULO VII

DAS NORMAS APLICÁVEIS À UNIÃO

Art. 36. A União somente participará de consórcio público em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municí-pios consorciados.

Art. 37. Os órgãos e entidades federais concedentes darão preferência às transferências voluntárias para Estados, Distrito Federal e Municípios cujas ações sejam desenvolvidas por intermédio de consórcios públicos.

Art. 38. Quando necessário para que sejam obtidas as escalas adequa-das, a execução de programas federais de caráter local poderá ser delegada, no todo ou em parte, mediante convênio, aos consórcios públicos.

Parágrafo único. Os Estados e Municípios poderão executar, por meio de consórcio público, ações ou programas a que sejam beneficiados por meio de transferências voluntárias da União.

Art. 39. A partir de 1o de janeiro de 2008 a União somente celebrará convê-nios com consórcios públicos constituídos sob a forma de associação pública ou que para essa forma tenham se convertido.

§ 1o A celebração do convênio para a transferência de recursos da União está condicionado a que cada um dos entes consorciados atenda às exigências legais aplicáveis, sendo vedada sua celebração caso exista alguma inadim-plência por parte de qualquer dos entes consorciados.

§ 2o A comprovação do cumprimento das exigências para a realização de transferências voluntárias ou celebração de convênios para transferência de recur-sos financeiros, deverá ser feita por meio de extrato emitido pelo subsistema Ca-dastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias - Cauc, relativamente à situação de cada um dos entes consorciados, ou por outro meio que venha a ser estabelecido por instrução normativa da Secretaria do Tesouro Nacional.

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CAPÍTULO VIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 40. Para que a gestão financeira e orçamentária dos consórcios públi-cos se realize na conformidade dos pressupostos da responsabilidade fiscal, a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda:

I - disciplinará a realização de transferências voluntárias ou a celebração de convênios de natureza financeira ou similar entre a União e os demais Entes da Federação que envolvam ações desenvolvidas por consórcios públicos;

II - editará normas gerais de consolidação das contas dos consórcios pú-blicos, incluindo:

a) critérios para que seu respectivo passivo seja distribuído aos entes con-sorciados;

b) regras de regularidade fiscal a serem observadas pelos consórcios pú-blicos.

Art. 41. Os consórcios constituídos em desacordo com a Lei no 11.107, de 2005, poderão ser transformados em consórcios públicos de direito públi-co ou de direito privado, desde que atendidos os requisitos de celebração de protocolo de intenções e de sua ratificação por lei de cada ente da Federação consorciado.

Parágrafo único. Caso a transformação seja para consórcio público de direito público, a eficácia da alteração estatutária não dependerá de sua inscri-ção no registro civil das pessoas jurídicas.

Art. 42. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 17 de janeiro de 2007; 186o da Independência e 119o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Márcio Thomaz Bastos

Guido Mantega José Agenor Álvares da Silva

Paulo Bernardo Silva Marcio Fortes de Almeida}

Dilma Rousseff Tarso Genro

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