clínica menor

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  • ResumoO objetivo deste trabalho apresentar reflexes acerca da clnica contempornea, investigando a biopoltica e o posicionamento do profissional perante esse processo. Nesse contexto, a partir das idias de Flix Guattari e Gilles Deleuze, o texto analisa os processos de subjetivao e resistncia na clnica, propondo uma clnica menor.

    Palavras-chave: clnica social; biopoltica; resistncia.

    AbstractThis paper aims to present reflections about the contemporary clinic, analysing the biopolitic and the role of the professional in this process. In this context, based in Flix Guattari and Gilles Deleuze's ideas, it investigates the subjetivation and resistance process in clinic, proposing a smaller clinic.

    Keywords: social clinic; biopolitic; resistance.

    Roberta Carvalho Romagnoli Psicloga; mestre em Psicologia Social pela UFMG;

    doutora em Psicologia Clnica pela PUC-SP; professora da PUC-Minas/Ncleo Universitrio Betim.

    A INVENO COMO RESISTNCIA: por uma clnica menor

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  • Ter o sonho contrrio: saber criar um tornar-se menor."GillesDeleuze & Flix Guattari

    A partir das novas formas de poder disseminadas no mundo contemporneo e dos impasses que as acompanham, este texto se prope problematizar a clnica atual em sua articulao com a vida, refletindo acerca do espao teraputico como um dispositivo para a produo de processos de subjetivao singulares e inventivos, como uma tentativa de driblar a homogeneizao, a reproduo de modos de existncia presentes em nossa sociedade. Vale lembrar que pensar a relao entre clnica e vida , sem sombra de dvida, pensar tambm a poltica e os mecanismos cada vez mais sutis de dominao e de poder que gerenciam o cotidiano das subjetividades, em todos os domnios, e aqui, mais especificamente, no territrio clnico.

    Novas formas de poder: a sociedade de controle

    Examinando o mundo globalizado, Hardt (2000) afirma que vivemos hoje em uma sociedade mundial de controle. Fruto tanto do enfraquecimento da sociedade civil quanto da constituio do imprio, essa nova sociedade distingue-se por um funcionamento atravs de redes flexveis, modulares, e apresenta novas formas de poder. Em seu funcionamento, os fluxos, sejam eles de capital, de informao, de servios, de bens, de imagens, circulam por toda parte, geridos pela ausncia de limites concretos. Dessa maneira, o poder exercido pelo imprio no tem nenhuma fronteira territorial ou temporal. Assistimos a uma forma paradigmtica de biopoder, em que cada vez menos h distino entre o dentro e o fora, entre o que pertence a um territrio, a um pas, a uma determinada cultura e o que est fora dessas dimenses. Tomando o lugar dos mecanismos disciplinares elucidados por Michel Foucault, que operavam calcados no poder e nas instituies, esses novos mecanismos de produo da subjetividade so mais difusos e mveis, uma vez que as instituies vivem o que o autor chama de oni-crise, responsvel pela diminuio de seu carter de monitoramento. No entanto a dispensa de mediaes institucionais no os torna menos eficazes e tampouco ocasionam menos efeitos na gerncia da vida.

    J no final da dcada de 1970, Flix Guattari denunciava a presena de um capitalismo mundial integrado, que se esparramava por todo o planeta em um processo geral de desterritorializao. Esse processo:

    Interfere constantemente nas reas mais individuais e mais inconscientes da vida social, sem que seja possvel estabelecer uma ordem de causalidade unvoca entre os nveis planetrios e os nveis moleculares (Guattari, 1981, p.216).

    Mesmo antes dessa intensa globalizao, os efeitos dessa integrao j no paravam de provocar mutaes na subjetividade, e a vida j estava formatada em sua relao com o consumo, com a produo, com o lazer, com os meios de comunicao, com a cultura, enfim o corpo social j se ocupava em produzir e reproduzir modos de existncia.

    Sem dvida, em nossa sociedade, a defesa e a captura da vida apresentam-se onipresentes. Foucault (1999) j trazia essa discusso acerca do biopoder, como poder sobre a vida, calcado em dois eixos: o poder disciplinar e a biopoltica. Essa nova tecnologia de poder, que apareceu no sculo XIX, tinha uma funo, no necessariamente punitiva, mas de monitorao e de ordenao, convocando modos de subjetivao e delimitando a realidade social. Se, por um

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  • lado, o poder disciplinar, se baseia no sistema racional e cientfico da sociedade moderna, investindo nos indivduos e nos corpos, a biopoltica tem como rea de atuao a populao e auxiliada por mecanismos de regulamentao da natalidade, da mortalidade, das capacidades biolgicas, dos efeitos do meio. Tendo como ponto de partida essas idias, mas tambm inspirados em Gilles Deleuze e Flix Guattari, e sua leitura maqunica de produo social, Hardt & Negri (2001) propem uma outra abordagem da biopoltica. Nesse sentido, h um deslocamento do uso do termo biopoltica dos processos biolgicos que incidem sobre os corpos e a populao, como utilizado por Michel Foucault, para a sua articulao com a prpria noo de vida. O termo biopoltica passa a designar, assim, potncia da vida, tanto para ser explorada, serializada, homogeneizada, como para atuar como resistncia, em estreita associao com a inveno: portanto, tanto produo como reproduo, tanto estrutura quanto superestrutura, porque vida no sentido mais pleno e poltica no sentido mais prprio (Hardt & Negri, 2001, p.49).

    Essa alterao faz-se necessria, porque a lgica disciplinar calcada estritamente no saber e nas instituies sofreu alteraes. O poder disciplinar j no se sustenta diretamente nas instituies, embora a biopoltica constitua subjetividades na relao imanente com os dispositivos de saber-poder configurados institucionalmente. Com o enfraquecimento da sociedade civil e com a instaurao de instituies transnacionais e do mercado mundial, o poder ganha uma outra configurao. Produzidas pelo campo de foras sociais, observamos que, apesar das crises das instituies, as subjetividades continuaram a ser moldadas por elas. Contudo, no entender dos referidos autores, o que era produzido, geralmente, dentro das instituies, agora se estende, imanentemente, para todo o campo social, sutilmente, e est camuflado pela possibilidade imensurvel de escolhas. Essa imanncia sustenta um processo fluido de engendramento e corrupo da subjetividade, em que o poder, denominado de biopoltica, encontra-se calcado em fazer viver, e em multiplicar as formas de existncia, em controlar as condies de vida. Esse controle atua hoje em rede e est em todos os lugares na ordem do dia, administrando as formas de vida e seu cotidiano.

    Exportando a crise geral das instituies, a sociedade se esfacela e s funciona dispersando-se, produzindo uma forma de governo que tende para a imanncia o imprio, que

    O novo regime de controle em espao liso e aberto que se exerce atravs de sistemas de comunicao, redes de informao, atividades de enquadramento, e como que interiorizado e reativado pelos prprios sujeitos, no que os autores chamam de estado de alienao autnoma. Atravs de redes flexveis, modulveis e flutuantes, o poder muda de figura, amplia seu alcance, penetrao, intensidade, bem como sua capacidade de mobilizao (Plbart, 2003, p.81).

    Refinando-se os mecanismos de produo de subjetividade, em sua dimenso biopoltica, a vida presa em sua quase totalidade, apostando-se na serializao e na reproduo de modos de existncia. Potncia, capacidade de inveno e produo que modulada, capitalizada, direcionada para o consumo e para a uniformidade. Nesse contexto, [...] identidades locais fixas desaparecem para dar lugar a identidades globalizadas flexveis que mudam ao sabor dos movimentos de mercado e com igual velocidade (Rolnik, 1997, p.19). Essas identidades so chamadas por Rolnik (1997) de identidades prt-a-porter, esteretipos que so moldados pela mdia, pela tecnologia, pela globalizao, e que, apesar de serem maleveis e passveis de mudana, se apresentam imunes ao afetamento das foras que as rodeiam, esto separadas de sua relao com a

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  • vida. Em um mecanismo perverso, o capitalismo elege a criao como ponto central de sua manuteno, para estabelecer territrios-padro e tornar-se mercadoria de consumo da prpria subjetividade. Dessa maneira, a vida esvazia-se de sua vitalidade, no viabiliza outras conexes e foca seu sentido em apenas imitar, embora esse processo venha acompanhado de certa glamorizao.

    Todavia essa mesma biopoltica que produz modos de subjetivao assujeitados, alienados, consumistas e prt-a-porter tambm potncia de vida, no somente poder sobre a vida, assim pode ser inventiva sem se atrelar ao capital, fora universal, principal fonte de valor. J que a capacidade de inveno que nutre o capitalismo contemporneo, ele no a esgota, e podem-se utilizar as condies contemporneas de afirmao da vida para se colocar em agitao sua heterogeneidade. Com certeza, o poder se exerce sobre uma potncia subjetiva que, se convocada, pode tornar-se poder de resistncia, virando a biopoltica pelo avesso. A vida, como multiplicidade heterognea detentora de linhas de virtualidade, tambm produz singularidades, no somente clones, como quando est a servio da sociedade mundial de controle. Nesse sentido, o que est em jogo o plano de produo, do coletivo, seja como agenciamento, seja como atualizao do virtual, como examinaremos a seguir.

    Usando esse raciocnio associado ao territrio clnico e ao que precede esse espao, propomo-nos alguns questionamentos. Nesse contexto, como pensar os processos de subjetivao na clnica? Como driblar as estratgias imperiais de controle? Como usar o espao teraputico como dispositivo para a sustentao de modos de existncia que se criam, de maneira singular, e que emergem como resistncia reproduo, massificao, gerncia da vida?

    Processos de subjetivao e resistncia na clnica

    Sem dvida, tamanha fluidez e circulao de redes de informaes, de imagens, de servios, na sociedade contempornea, no s afeta a subjetividade de maneira reprodutiva, mas tambm pode for-la a criar novas formas de vida para incorporar essas constelaes de foras que a afetam. Os processos de subjetivao podem direcionar-se a repetir, a imitar, mas tambm podem gerar processos positivos e singularizantes, e que, por sua vez, funcionam como resistncia. Dessa forma, cabe salientar que, mediante esses novos modos de exerccio do poder no momento atual, a resistncia no mais adequada apenas recusa, oposio direta das foras em jogo, mas produo de dispositivos singulares que no estejam a servio da serializao instituda. Em um contexto de homogeneizao que opera atravs da apreenso da vida, ligando-a ao capital, possvel pensarem-se reverses dessa estratgia, uma vez que o poder se apropria somente do produto, e no de toda a fora-inveno. A vida uma potncia, que funda, inaugura, dispara uma singularidade, propicia deslocamentos. Os deslocamentos da subjetividade, as variaes de formas de vida, a criao de outros territrios existenciais mediante as relaes com foras externas que nos foram a ser de outro modo, isso resistncia, inveno, processos de subjetivao que se conectam com a vida. importante frisar que exatamente no que o poder investe que ancora sua resistncia.

    O psiclogo, nas ltimas dcadas, torna-se presena constante nos sistemas de sade pblica, nos centros de reabilitao, nos asilos, nos hospitais, nos Juizados de Menores, nas Varas de Famlia, nas creches, nas penitencirias, nas comunidades. Estabelecem-se, assim, para esse profissional, outras oportunidades de trabalho, que fogem aos seus cenrios habituais de atuao. No

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  • entanto essa diversidade de intervenes por si s no caracteriza a superao das clausuras do desejo e da vontade de reproduzir. Ao analisar o embate da reforma psiquitrica brasileira, que defende a desinstitucionalizao em oposio manuteno da lgica hospitalocntrica, Alverga & Dimenstein (2005) evidenciam, nesse confronto, a presena de manicmios que habitam nossas subjetividades e insistem na excluso. Embora o questionamento dos autores se d no campo da sade mental, acreditamos que esse processo exista em todos os campos, sobretudo nesse momento em que a clnica amplia cada vez mais seus domnios. Entregar-se subjetividade manicomial, que enclausura a vida na repetio, um risco constante.

    Esses aprisionamentos se manifestam na busca de uma identidade profissional fixa, na afirmao do que j existe, no perpetuamento da ciso entre clnica e poltica. Realizando uma reflexo acerca da relao entre o capitalismo contemporneo, o exerccio da clnica e a produo de subjetividade, Barros & Passos (2004) insistem na articulao dessa trade com a poltica e a necessidade de uma anlise das formas institudas da clnica. Um ponto importante na anlise dos autores a separao, dominante no territrio clnico, entre processo de subjetivao e sujeito. Acerca dessa distino podemos fazer o seguinte esclarecimento:

    Um processo de subjetivao, isto , uma produo de modo de existncia, no pode se confundir com um sujeito, a menos que se destitua este de toda interioridade e mesmo de toda a identidade. A subjetivao sequer tem a ver com a pessoa: uma individuao, particular ou coletiva, que caracteriza um acontecimento (uma hora do dia, um rio, um vento, uma vida...). um modo intensivo e no um sujeito pessoal. uma dimenso especfica sem a qual no se poderia ultrapassar o saber nem resistir ao poder (Deleuze, 1992, p.123).

    Essa separao entre processo de subjetivao e sujeito implica uma leitura da realidade como algo dado, esttico, e no como processualidade, conjugao de foras. E se afasta do que, de fato, ocorre na interveno clnica quando esta traz consigo o novo, o indito. Nesse sentido, a interveno clnica se d exatamente na desestabilizao do que est estabelecido, fazendo emergir um campo de expresso que opera para a produo, a criao, e no para a equivalncia ou para o reconhecimento do que j existe. Trata-se de

    [...] considerar onde e como a vida liberada e promovida, ou, por outro plo, onde ela sedentarizada, limitada por agentes os mais variados. Liberar a vida dos modelos exteriores e transcendentes, que a querem estvel e cristalizada, plenitude da identidade, da representao, do mesmo, ser afirm-la em toda a sua diferena e multiplicidade, na sua potncia maior de movimento e novidade (Sales, 2004, p.296).

    Embora Sales (2004) faa a constatao acima no que se refira idia deleuziana de pensamento, supomos poder us-la tambm para se pensar a prtica clnica. Embora detentor de uma obra complexa, Gilles Deleuze nos permite pensar nossas experincias contemporneas, contrariando a idia de que pensar reconhecer, representar ou raciocinar, mas entendendo pensar como produzir, criar. Toda realidade no dada, mas inventada, e as teorias e as prticas inventam mundos, atravs dos quais ns, terapeutas transitamos. Nesse sentido, queremos esclarecer aqui que este texto no defende esta ou aquela teoria, mas examina a clnica como estratgia de resistncia, como dispositivo para a emergncia de novas possibilidades de vida. Acreditamos que as teorias e a formao dos profissionais

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  • devem ser incorporadas aos movimentos de criao de um novo campo de problematizao da clnica: o jogo do extensivo e do intensivo, que atua a todo instante no espao teraputico e cuja presso deve ser suportada no territrio clnico.

    Para Deleuze e Guattari (1995), no s a subjetividade, mas a realidade composta por multiplicidades, que circulam entre o campo do intensivo e o do extensivo. Segundo os autores, ao campo do intensivo, campo da multiplicidade fluida, corresponde o engendramento da potncia da vida, da criao de novos territrios existenciais que possam incorporar as intensidades a que somos acometidos em experincias singulares. A dimenso extensiva, por sua vez, cristaliza as multiplicidades da realidade em arborescncias, hierarquias e representaes. Essas duas dimenses coexistem, so imanentes. Enquanto o extensivo povoado por sujeitos, idias, teorias e representaes, enfim por formas institudas, o intensivo habitado por foras, por movimentos, por devires.

    O campo do extensivo corresponde ao plano de organizao, que organiza, classifica, registra e codifica a realidade. J ao campo do intensivo corresponde o plano de consistncia, do impessoal, das coletividades moleculares, que nada tem a ver com o que est estabelecido. Esses dois planos possuem uma relao permanente: o que est estratificado encontra-se mergulhado em uma dimenso inacabada; por outro lado, essa dimenso informe incute uma diferena intensiva a tudo que j est estabelecido. nesse jogo do intensivo e do extensivo que os processos de subjetivao se localizam, que os agenciamentos que remetem ao coletivo, como composies do desejo, se realizam.

    Em um raciocnio de positividade, o desejo abordado em sua dimenso processual, maqunica, que sustenta tanto a subjetividade quanto toda uma gama

    1de afetamentos que assolam essa subjetividade . Em sua obra O Anti-dipo, Deleuze & Guattari (s/d) afirmam que a realidade pura produo, composta por singularidades e sustentada pelo desejo, aqui entendido como excedente de energia que impulsiona a subjetividade em mltiplas direes. Tudo que existe , assim, produzido, tanto para produzir o novo, como para produzir o que j foi produzido, ou at mesmo para impedir a produo marcas ora afirmativas ora repetitivas. importante salientar que a produo um processo que antecede os sujeitos, as situaes, as instituies, e indissocivel do plano coletivo, que remete a agenciamentos, a conexes de foras heterogneas. O coletivo liberta o sujeito da individuao e o lana, por desterritorializao, na diferenciao.

    nessa perspectiva que a clnica pode ser pensada como plano de produo, como processualidade coletiva e campo de experimentao, em sua dimenso de resistncia. Assim, a desestabilizao clnica defendida por Barros & Passos (2004) remete ao que nos fora a sair de ns mesmos, ao que produzido nos encontros, ao acontecimento, ao que nos faz diferente. Quando se d, de fato, uma interveno clnica, o que ocorre a desestabilizao do plano de organizao, o desgarrar da fora da vida de um modo de existncia padronizado, permitindo a emergncia do plano de consistncia, do intensivo. O estado de potncia da vida inerente subjetividade, que alimenta incessantemente a sociedade mundial de controle, no se exaure nesse encarceramento, podendo, como virtualidade, atualizar-se no encontro teraputico.

    Embora nossa conscincia esteja acostumada no s a captar a realidade como algo dado, mas tambm a represent-la com conceitos e categorias abstratas, dentre elas a prpria noo de sujeito, podemos afirmar que o

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  • atual irredutvel a essa apreenso. Na verdade, toda atualidade implica tambm uma virtualidade. O virtual se constitui em um complexo de questes e problemas que esto implicados e insistem no atual. , ainda, objeto de um no saber, de um constante aprender, de um permanente experimentar. Dessa forma, o virtual no se caracteriza pela ausncia de existncia na realidade, mas corresponde ao que existe em potncia, e no em ato, a um aglomerado de foras que acompanha situaes. Nesse sentido, conforme Lvy (1996), o virtual no se ope ao real, mas ao atual, que a resposta a essa potncia, a essa fora. Tornar o virtual atual exatamente configurar-se de uma nova maneira, transformar territrios existenciais, produzir devires, enfim resistir. Esses processos de subjetivao do-se por passagens geridas por relaes de exterioridade, por composies coletivas potencialmente ilimitadas. Entretanto vale lembrar que o virtual nunca est presente; desprende-se dos acontecimentos apenas no instante em que se realiza, em que acontece.

    O acontecimento, guiado pelo desejo, que no possui falta nenhuma, mas sim pleno de si, atualiza o virtual e d consistncia ao que ocorre no molecular, no invisvel. Como convocao para a criao via atualizao das linhas de virtualidade, o acontecimento situa-se "entre" as relaes, no meio das conjunes nmades, permitindo a expresso das singularidades. Acontecer implica desterritorializar, abandonar temporariamente a dimenso extensiva e conhecida da nossa subjetividade, renunciando ao nosso eu, para tornar-se devir, experimentando, dessa maneira, a processualidade da vida. Esse acontecer agenciar-se com outras foras, produzidas nos encontros, nos agenciamentos, e, dessa maneira, no coletivo.

    Para Deleuze & Guattari (1995), o agenciamento corresponde a um entre coletivo, que convida as subjetividades a se conectarem, sem reduzi-las a sujeitos, a individuaes. Na clnica, o agenciamento liberta, assim, os lugares fixos de terapeuta e cliente, a expresso individuada das significaes dominantes, provocando a convergncia da heterogeneidade, das diferenas. Esse dispositivo trabalha todos os fluxos semiticos, materiais e sociais, caracterizando-se por um devir e substituindo o sistema de representao e de ideologias por uma reunio de singularidades, associadas por um movimento coletivo, conectivo. Zona de circulao do desejo, movimento do imprevisvel, do inventivo, do intensivo.

    Nesse sentido, podemos tomar a clnica como acontecimento, como resistncia, no abdicando da sua indissociabilidade da poltica. O intensivo, em cujo mago as linhas de virtualidade se atualizam, sustenta a interveno clnica, colocando a potncia da vida em movimento, levando a potncia ao ato, deixando existir o que j estava ali. Virtualidade que se expressa no coletivo, no agenciamento, na produo de novas formas de vida, de singularidades que fogem homogeneizao, s identidades prt--porter. Clnica com c minsculo: singular e cotidiana; campo de foras e relaes circunstanciais, que deixa rastros, efeitos e que existe na sua forma mais vital e potente enquanto molecular. Clnica que, em sua faceta extensiva, pode ser abordada atravs da juno do terapeuta, dos seus clientes e da teoria, mas que, na realidade, efetua-se no plano intensivo da transversalidade, do circuito de agenciamentos e acontecimentos, das zonas de

    2indeterminao, para alcanar um modo de expresso coletiva .

    A clnica como acontecimento: menor

    A partir das idias expostas acima, acreditamos que os processos de subjetivao inventivos da clnica se do quando ela tomada como

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  • acontecimento, como menor. Examinando a obra de Kafka de uma maneira rizomtica, com um convite experimentao, Deleuze & Guattari (1977) fazem a seguinte distino na literatura: a Lngua Maior e a Lngua Menor. A Lngua Maior, sagrada, define-se pelo poder das constantes e pelas regras obrigatrias, defendendo sempre a homogeneizao. A Lngua Menor, mundana, define-se pela potncia de variao, em que as regras so facultativas e possuem uma dimenso de heterogeneidade. A Lngua Maior, fascista, participa da cristalizao e da sedimentao dos fluxos do desejo em compartimentos estanques, correspondentes e previsveis. A Lngua Menor, inventiva, acaba com a separao sujeito-prxis, construindo novos mundos, novas realidades. A Lngua Maior, hegemnica, desterritorializada pela Lngua Menor, singular, sendo esta ltima agente de um devir minoritrio de todas as suas dimenses e de todos os seus elementos. A Lngua Menor cria, dessa forma, novos sentidos, que no tm expresso na Lngua Maior. A Lngua Menor tambm cria uma literatura peculiar, calcada na capacidade de inveno e de variao, na potncia da linguagem. Acerca dessa literatura menor, os autores fazem a seguinte distino:

    Vale dizer que menor no qualifica mais certas literaturas, mas as condies revolucionrias de toda literatura no seio daquela que chamamos grande (ou estabelecida). Mesmo aquele que tem a infelicidade de nascer no pas de uma grande literatura, deve escrever em sua lngua, como um judeu tcheco escreve em alemo, ou como um usbeque escreve em russo. Escrever como um co que faz seu buraco, um rato que faz sua toca. E, para isso encontrar o seu prprio ponto de subdesenvolvimento, seu prprio pato, seu prprio terceiro mundo, seu prprio deserto (Deleuze & Guattari, 1977, p.28).

    Propomos pensar essa mesma distino para o territrio da clnica. E se, na citao acima, trocssemos a palavra literatura pela palavra clnica, e a palavra escrever por clinicar? No nosso entender, clinicar deve passar por exercitar esse menor. Como na literatura, acreditamos que a clnica tambm possui esses dois usos. A clnica maior est presente nas instituies, nas academias e perpetua os lugares demarcados do terapeuta que tudo sabe e do cliente que nada sabe, tratando de verdades irrevogveis. A clnica menor, por sua vez, em si transformadora, dispositivo de resistncia, efetuando-se no molecular, nos encontros com os clientes, no uso da sensibilidade do terapeuta para possibilitar novas formas de expresso. A clnica menor devm minoritria e por isso mesmo resiste s formas atuais de poder. A clnica menor coexiste com a clnica ampla, ou talvez seja apenas um outro nome para o mesmo processo de desterritorializao, de subjetivao, de emergncia do agenciamento coletivo da enunciao, de

    3irrupo de um novo territrio existencial .

    Para ocorrer a criao de um novo territrio existencial, necessrio haver uma desterritorializao, uma premncia de expanso da vida. Dessa maneira, a biopoltica se liberta da reproduo, e essa potncia efetuada em um plano de consistncia, na inveno de um novo territrio, de um outro modo de existncia. Trata-se, conforme Guattari (1993), de, a partir de uma desterritorializao levada at o limite do suportvel, engendrar territrios existenciais que se constituam por componentes heterogneos e mutantes. Essa desterritorializao possibilita subjetividade livrar-se da repetio, que caracteriza, na verdade, a negao da heterogeneidade desse territrio, a limitao das suas dimenses crescentes a um nmero reduzido e conhecido de conexes, que, embora cambiantes, so monitoradas pela sociedade mundial de controle. Com esse desvencilhamento, precursor do novo, a subjetividade liberta-se de agenciamentos redundantes e arraigados, que passaram a atuar para a cristalizao do ser, para a manuteno de identidades prt-a-porter.

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  • Encarar a potncia da vida como resistncia certamente exige disponibilidades do terapeuta. Quem decide trabalhar com clnica no pode perder a capacidade de produzir territrios existenciais, a capacidade de fazer a vida respirar, de gerar atmosferas. A atmosfera da vida devir algo que no sabemos, localizar-se na passagem para algo. Ter, dessa maneira, abertura para a composio de novas realizaes, que possibilitem a atualizao das linhas de virtualidades e a intensificao da multiplicao dos processos de subjetivao, optando por encontros que potencializem, reinventando dispositivos de produo de subjetividades em todos os domnios da vida humana, propiciando a emergncia de mquinas existenciais, engendradas na inveno ontolgica, cujos movimentos incentivem relaes de transversalidade.

    Nesse sentido, o terapeuta no deve ocupar-se de oprimir, de submeter, de mistificar, mas de fazer um uso menor do que conhece, do que estuda, da prpria subjetividade. Desse modo, a prtica clnica favorece a instaurao de focos parciais de subjetivao, fora da subjetividade individual e homognea, focos que se associem a outras produes de subjetividades parciais, visando a estabelecer agenciamentos coletivos de enunciao, que so inventivos em sua essncia. Essa uma micropoltica de intensificao de subjetividades, que cria dimenses em que uma linha de fuga possa ser traada, um agenciamento possa ramificar-se, e que no se direciona a produzir subjetividades em srie, clones existenciais.

    O espao clnico um espao impregnado de realidade virtual, um laboratrio de experimentao, que ganha forma nos encontros das subjetividades, das conexes e dos agenciamentos que se "organizam" por si mesmos. Conexes que variam, modificando os contornos das subjetividades envolvidas, contornos que se diluem formando um "entre" teraputico, em que transita a maior diversidade e as mais fortes intensidades, expressando tanto a imprevisibilidade quanto a singularidade de cada conexo. Cabe ressaltar que, medida que esses encontros se estabelecem que a subjetividade levada a apreender novos sentidos, a se compor de outras maneiras. No "entre" teraputico, a conectividade essencial tudo pode ligar-se com tudo, ao acaso, de uma forma nmade e transitria. Essa conectividade permite a no-petrificao e o no-reducionismo e nos arremessa em linhas de fuga, em um movimento contrrio ao dominante, favorecendo a inveno, dispositivo de resistncia.

    Consideraes finais

    No momento contemporneo, preciso assumir, na clnica, posturas mais ativas e singulares, atravs de improvisaes e de inventividade. Nesse sentido, as idias expostas neste estudo nos inspiram a pensar e a fazer uma clnica ancorada em duas tarefas fundamentais para uma ao produtiva e transformadora da realidade: a identificao do que se repete, do que se instala como microfascismo no territrio clnico, e a ativao da potncia de inventar novas maneiras de viver e de pensar. Para isso, algumas cautelas so necessrias.

    O terapeuta necessita sempre estar atento aos contextos em que sua prtica se insere. A realidade multideterminada e, apesar de sermos especialistas formados para atuar em somente um recorte dessa realidade, no podemos esquecer-nos dos outros recortes. Sobre cada cliente, incidem determinantes que compem um processo histrico, social, econmico, poltico, dentre outros. E isso precisa ser levado em considerao.

    O terapeuta precisa, ainda, desistir de tentar igualar seus clientes, sabendo que a diferena inerente realidade. As generalizaes e as abstraes

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  • servem, na maioria das vezes, como couraas que nos protegem contra o que nos desestabiliza. Na realidade maqunica da clnica, esto presentes multiplicidades irrefreveis, devires singulares e sensaes nicas. Aceitar a diferena favorece o escutar, o dar espao e o participar da fundao de uma singularidade, da atualizao de uma virtualidade. E o terapeuta, desse modo, pode possibilitar, como intercessor, que cada ser humano assuma a construo de sua existncia,

    4de seus rumos, de sua subjetividade, como tarefa primordial da vida . O agenciamento clnico pode abster-se de uma obedincia ao dominante - tanto do terapeuta teoria e s metodologias e tcnicas de interveno institudas quanto do cliente ao terapeuta -, deixando, dessa maneira, a heterogeneidade comandar o processo, a fim de se descobrirem novas engrenagens, novas dimenses.

    Com certeza, a relao cliente-terapeuta, mais alm e aqum da relao entre pessoas totais, como identidades e funes sociais, promove contatos, encontros e desencontros, represses e aberturas mtuas. preciso privilegiar essa dimenso molecular dos afetamentos, reconhecendo que o terreno frtil e produtivo no "entre", permanecendo atento ao momento e ao lugar em que esses microafetamentos se rearranjam, ganham corpo, autonomia e vida. O que importa que se produza uma sada, um novo sentido, uma nova ao..., que no pertence a ningum, que no veio do saber ou da autoridade do terapeuta, mas foi construda naquele agenciamento e, por certo, no ser til apenas para os envolvidos no processo, mas far parte de algo maior, no s daquela subjetividade, mas das suas redes sociais, enfim do campo social.

    Possuir uma leitura crtica e fundamentada na realidade, abandonando o conhecido como valor estabelecido e imutvel; ter um genuno amor diferena, trapaceando com o uniforme e estando atento ao que escorre, ao que no se encaixa, ao estranho; usar o que sabe, combatendo a referncia transcendncia e o sentimento de superioridade e favorecendo, assim, a imanncia. Esses so os sustentculos, ou melhor, estratgias de prudncia, da clnica como a percebemos: "menor". Clnica menor situada dentro de uma proposta de clnica ampla. Menor, no no sentido pejorativo, mas como nfase no aspecto transformador e molecular, que se ope s prticas estabelecidas dominantes e unificadoras, atravs das modulaes, das variaes dos encontros. Ampla, no no sentido de aumentar os seus campos de atuao, mas como nfase do jogo do intensivo e do extensivo, em constante articulao, que est presente em todo e qualquer espao profissional, em todo e qualquer agenciamento cliente-terapeuta. Clnica ampla que auxilie na liberao da processualidade e da expressividade das subjetividades, rearranjando foras e criando novos sentidos. Clnica menor e clandestina que seja uma utopia ativa, confiando no que pode vir a ser, apostando na repercusso da potncia dos encontros. Clnica menor e clnica ampla que apontam para a necessidade de abrir a clnica para o intensivo, de apreender a prtica clnica como um processo criativo tico-esttico, insistindo na heterogeneidade ontolgica. Processo que visa a permitir que os agenciamentos se ramifiquem, proliferem rizomaticamente em um circuito vivo e expressivo, que atue como um dispositivo para formar planos de expanso da vida, para expressar e encarnar as sensaes que o "entre" - os meios esto produzindo nas subjetividades, religando a clnica com a vida.

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  • NOTAS1 necessrio pontuar a diferena entre o conceito de desejo utilizado por Gilles Deleuze e Flix Guattari e o da psicanlise. Para a psicanlise, o desejo, bastante trabalhado por Jacques Lacan, implica um raciocnio de negatividade, ligando-se ao gozo impossvel, falta inerente e descarga necessria, e sendo responsvel pela produo de uma subjetividade vinculada cadeia de significantes e sustentada pela estrutura tridica edpica. Por outro lado, o desejo, para a filosofia da diferena, no se enquadra ao mbito familiar nem tampouco restitutivo. , ao contrrio, pura positividade e no se presta a procedimentos dogmticos e reducionistas; e se produz quando se encontram singularidades. Projetado no campo social, potncia transformadora e produtiva (Deleuze & Guattari, s/d).2 O conceito de transversalidade remete ao funcionamento rizomtico da realidade, que se realiza por interpenetrao, articulao das foras produtivas e desejantes. A transversalidade opera por horizontalidade, imanncia, e constitui a dimenso do devir. capaz de produzir mudanas, invenes, por conexes locais, micropolticas.3 Esses autores no usam o termo clnica ampla em sua obra. Contudo, em seu livro Crtica e clnica, nos textos "A literatura e a vida", "O que dizem as crianas" e "Para dar um fim ao juzo" (Deleuze, 1997), existem menes idia de uma clnica crtica e de uma crtica clnica. No livro Dilogos (Deleuze & Parnet, 1998), encontramos uma referncia a essa questo no captulo "Psicanlise morta anlise", assim como no ltimo captulo do Anti-dipo, "Introduo Esquizoanlise" (Deleuze & Guattari, s/d). O livro Caosmose tambm traz uma proposta de uma outra clnica (Guattari, 1992). Fazemos aqui a associao com a clnica ampla, pensada tanto a partir dessa articulao da clnica com a crtica, como da nfase em pensar a subjetividade como processos de subjetivao, em abordar a subjetividade nas suas relaes de exterioridade.4 A noo de intercessor remete aposta no entre como espao de criao e inveno. O intercessor permite des-subjetivar, sair de si mesmo e abrir-se para a processualidade da vida. No corresponde a lago preexistente, a ser descoberto, mas a algo que deve ser criado a partir dos encontros, da desestratificao do molecular.

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