cnj - visita de inspeção ao pará - 2009

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  • 8/11/2019 CNJ - Visita de Inspeo Ao Par - 2009

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    CNJ Conselho Nacional de Justia

    Visita de inspeo ao Par

    2009

    CNJ Conselho Nacional de Justia

    Inspeo no Par Portaria CNJ 151/2009

    [Sub-relatrio dos Registradores]EMENTA: Sub-relatrio produzido pelos registradores Flauzilino Arajo dos Santos,Srgio Jacomino, lfio Carilo Jr. (oficial substituto) e Eduardo Oliveira (oficialdesignado pela Eg. CGJSP) para subsidiar o relatrio final a cargo dos magistradosdesignados por ato do Sr. Corregedor Nacional, Ministro Gilson Dipp. Inspeo junto sVaras Agrrias, Varas responsveis pelos registros pblicos e nos servios notariais e deregistros do Estado do Par.

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    Sumrio

    Introduo ________________________________________________________________ 3

    Ttulos volantes ___________________________________________________________________ 4

    Registro Torrens s avessas _________________________________________________________ 5

    Grandes extenses escassa comunicao _____________________________________________ 6

    Problemas histricos e o Registro mal resolvido _________________________________________ 8

    Cancelamento administrativo de registros e matrculas __________________________________ 11

    Estatizao de cartrios ___________________________________________________________ 12

    O paradoxo do que sem nunca ter sido _____________________________________________ 13

    Estatizar o que j estatizado? _____________________________________________________ 16

    Quem tem culpa no cartrio? ______________________________________________________ 16

    Casos concretos ___________________________________________________________ 18

    Olhando de perto nada normal ____________________________________________________ 18

    Vitria do Xingu - uma exceo digna de nota e registro _________________________________ 18

    a) - Escriturao dos livros _________________________________________________________ 19

    b) - Matrculas - erros tcnicos ______________________________________________________ 23

    c) - Protocolo - Princpio de prioridade _______________________________________________ 26

    d) - Atos de registro irregulares - falta de tcnica registral ________________________________ 27

    e) - Parcelamento do solo, unitariedade da matrcula e alienao de frao ideal _____________ 27

    f) - Livros extravagantes ___________________________________________________________ 28

    g) - Grilagem, erronias, impercia ____________________________________________________ 29Concluses finais __________________________________________________________ 32

    1. Sndrome titular e registral - o caos fundirio. _______________________________________ 32

    2. Medidas infra-estruturais ________________________________________________________ 34

    Agradecimentos ___________________________________________________________ 36

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    Introduo

    O Par um Estado imenso. Sua extenso territorial, aliada precria infra-estrutura de transporte e comunicao, acabou redundando na amplificao de umfenmeno bastante conhecido de siderao e atomizao do sistema registral enotarial brasileiro.

    No bastasse a precria rede de servios extrajudiciais, na Amaznia impera ocaos fundirio e, via de consequncia, a algaravia titular e registral. So milhares dettulos judiciais e notariais expedidos sem que se observassem os procedimentoslegais, amplificando os graves desvios j apurados em vrias iniciativas investigatriaslevadas a efeito nas ltimas dcadas.

    Vale dizer, a histria da ocupao da Regio Norte do Brasil, com suaspeculiaridades e especificidades, introduziu uma nota de maior complexidade naquesto fundiria com a emisso de milhares de ttulos precrios, expedidos no bojode programas de integrao regional e nacional. A irradiao registral de tais ttulos,

    robustecida com as potentes presunes que o ordenamento confere ao Registro deImveis, torna a situao especialmente problemtica.

    Vivemos em uma poca em que as transaes se realizam sem contato econhecimento pessoal. No necessrio conhecer as pessoas com quem contratamos.Muitas transaes, especialmente na regio visitada, se realizam por intermdio deprocuraes. Propriedades, representadas por ttulos ou certides, so dadas emgarantia hipotecria e bens so oferecidos em penhora em execues fiscais que seprocessam em regies remotas. Transaes so estimuladas e realizadas pela Internete instrumentalizadas por cartrios localizados alhures.

    O cenrio de intensos intercmbios jurdicos e econmicos, que se acentuaramnas ltimas dcadas, leva o administrador a um grave impasse para enfrentardiretamente o problema. H que se decidir: retrocedemos poca anterior aoRegulamento Hipotecrio de 1846, quando se inaugurou entre ns a publicidadehipotecria, fazendo a eficcia dos ttulos de propriedade depender de umpronunciamento judicial? Ou realizamos uma ampla e profunda reforma, dando aoRegistro de Imveis o papel de destaque que deve merecer numa economia complexae dependente de informaes rpidas e seguras como a contempornea?

    parte as medidas tpicas cancelamentos e bloqueios de registros preciso atacar frontalmente as causas que subjazem balbrdia fundiria da Amaznia

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    Legal, denunciada iterativamente pela sociedade local, que reclama, com insistncia,medidas efetivas de combate grilagem e algaravia fundiria.

    Destacamos, abaixo, alguns aspectos que nos do as referncias e balizas paracompreendermos a dimenso dos graves problemas.

    Ttulos volantes

    parte as fraudes imobilirias perpetradas por ttulos falsos e por registrosirregulares, encontramos ttulos de mera posse, de concesso de direitos, delegitimao, de outorga de propriedades em carter resolutivo. H certides extradasdo Registro do Vigrio, datas de sesmaria etc., ttulos que visavam justificar, legitimar eregularizar a posse, principalmente estimular a efetiva ocupao, explorao e fixaodo homem ao campo, cumprindo polticas consubstanciadas em programas sociais decolonizao e reforma agrria desenvolvidos ao longo dos tempos.

    Esses ttulos foram expedidos no decorrer de dcadas por diversos rgos Unio, INCRA, Estado do Par, Intendncias, ITERPA, Prefeituras Municipais que,somados aos ttulos centenrios, oriundos de negcios jurdicos celebrados no final dosculo XIX e inicio do seguinte, com base em um cipoal verdadeiramenteimpressionante de leis e regulamentos, acabaram por formar um mosaico de difcil

    compreenso, regulao, gesto, saneamento e fiscalizao.

    Tais ttulos, por dcadas foram expedidos pela Unio, pelo INCRA, pelo Estadodo Par, pelas Intendncias, pelo ITERPA e pelas Prefeituras Municipais. Apoiados emum complexo cipoal de leis e regulamentos, estes ttulos somaram-se quelescentenrios que provinham dos negcios jurdicos celebrados no final do sculo XIX eincio do XX, formando um mosaico de difcil compreenso, regulao, gesto,saneamento e fiscalizao.

    Logicamente, esta intrincada rede de direitos acabou repercutindo no RegistroImobilirio. Por fenmeno de antonomsia, constituindo-se o Registro num poderososistema de irradiao e difuso de direitos, atraiu para si o estigma das fraudes por

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    sinalizar, com nitidez impressionante, os interesses contraditrios em jogo, e, via deconsequencia, publicando o caos fundirio.

    Logicamente, esta intrincada rede de direitos acabou repercutindo no RegistroImobilirio. Poderoso sistema de irradiao e difuso de direitos, por fenmeno de

    antonomsia atraiu para si o estigma das fraudes e sinalizou com impressionantenitidez os interesses contraditrios em jogo. Via de consequencia, publicou o caosfundirio.

    Os ttulos de posse, e de tantos outros direitos resolveis, foram sendoemitidos e trespassados sem qualquer mediao registral, vale dizer,clandestinamente, sem a devida publicidade. Os cartrios se transformaram,rapidamente, em cone da balbrdia fundiria e titularizam um protagonismo que nodeveria ser exclusivo.

    Os cartrios se transformaram, rapidamente, em cone da balbrdia fundiria,titularizando um protagonismo que no deveria ser exclusivo.

    Registro Torrens s avessas

    OProvimento CGCI-TJPA 13/2006, de 21.6.2006, assinado peladesembargadora do TJPA, Osmarina Onadir Sampaio Nery, (Dirio da Justia de23.6.2006) faz aluso ao Decreto Estadual do Par n. 410, de 8.10.1891 (e seuregulamento de 28.10.1891) que criou o instrumento jurdico denominado "ttulo deposse". Tal ttulo houvera sido outorgado pelas antigas Intendncias Municipais at a

    edio da Lei Estadual n. 1.108, de 6 de novembro de 1909.

    Segundo o dito ato normativo, tais ttulos, para que os direitos de posse seconvolassem em domnio, estavam sujeitos legitimao. O prazo para faz-lo forasucessivamente prorrogado at que o Decreto Estadual n 1.054, de 14.2.1996,declarara a caducidade de todos os ttulos de posse no legitimados.

    Neste longo interregno, o que ocorreu? Tais ttulos foram sendo trespassadosformando uma extensa cadeia incerta e instvel at que estes documentos aportaram,nas dcadas de 60 e 70, nos Registros Imobilirios, amplificando a confuso einstaurando o caos fundirio, que agora percebido por todos os analistas.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dsc_0973-1.jpghttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdf
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    Neste longo interregno, o que ocorreu? Tais ttulos foram sendo trespassados,formando uma incerta e instvel cadeia. A confuso se amplificou nas dcadas de 60 e70, quando estes documentos aportaram nos Registros Imobilirios e se instaurou ocaos fundirio que hoje percebido por todos os analistas.

    Esta mixrdia titular e registral representa uma contribuio original aosestudos de direito fundirio, pois os ttulos, longe de serem saneados e clarificados naorigem pelos seus emitentes - administrao pblica, como se viu - representam umasrie impressionante de direitos precrios, no raro contraditrios, todos sujeitos auma incerta confirmao, que raramente se deu, com potencial suficiente para gerar agrande confuso fundiria que agora nos entretm.

    Neste sentido, pode se dizer que a poltica fundiria no Estado representa umaestratgia anti-Torrens, que, como se sabe, visava emitir um ttulo de domnio slido einatacvel.

    Grandes extenses escassa comunicao

    O Par o segundo Estado em extenso territorial. Equivale a mais do quecinco vezes o Estado de So Paulo, sendo cortado por uma malha precria e deficientede estradas, na maior parte esburacada, intransitvel em pocas de chuvas econstituda por caminhos de trnsito local.

    A chegada a muitos municpios d-se por barcos ou por via area. A reavisitada acessvel rapidamente por via area. A partir de Altamira, chega-se aosmunicpios ribeirinhos, como a pequena Senador Jos Porfrio, visitada pelo GT,somente possvel por meio de estradas precrias ou hidrovias, o que torna o

    deslocamento ao interior do Estado uma verdadeira aventura.

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    O acesso a muitos municpios se d por barcos ou via area. Somente por viaarea chega-se rapidamente rea inspecionada. A partir de Altamira, percorrendoestradas precrias e hidrovias, o pequeno municpio ribeirinho de Senador Jos Porfriopde ser visitado pelo GT, revelando-se a aventura do deslocamento ao interior doEstado do Par.

    Nestas condies, compreende-se perfeitamente a dificuldade de comunicaoexistente entre os vrios cartrios da regio. Muitos dos municpios paraenses estoencravados em rea de difcil acesso e, via de consequncia, de escassa fiscalizao, oque impede, certamente, o contato dos profissionais encarregados do Registro comseus colegas e com as entidades que os representam. Cedio que, em termos decapacitao profissional, reciclagem e informao, so estas entidades que suprem alacuna sentida.

    O prprioRelatrio da CPIdestinada a investigar a ocupao de terras pblicas

    na Regio Amaznica, apresentado em 29 de agosto de 2001, destaca este aspecto:

    A grilagem de terras na Amaznia to notria quanto antiga. ltima fronteirado Pas, ainda pouco povoada, a Amaznia oferece espaos, distncias edificuldades de comunicao que incentivaram as ilegalidades fundirias detodo tipo. A volubilidade das polticas governamentais para a regio tambmexerceu papel importante neste sentido (Relatrio da CPI da Grilagem. Dirioda Cmara dos Deputados de 28.12.2001, Suplemento, p. 344).

    As grandes extenses de terras foram sendo transacionadas e convertidas em

    objeto de vrios desfalques. Citem-se, como exemplo, as reas ocupadas peloPolgono Desapropriatrio de Altamira, situado na faixa afetada pela Rodovia BR-230(Transmaznica) que abrangem algo como 6 milhes de hectares. Tratando-se deterras da Unio, seria mister, antes do registro de qualquer ttulo, que se verificasse sedita rea est ou no abrangida no polgono que define as extenses territoriais nodomnio da Unio.

    http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=42064http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=42064http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=42064http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=42064
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    Problemas histricos e o Registro mal resolvido

    Os problemas apurados navisita de inspeo sosobejamente conhecidos

    desde h muito. A CPI doSistema Fundirio(Resoluo 23/76 daCmara dos Deputados),por exemplo, apontava, jna dcada de 70, osseguintes problemasrelacionados com agrilagem de terras:

    1 compra, pelo grileiro,do direito de posse depequenas reas combenfeitorias, semconfrontaes ou limites.Em seguida requerido ousucapio da rea,embora, muitas vezes, noexista registro algum depropriedade particular.

    Mas, com a sentena, nocumpridas as exignciaslegais, acompanhada deum mapa abrangendomilhares de hectares, conseguido o registro de

    propriedade do imvel em livro prprio;

    2 registro de ttulos de ocupao da posse no livro de Registro de Imveis;

    3 falsificao de ttulos e seus registros posteriores no Registro de Imveis,sem observncia, nestes casos, do exigido por lei;

    4 registro de simples escritura de compra e venda, sem existir a linhagem dastransmisses ou cadeia dominial, conforme exigncias da Lei de RegistroPblico em vigor;

    5 hipotecas de grandes reas s instituies creditcias, sem estaremregistradas no livro prprio;

    6 sentenas declaratrias de usucapio, proferidas por juzes de direito, sobre

    reas de grande extenso, sem dar vistas dos autos quer Unio, ao Estado, ou Prefeitura;

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    7 aes possessrias julgadas procedentes em favor de grileiros quejustificaram a propriedade com meros certificados de cadastro do INCRA (Diriodo Congresso Nacional, Seo I, Suplemento, 28/9/1979).

    A situao somente se agravou desde ento. Muitas iniciativas pontuais foram

    sendo tomadas e, ao final e ao cabo, como reconhece a prpria Eg. Corregedoria-Geralde Justia do Estado do Par, tais medidas mostraram-se insuficientes.

    Vale a citao dos consideranda do Provimento Corregedoria do Interior n.13/2006, que dispe sobre a averbao de bloqueio de reas rurais nos Cartrios doRegistro de Imveis nas Comarcas do Interior. O texto representa fielmente umpanorama de falncia do sistema:

    Considerando que as medidas pontuais que vm sendo adotadas por estaCorregedoria e pelo ITERPA no sentido de equacionar o problema tm se

    mostrado insuficientes, ante a dimenso que a grilagem de terras atingiu emnosso Estado. Para se ter uma idia, h vrios municpios do interior com reasregistradas que superam em uma, duas ou mais vezes a sua superfcieterritorial, e todos ns conhecemos o tamanho de nossos municpios, algunsdeles maiores que vrios pases;

    Considerando a situao singular do Estado do Par que, atravs do DecretoEstadual n 410, de 08/10/1891 e seu Regulamento de 28/10/1891, criou uminstrumento jurdico indito no direito brasileiro denominado de "Ttulo dePosse". E o que mais grave ainda, delegou a sua outorga s antigas

    Intendncias Municipais, o que perdurou at edio da Lei Estadual n 1.108,de 06/11/1909, quando somente o Estado voltou a conced-los, sendo que taisttulos de posse (outorgados pelo Estado ou pelas Intendncias), para setransformar em propriedade e serem aptos matrcula no registro de imveis,estavam sujeitos legitimao, sendo que o prazo para faz-lo foisucessivamente prorrogado at que, atravs do Decreto Estadual n 1.054, de14/02/1996, foi declarada a caducidade de todos os ttulos de posse nolegitimados.

    Considerando que, por estimativa, devem ter sido expedidos, nesse regime,cerca de cinqenta a sessenta mil Ttulos de Posse, com limites imprecisos eapenas uma pequena parte deles foi legitimada, entretanto, ainda assim, quaseum sculo depois, a partir da dcada de setenta, milhares deles foram,indevidamente levados a registro nos Cartrios de Registro de Imveis doEstado;

    Considerando que as consultas ao ITERPA tm resultado na declarao defalsidade desses ttulos de posse;

    Considerando que em relao aos Ttulos Definitivos de Propriedade, porcompra, imenso o ndice de fraude de tais ttulos, cuja grande maioria

    somente foram levados a registro nos Cartrios de Registro de Imveis a partirda dcada de setenta. Para se ter uma idia do tamanho da fraude, na ltima

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    Correio Ordinria no Cartrio de Altamira, foram encontrados 03 (trs)desses ttulos, que teriam sido expedidos em data de 17/06/1963, em nome deuma nica pessoa, nas seguintes dimenses: 206.000 ha, 188.521 ha e 180.728ha; consultado o ITERPA, resultou na declarao de falsidade de tais ttulos, jbloqueados, entretanto, basta que existam mais 100 ttulos falsos nessas

    dimenses, que a fraude vai alm de 20.000.000 ha e se existirem 1.000, afraude vai alm de 200.000.000 ha, tendo o Estado do Par uma superfcieaproximada de 120.000.000 ha;

    Considerando ainda a grave questo dos arrendamentos de SERINGAIS eCASTANHAIS em vrias regies do Estado, autorizados por legislaes estaduaisesparsas na primeira metade do sculo passado que, de simples arrendamento,foram registrados indevidamente em diversos Cartrios de Registro de Imveisdo Estado, como se propriedades fossem, o que permitiu a que uma s pessoa,no municpio de Altamira, se intitule proprietrio de mais de 4.000.000 ha;

    Considerando que no Brasil todas as terras so originalmente pblicas, j quehavidas por direito de conquista Coroa Portuguesa e com a independnciapassaram a pertencer nao brasileira, assim, qualquer pessoa que se intituleproprietrio de terras no pas, tem que provar que seu imvel foidesmembrado validamente do patrimnio pblico, sendo os bens pblicosimprescritveis e insusceptveis de usucapio;

    Considerando que desde a Constituio Federal de 1934 h limitao paraalienao de terras pblicas sem autorizao do Senado da Repblica. A

    Constituio de 1934 (art. 130) estabeleceu o limite de 10.000 hectares. AConstituio de 1937 (art. 155) conservou esse limite. A Constituio de 1946,atravs da Emenda Constitucional n 10, de 09/11/1964 (art. 6) reduziu esselimite para 3.000 hectares, mantido pela Constituio de 1967 (art.154) ereduzido na vigente Constituio da Repblica (art. 49) para 2.500 hectares,passando a autorizao a ser concedida pelo Congresso Nacional, o que tornaos registros de reas superiores, mesmo com base em ttulos autnticos, se notiveram autorizao do Senado e/ou do Congresso Nacional, eivados de vcio deconstitucionalidade;

    Considerando que grande parte de nossos municpios ainda est no incio deseu desenvolvimento, por isso ainda bastante preservados e com poucosconflitos de terras, como aqueles que se situam em toda a margem esquerdado rio Amazonas, nas regies do oeste-sul adiante de Altamira e baixo-amazonas, entretanto, o problema fundirio latente em todos eles, pois osregistros irregulares l esto adormecidos, prontos para produzirem os seusnefastos efeitos, quando para l se expandir a chamada fronteira agrcola, coma venda, muitas vezes fatiada, dessas reas irregulares a colonos e fazendeirosque l se instalaro, sendo inevitvel o conflito entre os posseiros nativos e osndios que l se encontram com esses novos adquirentes. Exemplos no nosfaltam, basta observarmos os graves conflitos fundirios no sul do Par e naregio da Transamaznica etc. (Provimento CGCI-TJPA 13/2006,de 21/6/2006,

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/prov-pa_cjci-tje_013-2006.pdf
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    assinado pela desembargadora Osmarina Onadir Sampaio Nery, Dirio daJustia de 23.6.2006).

    Cancelamento administrativo de registros e matrculas

    No af de se resolver de maneira racional o grave problema apurado emsucessivas visitas correcionais, a Corregedoria do Tribunal de Justia do Par vempropondo medidas tpicas que no tm apresentado resultados satisfatrios.

    A representao encaminhada ao Conselho Nacional de Justia, subscrita peloEstado do Par, Instituto de Terras do Par, Ministrio Pblico Federal, Incra,Advocacia Geral da Unio, Federao dos Trabalhadores na Agricultura - FETAGRI eComisso Pastoral da Terra, toca neste ponto. Ao mesmo tempo em que considera umgrande avano o advento do referido Provimento 13/2006, aponta, contudo, a timidezdo Tribunal de Justia do Estado em levar a efeito o cancelamento administrativo das

    matrculas e registros eivados de nulidade, nos termos da Lei 6.739, de 1979.

    Embora se avalie possvel o cancelamento administrativo dos registros ematrculas, com a observncia do devido processo legal e com garantia docontraditrio, ainda assim o problema no estar plenamente resolvido.

    O volume impressionante de irregularidades, alcanando tanto imveis rurais,como urbanos - conforme se indicar logo abaixo - de tal monta que ainda assim osistema estar comprometido e o germe das irregularidades, inoculado no corpo dosistema, haver de apresentar seus deletrios efeitos patolgicos.

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    Como se ver no final deste sub-relatrio, a par das medidas saneadoras eobstaculizadoras da repercusso de fraudes sucessivas aos registros eivados denulidades, dever ser buscada a reestruturao do servio registral e notarial noEstado, com medidas concretas para degradar, a nveis tolerveis, as assimetrias naprestao do servio.

    No poderamos deixar de assinalar (e combater) uma das mais deletriasconcepes que subjaz nas propostas reformistas veiculadas com o objetivo de obviara situao calamitosa de conflitos e fraudes agrrios: a estatizao dos serviosnotariais e registrais.

    Estatizao de cartrios

    As propostas de resoluo dos graves problemas apurados pela CPI da Grilagemforam consubstanciadas em sugestes e encaminhamentos que se concretizaram com

    proposies legislativas.

    Entre as vrias sugestes, destaca-se a proposta de emenda Constituioestatizando os Cartrios de Registro de Imveis. Iniciativa dos deputados LucianoCastro e Srgio Carvalho, assim se justificava o projeto:

    A estatizao dos cartrios, principalmente dos cartrios de registros de

    imveis, foi defendida em inmeros depoimentos nesta CPI, entre os quais o doMinistro do Desenvolvimento Agrrio, Raul Jungmann, como nica forma debloquear, de fato, a grilagem.

    No h funo de ndole mais pblica do que dizer quem dono de terra equais os limites e confrontaes dessa terra.

    No exerccio de suas atribuies, no regime privado atual dos servios notariaise de registro, quanto mais atos registrais so praticados pelos oficiais deregistro, maior o seu ganho.

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    O palco de golpes envolvendo a posse de terras o oeste da Bahia, maisprecisamente os municpios de Barreiras, So Desidrio, Riacho das Neves eFormosa do Rio Preto.

    Jos Queiroz Barreto, tambm conhecido por Z Manteiga. Ele se apresenta

    como corretor de imveis e faz qualquer negcio para vender fazendas que sexistem no papel.

    "Voc quer, por exemplo, 30 mil hectares em papel? Tem 30 mil hectares empapel", oferece Z Manteiga.

    E vender fazenda sem terra a especialidade do corretor Z Manteiga."Quantas e quantas empresas tm mais de no sei quantos mil hectares e notm um palmo. Usa como garantia.

    Garantia para levantar financiamentos em bancos e at para pagamento dedvidas com o governo. Foi assim que o empresrio Marcos Valrio tentoupagar quase R$ 9 milhes que deve Previdncia. Nas escrituras das fazendasem nome das empresas dele, Seu Gorgnio Tolentino, aposentado comotrabalhador rural, aparece como ex-proprietrio e teria vendido a MarcosValrio mais de 20 mil hectares.

    "Nunca tive conhecimento disso no. Minha terra era uma possezinha e gerouessas fazendas todas. muita terra. Fazenda pra no acabar mais, diz SeuGorgnio.

    Seu Gorgnio diz que assinou uma procurao trazida por uma pessoa que eleconhece: "Ele pediu pra assinar, o doutor Leonardo. Assinamos em confiana".

    Doutor Leonardo advogado, dono de um escritrio em Barreiras, a 900quilmetros de Salvador. A equipe do Fantstico tentou falar com ele. Mas sconseguiu por telefone.

    Fantstico: O senhor tem uma idia de quantas escrituras essa procurao queo Seu Gorgnia assinou gerou?

    Leonardo: Trs ou quatro escrituras.

    Fantstico: Mais de 20.

    Leonardo: No. Trs ou quatro, eu fiz.

    Fantstico: O senhor cobrou quanto?

    Leonardo: R$ 5 mil ou R$ 6 mil.

    Fantstico: E essas terras existem?

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    Leonardo: A eu no sei.

    Fantstico: O senhor conhece Z Manteiga?

    Leonardo: Conheo.

    Fantstico: seu amigo?

    Leonardo: meu amigo, posso falar que .

    O advogado Leonardo teria prometido pagar R$ 20 mil pela procurao, masSeu Gorgnio diz que s recebeu R$ 3 mil.

    As falsas escrituras das fazendas de papel no seriam feitas sem a participaodos cartrios de imveis, de acordo com as denncias. No oeste da Bahia,

    funcionrios da Justia tambm so acusados de ganhar dinheiro para criardocumentos de terras que no existem.

    O Ministrio Pblico da Bahia comeou a investigar os cartrios envolvidos. Ode So Desidrio acusado de concentrar a maior quantidade de documentosfalsos. A Oficial do Registro j responde a um processo administrativo nacorregedoria do Tribunal de Justia.

    Em Riacho das Neves, o juiz Gustavo Hungria afastou a escrevente MariaGeane Campos, depois de constatar vrias irregularidades. Mas,estranhamente, ela foi transferida para o municpio vizinho de Barreiras, ondeexerce a mesma funo, a pedido da direo do Frum.

    "Foi bom que voc me avisasse, porque eu vou procurar investigar pra saber. Eda eu vou tomar as providncias", afirma Thadeu Mota, juiz de Barreiras.

    O oficial de Justia Isaas Rodrigues dos Santos trabalha percorrendo omunicpio, tentando cumprir mandados de penhora. Uma de suas ltimasmisses foi localizar 12 fazendas dadas em garantia por uma empresa de BeloHorizonte a um banco paulista.

    Fantstico: Voc achou quantas das 12 fazendas?

    Isaas: Nenhuma.

    Fantstico: Voc procurou direito?

    Isaas: Sim, estive nos limites e no acho, no existe.

    A prpria Justia admite: a rea dos quatro municpios envolvidos nessa fraudeno comportaria todas as fazendas registradas nos cartrios de imveis. tanta

    facilidade que o corretor Z Manteiga j tem em casa escrituras prontas pravender, sem um palmo de terra.

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    "Essa aqui mesmo de dois mil hectares, em Riacho das Neves. T pravender".

    Estatizar o que j estatizado?

    Na verdade, a balbrdia fundiria decorre de mltiplos fatores. Grande partedos cartrios visitados somente na aparncia so verdadeiras delegaes aparticulares. Na maioria dos casos, so cartrios vagos, interinamente tocados poragentes pblicos destacados dos quadros regulares da administrao, ou indicadospara ocupar temporariamente a vaga.

    De outra parte, no h concursos pblicos regulares. Quando ocorrem, aspraas no so preenchidas por absoluta falta de interesse, j que os pequenoscartrios, j assoberbados por um volume intolervel de gratuidades, no tm servioe renda para custear a sua regular manuteno.

    Alm disso, no h treinamento, cursos de requalificao profissional, fontes depesquisa e aperfeioamento tcnico, no h suporte para os pequenos cartrios. Neminvestimentos. Nem incluso digital. Os cartrios, e seus oficiais, ficam siderados,vagando margem do sistema judicirio, sem acesso aos benefcios tecnolgicos queos Tribunais pem disposio dos cartrios judiciais e que deveriam alocar aospequenos cartrios extrajudiciais.

    Quem tem culpa no cartrio?

    As discusses que cercam a grilagem de terras, fazendo abstrao decomplexos fenmenos infra-estruturais relacionados com os direitos de posse e depropriedade da terra, acabaram se reduzindo a uma mera crise do sistema registral,dito cartorial.

    Qualquer pessoa que se disponha, seriamente, a estudar o fenmeno dagrilagem de terras no Par acabar concluindo que a disfuno dos Registros Pblicos um sintoma de uma sndrome que acomete todo o sistema judicirio e legal doEstado. Vale dizer, alcana a administrao pblica, o foro judicial e o extrajudicial,sem falar do contubrnio entre o pblico e o privado, nota caracterstica do regimepatriomonialista do qual no escapam as instituies citadas.

    Para abusar das metforas, o sistema est acometido de septicemia e qualquerteraputica tpica pode redundar simplesmente em rotundo fracasso.

    A situao agrria e fundiria da Par pode ser entendida como reminiscnciados grandes problemas que animaram os debates polticos que antecederam oadvento daLei de Terras de 1850. Sobrevive, neste ambiente, a confuso entre opblico e o privado, a barafunda inextrincvel entre as terras devolutas e as privadas,entre as terras pblicas do Estado e as reclamadas por rgos federais, entre os ttulosadministrativos e os privados, entre a concesso precria e o registro irregular, entre

    os registros pblicos e a clandestinidade jurdica.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-601-de-18-de-setembro-de-1850.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-601-de-18-de-setembro-de-1850.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-601-de-18-de-setembro-de-1850.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-601-de-18-de-setembro-de-1850.pdf
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    Nestas circunstncias, qual o papel que a Corregedoria Estadual devedesempenhar? Por outro lado, como deve se pautar o Conselho Nacional de Justia,por sua Corregedoria Nacional? Existem remdios para regularizar esta situao? possvel superar a histrica confuso dominial nesta Regio? possvel expressar, comfidedignidade, a situao jurdica das terras da Amaznia legal?

    Para tentar responder a estas e outras graves questes e colaborar com ostrabalhos de modernizao e aperfeioamento dos servios notariais e registraisptrios , elaboramos o presente relatrio que visa expressar o particular ponto devista dos registradores, agregados ao Grupo institudo pela PortariaPortaria CNJ151/2009.

    O objeto de nossa contribuio centrar-se- na questo registrria, cientes deque os problemas cartorrios so perifricos. Podem ser considerados perfeita sntesede um grave problema infra-estrutural.

    Agregamos umatabelacom a legislao que guarda relao com os problemastratados neste relatrio.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdfhttp://arisp.wordpress.com/cnj-inspecao-no-para/http://arisp.wordpress.com/cnj-inspecao-no-para/http://arisp.wordpress.com/cnj-inspecao-no-para/http://arisp.wordpress.com/cnj-inspecao-no-para/http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dj113_2009-assinado.pdf
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    Casos concretos

    Olhando de perto nada normal

    Vamos ajustar o foco nos casos concretos que foram analisados poramostragem.

    Centrando a nossa ateno nos Registros de Imveis de Altamira, de Vitria doXingu e de Senador Jos Porfrio, em todos os cartrios inspecionados verificou-se omesmo padro:

    registros imperfeitos,

    falta de controle na entrada e tramitao dos ttulos,

    inexistncia de efetiva qualificao registral (exame de legalidade dosttulos),

    abertura de matrculas com vrios e reiterados erros tcnicos,

    registros de ttulos que instrumentalizam meros direitos pessoais oupossessrios,

    matriculao de reas excessivas (que extrapolam os limites da comarca),

    falta de controle de disponibilidade,

    parcelamentos irregulares.

    m gesto dos dados,

    manuteno precria de livros e demais documentos das Serventias

    Muitos outros problemas ocorrem e so detalhados a seguir.

    Vitria do Xingu - uma exceo digna de nota e registro

    Antes de prosseguir, devemos registrar a exceorepresentada pelo Cartrio do nico Ofcio deVitria do Xingu, a cargo do notrio e registradorconcursado, Dr. Milton Alves da Silveira (Av.Manoel Flix de Farias, 70, CEP 63.383-000, Vitriado Xingu, PA - fone (92) 9155.1773).

    Neste Cartrio modesto, com instalaes muitomdicas, os livros e papis foram encontrados emordem, bem cuidados, manuscritos e lavradosadequadamente.

    As minguadas condies financeiras, decorrentes degratuidades e exiguidade de servio, no permitemque o Cartrio possa investir em tecnologia,abandonando procedimentos arcaicos e inseguros

    de registrao.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/dsc_1021.jpg
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    Em decorrncia de exiguidade de servio, o Livro - 1 Protocolo lavradomanualmente. As anotaes margem do Protocolo (art. 175, V, da LRP) da ocorrnciados atos formalizados, resumidamente mencionados, no feita regularmente.

    Por fim, causa espcie que um Registro de Imveis possa existir em municpio

    que no sede de comarca, aparentemente contrariando disposies das Leis deOrganizao Judiciria do Estado do Par (art. 372 da Lei 5.008, de 10 de dezembro de1981). Se no existir vedao expressa, relevante que se considere que um OfcioPredial requer uma infra-estrutura mnima para que possa ser considerado um serviovivel economicamente falando.

    Foram selecionados, por amostragem, alguns registros e matrculas, cujoresultado do exame o seguinte.

    a) - Escriturao dos livros

    a.1) - Matrcula - livro encadernado x fichas avulsas

    A escriturao dos livros se apresenta de forma limpa e mecanizada(aparentemente utilizando-se do editor de texto Word e impressora a jato de tinta),sem rasuras ou borres.

    Entretanto, diferentemente do que ocorre na maioria dos Estados brasileiros,por determinao da Corregedoria Geral da Justia (Interior) do TJPA, no so usadasfichas, como faculta a lei (art. 3, 2 c.c. art. 173, nico, daLei 6.015/1973). O Livro

    2 aberto e as suas folhas so previamente emaadas, numeradas e rubricadas peloJuiz Corregedor Permanente, diferentemente do que faculta a Lei de Registros Pblicos

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdf
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    As fotos so chocantes - e a reportagem daJornal da Globodeve tersensibilizado todos os registradores srios que tiveram o desprazer de assisti-la.

    Alm de mal conservados, precariamente alocados - em posies quedesfiguram e corrompem a sua estrutura.

    a.3) - Recomendaes

    1. Recomenda-se a adoo de fichas de matrculas, como faculta aLei6.015/1973,nos art. 3, 2 c.c. art. 173 nico. Assim, as fichas dos Livro 2,organizadas como folhas avulsas, permitem a anlise, de uma s vez, de todo ohistorial jurdico da matrcula, atingindo o objetivo de racionalizaoperseguida pela reforma de 1973. Alm de facilitar a dinmica do registro, talpropicia uma fiscalizao segura e menos afanosa.

    2. Recomenda-se a lavratura dos atos como preconiza o art. 232 daLei

    6.015/1973, lanando-se os registros e as averbaes em rigoroso ordemnumrica sequencial (R.1, Av.2, Av.3, R.4 etc.).

    3. Recomenda-se a imediata recuperao e reforma dos livros, com a contrataode especialista em recuperao de documentos, e a adequada alocao erepouso dos livros, de modo a no ofender a sua estrutura.

    4. Recomenda-se ministrar aulas prticas sobre manuseio e depsito (repouso) delivros de registro, visando dar maior segurana e proteo a esses importantesdocumentos.

    http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1234415-16021,00-AUTORIDADES+COMBATEM+GRILAGEM+DE+TERRAS+NO+PARA.htmlhttp://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1234415-16021,00-AUTORIDADES+COMBATEM+GRILAGEM+DE+TERRAS+NO+PARA.htmlhttp://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1234415-16021,00-AUTORIDADES+COMBATEM+GRILAGEM+DE+TERRAS+NO+PARA.htmlhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/lei-6-015-de-31-de-dezembro-de-1973.pdfhttp://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1234415-16021,00-AUTORIDADES+COMBATEM+GRILAGEM+DE+TERRAS+NO+PARA.html
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    b) - Matrculas - erros tcnicos

    Examinados, por amostragem, registros lavrados no Livro de Registro Geral 2-AAAE , aberto em 4 de Agosto de 2008, com o ltimo ato praticado namatrcula25.793,em 10.2.2009, e o Livro de Registro Geral 2 AAAF, aberto em 26 de

    fevereiro de 2009 e ainda em uso quando da inspeo, foram encontrados errostcnicos e vrios casos de afronta a princpios bsicos que norteiam o Direito RegistralImobilirio - especialmente princpios de continuidade, de especialidade e dedisponibilidade.

    Os problemas tcnicos encontradios so os listados abaixo, estando osmesmos lastreados nos documentos indicados que passam a fazer parte integrantedeste relatrio:

    b.1) - Especialidade. Inovao descritiva pelos ttulos

    As descries dos imveis encontradas nas aberturas de matrculas, repetem adescrio que se acha nos ttulos que lhes deram origem, sem qualquer lastro registralanterior ou, ainda, sem qualquer controle de disponibilidade qualitativa e/ouquantitativa.

    Possivelmente, o fenmeno ocorra em virtude do fato de que boa parte dosreferidos ttulos terem sido expedidos pelo Poder Pblico (Federal, Estadual eMunicipal) atravs de seus rgos INCRA, ITERPA e PREFEITURA DO MUNICPIO DEALTAMIRA.

    Examinado o caso concreto da Matrcula 25.951 (Doc. 3), percebem-se algumasinconsistncias que poderiam ser esclarecidas com a solicitao de todos osdocumentos que deram suporte ao dito registro:

    Inovao descritiva?Matrcula 25.951, descerrada em 6 de julho de 2009, com

    base em ttulo de domnio expedido pelo INCRA (n. PA023800000007) queaparentemente inova a descrio do imvel com base no ttulo expedido pelaautarquia federal.

    Nova matrcula? O registro anterior se liga matrcula 23.073 (Livro 2-AAT, p.224) do mesmo Registro de Altamira.

    Parcelamento rural? O ttulo e os documentos apendiculares indicam aexistncia de parcelamento rural - indicao de lote (142), gleba (Ituna), noprojeto de assentamento (Assentamento Itapuama).

    Reserva legal. Acha-se averbada a reserva legal obrigatria. O ato foi procedido

    com base em "cpias xerografadas anexas", que no foram apresentadas peloresponsvel quando solicitadas. A indicao do fundamento legal estequivocado.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-793.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-793.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-793.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/qualificacao-25951.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/qualificacao-25951.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/qualificacao-25951.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/qualificacao-25951.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-793.pdf
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    b.2) - Reserva legal - especialidade

    A reserva legal, averbada sob nmero 1 na referida matrcula 25.951, no estadevidamente especializada. Incidindo sobre 80% da rea total do imvel (art. 16, I,daLei 4.771, de 1964c.c. art. 16, 8),a rea no est identificada na matrcula.

    Sobre a necessidade da especializao da rea gravada, a doutrina parece seinclinar sobre a sua necessidade (por todos, MELO. Marcelo Augusto Santana de.AReserva Legal e o Registro de Imveis: aspectos prticos), embora se reconhea certadificuldade em determinar claramente a sua localizao no todo. Por esta razo, asresolues dos rgos ambientais tm exigido o georreferenciamento desta reasafetadas, como modo mais seguro e preciso de identific-las e especializ-las.

    De qualquer maneira, ao menos uma planta e memorial descritivo, expedidospela autoridade ambiental competente, deveria ser mantido em Cartrio para auxiliar

    a identificao e localizao da rea no imvel, j que, aparentemente, a propriedadeficaria isenta do georreferenciamento da reserva legal exigido pela InstruoNormativa 93, de 3 de maro de 2006, editada pelo Ibama (DOU de 6.3.2006)eResoluo CONAMA 379,de19 de outubro de 2006.

    b.3) - Abertura da matrcula - requisitos - nome do proprietrio

    Verificou-se que no descerramento das matrculas regra no se mencionar onome do proprietrio, conforme prev e exige claramente o art. 176, 1, II, 4, da Lei6.015/1973. Para fins de se identificar claramente a cadeia filiatria (princpio de

    continuidade) a lei exige que na abertura da matrcula se indique o nome doproprietrio, alm do registro anterior e outros requisitos previstos na lei.

    Nos exemplos colhidos na inspeo, verifica-se que se indica, sempre, o nomedaquele que adquire pelo registro n. 1. Exemplos: Matrcula25.687,Matrcula25.607,Matrcula25.641,todas de Altamira. (Doc. 4, em papel).

    b.4) - terminologia tcnica inadequada

    Nas matrculas 25.794, 25.803, 25.762 e 25.727, do Registro de Altamira,encontramos a reiterao de expresses tcnicas inadequadas - como "imvelencravado", qualificando o lote pertencente a parcelamento do solo urbano. (Doc. 5).

    Imvel encravado, nos termos do art. 559 do Cdigo Civil de 1916, aquele queno tem sada pela via pblica, fonte ou porto.

    A qualificao jurdica do lote, como apontada nos casos das referidasmatrculas, inadequada e deve ser evitada, sob pena de gerar confuso e falta depreciso na publicidade registral.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htmhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37906.pdfhttp://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37906.pdfhttp://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37906.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-687.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-687.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-687.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-607.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-607.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-607.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-641.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-641.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-641.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-641.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-607.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-687.pdfhttp://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res37906.pdfhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/A_RL_e_o_RI_Marcelo_Melo.pdfhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htm
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    b.5) - Averbao de construo - a essencialidade do acessrio

    Nas averbaes de construo procedidas nas matrculas 25.644, 25.822,25.813, 25.795, por exemplo, verifica-se a ocorrncia de inmeros dados einformaes que so dispensveis.

    Alm disso, a praxe do Servio Registral de Altamira parece ser desdobrar o atoem 2 averbaes - uma para constar a Licena de Construo e outra noticiando aexpedio de Carta de Habite-se, ato desnecessrio e oneroso para as partes. (Doc. 6,matrcula supra referidas).

    Os dados que se acham dispersos no confuso ato de averbao, acham-se nosttulos que serviram de base para a prtica do ato, devendo, tais ttulos e documentosacessrios - requerimentos, licenas urbansticas, certides negativas etc. -permanecer na Serventia, em seu arquivo (art. 194 da LRP).

    A publicidade registral fica comprometida com o acmulo de dados que noagregam valor informativo relevante, tornando custosa a interpertao da matrcula ea apurao da situao jurdica do imvel.

    b.6) - Alienao fiduciria

    Nos casos de alienao fiduciria, o ato desmembrado em dois - ato deRegistro, com a descrio das caractersticas do contrato e outro de averbao, paraconstar a forma de pagamento e dados que j constam do ato anterior. Exemplos:

    Matrculas 25.806, 25.811 e 19.67 - (doc. 8, em papel).

    Uma vez mais a clareza e transparncia do registro se v prejudicada,confundindo e onerando o usurio com um ato de averbao sobressalente edesnecessrio.

    b.7) - Recomendaes

    1. As inovaes descritivas (e abertura de novas matrculas) devem ser feitas combase em ttulo hbil: retificao de registro (judicial ou extrajudicial - art. 213 ess. da LRP), parcelamentos do solo urbano ou rural (Lei 6.766/1979,art. 20,

    nico eDec.-Lei 58/1937, art. 1, II. Fundamento legal: art. 225, 2 c.c. art.228 da Lei 6.015/1973. Somente se descerram matrculas com a descriohauridas do prprio ttulo nos casos de usucapio (art. 226 da LRP) e nosdemais ttulos de extrao judicial, como expropriao, demarcatrias, divisesetc.

    2. As reservas legais e nus decorrentes de limitaes ou restriesadministrativas ou legais devem ser especializadas (art. 225 da LRP).

    3. Nos termos do art. 176, 1, II, 4, da Lei 6.015/1973, requisito da matrcula aindicao do nome do proprietrio, para que se identifique claramente a cadeiafiliatria (princpio de continuidade).

    4.

    Nas descries de lotes oriundos de parcelamentos urbanos ou rurais no adequada a qualificao de "imvel encravado".

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/1937-1946/Del058.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/1937-1946/Del058.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/1937-1946/Del058.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/1937-1946/Del058.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htm
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    5. As averbaes devem noticiar os dados essenciais do ato - numeraopredial, logradouro pblico, destinao e nmero da CND - Certido Negativade Dbito do INSS (ou declarao de dispensa). Os ttulos que serviram de basepara a prtica do ato - requerimentos, licenas urbansticas, certides negativasetc. - devem permanecer na Serventia, em seu arquivo (art. 194 da LRP).

    6.

    Para os casos de contratos de alienao fiduciria, os elementos essenciais docontrato (art. 24 da Lei 9.514, de 1997), como valor do principal dadvida, prazo e condies do crdito, taxa de juros, encargos incidentes etc.devem constar, por extrato, no ato do registro, sendo irregular a prtica de atode averbao para discriminao de dados contratuais.

    c) - Protocolo - Princpio de prioridade

    O procedimento de registro no rigorosamente seguido na tramitao dottulo no Cartrio.

    Nos termos do artigo 182 da LRP, "todos os ttulos tomaro, no Protocolo, onmero de ordem que lhes competir em razo da sequncia rigorosa de suaapresentao".

    No se localizou o Livro 1 - Protocolo - nas dependncias do Cartrio. Nasinspees levadas a efeito, verificou-se no ser prtica rotineira a prenotao de cadattulo apresentado a registro. Desta forma, a eventual tramitao de ttuloscontraditrios no documentada para fins de garantia dos direitos do interessado(direito de prioridade, art. 186 da LRP) e da ordem geral de tramitao dos ttulos (art.

    11 da LRP).

    A importncia da prenotao dos ttulos no Livro 1 Protocolo evidente. Daprenotao decorre o direito de prioridade e deste a preferncia dos direitos reais prior tempore potior iure. A prtica rotineira de no protocolizao dos ttulos podecolocar em srio risco os direitos dos interessados no Registro e a prpria higidez dosistema.

    Trata-se de confiana no sistema.

    Observou-se, ainda, a prtica de lavratura deescrituras pelo mesmo cartrio que a registrano mesmo dia (p. ex. Matrcula 25.795, Doc. 7,em papel).

    c.1) - Recomendaes

    1. Recomenda-se a abertura de um LivroProtocolo e a imediata prenotao de todos osttulos apresentados a registro (art. 182) exceo dos que ingressam to somente para

    exame e clculo de emolumentos (art. 12, nico da LRP).

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    2. Nos casos de apresentao do ttulo para mero exame e clculo (art. 12, nico da LRP), dever ser exigido requerimento do interessado dispensando aprenotao. A exigncia de rogao do interessado se justifica tendo em vistaque a recusa da prenotao representa renncia dos potentes efeitos quedecorrem da prioridade registral.

    3.

    Para o caso de apresentao de ttulos para mero exame e clculo deemolumentos, recomenda-se a adoo de livro de recepo para garantia econtrole da ordem geral referida no art. 11 da LRP.

    d) - Atos de registro irregulares - falta de tcnica registral

    A anlise cuidadosa da matrcula n1.863, entranhada folha 5 do livro 2-AAAF(Doc. 10), demonstra total desconhecimento de rudimentos de tcnica registrria. Valea pena sumarizar os problemas que, ictu oculi, exsurgem:

    Num nico ato de registro (R. 4) constituiram-se, imperfeitamente, dois direitos

    reais autnomos - doao com reserva de usufruto. Embora no se esclareano ato de registro, supem-se, pelo ttulo da escritura tabelioa, que houve defato a doao com reserva de usufruto, alm da imposio de clusulasrestritivas de domnio sem a indicao de justa causa (art. 1.848 do C.C.).Aparentemente, pelo fato de ter ocorrido a deduo do direito real de usufruto(reserva de usufruto) no se lavrou expressamente o ato constitutivo do direitoreal limitado - como seria, alis, de rigor (art. 1.227 do Cdigo Civil).

    Dvida acerca da frao ideal correspondente aos irmos Ricardo e MaurcioBarcelos Ruas.

    Descrio imperfeita do ato de registro que, por definio, se refere ao ttulo

    causal, lavrado em tempo passado. Inteiramente descabida, portanto, autilizao da expresso "neste ato assistido", gerando confuso no destinatrioda publicidade registral.

    Registro de direitos de carter pessoal - nomeao de administrador do

    condomnio e fixao de remunerao. Referncia a locao, sem qualquer indcio de existncia de clusula de vigncia

    ou inscrio para exerccio do direito de preferncia. Atribuio exclusiva de direito sobre parte do imvel adquirido em condomnio

    sem destaque e especializao ("parte onde fica a sede da Chcara...").

    Referncia, no corpo do registro, a direitos adquiridos pelos donatrios emrelao a outros imveis, que no o da matrcula referida.

    O mesmo problema se identifica na Matrcula 20.163.

    e) - Parcelamento do solo, unitariedade da matrcula e alienao defrao ideal

    A anlise das matrculas25.799e25.800,Livro 2-AAAF (Doc. 11), demonstramprtica que merece melhor investigao para apurar at que ponto chegam asirregularidades que se percebem de uma anlise perfunctria.

    http://arisp.wordpress.com/files/2009/08/1-863.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/1-863.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/1-863.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-799.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-799.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-799.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-800.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-800.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-800.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-800.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/25-799.pdfhttp://arisp.wordpress.com/files/2009/08/1-863.pdf
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    Aparentemente, h desrespeito Lei de Parcelamento do Solo Urbano e aoprincpio da unitariedade da matrcula, sendo imprescindvel o conhecimento dacadeia dominial destes imveis para o fim de se diagnosticar a extenso dosproblemas.

    Ficando nos exemplos destacados, v-se que as referidas matrculas tm porobjeto fraes ideais de imveis urbanos, localizadas no imvel denominado parteideal do Stio Santo Antonio", ambas com origem na Matrcula 23.324 (R. 1).

    Em primeiro lugar, preciso destacar que incorreto o descerramento dematrcula de frao ideal - fato agravado pelo fato de dita frao ideal estar localizada -o que pode sugerir burla Lei do Parcelamento do Solo Urbano.

    Outro aspecto que indica a inconsistncia do dito registro o fato de se referira parte ideal que no enunciada. Qual a frao ideal que corresponde ao titular?

    Enfim, no se sabe, ao certo, se estamos diante de um condomnio civil, comlocalizao da posse, ou de parcelamento do solo urbano, com designao de lote

    e.1) - Recomendaes

    1. Pesquisa exaustiva da origem das matrculas 25.799 e 25.800 para se investigaros fundamentos jurdicos para os destaques. Para tanto, solicitar cpia daMatrcula 23.324.

    f) - Livros extravagantes

    Durante a inspeo foram encontrados em uso, inclusive com expedio decertides, livros que no fazem parte do rol taxativo previsto no art. 173 da Lei6.015/73.

    Foram inspecionados os livros identificados como 3-I, 3-J, 3-L, 3-N, 3-O, 3-P, 3-Qe 3-S, constatando-se que os mesmos foram destinados a registros no permitidospara a Serventia de Registro de Imveis. Dentre esses registros foram encontradoscontratos de comodato, arrendamentos, partilhas de posses, transferncias de direitospossessrios, memoriais descritivos de reas, etc. sem qualquer controle sobre a

    origem do imvel e em total afronta s previses legais.

    Estes registros, como constatado em inspeo no Registro de Imveis deSenador Jos Porfrio, serviram de base para inaugurar nova cadeia filiatria naquelacomarca, dando origem a novas matrculas que so abertas em outras localidades.

    A abertura dessas matrculas em outras Comarcas, baseada nas certidesexpedidas daqueles livros, emprestam um aspeto de legalidade a ttulos ilegtimos.

    Durante a inspeo foi determinado que de tais livros no se expedissem

    certides. Determinou-se, igualmente, que no se expedissem certides das matrculasabertas com base naquelas.

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    Por fim, foi determinado Oficial Interina do Registro de Imveis de Altamira oenvio de ofcio, dirigido ao Conselho Nacional de Justia, informando sobre ascondies em que recebidos referidos livros, como tambm pedido de providnciasadministrativas para sanear esta irregularidade. (Doc. 12, em papel - Ofcio 138/2009,Registro 4.693, do Livro de "Registros Diversos").

    f.1) - Recomendaes

    1. Cancelamento dos registros nulos de pleno direito, lavrados em livrosextravagantes, bem como os registros e matrculas que deles se originaram,garantidos, aos interessados, a ampla defesa e o contraditrio.

    2. Para que se possa rastrear, com absoluta segurana, os registros que derivaramdos livros extravagantes, recomenda-se a requisio dos mesmos, elaboraode resumo dos registros lavrados - com indicao do negcio jurdico, partes, elocalizao - para que se possa localizar eventual registro subsequente e

    determinar o seu cancelamento.

    g) - Grilagem, erronias, impercia

    Encerrada a anlise dos documentos acima, passou-se anlise da ocorrnciade registros e abertura de matrculas em desrespeito aos princpios e legislaoespecfica.

    O caso mais srio se refere Matrcula 1.822,de onde se originaram outras -exemplificadamente, Matrculas 25.796, 25.797 e 25.798 do Registro de Imveis de

    Altamira e Matrculas 30, 31, 32, 82, 83 e 178, do Registro de Imveis de Vitria doXingu (doc. 13, em papel).

    http://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdf
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    Os registros tm origem naMatrcula 1.822, de 19 de julho de 1979, que foiinaugurada tendo como base doao feita pelo Estado do Par ao Municpio deAltamira, nos termos daLei Estadual 1.778, de 2 de setembro de 1959.

    O imvel objeto da doao possui os limites constantes da Lei e tem a rea de

    75.190 ha. Referido imvel, conhecido como 1 Gleba Patrimonial, abrange parte dosmunicpios de Altamira e Vitria do Xingu.

    Analisados os registros feitos no Registros de Altamira e Vitria do Xingu, foipossvel concluir que inexiste qualquer controle de disponibilidade quantitativa equalitativa. No h qualquer anotao, na matrcula-me, dos desfalques que foram eainda esto sendo feitos ao longo dos tempos.

    No Registro de Imveis de Altamira foram encontradas vrias matrculas,dentre as quais, por amostragem, as Matrculas 25.796, 25.797 e 25.798.

    No Registro de Imveis de Vitoria do Xingu, tambm por amostragem, foramencontradas vrias matrculas com origem na Matrcula 1.822 do CRI de Altamira,dando-se especial destaque as que seguem:

    a) matrcula n 30 (rea de 37.577,47 ha), b) matrcula n 31 (rea de 41.580,57) ha, c) matrcula n 32 (rea de 32.701,44 ha), d) matrcula n 82 (rea de 68.657,85 ha), e) matrcula n 83 (rea de 66.685,00 ha) e

    f) matrcula n 178 com a incrvel rea de 410.000.000 ha!

    parte a longa discusso que se trava, envolvendo a titularidade das reas emquesto - Estado ou Unio? (Dec.-Lei 1.164/1971,revogado pelo Dec.-Lei 2.375/1987)- possvel destacar aspectos que levam inexoravelmente fulminao de registrospor nulidade.

    Analisando, por simples amostragem, as matrculas que tm origem na referida "1Gleba Patrimonial", chega-se facilmente concluso de que o Registro de Altamira nodispe de qualquer controle dos desfalques efetuados, o que gera grande insegurana

    jurdica e d ensanchas a que se cometam os graves absurdos constatados dematriculao de extensas reas, como se ver logo abaixo.

    Registre-se que no foram encontrados registros de parcelamento da rea original,nem mesmo quaisquer outros meios de controle da disponibilidade - como plantas,levantamentos geodsicos, memoriais, georreferenciamento, descrio dos lotesalienados etc. - que pudessem emprestar a mnima segurana aos destaquessucessivos da gleba original.

    Esta circunstncia merece grande ateno para que no ocorra sobreposio deregistros e, mesmo na rea urbana, multiplicao de propriedades no mesmo espao,

    gerando o mesmo problema de beliches dominiais encontrados na rea rural Brasilafora.

    http://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/lei-estadual-1778-591.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/lei-estadual-1778-591.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/lei-estadual-1778-591.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-1164-19712.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-1164-19712.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-1164-19712.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-2375-1987.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-2375-1987.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-2375-1987.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/d-l-1164-19712.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/lei-estadual-1778-591.pdfhttp://arisp.files.wordpress.com/2009/07/matricula-1822-altamira.pdf
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    Se no bastasse o problema acima apontado, que por si s j enorme, tambmdevemos dar especialssima ateno ao fato de ter sido registrado no Cartrio deRegistro de Imveis de Vitria do Xingu reas superiores no s ao seu municpio,como tambm superiores ao Estado do Par e, pasme, metade do territrio do Brasil.

    Essa afirmao fica patente quando verificamos que a soma das reas dos imveisrepresentados por apenas 6 matrculas do Registro de Imveis de Vitoria do Xinguperfazem o total de 410.247.202,33ha, que representam 4.102.472.023.300m ou4.102.472,0233km.

    Para que fique fcil o entendimento acerca do absurdo do que representa a reaacima referida, temos que:

    O Brasil tem rea de superfcie de 8.514.876km, que representam8.514.876.000.000,00m ou 851.487.600ha.

    A Unio Europia (que rene todos os Paises da Europa) tem a rea de

    superfcie de 4.324.782km, que representam 4.324.782.000.000m ou432.478.200ha.

    A India tem a rea de superfcie de 3.166.414km, que representam

    3.166.414.000.000m ou 316.641.400ha.

    Logo, apenas a rea do imvel da Matrcula 178 do CRI de Vitoria do Xingu, seria maiorque a rea de toda a India, o que levaria apenas este imvel, se comparado aos demaispases, a ser tido como 7 maior pais em extenso territorial do mundo.

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    Concluses finais

    Observa-se que nos cartrios visitados o Registro de Imveis perdeu a suaprincipal funo e finalidade que dar segurana jurdica aos negcios imobilirios eaos titulares dos direitos inscritos. Na medida em que, durante o procedimentoregistral, no haja nenhum cuidado com os princpios que norteiam o direito registralimobilirio, o Registro torna-se um fim por si mesmo. Registram-se ttulos apenas paralhes emprestar aparncia de legalidade.

    No h qualquer espcie de qualificao registral, principalmente sob osaspectos da legalidade, disponibilidade e especialidade que fundamentam a existnciade todo sistema pblico registral. Os registradores atuam como meros amanuenses,arquivando singelamente, sem maiores critrios e cuidados, o caudal de ttulosarrevesados que aportam as serventias.

    Tais ttulos no sofrem nenhuma espcie de anlise tcnica, exame delegalidade extrnseca, para que possam ser escoimados de imperfeies e possam,assim, acessar o registro sem vcios e produzir os efeitos que se esperam de um bomsistema registral.

    No por outra razo que no se divisou nenhuma nota de exigncia ou notadevolutiva no cartrio.

    Alm disso, os registros so feitos sem critrios, a partir de ttulos que jamaisdeveriam ingressar no flio real (como por exemplo partilhas de posses, memoriais

    descritivos de reas, contratos de comodato, arrendamento etc.) em livros abertossem previso legal (como por exemplo o denominado Livro n. 3 REGISTROSDIVERSOS.) e sem qualquer controle sobre a origem.

    Estes registros, muitas vezes, servem de base para expedio de certides quedo origem a novas matrculas abertas em outras comarcas, replicando asirregularidades, irradiando seus perniciosos efeitos, inoculando, todo o sistema, com ogerme da irregularidade.

    Em linhas muito gerais, e com a vnia dos corregedores, apontamos e

    sugerimos o seguinte:

    1. Sndrome titular e registral - o caos fundirio.

    1.a) - Grandes propriedades

    O Tribunal de Justia do Estado do Par, em 1997, criou a ComissoPermanente de Monitoramento, Estudo e Assessoramento das Questes Ligadas Grilagem que apurou uma srie de irregularidades registrais no Estado, elaborandouma extensa lista de registros e matrculas que foram bloqueados.

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    Parece-nos que o cancelamento de tais registros - e no o mero bloqueio -dever ser providenciado, a requerimento dos legitimados, nos termos do art. 8BdaLei 6.739, de 5 de dezembro de 1979,observados os princpios do contraditrio eampla defesa, mesmo nos casos de procedimentos de carter administrativo (art. 214, 1da Lei 6.015, de 1973).

    1.b) - Pequenas propriedades

    H, entretanto, um problema intrincado para se resolver. Como se viu, asirregularidades so sistmicas. A partir de ttulos irregulares, fundamentando centenasde registros imobilirios nulos, tal qual um vrus esses registros se multiplicaram,gerando novas matrculas inquinadas, formando ondas sucessivas dedesmembramentos de reas maiores.

    Essas matrculas no so percebidas pelos levantamentos oficiais que partem

    de certos pressupostos - reas superiores a limites pr-estabelecidos, titularidadessuspeitas, etc. e remanescem como pequenos ndulos que inquinam todo o sistema.

    Como resolver este delicado problema? O cancelamento de todos os registros,que apresentem um ou mais irregularidades, poderia acarretar graves consequncias einstaurar um ambiente de insegurana jurdica generalizada, potencializando osconflitos agrrios.

    No se pode negar razoabilidade s ponderaes expendidas pela Des. MariaRita Lima Xavier, Corregedora de Justia das Comarcas do Interior noProcesso n

    2008700667-6,em que requerente a dita Comisso Permanente:

    (...) h necessidade de um cuidadoso estudo de cada caso, pois vrias dessasreas, cujo ttulo na origem viciado, foram desmembradas em reas menorese foram adquiridas por terceiros de boa-f, que esto atualmente explorando aterra, sendo que o cancelamento geral das matrculas na rea administrativa,ao invs de ser uma soluo ao grave problema fundirio do Estado, poderagrav-lo com uma onda de invases; sendo que para os casos mais urgentese graves, na ao judicial, pode ser utilizado o instituto da antecipao da tutelapara obter o cancelamento liminar da matrcula.

    De fato, preciso criatividade e muita prudncia quando se tratar de cancelaros registros de pequenas reas que possam se originar de matrculas-mes queeventualmente possam ser canceladas.

    Alm disso, h uma gama imensa de matrculas que padecem de gravesirregularidades, como as indicadas neste relatrio. So matrculas oriundas deparcelamentos irregulares, descerradas sem controle de disponibilidade, sem maiorescuidados e zelo na especializao objetiva. H inmeros registros irregulares, lavradosa partir de ttulos que instrumentalizam meras posses ou direitos pessoais, alm deoutros defeitos j relatados acima.

    O que fazer?

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015.htmhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.iterpa.pa.gov.br/files/downloads/resposta_corregedoria_02_marco_2009.pdfhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6739.htm
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    A questo ganha especial relevo se considerarmos que a sucessoimpressionante de erronias pode simplesmente se repetir e o quadro voltarnovamente a se instalar, tendo em vista que esses profissionais, encarregados doRegistro, no tm, nos exemplos vistos, condies tcnicas de levar um Cartrio deRegistro de Imveis.

    No limite, vivemos uma situao que a anttese de um bom RegistroImobilirio: a situao tal que cada registro pode necessitar de uma confirmao

    judicial de sua higidez e eficcia.

    Nestes casos, tratando-se de imveis de menores reas, gozando, os titulares,de poderosas presunes legais (art. 1.231, c.c. art. 1.245, 2 do Cdigo Civil c.c. art.252 da Lei 6.015/1973) recomenda-se o bloqueio, nos termos do art. 214, 3 da LRP.

    Uma vez bloqueado o registro, pode-se, em coordenao com o Instituto de

    Terras do Estado, e parceria com os demais rgos pblicos, municipais, estaduais emesmo federais, no mbito de suas atribuies, promover um amplo processo dereforma do sistema, com a utilizao massiva de recursos tecnolgicos como o registroeletrnico, institudo pelaLei Federal 11.977, de 2009(art. 37), pendente deregulamentao, georreferenciamento de imveis urbanos e rurais (Lei 10.267, de2001eLei 11.952, de 2009), retificaes de registro (Lei 6.739, de 1979,art. 8 A) eoutras medidas saneadoras do sistema registral.

    2. Medidas infra-estruturais

    O enfrentamento e a regularizao da gigantesca algaravia antevista naInspeo realizada em Altamira passa, inevitavelmente, pelo oferecimento depropostas de remodelagem do sistema registral. preciso repensar o modelo que seacha em prtica na regio amaznica e em outras localidades que foram visitadas peloCNJ - Conselho Nacional de Justia (relatriosaqui).

    Para fazer frente a este enorme desafio, necessrio:

    1. Implantar, efetivamente, o modelo que se acha em funcionamento em SoPaulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e outrosEstados que vm realizando, sistematicamente, concursos pblicos para oingresso nos servios notariais e registrais. necessrio profissionalizar aatividade, renovando os quadros encarregados da gesto do Registro porprofissionais provados por concurso pblico.

    2. Realizao, com urgncia, de concursos pblicos de provas e ttulos para todosos postos vagos ou que venham a vagar em decorrncia dasResolues 80 e 81de 9 de junho de 2009.

    3. Para prover de bons profissionais as praas que sero oferecidas em concurso preciso levar a efeito detalhado estudo econmico-financeiro de molde a criaratrativos de ordem econmica para que se garanta a sustentabilidade doServio Registral ou Notarial posto no certame e que sejam atrados os

    profissionais mais gabaritados para o desempenho do mister.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11952.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11952.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11952.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6739.htmhttp://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=262http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=262http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=262http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=57&Itemid=512http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=262http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6739.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11952.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10267.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm
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    4. Implantao de programas de capacitao e de reciclagem, cursos de educaocontinuada, visando os profissionais que atuam nos servios notariais eregistrais - delegados e seus prepostos. Os exemplos paulistasKollemataeEducartoriopodem servir de referncia.

    5. Capacitao tecnolgica. Integrao de notrios e registradores em sistemas de

    rede, compartilhando dados, informaes e permitindo a correiopermanente online. preciso superar o solipsismo, paradigma de atomizaodos servios notariais e registrais, substituindo-se por um modelo demolecularizao do sistema. Deve ser estudados modelos de informatizaodas atividades, com progressiva adeso a redes e sistemas em nuvem, tirando omaior proveito de fenmenos em escala (cfr.Graciolndia, o pas do populismo(e das oportunidades para registradores).

    6. Interconexo entre registros e cadastros fsicos, permitindo a superao domodelo meramente narrativo e descritivo das matrculas, substituindo-o porgerenciamento territorial realizado por Sistemas de Informao Geogrfica

    (ouGIS - Geographic Information System), com georreferenciamento dosimveis rurais e urbanos.

    7. Fiscalizao efetiva dos servios registrais e notariais por uma corregedoriapermanente atuante e eficaz. Posto que a atividade gere recursos ao PoderJudicirio, sob a rubrica de taxa de fiscalizao, o mesmo Judicirio devecumprir, zelosamente, o comando constitucional inscrito no art. 236, 1 daCarta de 1988.

    http://www.quinto.com.br/Integra.asp?id=19117http://www.quinto.com.br/Integra.asp?id=19117http://www.educartorio.com.br/http://www.educartorio.com.br/http://www.educartorio.com.br/http://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_informa%C3%A7%C3%A3o_geogr%C3%A1ficahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_informa%C3%A7%C3%A3o_geogr%C3%A1ficahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_informa%C3%A7%C3%A3o_geogr%C3%A1ficahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_informa%C3%A7%C3%A3o_geogr%C3%A1ficahttp://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://registradores.org.br/graciolandia-o-pais-do-populismo-e-das-oportunidades-para-registradores/http://www.educartorio.com.br/http://www.quinto.com.br/Integra.asp?id=19117
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    Agradecimentos

    Agradecemos ao Sr. Corregedor-Nacional, Ministro GILSON DIPP, a escolha e aconfiana em ns depositada. Agradecemos, igualmente, a indicao de registradorespara integrar o Grupo, feita por Sua Excelncia, o Dr. MARCELO MARTINS BERTHE, aquem rendemos nossas sinceras homenagens pelo esprito pblico que o anima nabusca de aperfeioamento do sistema registral e notarial que possa representar umbenefcio sociedade brasileira.

    Arisp - Associao dos Registradores Imobilirios de So Paulo, pelo apoio eminiciativas como estas, que visam o aperfeioamento do sistema registral brasileiro.

    So Paulo, inverno de 2009

    Flauzilino Arajo dos Santos

    Srgio Jacomino

    lfio Carilo Jr.

    Eduardo Oliveira