clipping voce s/a_battle of concepts brasil_2011

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mercado ® INOVAÇÃO TERCEIRIZAÇAO DE IDEIAS Em busca de soluções inovadoras, as empresas utilizam a internet para propor desaíios de negocios aos jovens NATAl"U."'SI a década de 1980, os executivos de grandes empresas enchiam o pe ito para dizer que suas companhias ti- nham programas de qualidade - na época, umdiferendal competitivo. O desafio então era pa- dronizar os processos de produção e otimizar o tempo de desenvolvimen- todo produto. Esse período ficou pa- ra trás e o maior desafio das empre- sas na atualidade é inovar. Criar o no- vo se tomou uma questão de sobre- vivência em um mercado de compe- tição global. Por isso, as corporações que querem ter um negócio susten- tável têm buscado - dentro e fora de casa- ferramentas que impulsionem o surgimento de projetos no mínimo inspiradores. "Raramente ide ias ino- vadoras são encontradas dentro da or- ganização. Oambiente corporativode- forma os funcionários e faz com que eles percam a diz o ho- landês Hans van Hellemondt, espe- cialista em inovação. O diretor de ambientes digitais e inovação da construtora Tecnisa, 44 janeiro de l(ll1 vocesa.com.br Romeo Bussarello, acredita que as pessoas estão executando muito e criando pouco, como se operassem no a utomático. "Traba lh amos de- m ais, concentrados na rotina diá- ria, nos prazos, e não conseguimos ter novas ideias. As organizações nos deixam embrutecidos e temos que ter humildade de ir para O mercado buscar inspiração", diz o exe<:utivo. Observa ndo essa tendência no Bra- sil, Hans trouxe para cá uma ideia que surgiu na Holanda em 2005, o site Battle of Concepts (BOC). Aqui, ele se associou à empresa TerraFo- rum e traduziu O nome do site para Batalha de Conceitos, que estreou no final de 2009. Na página, as compa- nhias lançam desafios online, nor- malmente relacionados a problemas interno dos negócios, e estudantes universitários ou jovens profissio- nais, com idade entr e 17 e 30 an os, posta m suas soluções. "O funcio- nário é cobrado por resultados. Ele não pode desviar das metas e das tarefas do dia a dia, e por isso não consegue criar. pressão para ino- var, mas não tempo para isso. nas universidades, os estudantes têm tempo e, por isso, os resulta- dos lá são melhores", diz o executi- vo-chefe da TerraForum, José Cláu- dio Terra. A vantagem desse modelo é que os profi ssiona is estão expos- tos a outros ambientes que não o de uma corporação e, dessa forma, têm a cabeça aberta para experimentar. O mel hor é que esses estudantes estão criando projetos com quase o mesmo nível de profi ssional ismo en- contrado nas corporações, às vezes, em áreas que nãosãoas deles. "O mo- delo permite reunir jovens talentos com competências técnicas, mas que n ão estão sob a pressão do cotidia- no das empresas", completa Mônica Reiter 8issi, gerente de RH da Vopak, empresa especializada em armazena- mento de gás liquefeito, óleos e pro- dutos petroquímicos. No site, as em- presas ficam com a propriedade inte- le<: tual dos projetos, podendo ou não colocá-los em prática. As dez melho- res soluções dividem cerca de 15 000 reais. participaram do BOC 7000 es- tudantes, 180 universidades e 13gran- des empresas, como A mbev e Natura.

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Matéria sobre Inovação Aberta promovida pela empresa Battle of Concepts Brasil / TerraForum, publicada na Você S/A - edição Janeiro 2011.

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Page 1: Clipping Voce S/A_Battle of Concepts Brasil_2011

mercado ® INOVAÇÃO

TERCEIRIZAÇAO DE IDEIAS Em busca de soluções inovadoras, as empresas utilizam a internet para propor desaíios de negocios aos jovens ~ NATAl"U."'SI

a década de 1980, os executivos de grandes empresas enchiam o peito para dizer que suas companhias ti­nham programas de

qualidade - na época, umdiferendal competitivo. O desafio então era pa­dronizar os processos de produção e otimizar o tempo de desenvolvimen­todo produto. Esse período ficou pa­ra trás e o maior desafio das empre­sas na atualidade é inovar. Criar o no­vo já se tomou uma questão de sobre­vivência em um mercado de compe­tição global. Por isso, as corporações que querem ter um negócio susten­tável têm buscado - dentro e fora de casa- ferramentas que impulsionem o surgimento de projetos no mínimo inspiradores. "Raramente ide ias ino­vadoras são encontradas dentro da or­ganização. O ambiente corporativode­forma os funcionários e faz com que eles percam a criatividade~, diz o ho­landês Hans van Hellemondt, espe­cialista em inovação.

O diretor de ambientes digitais e inovação da construtora Tecnisa,

44 janeiro de l(ll1 ~ vocesa.com.br

Romeo Bussarello, acredita que as pessoas estão executando muito e criando pouco, como se operassem no automático. "Trabalhamos de­mais, concentrados na rotina diá­ria, nos prazos, e não conseguimos ter novas ideias. As organizações nos deixam embrutecidos e temos que ter humildade de ir para O mercado buscar inspiração", diz o exe<:utivo.

Observando essa tendência no Bra­sil, Hans trouxe para cá uma ideia que surgiu na Holanda em 2005, o site Battle of Concepts (BOC). Aqui, ele se associou à empresa TerraFo­rum e traduziu O nome do site para Batalha de Conceitos, que estreou no final de 2009. Na página, as compa­nhias lançam desafios online, nor­malmente relacionados a problemas interno dos negócios, e estudantes universitários ou jovens profissio­nais, com idade entre 17 e 30 anos, postam suas soluções. "O funcio­nário é cobrado por resultados. Ele não pode desviar das metas e das tarefas do dia a dia, e por isso não consegue criar. Há pressão para ino­var, mas não há tempo para isso. Já

nas universidades, os estudantes têm tempo e, por isso, os resulta­dos lá são melhores", d iz o executi­vo-chefe da TerraForum, José Cláu­dio Terra. A vantagem desse modelo é que os profissionais estão expos­tos a outros ambientes que não o de uma corporação e, dessa forma, têm a cabeça aberta para experimentar.

O melhor é que esses estudantes estão criando projetos com quase o mesmo nível de profi ssional ismo en­contrado nas corporações, às vezes, em áreas que nãosãoas deles. "O mo­delo permite reunir jovens talentos com competências técnicas, mas que não estão sob a pressão do cotidia­no das empresas", completa Mônica Reiter 8issi, gerente de RH da Vopak, empresa especializada em armazena­mento de gás liquefeito, óleos e pro­dutos petroquímicos. No site, as em­presas ficam com a propriedade inte­le<:tual dos projetos, podendo ou não colocá-los em prática. As dez melho­res soluções dividem cerca de 15 000 reais. Já participaram do BOC 7000 es­tudantes, 180 universidades e 13gran­des empresas, como A mbev e Natura.

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VITRINE DE TALENTOS De quanto mais batalhas o jovem participa, maiores as chances de conquis­tar os Battle Points (pontos) e mais inovador será considerado. O site apre­senta um ran king dos alunos e das universidades mais bem colocadas. "De um lado, as empresas têm desafios e querem a ajuda de jovens para resolvê­los. De outro, os estudantes têm necessidade de mostrar para o mundo seu talento", diz o holandês Hans van Hellemondt. Na Holanda, o site 6cou tão famoso que jovens profissionais passaram a colocar os pontos no currículo. E tudo indica que aqui iremos pelo mesmo caminho. "Recebemos ligações de um banco pedindoos contatos dos 2oprimeiros jovens do rankingporque eles querem contratá-los", diz José Cláudio Terra. E a ideia é essa mesmo. As empresas não necessariamente estão buscando soluções prontas. Elas que­rem insights e, principalmente, o contato com os bons talentos.

CAOS FOCADO Foi esse o nome que o R!\IOO de três estudantes de engenharia maca­

trônica da PoIi-USP deram ao pro­

cesso de broinstoJm que c riaram. Daniel Damas, de 25 anos, Mui Chaves. de 25, e D!C:Igo Dutra. de 24, tem em comum a vontade de tra­

balhar com inovação. Miguel trou­xede um curso no Institutode Tec­

nologia de Massachusetts a ex­periência sobre processo de crta­tivldade e DJagO trouxe de um ln­

tercamblo na França teorias do

curso de engenharia de designo

Juntos, transformaram acasa do amigo Daniel num laboratMo on­

de reCinem pessoas de diversas

Eireas em busca da diversidade de pensamentos. ~A mistura traz

Idelas criativas", diz Daniel. A cada

encontro, depois de muitos post­

its. eles tem cerca de 300 idelas.

O grupo se classifiCou em Plugar

na Batalha da Tecnlsa. Criaram o

projeto de um condominio de prEi­

dios que sequestra gas carbOnl­

co (COd e o vende no mercado de cra:dltos. Dessa fOfl'Tla, os morado­

res se apropriariam do dinheiro e

ni!:io teriam de pagar as taxas de condOmlnlo. ~auem economizar

mais na emlss~o de C02 vende co­tas para os vizinhos", afirma Dlogo.

Eles ficaram em 69 logar na Batalha

da vopak e em 311 na lnovatec. feifa

de lnovaç~o do govemo de Minas Gerais. ' Varias empresas nos con­

vidaram para trabalhar, mas não

aceitamos porque vamos montar

a nossa prOpria companhia", diz

Miguel. Na Batalha. a Tecnlsa re­

cebeu 52 soluç:Oes e montou uma

equipe de avaliaçlk). ~Noo quere­

mos Ideias prontas, mas, sim, a

Insplraç~o que mova nosso pes­soat, afirma Romeo Bussarello.

voceaa.ccm.br ~ j;oneiro de 2011 45

Page 3: Clipping Voce S/A_Battle of Concepts Brasil_2011

mercadoS INOVAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO COMPARTILHADA

Na Holanda, atê o seta pCbico entrou na brh::adeira "La. o Minis­

t~ da Educação pediu ldelasdo que poderia ser feito para dimirur o IndiOe de 30070 de alunos que deixam 8 faculdade pOblica no

pr1melro ano. Com Isso, o gover­no mostra que quer se aproximar dos lideres do futuro", diz o holan­dês Hans van He/Iemondt

Seguindo o exemplo. Minas Gerais lançou uma batalha na

fei'a lnovatec. "O governo seu da caixa e oomeçou a trabatlar com a scx::iedade. O normal ti o gover­no criar e levar pera tora. AqI.j, ele

tanta compartIha(, para ser mais

eficlente-, dIZ Hebef PereIra Ne­

ves, coordenador da tnovatec. A dupla vencedora foi a de

estudantes de publicidade da ECA-USP, ErIc Anacleto Ribeiro,

de 21 anos, e sarbars Dom Za­

chl, de 22. Eles propuseram criar

um portal com sistema de feed. desenvolver um aplicativo para

smartphone. realizar pop up sto­

ras e uma disputa por empresas junlores. ~A proposta fOi uma das

mais criativas. Reuniu processos que ja existiam em um sõ", afir­

ma Heber. A Secretaria de Esta­

do de Ciência, Tecnologia e EnsI­

no Superior de Minas Gemis de­

ve LIlir vanas ideias em um Cnioo prOjeto. Mparticlpar de um desa­fio aberto de II"IOVaÇão valortzou o meu clJI1'lcuIo e aumentou mi­nha oonfiança ciante de desafios que posso encontrar no 11"Ief'Ca­

do", diz Barbara. Er\c concorda:

"Aprendi muito mais do que nas ~as aulas da faculdade, por­

que vivemos a teoria na pratica·.

46 janeiro d~ JQU -+lIOQfIla.com.bt

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EXPERIÊNCIA NO CURRÍCULO Gabriel Estavam Domingues. de 22 anos, estudante do primeiro ano de en­

genharia ambiental na Unlmoota. em Santos, peQOU o BOsto pela pesquisa

por causa do BOC. Ficou sabendo do sita peles redes sociais e resolveu aceitar o desafio proposto pela v opak: , empresa do setor qulmlco.

Ele desenvolveu um processo de aquecimento por traços ell!itrlcos, que

converte energia ell:!trica em tl§rmlca e somou a Isso conceitos de Isola­

mento nos tanques e nas tubulações. Para convencer a empresa, apre­sentou um projeto abrangente. Fez ca\cuJos de calorlmetria, um memor1al

descritivo no qual explica os cabos que seriam utilizados e um pequeno estudo de viabilidade ec0n6mlca. ~o projeto do Gabriel foi o que apresen­tou mais elementos que pocIeflam ser colocados em prEitlca~, diz MOnica Reiter BIssl, gerente de recursos humanos da vopak com sede em San­

tos, no estado de São Paulo. Para lançar a batalha, a companhia se utili­

zou de um processo de Inovação aberto intarnamente. ~Pedlmos a parti­

cipação dos funCionarias para qua nos ajudassem a Identificar quais se­

riam os nossos desafios. Isso estimulou a reflexão", conta M Onica. Para a

vopak, alguns fatores são Importantes: o estreitamento de laços com jo­

vens talentos e o reforço da cultufa de Inovação entre os colaboradores.

Gabriel participou de duas batalhas dessa companhia, ficou em J2e 22 lu­

gar e esta em 32 1ugar no ranking gereI. "Antes, eu mandava meu curr1culo

e nl:lo era aceito porque nl:Io tinha experiência. Agora, estou etê recusan­

do proposta de trabalho", diz o estudante. O

UM CONVITE Á INOVAÇÃO ABERTA

.. Na mesma onda do Batalha de conceitos, outros sitas est{k) surgin­do. Ja existe o Zooppa, no Qual empresas lançam seus desafios voltados a publicidade, e artistas criam peças publ!citl:irlas e ati;i campanhas em video. Os prêmios stlo polpudos, aproximadamente la 000 dOlaras para o escolhi-do. Grandas marcas têm passado por la, como Riachuelo, Sprlte, Axe, Greenpeace e Tecnisa .

.. Inspirada pelo soe e pelo Zooppa, a Tacnlse criou seu prOprlo site de Inovação aberta, o Tacnlse Ideias. Em menos de 60 dias, foram enviadas 500 Idelas. "Recebemos Inspirações que nos levam a outras Idelas". diz Romeo SussareUo.

.. A Whlrlpool tambêm tem duas ferramentas de Ino­vação aberta: o Freedom. um prc;eto da Brastemp Que prop& o desenvol­vimento de eletrodomês­tlcos conceito. processo de crlaç{k) conjunta com consumidores para enten­der suas reais necessida­des e colher percepções. E o Prêmio Inova, Que Incentiva pesqUisas em tacnologla, Inovação e deslgn entre estudantes e professores de graduação e pOs.-graduação. "Nesse tipo ele Inlciatlv8, a expec­tativa j; Que uma resposta criativa se some as ações Ja desenvolvIdas pela empresa. Afinai, promove o contato com um pOblico Que esta exposto a outro tipo de ambiente, por isso. tem ref8(ênclas e pontos de vista dlf9fentes, Que ao agregam ao processo", diZ Mario Florettl, gefente­geral de desIgn Industrial e inovaçao da Whlrlpoot

_ o;:om.b! ~ j~neiro de lQll 47

Fabio
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