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Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Ano 2 - nº 5 | maio - junho - julho de 2005 Paleontologia Por dentro da FAPERJ visite nosso site www.faperj.br - assine nosso boletim eletrônico Crocodilo revela ecologia na pré-história paulista Uma assembléia de morte formada por fós- seis bem preservados de 11 crocodilomorfos foi descoberta no interior de São Paulo e é estudada por equipe coordenada por Ismar Carvalho, do instituto Virtual de Pale- ontologia da FAPERJ. Pág. 9 FAPERJ comemora seus 25 anos de existência Criada em agosto de 1980, a FAPERJ festeja seus 25 anos de existência com um livro comemorativo que irá traçar breve histórico da produção científica do país e a presença da fundação no contexto dos avanços da C&T ao longo destes anos. Pág. 2 Pesquisa para o SUS: mais qualidade na saúde O primeiro edital lançado pela FAPERJ em parceria com o Ministério da Saúde – Pesquisa para o SUS: Gestão Comparti- lhada em Saúde – representa um potencial impacto de qualidade no sistema de saúde fluminense. Trata-se de iniciativa inédita do governo do estado que busca aproximar e promover a cooperação entre pesquisado- res da área básica e profissionais da área da saúde. Os 46 projetos contemplados já re- ceberam os termos de outorga, incluindo uma rede de pesquisa em diagnóstico molecular, com ênfase nas doenças cardiovasculares, infecciosas e parasitárias. 57ª Reunião da SPBC: o centro Dragão do Mar será palco de eventos em Fortaleza. Pelo 8º ano, a FAPERJ participa do encontro, que este ano terá a cultura como tema. Pág.5 Internacional Convênio prevê pesquisas conjuntas com Portugal Convênio assinado no início de julho entre a FAPERJ e o Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade da Universidade do Porto prevê diversos projetos conjuntos. O primeiro será um portal reunindo dados sobre a imigração portuguesa no Brasil. Pág. 4 Burle Marx é tema de pesquisa científica Difusão Científica Cultura Santa Teresa é tema da 4ª edição do Rio em Mapas Carregado de história e arquitetura, o tradi- cional bairro carioca de Santa Teresa é a es- trela da quarta edição do projeto Rio de Ja- neiro em Mapas. O mapa e o catálogo são ilustrados, desta vez, pela artista plástica Ana Maria Moura. Pág. 12 Foram avaliadas propostas dentro dos seguintes temas: pesquisa em avaliação e incorporação tecnológica nas áreas estra- tégicas da saúde; análise das condições de saúde da população do Estado do Rio de Janeiro; avaliação e monitoramento dos sis- temas municipais de saúde; pesquisa em dengue e leishmaniose. As áreas foram de- finidas com base nas prioridades em saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro e na Agenda Nacional de Prioridades de Pes- quisa em Saúde, visando fortalecer a ges- tão do SUS e a melhoria das condições de vida da população brasileira. Pág. 3 Projeto de comunicação amplia visibilidade da pesquisa fluminense Temas estudados com o apoio da FAPERJ por pesquisadores de várias ins- tituições fluminenses vêm ganhando mais visibilidade no decorrer do projeto de co- municação empreendido na atual gestão da agência fluminense de fomento à pes- quisa. Este projeto inclui este Jornal da FAPERJ e o Boletim Eletrônico da FAPERJ – que completou em julho um ano de edições semanais ininterruptas. Os te- mas estudados são variados: de projetos paisagísticos de Burle Marx às proprieda- des das esponjas do mar que habitam nos- so litoral; da revisão dos parâmetros da química orgânica ao desenvolvimento de um ‘viagra’ brasileiro; da relação entre os jovens e o poder ao questionamento do conceito de pesquisa. Págs. 6 e 7 Foto: Regivaldo Freitas Foto: Arquivo/Sítio Roberto Burle Marx

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Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Ano 2 - nº 5 | maio - junho - julho de 2005

Paleontologia

Por dentro da FAPERJ

visite nosso site www.faperj.br - assine nosso boletim eletrônico

Crocodilo revela ecologiana pré-história paulistaUma assembléia de morte formada por fós-seis bem preservados de 11 crocodilomorfosfoi descoberta no interior de São Paulo e éestudada por equipe coordenada por IsmarCarvalho, do instituto Virtual de Pale-ontologia da FAPERJ. Pág. 9

FAPERJ comemora seus25 anos de existênciaCriada em agosto de 1980, a FAPERJ festejaseus 25 anos de existência com um livrocomemorativo que irá traçar breve históricoda produção científica do país e a presençada fundação no contexto dos avanços daC&T ao longo destes anos. Pág. 2

Pesquisa para o SUS:mais qualidade na saúde

O primeiro edital lançado pela FAPERJem parceria com o Ministério da Saúde –Pesquisa para o SUS: Gestão Comparti-lhada em Saúde – representa um potencialimpacto de qualidade no sistema de saúdefluminense. Trata-se de iniciativa inédita dogoverno do estado que busca aproximar epromover a cooperação entre pesquisado-res da área básica e profissionais da área dasaúde. Os 46 projetos contemplados já re-ceberam os termos de outorga, incluindo umarede de pesquisa em diagnóstico molecular,com ênfase nas doenças cardiovasculares,infecciosas e parasitárias.

57ª Reunião da SPBC: o centro Dragão do Mar será palco de eventos em Fortaleza.Pelo 8º ano, a FAPERJ participa do encontro, que este ano terá a cultura como tema. Pág.5

Internacional

Convênio prevê pesquisasconjuntas com PortugalConvênio assinado no início de julho entre aFAPERJ e o Centro de Estudos da População,Economia e Sociedade da Universidade doPorto prevê diversos projetos conjuntos. Oprimeiro será um portal reunindo dados sobrea imigração portuguesa no Brasil. Pág. 4

Burle Marx é tema de pesquisa científica

Difusão Científica

Cultura

Santa Teresa é tema da 4ªedição do Rio em MapasCarregado de história e arquitetura, o tradi-cional bairro carioca de Santa Teresa é a es-trela da quarta edição do projeto Rio de Ja-neiro em Mapas. O mapa e o catálogo sãoilustrados, desta vez, pela artista plásticaAna Maria Moura. Pág. 12

Foram avaliadas propostas dentro dosseguintes temas: pesquisa em avaliação eincorporação tecnológica nas áreas estra-tégicas da saúde; análise das condições desaúde da população do Estado do Rio deJaneiro; avaliação e monitoramento dos sis-temas municipais de saúde; pesquisa emdengue e leishmaniose. As áreas foram de-finidas com base nas prioridades em saúdedo Governo do Estado do Rio de Janeiro ena Agenda Nacional de Prioridades de Pes-quisa em Saúde, visando fortalecer a ges-tão do SUS e a melhoria das condições devida da população brasileira. Pág. 3

Projeto de comunicaçãoamplia visibilidade dapesquisa fluminense

Temas estudados com o apoio daFAPERJ por pesquisadores de várias ins-tituições fluminenses vêm ganhando maisvisibilidade no decorrer do projeto de co-municação empreendido na atual gestãoda agência fluminense de fomento à pes-quisa. Este projeto inclui este Jornal daFAPERJ e o Boletim Eletrônico daFAPERJ – que completou em julho um anode edições semanais ininterruptas. Os te-mas estudados são variados: de projetospaisagísticos de Burle Marx às proprieda-des das esponjas do mar que habitam nos-so litoral; da revisão dos parâmetros daquímica orgânica ao desenvolvimento deum ‘viagra’ brasileiro; da relação entre osjovens e o poder ao questionamento doconceito de pesquisa. Págs. 6 e 7

Foto: Regivaldo Freitas

Foto: Arquivo/Sítio Roberto Burle Marx

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2 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br

Carta ao leitor

A quinta edição do Jornal daFAPERJ chega ao público conso-lidando seu caráter de informati-vo panorâmico sobre as atividadese ações da Fundação Carlos Cha-gas Filho de Amparo à Pesquisa doEstado do Rio de Janeiro – quecompleta neste mês de agosto 25anos de existência.

Entre os destaques relativos àsações empreendidas pela Fundaçãoestá a reportagem sobre o editalPesquisa para o SUS – iniciativainédita que une os esforços dosgovernos federal e estadual em tor-no do objetivo de ampliar a quali-dade tecnológica oferecida pelo sis-tema público de saúde. Trata-se deum edital que exemplifica de que

modo agências de fomento podem,além de oferecer bolsas por livre de-manda, orientar suas ações no sen-tido de extrair da pesquisa científi-ca benefícios diretos à população.

As páginas centrais desta edi-ção foram dedicadas à divulgaçãocientífica, com foco em projetosque ilustram outro aspecto da ati-vidade da Fundação, que é o apoiocontínuo a pesquisa nas mais di-versas áreas do conhecimento apartir de livre demanda dos pes-quisadores. Ampliar a visibilidadedestas e de outras pesquisas é umaatividade hoje considerada essen-cial para a FAPERJ – um modo demostrar ao público de que maneirasão usados os recursos estaduais

Por dentro da FAPERJ

Governo do Estado do Rio de Janeiro

Governadora: Rosinha Garotinho

Secretaria de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação

Secretário: Wanderley de Souza

FAPERJ

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo àPesquisa do Estado do Rio de Janeiro

Diretor-presidente: Pedricto Rocha Filho

Diretor Científico: Jerson Lima Silva

Diretor de Tecnologia: Marcos Cavalcanti

Diretora de Administração e Finanças: Maria CarolinaPinto Ribeiro

Conselho Superior:

Reinaldo Felippe Nery Guimarães (presidente),

Jésus Alvarenga Bastos (vice-presidente), AngelaMaria Cohen Uller , Antônio Celso Alves Pereira,Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, Carlos

Alberto Dias, Celso Pereira de Sá, César Camacho,Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Maria Alice

Rezende de Carvalho, Otávio Guilherme CardosoAlves V elho e W alter Araújo Zin.

Jornal da F APERJ – ano II – n o 5

Coordenação editorial: Renata Moraes

Edição: Paul Jürgens

Redação: Mario Nicoll, Marina Lemle, Paul Jürgens,Renata Moraes e Vinicius Zepeda

Diagramação: Mirian Dias

Mala-direta e distribuição: André Souza

Secretaria de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo àPesquisa do Est ado do Rio de Janeiro F APERJ

Avenida Erasmo Braga, 118/6o andar – Centro – Rio de

Janeiro – CEP: 20.020-000 – Tel.: 3231-2929 – Fax: 2533-

4453 – Gráfica: Jornal do Commercio – Tiragem: 9.000

Visite nosso site: www .faperj.br

Expediente

No ano em que comemora o 25º ani-versário de sua fundação, a FAPERJprepara uma solenidade festiva paracelebrar a data e a edição de um livroque irá resgatar a trajetória da Funda-ção desde sua criação até os dias dehoje. A pesquisa que resultará na pu-blicação do volume está a cargo da his-toriadora Jessie Jane Vieira de Souza,professora do Departamento de Histó-ria da UFRJ e ex-diretora do ArquivoPúblico do Estado do Rio de Janeiro,sob supervisão da coordenadora doPrograma de Editoração da FAPERJ,Ismênia de Lima Martins.

“A obra irá traçar um breve históri-co da produção científica no país e apresença da FAPERJ no contexto doavanços realizados ao longo dos anosnas áreas de ciência e tecnologia”, dizVieira de Souza. A historiadora adiantaque o volume trará depoimentos de in-tegrantes da atual diretoria, ex-presi-dentes e integrantes do Conselho Su-perior, de funcionários e ex-funcionári-os, e também de alguns dos primeirosagraciados nos programas de fomentoda FAPERJ, procurando mostrar o im-pacto desses apoios na sua trajetóriaacadêmica. Um demonstrativo dos in-vestimentos feitos ao longo do tempopela instituição em projetos e iniciati-vas na área de C&T do estado tambémconstará do trabalho.

Criada em agosto de 1980, a FAPERJ

teve origem na fusão de duas outras fun-dações que pré-existiam: o Instituto deDesenvolvimento Econômico e Social doRio de Janeiro (Fiderj) e o Centro de De-senvolvimento de Recursos Humanos(CDRH). Nos primeiros tempos, as fun-ções antes atribuídas às duas institui-ções que deram lugar à FAPERJ acaba-ram prevalecendo sobre aquelas quedeviam orientar o recém-criado órgão: ode promover e amparar a pesquisa.

Até 1987, o novo órgão sequerofereceu apoio financeiro a projetos depesquisa e bolsas de formação em pós-graduação. Até aquele ano, a FAPERJ,em convênio com o governo do esta-do, administrava o Programa Especialde Educação, com o objetivo de erguer500 Cieps, e tinha sob sua subordina-ção uma Faculdade de Formação deProfessores. Ainda no final dos anos80, o governo estadual propôs areestruturação da FAPERJ, segundoum modelo moderno e eficiente. Inspi-rada no exemplo dos países de grandetradição em pesquisa, a Fundação logoficaria sob a supervisão da nova Se-

cretaria de Estado de Ciência e Tec-nologia – denominação que só recen-temente ganhou o acréscimo da pala-vra ‘Inovação’.

Em 1999, o órgão foi rebatizado deFundação Carlos Chagas Filho de Am-paro à Pesquisa do Estado do Rio deJaneiro, por ocasião da morte do emi-nente cientista. Hoje, voltada para ofomento da pesquisa e a formação ci-entífica e tecnológica necessárias aodesenvolvimento sóciocultural do Es-tado do Rio de Janeiro, a FAPERJ man-tém apoio a cerca de 2.200 bolsistas emdiversas modalidades. Paralelamente, aFundação presta, por meio de seus pro-gramas especiais – que incluem o lan-çamento regular de editais –, apoio aum grande número de instituições deensino e centros de pesquisa localiza-dos dentro dos limites do estado.

Em 2004, a instituição teve um dosmelhores anos de sua história finan-ceira – com desembolso total de maisde R$ 137 milhões. O repasse dos re-cursos pelo governo estadual possibi-litou, entre outras realizações, a con-cretização de novos programas, comoRio Inovação e Primeiros Projetos, e ain-da o lançamento de importantes editais,como o que contempla projetos para odesenvolvimento regional e o que des-tina recursos para pesquisa em temasrelacionados aos direitos humanos.

FAPERJ festeja seu 25º aniversário

Criada em agosto de80, a Fundação hojeapóia grande número

de instituições.

reservados à ciência e à tecnologiaproduzidas em solo fluminense.

Também figuram nestas pági-nas momentos importantes trans-corridos ao longos dos últimosmeses, como a posse do presiden-te da Fundação, Pedricto RochaFilho, no Conselho Estadual deCultura; a visita do prêmio NobelHarold Varmus; o lançamento daquarta edição do projeto Rio deJaneiro em Mapas; e as participa-ções da FAPERJ em vários even-tos, com destaque para a Bienal In-ternacional do Livro e a SBPC.

Boa leitura!

Os Editores

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www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 3

Saúde

Estado e União pela qualidade na saúde

O apoio da FAPERJ aos projetos con-templados no edital Pesquisa para o SUS:Gestão Compartilhada em Saúde marca aprimeira parceria entre o governo do Rio deJaneiro e o Ministério da Saúde e representaum potencial impacto de qualidade no siste-ma de saúde fluminense. De acordo com odiretor científico da FAPERJ, Jerson Lima Sil-va, vale ressaltar a formação – a partir desteedital – de uma rede de pesquisa em diag-nóstico molecular, com ênfase nas doençascardiovasculares, infecciosas e parasitárias.

“O apoio a estes projetos e à rede dediagnóstico vem reforçar ainda mais a áreadas ciências da saúde do Rio de Janeiro.Estes grupos de pesquisa, de reconhecidaexcelência, poderão agora ter a oportunida-de de transferência dos resultados para amelhoria das condições de saúde da popu-lação”, afirma Jerson Lima.

Foram contemplados 46 projetos – inclu-indo o que resultará na formação da rede dediagnóstico – em cinco áreas definidas comoprioridades em saúde do Governo do Estadodo Rio de Janeiro e na Agenda Nacional dePrioridades de Pesquisa em Saúde, visandofortalecer a gestão do SUS e a melhoria dascondições de vida da população.

As cinco áreas referem-se a pesquisaspara avaliação e incorporação de tecnolo-

gias; para análise das condições de saúdeda população fluminense; para avaliação daatual situação e das perspectivas de mudan-ça nos sistemas municipais de saúde; paraavaliação e monitoramento dos sistemasmunicipais de saúde; para pesquisa sobredengue e leishmaniose; e para a implanta-

ção de uma rede de pesquisa em métodos dediagnóstico molecular.

O resultado do edital, lançado em novem-bro de 2004, foi divulgado dia 13 de junho.Após análise por consultores ad hoc e poruma comissão de especialistas em saúde, os96 projetos apresentados inicialmente rece-

beram avaliação final de um comitê Gestor –com representantes do Ministério da Saúde,do Ministério da Ciência e Tecnologia (repre-sentado pelo CNPq), da Secretaria de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro(representada pela FAPERJ) e da Secretariade Saúde do Rio de Janeiro.

Para a realização deste programa, quetem como objetivo apoiar projetos de pes-quisa que visem à promoção do desenvol-vimento científico, tecnológico e de inova-ção da área de saúde no Estado do Rio deJaneiro, serão alocados R$ 3 milhões – me-tade oriunda do Governo do Estado do Riode Janeiro, através da FAPERJ, e metadedo Ministério da Saúde. Cerca de um terçodesta verba será utilizado na implantaçãode uma rede de pesquisa em métodos mole-culares para o diagnóstico de doenças infec-ciosas, parasitárias e crônico-degenerativas.

O edital possibilitará a continuidade deestudos como a tuberculose na populaçãode rua no município do Rio de Janeiro; ava-liação de tratamento de doença renal crôni-ca na população fluminense; contribuiçãoda enfermagem para o SUS; avaliação deserviços de saúde mental e desenvolvimen-to de vacinas de DNA contra dengue.

Confira em www.faperj.br a lista com-pleta dos projetos aprovados.

Edital Pesquisa para o SUS contempla 46 projetos de alta relevância e excelência

Ciência, tecnologia e saúde: o edital Pesquisa para o SUS busca unir a pesquisa à prática

Uma rede de pesquisa em diagnóstico molecularNa solenidade de entrega das outorgas

do edital Pesquisa para o SUS, realizada noinício de julho no auditório Hélio Fraga doCentro de Ciências da Saúde (UFRJ), na Ilhado Fundão, o diretor científico da FAPERJ,Jerson Lima, lembrou que os projetos sele-cionados no edital serão monitorados tri-mestralmente. “Já que se trata de um proje-to de dois anos, vamos realizar um acom-panhamento dos trabalhos, visando even-tuais correções de rumo”, disse.

A medida foi bem recebida por pesqui-sadores como José Mauro Peralta, pesqui-sador do Instituto de Microbiologia daUFRJ, designado para chefiar a rede de pes-quisa que recebeu o equivalente a um terçodos recursos para investigar os métodosmoleculares para o diagnóstico de doençascrônicas, degenerativas, infecciosas e pa-

rasitárias. Professor do Departamento deImunologia daquele instituto, Peralta disseque a iniciativa de lançar o edital foi oportu-na para garantir a melhoria em diagnósticosfeitos na rede pública.

“Hoje, muitos desses procedimentos jásão feitos na rede privada, mas a um customuito elevado”, avalia o pesquisador. “Arede deverá trabalhar, entre outros proje-tos, no desenvolvimento de kits de diag-nóstico e de novas metodologias, a ser im-plantadas inicialmente nos hospitais uni-versitários”, adiantou.

Ele ressaltou que para que a rede funci-one bem, será necessário um investimentocontínuo, de longo prazo. “Vamos esperarque os recursos venham e o projeto nãosofra interrupções”, disse. A coordenadorado Laboratório de Bioquímica de Vetores de

Doenças no Instituto de Química da UFRJ,Mônica Ferreira Moreira, contemplada comR$ 59 mil, elogiou a iniciativa do governodo estado. “O montante de recursos permi-tirá ao laboratório ir além dos gastos com‘consumo’, com a compra de alguns equi-pamentos”, disse Moreira.

A pesquisadora afirmou que tão logo osrecursos estejam à disposição irá compraruma máquina digital para acoplar à lupa deobservações do laboratório. Moreira e suaequipe, em colaboração com a Fiocruz e aSecretaria Municipal de Saúde, trabalhamem pesquisas relacionadas à dengue e aleishmaniose. “Não seria exagero dizer quesem a ajuda da FAPERJ dificilmente tería-mos tido condições de manter o laboratóriofuncionando”, disse a pesquisadora. Atu-almente, integram o laboratório um aluno de

mestrado e cinco de iniciação científica.

O secretário estadual de Ciência,Tecnologia e Inovação, Wanderley de Sou-za, afirmou ao final da cerimônia que “o ob-jetivo é fazer com que a pesquisa médicaavance e possa oferecer significativos be-nefícios à população, especialmente àque-las pessoas atendidas pelo SUS”.

Também participaram da mesa diretorana solenidade o subsecretário do Sistemade Saúde da Secretaria Estadual de Saúde,Wilson de Mayo; o diretor do Instituto deCiências Biológicas da UFRJ, AdalbertoVieira; o representante da Secretaria Esta-dual de Saúde no Comitê Gestor do progra-ma, Nelson Souza e Silva; a diretora da Es-cola de Enfermagem da Uni-Rio, BeatrizGerbassi; e o reitor da Universidade SantaÚrsula, Jorge Doyle Maia.

Fofo: Vinicius Zepeda

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4 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br

Internacional

Convênio promove cooperação científica com PortugalAs relações entre Portugal e o Estado

do Rio de Janeiro ganham, neste segundosemestre, um novo impulso com a assinatu-ra de um convênio de cooperação científicae tecnológica celebrado entre a FAPERJ e oCepese (Centro de Estudos da População,Economia e Sociedade), órgão vinculado àUniversidade do Porto. O acordo foi firma-do no final de junho durante viagem ao con-tinente europeu do diretor-presidente daFAPERJ, Pedricto Rocha Filho, e da coorde-nadora do Programa de Editoração daFAPERJ, Ismênia de Lima Martins.

Assinado em Lisboa no dia 4 de julho, oconvênio terá duração inicial de dois anos ecomeça com a organização de um portal nainternet que reunirá uma base de dados so-bre a imigração portuguesa a partir de do-cumentos de ambos os países. A primeirareunião de trabalho será em novembro, noArquivo Nacional, no Rio de Janeiro, com avinda de um grupo de Portugal.

Dividido em onze artigos, o convênioexpressa o desejo de aproximar as comuni-dades lusa e fluminense na investigação edivulgação de temas direta ou indiretamen-te relacionados com a população, economiae sociedade, na realização de projetos con-juntos, conferências e debates científicosem qualquer área do conhecimento.

Ismênia de Lima Martins informa que ospesquisadores portugueses já levantam da-dos nos distritos que emitiam passaportesentre os séculos 19 e 20. “E aqui no Brasil jáestão sendo trabalhados documentos data-dos até 1842, já tratados no Arquivo Nacio-nal. Neste convênio, o papel da FAPERJ seráde agente facilitador dos trabalhos desenvol-vidos em cooperação por pesquisadores dasdiversas instituições sediadas no Rio, comoUFF, UFRJ, Uerj, Arquivo Nacional e Arqui-vo Público”, revela a coordenadora do Pro-grama de Editoração da Fundação.

Nobel de medicina defende mais difusão da informação

A utor de uma das mais im-portantes descobertassobre o câncer – que lhe

valeu o Prêmio Nobel de Medici-na em 1989 –, o americano HaroldVarmus realizou no final de junhopalestra para estudantes quelotaram o auditório do Instituto deBioquímica do Centro de Ciênciasda Saúde, na UFRJ. Presidente doMemorial Sloan-Kettering Centerde Nova York, Varmus foi diretordo Instituto Nacional de Saúde dosEstados Unidos durante a admi-nistração Bill Clinton.

Antes da palestra, o pesquisa-dor visitou o Centro Nacional deRessonância Magnética Nuclearda UFRJ, coordenado pelo diretor-científico da FAPERJ, Jerson LimaSilva – um dos responsáveis pelavisita do americano ao país.

Durante sua estada no Rio,ele participou, em companhia doindiano Rao Nehru, presidenteda Academia de Ciência do Mun-do em Desenvolvimento, e dePhillip Griffiths, do InstitutoAvançado de Princeton (EUA),

de um café da manhã oferecidopela governadora Rosinha Garo-tinho no Palácio Laranjeiras. Naocasião, foi acertado um progra-ma de cooperação entre Brasil eÍndia com o objetivo de imple-mentar um centro de nanotec-

nologia no Estado do Rio.Na palestra realizada na

UFRJ, Varmus discorreu sobre osrecentes avanços da pesquisa so-bre o câncer. Em 1989, ele recebeuo Nobel em conjunto com MichaelBishop pelo papel que tiveram nadescoberta de que, em geral, ascélulas cancerosas parecem serdependentes de um ou poucosoncogenes ativados para mantersua condição oncogênica. Talconstatação abriu caminho paraque cientistas anunciassem apossibilidade de combater as cé-lulas cancerosas com uma com-binação de drogas que seriamdirecionadas para essas células.

Transmitindo otimismo em re-lação ao futuro das pesquisassobre o câncer, Varmus afirmouque é preciso catalogar de forma

A FAPERJ no ‘Ano do Brasil na França’Representantes do sistema de C&T

fluminense participaram, no final de junho, da1ª Jornada de Tecnologia do Rio de Janeiro naFrança, no âmbito da programação oficial doAno do Brasil naquele país. A FAPERJ esteverepresentada no evento por seu diretor-presi-dente, Pedricto Rocha Filho. O Ano do Brasil éparte das Estações Culturais Estrangeiras naFrança, que desde 1985 homenageiam diferen-tes países.

O objetivo da jornada foi difundir o conhe-cimento instalado no Rio de Janeiro, estimulara formação de parcerias, troca de experiências eprospecção de oportunidades. “Foram encon-tros proveitosos para estreitar os laços de cola-boração já existentes entre o Brasil e, em parti-cular, o Estado do Rio de Janeiro, com essespaíses”, disse Rocha Filho.

No primeiro dia na França, 27 de junho,Rocha Filho participou de encontro com reito-res de universidades brasileiras, presidentes ediretores de instituições francesas de ensinosuperior, além de responsáveis pela coopera-ção bilateral e multilateral naquele país. No diaseguinte, na Universidade Paris III – SorbonneNouvelle, ele proferiu palestra na qual fez umbalanço das principais realizações da Funda-ção ao longo do último ano.

Rocha Filho discorreu sobre programas einiciativas da FAPERJ, como os Institutos Vir-tuais e a Rede Rio de Computadores, além deabordar as estratégias e ferramentas de divulga-ção da área de comunicação do órgão.

O evento na França foi promovido pelaRede de Tecnologia do RJ e pelo Fórum deReitores, com apoio da FAPERJ.

Harold Varmus (à esq.) e o diretor da FAPERJ, Jerson Lima na UFRJ

O acordo foi celebrado no Gabinete deRelações Internacionais da Ciência e doEnsino Superior (Grices), instituição portu-guesa de fomento à pesquisa. “Esse acor-do servirá para intensificar a cooperação econtribuir para o intercâmbio entre os doispaíses, reforçando nossos vínculos histó-

ricos com Portugal, que muito nos orgu-lham”, disse Rocha Filho, que durante a es-tada na cidade proferiu palestra na Facul-dade de Engenharia da Universidade do Por-to. Em Lisboa, o titular da FAPERJ fez outrapalestra no Laboratório Nacional de Enge-nharia Civil.

Fofo: Vinicius Zepedaampla os diferentes genótipos dasvárias formas de câncer, de modoque as drogas possam ser dese-nhadas para cada tipo de tumor.

O pesquisador criticou osgastos excessivos de paísescomo os Estados Unidos em con-flitos, como o do Iraque, que, dis-se ele, poderiam ser melhor em-pregados em pesquisas na áreacientífica. Varmus defendeu deforma veemente uma mudança nacultura da pesquisa científica afim de garantir a disseminação doconhecimento de maneira maisampla. “É essencial baixar os cus-tos de acesso ao conteúdo depublicações científicas, hoje ex-cessivamente altos, e tambémdisponibilizar amplamente o ma-terial de arquivos e bibliotecas”,disse Harold Varmus.

Fofo: Vinicius Zepeda

Ismênia Martins coordena a Editoração da FAPERJ

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www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 5

Eventos

FAPERJ leva seu estande à 57ªReunião da SBPC, em Fortaleza

Sob o tema ‘Do Sertão Olhando o Mar –Cultura e Ciência’, a capital do Ceará, Forta-leza, será pela terceira vez o cenário de umaReunião Anual da Sociedade Brasileira parao Progresso da Ciência (SBPC) – a 57ª, queacontece de 17 a 22 de julho.

Maior evento de ciência do HemisférioSul, a reunião terá este ano 480 atividadesacadêmicas e culturais, 50 simpósios, 60conferências, 60 minicursos, 50 painéis, 20mesas-redondas, 120 oficinas e 120 pales-tras – além de grande mostra de ciência etecnologia.

Entre tantas atrações, a FAPERJ organi-zará a exposição de publicações financia-das pelo seu Programa de Editoração e pro-moverá painéis sobre algumas de suas prin-cipais ações, como os Institutos Virtuais,Apoio a Entidades Estaduais, Programa deEditoração, Cientistas do Nosso Estado,Primeiros Projetos e Riogene. Num estandede 27m2, funcionários da Fundação estarãoà disposição do público para fornecer infor-mações e esclarecer dúvidas sobre as ativi-dades da FAPERJ.

Pelas alamedas do Campus do Itaperi daUniversidade Estadual do Ceará, que sedia

a festa do conhecimento, estarão circulan-do personalidades da ciência e do governo.Quatro ministros confirmaram presença, as-sim como a titular da Secretaria Especial dePolíticas para as Mulheres, Nilcéa Freire.

‘Do Sertão Olhando o Mar - Cultura e Ciência’ é o tema do evento

Rio de Janeiroinstala FórumPermanente de C&T

Na presença de alguns dos princi-pais expoentes da cultura e das ciên-cias brasileiras, foi instalado, no dia25 de abril, o Fórum Permanente deDiscussão sobre a Política Estadual deDesenvolvimento Científico eTecnológico. O objetivo é traçar umdiagnóstico preciso da ciência e datecnologia no Rio, para, em seguida,definir as prioridades para o setor. Umdocumento deverá ser elaborado atempo de ser apresentado na 1ª Con-ferência Estadual de Ciência eTecnologia, prevista para o mês de se-tembro.

Na sessão inaugural, foi anuncia-da a formação de duas comissões: umairá debater a realidade e as demandasnecessárias ao desenvolvimento cien-tífico no estado; outra terá como refe-rência o desenvolvimento tecnológicoe a inovação.

Os grupos deverão fazer o levan-tamento de bibliotecas e laboratóriosde médio e grande porte, de forma aidentificar os investimentos que se fa-zem necessários na área de infra-es-trutura no estado. A etapa final dos tra-balhos será dedicada à definição dasprioridades para o crescimento econô-mico do estado, de modo a otimizar oemprego dos recursos estaduais nosetor de ciência e tecnologia

Duas conferências previstas para o se-gundo semestre deverão oferecer importantessubsídios para a formulação de políticas pú-blicas nos âmbitos regional e federal. A pri-meira delas, Conferência do Sudeste de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvi-mento, acontece nos dias 3 e 4 de agosto, emBelo Horizonte. No final de outubro, emBrasília, acontece a 3ª Conferência Nacionalde Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os dois eventos deverão atrair os princi-pais expoentes das ciências no país, bem comoautoridades de setores diversos da adminis-tração pública. A FAPERJ estará representa-da nos dois eventos por seu diretor-presiden-te, Pedricto Rocha Filho.

Na capital mineira, as reuniões da Confe-rência Regional do Sudeste – que é parte da

conferência nacional e tem caráter preparató-rio para a reunião de Brasília –, serão realiza-das no Fiemg Trade Center (Rua Timbiras, nº1200, Centro). O evento tem como objetivocontribuir para estabelecer um ambiente – lo-cal e regional – atraente, cooperativo e propí-cio a uma intensa produção de ciência,tecnologia e inovação. Os participantes deve-rão também debater as relações de dependên-cia e soberania no setor.

Os temas a serem abordados na Confe-rência Regional serão baseados nos grandestemas nacionais: geração de riqueza, inclusãosocial, presença internacional, áreas de inte-resse nacional e gestão e regulamentação –assuntos esses que foram preliminarmente de-batidos nos seminários preparatórios para aconferência, em março, em Brasília.

Expo-interativa, com estande da FAPERJ,atrai grande público ao Riocentro

Semana Regional de C,T&I do Sudesteserá realizada na capital mineira

A SBPC tem como um de seus principaisobjetivos canalizar o esforço de toda a soci-edade brasileira para o desenvolvimento ci-entífico em prol da qualidade de vida e dobem comum.

Famílias inteiras – crianças, jovens eadultos –, professores de ciências e cientis-tas visitaram a Expo-Interativa, onde se di-vertiram ao mesmo tempo em que tiveramacesso a informações sobre novastecnologias e avanços científicos recentes.A mostra lotou o Riocentro, grande parquede exposições localizado na Zona Oeste doRio, de 11 a 17 de abril. Os visitantes pude-ram aprender um pouco sobre ciência etecnologia de forma lúdica e divertida.

O Governo do Estado do Rio de Janeiroesteve presente na festa, representado pelaSecretaria Estadual de Ciência, Tecnologiae Inovação (Secti) e suas vinculadasFAPERJ, Proderj, Cecierj, Faetec, Uerj eUenf, que dividiram o espaço na divulga-ção de seus programas e projetos. O estande,

localizado bem na entrada do pavilhão, atraiumais de 600 pessoas por dia.

A Expo-Interativa é uma iniciativa daFiocruz. Pela quantidade de jovens, criançase professores presentes, pode-se dizer que amostra é um macrocosmo das feiras de ciên-cias promovidas tradicionalmente por esco-las de ensino fundamental e médio.

A grande diferença é que, na Expo-Interativa, o assunto ganhou muito mais es-paço e atraiu muito mais gente para setedias de experiências pra lá de interessan-tes. “É incrível isso aqui! Estou adorando.Deu até pra entender o que é nanotec-nologia”, animou-se Elaine Rodrigues, 13anos, estudante da 6ª série do Ensino Fun-damental, referindo-se a um dos mais com-plexos avanços científicos da atualidade.

O Teatro José de Alencar, marco arquitetônico de Fortaleza, sediará atividades culturais na 57ª SBPC

Foto: Divulgação

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6 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br

Um alerta para abandonode jardins de Burle Marx

Grande parte dos jardins projetados porBurle Marx está abandonada ou foi modi-ficada sem critério. Além disso, o acervode projetos encontra-se guardado sem osdevidos cuidados. O alerta é da pesquisa-dora Ana Rosa de Oliveira, do Laboratóriode Paisagem do Instituto de Pesquisas doJardim Botânico do Rio de Janeiro que,com o apoio do programa Primeiro Proje-tos da FAPERJ, desenvolve a pesquisa Ojardim da Villa Moderna no Brasil: umprocesso de documentação e estudo deobras exemplares de Roberto Burle Marx.Ana Rosa estuda os jardins realizados en-tre 1930 e 1960. Embora o foco inicial fos-sem os espaços privados, a pesquisa seráestendida aos espaços públicos – o Aterrodo Flamengo é um dos melhores exemplosde descaracterização. “Apesar dos proje-tos de restauro já realizados, adescaracterização se dá em conseqüênciado uso intensivo do parque e da precarie-dade da manutenção”, disse.

Os problemas também ocorrem nos jar-dins privados. Dentre os casos mais alar-mantes, está a casa de Francisco Pignatari,de 1954, que não chegou a ser concluída.Com projeto de Oscar Niemeyer, só chegouaté as lajes de cobertura. A riqueza da con-cepção original do espaço, de relações eambientes conformados pelos painéis,pérgulas, maciços arbóreos e áreas abertasdo entorno da casa foi alterada com a cons-trução do Palácio Tangará Hotel e Spa. Apesquisa encontrou ainda descaracterizaçãoem outros projetos como os feitos paraOlivo Gomes, de 1951, em São José dosCampos, SP; Walther Moreira Salles, 1951,no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro;Edmundo Cavanellas, em Pedro do Rio,Petrópolis, RJ; e Alberto Kronsforth, 1955,

em Teresópolis. Alguns desses jardins jáestão sendo restaurados.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 42

A evolução paleoambientalno litoral do RJ

Mais um aliado se soma à luta pela pre-servação das baías de Ilha Grande eSepetiba, no litoral sul do Estado do Riode Janeiro. Um estudo conduzido pelo pes-quisador Renato Campello Cordeiro, daUFF, investiga as variações climáticas, oce-ânicas e antrópicas ocorridas ao longo dosúltimos 200 anos na chamada Costa Verde.A pesquisa poderá, no futuro, ajudar a subsi-diar políticas públicas e ações de gestão emonitoramento daqueles ambientes,viabilizando uma exploração racional e eco-nomicamente viável dessas áreas, propíciaspara atividades como a pesca e o turismo.

“Na baía de Sepetiba já se constata háalguns anos uma deposição de metais asso-ciada à presença do homem na região”, dizCordeiro, que é professor do Departamentode Geoquímica da UFF e foi contempladono edital Primeiros Projetos da FAPERJ. Eleconta com colaboradores de peso, como ocientista belga Alphonse Kelecom e o indi-ano Sambasiva Rao Pachineelam, ambostambém da UFF. Baseada em sondagens desedimentos – por meio da utilização de ‘tes-temunhos’ –, a reconstituição paleoam-biental permitirá recriar o cenáriopaleoclimático, paleoceanográfico epaleoecológico da região, buscando iden-tificar a variabilidade dos processosambientais em relação as suas componen-tes naturais e antrópicas. As pesquisas deCordeiro e sua equipe devem colaborar paraa preservação desse que é um dos mais exu-berantes e bem-preservados sistemas mari-nhos do litoral brasileiro.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 45

Um viagra brasileiro emestudo no LASSBio

Coordenador do Instituto Virtual deFármacos da FAPERJ e fundador do Labo-ratório de Avaliação e Síntese de Substân-cias Bioativas (LASSBio) da UFRJ, EliezerBarreiro dedica-se no momento a um as-sunto que interessa a muita gente: a cria-ção de um “viagra brasileiro”. Passandopela busca da versão sintética de compos-tos para o tratamento da inflamação e dador e pela investigação de moléculas quecombatem depressão e esquizofrenia,Eliezer e sua equipe chegaram à síntese daApomorfina, um fármaco que apesar de jáexistir no mercado, é extremamente caropara o Brasil. Dominada a tecnologia dasíntese, a providência seguinte foi paten-tear a descoberta de modo a possibilitar aredução do custo da substância.

De acordo com o cientista, a Apomorfinaoferece vantagens em relação ao Viagra: ousuário não corre o risco de infarto. Eliezerafirma que a substância poderá chegar aomercado em quatro ou cinco anos. OLASSBio fechou parceria com uma grandeindústria farmacêutica e já passou da primei-ra fase de ensaios clínicos em animais para afase de testes em homens. “Com essa parce-ria já temos a tecnologia necessária para pro-duzir até 10 quilos de Apomorfina para o pri-meiro ano de ensaios clínicos em humanos”,diz Eliezer Barreiro.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 41

Epilepsia, ciênciae preconceito

Uma das primeiras enfermidades des-critas com detalhes na história da medici-na, a epilepsia é o tema da pesquisa Ci-ência e preconceito: Uma história soci-al da epilepsia no pensamento médico

brasileiro, coordenada pela historiadorada PUC-Rio Margarida de Souza Neves,contemplada com a bolsa Cientistas doNosso Estado 2005.

A pesquisa pretende analisar os docu-mentos científicos produzidos por médicosno Brasil entre 1859 e 1906. De acordo comMargarida o trabalho vai além de focar adiscriminação sofrida pelos epilépticos.“Nosso estudo é importante para analisarqualquer preconceito, que pode estar pre-sente em pessoas comuns e médicos quelidam com doenças crônicas comohanseníase, AIDS, hepatite, herpes, entreoutras que ainda estigmatizam seus porta-dores”, observa. Ela explica que, desco-nhecendo a etiologia da doença, os médi-cos do século 19 associavam a epilepsia aquestões morais, ao controle dos corpos, emesmo a uma propensão inata ao crime.Algumas destas idéias perduraram até me-ados do século 20 e fundamentaram algu-mas das mais terríveis ações do nazismo,lembra a pesquisadora, cuja equipe inclui ahistoriadora Heloísa Corrêa e mais seis es-tudantes de História da PUC-RJ, entre elesdois bolsistas de Iniciação Científica daFAPERJ. Os primeiros resultados foram apre-sentados em congressos no Brasil e emagosto deste ano serão exibidos no Con-gresso da Sociedade Internacional de Epi-lepsia, em Paris.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 47

Em foco, a base biológicada linguagem humana

Enquanto João desfiava a pia, o leãomatava o vento. Já Denise refogava históri-as para Paula, que mordia as roupas.

Não, não adianta ler de novo, você nãoleu errado. Descobrir o que acontece no cé-rebro quando lemos sentenças com este tipode incongruência é um dos objetivos da lin-

Novos caminhos para a difusão científicaDifusão Científica

Não basta fazer; é preciso mostrar o que se faz.Partindo desta máxima, a FAPERJ vem trabalhandopara ampliar a visibilidade de suas ações e projetos.Com este objetivo, foram criados dois novos veículosde comunicação: este Jornal da FAPERJ e o Bole-tim Eletrônico da FAPERJ – que acaba de com-pletar um ano de edições semanais ininterruptas. Com

recursos e limitações específicos, o meio impresso eo meio eletrônico podem e devem complementar-se.Aqui, por exemplo, é mostrada parte do trabalhojornalístico que vem sendo difundido em meio digitalvisando ampliar a divulgação dos estudos apoiadospela Fundação. Os resumos abordam algumas das re-portagens que figuram semanalmente no boletim ele-As funções da transferência de elétrons nas reações químicas estão sendo investigadas

Foto: Divulgação

Jornal e site ajudam a ampliar a visibilidade das ações e projetos apoiados pela F

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www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 7

güista Miriam Lemle no seu projeto Aspec-tos Neurofisiológicos da Linguagem, apoi-ado pela FAPERJ através do edital Cientis-tas do Nosso Estado 2005.

Para comprovar a teoria de que a lingua-gem tem uma base biológica, a professora,que lidera a equipe do Laboratório de Com-putações Lingüísticas, Psicolingüística eNeurofisiologia (Clipsen) do Departamentode Lingüística da UFRJ, pesquisa em volun-tários a relação entre os estímulos lin-güísticos e as reações bioelétricas no córtexcerebral, utilizando uma tecnologia denomi-nada Extração de Potenciais Elétricos Rela-cionados a Eventos (ERP). A pesquisa é fei-ta em cooperação com a área de EngenhariaBiomédica da COPPE/UFRJ - uma caracte-rística inovadora.

Outro estudo em curso buscará capturaros efeitos neurofisiológicos dos encaixes depalavras dentro de palavras.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 40

A relação entre o podere a juventude

Contemplado com a bolsa Cientistas doNosso Estado da FAPERJ, o professor daFaculdade de Educação da UniversidadeFederal Fluminense (UFF) Paulo Carranovem demonstrando como o bom uso dosrecursos pode gerar bons e múltiplos resul-tados. O trabalho de Carrano – Juventude ePoder Local na Região Metropolitana doRio de Janeiro, financiado pela FAPERJ epelo CNPq – integra o estudo nacional Ju-ventude, Escolarização e Poder Local, de-senvolvido por uma rede de pesquisadoresem nove regiões metropolitanas do Brasil.Um dos resultados do trabalho de Carranofoi lançado em maio: o documentário de 71minutos em DVD Jovens no Centro, dirigi-do por Marcelo Brito. “Com os recursos querecebemos mensalmente da FAPERJ, pude-

mos não só realizar a pesquisa como com-prar uma câmera e pagar toda a produção dofilme”, relatou o professor.

Os recursos também possibilitaram a or-ganização de cursos na área de cinema paraa formação de bolsistas de iniciação científi-ca. “Dessa forma, atendemos um princípiobásico do fomento à pesquisa: formar e qua-lificar profissionais”, observou. A pesquisade Carrano, no entanto, é mais abrangente.Em seu relatório preliminar, o pesquisadorcaracteriza a Região Metropolitana do Riode Janeiro, seus antecedentes históricos,sua dinâmica político-partidária, aspectosdemográficos e territoriais, bem como dadossobre jovens de 15 a 24 anos de idade. Oeducador também descreve e analisa dadosproduzidos durante o processo de investiga-ção, realizado entre 2003 e 2004 por uma equi-pe de pesquisadores do Programa de Pós-Gra-duação em Educação da UFF.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 44

Em questão, o que contacomo pesquisaEstudo da educadora Menga Lüdke, da

PUC-Rio, procura esclarecer o desafio con-tido na questão que lhe serve de título: Oque conta como pesquisa?. Essa é a terceiraetapa de um estudo mais abrangente sobreas relações entre o professor da educaçãobásica e a pesquisa. O que se pretende édetectar quais as razões que levam membrosde comitês selecionadores de pesquisa aconsiderarem um trabalho como merecedordessa qualificação e outros não.

A pesquisa está sendo trabalhada a par-tir da perspectiva de quem decide o que con-ta como pesquisa. O objetivo é saber o quedetermina as decisões das pessoas encarre-gadas de atribuir ou não recursos a uma pes-quisa apresentada por um professor. Os re-sultados do trabalho poderão ajudar a deli-

near uma imagem do universo no qual tran-sitam os professores e seus trabalhos de pes-quisa. Os interessados poderão conhecercomo se dá a filtragem efetuada nos órgãosjulgadores, com a sua multiplicidade de cri-térios.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 39

Em busca dos tesourosda costa brasileiraAs esponjas do mar são uma fonte de

novas descobertas em diversas áreas da ci-ência, da farmacologia às pesquisas sobrecélulas-tronco e ao desenvolvimento denovos materiais. Substâncias produzidaspelas esponjas podem levar a medicamen-tos e sua estrutura inspira, por exemplo, aprodução de fibras óticas para telecomuni-cações.

Com apoio da FAPERJ, duas equipes doMuseu Nacional/UFRJ estudam as espon-jas da costa brasileira. A equipe coordena-da pelo Cientista do Nosso Estado Eduar-do Hajdu dá subsídios à coleta, identifica-ção e interpretação de resultados a gruposdo Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e SãoPaulo, entre outros. A colaboração tambémse estende a países da América do Sul, comoo Chile. Ele pretende descrever pelo menos50 espécies de esponjas marinhas brasilei-ras. O trabalho do outro grupo é lideradopor Guilherme Muricy, que recebe daFAPERJ um auxílio à sua pesquisa, que jálistou cerca de 40 espécies de esponjas nasCagarras, das quais ao menos cinco sãonovas para a ciência.

O projeto é audacioso. Nos novos extra-tos e nos compostos gerados, Hajdu e seugrupo vão efetuar bioensaios contra câncer,tuberculose e cepas de bactérias resisten-tes a antibióticos, entre outros. “A meta étestarmos ao menos 300 extratos”, diz.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 34

Novos caminhos para a difusão científica

recursos e limitações específicos, o meio impresso eo meio eletrônico podem e devem complementar-se.Aqui, por exemplo, é mostrada parte do trabalhojornalístico que vem sendo difundido em meio digitalvisando ampliar a divulgação dos estudos apoiadospela Fundação. Os resumos abordam algumas das re-portagens que figuram semanalmente no boletim ele-

Foto: Eduardo Hajdu

Espécie de esponja do mar, entre as 50 estudadas com o apoio da bolsa Cientistas do Nosso Estado

trônico e que podem ser lidas integralmente emwww.faperj.br/difusão/arquivo de boletins. O esfor-ço de divulgar estes trabalhos em linguagem leiga égrande: são centenas de projetos. De início, o traba-lho de difusão vem abordando os estudos feitos porCientistas do Nosso Estado e pelos contempladosno programa Primeiros Projetos.

Jornal e site ajudam a ampliar a visibilidade das ações e projetos apoiados pela FAPERJ

Química orgânica: estudopode redefinir parâmetros

Uma pesquisa coordenada por PierreMothé Esteves, do Instituto de Química daUFRJ (IQ/UFRJ), pode abalar os pilares deuma importante vertente da química.Conduzida pelo Interlab, laboratório criadopelo pesquisador dentro do IQ/UFRJ, a pes-quisa investiga a função da transferênciade elétrons nas reações químicas. “Estamosbalançando a estrutura de um segmento daquímica. O elétron é como um parafuso quesegura as vigas de uma edificação. Se vocêtirar o parafuso, você muda completamentea configuração da matéria e, por extensão,de todos os materiais”, diz o pesquisador.Se comprovada a tese de Esteves e de seugrupo de pesquisa, uma expressiva parte daquímica orgânica terá de ser revista. A even-tual aceitação do novo modelo teria desdo-bramentos importantes também em outrasáreas da ciência, como na biologia e tam-bém na física.

Do ponto de vista prático, as pesqui-sas podem resultar, por exemplo, na redu-ção do custo de fabricação de plásticos.Esteves conta com colaboradores de pesoem sua pesquisa, como o químico GeorgeA. Olah, prêmio Nobel em 1994. Doutorpela UFRJ, Esteves fez seu pós-doutora-do em Los Angeles (EUA), onde recebeuuma proposta – recusada – para conti-nuar suas pesquisas no meio privado.“Sempre acreditei que cientistas e pes-quisadores devem ter um compromissocom o desenvolvimento do país”, defen-de. Em 2004, a atual pesquisa de Estevesfoi uma das contempladas no edital Pri-meiros Projetos da FAPERJ. “Estamos con-seguindo fazer ciência de boa qualidade, eque não deixa a desejar em relação àquelafeita em outros países”, assegura.

Íntegra no Boletim da F APERJ nº 43

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8 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br

Antropologia

FAPERJ apóia expansão de projeto quemapeia a memória musical da Maré

Anderson Barros, 19 anos, estudantesecundarista e morador do Morro doTimbaú - uma das 16 comunidades que com-põe o bairro Maré, na Zona Norte do Rio deJaneiro - toca teclado desde os 10 anos, ehá 3, violão e cavaquinho. Hoje, ele é umdos colaboradores e beneficiados pelo pro-jeto Música, memória e sociabilidade daMaré, que busca mapear os gêneros musi-cais existentes no bairro. A pesquisa é co-ordenada pelo professor da UFRJ SamuelAraújo, contemplado em 2005 com uma bol-sa Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ.

O projeto de Araújo investiga ainda deque modo a violência permeia estilos musi-cais como o funk, o rap, e o heavy metal. Ocomércio de fitas, CDs e LPs independen-tes lançados por músicos da região e ven-didos ali mesmo também é estudado no tra-balho. “Com o apoio dos moradores,estamos criando um mapa musical da Maréatravés da realização de entrevistas, exibi-ção de vídeos e debates”, afirma.

Um dos participantes da pesquisa,Anderson Barros vê no mapa uma esperan-

A FAPERJ participou ativamente da 12ª Bienal Internacional doLivro, realizada de 12 a 22 de maio no Riocentro, zona oeste da capitalfluminense. A Fundação ocupou estande do espaço reservado àAssociação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu), no Pavi-lhão Vermelho. Aberta oficialmente pela governadora Rosinha Garo-tinho, em companhia do secretário de Cultura, Arnaldo Niskier, a feiraatraiu público recorde – 600 mil pessoas visitaram o local, movimen-tando mais de cem sessões literárias com 240 escritores brasileiros e30 estrangeiros. Cerca de 900 editoras participaram.

Como nas duas últimas edições do evento, a FAPERJ levou àBienal uma exposição de livros, manuais, coletâneas científicas, ma-pas, catálogos e CDs que resultam das atividades do Programa deAuxílio à Editoração mantido pela Fundação e atualmente coordena-do pela historiadora Ismênia de Lima Martins. Os livros são publica-dos em parceria com editoras, que os remetem às livrarias. Um peque-no número é enviado à FAPERJ para eventual doação a instituiçõesda área acadêmica e científica e a bibliotecas públicas.

Paralelamente à exposição do material, a FAPERJ promoveudebates no Café Universitário – um espaço especialmente prepa-rado pela Abeu para receber palestrantes e convidados.

Acervo

A questão fundiária e os estudos sobreos movimentos sociais que gravitamem torno do assunto no país ganha-ram, no mês de junho, uma inédita epremiada publicação. Nesse mês, che-gou às livrarias o volume Uma novaabordagem da questão da terra noBrasil: o caso do MST em Campos dosGoytacazes, resultado de estudo coor-denado pela cientista social HelenaLewin. A obra conquistou a primeiraedição do Prêmio Celso Furtado deDesenvolvimento Regional, promovi-do pela FAPERJ em 2002.

Professora-visitante do Departamentode Ciências Sociais da Uerj, Lewin co-ordenou o trabalho de pesquisa ao ladode Ana Paula Alves Ribeiro e LilianeSouza e Silva, que também assinam aobra. O estudo procurou analisar as prin-cipais transformações ocorridas de 1997a 2001 durante período de assentamen-to de trabalhadores sem terra na perife-ria de Campos do Goytacazes.

Doutora em Sociologia pela USP, Lewinacredita que a metodologia utilizada naelaboração da obra – a que ela e seuscolaboradores chamaram de ‘observa-ção em movimento’ – ajudou a conferirum caráter de ineditismo à pesquisa aoacompanhar as diferentes fases do as-sentamento e o processo de consoli-dação de uma nova forma de viver daagricultura. O estudo procura traçar umpanorama das transformações econô-micas na região a partir da decadênciado ciclo do álcool e do açúcar e a as-censão da fruticultura

Ao longo da obra, o leitor terá ao seualcance esclarecimentos teóricos so-bre os movimentos sociais no campo.O trabalho discorre sobre os antece-dentes históricos do MST e de sua pre-sença em Campos, além de oferecersubsídios para a compreensão do con-texto sociopolítico desse municípiodo norte fluminense ao longo dos anos.

Uma nova abordagem da questão daterra no Brasil - o caso do MST emCampos dos GoytacazesHelena Lewin (coordenadora), AnaPaula Alves Ribeiro e Lilane Souza eSilva.Editora: 7 Letras / FAPERJNúmero de páginas: 174Ano de lançamento: 2005

Presença da FAPERJ na 12ªBienal Internacional do Livro

Radiografiado MSTem Campos

A marca da FAPERJ figurou as editoras ligadas à Abeu

Foto: Vinicius Zepeda

ça de que a Maré deixe de aparecer apenasna crônica policial. “Espero que com o pro-jeto a mídia passe a nos ver de maneira maispositiva e mostre também a riqueza culturale musical do nosso bairro”, diz.

O projeto começou no final de 2003 quan-do Eduardo Duque, morador da Vila do Joãoe colaborador do Ceasm (Centro de Estu-dos e Ações Solidárias da Maré), realizavauma pesquisa sobre identidades culturaisna Maré. Ele teve a idéia de propor ao seuorientador, Samuel Araújo, um projeto emparceria com o Ceasm para mapear as práti-cas musicais e sociais do bairro. Araújo

apoiou a idéia e em março de 2004 estavapronto o projeto Música, memória e socia-bilidade da Maré.

Duque é o responsável pela coordena-ção local do projeto. A pesquisa, que em 2004esteve restrita às comunidades de NovaHolanda e Morro do Timbaú, graças aoapoio da FAPERJ será expandida para asoutras 14 comunidades da região. Araújo eDuque estão tão satisfeitos com o projetoque planejam estendê-lo à Mangueira, Mor-ro da Serrinha, Rocinha e outras comunida-des conhecidas pela sua riqueza musical.

Anna Karla de Souza da Silva, 24 anos,estudante de Biblioteconomia da Uni-Rio, écolaboradora da Rede Memória do Ceasm eestá ajudando na catalogação e arquivamen-to do material de filmagem e entrevista domapa. Ela espera que o projeto sirva paramelhorar a qualidade de vida e a realizar ossonhos de seus colegas maréenses. “Espe-ro também que esse trabalho contribua paralevar outros negros, como eu, à universida-de, onde, infelizmente ainda somos poucos.É só reparar quanto espaço de estacionamen-to existe na universidade para concluir o quan-to o ensino superior ainda é elitista”, observa.

Foto: Vinicius Zepeda

Samuel Araújo (de barba) e sua equipe na Maré

Vinicius Zepeda

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www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 9

Paleontologia

Fóssil de crocodilo revela ecologia pré-histórica

Um dente encontrado em 1990 por ummenino de 13 anos numa estrada em obrasfoi a chave inicial para importantes reve-lações sobre a pré-história do interiorpaulista. Ele motivou uma escavaçãopaleontológica que resultou na descober-ta do maior jazigo fossilífero já encontra-do no Brasil: onze esqueletos em excelen-te estado, identificados como fósseis doBaurusuchus salgadoensis, espécie decrocodilomorfo até então desconhecida. Oanimal viveu há 90 milhões de anos ondehoje é o município de General Salgado, lo-calizado na Bacia Bauru, noroeste paulista.

A pesquisa foi anunciada no início dejunho por pesquisadores da UFRJ. “O ma-terial é uma preciosidade”, afirma opaleontólogo Ismar de Souza Carvalho, doDepartamento de Geologia da UFRJ, queassinou a pesquisa com Antônio Celso deArruda Campos, do Museu de Paleontologiade Monte Alto (SP), e com o biólogo PedroHenrique Nobre, também da UFRJ. A quali-dade e a quantidade de fósseis permitemestudos variados como uma boa descriçãodo animal e informações sobre seus hábi-tos, ambiente, rotas de migração e o reco-nhecimento de catástrofes ecológicas no pe-ríodo cretáceo.

lagoa secava, os animais se enterravam na lamaem busca de umidade. Se a chuva não voltas-se, eles morriam desidratados. A chegada daschuvas depois de uma longa seca provocavaalagamentos gigantescos que traziam detri-tos que possibilitaram a fossilização da as-sembléia de morte quase intacta.

Rio, referência em paleontologia

As instituições fluminenses são referên-cia na área da paleontologia brasileira – tan-to é que freqüentemente são convidadas paracoordenar estudos em outras regiões. Os fós-seis do B. salgadoensis, por exemplo, chega-ram à equipe de Ismar Carvalho trazidas porAntônio Celso de Arruda Campos, diretor doMuseu de Paleontologia de Monte Alto.

Escolhido para reportagem de capa daGondwana Research, revista científica inter-nacional, o estudo ajuda a entender as rotasmigratórias de animais e a posição dos ocea-nos e continentes na época. Há 90 milhões deanos, América do Sul, África, Índia, Antárticae Austrália estavam juntas numa grande mas-sa de terra, o antigo continente Gondwana,que começava a se romper e a se separar.

Além da FAPERJ e do Instituto Virtual dePaleontologia, os pesquisadores tiveram apoiodo CNPq, UFRJ e Prefeitura e Museu dePaleontologia de Monte Alto.

Estudo mostra características do clima no interior paulista há 90 milhões de anos

O B. salgadoensis, com até três metrose 400 quilos, era um predador. “O crânio es-treito e alto e as mandíbulas com dentesafiados indicam um animal carnívoro”, dis-se Pedro Henrique. As patas compridas, osolhos no alto da cabeça e as narinas fron-tais sugerem que ele era terrestre e, diferen-temente dos primos atuais, percorria gran-des distâncias.

Assembléia de morte na Terra primitiva

O estudo contribui para o conhecimen-to sobre eventos ecológicos da Terra primi-tiva. Há 90 milhões de anos o oeste de SãoPaulo tinha rios e lagos temporários. O cli-ma era muito mais quente e seco.

Em época de seca, concluíram os cientis-tas, os B. salgadoensis se agrupavam em pe-quenas lagoas para esperar chuva. Quando a

Parque de Itaboraí: mais um passo para a revitalização

Está ganhando força a revitalizaçãodo Parque Paleontológico de SãoJosé de Itaboraí – uma das princi-

pais reivindicações de pesquisadores liga-dos à geologia, paleontologia, arqueologia emeio ambiente do Estado do Rio de Janeiro.

Reunião feita no início de junho entrerepresentantes do Instituto Virtual dePaleontologia da FAPERJ (IVP), daPetrobrás e do DRM-RJ marcou o início daconstrução da cerca para demarcar o Par-que e a recuperação de um galpão e umasala de recepção para as futuras instalaçõesno local. Também estavam presentes ao en-contro 20 bolsistas Jovens Talentos – umprograma da FAPERJ em parceria com oCentro de Ciências do Estado do Rio deJaneiro (Cecierj) e Fundação Oswaldo Cruz

(Fiocruz). Os jovens estudam na EscolaMunicipal Francesca Carey e estão rece-bendo treinamento para serem guias-mirinsna área do parque.

O trabalho dos futuros guardiões doparque paleontológico, que se iniciou nodia 5 de novembro de 2004 com uma reuniãoentre os bolsistas e seus orientadores –pesquisadores ligados ao IVP –, faz partedos esforços do Instituto Virtual de Paleon-togia para revitalizar a área.

Segundo a coordenadora do IVP, MariaAntonieta Rodrigues, a revitalização da áreaé essencial para que o distrito de São Joséentre num novo ciclo de crescimento eco-nômico. “O projeto pode vir a gerar váriosempregos diretos e indiretos em turismoambiental na região, que hoje é praticamen-

te uma cidade-dormitório”, explica ela.

A região do parque guarda registros derochas que variam de 65 a 70 milhões deanos até depósitos mais recentes relaciona-dos ao homem pré-histórico. A bacia calcáriade São José é a única do Estado do Rio queconta com fósseis, principalmente de mamí-feros primitivos, répteis, aves e sementes,entre outros.

No ano de 1984, deixando uma cava de 70metros de profundidade, a mineração encer-rou suas atividades e doou o terreno para aprefeitura. Logo, a cava foi sendo preenchidapor água subterrânea e de chuvas, o que criouum lago artificial que atualmente abastece deágua os cerca de 10 mil moradores da locali-dade, situada próxima a Niterói. Em 2 de abrilde 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí

Em períodos de seca, os B. salgadoensis se agrupavam em pequenas lagoas à espera da chuva

declarou a área de utilidade pública e em de-zembro de 1995, foi criado por lei o ParquePaleontológico de Itaboraí.

Um dos parceiros do IVP na revitalizaçãodo parque, a organização não-governamen-tal Instituto Walden elaborou um projetoque prevê um museu, trilhas ecológicas/ge-ológicas, laboratórios e infra-estrutura paraos visitantes. O projeto visa à criação deempregos no setor de turismo ambiental –um modo de combater o desemprego queatinge a região a partir da decadência daatividade cimenteira.

De acordo com Maria AntonietaRodrigues, outro ponto alto da reuniãofoi a presença do ambientalista SérgioRicardo, que tem vasta experiência emmeio ambiente.

Ilustração: Pepi

Mario Nicoll

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10 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br

Faperjianas

O diretor-presidente da FAPERJ, PedrictoRocha Filho, é o mais recente integrante doConselho Estadual de Cultura. Nomeado em18 de maio, assumiu a cadeira antes ocupadapelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto.Como pesquisador e titular da fundação esta-dual de amparo à pesquisa, acrescenta ao con-selho o saber ligado à pesquisa em ciência etecnologia.

“É uma honra integrar este conselho”, dis-se Rocha Filho em seu breve discurso de pos-se. A ocasião coincidiu com o lançamento daquarta edição do projeto Rio de Janeiro emMapas, que retrata o bairro de Santa Teresa.Cada conselheiro ganhou um exemplar domapa do novo colega. Após a cerimônia deposse, todos os que usaram a palavra dirigi-ram saudações especiais ao novo conselheiro– inclusive a deputada Alice Tamborindeguy,convidada da reunião daquela semana.

Rocha Filho assume cadeira no Conselho Estadual de CulturaPresidente da FAPERJ ocupa vaga aberta com a saída de Luiz Carlos Barreto

Anúncio de mamífero raro

Um mamífero raro que viveu há 65 mi-lhões de anos em território fluminense de-verá ganhar notoriedade até o final de2005. Os fósseis do animal – cujo nomecientífico ainda é segredo – foram reuni-dos pela pesquisadora Lílian PaglarelliBergqvist no laboratório de macrofósseisdo Departamento de Geologia da UFRJ. Osequipamentos do laboratório onde a pes-quisa vem sendo realizada foram adquiri-dos com recursos repassados pela FAPERJà Bergqvist - contemplada em 2004 no pro-grama Primeiros Projetos da Fundação.

Catálogo de Edições

Uma edição atualizada do Catálogo deEdições FAPERJ saiu do prelo em maio, sen-do apresentada pela primeira vez na 12ªBienal do Internacional do Livro, realizadano mesmo mês. O catálogo, de 120 páginas,traz uma lista de obras publicadas com oapoio da Fundação por meio de seu progra-ma Auxílio à Editoração (APQ3). O progra-ma tem garantido a publicação de um ex-pressivo número de títulos, além deviabilizar também a produção de CDs,DVDs, sites/portais, catálogos e similaresque divulguam e documentam resultados depesquisas, debates acadêmicos, repositóriose fontes.

Reunião do Fórum das FAPs

Uma nova reunião conjunta do FórumNacional de Secretários Estaduais para As-suntos de C&T e do Fórum Nacional dasFundações de Amparo à Pesquisa foi reali-zada em meados de abril, em Vitória. Osparticipantes concordaram com a necessi-dade de preservar o orçamento do Ministé-rio da Ciência e Tecnologia e de iniciativascomo os Programas de Apoio a Núcleos deExcelência (Pronex), de DesenvolvimentoRegional e Primeiros Projetos.

CS em reunião na ABC

Pela segunda vez desde o final de 2004,a sede da Academia Brasileira de Ciências(ABC) foi palco, no início de abril, de umareunião extraordinária ampliada do Con-selho Superior (CS) da FAPERJ. O encon-tro, realizado com o objetivo de discutirtemas de interesse da comunidade científi-ca do Estado do Rio, contou com a presen-ça de sub-reitores, coordenadores de áreada FAPERJ e pesquisadores, além de inte-grantes do CS e da diretoria da Fundação.

Revista Rio de Janeiro

Já está circulando desde o final de ju-nho um novo número da Revista Rio de Ja-neiro, publicação quadrimestral do Fórum

do Rio de Janeiro/Laboratório de PolíticasPúblicas da Uerj, com apoio da FAPERJ. A12a edição traz dossiê temático Violência –Percepções e Propostas de Intervenção. Apublicação, que inclui entrevista exclusivacom a antropóloga Alba Zaluar, foi, destavez, organizada por Cesar Caldeira, EmilioDellasoppa, João Trajano, Marcos Bretas eMichel Misse.

Ciência e segurança pública

O pesquisador Cláudio Lopes Cerqueira,do Laboratório de Síntese e Análise de Pro-dutos Estratégicos do Instituto de Químicada UFRJ, recebeu no final de junho, home-nagem especial das polícias Civil e Militardo Rio de Janeiro. A homenagem deveu-seespecialmente aos resultados que o uso doluminol vem possibilitando no decorrer dediversas investigações policiais. A substân-cia é fornecida à polícia pelo laboratório coor-denado por Lopes, que tem apoio da FAPERJ.

Seminário do Projeto Integralidade

De 14 a 16 de setembro próximo, a Uerjsedia o 5º Seminário do Projeto Integra-lidade: saberes e práticas no cotidiano dasinstituições de saúde, que desta vez abor-dará o tema Construção Social da Deman-da. Organizado pelo Laboratório de Pesqui-sas sobre Práticas de Integralidade da Saú-

de, que conta com apoio da FAPERJ, o semi-nário foi dividido em três eixos temáticos: odireito à saúde, o trabalho em equipe e a par-ticipação e os espaços públicos. Informações:www.lappis.org.br e tel. 2284-8249.

11º Boletim do IVE

O pesquisador do Instituto Virtual do Es-porte (IVE) Gilmar Mascarenhas, coordena-dor do Projeto Impacto sócioeconômico dosjogos Panamericanos e dos Jogos Olímpicos,integra o Comitê Social do Panamericano de2007.Outras informações estão na 11a ediçãodo boletim eletrônico do IVE. Entre os desta-ques da edição está a invasão de filmes so-bre futebol no Festival de Cinema de Cannes.Confira em: www.ceme.eefd.ufrj.br /ive/bole-tim/bive200506/home.htm.

Rio Inovação financia laboratório

A Grom Acústica e Automação inaugu-ra até o fim do ano o primeiro laboratório decalibração acústica do RJ. Com recursos doedital Rio Inovação, da FAPERJ, que con-cedeu R$ 225 mil para o projeto, o laborató-rio será responsável pela calibração de apa-relhos medidores de ruídos, que utilizam so-fisticada tecnologia. Entre os clientes empotencial estão empresas das áreas de acús-tica ambiental, automotiva e industrial.

O Conselho é composto por 21 membrosefetivos e quatro suplentes. Os conselheiros têmmandatos de quatro anos a partir da nomeaçãopelo governador do estado, por indicação dosecretário de estado de Cultura. Os integrantessão escolhidos entre pessoas de notável saber eexperiência nos diversos campos da culturafluminense. Entre eles, a literatura, as ciências,as artes plásticas, a música, o cinema, o teatro, ojornalismo e o meio ambiente.

O Conselho Estadual de Cultura do Rio deJaneiro é um órgão que presta assessoria su-perior ao poder público em matériasnormativas, consultivas e de planejamento li-gadas a questões da política cultural. Entre assuas atribuições estão colaborar na formula-ção da política cultural do estado, no cumpri-mento de normas e atos, visando uma açãointegrada no processo de desenvolvimentocultural e sócioeconômico do estado.Rocha Filho discursa diante dos novos pares durante a cerimônia de sua posse no CEC

Foto: Paul Jürgens

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Universidades

Novos editais destinamR$ 1,65 milhão a Uenf e Uerj

O Programa de Apoio às EntidadesEstaduais de Ciência e Tecnologia desti-nou, nos quatro mais recentes editaispublicados pela FAPERJ, R$ 1,65 milhãoà Uerj (Universidade do Estado do Riode Janeiro) e à Uenf (Universidade Esta-dual do Norte Fluminense Darcy Ribei-ro). Os dois editais que contemplarãopesquisadores da Uenf foram lançadospelo secretário de Ciência, Tecnologia eInovação, Wanderley de Souza, e pelodiretor-científico da FAPERJ, JersonLima. O anúncio foi feito dia 29 de junhoem solenidade na sede da universidade,em Campos dos Goytacazes, na RegiãoNorte Fluminense.

Com investimentos de R$ 500 mil, oedital Apoio à Universidade Estadualdo Norte Fluminense Darcy Ribeiro daráprioridade a projetos voltados para odesenvolvimento científico e tecno-lógico do estado.

O segundo edital, Melhoria da Infra-Estrutura Técnico-Científica dos Cur-sos de Pós-Graduação da Uenf, prevêinvestimentos de R$ 150 mil para o apoioà melhoria da infra-estrutura de pesqui-sa técnico-científica dos cursos de pós-graduação.

Nos editais destinados à Universi-dade Estadual do Norte FluminenseDarcy Ribeiro, a data limite para entregadas propostas é 5 de agosto e o tetomáximo para cada projeto é de R$ 30 mil.

Pesquisa

As possíveis variaçõesgenéticas do dengue

Na Uerj, o lançamento dos editais tam-bém foi feito por Wanderley de Souza epor Jerson Lima e recebido com entusi-asmo por diversos representantes docorpo docente da universidade. Entre ospresentes na solenidade, no dia 6 de ju-nho, estiveram o reitor da Uerj, Nival Nu-nes de Almeida; a sub-reitora de Pós-gra-duação e Pesquisa, Albanita Viana deOliveira; a sub-reitora de Graduação, Ra-quel Villardi, e a sub-reitora de Extensãoe Cultura, Maria Georgina Muniz Wa-shington.

O edital Apoio à Universidade doEstado do Rio de Janeiro destina R$ 500mil a projetos de pesquisa que devemlevar em conta, principalmente, o méritocientífico e tecnológico e sua relevân-cia para o desenvolvimento econômicoe social do estado.

O edital Melhoria da infra-estrutu-ra técnico-científica dos cursos de pós-graduação da Universidade do Estadodo Rio de Janeiro também prevê o de-sembolso de R$ 500 mil. De acordo comas regras previstas, os recursos deverãoser aplicados em projetos de melhoriada infra-estrutura técnico-científica doscursos de pós-graduação.

Os projetos que concorrem ao editalda Uerj devem ser entregues à FAPERJaté o dia 12 de agosto. Nesses editais, oteto máximo previsto para cada projetotambém é de R$ 30 mil.

No auditório da Uerj, a platéia acompanhou atenta a solenidade de anúncio dos editais

A s terríveis epidemias de dengue queafligiam o povo fluminense são coisa do passado. Ainda assim, as au-

toridades de saúde não medem esforçospara manter a situação sob controle. Avirologista Liane de Castro, da Fiocruz, con-templada no programa Primeiros Projetos daFAPERJ, está desenvolvendo a pesquisaAnálise de polimorfismos de genes ligadosao HLA na infecção pelo vírus dengue –um estudo retrospectivo de casos atendi-dos no Instituto de Pesquisa ClínicaEvandro Chagas (Ipec) em 2001 e 2002. Ovírus causador da doença, transmitido pelomosquito Aedes aegipty, provoca sintomascomo febre, dor atrás dos olhos e nas juntas,fraqueza, falta de apetite e vermelhidão.

O estudo é parte de amplo trabalho de-senvolvido na Fiocruz sobre a história re-cente da reintrodução do vírus do dengueno Brasil. “Participamos em 1994 do comitêconsultivo da Organização Pan-Americanade Saúde (Opas) que elaborou o Manual deControle e Prevenção da Febre Hemorrágicado Dengue (FHD/SCD) nas Américas, doManual de Vigilância Epidemiológica e Aten-ção ao Doente do Ministério da Saúde (MS)em 1996, e do grupo que elaborou a Defini-ção de Critérios de Confirmação de Casosde FHD no Brasil (junho/2001), também doMS”, recorda Liane.

Ela, entretanto, adverte que ainda há pou-cas pesquisas com foco na associação de fa-tores genéticos e étnicos e o desenvolvimen-to da FHD. “Nossa pesquisa, ao voltar-se parainvestigar esses fatores, vem ajudar a preen-

cher esta lacuna e contribuir para a descriçãodo desenvolvimento clínico da febrehemorrágica do dengue”, complementa.

Alguns resultados do estudo foram apre-sentados no Congresso Brasileiro de Medi-cina Tropical, realizado em março, em SantaCatarina, e ganharam o primeiro lugar nacategoria ‘Outros Vírus’ do evento. “Atéagora 52 pacientes do Ipec já participaramdo nosso levantamento, sendo 42 pacien-tes que tiveram febre clássica do dengue e10 que tiveram FHD”, conta Liane.

“As amostras de sangue dos enfermostiradas molecularmente para antígenos san-guíneos associados a leucócitos humanos(HLA) do dengue tipo 1 apresentaram re-sultados bastantes interessantes”, explicaLiane. “Porém, para a confirmação de de-terminados HLA com a evolução clínica paraa forma mais grave da doença, necessita-mos de uma amostragem com um númeromaior de casos de FHD. Por isso, estamosbuscando a colaboração de outros hospi-tais do município”, acrescenta.

O apoio da FAPERJ tem sido fundamen-tal, afirma a pesquisadora.“Graças à Funda-ção, adquirimos instrumentos mais adequa-dos para nossos estudos, o que nos permitiuagilizar os experimentos.” Para Liane, a análi-se de polimorfismos do gene HLA serve paraidentificar fatores genéticos que possam ex-plicar a predisposição de algumas pessoaspara a FHD. “Dessa maneira, esperamos quenosso trabalho contribua para o desenvolvi-mento de vacinas e drogas relacionadas àinteração vírus-hospedeiro”, conclui.

Foto: Vinicius Zepeda

A virologista Liane de Castro (de amarelo) com sua equipe: de olho na vacina contra dengue

Foto: Divulgação Ipec

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Cultura

Rio em Mapas: Santa Teresa é o tema da 4ª edição

O bucólico bairro de Santa Teresa, cená-rio de algumas das histórias de Machado deAssis, é o tema da quarta edição do projetoRio de Janeiro em Mapas da FAPERJ,lançada em 16 de maio no Museu da Cháca-ra do Céu. Dessa vez, as ilustrações ficarama cargo da artista Ana Maria Moura, quetem um ateliê no bairro. O catálogo ilustradoque acompanha o mapa reúne informaçõeshistóricas sobre instituições, construções emonumentos localizados na região.

“Este projeto contribui para reforçar osenso de cidadania daqueles que habitamas regiões retratadas nos mapas, na medidaem que enriquece e revaloriza locais e even-tos históricos aos olhos dos próprios mora-dores”, disse o presidente da FAPERJ,Pedricto Rocha Filho.

Para recriar construções como a que abri-ga o Museu da Chácara do Céu, a Igreja e oConvento de Santa Teresa, Ana Maria Mourateve como base um estudo arquitetônicofeito pelo arquiteto Kleris Albernaz. A pes-quisa histórica realizada por Marcos LuizBretas possibilitou a criação do catálogoque, além da história dos prédios, traz am-plo serviço sobre as entidades de pesquisa,

igrejas, solares, museus, centros culturais eoutras instituições.

O estudo comprovou a importância his-tórica do bairro. Embora bastante alteradoem seus traços originais, o prédio da Igreja

e Convento de Santa Teresa é um exemplo:ainda exibe características do barroco cari-oca e possui alguns dos melhores exempla-res da azulejaria portuguesa do século 18.Estão ali os túmulos do construtor e do go-

vernador Gomes Freire de Andrade (Condede Bobadela), protetor das freiras que fun-daram a Ordem das Carmelitas Descalças noBrasil. Um grupo de reclusas ainda ocupa oConvento, que possui valiosa coleção de arte.

“Santa Teresa tem gosto pelo diferente.O bairro e seus moradores têm gosto pelafantasia. Exemplo disso são as freirascarmelitas que para cá vieram pra ficar maisperto do céu”, conta o historiador do Riode Janeiro em Mapas, Marcos Luiz Bretas.De fato, a fantasia está bem sugerida emmuitas das edificações retratadas, como oCastelo Valentim, que parece saído de umconto de fadas, e o prédio que hoje abriga oCentro Educacional Anísio Teixeira – quepode lembrar tanto um forte como um cas-telo de Drácula.

Outro exemplo é o Museu Chácara doCéu, que abriga uma importante coleçãode arte brasileira e internacional, que in-clui obras de Portinari, Picasso, Matisse,Dali e Debret. Com tiragem de 2.000exemplares, o catálogo e o mapa de San-ta Teresa são distribuídos gratuitamentepara escolas públicas, bibliotecas e insti-tuições de ensino.

Estudo arquitetônico e histórico comprova a importância das construções do bairro

Um dos mais antigos bairros do Rio, Santa Teresa abriga um grande número de ateliês de artistas

No único país da América Latina emque predomina o português coe-xistem 180 línguas indígenas, além

de cerca de outras 30 línguas de imigran-tes da Europa, Ásia, Oriente Médio e atéde outros países do continente americano.Os dados, do censo demográfico de 2000,mostram que somos uma nação‘plurilíngue’. Para a maioria dos estudio-sos, toda manifestação lingüística deve sertratada como patrimônio cultural.

Esta também é a opinião da pesquisa-dora Mônica Maria Guimarães Savedra,doutora em Lingüística pela UFRJ e quehá mais de 15 anos se dedica ao tema. Se-gundo ela, as iniciativas no âmbito de go-verno visando ao reconhecimento daquestão ainda são tímidas. “Somos umpaís plurilíngüe, mas em alguns casos decontato lingüístico, como por exemplo emsituações originadas no contexto da imi-gração e de nossas fronteiras, ignoramosesta condição e agimos como se fôsse-mos monolíngües”, diz a professora da

PUC-Rio, que coordena um grupo de pes-quisa sobre o assunto com alunos de gra-duação e de pós-graduação do Departa-mento de Letras da universidade.

Em 2004, contemplada no programaPrimeiros Projetos da FAPERJ, Savedra in-tensificou suas pesquisas sobre o ‘pluri-linguismo’ nacional com o projeto Políti-ca Lingüística no Brasil e no Mercosul:O Ensino de Primeiras e Segundas Lín-guas em Bloco Regional.

A pesquisa tem por objetivo buscarsubsídios para a formulação e a imple-mentação de uma política lingüística nopaís que contemple o grande número delínguas e idiomas de fronteira que coexis-tem em todo o território nacional. “É es-

sencial a identificação dessas comunida-des de contato, uma vez que acreditamosser fundamental trabalhar para a preser-vação dessas manifestações lingüísticas,que são parte da cultura brasileira”, diz.

O projeto dá continuidade ao estudoque gerou a tese de doutorado deSavedra, em que ela estabelece a diferen-ça entre bilingüismo (condição de usuári-os de duas línguas) e bilingualidade (dife-rentes estágios de domínio lingüístico nouso destas línguas). A professora estu-dou situações de bilingüismo com basenos diversos estágios de ‘bilingualidade’definidos pelo uso das línguas nos ambi-entes comunicativos familiar, social, esco-lar e profissional.

Segundo a pesquisadora, essa aquisi-ção pode se dar de diversas formas. Exem-plos são as populações que vivem nasproximidades das fronteiras, a convivên-cia com imigrantes e o contato lingüísticoestabelecido por comunidades religiosas.Para Savedra, sendo membro do Mercosul,é essencial para o Brasil a formulação eimplementação de políticas lingüísticas noâmbito das iniciativas empreendidas poreste bloco regional.

O auxílio da FAPERJ, segundo a pes-quisadora, permitiu consolidar o grupo depesquisa que ela dirige, composto atual-mente por uma doutoranda, quatromestrandas e três alunos de graduação combolsas de iniciação científica, que se de-dicam com afinco ao tema.

O trabalho de Mônica Savedra está in-serido na linha de pesquisa intituladaInterfaces lingüísticas e culturais: tradu-ção, ensino e bilingüismo do programa depós-graduação em Letras da PUC-Rio, vin-culado ao projeto Línguas em contato:bilingüismo e bilingüalidade, que é coor-denado pelo professor Jürgen Heye.

Ilustração: Ana Maria Moura

Um país de 200 idiomasEstudo avalia políticas ligadas a uso desegundas línguas no Brasil e Mercosul

Paul Jürgens