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Manuela Ferreira Leite ECONOMIA 2311 11 de fevereiro de 2017 expresso.sapo.pt IMOBILIÁRIO & EMPREGO Expresso OPINIÃO PESSOAS O chapéu de político não está a fazer bem a Centeno LUÍS MARQUES E6 Precisa-se quarto barato para funcionário público JOÃO DUQUE E8 O conceito de gestão é especialmente aplicado à área empresarial, mas a evolução dos tempos tem-no empurrado para outros sectores de atividade, tornando-o mesmo obrigatório à medida que a “competitividade” parece ter passado a ser a palavra-chave que supera todos os fracassos da política económica. Tudo passou a ser mensurável. Tudo, para ser valorizado, deve comparar favoravelmente com um valor que alguém construiu como sendo o ideal, mesmo que com pressupostos discutíveis. Tudo está sujeito a um padrão que a evolução tecnológica ajuda a concretizar. Só que tudo na vida tem limites. Neste sentido, é profundamente chocante que se tente estabelecer, para os médicos, tempos mínimos para consultas. É uma realidade que não pode ter tempos, nem mínimos, nem máximos, nem médios, nem padrões. Cada caso é um caso. Não se pode confundir gestão com padronização. É inaceitável a aplicação deste conceito a uma relação essencialmente humana, para além de ser uma ingerência abusiva na atividade médica. Quando se perde a noção do que é mensurável, destrói-se o potencial benefício de uma boa gestão. Numa época em que se acentua a atribuição de responsabilidades, criminais e financeiras, aos atos médicos e em que é possível, por lei, punir pelo que se considere negligência médica, nada melhor do que transformar o médico num Robô. Sr. Dr. Robô É profundamente chocante que se tente estabelecer, para os médicos, tempos mínimos para consultas > Filipe Bonina é o novo reforço da Comissão Executiva da Central de Cervejas E35 > Dicas Consegue identificar um mau líder? E35 JOÃO NUNO MENDES O presidente da Águas de Portugal diz que a relação com os municípios está estabilizada. As perdas no sector da água atingem 31%. E14 CARREGAMENTO PÚBLICO DE CARROS VAI SER PAGO Empresas elétricas vão cobrar energia E11 Banco de Portugal vai para as Laranjeiras E22 “O BCP E A CGD SÃO OS ÚNICOS GRANDES BANCOS PORTUGUESES” E8 NUNO AMADO PRESIDENTE DO BCP FOTO LUÍS BARRA ... e têxteis acima dos €5 mil milhões As exportações de têxteis e vestuário ascenderam a €5063 milhões em 2016, um crescimento de 5% face a 2015 e uma recuperação para os níveis de 2001. Em dezembro, as exportações tiveram um aumento de 7,3% E13 Exportações de calçado batem recordes... As vendas de sapatos portugueses no exterior cresceram 3,2% em 2016 e bateram o seu sétimo recorde consecutivo. Desde 2009, as exportações da fileira aumentaram 58%. O preço médio por par subiu 24%, para €23,58 E18 APB: é ilegal usar Fundo de Resolução nos lesados Associação tem dois pareceres jurídicos que afastam o Fundo de Resolução da solução dos lesados do BES A Associação Portuguesa de Bancos (APB) tem dois pare- ceres jurídicos que sustentam que é ilegal usar o Fundo de Resolução na solução final para ressarcir os lesados do papel comercial do BES. O presidente da APB, Fernando Faria de Oliveira, avisa que o Fundo não pode assumir responsabilidades E10 ‘Banco mau’ dá €700 milhões à banca A solução do malparado pode melhorar em cinco pontos percentuais a ren- tabilidade dos bancos na- cionais. As contas são do BCE e foram apresentadas por Vítor Constâncio num discurso onde defendeu a criação de entidades para gerir estes ativos. E6 Licenciados ganham menos 20% do que em 1998 > Todos os níveis de escolaridade têm quebras nos rendimentos líquidos reais > A exceção são os trabalhadores com o ensino básico E28 Search & Selection App Santander Totta No seu dia a dia digital conheça as nossas soluções de crédito simples. Já está! © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (11-02-17 19:42)

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Manuela Ferreira Leite

E C O N O M I A 231111 de fevereiro de 2017

expresso.sapo.pt

IMOBILIÁRIO & EMPREGO

Expresso

OPINIÃO PESSOAS

O chapéu de político não está a fazer bem a CentenoLUÍS MARQUES E6

Precisa-se quarto barato para funcionário público JOÃO DUQUE E8

O conceito de gestão é especialmente aplicado à área empresarial, mas a evolução dos tempos tem-no empurrado para outros

sectores de atividade, tornando-o mesmo obrigatório à medida que a “competitividade” parece ter passado a ser a palavra-chave que supera todos os fracassos da política económica.

Tudo passou a ser mensurável. Tudo, para ser valorizado, deve comparar favoravelmente com um valor que alguém construiu como sendo o ideal, mesmo que com pressupostos discutíveis.

Tudo está sujeito a um padrão que a evolução tecnológica ajuda a concretizar.

Só que tudo na vida tem limites.Neste sentido, é profundamente

chocante que se tente estabelecer, para os médicos, tempos mínimos para consultas.

É uma realidade que não pode ter tempos, nem mínimos, nem máximos, nem médios, nem padrões.

Cada caso é um caso.Não se pode confundir gestão

com padronização.É inaceitável a aplicação

deste conceito a uma relação essencialmente humana, para além de ser uma ingerência abusiva na atividade médica.

Quando se perde a noção do que é mensurável, destrói-se o potencial benefício de uma boa gestão.

Numa época em que se acentua a atribuição de responsabilidades, criminais e financeiras, aos atos médicos e em que é possível, por lei, punir pelo que se considere negligência médica, nada melhor do que transformar o médico num Robô.

Sr. Dr. Robô

É profundamente chocante que se tente estabelecer, para os médicos, tempos mínimos para consultas

> Filipe Bonina é o novo reforço da Comissão Executiva da Central de Cervejas E35

> Dicas Consegue identificar um mau líder? E35

JOÃO NUNO MENDES

O presidente da Águas de Portugal diz que a relação com os municípios está estabilizada. As perdas no sector da água atingem 31%. E14

CARREGAMENTO PÚBLICO DE CARROS VAI SER PAGO Empresas elétricas vão cobrar energia E11

Banco de Portugal vai para as Laranjeiras E22

“O BCP E A CGD SÃO OS ÚNICOS GRANDES BANCOS PORTUGUESES”E8

NUNO AMADO PRESIDENTE DO BCP

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... e têxteis acima dos €5 mil milhões

As exportações de têxteis e vestuário ascenderam a €5063 milhões em 2016, um crescimento de 5% face a 2015 e uma recuperação para os níveis de 2001. Em dezembro, as exportações tiveram um aumento de 7,3% E13

Exportações de calçado batem recordes...

As vendas de sapatos portugueses no exterior cresceram 3,2% em 2016 e bateram o seu sétimo recorde consecutivo. Desde 2009, as exportações da fileira aumentaram 58%. O preço médio por par subiu 24%, para €23,58 E18

APB: é ilegal usar Fundo de Resolução nos lesados

Associação tem dois pareceres jurídicos que afastam o Fundo de Resolução da solução dos lesados do BES

A Associação Portuguesa de Bancos (APB) tem dois pare-ceres jurídicos que sustentam que é ilegal usar o Fundo de Resolução na solução final para ressarcir os lesados do papel comercial do BES. O presidente da APB, Fernando Faria de Oliveira, avisa que o Fundo não pode assumir responsabilidades E10

‘Banco mau’ dá €700 milhões à banca

A solução do malparado pode melhorar em cinco pontos percentuais a ren-tabilidade dos bancos na-cionais. As contas são do BCE e foram apresentadas por Vítor Constâncio num discurso onde defendeu a criação de entidades para gerir estes ativos. E6

Licenciados ganham menos 20% do que em 1998

> Todos os níveis de escolaridade têm quebras nos rendimentos líquidos reais > A exceção são os trabalhadores com o ensino básico E28

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA02

ALTOSÁlvaro NovoSecretário de Estado do Tesouro

A sua promoção a secretário de Estado do Tesouro, anunciada há uma semana, foi surpreendente. A seu favor tem o facto de já fa-zer parte do Ministério das Finan-ças, pois ocupava o cargo de eco-nomista-chefe. E pela frente o de-safio de reformar e tornar mais eficiente o Sector Empresarial do Estado e gerir o extenso patrimó-nio público.

Gonzalo GortázarPresidente do CaixaBank

Parecia ser uma questão de tem-po — e foi. Esta semana consu-mou-se o controlo efetivo do BPI pelo CaixaBank, na sequência da oferta pública de aquisição lança-da em abril do ano passado. Uma vitória clara do grupo espanhol embora, na prática, o BPI já fos-se visto como parte integrante do CaixaBank. E já há um novo pre-sidente-executivo para o BPI, que vai contar, mesmo assim, com Ar-tur Santos Silva como presidente honorário e com Fernando Ulrich como presidente do Conselho de Administração.

Paulo NevesPresidente da PT

Ganhou peso dentro da PT ao acumular o cargo de presidente--executivo da empresa, que ocu-pa desde julho de 2015, com o de presidente do Conselho de Admi-nistração, que até agora era ocu-pado por Armando Pereira, um dos fundadores da Altice. É, sem dúvida, um sinal de confiança do grupo francês, que, diz que Paulo Neves, conseguiu cumprir os ob-jetivos que tinham sido definidos no plano estratégico.

E BAIXOSRui Horta e CostaEx-administrador dos CTT

Renunciou ao cargo de administra-dor não-executivo dos CTT, na se-quência da sua constituição como arguido na ‘Operação Marquês’, em que é alvo de investigação por suspeitas da prática dos crimes de corrupção, fraude fiscal, branque-amento de capitais e abuso de con-fiança em negócios relacionados com o resort Vale do Lobo.

Pedro [email protected]

1,2MIL MILHÕES EMITIDOS DE DÍVIDA O IGCP emitiu, num leilão na passada quarta-feira, obrigações a 5 e 7 anos num total de €1180 milhões. As taxas foram de, respetivamente, 2,753% e 3,668%, ambas acima das anteriores colocações e que fazem desta emissão a mais ‘cara’ desde a saída da troika. Como já tinha acontecido na emissão sindicada a 10 anos em janeiro. Ficou também a saber-se, esta semana, que o Estado vai reembolsar €1,7 mil milhões ao FMI este ano, mais 200 milhões do que o previsto.

O que levou a CGD, o principal credor (€171 milhões ou 25% dos créditos), a votar contra a viabilização da Soares da Costa? O banco descarta justificações, a administração da construtora foi apanhada de surpresa e diz que durante as negociações a CGD não manifestou “desacordo ou oposição”. A CGD pode desconfiar dos méritos do plano, discordar do tratamento desigual da banca de Portugal (que perdoa 75% da dívida) e de Angola ou concluir que, com o reforço do carácter angolano, a construtora deixa de ser um agente da economia nacional. A Soares da Costa transfere para Luanda o centro operacional e serviços de back office, deixa de ter participação portuguesa na próxima recomposição acionista e conta com um financiamento (€55 milhões) do Millennium Atlântico para sobreviver. A viabilização foi aprovada à tangente (51% a favor e 39% contra) e dividiu a comunidade bancária. CGD, BPI e Bankinter preferiam a falência enquanto BCP, Millennium Atlântico, Novo Banco, Montepio ou Crédito Agrícola votaram pela salvação.

Viabilização da Soares da Costa divide a banca

Qual é a diferença entre ter um défice de 2,3% e 2,2% do PIB? Não há uma resposta possível, há várias. Depende do ponto de partida. Quando se fala num défice de 2,3% está a falar-se de um saldo que, arredondado às décimas, fica naquele valor. Por isso, a distância entre os dois valores pode ser de apenas uns ‘míseros’ €3,6 milhões. Uma gota de água num Estado que, anualmente, gasta mais de €80 mil milhões. É que, no limite, podemos estar a falar de uma redução de 2,251% para 2,249%. Isso não se sabe neste momento. O número só será conhecido no final de março quando o Instituto Nacional de Estatística (INE) fizer o reporte a Bruxelas. Até lá vão surgindo especulações, análi-ses e garantias de governantes. Esta semana, o ministro das Finanças disse que o défice vai ficar abaixo de 2,3%. Miguel Frasquilho, presidente da AICEP e ex-economista-chefe do BES, fez contas e diz que pode ficar em redor de 2%. A verdade é que, em contabilidade pública (ótica de caixa), ficou cerca de €1200 milhões abaixo do previsto inicialmente. Mas a transposição para a contabilidade nacional (ótica de compromissos), que é o critério europeu, não é direta. Certo é que é claramente cumprido o limite de 2,5% imposto por Bruxelas e que o défice até pode ficar precisamente nos 2,2%, a meta original do Orçamento do Estado para 2016.

POR UM PUNHADO DE EUROS...

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É O REGRESSO DO INVESTIMENTO PÚBLICO EM MODO RODOVIÁRIO, FOCADO NOS ACESSOS A PARQUES EMPRESARIAIS. SÃO €102 MILHÕES PARA BENEFICIAR 12 PARQUES E PUXAR PELO INVESTIMENTO E PELA CRIAÇÃO DE EMPREGO. A IP- -INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL PAGA OS ACESSOS, AS AUTARQUIAS DISPÕEM NO POTE DO PORTUGAL 2020 DE €78 MILHÕES PARA CRIAR OU EXPANDIR ÁREAS EMPRESARIAIS. O GOVERNO TEM FÉ QUE MAIS 50 ÁREAS POSSAM CONTAR COM DINHEIRO DE BRUXELAS.

8,4MIL MILHÕES DE EUROS GERADOS EM 2015 PELO TURISMO EM LISBOAO turismo gerou 8,4 mil milhões de euros para Lisboa em 2015, o que traduz um crescimento médio anual de 8% numa década, revela um estudo da consultora Deloitte realizado para a Associação do Turismo de Lisboa (ATL). Outro estudo, da Intercampus, realizado para a ATL mostra que quem reside e trabalha em Lisboa gosta dos turistas que visitam a capital portuguesa. Mais de 90% da população avalia favoravelmente a presença dos turistas. Por influência do turismo, Lisboa ganhou vida, segundo 91% dos residentes e 80% das pessoas que trabalham na capital. Para 73% das pessoas que vivem em Lisboa, o turismo é positivo: “Tem-me ajudado a sentir mais orgulhoso em relação a Lisboa”, refere o estudo da Intercampus.

Iberdrola já realizou um terço do investimento no Tâmega

A Iberdrola já executou um terço do investimento global de €1500 milhões que irá realizar no sistema eletroprodutor do Tâmega, um complexo de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) que terá uma potência de 1158 megawatts (MW), cerca de 6% do sistema elétrico português. Além dos €303 milhões pagos ao Estado português em 2008, como contrapartida pela concessão hídrica a 70 anos, a Iberdrola já aplicou outros €200 milhões nas primeiras obras. Na apresentação pública do empreendimento, em Ribeira de Pena, a diretora comercial da Iberdrola Portugal, Carla Costa, revelou que a

companhia já contratou 70 empresas portuguesas para este projeto, entre as quais 15 da região onde vão ser construídas as barragens. A Iberdrola espera gerar 3500 empregos diretos (e 10 mil indiretos) durante a construção, que terminará em 2023. A elétrica espanhola acordou ainda distribuir contrapartidas financeiras a sete municípios, no valor de €50 milhões, para apoiar projetos sociais, culturais e ambientais. O sistema do Tâmega ficará dotado, na barragem de Gouvães, de um sistema de bombagem que permitirá recuperar parte da água turbinada, para voltar a produzir energia.

A assinatura do Memorando de Entendimento entre o Governo e a concessionária dos aeroportos nacionais, a ANA — gerida pela francesa Vinci —, avança a meio de fevereiro. Apesar de o primeiro- -ministro António Costa ter dito no Parlamento que a decisão sobre o aeroporto do Montijo só seria tomada no final do ano, depois de receber estudos sobre as aves, a assinatura com a ANA mantém-se.

Aeroporto do Montijo avança

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 03

Bloco de Notas

João Vieira [email protected]

Afinal, sempre há a TAP! Quando a TAP reduziu a sua atividade no aeroporto Francisco Sá Carneiro, em março último, um dos destinos que perdeu as ligações diretas ao Porto foi Milão. Adivinhava-se uma dor de cabeça para os industriais de calçado, com presença obrigatória duas vezes por ano na cidade para a maior feira mundial de sapatos. Mas afinal tudo correu bem, porque a associação sectorial APICCAPS conseguiu negociar com a companhia aérea voos diretos a ligar as duas cidades antes e depois do certame. E hoje lá vai o sector em peso para mais uma edição da MICAM.

Paixões assolapadas Por falar em calçado, o presidente da APICCAPS tem um enorme manancial de histórias para contar. Entre elas está a do seu período de adolescente, em que as paixões levavam a promessas de amor no mínimo originais. Uma delas, conta Fortunato Frederico, passava por

ofertas de frigoríficos ou televisões para provar o “amor eterno”.

Um ministro atento à moda É o mínimo que se pode dizer do responsável da Economia, Manuel Caldeira Cabral, sempre em cima do cluster da moda. Este ano, o ministro marcou presença nos principais eventos dos têxteis e calçado, como a Heimtextil, em Frankfurt, no início de janeiro, na Premiére Vision, em Paris, na terça-feira, e na MICAM, no domingo.

Ficar velho de tanto esperar Já sabemos que a idade limite para ser ‘jovem agricultor’ é 40 anos. Mas já houve pelo menos um caso em que um jovem se candidatou a financiamentos comunitários e ‘envelheceu’ à espera. A resposta do Ministério da Agricultura demorou tanto, tanto, mas tanto tempo que, quando chegou, o agricultor já ia a caminho dos 41. Resultado: abandonou o projeto e passou a desempregado.

Em Off

A defesa

Mário Centeno, ministro das Finanças, não é das minhas personagens favoritas. Leu bem, personagem. Desde

que sonhou ser ministro assumiu um papel que não lhe assenta bem, como se tivesse vestido um fato três tamanhos abaixo do seu. Em pouco meses passou de economista brilhante e discreto cujo conhecimento do mercado de trabalho em Portugal rivalizava com poucos, para o de mentor de uma esquizofrénica política económica.

Centeno-economista era meio liberal, no mínimo progressista, na maneira como olhava para a economia e por isso alvo de críticas de quem, mais à esquerda, trabalhava com ele. Por muitas vezes ouvi de economistas ligados ao Partido Socialista críticas a muitas das medidas que defendia no cenário macroeconómico que elaborou a pedido de António Costa. Basta lembrar que o então candidato a primeiro-ministro nunca subscreveu o documento, afirmando apenas que era uma base de trabalho.

Há homens que moldam os lugares que ocupam e há lugares que moldam os homens. No caso presente, o ministro das Finanças dominou o economista. Se fosse possível separá-los seria interessante assistir a um debate entre ambos. Em áreas como controlo da despesa, contas públicas, investimento e mercado de trabalho discordariam em tudo. Da mesma forma que Francisco Louçã discorda de César das Neves.

Só que ser ministro das Finanças não é fácil, ainda mais quando tem de gerir alguns dos tolos que pululam em torno da ‘geringonça’. Neste campo, o renascido Mário Centeno tem sido brilhante. Conseguiu o défice mais baixo de sempre, o que o torna o ministro mais austero da democracia em Portugal, recebendo em troca as palmas de Bloco de Esquerda e Partido Comunista. Chapeau!

Assente nas vitórias, conseguiu fazer esquecer os puxões de orelhas de Bruxelas em relação ao Orçamento de 2016 (que o obrigou a redesenhar o documento), o falhanço brutal no relançamento da economia, o corte cego no investimento e a gestão ruinosa do dossiê Caixa Geral de Depósitos. Desde o momento zero que este processo foi mal gerido pelo Governo, culminando agora nas acusações de perjúrio por parte de Centeno a uma comissão de inquérito.

Sobre o caso, Marcelo disse que tudo depende de haver ou não um papel assinado. Ou o Presidente da República tem a certeza de que ele não existe ou acabou de decretar a morte política do ministro das Finanças. Espero que seja o primeiro. Até porque é obvio que Mário Centeno sabia e concordou com as exigências de António Domingues. O ex-líder da Caixa jamais teria aceitado o cargo sem a certeza de que esse ponto estaria esclarecido. E jamais o ministro das Finanças deixaria de responder a um e-mail onde Domingues colocas essas exigências se as mesmas não tivessem acordadas.

Mas nada disto é novo. E nada disto é suficiente para deitar abaixo Centeno. Se ele um dia cair que seja por algo realmente importante. Que seja por estar a defender e a aplicar, até agora, uma política que está a levar o país outra vez para o caos financeiro. E não por causa de uma mera assinatura num qualquer documento sobre um assunto arrumado.

Apocalipto na celulose Os Verdes e o Governo dizem que há muitos, mas a indústria acha que há poucos eucaliptos. Não há consenso, mas, afinal, há investimento

1 Portugal vai ter mais área para eucaliptos?

De acordo com o Governo, não. A aposta vai no sentido do aumento da produtividade por hectare e não para o aumento da área cultivada de eucalipto, o que agrada aos ecologistas, mas põe os cabelos em pé à indústria papeleira. Acontece que o efeito do aumento da produtividade por hectare pode levar entre 12 a 20 anos. Atualmente, a produtividade ronda os oito metros cúbicos de madeira por hectare, mas o que se pretende é passar pelo menos para os 10 metros cúbicos. Seria bom mas, ainda assim, insuficente para as necessidades nacionais. Como o tempo de espera é relativamente longo, ao sector das celuloses e do papel não resta outra alternativa senão importar mais madeira, sobretudo de Espanha, mas também da América do Sul.

2 Houve cedências do Governo?

Claramente. Cedências que resultaram das negociações dos apoios à esquerda do PS, no final de 2015. Por pressão do Partido Ecologista os Verdes, o Governo já tinha decidido, em janeiro de 2016, congelar a área de eucalipto — que ronda os 812 mil hectares. A indústria não gostou da decisão e houve mesmo ameaças de congelamento de investimentos de centenas de milhões de euros, como forma de retaliação às decisões governamentais. Sabe-se agora que o Governo de António Costa se está a escudar num diploma de março de 2015 (da época de Assunção Cristas) que determinava o congelamento do eucaliptal até 2030. Ouro sobre azul para o Governo, mas uma pedra que não sai do sapato dos empresários das celuloses.

3 A Navigator e a Altri vão suspender os seus investimentos?

Começaram por dizer ruidosamente que sim — a maior parte das vezes nos bastidores — embora o discurso oficial tenha sido quase sempre um misto de ‘não comento’ com ‘esperar para ver’. Bom, ao longo dos últimos meses o sentido de revolta da indústria foi-se atenuando e ainda há poucos dias foi possível ver o patrão da Altri, Paulo Fernandes, ao lado do primeiro-ministro, António Costa, anunciar investimentos de €125 milhões. Já esta semana, é a Navigator — de Pedro Queiroz Pereira — que (re)anuncia investimentos de €206 milhões. Ou seja, a montanha do desagrado acabou por parir um rato de indignação. Ganham os empresários, os ecologistas, o Governo, perde o país em matéria de balança comercial, com mais importações de madeira.

4 Vai haver alguma reforma florestal?

Esta é quase como a história da Carochinha, que atravessa gerações. No auge da chamada ‘época de incêndios’, não há ano ou governo que não se desfaçam em promessas de reforma do sector da floresta — porque emprega mais de 100 mil pessoas e representa 10% das exportações, 2% do PIB, e por aí fora. Chega-se ao outono, ainda se noticia um Conselho de Minsitros temático para discutir a ‘coisa’. Já em janeiro, no pino do frio, mergulha-se numa espécie de inverno do esquecimento florestal que só volta à espuma das notícias no romper dos primeiros incêndios do ano seguinte. Reforma do cadastro territorial, recolha de biomassa, incentivos fiscais, banco de terras... Já sabemos isto tudo de cor e salteado. Reformamo-nos e vamos continuar a ouvir falar da reforma florestal.

Descodificador por Vítor Andrade E ainda... > EXPORTAÇÕES

AUMENTAM 0,9%As exportações e as importações aumentaram 0,9% e 1,2% respetivamente em 2016, face ao ano anterior, tendo o défice comercial aumentado €281 milhões, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

> NEGÓCIOS NA INDÚSTRIA DESACELERAMOs negócios na indústria aumentaram 5% em dezembro face ao mesmo mês de 2015, o que representa um abrandamento face ao crescimento de 7,1% no mês anterior.

> RECORDES NA CARGA MOVIMENTADA NOS PORTOS EM 2016Os portos comerciais registaram em 2016 um novo recorde, com a carga movimentada a ultrapassar 93,9 milhões de toneladas, o mercado de contentores a bater recordes e Sines a reforçar a liderança com uma quota de 54,5%.

> CIMEIRA DO VINHO EM JULHO EM CASCAISMais de 500 especialistas e apreciadores de vinho, vindos de vários países, vão estar em julho em Cascais para participarem na conferência Wine Summit, na primeira vez que se realiza um encontro do género a nível mundial.

> UNICÂMBIO APOSTA NA INTERNACIONALIZAÇÃOA Unicâmbio pretende em 2017 reforçar a internacionalização, estando a estudar cinco novos mercados na Europa — Alemanha, Suíça, Reino Unido, Espanha e França — para a abertura de duas sucursais e de outras em países da Lusofonia, caso da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

> NAVIGATOR INVESTE €206 MILHÕESA Navigator (ex-Portucel) anunciou que vai avançar com o investimento de €121 milhões na fábrica de papel de Cacia, Aveiro, e de €85 milhões no centro fabril da Figueira da Foz. “A decisão de avançar com a construção da nova linha estava condicionada à concretização de um conjunto de fatores, nomeadamente a obtenção de um pacote de incentivos fiscais e financeiros, que, neste momento, já se encontram finalizados”, afirma a empresa num comunicado.

> CMVM APLICA COIMAS DE €242 MILA Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) proferiu decisão sobre sete processos de contraordenação no quarto trimestre de 2016 e aplicou coimas no total de €242 mil. Das decisões tomadas entre outubro e dezembro, cinco respeitam a contraordenações muito graves, uma a contraordenação grave e outra menos grave.

> EXPORTAÇÕES DE FRUTOS VERMELHOS ULTRAPASSAM AS DA PERA ROCHAAs vendas ao exterior de frutos vermelhos (framboesa, mirtilo, amora e groselha) atingiram €90,6 milhões em 2015, enquanto as de pera rocha somaram €85,6 milhões, segundo o ministro Capoulas Santos, que aplaude a “grande aposta” da agricultura lusa nos pequenos frutos.

1 Lisboa, Portugal2 Miami, EUA3 Sevilha, Espanha4 Las Palmas, Espanha5 Nova Orleães, EUA6 Bristol, Reino Unido7 Marselha, França8 Bratislava, Eslováquia9 Vancouver, Canadá10 Porto, Portugal

LISBOA É A MELHOR CIDADE PARA FREELANCERS

FONTE: HOOFDKRAAN.NL

CTT: Azar para acionistas, executivos a salvo...

Sopram ventos negativos para os lados dos CTT e as ações não param de bater mínimos históricos. Na sexta-feira, às 11h, valiam €4,94, menos do que os €5,52 a que foram vendidas na primeira fase de privatização, em 2013. Desde que, em janeiro, os Correios vieram fazer o segundo alerta para a descida dos resultados de 2016 que paira uma nuvem negra sobre a empresa. Esta semana, um dia depois de terem sido apresentados os nomes propostos para o mandato de 2017-2019, cai uma bomba. Rui Horta e Costa, administrador dos CTT desde 2014, é o 21º arguido da ‘Operação Marquês’ e renunciou aos cargos atuais e futuros. Horta e Costa é suspeito de corrupção ativa e fraude fiscal, no negócio de Vale do Lobo, investigado neste processo. Mas se a vida corre mal à empresa, não corre mal aos administradores-executivos que receberam de remuneração extraordinária, face ao mandato de 2014-2016, mais de 600 mil dos CTT, o equivalente a €3 milhões. Quem mais recebeu foi Francisco Lacerda (148.142/€740 mil), seguindo-se André Gorjão Costa (117.876/€587 mil). Manuel Castelo-Branco, Dionizia Ferreira e Ana Macedo receberam o mesmo: 111.504 ações cada (€557 mil).

Freelancers de todo o mundo adoram Lisboa e Porto

O blogue holandês Hoofdkraan elegeu Lisboa como a melhor cidade do mundo para trabalhadores autónomos (freelancers) viverem. “Preços baixos, internet rápida, bom clima no verão, proximidade de praias e segurança” são os atributos que colocam a capital portuguesa no topo de uma tabela que inclui 117 cidades de 90 países. O Porto, em 10º lugar, por ter “bom clima, proximidade de praias e ser uma cidade segura”, também surge bem classificado neste ranking, que resultou de um inquérito realizado através da internet. Daca, capital do Bangladesh, na 117ª posição, é a pior cidade para freelancers. São Petersburgo (Rússia) está a seguir no fundo da tabela.

Metro do Porto. Linha Rosa, 12 anos depois

Novos estudos, novos desígnios no metro do Porto. A procura e rentabilidade ditam que, com o orçamento disponível, a nova Linha Rosa ligue a Baixa (São Bento) à Boavista (Casa da Música). São 2,7 quilómetros em túnel com via dupla, quatro estações e €181 milhões. A prometida (mas deficitária) ligação à Trofa morre de vez. A expansão acolhe um segundo movimento de racionalidade imbatível. A linha que serve Gaia é prolongada 3,2 quilómetros (€106 milhões), seguindo de Santo Ovídio até ao bairro de Vila d’Este, que tem 16 mil residentes.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA04

AJUDAR QUEM AJUDACristina já precisou de ajuda e hoje ajuda no Grato,

instituição premiada no BPI Solidário 2016.

Vá ao facebook BPI Solidariedadee conheça a história de Cristina

O Prémio BPI Solidário visa apoiar projectos que promovam a melhoria das condições de vida das pessoas que se encontram em situação de pobreza e exclusão social.

O valor anual dos donativos a atribuir é no mínimo de € 500.000, destinados a instituições privadas sem fins lucrativos, com sede em Portugal. Toda a informação sobre regulamentos e formulários de candidatura em bancobpi.pt

SOLIDÁRIO 2017

Um prémio para combater a pobreza e a exclusão.

Candidaturas até 19 de Fevereiro.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 05

Cem por CentoNicolau Santos [email protected]

NICOLAU SANTOS ESCREVE NO EXPRESSO DIÁRIO ÀS SEGUNDAS E SEXTAS-FEIRAS

Aeroporto: porque não Portela+Alverca? Engenharia Civil (LNEC) sobre esta solução e eventuais opções. É que se se vai manter o aeroporto Humberto Delgado, então o segundo aeroporto pode não ser o Montijo.

O que desaconselha o Montijo? Primeiro, não é opção para os gran-des aviões, em caso de impedimento da pista da Portela: terão sempre de ir para o Porto ou Faro devido ao comprimento da pista. Em segun-do, o Montijo não aumenta a massa crítica e o número de conexões: pelo contrário, perde atratividade dos voos muito cedo ou tardios. Em ter-ceiro, o percurso até à cidade, con-tando com a espera pela bagagem, vai demorar cerca de uma hora. Em quarto, os impactes ambientais não serão despiciendos. Em quinto, Por-

tela mais Montijo não são um hub mas dois aeroportos.

Ora, e se fosse verdadeiramente possível ter um só aeroporto, com dois pólos (Portela e Alverca) na mesma margem, unido por um free shuttle bus que fará a viagem em 12 minutos, sem necessidade de cons-truir novas pontes ou reforçar liga-ções fluviais, podendo os dois receber qualquer tipo de avião (ao contrário das limitações do Montijo)? Se fosse possível juntar à pista de 3800 metros da Portela mais 3400 metros de Al-verca possibilitando ter 75 movimen-tos/hora e movimentar até 70 milhões de passageiros por ano, sem sobrevoo da reserva natural e da urbe a baixa altitude? E se tal solução permitisse a entrada imediata em funcionamen-

A solução encontrada pelos franceses da Vinci, detento-res da ANA, para resolver a obrigação que tinham de

construir um novo aeroporto quando o movimento na Portela atingisse os 22 milhões de passageiros parece ter sido adotada pelo Governo, que vai as-sinar proximamente um memorando de entendimento com a empresa para escolher o investimento mais adequa-do ao Montijo. Acontece que depois de todos os acesos debates que houve no país sobre a construção do novo aeroporto (cuja necessidade começou a ser estudada em 1969!) e depois dos inúmeros estudos e pareceres que foram elaborados, esperemos que também agora seja pedido um parecer ao Laboratório Nacional de

E se for possível ter um só aeroporto, com dois polos (Portela e Alverca), unido por um free shuttle bus em apenas 12 minutos, podendo receber qualquer tipo de avião?

to do terminal low cost e dentro de três a cinco anos do terminal regular, havendo ainda um terminal de car-ga e as oficinas de manutenção da OGMA? Além disso, em Alverca há ligação à linha do norte e a todos os comboios suburbanos (Alcântara, Santa Apolónia, Azambuja, Sintra), interregionais e alfas. Alverca evita também o sobrecusto da mudança da base militar do Montijo e não exige uma nova travessia sobre o Tejo, redu-zindo de forma significativa o tráfego automóvel para Lisboa.

Digamos, pois, que pelo menos há que estudar esta opção ou outras que se perfilem. Não se recomenda que o país fique nas mãos da Vinci numa decisão de tanta importância estratégica.

FOT

O D

.R.

Ser português é como ser aborígene ou americanoPosso comer bacalhau com batatas a murro em qualquer lugarCamões e Pessoa em todas as línguas tal como Rilke e ConfúcioO Português só me une aos mortos da literatura

Vou neste canto por uma questão de inércia climáticaNunca estou cá — Isto já não é a cidade das igrejas e quartéisÉ um cenário intermitente onde vivo separadamente — vou ao supercomprar chocolate belga e vinho chileno

Já não tenho inimigos nem sarracenos nem chinos como o PintoNem os portugueses me incomodam mas classes de comportamentosgrosseiros em que não são os piores — Por isso vivo aquicom os livros e discos iguais em toda a parte

Nuno Félix da Costa, ‘a cultura é um marcador turístico’, in “O desfazer das coisas e as coisas já desfeitas”, Companhia das Ilhas, 2015

Salário mínimo e produtividade, um debate inquinado e ideológico

A subida do salário mínimo tem de estar ligada ao aumento da produtividade. Foi esta a po-sição defendida pelo Governo

PSD/CDS quando, após cinco anos de congelamento do salário mínimo (2010-2014), o aumentou no final de 2015. Não está(va) sozinho nesta po-sição. A Comissão Europeia, a OCDE e o FMI têm alertado sistematica-mente para as consequências para a economia do aumento do salário mínimo acima da produtividade. E, na Concertação Social, o debate se-gue o mesmo caminho. O problema é que por trás desta discussão está uma opção ideológica, que reduz qualquer atividade humana a uma avaliação contabilística e ignora olimpicamente todos os fatores que influenciam a produtividade do trabalhador e que vão muito além daquilo que está estri-tamente nas suas mãos. Com efeito, a produtividade depende dos traba-lhadores, seguramente, mas os saltos que ela pode dar resultam muito mais da introdução de equipamentos mais sofisticados, de uma melhor organi-zação das empresas, das condições de

trabalho do que do desempenho in-dividual de cada um. Só para dar um exemplo evidente: se aos jornalistas da imprensa escrita fossem retirados os computadores e as plataformas digitais e os obrigassem a voltar às máquinas de escrever nós seríamos exatamente os mesmos mas de um dia para o outro a nossa produtivida-de cairia brutalmente.

Ora, as pessoas que ganham o salá-rio mínimo desempenham, na maior parte dos casos, tarefas muito bási-cas, repetitivas, com recurso a pouca tecnologia e com nula ou muito es-cassa inovação. Como é que a jovem que está numa loja aumenta a sua produtividade? Sai aos saltos pelo centro comercial a tentar vender a roupa a quem passa? E a senhora da limpeza, passa a esfregar com mais denodo e rapidez o chão? O homem do lixo tenta aumentar o ritmo com que despeja os baldes dos detritos no camião? Os motoristas das empresas de transporte passam a conduzir mais rapidamente? Os estafetas esforçam--se por entregar mais depressa as encomendas?

Ou seja, aumentos de produtivida-de em pessoas que executam tarefas muito básicas serão sempre muito reduzidos. Por isso, ligar a evolução do salário mínimo à produtividade permite duas coisas: primeiro, que empresas que não deveriam estar no mercado porque só sobrevivem à custa dos baixos salários mantenham as portas abertas, deteriorando a qua-lidade do tecido produtivo; depois, serve para condicionar a pirâmide salarial em muitas áreas de atividade; e em terceiro passa a mensagem de que se a produtividade na economia não aumenta a responsabilidade de-ve-se aos trabalhadores. É por isso que esta ligação tem de ser comba-tida: o salário mínimo não pode nem tem de depender da produtividade. O salário mínimo é, tem de ser, um referencial civilizacional, pelo qual o poder político, o patronato e os sin-dicatos chegam a um acordo sobre o valor mínimo pelo qual uma pessoa cumpre uma função útil à sociedade. Abaixo disso passa-se para o patamar da servidão ou da escravatura. E não se melhora a produtividade.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA06

Massa Crítica

Luís [email protected]

BANCA

Constâncio defende ‘bancos maus’ para resolver malparado BCE estima que bancos portugueses podem ganhar €700 milhões com soluçãoA resolução do problema do crédito malparado pode melhorar a rentabilidade da banca portuguesa em cinco pontos percentuais. Os cál-culos são do Banco Central Europeu (BCE) e foram apre-sentados por Vítor Constâncio no final da semana passada numa conferência em Bruxe-las. Nesse encontro promo-vido pelo think tank belga Bruegel sobre os chamados non-performing loans (NPL), a denominação técnica destes ativos problemáticos, o vice--presidente do BCE insistiu nas vantagens de lidar com o problema, nomeadamente através da criação de empre-sas para os gerir — conhecidos como ‘bancos maus’.

A conferência decorreu à porta fechada mas o discurso de Constâncio foi divulgado pelo BCE. Nele, o banqueiro central português admite que gostaria de ter uma entidade a nível europeu para lidar com problema — “seria bem-vin-da” — mas reconhece que no atual contexto pode ser difícil. Defende, por isso, que deve haver, no mínimo, uma abor-dagem semelhante nos vários países. Até porque os NPL são

um problema transversal e até foram “designados uma das principais prioridades do Mecanismo Único de Su-pervisão”. A intervenção de Constâncio surgiu poucos dias depois de Andrea Enria, presi-dente da Autoridade Bancária Europeia (EBA), ter defendido uma solução europeia para os NPL. Por cá, o tema do malpa-rado marcou também a apre-sentação do Economic Survey da OCDE sobre Portugal. O ministro das Finanças, Mário Centeno, confrontado com as recomendações da OCDE para o problema — que incluem, entre outras coisas, a criação de sociedades de gestão destes ativos — garantiu que iria ser apresentada uma solução em breve sem custos para aos con-tribuintes. Mesmo que, como já foi avançado, a intervenção do Estado passe apenas pela concessão de garantias isso não garante que fique de fora do défice nem que não tenha custos para os contribuintes.

Esta melhoria de cinco pon-tos percentuais na rentabili-dade dos bancos portugueses pode parecer curta mas, não só é a mais pronunciada en-tre os países analisados (com

exceção da Grécia e Chipre que são casos extremos de ati-vos tóxicos na banca), como assume particular relevância numa altura em que, no con-junto, o sistema bancário na-cional apresenta rentabilida-des negativas. Nos primeiros nove meses do ano passado, segundo dados do BCE, os quatro bancos portugueses supervisionados diretamente a partir de Frankfurt — Cai-xa Geral de Depósitos, BPI, BCP e Novo Banco — tiveram prejuízos de €362,6 milhões. Perdas que correspondem a um retorno dos capitais pró-prios (ROE, de return on equi-ty, na terminologia financeira anglo-saxónica) negativo de 2,54%. Inverter esta situação com um ganho de cinco pon-tos percentuais, como estima o BCE, corresponde a uma verba na ordem dos €700 mi-lhões que permitiria colocar os resultados em terreno po-sitivo. Algo que, não acontece desde 2010. Embora alguns bancos tenham conseguido apresentar lucros durante a crise e outros tenham já saído do vermelho, há ainda insti-tuições com pesadas perdas.

Neste momento, ainda não

se conhecem todos os nú-meros referentes às contas de 2016. Até agora, entre os maiores bancos, apenas o BPI e o Santander apresenta-ram resultados. O Santander teve um lucro de €399 mi-lhões e o BPI ganhou €313,2 milhões. Dos restantes três grandes esperam-se más no-tícias. No banco público já se falou em prejuízos na ordem dos €3000 milhões. Até se-tembro, a CGD perdeu €189 milhões mas há enormes vo-lumes de imparidades para re-gistar que vão afetar o desem-penho nos últimos três meses do ano. No caso do Novo Ban-co, as contas dos primeiros três trimestres fixaram um prejuízo de €359 milhões. Já o BCP perdeu €251 milhões.

Quanto valem os NPL?

Muitos números têm sido avançados sobre a dimensão dos ativos problemáticos da banca. O BCE, nas suas esta-tísticas da supervisão bancá-ria, aponta para um valor de €36,2 mil milhões no final de setembro que engloba os qua-tro bancos sob supervisão di-reta. Um total que representa 19,82% dos créditos bancários e que fazem de Portugal o ter-ceiro caso mais grave depois da Grécia (47,05%) e de Chi-pre (40,28%). A maior parte destes créditos problemáticos está relacionada com emprés-timos a empresas.

A resolução do problema dos NPL tem ainda vantagens em termos de capital que, não só permitiria ainda melhorar a rentabilidade (por ter meno-res exigências), como ainda, se fosse usado integralmente para empréstimos, permitiria aumentar o crédito à econo-mia entre 2,5% e 6%, segundo os cálculos do BCE. Os NPL portugueses já estão provisio-nados em cerca de 40% — os bancos já os deram como per-didos e contabilizaram essa perda — e existem garantias (colaterais) que cobrem mais quase 40%. É precisamente a parte não provisionada que levanta mais dúvidas, numa eventual participação privada (ver texto em baixo).

João Silvestre [email protected]ário Centeno garantiu esta semana que haverá em breve uma solução e que não terá custo para os contribuintes

FOT

O L

UÍS

BA

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A

Grupo de trabalho estuda modelo. Proposta de António Esteves, ex-Goldman Sachs, é a única conhecida

‘Banco mau’ de Costa ainda sem solução

O primeiro-ministro, António Costa, queria que houvesse uma solução para acomodar o crédito malparado da banca, uma espécie de banco mau, até dezembro de 2016. Mas não conseguiu. E ao que o Ex-presso apurou não há ainda uma solução à vista. É pre-ciso capital para financiar a compra de ativos dos bancos, e esse será um dos entraves.

Não obstante, o processo estará a avançar, embora haja um enorme secretismo à volta

fender uma ação coordena-da na Europa para resolver o malparado acumulado nos bancos. A Comissão já está a trabalhar em propostas para proporcionar um mercado secundário para este tipo de empréstimos em incumpri-mento e a verificar como po-deria funcionar a nível euro-peu, explicou Dombrovskis.

Os bancos portugueses têm-se oposto à criação do ‘banco mau’, até porque te-mem que obrigue mais tarde a fazer aumentos de capital. Nuno Amado, presidente do BCP, espelha um sentimento de dúvida. “Se houver uma solução que não destrua ca-pital a favor da rentabilidade dos investidores externos (os fundos privados que possam fazer parte da solução), e se tiver enquadramento a nível europeu, analisaremos o as-sunto”, disse ao Expresso.

Não se sabe que modelo será escolhido. Mas têm sido apre-

sentadas informalmente ao Banco de Portugal e ao Minis-tério das Finanças propostas de investidores privados. Até agora nenhuma foi aceite. Uma delas, a única que já veio mostrar-se publicamente, é representada pelo ex-sócio do Goldman Sachs António Esteves, em parceria com o fundo americano TPG. O ges-tor, noticiou o “Público”, tem disponíveis €15 mil milhões para ‘limpar’ créditos tóxicos. A proposta, assessorada pela Deloitte e pelo escritório de advogados Vieira de Almei-da, prevê que os ativos sejam comprados (por um veículo que os irá gerir) pelo valor de balanço, para que os bancos

não registem uma perda ime-diata; e contempla um inves-timento em títulos emitidos com garantia pública. Não é a única proposta, há mais. Uma delas inclui o fundo Stormhar-bour e o português António Caçorino.

A quanto ascende o malpa-rado na banca portuguesa? É um tema tabu e crítico para a estabilidade do sistema finan-ceiro português. Os valores va-riam consoante as fontes. Mas tem-se falado em números que rondam os €30 mil milhões de crédito tóxico, sendo que me-tade deste valor já estará pro-visionado. Falta a cobertura de €15 mil milhões para ativos, que valem cerca de metade, ou seja, €7,5 mil milhões. O cam-peão do malparado é o Novo Banco (€4,2 mil milhões). A CGD vem logo a seguir (€4 mil milhões). Em terceiro lugar fica o BCP (€3,25 mil milhões). E depois o Montepio (€2 mil milhões). A.C. e I.V.

deste dossiê. O Governo criou um grupo de trabalho, lide-rado pelo economista Vítor Escária, assessor de António Costa, que está à procura de uma solução para tirar dos bancos o crédito malparado, os chamados non performing loans. O objetivo é aliviar a banca e criar condições para que se resolvam de vez os seus problemas.

Bruxelas concorda. A Dire-ção-Geral da Concorrência Europeia disse já ao Expresso que “a Comissão está sempre disposta a discutir as propos-tas dos Estados-membros”. Esta semana, o vice-presi-dente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, veio de-

Crédito malparado em Portugal poderá rondar os €30 mil milhões

1 Mário Centeno não é o primeiro e provavelmente não será o último a trocar o chapéu de economista pelo

chapéu de político, metáfora que nos idos de Cavaco Silva custou o lugar de ministro das Finanças a Miguel Beleza. A um técnico exi-ge-se rigor, um político atua no cruzamento das meias-verdades com as meias-mentiras. O técnico não pode dizer uma coisa hoje e outra amanhã. Um político pode fazê-lo porque acha que isso faz parte da sua arte. O problema é que Mário Centeno mudou de for-ma tão atabalhoada que enterrou o chapéu político até ao pescoço, deixando à vista de todos o des-conforto desta sua nova condição.

2 O episódio da Caixa é o mais óbvio exemplo desta mutação

ocorrida com Mário Centeno.Mentiu ou não no Parlamento? É pouco relevante para o caso sa-ber se há ou não algum documen-tro escrito por Mário Centeno a garantir a António Domingues e à sua equipa a isenção de apre-sentação de declarações de ren-dimentos e interesses ao Tribunal Constitucional. Basta ouvir as pri-meiras declarações de Mário Cen-teno para concluir que esse com-promisso, escrito ou oral, existia. Na realidade, esse compromisso existia mesmo e Mário Centeno bem o sabe.

O ministro das Finanças podia ter assumido o erro. Podia ter as-sumido que não conhecia a lei, ou, no mínimo, todas as leis. Não o fez. Preferiu deixar cair um respeitado profissional que ele próprio convidou para presidente da Caixa, com quem trabalhou no programa de reestruturação e recapitalização do banco público, com quem se reuniu meses a fio, que defendeu até que a política se impôs. Deu o dito por não dito, como fazem todos os políticos, como fez o hábil António Costa, quando percebeu que o assunto tinha custos incomportáveis para a manutenção de António Domin-gues. O ex-presidente da Caixa foi coerente e saiu. Centeno ficou. Com o chapéu político enterrado.

3 Na apresentação do relatório da OCDE sobre a economia

portuguesa, Mário Centeno dis-tribuiu críticas a torto e a direito, para atenuar as partes negativas do documento. Atacou todos aque-les que erraram nas previsões, afirmando que não perceberam a política económica do Governo. Esqueceu-se de se incluir no rol. O problema de Mário Centeno é que ele tem obra escrita, já escreveu e disse muita coisa sobre a economia portuguesa e, pasme-se, também fez previsões erradas.

Em abril de 2015, por exemplo, Centeno deu à luz um documento intitulado “Uma Década para Por-tugal”, que deveria ter servido de base para o programa económico do PS. E o que previa Mário Cen-teno? Que o PIB em 2016 cresceria 3,5% e 2,6% em média entre 2016 e 2019. Que o investimento público saltaria para um crescimento de 11%. Como sabemos, nada disto aconteceu. Decididamente, o cha-péu político não está a fazer nada bem a Mário Centeno.

Ai, Centeno, Centeno!

Um técnico não pode dizer uma coisa hoje e outra amanhã. Um político pode fazê-lo porque acha que isso faz parte da sua arte

GANHO COM RESOLUÇÃO DO MALPARADO Em pontos percentuais de rentabilidade

0 2 4 6

PORTUGALEspanha

ItáliaEslovénia

ÁustriaAlemanha

IrlandaFrança

FONTE: BCE

PESO DO MALPARADO Em % dos créditos, setembro 2016

GréciaChipre

PORTUGAL Irlanda

EslovéniaItália

AustriaEspanha

Malta Lituania

França LetóniaBélgica

AlemanhaHolanda

LuxemburgoFinlândia

47,0540,28

19,8217,7516,8016,24

6,105,864,644,073,923,633,62

2,442,441,531,49

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 07

ECONOMIA

REPÚBLICA PORTUGUESA

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA08

“Confusion de Confusiones”

João [email protected]

Textos Isabel Vicente e João Vieira Pereira

Foto Luís Barra

Cinco anos depois de assumir a presi-dência do BCP, Nuno Amado fecha um capítulo do banco. Mais um aumento de capital para se libertar do Estado e colocar de vez o banco no caminho dos lucros. Mas ainda existem problemas, apesar de defender que o BCP está mais estável e sólido.

PP SeisPanosPdepoisPdaPcrise,PaPbancaPcontinuaPnumaPsituaçãoPfrágil?

R A situação de fragilidade infeliz-mente teve consequências ao nível do BES e do Banif, que já passaram. Hoje, o sistema financeiro, após o reforço de capitais que o BCP fez e aquele que presumivelmente a Caixa vai fazer, ficará em condições bastante mais adequadas e com um nível de solidez não comparável com o passado. Esta-mos no caminho certo, a caminho da rentabilidade.

PP OsPbancosPcontinuamPaPapresentarPprejuízosPePcomPproblemasPnoPcréditoPmalparado...

R Ainda há resultados negativos de-vido ao nível de imparidades que é exigido, mas a geração de resultados operacionais, antes de imparidades, tem melhorado imenso e como as im-paridades têm tendência para cair, a rentabilidade futura do sector será melhor do que foi nos últimos quatro anos.

PP APlinhaPdePajudaPàPbancaPpodiaPterPsidoPmaisPbemPaproveitada?P

R Não entendo, nem sei porque é que os €12 mil milhões não foram utiliza-dos na íntegra. Não tenho informação. Mas visto a posteriori podia.

PP ForamPanosPperdidos?P R Foram anos de ajuste. E o tema

mais importante é ver o que alguns fizeram e o que outros não. Houve bancos que acabaram. O BES e o Banif acabaram, infelizmente. O BCP fina-lizou o pagamento da totalidade dos CoCos (empréstimo ao Estado) sem um único euro de custo para os con-tribuintes. Pagámos aos cofres do Es-tado mais de €1100 milhões, dos quais €919 milhões de juros e comissões e praticamente mais de €100 milhões em contribuição extraordinária para o sector bancário. Os contribuintes portugueses não tiveram um euro de prejuízo. Não se pode pôr toda a gente no mesmo barco. O BCP partiu de uma situação muito difícil e complexa e recuperou, outros desapareceram. A grande mensagem é: após este úl-timo passo que demos, e o passo que seguramente a Caixa vai dar, o sistema português fica mais equilibrado e mais estável.

PP OPBCPPresolveuPoPaumentoPdePcapi-talPePagora?P

R Há um caminho que é o da estabi-lidade e da solvência e que no nosso caso se concluiu com grande esforço de muita gente... dos acionistas, dos trabalhadores e uma enorme confian-ça dos clientes.

PP OPBCPPpoderáPprecisarPdePoutroPaumentoPdePcapitalP?P

R Claro que não. Fizemos este au-mento de capital porque precisá-vamos de pagar os CoCos que nos custavam 10% ao ano. Já pagámos a última tranche de €700 milhões esta quinta-feira. Para o termos feito foram precisas quatro coisas: a compreensão e o apoio dos acionistas representados pela Sonangol, EDP e Sabadell (apesar de ter saído), termos tido um investi-dor de charneira que foi a Fosun e, por último, os bancos de investimento que

apoiaram a operação. Os aumentos de capital são difíceis e conseguimos fazê-lo com sucesso.

PP OPBCP,PtalPcomoPoutrosPbancos,PvaiPemitirPdívidaPquePcontePparaPcapital?P

R Não está previsto no nosso plano base. Não precisamos. Em 2018 logo veremos. Não queremos ser os pri-meiros, e como a Caixa vai ter de o fazer, deixemos a Caixa avançar e sa-ber onde vai colocar essa dívida obri-gacionista.

PP EmP2015PoPBCPPbaixouPoPnívelPdePimparidadesPePemP2016PvoltouPaPau-mentar,Pporquê?P

R O BCP mantém desde 2010 um ní-vel de imparidades global de €1000 milhões por ano. Em 2016 tivemos de contabilizar um nível de imparidades grande para um conjunto de ativos, facto que não se vai repetir em 2017. A própria evolução do sector da constru-ção e obras públicas, onde a exposição a África era grande, implicou um nível de imparidades bastante grande. Tive-mos de contabilizar o que não estava previsto no plano inicial.

PP FoiPaPmudançaPdePauditor,PdaPKPMGPparaPaPDeloitte?P

R Obviamente que a mudança de au-ditor não é completamente alheia. Existe um nível de escrutínio diferen-te. Mas não foi essa a razão.

PP APsituaçãoPdaPCGDPePoPregistoPdePimparidadesPquePfoiPanunciadoPdeP€2,7PmilPmilhõesPtambémPtiveramPefeitoPnaPadequaçãoPdasPimparidadesPcontabilizadasPnoPBCPP?P

R Sim, houve um efeito colateral. Ti-vemos de reforçar as imparidades e fizemos bem.

PP OPnívelPdePimparidadesPaPregistarPnaPCGDPéPelevadoPouPoPnívelPcontabili-zadoPnosPoutrosPbancosPéPquePéPbaixo?P

R As imparidades que o BCP tem neste momento são adequadas com base nas garantias que temos. Quanto ao valor das imparidades da CGD... não é um processo normal, mas não sei se é muito ou não. Já quanto à recapitalização, a dimensão foi uma surpresa. Quando se trata de dinheiro público, dos contribuintes, os mais de €5 mil milhões é muito. Se é suficiente ou não, não sei. Mas é muito.

PP ÉPconcorrênciaPdeslealPaPinjeçãoPfeitaPpeloPEstadoPnaPCaixa?

R Gostariam que a RTP tivesse um conjunto de subsídios muito signifi-cativos e que concorresse com a SIC?

PP PoderiaPaPCaixaPcontabilizarPimpa-ridadesPsemPterPumPnívelPdePcapitalPsuficiente?P

R Não sei. Não conheço. O que é importante é termos bancos portu-gueses, um banco público bem capi-talizado e um banco privado portu-guês capitalizado que consolide em Portugal.

Nuno Amado Presidente-executivo do BCP

“A Caixa obrigou-nos a reforçar imparidades, e ainda bem”

PP EPessePbancoPéP... R O BCP. É para isso que trabalha-

mos.

PP ComPoPmaiorPacionistaPchinêsPePoPsegundoPmaiorPacionistaPangolano...

R Sim. Não tenho nenhum problema com isso. A estimativa que temos do aumento de capital é que o retalho tem mais de 30% do capital do banco, a Fosun tem 23,9% e teve um papel essencial para avançarmos para esta operação, o que é fantástico. É uma das maiores economias do mundo. E a Sonangol, que é o segundo maior acio-nista, sempre se comportou de forma impecável e mais uma vez contribuiu para a estabilização do banco, por exemplo, quando alterámos os direi-tos de voto de 20% para 30% . E depois temos um conjunto de investidores internacionais que passaram de 15% para mais de 20% . Ficámos com uma base acionistas com algum equilíbrio.

PP EmboraPosPmaioresPacionistasPse-jamPchinesesPePangolanos.P

R Não tenho nenhum preconceito com isso. Nenhum tem o controlo do capital.

PP EstáPaPdizerPquePentrePosPgrandesPbancosPsóPoPBCPPePaPCaixaPsãoPportu-gueses?PEPoPBPIPePoPSantanderPTotta?P

R Dos grandes bancos portugueses há a CGD e o BCP e o Novo Banco que está a ser vendido. O Santander Totta e o BPI são bancos que estão em Portugal, bem geridos, excelentes bancos que são parte do grupo San-tander e do grupo La Caixa. É bom para a diversidade do nosso sector financeiro. E para o nível de concor-rência é bom ter bancos estrangeiros e bancos portugueses, bancos privados e bancos públicos. Todos servimos bem a economia desde que o façamos de forma correta.

PP OPBancoPPopularPpassouPdePbancoPportuguêsPaPsucursal,PestamosPcon-denadosPaPquePbancosPdetidosPporPestrangeirosPpassemPaPsucursais?P

R Espero que não passemos todos a sucursais. Agora, com o aprofunda-mento da União Bancária esse risco vai aumentar cada ano que passa de forma clara.

PP NestePprocessoPperdeuPoPSabadellPquePconsideravaPumaPpeça-chavePePumPacionistaPhistórico.

R A razão que deram para sair foi a de que havia uma alteração da lei fiscal espanhola que exigia fazer esta venda para não terem um efeito nega-tivo muito maior e desproporcional. Temos boas relações com eles, mas os 5% que tinham no banco foi mais do que compensado com o aumento de mais de 10% de investidores ins-titucionais baseados na Europa. Se estamos contentes? Não estamos, mas está resolvido.

PP QuandoPforamPabordadosPpelaPFo-sunPpelaPprimeiraPvezPePporPquePrazão?P

R No primeiro semestre de 2016. Terá sido a conjugação de vários aspetos, como o facto de termos um banco na Polónia, uma participação em Mo-çambique e uma ótima parceria em Angola. Somos o maior banco privado em Portugal com um modelo de negó-cio interessante. Temos um rácio de cost-to-income de 46%, um dos melho-res a nível europeu e a capacidade de gerar cash flows significativas, €1100 milhões antes de imparidades.

PP ComoPviuPaPSonangolPaPentradaPaPpreçoPdePsaldoPdoPagoraPmaiorPacio-nista,PaPFosun?

R O controlo do banco é partilhado e o modelo de governance é razoavel-mente bem estruturado. A Fosun tem um papel importante, a Sonangol terá

o seu e os outros acionistas também. A Sonangol, quando era o maior acio-nista, tinha um controlo partilhado porque sozinha não fazia as coisas. Do ponto de vista de equilíbrio estou tranquilo. Mas será mais fácil respon-der daqui a um ano.

PP APFosunPjáPreforçouPaPpresençaPnaPadministração?P

R Já nomeou um administrador--executivo e um não-executivo que aguardam aprovação do BCE . E agora podem propor mais três administra-dores, um executivo e dois não-exe-cutivos.

PP QualPoPseuPgrauPdePotimismoPfacePaoPcrescimentoPeconómicoPemPPor-tugal?P

R 2016 correu bastante melhor do que muitos pensavam no final de 2015. Dito isto, é fundamental que em 2017 a con-solidação orçamental se concretize, que o défice estimado inferior a 2% se concretize. Para compensar a eventual subida das taxas de juro é essencial que a consolidação orçamental seja feita de forma sustentada, clara e real e que os compromissos assumidos a nível europeu sejam cumpridos. E são precisas reformas para privilegiar o in-vestimento no sector privado, especial-mente no sector produtivo, do turismo e da agricultura, que aumente a nossa capacidade para exportar ou para subs-tituir importações. O Estado deve fazer alguns investimentos mas o foco deve estar centrado nas empresas.

[email protected]

Nuno Amado acaba o mandato este ano mas gostava de continuar a recuperação do BCP. “A decisão depende dos acionistas”, afirmou

BANCA

NÃO SE PODE PÔR TODA A GENTE NO MESMO BARCO. OPBCPPPARTIUPPDEPUMAPSITUAÇÃOPMUITOPDIFÍCILPEPCOMPLEXAPEPRECUPEROU, OUTROS DESAPARECERAM

Quando um funcionário pú-blico (FP) se desloca em serviço não pode dormir num hotel com mais de

três estrelas (3*). Razões? Ainda não descobri, mas penso ser uma de duas: ou o FP não deve usufru-ir dos serviços adicionais propor-cionados pelos hotéis de quatro estrelas (4*)ou porque estes são mais caros do que os de 3*.

Vejamos o que distingue os ho-téis de quatro dos de três estrelas e como tais serviços são indignos de serem usufruídos pelos FP.

Começam pela dimensão mí-nima dos quartos. Como é maior nos de 4* e sendo os FP enfezados e raquíticos, como está cientifica-mente provado, faz sentido que se acomodem à dimensão da sua reduzida dimensão e estatuto.

Outra diferença está no equi-pamento e nas instalações. Os hotéis de 4* têm “interruptor de iluminação geral do quarto junto da cama” (levantem-se mandriões que só lhes faz bem), cesto de pa-péis (não façam lixo que é mau para o ambiente), minibar (bebam água da torneira), zona de estar (já têm uma cama para ‘estar’) ou zona de trabalho (se os FP não trabalham para quê esta zona?).

Quanto às amenities, ao FP bas-tam-lhe, obviamente, as básicas. Para quê champô e touca de ba-nho exigidos nos hotéis de 4*?

Outra distinção está na obri-gatoriedade, nos de 4*, de uma “garagem ou parque de estacio-namento” com capacidade para um certo número de veículos. Também faz sentido! Se o FP deve andar a pé ou de transporte condizente, isto é, público, para quê garagem?

Quanto à higiene dos quartos, nos de 4* há “mudança diária de toalhas a pedido do cliente”, e é obrigatória a “mudança de roupa de cama duas vezes por semana e sempre que mude o cliente”. Como é evidente, nenhuma destas mordomias se justifica para o FP...

Nos hotéis de 4* é obrigatória a existência de “climatização das áreas comuns com sistemas de climatização ativos ou passivos que garantam o conforto térmi-co”. Não basta ao FP a estabilida-de do local de trabalho? Para quê o plus do conforto térmico?

Se juntarmos a estas poupanças a não obrigatoriedade de “eleva-dor quando o edifício tenha mais de dois pisos, incluindo o rés do chão”, a existência de “serviço de lavandaria e engomadoria” ou “16 horas de room service de bebidas e refeições ligeiras”, percebemos a razão dos hotéis de 4* serem mais caros.

Porém, isto não é verdade. Ten-do-se apercebido disto, acaba-mos no ridículo de, por exemplo, em Bruxelas, hotéis de 3*, sendo mais caros, estarem a fazer over-booking, deslocando os clientes sobrantes para hotéis de 4* e ga-nhando a diferença!

Para cúmulo, mesmo provando que pago menos por um hotel de 4* do que por um de 3* tenho de me ficar por aí pois é esse o en-tendimento legal e regulamentar. Poupar ao Orçamento do Estado com benefício para um FP? Para quê? Não passam de uns FP!

Do quarto caiu uma estrela

PouparPaoPOrçamentoPPdoPEstadoPcomPbenefícioPPparaPumPFP?PParaPquê?PPNãoPpassamPdePunsPFP!

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 09

“A Caixa obrigou-nos a reforçar imparidades, e ainda bem”

BANCA

Nuno Amado diz que a intervenção no BES deixou ao Fundo de Resolução e à banca um nível de responsabilidade e risco excessivamente elevado

“É irónico e injusto pagarmos os erros dos outros. Venda-se o Novo Banco”

“Tivemos um concorrente que andou a atuar de uma forma menos adequa-da e agora o sistema português vai pagar o que se passou, à nossa custa, dos nossos acionistas e do nosso ban-co.” É assim que o presidente do BCP responde quando questionado sobre o facto de a banca ter de pagar durante mais de 20 anos ou mesmo 30 a fatura do antigo BES e do ex-Banif. “Não é só irónico, é profundamente injusto”, re-ferindo que o efeito do BES no Fundo de Resolução nacional “já ultrapassou há muito o limite de responsabilidades e risco que está determinado no Fun-do de Resolução Europeu. Os fundos têm limites de risco por situação”.

Quanto à eventualidade de o fundo poder vir a ter de prestar uma garan-tia sobre o pagamento dos lesados do papel comercial (que parece estar afastada), Nuno Amado não conhece ao pormenor a solução mas não dei-xa por mãos alheias o assunto. “Se não estivermos de acordo teremos

de atuar na defesa dos interesses do banco. Há limites”.

No que diz respeito ao interesse re-velado pelo BCP, numa carta de inten-ções, pelo Novo Banco, diz que o seu banco está fora da corrida, até porque “existem dois concorrentes que estão a fazer o seu caminho para comprar o banco”. E se o atual processo de venda falhar, o BCP pode voltar a olhar para o Novo Banco? Nuno Amado diz que se o dossiê “for reaberto veremos na altura, mas neste momento o BCP não está nessa”. E justifica: “Estivemos focados no nosso aumento de capi-tal que foi o primeiro feito na banca europeia nos últimos meses e correu muito bem.”

Neste processo o fundamental é que “haja a defesa e estabilidade do siste-ma financeiro e existe um acordo com a Direção-Geral da Concorrência (DG Comp) para a defesa do sistema no futuro. A minha recomendação para o Novo Banco é: venda quem o pode vender”.

E quando questionado sobre se acha normal o Banco de Portugal vender bancos, afirma: “Foi um modelo que não foi bem desenhado no início. O correto seria termos uma entidade de

resolução fora do Banco de Portugal, mas o anterior Governo decidiu assim, não sei sob que recomendação, mas não foi uma boa solução.” Pessoal-mente diz preferir uma solução de não nacionalização e que teria sido melhor haver um processo de consolidação porque reforçava a economia. Além disso, recorda, os custos são suporta-dos pelos bancos. “É uma pena que o Novo Banco não tenha sido já objeto de venda, mas se não foi é porque não o conseguiram fazer nas condições que achavam ser as melhores.” Quan-to ao preço justo ou adequado a pagar pelo Novo Banco, nada diz. “Assinei um compromisso de confidencialida-de”, justifica.

Balanço à supervisão

Quanto às críticas feitas ao governa-dor do Banco de Portugal, Carlos Cos-ta, nomeadamente na intervenção no BES e à ‘cegueira’ da supervisão nos últimos anos, Nuno Amado apenas diz que “ser governador do Banco de Por-tugal no período de crise que tivemos não é fácil. É uma função extraordi-nariamente complexa”. Mas também diz que “os factos políticos de ataque

que possam ter ocorrido no passado não se têm sentido nos últimos meses. Fala-se muito da banca mas não nesse aspeto. Era bom que se falasse menos dos bancos, já que o país precisa mes-mo de mais investimento”.

Não tem opinião formada sobre a necessidade de haver mudanças no modelo de supervisão como as que estão a ser estudadas por Carlos Ta-vares, ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Mas acaba por dizer que “deve haver uma articulação e colabo-ração muito boa entre os supervisores (banca, seguros e mercados)”.

Já quando olha para o que foi a supervisão e a atividade bancária nos últimos dez anos, refere que devido ao elevado crescimento do crédito concedido e ao seu desequilíbrio com os depósitos captados, provavelmen-te o supervisor deveria ter criado ferramentas anticíclicas que ponde-rassem melhor este desajustamento. Mas também diz que a principal res-ponsabilidade não estava na super-visão mas nas administrações dos bancos. Cada um tomou as decisões que tinha de tomar e não foram todas iguais, conclui.

O BCP reforçou o núcleo acionista e terá de seguir um caminho de aperto nos custos para se tornar rentável

“2016 foi um ano de viragem e reforços”

O aumento de capital de €1,33 mil milhões está feito. E agora qual o caminho a trilhar para o BCP voltar a dar lucros e distri-buir dividendos? Nuno Amado explica que o banco mudou. Nomeadamente foi reduzindo a sua exposição aos sectores que lhe deram as maiores dores de cabeça, como a construção e o imobiliário. Diz serem heran-ças do passado que remontam a 2010 mas que continuam a ser um problema na carteira de crédito do banco, apesar do ní-vel elevado de imparidades que tem sido feito desde 2013.

Em 2016 o BCP subiu as im-paridades, 2017 será um ano de transição e 2018 o ano da normalização para conseguir uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 10% e um custo do risco de 0,75%. Não é fácil mas Amado acredita que é possível mantendo o resultado operacional (antes de imparida-des) na casa dos €1100 milhões.

Para os depositantes as notí-cias não são boas. As taxas vão continuar em 0%. “Estamos numa situação anormal de taxas de juro negativas. A margem que temos para remunerar depósi-tos é entre o negativo e o zero. Só quando a Euribor subir será possível remunerar os depósitos. E isso depende do BCE.”

“O BCP tem ainda um nível de créditos problemáticos elevado. Em 2013 os chamados NPE (cré-ditos que não estão a pagar juros e têm risco de incumprimento) eram quase €13 mil milhões e em 2016 foi inferior a €8,8 mil milhões.” Entre 2013 e 2016, os créditos dados como perdidos atingiram €1,5 mil milhões.

Reposição salarial

Com o empréstimo concedido pelo Estado, através de obriga-ções contingentes (CoCos), hou-ve cortes nas remunerações dos trabalhadores, entre 3% e 11%, que, com o pagamento feito esta semana dos €700 milhões que faltavam, vão ser repostos em julho. Isto implica que também os limites às remunerações dos administradores serão levanta-dos. “Vamos montar um modelo remuneratório com componen-te fixa e variável, onde esta últi-ma deve estar indexada aos re-sultados de longo prazo e a uma componente diferida e não de aproveitamento dos resultados contabilísticos do ano”, afirma Nuno Amado.

Quando confrontado com o que se passou no BPN, BES, BPP e Banif, bancos que desa-pareceram, e no próprio BCP, na década de 2000, num au-mento de capital, diz que “os maus comportamentos devem ter punição”. E considera que a legislação que está a ser pre-parada, no âmbito de uma di-retiva europeia, que torna cri-me a prestação de informação falsa e enganosa na colocação de produtos junto dos clientes, deve ser transposta, mas sem exageros, de forma a que não sejam criadas condições mais penosas para os bancos portu-gueses do que para os outros bancos europeus.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA10

BANCA

Duas décadas depois, o CaixaBank assume o controlo do BPIBanco fundado por Santos Silva já fala espanhol. Madrileno Pablo Forero substitui Ulrich. Sede do BPI fica em Lisboa. CaixaBank, dono de 84,5% do capital, afasta despedimento coletivo

Trinta e cinco anos depois de ter sido fundado por Artur Santos Silva, o grupo BPI tor-nou-se espanhol. O catalão Cai-xaBank triunfou, e através de uma oferta pública de aquisição (OPA), concluída esta semana, passou a controlar 84,51% do banco português. Fernando Ulrich, líder do BPI há 13 anos, será substituído pelo madrileno Pablo Forero. Foram precisos vinte anos e uma dura luta, para o CaixaBank aqui chegar. Os acionistas portugueses não ti-nham músculo para investir e a aliança entre os acionistas histó-ricos foi-se desfazendo. A última grande batalha foi travada com a angolana Isabel dos Santos, segunda maior acionista do BPI (18,6%), e resistente a duas ten-tativas de OPA. O CaixaBank tentou comprar o BPI em 2015 e não teve sucesso. À segunda tentativa, apesar de o preço con-tinuar a ser baixo (€1,134) — e o CaixaBank não estar a pagar o chamado prémio de controlo —, foi possível convencer Isabel dos Santos a vender. Foi usada como moeda de troca a venda de 2% (e com isso o controlo) do Ban-co de Fomento Angola (BFA) à Unitel, operadora liderada pela filha de José Eduardo dos San-tos. De uma penada, afastou-se Isabel dos Santos e satisfez-se o Banco Central Europeu (BCE), que tinha imposto em dezembro de 2014 a perda de controlo do BFA. O CaixaBank, maior ban-co em Espanha, passou assim a controlar 10% do mercado. E reforçou-se a ‘espanholização’ da banca portuguesa, hoje dona de cerca de 25%.

O fim da independência

Fez-se história. Com o controlo do BPI pelo CaixaBank perde--se um banco independente em Portugal, já praticamente um caso único. Artur Santos Silva desdramatiza. “A melhor solu-ção para o BPI foi esta. Não me preocupa ser uma sucursal de um banco espanhol”, sublinhou na quarta-feira, em Lisboa, numa conferência de impren-sa onde, com Fernando Ulrich e o administrador José Pena

do Amaral, esteve ao lado de Gonzalo Gortázar, presidente do CaixaBank, e de Pablo Fo-rero, novo líder do BPI. “Está previsto manter o BPI como banco português, com sede em Lisboa e com centro de decisão em Portugal. Este é um modelo que encaixa bem com a políti-ca de descentralização do Cai-xaBank”, sublinhou Gortázar.

Com desequilíbrio acionista provocado pela saída do brasi-leiro Itaú, em 2012, estava tra-çado o caminho para a chegada ao poder do CaixaBank, que tem no BPI a sua operação mais im-portante no exterior. “Quando a troika entrou, o Itaú pensou que o destino de Portugal ia ser o mesmo da Grécia, e o do BPI o dos bancos gregos, e quis sair. De-sequilibrou a estrutura acionis-ta”, afirmou Santos Silva. “Dois acionistas do banco (CaixaBank e Isabel dos Santos) passaram a ter quase 70% do capital”. Foi fatal. O destino do BPI estava marcado, reconhece o banqueiro que, em 1985, reuniu umas dezenas de nomes sonantes da indústria por-tuguesa para dar origem ao BPI.

A nova era

O que muda com a chegada em força do BPI? A mudança mais visível é para já no rosto do banco. Fernando Ulrich, líder carismático do BPI, su-birá a presidente do conselho

de administração e será substi-tuído por Pablo Forero. O BPI manterá a sede em Lisboa e a marca e nome BPI, mas passa-rá a falar espanhol, embora na comissão executiva continue a haver uma predominância de administradores portugueses (José Amaral, Pedro Barreto, João Oliveira e Costa, Alexandre Vale, António Farinha de Morais e Francisco Barbeira). São seis portugueses e três espanhóis.

A saída de Ulrich foi para o meio financeiro uma das maio-res surpresas da tomada de po-der pelo banco catalão. Havia dúvidas sobre a continuação aos comandos do banco de Ulrich, que cumpre 65 anos no dia da Assembleia Geral, a 24 de abril, data que marcará a nova era. A decisão de saída é, porém, elo-giada pelos seus pares. Foi um banqueiro independente, e com poder, seria agora estranho ficar a reportar a Barcelona, comen-tam. Foi Ulrich quem decidiu sair. Quem paga manda, e os espanhóis precisavam de cor-tar alguns laços com o passado, embora tanto Santos Silva como Gortázar tenham sublinhando as excelentes relações criadas em 20 anos. E, na verdade, Ul-rich mantém-se no banco. “Sau-dades não vou ter nenhumas, porque continuo cá. Já trabalho há 45 anos e não tenho a energia que já tive”, sublinhou.

Para já, a mudança vai ser

suave, embora seja claro que o CaixaBank quer cortar custos, tornar o banco mais rentável e criar sinergias no valor de €120 milhões em dois anos. Em três anos está prevista a saída de 900 trabalhadores. Gortázar deixou uma mensagem de tranquili-dade, dizendo que não haverá despedimento coletivo e que as saídas serão negociadas e feitas por mútuo acordo. Entretanto, o BPI vai fazer uma emissão de dívida subordinada de até €225 milhões. A participação no BFA (49%) é para ir reduzindo, mas sem pressas.

Outra das surpresas da OPA foi a Allianz ter mantido a sua posição de 8,4%. “A Allianz es-teve sempre alinhada com os interesses do banco”, sublinhou Santos Silva, manifestando sa-tisfação pela sua permanência. Acabou a diversidade acionista que manteve o BPI um banco independente.

Anabela Campos [email protected]

Fernando Ulrich e Artur Santos Silva, respetivamente presidentes executivo e do conselho de administração do BPI, passam comando a Gonzalo Gortázar, presidente do CaixaBank, e Pablo Forero, novo presidente do banco português. BPI entra numa nova era: agora quem manda é o banco catalão FOTO LUÍS BARRA

BOLSA

BPI cotado, por agora...

Dois dias após a conclusão da OPA do CaixaBank, o BPI viveu na quinta-feira um dia agreste na Bolsa de Lisboa, com as ações a afundarem-se e chegarem a cair mais de 25%. O anúncio da retirada do banco do PSI-20, o índice de referência da Bolsa de Lisboa, foi uma das principais razões para que as ações do banco caíssem a pique. A outra

foi a pressão vendedora criada pelos acionistas que restam e que, percebendo que o CaixaBank ficando com 84,51% a liquidez iria reduzir-se substancialmente, decidiram desfazer-se de algumas ações. O título fechou a valer €0,92, com uma perda de 12,38%. Para já, o BPI vai manter-se cotado, mas não se sabe até quando. Gonzalo Gortázar já deu o mote. “Temos de ver a médio e longo prazo, se a liquidez não for suficiente e se trouxer problemas, teremos de estudar” o que fazer.

PERFIL

Pablo Forero Madrileno, economista, 62 anos, uma carreira de 19 anos no banco de investimento anglo-saxónico JP Morgan e de oito anos no CaixaBank, é este a traços largos o perfil do novo presidente do BPI. Forero é administrador do BPI desde dezembro. Era desde 2013 o diretor-geral do CaixaBank com o departamento de risco. Entrou no banco catalão em 2009 pela gestão de ativos. Licenciado em Economia, foi na Arthur Andersen que, em 1981, começou a liderar projetos. Já vive em Lisboa e quer aprender a falar português.

CRONOLOGIA

1985 Artur Santos Silva cria a SPI, sociedade que irá dar origem ao BPI. Junta umas dezenas de empresários portugueses

1995 A catalã La Caixa (CaixaBank) e a seguradora alemã Allianz entram no capital do BPI. Já lá estava, desde 1991, o brasileiro Itaú. Em 1996, o BPI ganha a privatização do Banco de Fomento e Exterior (BFE) e do Banco Borges e Irmão

2006 O BCP lança uma OPA sobre o BPI. A oferta é rejeitada. E, em outubro de 2007, o BPI propõe a fusão com o BCP. Há um novo falhanço

2008 A angolana Unitel, onde Isabel dos Santos tem 25% do capital, fica com 49,9% do Banco de Fomento Angola (BFA). Isabel dos Santos compra ao BCP os 9,69% que o banco tinha no BPI

2012 O Itaú sai do BPI e vende os seus 18,87% ao CaixaBank , que fica com 49%. Como o uso dos direitos de voto está limitado a 20%, os espanhóis decidem vender 9,4% a Isabel dos Santos. O BPI recorre à ajuda do Estado e pede €1,5 mil milhões

2015 O CaixaBank lança em fevereiro uma OPA sobre o BPI. Oferece €1,329. Os acionistas não aceitam desblindar os estatutos e a OPA morre

2016 A 18 de abril o CaixaBank lança de novo uma OPA, desta vez oferece €1,134. É promulgada uma lei que facilita a desblindagem dos estatutos na banca. Em setembro é aprovada a desblindagem dos estatutos, e em dezembro a venda de 2% do BFA à Unitel é suficiente para o BPI perder o controlo e respeitar a vontade do BCE

2017 A OPA tem sucesso, Isabel dos Santos vende a sua posição, e o CaixaBank passa a controlar 84,51% do BPI. Investe €644,5 milhões

Associação Portuguesa de Bancos tem dois pareceres jurídicos que colocam o Fundo de Resolução de fora da solução para os lesados

APB: recurso ao Fundo de Resolução é ilegal

A participação do Fundo de Resolução na solução para os investidores lesados do papel comercial do BES seria ilegal, afirma Fernando Faria de Oli-veira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

“A APB tem dois pareceres jurídicos de juristas altamen-te reputados que confirmam que o Fundo de Resolução não pode participar na solução (para os lesados)”, afirma o presidente da APB.

Está a ser estudada uma solu-ção para ressarcir os investido-res prejudicados que passa pela criação de um veículo que vai acolher os créditos dos lesados. Esse veículo irá contrair dívi-da para antecipar o pagamento aos lesados e depois, à medida que for conseguindo recuperar créditos, vai abatendo no em-préstimo. Estão em causa €258 milhões de créditos a recuperar.

O jornal “Público” noticiou na quarta-feira que o emprés-timo desse veículo só terá ga-rantia do Estado e não vai ter uma contragarantia do Fundo de Resolução.

“O Fundo de Resolução não podia dar contragarantia, por-que ia contra todas as regras existentes. Era uma decisão que não compete, não cabe no âmbito do Fundo de Resolução. não podia ser utilizado para esse efeito”, garante Faria de Oliveira. Explica ainda que “a inclusão do papel comerci-al, que constava na altura da resolução do BES, no banco de transição, foi corrigida” e que “o que conta é o balanço do banco (Novo Banco) a cada momento”. E por fim, adianta que neste momento não está no balanço do Novo Banco quais-quer responsabilidades com o papel comercial do BES.

Faria de Oliveira escusou-se a dar mais pormenores sobre os pareceres em causa ou os nomes dos juristas que os produziram.

Lesados contestam

Entretanto a associação Os In-dignados e Enganados do Papel Comercial do BES considera “imoral e eticamente incorre-to” se o Estado for o único a ga-rantir o empréstimo a contrair pelo veículo com o objetivo de ressarcir os investidores em papel comercial prejudicados pelo fim do BES e do GES.

“Não achamos eticamente correto. A contragarantia do Fundo de Resolução era essen-cial para a moralização do sis-tema”, diz ao Expresso Nuno Lopes Pereira, membro do con-selho fiscal da associação.

“A nossa posição é de grande estupefação. Não faz grande sentido”, afirma o mesmo res-ponsável, salientando que “essa contragarantia do Fundo de Resolução é uma premissa para que a solução possa existir”.

E sublinha que deixar os bancos de fora da solução se-ria, “mais uma vez, proteger os bancos e expor apenas os contribuintes”.

Elisabete Tavares e João Vieira Pereira

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LESAD OS

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 11

MOBILIDADE

Elétricas vão cobrar energia carregada em postos públicosAcabam cargas gratuitas de baterias de carros na rede pública. Elétricas entram no mercado em 2017 com tarifas livres“Este ano acabam os carrega-mentos gratuitos de baterias de automóveis elétricos na rede pública, passando a ser cobra-dos pelas empresas comerciali-zadoras de eletricidade”, refe-riu ao Expresso o presidente da plataforma tecnológica Mobi.e, Alexandre Videira. Desde 2010 — altura em que foi instalado em Portugal o primeiro posto público de carregamento de baterias — “até ao final de ja-neiro de 2017 foram efetuados 220 mil carregamentos na rede pública, dos quais 97 mil ocor-reram em 2016”, diz o respon-sável da Mobi.e.

Segundo a Entidade Regula-dora dos Serviços Energéticos, o preço desta eletricidade não é regulado e será negociado pelos comercializadores com os clien-tes, dentro dos valores pratica-dos no mercado. Além disso, o preço da eletricidade não terá qualquer imposto de mobilida-de associado, ao contrário do que acontece com o preço de venda da gasolina e do gasóleo.

“Enquanto estivermos a pro-mover a aceleração da transi-ção para uma mobilidade cada vez mais elétrica (sustentável), não prevemos aplicar impostos

sobre a eletricidade destinada à mobilidade”, referiu, por seu turno, o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, garantindo que um imposto sobre a eletricidade para carros “não é, de todo, algo que esteja na agenda”.

Comparativamente aos auto-móveis com motores a gasóleo (que consomem menos que os carros a gasolina), o gasto de eletricidade dos veículos elé-tricos permite poupar muito dinheiro por mês. Tendo como exemplo o Renault Zoe, que foi o terceiro veículo elétrico mais vendido em Portugal em 2016 — com 170 unidades ven-didas —, o custo de carregar a sua bateria de 41 kW pela tari-fa doméstica normal (que é de €0,1556 por kW) é de €6,37, o que teoricamente dá para per-correr 400 quilómetros.

Assumindo que o Renault Clio equivalente com motor a gasóleo gasta cerca de 5 litros a cada 100 quilómetros, serão precisos 20 litros de gasóleo para percorrer os mesmos 400 quilómetros, o que correspon-de a um custo de €26 (para um preço de venda ao público do litro de gasóleo de €1,3).

Mais barato em tarifa bi-horária

Mas segundo Alexandre Vi-deira, o mais normal é que os proprietários das viaturas elé-tricas façam o carregamento em casa, durante a noite, be-neficiando da tarifa bi-horária. Assim, o custo por kW desce para €0,092 e uma bateria de 41 kW totalmente carregada fica por €3,77. Ou seja: a rede nacional de postos de carrega-mento tem sido gerida pela Mo-bi.e, mas a partir de 2017 este mercado passa a ser operado pelas elétricas. É por isso que os cartões de carregamento da Mobi.e, que garantem o aces-so à carga de energia, vão ser substituídos por novos cartões associados a um Comerciali-zador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME).

O secretário de Estado expli-cou que “todos os operadores com postos de carregamento instalados em domínios de acesso público estarão incluí-dos neste mercado”, revelando que, “neste momento, estão registados seis operadores com postos de carregamento insta-lados em domínio público”.

Antes de dar início à fase comercial da rede pública de postos de abastecimento, ainda serão instalados 202 novos pos-tos de carga intermédia — cada posto destes dispõe de dois pon-tos de carregamento, num total de 404 pontos — assim que Por-tugal obtenha luz verde de Bru-xelas que viabilize os respetivos auxílios de Estado para concre-tizar este investimento. “Com estes 202 postos, todo o territó-rio continental ficará coberto, pois todos os concelhos passam a ter pelo menos um posto de carregamento público”, expli-cou Alexandre Videira.

Além disso, a atual rede de 1280 pontos de carregamento público será objeto de interven-ções para ficar operacional e atualizada na sua totalidade. “A potência disponível nos 100 pontos de carregamento mais utilizados durante o período diurno vai ser aumentada dos

atuais 3,6 kW para os 22 kW, o que permitirá carregar a ba-teria de um carro normal em cerca de uma hora”, adianta o presidente da Mobi.e.

O resto da rede pública tam-bém será objeto de interven-ções, pois “cerca de 25% dos pontos de carga não estão a funcionar normalmente”, diz o responsável. “Serão investi-dos cerca de €2 milhões para termos toda a rede devida-mente operacional e atuali-zada, com aumento de potên- cia nos pontos mais utiliza-

dos”, diz Alexandre Videira.Mesmo assim, num pequeno

mercado onde só foram ven-didos 2042 veículos elétricos ligeiros de passageiros entre 2010 e o final de 2016, foi forne-cido um total de 1,46 GWhora de energia à rede pública.

“Só em 2016 foram forneci-dos 750 MWhora, o que cor-responde a cerca de metade da energia total fornecida à rede pública entre 2010 e 2016”, re-fere Alexandre Videira.

João [email protected]

Até ao final de 2017, os carregamentos nos postos públicos passam a ser pagos FOTO RUI DUARTE SILVA

MOBILIDADE ELÉTRICA DISPARA

^ Rede pública tem 1280 pontos de carregamento, dos quais 100 pontos vão ter reforço de capacidade. Será aumentada em breve com mais 404 pontos

^ Em 2016 foram vendidos em Portugal 756 veículos elétricos ligeiros de passageiros e mais 57 comerciais ligeiros, elevando para 2219 os veículos elétricos vendidos em Portugal desde 2010. O Nissan Leaf é o mais vendido no mercado nacional, com um total de 759 unidades, seguindo-se o Renault Zoe com 379 unidades e o BMW i3 com 370

^ Repsol e EDP instalaram carregadores elétricos rápidos com 50 kVA na A1, nas estações de serviço Repsol de Antuã e Leiria, em ambos os sentidos, que carregam 80% de uma bateria em 20 minutos

^ A tecnologia de carregamento evoluiu muito em sete anos e a Nissan já dispõe do sistema de ligação de veículo para a rede (V2G) que permite armazenar energia nas principais instalações da Nissan na Europa

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA12

&conomia

Marco Capitão [email protected]

O autor escreve todas as quartas-feiras em expresso.sapo.pt

O anúncio de que o dé-fice orçamental de 2016 deverá ficar em torno dos 2,3% do PIB

pode ter consequências além de permitir a Portugal aban-donar o procedimento por défice excessivo no âmbito das regras europeias aplicá-veis (o que, sendo importan-te, não é tudo).

Uma delas deve ser a de nos focarmos um pouco para lá da gestão corrente e imediata desse indicador e olharmos para a realidade subjacente.

Os bons sinais do lado do ritmo do crescimento do PIB na segunda metade do ano passado e de uma aceleração da redução do desemprego acima do estimado não pas-sam de duas flores que dificil-mente fazem uma primavera.

A dura realidade é que a economia portuguesa não cresce neste século. E isso tem consequências várias. Dados da AMECO (Comis-são Europeia) denotam, por exemplo, que mesmo com a atual política de reposição de rendimentos, os salários só em 2018 retomarão o valor de... 2008 e que só em 2016 teremos retomado o valor no-minal do PIB que tínhamos em 2011. Pedro Braz Teixeira, com base nos mesmos dados, calculou o crescimento acu-mulado do PIB português neste século em 2,66%. A UE cresceu mais de 20%. Piores que nós só a Grécia e Itália.

É hoje consensual que o peso da dívida pública é um constrangimento importan-te, como o é que a zona euro, no seu desenho conceptual, dificulta a vida a países como Portugal. Mas isso não deve obscurecer que para lá desses constrangimentos externos não temos, também, feito o nosso trabalho de casa.

Libertados, ou pelo menos aliviados, do espartilho de governar para o défice po-demos e devemos aproveitar

o momento para abrir esse dossiê.

Os tempos das aparentes grandes medidas que por si só iriam desbloquear o im-passe (fossem o choque fis-cal, o plano tecnológico ou outro qualquer) acabou. Os problemas são muitos e de muito tipo, e nunca se dará resposta a todos a partir de uma solução única.

Não é preciso repetirmos diagnósticos, é preciso co-meçarmos a resolver os pro-blemas, um de cada vez, com medidas pequenas (pouco da-das a fazer as manchetes dos jornais) mas eficazes.

Dois exemplos apenas: con-vinha acordar a Autoridade da Concorrência do suave coma em que se encontra: se queremos ter uma economia competitiva, a primeira con-dição é não permitir abusos de mercado por parte das em-presas; havendo coragem, há que baixar de uma vez por todas dois custos que pesam na competitividade das em-presas e que nada justifica: energia e telecomunicações.

Não por acaso, ambas as matérias cabem no âmbito do Ministério da Economia. É o tempo dele.

Há (finalmente) vida para lá do défice?

Convinha acordar a Autoridade da Concorrência do suave coma em que se encontra: se queremos ter uma economia competitiva

A IDEALMED

8%é a participação da Idealmed no consórcio que investirá no Idealmed Muscat Hospital

22milhões de euros foi quanto a Idealmed faturou em 2016. A empresa tem desde 2013 um hospital em Coimbra

SAÚDE

Grupo português abre hospital em OmãProjeto de €70 milhões estará concluído em 2019 em Mascate. Idealmed terá 8% do investimento e a gestãoO grupo português de saúde Idealmed, com sede em Coim-bra, vai iniciar a sua interna-cionalização com a abertura de um hospital em Mascate, capital do sultanato de Omã. O projeto representa um investi-mento de €70 milhões numa primeira fase, sendo suportado na sua maior parte pelo gru-po local Suhail Bahwan e pelo fundo soberano Oman Brunei Investment Company.

A Idealmed assume uma participação de 8% no inves-timento, ficando o restante a cargo dos dois parceiros locais. A empresa portuguesa ficará ainda com a gestão clínica do Idealmed Muscat Hospital du-rante cinco anos, que poderão ser prorrogados em função dos resultados alcançados.

José Alexandre Cunha, presi-dente-executivo da Idealmed, avançou ao Expresso que o hos-pital em Omã já tem o licen-ciamento aprovado, devendo a construção iniciar-se este ano e terminar em 2019. O primeiro ano completo de faturação será 2020. “O investimento é feito exclusivamente com capitais próprios”, disse ainda o gestor.

A oportunidade de negócio em Omã surgiu em setembro de 2015, quando a Idealmed teve conhecimento de um con-curso para um novo hospital na capital do sultanato. A empresa portuguesa apresentou o seu projeto, entre 30 concorren-

tes com experiência na área da saúde privada em outros países. Em março de 2016 a Idealmed apurou-se para um lote de sete propostas e no ve-rão o projeto desenhado em Coimbra foi o vencedor.

José Alexandre Cunha acredi-ta que esta é uma oportunidade

de exportar talento nacional, não apenas na área clínica mas também noutros sectores. “O projeto de arquitetura é por-tuguês, a própria construção pode envolver empresas por-tuguesas e a gestão do projeto é feita por portugueses. Na área clínica fazemos questão de ter

o maior envolvimento possível da Universidade de Coimbra. E teremos seguramente médicos portugueses a colaborar”, afir-mou o presidente da Idealmed.

O novo projeto terá 100 quar-tos, uma área materno-infan-til e um centro de diagnóstico com várias especialidades, uni-

dade de cuidados intensivos, urgências e cinco blocos opera-tórios. José Alexandre Cunha não esconde que o Idealmed Muscat Hospital assume “um posicionamento elevado” no que respeita ao público-alvo. A apresentação institucional desta unidade equipara-a a um

José Alexandre Cunha lidera a Idealmed, com mais de 700 colaboradores FOTO LUCÍLIA MONTEIRO

hotel de cinco estrelas, estando previsto para o piso de cima do hospital um spa médico e um restaurante panorâmico. Segundo o responsável do gru-po português, Omã tem um serviço de saúde “muito bem equipado”, com um padrão de cuidados de saúde em que uma consulta médica pode custar mais 50% a 100% do que em Portugal. Segundo o gestor da Idealmed, o plano de negócios para Mascate prevê um retorno do investimento num prazo de oito anos.

Em 2015, a Idealmed tinha ainda capitais próprios negati-vos de quase €13 milhões, que José Alexandre Cunha atribui ao esforço de investimento na construção da primeira uni-dade, em Coimbra. Ainda as-sim em 2015 a Idealmed deu um lucro de €246 mil, que aumentou em 2016, ano em que a companhia de Coimbra faturou €22 milhões.

A Idealmed pertence ao gru-po Ideal Tower, do empresário Carlos Alberto Pereira Dias, um português natural de Águeda que emigrou para França na década de 70. Fez fortuna na Suíça com a marca de relógios Roger Dubuis, que viria a ven-der. Nos últimos anos tem feito negócios em Portugal, onde os seus ativos vão do imobiliário aos vinhos, além da saúde.

Miguel [email protected]

Rentabilidade Anualizada e Classe de Risco até 06/02/2017

Rentabilidade / Classe de Risco (classe de risco entre mínimo de 1 e máximo de 7)

Data de Desde o Últimos Últimos Último Lançamento Lançamento 5 anos (a) 3 anos (b) ano (c)

Os valores referem-se a rentabilidades registadas no passado que não consideram o imposto sobre os rendimentos no resgate (líquidas de comissão de gestão e depositário), pelo que não constituem qualquer garantia de rentabilidades futuras porque o valor do investimento pode aumentar ou diminuir em função do nível de risco que varia entre 1 (risco muito baixo) e 7 (risco muito alto). Para os períodos considerados não existe comissão de resgate em nenhum produto. O regime fiscal dos fundos de investimento foi alterado a partir de 1 de Julho de 2015 (excepto para fundos de poupança fiscal). Neste quadro as unidades de participação detidas até 30/06/2015 são líquidas de imposto e após esta data passaram a ser brutas. O BPI adverte que, em regra, a uma maior rentabilidade está associado um maior risco. A rentabilidade apenas seria obtida se o investimento fosse efectuado durante a totalidade do período de referência. O valor das unidades de participação dos fundos pode aumentar ou diminuir em função da avaliação dos activos que integram o património desses fundos. A Classe de Risco, calculada com base nas volatilidades registadas, tem o seguinte nível de risco: (1- Muito Baixo - 0% a 0,5%); (2- Baixo - 0,5% a 2%); (3- Relativamente Baixo - 2% a 5%); (4- Médio - 5% a 10%); (5- Relativamente Alto - 10% a 15%); (6- Alto - 15% a 25%); (7- Muito Alto - Superior a 25%). As Informações fundamentais destinadas aos investidores (IFI) e os Prospectos Completos encontram-se disponíveis aos Balcões dos Bancos Colocadores e na Sociedade Gestora. (a) 06/02/2012; (b) 06/02/2014; (c) 05/02/2016; (d) Em virtude do Fundo ter alterado a sua política de investimento, o histórico apresentado até 18 de Setembro de 2000 não corresponde à sua actual política de investimento; (e) Em virtude de o Fundo ter alterado a sua política de investimento, o histórico apresentado até 03/12/2012 não corresponde à actual política de investimento; (f) As rentabilidades não consideram o benefício da dedução à colecta de IRS. O tratamento fiscal dos produtos depende das circunstâncias individuais de cada Cliente e está sujeito a alterações. A presente mensagem tem natureza publicitária e é prestada pelo Banco BPI, S.A. e BPI Gestão de Activos – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S.A. (entidades autorizadas pelo Banco de Portugal a exercer as actividades de intermediação financeira compreendidas no respectivo objecto e encontram-se para esse efeito registadas junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários [www.cmvm.pt]). Para mais informações sobre o Grupo BPI, os serviços prestados e os custos e encargos associados, bem como sobre a natureza e os riscos dos instrumentos financeiros, poderá consultar o Manual do Investidor disponível nos Balcões e Centros de Investimento BPI ou em www.bancobpi.pt BPI Gestão de Activos - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S.A. - Capital Social: € 2.500.000 - CRC Lisboa e Contribuinte n.º 502 443 022.

Fundos de Investimento Mobiliário

Fundos Flexíveis BPI Global 03/02/1997 1,2% / 4 1,9% / 4 1,2% / 4 2,9% / 4BPI Brasil 08/02/2000 3,2% / 6 -4,2% / 6 6,4% / 7 73,7% / 6BPI Moderado 13/07/2015 -1,5% / 3 0,9% / 2BPI Dinâmico 13/07/2015 -2,8% / 4 2,3% / 3BPI Agressivo 13/07/2015 -5,3% / 5 5,3% / 4Fundo de Curto PrazoBPI Liquidez 18/03/1996 1,9% / 1 0,5% / 1 0,3% / 1 0,2% / 1Fundo Monetário de Curto PrazoBPI Monetário Curto Prazo 15/09/2010 0,9% / 1 0,6% / 1 0,1% / 1 0,0% / 1Fundos de FundosBPI Selecção (Fundo de Fundos Misto de Acções) 13/09/2007 0,7% / 5 3,6% / 4 3,9% / 4 13,1% / 4BPI Universal (d) 27/06/1995 1,8% / 4 2,5% / 4 0,8% / 4 7,4% / 4Fundos de ObrigaçõesBPI Obrigações Mundiais (e) 25/10/1994 1,9% / 3 2,8% / 3 4,6% / 3 13,8% / 3BPI Euro Taxa Fixa 26/04/1993 4,7% / 3 4,3% / 3 2,6% / 2 -0,5% / 2BPI Obrigações de Alto Rendimento Alto Risco 01/09/1999 4,6% / 4 6,0% / 3 4,3% / 3 14,0% / 3Fundos de AcçõesBPI Portugal 03/01/1994 3,8% / 6 4,8% / 6 -5,8% / 6 -4,1% / 6BPI Europa 11/06/1991 6,2% / 6 6,4% / 6 3,0% / 6 13,0% / 6BPI Euro Grandes Capitalizações 01/06/1992 3,8% / 6 4,5% / 6 1,7% / 6 16,6% / 6BPI América - Classe D 16/08/1993 2,1% / 6 11,0% / 6 13,9% / 6 30,5% / 6BPI Reestruturações 04/12/2000 3,3% / 5 2,5% / 6 6,6% / 5 26,3% / 5BPI África 03/12/2008 2,9% / 6 -2,1% / 6 -1,1% / 6 15,2% / 6BPI Ibéria 19/01/2010 -1,1% / 6 2,9% / 6 -2,8% / 6 1,7% / 6 BPI Ásia Pacífico 21/09/2011 5,4% / 5 3,9% / 5 7,8% / 6 23,9% / 5Fundo de Investimento AlternativoBPI Brasil Valor 13/10/2010 -8,3% / 7 -5,4% / 7 6,2% / 7 99,6% / 7Poupança Fiscal (f)BPI Reforma Acções (PPR) 22/06/2005 3,1% / 4 1,3% / 4 1,2% / 4 3,4% / 4BPI Reforma Investimento (PPR) 02/12/1991 4,4% / 3 1,8% / 3 1,1% / 3 1,4% / 3BPI Reforma Segura (PPR) 28/11/1991 4,2% / 2 2,1% / 2 1,6% / 2 1,6% / 2

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 13

INTERNACIONALIZAÇÃO

Têxteis recuperam para níveis de 2001Exportações têxteis acima dos €5 mil milhões anunciadas na semana da maior feira do sectorAs exportações da indústria têxtil e do vestuário ultrapas-saram a barreira psicológica dos €5 mil milhões em 2016. Os dados foram conhecidos na mesma semana em que 56 em-presas do sector mostraram em Paris, na feira Première Vision, as novidades para 2018, marca-das pelo aumento dos tecidos técnicos e pela utilização de novos materiais.

Depois de anos de dificulda-des de afirmação do Made in Portugal, o sector está a ganhar um novo fôlego. “Ainda sabe-mos promover pouco o Made in Portugal, que é uma referência e um fator de confiança do pró-prio produto, design e inovação que temos de aproveitar ainda muito mais do que aprovei-támos no passado”, sustenta Paulo Melo, presidente da As-

sociação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), que em parce-ria com a Associação Seletiva Moda apoiou a participação na feira de Paris de 19 das 30 em-presas que integram o projeto de internacionalização From Portugal 2017.

O presidente da ATP (asso-ciação que apoia a interna-cionalização dos têxteis e ves-tuário nacionais desde 1991) mostra-se satisfeito com o per-curso de valor acrescentado e diferenciação percorrido pelo sector. “No passado, muitas ve-zes éramos só subcontratados, porque a solução que propú-nhamos não era tão interessan-te, nem tinha uma componente de moda tão forte, nem uma componente de matérias-pri-mas tão rica, e não atingíamos um segmento de mercado tão

O From Portugal, projeto de internacionalização da moda

portuguesa cofinanciado pelo Portugal 2020, marcou presença

na Première Vision, feira de matérias-primas têxteis que decorreu

esta semana em Paris FOTO CATARINA NUNES

apetecível para este tipo de produtos. Isto não se compra, vai-se adquirindo ao longo dos anos”, justifica Paulo Melo.

A criatividade e inovação foi também o que chamou a aten-ção do ministro da Economia, Manual Caldeira Cabral, que marcou presença no dia de abertura da Première Vision, na terça-feira, em Paris. “Pren-deram-me muito a atenção os stands mais criativos de ma-lhas com novos designs mas também a utilização de novos materiais e a conjugação das duas ideias”, referiu o ministro. Questionado pelo Expresso, Manuel Caldeira Cabral deu como exemplos de criativida-de e inovação portuguesas os tecidos feitos de cortiça e os que reagem ao calor. “Um dos segredos da indústria portu-

guesa é conseguir ser criativa e, ao mesmo tempo, competi-tiva, com tempos de resposta muito curtos, com qualidade de produção ao nível do me-lhor que há no mundo e com custos muito competitivos face aos concorrentes mundiais”, remata.

A empresa que desenvolveu os tecidos em causa é a Tin-tex, de Vila Nova de Cerveira, que começou em 1998 como uma tinturaria. De lá para cá, evoluiu até se tornar um for-necedor de produtos de malha acabada. Hoje, a aposta da Tin-tex é na inovação, área onde já ganhou dois prémios com o tecido de algodão revestido a granulado e pó cortiça, que ficou na memória de Caldeira Cabral.

Com a mesma tecnologia de revestimento, a Tintex desen-volveu um tecido com diferen-tes pigmentos que se altera de acordo com a temperatura bem como um material que muda com a luz ultravioleta. “A tec-nologia em termos de maqui-naria foi desenvolvida por nós e pelo fornecedor alemão do equipamento. É uma máquina de aplicação do revestimento, que leva uma espuma e aplica o revestimento na superfície. Em termos da aplicação, isso foi desenvolvido por nós interna-

mente”, explica Elsa Parente, diretora comercial da Tintex, acrescentando que esta tecno-logia coating já existe, mas não com a aplicação de cortiça em malhas.

A Tintex começou na inter-nacionalização há cerca de seis anos, mas esta é apenas a quarta vez que está presente na Première Vision, por ter sido rejeitada duas vezes. “É uma das feiras mais difíceis. Não tem tanto a ver com o volume de ne-gócios, a organização faz uma análise em termos de concor-rentes, da criatividade e da ino-vação”, explica Elsa Parente.

A responsável comercial da Tintex avança que, no futuro, a empresa vai continuar a inves-tir em inovação, nomeadamen-te em sustentabilidade, com a utilização de fibras recicladas, como o algodão e o poliester reciclado. “Estamos sempre a juntar a sustentabilidade com a inovação, porque é uma ten-dência de mercado que vem do consumidor. É o consumidor quem dita as tendências e que tem a ver com o movimento de preocupação ambiental”, justi-fica Elsa Parente.

A Suécia é o principal merca-do da Tintex, que começa a tra-balhar nos Estados Unidos com mais intensidade, por ser um país que está a entregar muita

da sua confeção às indústrias portuguesas. “Em termos de exportação direta, estamos nos 10%, 15%, mas isso não interes-sa muito, porque a maioria dos nossos clientes coloca as enco-mendas de confeção em Por-tugal. Como a confeção portu-guesa está em alta, os clientes pedem-nos nomes de confeções para começarem a trabalhar em Portugal. Isso conta como exportação, porque trabalha-mos o cliente diretamente, in-dependentemente de ele colo-car a confeção em Portugal ou noutro país qualquer”, explica Elsa Parente, justificando este crescimento com o aumento da qualidade e do serviço nas fábricas nacionais.

“O baixo preço na Ásia já não existe, já não é como era, os preços aumentaram, mas a qualidade não aumentou. De-pois, a distância e a instabilida-de do mercado faz com que os clientes sejam mais cautelosos a colocar encomendas, colo-cam menos e com quantidades mais reduzidas. Nós, em Portu-gal, conseguimo-nos adaptar a encomendas mais pequenas e entregas rápidas”, remata a responsável da Tintex.

Catarina [email protected]

A jornalista viajou a convite

da Seletiva Moda

Tecidos técnicos e moda impulsionam inovação nos fiosInovafil arranca internacionalização este ano com investimento de €251 mil. Filasa começou em 2016 e aposta nas malhas

A procura crescente de têxteis técnicos, como os tecidos anti-transpiração ou com proteção dos raios ultravioleta, e o en-curtamento dos prazos de pro-dução na indústria das grandes cadeias de pronto a vestir estão a impulsionar a indústria da produção de fio para a confeção de malhas. “No caso concreto da Inditex, que é o cliente que tem mais peso para nós, as pe-ças básicas são compradas com muita antecedência, mas as pe-ças de moda são encomendadas com um prazo de entrega de um mês, um mês e meio. Para produzir o fio, a malha e as pe-ças neste prazo só é possível se

isso for feito no mercado euro-peu, não há hipótese de impor-tar”, sustenta Rita Fernandes, diretora comercial da Inovafil, empresa do grupo Mundifios dedicada à inovação, para jus-tificar a crescente procura de Portugal enquanto destino de confeção têxtil.

Para trás ficaram os anos negros, iniciados na década de 2000, em que as fábricas nacionais foram perdendo a favor da China. “O mercado português era muito baseado na produção de commodities (produtos sem valor acrescen-tado) e tanto aqui como na Eu-ropa as fiações foram fechando, devido à concorrência da Ásia, por causa dos preços”, recorda Rita Fernandes, que tem como principais clientes tricotadores de malhas, em Portugal e no Magrebe (Marrocos e Tunísia), cujos compradores finais são os

grande grupos de moda. “Nós vendemos aos tricotadores da malha, que por sua vez vendem a malha às confeções e são as confeções que vendem as peças às marcas”, remata.

A diretora comercial da Inova-fil avança que os Estados Unidos é outro dos mercados para onde está a exportar na área de moda. Aqui a estratégia vai manter--se até que seja claro o ‘efeito Trump’. “Ainda está tudo muito instável, estamos a ver o que vai acontecer para depois definir-mos o que vamos fazer”, explica.

Em paralelo com a aposta nos Estados Unidos, a Inovafil está a investir no desenvolvimento do negócio dos têxteis técni-cos. “Temos um projeto com a Universidade do Minho e com o CITEV (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Ves-tuário de Portugal) para não ficarmos tão condicionados ao

mercado de moda, que é um mercado mais fechado e sazo-nal. A ideia é diversificar ao má-ximo a nossa área de negócio”, avança a diretora comercial da Inovafil, dando como exemplo o desenvolvimento de uma fibra condutora de transpiração e outra com proteção dos raios ultravioleta.

Investigação na área de fibras naturais é outra das iniciativas no âmbito desta parceria, bem como o projeto Fibernamics, que tem que ver com testes às características dos fios. Rita Fernandes avança que a Ino-vafil está a desenvolver quatro projetos no âmbito do Portugal 2020, perfazendo um total de €1,3 milhões, e que abrangem não só este núcleo de investiga-ção como a internacionalização (que representa €251 mil) e a qualificação.

A Filasa, por seu lado, é a úni-

ca empresa de fios presente na Première Vision que vem finan-ciada pela Selectica Moda. “É a nossa terceira feira e para já fazemos só esta a nível de fios. Fizemos as duas edições da Pre-mière Vision no ano passado e esta é a terceira”, explica Fáti-ma Antunes, diretora comer-cial da Filasa, empresa que está mais vocacionada para a pro-dução de fio para malhas. “Não

estamos muito especializados em fios técnicos, mas também temos fios que dão para esse mercado”, refere a responsável.

A aposta na internaciona-lização está relacionada com uma necessidade de cresci-mento. “A nossa fiação era muito vocacionada para o mercado doméstico, apesar de já vendermos também para Espanha. Achámos que com esta mudança a nível produti-vo, de trabalharmos com ou-tras matérias, misturas e fios especiais, seria agora a altura de estarmos com capacidade para exportarmos com a di-mensão que temos”, explica Fátima Antunes, acrescentan-do que os mercados externos representam 15% do negócio. “No essencial trabalhamos a Europa, o grupo Inditex, a H&M, a Next, todos esses cli-entes”, remata. C.N. Rita Fernandes da Inovafil

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA14

João Nuno Mendes Presidente da Águas de Portugal

“Há perdas de 31% no sector da água”

João Nuno Mendes assumiu a presi-dência da Águas de Portugal (AdP) em junho de 2016, numa fase de de-saceleração do investimento do grupo estatal. Mas o sector da água continua a enfrentar desafios como a dívida dos municípios e as elevadas perdas na distribuição de água aos clientes finais.

PP QualPéPaPdívidaPdosPmunicípiosPàPAdP?

R Estimamos que a dívida das autar-quias se tenha reduzido 10% em 2016. A dívida ao grupo neste momento é superior a €300 milhões. Temos intensificado os contactos com as autarquias para celebrar acordos de pagamento. As nossas empresas estão muito focadas em ter uma perceção de caixa e de dívida a cada momen-to. Também estamos com níveis de investimento mais baixos do que no passado. O investimento do grupo em 2016 deverá ter estado na casa dos €55 milhões. Há um ciclo de grande infraestruturação que se completou. Esses níveis de investimento mais bai-xos contribuem para a redução da dívida líquida financeira de €100 mi-lhões em 2016 [para €2050 milhões].

PP EmP2017PqualPseráPoPinvestimento? R Os maiores investimentos em cur-

so este ano serão as ETAR [estações de tratamento de águas residuais] de Portimão e Faro-Olhão. Deveremos investir cerca de €20 milhões nestes projetos. Mas prevemos que ao longo dos próximos anos o grupo possa in-vestir cerca de €100 milhões por ano.

PP APEPALPéPháPanosPumaPdasPmaisPlu-crativasPempresasPdoPgrupo.PVaiPconti-nuarPaPserPaPgalinhaPdosPovosPdePouro?P

R Do ponto de vista da solidez finan-

ceira do grupo, a EPAL tem um papel muito importante. Representa metade dos resultados e um terço do cash flow operacional. Mas essa solidez financei-ra está ao serviço de uma estratégia de investimento que também ocorre no interior do país. A AdP foi funda-da numa lógica de coesão territorial. Os €1500 milhões de financiamento que temos do Banco Europeu de In-vestimento (BEI) têm aval do Estado. E estamos a negociar com o BEI um outro financiamento na casa dos €400 milhões. É fundamental a posição fi-nanceira integrada.

PP OPaumentoPdosPpreçosPemPalgumasPregiõesPtemPreduzidoPoPconsumo?PP

R Não consigo dizer em concreto. Há diversos fatores que influenciam o consumo per capita: a tecnologia (os aparelhos domésticos que temos em casa), se estamos num meio urbano ou rural, e o preço, naturalmente. Há uma zona de consumo que é menos sensível ao preço, que é aquela em que a água corresponde às necessidades fundamentais, mas haverá outra zona, com consumos per capita mais ele-vados, que deverão ser influenciados pelo preço.

PP OutroPindicadorPsobrePoPqualPoPgru-poPsePdebruçaPregularmentePéPoPdasPperdasPdePágua.PQualPéPaPsituaçãoPatu-alPdasPperdasPdePágua?P

R Nós temos uma situação muito diferenciada consoante estejamos a falar do sector de “alta” [da captação até aos municípios] ou de “baixa” [dos reservatórios municipais ao cliente final]. As perdas “em alta” no conjunto do país andam nos 3% a 3,5% da água captada, o que deverá representar 19 milhões de metros cúbicos por ano. No

sector “em baixa”, entre perdas reais e perdas comerciais (que resultam por exemplo de problemas de contagem), há 240 milhões de metros cúbicos, cerca de 31%.

PP QuasePumPterçoPdaPáguaPquePcirculaP“emPbaixa”PnãoPéPfaturada.PP

R Exatamente. Ou são perdas reais técnicas, nas redes, ou perdas que resultam de problemas de contagem

ou não faturação por outras razões. Se se conseguisse reduzir para 20% as perdas na baixa isto representaria 80 milhões de metros cúbicos por ano.

PP ÉPumPproblemaPquePoPpaísPaindaPnãoPconseguiuPresolver.P

R Essa tem sido uma das preocupa-ções do Governo e da ERSAR [regula-dor das águas e resíduos], ao qual nós estamos sensíveis. Um estudo que o

grupo fez há uns anos apontava que seriam necessários cerca de €2 mil milhões para a resolução deste pro-blema. Não é apenas uma questão de investimento, é também uma questão organizativa, de know how, de bac-koffices comerciais, de zonagem dos territórios para controlo de ruturas.

PP NaPáguaPéPindiferentePaPgestãoPserPprivadaPouPpública?

R A gestão é naturalmente diferente, mas essa é uma questão política. Aí o regulador tem um papel muito impor-tante em assegurar a remuneração justa dos capitais próprios dos inves-tidores, sejam públicos ou privados, para o melhor nível de serviço.

PP HáPcasosPdePconcessõesPaPprivadosPquePnãoPtêmPcorridoPdaPmelhorPmanei-ra.PHáPmunicípiosPquePestãoPaPresgatarPessasPconcessões.PAdmitePquePnemPsemprePaPgestãoPprivadaPfazPoPmelhorPtrabalhoPnoPsectorPdaPágua?

R É extremamente importante que a regulação tenha, como tem tido, um papel muito ativo. No sector “em baixa”, o grupo AdP tem experiência. Temos áreas urbanas e menos urba-nas que temos operado e poderemos fazer parte de uma solução para o sector. Mas existirá certamente es-paço para investidores de capitais de origens diversas.

PP APAdPPaindaPéPumaPempresaPexpos-taPaPnomeaçõesPpolíticas?

R A AdP é uma empresa pública que tem excelentes profissionais, que fi-zeram aqui um trabalho de mudança num prazo curtíssimo e que anseiam por ter mais objetivos. Desde que cá estou tenho encontrado o melhor pro-fissionalismo, pessoas motivadas.

João Nuno Mendes, 44 anos, transitou da Galp para a liderança da Águas de Portugal em junho de 2016. Antes já tinha passado pelo grupo Amorim

AMBIENTE

Águas de Portugal Como o Estado comprou a paz com os municípiosTextos Miguel Prado Fotos Tiago Miranda

“Quando esta administração tomou posse, a 1 de junho de 2016, confrontá-vamo-nos com um conjunto de dificul-dades e um conjunto muito significati-vo de acionistas. Na assembleia geral da Águas de Lisboa e Vale do Tejo nós não tínhamos a participação da Área Metropolitana de Lisboa [AML], tal era o clima de contestação”, recorda o presidente da Águas de Portugal (AdP), João Nuno Mendes. Mas a guerra que nasceu ainda no anterior Governo com os processos de fusão das empresas regionais do grupo es-tatal acabou por pacificar-se com uma solução negociada com os autarcas.

Hoje o presidente da AdP não fala em reversão das fusões. Prefere falar em cisões, porque as empresas que estão a ser criadas não correspondem exatamente às que existiam antes do turbilhão reorganizativo que entre 2014 e 2015 levou várias autarquias a avançar para tribunal para travar a reestruturação. Acionistas minoritári-os das empresas regionais da AdP, os municípios queriam ter uma palavra a dizer no futuro das empresas que lhes forneciam água.

Em 2014 o grupo AdP geria 20 em-presas regionais. No final de 2015, com o avanço das fusões deliberado pelo anterior Governo, a AdP enco-lheu e passou a gerir oito empresas. Em 2017 o grupo estatal ficará com uma carteira de 12 empresas. Haverá duas novas sociedades a Norte e ou-

tras duas a Sul. Serão criadas a Águas do Douro e Paiva (agregando 20 mu-nicípios) e a Simdouro (com oito au-tarquias), por destaque da Águas do Norte (que ficará com 63 municípios). Também serão criadas a Águas do Tejo Atlântico (23 municípios) e a Si-marsul (oito autarquias), por destaque da Águas do Vale do Tejo (que fica com 69 municípios). As restantes empresas que já estavam no anterior mapa da AdP permanecem inalteradas, como são os casos da EPAL, Águas do Cen-tro Litoral, entre outras.

O decreto-lei que cria a Águas do Douro e Paiva e a Simdouro foi publi-cado no dia 1 de fevereiro. O diploma relativo à criação do Tejo Atlântico e da Simarsul está para breve. Mas de-pois das fusões e das cisões em curso o que sobra? Foi apenas um processo de “baralha e volta a dar”?

Para o presidente da AdP, a reor-ganização em curso permite ir ao en-contro das preocupações da maior parte dos autarcas que antes estavam contra as fusões. E tem o benefício de permitir ao grupo estatal voltar a trabalhar com os municípios para resolver os problemas associados ao abastecimento de água e saneamento. “Só conseguimos concretizar a expan-são do grupo se tivermos relações nor-malizadas com os nossos acionistas”, sublinha João Nuno Mendes.

O gestor garante ao Expresso que as cisões em curso não eliminam as sinergias que seriam conseguidas com a anterior concentração de empresas. “Não acho que haja uma eliminação das sinergias. As equipas e as estrutu-

O Governo PSD/CDS determinou a fusão de uma série de empresas da AdP, que tinham os municípios como acionistas minoritários. Quando chegou ao Governo, António Costa mandou desfazer algumas dessas fusões. OPpresidentePdoPgrupoPgarantePquePagoraPtudoPestáPpacificadoPePquePaPnovaPrealidadePpreservaPsinergias

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 15

QUATRO NOVAS EMPRESAS NA ÁGUAS DE PORTUGAL

Águas do Tejo AtlânticoIrá fazer o saneamento de água em 23 municípios, com 2,2 milhões de habitantes. A empresa será destacada da atual Águas de Lisboa e Vale do Tejo. Ficará com 369 trabalhadores e será detida em 52,9% pela AdP e no restante pelas autarquias. Operará numa região que até 2014 era servida por três operadores: Águas do Oeste, Simtejo e Sanest. A Águas do Tejo Atlântico será o maior operador de saneamento de águas residuais do país.

SimarsulA Simarsul (que existia autonomamente até 2015, quando foi integrada na Águas de Lisboa e Vale do Tejo, da qual agora se destacará novamente) vai assegurar o saneamento em oito municípios a Sul do Tejo, que têm 394 mil habitantes. A empresa terá 94 trabalhadores e será detida em 51% pela AdP (ficando o restante nas mãos dos municípios).

Águas do Douro e PaivaA sua cisão da Águas do Norte foi aprovada em novembro e o decreto-lei que confirma a criação da Águas do Douro e Paiva foi publicado a 1 de fevereiro. A empresa fará o abastecimento de água em 20 municípios (tal como estava organizada até final de 2014), com 1,6 milhões de habitantes. Fica com 133 trabalhadores e será detida a 51% pela AdP, deixando os outros 49% para as autarquias.

SimdouroÉ igualmente destacada da Águas do Norte, para fazer o tratamento de águas residuais em sete municípios da região Norte (tantos quantos os que eram servidos até 2014, antes da absorção da Simdouro pela Águas do Norte), que têm uma população de 417 mil pessoas. A empresa terá 65 trabalhadores. O capital será controlado em 58,62% pela AdP.

Só conseguimos concretizar a expansão do grupo se tivermos relações normalizadas com os nossos acionistas

Não há uma eliminação das sinergias. As equipas e estruturas são essencialmente as mesmas que existiam

Existiu um receio de que se estivesse a esvaziar as empresas regionais. Essas empresas não devem ser descapitalizadas de competências

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AMBIENTE

Águas de Portugal Como o Estado comprou a paz com os municípiosras são essencialmente as mesmas que existiam anteriormente nas empresas agregadas. Trata-se de uma oportu-nidade para reorganizar a estrutura existente e conseguir maior horizon-talização das estruturas, para termos um processo de decisão mais rápido. Este destaque não significa uma ato-mização. As empresas criadas a partir do destaque têm uma escala muitíssi-mo significativa”, afirma. A Águas do Tejo Atlântico servirá uma população de 2,2 milhões de pessoas, ou seja, mais do que as 827 mil da Águas do Vale do Tejo (da qual foi destacada). E a Águas do Douro e Paiva cobrirá 1,6 milhões de pessoas (face a pouco mais de um milhão no que sobra da Águas do Norte).

A agregação de empresas que ti-nha sido feita em 2015 procurou criar escala na gestão do grupo AdP, mas também facilitar um processo de compensação tarifária, no âmbito da reforma do sector da água pela qual se bateu o ex-ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva. Essa reforma previa genericamente que as tarifas da água no litoral subissem para permitir que os preços no interior descessem, numa lógica de coesão territorial.

Segundo João Nuno Mendes, os gru-pos de trabalho que o Governo promo-veu no ano passado permitiram rede-senhar os equilíbrios tarifários. “Nos grupos de trabalho, e eu fui a todas as reuniões, conseguiu-se negociar uma compensação tarifária acrescida, que inclui uma contribuição de solidari-edade que os espaços mais desenvol-vidos dão aos espaços do interior”,

aponta o presidente da AdP, garan-tindo que os clientes do litoral “terão uma evolução tarifária mais suave” do que a inicialmente prevista, já que o processo de compensação beneficiará de verbas que o Governo assegurou através do fundo ambiental.

A pacificação conquistada na rela-ção dos municípios parece ter sido fundada num misto de diplomacia e de nova engenharia tarifária. A verdade é que na assembleia geral que a Águas do Norte realizou em novembro a ci-

são da Águas do Douro e Paiva e da Simdouro teve 96,25% de votos a favor e apenas 3,75% contra. Em dezembro, na assembleia da Águas de Lisboa e Vale do Tejo, as cisões tiveram o apoio de 100% dos acionistas presentes. “O que demonstra que este trabalho pro-curou ir ao encontro de interesses das diversas realidades”, realça João Nuno Mendes. “A situação que encontrámos nas assembleias gerais de junho de 2016 era muito tensa. Era urgente encontrarmos uma solução. O grupo AdP opera em projetos na esfera de competências das autarquias. Se o grupo quer crescer, e pode ser impor-tante para concretizar projetos das autarquias, era fundamental recons-truir esta relação. Demos passos”, acrescenta o gestor.

A reorganização irá obrigar a AdP a “um grande esforço” para promover a eficiência e compensar as reduções tarifárias que já foram feitas para o in-terior do país, e que vieram penalizar as contas da holding estatal em mais de €20 milhões por ano.

A central de compras do grupo, a AdP Serviços, continuará a ser rele-vante, diz João Nuno Mendes, em con-tratos em que a escala faz diferença, como a aquisição de energia elétrica, combustíveis e telecomunicações. E o custo de imprimir novos envelopes e cartões de visita após as fusões e cisões? Não tem um impacto material nas contas do grupo, garante o presi-dente da AdP, acrescentando que as várias empresas regionais não serão esvaziadas das suas competências.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA16

“O MEU FUTURO” COMPETENTE

Um estudo inédito^^^ A Augusto Mateus & Associados

elaborou o estudo sobre a importância das soft skills na economia portuguesa, ao qual o Expresso se associou, depois de, em 2014, a McDonald’s se ter juntado ao “Guardian” no Reino Unido. Recorre às aproximações disponíveis no Sistema Nacional Estatístico de Classificações para obter classificações temáticas das intensidades de soft skils por habilitações, profissões e sectores de atividade, que suportaram a estimação econométrica.

Próximos passos^^^ Esta análise editorial vai incluir os

CEO de algumas das principais empresas nacionais, medindo o equilíbrio entre as soft e as hard skills, a comparação entre Portugal e outros países da União Europeia, e as profissões com maior futuro, entre outros temas. Saiba nas próximas edições quais as competências mais fortes e mais fracas que se encontram no país e em quais vale a pena investir no futuro.

O que é “O Meu Futuro”^^^ É um projeto do Expresso com

diversos parceiros, iniciado em dezembro de 2015. “O Meu Futuro” ajuda a perceber como ficarão, nos próximos tempos, as suas finanças, a educação dos seus filhos, os cuidados de saúde, a alimentação e, claro, que competências terão de ter para enfrentar as mudanças. Acompanhe.

Estudo Portugal ainda está na fase embrionária do reconhecimento das soft skills como instrumento fundamental de desenvolvimento e exemplos como o Reino Unido podem oferecer novas perspectivas

Soft skills acrescentam 7,9% de valor ao país

maior desenvolvimento de áreas como o empreendedorismo, ambiente, susten-tabilidade, ecoeconomia, mais apelativas ao desenvolvimento destas competênci-as” segundo Manuel Laranja, professor de inovação e empreendedorismo no ISEG. Fatores que contribuem para o aumento do impacto das soft skills até 2025, quando deverá chegar aos £127 mil milhões (€149 mil milhões), mas que ainda assim deixam no skill gap (dife-rença entre os empregos existentes e as competências necessárias) mais de meio milhão de trabalhadores. Custo: perdas anuais estimadas em £8,4 mil milhões (€9,9 mil milhões).

Estágio^inicial

Se já chegou até aqui (com a expressão soft skills na ponta da língua, porventu-ra), prepare-se para a entrada de Por-tugal em cena. Literalmente, porque só recentemente estas competências começaram a ser mais reconhecidas pelos diferentes atores. Estamos num “estágio ainda inicial do desenvolvi-mento destas competências na nossa economia” concede o presidente da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, Gonçalo Xufre da Silva. É um facto que, de acordo com o estudo, a presença na economia portuguesa é mais intensa nas soft skills mais simples — que incorporam menos componentes e exigem menos intera-ção — com profissionalismo, decidir/resolver problemas, gerir-se a si próprio e trabalho em equipa a corresponde-rem a 82% das competências identi-ficadas. Na distribuição geográfica, o destaque vai para a área metropolitana de Lisboa, acima da média nacional na maioria dos casos.

Algumas são características que o calão português celebrizou como de-

Tiago Oliveira

Ponto prévio: antes de enveredar por este tex-to importa esclarecer o que são exatamente soft skills. Porque se as definições podem ser várias e ainda não se encontrou uma univer-salmente aceite, é cada

vez mais consensual que vale a pena aprender esta expressão. Por oposição a hard skills (as competências técnicas e académicas mais tangíveis, formalmen-te adquiridas), soft skills referem-se a um “conjunto de qualidades e atributos necessários para ter sucesso a nível pro-fissional. Estas competências abrangem uma pluralidade de capacidades, umas relativas à combinação da eficiência e da eficácia nos mundos do trabalho e dos ambientes profissionais e outras que dizem respeito à resiliência das atitudes e comportamentos”.

A definição pertence ao estudo “As soft skills em Portugal: Presença, in-tensidade e relevância” — desenvolvido pela Augusto Mateus & Associados e que apresenta um dos primeiros retra-tos abrangentes destas competências no panorama económico português — que postula ainda que estas com-petências se dividem em seis campos: comunicação, decidir/resolver proble-mas, gerir-se a si próprio, liderança, profissionalismo e trabalho em equi-pa. O objetivo é perceber a verdadei-ra dimensão do seu impacto e dar às soft skills novo estatuto como fatores explicativos dos níveis de produtivida-de dos países como, por exemplo, as diferenças que marcam o sul e o norte da Europa. Claro que as realidades es-truturais são completamente distintas

senrascanço, o que não surpreende Manuel Laranja. Acontece é que “a criatividade e improvisação, quando desenquadradas ou desacompanhadas de outro tipo de competências têm uma contribuição muito menor.” É aqui que a educação pode fazer a di-ferença. Para o professor seria impor-tante “dar mais relevo ao ensino e às metodologias didáticas que privilegi-am o desenvolvimento destas compe-tências” e reconhecermos “como no Reino Unido, que as ciências naturais e exatas não podem continuar a ser vistas pela sociedade como as arenas favoritas”. Ou seja, realçar mais as ciências sociais. Do lado institucio-nal, Gonçalo Xufre da Silva revela que o Quadro Nacional de Qualificações já inclui as soft skills e que a sua sis-tematização no ensino está prevista, enquanto “o processo de desenho das qualificações em função dos resulta-dos de aprendizagem também deu os primeiros passos”. O responsável não tem dúvidas que “a aposta continua-da no ensino profissional irá ajudar a fazer a diferença”. Sem esquecer o saldo positivo do sistema educativo que provocou uma melhoria qualita-tiva no capital humano. Registam-se, ainda assim, desajustes entre recursos humanos e competências necessárias na empresas, com impacto negativo para a economia.

Pela primeira vez em Portugal esta-mos perante uma abordagem acadé-mica que permite entender de forma mais tangível a relevância das com-petências informais para a economia. Como recorda Norma Rodrigues, “im-porta trabalhar para a consciencializa-ção crescente da importância das soft skills”. Identificados os problemas e as mais-valias, resta definir um caminho.

[email protected]

O MEU FUTURO AS MINHAS COMPETÊNCIAS

e comparar diretamente países como piores ou melhores é um exercício fala-cioso à nascença. O que não impede de olhar para outros sistemas e perceber o que podemos aprender com eles.

Um papel desempenhado nesta nar-rativa em particular pelo Reino Unido, onde a McDonald’s (promotora des-te estudo) já tinha estado na origem de outro trabalho dedicado ao tema — “The value of soft skills to the UK economy”. “O Reino Unido colocou na agenda política a necessidade de medir as competências (quer as hard quer as soft) enquanto fator relevante para o au-mento da produtividade e competitivi-dade do país, das suas regiões, sectores e empresas. As estatísticas, metodologias e métricas para tratamento da informa-ção estão até certo ponto consolidadas”, atira Norma Rodrigues, presidente da Associação Industrial Portuguesa.

Investimento^na^formação

Em terras de sua majestade, os últimos 15 anos têm sido pródigos em análises cada vez mais sistematizadas dos fatores que contribuem para a competitividade da economia, sobretudo para perceber o que separa o país dos seus grandes competidores, como os EUA, a França ou a Alemanha, em termos de produtivi-dade. Um retrato marcado por algumas disparidades regionais, com destaque para Londres, que concentra quase um quarto (23%) da presença destas com-petências. A nível educativo, implemen-tou-se uma estratégia que reconhece desde cedo o papel das soft skills no au-mento da eficácia das hard skills, como competências inatas a serem validadas e desenvolvidas ao longo da vida e que facilitam a entrada no mercado de tra-balho. Uma realidade reconhecida pelas autoridades e que poderá beneficiar “do

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 17

Panorama das competências Olhar global e números do estudo

88,5 7,91,57mil milhões de libras (€103, 79 mil milhões) é quanto representam as soft skills para o valor acrescentado bruto da economia britânica de acordo com o estudo “The value of Soft Skills to the UK Economy”. Em Portugal, o número equivalente ascende a €11,721 milhões

é a percentagem que representa o custo económico dos nem-nem (mão de obra em idade ativa que não tem emprego, não procura e não estuda) para o PIB português e cuja falta de competências contribui negativamente a nível macroeconómico. No Reino Unido é de 0,6%

por cento é o contributo das soft skills dos diferentes sectores da economia nacional para a formação do valor acrescentado bruto (VAB) português, revela o trabalho da Augusto Mateus & Associados. No Reino Unido esse valor é de 6,5%, segundo os dados mais recentes

Liderança e trabalho de equipa, dizem

SOFIA TENREIRO Diretora-executiva da Cisco Portugal

JORGE FERRAZDiretor-geral da McDonald’s Portugal

A liderança, hoje, enfrenta inúmeros desafios. Os melho-res líderes são aqueles que não apenas se focam em atin-gir a excelência das suas hard skills, mas que apostam em desenvolver as suas soft skills. Para terem sucesso, têm de estar preparados para se adaptarem a um mundo em constante transformação, a concorrentes improváveis (e, muitas vezes, difíceis de ante-cipar), a enormes pressões de rentabilidade e sustentabili-dade, a uma força de trabalho multigeracional e diversa, e a terem de satisfazer clientes cada vez mais informados e exigentes, com necessidades que se alteram diariamente. Toda esta instabilidade exige uma reinvenção contínua por parte dos líderes enquanto se focam em atrair, reter e motivar talento capaz de lidar com a ambiguidade, com o crescente ritmo de mudan-ça de tudo o que nos rodeia, bem como de viver perma-nentemente fora da zona de conforto. Esta incerteza e transformação obrigam a que as nossas hard skills se tenham de adaptar exigindo uma atualização frequente. O que aprendemos em jo-vens torna-se rapidamente obsoleto. Por isso, o sucesso depende, cada vez mais, das soft skills que nos permitirão não apenas sobreviver a este mundo que nos questiona a qualquer momento, mas que serão a base que garantirá a renovação das hard skills. Há inúmeras soft skills conside-radas críticas para se ter su-cesso, como líder, nos dias de hoje. Inteligência emocional, que permite identificar e ge-rir as suas próprias emoções e a dos outros; energia positiva e paixão, que contagiam as equipas e as impelem a su-perar-se, ajudando-as a fo-carem-se nos objetivos e não nas adversidades; capacidade de adaptação, imprescindível num mundo que se transfor-ma cada vez mais rapidamen-te e onde todos os dias surpre-ende com novas realidades desconhecidas. Curiosidade e gosto pela aprendizagem contínua, porque a presença da tecnologia em todos os as-petos da vida e das empresas, por exemplo, obriga a um do-mínio de novas ferramentas e instrumentos que surgem di-ariamente. Colaboração para entender que sozinho se vai mais depressa, mas apenas colaborando com os outros se chega muito mais longe. Comunicação para cativar os outros e convencê-los das suas ideias que, se não forem bem comunicadas, perdem todo o valor. Coragem para decidir mesmo quando não se tem certezas e para perceber que não tomar uma decisão é a pior das decisões. Integrida-de e ética porque se destrói, em segundos, a confiança que demorou uma vida a constru-ir. Para serem bem-sucedidos, além de hard skills fortes, os líderes precisam de desenvol-ver soft skills cada vez mais robustas e adaptáveis a esta contínua mutação enquanto inspiram as equipas.

Houve um tempo em que o mundo laboral valorizava qua-se única e exclusivamente as competências técnicas dos pro-fissionais (hard skills). Hoje, o paradigma mudou e já não chega ser só bom tecnicamen-te. Atualmente, o mercado de trabalho procura também pro-fissionais dotados de competên-cias sociais e comportamentais — as chamadas soft skills — que devemos olhar como fator com-plementar e diferenciador. Se há algo que o estudo que de-senvolvemos em parceria com o Expresso e a Augusto Mateus & Associados corrobora é que, para o nosso sucesso, são deter-minantes diferentes dimensões, que vão desde as habilitações, ao sector ou percurso profissi-onal e as nossas competências adquiridas são produto de todas estas. As soft skills são esse con-junto de atitudes e comporta-mentos que facilitam a relação que temos com os outros — seja no nosso local de trabalho ou em outras situações pessoais do nosso quotidiano. É certo que as soft skills melhoram, além do nosso desempenho pessoal, o nosso desempenho profissio-nal, como confirmámos no re-ferido estudo. Diferenciam-nos como profissionais e pessoas. Na McDonald’s, acreditamos que são fulcrais para assegurar que temos as melhores pes-soas e proporcionamos a me-lhor experiência a quem nos visita. É por isso que acredito que devem ser valorizadas e reconhecidas como um todo, com o objetivo de melhorar a performance e potenciar o desempenho dos nossos co-laboradores, bem como para responder às necessidades dos consumidores, influenciando os níveis de produtividade da economia portuguesa e da res-petiva capacidade de criação de valor acrescentado. Para a McDonald’s, é tão importante apostar em bons ingredientes, na qualidade dos nossos pro-dutos, na eficiência do serviço como em equipas que sabem comunicar com os diferentes perfis de pessoas que visitam diariamente os nossos restau-rantes — é isso que significa quando afirmamos que somos “uma empresa de pessoas para pessoas”. É essencial que as nossas pessoas estejam o mais bem preparadas possível para receber e interagir com quem nos visita diariamente. Embora todas as soft skills se revistam de importância para a McDo-nald’s, pela natureza da nossa área de negócio existem algu-mas com maior relevância, das quais destacaria o trabalho em equipa, nas suas duas vertentes: operacional e criativa, esta no sentido de promoção da intera-ção. Isto porque, de um modo geral no sector da restauração, o saber trabalhar em equipa é fundamental para o resultado final e sucesso do negócio, pelo que promovemos este espíri-to de coesão e o “sentimento de nós” como forma de estar. Estou certo da utilidade deste estudo não só para aqueles que pretendem identificar e melho-rar as suas soft skills mas, tam-bém, para os empregadores dos vários sectores de atividade no nosso país.

UM PROJETO

QUASE NO CÉU Decorria 1966 quando Eusébio e Nobby Stiles disputavam esta bola nas meias-finais do Mundial em Inglaterra. Duas

equipas com skills diferentes. Os anfitriões, uma equipa experiente nes-tas andanças, ganhou o troféu e o investimento equivalente hoje a €25

milhões teve um impacto local: mudou infraestruturas e ajudou a trazer competências mais complexas. Nos portugueses foi notório o profissio-

nalismo e a resolução de problemas para chegar longe, soft skills que ainda hoje são as mais predominantes no pais FOTO GETTYIMAGES

O MEU FUTURO AS MINHAS COMPETÊNCIAS

DIFERENÇA ENTRE A PROCURA E A OFERTA DE TRABALHADORES EM 2020*Por nível de escolaridade. Em milhões de trabalhadores

INSUFICIÊNCIAS EXCEDENTES

NOTAS: BAIXA QUALIFICAÇÃO DEFINIDA NAS ECONOMIAS AVANÇADAS COMO ‘NENHUMA EDUCAÇÃO PÓS-SECUNDÁRIA’; NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO OU EXPANSÃO É CONSIDERADA

BAIXA QUALIFICAÇÃO O ‘ENSINO PRIMÁRIO OU INFERIOR’

FONTE: MC KINSEY GLOBAL INSTITUTE ANALYSIS *ESTIMATIVA

QUALIFICAÇÕES ELEVADAS

Insuficiências totais 38-41 13%

Economias avançadas 16-18 10%

China 23 16%

QUALIFICAÇÕES INTERMÉDIAS

Insuficiências totais 45 15%

Índia 13 10%

Economias em expansão 31 19%

BAIXAS QUALIFICAÇÕES

Excedente total 89-94 10%

Economias avançadas 32-35 11%

Índia e econ. em expansão 58 10%

% DA OFERTA TOTAL COM BAIXAS QUALIFICAÇÕES% DA PROCURA TOTAL COM QUALIFICAÇÕES

MÉDIAS OU ALTAS

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA18

“A economia de mercado perdeu o freio”. “A nova realidade” poderá trazer mais uma guerra mundial e vai ter impacto nos negócios. Como? No crescimento da Kyaia, o ‘Brexit’ já custou 3%

O ‘Brexit’, Donald Trump e as dores de cabeça dos empresários

Aos 74 anos, Fortunato Frede-rico não é “homem para sofrer a prazo”, mas começa a “ficar preocupado” com Portugal e com o mundo. “Tenho pas-sado pelos pingos da chuva sem me molhar, mas começo a pensar se não terei de com-prar um guarda-chuva”, co-menta o empresário, criado “na ideia fantástica de uma Europa que vai dos Urais ao Atlântico, como dizia De Gaul-le”, agora confrontado com “uma nova realidade” que traz “fronteiras de todo o tipo, físi-cas, ideológicas, culturais, re-ligiosas” e terá, a médio prazo, “uma influência muito grande no mundo dos negócios”.

Certo é que o ambiente de globalização que incentivou os empresários portugueses a avançarem sem medo pelo mundo mudou e, no caso da Kyaia, só o cenário criado à

volta do ‘Brexit’, no Reino Unido, custou 3% no cresci-mento do seu grupo em 2016. “Estivemos quase meio ano a fornecer sapatos com o preço acordado nas encomendas, já desajustado devido à evo-lução do câmbio libra-euro”, comenta.

Nos Estados Unidos, atu-almente o maior mercado do grupo, continua a ver “grande potencial de cres-cimento”, mas opta por uma estratégia de maior prudên-cia. Por isso, quando é ques-tionado sobre a evolução dos planos da marca Fly London para abrir a segunda loja em Nova Iorque diz que “é me-lhor não falar nisso porque o Presidente Trump pode ouvir”. “Não vamos parar, mas temos de conhecer me-lhor o terreno”, justifica o empresário.

Fortunato Frederico O presidente da APICCAPS diz que a indústria 4.0 já chegou ao sector do calçado

Calçado7 anos de recordes

Textos Margarida Cardoso e Pedro Lima

Dezoito anos d e p o i s d e a s s u m i r a presidência d a A P I C -CAPS — as-sociação dos industriais do calçado,

Fortunato Frederico diz que “é hora de sair”, deixando a porta aberta à mudança nas próximas eleições para a dire-ção desta estrutura, no final do primeiro semestre. “Como em tudo na vida, é preciso re-novação”, diz o empresário que construiu o maior grupo português de calçado, a Ky-aia — detentora da marca Fly London —, enquanto dava o rosto por um sector que mui-tos disseram estar condenado à morte, mas que acabou por ser considerado “exemplar” e, em 2016, bateu o seu séti-mo recorde consecutivo nas exportações (€1923 milhões, mais 3,2% face a 2015, com mais de 81 milhões de pares de sapatos exportados).

Em números, desde 2009, as exportações do sector cres-ceram 58%, o preço médio dos sapatos made in Portu-gal subiu 24%, para atingir

os €23,58 e ocupar o segun-do lugar na lista dos maiores produtores mundiais, atrás de Itália, e a fileira viu as ven-das engordarem nos seus 20 maiores mercados à exceção do Reino Unido. Fortunato Frederico diz que tudo isto re-flete o trabalho de uma indús-tria que “soube aproveitar a globalização”. Se há uma his-tória de sucesso para contar aqui, ela “deve-se sobretudo à proatividade dos industriais que modernizaram as fábri-cas, à colaboração dos traba-lhadores, às políticas públicas desenvolvidas, à aposta nas feiras, na produção com qua-lidade, na inovação”, diz.

É verdade que a indústria vive de ciclos e, “agora, esta-mos numa fase boa”, mas tem havido “consistência”, des-de logo na criação de valor. “O crescimento tem sido em valor, não apenas em quan-tidade. Temos um sector na dimensão correta e o segredo está na valorização do produto pela qualidade, fiabilidade e design”, sublinha o presidente da APICCAPS, que em 2016, até novembro, viu as vendas cresceram 3,3% em valor e 2,6% em quantidade.

A ideia é simples: “Se fa-zemos 100 milhões de pares por ano e conseguirmos uma valorização de 5% ou 6% ao

ano, teremos um salto quali-tativo diferente de um simples aumento de produção de 50 milhões de pares. E eu sou pelo desenvolvimento susten-tável”, defende.

Admite que “o calçado apro-veitou bem a onda da evolução da própria imagem do país” e esse é um trabalho para con-tinuar a fazer. “A imagem de Itália valerá mais 20% ou 30%, mas eles não são melhores do que nós. Se Portugal tiver uma boa imagem, a indústria tam-bém consegue valorizar mais o produto”, afirma sem hesi-tar apontar como principal indicador da mudança vivida no sector “o reconhecimento externo”.

O lema “a indústria mais sexy da Europa” ajudou a divulgar o trabalho feito. O investimento em promoção externa e nas feiras, também.

ENTREVISTACOMPETIÇÃO

A primeira equipa que se inscreveu na edição de 2017 do Global Management Challenge é constituída por três jovens estudantes das áreas de engenharia, gestão e economia da Universidade do Minho

Estudantes apostam em competição de estratégia e gestão

A possibilidade de saberem mais sobre a área da gestão e adqui-rirem conhecimentos práticos sobre como se dirige uma em-presa, entusiasmou três univer-sitários a criarem uma equipa para integrar a atual edição da competição.

Júlio Sá tem 24 anos, é finalista do mestrado integrado em enge-nharia e gestão industrial da Uni-versidade do Minho (UM), estan-do atualmente a estagiar numa empresa e a desenvolver a sua dissertação de mestrado. Tem como colegas de equipa Joana Correia da Silva, de 20 anos, fina-lista da licenciatura em economia na UM e Miguel Sá, também com 20 anos, a frequentar o terceiro ano do mestrado integrado em engenharia e gestão de sistemas de informação na mesma uni-versidade. Ao terem procedido à inscrição da sua equipa, a que

parte prática da gestão, uma vez que somos estudantes e apenas dominamos alguns dos concei-tos teóricos”, salienta.

Sendo que no seu futuro pro-fissional pode vir a estar a gestão real, Júlio Sá acredita que com a participação nesta iniciativa de estratégia e gestão estarão mais bem preparados para entender o porquê das empresas serem dirigidas de determinada manei-ra. Além de mais a competição dá traquejo de gestão e por isso permitir-lhes-á apresentar so-luções alternativas e identificar mais facilmente problemas, o que são, na sua opinião, “capa-cidades que nos tornarão melho-res profissionais”.

Ao longo dos seus vários anos de existência a competição tem vindo a atrair muitas equipas de estudantes. Só no ano passado e das 425 que participaram 275 eram formadas por universitá-rios. Das restantes, 132 eram de quadros e 18 mistas, ou seja, for-madas por estudantes e quadros.

As inscrições para a atual edição do Global Management Challenge estão abertas desde o início de janeiro e vão perma-necer assim até ao final de abril. Para mais informações sobre esta competição contactar a SDG-Simuladores e Modelos de Gestão, em Lisboa (tel. 213 157 618). Pode ainda saber mais através da consulta da página na internet www.worldgmc.com.

Maribela [email protected]

chamaram Valeris, no dia 1 de janeiro, foram os primeiros a ga-rantir a presença neste evento.

Os três estudantes são es-treantes nesta prova criada há 38 anos pelo Expresso e a SDG e que está presente em mais de 30 países. Júlio Sá, chefe da equipa, conta que no final deste proces-so “esperamos ter uma melhor noção do que é gerir uma em-presa e assim tomar decisões conscientes”. Ao longo das se-manas de jogo que se avizinham a expectativa é perceber quais são os indicadores de desem-penho mais relevantes numa organização e como interagem entre si, para a partir daí inter-pretarem melhor a realidade administrativa.

Apesar de terem formações diferentes estes jovens têm uma crença comum, a de que a prova poderá vir a ser útil no seu futu-ro profissional. Isto numa altura em que dois elementos da equi-pa estão a finalizar etapas acadé-micas. A expectativa de Júlio Sá é que este treino intensivo lhe dê a ele e aos colegas de equipa “a

Ao longo dos seus vários anos de existência o Global Management Challenge tem vindo a atrair muitas equipas de estudantes

2017 O novo líder podes ser tu

www.primusinterpares.universia.pt* Para finalistas em Gestão, Economiaou Engenharia com menos de 26 anos.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 19

O ‘Brexit’, Donald Trump e as dores de cabeça dos empresários

Do que vai vendo acontecer à sua volta, acredita que “a nova realidade poderá trazer uma terceira guerra mundi-al”. O conflito pode rebentar em qualquer sítio e, por isso, não hesita em questionar: “O que é que as elites andaram a fazer?”. Reconhece que con-tinua a haver “exemplos de equilíbrio como o Papa Fran-cisco ou o Presidente da Re-pública, Marcelo Rebelo de Sousa”, mas não sabe se isso é suficiente.

Para quem acredita que “a economia de mercado é um bom sistema, mas perdeu o freio e hoje só faz asneiras, cria bolhas”, a grande aposta de Portugal deveria ser no ensino, na formação, porque “se não for a escola, nunca mais tere-mos um país em condições”.

Fiel à convicção de que “um empresário que não se queixa

não é um bom empresário”, diz que o Estado continua a não estar preparado para ser eficiente, amigo das pessoas. A burocracia e os constrangi-mentos à atividade empresari-al continuam na ordem do dia.

Não tem de sair da sua em-presa para referir “projetos de investimento parados à espera das licenças” e talvez pudesse ligar a um ministro ou ao presidente da Câmara para desbloquear um pro-blema, mas “não faz uma lista com esses números” e, na verdade, acredita que o ministro ou o autarca, pro-vavelmente nem terão culpa. “É a estrutura. A máquina tem os seus pergaminhos”, sustenta. E também susten-ta que “o que falta a este país é o espírito de querer construir coisas para o bem comum”.

Sobre a subida do salário mí-nimo, considera que a primei-ra proposta, que contemplava a descida da taxa social única (TSU), “era uma boa medida”. Prefere não comentar o que aconteceu a seguir, “dentro do espírito futebolístico a que foi reduzida a política”, mas defende um modelo mais fle-xível, que envolve diretamente os trabalhadores nos resulta-dos obtidos. Concorda com a redução, até mesmo com o fim dos pagamentos especiais por conta (PEC) pois, basica-mente, “tudo o que é para tirar às empresas deve acabar” e o Estado poderia devolver às empresas parte do que elas entregam no IRC para ser dis-tribuído pelos trabalhadores. No seu caso, em 2016, deu €700 líquidos de gratificação aos trabalhadores porque a empresa teve lucro.

“Vamos apostar no turismo”

Em 1984, Fortunato Frederico fundou a Kyaia, uma fábrica de sapatos com o nome inspirado na terra onde fez a tropa em Angola, depois juntou-lhe as marcas Fly London e Softinos e outros negócios. Foi assim que o antigo se-minarista, escuteiro e operário da Fá-brica de Calçado Campeão Português, com ligações ao PCP na juventude, construiu o maior grupo português do sector do calçado. Tem mais de 20 empresas e agora quer diversificar e criar startups.

PP SerPlíder,PcomoPéPaPKyaia,PcriaPobri-gaçõesPespeciais?P

R Eu gosto da indústria e se puder contribuir para o progresso do sector faço-o. Temos sido uma espécie de lebre e fazemos isso com gosto, apesar dos custos porque como somos gran-des não temos apoios à internacio-nalização. Onde precisamos de mais dinheiro para garantir o crescimento da empresa é onde não temos apoio...

PP MasPcontinuamPaPinvestirPumaPmé-diaPdeP€1,5PmilhõesPporPano?P

R Sim. O objetivo é duplicar as ven-das até 2024. Temos a liderança ibéri-ca na produção, mas queremos mais. Queremos liderar nas vendas e estar nos cinco maiores grupos europeus do

sector. No polo de Paredes de Coura, onde temos quatro unidades, vamos fazer um armazém e ficamos com o espaço todo ocupado. Em Guimarães, vamos criar mais três pavilhões até 2019. É um projeto industrial dife-rente em que vamos montar e equipar fábricas e, depois, queremos ir buscar engenheiros à universidade e lançar startups. Damos formação, arrenda-mos instalações e entregamos enco-mendas. É uma forma de conquistar vocações para o sector e crescer sem aumentarmos os encargos com o pes-soal. E pode ser, também, uma forma de apoiar a criação de uma nova gera-ção de empresários, com outra visão.

PP APKyaiaPcontinuaPaPcrescer?PQuaisPsãoPosPnúmerosPatuais?

R Queremos crescer organicamente. Já houve anos de crescimento de dois dígitos e agora andamos ao ritmo de um dígito, mas sabemos que isto não é um elástico que temos nas mãos. Em 2016, as vendas do grupo somaram €65 milhões, mais 2% do que em 2015. Ficamos 3% abaixo do objetivo por causa da libra e do Reino Unido. A Fly London vendeu €35 milhões. Temos 97% do negócio nas exportações e 2500 clientes no mundo. Emprega-mos 620 pessoas e produzimos 4500 pares de sapatos por dia.

PP EPcomoPestãoPaPcorrerPasPcoisasPnaPredePdePsapatariasPForeva?

R Comprámos uma rede de lojas fa-lida em 2005. Na altura queríamos diversificar o negócio e ainda pensá-mos na construção civil, mas optá-mos por ficar numa área que já nos era familiar. Ganhámos dinheiro até 2010, mas veio a troika, acabou com o poder de compra do povo e a Fore-va entrou em perdas. Eram 80 lojas, hoje são 65. Só mantivemos o negócio porque não quisemos criar mais 180 desempregados. Tive discussões com o meu contabilista e a minha posição foi aguentar a rede porque o grupo dava lucros. Hoje, estamos a reestru-turar a Foreva e a sair do buraco. São passinhos pequenos, mas estamos a caminhar.

PP EPcomoPconciliaPoPindustrialPquePquerPvenderPoPmaisPcaroPpossívelPePoPretalhistaPquePquerPcomprarPoPmaisPbaratoPpossível?

R São dois negócios com objetivos contraditórios, mas é simples. As lojas da Foreva estão proibidas de com-prar sapatos na Kyaia. Fazem 70% das compras no país, noutras empresas. O resto é importado.

PP EPcontinuaPaPpensarPdiversificarPoPnegócio?

R É um objetivo e, agora, vamos apos-tar no turismo, em Guimarães. Não quero, ainda, dar pormenores, mas temos prédios que vamos transformar para o nosso projeto. E na verdade, na Quinta da Eira, onde apresentamos as nossas coleções e produzimos vinho e frutos secos, já fomos ganhando algu-ma experiência no turismo de habita-ção que podemos agora aproveitar.

PP EPtemPoutrosPprojetos? R Temos um projeto com a Univer-

sidade do Minho para criar um novo material nobre para a indústria do calçado que poderá substituir a pele. Na Fly London estamos a investir nos acessórios e numa coleção de car-teiras. Queremos continuar a fazer coisas inovadoras como as coberturas para os carros com painéis solares que temos lá fora, no parque. Em dias de sol já somos autónomos na energia. E estamos a afinar o projeto online, com garantia de entrega dos sapatos em 24 horas.

PP APSoftinosPtambémPtemPambições... R Este ano deverá ser a segunda mar-

ca portuguesa de calçado, logo atrás da Fly. Estamos a aproveitar bem as sinergias no mercado internacional e vamos passar os 150 mil pares, o que significa vendas na ordem dos €5,5 milhões. Mantenho a perspetiva de estar a vender €30 milhões em 2024 nesta marca, voltada para o conforto, que esteve algum tempo no limbo, mas arrancou em força há quatro anos, quando veio para cá o João, filho do meu sócio Amílcar Monteiro. A ideia é fazer aqui um caminho idênti-co ao da Fly London, onde temos sete lojas próprias.

Por isso, vê sem surpresas a presença de 97 empresas lusas na Micam, a maior fei-ra de calçado do mundo, a decorrer de 12 a 15 de feverei-ro, em Milão. Representam oito mil postos de trabalho e €500 milhões de exporta-ções, são a segunda maior delegação no certame, atrás de Espanha, e têm aqui ape-nas uma das 60 ações que a fileira vai protagonizar em 16 países ao longo do ano.

OPgolpePdasPmultinacionais

Um sinal de otimismo é ver que “há sangue novo prepara-do para dar continuidade ao sector” e garantir a mudança geracional. Outro é conhe-cer o trabalho feito na frente tecnológica e até no âmbito da indústria 4.0. Falando da própria casa, Fortunato Fre-

derico refere o exemplo da plataforma B2B, em desen-volvimento, e do SmartSlL 4.0 — Smart Stiching Logistics, um projeto criado em parceria com o INESC Porto — Institu-to de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência para assegurar uma gestão ágil e flexível de linhas de costura na produção de calçado da Kyaia. É uma solu-ção que incorpora algoritmos avançados de balanceamento e sequenciação da produção já operacional no polo indus-trial da Kyaia em Paredes de Coura e que também é comer-cializada: foram vendidos três sistemas a outras empresas e deverão ser comercializados mais 12 este ano.

Depois, há “areias na engre-nagem para enfrentar”, como a concorrência desigual com o Brasil no que respeita às ta-

xas aplicadas na importação. “Eles cobram-nos taxas na ordem dos 60% que tornam impossível exportar sapatos para lá, mas pagam apenas 4% para colocar os seus sapatos em Portugal, onde até já têm lojas, e a partir daí penetrar na Europa. E não nos podemos esquecer que têm couro, ma-téria-prima, e custos de mão de obra competitivos”, alerta.

Quanto à importância das multinacionais, agora a redes-cobrir Portugal, não esquece o período em que vários inves-tidores estrangeiros vieram para o país e, depois, “foram--se embora de repente, deixa-ram 10 mil desempregados e deram um golpe nas expor-tações do sector”. “Não sou contra as multinacionais, mas sei que rapidamente podem ir embora e isso assusta”, diz.

[email protected]

Fortunato Frederico na loja que o grupo Kyaia

tem junto à sede, em Guimarães:

“O segredo está na valorização”

FOTO LUCÍLIA MONTEIRO

ENTREVISTA

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA20

“Confio na justiça”

“Estou muito tranquila. Confio na justiça e é no contexto da justiça que vou defender o meu bom nome e continuar a trabalhar com a minha equipa para fazer um bom trabalho na CCDR.” Estas são as únicas declarações que Ana Abrunhosa presta sobre o futuro julgamento por difamação e denúncia caluniosa do anterior presidente da CCDR, Pedro Saraiva. Ana Abrunhosa e o seuex-marido, o professor universitário Luís Filipe Borrego, são acusados de ter enviado, em 2013 e 2014, cartas anónimas a altos cargos como o primeiro-ministro com o objetivo de lançar a suspeita sobre Pedro Saraiva e beneficiar a nomeação de Ana Abrunhosa como nova presidente da CCDR. Ana Abrunhosa entrou na CCDR em 2008 como vice-presidente de Alfredo Marques, foi vogal da comissão diretiva do programa operacional do Centro e nomeada presidente da CCDR pelo anterior governo em maio de 2014.

Concurso para presidir à Agência Portuguesa para a Competitividade e Inovação deve abrir esta primavera

IAPMEI Quem quer ser o próximo presidente?

O Ministério da Economia pro-cura presidente para o IAPMEI. Este podia ser o slogan do con-curso público que deve abrir esta primavera para encontrar um novo líder para Agência Portu-guesa para a Competitividade e Inovação (IAPMEI).

Com a transferência de Miguel Cruz do IAPMEI para a Parpú-blica no final de janeiro, ficou sem presidente o organismo pú-blico responsável por 60% das candidaturas das empresas aos fundos do Portugal 2020.

O Ministério da Economia deve estar a nomear nos próxi-mos dias um novo presidente do IAPMEI em regime de substi-tuição. A partir dessa data, tem 90 dias úteis para pedir a aber-

tura do concurso à Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap), definindo o perfil, experiência profissional e competências de gestão exigíveis aos candidatos.

Qualquer pessoa pode concor-rer ao cargo, desde que cumpra os requisitos definidos pela tute-la. No último concurso — que le-vou Miguel Cruz à presidência do IAPMEI em 2014 — foi requisito de admissão ter a licenciatura concluída há pelo menos 12 anos. No perfil definido pelo anterior governo estava alguém com li-cenciatura, MBA, mestrado ou doutoramento em economia ou

gestão de empresas, com expe-riência profissional no exercício de responsabilidades de topo em organizações, em especial as que executam políticas públicas no âmbito da promoção da compe-titividade e do crescimento em-presarial, e com experiência em áreas financeiras, em particular nos fundos europeus, crédito, garantias e capital de risco.

Os interessados têm dez dias úteis para concorrer após a pu-blicação do aviso de abertura do concurso em “Diário da Repúbli-ca” e no site da Cresap. Tendo em conta o meio milhar de concursos já realizados, a avaliação das can-didaturas demora cerca de 40 dias. No fim da avaliação, o júri selecionará três pessoas, caben-do ao Ministério da Economia nomear um dos nomes desta lista no prazo de 45 dias úteis. Se tudo correr dentro dos prazos previs-tos, o IAPMEI deverá ter novo presidente no outono de 2017.

Todos podem concorrer ao cargo de presidente da Agência Portuguesa para a Competitividade e Inovação

Vale incubação recebeu 120 candidaturas e o startup voucher quase 600 propostas de jovens empreendedores

Startup Vale incubação alargado a estrangeiros

“Queremos usar o vale incu-bação para atrair startups portuguesas com fundadores vindos também do estrangei-ro.” A intenção foi revelada ao Expresso pelo secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos. Encerrado que está o primeiro concurso a este novo incentivo do Portu-gal 2020, o Governo pretende abrir novos concursos ao vale incubação no decorrer deste ano, um dos quais durante a próxima WebSummit agen-dada para novembro de 2017.

O primeiro concurso termi-nou a 31 de janeiro com 120 candidaturas vindas de norte a sul do país, de Arcos de Valde-

vez a Faro. De Santarém veio um quinto da procura a este vale que patrocina, até €5000, a contratação dos serviços de incubadoras por empresas cri-adas há menos de um ano, em áreas-chave como assessoria jurídica, gestão, marketing, desenvolvimento de produto ou financiamento.

Encerradas estão também as candidaturas ao startup vou-cher. Perto de 600 potenciais empreendedores concorre-ram a este novo apoio do Por-tugal 2020 — a montante do vale incubação -— que atribui uma bolsa de €690 aos jovens entre os 18 e os 35 anos para desenvolverem os seus pro-jetos empresariais ainda em fase de ideia.

O secretário de Estado da Indústria defende que a in-cubação é uma arma para re-duzir a mortalidade das em-presas e não desanima com a

adesão ao primeiro concurso do voucher incubação. Pri-meiro, porque os critérios do concurso foram bastantes restritivos de modo a envolver apenas incubadoras acredita-das e evitar financiar empre-sas que já estavam em incu-badoras. Segundo, porque os números do startup voucher prenunciam o aumento da procura. “Isto é como a cadeia alimentar", explica João Vas-concelos. Muitos destes con-correntes ao startup voucher vão desenvolver o seu produ-to, constituir a sua empresa e depois querer concorrer ao vale incubação.

Recorde-se que o vale incu-bação e o startup voucher, ambos financiados pelo Por-tugal 2020, são duas das 15 medidas do Startup Portugal, a estratégia nacional para o empreendedorismo anuncia-da há um ano pelo Governo.

Seis empresas portuguesas conquistaram €2,3 milhões dos €200 milhões disponíveis para acelerar a chegada das inovações ao mercado

Horizonte 2020 Portugal é o 14º a acelerar a inovação

Foram apenas seis as empresas portuguesas que conseguiram vingar na competição europeia Fast Track to Innovation (FTI), traduzida em Portugal como Pro-cesso Acelerado para a Inovação. No seu conjunto, as empresas Fastinov, de Matosinhos, Uro-boptics, de Oliveira do Hospital, Consulpav, de Mafra, Nomad Tech, do Porto, Globaz, de Olivei-ra de Azeméis, e a Symington, de Vila Nova de Gaia, captaram para Portugal €2,35 milhões dos €200 milhões disponibilizados nesta iniciativa do Horizonte 2020 que vigorou entre 2015 e 2016.

Estas empresas concorreram em parceria com outros inovado-res europeus para aceder a este

PORTUGAL 2020

“Vamos reforçar as verbas às empresas”

Textos Joana Nunes Mateus Foto Nuno Boteho

Ana Abrunhosa é presidente da Comissão de Coordenação e De-senvolvimento Regional (CCDR) do Centro e gestora dos €2155 milhões de fundos europeus do Centro 2020. Em entrevista ao Expresso, defende que a dotação de fundos europeus para as em-presas deve ser reforçada e que as regras dos sistemas de incen-tivos devem mudar em prol dos promotores de investimentos verdadeiramente inovadores.

P Aveiro, Águeda, Viseu, Guar-da, Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Tomar, Óbidos, Caldas da Rainha, Nazaré, Marinha Grande, Leiria, Figueira da Foz, Coimbra... Porque devem os empresários escolher um dos 100 municípios da região Centro para investir?

R Somos a melhor porta de entrada para a Europa e temos esta rede de cidades médias que oferecem grande qualidade de vida, infraestruturas e incentivos a quem se quer instalar na regi-ão Centro em domínios como a agroindústria, a floresta, o mar, o turismo, as tecnologias de informação, comunicação e eletrónica, os materiais, a bi-otecnologia, a saúde... Temos recursos humanos altamente qualificados: concentramos o maior número de alunos do país inscritos nas áreas da ciência e da tecnologia. E temos toda uma rede de universidades, in-cubadoras, centros tecnológicos, parques de ciência e tecnologia, clusters, polos de competitivida-de e associações empresariais muito dinâmicos e pró-ativos a

Ana Abrunhosa Gestora do Centro 2020

incentivar a inovação das em-presas.

P É assim que o investimento direto estrangeiro está a subir na região Centro?

R Quando os empresários es-trangeiros vêm à nossa região, a primeira coisa com que ficam surpreendidos é com os nossos autarcas: inovadores, facilitado-res do investimento e fazedores de redes. Quando estas empresas se instalam, precisam de encon-trar fornecedores, mão de obra qualificada, canais de distribui-ção... Os nossos autarcas são os atores que conhecem bem quem pode fazer isto tudo e têm um poder mobilizador muito grande. Foi assim que a Sakthi escolheu Águeda ou a Altran o Fundão. Quando recebo uma missão de estrangeiros na CCDR, perce-bem logo como trabalhamos de forma profissional e em rede na região. Estão à espera de ser re-cebidos por uma senhora, mas eu reúno logo à mesa todos os atores principais para cada domínio em questão: universidades, politécni-cos, o Turismo, o Instituto Pedro Nunes, o Biocant, hospitais…

P O programa Centro 2020 ar-rancou com €424 milhões de incentivos às empresas, mas já distribuiu 92% desses fundos eu-ropeus. Não vai faltar dinheiro para os empresários da região?

R Se os €424 milhões de incen-tivos se esgotarem, a garantia que temos é que vamos conti-nuar a abrir concursos para as empresas. Como? Vamos fazer duas coisas: vamos reforçar as verbas às empresas e fazer over-booking. A primeira coisa que vamos ter de fazer é o overboo-king. Esta prática de gestão que

já fizemos no passado consiste em aprovar para lá da dotação disponível, antecipando quebras na execução. Entre os projetos de investimento já aprovados, haverá projetos que caem e não se executam ou então projetos que se executam, mas numa di-mensão menor do que aquela que foi aprovada. Depois, vamos encontrar outras oportunidades dentro do programa que possa-mos usar para transferir dinhei-ro: buscar áreas que não estão a ter tanta procura e canalizar para as empresas que estão a ter uma boa procura.

P O Centro 2020 tem outros concursos a que os empresários devam estar atentos?

R Nem sempre os empresários e os consultores têm a noção de que podem aproveitar parte dos €316 milhões que temos para a ciência e tecnologia. Temos €35 milhões para projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico; €35 milhões para doutoramentos que podem ser feitos, com a supervisão da uni-versidade, em parceria com as empresas que estão na fronteira do conhecimento; €30 milhões para projetos de inovação de grandes empresas; €30 milhões para ações coletivas de trans-ferência de tecnologia; €23 mi-lhões para ações coletivas para clusterização, redes e outras formas de parceria que visam a inovação e a internacionalização das empresas e das cadeias de valor; €15 milhões para inserção de pessoal altamente qualificado nas empresas.

P Como tem sido a procura des-te apoio para contratar licencia-dos, mestres ou doutores? Mes-

mo pagando metade do salário durante três anos, as empresas não parecem muito interessadas em contratar doutores...

R A procura é dececionante. Dos €15 milhões disponíveis, só comprometemos €1 milhão. Isto são culpas partilhadas. Da nossa parte, temos que divulgar melhor este instrumento e fazer pesca à linha, isto é, ir junto das empresas que consideramos te-rem necessidade e perfil para receberem este pessoal altamen-te qualificado. Não podemos ter inovação sem qualificação.

P Vem aí a reprogramação do Portugal 2020. Que áreas devem ser reforçadas com mais fundos europeus?

R As empresas, a ciência e o mi-croempreendedorismo. As em-presas porque estão a ir a jogo com projetos maduros e a mos-

trar capacidade de execução. É uma dinâmica incomparável com qualquer outro período de programação. A ciência porque as universidades e outras ins-tituições têm que se capacitar primeiro para irem a um cam-peonato tão competitivo como o Horizonte 2020. Os pequenos negócios a nível local também devem ser incentivados a inovar, já que são a nossa base social e metade nem sequer está ainda no mercado digital.

P E donde tirava os fundos eu-ropeus para reforçar estas três áreas?

R Dos instrumentos financeiros, onde temos uma dotação muito grande de quase €500 milhões. É um valor claramente exagera-do, sobretudo se é para ser usado em instrumentos que já existem na banca e no mercado financei-

ro… Estamos a fazer concorrên-cia em vez de colmatar falhas de mercado, estimulando o que é mais arriscado e inovador.

P O que mudaria nas regras dos sistemas de incentivos às em-presas?

R Primeiro, abria avisos em con-tínuo. Em vez do atual regime de concursos, as empresas candida-tavam-se a qualquer momento e, duas ou três vezes por ano, fazíamos um corte para análise dos projetos. Isto permitiria uma maior sintonia entre o momento em que o empresário decide in-vestir e a candidatura ao finan-ciamento. Temos que pôr mais inteligência no sistema e fazer opções. Em vez de avisos gene-ralistas, podemos abrir avisos dedicados às opções de política pública: à economia circular, à indústria 4.0, etc. Os critérios de

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (11-02-17 19:42)

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 21

Seis empresas portuguesas conquistaram €2,3 milhões dos €200 milhões disponíveis para acelerar a chegada das inovações ao mercado

Horizonte 2020 Portugal é o 14º a acelerar a inovação

Foram apenas seis as empresas portuguesas que conseguiram vingar na competição europeia Fast Track to Innovation (FTI), traduzida em Portugal como Pro-cesso Acelerado para a Inovação. No seu conjunto, as empresas Fastinov, de Matosinhos, Uro-boptics, de Oliveira do Hospital, Consulpav, de Mafra, Nomad Tech, do Porto, Globaz, de Olivei-ra de Azeméis, e a Symington, de Vila Nova de Gaia, captaram para Portugal €2,35 milhões dos €200 milhões disponibilizados nesta iniciativa do Horizonte 2020 que vigorou entre 2015 e 2016.

Estas empresas concorreram em parceria com outros inovado-res europeus para aceder a este

apoio que pode chegar aos €3 milhões por consórcio. Segundo o balanço agora feito pelo comis-sário europeu, Carlos Moedas, nestes dois anos que durou o FTI, foram financiados 94 consórcios que envolvem 426 participantes de 27 países. Com seis empresas participantes, Portugal surge em 14º lugar no ranking dos países que mais partido tiraram deste apoio europeu, atrás do Reino Unido (86 empresas), Alemanha (58), Espanha (53), Itália e Ho-landa (42), França (31), Bélgica (17), Grécia (14), Suécia (11), Áus-tria (9), Irlanda (9), Turquia (9) e Eslovénia (7). Carlos Moedas já

prometeu para 2018 o regresso do FTI.

Segundo a Agência Nacional de Inovação (ANI), numa com-petição tão disputada, que só apoiou 4,7% das 1987 propostas submetidas a nível europeu, há que destacar a franca melhoria da participação portuguesa entre 2015 (duas empresas captaram €400 mil) e 2016 (quatro em-presas captaram €1,95 milhões). A campeã nacional é a Fastinov, a startup ligada à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que captou €1,3 milhões para liderar um consórcio que visa lançar no mercado uma tec-nologia que permite determinar a melhor forma de combater uma infeção em menos de duas horas.

Considerando o FTI e demais concursos lançados desde 2014, a ANI estima que os empresários portugueses já captaram mais de €100 milhões no Horizonte 2020.

Empresas portuguesas já captaram mais de €100 milhões no Horizonte 2020 desde 2014

PORTUGAL 2020

trar capacidade de execução. É uma dinâmica incomparável com qualquer outro período de programação. A ciência porque as universidades e outras ins-tituições têm que se capacitar primeiro para irem a um cam-peonato tão competitivo como o Horizonte 2020. Os pequenos negócios a nível local também devem ser incentivados a inovar, já que são a nossa base social e metade nem sequer está ainda no mercado digital.

P E donde tirava os fundos eu-ropeus para reforçar estas três áreas?

R Dos instrumentos financeiros, onde temos uma dotação muito grande de quase €500 milhões. É um valor claramente exagera-do, sobretudo se é para ser usado em instrumentos que já existem na banca e no mercado financei-

ro… Estamos a fazer concorrên-cia em vez de colmatar falhas de mercado, estimulando o que é mais arriscado e inovador.

P O que mudaria nas regras dos sistemas de incentivos às em-presas?

R Primeiro, abria avisos em con-tínuo. Em vez do atual regime de concursos, as empresas candida-tavam-se a qualquer momento e, duas ou três vezes por ano, fazíamos um corte para análise dos projetos. Isto permitiria uma maior sintonia entre o momento em que o empresário decide in-vestir e a candidatura ao finan-ciamento. Temos que pôr mais inteligência no sistema e fazer opções. Em vez de avisos gene-ralistas, podemos abrir avisos dedicados às opções de política pública: à economia circular, à indústria 4.0, etc. Os critérios de

entrada também devem ser mais seletivos para eliminar à partida os projetos que eliminaríamos à mesma durante o processo de seleção. Os critérios de avaliação do mérito também devem ser simplificados para diminuir a subjetividade na avaliação. As-sim ganhámos tempo. Para quê? Tempo para, durante a avalia-ção dos projetos, interagir mais com os promotores, para falar com eles e compreender melhor os projetos verdadeiramente inovadores. Por último, há que confiar mais nos promotores e penalizar, de forma pública, os infratores.

P Em 2018, os presidentes das CCDR serão eleitos pelos au-tarcas em vez de nomeados pelo Governo. Qual a sua opi-nião sobre o atual processo de reorganização CCDR em

preparação pelo Governo? R Uma reorganização do Es-

tado desta dimensão exige uma discussão pública ampla e estruturada. Concordando, em princípio, com uma maior descentralização que envolve maiores competências para as CCDR, preocupa-me o facto de termos uma situação “híbrida” que vejo de difícil gestão: termos o “autarca dos autarcas” com superintendência do Governo. Considerando a multiplicidade de áreas de competências das futuras CCDR, parece-me que o colégio eleitoral devia refle-tir essa realidade. Mesmo com maior peso dos autarcas, devia incluir também os responsáveis das entidades do ensino superi-or, as associações empresariais, os representantes das IPSS, da cultura, do turismo, etc.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA22

IMOBILIÁRIO BREVES

NÚMEROS

40milhões de euros é o valor pelo qual está a ser negociado o terreno da Quinta Bensaúde

1500é o número de trabalhadores do Banco de Portugal que serão instalados no novo edifício caso o negócio avance

3,5hectares é a dimensão do Parque Bensaúde, um jardim sob a gestão da autarquia e que conflui com o terreno em causa

Edifícios de escritórios, quais as exigências?INQUÉRITO A consultora B. Prime promoveu um inquérito junto de proprietários e utilizadores para aferir quais as preocupações relati-vamente à utilização dos edifícios de escritórios. Assim, para os utiliza-dores, os fatores mais importantes são a limpeza, o bom funcionamen-to do ar condicionado e a rapidez na resposta a um pedido de assistência técnica. Já os proprietários querem rigor financeiro, cumprimento de prazos, experiência da equipa e boa relação com os ocupantes.

LEAP com ocupação a 100% nas Amoreiras ESCRITÓRIOS O LEAP, centro de escritórios localizado no centro em-presarial Espaço Amoreiras, encer-rou o ano de 2016 com uma taxa de ocupação de 100% da sua oferta de escritórios. Para além dos escritó-rios privativos, o serviço de escritó-rios partilhados, ou cowork, regis-tou uma taxa de ocupação de 88%. Segundo Ana Redondo, diretora do LEAP, “são essencialmente as empresas em início de atividade ou empresas com estrutura reduzida que optam pelo serviço de cowork, pela flexibilidade que este modelo oferece e baixo custo”.

40mil novas pessoas a trabalhar em atividades imobiliárias fazem deste sector o campeão na criação de emprego. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o imobiliário foi de longe o sector que mais emprego gerou no país no último ano. A construção civil, principalmente para a área da reabilitação urbana, esteve também em destaque ao criar mais 20 mil postos de trabalho.

CUSTOS DA CONSTRUÇÃO NOVA AUMENTAM Os custos de construção de habitação nova aumentaram no ano passado 1,7% em dezembro face ao período homólogo de 2015. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, este aumento foi determinado pela componente Materiais, que registou uma subida de 1,1%.

O TERMINAL DE CRUZEIROS DO PORTO DE LEIXÕES, DO ARQUITETO LUÍS PEDRO SILVA E A CASA CABO DE VILA, DO ATELIÊ SPACEWORKERS, FORAM DISTINGUIDOS PELO ARCHDAILY, NAS CATEGORIAS ARQUITETURA PÚBLICA E CASAS, RESPETIVAMENTE.

Negócio Terreno está a ser negociado por €40 milhões para acolher edifício para 1500 pessoas

Banco de Portugal muda-se para as Laranjeiras

Texto Marisa Antunes Foto José Carlos Carvalho

Cerca de €40 milhões é o valor do terre-no onde o Banco de Portugal (BdP) quer construir um edifício que permita concentrar cerca de 1500 trabalhadores que estão dispersos

por três prédios no centro de Lisboa, soube o Expresso junto de fontes do mercado. O terreno está localizado na Quinta Bensaúde, junto à Estrada da Luz, nas Laranjeiras, uma das (muitas) pérolas da conhecida família açoriana Bensaúde, que teve no seu espólio o Hotel Terra Nostra, nas Furnas, ou a companhia aérea SATA. Adquirido pelo Carlos Saraiva em 2009, através da empresa Irgossai, acabou por ir pa-rar ao Millennium BCP, após a falência do empresário.

Contactado, o BdP responde através de fonte oficial que a instituição “ainda não fechou qualquer negócio relativo à aquisição do terreno aludido, manten-do-se a decorrer o processo de avalia-ção de possibilidades para uma even-tual evolução no sentido de concentrar vários edifícios num só, sem prejuízo de manter a sua sede na Baixa”. Mais, ex-plica que “não se trata de construir uma nova sede — que se manterá na Baixa, na Praça do Comércio, no mesmo edifí-cio onde está atualmente — mas apenas um edifício de escritórios para agregar as várias localizações que o banco está presentemente a usar (Avenida Almi-rante Reis, Rua Castilho, Avenida da República)”.

Apesar de não estar ainda fechada a aquisição, o BdP já sinalizou o terreno, o que torna firme a sua intenção de adquirir o espaço verde que tem es-tado devoluto há anos, soube ainda o

Expresso junto de fontes do mercado.Uma boa parte dos trabalhadores

dos serviços administrativos do BdP estão dispersos pelo Edifício Portugal, na Avenida Almirante Reis, um ati-vo que pertence ao banco há mais de três décadas e onde trabalham cerca de 800 pessoas, a Rua Castilho, onde estão mais 500 pessoas em espaço arrendado, e a Avenida da República, onde se encontram as restantes 200. São estas cerca de 1500 pessoas que ficarão centralizadas num só local, que deverá ter espaço suficiente para aco-lher um edifício de grande volumetria.

Paredes-meias com o terreno em causa (do Millennium BCP) está o Par-que Bensaúde, localizado numa zona de lazer com cerca de 3,5 hectares pertencente à Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Para que o negócio avance, adiantava o “Observador” num artigo publicado em dezembro, deve o Millennium BCP garantir junto da CML “que o terreno possa ser utilizado para o fim em ques-tão (edificabilidade e acessos, entre outros aspetos)” — a única forma de o “BdP não correr riscos de comprar o terreno e acabar por não poder cons-truir a sede (o que seria proibido pelos estatutos do Banco de Portugal, que apenas pode deter ativos imobiliários para corresponder às necessidades da instituição)”. O Expresso contactou o Millennium BCP e a CML, mas não obteve qualquer esclarecimento.

Atentos, alguns moradores não se têm coibido de marcar presença nas discussões públicas camarárias, tendo inclusive sido apresentadas propostas para a criação de um espaço verde mais alargado que se torne um autêntico pulmão verde naquela zona da cidade.

Uma das propostas a que o Expresso teve acesso alertava para o eventual agravamento do trânsito caso um pro-jeto desta dimensão avançasse para o terreno, numa zona já muito conges-

tionada pela multiplicidade de edifíci-os de serviços e equipamentos, como Torres de Lisboa, Loja do Cidadão, Escritórios das Laranjeiras, Hospitais da Luz e Lusíadas, Centro Comercial Colombo, Estádio da Luz, entre ou-tros. Um congestionamento no trân-sito com consequências na qualidade do ar, ruído, escoamento das águas pluviais e luminosidade sobre a zona das Laranjeiras/Alto dos Moinhos.

Terreno pertenceu a Carlos Saraiva

Adquirido em 2009 por uma das em-presas de Carlos Saraiva, a Quinta Ben-saúde inclui-se no lote de projetos que o empresário teve em carteira mas que nunca chegaram a avançar (como é o caso dos terrenos onde nasceu entretan-to o Hotel Palácio do Governador, gerido pela sociedade de risco ECS).

O empresário, que em poucos anos criou um pequeno império com dez hotéis, três campos de golfe e outros empreendimentos turísticos, acumu-lou dívidas que atingiram os €860 mi-lhões. Como escreveu o Expresso re-centemente, aquela que é considerada a maior operação de resgate financeiro no turismo em Portugal não só ficou resolvida num processo especial de re-vitalização (PER) como deu vida nova aos empreendimentos que estiveram à beira da falência. O destaque vai para a Herdade dos Salgados, em Albufeira, no Algarve, um complexo turístico com 220 hectares (que integra dois hotéis, dois empreendimentos turísti-co-imobiliários, um campo de golfe e um centro de congressos), que esteve anos ao abandono e hoje está com uma operação turística a funcionar susten-tadamente, numa gestão assegurada pela ECS Capital, empresa de fundos de reestruturação que liderou o plano de recuperação do grupo CS.

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A Quinta Bensaúde tem cerca de 40 mil metros quadrados e conflui com o Parque Bensaúde, uma área de lazer da autarquia de Lisboa

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 23 bpiexpressoimobiliario.pt

informações em: www.estamo.pt+351 217 915 010 / 015

entrega de propostas até: 16-mar-2017

EM VENDALISBOA

PORTO

FAMALICÃO – Avidos

SANTARÉM – Sra. da Guia

AVEIRO

FAMALICÃO – Riba D’Ave

TAVIRA – Perogil

COIMBRA

ERMESINDE

OLHÃO – Quinta dos Jacarandás

Av. Almirante Gago Coutinho, n.º 30ABPT = 21.063 m2 | CE: C

Terreno na Rua da Quinta Amarela, n.º 70AT = 3.354 m2 | CE: Isento

Antigas Instalações IndustriaisAT = 29.125 m2 | ABP = 16.060 m2 | CE: Isento

Antigo Armazém do IVVABP = 3.914 m2 | CE: Isento

Av. Almirante Gago Coutinho, n.º 132ABC = 1.711 m2 | CE: C

Rua Manuel Marques, n.º 5AABPT = 187 m2 | CE: C

R. Damasceno Monteiro, n.º 113 A e BABPT = 465 m2 | CE: D

Rua José Estevão, n.º 22ABP=410 m2 | ABD = 1.231 m2

| CE: Isento

Rua Tenente ValadimABPT = 2.531 m2 | CE: Isento

Terreno na Rua de Viseu e Rua do Bairro do Vouga

AT = 14.612 m2 | CE: Isento

Antigas Instalações IndustriaisAT = 6.000 m2 | ABP = 3.943 m2 | CE: Isento

12 Lotes para construçãoAT = 1.530 m2 | CE: Isento

Av. Duque de Loulé, n.º 39ABPT = 3.465 m2 | CE: B-/C

Rua dos Combatentes da Grande Guerra, n.º 170ABC = 509 m2 | CE: C

Rua de São Silvestre, n.º 175, Fr. A e BABP = 866 m2 | CE: C/D

12 Lotes para construção AT = 4.220 m2 | ABC = 8.095 m2 | CE: Isento

Propostas em envelope fechado c/ protocolo ou correio registado com aviso receção até 16/3/2017 para Av. Defensores Chaves, 6-4 andar, 1049-063, Lisboa. Documentação/informações www.estamo.pt / telef.: +351 217 915 010 e 351 217 915 015 / [email protected] / [email protected]. A leitura deste anúncio não prescinde a consulta do nosso site relativo a este imóvel. A empresa reserva o direito de não vender a propriedade caso as condições oferecidas não correspondam aos seus interesses. É da exclusiva responsabilidade dos concorrentes a recolha de dados que reputem necessários ou convenientes para a apresentação propostas designadamente a efetivação de todas as diligências e a obtenção de todas as informações junto entidades oficiais competentes sobre o imóvel não tendo a Estamo, S.A. nenhuma responsabilidade nesta matéria e não podendo ser invocada contra ela para nenhum efeito a eventual insuficiência ou falta de diligencias ou informações disponíveis.

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Expresso, 11 de fevereiro de 201724

O QUE DIZ PROJETO DE LEI

ConceitoClassificam-se como lojas com história os estabelecimentos comerciais com especial valor histórico cuja preservação deve ser acautelada

AntiguidadeUm dos requisitos exigidos é que estejam a funcionar há mais de 25 anos

ReconhecimentoO processo de reconhecimento da loja histórica pode ser lançado pelo próprio dono, pela Câmara Municipal ou por uma associação de defesa do património

CompensaçõesOs proprietários podem aceder a benefícios ou isenções fiscais a conceder pelos municípios

EM EXTINÇÃO

180é o número de lojas históricas que ainda persistem na Baixa pombalina. Há dois anos eram 300

59lojas encerraram na Baixa do Porto em 2016. Em 2014 fecharam 159 estabelecimentos na zona

Urgência Projeto de lei de proteção a estes espaços pronto até abril

Todos os meses fecham cinco lojas históricas em Lisboa

ESPAÇOS COMERCIAIS

Marisa Antunes*

O número de lojas com his-tória na Bai-xa de Lisboa p a s s o u d e 300 em 2015 para cerca de 180 no espa-ço de apenas

dois anos, uma estimativa da União das Associações de Co-mércio e Serviços da região de Lisboa (UACS). Esta redução de cerca de 120 estabelecimentos — a um ritmo médio de cinco encerramentos por mês — jus-tifica-se em grande parte pela flexibilidade conferida pela lei do arrendamento (que veio fa-cilitar os despejos) e pela pres-são turística que tem definido novas orientações comerciais para as zonas mais procuradas por cidadãos estrangeiros.

Números que assustam os comerciantes e os levam a pressionar o grupo de trabalho parlamentar com a tutela da Habitação que está neste mo-mento a rever a proposta de lei do PS para proteger as lojas com história de todo o país.

Uma pressão que parece estar a surtir efeito. Helena Roseta, coordenadora deste grupo de trabalho e profunda conhece-dora de todo o processo ainda no tempo em que era vereadora da Habitação na autarquia de Lisboa, garantiu que tudo está a ser feito para antecipar a en-trada em vigor da lei já em abril. Recorde-se que um anúncio an-terior apontava julho como o mês a partir do qual estes esta-belecimentos passavam a estar mais protegidos.

“Queremos fechar o projeto rapidamente, o mais tardar até ao final do primeiro trimes-tre”, adiantou Helena Roseta, lembrando que a proposta inicial do PS, datada de março do ano passado, teve de sofrer alterações após a auscultação de elementos de diferentes as-sociações representativas de comerciantes, proprietários e inquilinos.

“Percebemos nessa altu-ra que o projeto inicial tinha muitas deficiências, daí as al-terações, que estão agora a ser discutidas na especialidade”, explicou a arquiteta para justi-ficar o tempo que entretanto é cada vez mais curto para mui-tos destes estabelecimentos.

Com esta legislação, caberá às autarquias reconhecer os estabelecimentos que devem ficar ao abrigo da proteção e fazer o inventário dos que são abrangidos, bem como apro-var regulamentos municipais que os reconheçam e levar a matéria em conta nos seus ins-trumentos de gestão territorial.

Ao Estado, diz o Projeto de Lei nº 155/XIII, e especifica-mente aos ministérios com a tutela do comércio, urbanismo e cultura, compete assegurar a criação de programas nacio-nais de apoio e incentivo à pro-teção das lojas históricas.

A invasão das lojas de recordações

A questão da demora na imple-mentação dos mecanismos de proteção das lojas históricas é o que mais preocupa Carla Salsinha, presidente da UACS. Para algumas, a lei já vem tar-de. Como a Casa Alves, a Dro-garia Pereira Leão, as livrarias Camões, Portugal e Guimarães ou a Alfaiataria Nunes Correia.

Retrosarias, chapelarias, lo-jas de roupa e calçado, algu-mas com valor histórico, que têm vindo a ser substituídas por restaurantes, hotéis e hos-tels e lojas de recordações. “Em relação às lojas de souvenirs, por exemplo, em 2012 existiam apenas 14 estabelecimentos deste tipo na Baixa lisboeta — hoje contam-se 93 lojas. Esta-belecimentos que na sua maio-ria ocuparam espaços deixados por comércio tradicional que foi forçado a sair devido à lei do arrendamento”, sublinha a responsável.

A porta-voz dos comerciantes lembra que este é o caminho certo se o objetivo é desertificar a Baixa. “Nada temos contra o alojamento local ou os hotéis, mas é preciso não esquecer que o pulmão das cidades é o co-mércio de proximidade. Vemos que existe uma visão estraté-gica para o turismo, mas não há uma visão estratégica para o comércio de proximidade. E cidades sem comércio tra-dicional são cidades mortas”, reforça ainda Carla Salsinha.

Com o número de turistas a aumentar, reforçado ainda mais por projetos impactantes a nascerem na zona, do qual o mais emblemático é o Terminal de Cruzeiros, o cenário é para o agravamento desta situação.

Entre as principais novidades deste projeto está a extensão do período transitório para dez anos para os arrendamentos antigos poderem ter as suas rendas atualizadas e mais cinco anos durante os quais as ren-das só poderão subir de acordo com a inflação.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 25

Espaços & Casas na SIC NotíciasSábado 8h05Repetição Sábado às 20h

Programa com o apoio de

Índice RE/MAX

A compra de casa ‘bate’ fol-gadamente o arrendamento, um tema a desenvolver esta semana no programa Espa-ços&Casas.

Imobiliário em alta

2017 vai ser um bom ano para o imobiliário nacional, com margem de crescimen-to em vários sectores. Esta foi a principal conclusão da conferência organizada pela CBRE em parceria com o Expresso.

ESPAÇOS COMERCIAIS

Das atuais 180 lojas da Baixa lisboeta que ainda resistem do grupo de 300 que fizeram parte do levantamento da autarquia em 2015, a maior parte já come-çou a ser notificada com notas de despejo pelos proprietários, diz a responsável. “Destas lojas, a maioria já começou a receber a

denúncia dos contratos por par-te dos proprietários, com os con-tratos a findarem nos primeiros meses de 2018”, diz ainda.

No Porto, a situação é simi-lar. Números da Associação de Comerciantes do Porto (ACP) mostram que no ano passado encerraram 59 lojas na Baixa

portuense, em 2015 foram 157 e em 2014 chegaram a 159.

Nuno Camilo, presidente da associação, defende uma in-demnização reforçada para quem é despejado de uma loja com história para compensar as perdas que resultam de abandonar um espaço ou uma

localização dificilmente repli-cável noutro local.

Mas não só. A antiguidade obrigatória de um mínimo de 25 anos para se candidatar a loja com história é também con-testada pelo presidente da ACP. “Imagine-se uma loja com 15 anos mas que tem uma ativi-

dade histórica, como as chape-larias. Estas lojas devem estar protegidas também”, defende Nuno Camilo, acrescentando que, acima de tudo, “o Estado tem de reconhecer o direito de propriedade do negócio”.

*Com Jorge [email protected]

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A VER NO PROGRAMA DESTA SEMANA

ESPAÇOS&CASAS

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ANÚNCIOPARCELA DE TERRENO REMANESCENTE

DA ZONA INDUSTRIALDA COVA DAS FAIAS

VENDA POR PROPOSTAS EM CARTA FECHADA

Por proposta da Junta de Freguesia de Marrazes e Barosa, a Assembleia de Freguesia deliberou, em sessão do dia 30 de junho de 2014, e ao abrigo do disposto no artigo 9.º, n.º 1, al. e), do anexo I, da Lei n.º 75/2013, de 12 de setem-bro, autorizar aquela a proceder à alienação, na modalidade de propostas em carta fechada, do bem a seguir discriminado:– Parcela de terreno, com 13.125 m2 (treze mil cento e vinte e cinco metros qua-

drados), sito na Mata Nacional dos Pinheiros (ZICOFA), confrontando a nor-te com Rua Outeiro do Pomar, a sul com parcela destacada, a nascente com variante norte e parcela destacada, e a poente com Rua Outeiro do Pomar, descrito na conservatória de Registo Predial de Leiria, sob o artigo matricial n.º 6703, da freguesia de Marrazes e Barosa, concelho de Leiria.

– Valor mínimo para licitação: 75,00€/m2 (setenta e cinco euros por metro quadrado).

– As propostas, em carta fechada, registada com aviso de receção, deverão ser enviadas para a sede da Junta de Freguesia de Marrazes e Barosa, sita na Rua Joaquim Soares Cêa Simões, n.º 9 – Marrazes / 2415-508 Leiria, até ao dia 02/03/2017, ou com carimbo dos CTT da mesma data.

– As propostas serão abertas no dia 07/03/2017, pelas 15 horas, na sede da Jun-ta de Freguesia, pelo respetivo Tesoureiro, e na presença, pelo menos, de dois membros do Executivo e o representante da Assembleia de Freguesia.

– Os interessados poderão consultar o processo, na sede da Junta de Fregue-sia durante o seu horário normal de expediente, assim como as condições de adjudicação.

– Ao valor da venda acrescerão os impostos e demais encargos respetivos.

Marrazes, 6 de fevereiro de 2017

A Presidente da Freguesia(Isabel Afonso)

União das Freguesias de Marrazes e Barosa

Sede de Marrazes

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Expresso, 11 de fevereiro de 201726 bpiexpressoimobiliario.pt

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 27 bpiexpressoimobiliario.pt

TURISMO

Algarve vai ter 23 novos hotéis13 serão construídos de raiz, os restantes estavam devolutos

A região algarvia tem em car-teira 23 novos projetos hote-leiros. Os dados são avançados pela Confidencial Imobiliário, empresa especializada na ges-tão de dados do sector imo-biliário, que passou a pente fino os indicadores relativos à emissão de pré-certificados energéticos realizados pela ADENE — Agência para a Energia, os quais são emitidos numa fase anterior à emis-são da licença municipal de construção, indicando assim as intenções de investimento

Silves (na foto), Portimão, Lagoa e Loulé estão entre as localidades onde mais projetos serão desenvolvidos FOTO MARCOS BORGA

para obras ainda em carteira.Destes 23 projetos hotelei-

ros em carteira localizados no Algarve, 13 são resultado de nova construção, enquanto os restantes 10 são respeitantes a obras de reabilitação.

Diz o relatório da Confiden-cial que “os novos hotéis em pipeline são, na sua maioria, relativos a projetos de três ou menos estrelas, verificando--se que apenas seis unidades das 23 previstas têm quatro ou mais estrelas. Desta última classificação, duas unidades

situam-se em Lagos e as res-tantes quatro distribuem-se por Lagoa, Loulé, Portimão e Silves”.

Em termos de dimensão, destacam-se dois projetos com mais de 5000 m2 (nomeada-mente um localizado em Por-timão, com cerca de 5600 m2, e outro em Silves, com 5100 m2) e outros dois com cerca de 4000 m2 cada (um em Lagoa e outro em Loulé). A Confi-dencial Imobiliário dá ainda nota de que, entre estes quatro hotéis de maior dimensão, três

resultam de construção nova e têm quatro ou mais estrelas. A outra unidade de dimensão maior diz respeito a uma inter-venção de reabilitação, tendo uma classificação de 3 ou me-nos estrelas.

Há 2100 hotéis em todo o país

Recorde-se que só no ano pas-sado foram inaugurados em Portugal 65 estabelecimentos hoteleiros que trouxeram ao mercado cerca de 2800 quar-

tos. Dados incluídos no mais recente Marketbeat Portugal, da consultora Cushman&Wa-kefield, mostram que a dinâ-mica orientada para o turismo é para manter e que nos próxi-mos dois anos estão previstas 70 aberturas em todo o país, aumentando a oferta em mais de 5000 quartos.

Entre os principais projetos previstos para os próximos dois anos contam-se o hotel Savoy Palace, no Funchal, que terá 380 quartos, o Meliá Lis-boa, com 239 e o Douro Mari-

na Hotel, no Porto, com 180.A oferta total de estabeleci-

mentos hoteleiros em Portu-gal — excluindo alojamento local e unidades de residencial turístico — ultrapassa agora os 76 mil quartos distribuídos por mais de 2100 unidades. Em termos de distribuição por categoria, os hotéis de quatro estrelas são predominantes, representando 38%, seguidos dos de três estrelas, que absor-vem uma fatia de 31% do total.

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3 2 1 --

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA28

NOTAS:VALORES CALIBRADOS TENDO POR REFERÊNCIA AS ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO CALCULADAS A PARTIR DOS RESULTADOS DEFINITIVOS DOS CENSOS 2011EM 2011 DEU-SE INÍCIO A UMA NOVA SÉRIE DE DADOS DO INQUÉRITO AO EMPREGO, PELO QUE DEIXAM DE SER POSSÍVEIS AS COMPARAÇÕES DIRETAS COM AS ESTIMATIVAS PROVENIENTES DA SÉRIE ANTERIOR (EM VIGOR DESDE 1998 ATÉ 2010).

FONTE: INE, ESTATÍSTICAS DO EMPREGO

EVOLUÇÃO REAL DO RENDIMENTO SALARIAL MÉDIO MENSAL LÍQUIDO DOS TRABALHADORES POR CONTA DE OUTREMValores em euros atualizados para preços de 2016 utilizando a série da inflação anual

1500

1300

1100

900

700

500

1998 20062004 20082000 2010 201420122002 2016

Total dos TCO

Ensino superior

Até ao ensino básico (3º Ciclo)

Secundário e pós-secundário

FONTE: INE, ESTATÍSTICAS DO EMPREGO

RENDIMENTO SALARIAL MÉDIO MENSAL LÍQUIDO DOS TRABALHADORES POR CONTA DE OUTREMValores em euros

NÍVEL DE ESCOLARIDADE 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Total 811 813 808 813 828 839Até ao Básico — 3º ciclo 627 618 616 616 628 639Secundário e pós-secundário 788 772 756 761 769 777Superior 1348 1320 1280 1221 1223 1223

NOTA(S):EM 2011 DEU-SE INÍCIO A UMA NOVA SÉRIE DE DADOS DO INQUÉRITO AO EMPREGO, PELO QUE DEIXAM DE SER POSSÍVEIS AS COMPARAÇÕES DIRETAS COM AS ESTIMATIVAS PROVENIENTES DA SÉRIE ANTERIOR (EM VIGOR DESDE 1998 ATÉ 2010)VALORES CALIBRADOS TENDO POR REFERÊNCIA AS ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO CALCULADAS A PARTIR DOS RESULTADOS DEFINITIVOS DOS CENSOS 2011

FONTE: INE, ESTATÍSTICAS DO EMPREGO

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

POPULAÇÃO EMPREGADAValores em milhões de pessoas

6

4

2

0

4,65,14,44,54,74,84,9

4,54,5

201620152014

*EM COMPARAÇÃO COM O QUARTO TRIMESTRE DE 2015

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)

90,7 90,582,1

4º TRIMESTRE DE 2016

CONTRIBUTO DA CRIAÇÃO DE EMPREGO PARA A REDUÇÃO DO DESEMPREGOValores em milhares de pessoas.

120

80

40

0

Criação líquida de emprego

Redução da população desempregada

Contributo (%)

Criação de emprego não anulou a destruição durante a crise. Em 2016, havia menos 511 mil empregados do que em 2008

Ainda falta recuperar meio milhão de empregos

Meio milhão a menos. É essa a di-ferença entre a população empre-gada em Portugal no ano passado em comparação com 2008, antes da crise financeira. São 511,4 mil pos-tos de trabalho que ainda não foram repostos, mostram os dados do Ins-tituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta semana. A população desempregada também permanece acima de 2008. Em 2016 estavam de-sempregadas 573 mil pessoas em Por-tugal, mais 155 mil do que em 2008. Copo meio vazio ou meio cheio? É que também há indicadores positivos. A taxa de desemprego está a descer — passou de uma média anual de 16,2% em 2013 para 11,1% em 2016 —, há criação de emprego líquida e o con-tributo do aumento do emprego para a redução do desemprego tem vindo a aumentar.

Em 2014, em termos médios anu-ais, o aumento do emprego explicou pouco mais de metade da redução da população desempregada. O resto ficou a dever-se a desempregados que emigraram ou passaram a ser classifi-cados como inativos, por terem deixa-do de procurar emprego ativamente. Além disso, muito do emprego cria-do na altura resultava de programas desenvolvidos pelo Instituto do Em-prego e Formação Profissional. Mas, este contributo aumentou para 61,9% em 2015 e para 76,9% em 2016. E, no quarto trimestre de 2016, a criação de emprego líquida explicou 90,5% da redução do desemprego.

Taxa de desemprego baixa sete pontos percentuais

A comparação dos últimos três me-ses de 2016 com o primeiro trimes-tre de 2013, quando o mercado de

trabalho atingiu o fundo do poço, mostra o caminho percorrido. A taxa de desemprego diminuiu sete pontos percentuais, de 17,5% para 10,5%; a população empregada aumentou em 289 mil trabalhadores para 4,6436 milhões; e a população desempregada diminuiu em 383,6 mil pessoas para 543,2 mil.

Contudo, há ainda grandes desafios. A taxa de desemprego dos jovens (dos 15 anos aos 24 anos) ficou nos 27,7% no último trimestre de 2016, um valor 14,8 pontos percentuais abaixo dos primeiros três meses de 2013. Mas, que significa que ainda havia 101,8 mil jovens em Portugal ativamente à

procura de emprego sem conseguir encontrar.

O desemprego de longa duração é outro problema por resolver. No quar-to trimestre, havia 337,5 mil pessoas em Portugal à procura de emprego há, pelo menos, 12 meses. A redução em relação aos primeiros três meses de 2013 ultrapassou as 200 mil pessoas, mas a proporção de desempregados de longa duração no desemprego to-tal é muito elevada, nos 62,1%. São pessoas que, apontam todos os espe-cialistas, terão muita dificuldade em voltar a encontrar emprego.

Sónia M. Lourenç[email protected]

Salários Em termos reais, há quebras para todos os níveis de escolaridade, com exceção dos trabalhadores com ensino básico

Licenciados ganham menos 20% do que em 1998

Sónia M. Lourenço

Compensa estudar em Portugal tendo em vista os rendimentos futuros? A resposta é sim. Contudo, a re-compensa é menor do que no passado. Nas últimas duas dé-cadas — desde 1998

— o rendimento salarial médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem com ensino superior encolheu 19,5% em termos reais, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatís-tica (INE). Em 1998, a preços de 2016 — que indica o poder de compra atual do salário naquela altura —, os traba-lhadores com formação universitária ganhavam €1518 líquidos por mês, em termos médios. Em 2016, este valor tinha caído para €1223.

O pico, em termos reais, foi atingi-do em 2004 com €1568. Desde então houve oscilações, mas desde o início da crise económica — e a chegada da troika a Portugal — a evolução real do rendimento salarial dos trabalhado-res com ensino superior teve apenas um sentido: sempre a descer. Mesmo em termos nominais — ou seja, sem atualização de preços — o rendimento salarial médio mensal líquido dos tra-balhadores por conta de outrem com ensino superior esteve sempre a cair entre 2012 e 2014.

Foi o resultado de fatores como os cortes salariais na função pública — onde trabalham muitas das pessoas com formação superior, como pro-fessores e médicos — mas, também, do “enorme” aumento de impostos, sobretudo em 2013, e da crise no mer-cado de trabalho, com degradação dos salários e levando trabalhadores mais qualificados a aceitarem empregos com menores exigências em termos de formação.

O problema é que nem a saída da troika do país, a reversão dos cortes salariais na função pública e o fim progressivo da sobretaxa em sede de IRS conseguiram pôr fim a este ciclo negativo. Em 2016, o rendimento sa-larial líquido dos trabalhadores por conta de outrem com ensino superior continuou a encolher em termos reais, apesar de ter estabilizado em termos nominais desde 2015.

Só ensino básico ganha mais

A evolução negativa nos rendimentos salariais reais desde 1998 não se limi-tou aos trabalhadores com formação

universitária, abrangendo também os trabalhadores com ensino secundário e pós-secundário. A preços de 2016, es-tes trabalhadores ganhavam €865 por mês em termos líquidos em 1998. No ano passado, ficavam-se pelos €777. Tradução: menos 10,1%.

Os trabalhadores menos qualificados são a exceção. Os dados do INE mos-tram que, em termos médios, quem tem um nível de escolaridade apenas até ao 3º ciclo do ensino básico, ou seja, até ao 9º ano, assistiu a um re-forço do rendimento mensal líquido em termos reais de 4,7% nas últimas (quase) duas décadas. Em 1998, a pre-ços de 2016, recebiam €610. Um valor que subiu para €639 em 2016. Mesmo em termos nominais, a tendência de aumento do rendimento salarial líqui-do destes trabalhadores é clara, com exceção dos anos da troika.

Uma evolução a que não é alheia a política seguida em Portugal para o salário mínimo. Sobretudo a partir de 2006, quando um acordo entre todos os parceiros sociais definia um aumento gradual para os anos seguintes, visando chegar aos €500 em 2011 (em termos nominais). Na verdade, ficou nos €485 nesse ano, permanecendo congelado durante os anos da troika. Em outubro de 2014, contudo, voltou a ser aumen-tado para €505, subindo para €530 no início de 2016 e €557 este ano.

Tudo somado, para o conjunto de todos os trabalhadores por conta de outrem na economia portuguesa, o rendimento salarial médio mensal líquido aumentou 14,2% em termos reais entre 1998 e 2016, passando de €735 para €839, mostram os dados do INE. A evolução também foi positiva em termos nominais, com um aumen-to de €508, para €839. Tanto em ter-mos reais, como nominais, a tendência de aumento é clara, mais uma vez com exceção dos anos da troika.

Os números mostram que ter forma-ção universitária em Portugal equivale a ter um prémio salarial muito signifi-cativo em relação aos restantes traba-lhadores. Essa realidade não mudou. Mas o prémio, ou seja, o acréscimo de rendimento por ter formação supe-rior, tem vindo a encolher. Em 1998, o rendimento salarial médio mensal líquido de um trabalhador com ensino superior era 2,5 vezes o rendimento de um trabalhador que possuía apenas o ensino básico (até ao 9º ano) e 2,1 vezes o rendimento médio dos trabalhadores por conta de outrem na economia por-tuguesa. Números que tinham descido para 1,9 vezes e 1,5 vezes, respetiva-mente, em 2016.

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EMPREGO

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (11-02-17 19:42)

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 29

OCDE espera dificuldades na descida do desemprego

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) não espera grandes descidas do desemprego ao longo dos próximos dois anos. No Economic Survey sobre Portugal que apresentou esta semana em Lisboa, aponta para uma manutenção da taxa de desemprego em 10,1% em 2017 e 2018. Um valor que representa uma descida de apenas um ponto face à média anual do ano passado — 11,1% revelou o INE — como está já bastante próxima dos 10,5% do último trimestre. Esta tendência de estabilização da taxa de desemprego acontece numa altura em que a economia se aproxima do potencial. O que significa que o desemprego que resta tenderá a ser maioritariamente estrutural. Em 2017, estima a OCDE, a economia estará 1,8% abaixo do potencial e a distância encurtará para 0,5% no próximo ano.

“Quando a taxa de juro está próxima de zero, a política monetária sozinha não consegue fazer o truque de levantar a economia”Paul De Grauwe Professor na London School of Economics

“Os países da periferia têm que ganhar competitividade e isso implica taxas de inflação mais baixas que os seus parceiros”Olivier Blanchard Ex-economista-chefe do FMI

Economistas avisam que inflação é fundamental para Portugal recuperar a competitividade. Mas Frankfurt tem de deixar

Política do BCE pode não ajudar

“Os países da periferia da zona euro têm de ganhar competi-tividade e isso implica terem taxas de inflação mais baixas do que os seus parceiros”, avisa Olivier Blanchard, ex-econo-mista-chefe do Fundo Monetá-rio Internacional e atual Senior Fellow do Peterson Institute for International Economics em Washington. E se a inflação na zona euro for baixa, avisa o macroeconomista francês em declarações ao Expresso, “estes países terão de ter deflação” que agravar o valor real das suas dívidas pública e privada. Por isso, não vê alternativa para reequilibrar a economia da zona euro senão ter inflação mais alta nos países da moeda única, o que implica “ter pelo menos a meta de 2% e até acima de 2% durante algum tempo”.

Já o economista belga Paul De Grauwe, professor da London School of Economics e colunis-ta do Expresso, deixa o alerta que, “quando a taxa de juro está próxima de zero considera que a política monetária sozinha não consegue fazer o truque de levantar a economia” que, por isso, “a política orçamental também deve estimular a econo-mia”. Ainda assim, De Grauwe mostra-se otimista quanto às metas de inflação e acredita que a meta de 2% pode estar atin-gida no final do ano. “São boas

notícias para Portugal”, acres-centa, lembrando as vantagens em termos de competitividade e que “os problemas de endivi-damento desaparecem como neve ao sol quando a inflação e o crescimento aceleram”.

A relação inversa entre infla-ção e desemprego, conhecida na teoria económica como a Curva de Phillips por ter sido pela pri-meira vez identificada em 1958 pelo economista neozelandês William Phillips, tem justificado a defesa, por parte de alguns eco-nomistas como Paul Krugman,

de uma meta de inflação mais elevada do que os atuais 2%. Se-ria, na sua opinião, uma forma de estimular a economia e per-mitir uma mais rápida descida do desemprego. Neste momen-to, no entanto, a inflação não chegou sequer à meta. E resta saber se, quando chegar, o BCE irá dar margem para ficar aci-ma algum tempo e ajudar países endividados como Portugal que têm de ganhar competitividade ao centro da Europa.

João Silvestre [email protected]

Salários Em termos reais, há quebras para todos os níveis de escolaridade, com exceção dos trabalhadores com ensino básico

Licenciados ganham menos 20% do que em 1998

EMPREGO

Prémio salarial dos trabalhadores com ensino

superior está a diminuir. FOTO LUÍS BARRA

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA30

BREVESGESTÃO

Grupo português foi reconhecido pela Associação Internacional de MBA como o melhor empregador mundial de alunos de MBA e pela estratégia de retenção de talento

Entre a lista final de candi-datos ao galardão “MBA Em-ployer” (melhor empregador mundial para alunos de MBA), atribuído pela primeira vez em finais de janeiro pela Asso-ciação Internacional de MBA (AMBA), estavam multinacio-nais como a Amazon, a Ame-rican Express, a BP, a Diageo e a Philips. A maioria delas, reconhece José Côrte-Real, administrador da Sonae com a tutela da área de Recursos Hu-manos, “empresas com uma dimensão global que a Sonae não tem”. Mas foi exatamente a estratégia de atração e de-senvolvimento de talento se-guida na empresa portuguesa a destacar-se e a garantir-lhe a distinção enquanto melhor empregador do mundo para estudantes de MBA.

O grupo Sonae assegura mais de 48 mil postos de trabalho. Desses, cerca de oito mil são quadros com funções de ges-tão e responsabilidades de lide-rança. Perto de 200 possuem um MBA (Master in Business Administration). Alguns che-garam à empresa através das incursões anuais que a Sonae realiza junto de escolas como a Porto Business School e o Lisbon MBA, recrutando os melhores talentos de cada MBA, outros fazem parte de uma aposta estratégica da em-presa que anualmente analisa as necessidades de qualifica-ção e os planos de progressão dos seus profissionais finan-ciando, nos casos em que se revela determinante, a reali-zação de MBA em universida-des nacionais ou estrangeiras, como Harvard, INSEAD ou London Business School.

É por isso que quando per-guntamos a José Côrte-Real o que distingue a portuguesa Sonae de uma Amazon, uma American Express ou outras, enquanto melhor empregador para estudantes de MBA, o ad-ministrador resume a análise a um fator: “A aposta nas nossas pessoas”. O administrador ad-mite que “no contexto atual, não basta recrutar bem e for-mar os profissionais. É preciso dar-lhes oportunidades efetivas de crescimento, novas funções, dar-lhes um bocadinho de in-quietude e risco. Isto é muito valorizado, sobretudo pelas no-vas gerações, e se não assegu-ramos isto perdemos o talento em que investimos”, explica.

O foco nas pessoas

A AMBA, sediada em Londres, sustentou a sua decisão num conjunto de critérios que en-

José Côrte-Real, administrador da Sonae com a tutela dos recursos humanos, destaca a aposta do grupo na qualificação dos seus quadros FOTO RUI DUARTE SILVA

globam a estratégia de gestão da organização e os mecanis-mos que usa para gerir talento, a dimensão da sua ligação às escolas de negócios, a existên-cia de práticas inclusivas e di-versidade de talento, o volume de recrutamento de MBA que realiza anualmente e a evidên-cia de sucesso destas práticas continuadas e o seu reflexo no sucesso da organização. Critérios que, reconhece José Côrte-Real, estão na génese da política de recursos humanos seguida na empresa, em todas as áreas de atividade. “A So-nae integra no seu universo um painel muito vasto de funções e o MBA, naturalmente, está mais orientado para perfis com responsabilidades de gestão a um nível já relevante. Mas isso não significa que este cuidado com a qualificação não exista noutras áreas”, reforça.

Na Sonae, garante, além das parcerias permanentes com escolas de gestão e da formação interna, as equipas de lideran-ça têm a responsabilidade de estarem atentas e realizarem uma avaliação permanente do talento que têm nas suas equi-pas, das suas possibilidades de progressão e da formação que é necessária para sustentar esse percurso. Na base desta avaliação está a plataforma “Improving our People” (me-lhorar as nossas pessoas). “O que fazemos é projetar o de-senvolvimento de carreira e as oportunidades de aprendiza-gem das pessoas de forma per-manente”, explica. Um desen-volvimento que não tem de ser feito sempre na mesma área de negócio. Devido à amplitu-de das suas áreas de atuação,

Sonae em destaque na luta pelos melhores talentos

a Sonae pode, segundo José Côrte-Real, assegurar aos seus profissionais um crescimento e uma progressão transversal nas várias áreas da empresa. Ou seja, enfatiza, “temos pos-sibilidade de garantir opor-tunidades reais de evolução e aprendizagem, e assim assegu-rar a motivação permanente dos talentos”. Para o gestor, “é fundamental estar atento às aspirações das pessoas e isso é papel das lideranças. As empre-sas podem ser muito grandes, mas temos de conseguir estar permanentemente atentos à progressão dos profissionais e às suas ambições de conheci-mento, se não queremos per-der os melhores”.

São vários os programas desenvolvidos no grupo com esta finalidade. Um deles é o programa de gestão de lide-rança Future Leaders @Retail, criado para captar interna e externamente os futuros líde-res do retalho moderno, e que acaba de integrar 20 jovens ta-lentos na Sonae. Entre os 20 selecionados desta edição do programa, estão 12 participan-tes externos e oito internos, profissionais que transitam de outras áreas do universo So-nae. Juntos frequentarão um programa de formação remu-nerado, com duração de nove meses, que é apontado como vital para sustentar o cresci-mento do negócio já que está focado na captação de recém--licenciados, pós-graduados ou mestres, permitindo criar uma rede de talentos ajustada às ne-cessidades presentes e futuras da empresa.

Cátia [email protected]

Harvard, INSEAD e London Business School são algumas das escolas internacionais parceiras da Sonae na formação de líderes

CULTURA DE DESENVOLVIMENTO

^ A Sonae destronou multinacionais como a Amazon, Diageo, American Express, Philips e a BP enquanto “MBA Employer” (empregador de alunos de MBA) a nível mundial, numa distinção atribuída pela primeira vez pela Associação Internacional de MBA (AMBA).

^ A empresa é hoje um dos maiores empregadores nacionais, com mais de 48 mil trabalhadores, 8000 dos quais em funções de gestão. Mais de 200 são titulares de MBA.

^ Além de recrutar anualmente estudantes de MBA, a Sonae tem também uma política de financiamento de MBA (em escolas nacionais ou internacionais), sempre que esta formação se revele necessária.

^ Na Sonae vigora um plano permanente de avaliação de competências e necessidades formativas, o “Improving our People” (melhorar as nossas pessoas), que para o administrador é a base de toda a estratégia de recursos humanos.

Talent Portugal debate talento CONTRATAÇÃO Como po-dem as empresas atrair melhores candidatos é a questão-chave da confe-rência que a plataforma Talent Portugal vai reali-zar a 15 de fevereiro, na Porto Business School e que contará com a partici-pação de Pedro Caramez, Rodrigo Viana de Freitas, Flávio Gart e Sofia Reis, especialistas de áreas como a consultoria, a co-municação e outras.

Lidl reforça equipa RECRUTAMENTO A cadeia de retalho alimentar Lidl inicia este mês um roteiro em várias universidades nacionais para identificar e selecionar talento para a sua equipa em Portugal. A marca estará presente em várias feiras de empre-go agendadas para este mês e procura jovens para integrarem as áreas de Compras, Tecnologias de Informação ou Logística.

O NÚMERO DE ESTUDANTES SENIORES NAS UNIVERSIDADES NACIONAIS ESTÁ A AUMENTAR. NUM ANO CRESCEU CERCA DE 8,9%.

CANDIDATURAS A ESTÁGIOS NO MAAT A Fundação da Juventude e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) têm a decorrer, até 5 de março, as candidaturas para a atribuição de estágios nas áreas de Ciências, Artes e Relações Públicas, no programa Estágios MAAT.

60por cento foi o crescimento registado na contratação de profissionais de secretariado e administração em 2016, face ao ano anterior. Os números são avançados pela consultora Michael Page que coloca os centros de serviços partilhados entre os maiores recrutadores desta área.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 31

Empresa industrial com acentuado perfil tecnológico e de produtos de segurança, sediada em Lisboa,

admite para a área de Planeamento e Controlo de Gestão

ANALISTA DE DADOS SÉNIOR (m/f)

Ref.ª ADS

– Formação superior na área de Gestão, Economia ou áreas similares– Experiência mínima de 5 anos na área de Controlo de Gestão (requi-

sito obrigatório)– Experiência em gestão de projetos (preferencial)– Elevada autonomia e iniciativa

ANALISTA DE DADOS JÚNIOR (m/f)

Ref.ª ADJ

– Formação superior na área de Gestão, Economia ou áreas similares– Experiência mínima de 2 anos na área de Controlo de Gestão (requi-

sito obrigatório)

Valorizamos:– Experiência em processos de Planeamento Estratégico e Operacional

(preferencialmente em indústrias)– Experiência na construção de KPI– Experiência na monitorização e acompanhamento do desempenho or-

ganizacional– Experiência em controlo orçamental e controlo de gastos– Profundos conhecimentos nos módulos centrais de SAP, com especial

incidência em CO, dando-se preferência a conhecimentos de BW– Elevados conhecimentos de MS Office, especialmente em Excel e

Powerpoint– Capacidade de comunicação, de relacionamento interpessoal e espí-

rito de equipa– Capacidade de organização e de orientação para resultados– Capacidade analítica – Facilidade de escrita e de elaboração de documentos (preferencial)

Oferta:– Local de trabalho em Lisboa– Remuneração compatível com a experiência – Regalias sociais e formação profissional

Envio de Curriculum Vitae através do site: www.expressoemprego.pt

PROJECT ENGINEER(m/f)

Company Description We are active in agro-industry and specialised in rubber and palm plantation management and are currently looking to strengthen our human resources in Africa.

Function Description For a new starting plantation in West Africa, we are looking for a Project Engineer to• Construct a new production facility + processing plant.

Profile • Age: 40 max. • Civil/Industrial engineer, specialized in on-site project management• 5-10 years experience in the field of construction would be desirable• Competent, dynamic, efficient and result-oriented• Approachable leader at ease with all employees and subcontractors, even in

difficult situations• Team-player who functions well in a hierarchical structure• A field person with excellent communication skills• Eager to pass most of his time on the construction site rather than in the office.• Versatile and motivated to work hands-on in all technical fields (mechanics,

electricity, civil works…)• Willing to live and work on the plantations located in rural area• Open and social person even after the working hours• Languages: Fluent writer and speaker of both English and Portuguese; French

a plus• Computer skills: Microsoft Office and CAD• Other: Experience with tropical Africa and/or Asia is a plus

Offer Open-ended contract, after conclusive trial period, with expatriate package in rela-tion with your diploma and experience.

Experience • 5-10 years experience

Languages • Portuguese

English Education• Master• Master following master• Specialisation

Time table Your CV and motivation letter to be sent to [email protected] on or before 06/03/2017. Interviews will be held in Lisbon on 23/03/2017.

Empresa do sector automóvel, sediada em Lisboa, pretende recrutar para o seu departamento financeiro um(a):

TÉCNICO(A)DE CONTABILIDADE

Descrição de Funções:– Assegurar o tratamento contabilístico, fiscal e documental

da empresa;– Apoiar a preparação/validação do fecho contabilístico men-

sal e anual;– Elaboração de Reports dentro dos timings predefinidos; – Preenchimento de declarações fiscais;– Apuramento de IVA;– Elaboração de análises contabilísticas e financeiras anuais;– Acompanhamento de processos de auditoria;– Garantir a fiabilidade da informação contabilística produzida

de acordo com as normas e procedimentos da empresa.

Requisitos:– Formação Superior em Contabilidade/Gestão;– Membro na Ordem dos Contabilistas Certificados (fator obri-

gatório);– Experiência efetiva em normativo contabilístico internacional– Conhecimentos na utilização do sistema Navision/SAP (fator

preferencial);– Domínio das ferramentas Office;– Boas competências: comunicacionais, cooperação e flexibi-

lidade;– Bom espírito de equipa e de iniciativa.

Caso cumpra os requisitos solicitados, envie o seu currí-culo para: [email protected]

COMERCIAL HIGIENE E GASES TERAPÊUTICOS

PARA A DIREÇÃO COMERCIAL – VENDAS CLIENTES HOSPITALARES (LOCAL DE TRABALHO AVINTES)

Perfil para a Função:– Licenciatura (Preferência por Gestão, Marketing ou Engenharia);– Experiência mínima de 3 anos em vendas de Medicamentos, Disposi-

tivos Médicos ou Produtos Químicos;– Conhecimento do Mercado Hospitalar;– Experiência em trabalho com médicos e enfermeiros no ramo hospi-

talar;– Carta de Condução e disponibilidade para viagens frequentes nas zo-

nas de ação; – Conhecimentos de Inglês, Francês, SAP e CRM valorizados.

Missão:Assegurar objetivos de vendas, com responsabilidade comercial e téc-nico-comercial da área de higiene (produtos e equipamentos). Fazer visitas a médicos e enfermeiros ligados à dor nos diferentes serviços hospitalares, assegurando objetivos de vendas. Assegurar tarefas téc-nico-administrativas necessárias (seguimento de concursos, propostas, front e back-office) diretamente ligadas às atividades de higiene e gases terapêuticos.

Procuramos um profissional empreendedor (m/f), orientado para o clien-te e para os objetivos, com facilidade em estabelecer relações interpes-soais e com espírito de equipa, que deseje desenvolver a sua carreira profissional na Air Liquide.

Oferecemos integração em empresa sólida e remuneração compatível com a função.

Se está interessado, envie o seu curriculum vitae para:[email protected] ou por correio postal para: Airliquide Medicinal Direção de Recursos Humanos

1495-131 Algés

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA32

BREVES

CENÁRIOS DESAFIADORES

^^ Há^mais^empresas^^dispostas^a^contratar^^(73%)^do^que^profissionais^que^ponderam^mudar^^de^emprego^(71%)

^^ O^Turismo^foi^o^sector^^que^registou^maior^percentagem^^de^recusas^de^ofertas^^de^emprego^(76%)

NÚMEROS

73%dos profissionais estão insatisfeitos com as suas perspetivas de progressão na carreira

60%consideram o seu pacote salarial desadequado

Incubadoras lança projeto SPIN+ACELERAÇÃO As 16 incuba-doras de empresas da região Centro do país, que com-põem a Rede de Incubadoras de Empresas, têm em mar-cha a criação do programa de aceleração de negócios SPIN+. O objetivo é ajudar empreendedores no desen-volvimento dos seus proje-tos, desde a valorização da ideia à concretização de ne-gócios. O processo de candi-daturas está aberto até 20 de fevereiro e em março serão conhecidos os 20 projetos que integrarão o primeiro programa de aceleração de empresas da região Centro.

FJ e Câmara do Porto premeiam boas ideiasEMPREENDEDORISMO A Funda-ção da Juventude (FJ) e a Câ-mara Municipal do Porto uni-ram-se para lançar o primeiro concurso de ideias “JOVEM EMPREENDE @PORTO”. A iniciativa visa promover o em-preendedorismo criativo e so-cial, fomentando a geração de ideias e de negócios inovadores e as candidaturas decorrerão de 6 de março a 28 de abril, através da plataforma da competição na internet. O concurso destina--se a incentivar os jovens — do ensino secundário, profissional e universitário — a apresentar projetos inovadores com apli-cabilidade na cidade do Porto.

Everis investe €60 mil na inovaçãoPRÉMIO Estão a decorrer até 31 de março as candidaturas à 16ª edição do Prémio Eve-ris que visa impulsionar uma nova geração de empreen-dedores nas áreas da inves-tigação e inovação. Em jogo estão €60 mil em prémios monetários para os vencedo-res e serviços de consultoria avaliados entre €5 mil e €10 mil para os finalistas e para o vencedor, respetivamen-te. São três as categorias a concurso: Novos Modelos de Negócios em Economia Digital, Biotecnologia e Saú-de, Tecnologias aplicadas à Indústria e Energia.

PRECÁRIOS IDENTIFICADOS ATÉ MARÇO Depois de conhecidos os dados do número de contratos temporários no Estado, o Governo está a criar “comissões de avaliação” ministeriais para identificar o número de postos de trabalho com carácter permanente. O processo permitirá definir o número de vagas a criar e estará concluído até março.

70%dos profissionais portugueses consideram a remuneração como o principal fator de retenção profissional. A conclusão resulta de um estudo da consultora Neves de Almeida, realizado no âmbito do Prémio Índice da Excelência 2016, esta semana atribuído

RECRUTAMENTO

53% rejeitam ofertas de empregoAs questões salariais motivaram 49% das recusas de propostas de emprego durante o último anoHá cada vez menos portugue-ses qualificados, e no ativo, com vontade de mudar de emprego e a culpa é dos salários que as empresas estão dispostas a ofe-recer. No último ano, segundo as contas do Guia do Mercado Laboral 2017, o estudo anual da consultora de recrutamen-to Hays que pormenoriza as tendências do mercado de trabalho qualificado em Por-tugal, 53% dos profissionais portugueses rejeitaram novas propostas de trabalho, mais 6% do que em 2015. Em 49% dos casos, a recusa teve como base um pacote salarial pouco atrativo. Turismo e Tecnologias de Informação são, segundo Paula Baptista, diretora-geral da Hays Portugal, as áreas mais críticas em termos de recusas de ofertas de emprego com 76% e 64% de recusas regista-das no último ano, respetiva-mente.

O Guia do Mercado Laboral 2017, esta semana divulgado, traça um cenário desafiador para as empresas portuguesas em matéria de contratação du-rante este ano. Os 2641 pro-fissionais expressam sinais de descontentamento em relação a vários aspetos da sua situação profissional — como a progres-são na carreira, elencada por 73% como motivo de insatisfa-ção, ou o pacote salarial, referi-do por 60% —, mas isso não se traduz necessariamente numa disponibilidade para a mudan-ça. Na verdade, 2017 antecipa--se como um ano crítico nessa matéria: “Nunca o interesse dos candidatos em mudar de emprego apresentou níveis tão baixos como este ano”, confir-ma Paula Baptista.

Pela primeira vez desde que a Hays realiza este inquérito anual, a percentagem de em-pregadores a querer recrutar (73%) ultrapassa a de profis-sionais interessados em acei-tar novos desafios profissio-nais (71%). As consequências desta tendência, admite Paula Baptista, “serão imprevisíveis e caberá às empresas prepara-rem-se estrategicamente para um possível cenário de escassez de profissionais qualificados”.

Ventos de mudança na contratação

O desequilíbrio identificado pelo estudo da Hays entre as in-tenções de contratação das em-

presas e a disponibilidade para a mudança dos profissionais qualificados impõe todo um novo cenário ao mercado de recrutamento e acentua a com-petição das empresas pelos me-lhores talentos. Uma mudança que já se vinha adivinhando há alguns anos. “Desde 2013 que as intenções de contratação das empresas vinham aumentan-do de forma acentuada, tendo estabilizado acima da casa dos 70% nos últimos dois anos”, relembra a diretora-geral da Hays, clarificando que se trata de uma evolução extraordiná-ria, tendo em conta que num

da capacidade das empresas para compreenderem os sinais de insatisfação e perceberem o que é determinante para sus-tentar a decisão de mudança de um profissional.

Turismo e tecnologias lideram recusas

A maioria dos profissionais qualificados que em 2016 recu-saram novas propostas laborais (49%) fê-lo por considerar que o salário oferecido não era o pretendido. Mas há outras ra-zões que afastam os profissio-nais da mudança. O interesse do projeto surge como o segun-do critério de ponderação da oferta e foi apontado por 37% dos inquiridos como determi-nante na recusa, logo seguido por condições contratuais de-sadequadas (31%).

Nos 12 sectores analisados pelo Guia do Mercado Labo-ral, apenas um regista uma

redução no número de rejei-ções de novas propostas de emprego face a 2015, o Reta-lho, que registou uma redução de cinco pontos percentuais fixando-se em 2016 nos 50% de propostas recusadas. O Turismo e Lazer é o sector mais problemático. No último ano, 76% dos profissionais re-cusaram novas propostas de emprego. Em 2015 a percen-tagem não ia além dos 50%. Tecnologias de Informação (64% de recusas), Marketing e Vendas (57%) e Engenharias (55%) completam os lugares cimeiros da lista de sectores onde aliciar um profissional a mudar de emprego é mais difícil em Portugal.

Paula Baptista fala de uma mudança de cenário no re-crutamento nacional que será altamente desafiador para as empresas em 2017. Ainda que o grau de dificuldade de con-tratação dependa, naturalmen-

O interesse dos candidatos em mudar de emprego está a diminuir FOTO^ALBERTO^FRIAS

dos períodos mais críticos de instabilidade económica esta percentagem chegou a fixar-se nos 33%.

Do lado dos profissionais, o percurso foi exatamente o in-verso e a disponibilidade para abraçar novos desafios profis-sionais tem vindo a diminuir. Porquê? São vários os fatores identificados pelos estudo. Apesar dos elevados níveis de insatisfação denunciados pelos profissionais inquiridos no seu emprego atual, em domínios como as perspetivas de pro-gressão na carreira (73%), os prémios de desempenho (67%), a comunicação interna (62%), o pacote salarial (60%), o aces-so a formação (59%), a cultura empresarial (54%) e os benefí-cios oferecidos (52%), a maio-ria (53%) permanece avessa à mudança e prefere não arris-car um novo desafio. O número tem vindo a aumentar e inver-tê-lo depende, antes de mais,

te, da função e das condições oferecidas, a especialista reco-nhece que “recrutar a pessoa certa será mais difícil”. Para a diretora-geral da Hays, os pro-fissionais estão mais ambicio-sos. E embora o facto de três em cada quatro trabalhadores admitirem insatisfação com a sua progressão na carreira não signifique uma decisão dire-ta de mudança, a insatisfação gera impacto nos negócios.

Num ano que se perspetiva de crescimento, alerta Paula Baptista, “os profissionais vão querer crescer com as empre-sas” e a oferta salarial tende a tornar-se decisiva, para situa-ções de retenção de quadros e novas contratações, e só 23% das perto de 900 empresas in-quiridas no estudo referem o pacote salarial como um dos pontos fortes para a atração e retenção de talento.

Cátia [email protected]

Em 2017, o salário e a relevância dos projetos serão decisivos para convencer os profissionais a mudar de emprego

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 33

ENGENHEIRO MECÂNICOMASCHIENENBAUINGENIEUR

PROJEKTMANAGEMENT(m/f)

* Wir sind eines der erfolgreichsten Unternehmen der Glassofenbauindustrie weltweit und steht für mehr als 140 Jahre Erfahrung in allen klassischen Bereichen dieser Branche.

IHRE AUFGABEN* Als Maschinenbauingenieur (w/m) wirken Sie mit bei der Vorbereitung und

Umsetzung anspruchsvoller und vielfältigster Projekte im Glassofenbau und im konstruktiven Ingenieurbau. Nach entsprechender Einarbeitung bearbeiten Sie Ihre Aufgaben eigenverantwortlich und selbständig und sind auch direkter Ansprechpartner unserer Kunden.

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vergleichbar)* ca. 1 bis 2 Jahre Berufserfahrung in der Abwicklung von Projekten und in

baubetrieblichen Aufgabenstellungen; gerne können Sie uns aber auch als Berufseinsteiger durch Ihr Engagement überzeugen

* idealerweise Erfahrungen in den Aufgabenfeldern Kosten, Termine und Verträge

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* Verhandlungssichere Portugiesisch- und Englischkenntnisse in Wort und Schrift

* Gute Kenntnisse in Deutsch* Weitere Sprachkenntnisse sind wünschenswert

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* Sie übernehmen gerne Verantwortung, zeigen dies Ihren Kunden, Ihren Kollegen und Ihrem Unternehmen

* Sie möchten in einem loyalen Umfeld arbeiten und verstehen sich als Teil eines Ganzen

* Sie handeln zielorientiert und denken dabei im „wir“

Wenn Sie in einem werte- und leistungsorientierten Umfeld beruflich etwas bewegen möchten – lassen Sie uns miteinander ins Gespräch

kommen! Ihre vollständigen Bewerbungsunterlagen senden Sie bitte an: [email protected]

Com 58 anos de experiência na comercialização e assistência de so-luções de cópia/impressão, audiovisuais e informática, a BCN é uma empresa próspera e sólida que proporciona sucesso e estabilidade aos seus colaboradores. Tendo por objetivo exponenciar o nosso crescimento, pretendemos re-crutar (m/f) para os nossos quadros:

DELEGADOS COMERCIAIS Função:Promover a empresa e os seus produtos no mercado de empresas e organismos na região do Porto e concretizar Vendas.

Perfil desejado:– Experiência na função, de preferência no ramo, com Xerox– Conhecimento do mercado de empresas e organismos do Grande

Porto– Êxito anterior comprovado– Residência nos concelhos do Grande Porto– Conhecimentos de Informática– Bom nível de Inglês

Oferecemos:– Possibilidade de ingresso em empresa com grande solidez económica

e financeira, com uma grande base de clientes– Pacote remunerativo acima da média + viatura + subsídio de almoço

+ seguro de saúde

Enviar currículo para: [email protected]

Recruta (m/f)

ASSOCIADO/ ASSOCIADO SÉNIOR

Para departamento de Laboral em Lisboa e Porto

Perfil Pretendido:– Licenciatura em Direito pela Universidade Católica

Portuguesa, Universidade Nova, Universidade de Lis-boa, Universidade de Coimbra ou Universidade do Porto

– Mestrado/LL.M. ou Pós-graduação nas Universida-des supramencionadas ou em instituição internacio-nal de referência será valorizado

– Experiência pós-estágio de 3 a 5 anos na área laboral (Ref.ª 06/2017 – Lisboa) e 7 a 10 anos na área laboral (Ref.ª 07/2017 – Porto)

– Conhecimentos sólidos de língua inglesa e espanho-la ao nível da escrita, oralidade e compreensão

Perfil Pessoal:– Perfil comercial– Fortes capacidades de organização e planeamento– Boa capacidade de relacionamento interpessoal e

capacidade de trabalho em equipa– Proatividade e dinamismo– Elevado sentido de responsabilidade e ética– Experiência no contacto direto com o Cliente

Remuneração compatível com a experiência e possibi-lidade de trabalhar numa sociedade de advogados in-ternacional.

As candidaturas deverão ser enviadas até ao dia 17 de fevereiro para o endereço: [email protected], indicando a ref.ª do processo (06/2017 – Associa-do para Lisboa) (07/2017 – Associado Sénior para Porto).

A SOCIPRIME – Field Merchandising, S.A. é uma empresa com forte implementação no mercado há cerca de 20 anos e traba-lha com as maiores empresas de consumo do país e pretende admitir (m/f) para cliente:

NATIONAL FIELD MERCHANDISING MANAGER

(Exclusivo para um cliente com marcas de prestígio internacional e líder de mercado em Portugal)

Requisitos: – Experiência em Field Merchandising FMCGs.– Experiência em planeamento operacional.– Experiência em gestão financeira / orçamental.– Forte sentido de responsabilidade e orientação para resultados.– Experiência em análise de dados e produção de relatórios em

Excel.– Proativo e com capacidade de antecipar e resolver situações

com prontidão.– Liderança e experiência em gestão de equipas, incluindo

formação e motivação.– Excelente em comunicação a todos os níveis.– Capacidade de delegar tarefas e gerir resultados.– Elevada resistência a pressão e contrariedade.– Carta de condução e disponibilidade para viajar no território

nacional.– Preferencialmente residente na Grande Lisboa.

Condições:– Contrato de Trabalho de 12 meses renovável.– Salário de acordo com o mercado e experiência.– Carro, laptop, tablet e telemóvel.

Se o seu perfil corresponde ao acima pretendido, envie o seu currículo + foto de rosto, com a Ref.ª NFM_02.2017, para: [email protected]

Empresa multinacional situada na Beira Interior, dedicada à pro-dução de componentes para a indústria automóvel, pretende recrutar:

LICENCIADO EM GESTÃO COMERCIAL

(m/f)

Função: – Assume a função de Gestor Comercial em empresa de referência.– Irá assumir funções comerciais, realizando prospeção comerci-

al, análise de mercado e suporte em novos desenvolvimentos, trabalhando com o departamento técnico no desenvolvimento de soluções.

– Procuramos um profissional com mínimo de 2 anos de experiên-cia semelhante, com formação em Gestão Comercial ou similar, com experiência relevante na área técnica-comercial, no sector da Indústria e excelentes conhecimentos da língua Inglesa.

– Será essencial demonstrar aptidão comercial, capacidade ana-lítica e de negociação, competências comunicacionais e de re-lação interpessoal, assim como espírito de equipa e orientação para resultados.

– A função reporta diretamente ao Commodity Manager Plastic and Masterbatch do Grupo.

Perfil do candidato: – Habilitações mínimas ao nível de Licenciatura em Gestão

Comercial (fator preferencial); – Experiência mínima de 2 anos em funções similares; – Domínio da língua inglesa (fator eliminatório), espanhola e fran-

cesa (fator preferencial); – Forte aptidão comercial;– Elevado sentido de responsabilidade e proatividade; – Disponibilidade para deslocações ao estrangeiro (fator eliminatório).

Se possui estas características, envie os seus dados pessoais para [email protected]

VENDEDOR CAMIÕES(vndusados_01_1702)

Função:Prospeção, venda e dinamização da carteira de clien-tes de veículos pesados usados em marca de pres-tígio, a nível nacional. Acompanha, superintende e realiza avaliações, análises de risco, campanhas e financiamentos a clientes finais.

Perfil (m/f):– Experiência mínima de 3 anos no sector, em fun-

ções similares;– Forte dinamismo e proatividade;– Boa fluência verbal e facilidade de relacionamento

interpessoal;– Resistência ao stress e automotivação;– Capacidade de trabalho em equipa;– Bom domínio de ferramentas informáticas na ótica

do utilizador;– Disponibilidade total.

Resposta, com CV detalhado, indicando a ref.ª respetiva, através do site:

www.expressoemprego.pt

Empresa pertencente a Grupo In-ternacional, localizada em Santa Maria da Feira, recruta para:

FUNÇÃO

CONTROLO CRÉDITO

(m/f)

Inserida no Departamento Administrativo/Financeiro

Requisitos: Habilitações ao nível de licenciatura; Experiência profissional mínima 1 ano; Domínio ferramentas informáti-cas Microsoft Office (Word, Ex-cel, Outlook); Conhecimentos SAP valorizados; Fluência francês e inglês; Proatividade, dinamismo e iniciativa.

Enviar CV [email protected]

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (11-02-17 19:42)

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA34

Multinacional Industrial, líder no mercado onde atua, pretende recrutar (m/f):

PURCHASING & SUPPLY CHAIN MANAGER

A reportar ao Diretor Comercial, o profissional será responsável por:– Liderar a equipa de compras e de logística;– Garantir o cumprimento da política de Compras ins-

tituída; – Efetuar procurement, negociação e contratualização

com fornecedores;– Gestão de ferramentas de avaliação de fornece-

dores; – Controlar os níveis de stock e gestão logística;– Reporte de KPI’s.

Perfil:– Licenciatura em Gestão ou Engenharia;– Experiência profissional mínima de 8 anos na área

das compras e logística;– Fluência da língua inglesa;– Forte empenho e espírito de equipa.

Caso reúna os requisitos expostos, envie a sua candidatura para o endereço:

[email protected]

ADVOGADO(A)Para integrar Escritório

na Baixa de Lisboae futura Sociedade de Advogados

ESTAGIÁRIO(A)Para Estágio multidisciplinar

e exigenteRespostas para:

[email protected]

Procuramos (m/f)

DESPACHANTE OFICIAL

OU AJUDANTE DE DESPACHANTE

Com experiência para chefiar e coordenar escritório em Lisboa – Idade 35/50 anos.

Enviar Curriculum com foto para

[email protected]

A Plataforma Legal, PME Líder (2014, 2015 e 2016) e Excelência (2014 e 2015), pro-cura Colegas (m/f) para o seu escritório de Lisboa:

ADVOGADOS E SOLICITADORES ESTAGIÁRIOS

OU RECÉM-AGREGADOSPara integrar as suas Equipas de forma-lização e concessão de crédito bancário.Possibilidade de integrar uma equipa de prestígio e que conta com mais de 200 Colaboradores.

e-mail: [email protected]

Pretende recrutar (m/f):

ENG.º ELETROTÉCNICOProcuramos profissional com:• Licenciatura/Bacharelato em Engenharia Eletrotécnica

(ramo energia)• Preferência com experiência em Instalações Industriais e

Infraestruturas Elétricas • Residência no Distrito de Santarém• Disponibilidade para deslocações (a nível Nacional)• Conhecimentos de automação

O candidato a recrutar irá ser responsável pela pesquisa e angariação de novos clientes, orçamentação e planeamen-to e coordenação de obras.

Oferecemos: Condições compatíveis com a experiência profissional e competências evidenciadas.

Os interessados deverão enviar CV para: [email protected]

Aceita projeto para Angola

ENGENHEIROAGRÍCOLA

– Experiente na Produção de Hortíco-las, Frutícolas e Arvenses em Angola;

– Larga experiência no setor de rações para animais.

Contacto:[email protected]

Empresa na área das renováveis e componentes, PME excelência, pro-cura (m/f):

TÉCNICO COMERCIAL

Para:– Gestão técnico-comercial de clientes

e angariação de novos clientes– Zona: Coimbra/Leiria (residente

na zona)– Preferencialmente licenciado em re-

nováveis ou com experiência no sector– Ordenado + comissões + seguro de

saúde

TÉCNICO DE ASSISTÊNCIA

Para:– Zona centro– Com experiência na área– Ordenado + seguro de saúde

Resposta c/ curriculum para [email protected]

Multinacional seleciona para os seus escritórios na área da grande Lisboa:

DIRETOR COMERCIAL (m/f)

Report direto ao Diretor-Geral.Este profissional terá como desafios:

• Recrutamento, seleção e formação de equipa comercial;

• Liderança, motivação e gestão da equipa comercial.

Se tiver vontade de assumir este desa-fio, contacte:[email protected]

TÉCNICO ACCOUNT PAYABLE (AP) HEALTHCARE IBÉRIA

PARA DEPARTAMENTO FINANCEIRO (LOCAL DE TRABALHO MIRAFLORES)

Perfil para a Função:– Licenciatura na área financeira, com conhecimentos

de Contabilidade e Fiscalidade associadas à conta-bilização de faturas;

– Bons conhecimentos de Inglês e Espanhol (obriga-tório);

– Conhecimentos de SAP;– Valoriza-se experiência profissional em departamen-

to AP.

Missão:Assegurar a conferência e contabilização de faturas de fornecedores, segundo as regras e políticas AL, as-sim como os inerentes processos financeiros e fiscais.

Procuramos um profissional (m/f) com boa capaci-dade de organização, com atenção ao detalhe, com forte orientação para os resultados e bom contacto interpessoal, que deseje desenvolver a sua carreira profissional na Air Liquide.

Oferecemos integração em empresa sólida e remune-ração compatível com a função.

Se está interessado, envie o seu curriculum vitae para: [email protected] ou por correio postal para: Airliquide Medicinal – Direção de Recursos Humanos, R. Dr. António Loureiro Borges, n.º 4-3.º Arquiparque Miraflores – 1495-131 Algés

Artys, Estudo de Projetos e Obras

Pretende-se para os quadros:

COORDENADORES(m/f)

• Experiência na função• Conhecimentos obras

de remodelação (Preferencial)• Capacidade de comunicação• Capacidade de organização• Idade entre os 35 a 50 anos• Sentido de responsabilidade

Oferece:• Vencimento base• Prémios• Subsídio de transporte• Integração em equipa sólida• Contrato de trabalho

Responder para:[email protected]

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 35

Think Growth!Afonso Carvalho

A Organização para a Cooperação e De-senvolvimento Eco-nómico (OCDE) foi

muito clara no relatório que publicou a 19 de janeiro 2017: “Portugal should build on re-forms to boost job creation” (Portugal deve fazer refor-mas para alavancar a criação de emprego). A leitura aten-ta do relatório permite-nos refletir com um pormenor cirúrgico sobre todas as alte-rações efetuadas entre 2011 e 2015, ao mesmo tempo que suspiramos com a quan-tidade de ideias que prova-velmente teriam ajudado na criação de emprego, mas que por alguma razão não foram legisladas ou implementadas.

Acredito que relatórios como este existem em abun-dância e que todos eles têm uma coisa em comum, a coe-rência das ideias, a urgência das medidas e a consistên-cia das mesmas ao longo dos últimos anos pelo que navegar à vista numa época tão tecnológica parece-me imprudente e pouco sensa-to, daí não compreender o porquê de não se recorrer a um GPS como é este relató-rio que a OCDE disponibiliza para que o mercado de tra-balho e consequentemente a vida dos trabalhadores e das empresas se torne um pouco melhor.

Dito isto, não acredito que muitas das sugestões que a OCDE fez alguma vez vejam a luz do dia. No entanto, que-ro acreditar que a melhoria de acesso aos mercados, a melhoria dos saldos orça-mentais e o decréscimo do nível de desemprego, que in-fluenciaram positivamente a recuperação económica em Portugal, não ceguem quem decide pois o nosso país está demasiado exposto às vul-nerabilidades do sector ban-cário, a uma dívida pública muito elevada e às variáveis nacionais e internacionais que jogam contra uma po-tencial e vigorosa recupera-ção económica de Portugal.

Obviamente que a coloca-ção em prática das sugestões da OCDE não seria, por si só, o dínamo do mercado de trabalho, dado que muito dependerá do crescimento económico mas certamente que no contexto atual e num contínuo cenário de tama-nha imprevisibilidade contri-buiriam e muito. Como diria alguém, é só fazer as contas.

Diretor-geral Kelly Services e presidente da APESPE

Não compliquem

A colocação em prática das sugestões que a OCDE refere não seria, por si só, o dínamo do mercado de trabalho, mas certamente que no contexto atual e num contínuo cenário de tamanha imprevisibilidade contribuiriam e muito

OPINIÃO

Em 2004 aterrou em Madrid com um contrato local para integrar a equipa da Kellog’s, como gestor de marca. O caste-lhano não era o seu forte. Dizer que não falava uma só palavra será excessivo, mas a fluência no idioma não era, definitiva-mente, uma das suas mais-va-lias. Enfrentou o desafio que não hesita em classificar como a maior dificuldade com que se deparou na carreira. De lá para cá, Filipe Bonina, o economista que se apaixonou pela gestão das marcas, assumiu múltiplos desafios nacionais e interna-cionais. Chegou a diretor de marketing ibérico da Coca-Co-la. Acaba agora de garantir um lugar na comissão executiva da Sociedade Central de Cervejas.

Em outubro de 2015, Filipe Bonina trocou Espanha, onde desenvolvia carreira há mais de uma década, por Portugal, para abraçar o desafio que lhe

“Liderar é responsabilidade, não é estatuto”

Filipe Bonina 42 anos, reforça a Comissão Executiva da Sociedade Central de Cervejas

fora lançado pela Central de Cervejas: liderar o marketing da marca Sagres. Menos de um ano e meio depois ascende a membro da comissão executiva da empresa e assume o cargo de diretor global de marketing da Central de Cervejas decidido a “garantir a preferência dos portugueses pelas marcas da Central de Cervejas e Bebidas”.

Do currículo do gestor fa-zem parte empresas como a Unilever, a Kellog’s e a Coca--Cola, sempre à escala ibéri-

ca. “Aprender rapidamente é algo essencial quando estamos num contexto que nos é estra-nho”, recorda. Uma convicção que ainda hoje mantém e que orienta o seu dia a dia profissi-onal, a par de outra não menos relevante. A de que “liderar é uma responsabilidade, não um estatuto”.

Para Felipe Bonina, indepen-dentemente da área de atuação do profissional, no atual con-texto, qualquer profissional com aspirações de vencedor tem de “estar preparado para perder algumas vezes”, antes de triunfar. A incerteza e a ve-locidade da mudança imposta pelos negócios assim exigem. Mudar o que entende estar mal sempre foi uma das priorida-des de Filipe Bonina nos vários cargos que foi ocupando. Para o gestor, “os princípios de ges-tão podem, e devem, ser ques-tionados regularmente”. Já os

princípios éticos, esses, “não devem ter margem”, defende. São inabaláveis.

Filipe Bonina deixou Espanha pelo que diz ser “a oportunidade de trabalhar numa companhia de marcas influentes no merca-do português e com uma área ampla de atuação local”. É esse o seu desafio, seja “no leme” do marketing da Central de Cerve-jas ou na comissão executiva da empresa onde tem agora lugar.

Cátia [email protected]

“Neste contexto, um profissional que queira triunfar tem de estar preparado para perder algumas vezes”

FORMAÇÃO

Instituto Superior de Economia

e Gestão, de 1992 a 1997, licenciatura

em Economia

PERCURSOUnilever (Portugal), de 1998 a 2004, gestor de marca Kellog’s (Madrid, Espanha), de 2004 a 2008, gestor de marca sénior The Coca-Cola Company (Madrid, Espanha), de 2008 a 2009, gestor de marca sénior e responsável de marketing para Portugal The Coca-Cola Company, de 2009 a 2012, diretor de marketing para o mercado português The Coca-Cola Company, de 2012 a 2015, diretor de marketing ibérico Sociedade Central de Cervejas (Portugal), de 2015 a 2016, diretor de marketing da marca Sagres Sociedade Central de Cervejas (Portugal), desde 2016, membro da comissão executiva e diretor de marketing

HÓBISLeitura

Viagens Gastronomia

ÚLTIMA LEITURA “O Homem Que Plantava Árvores”, de Jean Giono

MISSÃO“Garantir a preferência

dos portugueses pelas marcas da Central

de Cervejas e Bebidas”

AMBIÇÃO DE CARREIRA

“Deixar sempre, na minha área de

atuação, um negócio melhor do que

encontrei à minha chegada”

PESSOAS

Pedro Pinto Lourenço

Depois de sete anos na Microsoft Portugal onde entrou como gestor de contas (account executive) para a Administração Pública, Pedro Pinto Lourenço assume a liderança da unidade de negócio de Soluções Empresariais (Dynamics 365). No novo cargo, o gestor estará focado em potenciar o uso de soluções empresariais Microsoft.

Manuel Monteiro-Grillo O diretor da Clínica Uni-versitária de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Lisboa foi recentemente eleito para presidir à direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). Manuel Monteiro-Grillo exercerá o cargo até 2018.

Miguel Marques dos Santos

É o mais recente reforço da equipa de sócios da socieda-de de advogados Vieira de Almeida e Associados (VdA), integrando a área de prática de Imobiliário & Ambiente. Mi-guel Marques Rodrigues tran-sita da Garrigues, onde foi até outubro de 2016 responsável pela prática de Imobiliário e Urbanismo.

Helena Freitas Acaba de assumir funções como responsável de assun-tos externos (external affairs) da farmacêutica Sanofi em Portugal. Helena Freitas é licenciada em Economia e soma uma carreira passada entre a auditoria, a gestão financeira e o sector farma-cêutico. Transita da Bristol--Myers Squibb cuja equipa integrava desde 2004.

39 anosLisboaCasado1 filhaLicenciado em Sociologia

47 anosLisboaCasado3 filhosLicenciado em Direito

Detêm nas mãos o destino de negócios e equipas, mas estão longe de ser infalíveis. Sim, tal como há profissionais que não reúnem as competências necessárias à função que exercem, também há líderes fracos que não cumprem os requisitos para a função. É de maus líderes que falamos e para identificá-los até bastam apenas cinco características.

1 Incapacidade para decidirQue tome decisões e que assuma responsabilidade, é o que se espera de um líder. Se o líder não consegue decidir, quem seguirão os profissionais e quem orientará a estratégia da empresa ou departamento?

2 Ausência de focoTer dificuldades de concentração e foco na resolução de problemas quotidianos é, no contexto empresarial, visto como um sinal de imaturidade, não admissível em cargos de liderança.

3 Dificuldade em gerar empatiaUma das características-chave de um bom líder é a sua capacidade para conhecer os elementos da sua equipa, as suas necessidades e, por essa via, gerar empatia com os seus profissionais. Em muitos casos, sucede o inverso, um distanciamento e uma indisponibilidade para assumir “o lugar do outro” que é prejudicial à motivação das equipas.

4 Confiança é tudoO líder tem de ser a figura de gestão na qual os profissionais depositam a sua máxima confiança e mais podem

contar. Frequentemente, acontece o inverso. Liderar pelo exemplo é hoje apontado pelos gurus da gestão como o mandamento-chave que todos os líderes devem cumprir, sob pena de não conseguirem gerar equipas coesas.

5 Otimismo, precisa-se!Não tem de ser um otimista irracional, daqueles que quando tudo está a ruir continua a afirmar que o negócio está em crescimento, mas enquanto líder — e de forma realista — deve conseguir convencer e motivar as suas equipas de que determinado projeto vale todo o investimento e dedicação.

DICAS 5 CARACTERÍSTICAS D OS ‘FRACOS’ LÍDERES

*Onde empresas de excelência encontram talentos de excelência.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (11-02-17 19:42)

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA36

Olhar o SulManuel Ennes [email protected]

OPINIÃO

Pedro Ferraz da Costa

1 A discussão do emprego e dos salários concentrou-se estranhamente na fixação do salário mínimo e em eventuais compensações para empresas e instituições que não pudessem acomo-

dar o nível fixado pelo Governo, no acordo político que o viabilizou.

Acrescentou-se agora a essa discus-são a questão da eventual reversão das alterações introduzidas no período da troika na legislação de trabalho.

O PCP e o BE, tendo obtido no úl-timo ano as compensações exigidas para apoiar o Governo minoritário do PS, procuram novas bandeiras que lhes permitam segurar eleitores em próximas eleições.

Simultaneamente, e num plano dife-rente, a OCDE e outras instituições in-ternacionais, referem a incapacidade governamental de conduzir reformas estruturais como um dos maiores obs-táculos ao crescimento e, por isso, um fator de risco para os nossos credores.

Ora, as reformas conduzidas no pe-ríodo da troika foram positivas mas até agora foram insuficientes.

2 Para centrar a discussão na situa-ção atual e nos desafios futuros é importante desmistificar muitas

“pós-verdades” que circulam sobre o tema:

Entre 2011 e 2015 a população em-pregada com habilitações até ao 3º ci-clo do ensino básico reduziu-se de 2913 mil para 2252 mil (-661 mil empregos), mas aumentou de 935 mil para 1157 mil (+222 mil empregos) para ativos com ensino secundário e pós-secun-dário e ainda mais para os ativos com o curso superior, de 892 mil para 1152 mil (+260 mil empregos).

Mesmo com esta evolução positiva, continuamos a ser na UE o país com

As reformas conduzidas no período da troika foram positivas mas insuficientes. Será melhor não reverter mais medidas na regulamentação laboral e definir as reformas que vamos fazer

Além das reduções da TSU (2)

maiores problemas de qualificação de mão de obra.

Esta evolução (2011-2015) signifi-cou uma redução do emprego total de 179.000 postos de trabalho, resul-tado aritmético de perdas e ganhos de emprego.

Se por um lado a agricultura viu o emprego reduzir-se de 484 para 324 mil (-160.000 empregos) e a constru-ção de 423 para 283 mil (-140.000),

noutros sectores e nos níveis de ha-bilitação mais elevados criou-se mui-to emprego apesar da conjuntura financeira.

Criaram-se muitos postos de traba-lho mas não os suficientes. E este devia ser o ponto fulcral da discussão. Como criar mais e melhores empregos?

3 Melhores empregos são empregos com maior produtividade, melho-res salários e com sustentabili-

dade. Depende muito de um sistema educativo voltado para as novas ati-vidades, com destaque para a econo-mia digital — calcula-se que 65% das crianças que entram hoje no ensino primário trabalharão em novos tipos de emprego que ainda não existem. Mas depende ainda mais do inves-timento, quer em volume, quer em orientação. Um país que investe pouco torna-se obsoleto, principalmente em períodos de modernização global in-tensa. É o que nos está a acontecer. E o investimento tem de estar orientado para atividades competitivas interna-cionalmente. A interação entre boas escolhas estratégicas das empresas e

bons profissionais gera sucesso, lucros e melhores salários, financiamento fácil e crescimento forte.

4 Está o país mobilizado neste sen-tido? Lamento dizer que não está. Nem está, nem parece estar preo-

cupado com o assunto.Em boa parte porque nem o Estado

nem as empresas têm dinheiro. A taxa de poupança está a um nível miserável e não há qualquer referência do Go-verno, nem do ministro das Finanças a medidas para aumentar a poupança.

O que nos leva a reforçar a opinião de que a atração de IDE devia ser a prioridade, quer na seleção das me-didas de política económica e laboral quer na ação externa do Governo.

5 E no que diz respeito à atração de IDE convém ver o que acham os investidores, os únicos relevantes

para a decisão de localizar novas ati-vidades em Portugal… ou noutro país.

Segundo o relatório Global Compe-titiveness Report 2016, os fatores mais problemáticos são: taxa de imposto; burocracia governamental ineficiente; instabilidade das políticas; legislação laboral restritiva; legislação fiscal.

As taxas de impostos são agora o fator mais problemático e passaram a primeira preocupação este ano.

A burocracia passou de 1ª para 2ª.A preocupação com a regulamenta-

ção laboral também voltou a aumentar e é agora a 4ª.

Será melhor não só não reverter mais medidas nesta área como prin-cipalmente definir e anunciar publi-camente quais as reformas que vamos fazer.

E não esquecer que as reformas do tempo da troika nos tinham feito subir nos índices internacionais de competi-tividade e já estamos a descer outra vez.

Presidente do Conselho Diretivo do Fórum para a Competitividade

Continuamos a ser na União Europeia o país com maiores problemas de qualificação de mão de obra

É uma pergunta fulcral: como criar mais empregos? FOTO RUI DUARTE SILVA

Capital de Risco por Rodrigo de Matos

Santos (Silva) é ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. (Dos) Santos é Presidente de Angola. O pri-

meiro está no cargo há pouco mais de um ano (14 meses) enquanto o segundo assentou há mais de 37 anos (448 meses). Tudo indica que o Santos português lá continuará e que o Santos angolano de lá sairá em agosto. Do primeiro se pode dizer que tem cumprido a tarefa competentemente o que inclui, e não é pouco e por contraste com o ministro da mesma pasta do go-verno anterior, uma posição equili-brada quando se pronunciou sobre a decisão da justiça angolana rela-tivamente ao caso dos chamados Revus no ano passado. Vai este fim de semana a uma Angola que continua mergulhada na crise. E como já se viu em filmes anteriores, em situações deste tipo e quando muitos viram costas a Angola, este país redescobre as virtualidades de Portugal como importante parceiro que evidentemente é. Diz-se que na sua agenda está a preparação da futura visita do primeiro-ministro e do Presidente da República. Mas também se refere o bom momento bilateral e a excelente ocasião que se abre para recolocar nos carris a parceria, estratégica ou não, que

descarrilou em anos recentes... Mas se tudo isto é inegavelmente impor-tante e significativo para ambas as partes, também não era necessário que tivesse um dia infeliz e dissesse, a propósito da decisão do seu xará angolano em não se recandidatar nas próximas eleições de agosto, que “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões interna-cionais”!!!! (Lusa, 3 de fevereiro). É um facto que nunca é tarde para se cair na real, mas também não vale tudo para aproximar os países. Mas (Dos) Santos, que lê a imprensa por-tuguesa, já avisou que ‘vai andar por aí’, para já apenas como presiden-te do partido. Entretanto, poderia aproveitar o tempo que ainda tem como figura máxima do Estado e da sua agremiação para reconhecer, e já agora esclarecer, a tragédia que foi para Angola a perda de milhares de pessoas, quero dizer, de recursos humanos qualificados e não-qualifi-cados que hoje o país tanto lamenta não possuir, com acontecimentos que direta ou indiretamente envol-veram o seu partido: o 27 de maio, a revolta ativa, ou mesmo a OCA. O desaparecimento físico ou a procu-ra do exílio comprometeram, nos anos imediatamente a seguir à in-dependência, uma invejável fonte de recursos humanos. Até hoje. Não me atrevo a sugerir a Santos de cá que aborde a questão. Aliás, nem sei se os Santos se vão encontrar no paraíso que é Luanda... fora da hora de ponta, naturalmente. Mas, mais tarde, e em balanço, será que é desta que se vai poder reescrever o ditado popular e dizer ‘Santos da casa fazem milagres’?

Professor do ISEG/ULisboa

Santos da casa fazem milagres?

Eventualmente dois Santos vão encontrar-se em Luanda para dar novo alento à parceria luso-angolana

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 37

Europa Descida das taxas de juro nos países periféricos do euro é uma consequência esperada

O ‘Brexit’ pode ajudar a economia da zona euro

Sónia M. Lourenço

Se acredita que o ‘Brexit’ é um dos principais fatores de risco para a economia europeia, saiba que Mathilde Lemoine, economis-ta-chefe do grupo Ed-mond de Rothschild, tem uma posição opos-

ta e acredita que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode impulsio-nar o crescimento na zona euro. Mais ainda, que os países periféricos do euro, como Portugal, podem estar entre os principais beneficiados.

Mathilde Lemoine sustenta a sua posição na arquitetura financeira eu-ropeia. A principal câmara de com-pensação (uma infraestrutura chave para garantir a liquidez nos mercados financeiros) para operações financeiras denominadas em euros está sedeada em Londres, sendo supervisionada pelo Banco de Inglaterra, e não pelo Banco Central Europeu (BCE). Mas isso pode mudar com o ‘Brexit’. “A minha teoria é que o eurossistema vai pedir para relocalizar a câmara de compensação na zona euro, sem esperar pela nego-ciação para a saída do Reino Unido da UE.” Várias notícias apontam que a UE está já a preparar regras para aplicar restrições territoriais à compensação de várias operações financeiras deno-minadas em euros.

Como resultado, “os principais ban-cos europeus, que estão sedeados em Londres para efeitos de compensação, virão para a zona euro, impulsionando a atividade financeira” na área da moe-da única, aponta Mathilde Lemoine, estimando um fluxo financeiro de €700 mil milhões.

Mas as consequências não ficam por aqui. Esta relocalização “ajudará à im-plementação da política monetária do BCE e, portanto, o spread [diferencial] entre taxas de juro dentro da zona euro será mais baixo”, defende a economis-ta. Até porque a câmara de compensa-ção passará a estar sob supervisão do BCE. Por isso, “podemos esperar taxas de juro mais baixas nos países do Sul da Europa”.

Ganham os Estados, mas também as empresas, já que a descida nos juros deverá abranger “não apenas as ta-xas soberanas, mas também as pagas pelas empresas para se financiarem”, considera Lemoine, lembrando que “o

MUND O >>

problema para os países periféricos, como Portugal, não é apenas o nível das taxas de juro soberanas, mas também das taxas para as empresas”.

A União Bancária também ajuda a baixar o custo de financiamento das empresas, tal como o programa de compra de dívida do BCE, já que o su-pervisor está a adquirir “obrigações empresariais e não apenas de grandes empresas, mas também das mais pe-quenas”, lembra a economista. “Acho que o BCE quer continuar a limitar o spread entre soberanos e empresas, mas também entre Norte e Sul da Euro-pa”, destaca Mathilde Lemoine.

Já as consequências negativas do ‘Brexit’ poderão vir da depreciação da libra, penalizando as exportações euro-peias para o Reino Unido. Mas, mesmo aqui, Mathilde Lemoine está otimista. “Os exportadores têm uma capacida-de de reação muito grande, ajustando preços e encontrando mercados alter-nativos. Olhando para o exemplo ale-mão, quando o crescimento económico chinês encolheu, tentaram impulsionar as suas exportações para os Estados Unidos, que se tornaram no primeiro mercado germânico ao fim de apenas dois trimestres. Foi muito rápido.”

Inflação deflacionista

Mathilde Lemoine antecipa que o BCE mantenha a atual linha de ação, sus-tentando a evolução da economia euro-peia, apesar da subida da inflação, em particular na Alemanha. Tudo porque acredita que Mario Draghi, presidente do BCE, “está muito mais prudente do que os investidores, porque não acredi-ta realmente que o aumento da inflação total pode alimentar a inflação nuclear [excluindo a energia e os bens alimen-tares, que têm preços mais voláteis] e

as expectativas sobre a inflação futura”. Segundo as últimas previsões do BCE, a inflação na zona euro vai ficar abaixo dos 2% pelo menos até 2019.

A aceleração dos preços “resulta ape-nas de um efeito base devido ao aumen-to do preço do petróleo”, diz Lemoine. E frisa: “As reformas estruturais e o crescimento na Europa não são sufi-cientes para impulsionar os salários, para os quais prevejo uma evolução muito moderada, devido à produti-vidade”. Para a economista o risco é, por isso, uma inflação deflacionista. A subida dos preços “pode pesar no rendimento real disponível das famí-lias, limitar o consumo e penalizar as vendas das empresas, numa altura em que os lucros também são afetados pelo aumento de preço dos inputs, como a energia. Como resultado, a procura continuará fraca, o que levará a pres-são deflacionistas e a uma redução da inflação nuclear”.

A atuação do BCE, sobretudo o pro-grama de compra de dívida, “é muito interessante para os países do Sul da Europa”, nota Mathilde Lemoine, es-timando que, no final de 2017 “o BCE pode deter 33% do mercado obrigacio-nista soberano da zona euro. É enorme e significa que mesmo que haja algum movimento nas taxas de juro, o merca-do continuará a ser dirigido pelo BCE”.

Por isso, deixa um alerta para os investidores: quando o BCE compra obrigações soberanas ou empresariais “puxa para cima o preço desses títulos. O preço elevado pode não significar alguma coisa de positivo, mas ser só o resultado da intervenção do BCE. Os investidores devem ser cautelosos, porque os preços relativos dos ativos não são reais devido à intervenção dos bancos centrais”.

[email protected]

Mathilde Lemoine, economista-chefe do grupo Edmond de Rothschild, vê vantagens no ‘Brexit’ FOTO ALBERTO FRIAS

Donald Trump anunciou maior protecionismo nos Estados Unidos. A China e União Europeia podem reagir

“Há risco de uma guerra comercial”

O mundo pode estar à beira de uma guerra comercial. Mathil-de Lemoine, economista-chefe do grupo Edmond de Roths-child, diz que “há um risco”. Tudo por causa do programa económico de Donald Trump. O Presidente norte-americano já anunciou aumentos de ta-rifas aduaneiras em relação a parceiros como a China e o Mé-xico. E, para Mathilde Lemoi-ne, não vai ficar sem resposta.

“Grandes parceiros, como a China ou a União Europeia, têm capacidade de reação”, destaca, salientando que o mundo mudou nos últimos anos. “Desde 2008, a China explicou 32% do crescimen-to global e os Estados Unidos apenas 12%. Além disso, as im-portações norte-americanas são apenas 12% das importa-ções mundiais, o que compara com 18% a 20% antes da crise”. Acresce que “a União Europeia e a zona euro são muito mais fortes enquanto potência polí-tica do que antes da crise”.

Por isso, “é muito difícil para os Estados Unidos decidirem sozinhos sobre a política co-mercial. Penso que é impossí-vel”, frisa Mathilde Lemoine. O resultado “é o risco de uma guerra tarifária, mas é um sinal que o mundo é hoje mais equi-librado do que antes da crise. E penso que Donal Trump ainda não percebeu isso”.

Para Mathilde Lemoine, o ho-mem-chave para o crescimento global é o Presidente chinês Xi Jinping. E não Donald Trump. A melhoria das perspetivas de crescimento “começou a meio

de 2016, antes da eleição de Do-nald Trump, e veio do estímulo orçamental chinês”.

Para este ano, a economis-ta espera um crescimento de 2% nos Estados Unidos. Um número abaixo do consenso do mercado. “Mesmo que a re-dução de impostos anunciada por Donald Trump seja posta em prática, o impacto positivo será em parte anulado pelo au-mento dos preços da energia e a aceleração no crescimento será limitada”.

Já na zona euro aponta para uma expansão do PIB de 1,6%, em linha com 2016. “A austeridade não será aplicada de forma tão dura, o que vai, provavelmente, compensar em parte o impacto negativo no consumo da subida do preço do petróleo”.

Quanto a Portugal, o PIB permanece abaixo do nível anterior à crise. O declínio da população em idade de traba-lhar agrava o problema. “Mes-mo que o crescimento na zona euro permaneça forte, prova-velmente não será suficiente para que os países do sul da Europa consigam voltar aos níveis antes da crise durante muito tempo”. S.M.L.

Para Mathilde Lemoine, o Presidente chinês Xi Jinping é o homem-chave para o crescimento global. E não Donald Trump

FINANÇAS

O peso do nome Rothschild

O grupo Edmond de Rothschild resulta de uma tradição familiar com 250 anos na alta finança. Com 2700 funcionários a nível mundial e €150 mil milhões de ativos sob gestão, o grupo está especializado em banca privada e gestão de ativos, operando também nas áreas de soluções financeiras para as empresas, capital de risco e administração de fundos de negócios. Presente em 13 países, o grupo está em Portugal desde 2000, através de uma sucursal do Banco Edmond de Rothschild.

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017ECONOMIA38

MUND O

Há quem esfregue as mãos de contente com menos regulação em Wall Street. Outros temem uma nova crise financeira

Trump prepara desregulação financeira

1 EUA

O que é que Donald Trump pretende mudar na regulação em Wall Street? Qual vai ser a extensão das mudanças regula-tórias que quer implementar? Para já, a ordem para que seja revista a lei Dodd-Frank já está assinada pelo Presidente dos EUA, que deu 120 dias aos re-guladores para rever as regras do sector financeiro e sugerir alterações. Quaisquer grandes mudanças na lei terão de pas-sar pelo Congresso norte-ame-ricano. E os democratas pro-metem dar luta para manter as regras mais apertadas que foram criadas na sequência da crise financeira de 2007-2008, que mergulhou o mundo numa crise global.

Desde cedo que Trump avi-sou que queria mudar a Dod-d-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act, o nome completo da legislação criada em 2010. E tem consigo, como conselheiro, Gary Cohn, o anterior segundo homem mais forte do Goldman Sachs.

As reações foram claras. Em Wall Street, os dias são de má-ximos históricos. Só as ações do Goldman Sachs subiram quase 5% na sexta-feira, 3 de fevereiro, com a assinatura da ordem executiva por parte de Trump. O Presidente dos EUA a lei “Dodd-Frank é um desastre” e tem danificado o “espírito empreendedor” do país e limitado o acesso ao cré-dito. “Precisamos que colocar os bancos de novo no negócio

do crédito”, afirmou Cohn, as-sessor de Trump, à Fox, citado pela Bloomberg.

Trump não só quer reverter a regulação financeira imple-mentada em 2010, como deci-diu acabar com a regra fiduciá-ria da Administração Obama, que obrigava os gestores de ativos relacionados com pen-sionistas a trabalhar no melhor interesse dos seus clientes.

“Para já, a ordem de Trump vai ter um impacto imediato limitado além do ato simbóli-co: vai ser preciso convencer o Congresso para mudar esta lei”, defende o Commerzbank numa análise. “No entan-to, é muito importante para marcar o tom, com impacto direto no sentimento, como demonstrado pela forte subida das cotações das ações do Citi, Goldman, Morgan Stanley, JP Morgan e Bank of America Merrill Lynch”, sublinham os analistas do banco germânico.

Num briefing na Casa Bran-ca, segundo notificou a Bloom-berg, um porta-voz de Trump explicou que o objetivo é re-mover o peso regulatório sobre o sector financeiro e abrir as opções dos investidores.

Com a Dodd-Frank os ban-cos passaram a ter de possuir uma almofada de capital supe-rior para fazer face a futuros problemas e acomodar crises. “Os investidores estão a salivar acerca dos 130 mil milhões de dólares (€122,2 mil milhões) em excesso de capital que os seis maiores bancos norte-a-mericanos tinham em 2016, acima do mínimo exigido”, re-fere uma análise da Reuters. E acrescenta: “O excesso de capital pode teoricamente ser devolvido aos acionistas — ou usado para suportar a conces-são de crédito.”

Segundo o “Financial Times”, a indústria de derivados — apontada como o responsável pela crise financeira — antecipa mudanças modestas na regu-lação. O presidente-executivo da ISDA (International Swaps and Derivatives Association), que representa a indústria, defendeu que a Dodd-Frank tornou o sector financeiro ame-ricano mais seguro. A própria presidente da Reserva Federal (Fed), Janet Yellen, defendeu em janeiro as reformas do sec-tor bancário e financeiro im-plementadas após 2008. “São mudanças muito importantes”, afirmou num discurso quan-do já anteviam alterações pela Administração Trump. “Eu certamente não quereria ver uma reversão”, referiu então Yellen. Já o ex-presidente da Fed, Alan Greenspan, alertou várias vezes que a Dodd-Frank não resolveu os problemas que levaram à crise e deveria ser eliminada.

Elisabete [email protected]

REGULAÇÃO PÓS-CRISE

Bancos mais fortesSubiram os requisitos de capital e os níveis de liquidez, forçou-se uma desalavancagem e os bancos passaram a ter testes para medir a sua capacidade de lidar com choques.

Derivados escrutinadosA negociação passou a ser mais transparente e escrutinada e passou a ser mais clara a divulgação de posições.

Regra Volker Criada para reduzir a tomada de riscos pelos bancos comerciais e proteger os seus depositantes e os contribuintes.

Regra fiduciáriaEsta regra visa obrigar os gestores de ativos relacionados com pensões de reforma de agirem na defesa dos interesses dos seus clientes.

Calote em bar nos EUA afasta banqueiro do BTG

2 BRASIL

Marco Gonçalves, administrador do BTG Pactual e um dos homens que negociaram a fusão da PT com a bra-sileira Oi, foi afastado esta semana da administração do banco, depois de noticiada uma dívida de muitas deze-nas de milhares de dólares numa dis-coteca de Nova Iorque. Segundo “The New York Daily News”, o responsável pela área de fusões e aquisições do BTG, gastou em dois dias (10 e 11 de junho do ano passado) na discoteca Provocateur, em bebidas, cerca de 340 mil dólares (€319 mil). Quando foi para pagar a conta o cartão de cré-dito rejeitou a despesa. A Provocateur foi para tribunal e oito meses depois chegou a acordo com Gonçalves. Mas o BTG, cujo ex-presidente André Es-teves está detido por causa do caso Lava-Jato, preferiu ainda assim afas-tá-lo do cargo. Gonçalves veio várias vezes a Lisboa para se reunir com Zeinal Bava e Luís Pacheco de Melo para discutir os pormenores da fusão PT/Oi. O BTG esteve envolvido na entrada da PT na Oi em 2010.

Rodrigo Rato ‘desviou’ €14 milhões do Fisco

6 ESPANHA

O ex-ministro da Economia espa-nhol e ex-diretor do Fundo Mone-tário Internacional (FMI) é suspei-to de ter escondido ao Fisco mais de €14 milhões entre 2004 e 2015. Ao todo, segundo a investigação da unidade antifraude da agência tributária espanhola, ficaram por pagar quase sete milhões de euros. A investigação da Oficina Nacio-nal de Investigación del Fraude (ONIF) durou dois anos e as suas principais peças foram esta semana divulgadas. Rodrigo Rato, ao diá-rio “El País”, diz estar a analisar estes dados e garante que vai con-testá-los. Rato foi detido em abril de 2015 por suspeitas de fraude e branqueamento de capitais rela-cionadas, entre outras coisas, com empresas offshore. Está também a aguardar julgamento por irregula-ridades enquanto foi presidente do Bankia — que resultou da fusão de vários bancos.

Banco central surpreende ao manter juros

7 ÍNDIA

O banco central da Índia surpreen-deu os investidores esta semana ao manter a taxa diretora inalterada em 6,25%. A maior parte dos es-pecialistas acreditava num corte para estimular o crescimento da economia indiana, numa altura em que a inflação está abaixo da meta de 5%. Em dezembro, baixou para 3,4%. A maior parte dos economis-tas ouvidos no inquérito da Reuters esperava uma descida de 25 pon-tos-base. Em 2016, o banco central fez dois cortes da taxa diretora, em abril e em outubro.

8 ARGENTINA

OS BANCÁRIOS PODEM AVANÇAR PARA UMA GREVE DE 24 HORAS, QUE SERÁ DISCUTIDA PELA ASSOCIAÇÃO BANCÁRIA DA ARGENTINA, NA SEGUNDA-FEIRA. TUDO PARA QUE SE CUMPRA O ACORDO QUE PREVÊ AUMENTOS SALARIAIS DE 24,5% NO SECTOR. NA ÚLTIMA SEMANA JÁ HOUVE INTERRUPÇÕES DE ATIVIDADE NO SECTOR, DEVIDO A REUNIÕES DOS TRABALHADORES

Berlim coloca pressão sobre Atenas

O Fundo Monetário Internacional até tinha admitido recentemente al-gum alívio à dívida grega, mas quem não vai em facilidades é Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha. Defende que se o Governo de Alexis Tsipras não cumprir com a execução do plano de reformas acor-dado, a Grécia terá de sair da Zona Euro.

3 GRÉCIA

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Expresso, 11 de fevereiro de 2017 ECONOMIA 39

Torre De Marfim Paul De Grauwe [email protected]

2016 2017

RISCO FRANCÊS DISPARASpread das obrigações a 10 anos face à Alemanha em pontos percentuais

0.8

0.6

0.4

0.2

0

FONTE: BLOOMBERG

MUND O

4 CHINA RESERVAS CAMBIAIS ABRANDAM QUEDA

3biliões de dólares (cerca de €2,8 biliões) foi a barreira quebrada pelas reservas cambiais da China em janeiro, pela primeira vez em cinco anos, noticiou o “Financial Times”. Contudo, a redução de 12,3 mil milhões de dólares (cerca de €11,5 mil milhões) nas reservas oficiais no primeiro mês do ano foi a mais baixa dos últimos sete meses. Números que indicam que o reforço do controlo dos movimentos de capitais pelas autoridades chinesas e um renminbi mais forte — a divisa chinesa recuperou 1% em janeiro — estão a conseguir desencorajar os fluxos de saída de capitais do gigante asiático. O pico nas reservas cambiais chinesas foi atingido em junho de 2014, quando chegaram quase aos 4 biliões de dólares (cerca de €3,7 biliões). Mas, desde então, estiveram sempre em queda. Muito por causa da forte intervenção do banco central do país, vendendo dólares para travar a depreciação da moeda chinesa, que perdeu 6,5% contra o dólar em 2016. Agora, a apreciação do renminbi reduziu a necessidade de intervenção.

Corrida presidencial provoca disparo no risco da dívida

5 FRANÇA

A incerteza política em França colo-cou o risco da dívida do país no máxi-mo de quatro anos. Na segunda-feira, o diferencial (spread) entre os juros franceses a 10 anos e os alemães dis-parou para um nível próximo de 0,8 pontos percentuais. Há três meses estava em redor dos 0,3 pontos. As taxas chegaram a 1,159%, perante os receios de que o escândalo em torno de François Fillon possa beneficiar a extrema-direita de Marine Le Pen na corrida à presidência. Entretanto, a pressão já baixou, e o spread está próximo de 0,6 pontos. Este episó-dio serviu para mostrar como a zona euro vai estar este ano fortemente dependente de acontecimentos polí-ticos, a começar pelas eleições fran-cesas, e como estes podem , num pis-car de olhos, baralhar as contas nos mercados. Em 2016, foi o referendo do ‘Brexit’ e, mais perto do final do ano, a vitória de Donald Trump. Vá-

rios países da zona euro têm dívida e défices excessivos — França é um deles — e qualquer pequena brisa pode facilmente provocar constipa-ções. Como pano de fundo, volta a falar-se na saída da Grécia do euro. E, já se sabe, quando a situação se complica e há receios, os investidores preferem ‘alemão’. É a dívida mais segura e, além disso, será convertida em marcos se a moeda única, por acaso, acabar. Não é pouco.

Erdogan cria salário para avós

9 TURQUIA

O Governo turco, liderado por Erdogan, decidiu fazer uma expe-riência-piloto que institui a atri-buição de um salário de cerca de €105 euros mensais para avós com menos de 65 anos que cuidem dos netos. A medida, anunciada esta semana pelo ministro do Traba-lho turco, Mehmet Müezzinoglu, pretende abranger especialmente as famílias de baixos rendimentos. Assim sendo, apenas as famílias em que o salário da mãe não ul-trapasse dois salários mínimos e que o rendimento do agregado familiar não chegue aos três salá-rios mínimos serão beneficiadas. O programa, que é experimental, vai durar pelo menos um ano e “se correr bem, poderemos também reconsiderar o limite dos 65 anos de idade”, explica ainda o mesmo responsável.

# REINO UNIDO

O DIA EM QUE AS HORTALIÇAS FORAM RACIONADAS Primeiro foram as curgetes, agora são as alfaces. A seguir podem ser o brócolos, as beringelas, as abóboras e outros legumes mais básicos. Cada vez estão a chegar menos hortaliças às prateleiras dos supermercados britânicos. “The Financial Times” esta semana fez manchete com o assunto, pois os preços daqueles dois produtos triplicaram nos últimos dias — no Reino Unido — e já há mesmo algumas cadeias a fazer racionamento.

A ideia trumpiana de que uma tarifa aduaneira é um instrumento para fazer o México pagar o muro baseia-se na ignorância das bases da economia

O Presidente Trump anunciou que iria cons-truir um muro entre o México e os Estados

Unidos e que os mexicanos o pagariam. Como? Através de uma taxa de importação de 20% sobre todos os produtos importados do México.

A sério? Uma taxa alfan-degária assegura que são os mexicanos a pagar o muro? A resposta é não. Os ameri-canos serão tão ou até mais pagadores do muro do que os mexicanos.

A teoria económica diz o seguinte acerca da questão de quem paga o fardo de uma taxa, como uma tarifa de im-portação ou um IVA: o fardo será dividido entre o produ-tor e o consumidor de um de-terminado produto taxado. Apliquemos esta visão à taxa de 20% sobre as importações do México para os Estados Unidos. O importador de produtos mexicanos vai ter de pagar ao Estado uma taxa de 20 por cento. Vai querer aliviar o peso desta taxa de duas formas: primeiro, tenta-rá aumentar o preço que recai sobre os consumidores norte--americanos; depois, tentará reduzir o preço que paga ao produtor mexicano. O fardo da tarifa aduaneira será por-tanto dividido entre consumi-dores americanos e produto-res mexicanos. Acerca destes últimos, convém dizer que são muitas vezes empresas ameri-canas (na sua maioria, fabri-cantes de automóveis que pro-duzem carros no México para o mercado norte-americano).

Qual será a quota das duas partes (consumidores nos Es-tados Unidos e fabricantes no México) na partilha do fardo fiscal é coisa que não pode ser estabelecida a priori. Tudo de-pende do que os economistas classificam como elasticidade do preço. Por outras palavras, depende de como os consu-midores americanos vão rea-gir ao aumento de preço e de como os produtores mexica-nos reagirão à descida do pre-ço de venda. É difícil dar uma resposta definitiva a isto sem entrar em pormenores sobre os vários bens mercados entre o México e os Estados Unidos.

Uma parte considerável das importações americanas do México consiste em automó-veis (25%) que são construí-dos principalmente por fabri-cantes americanos instalados naquele país. Não é de prever que estes produtores reduzam os seus preços de venda. O mais provável é que aumen-tem o preço que cobram aos consumidores americanos.

Os produtos agrícolas são outra grande parte das impor-tações do México. Os produtos agrícolas têm normalmente uma baixa elasticidade de pre-ços. Isto garante que os consu-midores americanos aceitem preços mais altos sem redu-zirem muito o seu consumo. Assim, uma vez mais a taxa so-bre a importação deverá mais provavelmente conduzir a um aumento de preço dos produ-tos agrícolas importados do México.

Concluo daqui que uma parte significativa da tarifa aduaneira será suportada pe-los consumidores americanos que pagarão mais pelos pro-

dutos importados do México. Uma grande parte do custo do muro será portanto supor-tado pelos cidadãos america-nos. Os mexicanos também pagarão uma parte do fardo da tarifa alfandegária. Alguns mexicanos perderão os seus empregos na indústria auto-móvel. De uma forma geral, a tarifa de importação reduzirá o comércio entre o México e os Estados Unidos e gerará assim menos recursos para construir o muro.

A ideia trumpiana de que uma tarifa aduaneira é um instrumento para fazer o México pagar o muro baseia--se na ignorância das bases da economia. Parece ser uma propriedade específica da ad-ministração Trump: as medi-das são tomadas com base na ignorância.

Há dois tipos de ignorância. O primeiro é não ter noção de que se é ignorante. A tarifa de importação como ferramen-ta para fazer o México pagar é deste tipo. Esta ignorância está no cerne da administra-ção Trump.

Há um segundo tipo de igno-rância. É a ignorância delibe-radamente disseminada para esconder outros interesses. Ao bombardear a população com uma barragem de men-tiras, a Administração Trump espalha o cinismo acerca de todas as coisas. Isto gera um ambiente em que ninguém pode acreditar em ninguém. A mentira sistemática tornou--se o método de espalhar a ig-norância como nevoeiro pela manhã.

O objetivo deste método de criar ignorância é muito cla-ro. Permite à Administração Trump ocultar interesses eco-nómicos e financeiros especi-ais. Apesar das promessas de ir limpar a casa, a Administra-ção Trump está recheada de milionários, representantes da indústria petrolífera e de Wall Street. Todos espalham histórias sobre a inexistência do aquecimento global e afir-mam que é uma invenção dos chineses; bem como contam contos sobre como é negati-vo para a economia regular a banca. Estas histórias criam cinismo e ignorância que são usados como alavanca para ocultar os interesses da in-dústria petrolífera e de Wall Street. Espalhar ativamente a ignorância também está no cerne da Administração Trump.

São grandes os riscos para o mundo de um navio-Trump go-vernado por pessoas que cons-ciente ou inconscientemente promovem a ignorância.

Professor da Universidade Católica de Lovaina, Bélgica

Há dois tipos de ignorância. O primeiro é não ter noção de que se é ignorante (...) Esta ignorância está no cerne da Administração Trump. Há um segundo tipo de ignorância. É a ignorância deliberadamente disseminada para esconder outros interesses

A ignorância como método de governação

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