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Boletim de Pesquisa N° 17 ISSN Ol03..()424 Março, 1996 UTILIZAÇÃO DA CASCA DO MARACUJÁ- AMARELO (P. edulis f. flavicarpa, Degener) NA PRODUÇÃO DE GELÉIA Joaquim Francisco de Lira Filho Marisa de Nazaré H. Jackix (é) Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária - MAARA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA C) Centro Nuional.e Pe"lni.a.e Agro;n.ú.'''a Tropkal- CNPAT Fortaleza, Ceará

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Boletim de Pesquisa N° 17ISSN Ol03..()424

Março, 1996

UTILIZAÇÃO DA CASCA DO MARACUJÁ­AMARELO (P. edulis f.flavicarpa, Degener)

NA PRODUÇÃO DE GELÉIA

Joaquim Francisco de Lira FilhoMarisa de Nazaré H. Jackix

(é) Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária - MAARA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA

C) Centro Nuional.e Pe"lni.a.e Agro;n.ú.'''a Tropkal- CNPATFortaleza, Ceará

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Copyright © EMBRAP A-CNP AT - 1996

EMBRAPA-CNPAT. Boletim de Pesquisa, 17.

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

EMBRAPA-CNPAT

Rua dos Tabajaras, 11 - Praia de IracemaCaixa Postal 376160060-510 Fortaleza, CETelefone (085) 231.7655 Fa'\: (085) 231. 7762 Telex (85) 1797

Tiragem: 500 exemplares

Comitê de PublicaçõesPresidente: Clódion Torres Bandeira

Secretária: Germana Tabosa Braga PontesMembros: Valderi Vieira da Silva

Álfio Celestino Rivera CarbajalErvino BleicherLevi de MouraBarrosMaria Pinheiro Femandes Corrêa

Antônio Renes Uns de Aquino

Coordenação Editorial: Valderi Vieira da SilvaRevisão: Mary Coeli Grangeiro FerrerNormalização Bibliográfica: JovitaMaria Gomes OliveiraEditoração Eletrônica: Nicodemos Moreira dos Santos JúniorDiagramação: Arilo Nobre de Oliveira

LIRA, lF. de; JACKIX, M. de N.H. Utilização da casca do mara­cujá-amarelo (P. edu/i ••f. jlavicarpa, Degener) na produçãode geléia. Fortaleza : EMBRAPA-CNPAT, 1996. 23p.(EMBRAP A-CNP AT, Boletim de Pesquisa, 17).

1. Geléia; 2. Maracujá-amarelo; 3. Extrato pectinoso: 4. Pectina;I. JACKIX, M. de N.H., colab.; lI. EMBRAPA Centro Nacionalde Pesquisa de Agroindústria Tropical: m. Título: IV. Série.

CDD: 664.152

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SUMÁRIO

Pág.

RESUMO 5

ABSTRACT 6

1 INTRODUÇÃO 7

2 MATERIAL E MÉTODOS 8

2.1 Matéria-prima 82.2 Caracterização fisico-química do suco de maracujá

e das geléias prontas 82.3 Processamento do suco de maracujá integral e albedo 92.4 Obtenção do extrato pectinoso 92.5 Formulação e processamento da geléia padrão de maracujá 92.6 Processamento da geléia à base de albedo de maracujá 112.7 Análise sensorial 12

2.8 Análise microbiológica 12

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 12

3.1 Caracterização fisica da matéria-prima 123.2 Caracterização fisico-química do suco de maracujá 133.3 Caracterização fisico-química das geléias 143.4 Avaliação sensorial 153.5 Análise microbiológica 203.6 SAG ou abaixamento das geléias 203.7 Rendimento do processo 20

4 CONCLUSÕES 20

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21

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UTILIZAÇÃO DA CASCA DO MARACUJÁ- AMARELO (P.edulis f.flavicarpa, Degener) NA PRODUÇÃO DE GELÉIA

Joaquim Francisco de Lira FilholMarisa de Nazaré H. Jackix2

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi o de estudar o aproveitamentoda casca do maracujá-amarelo (passiflora edulis f flavicarpa, Deg.) naprodução de geléia. A geléia de maracujá foi elaborada sob nova modali­dade, utilizando-se um extrato pectinoso da parte interna da casca do ma­racujá denominada albedo. Constatou-se que esta pectina ofereceu bomrendimento e qualidade para a produção de geléia. Uma mistura desseextrato líquido pectinoso, suco de maracujá integral, água destilada e saca­rose foi aquecida até se encontrar um teor de sólidos solúveis totais de65-67%. Em seguida, a mistura foi posta em vidros, esfuada e armazena­da. Comparou-se a geléia produzida por esse método com outra processa­da com pectina cítrica comercial. A análise e a interpretação dos dadosestatísticos (ANOV A) da análise sensorial revelaram que, para um nível de5% de significância (p < 0,05), não existe diferença significativa entre ageléia produzida com extrato pectinoso e a geléia processada com pectinacítrica comercial.

Termos para indexação: geléia, maracujá-amarelo, extrato pectinoso,pectina.

1 Profussor Adjunto 4 da UECE, mestrando em Tecnologia de Alimentos - UNICNvfP/FEA, bolsista daCAPES.

2 Professora Doutora da UNICAMP/FEA, Depto. de Tecnologia de Alimentos.

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UTILIZA TION OF THE YELLOW PASSION FRUIT RIND

(P. edulis f flal'icarpa, Degener) IN JELL Y PRODUCTION

ABSTRACT - The purpose of this work was to study the use of theyellow passion fruit rind for jelly production. A different type of jellyusing a pectinous liquid extract was obtained from the internal part ofthe yellow passion fruit rind (albedo) and found that the pectin presentgave a good yield and quality in jelly production. Mixtures of this pec­tinous extract, the whole juice of yellow passion fruit, distilled water,and sucrose were boiled until a solids content of 65-67% was achieved,after which the mixtures were packaged, cooled and stored. The jellymanufactured by this method was compared with another jelly proces­sed with commercial citric pectin. A statistical interpretation(ANOV A) of the sensory analysis showed that, at the 5% leveI of si­gnificance (p < 0.05), there is no significant difference between a jellymanufactured with the pectinous extract of the yellow passion fruitrind and the product obtained with commercial citric pectin.

Key words: jelly, yellow passion fruit, pectinous extract, pectin.

6

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1 INTRODUÇÃO

A maior e mais notável aplicação da pectina ocorre na pro­dução de geléias, seguida de produtos de confeitaria (balas de goma),utilização em alimentos como recheios, molhos, chutney, refresco empó, e as aplicações farmacêuticas (Soler, 1991).

Industrialmente, o isolamento e a purificação da pectina en­volvem uma série de etapas como extração, filtração, troca iônica,concentração, precipitação, secagem, dentre outras (Maroni, 1992). Asprincipais fontes para a produção comercial são os resíduos das indús­trias de suco de maçã e de citros. No Brasil, somente esta última éfonte de produção comercial de pectina (Jackix, 1988). O maracujá, noentanto, representa uma extraordinária fonte de pectina, e o conteúdodessa substância na casca do maracujá-amarelo chega a 20% do pesoseco (Otagaki & Matsumoto, 1958).

Em laboratório, o isolamento de pectina da casca do maracu­já consiste inicialmente na lavagem e subdivisão da casca, e a extraçãopor meio de ácido sulfuroso a 1%, com aquecimento por duas horas àtemperatura de 90°C-l0a°e. Segue-se a separação do resíduo sólidopor expressão através de gaze, precipitação da pectina com álcooletílico, separação por centrifugação, secagem a vácuo, liofilização efinalmente moagem (Lima, 1972).

Jagendra (1980) constatou que dentre os resíduos industriaisde maracujá, a casca, especificamente, pode ser usada como fonte depectina, e que vários pré-tratamentos da casca, como secagem ao sol ebranqueamento, não alteram significativamente a qualidade da pectina.

Fernandes (1983) caracterizou o aproveitamento dos resíduosindustriais do maracujá, inclusive na produção de geléias de cor escurae sabor forte, ressaltando o problema da poluição ambiental causadopelo destino impróprio que é proporcionado a esses resíduos.

Durigan & Yamanaka (1987), considerando a elevada quanti­dade de resíduos produzida no processamento industrial do suco demaracujá e o apreciável teor de pectina da casca desse fruto, levanta-

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ram a possibilidade do uso da casca do maracujá como fonte de pectinacomercial. Os autores apresentaram um método de extração que seassemelha ao proposto por Lima (1972).

Todas as metodologias até hoje,com o objetivo de isolar pectina,envolvem significativautilização de tempo e de recursos materiais, além derequerer mão-de-obra qualificada.

Este trabalho apresenta uma maneira de utilização imediata edireta do extrato bruto da casca do maracujá-amarelo na manufaturade geléia, sem passar pelo processo de isolamento de sua pectina.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Matéria-prima

Utilizou-se maracujá-amarelo graúdo, de casca lisa, em está­dio de maturação "de vez", safra de agosto de 1993, previamente se­lecionado pelo fornecedor, procedente de Pilar do Sul, São Paulo.

A pectina utilizada foi a de alto teor de metoxilação (ATM),150 SAG (USA), fabricada pela GRINDSTED.

2.2 Caracterização fisico-química do suco de maracujá e das geléiasprontas

O pH foi determinado potenciometricamente em pHmetroB374 Microna!. A acidez total foi medida através de titulação comhidróxido de sódio 0,1 N e expressa em ácido cítrico (Association ... ,1984). Açúcares redutores e totais foram determinados pelo métododescrito pela Association of Official Analitical Chemists (1980). Obte­ve-se o teor de vitamina C pelo método do dicJoroindofenol, confor­me descrito por Lees (1975). Mediu-se o teor de sólidos solúveis emum refratômetro CARL ZEISS, fazendo-se as devidas correções dasleituras observadas em relação à temperatura de referência do apare-

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lho. O SAG ou abaixamento das geléias foi determinado em "exchangeridgelimeter" após o seu processamento e após repousarem 2 minutosnuma placa de vidro especial (IFT. ..,1959).

2.3 Processamento do suco de maracujá integral e albedo

O suco utilizado no preparo das geléias foi obtido seguindo-seo fluxograma descrito na Fig 1. A casca do maracujá foi processadacom o objetivo de se conseguir albedo selecionado para a produção deum extrato líquido pectinoso a ser utilizado na elaboração de geléia.

2.4 Obtenção do extrato pectinoso

Na extração de pectina do albedo do maracujá utilizaram-se700g de água destilada para cada 500g de albedo, usando-se 50g dopróprio suco de maracujá como acidificante. Essa mistura foi levada àebulição por 15 minutos, agitando-se periodicamente. Após o resfria­mento do extrato à temperatura ambiente, foram separadas as partícu­las de albedo com o auxílio de um espremedor de batatas e uma penei­ra de Mesh 24, abertura de 0,71 mm.

2.5 Formulação e processamento da geléia padrão de maracujá

Uma geléia de maracujá, processada à base de pectina cítricacomercial de alto teor de metoxilação, serviu de padrão para os diver­sos testes a que foram submetidas as geléias elaboradas à base do albe­do da fruta. O preparo da geléia padrão deu-se à pressão atmosférica.

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Icongelamento a -lOoe I

~

~

remoção do pedúnculo

~despolpamento ~

embalagem

----r-desaeração

-----r

Icongelamento a -lOoe I

FIG. 1 - Fluxograma do processo de congelamento do albedo e dosuco de maracujá.

10

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Formulação da geléia padrão:

-suco de maracujá integral= 200g

-açúcar refinado amorfo= 51Og

-xarope de glicose= 90g

-pectina crítica comercial ATM, rapid set= 4,5g

-água destilada = 200g

-citrato de potássio a 50%= 7,Oml.

Procedimento para manufatura da geléia padrão:

No recipiente de cocção, já contendo 200g de água destilada,adicionou-se uma mistura seca de pectina com 20g de açúcar, agitan­do-se suavemente até completa dissolução. Iniciou-se o aquecimentosob contínua agitação e após cerca de 1 minuto de ebulição acrescen­tou-se, de uma só vez, o restante do açúcar juntamente com o xaropede glicose. Ao atingir 7 minutos de ebulição cessou-se o aquecimento ecolocou-se de forma gradativa, porém mantendo-se a agitação, o sucode maracujá juntamente com o citrato de potássio, previamente aque­cidos a 95°C. Após 1 minuto, foram removidos, com uma colher, aespuma e demais resíduos sobrenadantes que se formaram durante acocção. O conteúdo do vasilhame foi então rapidamente derramadodentro de copos previamente preparados.

2.6 Processamento da geléia à base de albedo de maracujá

Neste processamento, a pectina cítrica comercial e a águadestilada foram substituídas por 200g de um extrato líquido pectinosoobtido do albedo de maracujá, permanecendo inalterados o restante daformulação e a técnica de execução, em relação à geléia padrão.

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2.7 Análise sensorial

A avaliação sensorial foi realizada através de um teste deaceitação, conforme modeio descrito por Moraes (1990), na mesmasemana do processamento das geléias. Utilizou-se a escala hedônicaverbal ou nominal estruturada de (O) zero a (8) oito, sendo a distribui­ção dessas notas assim convencionada: (O) zero = desgostei muitíssi­mo, (1) um = desgostei muito, (2) dois = desgostei moderadamente,(3) três = desgostei ligeiramente, (4) quatro = nem gostei nem desgos­tei, (5) cinco = gostei ligeiramente, (6) seis = gostei moderadamente,(7) sete = gostei muito e (8) oito = gostei muitíssimo. As seguintescaracteristicas observadas foram cor, sabor, consistência e impressãoglobaL Um total de 30 provadores, com acentuada predominância depessoas do sexo feminino, tomou parte dos testes e cada um após nosformulários as notas correspondentes à aceitação de cada tipo de ge­léia. As amostras estavam devidamente codificadas com numeraçãoaleatória, segundo Amerine et ai. (1965). O teste ocorreu em cabinesindividuais sob luz branca, com pão de fôrma e água à disposição dosprovadores.

2.8 Análise microbiológica

Constou dos seguintes testes: contagem total de mesófilos,contagem de bolores e leveduras e NMP de coliformes totais (Speck,1992).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Caracterização física da matéria-prima

Os frutos utilizados na produção de geléia apresentaramcaracterísticas fisicas bem aproximadas entre si, constituindo um lotehomogêneo. Os valores dos principais dados fisicos encontram-se naTabela 1.

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TABELA 1 - Caracterização física do maracujá-amarelo.

Valores

Média

Desvio padrãoMediana

C. variação

Peso

~

217,8611,61

217,155)0

Diâmetro

(em)

7,420,337,374,40

Comprimento(em)

9,670,389,773,90

Relação

compJdiâm.

1,30

0,101,327,69

Os valores dos pesos dos maracujás, obtidos neste trabalho,são bem superiores aos 45-75g encontrados por Lins et al.(1984) e aos48-80g constatados por Silva (1993). Isto se explica principalmentepelo estádio de maturação em que se adquiriu o fruto, pois o maracujá"de vez"apresenta peso bem maior, e também pela pré-seleção, ondeforam escolhidos somente frutos de maior volume.

3.2 Caracterização físico-química do suco de maracujá

A Tabela 2 mostra os resultados das determinações fisico­químicas procedidas em amostras do suco de maracujá utilizado tantona formulação de geléia à base de peetina cítrica como na formulaçãode geléia à base de extrato pectinoso.

TABELA 2 - Caracterização físico-química do suco de maracujá­amarelo(*).

Determinações

Acidez total (% ácido cítrico)pHAçúcares totais (glI00ml)Açúcares redutores (% glicosellOOml)Vitamina C (mgll00rnI)Sólidos solúveis ("Brix)Relação sólidos solúveis/acidez

(*) Média de três determinações

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Resultados

6,62,66,83,7

20,215,02,3

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Os valores encontrados na caracterização fisico-química dosuco de maracujá são semelhantes aos encontrados por Silva (1983)para maracujás-amarelos "de vez" procedentes de vários estados brasi­leiros, exceto no que diz respeito à acidez em ácido cítrico, onde esteautor encontrou um valor de 4,1%.

3.3 Caracterização físico-química das geléias

As geléias à base de pectina cítrica. e à base de extrato líquidopectinoso também foram submetidas a determinações fisico-químicas, eos resultados estão expressos na Tabela 3. A determinação do teor deaçúcares redutores acusou um valor de 11,94%, sendo uma parte(aproximadamente 5%) proveniente do suco e do xarope de glicose eoutra parte (cerca de 7%) formada durante o processamento, ondeocorreu inversão da sacarose. Apesar da elevada acidez, considera-seque o baixo percentual de inversão da sacarose obtido se deve ao fatode o suco de maracujá ter sido adicionado no final da cocção, diferen­temente do processo tradicional de produção de geléias à base de sucode fruta.

TABELA 3 - Caracterização físico-química das geléias.

Determinações Resultados

Geléia com pectina Geléia com extrato

Acidez total (% ácido cítrico)pHAçúcares totais (gl100g)Açúcares redutores (% glicose)Vitamina C (mgl100g)Sólidos solúveis (Brix)Relação sólidos solúveis/acidez

14

1,503,06

58,6711,948,39

67,4044,90

1,402,76

53,7112,6010,4668,8049,10

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3.4 Avaliação sensorial

Os resultados das notas atribuídas pelos provadores no testede aceitação dos dois tipos de geléia de maracujá aparecem na Tabela4 e nas Fig. 2, 3, 4 e 5. A maior parte dessas notas, em tomo de seis,classifica as duas geléias na faixa "GOSTEI MODERADAMENTE", oque significa boa aceitação, configurada claramente nos gráficos debarras das Fig. 2, 3, 4 e 5.

TABELA 4 - Valores médios das notas atribuídas pelos provado­res aos dois tipos de geléia.

Característica Média das avaliações (30 prov.)Geléia com pectina Geléia com extrato

CorSaborConsistência

Impressão global

6,465,964,805,66

5,965,865,835,63

A nota média relativamente mais baixa, atribuída à consistên­cia da geléia de maracujá manufaturada com pectina cítrica comercial,deve-se à quantidade desta substância empregada em sua formulação,o que acarretou um produto final de consistência bastante firme, dedificil fluidez, contrariando as expectativas dos provadores. Mesmo emse tratando de provadores não treinados, não foi observada uma acen­tuada variação nas notas atribuídas aos dois tipos de geléia.

15

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41

•••31#.30

121

20I 1810IO

O1234I•78

nota. doa provado,..

FIG. 2 - Aceitação das geléias quanto à cor.

10

4140#.

31

~30i 26I20

18105o o12345618

nota. doa provado•.••

FIG. 3 - Aceitação das geléias quanto ao sabor.

16

r=l.C.. GPCL:J

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GP<>geléia pectlna citrica. GEP=geiéla extrato pecl:lnOllO.

40

35

30~!li 25"tic; 20!I 15

10

0123" 5.7.

nota. do. provado,...

FIG. 4 - Aceitação das geléias quanto à consistência.

E:l..-...GFleLJ

40

3530..,.

25III Ü 20

J

I)

FIG. 5 - Aceitação das geléias quanto à impressão global.

17

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A análise de variância (ANOV A) revelou que não existe dife­rença significativa ao nível de 5% de significância (p < 0,05) entre osdois produtos (Tabelas 5, 6, 7 e 8). Isto evidencia que o albedo podeser utilizado como agente geleificante, uma vez que não altera o sabor,a cor e a impressão global das geléias quando comparadas com as pro­cessadas com pectina cítrica comercial.

Considera-se, assim, que o aproveitamento da casca comoagente geleificante contribui com redução significativa do custo para aprodução de geléias, pois além de minimizar ou eliminar os problemasreferentes à destinação imprópria dos resíduos industriais, dispensatotalmente o uso da pectina comercial, um produto de preço elevadodevido ao oneroso processo de sua purificação.

No que diz respeito à consistência, observa-se que os provado­res atribuíram as melhores notas à geléia produzida à base de albedo,o que leva à conclusão de que geléias com consistência inferior à dopadrão internacional tiveram melhor aceitação.

TABELA 5 - Quadro de análise de variância (ANOV A) das geléiasquanto à cor.

F.V. G.L.S.Q.S.Q.M.Fo

Provadores

2987,70Tratamentos

13,763,762,82Resíduo

2938,701,33

Total

59130,16

Fo <F tab = 4,18 (p <é 0,05)

18

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TABELA 6 - Quadro de análise de variância (ANOVA) das geléiasquanto ao sabor.

F.Y. G.L.S.Q.S.Q.M.Fo

Provadores

2999,10Tratamentos

10,16(},160.07Resíduo

2963,342.18

Total

59162,60

Fo < F tab = 4,18 (p < 0.05)

TABELA 7 - Quadro de análise de variância (ANOVA) das geléiasquanto à consistência.

F.V. G.L.S.Q.S.Q.M.Fo

Prova dores

29102,49Tratamentos

116,0216,023,85Resíduo

29120,474.15

Total

59238,98

Fo < F tab = 4,18 (p < 0,05)

TABELA 8 - Quadro de análise de variância (ANOVA) das geléiasquanto à impressão global.

F.Y. G.L.S.Q.S.Q.M.Fo

Prova dores

2980,15Tratamentos

10,020,020,01Resíduo

2975,482,60

Total

59155,65

Fo < F tab = 4,18 (p < 0.05)

19

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3.5 Análise microbiológica

Os testes microbiológicos tiveram resultados negativos paracontagem total de mesófilos, contagem de bolores e leveduras e decoliformes.

3.6 SAG ou abaixamento das geléias

A "firmeza padrão"relativa ao abaixamento de geléias, 20-24hapós o seu processamento, é 23,5% (IFT, 1959). A geléia à base depectina cítrica, apresentando um sag de 24,5%, caracterizou-se comoum produto de consistência bastante aproximada à do padrão interna­cional. Por sua vez, a geléia à base de extrato pectinoso, com um abai­xamento de 33,8%, distanciou-se bastante desse padrão.

3.7 Rendimento do processo

Com 500g de albedo foi possível obter 400g de um extratopectinoso com °Brix 2,5-3,0, o suficiente para a manufatura de apro­ximadamente 1.700g de geléia.

4 CONCLUSÕES

1. O albedo de maracujá-amarelo pode ser usado como fontepectina na manufatura de geléia comum.

2. O resultado dessa utilização é um produto de boa consis­tência e sabor.

3. É possível produzir geléias de maracujá de cor clara etransparente, pois no processamento da casca não ocorreuo escurecimento do albedo.

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4. É rentável utilizar albedo de maracujá-amarelo na produ­ção de geléia, podendo-se pensar no aproveitamento, emlarga escala, dos resíduos industriais de processamento desuco.

5. A tendência dos provadores é a de preferir geléia de mara­cujá com consistência inferior à do padrão internacional.

5 REFERÊNCIAS BillLIOGRÁFICAS

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JAGENDRA, P. Pectin and oi1 from passion fruÍt waste. Fiji Agric.Journal, v.42, n. 1, p. 45-48, 1980.

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LEES, R. Food analysis and quality control methods for the manu­facturer and buyer. London: Leonard RilI Books, 1975.

LIMA, D.e. Extração de pectina da casca do maracujá. Boletim In­formativo da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia deAlimentos, v. 21, n. 19-20, 1972.

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MARONI, C. Pectina e suas aplicações na indústria de alimentos. In:MARONI, C. Curso sobre as propriedades de hidrocolóides eaplicações. Campinas: ITAL, 1992.

MORAES, M. A. C. Métodos para avaliação sensorial dos alimen­tos. 7.ed. Campinas: Unicamp, 1990. 93p.

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SPECK, M. L. Compendium methods for the microbiologicalexamination offoods. 3.ed. Washington: American Public HealthAssociation, 1992. 1219p.

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AGRADECIMENTOS

• À pro~ Dra. Maria Aparecida A. P. Silva, pelo franqueamentodo laboratório de análise sensorial da FEA/ UNICAMP e pelasorientações na discussão dos resultados do teste de aceitação dasgeléias.

• À pro~ Dra. Hilary Castle de Menezes, pela revisão do sumárioem Inglês.

• À srtª Ana Enpien Koon, do laboratório de açúcar e produtos açuca­rados do DTA/ FEA/ UNlCAMP, pela inestimável ajuda nas de­terminações fisico-químicas do suco e das geléias de maracujá.

• À técnica Ana Lourdes Neves Gandara, do laboratório de mi­crobiologia do DT A/FEA/UNICAMP, pela valiosa ajuda na aná­lise microbiológica das geléias.

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