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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PNAP LUCIANO REZENDE MOREIRA CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL NOS PARTIDOS POLÍTICOS DE ESQUERDA DO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Volta Redonda 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PNAP

LUCIANO REZENDE MOREIRA

CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL NOS PARTIDOS POLÍTICOS DE ESQUERDA DO BRASIL: UM ESTUDO

EXPLORATÓRIO

Volta Redonda 2015

LUCIANO REZENDE MOREIRA

CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL NOS PARTIDOS POLÍTICOS DE ESQUERDA DO BRASIL: UM ESTUDO

EXPLORATÓRIO

Monografia apresentada ao Curso de Administração Pública, modalidade semipresencial, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração Pública. Equipe de Orientação: Prof. DSc. Júlio Cesar Andrade de Abreu.

Volta Redonda 2015

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Este trabalho é dedicado a todos e todas que militam por um país mais justo, soberano, democrático, sustentavelmente desenvolvido e verdadeiramente

independente das amarras do capital.

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AGRADECIMENTOS

Ao povo brasileiro, por ter financiando meus estudos em uma universidade pública federal. Aos professores da Universidade Federal Fluminense e todos os tutores do Consórcio Cederj, em especial os do pólo Bom Jesus do Itabapoana e do campus Volta Redonda. A todos os meus colegas de curso, especialmente Nilta Leal, Marlen Mathias, Fabiano Zanardi e Maria de Fátima. Ao Instituto Federal Fluminense que, através de seu avançado projeto político pedagógico, ofereceu-me a justa flexibilidade para poder conciliar o trabalho e os estudos. Aos meus amigos, familiares e minha esposa Juliana.

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“Sapo não pula por boniteza, mas porém, por precisão! ”

(“Provérbio Capiau”, citado por João Guimarães Rosa)

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RESUMO Este trabalho visa responder algumas perguntas chaves, a saber: quais são o clima e a cultura prevalecentes em uma organização política de esquerda, revolucionária ou de orientação marxista-leninista? Quais são os valores, as crenças, os pressupostos, as normas, os relacionamentos e estilos de trabalho predominantes entre seus militantes, dirigentes e profissionais? Há diferenças significativas no clima e na cultura organizacional entre seus membros e deles com relação aos profissionais de uma empresa capitalista qualquer? Nesse sentido, é feito um estudo preliminar sobre as peculiaridades dessas organizações do chamado “terceiro setor”, suas diferenças básicas com a iniciativa privada e as relações existentes entre elas sob a ótica das teorias de clima e cultura organizacional, fundamentadas, sobretudo, nas obras de Edela Souza, Edgar Schein e Maria Ester de Freitas. Por fim, o presente trabalho promove uma reflexão sobre a possível dualidade entre direção partidária e o conjunto militante desses partidos políticos - tanto os que se situam no campo governista (PT e PCdoB) como aqueles que estão na oposição (PSTU e PSOL) - no que diz respeito tanto ao clima como à cultura organizacional. Palavras-chave: Cultura organizacional; Clima organizacional; Partidos políticos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Conclat – Congresso Nacional da Classe Trabalhadora Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas CS – Convergência Socialista CSP – Central Sindical e Popular CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil CUT – Central Única dos Trabalhadores DEM – Democratas DOI-CODI – Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna IC – Internacional Comunista LIT – Liga Internacional dos Trabalhadores PCB – Partido Comunista Brasileiro PCdoB – Partido Comunista do Brasil PED – Processo de Eleições Diretas PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro PSB – Partido Socialista Brasileiro PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PSOL – Partido Socialismo e Liberdade PT – Partido dos Trabalhadores PTB – Partido Trabalhista Brasileiro TSE – Tribunal Superior Eleitoral UFF – Universidade Federal Fluminense URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviética

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..............................................................15 4 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15 4.1- Prelúdio da formação da classe operária no Brasil e os seus primeiros partidos políticos ..................................................................................................................... 17 4.2- A atualidade dos principais partidos de esquerda do Brasil e suas culturas e climas organizacionais próprios ................................................................................ 18 4.2.1- PCdoB: Partido marxista-leninista, organizado pelo princípio do Centralismo Democrático e marcado por clandestinidades e perseguições ................................. 18 4.2.2- PT: Partido eclético, de origem sindical, influenciado por setores da igreja progressista e constituído por correntes internas ...................................................... 21 4.2.3- PSTU: Partido de orientação trotskista, revolucionário e com centralidade nos movimentos de massa em detrimento à participação no sistema eleitoral ................ 24 4.2.1- PSOL: Partido socialista formado por correntes de opiniões, avesso ao Centralismo Democrático, atuante nos movimentos sociais e nas disputas eleitorais .................................................................................................................................. 26 4.3- O Clima e a cultura organizacional favoráveis à maximização da extração da mais-valia .................................................................................................................. 29 4.4- Clima e cultura organizacional: ferramenta de análise para além das ideologias burguesas.................................................................................................................. 32 4.5- Clima e Cultura Organizacional: particularidades dos principais partidos políticos de esquerda do Brasil na atualidade ......................................................................... 34 4.5.1- PT e PCdoB: Uma forte cultura em defesa comum do legado do governo Lula e do mandato da presidenta Dilma Rousseff, diante de pesado clima político de oposição de direita e esquerda ................................................................................. 34 4.5.2- PSTU e PSOL: Cultura predominante de ataque político à burguesia e oposição radical de esquerda ao governo Dilma ....................................................... 38 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................41 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................44

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1 INTRODUÇÃO

A cultura organizacional, seja ela nas instituições públicas, privadas ou no

chamado terceiro setor - movimentos sociais -, é cada vez mais estudada por

diversas instituições e distintos autores. A importância de sua investigação parte

justamente da centralidade de se propiciar um clima saudável, fraterno e produtivo

no trabalho da organização.

Nesse sentido, é fundamental que se entenda que cada instituição tem uma

cultura própria e a mesma não pode ser compreendida sem se considerar os valores

culturais das pessoas que fazem parte da sua estrutura organizacional (SCHEIN,

2009).

De acordo com Oliveira e Medeiros (2011), podemos entender que a cultura de

uma organização é um conjunto de processos psicológicos e psicossociais que

fazem a identificação da organização frente a outras instituições. Ainda, segundo

esses autores, as organizações, muitas vezes, são conhecidas por algumas

características próprias que as fazem únicas.

No caso específico de um partido político de esquerda, de inserção popular e

com destacada atividade militante, essas características próprias - que marcam tais

agremiações no imaginário da sociedade em geral -, são aquelas relacionadas à

defesa dos mais pobres em especial e dos trabalhadores em geral, contra as

desigualdades sociais, em favor da solidariedade entre povos e nações, em

oposição às guerras imperialistas, entre outras bandeiras marcantes e históricas que

identificam o movimento operário em todo o mundo.

Assim sendo, para o público em geral, os partidos políticos vinculados com as

causas dos trabalhadores devem ter algumas características que os diferenciam das

demais organizações políticas. E para o público militante, em especial, soa

inconcebível que a missão, os objetivos e os valores de sua organização política não

estejam em sintonia com a prática exercida pelos demais membros que integram os

seus quadros funcionais. Em outras palavras, a teoria deve estar em consonância

com a prática.

Como defender uma sociedade mais justa se o que vigora internamente na

agremiação são decisões de caráter pessoal e patrimonialista? Como pugnar o

respeito mútuo entre os povos se as relações de camaradagem e o companheirismo

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são negligenciados no próprio seio da organização partidária? Como reivindicar a

superação do capitalismo se a prática exercida evidencia a própria exploração do

trabalho assalariado partidário? Pois são valores como respeito, solidariedade,

dedicação, amizade, gentileza, entre outros, que, segundo Guevara (2009) devem

florescer e propagar nas relações cotidianas de quem se propõe a construir o

“homem novo”.

Dessa forma, é de se esperar que todos os funcionários, dirigentes

profissionalizados, militantes e simpatizantes desse partido, em suas diversas

instâncias e distintos níveis, convivam em um ambiente avesso aos ditos valores

burgueses, tais como o arrivismo, o carreirismo, o hedonismo, o individualismo, o

machismo e outras práticas e preconceitos estranhos à construção de uma nova

sociedade.

Entretanto, deve-se sempre ter em conta que a cultura das organizações não

pode ser analisada sem que sejam considerados os valores culturais da sociedade

na qual se está inserida. Em uma sociedade marcada notadamente por esses

valores burgueses, é normal que os militantes do partido tragam consigo, em menor

ou maior grau, os vícios desta sociedade.

É justamente esse o objetivo desse trabalho, qual seja, analisar a questão do

clima e da cultura organizacional nesses partidos de esquerda do Brasil,

notadamente o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil

(PCdoB) do campo de sustentação do governo Dilma Rousseff; e os Partido

Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

(PSTU) da chamada “oposição de esquerda” ao atual governo federal.

Essa análise debruça também sobre a possível clivagem entre direção

partidária e conjunto militante no que diz respeito a dois climas e duas culturas

organizacionais em um mesmo ambiente de atuação, tal como investigado por

Gonzalez (2012) com as entidades sindicais.

Seguindo a mesma lógica dessa autora, o presente trabalho abordará

inicialmente, por meio de uma revisão bibliográfica, o histórico da tardia formação

dos partidos de esquerda no Brasil, comparado aos países de industrialização mais

precoce. De igual modo, serão tratadas as características organizacionais desses

partidos e as diferenças entre eles, desde os que se caracterizam pelo princípio do

Centralismo Democrático até os que comportam em suas fileiras diversas

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tendências e correntes de opinião internas. Em seguida, será revisado os conceitos

acerca do clima e da cultura organizacional no mundo e no Brasil, revisitando as

obras, sobretudo, de Edela Souza, Edgar Schein e Maria Ester de Freitas.

Finalmente, será averiguada a hipótese de dois climas e duas culturas em uma

mesma organização partidária e as peculiaridades de cada um desses partidos,

tanto os da base aliada como os de oposição.

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2 OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é levantar algumas reflexões e indagações chaves

acerca do clima e a cultura preponderante em uma organização política de esquerda

e, a partir daí, questionar seus valores, crenças, pressupostos, normas,

relacionamentos e estilos de trabalho entre seus membros e deles com a sociedade

em geral. Tudo isso, baseado na obra de três importantes teóricos do tema: Edela

Souza, Edgar Schein e Maria Ester de Freitas. O presente trabalho objetivou

também promover uma reflexão sobre a possível dualidade entre direção partidária e

o conjunto militante desses partidos políticos - tanto os que se situam no campo

governista como aqueles que se encontram na oposição.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo é resultado de pesquisa bibliográfica, reunindo ideias,

conceitos e opiniões de diferentes fontes, com o intuito de subsidiar o debate sobre

clima e cultura organizacional nos partidos políticos brasileiros, notadamente

aqueles situados no campo da esquerda.

O Trabalho de Conclusão de Curso seguiu as etapas e procedimentos para

sua confecção seguindo os preceitos do estudo exploratório, através de revisão de

literatura especializada do tema proposto e materiais diversos encontrados em

distintas mídias, desenvolvido, sobretudo “a partir de material já elaborado,

constituído de livros e artigos científicos” (GIL, 2008).

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1- Prelúdio da formação da classe operária no Brasil e os seus primeiros

partidos políticos

A industrialização no Brasil se deu de forma tardia em comparação com as

principais economias do mundo. As primeiras indústrias no Brasil se estabeleceram,

grosso modo, apenas a partir de 1850. Nessa época, a Europa já contava com

milhões de operários. A título de comparação, enquanto na França havia 4,5 milhões

de operários em 1856, no Brasil, em 1890, ou seja, mais de trinta anos depois, havia

apenas 55 mil (GIANNOTTI, 1988).

O Brasil apenas poderia ter um proletariado significativamente influente, se a

industrialização avançasse, mas ela somente se desenvolveu, ainda que

timidamente, após o fim da escravidão (KONDER, 2003).

Importante destacar que, baseado nos censos realizados no país no início do

século passado, o Brasil gozava de um contingente operário superior a cem mil,

sendo que a grande maioria estava concentrada nos estados de São Paulo e Rio de

Janeiro. Foi a partir daí que as primeiras reivindica

ções da classe operária se fizeram ouvir, por meio de ações espontaneístas do

incipiente movimento sindical, que já ousara a fazer algumas greves mesmo

algumas décadas antes.

De acordo com Giannoti (2007) uma greve organizada pelos gráficos na

cidade do Rio de Janeiro em 1858 foi a primeira registrada em nossa história. Esses

trabalhadores paralisaram suas atividades por uma semana e chegaram a assumir a

direção da gráfica para publicar um jornal do próprio movimento que divulgava suas

reivindicações. Mas as primeiras grandes greves que ganharam destaque

aconteceram somente no século XX, mais precisamente em 1907 e 1915 em São

Paulo, e a de 1917 que envolveu vários estados brasileiros em uma paralisação

geral da indústria e comércio. Essas grandes manifestações foram fruto do

amadurecimento da organização dos trabalhadores, sob forte influência das teses

anarcossindicais, predominantes na época.

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Além cultura anarcossindicalista predominante no movimento operário da

época, toda essa efervescência política era reflexo das péssimas condições de vida

dos trabalhadores e das ultrajantes relações de trabalho. Vale ressaltar que as

jornadas diárias muitas vezes extrapolavam as 14 horas, a mão-de-obra de crianças

era fartamente explorada e boa parte dos locais de trabalho eram insalubres ou

perigosos à atividade laboral.

Entretanto, diferente de outros países cuja classe operária já se encontrava

mais desenvolvida, no Brasil ainda não havia partidos de orientação socialista, o que

somente veio a ocorrer, legalmente, em março de 1922, com a fundação do Partido

Comunista do Brasil que, na época, carregava a sigla de PCB.

Ao contrário das concepções e ideias anarquistas, difundidas pelos imigrantes

europeus recém chegados ao país - e que prevaleceu nas primeiras experiências

sindicais da classe operária brasileira -, a teoria socialista, formulada originalmente

por Karl Marx e Friedrich Engels, começa a ganhar espaço com uma cultura

organizacional mais centralizada em torno da direção partidária, organizada

nacionalmente através de um Comitê Central, e externamente filiada a uma

Internacional Comunista (IC).

O proletariado propriamente dito - caracterizado pelo socialismo científico

como aquela parcela da população desprovida dos meios de produção e que só

dispõe de sua força de trabalho como mercadoria -, mesmo depois das duas

primeiras décadas do século passado não eram numerosos. Segundo Nogueira

(2010), em 1907 o Brasil tinha uma população de aproximadamente 20 milhões de

habitantes e apenas 150 mil operários. Já em 1920 esse número saltou para 275

mil, distribuídos na indústria têxtil (65%), no setor alimentício (15%) e bebidas e

transportes (20%). Além do mais, essa jovem classe operária concentrava-se nas

capitais, sobretudo, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.

Nesse período, ou seja, nos primórdios do movimento socialista no Brasil, os

comunistas defendiam a unidade dos trabalhadores e a criação de uma central

operária unitária, fundamentada nos sindicatos por indústria ou por ramos de

atividade, a regulamentação dos direitos sociais e trabalhistas, entre outras

bandeiras. Na ocasião, ocorreram duros embates entre socialistas e anarquistas que

eram acusados pelos primeiros de promoverem o “sindicalismo amarelo” onde

prevalecia uma cultura de conciliação de classes entre burguesia e proletariado.

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Desde esse período até os dias atuais a cultura organizacional do movimento

operário passou por várias fases, sendo que cada partido desenvolveu a sua própria

cultura, vinculada à história da evolução dos trabalhadores e do próprio país. Afinal,

como afirmou Gramsci (2000), “um partido terá maior ou menor significado e peso

precisamente na medida em que sua atividade particular tiver maior ou menor peso

na determinação da história de um país”. Por isso mesmo, entender a história e a

respectiva cultura organizacional de cada um dos principais partidos de esquerda do

Brasil, é fundamental para, entre outras coisas, entender os valores, as crenças, os

pressupostos, as normas, os relacionamentos e estilos de trabalho prevalecentes

entre os militantes, dirigentes e profissionais atuais, bem como avaliar as diferenças

significativas no clima e na cultura organizacional entre esses partidos de esquerda

ou outros de direita ou de uma empresa capitalista qualquer.

4.2- A atualidade dos principais partidos de esquerda do Brasil e suas culturas

e climas organizacionais próprios

Na atualidade, com a sociedade cada vez mais segmentada e o próprio

conceito de proletariado tradicional sendo posto em xeque, tanto o termo “direita”

como a expressão “esquerda” carecem de maior fundamentação teórica. De acordo

com Bobbio (1995), “esquerda” e “direita” não indicam apenas ideologias e reduzi-

las a pura expressão do pensamento ideológico seria incorrer em uma simplificação

grosseira.

Para alguns teóricos, tal como Fukuyama (1992), a partir da derrocada do

socialismo na União Soviética e a ausência de uma alternativa viável para fazer

frente à hegemonia capitalista, não haveria mais essa dicotomia entre esquerda e

direita e tampouco essa distinção se faria valer em um mundo marcado pelo “fim da

história” e da luta de classes.

Por outro lado, vários estudiosos, tal como Amazonas (1999), rebateram a

tese do fim da história e atualizaram o conceito de luta de classes, formulado

originalmente por Karl Marx. Assim sendo, a história da humanidade, a partir da

divisão social do trabalho, seria marcada pela divisão entre opressores e oprimidos

em outros patamares.

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Na fase histórica atual, os partidos de esquerda seriam aqueles que, através

de diversas táticas ou intensidades de atuação, condenam o capitalismo imperialista

e apresentam propostas alternativas a esse modo de produção (SINGER, 2002).

Prova disso é que até mesmo o PT, ainda que faça várias concessões aos

capitalistas, mantenha em sua última resolução política, aprovada em 2015, a opção

pelo socialismo, ainda que de novo tipo, renovado.

Desta forma, consideramos quatro partidos de esquerda do Brasil, baseados

nos critérios ideológicos acima elencados, levando em conta não apenas a influência

institucional através do número de parlamentares, prefeitos e governadores de cada

um, mas, também sua vinculação com os movimentos populares e quantidade de

militantes, mais importante, a nosso ver, que o simples número cartorial de filiados.

Por ordem cronológica às datas de fundação de cada um, começaremos pelo

Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

4.2.1- PCdoB: Partido marxista-leninista, organizado pelo princípio do

Centralismo Democrático e marcado por clandestinidades e perseguições

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), originalmente fundado com a sigla

PCB, nasceu em 1922, foi reorganizado em 1962 e legalizado pela última vez em

1985 no estertor da ditadura militar. A história desse partido passou por várias fases

de organização, níveis de inserção entre os trabalhadores e graus de influência na

política nacional.

Entre os demais partidos de esquerda abordados nesse trabalho, o PCdoB foi

o único que atuou na ilegalidade, completando, em 2015, seu período mais longevo

de legalidade: 30 anos.

De toda a sua história de 93 anos de existência, esse partido passou por

várias fases de clandestinidade, e a maior parte de sua vida esteve na ilegalidade

imposta por diversos governos.

Entre 1922 e 1985 gozou apenas de dois anos e quatro meses de legalidade,

sendo que após a Segunda Guerra Mundial, com a redemocratização do país, o

PCdoB sai da clandestinidade por um curto período, suficiente para apresentar

candidatura própria à presidência, com o Ledo Fiúza, obtendo a surpreendente

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marca de 10% dos votos válidos. No ano seguinte, para a Constituinte de 1946, Luis

Carlos Prestes é eleito senador da República e 14 deputados são eleitos pela sigla,

entre eles, Jorge Amado, João Amazonas, Carlos Mariguela, Maurício Grabois e

Gregório Bezerra. Mas já no ano seguinte, o partido novamente perde seu registro e

todos os parlamentares perdem seus mandatos.

O Partido também participou da luta armada, em resistência à ditadura militar.

Promoveu a conhecida Guerrilha do Araguaia, na região do Bico do Papagaio no

atual Tocantins e municípios vizinhos do estado do Pará e Maranhão. Desde a

chegada dos primeiros militantes combatentes em 1967, até o seu fim em 1974/5,

estima-se que apenas entre os camponeses que aderiram à guerrilha, mais de trinta

tenham sido executados pelo Exército brasileiro. Mais de 60 comunistas foram

assassinados e,ou torturados nesse que foi o maior movimento de tropas do

Exército em toda a história do país, superior até mesmo à mobilização da Força

Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial (FILHO, 2012).

Somente em 1985, com o processo de redemocratização no Brasil, é que o

PCdoB retoma seu caminho institucional com o registro aceito em 23 de maio, no

governo de José Sarney. Já no ano seguinte elege seis deputados constituintes,

sendo três deles ainda sob a legenda do PMDB, sigla esta que acolheu os

candidatos comunistas quando o partido ainda estava na ilegalidade (BUONICORE,

2012).

É inegável, portanto, que todos esses longos anos de inúmeras provações e

perseguições moldaram a cultura organizacional do PCdoB, tanto entre seus

dirigentes como seus militantes. A própria organização de uma reunião de uma

célula (organismo de base) qualquer entre seus militantes ou mesmo entre os

dirigentes mais destacados, demandava complexa logística, sigilo absoluto e uma

entranhada rede de colaboradores. Qualquer erro poderia significar a prisão ou até

mesmo o aniquilamento de seus membros.

Um importante episódio nesse sentido foi a conhecida “Chacina da Lapa”,

ocorrida no dia 16 de dezembro de 1976, na rua Pio XI, nº 767 no bairro da Lapa em

São Paulo.

A chacina ocorreu no clima da resistência à ditadura, em que uma parte do

Comitê Central do Partido foi assassinada pelas forças da repressão, sendo dois

deles, Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, importantes dirigentes comunistas brasileiros e

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membros do Comitê Central do Partido. João Batista Drummond foi morto horas

antes, durante uma sessão de tortura no DOI-CODI e, outros mais, presos e

torturados.

Segundo Rabelo (2006), “o objetivo da ditadura era tentar aniquilar este

núcleo dirigente porque, de todos os partidos de esquerda, o PCdoB foi aquele que

conseguiu sobreviver minimamente e comandou a maior resistência armada ao

regime: a Guerrilha do Araguaia. Assim, ele passou a ser o alvo prioritário do regime

militar”.

Ainda de acordo com Rabelo (2006), a estratégia dos generais, sobretudo a

partir do governo Geisel, na busca por uma saída para a situação, era o que ele

próprio (Geisel) definiu como uma abertura “lenta, gradual e segura”. Para isso,

segundo Rabelo, “seria necessário exterminar o que existisse de força política de

esquerda, talvez mais conseqüente e que, para eles, a que de fato levou ao

enfrentamento maior contra a ditadura. Então, isso também reforça essa idéia de

tentar pelo menos aniquilar, ou até neutralizar, essa força política no processo de

abertura”.

Toda essa história de perseguição e combate ao Partido, fez com que várias

gerações de dirigentes e militantes do PCdoB desenvolvessem uma cultura

organizacional muito disciplinada, rígida e hierarquizada, como é possível constatar

em seus programas e estatutos, tendo reflexos diretos ainda hoje, passados trinta

anos de redemocratização e legalidade dessa agremiação comunista.

Por fim, chama atenção também para uma importante questão ideológica

singular nesse Partido que é o princípio leninista de organização baseado no

Centralismo Democrático.

De acordo com a Resolução Política aprovada no 6° Congresso Nacional do

PCdoB, em 1982, "O centralismo democrático, espinha dorsal da estrutura

partidária, é um princípio organizativo e um dos principais elementos na formação

ideológica do militante comunista. É uma das principais armas do proletariado na

luta pela conquista do poder político e posteriormente para a consolidação da

ditadura do proletariado. Não é por acaso que todos os que se opõem a esses

objetivos da classe operária atacam raivosamente o centralismo democrático e tudo

fazem para destruí-lo."

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É o centralismo democrático, pois, a forma de se organizar do Partido, “com

estatutos únicos, com uma disciplina partidária igual para todos, com um só órgão

de direção à frente, a saber: o Congresso do Partido e, nos intervalos entre

congresso e congresso, o Comitê Central, com a submissão da minoria à maioria,

das diferentes organizações inferiores às superiores”.

Dessa forma, o PCdoB, diferente dos demais partidos de esquerda abordados

nesse trabalho, tem em sua cultura e no clima organizacional interno, forte influência

desse princípio organizativo que inibe as chamadas tendências ou correntes de

opinião de atuarem no seio do Partido. Em nome de sua coesão interna, a minoria

deve se subordinar à maioria, com risco de até serem expulsos da organização

partidária.

4.2.2- PT: Partido eclético, de origem sindical, influenciado por setores da

igreja progressista e constituído por correntes internas

O Partido dos Trabalhadores é hoje o maior partido de esquerda na América

do Sul e um dos maiores de todo o mundo. Além da Presidência da República, o PT

abriga entre seus quadros o maior número de filiados, parlamentares, prefeitos e

governadores eleitos entre todos os demais partidos de esquerda no Brasil.

Segundo dados do próprio PT, em todo o país são 149 deputados estaduais,

635 prefeitos, 604 vice-prefeitos e 5.191 vereadores eleitos nas eleições municipais

de 2012 pela sigla. O Partido ainda conta com mais de um milhão e setecentos mil

filiados em todo o país, além de estar organizado em mais de cinco mil municípios

brasileiros. É o único partido no Brasil que realiza eleições diretas para todos os

cargos da direção partidária, em todos os níveis, sejam eles municipal, estadual ou

federal, através do Processo de Eleições Diretas (PED), que ocorre a cada quatro

anos (PARTIDO DOS TRABALHADORES, 2014).

Mas no início de sua fundação, o PT exibia números bem mais modestos

tanto com relação à sua participação institucional, como em sua inserção nacional

entre os milhares de municípios brasileiros.

Embora já tivesse uma militância expressiva, sobretudo aquela proveniente

dos movimentos sindical do ABC paulista, dos professores de Belo Horizonte, dos

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bancários do Rio Grande do Sul; dos movimentos estudantil, de negros, gênero,

direitos do consumidor, pela anistia, pelos direitos humanos; de setores

progressistas da igreja católica, tais como a Teologia da Libertação, as pastorais e

as Comunidades Eclesiais de Base; entre outros (RATTES, 2006), o partido só

obteve sua primeira prefeitura de capital em 1985, com a eleição de Maria Luíza

Fontenele, em Fortaleza.

Já no ano seguinte, seis anos após sua fundação, elegeu 16 deputados

federais, uma quantidade bem modesta em relação aos partidos de direita, mas bem

superior às demais legendas de esquerda: PCdoB com seis e PCB e PSB com três

cada.

Dessa maneira, em sua origem, o PT foi o amálgama dos diversos

movimentos populares, incorporando militantes de distintas bases ideológicas, além

de intelectuais e políticos de diferentes matizes que se unificaram em torno de uma

plataforma comum, concebendo assim um projeto de Partido de massas, que

motivou uma cultura organizacional (dinâmica interna) eclética e marcada por grupos

com referenciais ideológicos diferentes que, segundo Lacerda (1984) foi

intensificando-se após sua fundação, em seu processo de estruturação partidária.

Diferentemente do PCdoB, desde sua origem o PT se caracterizou por ser um

partido ideológica e organizativamente heterogêneo, tanto do ponto de vista de sua

militância como da própria direção partidária. Resultado de todo esse processo é

que o Partido abriga (ou já abrigou) em sua estrutura interna, mais de quarenta

tendências ou correntes de opiniões distintas que disputam entre si a hegemonia do

Partido.

Era de se esperar, portanto, que com o passar dos anos, toda essa

heterogeneidade de pensamento e ação, ainda que unidos em torno de algumas

bandeiras em comum, resultasse em rachas internos e dissidências. Algumas

dessas tendências romperam com o PT e deram origem a outros partidos, tais como

o PSTU e o PSOL, como veremos mais adiante.

A cultura e o clima organizacional internos do PT, dessa forma, não pode ser

avaliado de maneira uniforme em âmbito nacional, exigindo estudos pormenorizados

nos estados onde essa ou aquela tendência é mais forte ou majoritária. Entretanto,

ao longo dos anos, prevaleceram traços comuns em todas as esferas

organizacionais, sejam elas a nível municipal, estadual ou nacional. Entre elas,

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podemos verificar constantes disputas internas, dispersão das ações coletivas em

detrimento de práticas arrivistas, corporativismos, entre outros valores, crenças e

pressupostos que acabam por desvirtuar a missão histórica dessa organização

partidária.

No entanto, é imperioso valorizar os grandes êxitos alcançados por um

partido que mesmo caracterizado por forças tão heterogêneas em seu seio, soube

lograr várias ações comuns em favor de sua base social quando saiu vitorioso nas

eleições. Merece destaque algumas iniciativas que surtiram efeito, no âmbito do

Governo Federal, tais como a valorização permanente do salário mínimo, programas

sociais diversos tais como Minha Casa, Minha Vida; Luz para Todos, Bolsa Família,

Prouni, entre outros. Experiências municipais bem avaliadas, tal como o Orçamento

Participativo, são outros legados do PT.

Chama atenção, todavia, o fato de o PT estar hoje extraordinariamente

exigido na chamada luta institucional, sendo a Presidência da República a mais

importante delas e a que mais exige de toda a sua estrutura partidária e empenho

militante. Todo esse esforço, maximizado no atual momento de crise política que

exige ainda mais de todos os seus membros, acaba por diminuir a inserção do

Partido nos demais movimentos sociais, sobretudo o sindical.

A própria outrora poderosa Central Única dos Trabalhadores perdeu muito de

sua projeção e influência entre os trabalhadores em decorrência justamente dessa

menor atuação militante dos petistas. O mesmo ocorreu em outros movimentos de

base como o estudantil e o de luta pela terra e moradia onde os petistas deixaram

de ter protagonismo em detrimento da ascensão de outros partidos e organizações

políticas de esquerda que não sofrem com o desgaste de participar do governo

federal, tais como o PSTU e o PSOL.

De todo modo, é importante ressaltar as frequentes críticas feitas ao Partido,

internas ou externas, em torno do desenvolvimento de algumas práticas nocivas

vivenciadas na estrutura do PT, sendo o arrivismo, o mandonismo, os “grupismos”

umas das condutas que acabam por promover um clima organizacional desfavorável

à unidade partidária, seja entre a militância como seus dirigentes e profissionais do

Partido.

A participação em diversas frentes institucionais, portanto, cobra um alto

preço do ponto de vista organizativo e influencia diretamente na cultura

24

organizacional do PT que vem se transformando intensamente nos últimos anos, o

que pode ser claramente percebido na evolução do perfil de seus dirigentes tanto na

Direção Nacional como nas diversas Direções Estaduais e Municipais, onde

empresários, religiosos de diversos credos, profissionais liberais múltiplos, vêm

sendo incorporados aos quadros partidários. A imagem popular de um militante

petista vestido de um macacão de fábrica ou sujo de graxa há muito se perdeu.

Hoje, a imagem predominante do Partido - influenciada enormemente pela ofensiva

midiática e pelo fato de o Partido estar no centro das atenções em decorrência de

ocupar a presidência da República - é de uma organização conciliadora, mais

moderada, “de paz e amor”. A luta de classes dá lugar à conciliação de classes.

4.2.3- PSTU: Partido de orientação trotskista, revolucionário e com

centralidade nos movimentos de massa em detrimento à participação no

sistema eleitoral

O Congresso de fundação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

ocorreu entre os dias 3 e 5 de julho de 1994, “unificando diferentes organizações,

grupos e ativistas independentes” (PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES

UNIFICADO, 2015).

A maioria desses ativistas e militantes saiu de uma tendência interna do PT,

conhecida como Convergência Socialista (CS) e, que, durante muitos anos, já

manifestava sua discordância com o rumo traçado pelas correntes majoritárias do

Partido dos Trabalhadores. A discordância maior da CS com relação à essa direção

do PT era, sobretudo, uma suposta perda da opção revolucionária cujo centro da

luta fosse a ação de massas, envolvendo a ação direta com os trabalhadores.

No Brasil, o PSTU é o representante da Liga Internacional dos Trabalhadores

(LIT), conhecida como a Quarta Internacional, que é uma associação formada em

1938 - em contraponto à Terceira Internacional sob influência do período soviético

com Stálin à frente - por partidos socialistas de várias partes do mundo, seguidores

e adeptos do pensamento de Leon Trotski, e, por isso mesmo, seus militantes e

dirigentes serem reconhecidos como trotskistas.

25

Dessa forma, muito da cultura organizacional do PSTU é influenciada

diretamente pelos ideais de Trotski, um revolucionário ucraniano que desempenhou

importante papel na Revolução Socialista russa de 1917. Dentre os conceitos de

Trotsky está a chamada tese da “Revolução Permanente” e a primazia da luta direta

dos trabalhadores através dos chamados movimentos sociais e sindicais de base,

em detrimento ao processo eleitoral burguês que, para o PSTU, se resume a um

“jogo de cartas marcadas” (PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES

UNIFICADO, 2015).

De igual modo, essa cultura organizacional predominante entre dirigentes e

militantes do PSTU é fortemente influenciada pelo repúdio a toda e qualquer forma

de “conciliação de classes” o que, na prática, significa a formação de alianças

apenas com partidos e organizações populares que se enquadrem como de

esquerda e se situem no campo popular. De acordo com os manifestos do Partido,

desde a época em que os militantes do PSTU atuavam como corrente interna do PT,

através da CS, é recusado as “alianças políticas-eleitorais com o brizolismo e o

Partido Socialista Brasileiro – que seriam os continuadores do populismo burguês –

e com a esquerda do PMDB e o PSDB”.

Tais posicionamentos refletem, diretamente, no desempenho eleitoral do

Partido. Nas últimas eleições municipais ocorridas em 2012, o PSTU teve apenas

0,17% dos votos válidos no país e só elegeu dois vereadores em todo o país: Cleber

Rabelo em Belém e Amanda Gurgel em Natal (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL,

2012). Já nas eleições de 2014, uma vez mais o PSTU apresentou a candidatura de

José Maria de Almeida (Zé Maria) para a Presidência da República, obtendo 91209

votos, ou seja, 0,09% dos votos válidos (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014).

Essa candidatura, longe de apresentar viabilidade eleitoral, serve ao propósito do

Partido de divulgar suas ideias e seu programa político partidário (PARTIDO

SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO, 2015).

Assim sendo, a atuação militante do PSTU é focada nos chamados

movimentos de base, atuando, sobretudo, nos movimentos sindical e estudantil,

fazendo um contraponto ao que chamam de reformismo ou governismo das demais

entidades dirigidas ou influenciadas por militantes do PT ou PCdoB.

Desde 2002, o PSTU abandonou a Central Única dos Trabalhadores (CUT)

para, em 2004, lançar a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas). Em 2010,

26

durante o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) realizado na cidade

de Santos, foi fundada a Central Sindical e Popular (CSP – Conlutas), unindo “as

experiências de organizações sindicais e populares agrupadas em movimentos bem

distintos”, tais como os do sem-teto, dos sem-terra, das mulheres e da luta pela

igualdade racial.

Importante destacar, em um cenário sindical brasileiro marcado por dirigentes

conhecidos como “capas pretas” ou mandatários supremos, a busca dessa Central

em construir processos que assegurem a chamada “democracia operária”. Nesse

sentido, uma experiência inovadora comparada a outras centrais sindicais, tais como

a CUT ou a CTB (ligada ao PCdoB), é a existência de uma estrutura de direção

horizontalizada, com a participação de todas as entidades filiadas em sua

Coordenação Nacional, que, de acordo com sua Secretária Executiva Nacional, se

reúne a cada dois meses (CSP-Conlutas, 2011).

De fato, um traço marcante na cultura organizacional do PSTU é a aversão ao

chamado culto à personalidade, prática muito associada ao líder soviético Josef

Stálin, grande oponente do pensamento e da ação de Trotsky. No entanto,

contraditoriamente, seu presidente nacional, José Maria de Almeida, se apresenta

como líder máximo dessa organização desde a fundação do Partido. Com exceções

de 1994, quando o Partido apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva e, em

2006, com o apoio dado à Heloísa Helena (PSOL), Zé Maria, como é mais

conhecido, foi sempre o candidato majoritário da legenda nas disputas à Presidência

da República.

Por fim, é importante destacar a opção do Partido em não aceitar

financiamento de empresas para suas campanhas eleitorais e, assim, priorizar sua

ação em sindicatos e demais organização populares.

4.2.4- PSOL: Partido socialista formado por correntes de opiniões, avesso ao

Centralismo Democrático, atuante nos movimentos sociais e nas disputas

eleitorais

27

O Partido Socialismo e Liberdade foi fundado no ano de 2004, embora seu

registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral só tenha ocorrido um ano mais tarde,

em 15 de setembro de 2005 (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2015).

A criação do PSOL, grosso modo, é também resultado da insatisfação política

de certos setores no seio do PT, ou seja, de diversos militantes e dirigentes petistas

que, logo na candidatura de Luís Inácio Lula da Silva à presidência da República em

2002 - com a divulgação da chamada Carta ao Povo Brasileiro -, mostraram-se em

desacordo com tal documento que seria, na visão desses filiados, uma rendição ao

grande capital ou um termo de concessão ao mercado.

Essa situação se deteriorou ainda mais após a eleição de Lula e a aprovação

da chamada Reforma da Previdência, com a oposição enfática e os votos

dissidentes dos parlamentares Heloisa Helena (hoje no Rede Sustentabilidade),

Babá, João Fontes e Luciana Genro, o que resultaram em suas expulsões. A partir

daí, vários outros dirigentes e militantes romperam com o PT para se somarem ao

esforço de fundarem outra agremiação como uma “alternativa política à esquerda”

do PT ((PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE, 2004).

Dessa forma, já no programa aprovado no Encontro Nacional de fundação do

PSOL, já é deixado claro uma nova concepção de socialismo, propondo-se “refundar

a ideia e a estratégia do socialismo no imaginário de milhões de homens e mulheres,

reconstruindo a ideia elementar – mas desconstruída pelas experiências totalitárias

dos regimes stalinistas e as capitulações à ordem no estilo da terceira via social-

democrata – de que o socialismo é indissociável da democracia e da liberdade, da

mais ampla liberdade de expressão e organização, da rejeição aos modelos de

partido único” (PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE, 2004).

Essa passagem de seu programa político partidário ilustra bem a demarcação

do PSOL com relação a dois outros partidos da esquerda brasileira, notadamente o

PCdoB, que valoriza a tradição de luta dos históricos partidos comunistas da URSS

e do Leste Europeu, bem como é solidário aos Partidos Comunistas de Cuba e da

China que atuam em sistemas de partido único; e o PT, que adota uma postura mais

conservadora ao abrigar em suas fileiras quadros que atuam em correntes mais

moderadas ou até conservadoras e que têm uma conduta mais conciliadora com

amplos setores da burguesia.

28

Justamente essa “conciliação de classes” é refutada e condenada

publicamente tanto pelo PSOL quanto pelo PSTU. Enquanto o PCdoB

frequentemente estabelece alianças temporárias e estratégicas com setores da

burguesia nacional e industrial, e o PT com setores ainda mais amplos dessa

burguesia, o PSOL, grosso modo, demarca “tanto com os partidos da direita

tradicional como com o bloco dos apoiadores do governo federal” (FERRARI et al.,

2012), priorizando suas coligações com outros partidos de menor expressão eleitoral

do campo da esquerda, ainda que com menos radicalização que o PSTU.

Entretanto, na campanha à prefeitura de Macapá, por exemplo, o candidato

Clécio Luís, contou com o apoio do DEM, do PTB e do PSDB no segundo turno da

eleição de 2014, o que foi decisivo para sua eleição pela pequena margem de 0,59%

dos votos válidos (TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, 2014). Também a

candidatura de Heloísa Helena ao Senado Federal por Alagoas em 2014 recebeu

apoio do PSDB, o que não foi suficiente para garantir-lhe a vitória (PITOMBO, 2014).

De fato, essa maior amplitude eleitoral comparado ao PSTU, permitiu ao

PSOL uma maior projeção eleitoral em todo o país. Se no comparativo entre

militantes filiados o PSOL tinha, em 2012, de acordo com o Tribunal Superior

Eleitoral (2015), cinco vezes mais filiados que o PSTU, (66.059 versus 13.209),

quantitativamente a vantagem foi ainda maior nos votos para prefeito no primeiro

turno de 2012: 795.275 contra 77.084, respectivamente. Comparando os votos para

vereador a diferença foi de 628.828 para o PSOL e 75.890 para o PSTU, uma

diferença positiva de 552.938 votos para o PSOL.

Merecem destaque também algumas candidaturas isoladas que tiveram

resultados muito expressivos, ainda que não tenha alcançado a eleição. Marcelo

Freixo, disputando a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, alcançou expressivos

28% dos votos válidos, polarizando com o candidato vitorioso, Eduardo Paes

(PMDB). Essa projeção de Freixo no Rio de Janeiro contribuiu para a eleição de

quatro vereadores na Câmara carioca.

Na cidade de Belém, Edmilson Rodrigues obteve cerca de 27% dos votos e

chegou a disputar o segundo turno da capital paraense (TRIBUNAL SUPERIOR

ELEITORAL, 2012). Além disso, o PSOL elegeu um Senador da República pelo

Estado do Amapá, Randolfe Rodrigues (hoje filiado ao Rede Sustentabilidade) e

conta com três deputados federais na Câmara dos Deputados.

29

Toda essa projeção eleitoral alcançada nos últimos anos por um partido

relativamente jovem e com restrições ideológicas fortes a alianças eleitorais com

outros partidos que não seja do seu campo de esquerda, faz seus filiados e

simpatizantes desenvolverem uma cultura militante cujo centro da ação não é

apenas o movimento social, mas também a luta política eleitoral.

Ilustram bem essa “dupla aptidão” os últimos prêmios Congresso em Foco em

que a bancada do PSOL na Câmara é a mais bem avaliada pelo público (internet),

ao mesmo tempo em que o Partido participa diretamente da condução de greves em

diversos segmentos da sociedade, sobretudo a greve na educação superior, dos

trabalhadores da previdência social e a dos bancários.

Resta saber, entretanto, até quando a luta institucional e a atuação nos

movimentos sociais - além da luta no campo da ideias -, manterão esses pesos

relativamente equivalentes, fazendo da militância, em suas diversas áreas e níveis

de organização, protagonistas de um projeto coletivo capaz de não sobrepor a ação

eleitoral em detrimento das demais, como é uma das críticas centrais feitas pelo

PSOL em relação ao PT e ao próprio PCdoB, dois dos principais partidos de

esquerda que integram a base de sustentação do governo Dilma.

4.3- O Clima e a cultura organizacional favoráveis à maximização da extração

da mais-valia

Tanto o conceito de clima organizacional como o de cultura organizacional,

surgem a partir da necessidade das empresas capitalistas em se tornarem mais

competitivas o que, em outras palavras, significa aumentar a eficiência da força de

trabalho.

Ao passo que os objetos de trabalho, notadamente as matérias primas, se

tornaram cada vez mais baratos e acessíveis desde as primeiras expansões

imperialistas e as anexações de novas colônias a partir da Revolução Industrial, e os

meios de produção se desenvolveram imensamente - principalmente com a

construção de ferrovias, estradas, portos, fertilização e aproveitamento de novas

terras e o desenvolvimento das mais modernas técnicas de produção -, a força de

30

trabalho ainda continuava incapacitada e, sobretudo, desmotivada a servir ao

processo de acumulação do capital.

Dessa forma, temos várias escolas da Administração Pública que se

debruçam (ou debruçaram) na arte e na ciência de promover o aumento do

rendimento da mão-de-obra assalariada, haja vista que a extração da mais-valia

absoluta - aquela alcançada por meio do aumento das jornadas de trabalho,

aproveitamento do trabalho infantil, de exposição ao trabalho insalubre e de alta

periculosidade, etc. – tem seus limites físicos e espaciais, além de ser cada vez mais

combatido pelos trabalhadores organizados e condenado pela maioria dos

sindicatos e legislações trabalhistas da grande maioria dos países do mundo.

Resta ao Capital, portanto, buscar cada vez mais elevar a chamada mais-

valia relativa, aquela que, segundo Marx, “resulta do encurtamento do tempo de

trabalho necessário e de correspondente modificação na relação de magnitude de

ambas as partes componentes do dia de trabalho”.

Em outras palavras, a mais-valia relativa decorre do aumento da

produtividade proporcionado pelos imensos avanços tecnológicos e o consequente

desenvolvimento dos meios de trabalho (máquinas modernas, infraestrutura, etc)

aliado ao incremento da própria força de trabalho, através da sua constante

qualificação e, sobretudo, da suposta satisfação do assalariado em vender sua força

de trabalho ao capitalista. Segundo o marxismo, é essa força do trabalho o elemento

ativo da produção que cria e põe em movimento os meios de produção que, por si

só, sem se associarem à força de trabalho, nada podem criar (ACADEMIA DE

CIÊNCIAS DA URSS, 1961).

Assim sendo, a máxima extração da mais-valia depende não somente de

trabalhadores qualificados (alto nível de escolaridade, formação técnica, etc), mas

também de trabalhadores motivados.

É nesse sentido que várias escolas da administração, a começar pela

chamada “administração sistemática” que teve como um de seus principais

referenciais o economista e filósofo escocês Adam Smith, cujo centro da análise era

a otimização do desenvolvimento de processos e procedimentos capazes de

assegurar uma maior produtividade baseado na racionalização dos esforços dos

trabalhadores. Em síntese, Smith afirma, logo no primeiro parágrafo de seu clássico

livro “A riqueza das nações”, que “o maior aprimoramento das forças produtivas do

31

trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o

trabalho é em toda parte dirigido ou executado, parecem ter sido resultados da

divisão do trabalho (grifo meu)”.

É, pois, a divisão do trabalho, uma revolução no processo produtivo que levou

a especialização das diversas atividades parciais, propiciando aumento vertiginoso,

em escala, da produção. Com a divisão do trabalho acentuou-se a contradição entre

burguesia e proletariado, de modo que os detentores dos meios de produção

dominam os que possuem apenas suas forças de trabalho através da ideologia

dominante (burguesa) e a alienação.

Igualmente, Frederick Taylor, então um jovem operário da companhia de aço

Midvale Steel Works nos Estados Unidos, identificou que a administração

sistemática era incapaz de propiciar eficiência produtiva generalizada e que as

tomadas de decisões não seguiam um método científico (JACOBSEN & NETO,

2009). Nesse sentido, surge a escola da Administração Científica, formulada a partir

do Estudo dos Tempos e Movimentos (Motion-time Study).

Ainda de acordo com esses autores, “considerando ainda a necessidade de

elevar a eficiência organizacional, a Administração Científica começou a valorizar as

condições de trabalho”. O trabalhador necessitava ser motivado visando aumentar

sua produção ao máximo possível e é daí que surge o conceito de homus

economicus, satirizado por Charles Chaplin em seu clássico filme “Modern Times”

(Tempos Modernos).

Portanto, tanto a ávida busca por uma cultura e um clima organizacional

capazes de influenciar positivamente a “linha de produção” vem perseguida pelas

principais escolas da administração e, por mais que o trabalhador seja

supostamente beneficiado por melhorias nas condições de trabalho, essas

“benesses” visam, sobretudo, um maior rendimento na produção.

Entretanto, é imperioso destacar que um ambiente sadio, harmônico e

prazeroso de trabalho, que permita a qualquer trabalhador, independente do setor

(iniciativa privada, instituições públicas ou organizações do terceiro setor) e da área

em que atue, é objeto a ser perseguido por todos, independentemente da missão,

visão e objetivos de cada um desses empregadores.

Faz-se necessário, assim, abordar o tema do clima e da cultura

organizacional para além das empresas capitalistas privadas e, embora o foco

32

desses dois temas seja notoriamente relacionado com o aumento da extração da

mais-valia relativa, suas abordagens são revolucionárias a partir do ponto em que o

trabalhador seja posto no centro do debate em detrimento do capital. Assim, uma

teoria aparentemente reacionária, passa a ter uma conotação extremamente

progressista e libertária.

4.4- Clima e cultura organizacional: ferramenta de análise para além das

ideologias burguesas

De acordo com Oliveira e Medeiros (2011), as organizações, muitas vezes,

são identificadas por algumas peculiaridades que as fazem únicas. Isso significa que

elas desenvolvem e possuem uma cultura própria. Essa cultura é sua identidade,

construída no decorrer dos anos.

Já com relação ao clima organizacional, é importante que o administrador

(seja ele um gerente, um dirigente sindical/partidário, líder ou mesmo o proprietário

do empreendimento) domine bem esse conceito e ainda trabalhe pela sua

consolidação e desenvolvimento, a fim de que ele possa incrementar a motivação de

seus empregados.

Independentemente de ser uma empresa capitalista, uma instituição pública

ou mesmo uma organização do movimento social, é importante ter em conta que “a

eficiência da organização pode ser aumentada através da criação de um clima

organizacional que satisfaça as necessidades de seus membros e, ao mesmo

tempo, canalize esse comportamento motivado na direção dos objetivos

organizacionais" (Kolb, 1978, citado por Souza, 1980).

É dessa forma que os partidos políticos, tratados nesse trabalho, são

merecedores de uma análise pormenorizada sobre as culturas organizacionais

prevalecentes e os climas organizacionais que se fazem valer entre eles. Em última

análise, é essencial ter em conta quais são os valores, as crenças, os pressupostos,

as normas, os relacionamentos e estilos de trabalho predominantes entre seus

militantes, dirigentes e profissionais. Além disso, é de bom alvitre avaliar se há

diferenças significativas no clima e na cultura organizacional entre esses partidos,

33

sobretudo entre os que hoje atuam como governo (PT e PCdoB) e aqueles que

agem na oposição (PSTU e PSOL).

Ainda mais, é forçoso saber se os membros desses partidos em seus mais

diferentes níveis (filiados, militantes ou dirigentes) que, pelo menos em tese,

defendem a emancipação plena do trabalhador do jugo do capital, são tratados de

forma distinta daqueles assalariados de uma empresa capitalista qualquer.

Nesse sentido, é indispensável reconhecer que todos os partidos

mencionados acima viveram momentos intensos de disputas internas que, ainda

sendo de caráter ideológico, invariavelmente saltou para o campo pessoal com as

práticas de censura interna e,ou externa, suspensão, desfiliação (expulsão) e, em

período da ditadura, no caso do Partido Comunista do Brasil, até com justiçamentos.

Hoje a realidade é mais complexa e, via de regra, todos esses partidos

apresentam uma militância mais heterogênea, advinda de diversos segmentos da

sociedade e com valores distintos. Notadamente a chamada “classe média” vem

sendo alvo da crítica mais contundente de todos esses partidos justamente pelos

seus valores pequeno-burgueses. Entretanto, não há como negar que boa parte

dessa nova militância que se incorpora aos partidos de esquerda no Brasil e no

mundo, vem justamente desse setor e, portanto, traz consigo, em maior ou menor

escala, valores, crenças e estilos de relacionamento combatidos pelas próprias

organizações de esquerda. Não raramente é possível identificar manifestações

racistas, hedonistas, machistas e, sobretudo, o assédio moral, no seio dos próprios

partidos que se propõem a erradicar a “exploração do homem pelo homem”. Pior:

pouca coisa é feita no sentido de se corrigir esses desvios ou mesmo para coibir o

militante infrator.

O nível e intensidade desses “desvios” depende da rigidez de cada partido

ora em estudo. Todavia, no ímpeto de se disputar e vencer processos eleitorais

diversos, desde o Centro Acadêmico de uma faculdade, até a Presidência da

República, mesmo de modo inconsciente faz-se vistas grossas a uma série de

incidentes em nome de uma suposta unidade em torno do objetivo maior. Mas diante

de tantas demandas que são apresentadas em uma sociedade cada vez mais

dinâmica, falta tempo para se exercer a autocrítica interna e o devido processo

disciplinar que, mais que punitivo, deveria ser educativo.

34

Em uma discussão entre um professor dirigente de um importante sindicato

dos professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e uma aluna dessa

mesma instituição, o sindicalista teria gritado para a estudante: “vai se foder, você

também, sua piranhazinha” (BOECKEL, 2015). Muitos outros casos semelhantes

são denunciados pelo país afora, o que faz com que assembleias de servidores

sejam cada vez mais esvaziadas e não raramente transformadas em “praça de

guerra” com toda sorte de acusações e ofensas, contribuindo para um clima

organizacional marcado por tensões, conflitos e tumultos. Há casos em que algumas

poucas dezenas de servidores decidem por várias centenas de colegas.

Casos semelhantes acontecem também no âmbito dos partidos de esquerda.

Óbvio que nenhuma organização é imune ao que se passa na sociedade. Como

afirmou Arruda (2000) “o camarada que ingressa no Partido vem de fileiras da classe

operária, das massas camponesas, do movimento estudantil ou de outros setores da

pequena burguesia radical, trazendo em maior ou menor grau, as qualidades e os

defeitos de sua origem e de sua formação”.

Dessa maneira, se entende que todo e qualquer militante partidária é reflexo

das relações sociais em que está inserido. No entanto, cabe ao partido educá-lo e

promover uma cultura diferente, baseado em outros valores que prezem o respeito,

a solidariedade e a democracia.

A pergunta que se faz, portanto, é se essa nova cultura e esse novo clima de

trabalho e atuação são realmente perseguidos ou se, pelo contrário, subjazem aos

interesses mais imediatistas e eleitorais.

4. 5- CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAIS: PARTICULARIDADES DOS

PRINCIPAIS PARTIDOS POLÍTICOS DE ESQUERDA DO BRASIL NA

ATUALIDADE

4.5.1- PT e PCdoB: Uma forte cultura em defesa comum do legado do governo

Lula e do mandato da presidenta Dilma Rousseff, diante de pesado clima

político de oposição de direita e esquerda

35

Fato que merece destaque é a eleição, pela primeira vez em nossa história,

de uma candidatura popular, sustentada por amplos setores da esquerda brasileira.

A vitória de Lula em 2002 teve enorme carga simbólica e significou o deslocamento

de poderosas forças do grande capital financeiro do centro do poder executivo.

Mas para se chegar ao poder e ainda se manter nele por quatro mandatos

consecutivos – configurando o mais longevo período de forças democráticas e

progressistas na Presidência da República -, tanto PT como PCdoB tiveram que

romper com antigas concepções, crenças e valores, que impactavam diretamente

nos relacionamentos inter e intrapessoais (entre militantes, entre dirigentes, entre

militantes e dirigentes e entre membros do partido com outros partidos).

Se no PCdoB antes predominava um ambiente interno de trabalho mais

íntimo, de mais camaradagem e de menos controvérsias pessoais ou políticas pelo

simples fato e razão de conviverem militantes unidos em torno de um ideal ainda

intangível e com muito menos complexidade típica de quando se está no poder ou

assumir o papel de situação, a partir da eleição de Lula esse cenário mudou

bastante.

A partir da convocação feita ao PCdoB em oferecer vários de seus principais

quadros para atuarem em diversos órgãos da Administração Direta e Indireta da

estrutura do Estado brasileiro (que, diga-se de passagem, é capitalista) além de

voltar sua base militante atuante em diversos movimentos sociais a defender os

governos Lula e Dilma, contribuiu para uma guinada cultural com impacto direto no

clima organizacional partidário.

Toda uma trajetória marcada pela clandestinidade e oposição aos diversos

governos, forjaram culturalmente um tipo militante que agora se deparava com a

necessidade de se readequar quase que por completo a esse novo projeto de

sustentação a um governo popular sob diuturno ataque daquelas antigas forças

políticas despojadas do poder central, mas ainda instaladas nos diversos tipos de

poder estatal e não-estatal. Se antes, para entrar no Partido e ter a ficha de filiação

abonada por algum dirigente era necessário passar por uma verdadeira prova de

fidelidade e identidade com as normas, regimentos e programas internos partidários,

hoje, em uma nova concepção forjada a partir de uma nova realidade, essa filiação

pode ser feita on-line pelo site do Partido.

36

Mais que isso, o PCdoB rompe com a dualidade então existente entre “partido

de quadros” versus “partido de massas”. De acordo com Sorrentino (2003), “um

partido de vanguarda estruturado como partido de massas exige características

específicas de estrutura e funcionamento. O partido segue sendo encarado como

partido de militância política, de homens e mulheres que se emancipam, capazes de

se solidarizar e comprometer com a luta dos explorados, que aprofunde as marcas

centrais de um partido da classe, de vanguarda, de luta e que permanece com a

exigência de uma estrutura centralizada, democrática e unitária para cumprir seu

papel. Mas, ao mesmo tempo, estrutura-se como uma formação grande e articulada,

que dialoga e interage com a sociedade em suas múltiplas vertentes”.

Diante dessa nova conjuntura política, em que pela primeira vez na história do

Brasil um Partido de vanguarda, marxista-leninista, é chamado a participar do

governo federal, “é inescapável que tal perfil organizativo exija desenvolvimento de

dois pilares centrais: 1) que seja um partido de ampla militância política e mantenha

organicidade e não apenas um partido de quadros; 2) que atenda a novas

exigências na aplicação da democracia interna e centralismo” (SORRENTINO,

2003).

Essa amplitude política no seio do Partido, fez com que se agregassem

milhares de novos filiados sem a antiga têmpera revolucionária, mas com potencial

eleitoral capaz de permitir alcançar seus objetivos mais pontuais, dentre eles o

coeficiente eleitoral para aumentar sua bancada de deputados e prefeitos e, assim,

travar em melhores condições a luta institucional. Já a luta de massas, aquela junto

aos movimentos de base e social, sofre intenso bombardeio pelo fato de o partido

atuar mais na defensiva, resguardando o governo do qual faz parte. Dessa forma,

“cria-se tendência a projetar quadros para a atuação política em detrimento da

dedicação às questões de partido e porque o caráter massivo pode tender a

sobrepô-lo a outras organizações do movimento, comprometendo a autonomia

destas e tornam maiores as pressões corporativistas” (SORRENTINO, 2003).

Um rápido e superficial olhar sobre as recentes composições das bancadas

do PCdoB nas câmaras legislativas estaduais e federal, permite constatar um

incremento significativo na “infidelidade” partidária, com vários casos de deputados

trocando o Partido por outras siglas com mais envergadura eleitoral, o que revela

uma cultura menos identificada ideologicamente com o programa partidário. É o

37

caso, por exemplo, da desfiliação recente de dois deputados federais eleitos pelo

PCdoB no pleito de outubro de 2014, João Derly (Rio Grande do Sul) e Aliel

Machado (Paraná), que migraram, sem justificativas ideológicas, para um partido de

oposição (Rede Sustentabilidade) ao governo do qual o PCdoB integra e luta pelo

seu êxito.

Já o PT, desde o seu surgimento até hoje, passou por uma intensa e

necessária mudança organizacional que permitiu que o Partido chegasse e,

sobretudo, se mantivesse na Presidência da República, além de aumentar

imensamente a quantidade de parlamentares petistas por todo o país.

Uma nova cultura organizacional, que teve reflexo no clima de atuação dos

atuais filiados das diversas instâncias partidária, tomou o lugar daquela antiga forma

de militância que envolvia os precursores do PT.

Em discurso proferido no dia 22 de junho de 2015, por ocasião de uma

Conferência intitulada “Novos desafios da democracia”, o principal líder histórico do

PT, Luiz Inácio Lula da Silva, fez duras críticas à nova cultura organizacional que vai

moldando o partido e afirmou que “o PT perdeu um pouco a utopia”. E prosseguiu:

“Como a gente acreditava nos sonhos... Nós chorávamos na mesa. Hoje a gente só

pensa em cargo, emprego, em ser eleito, ninguém trabalha mais de graça.

Antigamente, esse partido qualquer coisa colocava duas mil pessoas na rua com a

bandeira do partido. Hoje se os candidatos não liberarem assessores do gabinete,

não tem” (LULA DA SILVA, 2015).

Essa afirmação de Lula revela também o clima organizacional que predomina

em um Partido que hoje tem milhares de militantes profissionalizados e,

consequentemente, respondem mais pelos governos nos quais participam do que

pelo próprio partido que militam.

Certamente esse é um dos preços a se pagar quando se assume um cargo

ou um governo. Nessa mesma conferência, Lula alertou que “o partido político

cresce, elege prefeitos, vereadores, deputados e, quando acontece isso, entramos

na roda gigante da política. Muitas vezes, ao invés de mudar a política vai se

adequando à política. Escolha a pessoa mais radical que quiser, coloque dentro do

Congresso Nacional. Daqui a pouco, ela está sentada ao lado da extrema direita

como se fossem amigos. É próprio da democracia”. E em um sistema político

marcado pelo financiamento privado de campanha, é difícil imaginar um partido

38

político qualquer atingir a performance eleitoral que o PT alcançou sem uma política

de aproximação com empresários ou empreiteiros, ou seja, com representantes do

grande capital, seja ele industrial, comercial ou rentista.

4.5.2- PSTU e PSOL: Cultura predominante de ataque político à burguesia e

oposição radical de esquerda ao governo Dilma

A opção adotada pelo PSTU em não aceitar financiamento privado de

campanha poupou o partido de ser alvo de investigações e até condenações que,

principalmente o PT, recebeu por parte de vários processos e julgamentos, entre

eles os que levaram dois de seus ex-tesoureiros à prisão.

Mas, por outro lado, sem esses recursos para financiar suas campanhas

eleitorais, mantendo-se apenas com recursos do Fundo Partidário e contribuições de

seus militantes, o PSTU tem o pior desempenho eleitoral de todos os partidos de

esquerda estudados nesse artigo.

Sua postura radicalizada em defender a consigna “Contra burguês, vote 16”

(número da legenda) ajuda a entender a cultura prevalecente entre os militantes

dessa agremiação marcada pelo isolamento e uma política mais estreita (ou menos

ampla) nas alianças políticas.

É notório que o centro de disputa do PSTU é focado no movimento sindical, o

que contribui para forjar culturalmente uma militância mais radicalizada no sentido

de enfrentar o “inimigo de classe” - que pode ser tanto o Estado burguês ou o patrão

capitalista. Com isso, a preocupação em oferecer alternativas eleitorais viáveis ao

cidadão, capaz de fazer um contraponto às candidaturas mais conservadoras e

reacionárias, dentro de um sistema político capitalista com correlação de forças

desfavorável aos partidos de esquerda, passa a ser secundarizada.

Até pela pouca influência desse partido na sociedade em geral, e entre os

trabalhadores em particular, embora com mais de duas décadas de existência, faz-

se questionar a razoabilidade do discurso extremado desse Partido, que ajuda a

moldar uma cultura e um clima organizacional propício a formação de autocratas e

levá-lo ao isolamento em relação à disputa política envolvendo as grandes causas.

39

Tipifica bem esse comportamento, por exemplo, a crítica de um dirigente do

Partido, Marcos Margarido, ao fato de a CUT ter divulgado uma nota de pesar pela

morte do ex-vice-presidente do Brasil, José Alencar, que considerava que “a aliança

de Alencar com Lula somou a força dos trabalhadores e o capital produtivo na luta

pela transformação social e econômica do Brasil, e a defesa permanente das

grandes causas nacionais”. Margarido (2011) contesta a CUT e indaga “o que leva

uma central de trabalhadores a defender dessa maneira (...) o proprietário da maior

empresa do ramo têxtil do Brasil” e responde que “somente sua submissão e

atrelamento ao governo Lula, anteriormente, e ao governo Dilma, agora, podem

explicar tal atitude”.

É emblemático, pois, essa cultura organizacional do PSTU de se condenar

toda e qualquer conciliação de classe, seja ela qual for (capital produtivo ou

especulativo, por exemplo) e, ainda mais, demonstrar-se insensível ao contraditório.

O fato de o PSTU não priorizar as eleições, mas a ação direta como meio de

transformar a realidade atual (PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES

UNIFICADO, 2015), faz com que a militância seja mais livre para adotar uma postura

mais reprovadora e um comportamento mais estigmatizador da sociedade burguesa

em que vivemos, sem se preocupar com as repercussões eleitorais que isso pode

acarretar às suas candidaturas.

Já o PSOL, por sua vez, ao não deixar de lado a luta eleitoral em detrimento

da ação direta nos movimentos sindicais e sociais, adota uma postura menos

extremada, mas mantendo o socialismo no horizonte estratégico. Ao aceitar

financiamento privado de campanha para financiar suas candidaturas, adota uma

postura menos polarizada que o PSTU.

No interior do PSOL, entre sua militância e dirigentes, há uma forte cultura de

distanciamento com o Partido dos Trabalhadores e, ao mesmo tempo, de

demarcação com o PSTU e demais partidos de esquerda. O clima de ação militante

é voltado para a consolidação de uma hegemonia no âmbito de uma oposição de

esquerda ao governo Dilma, no âmbito federal.

Merece destaque, também, a forte cultura competitiva que vai se formando,

polarizando com vários setores e tendências do próprio partido ou de outras

organizações, na disputa por inúmeras direções de entidades do movimento social.

A constante disputa por cargos e direções em sindicatos, por exemplo, tem efeito

40

semelhante que a corrida por cargos em funções do aparelho estatal por parte de

militantes de esquerda governista. Não por acaso, muitos militantes que hoje atuam

em sindicatos, recebem ajuda de custo que não raras vezes são compatíveis (ou até

maiores) que os salários pagos pela iniciativa privada ou o que seus colegas

recebem nos cargos de governos. Isso sem falar de outros auxílios recebidos em

nome da luta pela emancipação da classe operária.

Acrescente a isso, o fato de o PSOL e o PSTU disputarem, entre si, a

hegemonia no movimento social, sobretudo no âmbito da CSP-Conlutas e da

Intersindical – centrais sindicais que reunem diversas organizações que se

unificaram em um programa comum - e que frequentemente resulta em disputas

abertas ou veladas.

Assim sendo, mesmo tendo sido oposição aos governos Lula e acentuar a

oposição ao governo Dilma, tanto os militantes e dirigentes do PSTU e PSOL não

gozam de um clima e de uma cultura organizacional de quem, no dito popular,

assume o cômodo papel de jogar pedras. Pelo contrário, esses dois partidos

também adotam o papel de vidraça, na medida em que são alvos de intensas

críticas internas entre suas correntes (no caso do PSOL) e entre militantes e

dirigentes (no caso do PSTU), bem como entre ambos os partidos na busca pela

hegemonia no campo da esquerda. O resultado é um clima de trabalho militante

tenso, carregado e propenso ao estresse típico de quem atua em uma organização

burocratizada ou tipicamente empresarial.

Por fim, é importante destacar o crescente patrulhamento ideológico inter e

intra militante, contra toda declaração considerada politicamente incorreta, em que o

elemento pedagógico e o trabalho voltado à formação política muitas vezes é

deixado de lado e dá lugar à simples execração pública e humilhação de quem

cometeu o delito.

41

5 CONCLUSÃO

Em uma sociedade marcada pela divisão e uma acirrada luta entre classes

antagônicas – burguesia versus proletariado –, é normal que os partidos de

esquerda, reivindicadores da representação dessa classe operária, estejam

constantemente em atrito, ou na conceituação marxista, em constante luta com a

classe dominante. Essa predisposição, por si só, contribui por fomentar um clima e

uma cultura organizacional fortemente marcado pela combatividade e espírito de

disputa.

Combatividade e disputa não só contra a burguesia, mas também entre os

demais partidos de esquerda, sejam eles do campo governista (PT e PCdoB) como

do campo oposicionista (PSTU e PSOL). Mais ainda: esse clima e essa cultura

organizacional de constante enfrentamento marca também, embora com menor

intensidade, os membros de cada um desses partidos.

Dessa forma, a atuação militante dentro destes partidos de esquerda, não se

diferencia significativamente da pressão sofrida pelos trabalhadores assalariados

nas diversas ocupações capitalistas, embora suas motivações e razões sejam

diferentes.

O assunto tratado nesse artigo, pela alta complexidade, merece ser

aprofundado e levantar outros elementos que vão além de uma revisão de literatura.

De todas as formas, o presente trabalho cumpre o papel de lançar luzes sobre o

tema, sem dogmas ou cerceamentos ideológicos, propondo-se a subsidiar futuros

estudos.

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