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Cálculo II Mestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica 1. Ciclo em Física e Aplicações António J. G. Bento [email protected] Departamento de Matemática Universidade da Beira Interior 2020/2021 Bibliografia Cálculo II – pag. 2 Bibliografia principal: – Sarrico, C., Cálculo Diferencial e Integral, Esfera do Caos, 2009 – Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole Publishing Company, 2008 – Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 2, McGrawHill, 1983 Bibliografia secundária: – Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1 e 2, Reverté, 1993 – Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I e II, Escolar Editora, 1989 – Demidovitch, B., Problemas e exercícios de Análise Matemática, McGrawHill, 1977 – Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 2, Projecto Euclides, IMPA, 1989 – Lima, E. L., Análise Real, Vol. 2, Colecção Matemática Universitária, IMPA, 2004 – Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983

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Cálculo II

Mestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica1.◦ Ciclo em Física e Aplicações

António J. G. [email protected]

Departamento de MatemáticaUniversidade da Beira Interior

2020/2021

Bibliografia Cálculo II – pag. 2

Bibliografia principal:

– Sarrico, C., Cálculo Diferencial e Integral, Esfera do Caos, 2009

– Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole PublishingCompany, 2008

– Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 2, McGrawHill, 1983

Bibliografia secundária:

– Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1 e 2, Reverté, 1993

– Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I e II, Escolar Editora, 1989

– Demidovitch, B., Problemas e exercícios de Análise Matemática, McGrawHill,1977

– Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 2, Projecto Euclides, IMPA, 1989

– Lima, E. L., Análise Real, Vol. 2, Colecção Matemática Universitária, IMPA,2004

– Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983

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Índice Cálculo II – pag. 3

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 4

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em Rm: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 5

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em Rm: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 6

Paradoxo de Aquiles

Numa corrida entre um atleta velocista (Aquiles) e uma tartaruga édada uma vantagem inicial em termos de distância à tartaruga. Zenãodefende que Aquiles jamais alcançará a tartaruga porque quandochegar ao ponto onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido umanova distância; e quando Aquiles percorrer essa nova distância, atartaruga já terá percorrido uma nova distância e assimsucessivamente. Este famoso paradoxo foi proposto por Zenão da Eleano século V a.c..

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 7

200 m 40 m 8 m

Suponhamos que a vantagem inicial que Aquiles dá à tartaruga é200 m, que a velocidade de Aquiles é 5 m/s e que a velocidade da

tartaruga é 1 m/s. Aquiles demora2005

= 40 s para chegar ao ponto deonde a tartaruga partiu. Entretanto, a tartaruga percorreu

1 × 40 = 40 m. Em seguida, Aquiles demorou405

= 8 s para chegar ondea tartaruga estava e a tartaruga andou 1 × 8 = 8 m e assimsucessivamente...

Será que Aquiles consegue alcançar a tartaruga?

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 8

No primeiro ponto, o ponto inicial da tartaruga, Aquiles percorreu

200

metros; no ponto seguinte Aquiles percorreu (no total)

200 +2005

metros; no terceiro ponto Aquiles percorreu

200 +2005

+200/5

5= 200 +

2005

+20052

metros; no quarto ponto Aquiles percorreu

200 +2005

+20052

+20053

metros; e assim sucessivamente. O paradoxo de Aquiles tem por detrásaquela que, provavelmente, foi a primeira série da história!

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 9

Se (an) é uma sucessão de números reais, chamaremos série geradapor (an) à expressão

a1 + a2 + · · · + an + · · ·

obtida por adição (formal) dos termos da sucessão.

A cada série fica associada uma sucessão (sn), a que se chamasucessão das somas parciais de (an), definida por

s1 = a1

s2 = a1 + a2

s3 = a1 + a2 + a3

...

sn = a1 + a2 + · · · + an...

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 10

A série diz-se convergente ou divergente conforme seja convergenteou divergente a sucessão das somas parciais (sn). Quando a série éconvergente, o limite da sucessão (sn) designa-se por soma ou valorda série.

Para representarmos a série (ou a sua soma, quando exista) usam-se ossímbolos

a1 + a2 + · · · + an + · · · ;∞∑

n=1

an;∑

an

e o contexto onde se usam estes símbolos indicará se estão arepresentar a série ou a sua soma.

Dizemos que duas séries são da mesma natureza se são ambasconvergentes ou ambas divergentes.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 11

Observação

Em certos casos pode haver vantagem em que o primeiro valor que oíndice n toma seja um inteiro diferente de um, o que não traz nenhumadificuldade na teoria que irá ser exposta. Assim,

∞∑

n=2

1n− 1

e∞∑

n=0

1n+ 1

designam a mesma série, enquanto que

∞∑

n=6

1n

designa uma série diferente.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 12

Exemplo

Para a série∞∑

n=1

2n(n+ 1)

, representamos abaixo os primeiros termos da

sucessão de termo geral an =2

n(n+ 1)e da sucessão (sn) das somas parciais

1

ba1b s1

2

ba2

b s2

3

ba3

b s3

4

ba4

b s4

5

ba5

b s5

6

ba6

b s6

7

ba7

b s7

8

ba8

b s8

9

ba9

b s9

10

ba10

b s102

Aparentemente a sucessão das somas parciais aproxima-se de 2...

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 13

Exemplo (continuação)

De facto, atendendo a que an =2

n(n+ 1)=

2n

− 2n+ 1

conclui-se que

s1 = a1 = 2 − 1

s2 = a1 + a2 = 2 − 1 + 1 − 23

= 2 − 23

s3 = a1 + a2 + a3 = 2 − 1 + 1 − 23

+23

− 24

= 2 − 24

s4 = a1 + a2 + a3 + a4 = 2 − 1 + 1 − 23

+23

− 24

+24

− 25

= 2 − 25

...sn = a1 + a2 + · · · + an = 2 − 1 + 1 − 2

3+ · · · +

2n

− 2n+ 1

= 2 − 2n+ 1

e portanto

lim sn = lim(

2 − 2n+ 1

)

= 2.

Assim, a série é convergente e a sua soma é 2.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 14

Série harmónica

A série ∞∑

n=1

1n

designa-se por série harmónica. Consideremos ainda a respectiva sucessãodas somas parciais e tomemos a subsucessão dessa com termos com índice daforma 2k, ou seja, a subsucessão (s2k ):

s2 = 1 +12>

12

s22 = s2 +13

+14>

12

+ 2 × 14

= 2 × 12

s23 = s22 +15

+16

+17

+18> 2 × 1

2+ 4 × 1

8= 3 × 1

2

Em geral temos s2k >k

2. Como lim

k

2= +∞, concluímos que lim sn = +∞ e,

consequentemente, a série harmónica é divergente.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 15

Série geométrica

Dados a, r ∈ R, com a 6= 0, e n0 ∈ N0, consideremos a série

∞∑

n=n0

arn

que habitualmente se designa por série geométrica. O número rchama-se a razão da série. A sucessão (sn)n>n0 das somas parciaisserá, neste exemplo, dada por

sn = arn0 + arn0+1 + arn0+2 + · · · + arn

= arn0(

1 + r + r2 + · · · + rn−n0)

=

arn01 − rn−n0+1

1 − rse r 6= 1

a (n− n0 + 1) se r = 1.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 16

Série geométrica (continuação)

Fazendo n tender para infinito em

sn =

arn01 − rn−n0+1

1 − rse r 6= 1

arn0 (n− n0 + 1) se r = 1.

resulta que

a série geométrica é

{

convergente se |r| < 1,

divergente se |r| > 1.

Além disso, quando |r| < 1 a sua soma é igual a

arn0

1 − r.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 17

Sejam∑

an e∑

bn duas séries convergentes cujas somas são A e B,respectivamente. Então a série

(an + bn)

é convergente e a sua soma é A+B.

Se∑

an é uma série convergente e∑

bn é uma série divergente, então

(an + bn)

é uma série divergente.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 18

Note-se no entanto que, se∑

an e∑

bn são duas séries divergentes, asérie

(an + bn)

pode ser convergente ou divergente.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 19

Seja∑

an uma série convergente cuja soma é A e seja λ um númeroreal. Então a série

(λan)

é convergente e a sua soma é λA.

Seja∑

an uma série divergente e seja λ um número real diferente dezero. Então a série

(λan)

é divergente.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 20

Exemplos

a) A série

+∞∑

n=1

(1

n(n+ 1)+

1

5n−1

)

é convergente porque as séries

+∞∑

n=1

1

n(n+ 1)e

+∞∑

n=1

1

5n−1

também são convergentes. Além disso, como+∞∑

n=1

1

n(n+ 1)=

+∞∑

n=1

1

2

2

n(n+ 1),

podemos concluir que a sua soma é 1 pois já sabemos que soma da série+∞∑

n=1

2

n(n+ 1)é 2. Quanto à série

+∞∑

n=1

1

5n−1=

+∞∑

n=0

1

5n=

+∞∑

n=0

(1

5

)n

é uma série

geométrica de razão1

5e a sua soma é

1

1 − 1/5=

5

4. Assim, a soma da série

+∞∑

n=1

(1

n(n+ 1)+

1

5n−1

)

é 1 +5

4=

9

4.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 21

Exemplos (continuação)

b) A série+∞∑

n=1

(7

3n−1+

1n

)

é divergente porque a série

+∞∑

n=1

73n−1

=+∞∑

n=1

7(

13

)n−1

=+∞∑

n=0

7(

13

)n

é convergente e a série+∞∑

n=1

1n

é divergente.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 22

Voltemos ao exemplo inicial de Aquiles e da tartaruga. A sérieenvolvida neste exemplo é

+∞∑

n=0

2005n

=+∞∑

n=0

[

200(

15

)n]

.

Como série geométrica de razão15

é convergente pois∣∣∣∣

15

∣∣∣∣ < 1 e a sua

soma é200

1 − 1/5=

2004/5

= 250,

o ponto onde Aquiles ultrapassa a tartaruga é

250 m.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 23

Nem sempre é fácil calcular a soma de uma série convergente, não seconhecendo mesmo uma expressão para a soma de algumas sériesbastante simples. Assim, no que se segue, vamos estudar critérios quenos permitem saber se uma série é ou não convergente, sem estarmospreocupados com a soma no caso da série ser convergente.

§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 24

Se∑

an é uma série convergente, então lim an = 0.

Assim, se (an) não converge para 0, a série∑an é divergente. Por

exemplo, a série∑ n

n+ 1

é divergente porque a sucessão(

n

n+ 1

)

n∈N

converge para um.

No entanto, o recíproco deste teorema não é válido pois a sérieharmónica

∑ 1n

é divergente apesar da sucessão(

1n

)

n∈N

convergir para zero.

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§1.1 Séries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo II – pag. 25

Sejam∑

an e∑

bn duas séries. Suponhamos que existe N ∈ N talque

an = bn para qualquer número natural n > N.

Então∑

an e∑

bn

são da mesma natureza.

Índice Cálculo II – pag. 26

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativos

Critério geral de comparaçãoCritério do limiteCritério de D’AlembertCritério de Cauchy

Séries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.2 Séries numéricas de termos não negativos Cálculo II – pag. 27

Nesta secção vamos estudar séries de números reais não negativos, ouseja, séries

an tais que

an > 0 para cada n ∈ N.

Obviamente, pelo que já vimos anteriormente, a teoria que vamosapresentar mantém-se válida se

an > 0 a partir de certa ordem.

Índice Cálculo II – pag. 28

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativos

Critério geral de comparaçãoCritério do limiteCritério de D’AlembertCritério de Cauchy

Séries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.2.1 Critério geral de comparação Cálculo II – pag. 29

Critério geral de comparação

Sejam∑

an e∑

bn séries de termos não negativos tais que

0 6 an 6 bn a partir de certa ordem.

a) Se∑

bn é convergente, então∑

an também é convergente.

b) Se∑

an é divergente, então∑

bn também é divergente.

§1.2.1 Critério geral de comparação Cálculo II – pag. 30

Exemplos de aplicação do critério geral de comparação

a) Consideremos a série∞∑

n=1

1n2

. Uma vez que

0 61n2

=2

n(2n)6

2n(n+ 1)

para qualquer número natural n

e, como vimos anteriormente, a série

∞∑

n=1

2n(n+ 1)

é convergente, podemos afirmar que a série

∞∑

n=1

1n2

é convergente.

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§1.2.1 Critério geral de comparação Cálculo II – pag. 31

Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação)

b) Estudemos a série∞∑

n=1

1nα, α > 2.

Como

0 61nα

61n2

para qualquer n ∈ N e qualquer α > 2

e a série∑ 1

n2é convergente, a série

∑ 1nα

também é convergente quando α > 2.

§1.2.1 Critério geral de comparação Cálculo II – pag. 32

Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação)

c) A série∞∑

n=1

1nα

é divergente para α 6 1

pois

0 61n6

1nα

para cada n ∈ N e para cada α 6 1

e a série∑ 1

n

é divergente.

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§1.2.1 Critério geral de comparação Cálculo II – pag. 33

Séries de Dirichlet

As séries ∞∑

n=1

1nα,

com α ∈ R, designam-se por séries de Dirichlet. Nos exemplosanteriores já estudámos a natureza destas séries quando α 6 1 e α > 2.Quando 1 < α < 2, a série é convergente. Assim,

+∞∑

n=1

1nα

é

{

convergente se α > 1,

divergente se α 6 1.

Índice Cálculo II – pag. 34

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativos

Critério geral de comparaçãoCritério do limiteCritério de D’AlembertCritério de Cauchy

Séries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.2.2 Critério do limite Cálculo II – pag. 35

Critério do limite

Sejam∑

an e∑

bn séries de termos não negativos com bn 6= 0 paracada n ∈ N.

a) Se limanbn

= ℓ com ℓ 6= 0 e ℓ 6= +∞, então as séries

an e∑

bn são da mesma natureza.

b) Se limanbn

= 0 e a série∑

bn é convergente, então a série

an também é convergente.

c) Se limanbn

= +∞ e a série∑

bn é divergente, então a série

an também é divergente.

§1.2.2 Critério do limite Cálculo II – pag. 36

Exemplos de aplicação do critério do limite

a) A série∞∑

n=1

3n2 + 42n4 + 3n+ 1

é convergente porque

3n2 + 42n4 + 3n+ 1

> 0 e1n2

> 0 para qualquer n ∈ N,

lim

3n2 + 42n4 + 3n+ 1

1n2

= lim3n4 + 4n2

2n4 + 3n+ 1=

32

e ∞∑

n=1

1n2

é convergente.

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§1.2.2 Critério do limite Cálculo II – pag. 37

Exemplos de aplicação do critério do limite (continuação)

b) Consideremos a série∞∑

n=1

sen1n

. É óbvio que

sen1n> 0 e

1n> 0 para cada n ∈ N.

Como

limsen

1n

1n

= 1

e∞∑

n=1

1n

é divergente,∞∑

n=1

sen1n

também é divergente.

Índice Cálculo II – pag. 38

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativos

Critério geral de comparaçãoCritério do limiteCritério de D’AlembertCritério de Cauchy

Séries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.2.3 Critério de D’Alembert Cálculo II – pag. 39

Critério de D’Alembert (para séries de termos positivos)

Seja∑

an uma série de termos positivos tal que

liman+1

an= λ.

a) Se λ < 1, então∑

an é convergente.

b) Se λ > 1, então∑

an é divergente.

§1.2.3 Critério de D’Alembert Cálculo II – pag. 40

Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert

a) Provemos que a série∑ 2nn!

nné convergente. É óbvio que

an =2nn!nn

> 0 qualquer que seja n ∈ N.

Como

liman+1

an= lim

2n+1(n+ 1)!(n+ 1)n+1

2nn!nn

= lim2n+1 (n+ 1)!nn

2n n! (n+ 1)n+1= lim

2(n+ 1)nn

(n+ 1)n+1

= lim2nn

(n+ 1)n= lim

2(n+ 1)n/nn

= lim2

(1 + 1/n)n =2e< 1,

pelo critério de D’Alembert, a série∑ 2nn!

nné convergente.

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§1.2.3 Critério de D’Alembert Cálculo II – pag. 41

Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert (continuação)

b) A série∑

n3n

é divergente. Como

an = n3n > 0 para cada n ∈ N

e

liman+1

an= lim

(n+ 1) 3n+1

n 3n= lim 3

n+ 1n

= lim 3(

1 +1n

)

= 3 > 1,

pelo critério de D’Alembert a série∑

n3n

é divergente.

Índice Cálculo II – pag. 42

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativos

Critério geral de comparaçãoCritério do limiteCritério de D’AlembertCritério de Cauchy

Séries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.2.4 Critério de Cauchy Cálculo II – pag. 43

Critério de Cauchy (para séries de termos não negativos)

Seja∑

an uma série de termos não negativos tal que

lim n√an = λ.

a) Se λ < 1, então∑

an é convergente.

b) Se λ > 1, então∑

an é divergente.

§1.2.4 Critério de Cauchy Cálculo II – pag. 44

Exemplos de aplicação do critério de Cauchy

a) Vejamos que a série∑

(n+ 1n

)n2

é divergente. Como

(n+ 1n

)n2

> 0 qualquer que seja n ∈ N

e

lim n√an = lim

n

√(n+ 1n

)n2

= lim(n+ 1n

)n

= lim(

1 +1n

)n

= e > 1,

pelo critério de Cauchy, a série∑

(n+ 1n

)n2

é divergente.

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§1.2.4 Critério de Cauchy Cálculo II – pag. 45

Exemplos de aplicação do critério de Cauchy (continuação)

b) À série∑

n 3n

também podemos aplicar o critério de Cauchy. Como

n 3n > 0 para cada n ∈ N

elim n

√an = lim n

√n 3n = lim 3 n

√n = 3 · 1 = 3,

o critério de Cauchy garante-nos que∑

n 3n

é divergente.

Índice Cálculo II – pag. 46

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixo

Critério de LeibnizConvergência absoluta

Séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 47

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixo

Critério de LeibnizConvergência absoluta

Séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 48

Critério de Leibniz

Se (an) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então a série

+∞∑

n=1

(−1)nan

é convergente.

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§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 49

Observações

a) Se (an) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então

an > 0 para qualquer n ∈ N.

b) As séries da forma+∞∑

n=1

(−1)nan,

com an > 0 para todo n ∈ N, designam-se por séries alternadas.

c) O critério de Leibniz também é válido para séries da forma

+∞∑

n=1

(−1)n+1an ou da forma+∞∑

n=k

(−1)nan.

§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 50

Exemplos

a) A sucessão de termo geral an =1n

é decrescente pois

an+1 − an =1

n+ 1− 1n

=n− (n+ 1)n(n+ 1)

=−1

n(n+ 1)6 0

para qualquer n ∈ N. Além disso,

limn→+∞

an = limn→+∞

1n

=1

+∞ = 0.

Pelo critério de Leibniz, a série

+∞∑

n=1

(−1)n1n

=+∞∑

n=1

(−1)n

n

é convergente.

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§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 51

Exemplos (continuação)

b) Estudemos a natureza da série+∞∑

n=1

(−1)n

n2. Como

1(n+ 1)2

− 1n2

=n2 − (n+ 1)2

n2(n+ 1)2=n2 − (n2 + 2n+ 1)

n2(n+ 1)2=

−2n− 1n2(n+ 1)2

6 0

para qualquer n ∈ N, ou seja, a sucessão de termo geral an =1n2

é

decrescente, e

limn→+∞

an = limn→+∞

1n2

=1

(+∞)2=

1+∞ = 0,

o critério de Leibniz garante-nos que a série

+∞∑

n=1

(−1)n 1n2

=+∞∑

n=1

(−1)n

n2

é convergente.

§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 52

Exemplos (continuação)

c) Estudemos a natureza da série+∞∑

n=1

(−1)nan com an =n+ 1n

. A

sucessão (an) é decrescente pois

an+1 − an =n+ 2n+ 1

− n+ 1n

=(n + 2)n − (n+ 1)2

n(n+ 1)

=n2 + 2n− (n2 + 2n+ 1)

n(n+ 1)

=−1

n(n+ 1)6 0

para qualquer n ∈ N.

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§1.3.1 Critério de Leibniz Cálculo II – pag. 53

Exemplos (continuação)

c) (continuação) No entanto, como

limn→+∞

an = limn→+∞

n+ 1n

= limn→+∞

n

n+

1n

= limn→+∞

1 +1n

= 1,

não podemos aplicar o critério de Leibniz pois

lim an 6= 0.

Mas se lim an = 1, a sucessão de termo geral (−1)nan é divergentepois a subsucessão dos termos de ordem par converge para 1 e asubsucessão dos termos de ordem ímpar converge para −1. Assim,a série

+∞∑

n=1

(−1)nan =+∞∑

n=1

(−1)nn+ 1n

é divergente.

Índice Cálculo II – pag. 54

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixo

Critério de LeibnizConvergência absoluta

Séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 55

Uma série+∞∑

n=1

an diz-se absolutamente convergente

se a série dos módulos+∞∑

n=1

|an| é convergente.

As séries absolutamente convergentes são convergentes, ou seja, se

+∞∑

n=1

|an| é convergente,

então+∞∑

n=1

an também é convergente.

§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 56

Observação

O recíproco do resultado anterior não se verifica. A série+∞∑

n=1

(−1)n

n

é convergente, mas a sua série dos módulos+∞∑

n=1

∣∣∣∣

(−1)n

n

∣∣∣∣ =

+∞∑

n=1

1n

é a série harmónica que já vimos ser divergente.

As séries convergentes cuja série dos módulos é divergente dizem-sesimplesmente convergentes, semi-convergentes oucondicionalmente convergentes.

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§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 57

Exemplos

a) Através do critério de Leibniz concluímos que a série+∞∑

n=1

(−1)n

n2é

convergente. Uma outra forma de vermos que é convergente é através dasérie do módulos:

+∞∑

n=1

∣∣∣∣

(−1)n

n2

∣∣∣∣

=+∞∑

n=1

1n2.

Ora a série+∞∑

n=1

1n2

é uma série de Dirichlet com α = 2 e, portanto, é

convergente. Logo

+∞∑

n=1

(−1)n

n2

é absolutamente convergente e, portanto, é convergente.

§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 58

Exemplos (continuação)

b) Estudemos a natureza da série+∞∑

n=1

cosnn2 + 2n+ 3

. Como, para qualquer

n ∈ N, se tem

0 6

∣∣∣∣

cosnn2 + 2n+ 3

∣∣∣∣

=|cosn|

n2 + 2n+ 36

1n2 + 2n+ 3

61n2

e a série+∞∑

n=1

1n2

é convergente, pelo critério geral de comparação, a série

+∞∑

n=1

∣∣∣∣

cosnn2 + 2n+ 3

∣∣∣∣

é convergente.

Logo+∞∑

n=1

cosnn2 + 2n+ 3

é absolutamente convergente

e, por conseguinte, é convergente.

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§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 59

Exemplos (continuação)

c) Consideremos a série

+∞∑

n=1

(−1)n n+ 1

n2 + 2. A sua série dos módulos é

+∞∑

n=1

∣∣∣(−1)n n+ 1

n2 + 2

∣∣∣ =

+∞∑

n=1

n+ 1

n2 + 2

e, como

limn→+∞

n+ 1

n2 + 21

n

= limn→+∞

n2 + n

n2 + 2= lim

n→+∞

n2(1 + 1/n)

n2(1 + 2/n2)= lim

n→+∞

1 + 1/n

1 + 2/n2= 1,

pelo critério do limite, as séries

+∞∑

n=1

n+ 1

n2 + 2e

+∞∑

n=1

1

n, por serem séries de termos

positivos, são da mesma natureza. Como a série harmónica é divergente, a série+∞∑

n=1

n+ 1

n2 + 2também é divergente.

§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 60

Exemplos (continuação)

c) (continuação) Acabámos de ver que a série dos módulos de

+∞∑

n=1

(−1)n n+ 1

n2 + 2é

divergente. Vejamos, usando o critério de Leibniz, que a série

+∞∑

n=1

(−1)n n+ 1

n2 + 2é

convergente. Como

limn→+∞

n+ 1

n2 + 2= lim

n→+∞

n(1 + 1/n)

n2(1 + 2/n2)= lim

n→+∞

1 + 1/n

n(1 + 2/n2)=

1 + 0

+∞(1 + 0)= 0

en+ 2

(n+ 1)2 + 2−

n+ 1

n2 + 2= · · · = −

n2 + 3n− 1

((n+ 1)2 + 2)(n2 + 2)6 0

para qualquer n ∈ N, pelo critério de Leibniz a série

+∞∑

n=1

(−1)n n+ 1

n2 + 2

é convergente. Assim, esta série é simplesmente convergente.

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§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 61

Para séries de termos sem sinal fixo também temos um critério ded’Alembert e um de Cauchy.

Critério de D’Alembert (para séries de termos sem sinal fixo)

Seja∑

an uma série de termos não nulos tal que

lim|an+1||an| = λ.

a) Se λ < 1, então∑

an é absolutamente convergente.

b) Se λ > 1, então∑

an é divergente.

§1.3.2 Convergência absoluta Cálculo II – pag. 62

Critério de Cauchy (para séries de termos sem sinal fixo)

Seja∑

an uma série tal que

lim n

|an| = λ.

a) Se λ < 1, então∑

an é absolutamente convergente.

b) Se λ > 1, então∑

an é divergente.

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Índice Cálculo II – pag. 63

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

Definição e exemplosDiferenciação e integração de séries de potênciasSérie de Taylor e funções analíticas

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 64

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

Definição e exemplosDiferenciação e integração de séries de potênciasSérie de Taylor e funções analíticas

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 65

Sejama0, a1, a2, . . . , an, . . .

os termos de uma sucessão e a um número real. A série

+∞∑

n=0

an(x− a)n = a0 + a1(x− a) + a2(x− a)2 + · · · + an(x− a)n + · · ·

designa-se por série de potências de x− a. Dizemos que a série estácentrada em a e que os números an são os coeficientes da série.

As séries

+∞∑

n=0

xn

n!,

+∞∑

n=0

n

n2 + 1(x− 2)n e

+∞∑

n=0

n(x− π)n

são séries de potências centradas, respectivamente, em 0, 2 e π.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 66

Observações

a) Há séries de potências que não começam em zero. Por exemplo, a série+∞∑

n=1

1nxn =

+∞∑

n=1

xn

n

tem de começar em um. Obviamente, tudo o que vamos estudar nestasecção contínua válido para estas séries.

b) Uma série de potências pode convergir para determinados valores de x edivergir para outros.

c) Quando x = a e n = 0 obtemos (x− a)n = 00 que, apesar de não estardefinido, no contexto das séries convencionamos ser igual a 1.

d) Para x = a, tendo em conta a observação c), a série é sempre convergente.Aliás, se x = a temos

+∞∑

n=0

an(x− a)n = a0.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 67

Exemplos de séries de potências

a) Estudemos a série de potências+∞∑

n=0

xn

n+ 1. Aplicando o critério de

D’Alembert à série dos módulos+∞∑

n=0

∣∣∣∣

xn

n+ 1

∣∣∣∣

=+∞∑

n=0

|xn||n+ 1| =

+∞∑

n=0

|x|nn+ 1

(quando x 6= 0) temos

limn→+∞

|x|n+1

n+ 2|x|nn+ 1

= limn→+∞

n+ 1n+ 2

|x|n+1

|x|n = limn→+∞

1 +1n

1 +2n

|x| = 1 · |x| = |x|

e, portanto, a série+∞∑

n=0

xn

n+ 1é absolutamente convergente se

|x| < 1 ⇔ x < 1 ∧ x > −1 ⇔ x ∈ ] − 1, 1[

e é divergente se

|x| > 1 ⇔ x > 1 ∨ x < −1 ⇔ x ∈] − ∞,−1[ ∪ ]1,+∞[.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 68

Exemplos de séries de potências (continuação)

a) (continuação) Falta ver o que acontece quando |x| = 1, isto é, quandox = 1 e quando x = −1. Se x = 1, então obtemos a série

+∞∑

n=0

1n

n+ 1=

+∞∑

n=0

1n+ 1

=+∞∑

n=1

1n,

isto é, obtemos a série harmónica que já vimos ser divergente. Parax = −1, temos a série alternada

∞∑

n=0

(−1)n

n+ 1=

∞∑

n=1

(−1)n−1

n

que é convergente (ver os exemplos do critério de Leibniz). Assim, estasérie é convergente para

x ∈ [−1, 1[

e é divergente parax ∈ ] − ∞,−1[ ∪ [1,+∞[.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 69

Exemplos de séries de potências (continuação)

b) Consideremos a série de potências+∞∑

n=0

xn

n!. Aplicando o critério de

D’Alembert à série dos módulos

+∞∑

n=0

∣∣∣∣

xn

n!

∣∣∣∣

=+∞∑

n=0

|x|nn!

(para x 6= 0) tem-se

limn→+∞

|x|n+1

(n+ 1)!|x|nn!

= limn→+∞

n!(n+ 1)!

|x|n+1

|x|n = limn→+∞

1n+ 1

|x| = 0 · |x| = 0,

o que permite concluir que a série+∞∑

n=0

xn

n!é absolutamente convergente

para todo o x ∈ R.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 70

Exemplos de séries de potências (continuação)

c) Estudemos a natureza da série+∞∑

n=0

nxn. Aplicando o critério de Cauchy à

série dos módulos+∞∑

n=0

|nxn| =+∞∑

n=0

|n| |xn| =+∞∑

n=0

n |x|n

temos

limn→+∞

n

n |x|n = limn→+∞

n√n n

|x|n = limn→+∞

n√n |x| = 1 · |x| = |x| .

Assim, a série é absolutamente convergente para

|x| < 1 ⇔ x < 1 ∧ x > −1 ⇔ x ∈ ] − 1, 1[.

e é divergente para

|x| > 1 ⇔ x < 1 ∨ x > −1 ⇔ x ∈ ] − ∞,−1[ ∪ ]1,+∞[.

Falta estudar a natureza da série quando x = 1 e quando x = −1.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 71

Exemplos de séries de potências (continuação)

c) (continuação) Para x = 1 temos a série+∞∑

n=0

n 1n =+∞∑

n=0

n

que é divergente porque limn→+∞

n = +∞. Quando x = −1 tem-se

+∞∑

n=0

n(−1)n =+∞∑

n=0

(−1)nn

que também é divergente pois a sucessão ((−1)nn)n∈Né divergente

(porque a subsucessão dos termos de ordem par tende para +∞ e asubsucessão dos termos de ordem ímpar tende para −∞). Portanto, asérie

+∞∑

n=0

nxn

converge se x ∈ ] − 1, 1[ e diverge se x ∈ ] − ∞,−1] ∪ [1,+∞[.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 72

Sejam a0, a1, . . . , an, . . . os termos de uma sucessão e a um número real.Entãoa) existe um número real r > 0 tal que a série de potências

+∞∑

n=0

an(x − a)n

converge absolutamente quando

|x− a| < r ⇔ x ∈ ]a− r, a+ r[

e diverge quando

|x− a| > r ⇔ x ∈ ] − ∞, a− r[ ∪ ]a+ r,+∞[;

ou

b) a série de potências+∞∑

n=0

an(x − a)n

converge absolutamente para qualquer x ∈ R.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 73

O número r do resultado anterior designa-se por raio de

convergência da série de potências+∞∑

n=0

an(x− a)n.

Se estivermos no caso da alínea b) costuma-se fazer r = +∞.

O conjunto dos x para os quais a série é convergente designa-se por

intervalo de convergência da série de potências+∞∑

n=0

an(x− a)n.

Note-se que o intervalo de convergência de uma série de potências é umdos quatro intervalos seguintes:

]a− r, a+ r[ , [a− r, a + r[ , ]a− r, a+ r] ou [a− r, a+ r] .

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 74

Observações

a) Do critério de D’Alembert resulta que se limn→+∞

|an+1||an| = λ, então r =

.

De facto, supondo x 6= a e an 6= 0 para qualquer n ∈ N, como

limn→+∞

∣∣an+1(x− a)n+1

∣∣

|an(x− a)n| = limn→+∞

|an+1||an| |x− a| = λ |x− a| ,

pelo critério de D’Alembert, a série é absolutamente convergente se

λ |x− a| < 1 ⇔ |x− a| < 1λ.

Além disso, se

λ |x− a| > 1 ⇔ |x− a| > 1λ,

a série é divergente. Logo

r =1λ

= limn→+∞

|an||an+1| .

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 75

Observações (continuação)

b) De forma análoga prova-se, usando o critério de Cauchy, que se

limn→+∞

n

|an| = λ,

entãor =

= limn→+∞

1n√

|an|.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 76

Exemplos

a) Já estudamos a natureza da série de potências+∞∑

n=0

xn

n+ 1e

provámos que o raio de convergência desta série é r = 1 e que o seuintervalo de convergência é [−1, 1[.

b) Num exemplo anterior vimos o raio de convergência da série de

potências+∞∑

n=0

xn

n!é r = +∞ e, consequentemente, o seu intervalo de

convergência é ] − ∞,+∞[= R.

c) Também já vimos que a série+∞∑

n=0

nxn tem como raio de

convergência r = 1 e o seu intervalo de convergência é ] − 1, 1[.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 77

Exemplos (continuação)

d) Estudemos a série de potências+∞∑

n=1

(x− 1)n

n2 2n. Consideremos a série

dos módulos

+∞∑

n=1

∣∣∣∣

(x− 1)n

n2 2n

∣∣∣∣ =

+∞∑

n=1

|(x− 1)n||n2 2n| =

+∞∑

n=1

|x− 1|nn2 2n

e apliquemos-lhe (para x 6= 1) o critério de D’Alembert

limn→+∞

|x− 1|n+1

(n+ 1)2 2n+1

|x− 1|nn2 2n

= limn→+∞

n2

(n+ 1)2

2n

2n+1

|x− 1|n+1

|x− 1|n

= limn→+∞

1(1 + 1/n)2

|x− 1|2

=|x− 1|

2.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 78

Exemplos (continuação)

d) (continuação) Assim, a série+∞∑

n=1

(x− 1)n

n2 2né absolutamente

convergente quando

|x− 1|2

< 1 ⇔ |x− 1| < 2 ⇔ x− 1 < 2 ∧ x− 1 > −2

⇔ x < 3 ∧ x > −1 ⇔ x ∈ ] − 1, 3[

e é divergente quando

|x− 1|2

> 1 ⇔ x ∈ ] − ∞,−1[ ∪ ]3,+∞[.

Falta ver o que acontece quando x = −1 e x = 3.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 79

Exemplos (continuação)

d) (continuação) Quando x = 3 temos+∞∑

n=1

(3 − 1)n

n22n=

+∞∑

n=1

2n

n22n=

+∞∑

n=1

1n2

que é uma série de Dirichlet convergente. Quando x = −1 vem+∞∑

n=1

(−1 − 1)n

n22n=

+∞∑

n=1

(−2)n

n22n=

+∞∑

n=1

(−1)n 2n

n22n=

+∞∑

n=1

(−1)n

n2,

e esta série é convergente. Para vermos isso podemos usar o critério deLeibniz ou então ver que a sua série dos módulos

+∞∑

n=1

∣∣∣∣

(−1)n

n2

∣∣∣∣

=+∞∑

n=1

|(−1)n|n2

=+∞∑

n=1

1n2

é convergente. Assim, o raio de convergência da série+∞∑

n=1

(x − 1)n

n2 2né r = 2

e o seu intervalo de convergência é [−1, 3].

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 80

Exemplos (continuação)

e) Consideremos a série de potências+∞∑

n=1

n

n2 + 1(x− 2)n. Aplicando à série

dos módulos+∞∑

n=1

∣∣∣∣

n

n2 + 1(x− 2)n

∣∣∣∣

=+∞∑

n=1

n

n2 + 1|x− 2|n

o critério de D’Alembert (quando x 6= 2) temos

lim

n+ 1(n+ 1)2 + 1

|x− 2|n+1

n

n2 + 1|x− 2|n

= limn3 + n2 + n+ 1n3 + 2n2 + 2n

|x− 2| = |x− 2|

e, portanto, a série é convergente quando

|x− 2| < 1 ⇔ x− 2 < 1 ∧ x− 2 > −1 ⇔ x < 3 ∧ x > 1 ⇔ x ∈ ]1, 3[e é divergente para

|x− 2| > 1 ⇔ x ∈ ] − ∞, 1[ ∪ ]3,+∞[.

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§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 81

Exemplos (continuação)

e) (continuação) Se x = 3, obtemos a série

+∞∑

n=1

n

n2 + 1(3 − 2)n =

+∞∑

n=1

n

n2 + 1,

que, por ser uma série de termos positivos, estudaremos a sua naturezarecorrendo ao critério do limite, fazendo a comparação com a sérieharmónica, que também é uma série de termos positivos. Como

limn→+∞

n

n2 + 11n

= limn→+∞

n2

n2 + 1= lim

n→+∞n2

n2(1 + 1/n2)

= limn→+∞

11 + 1/n2

= 1

concluímos que para x = 3 a série tem a mesma natureza da sérieharmónica e, portanto, diverge.

§1.4.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 82

Exemplos (continuação)

e) (continuação) Além disso, se x = 1 obtemos a série+∞∑

n=1

n

n2 + 1(1 − 2)n =

+∞∑

n=1

(−1)n n

n2 + 1.

A sucessão de termo geral an =n

n2 + 1é decrescente, visto que

an+1 − an =n+ 1

(n+ 1)2 + 1− n

n2 + 1=

−n2 − n+ 1((n+ 1)2 + 1)(n2 + 1)

< 0

para todo o n ∈ N, e

limn→+∞

an = limn→+∞

n

n2 + 1= lim

n→+∞n

n(n+ 1/n)

= limn→+∞

1n+ 1/n

=1

+∞ + 0=

1+∞ = 0,

pelo que podemos concluir pelo critério de Leibniz que a série convergequando x = 1. Assim, a série converge para x ∈ [1, 3[ e diverge parax ∈ ] − ∞, 1[ ∪ [3 + ∞[.

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Índice Cálculo II – pag. 83

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

Definição e exemplosDiferenciação e integração de séries de potênciasSérie de Taylor e funções analíticas

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 84

No intervalo de convergência I de uma série de potências

+∞∑

n=0

an(x− a)n

fica bem definida a função f : I → R dada por

f(x) =+∞∑

n=0

an(x− a)n

= a0 + a1(x− a) + a2(x− a)2 + · · · + an(x− a)n + · · · .

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§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 85

Propriedades da função f(x) =∑+∞

n=0 an(x− a)n

Seja+∞∑

n=0

an(x− a)n

uma série de potências com raio de convergência r e com intervalo deconvergência I. Consideremos a função f : I → R definida por

f(x) =+∞∑

n=0

an(x− a)n.

Então

a) a função f é contínua em I;

b) a função f é de classe C∞ em ]a− r, a+ r[, ou seja, f admitederivadas de todas as ordens em ]a− r, a+ r[;

§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 86

Propriedades da função f(x) =∑+∞

n=0 an(x− a)n (continuação)

c) para cada x ∈ ]a− r, a+ r[ tem-se

f ′(x) =+∞∑

n=0

[an(x− a)n]′ ,

ou seja,

f ′(x) =+∞∑

n=0

nan(x− a)n−1

=+∞∑

n=1

nan(x− a)n−1

=+∞∑

n=0

(n+ 1)an+1(x− a)n

= a1 + 2a2(x− a) + 3a3(x− a)2 + · · · + nan(x− a)n−1 + · · ·

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§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 87

Propriedades da função f(x) =∑+∞

n=0 an(x− a)n (continuação)

d) para cada x ∈ ]a− r, a+ r[ tem-se

f(x) dx =

[+∞∑

n=0

an(x− a)n+1

n+ 1

]

+ C

= C + a0(x− a) +a1

2(x− a)2 +

a2

3(x− a)3 + · · · +

+ann+ 1

(x− a)n+1 + · · ·

ou seja, a função g dada por

g(x) =+∞∑

n=0

an(x− a)n+1

n+ 1

é uma primitiva de f .

§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 88

Exemplos

a) Seja f : R \ {1} → R a função dada por

f(x) =1

1 − x.

Quando estudámos a série geométrica vimos que para cadax ∈ ] − 1, 1[ temos

+∞∑

n=0

xn =1

1 − x= f(x).

Verificamos então que f admite um desenvolvimento em série depotências de x no intervalo ] − 1, 1[.

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§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 89

Exemplos (continuação)

b) Como

(1

1 − x

)′=

1′(1 − x) − 1(1 − x)′

(1 − x)2=

0(1 − x) − 1(−1)(1 − x)2

=1

(1 − x)2,

usando o exemplo anterior e uma das propriedades anteriores,temos, para x ∈ ] − 1, 1[,

1(1 − x)2

=(

11 − x

)′=

+∞∑

n=0

(xn)′ =+∞∑

n=0

nxn−1

=+∞∑

n=1

nxn−1 =+∞∑

n=0

(n+ 1)xn

§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 90

Exemplos (continuação)

c) O estudo que fizemos da série geométrica permite-nos concluir,para cada x ∈ ] − 1, 1[, que

11 + x

=1

1 − (−x)=

+∞∑

n=0

(−x)n =+∞∑

n=0

(−1)nxn.

Como ln(1 + x) é uma primitiva de1

1 + xtem-se

ln(1 + x) = C ++∞∑

n=0

(−1)nxn+1

n+ 1

para algum C ∈ R. Como ln(1 + 0) = 0, tem-se C = 0 e, porconseguinte,

ln(1 + x) =+∞∑

n=0

(−1)nxn+1

n+ 1para qualquer x ∈ ] − 1, 1[.

Para x = 1 a fórmula também é válida.

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§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 91

Exemplos (continuação)

c) (continuação) De facto, fazendo x = 1 em+∞∑

n=0

(−1)n xn+1

n+ 1

temos a série+∞∑

n=0

(−1)n 1n+1

n+ 1=

+∞∑

n=0

(−1)n 1n+ 1

=+∞∑

n=1

(−1)n−1 1n,

que, pelo critério de Leibniz, é convergente e fazendo x = −1 obtemos

+∞∑

n=0

(−1)n (−1)n+1

n+ 1=

+∞∑

n=0

(−1)2n+1 1n+ 1

=+∞∑

n=0

(−1)1

n+ 1=

+∞∑

n=1

(−1)1n,

que é uma série divergente. Logo

ln(1 + x) =+∞∑

n=0

(−1)n xn+1

n+ 1para qualquer x ∈ ] − 1, 1].

§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 92

Exemplos (continuação)

d) Usando novamente a série geométrica, para x ∈ ] − 1, 1[, temos

11 + x2

=1

1 − (−x2)=

+∞∑

n=0

(−x2)n =+∞∑

n=0

(−1)nx2n

e, pelas propriedades estudadas, tem-se para x ∈ ] − 1, 1[

arc tg x = C ++∞∑

n=0

(−1)nx2n+1

2n+ 1

para algum C ∈ R. Como arc tg 0 = 0, concluímos que C = 0 e,portanto,

arc tg x =+∞∑

n=0

(−1)nx2n+1

2n+ 1para x ∈ ] − 1, 1[.

Para x = 1 e para x = −1 a fórmula também é válida.

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§1.4.2 Diferenciação e integração de séries de potências Cálculo II – pag. 93

Exemplos (continuação)

d) (continuação) De facto, fazendo x = 1 e fazendo x = −1 em+∞∑

n=0

(−1)n x2n+1

2n+ 1

temos+∞∑

n=0

(−1)n 12n+1

2n+ 1=

+∞∑

n=0

(−1)n 12n+ 1

e+∞∑

n=0

(−1)n (−1)2n+1

2n+ 1=

+∞∑

n=0

(−1)n −12n+ 1

=+∞∑

n=0

(−1)n+1 12n+ 1

,

respectivamente, que, pelo critério de Leibniz, são séries convergentes.Logo

arc tg x =+∞∑

n=0

(−1)n x2n+1

2n+ 1para x ∈ [−1, 1].

Índice Cálculo II – pag. 94

1 Séries numéricas e séries de potênciasSéries numéricas: definição, exemplos e primeiras propriedadesSéries numéricas de termos não negativosSéries numéricas de termos sem sinal fixoSéries de potências

Definição e exemplosDiferenciação e integração de séries de potênciasSérie de Taylor e funções analíticas

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 95

Seja f : D → R uma função de classe C∞. Se f puder ser escrita naforma

f(x) =+∞∑

n=0

an(x− a)n

= a0 + a1(x− a) + a2(x− a)2 + · · · + an(x− a)n + · · ·

parax ∈ ]a− r, a+ r[ ⊆ D,

com r > 0, dizemos que f admite uma representação em série depotências de x− a no intervalo ]a− r, a+ r[. As funções que admitemuma representação em série de potências num intervalo não degeneradoda forma ]a− r, a+ r[ dizem-se funções analíticas no ponto a.

Dada uma função analítica num ponto a, como calcular os coeficientesan?

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 96

Se para cada x ∈ ]a− r, a+ r[ se tem

f(x) = a0 + a1(x− a) + a2(x− a)2 + · · · + an(x− a)n + · · ·então f(a) = a0. Derivando obtemos

f ′(x) = a1 + 2a2(x− a) + 3a3(x− a)2 + · · · + nan(x− a)n−1 + · · ·

e, portanto, f ′(a) = a1. Derivando novamente obtemos

f ′′(x) = 2 a2 + 3 × 2 a3(x− a) + · · · + n× (n− 1) an(x− a)n−2 + · · ·

o que implica f ′′(a) = 2 a2. Iterando o processo obtemos

f (n)(a) = n! an ⇔ an =f (n)(a)n!

para cada n ∈ N0 (com f (0) = f). Assim,

f(x) = f(a) +f ′(a)

1!(x− a) +

f ′′(a)2!

(x− a)2 + · · · +f (n)(a)n!

(x − a)n + · · ·

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 97

Esta última fórmula está relacionada com o polinómio de Taylor e coma fórmula de Taylor:

Fórmula de Taylor (com resto de Lagrange)

Sejam I um intervalo,f : I → R

uma função de classe Cn, n+ 1 vezes diferenciável em int I e a umponto de I. Para cada x ∈ I \ {a}, existe c estritamente entre a e x talque

f(x) = f(a) + f ′(a) (x− a) +f ′′(a)

2!(x− a)2 + · · · +

f (n)(a)n!

(x− a)n +Rn,a(x)

onde

Rn,a(x) =f (n+1)(c)(n+ 1)!

(x− a)n+1 .

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 98

A

Tn,a(x) = f(a) + f ′(a) (x− a) +f ′′(a)

2!(x− a)2 + · · · +

f (n)(a)n!

(x− a)n

chamamos polinómio de Taylor de ordem n da função f em tornode x = a e a

Rn,a(x) =f (n+1)(c)(n+ 1)!

(x− a)n+1

resto Lagrange de ordem n da função f em torno de x = a.

Se a = 0 a fórmula de Taylor designa-se por fórmula de Maclaurin eo polinómio de Taylor designa-se por polinómio de Maclaurin.

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 99

Dada uma função f : D → R de classe C∞, designa-se por série deTaylor de f em torno de x = a a série

+∞∑

n=0

f (n)(a)n!

(x− a)n

= f(a) +f ′(a)

1!(x− a) +

f ′′(a)2!

(x− a)2 + · · · +f (n)(a)n!

(x− a)n + · · ·

No caso particular em que a = 0 obtemos a série

+∞∑

n=0

f (n)(0)n!

xn = f(0) +f ′(0)

1!x+

f ′′(0)2!

x2 + · · · +f (n)(0)n!

xn + · · ·

que se designa por série de Maclaurin de f .

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 100

Pelo que foi visto anteriormente, uma função f de classe C∞ éanalítica num ponto a interior ao domínio se existe r > 0 tal que

f(x) =+∞∑

n=0

f (n)(a)n!

(x− a)n

para cada x ∈ ]a− r, a+ r[. Assim, da fórmula de Taylor resultaimediatamente o seguinte resultado.

Seja f : D → R uma função de classe C∞ e seja Rn,a(x) o resto deLagrange de ordem n da função f em torno de x = a ∈ D. Se existirr > 0 tal que para cada x ∈ ]a− r, a+ r[ ⊆ D se tem

limn→+∞

Rn,a(x) = 0,

então a função f é analítica em x = a.

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 101

Exemplos

a) A função exponencial, f(x) = ex, é de classe C∞ e

f (n)(x) = ex o que implica f (n)(0) = 1

para qualquer n ∈ N. A fórmula de Maclaurin com resto de Lagrange será

ex = 1 + x+x2

2!+ · · · +

xn

n!+Rn,0(x), com Rn,0(x) =

ec xn+1

(n+ 1)!

e onde c é um número entre 0 e x. Como∣∣∣∣

ec xn+1

(n+ 1)!

∣∣∣∣6

emax{0,x} |x|n+1

(n+ 1)!,

temoslim

n→+∞Rn,0(x) = lim

n→+∞ec xn+1

(n+ 1)!= 0

e, por conseguinte, a função exponencial é analítica em torno da origem e

ex = 1 + x+x2

2!+ · · · +

xn

n!+ · · · =

+∞∑

n=0

xn

n!.

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 102

Exemplos (continuação)

b) A função seno, f(x) = sen x, é de classe C∞ e

f (n)(x) =

cos x se n = 4k − 3, k ∈ N;

− sen x se n = 4k − 2, k ∈ N;

− cos x se n = 4k − 1, k ∈ N;

sen x se n = 4k, k ∈ N;

pelo que

f (n)(0) =

{

0 se n = 2k, n ∈ N;

(−1)k+1 se n = 2k − 1, n ∈ N.

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 103

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Assim, a fórmula de Maclaurin, com resto deLagrange, da função seno é

senx = x− x3

3!+x5

5!+ · · · + (−1)n

x2n+1

(2n+ 1)!+R2n+1,0(x),

com

R2n+1,0(x) =(−1)n sen c x2n+2

(2n+ 2)!e c um número entre 0 e x. Como

limn→+∞

R2n+1,0(x) = 0,

a função seno é analítica em torno da origem e

senx = x− x3

3!+x5

5!+ · · · + (−1)n x2n+1

(2n+ 1)!+ · · · =

+∞∑

n=0

(−1)n x2n+1

(2n+ 1)!.

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 104

Exemplos (continuação)

c) De modo semelhante prova-se que a função cosseno é analítica naorigem e que

cos x = 1 − x2

2!+x4

4!+ · · · + (−1)n

x2n

(2n)!+ · · ·

=+∞∑

n=0

(−1)nx2n

(2n)!.

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§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 105

Façamos uma lista das principais séries de Taylor deduzidas neste capítulo.

ex =+∞∑

n=0

xn

n!, x ∈ R

senx =+∞∑

n=0

(−1)n x2n+1

(2n+ 1)!, x ∈ R

cosx =+∞∑

n=0

(−1)n x2n

(2n)!, x ∈ R

11 − x

=+∞∑

n=0

xn, x ∈ ] − 1, 1[

ln(1 + x) =+∞∑

n=0

(−1)n xn+1

n+ 1, x ∈ ] − 1, 1]

arc tgx =+∞∑

n=0

(−1)n x2n+1

2n+ 1, x ∈ [−1, 1]

§1.4.3 Série de Taylor e funções analíticas Cálculo II – pag. 106

Observação

Nem todas as funções de classe C∞ num dado intervalo aberto sãoanalíticas nesse intervalo. Por exemplo, se f : R → R é a funçãodefinida por

f(x) =

{

e−1/x2se x 6= 0

0 se x = 0

pode provar-se que f é de classe C∞ e

f (n)(0) = 0.

Obviamente, a sua série de Maclaurin

+∞∑

n=0

f (n)(0)n!

xn = f(0) +f ′(0)

1!x+

f ′′(0)2!

x2 + · · · +f (n)(0)n!

xn + · · ·

é identicamente nula e, portanto, é diferente de f em qualquerintervalo da forma ] − r, r[, r > 0. Logo f não é analítica em x = 0.

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Índice Cálculo II – pag. 107

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 108

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 109

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 110

Recordemos que se identifica o conjunto R dos números reais com arecta

0 a

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§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 111

Os elementos do conjunto

R2 = {(x1, x2) : x1, x2 ∈ R}

podem ser representados no plano da seguinte forma

x1

x2

b P (a, b)

a

b

Representação geométrica de um ponto de R2

§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 112

Os elementos do conjunto

R3 = {(x1, x2, x3) : x1, x2, x3 ∈ R}

podem ser representados no espaço da seguinte forma

x2

x1

x3

bP (a, b, c)

a

b

c

Representação geométrica de um ponto de R3

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§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 113

Podemos generalizar este género de conjuntos para qualquer númeronatural n. Assim, definimos o conjunto Rn utilizando o produtocartesiano, ou seja,

Rn = R × R × · · · × R︸ ︷︷ ︸

n vezes

é o conjunto formado por todos os elementos da forma

x = (x1, . . . , xn)

onde xi é um número real para i = 1, . . . , n. A cada elemento xichamamos i-ésima coordenada de x.

§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 114

Em Rn vamos considerar duas operações, a adição (entre elementos deRn) e a multiplicação de um número real por um elemento de Rn,definidas, para cada

x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn)

em Rn e para cada λ ∈ R, da seguinte forma:

x+ y = (x1, . . . , xn) + (y1, . . . , yn) = (x1 + y1, . . . , xn + yn)

eλx = λ (x1, . . . , xn) = (λx1, . . . , λxn) .

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§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 115

A adição e a multiplicação verificam, para cada

x = (x1, . . . , xn) , y = (y1, . . . , yn) e z = (z1, . . . , zn)

em Rn e para cada λ, µ em R, as seguintes propriedades:

a) x+ y = y + x;

b) x+ (y + z) = (x+ y) + z;

c) (0, . . . , 0) ∈ Rn é o elemento neutro da adição;

d) −x = (−x1, . . . ,−xn) é o simétrico de x = (x1, . . . , xn), já quex+ (−x) = (0, . . . , 0);

e) λ (µx) = (λµ) x;

f) λ (x+ y) = λx+ λy;

g) (λ+ µ) x = λx+ µx;

h) 1x = x.

Por se verificarem estas propriedades, é costume dizer que Rn é umespaço vectorial.

§2.1.1 Os espaços Rn Cálculo II – pag. 116

Associada a estas operações está uma outra operação, a subtracção,que é definida, para cada

x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn)

em Rn, por

x− y = (x1, . . . , xn) − (y1, . . . , yn) = (x1 − y1, . . . , xn − yn).

Sempre que não haja perigo de confusão, representaremos um elementogenérico de R2 por (x, y) em vez de (x1, x2). Da mesma forma, umelemento genérico de R3 será por vezes representado por (x, y, z) emvez de (x1, x2, x3).

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Índice Cálculo II – pag. 117

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 118

Em R, observando a figura que se segue

x y

|x− y|

Distância entre dois números reais x e y

verificamos que a distância entre dois números reais x e y é dada por

d(x, y) = |x− y| .

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§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 119

Vejamos como calcular a distância entre dois elementos de R2. Paraisso consideremos dois pontos x = (x1, x2) e y = (y1, y2) e façamos asua representação geométrica.

x1

x2 b

y1

y2 bb

b

d(x,y)

b

b

x1 − y1b

b

b

b

x2 − y2

b

b

Distância entre dois pontos de R2

Pelo teorema de Pitágoras concluímos que a distância entre x e y édada por

d(x, y) =√

(x1 − y1)2 + (x2 − y2)2.

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 120

Do mesmo modo, a distância entre dois pontos x = (x1, x2, x3) ey = (y1, y2, y3) é dada por

d(x, y) =√

(x1 − y1)2 + (x2 − y2)2 + (x3 − y3)2.

bx = (x1, x2, x3)

by = (y1, y2, y3)

b

b

b

b

b

b

Distância entre dois pontos de R3

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§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 121

De um modo geral, dados x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn) em Rn, adistância entre x e y calcula-se usando a seguinte fórmula:

d(x, y) =√

(x1 − y1)2 + (x2 − y2)2 + · · · + (xn − yn)2.

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 122

Associado à definição de distância temos o conceito de norma. Dadox = (x1, . . . , xn) ∈ Rn, a norma de x é dada por

‖x‖ =√

x21 + x2

2 + · · · + x2n.

Repare-se que se representarmos por 0 o vector nulo (0, . . . , 0) temos

‖x‖ = ‖x− 0‖ = d(x, 0)

pelo que a norma de x = (x1, . . . , xn) é apenas o comprimento do vector x, talcomo ilustra a figura seguinte no caso particular de R2:

x1

x2x = (x1, x2)

Além disso, dados x = (x1, . . . , xn) e y = (y1, . . . , yn) em Rn, temos

d(x, y) = ‖x− y‖.

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§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 123

Para quaisquer x, y ∈ Rn e para qualquer λ ∈ R, as seguintespropriedades são verdadeiras:

a) ‖x‖ > 0

b) ‖x‖ = 0 se e só se x = 0;

c) ‖λx‖ = |λ| ‖x‖;

d) ‖x+ y‖ 6 ‖x‖ + ‖y‖. (desigualdade triangular)

As três primeiras propriedades apresentadas anteriormente são fáceisde verificar. Já a última propriedade é mais difícil de provar.

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 124

Outro conceito importante nos espaços Rn é o de produto interno.Dados

x = (x1, . . . , xn) , y = (y1, . . . , yn) ∈ Rn,

define-se o produto interno da seguinte forma:

〈x, y〉 =n∑

i=1

xiyi

= x1y1 + x2y2 + · · · + xnyn.

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§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 125

Propriedades do produto interno

Para quaisquer x, y, z ∈ Rn e para qualquer λ ∈ R tem-se

a) 〈x+ y, z〉 = 〈x, z〉 + 〈y, z〉;b) 〈x, y + z〉 = 〈x, y〉 + 〈x, z〉;c) 〈λx, y〉 = λ 〈x, y〉;d) 〈x, λy〉 = λ 〈x, y〉;e) 〈x, y〉 = 〈y, x〉;f) 〈x, x〉 > 0;

g) 〈x, x〉 = 0 se e só se x = 0.

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 126

Para cada x = (x1, . . . , xn) ∈ Rn temos√

〈x, x〉 =√x1x1 + x2x2 + · · · + xnxn

=√

x21 + x2

2 + · · · + x2n

= ‖x‖ ,

ou seja, a norma pode ser definida à custa do produto interno.

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§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 127

É de referir que para quaisquer x, y ∈ Rn se tem

|〈x, y〉| 6√

〈x, x〉√

〈y, y〉

ou seja,∣∣∣∣∣

n∑

i=1

xiyi

∣∣∣∣∣6

√√√√

n∑

i=1

x2i .

√√√√

n∑

i=1

y2i ,

ou ainda,|〈x, y〉| 6 ‖x‖ ‖y‖ .

Esta desigualdade designa-se por desigualdade deCauchy-Schwarz.

Além disso, a igualdade só se verifica quando x e y são linearmentedependentes, ou seja, se

x = λy

para algum λ ∈ R.

§2.1.2 Distância, norma e produto interno Cálculo II – pag. 128

Em R2 ou em R3 tem-se

〈x, y〉 = ‖x‖ ‖y‖ cos θ,

onde θ ∈ [0, π] é o ângulo formado pelos vectores não nulos x e y.

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Índice Cálculo II – pag. 129

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 130

Seja a = (a1, . . . , an) um ponto de Rn. Chama-se bola aberta decentro a e raio r > 0 ao conjunto

Br(a) = {x ∈ Rn : d(x, a) < r}= {x ∈ Rn : ‖x− a‖ < r}

={

x ∈ Rn :√

(x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)2 < r

}

={

x ∈ Rn : (x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)2 < r2}

e bola fechada de centro a e raio r > 0 ao conjunto

Br[a] = {x ∈ Rn : d(x, a) 6 r}= {x ∈ Rn : ‖x− a‖ 6 r}

={

x ∈ Rn :√

(x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)2 6 r

}

={

x ∈ Rn : (x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)26 r2

}

.

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§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 131

O conjunto

Sr(a) = {x ∈ Rn : d(x, a) = r}= {x ∈ Rn : ‖x− a‖ = r}

={

x ∈ Rn :√

(x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)2 = r

}

={

x ∈ Rn : (x1 − a1)2 + (x2 − a2)2 + · · · + (xn − an)2 = r2}

designa-se por esfera de centro a e raio r > 0.

§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 132

Em R a distância entre dois elementos é dada pelo módulo dadiferença e, por conseguinte, as bolas são intervalos e as esferasconjuntos com dois pontos:

aa− r a+ r aa− r a+ r aa− r a+ r

Bola aberta, bola fechada e esfera de centro a ∈ R e raio r

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§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 133

A figura seguinte ilustra, em R2, os três conjuntos definidosanteriormente:

b

a1

a2 b

rb

rb

a1

a2

rbb

rb

a1

a2

rb

Bola aberta, bola fechada e esfera de centro (a1, a2) e raio r

§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 134

Em R3 a bola de centro a = (a1, a2, a3) e raio r pode ser representadapor

ba rba rb

Representação geométrica em R3 da bola de centro a = (a1, a2, a3) e raio r

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§2.1.3 Bolas e conjuntos limitados Cálculo II – pag. 135

Um subconjunto A de Rn diz-se limitado se estiver contido emalguma bola centrada na origem, isto é,

A ⊆ Br[0] para algum r > 0,

ou seja, se existir r > 0 tal que

‖x‖ 6 r para cada x ∈ A.

Os subconjuntos de Rn que não são limitados dizem-se ilimitados

Índice Cálculo II – pag. 136

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 137

Seja A um subconjunto de Rn. Um ponto a ∈ Rn diz-se interior a A

se existir ε > 0 tal que Bε(a) ⊆ A.

O ponto a diz-se exterior a A

se existir ε > 0 tal que Bε(a) ⊆ Rn \ A.

Um ponto a ∈ Rn diz-se fronteiro a A

se para cada ε > 0, Bε(a) ∩A 6= ∅ e Bε(a) ∩ (Rn \ A) 6= ∅.

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 138

A figura que se segue ilustra estes três conceitos.

aa

bb

cc

Pontos interiores, pontos exteriores e pontos fronteiros

O ponto a é um ponto interior ao conjunto, o ponto b é um pontoexterior ao conjunto e o ponto c é um ponto fronteiro ao conjunto.

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 139

O conjunto dos pontos interiores a A designa-se por interior de A erepresenta-se por intA ou A◦.

O conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A erepresenta-se por extA.

O conjunto dos pontos fronteiros de A diz-se a fronteira de A erepresenta-se por frA.

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 140

Observações

a) Da definição resulta imediatamente que intA, extA e frA sãoconjuntos disjuntos dois a dois e que

Rn = intA ∪ extA ∪ frA.

b) Outra consequência imediata da definição é a seguinte

intA = ext (Rn \ A) e frA = fr (Rn \ A) .

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 141

Exemplos

a) Consideremos os conjuntos

A ={

(x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2}

B ={

(x, y) ∈ R2 : 3 6 x 6 4 ∧ 1 6 y 6 2}

C ={

(x, y) ∈ R2 : 5 6 x 6 6 ∧ 1 < y < 2}

Estes conjuntos estão representados na figura seguinte

x

y

1 2 3 4 5 6

1

2

A B C

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 142

Exemplos

a) (continuação) Então o interior destes três conjuntos é dado por

intA ={

(x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2

}

intB ={

(x, y) ∈ R2 : 3 < x < 4 ∧ 1 < y < 2

}

intC ={

(x, y) ∈ R2 : 5 < x < 6 ∧ 1 < y < 2

},

o exterior é dado por

extA ={

(x, y) ∈ R2 : x < 1 ∨ x > 2 ∨ y < 1 ∨ y > 2

}

extB ={

(x, y) ∈ R2 : x < 3 ∨ x > 4 ∨ y < 1 ∨ y > 2

}

extC ={

(x, y) ∈ R2 : x < 5 ∨ x > 6 ∨ y < 1 ∨ y > 2

},

e a fronteira é dada por

frA ={

(x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 1 6 x 6 2) ∨ ((x = 1 ∨ x = 2) ∧ 1 6 y 6 2)

}

frB ={

(x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 3 6 x 6 4) ∨ ((x = 3 ∨ x = 4) ∧ 1 6 y 6 2)

}

frC ={

(x, y) ∈ R2 : ((y = 1 ∨ y = 2) ∧ 5 6 x 6 6) ∨ ((x = 5 ∨ x = 6) ∧ 1 6 y 6 2)

}.

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 143

Exemplos

b) Dada a bola aberta Br(a) de centro a e raio r > 0 tem-se

int (Br(a)) = Br(a)

ext (Br(a)) = Rn \Br[a]

fr (Br(a)) = Sr(a).

O interior, o exterior e a fronteira da bola fechada Br[a] de centro ae raio r > 0 coincidem, respectivamente, com o interior, o exterior ea fronteira de Br(a).

c) É óbvio que intRn = Rn, extRn = ∅ e frRn = ∅.

d) Também temos int∅ = ∅, ext∅ = Rn e fr∅ = ∅.

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 144

Um ponto a ∈ Rn diz-se aderente a um subconjunto A ⊆ Rn

se para cada ε > 0, Bε(a) ∩A 6= ∅.

O conjunto dos pontos aderentes de um conjunto A designa-se poraderência ou fecho de A e representa-se por A.

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 145

Exemplos

a) Considerando novamente os conjuntos

A ={

(x, y) ∈ R2 : 1 < x < 2 ∧ 1 < y < 2}

B ={

(x, y) ∈ R2 : 3 6 x 6 4 ∧ 1 6 y 6 2}

C ={

(x, y) ∈ R2 : 5 6 x 6 6 ∧ 1 < y < 2}

temos

A ={

(x, y) ∈ R2 : 1 6 x 6 2 ∧ 1 6 y 6 2}

B ={

(x, y) ∈ R2 : 3 6 x 6 4 ∧ 1 6 y 6 2}

C ={

(x, y) ∈ R2 : 5 6 x 6 6 ∧ 1 6 y 6 2}

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 146

Exemplos (continuação)

b) Seja Br(a) a bola aberta de centro a e raio r > 0. Então

Br(a) = Br[a].

c) Também se tem Rn = Rn e ∅ = ∅.

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 147

É evidente que para qualquer subconjunto A de Rn se tem

A = intA ∪ frA

eintA ⊆ A ⊆ A.

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 148

Sejam A um subconjunto de Rn e a ∈ Rn. Diz-se que a é um pontode acumulação de A

se para cada ε > 0, Bε(a) ∩ (A \ {a}) 6= ∅.

O conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto A representa-sepor A′ e designa-se por derivado.

Os pontos de A que não são pontos de acumulação de A designam-sepor pontos isolados.

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§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 149

Exemplos

a) Seja

A ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 < 1}

∪ {(2, 2) , (−2, 2)} .

O conjunto A tem a seguinte representação geométrica

x

y

2

2

-2 1

§2.1.4 Interior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjunto Cálculo II – pag. 150

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Então se

A ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 < 1}

∪ {(2, 2) , (−2, 2)}tem-se

intA ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 < 1},

extA ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 > 1}

\ {(2, 2) , (−2, 2)} ,frA =

{(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 = 1

}∪ {(2, 2) , (−2, 2)} ,

A ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y26 1}

∪ {(2, 2) , (−2, 2)} ,A′ =

{(x, y) ∈ R2 : x2 + y2

6 1}.

Os pontos (2, 2) e (−2, 2) são pontos isolados de A. Além disso o conjuntoA é limitado porque

A ⊆ B3[0].

b) É óbvio que (Rn)′ = Rn e que (∅)′ = ∅.

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Índice Cálculo II – pag. 151

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Os espaços Rn

Distância, norma e produto internoBolas e conjuntos limitadosInterior, exterior, fronteira, aderência e derivado de um conjuntoConjuntos abertos e conjuntos fechados

Funções de Rn em R

m

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.1.5 Conjuntos abertos e conjuntos fechados Cálculo II – pag. 152

Um subconjunto A de Rn diz-se aberto se A = intA e diz-se fechadose A = A.

aa

conjunto aberto

bb

conjunto fechado

Conjuntos abertos e conjuntos fechados

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Índice Cálculo II – pag. 153

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

Definição e exemplosGráfico, curvas de nível e superfícies de nível

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 154

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

Definição e exemplosGráfico, curvas de nível e superfícies de nível

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 155

Seja D um subconjunto não vazio de Rn. Uma função

f : D ⊆ Rn → Rm

associa a cada elemento x = (x1, . . . , xn) de D um e um só elemento deRm que representaremos por f(x). Como f(x) ∈ Rm, tem-se

f(x) = (f1(x), f2(x), . . . , fm(x))

onde

f1 : D ⊆ Rn → R

f2 : D ⊆ Rn → R

...

fm : D ⊆ Rn → R.

§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 156

Assim, cada função f : D ⊆ Rn → Rm pode ser definida por m funções

f1 : D ⊆ Rn → R

f2 : D ⊆ Rn → R

...

fm : D ⊆ Rn → R,

funções essas que se designam por funções coordenadas de f .Nestas condições escreve-se

f = (f1, f2, . . . , fm) .

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§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 157

As funçõesf : D ⊆ Rn → R

designam-se por funções escalares e as funções

f : D ⊆ Rn → Rm, m > 1,

designam-se por funções vectoriais.

O conjunto D no qual está definida a função designa-se por domíniode f e o conjunto de todas as imagens de uma função designa-se porcontradomínio de f , ou seja, o contradomínio de uma função

f : D ⊆ Rn → Rm

é o conjuntof(D) = {f(x) ∈ Rm : x ∈ D} .

§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 158

Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm

a) Seja f a função dada por

f(x, y) = (f1(x, y), f2(x, y), f3(x, y))

= (ln(y − x), sen x, 1) .

O domínio de f é o conjunto

D ={

(x, y) ∈ R2 : y − x > 0}

={

(x, y) ∈ R2 : y > x}

Obviamente, f : D ⊆ R2 → R3 e o seu contradomínio é o conjunto

f(D) ={

(a, b, c) ∈ R3 : − 1 6 b 6 1, c = 1}

.

Esta função é uma função vectorial pois o seu contradomínio é umsubconjunto de R3.

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§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 159

Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação)

a) (continuação) Façamos a representação geométrica do domínio

D ={

(x, y) ∈ R2 : y > x}

da função f :

x

y

1

1

y = x

D

1

§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 160

Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação)

b) Consideremos a função escalar dada por

f(x, y) = x ln(

y2 − x)

.

O domínio de f é o conjunto

D ={

(x, y) ∈ R2 : y2 − x > 0}

={

(x, y) ∈ R2 : y2 > x}

Assim, f : D ⊆ R2 → R e o contradomínio de f é R.

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§2.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 161

Exemplos de funções f : D ⊆ Rn → Rm (continuação)

b) (continuação) Façamos a representação geométrica do domínio

D ={

(x, y) ∈ R2 : y2 > x}

da função f :

x

y

1 2

1

√2

x = y2D

1

√2

Índice Cálculo II – pag. 162

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

Definição e exemplosGráfico, curvas de nível e superfícies de nível

LimitesContinuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 163

Dada uma função f : D ⊆ Rn → Rm designa-se por gráfico de f oconjunto

G (f) = {(a, f(a)) : a ∈ D} .

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 164

Gráfico da função dada por f(x, y) = x2 + y2

Seja f a função dada porf(x, y) = x2 + y2.

O domínio desta função é R2 e o seu contradomínio é [0,+∞[. O gráficodesta função é o conjunto

G (f) ={

((x, y), f(x, y)) : (x, y) ∈ R2}

={(

(x, y), x2 + y2)

: (x, y) ∈ R2}

Costuma identificar-se o ponto((x, y), x2 + y2

)de R2 × R com o ponto

(x, y, x2 + y2

)de R3. Assim,

G (f) ={(x, y, x2 + y2

)∈ R3 : (x, y) ∈ R2

}

={

(x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ R2 ∧ z = x2 + y2}.

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 165

Gráfico da função dada por f(x, y) = x2 + y2 (continuação)

Façamos a representação geométrica do gráfico de f .

x

y

zz = f(x, y)

⇔ z = x2 + y2corte pelo plano x = 0

y

z z = y2

corte pelo plano y = 0

x

z z = x2

corte pelo plano z = 1

x2 + y2 = 1

corte pelo plano z = 2

x2 + y2 = 2

Os cortes por planos z = k ou são circunferências, ou um ponto ou o vazio

1

2

b

f(1, 2) = 5

5

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 166

Gráfico da função dada por f(x, y) =√

x2 + y2

Seja f a função dada por

f(x, y) =√

x2 + y2.

O domínio desta função é R2 e o seu contradomínio é [0,+∞[. Ográfico desta função é o conjunto

G (f) ={

((x, y), f(x, y)) : (x, y) ∈ R2}

={(

x, y,√

x2 + y2

)

∈ R3 : (x, y) ∈ R2}

={

(x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ R2 ∧ z =√

x2 + y2

}

.

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 167

Gráfico da função dada por f(x, y) =√

x2 + y2 (continuação)

x

y

z

z = f(x, y)

⇔ z =√

x2 + y2

corte pelo plano x = 0

y

z z = |y|

corte pelo plano y = 0

x

z z = |x|

corte pelo plano z = 1

x2 + y2 = 1

corte pelo plano z = 2

x2 + y2 = 4

Os cortes por planos z = k ou são circunferências, ou um ponto ou o vazio

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 168

Sejam f : D ⊆ Rn → R uma função e k ∈ R. O conjunto

Ck = {x ∈ D : f(x) = k}

designa-se por conjunto de nível k. Em R2 os conjuntos de níveldesignam-se por curvas de nível e em R3 designam-se porsuperfícies de nível.

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 169

Curvas de nível da função dada por f(x, y) = x2 + y2

Consideremos novamente a função f : R2 → R dada por

f(x, y) = x2 + y2.

As curvas de nível desta função são

Ck ={

(x, y) ∈ R2 : f(x, y) = k}

={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 = k}

.

Assim, se k < 0 temos Ck = ∅. Se k = 0 temos C0 = {(0, 0)}.Finalmente, para k > 0 a curva de nível é uma circunferência centradaem (0, 0) e de raio

√k.

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 170

Curvas de nível da função dada por f(x, y) = x2 + y2 (continuação)

As curvas de nível 1, 2 e 3 estão representadas na figura seguinte

x

y

1√

2√

3

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 171

Curvas de nível da função dada por f(x, y) = x2 + y2 (continuação)

As curvas de nível podem ajudar a representar geometricamente ográfico da função:

x

y

z z = f(x, y) = x2 + y2

1

2

3

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 172

Curvas de nível da função dada por f(x, y) =√

x2 + y2

Para a função f : R2 → R dada por

f(x, y) =√

x2 + y2,

as curvas de nível são dadas por

Ck ={

(x, y) ∈ R2 : f(x, y) = k}

.

={

(x, y) ∈ R2 :√

x2 + y2 = k

}

.

Assim, se k < 0 temos Ck = ∅. Para k = 0 resulta C0 = {(0, 0)}.Finalmente, para k > 0 a curva de nível é uma circunferência centradaem (0, 0) e de raio k.

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§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 173

Curvas de nível da função dada por f(x, y) =√

x2 + y2 (continuação)

As curvas de nível 1, 2 e 3 estão representadas na figura seguinte

x

y

1 2 3

§2.2.2 Gráfico, curvas de nível e superfícies de nível Cálculo II – pag. 174

Curvas de nível da função dada por f(x, y) =√

x2 + y2 (continuação)

As curvas de nível podem ajudar a representar geometricamente ográfico da função:

x

y

z z = f(x, y) =√x2 + y2

1

2

3

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Índice Cálculo II – pag. 175

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesDefinição, propriedades e exemplosLimites relativos e limites direccionais

Continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 176

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesDefinição, propriedades e exemplosLimites relativos e limites direccionais

Continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 177

Comecemos por recordar a definição de limite para funções

f : D ⊆ R → R,

ou seja, quando n = m = 1.

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função, a um ponto deacumulação de D e b ∈ R. Diz-se que b é o limite (de f) quando xtende para a, e escreve-se

limx→a

f(x) = b,

se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que

|f(x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x− a| < δ.

Simbolicamente, tem-se o seguinte

limx→a

f(x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x− a| < δ ⇒ |f(x) − b| < ε)

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 178

A figura seguinte ilustra o conceito de limite de funções

f : D ⊆ R → R.

x

y

bb

a

b

f(a)

b−ε

b+ε

b

b

a−δ a+δ

b

a−δ a a+δ

b

a−δ a a+δ

b

xa

b−ε

b+ε

b

b

a−δ a a+δ

b

a−δ a a+δ

b

a−δaa+δ

b

a−δ a a+δ

b−ε

b

b+ε

b

Interpretação geométrica do conceito de limite de uma função real de variável real

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 179

Para generalizarmos o conceito de limite para funções

f : D ⊆ Rn → Rm

temos de utilizar normas em vez de módulos.

Deste modo, sejam D um subconjunto de Rn,

f : D ⊆ Rn → Rm

uma função, a um ponto de acumulação de D e b ∈ Rm. Dizemos que bé o limite de f quando x tende para a, e escreve-se

limx→a

f(x) = b,

se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que

‖f(x) − b‖ < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < ‖x− a‖ < δ.

Simbolicamente, tem-se o seguinte:

limx→a

f(x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < ‖x− a‖ < δ ⇒ ‖f(x) − b‖ < ε) .

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 180

Para interpretar geometricamente a definição de limite basta observar que

‖f(x) − b‖ < ε é equivalente a f(x) ∈ Bε(b)

e que0 < ‖x− a‖ < δ é equivalente a x ∈ Bδ(a) \ {a} .

Rn

DRm

f(D)

f

a

f(a)

bbε

δ a

x f(x)

Interpretação geométrica do limite em a de uma função f : D ⊆ Rn → Rm

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 181

Se a for um ponto isolado do domínio D, então a definição dada atrásnão se pode aplicar porque, quando a é um ponto isolado de D, épossível escolher δ > 0 tal que

0 < ‖x− a‖ < δ

é falso para qualquer x ∈ D.

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 182

Propriedades

a) O limite de uma função (quando existe) é único.

b) Sejam D um subconjunto de Rn,

a = (a1, . . . , an) ∈ Rn

um ponto de acumulação de D e

b = (b1, . . . , bm) ∈ Rm.

Sef : D ⊆ Rn → Rm

uma função tal que

f = (f1, . . . , fm) ,

entãolimx→a

f(x) = b se e só se limx→a

fi(x) = bi, i = 1, . . . ,m.

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 183

Propriedades (continuação)

c) Sejam D ⊆ Rn, f, g : D → Rm, α : D → R e a um ponto de acumulaçãode D. Suponhamos que existem

limx→a

f(x), limx→a

g(x) e limx→a

α(x).

Então

i) existe limx→a

[f(x) + g(x)] e

limx→a

[f(x) + g(x)] = limx→a

f(x) + limx→a

g(x);

ii) existe limx→a

[α(x)f(x)] e

limx→a

[α(x)f(x)] =[

limx→a

α(x)]

·[

limx→a

f(x)]

;

iii) se limx→a

α(x) 6= 0, existe limx→a

1α(x)

e

limx→a

1α(x)

=1

limx→a

α(x).

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 184

Propriedades (continuação)

d) Sejam D um subconjunto de Rn, a um ponto de acumulação de D e

f, g : D ⊆ Rn → R.

Suponhamos quelimx→a

f(x) = 0

e g é uma função limitada numa bola centrada em a. Então

limx→a

[f(x) · g(x)] = 0.

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 185

Propriedades (continuação)

e) Sejamf : Df ⊆ Rn → Rm

eg : Dg ⊆ Rm → Rk

duas funções tais quef(Df ) ⊆ Dg.

Suponhamos que a ∈ Rn é um ponto de acumulação de Df e queb ∈ Dg é um ponto de acumulação de Dg. Se

limx→a

f(x) = b e limx→b

g(x) = g(b),

entãolimx→a

(g ◦ f)(x) = limx→a

g(f(x)) = g(b).

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 186

Rn Rm

Df

f

ba b = f(a)

b

Rk

Dg

b = f(a)b

f(Df

)

b = f(a)b

g

bg(b) = g(f(a))

g (Dg)

bg(b) = g(f(a))

g ◦ f

Composição de funções

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 187

Exemplos

a) Seja f : R2 → R3 a função definida por

f(x, y) = (x+ y, sen(x+ 2y), cosx) .

Entãof = (f1, f2, f3)

ondef1, f2, f3 : R2 → R

são as funções definidas por

f1(x, y) = x+ y, f2(x, y) = sen(x+ 2y) e f3(x, y) = cos x.

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 188

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Como

lim(x,y)→(π/2,0)

f1(x, y) = lim(x,y)→(π/2,0)

x+ y = π/2 + 0 = π/2

lim(x,y)→(π/2,0)

f2(x, y) = lim(x,y)→(π/2,0)

sen(x+ 2y)

= sen(π/2 + 2 · 0) = sen(π/2) = 1

lim(x,y)→(π/2,0)

f3(x, y) = lim(x,y)→(π/2,0)

cosx = cos(π/2) = 0,

temos

lim(x,y)→(π/2,0)

f(x, y)

=(

lim(x,y)→(π/2,0)

f1(x, y), lim(x,y)→(π/2,0)

f2(x, y), lim(x,y)→(π/2,0)

f3(x, y))

= (π/2, 1, 0) .

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§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 189

Exemplos (continuação)

b) Seja f : R2 → R a função dada por

f(x, y) =

xy2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Esta função pode ser escrita, quando (x, y) 6= (0, 0), da seguinteforma

xy2

x2 + y2.

§2.3.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 190

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Como lim(x,y)→(0,0)

x = 0 ey2

x2 + y2é limitada, pois

0 6y2

x2 + y26 1 para cada (x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)} ,

podemos concluir que

lim(x,y)→(0,0)

xy2

x2 + y2= 0.

e, consequentemente,

lim(x,y)→(0,0)

f(x, y) = 0.

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Índice Cálculo II – pag. 191

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesDefinição, propriedades e exemplosLimites relativos e limites direccionais

Continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 192

Seja A um subconjunto de D ⊆ Rn e a um ponto de acumulação de A.Chama-se limite relativo a A da função

f : D ⊆ Rn → Rm

no ponto a (ou limite quando x tende para a no conjunto A) aolimite em a (quando exista) da restrição de f a A e usa-se a notação

limx→ax∈A

f(x).

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 193

É evidente para qualquer função

f : D ⊆ Rn → R

se existelimx→a

f(x),

então também existelimx→ax∈A

f(x)

para qualquer subconjunto A de D tal que a é ponto de acumulação deA e

limx→ax∈A

f(x) = limx→a

f(x).

Assim, se existirem dois limites relativos distintos, o limite não existe.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 194

Além disso, dada uma função

f : D ⊆ Rn → Rm,

se A1 e A2 são dois subconjuntos de Rn tais que a é ponto deacumulação de A1 e de A2,

D \ {a} ⊆ A1 ∪A2

e existem e são iguais os limites

limx→ax∈A1

f(x) e limx→ax∈A2

f(x),

então também existelimx→a

f(x)

elimx→a

f(x) = limx→ax∈A1

f(x) = limx→ax∈A2

f(x).

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 195

Exemplo

Seja f : R2 \ {(0, 0)} → R a função definida por

f(x, y) =x2 − y2

x2 + y2.

Considerando os conjuntos

A ={

(x, 0) ∈ R2 : x ∈ R \ {0}}

e B ={

(0, y) ∈ R2 : y ∈ R \ {0}}

temos

lim(x,y)→(0,0)

(x,y)∈A

f(x, y) = limx→0

f(x, 0) = limx→0

x2 − 02

x2 + 02= lim

x→0

x2

x2= lim

x→01 = 1

e

lim(x,y)→(0,0)

(x,y)∈B

f(x, y) = limy→0

f(0, y) = limy→0

02 − y2

02 + y2= lim

y→0

−y2

y2= lim

y→0−1 = −1.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 196

Exemplo (continuação)

Comolim

(x,y)→(0,0)(x,y)∈A

f(x, y) 6= lim(x,y)→(0,0)

(x,y)∈B

f(x, y),

não existelim

(x,y)→(0,0)f(x, y).

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 197

Para funções reais de variável real, f : D ⊆ R → R, considerando osconjuntos

D+a = {x ∈ D : x > a} = D∩ ]a,+∞[

eD−a = {x ∈ D : x < a} = D∩ ] − ∞, a[,

obtemos os limites laterais à direita e à esquerda da seguinteforma

limx→a+

f(x) = limx→ax∈D+

a

f(x)

elimx→a−

f(x) = limx→ax∈D−

a

f(x),

desde que a seja ponto de acumulação de D+a e de D−

a ,respectivamente.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 198

A generalização natural dos limites laterais a funções

f : D ⊆ Rn → Rm

é dada pelos limites direccionais. Se a e v são elementos de Rn, com v 6= 0,então

{x ∈ Rn : x = a+ tv, t ∈ R+

}

é a semi-recta de origem a e com a direcção e o sentido de v. Dada umafunção

f : D ⊆ Rn → Rm,

fazendoA =

{x ∈ D : x = a+ tv, t ∈ R+

},

e supondo que a é ponto de acumulação de A, chama-se a

limx→ax∈A

f(x)

limite (direccional) de f no ponto a segundo v. Este limite obtém-secalculando

limt→0+

f(a+ tv).

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 199

Observações

a) Sejam D um subconjunto de Rn,

f : D ⊆ Rn → R

uma função e a, v ∈ Rn. Se existe

limt→0+

f(a+ tv),

então, fazendo u = λv, λ ∈ R+, também existe

limt→0+

f(a+ tu)

e

limt→0+

f(a+ tv) = limt→0+

f(a+ tu).

b) Tendo em conta a observação anterior, para calcular os limitesdireccionais basta considerar vectores de norma um. Assim, para funções

f : D ⊆ R2 → R,

basta considerar vectoresv = (cosα, senα) , α ∈ [0, 2π[.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 200

Exemplo

Consideremos novamente a função f : R2 \ {(0, 0)} → R definida por

f(x, y) =x2 − y2

x2 + y2.

Fazendov = (cosα, senα) ,

com α ∈ [0, 2π[, temos

limt→0+

f ((0, 0) + t(cosα, senα)) = limt→0+

f(t cosα, t senα)

= limt→0+

t2 cos2 α− t2 sen2 α

t2 cos2 α+ t2 sen2 α

= limt→0+

t2(cos2 α− sen2 α

)

t2 (cos2 α+ sen2 α)

= cos2 α− sen2 α

e, como os limites direccionais dependem do vector v, podemos concluir quenão existe

lim(x,y)→(0,0)

f(x, y).

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 201

Para funções f : D ⊆ R → R é fácil provar que se existem

limx→a+

f(x) e limx→a−

f(x)

elimx→a+

f(x) = limx→a−

f(x),

então também existelimx→a

f(x)

elimx→a

f(x) = limx→a+

f(x) = limx→a−

f(x).

No entanto, para funções

f : D ⊆ Rn → Rm, n > 1,

é possível existirem e serem iguais todos os limites direccionais, semque o limite da função exista. Vejamos um exemplo em que issoacontece.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 202

Exemplo – f(x, y) = x2y/(x4 + y2)

No ponto (0, 0) todos os limites direccionais da função

f : R2 \ {(0, 0)} → R

definida por

f(x, y) =x2y

x4 + y2

são iguais a zero. De facto, fazendo

v = (cosα, sen α) ,

com α ∈ [0, 2π[, temos, para α ∈ ]0, π[ ∪ ]π, 2π[,

limt→0+

f((0, 0) + tv) = limt→0+

f(t cosα, t sen α) = limt→0+

t3 cos2 α senαt4 cos4 α+ t2 sen2 α

= limt→0+

t cos2 α senαt2 cos4 α+ sen2 α

=0

0 + sen2 α= 0.

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§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 203

Exemplo (continuação) – f(x, y) = x2y/(x4 + y2)

Se α = 0 vem

limt→0+

f ((0, 0) + t(1, 0)) = limt→0+

f(t, 0) = limt→0+

t20t4 + 02

= limt→0+

0 = 0

e se α = π temos

limt→0+

f ((0, 0) + t(−1, 0)) = limt→0+

f(−t, 0)

= limt→0+

(−t)20(−t)4 + 02

= limt→0+

0

= 0.

Assim, todos os limites direccionais são iguais a zero.

§2.3.2 Limites relativos e limites direccionais Cálculo II – pag. 204

Exemplo (continuação) – f(x, y) = x2y/(x4 + y2)

No entanto, considerando o conjunto

A ={

(x, y) ∈ R2 \ {(0, 0)} : y = x2}

temos

lim(x,y)→(0,0)

x∈A

f(x, y) = limx→0

f(x, x2) = limx→0

x2 · x2

x4 + (x2)2

= limx→0

x4

2x4= lim

x→0

12

=12

que é diferente dos limites direccionais. Logo não existe

lim(x,y)→(0,0)

x2y

x4 + y2.

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Índice Cálculo II – pag. 205

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesContinuidade

Definição, propriedades e exemplosTeorema de Weierstrass

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 206

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesContinuidade

Definição, propriedades e exemplosTeorema de Weierstrass

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 207

Sejam D um subconjunto de Rn,

f : D ⊆ Rn → Rm

uma função e a ∈ D. Diz-se que f é contínua no ponto a se paracada ε > 0, existir δ > 0 tal que

‖f(x) − f(a)‖ < ε para qualquer x ∈ D tal que ‖x− a‖ < δ.

Simbolicamente,

f é contínua em a

⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (‖x− a‖ < δ ⇒ ‖f(x) − f(a)‖ < ε) .

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 208

Assim temos a seguinte interpretação geométrica de continuidade numponto.

Rn

DRmf

f(D)

a

f(a)f(a)ε

δ a

x f(x)

Função de Rn em Rm contínua no ponto a

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 209

Dizemos que a ∈ D é um ponto de descontinuidade de

f : D ⊆ Rn → Rm

se f não é contínua em a.

Uma funçãof : D ⊆ Rn → Rm

é contínua se for contínua em todos os pontos de D.

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 210

Observações

a) Ao contrário do que acontece na definição de limite, só faz sentidoconsiderar pontos do domínio D quando estamos a investigar acontinuidade de uma função.

b) Se a é um ponto isolado de D, então a função f : D → Rm é contínua ema. De facto, dado ε > 0, basta escolher δ > 0 tal que

Bδ(a) ∩D = {a} .Assim, a condição

x ∈ D ∧ ‖x− a‖ < δ é equivalente a x = a

e, por conseguinte,

‖f(x) − f(a)‖ = 0 < ε.

Em particular, se D só tem pontos isolados, então qualquer funçãof : D → Rm é contínua.

c) Se a ∈ D é um ponto de acumulação de D, então f : D → Rm é contínuaem a se e só se

limx→a

f(x) = f(a).

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 211

Exemplos

a) Num exemplo anterior estudamos a função

f : R2 → R3

dada porf(x, y) = (x+ y, sen(x+ 2y), cos x)

e vimos quelim

(x,y)→(π/2,0)f(x, y) = (π/2, 1, 0) .

Comof(π/2, 0) = (π/2, 1, 0) ,

a função é contínua no ponto (π/2, 0).

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 212

Exemplos (continuação)

b) Seja f : R2 → R a função é definida por

f(x, y) =

x2 − y2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0)

0 se (x, y) = (0, 0).Fazendo

A ={

(x, y) ∈ R2 : x = 0}

e B ={

(x, y) ∈ R2 : y = 0},

temos

lim(x,y)→(0,0)

x∈A

f(x, y) = limy→0

f(0, y) = limy→0

02 − y2

02 + y2= lim

y→0

−y2

y2= lim

y→0−1 = −1

e

lim(x,y)→(0,0)

x∈B

f(x, y) = limx→0

f(x, 0) = limx→0

x2 − 02

x2 + 02= lim

x→0

x2

x2= lim

x→01 = 1.

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 213

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Como

lim(x,y)→(0,0)

x∈A

f(x, y) 6= lim(x,y)→(0,0)

x∈B

f(x, y),

não existelim

(x,y)→(0,0)f(x, y).

Logo a função não é contínua em (0, 0).

No entanto, em qualquer ponto (a, b) 6= (0, 0) esta função écontínua porque

lim(x,y)→(a,b)

f(x, y) = lim(x,y)→(a,b)

x2 − y2

x2 + y2=a2 − b2

a2 + b2= f(a, b).

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 214

Propriedades

a) Sejamf : D ⊆ Rn → Rm

uma função tal quef = (f1, . . . , fm)

e a um elemento de D. Então

f é contínua em a

se e só se as funções coordenadas

fi são contínuas em a, i = 1, . . . , n.

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 215

Propriedades (continuação)

b) Sejamf, g : D ⊆ Rn → Rm

duas funções contínuas em a ∈ D e

α : D → R

uma função contínua em a. Então

f + g e αf são contínuas em a

e, se α(a) 6= 0, então

é contínua em a.

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 216

Propriedades (continuação)

c) Sejamf : Df ⊆ Rn → Rm

eg : Dg ⊆ Rm → Rk

duas funções tais que f(Df ) ⊆ Dg. Se

f é contínua em a ∈ Df

eg é contínua em f(a),

entãog ◦ f é contínua em a.

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§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 217

Exemplo

Seja f : R2 → R a função dada por

f(x, y) =

x2y

x4 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Já vimos num exemplo anterior que fazendo

A ={

(x, y) ∈ R2 : y = 0}

e B ={

(x, y) ∈ R2 : y = x2},

temoslim

(x,y)→(0,0)x∈A

f(x, y) = limx→0

f(x, 0) = limx→0

x2 · 0x4 + 02

= limx→0

0x4

= limx→0

0 = 0

e

lim(x,y)→(0,0)

x∈B

f(x, y) = limx→0

f(x, x2) = limx→0

x2 · x2

x4 + (x2)2= lim

x→0

x4

2x4= lim

x→0

12

=12.

§2.4.1 Definição, propriedades e exemplos Cálculo II – pag. 218

Exemplo (continuação)

Como

lim(x,y)→(0,0)

x∈A

f(x, y) 6= lim(x,y)→(0,0)

x∈B

f(x, y),

não existe

lim(x,y)→(0,0)

x2y

x4 + y2

e, portanto, a função não é contínua em (0, 0).

No entanto, em qualquer ponto (a, b) 6= (0, 0) esta função é contínuaporque pode ser escrita como a composição de funções contínuas.

Outra forma de provarmos que f é contínua em qualquer ponto(a, b) 6= (0, 0) é observarmos que

lim(x,y)→(a,b)

f(x, y) = lim(x,y)→(a,b)

x2y

x4 + y2=

a2b

a4 + b2= f(a, b).

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Índice Cálculo II – pag. 219

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidadeBreves noções de topologia em Rn

Funções de Rn em Rm

LimitesContinuidade

Definição, propriedades e exemplosTeorema de Weierstrass

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§2.4.2 Teorema de Weierstrass Cálculo II – pag. 220

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função escalar e A um subconjunto não vazio de D.

Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ A ou quef(a) é um máximo (absoluto) de f em A se

f(x) 6 f(a) para todo o x ∈ A.

Quandof(x) > f(a) para todo o x ∈ A,

dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ A ou quef(a) é um mínimo (absoluto) de f em A.

Os máximos e mínimos (absolutos) de f em a dizem-se extremosabsolutos de f em A.

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§2.4.2 Teorema de Weierstrass Cálculo II – pag. 221

Teorema de Weierstrass

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função contínua num subconjunto não vazio, fechado e limitadoA ⊆ D. Então f tem máximo e mínimo em A.

§2.4.2 Teorema de Weierstrass Cálculo II – pag. 222

Exemplo

SejamA =

{

(x, y) ∈ R2 : |x| 6 1, |y| 6 1}

e f a função dada por

f(x, y) = x+ y sen x.

A função f é contínua em R2 e, portanto, é contínua em A. Como A éfechado e limitado, f tem máximo e mínimo no conjunto A.

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Índice Cálculo II – pag. 223

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 224

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDerivadas parciaisDerivadas parciais de ordem superiorGradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacionalDerivada num ponto segundo um vector

Diferenciabilidade de funções de Rn em R

m

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 225

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDerivadas parciaisDerivadas parciais de ordem superiorGradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacionalDerivada num ponto segundo um vector

Diferenciabilidade de funções de Rn em R

m

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 226

Comecemos por recordar como se define derivada de funções reais devariável real. Sejam D um subconjunto não vazio de R,

f : D → R

e a ∈ D um ponto de acumulação de D. Diz-se que f é derivável oudiferenciável em a se existe (e é finito) o limite:

limx→a

f(x) − f(a)x− a

.

Tal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e

representa-se por f ′(a), Df(a) ou ainda pordf

dx(a).

Fazendo a mudança de variável x = a+ h, temos

f ′(a) = limh→0

f(a+ h) − f(a)h

.

Aqui têm apenas de se considerar os valores de h tais que a+ h ∈ D.

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 227

Diz-se que a funçãof : D ⊆ R → R

é derivável ou diferenciável em D se for derivável em todo o pontode D e à nova função

f ′ : D ⊆ R → R,

que a cada ponto x ∈ D faz corresponder f ′(x), chama-se derivada def e representa-se também por

Df oudf

dx.

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 228

O quocientef(a+ h) − f(a)

h

representa o declive da recta que passa pelos pontos

(a, f(a)) e (a+ h, f(a+ h)) .

Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos

(a, f(a)) e (a+ h, f(a+ h)) ,

vai tender para a recta tangente ao gráfico de f e que passa no pontos(a, f(a)). Assim, geometricamente, a derivada de uma função numponto do domínio é o declive da recta tangente ao gráfico da função noponto considerado. Portanto, a recta tangente ao gráfico de umafunção f no ponto (a, f(a)) é a recta de equação

y = f(a) + f ′(a)(x − a).

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 229

b

a

f(a)

b

a+ h

f(a + h)

b

b

a

f(a)

b

b

bb

a+ h

f(a + h)

b

b

a

f(a) b

bb

b

a+ h

f(a + h)

b

b

a

f(a) b

bb

b

b

a+ h

f(a + h)

b

b

b

y = f(a) + f ′(a)(x − a)

α

f ′(a) = tgα

Interpretação geométrica do conceito de derivada

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 230

Pretendemos generalizar o conceito de derivada a funções

f : D ⊆ Rn → Rm.

Por uma questão de economia de escrita, consideraremos, inicialmente,funções

f : D ⊆ R2 → R.

Como habitualmente, escreveremos (x, y) em vez de (x1, x2) pararepresentar os elementos de R2.

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 231

Sejam D um subconjunto não vazio de R2 e

f : D ⊆ R2 → R

uma função. A derivada parcial de f em relação a x (ou em ordem a

x) é a função∂f

∂xque se obtém derivando (caso a derivada exista) f em

relação a x, tratando y como se fosse uma constante. Por exemplo, sef : R2 → R é a função definida por

f(x, y) = 2x3y − 4x sen(πy),

temos∂f

∂x(x, y) = 6x2y − 4 sen(πy).

De igual modo, a derivada parcial de f em relação a y (ou em ordem a

y) é a função∂f

∂yque se obtém derivando (caso a derivada exista) f em

relação a y, tratando x como se fosse uma constante. Assim, no exemplo dadotemos

∂f

∂y(x, y) = 2x3 − 4πx cos(πy).

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 232

Vejamos como definir de modo mais formal as derivadas parciais.Sejam D um subconjunto de R2,

f : D ⊆ R2 → R

uma função e (a, b) ∈ D. Suponhamos que (a, b) é um ponto deacumulação de

{(x, y) ∈ D : y = b} .Representa-se por

∂f

∂x(a, b), f ′

x(a, b) ou Dxf(a, b),

a derivada parcial de f em relação a x (ou em ordem a x) noponto (a, b) e define-se da seguinte forma

∂f

∂x(a, b) = lim

h→0

f(a+ h, b) − f(a, b)h

quando este limite exista e seja finito.

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 233

Analogamente, se (a, b) ∈ D é ponto de acumulação de

{(x, y) ∈ D : x = a} ,

representa-se por

∂f

∂y(a, b), f ′

y(a, b) ou Dyf(a, b),

a derivada parcial de f em ordem a y no ponto (a, b) e define-seda seguinte forma

∂f

∂y(a, b) = lim

k→0

f(a, b+ k) − f(a, b)k

,

quando este limite existe e é finito.

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 234

x

y

z

b

a

b

f(a, b)

bb

α

∂f

∂x(a, b) = tgα

b

β

∂f

∂y(a, b) = tg β

Interpretação geométrica das derivadas parciais

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 235

Sejaf : D ⊆ R2 → R

uma função. A função que a cada (x, y) associa∂f

∂x(x, y) designa-se por

(função) derivada parcial de f em ordem a x e representa-se por

∂f

∂x, f ′

x ou Dxf.

Obviamente, o seu domínio é o conjunto{

(x, y) ∈ D : existe∂f

∂x(x, y)

}

.

Do mesmo modo, define-se (função) derivada parcial de f emordem a y que se representa por

∂f

∂y, f ′

y ou Dyf.

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 236

Exemplos de derivadas parciais

a) Considerando a funçãof : R2 → R

definida porf(x, y) = x2 + y2 + sen(xy)

temos∂f

∂x(x, y) = 2x+ y cos(xy)

e∂f

∂y(x, y) = 2y + x cos(xy).

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 237

Exemplos de derivadas parciais (continuação)

b) A funçãof : R2 → R

definida por

f(x, y) = sen(

x2 + y3)

+ ex−cos(xy)

tem as seguintes derivadas parciais

∂f

∂x(x, y) = 2x cos

(

x2 + y3)

+ (1 + y sen (xy)) ex−cos(xy)

e∂f

∂y(x, y) = 3y2 cos

(

x2 + y3)

+ x sen (xy) ex−cos(xy) .

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 238

Exemplos de derivadas parciais (continuação)

c) Seja f : R2 → R a função definida por

f(x, y) =

(x− 1)y2

(x− 1)2 + y2se (x, y) 6= (1, 0),

0 se (x, y) = (1, 0).

Então

∂f

∂x(1, 0) = lim

h→0

f(1 + h, 0) − f(1, 0)h

= limh→0

(1+h−1)02

(1+h−1)2+02 − 0

h

= limh→0

0h2

h= lim

h→0

0h

= limh→0

0 = 0

e

∂f

∂y(1, 0) = lim

k→0

f(1, 0 + k) − f(1, 0)k

= limk→0

(1−1)k2

(1−1)2+k2 − 0

k

= limk→0

0k2

k= lim

k→0

0k

= limk→0

0 = 0.

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 239

Exemplos de derivadas parciais (continuação)

d) Seja f : R2 → R a função dada por

f(x, y) =

x2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Então

∂f

∂x(0, 0) = lim

h→0

f(0 + h, 0) − f(0, 0)h

= limh→0

h2

h2+02 − 0

h= lim

h→0

h2

h2

h= lim

h→0

1h

e este limite não existe. Logo f não tem derivada parcial em ordem a xno ponto (0, 0). Por outro lado,

∂f

∂y(0, 0) = lim

k→0

f(0, 0 + k) − f(0, 0)k

= limk→0

02

02+k2 − 0

k

= limk→0

0k2

k= lim

k→0

0k

= limk→0

0 = 0.

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 240

No caso geral em que temos uma função

f : D ⊆ Rn → Rm

definimos, para a = (a1, . . . , an), as seguintes derivadas parciais:

∂f

∂x1(a) =

∂f

∂x1(a1, . . . , an) = lim

h→0

f(a1 + h, a2, . . . , an) − f(a1, . . . , an)h

∂f

∂x2(a) =

∂f

∂x2(a1, . . . , an) = lim

h→0

f(a1, a2 + h, a3, . . . , an) − f(a1, . . . , an)h

...

∂f

∂xn(a) =

∂f

∂xn(a1, . . . , an) = lim

h→0

f(a1, . . . , an−1, an + h) − f(a1, . . . , an)h

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§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 241

A função que a cada x = (x1, . . . , xn) associa∂f

∂x1(x) designa-se por

(função) derivada parcial de f em ordem a x1 e representa-se por

∂f

∂x1, f ′

x1ou Dx1f.

Obviamente, o seu domínio é o conjunto{

x ∈ D : existe∂f

∂x1(x)}

.

Do mesmo modo, define-se (função) derivada parcial de f emordem a xi, i = 2, . . . , n, que se representa por

∂f

∂xi, f ′

xiou Dxi

f.

§3.1.1 Derivadas parciais Cálculo II – pag. 242

Das propriedades dos limites resulta imediatamente que se

f : D ⊆ Rn → Rm e f = (f1, . . . , fm) , m > 1

temos

∂f

∂x1(a) =

(∂f1

∂x1(a),

∂f2

∂x1(a), . . . ,

∂fm∂x1

(a))

∂f

∂x2(a) =

(∂f1

∂x2(a),

∂f2

∂x2(a), . . . ,

∂fm∂x2

(a))

...

∂f

∂xn(a) =

(∂f1

∂xn(a),

∂f2

∂xn(a), . . . ,

∂fm∂xn

(a))

.

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Índice Cálculo II – pag. 243

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDerivadas parciaisDerivadas parciais de ordem superiorGradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacionalDerivada num ponto segundo um vector

Diferenciabilidade de funções de Rn em R

m

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 244

Sejam D um subconjunto de R2 e

f : D ⊆ R2 → R

uma função. Suponhamos existe a derivada parcial (de primeiraordem) de f em relação a x. Designaremos por

f ′′x2, f ′′

xx,∂2f

∂x2, D2

x2f ou D2xxf

a derivada(f ′x

)′x =

∂x

(∂f

∂x

)

,

caso exista, e chamar-lhe-emos derivada parcial de segunda ordemda função f duas vezes em ordem a x.

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§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 245

Do mesmo modo se definem a derivada de segunda ordem de fduas vezes em relação a y:

f ′′y2 ≡ f ′′

yy ≡ ∂2f

∂y2≡ D2

y2f ≡ D2yyf =

(

f ′y

)′

y=

∂y

(∂f

∂y

)

;

a derivada de segunda ordem de f em relação a x e depois emrelação a y:

f ′′xy ≡ ∂2f

∂y∂x≡ D2

xyf =(f ′x

)′y =

∂y

(∂f

∂x

)

;

a derivada de segunda ordem de f em relação a y e depois emrelação a x:

f ′′yx ≡ ∂2f

∂x∂y≡ D2

yxf =(

f ′y

)′

x=

∂x

(∂f

∂y

)

.

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 246

A partir das derivadas de segunda ordem podemos definir as derivadas deterceira ordem, e assim sucessivamente como é ilustrado no esquema seguinte.

f

f ′x ≡

∂f

∂x

f ′y ≡

∂f

∂y

f ′′x2 ≡

∂2f

∂x2

f ′′xy ≡

∂2f

∂y∂x

f ′′yx ≡

∂2f

∂x∂y

f ′′y2 ≡

∂2f

∂y2

f ′′′x3 ≡

∂3f

∂x3

f ′′′x2y ≡

∂3f

∂y∂x2

f ′′′xyx ≡

∂3f

∂x∂y∂x

f ′′′xy2 ≡

∂3f

∂y2∂x

f ′′′yx2 ≡

∂3f

∂x2∂y

f ′′′yxy ≡

∂3f

∂y∂x∂y

f ′′′y2x ≡

∂3f

∂x∂y2

f ′′′y3 ≡

∂3f

∂y3

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§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 247

Sejam D um subconjunto de Rn, n > 1, e

f : D ⊆ Rn → Rm

uma função. Dados dois inteiros positivos i e j inferiores ou iguais a n,

supondo que existe∂f

∂xi, representaremos por

∂2f

∂xj∂xiou f ′′

xixj

a derivada parcial de∂f

∂xiem ordem a xj , caso exista, e

chamar-lhe-emos derivada parcial de segunda ordem de fprimeiro em relação a xi e depois em relação a xj.

De forma semelhante podemos definir as derivadas de ordem três, deordem quatro, etc.

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 248

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem

a) Seja f : R2 → R a função dada por

f(x, y) = x4 + 3xy2 + 4y3.

Então∂f

∂x(x, y) = 4x3 + 3y2 e

∂f

∂y(x, y) = 6xy + 12y2.

Assim,∂2f

∂x2(x, y) = 12x2 e

∂2f

∂y∂x(x, y) = 6y,

enquanto que

∂2f

∂x∂y(x, y) = 6y e

∂2f

∂y2(x, y) = 6x+ 24y.

Este exemplo parece sugerir que as derivadas cruzadas (ou mistas)∂2f

∂y∂xe∂2f

∂x∂ysão iguais.

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§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 249

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) Seja f : R2 → R a função definida por

f(x, y) =

x3y

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Vamos calcular f ′′xy(0, 0) e f ′′

yx(0, 0). Como

f ′′xy(0, 0) = lim

k→0

f ′x(0, k) − f ′

x(0, 0)k

e

f ′′yx(0, 0) = lim

h→0

f ′y(h, 0) − f ′

y(0, 0)

h,

temos de calcular f ′x(0, y) e f ′

y(x, 0).

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 250

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) (continuação) Atendendo a que, para y 6= 0,

f ′x(0, y) = lim

h→0

f(h, y)−f(0, y)h

= limh→0

h3y

h2+y2−0

h= lim

h→0

h2y

h2+y2=

0y2

= 0

e

f ′x(0, 0) = lim

h→0

f(h, 0) − f(0, 0)h

= limh→0

h3 · 0h2 + 02

− 0

h= lim

h→0

0h

= limh→0

0 = 0

temosf ′x(0, y) = 0.

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§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 251

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) (continuação) Por outro lado, para x 6= 0, tem-se

f ′y(x, 0) = lim

k→0

f(x, k)−f(x, 0)k

= limk→0

x3k

x2+k2−0

k= lim

k→0

x3

x2+k2=x3

x2= x

e

f ′y(0, 0) = lim

k→0

f(0, k) − f(0, 0)k

= limk→0

03 · k02 + k2

− 0

k= lim

k→0

0k

= limk→0

0 = 0

temosf ′y(x, 0) = x.

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 252

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) (continuação) Usando o facto de

f ′x(0, y) = 0 e f ′

y(x, 0) = x,

tem-se

f ′′xy(0, 0) = lim

k→0

f ′x(0, k) − f ′

x(0, 0)k

= limk→0

0 − 0k

= limk→0

0k

= limk→0

0 = 0

e

f ′′yx(0, 0) = lim

h→0

f ′y(h, 0) − f ′

y(0, 0)

h= lim

h→0

h− 0h

= limh→0

h

h= lim

h→01 = 1,

o que prova que as derivadas mistas (ou cruzadas) f ′′xy e f ′′

yx podemser diferentes!

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§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 253

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) (continuação) Para esta função f : R2 → R, que, recorde-se, é dadapor

f(x, y) =

x3y

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

tem-se

f ′x(x, y) =

x4y + 3x2y3

(x2 + y2)2 se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

e

f ′y(x, y) =

x5 − x3y2

(x2 + y2)2 se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

§3.1.2 Derivadas parciais de ordem superior Cálculo II – pag. 254

Exemplos – derivadas parciais de segunda ordem (continuação)

b) (continuação) Além disso,

f ′′xx(x, y) =

6xy5 − 2x3y3

(x2 + y2)3 se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

f ′′xy(x, y) =

x6 + 6x4y2 − 3x2y4

(x2 + y2)3 se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

f ′′yx(x, y) =

x6 + 6x4y2 − 3x2y4

(x2 + y2)3 se (x, y) 6= (0, 0),

1 se (x, y) = (0, 0),

f ′′yy(x, y) =

2x3y3 − 6x5y

(x2 + y2)3 se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

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Índice Cálculo II – pag. 255

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDerivadas parciaisDerivadas parciais de ordem superiorGradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacionalDerivada num ponto segundo um vector

Diferenciabilidade de funções de Rn em R

m

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 256

Sejamf : D ⊆ Rn → R

uma função e a ∈ D. Chama-se gradiente de f no ponto a, erepresenta-se por

(∇f) (a) ou (grad f) (a),

ao vector

(∇f) (a) =(∂f

∂x1(a), . . . ,

∂f

∂xn(a))

e designa-se por laplaciano de f no ponto a, e representa-se por

(∆f) (a) ou(

∇2f)

(a),

a expressão

(∆f) (a) =∂2f

∂x21

(a) + · · · +∂2f

∂x2n

(a)

desde que existam as derivadas parciais envolvidas nas definições.

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§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 257

Exemplos – gradiente e laplaciano

Seja

f : R3 → R

a função definida por

f(x, y, z) = sen(xy2z3).Então

∇f =(∂f

∂x,∂f

∂y,∂f

∂z

)

=(y2z3 cos(xy2z3), 2xyz3 cos(xy2z3), 3xy2z2 cos(xy2z3)

)

e

∆f =∂2f

∂x2+∂2f

∂y2+∂2f

∂z2

= − y4z6 sen(xy2z3) +(2xz3 cos(xy2z3) − 4x2y2z6 sen(xy2z3)

)

+(6xy2z cos(xy2z3) − 9x2y4z4 sen(xy2z3)

)

= −(y4z6 + 4x2y2z6 + 9x2y4z4

)sen(xy2z3) +

(2xz3 + 6xy2z

)cos(xy2z3).

§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 258

Dada uma funçãof : D ⊆ Rn → Rm

e a ∈ D, à matriz

Ja(f) =

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm∂x1

(a) · · · ∂fm∂xn

(a)

chamamos matriz jacobiana de f no ponto a, desde que as derivadasenvolvidas na definição existam.

Quando n = m, o determinante de J diz-se o jacobiano da função f erepresenta-se por

∂ (f1, . . . , fn)∂ (x1, . . . , xn)

.

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§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 259

Exemplo – matriz jacobiana

Sejaf : R3 → R2

a função definida por

f(x, y, z) =(

xy + z2, exy + senx)

.

Então a matriz jacobiana de f é dada por

J(x,y,z)(f) =

∂f1

∂x(x, y, z)

∂f1

∂y(x, y, z)

∂f1

∂z(x, y, z)

∂f2

∂x(x, y, z)

∂f2

∂y(x, y, z)

∂f2

∂z(x, y, z)

=

y x 2z

y exy + cos x x exy 0

.

§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 260

Dada uma funçãof : D ⊆ Rn → Rn

e a ∈ D, a divergência de f no ponto a representa-se por

(div f) (a),

e é definida por

(div f) (a) =∂f1

∂x1(a) +

∂f2

∂x2(a) + · · · +

∂fn∂xn

(a),

desde que as derivadas envolvidas na definição existam. Das definiçõesresulta imediatamente que o laplaciano é a divergência do gradiente.

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§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 261

Exemplo – divergência

Sejaf : R3 → R3

a função definida por

f(x, y, z) =(

x2 + xyz2, exz + sen y, x− 3y + z4)

.

Então a divergência de f é dada por

(div f) (x, y, z) =∂f1

∂x(x, y, z) +

∂f2

∂y(x, y, z) +

∂f3

∂z(x, y, z)

= 2x+ yz2 + cos y + 4z3.

§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 262

Dada uma funçãof : D ⊆ R3 → R3

e a ∈ D, designa-se por rotacional de f no ponto a, e representa-sepor

(rot f) (a),

o vector

(rot f) (a)

=

(∂f3

∂y(a) −

∂f2

∂z(a),

∂f1

∂z(a) −

∂f3

∂x(a),

∂f2

∂x(a) −

∂f1

∂y(a)

)

=

(∂f3

∂y(a) −

∂f2

∂z(a)

)

e1 +(∂f1

∂z(a) −

∂f3

∂x(a))

e2 +

(∂f2

∂x(a) −

∂f1

∂y(a)

)

e3,

desde que as derivadas parciais envolvidas na definição existam e onde

e1 = (1, 0, 0) , e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1) .

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§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 263

A fórmula do rotacional pode ser dada pelo desenvolvimento segundo aprimeira linha do determinante formal

rot f =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

e1 e2 e3

∂x

∂y

∂zf1 f2 f3

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

que é precisamente igual a(∂f3

∂y− ∂f2

∂z

)

e1 +(∂f1

∂z− ∂f3

∂x

)

e2 +(∂f2

∂x− ∂f1

∂y

)

e3.

§3.1.3 Gradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacional Cálculo II – pag. 264

Exemplo – rotacional

Sejaf : R3 → R3

a função definida por

f(x, y, z) =(

x2 + xyz2, exz + sen y, x− 3y + z4)

.

Então o rotacional de f é dado por

(rot f) (x, y, z)

=(∂f3

∂y− ∂f2

∂z

)

e1 +(∂f1

∂z− ∂f3

∂x

)

e2 +(∂f2

∂x− ∂f1

∂y

)

e3

= (−3 − x exz) e1 + (2xyz − 1) e2 +(

z exz − xz2)

e3

=(

−3 − x exz, 2xyz − 1, z exz −xz2)

.

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Índice Cálculo II – pag. 265

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDerivadas parciaisDerivadas parciais de ordem superiorGradiente, laplaciano, matriz jacobiana, divergência e rotacionalDerivada num ponto segundo um vector

Diferenciabilidade de funções de Rn em R

m

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 266

Nas definições de derivadas parciais, dadas atrás, consideramosacréscimos da função quando o ponto do domínio percorre segmentosparalelos aos eixos. Este facto sugere que generalizemos a definição dederivadas parcial segundo qualquer direcção.

Dados um subconjunto D de R2, uma função

f : D ⊆ R2 → R,

a = (a1, a2) ∈ D e u = (u1, u2) um vector de R2, chama-se derivadade f no ponto a segundo o vector u ao limite, quando existe,

limt→0

f(a+ tu) − f(a)t

= limt→0

f(a1 + tu1, a2 + tu2) − f(a1, a2)t

e representa-se porf ′u(a) ou Duf(a).

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§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 267

Quando‖u‖ = 1

as derivadas segundo vectores costumam designar-se por derivadasdireccionais, se bem que será mais correcto falar em derivada dirigidaou derivada radial segundo u pois a derivada, para além de dependerda direcção, também depende do sentido de u.

§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 268

x

y

z

b

a

b

f(a, b)

b

uu

b

α

f ′u(a, b) = tgα

Interpretação geométrica da derivada segundo um vector u com ‖u‖ = 1.

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§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 269

Exemplo – derivadas direccionais

Consideremos a função f : R2 → R definida por

f(x, y) =

xy2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Fazendo u = (cosα, senα), α ∈ [0, 2π[, temos

f ′u(0, 0) = lim

t→0

f ((0, 0) + t(cosα, senα)) − f(0, 0)t

= limt→0

f(t cosα, t senα) − 0t

= limt→0

t cosα t2 sen2 α

t2 cos2 α+ t2 sen2 αt

= limt→0

t3 cosα sen2 α

t3 (cos2 α+ sen2 α)

= sen2 α cosα.

§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 270

Dada uma função f : D ⊆ R2 → R e considerando os vectorese1 = (1, 0) e e2 = (0, 1), temos

f ′e1

(a) = limt→0

f(a+ te1) − f(a)t

= limt→0

f(a1 + t, a2) − f(a1, a2)t

=∂f

∂x(a)

e

f ′e2

(a) = limt→0

f(a+ te2) − f(a)t

= limt→0

f(a1, a2 + t) − f(a1, a2)t

=∂f

∂y(a).

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§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 271

Também podemos definir derivadas segundo vectores para funções

f : D ⊆ Rn → Rm.

Assim, sef : D ⊆ Rn → Rm

e a = (a1, . . . , an) ∈ D chama-se derivada de f no ponto a segundoo vector u = (u1, . . . , un) ∈ Rn ao limite, caso este exista,

limt→0

f(a+ tu) − f(a)

t= lim

t→0

f(a1 + tu1, a2 + tu2, . . . , an + tun) − f(a1, a2, . . . , an)

t

e representa-se porf ′u(a) ou Duf(a).

§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 272

Quando‖u‖ = 1,

as derivadasf ′u(a)

designam-se por derivadas direccionais, se bem que o mais correctoseria falar em derivada dirigida ou derivada radial segundo u, pois estaderivada para além de depender da direcção também depende dosentido de u.

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§3.1.4 Derivada num ponto segundo um vector Cálculo II – pag. 273

Se considerarmos em Rn os vectores

e1 = (1, 0, 0, . . . , 0)

e2 = (0, 1, 0, . . . , 0)...

en = (0, 0, . . . , 0, 1)

temos

f ′e1

(a) =∂f

∂x1(a)

f ′e2

(a) =∂f

∂x2(a)

...

f ′en

(a) =∂f

∂xn(a).

Índice Cálculo II – pag. 274

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 275

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 276

Uma das primeiras propriedades do cálculo diferencial de funções reaisde variável real diz que se uma função tem derivada num ponto, entãoa função é contínua nesse ponto. Para funções com mais do que umavariável isso não acontece. É possível existirem todas as derivadasdireccionais, sem que a função seja contínua nesse ponto. Vejamos umexemplo em que isso acontece.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 277

Exemplo

Consideremos a função f : R2 → R definida por

f(x, y) =

x2y

x4 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Comecemos por calcular as derivadas parciais

∂f

∂x(0, 0) = lim

h→0

f(h, 0) − f(0, 0)

h= lim

h→0

h2 · 0

h4 + 02− 0

h= lim

h→0

0

h4

h= lim

h→0

0

h= lim

h→00 = 0

e

∂f

∂y(0, 0) = lim

k→0

f(0, k) − f(0, 0)

k= lim

k→0

02 · k

04 + k2− 0

k= lim

k→0

0

k2

k= lim

k→0

0

k= lim

k→00 = 0.

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 278

Exemplo (continuação)

Por outro lado, fazendou = (cosα, senα) , α ∈ [0, 2π[,

temos

f ′u(0, 0) = lim

t→0

f ((0, 0) + t(cosα, senα)) − f(0, 0)t

= limt→0

f(t cosα, t senα) − 0t

= limt→0

t2 cos2 α t senαt4 cos4 α+ t2 sen2 α

t

= limt→0

t3 cos2 α senαt3 (t2 cos4 α+ sen2 α)

= limt→0

cos2 α senαt2 cos4 α+ sen2 α

=

cos2 α

senαse α ∈ [0, 2π[\ {0, π},

0 se α ∈ {0, π}.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 279

Exemplo (continuação)

Vejamos que a função f não é contínua em (0, 0). Fazendo

A ={

(x, y) ∈ R2 : y = 0}

e B ={

(x, y) ∈ R2 : y = x2}

,

temos

lim(x,y)→(0,0)

x∈A

f(x, y) = limx→0

f(x, 0) = limx→0

x2 · 0x4 + 02

= limx→0

0x4

= limx→0

0 = 0

e

lim(x,y)→(0,0)

x∈B

f(x, y) = limx→0

f(x, x2) = limx→0

x2 · x2

x4 + (x2)2= lim

x→0

x4

2x4= lim

x→0

12

=12,

o que mostra que não existe limite no ponto (0, 0) e, portanto, a funçãonão é contínua nesse ponto.

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 280

Este exemplo mostra que uma função ter derivadas parciais ouderivadas direccionais não é uma condição suficiente para que umafunção seja contínua num ponto. É, portanto, necessário um conceitomais forte.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 281

Pode-se provar que

Uma função f : D ⊆ R → R tem derivada no ponto a ∈ D de

acumulação de D se e só se existem um número real c e uma

função r : D∗ → R tais que

f(a+ h) = f(a) + ch+ r(h) para cada h ∈ D∗

e

limh→0

r(h)h

= 0,

onde

D∗ = {h ∈ R : a+ h ∈ D} .Além disso, nas condições anteriores tem-se c = f ′(a).

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 282

Assim, dados uma função

f : D ⊆ R2 → R

e um ponto (a, b) interior a D, dizemos que f é diferenciável em (a, b)se existirem as derivadas parciais de f no ponto (a, b) e existir umafunção

r : D∗ → R,

ondeD∗ =

{

(h, k) ∈ R2 : (a+ h, b+ k) ∈ D}

,

tal que

lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)‖(h, k)‖ = 0

e

f(a+ h, b+ k) = f(a, b) +∂f

∂x(a, b)h+

∂f

∂y(a, b)k + r(h, k)

para quaisquer (h, k) ∈ D∗.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 283

Fazendo (h, k) → (0, 0) em

f(a+ h, b+ k) = f(a, b) +∂f

∂x(a, b)h+

∂f

∂y(a, b)k + r(h, k)

temos

lim(h,k)→(0,0)

f(a+ h, b+ k)

= lim(h,k)→(0,0)

[

f(a, b) +∂f

∂x(a, b)h +

∂f

∂y(a, b)k + r(h, k)

]

= f(a, b)

o que mostra que uma função é contínua nos pontos onde édiferenciável!

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 284

Exemplos

a) Seja f : R2 → R a função definida por

f(x, y) =

x2y2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

e estudemos a diferenciabilidade de f no ponto (0, 0). Para f serdiferenciável em (0, 0) tem de existir r : R2 → R tal que

lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)√h2 + k2

= 0

e

f(h, k) = f(0, 0) +∂f

∂x(0, 0)h +

∂f

∂y(0, 0) k + r(h, k)

para qualquer (h, k) ∈ R2.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 285

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Assim, calculemos as derivadas parciais de f noponto (0, 0):

∂f

∂x(0, 0) = lim

h→0

f(h, 0) − f(0, 0)h

= limh→0

h2 · 02

h2 + 02− 0

h= lim

h→0

0h

= limh→0

0 = 0,

∂f

∂y(0, 0) = lim

k→0

f(0, k) − f(0, 0)k

= limk→0

02 · k2

02 + k2− 0

k= lim

k→0

0k

= limk→0

0 = 0.

De

f(h, k) = f(0, 0) +∂f

∂x(0, 0)h +

∂f

∂y(0, 0) k + r(h, k)

resulta queh2k2

h2 + k2= r(h, k).

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 286

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Como

lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)√h2 + k2

= lim(h,k)→(0,0)

h2k2

h2+k2√h2 + k2

= lim(h,k)→(0,0)

h2k2

(h2 + k2)√h2 + k2

= lim(h,k)→(0,0)

kh2

h2 + k2

k√h2 + k2

= 0

pois as funçõesh2

h2 + k2e

k√h2 + k2

são limitadas, podemos

concluir que a função é diferenciável em (0, 0).

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 287

Exemplos (continuação)

b) Estudemos no ponto (0, 0) a diferenciabilidade da funçãof : R2 → R dada por

f(x, y) =

x2y

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0).

Comecemos por calcular as derivadas parciais de f no ponto (0, 0):

∂f

∂x(0, 0) = lim

h→0

f(h, 0) − f(0, 0)h

= limh→0

h2 · 0h2 + 02

− 0

h= lim

h→0

0h

= limh→0

0 = 0

e

∂f

∂y(0, 0) = lim

k→0

f(0, k) − f(0, 0)k

= limk→0

02 · k02 + k2

− 0

k= lim

k→0

0k

= limk→0

0 = 0.

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 288

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Para f ser diferenciável no ponto (0, 0) tem de existir

r : R2 → R tal que lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)√h2 + k2

= 0 e

f(h, k) = f(0, 0) +∂f

∂x(0, 0)h +

∂f

∂y(0, 0) k + r(h, k).

Desta última igualdade vem

r(h, k) =h2k

h2 + k2.

Vejamos que não existe

lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)√h2 + k2

= lim(h,k)→(0,0)

h2k

(h2 + k2)√h2 + k2

.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 289

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Fazendo A ={(h, k) ∈ R2 : h = k

}temos

lim(h,k)→(0,0)

(h,k)∈A

r(h, k)√h2 + k2

= limh→0

r(h, h)√h2 + h2

= limh→0

h3

2h2√

2h2= lim

h→0

h

2√

2|h|

e este último limite não existe porque

limh→0+

h

2√

2|h|=

1

2√

2e lim

h→0−

h

2√

2|h|= − 1

2√

2.

Logo não existe

lim(h,k)→(0,0)

r(h, k)√h2 + k2

e, portanto, f não é diferenciável em (0, 0).

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 290

Uma função f : D ⊆ Rn → R diz-se diferenciável num ponto interiora = (a1, . . . , an) de D se existirem todas as derivadas parciais de f noponto a e uma função r : D∗ → R, onde

D∗ = {h = (h1, . . . , hn) ∈ Rn : a+ h ∈ D} ,tal que

lim‖h‖→0

r(h)‖h‖ = 0

e

f(a+ h) = f(a) +∂f

∂x1(a)h1 + · · · +

∂f

∂xn(a)hn + r(h)

para qualquer h = (h1, . . . , hn) ∈ D∗, isto é,f(a1 + h1, . . . , an + hn)

= f(a1, . . . , an) +∂f

∂x1(a1, . . . , an)h1 + · · · +

∂f

∂xn

(a1, . . . , an)hn + r(h1, . . . , hn)

para cada vector h = (h1, . . . , hn) ∈ D∗.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 291

Tal como acontecia para funções de R2 para R, se f é diferenciável ema ∈ D, então f é contínua em a.

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 292

Uma função f : D ⊆ Rn → Rm, com f = (f1, . . . , fm), diz-sediferenciável num ponto a = (a1, . . . , an) interior a D se todas asfunções f1, . . . , fm são diferenciáveis em a.Assim, f é diferenciável em a se as funções f1, . . . , fm admitem, noponto a, derivadas parciais em relação a todas as variáveis e existemfunções r1, . . . , rm : D∗ → R tais que

f1(a+ h) = f1(a) +∂f1

∂x1(a)h1 + · · · +

∂f1

∂xn(a)hn + r1(h)

...

fm(a+ h) = fm(a) +∂fm∂x1

(a)h1 + · · · +∂fm∂xn

(a)hn + rm(h)

para cadah = (h1, . . . , hn) ∈ D∗ = {h = (h1, . . . , hn) ∈ Rn : a+ h ∈ D} e

lim‖h‖→0

r1(h)‖h‖ = · · · = lim

‖h‖→0

rm(h)‖h‖ = 0.

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§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 293

Usando matrizes temos que f é diferenciável em a = (a1, . . . , an) se esó se as funções f1, . . . , fm admitem, no ponto a, derivadas parciais emrelação a todas as variáveis e existem funções

r1, . . . , rm : D∗ → R

tais que

f1(a+ h)

...

fm(a+ h)

=

f1(a)

...

fm(a)

+

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm

∂x1(a) · · · ∂fm

∂xn(a)

.

h1

...

hn

+

r1(h)

...

rm(h)

para cada h ∈ D∗ e

lim‖h‖→0

r1(h)‖h‖ = · · · = lim

‖h‖→0

rm(h)‖h‖ = 0.

§3.2.1 Definição e exemplos Cálculo II – pag. 294

Já vimos que a matriz

Ja(f) =

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm∂x1

(a) · · · ∂fm∂xn

(a)

se designa por matriz jacobiana de f no ponto a.

Quando f é diferenciável em a, a matriz jacobiana de f em adesigna-se por derivada de f no ponto a e representa-se por

f ′(a) ou Df(a).

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Índice Cálculo II – pag. 295

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.2.2 Propriedades elementares Cálculo II – pag. 296

Propriedades

a) Sef, g : D ⊆ Rn → Rm

são diferenciáveis num ponto a interior a D, entãoi) f + g é diferenciável em a e

(f + g)′(a) = f ′(a) + g′(a);

ii) para qualquer λ ∈ R, λf é diferenciável em a e

(λf)′(a) = λf ′(a).

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§3.2.2 Propriedades elementares Cálculo II – pag. 297

Propriedades

b) Sef, g : D ⊆ Rn → R

são diferenciáveis num ponto a interior a D, entãoi) fg é diferenciável em a e

(fg)′(a) = f ′(a)g(a) + f(a)g′(a);

ii) se g(a) 6= 0,f

gé diferenciável em a e

(f

g

)′(a) =

f ′(a)g(a) − f(a)g′(a)

[g(a)]2.

§3.2.2 Propriedades elementares Cálculo II – pag. 298

Propriedades

c) Se f : D ⊆ Rn → Rm é diferenciável em a e u = (u1, . . . , un) ∈ Rn,então existe f ′

u(a) e

f ′u(a) = f ′(a) · u =

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm∂x1

(a) · · · ∂fm∂xn

(a)

.

u1

...

un

d) Sejam D um subconjunto de Rn e f : D ⊆ Rn → R uma funçãopara a qual existem todas as derivadas parciais. Então f édiferenciável em todos os pontos em que n− 1 dessas derivadasparciais são contínuas. Em particular, se todas as derivadas parciaissão contínuas num ponto, a função é diferenciável nesse ponto.

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§3.2.2 Propriedades elementares Cálculo II – pag. 299

É de notar que se f : D ⊆ Rn → R é uma função diferenciável numponto a interior a D, a propriedade c) que vimos anteriormente fica

f ′u(a) =

[∂f

∂x1(a) · · · ∂f

∂xn(a)]

·

u1

...

un

=∂f

∂x1(a)u1 + · · · +

∂f

∂xn(a)un.

Recordando que dados b = (b1, . . . , bn) e c = (c1, . . . , cn) em Rn, oproduto escalar ou interno entre b e c é dado por

〈b, c〉 = b1c1 + b2c2 + · · · + bncn,

tem-se

f ′u(a) =

∂f

∂x1(a)u1 + · · · +

∂f

∂xn(a)un = 〈(∇f)(a), u〉 .

§3.2.2 Propriedades elementares Cálculo II – pag. 300

Assim, sef : D ⊆ Rn → R

é uma função diferenciável num ponto a interior a D, peladesigualdade de Cauchy-Schwarz, temos

∣∣f ′u(a)

∣∣ = |〈(∇f)(a), u〉| 6 ‖(∇f)(a)‖ ‖u‖,

verificando-se igualdade apenas se os vectores (∇f)(a) e u sãolinearmente dependentes.

Daqui podemos concluir que, se o gradiente num dado ponto é nãonulo e a função é diferenciável nesse ponto, de entre todas as derivadasdireccionais nesse ponto, é na direcção e no sentido do gradiente que aderivada direccional é maior e é na direcção e no sentido contrário aodo gradiente que a derivada direccional é menor.

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Índice Cálculo II – pag. 301

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.2.3 Hiperplano tangente e aproximação linear Cálculo II – pag. 302

Dada uma funçãof : D ⊆ Rn → R

diferenciável num ponto a = (a1, . . . , an) interior a D, chama-sehiperplano tangente ao gráfico de f no ponto (a1, . . . , an, f(a)) aoconjunto dos pontos de Rn+1 definido pela equação

xn+1 = f(a) +∂f

∂x1(a)(x1 − a1) + · · · +

∂f

∂xn(a)(xn − an).

Quando n = 2 o hiperplano tangente designa-se simplesmente porplano tangente, ou seja, dada uma função

f : D ⊆ R2 → R

diferenciável num ponto (a, b) interior a D, chama-se plano tangenteao gráfico de f no ponto (a, b, f(a, b)) ao plano definido pela equação

z = f(a, b) +∂f

∂x(a, b)(x− a) +

∂f

∂y(a, b)(y − b).

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§3.2.3 Hiperplano tangente e aproximação linear Cálculo II – pag. 303

Exemplo

Para a funçãof : R2 → R

definida por

f(x, y) =

x2y2

x2 + y2se (x, y) 6= (0, 0),

0 se (x, y) = (0, 0),

que já vimos ser diferenciável em (0, 0), o plano tangente ao gráfico def no ponto (0, 0, f(0, 0)) é dado pela equação

z = 0,

pois

f(0, 0) =∂f

∂x(0, 0) =

∂f

∂y(0, 0) = 0.

§3.2.3 Hiperplano tangente e aproximação linear Cálculo II – pag. 304

Sejaf : D ⊆ Rn → R

diferenciável num ponto a = (a1, . . . , an) interior a D. A

L(x) = f(a) +∂f

∂x1(a)(x1 − a1) + · · · +

∂f

∂xn(a)(xn − an)

chamamos aproximação linear ou linearização de f no ponto a ecostuma escrever-se

f(x) ≈ f(a) +∂f

∂x1(a)(x1 − a1) + · · · +

∂f

∂xn(a)(xn − an).

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§3.2.3 Hiperplano tangente e aproximação linear Cálculo II – pag. 305

Exemplo

Seja f : R2 → R a função dada por f(x, y) = x ey + sen y. Esta funçãoé diferenciável no ponto (0, 0). Como

∂f

∂x(x, y) = ey e

∂f

∂y(x, y) = x ey + cos y

temos∂f

∂x(0, 0) = 1 e

∂f

∂y(0, 0) = 1.

Tendo em conta que f(0, 0) = 0, uma equação do plano tangente aográfico de f no ponto (0, 0, f(0, 0)) = (0, 0, 0) é

z = f(0, 0) +∂f

∂x(0, 0)(x − 0) +

∂f

∂y(0, 0)(y − 0)

= x+ y.

§3.2.3 Hiperplano tangente e aproximação linear Cálculo II – pag. 306

Exemplo (continuação)

A aproximação linear de f no ponto (0, 0) é dada por

f(x, y) ≈ f(0, 0) +∂f

∂x(0, 0)(x − 0) +

∂f

∂y(0, 0)(y − 0)

≈ x+ y.

Usando a aproximação linear temos

f(0.1, 0.2) ≈ 0.1 + 0.2 = 0.3 e f(1, 1) ≈ 1 + 1 = 2.

De facto,

f(0.1, 0.2) = 0.3208096066... e f(1, 1) = 3.559752813...

ou seja, a primeira aproximação é bastante melhor do que a segunda.Tal deve-se ao facto de a distância de (0.1, 0.2) a (0, 0) ser menor doque a distância de (1, 1) a (0, 0).

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Índice Cálculo II – pag. 307

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 308

Derivada da função composta

Sejamf : Df ⊆ Rn → Rm e g : Dg ⊆ Rm → Rk

funções tais que f(Df ) ⊆ Dg. Suponhamos que a é um ponto interiorde Df . Se

f é diferenciável em a e g é diferenciável em f(a),

entãog ◦ f é diferenciável em a

e(g ◦ f)′ (a) = g′ (f(a)) · f ′(a).

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§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 309

Fazendo

x = (x1, . . . , xn) , f(x) = y = (y1, . . . , ym) e g(y) = z = (z1, . . . , zk)

resulta que a matriz jacobiana de f no ponto a é

Ja(f) =

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm∂x1

(a) · · · ∂fm∂xn

(a)

e a matriz jacobiana de g no ponto b = f(a) é a matriz

Jb(g) =

∂g1

∂y1(b) · · · ∂g1

∂ym(b)

.... . .

...∂gk∂y1

(b) · · · ∂gk∂ym

(b)

.

§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 310

Pondo h = g ◦ f , como

h′(a) = (g ◦ f)′ (a) = g′ (f(a)) · f ′(a) = g′(b) · f ′(a),

tem-seJa(h) = Jb(g) · Ja(f).

Assim,

∂h1

∂x1(a) · · · ∂h1

∂xn(a)

.... . .

...∂hk

∂x1(a) · · · ∂hk

∂xn(a)

=

∂g1

∂y1(b) · · · ∂g1

∂ym(b)

.... . .

...∂gk

∂y1(b) · · · ∂gk

∂ym(b)

·

∂f1

∂x1(a) · · · ∂f1

∂xn(a)

.... . .

...∂fm

∂x1(a) · · · ∂fm

∂xn(a)

e, portanto,

∂hi

∂xj(a) =

∂gi

∂y1(b)

∂f1

∂xj(a) +

∂gi

∂y2(b)

∂f2

∂xj(a) + · · · +

∂gi

∂ym(b)

∂fm

∂xj(a).

para i = 1, . . . , k e j = 1, . . . , n.

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§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 311

Omitindo os pontos onde estamos a calcular as derivadas parciais esubstituindo as notações

∂hi∂xj

,∂gi∂yℓ

e∂fℓ∂xj

por∂zi∂xj

,∂zi∂yℓ

e∂yℓ∂xj

,

respectivamente, a última igualdade do slide anterior fica

∂zi∂xj

=∂zi∂y1

∂y1

∂xj+∂zi∂y2

∂y2

∂xj+ · · · +

∂zi∂ym

∂ym∂xj

.

§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 312

Exemplo

Sejam f : R2 → R3 e g : R3 → R2 as funções dadas por

f(x, y) =(

x2, 3xy, sen(x+ y))

e g(u, v,w) = (u+ v − w, 2uv) .

Estas duas funções são diferenciáveis em todo o seu domínio. Assim, afunção h = g ◦ f é diferenciável e

J(x,y)(h) = Jf(x,y)(g) · J(x,y)(f).

Como

∂f

∂x(x, y) = (2x, 3y, cos(x+ y)) e

∂f

∂y(x, y) = (0, 3x, cos(x+ y)) ,

resulta que

J(x,y)(f) =

2x 03y 3x

cos(x+ y) cos(x+ y)

.

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§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 313

Exemplo (continuação)

Quanto à função g, atendendo que g(u, v,w) = (u+ v − w, 2uv), temos

∂g

∂u(u, v,w) = (1, 2v) ,

∂g

∂v(u, v,w) = (1, 2u)

e∂g

∂w(u, v,w) = (−1, 0) ,

o que implica

J(u,v,w)(g) =

[

1 1 − 12v 2u 0

]

.

Logo

Jf(x,y)(g) = J(x2,3xy,sen(x+y))(g) =

[

1 1 −16xy 2x2 0

]

.

§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 314

Exemplo (continuação)

Fazendo h = g ◦ f , temos

J(x,y)(h) = Jf(x,y)(g) · J(x,y)(f)

e, portanto,

J(x,y)(h) =

[

1 1 −16xy 2x2 0

]

.

2x 03y 3x

cos(x+ y) cos(x+ y)

=

[

2x+ 3y − cos(x+ y) 3x− cos(x+ y)12x2y + 6x2y 6x3

]

=

[

2x+ 3y − cos(x+ y) 3x− cos(x+ y)18x2y 6x3

]

.

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§3.2.4 Derivada da função composta Cálculo II – pag. 315

Exemplo (continuação)

Este resultado pode ser confirmado directamente pois, mantendoh = g ◦ f e recordando que

f(x, y) =(

x2, 3xy, sen(x+ y))

e g(u, v,w) = (u+ v − w, 2uv) ,

temos

h(x, y) = (g ◦ f)(x, y)

= g(f(x, y))

= g(x2, 3xy, sen(x+ y))

= (x2 + 3xy − sen(x+ y), 6x3y)

pelo que

J(x,y)(h) =

[

2x+ 3y − cos(x+ y) 3x− cos(x+ y)18x2y 6x3

]

.

Índice Cálculo II – pag. 316

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§3.2.5 Teorema de Schwarz Cálculo II – pag. 317

Já vimos que as derivadas mistas podem não ser iguais. No entanto, hácasos em que é possível garantir à partida que as derivadas mistas sãoiguais. O próximo teorema, conhecido como teorema de Schwarz ou deClairaut, dá-nos condições em que tal facto acontece.

Teorema de Schwarz

Sejam D um subconjunto aberto de Rn, n > 1, e

f : D ⊆ Rn → R

uma função. As derivadas

f ′′xixj

e f ′′xjxi

são iguais em todos os pontos em que f ′xi

e f ′xj

sejam diferenciáveis.

§3.2.5 Teorema de Schwarz Cálculo II – pag. 318

Seja D um subconjunto aberto de Rn. Uma função

f : D ⊆ Rn → R

diz-se de classe Ck, k ∈ N, se existem todas as derivadas parciais de faté à ordem k e todas essas derivadas são contínuas.

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§3.2.5 Teorema de Schwarz Cálculo II – pag. 319

Corolário do Teorema de Schwarz

Seja D um subconjunto aberto de Rn. Se

f : D ⊆ Rn → R

é uma função de classe C2, então

f ′′xixj

(x) = f ′′xjxi

(x)

para qualquer x ∈ D.

§3.2.5 Teorema de Schwarz Cálculo II – pag. 320

Corolário do Teorema de Schwarz

Sejam D um subconjunto aberto de Rn e

f : D ⊆ Rn → R

uma função de classe Ck. Então é indiferente a ordem de derivação atéà ordem k.

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Índice Cálculo II – pag. 321

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

Definição e exemplosPropriedades elementaresHiperplano tangente e aproximação linearDerivada da função compostaTeorema de SchwarzTeorema da função implícita

Aplicações

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 322

Existem funções que não são definidas explicitamente, são apenasdefinidas implicitamente. Por exemplo, a equação

(1 + x2)y + sen x = 0

define implicitamente y como função de x, aliás podemos inclusivedefinir explicitamente y como função de x pois a equação dada éequivalente a

y = − senx1 + x2

.

Será que a equação(1 + x2)y + sen(xy) = 0

também define y como função de x? Neste segundo caso nãoconseguimos resolver a equação em ordem a y e, por conseguinte, nãopodemos fazer o que fizemos no caso anterior.

O teorema da função implícita permite-nos responder a este tipo dequestões. Além disso, permite-nos também calcular a derivada dafunção.

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§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 323

Teorema da função implícita (n = 2)

Sejam D um subconjunto aberto de R2 e

F : D ⊆ R2 → R

uma função com derivadas parciais de primeira ordem contínuas.Suponhamos que existe (a, b) ∈ D tal que

F (a, b) = 0 e∂F

∂y(a, b) 6= 0.

Então existem um aberto O ⊆ R que contém a e uma e uma só função

f : O ⊆ R → R

com derivada contínua tal que

f(a) = b

e

F (x, f(x)) = 0 para qualquer x ∈ O.

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 324

Nas condições do teorema anterior diz-se que

F (x, y) = 0

define implicitamente y como função de x e usa-se a notação

y(x),dy

dxou y′

em vez de

f(x),df

dxou f ′,

respectivamente.

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§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 325

Além disso, comoF (x, y(x)) = 0

temos pela derivada da função composta

∂F

∂x(x, y) +

∂F

∂y(x, y)

dy

dx(x) = 0

pelo que

dy

dx(x) = −

∂F

∂x(x, y(x))

∂F

∂y(x, y(x))

.

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 326

Exemplo

Consideremos a função F : R2 → R definida por

F (x, y) = x3 + 2xy + y4 − 4.

As derivadas parciais de F são

∂F

∂x(x, y) = 3x2 + 2y e

∂F

∂y(x, y) = 2x+ 4y3.

Como as derivadas parciais de F são funções contínuas,

F (1, 1) = 0 e∂F

∂y(1, 1) = 2 · 1 + 4 · 13 = 6 6= 0,

pelo teorema da função implícita, F (x, y) = 0 define implicitamente y comofunção de x num aberto O ⊆ R ao qual 1 pertence e y(1) = 1. Além disso,

dy

dx(1) = −

∂F

∂x(1, y(1))

∂F

∂y(1, y(1))

= −∂F

∂x(1, 1)

∂F

∂y(1, 1)

= −56.

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§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 327

Vamos agora generalizar o teorema da função implícita para funções

F : D ⊆ Rn+1 → R, n > 1.

Por uma questão de simplicidade de escrita vamos escrever

F (a1, . . . , an, b) e F (x1, . . . , xn, y)

em vez de

F (a1, . . . , an, an+1) e F (x1, . . . , xn, xn+1),

respectivamente.

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 328

Teorema da função implícita

Sejam D um subconjunto aberto de Rn+1 e

F : D ⊆ Rn+1 → R

uma função com derivadas parciais de primeira ordem contínuas.Suponhamos que existe (a1, . . . , an, b) ∈ D tal que

F (a1, . . . , an, b) = 0 e∂F

∂y(a1, . . . , an, b) 6= 0.

Então existem um aberto O ⊆ Rn que contém (a1, . . . , an) e uma euma só função

f : O ⊆ Rn → R

com derivadas parciais de primeira ordem contínuas tal que

f(a1, . . . , an) = b

e

F (x1, . . . , xn, f(x1, . . . , xn)) = 0 para qualquer (x1, . . . , xn) ∈ O.

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§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 329

Tal como no caso n+ 1 = 2 dizemos que

F (x1, . . . , xn, y) = 0

define implicitamente y como função de (x1, . . . , xn) e usamos anotação

y(x1, . . . , xn) e∂y

∂xi,

em vez de

f(x1, . . . , xn) e∂f

∂xi,

respectivamente.

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 330

Da equaçãoF (x1, . . . , xn, y(x1, . . . , xn)) = 0,

pela derivada da função composta tem-se

∂F

∂xi

(x1, . . . , xn, y(x1, . . . , xn)) +∂F

∂y(x1, . . . , xn, y(x1, . . . , xn))

∂y

∂xi

(x1, . . . , xn) = 0

e, portanto,

∂y

∂xi(x1, . . . , xn) = −

∂F

∂xi(x1, . . . , xn, y(x1, . . . , xn))

∂F

∂y(x1, . . . , xn, y(x1, . . . , xn))

.

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§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 331

Exemplo

Vejamos que a equação

xyz sen(x+ 2y − z) = π

define implicitamente z como função de x e de y numa vizinhança do ponto(π/2, 1, 2). Para isso consideremos a função

F (x, y, z) = xyz sen(x+ 2y − z) − π.

Calculemos as derivadas parciais de F :

∂F

∂x(x, y, z) = yz sen(x+ 2y − z) + xyz cos(x+ 2y − z),

∂F

∂y(x, y, z) = xz sen(x+ 2y − z) + 2xyz cos(x+ 2y − z),

∂F

∂z(x, y, z) = xy sen(x+ 2y − z) − xyz cos(x+ 2y − z).

§3.2.6 Teorema da função implícita Cálculo II – pag. 332

Exemplo (continuação)

Como as derivadas parciais de F são contínuas,

F(π

2, 1, 2

)

= π sen(π

2+ 2 · 1 − 2

)

− π = π − π = 0

e∂F

∂z

2, 1, 2

)

= π/2 sen(π

2+ 2 · 1 − 2

)

− π cos(π

2+ 2 · 1 − 2

)

= π/2,

pelo teorema da função implícita, a equação F (x, y, z) = 0 defineimplicitamente z como função de x e de y numa vizinhança do ponto(π/2, 1, 2). Além disso,

∂z

∂x

2, 1)

= −∂F

∂x

2, 1, 2

)

∂F

∂z

2, 1, 2

) = − 2π/2

= − 4π

e

∂z

∂y

2, 1)

= −

∂F

∂y

2, 1, 2

)

∂F

∂z

2, 1, 2

) = − π

π/2= −2.

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Índice Cálculo II – pag. 333

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

AplicaçõesExtremos locais e extremos absolutosExtremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 334

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

AplicaçõesExtremos locais e extremos absolutosExtremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 335

Recordemos os conceitos de máximo e de mínimo absoluto.

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função escalar e A um subconjunto não vazio de D. Dizemos quef tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ A ou que f(a) é ummáximo (absoluto) de f em A se

f(x) 6 f(a) para todo o x ∈ A.

Quandof(x) > f(a) para todo o x ∈ A,

dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ A ou quef(a) é um mínimo (absoluto) de f em A.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 336

Recordemos também o Teorema de Weierstrass.

Teorema de Weierstrass

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função contínua num subconjunto não vazio, fechado e limitadoA ⊆ D. Então f tem extremos absolutos em A.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 337

Sejam D um subconjunto não vazio de Rn e

f : D ⊆ Rn → R

uma função escalar. Dizemos que f tem um máximo local no pontoa ∈ D se existir ε > 0 tal que

f(x) 6 f(a) para qualquer x ∈ D ∩Bε(a)

e que f tem um mínimo local no ponto a ∈ D se existir ε > 0 tal que

f(x) > f(a) para qualquer x ∈ D ∩Bε(a).

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 338

Um ponto do domínio de uma função em que é atingido um valor demáximo designa-se por ponto de máximo ou ponto maximizante.

Do mesmo modo, um ponto do domínio de uma função em que éatingido o valor de mínimo designa-se por ponto de mínimo ouponto minimizante.

Os máximos e os mínimos de uma função dizem-se extremos dafunção e os pontos onde a função atinge os extremos designam-se porpontos de extremo ou extremantes.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 339

Teorema de Fermat

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função diferenciável num ponto a interior a D. Se f(a) é umextremo local de f , então

∂f

∂x1(a) =

∂f

∂x2(a) = · · · =

∂f

∂xn(a) = 0.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 340

Os pontos a ∈ D tais que

∂f

∂x1(a) =

∂f

∂x2(a) = · · · =

∂f

∂xn(a) = 0

designam-se por pontos de estacionaridade ou por pontos críticos.

Os pontos de estacionaridade que não são extremantes designam-se porpontos de sela.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 341

Assim, a primeira coisa que temos de fazer para determinar osextremos locais de uma função

f : D ⊆ Rn → R

diferenciável é resolver o sistema

∂f

∂x1(a) = 0,

∂f

∂x2(a) = 0,

...

∂f

∂xn(a) = 0.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 342

Exemplo

Seja f : R2 → R a função definida por

f(x, y) = x3 + 3x2 − y2.

Esta função é diferenciável em todo o seu domínio. Atendendo a que

∂f

∂x(x, y) = 3x2 + 6x e

∂f

∂y(x, y) = −2y,

calculemos os seus pontos de estacionaridade:

∂f

∂x= 0

∂f

∂y= 0

3x2 + 6x = 0

−2y = 0⇔

3x(x + 2) = 0

y = 0⇔

x = 0

y = 0∨

x = −2

y = 0

Assim, os pontos de estacionaridade de f são (0, 0) e (−2, 0). Será quealgum deles é extremante?

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 343

Exemplo (continuação)

Fazendo y =√

3x em

f(x, y) = x3 + 3x2 − y2.

temosf(x,

√3x) = x3 + 3x2 − 3x2 = x3

e, comof(x,

√3x) > 0 se x > 0

ef(x,

√3x) < 0 se x < 0,

tendo em conta que f(0, 0) = 0, concluímos que (0, 0) não éextremante, ou seja, é um ponto de sela.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 344

Exemplo (continuação)

Por outro lado,

f(x, y) − f(−2, 0) = x3 + 3x2 − y2 − 4

= x3 + 2x2 + x2 − 4 − y2

= x2(x+ 2) + (x− 2)(x+ 2) − y2

= (x2 + x− 2)(x+ 2) − y2

= (x− 1)(x+ 2)(x + 2) − y2

= (x− 1)(x+ 2)2 − y2

e, como

(x− 1)(x + 2)2 − y26 0 para qualquer (x, y) ∈ B1((−2, 0)),

o ponto (−2, 0) é um ponto de máximo.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 345

A forma como no exemplo anterior verificámos que (0, 0) não eraextremante e que (−2, 0) era um maximizante não é muito prática.

Vejamos uma forma mais prática de o fazer. Para isso precisamos damatriz hessiana. Dada uma função f : D ⊆ Rn → R de classe C2

chama-se matriz hessiana de f num ponto a ∈ D à matriz

Hf (a) =

∂2f

∂x1∂x1(a)

∂2f

∂x2∂x1(a) · · · ∂2f

∂xn∂x1(a)

∂2f

∂x1∂x2(a)

∂2f

∂x2∂x2(a) · · · ∂2f

∂xn∂x2(a)

......

. . ....

∂2f

∂x1∂xn(a)

∂2f

∂x2∂xn(a) · · · ∂2f

∂xn∂xn(a)

.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 346

Suponhamos que a é um ponto de estacionaridade de f e por facilidadede escrita representemos a matriz hessiana de f no ponto a por

Hf (a) =

a1,1 a1,2 · · · a1,n

a2,1 a2,2 · · · a2,n

......

. . ....

an,1 an,2 · · · an,n

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 347

Façamos

∆0 = 1

∆1 = det [a1,1] = a1,1

∆2 = det[a1,1 a1,2

a2,1 a2,2

]

=∣∣∣∣

a1,1 a1,2

a2,1 a2,2

∣∣∣∣

∆3 = det

a1,1 a1,2 a1,3

a2,1 a2,2 a2,3

a3,1 a3,2 a3,3

=

∣∣∣∣∣∣

a1,1 a1,2 a1,3

a2,1 a2,2 a2,3

a3,1 a3,2 a3,3

∣∣∣∣∣∣

...

∆n = det

a1,1 a1,2 · · · a1,n

a2,1 a2,2 · · · a2,n

......

. . ....

an,1 an,2 · · · an,n

=

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

a1,1 a1,2 · · · a1,n

a2,1 a2,2 · · · a2,n

......

. . ....

an,1 an,2 · · · an,n

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

= detHf (a).

Os ∆i, i = 1, . . . , n, chamam-se menores principais da matriz Hf (a).

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 348

Então

a) se em∆0 = 1, ∆1, ∆2, . . . , ∆n

só houver permanências de sinal, ou seja, todos os ∆i, i = 1, . . . , n,são positivos, então f(a) é um mínimo local de f ;

b) se em∆0 = 1, ∆1, ∆2, . . . , ∆n

só houver variações de sinal, ou seja, (−1)i∆i > 0, i = 1, . . . , n,então f(a) é um máximo local de f ;

c) se em∆0 = 1, ∆1, ∆2, . . . , ∆n

houver permanências de sinal e variações de sinal, então a é umponto de sela.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 349

Exemplos

a) Voltando ao exemplo inicial da função definida por

f(x, y) = x3 + 3x2 − y2

já vimos que∂f

∂x(x, y) = 3x2 + 6x e

∂f

∂y(x, y) = −2y

e que os pontos de estacionaridade são (0, 0) e (−2, 0) pois

∂f

∂x= 0

∂f

∂y= 0

3x2 + 6x = 0

−2y = 0⇔

3x(x+ 2) = 0

y = 0⇔

x = 0

y = 0∨

x = −2

y = 0.

Além disso, a matriz hessiana de f é

Hf (x, y) =

[6x+ 6 0

0 −2

]

.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 350

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Assim,

Hf (0, 0) =

[

6 · 0 + 6 0

0 −2

]

=

[

6 0

0 −2

]

e, como

∆0 = 1, ∆1 = 6 e ∆2 =

∣∣∣∣∣

6 0

0 −2

∣∣∣∣∣

= −12,

o ponto (0, 0) é um ponto de sela. Por outro lado

Hf (−2, 0) =

[

6(−2) + 6 0

0 −2

]

=

[

−6 0

0 −2

]

e atendendo a que

∆0 = 1, ∆1 = −6 e ∆2 =

∣∣∣∣∣

−6 0

0 −2

∣∣∣∣∣

= 12

o ponto (−2, 0) é um ponto de máximo local.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 351

Exemplos (continuação)

b) Seja f : R3 → R a função dada por

f(x, y, z) = x2 + y2 + 3z2 + yz + 2xz − xy.

Os pontos de estacionaridade de f são dados por

∂f

∂x= 0

∂f

∂y= 0

∂f

∂z= 0

2x+ 2z − y = 0

2y + z − x = 0

6z + y + 2x = 0

2x− y + 2z = 0

−x+ 2y + z = 0

2x+ y + 6z = 0

x = 0

y = 0

z = 0

e a matriz hessiana é

Hf (x, y, z) =

2 −1 2− 1 2 12 1 6

.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 352

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Para esta matriz hessiana

Hf (0, 0, 0) =

2 −1 2−1 2 12 1 6

,

temos

∆0 = 1, ∆1 = 2, ∆2 =

∣∣∣∣

2 −1−1 2

∣∣∣∣

= 3, ∆3 =

∣∣∣∣∣∣

2 −1 2−1 2 12 1 6

∣∣∣∣∣∣

= 4,

pelo que f tem um mínimo local no ponto (0, 0, 0).

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 353

Observações

a) Se f(a) é um mínimo local de f , então

∆1 > 0, ∆2 > 0, . . . , ∆n > 0.

b) Se f(a) é um máximo local de f , então

∆1 6 0, ∆2 > 0, . . . , (−1)n∆n > 0.

c) O recíproco das duas alíneas anteriores é falso.

d) Outro processo de determinar se um ponto de estacionaridade éextremante utiliza os valores próprios da matriz hessiana.

i) Se os valores próprios da matriz hessiana são todos positivos, entãotemos um ponto de mínimo.

ii) Se os valores próprios da matriz hessiana são todos negativos, entãotemos um ponto de máximo.

iii) Se a matriz hessiana tiver valores próprios positivos e valores própriosnegativos, então temos um ponto de sela.

iv) Se a matriz hessiana tiver valores próprios nulos, e os valores própriosnão nulos tiverem todos o mesmo sinal nada se pode concluir.

§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 354

Exemplo

Calculemos os pontos de estacionaridade da função dada por

f(x, y) = x2y − y.

Para isso temos de resolver o sistema

∂f

∂x= 0

∂f

∂y= 0

2xy = 0

x2 − 1 = 0⇔

y = 0

x = 1∨

y = 0

x = −1.

Assim, os pontos de estacionaridade de f são (1, 0) e (−1, 0). A matrizhessiana de f é

Hf (x, y) =[

2y 2x2x 0

]

.

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§3.3.1 Extremos locais e extremos absolutos Cálculo II – pag. 355

Exemplo (continuação)

Assim,

Hf (1, 0) =[

2 · 0 2 · 12 · 1 0

]

=[

0 22 0

]

e, portanto,∆0 = 1, ∆1 = 0 e ∆2 = −4.

Pelas alíneas a) e b) das observações concluímos que (1, 0) é um ponto de sela.Por outro lado,

Hf (−1, 0) =[

2 · 0 2(−1)2(−1) 0

]

=[

0 −2−2 0

]

e para este caso também temos

∆0 = 1, ∆1 = 0 e ∆2 = −4

o que permite concluir do mesmo modo que (−1, 0) é um ponto de sela.Podíamos ter chegado à mesma conclusão verificando que os valores própriosde ambas as matrizes são −2 e 2.

Índice Cálculo II – pag. 356

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

Derivadas parciais e derivadas direccionaisDiferenciabilidade de funções de Rn em Rm

AplicaçõesExtremos locais e extremos absolutosExtremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange

4 Cálculo integral em Rn

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 357

Suponhamos que pretendemos determinar quais as dimensões dorectângulo de perímetro igual a 2 que tem a área máxima. Designemosos comprimentos dos lados do rectângulo por x e y,

x

y

O que pretendemos é determinar o valor máximo da função

A(x, y) = xy

no conjunto dos pontos (x, y) (ambos não negativos) que verificam

2x+ 2y = 2,

ou sejax+ y = 1.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 358

Como x+ y = 1 é equivalente a y = 1 − x, obtemos para os pontos queverificam esta condição A(x, y) = A(x, 1 − x) = x(1 − x). Bastaportanto determinar o valor de x ∈ [0, 1] que maximiza a funçãoA(x, 1 − x). Como

A′(x, 1 − x) = 0 ⇔ [x(1 − x)]′ = 0 ⇔ 1 − 2x = 0 ⇔ x =12,

podemos construir o seguinte quadro

x 0 1/2 1A′(x, 1 − x) + + 0 − −A(x, 1 − x) ր max ց

Concluímos que x = 1/2 corresponde a um ponto de máximo da funçãocuja segunda coordenada é y = 1 − 1/2 = 1/2. Assim, o rectângulopretendido é um quadrado de lado 1/2.

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 359

Na resolução anterior foi fundamental conseguirmos resolver a equação

x+ y = 1

em ordem a y. Como fazer se tal não for possível? A resposta é dadapelo método dos multiplicadores de Lagrange. Vejamos umexemplo.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 360

Exemplo

Pretendemos determinar os extremos absolutos da função

f(x, y) = x2 + ysujeita à condição

x2 + y2 = 1.

Para isso consideramos uma nova função

F (x, y, λ) = x2 + y + λ(x2 + y2 − 1),

e calculamos os seus pontos de estacionaridade:

∂F∂x (x, y, λ) = 0∂F∂y (x, y, λ) = 0∂F∂λ (x, y, λ) = 0

2x+ 2xλ = 0

1 + 2yλ = 0

x2 + y2 − 1 = 0

2x(1 + λ) = 0

——–

x2 + y2 = 1

x = 0

——–

y2 = 1

λ = −1

y = 1/2

x2 = 3/4

x = 0

λ = −1/2

y = 1

x = 0

λ = 1/2

y = −1

λ = −1

y = 1/2

x = ±√

3/2

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 361

Exemplo (continuação)

Os candidatos a extremo absoluto são

(0, 1), (0,−1), (√

3/2, 1/2) e (−√

3/2, 1/2).

Como sabemos que o conjunto

C ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 = 1}

é fechado, limitado e não vazio e a função

f(x, y) = x2 + y

é contínua, o Teorema de Weierstrass garante-nos que temos um máximo eum mínimo absoluto de f em C. Como

f(0, 1) = 1, f(0,−1) = −1 e f(−√

3/2, 1/2) = f(√

3/2, 1/2) = 5/4,

concluímos que o máximo absoluto é 5/4 e o mínimo absoluto é −1.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 362

Vamos agora descrever um método geral para determinar os pontoscandidatos a extremo. Dada uma função de classe C1,

f : D ⊆ Rn → R,

para determinar os extremos desta função sujeita às m 6 n condições

φ1(x1, . . . , xn) = 0, . . . , φm(x1, . . . , xn) = 0,

com φ1, . . . , φm funções de classe C1, consideramos a função

F (x1, . . . , xn, λ1, . . . , λm)

= f(x1, . . . , xn) + λ1φ1(x1, . . . , xn) + · · · + λmφm(x1, . . . , xn).

Determinamos os pontos de estacionaridade desta nova função. Entreestes pontos encontram-se pontos tais que as primeiras n coordenadascorrespondem às coordenadas dos pontos de extremo da função f , casoestes existam.Os λi que surgem na função F designam-se por multiplicadores deLagrange.

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 363

Exemplos

a) Pretendemos determinar, utilizando os multiplicadores deLagrange, os extremos absolutos da função

f(x, y, z) = x+ 2ysujeita às restrições

x+ y + z = 1 e y2 + z2 = 4.Como o conjunto

A ={

(x, y, z) ∈ R3 : x+ y + z = 1 ∧ y2 + z2 = 4}

é um conjunto limitado e fechado e a função f é contínua, peloTeorema de Weierstrass, f tem máximo e mínimo absolutos nesteconjunto.Vamos determiná-los usando o método dos multiplicadores deLagrange. Escrevemos a nova função

F (x, y, z, λ, µ) = x+ 2y + λ(x+ y + z − 1) + µ(y2 + z2 − 4).

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 364

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Calculando os pontos de estacionaridade deF (x, y, z, λ, µ) = x+ 2y + λ(x+ y + z − 1) + µ(y2 + z2 − 4),

temos

∂F∂x (x, y, z, λ, µ) = 0∂F∂y (x, y, z, λ, µ) = 0∂F∂z (x, y, z, λ, µ) = 0∂F∂λ (x, y, z, λ, µ) = 0∂F∂µ (x, y, z, λ, µ) = 0

1 + λ = 0

2 + λ+ 2µy = 0

λ+ 2µz = 0

x+ y + z − 1 = 0

y2 + z2 − 4 = 0

λ = −1

2µy = −1

2µz = 1

x+ y + z = 1

y2 + z2 = 4

λ = −1

——

z = −yx = 1

2y2 = 4

λ = −1

µ = −√

2/4

z = −√

2

x = 1

y =√

2

λ = −1

µ =√

2/4

z =√

2

x = 1

y = −√

2

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 365

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Obtivemos dois candidatos a ponto de extremo:

(1,√

2,−√

2) e (1,−√

2,√

2).

Uma vez quef(1,

√2,−

√2) = 1 + 2

√2

ef(1,−

√2,

√2) = 1 − 2

√2,

concluímos que 1 + 2√

2 é máximo absoluto e que 1 − 2√

2 émínimo absoluto.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 366

Exemplos (continuação)

b) Pretendemos determinar os extremos absolutos da função

f(x, y) = x2 + 2xy − 4x+ 8yno conjunto

C = {(x, y) : 0 6 x 6 1 ∧ 0 6 y 6 2} .Como o conjunto C é um conjunto limitado, fechado e não vazio e afunção f é contínua, pelo Teorema de Weierstrass f tem máximo emínimo absolutos neste conjunto. Os extremos absolutos podem estar nointerior ou na fronteira de C.Começamos por determinar todos os extremos locais de f no interior doconjunto C. Para tal começamos por determinar os pontos deestacionaridade de f que estão em C:

{∂f∂x (x, y) = 0∂f∂y (x, y) = 0

⇔{

2x+ 2y − 4 = 0

2x+ 8 = 0⇔

{

y = 6

x = −4.

Como o ponto (−4, 6) não está no interior de C concluímos que não háextremos no interior de C.

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 367

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Vamos agora determinar os pontos de estacionaridade nafronteira recorrendo ao método dos multiplicadores de Lagrange.

Para o segmento de recta

S1 = {(x, y) : y = 0 ∧ 0 6 x 6 1}escrevemos a função

F1(x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x+ 8y + λy.

Temos

∂F1

∂x (x, y, λ) = 0∂F1

∂y (x, y, λ) = 0∂F1

∂λ (x, y, λ) = 0

2x+ 2y − 4 = 0

2x+ 8 + λ = 0

y = 0

x = 2

λ = −12

y = 0

.

Obtivemos o ponto (2, 0) no entanto (2, 0) /∈ S1 pelo que não o devemosconsiderar.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 368

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Para o segmento de recta

S2 = {(x, y) : y = 2 ∧ 0 6 x 6 1}

escrevemos a função

F2(x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x+ 8y + λ(y − 2).

Temos

∂F2∂x (x, y, λ) = 0∂F2∂y (x, y, λ) = 0∂F2∂λ (x, y, λ) = 0

2x+ 2y − 4 = 0

2x+ 8 + λ = 0

y − 2 = 0

x = 0

λ = −8

y = 2

.

Obtivemos o ponto (0, 2) e, como (0, 2) ∈ S2, este ponto é umcandidato a extremo global.

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 369

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Para o segmento de recta

S3 = {(x, y) : x = 0 ∧ 0 6 y 6 2}

escrevemos a função

F3(x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x+ 8y + λx.

Temos

∂F3∂x (x, y, λ) = 0∂F3∂y (x, y, λ) = 0∂F3∂λ (x, y, λ) = 0

2x+ 2y − 4 + λ = 0

2x+ 8 = 0

x = 0

——

x = −4

x = 0

.

O sistema é impossível pelo que não obtemos candidatos a extremoneste caso.

§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 370

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Para o segmento de recta

S4 = {(x, y) : x = 1 ∧ 0 6 y 6 2}

escrevemos a função

F4(x, y, λ) = x2 + 2xy − 4x+ 8y + λ(x− 1).

Temos

∂F4∂x (x, y, λ) = 0∂F4∂y (x, y, λ) = 0∂F4∂λ (x, y, λ) = 0

2x+ 2y − 4 + λ = 0

2x+ 8 = 0

x− 1 = 0

——

x = −4

x = 1

.

O sistema é impossível pelo que não obtemos candidatos a extremoneste caso.

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§3.3.2 Extremos condicionados: método dos multiplicadores de Lagrange Cálculo II – pag. 371

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Assim, temos apenas como candidatos a extremos ospontos de intersecção de cada par de segmentos, isto é os vérticesdo rectângulo C:

(0, 2), (0, 0), (1, 0) e (1, 2).

Como referimos, de acordo com o Teorema de Weierstrass, entre asimagens destes quatro pontos estão os extremos absolutos de f emC.Atendendo a que

f(0, 2) = 16, f(0, 0) = 0, f(1, 0) = −3 e f(1, 2) = 17,

concluímos que o máximo absoluto é 17 e o mínimo absoluto é −3.

Índice Cálculo II – pag. 372

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadasAplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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Índice Cálculo II – pag. 373

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadasAplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 374

Para definirmos o conceito de integral é necessário explorar primeiro oconceito de partição de um intervalo fechado e limitado de Rn.

Dados a = (a1, . . . , an), b = (b1, . . . , bn) ∈ Rn, com ai < bi, i = 1, . . . , n,designamos os conjuntos da forma

[a, b] = {(x1, . . . , xn) ∈ Rn : ai 6 xi 6 bi, i = 1, . . . , n}= [a1, b1] × · · · × [an, bn]

por intervalo fechado e limitado de Rn.

É fácil de verificar que quando n = 1, os intervalos fechados e limitadoscoincidem com os habituais intervalos fechados e limitados de R;quando n = 2 os intervalos fechados e limitados são rectângulos equando n = 3 os intervalos fechados e limitados são paralelepípedosrectângulos.

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 375

Dado um intervalo (fechado e limitado) I = [a, b] de Rn, coma = (a1, . . . , an) e b = (b1, . . . , bn), definimos o volume elementar deI, que denotamos por vol(I), por

vol(I) =n∏

i=1

(bi − ai).

Verifica-se imediatamente que quando n = 1 o volume elementar é ocomprimento do intervalo, para n = 2 o volume elementar é a área dorectângulo e que quando n = 3 o volume elementar é o volume usualdo paralelepípedo.

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 376

Dado um intervalo fechado e limitado I de Rn, designa-se porpartição ou subdivisão de I qualquer colecção

P = {I1, . . . , Ik} ,

onde os Ij são intervalos fechados e limitados de Rn não sobrepostos(i.e. sem pontos interiores comuns) e cuja reunião é I, ou seja,

int Ii ∩ int Ij = ∅ para i, j = 1, . . . , n e i 6= j

e

I =k⋃

i=1

Ii.

É evidente que nestas condições se tem

vol(I) =k∑

i=1

vol(Ii).

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 377

Exemplo

O conjuntoP = {I1, I2, I3, I4, I5}

onde I1 =[

0, 14

]

×[

0, 13

]

, I2 =[

0, 14

]

×[

13 ,

23

]

, I3 =[

0, 14

]

×[

23 , 1]

,

I4 =[

14 , 1]

×[

0, 13

]

e I5 =[

14 , 1]

×[

13 , 1]

constitui uma partição dointervalo [0, 1] × [0, 1].

I1

I2

I3

I4

I5

0 1

1

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 378

Sejam I um intervalo (fechado e limitado) de Rn, P = {I1, . . . , Ik} umapartição de I e f : I ⊆ Rn → R uma função limitada. Chama-se somasuperior de Darboux de f relativa à partição P ao número real

S(f, P ) =k∑

i=1

M(f, Ii) vol(Ii),

ondeM(f, Ii) = sup {f(x) : x ∈ Ii} = sup

x∈Ii

f(x).

Analogamente, chama-se soma inferior de Darboux de f relativa àpartição P ao número real

s(f, P ) =k∑

i=1

m(f, Ii) vol(Ii),

ondem(f, Ii) = inf {f(x) : x ∈ Ii} = inf

x∈Ii

f(x).

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 379

x

y

a b

b

b

qx0

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7qx8

m1

m2=m4=m8

m3

m5

m6

m7

b

b

Interpretação geométrica das somas inferiores de Darboux para funçõesf : I ⊆ R → R

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 380

x

y

a b

b

b

qx0

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7qx8

b

b

Interpretação geométrica das somas superiores de Darboux parafunções f : I ⊆ R → R

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 381

M(f, B)

m(f, B)

B

M(f, B)

m(f, B)

B

Interpretação geométrica das somas inferiores e das somas superioresde Darboux para funções f : I ⊆ R2 → R

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 382

Exemplos de somas superiores e de somas inferiores

a) Seja I um intervalo de Rn e consideremos a funçãof : I ⊆ Rn → R

definida por

f(x) = c.

Dada uma partição P = {I1, . . . , Ik} de I temos

m(f, Ii) = c e M(f, Ii) = c

e, consequentemente,

s(f, P ) =k∑

i=1

m(f, Ii) vol(Ii) =k∑

i=1

c vol(Ii) = c

k∑

i=1

vol(Ii) = c vol(I)

e

S(f, P ) =k∑

i=1

M(f, Ii) vol(Ii) =k∑

i=1

c vol(Ii) = c

k∑

i=1

vol(Ii) = c vol(I).

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 383

Exemplos de somas superiores e de somas inferiores (continuação)

b) Sejam I um intervalo de Rn ef : I ⊆ Rn → R

a função definida por

f(x) =

{

0 se x ∈ I ∩ Qn,

1 se x 6∈ I ∩ Qn.

Para qualquer partição P = {I1, . . . Ik} de I temos

m(f, Ii) = 0 e M(f, Ii) = 1,

pelo que

s(f, P ) =k∑

i=1

m(f, Ii) vol(Ii) =k∑

i=1

0 vol(Ii) = 0

e

S(f, P ) =k∑

i=1

M(f, Ii) vol(Ii) =k∑

i=1

1 vol(Ii) = vol(I).

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 384

Seja I um intervalo fechado e limitado de Rn. Uma função

f : I ⊆ Rn → R

limitada diz-se integrável à Riemann em I se existir um e um sónúmero A tal que

s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) para qualquer partição P de I.

O único número A que verifica a desigualdade anterior designa-se porintegral de Riemann de f em I e representa-se por

If(x) dx.

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 385

Exemplos do integral de Riemann

a) Consideremos novamente a função f : I ⊆ Rn → R definida por

f(x) = c.

Já vimos que para qualquer partição P de I se tem

s(f, P ) = c vol(I) = S(f, P ).

Assim,

s(f, P ) 6 c vol(I) 6 S(f, P ) para qualquer partição P de I

ec vol(I)

é o único número real que verifica estas desigualdades. Logo f éintegrável à Riemann em I e

If(x) dx = c vol(I).

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 386

Exemplos do integral de Riemann (continuação)

b) Já vimos que para a função

f : I ⊆ Rn → R,

definida por

f(x) =

{

0 se x ∈ I ∩ Qn,

1 se x 6∈ I ∩ Qn,

se tems(f, P ) = 0 e S(f, P ) = vol(I)

qualquer que seja a partição P de I. Portanto, se A ∈ [0, vol(I)]tem-se

0 = s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) = vol(I)

para qualquer partição P de I, o que mostra que f não é integrávelà Riemann em I.

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 387

É também comum escrever∫

If(x1, . . . , xn) dx1 · · · dxn

para designar o integral de Riemann de f no intervalo fechado I. Éainda usual escrever

∫ bn

an

· · ·∫ b1

a1

f(x1, . . . , xn) dx1 · · · dxn

para designar∫

[a1,b1]×···×[an,bn]f(x1, . . . , xn) dx1 · · · dxn.

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 388

Em dimensão dois é habitual escrever f(x, y) em vez de f(x1, x2) edenota-se assim o integral de Riemann em I por

∫∫

If(x, y) dx dy.

Analogamente em dimensão três usa-se frequentemente a notação∫∫∫

If(x, y, z) dx dy dz.

Facilmente se verifica que, no caso n = 1, o conceito de integral aquiapresentado coincide com o conceito de integral de Riemann definidoem Cálculo I.

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 389

Propriedades dos integrais

Seja I um intervalo fechado e limitado de Rn.

a) Sef, g : I ⊆ Rn → R

são funções integráveis em I, então f + g é integrável em I e∫

I[f(x) + g(x)] dx =

If(x) dx+

Ig(x) dx.

b) Se λ é um número real e

f : I ⊆ Rn → R

é uma função integrável em I, então λ f é integrável em I e∫

Iλ f(x) dx = λ

If(x) dx.

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 390

Propriedades dos integrais (continuação)

c) Sejam I1 e I2 dois intervalos (fechados e limitados) de Rn nãosobrepostos e tais que

I = I1 ∪ I2

e sejaf : I ⊆ Rn → R.

Entãof é integrável em I

se e só seé integrável em I1 e em I2.

Além disso, nas condições anteriores, temos∫

If(x) dx =

I1

f(x) dx+∫

I2

f(x) dx.

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§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 391

Propriedades dos integrais (continuação)

d) Sef, g : I ⊆ Rn → R

são duas funções integráveis em I tais que

f(x) 6 g(x) para cada x ∈ I,

então ∫

If(x) dx 6

Ig(x) dx.

§4.1 Definição, exemplos e propriedades Cálculo II – pag. 392

Propriedades dos integrais (continuação)

e) Sejaf : I ⊆ Rn → R

uma função integrável. Então |f | é integrável em I e∣∣∣∣

If(x) dx

∣∣∣∣ 6

I|f(x)| dx.

f) Sef : I ⊆ Rn → R

é uma função contínua, excepto num número finito de pontos, entãof é integrável. Em particular, as funções contínuas são integráveis.

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Índice Cálculo II – pag. 393

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadasAplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 394

Teorema de Fubini

Sejam I um intervalo fechado e limitado de Rn, J um intervalo fechadoe limitado de Rm e

f : I × J ⊆ Rn × Rm → R

uma função limitada e integrável. Se f é integrável (como função de x)em I para qualquer y ∈ J , então

I×Jf(x, y) dx dy =

J

[∫

If(x, y) dx

]

dy.

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§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 395

Teorema de Fubini para funções contínuas

Sejam I um intervalo fechado e limitado de Rn, J um intervalo fechadoe limitado de Rm e

f : I × J ⊆ Rn × Rm → R

uma função contínua e, consequentemente, integrável à Riemann emI × J . Então

a) f é integrável (como função de x) em I para qualquer y ∈ J ;

b) a função

g(y) =∫

If(x, y) dx

é integrável em I e∫

I×Jf(x, y) dx dy =

J

[∫

If(x, y) dx

]

dy.

§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 396

Exemplos

a) Calculemos o integral∫

[0,1]×[2,3]xy2 dx dy. Então

[0,1]×[2,3]xy2 dx dy =

∫ 3

2

∫ 1

0xy2 dx dy

=∫ 3

2

[

x2y2

2

]x=1

x=0

dy

=∫ 3

2

y2

2− 0 dy

=

[

y3

6

]y=3

y=2

=276

− 86

=196.

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§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 397

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Este integral também pode ser calculado da seguinteforma:

[0,1]×[2,3]

xy2 dx dy =∫ 1

0

∫ 3

2

xy2 dy dx

=∫ 1

0

[xy3

3

]y=3

y=2

dx

=∫ 1

0

27x3

− 8x3dx

=∫ 1

0

19x3

dx

=[

19x2

6

]x=1

x=0

=196

− 0 =196.

§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 398

Exemplos (continuação)

b) Calculemos∫

[0,1]×[0,2]×[1,3]xy2z dx dy dz:

[0,1]×[0,2]×[1,3]xy2z dx dy dz =

∫ 3

1

∫ 2

0

∫ 1

0xy2z dx dy dz

=∫ 3

1

∫ 2

0

[

x2y2z

2

]x=1

x=0

dy dz

=∫ 3

1

∫ 2

0

y2z

2dy dz =

∫ 3

1

[

y3z

6

]y=2

y=0

dz

=∫ 3

1

8z6dz =

[

8z2

12

]z=3

z=1

=7212

− 812

=6412

=163

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§4.2 Teorema de Fubini Cálculo II – pag. 399

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Outro processo seria

[0,1]×[0,2]×[1,3]xy2z dx dy dz =

∫ 3

1

∫ 2

0

∫ 1

0xy2z dx dy dz

=∫ 3

1z dz

∫ 2

0y2 dy

∫ 1

0x dx

=

[

z2

2

]z=3

z=1

[

y3

3

]y=2

y=0

[

x2

2

]x=1

x=0

=(

92

− 12

)83

12

=163

Índice Cálculo II – pag. 400

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadasAplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 401

Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função limitada definida num subconjunto limitado D ⊆ Rn.Sejam I um intervalo de Rn fechado e limitado tal que D está contidono interior de I e

f̃ : I ⊆ Rn → R

a função dada por

f̃(x) =

{

f(x) se x ∈ D

0 se x ∈ I \D

Dizemos que f é integrável em D se f̃ for integrável em I e definimos ointegral de f em D por

Df(x) dx =

If̃(x) dx.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 402

Verifica-se facilmente que a escolha do intervalo I não influencia adefinição anterior, nem o valor

Df(x) dx.

As propriedades que vimos para integrais de funções definidas emintervalos também se verificam para este tipo de integrais. Veremos emseguida essas propriedades.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 403

Propriedades dos integrais

Seja D um subconjunto limitado de Rn.

a) Sef, g : D ⊆ Rn → R

são funções integráveis em D, então f + g é integrável em D e∫

D[f(x) + g(x)] dx =

Df(x) dx+

Dg(x) dx.

b) Se λ é um número real e

f : D ⊆ Rn → R

é uma função integrável em D, então λ f é integrável em D e∫

Dλ f(x) dx = λ

Df(x) dx.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 404

Propriedades dos integrais (continuação)

c) Sejam D1 e D2 dois subconjuntos limitados de Rn tais que

int (D1 ∩D2) = ∅ e D = D1 ∪D2

e sejaf : D ⊆ Rn → R.

Sef é integrável em D1, em D2 e em D,

então ∫

Df(x) dx =

D1

f(x) dx+∫

D2

f(x) dx.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 405

Propriedades dos integrais (continuação)

d) Sef, g : D ⊆ Rn → R

são duas funções integráveis em D tais que

f(x) 6 g(x) para cada x ∈ D,

então ∫

Df(x) dx 6

Dg(x) dx.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 406

Propriedades dos integrais (continuação)

e) Sejaf : D ⊆ Rn → R

uma função integrável. Então

|f | é integrável em D

e ∣∣∣∣

Df(x) dx

∣∣∣∣ 6

D|f(x)| dx.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 407

Seja D um subconjunto limitado de R2 da forma

D ={

(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b ∧ ϕ1(x) 6 y 6 ϕ2(x)},

ondeϕ1, ϕ2 : [a, b] ⊆ R → R

são funções limitadas em [a, b].

x

y

a b

y = ϕ2(x)

y = ϕ1(x)

D

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 408

Sef : D ⊆ R2 → R

é uma função limitada e integrável em

D ={

(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b ∧ ϕ1(x) 6 y 6 ϕ2(x)}

,

recorrendo ao teorema de Fubini, temos

∫∫

Df(x, y) dx dy =

∫ b

a

(∫ ϕ2(x)

ϕ1(x)f(x, y) dy

)

dx,

desde que a função f(x, y) seja (como função de y) integrável em[ϕ1(x), ϕ2(x)] para qualquer x ∈ [a, b]. Este integral também secostuma representar por

∫∫

Df(x, y) dA.

É de referir que se as funções ϕ1, ϕ2 e f são contínuas, excepto numnúmero finito de pontos, então f é integrável em D.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 409

Analogamente, se D é um subconjunto limitado de Rn da forma

D ={

(x, y) ∈ R2 : ψ1(y) 6 x 6 ψ2(y) ∧ c 6 y 6 d}

,

ondeψ1, ψ2 : [c, d] ⊆ R → R,

tem-se∫∫

Df(x, y) dx dy =

∫ d

c

(∫ ψ2(y)

ψ1(y)f(x, y) dx

)

dy.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 410

Exemplos

a) Seja D ⊆ R2 o conjunto dos pontos de [0, 1] × [0, 1] que estão entre aparábola de equação y = x2 e a recta de equação y = x.

x

y

b

1

1 by = x

b

y = x2

b

Então

D ={

(x, y) ∈ R2 : 0 6 x 6 1 ∧ x26 y 6 x

}

={

(x, y) ∈ R2 : 0 6 y 6 1 ∧ y 6 x 6√y}

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 411

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Calculemos∫∫

D

xy2 dA.

ComoD =

{(x, y) ∈ R2 : 0 6 x 6 1 ∧ x2

6 y 6 x},

tem-se∫∫

D

xy2 dA =∫ 1

0

∫ x

x2

xy2 dy dx =∫ 1

0

[

xy3

3

]y=x

y=x2

dx

=∫ 1

0

x · x3

3− x(x2)3

3dx =

∫ 1

0

x4

3− x7

3dx

=[

x5

15− x8

24

]x=1

x=0

=115

− 124

− (0 − 0)

=24 − 1515 · 24

=9

15 · 24=

15 · 8

=140.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 412

Exemplos (continuação)

a) (continuação) Atendendo a que

D ={

(x, y) ∈ R2 : 0 6 y 6 1 ∧ y 6 x 6√y},

o integral também podia ter sido calculado da seguinte forma:

∫∫

D

xy2 dA =∫ 1

0

∫ √y

y

xy2 dx dy =∫ 1

0

[

x2y2

2

]x=√

y

x=y

dy

=∫ 1

0

(√y)2y2

2− y2y2

2dy =

∫ 1

0

y3

2− y4

2dy

=[

y4

8− y5

10

]y=1

y=0

=18

− 110

− (0 − 0)

=540

− 440

=140.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 413

Exemplos (continuação)

b) Seja f : D ⊆ R2 → R a função dada por f(x, y) = xy3, onde

D ={

(x, y) ∈ R2 : x > 0 ∧ y > 0 ∧ x 6 −4y2 + 3}.

x

y

x = −4y2 + 3

3

√3/2

−√

3/2

O conjunto D também pode ser também definido por

D ={

(x, y) ∈ R2 : 0 6 y 6√

3/2 ∧ 0 6 x 6 −4y2 + 3}

.

e como f é continua, f é integrável em D.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 414

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Assim,∫∫

Df(x, y) dx dy =

∫√

32

0

∫ 3−4y2

0xy3 dx dy

=∫

√3

2

0

[12x2y3

]x=3−4y2

x=0dy

=∫

√3

2

0

(92

− 12y2 + 8y4)

y3 dy

=∫

√3

2

0

92y3 − 12y5 + 8y7 dy

=[

98y4 − 2y6 + y8

]√

32

0

=27256

.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 415

Exemplos (continuação)

b) (continuação) Também podíamos ter definido D da seguinte forma

D =

{

(x, y) ∈ R2 : 0 6 x 6 3 ∧ 0 6 y 6

3 − x

4

}

e, portanto,

∫∫

Df(x, y) dy dx =

∫ 3

0

∫√

3−x4

0xy3 dy dx =

∫ 3

0

[

xy4

4

]y=√

3−x4

y=0

dx

=∫ 3

0

x

4

(3 − x

4

)2

dx =∫ 3

0

9x64

− 3x2

32+x3

64dx

=

[

9x2

128− x3

32+

x4

256

]x=3

x=0

=27256

.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 416

Situações semelhantes às anteriores ocorrem noutras dimensões. Emparticular, em R3, por exemplo numa região da forma

D ={

(x, y, z) ∈ R3 : a 6 x 6 b ∧ ϕ1(x) 6 y 6 ϕ2(x) ∧ ψ1(x, y) 6 z 6 ψ2(x, y)

},

ondeϕ1, ϕ2 : [a, b] → R

eψ1, ψ2 : {(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b ∧ ϕ1(x) 6 y 6 ϕ2(x)} → R

são funções limitadas. Temos nesse caso

∫∫∫

Df(x, y, z) dx dy dz =

∫ b

a

(∫ ϕ2(x)

ϕ1(x)

(∫ ψ2(x,y)

ψ1(x,y)f(x, y, z) dz

)

dy

)

dx

desde que os integrais interiores existam.

Podemos estabelecer resultados semelhantes para regiões como a acimaonde os papeis das variáveis “estejam trocados”.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 417

Exemplo

A função f : R3 → R dada por f(x, y, z) = xy é contínua em R3 e, portanto, éintegrável na região

D ={

(x, y, z) ∈ R3 : 0 6 y 6 1 ∧ 0 6 x 6 y ∧ 0 6 z 6 x+ 2y}.

Além disso,

∫∫∫

D

f(x, y, z) dx dy dz =∫ 1

0

∫ y

0

∫ x+2y

0

xy dz dx dy

=∫ 1

0

∫ y

0

[xyz

]z=x+2y

z=0dx dy =

∫ 1

0

∫ y

0

xy(x+ 2y) dx dy

=∫ 1

0

∫ y

0

x2y + 2xy2 dx dy =∫ 1

0

[

x3y

3+ x2y2

]x=y

x=0

dy

=∫ 1

0

y4

3+ y4 dy =

[

y5

15+y5

5

]y=1

y=0

=415

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 418

Situações semelhantes podem ser resolvidas de forma correspondenteem Rn, n > 4.

Muitas vezes queremos calcular integrais em regiões que se podemdecompor-se em regiões mais simples. Naturalmente, se em cada umadestas regiões mais simples conseguirmos calcular o integral, apelandoà linearidade do integral relativamente à região de integração, podemoscalcular integral original. O próximo exemplo ilustra esta forma deproceder.

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 419

Exemplo

A função f : R2 → R dada por

f(x, y) = 2x2y

é contínua em R2 e, portanto, é integrável no conjunto

D ={

(x, y) ∈ R2 : |x| 6 y 6 2 − x2}

pois as funções|x| e 2 − x2

são contínuas.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 420

Exemplo (continuação)

A representação geométrica do conjunto é

x

y

y = |x|

y = 2 − x2

1−1

11

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§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 421

Exemplo (continuação)

Para calcularmos o integral de f em D vamos dividir D em duasregiões:

D1 ={

(x, y) ∈ R2 : 0 6 x 6 1 ∧ x 6 y 6 2 − x2}

eD2 =

{

(x, y) ∈ R2 : − 1 6 x 6 0 ∧ −x 6 y 6 2 − x2}

ComoD = D1 ∪D2

eint (D1 ∩D2) = ∅,

podemos calcular o integral de f em D à custa dos integrais de f emD1 e D2.

§4.3 Integrais em conjuntos mais gerais Cálculo II – pag. 422

Exemplo (continuação)

Assim, porque∫∫

D1

f(x, y) dx dy =∫ 1

0

∫ 2−x2

x

2x2y dy dx =∫ 1

0

[x2y2

]y=2−x2

y=xdx

=∫ 1

0

4x2 − 5x4 + x6 dx =[

4x3

3− x5 +

x7

7

]x=1

x=0

=1021

e∫∫

D2

f(x, y) dx dy =∫ 0

−1

∫ 2−x2

−x

2x2y dy dx =∫ 0

−1

[x2y2

]y=2−x2

y=−xdx

=∫ 1

0

4x2 − 5x4 + x6 dx =[

4x3

3− x5 +

x7

7

]x=0

x=−1

=1021

concluímos que∫∫

D

f(x, y) dx dy =∫∫

D1

f(x, y) dx dy +∫∫

D2

f(x, y) dx dy =2021.

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Índice Cálculo II – pag. 423

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadas

Teorema de Mudança de CoordenadasCoordenadas PolaresCoordenadas CilíndricasCoordenadas Esféricas

Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

Índice Cálculo II – pag. 424

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadas

Teorema de Mudança de CoordenadasCoordenadas PolaresCoordenadas CilíndricasCoordenadas Esféricas

Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§4.4.1 Teorema de Mudança de Coordenadas Cálculo II – pag. 425

Muitas vezes, é necessário recorrer a outros sistemas de coordenadaspara calcular determinados integrais, pois a geometria da região deintegração, ou determinadas simetrias da função que queremosintegrar, tornam o cálculo consideravelmente mais fácil numascoordenadas, e não noutras.

§4.4.1 Teorema de Mudança de Coordenadas Cálculo II – pag. 426

Seja U ⊆ Rn um conjunto aberto. Dizemos que uma função

g : U ⊆ Rn → Rn

é uma mudança de coordenadas em U se verificar as seguintescondições:

a) g é de classe C1;

b) g é injectiva;

c) det g′(x) 6= 0 para todo o x ∈ U .

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§4.4.1 Teorema de Mudança de Coordenadas Cálculo II – pag. 427

Teorema de mudança de coordenadas

Sejam U ⊆ Rn um conjunto aberto,

f : D ⊆ Rn → R

uma função integrável em D e

g : U ⊆ Rn → Rn

uma mudança de coordenadas tal que

g(U) = D.

Então

f ◦ g : U ⊆ Rn → R

é integrável em U e∫

Df(y) dy =

Uf(g(x))

∣∣det g′(x)

∣∣ dx.

§4.4.1 Teorema de Mudança de Coordenadas Cálculo II – pag. 428

No caso particular n = 1 recuperamos a fórmula de integração porsubstituição, que vimos no Cálculo I. De facto, sejam

f : [a, b] → R

uma função integrável em [a, b] (com a < b) e

g : [c, d] → R

uma mudança de coordenadas com

g([c, d]) = [a, b], g(c) = a e g(d) = b.

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§4.4.1 Teorema de Mudança de Coordenadas Cálculo II – pag. 429

Como g é uma mudança de coordenadas, temos que

det g′(x) = g′(x) 6= 0 para todo x ∈ D.

Porque g′ é continua (uma vez que g é de classe C1 em U) concluímosque g não muda de sinal em [c, d].

Atendendo a queg(c) = a < b = g(d)

temos g′(x) > 0 para todo o x ∈ [c, d]. Assim,

|g′(x)| = g′(x)

e portanto

∫ b

af(x) dx =

∫ d

cf(g(t))|g′(t)| dt =

∫ d

cf(g(t))g′(t) dt.

Índice Cálculo II – pag. 430

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadas

Teorema de Mudança de CoordenadasCoordenadas PolaresCoordenadas CilíndricasCoordenadas Esféricas

Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§4.4.2 Coordenadas Polares Cálculo II – pag. 431

bb

x

y

r

θ

As coordenadas polares sãocoordenadas em R2 definidas por

{

x = r cos θ

y = r sen θ

com

r ∈ ]0,+∞[ e θ ∈ ]0, 2π[.

As variáveis r e θ correspondem, respectivamente, à distância à origeme ao ângulo formado pelo vector (x, y) e o semi-eixo positivo dos xx.

§4.4.2 Coordenadas Polares Cálculo II – pag. 432

SejaU =

{

(r, θ) ∈ R2 : r > 0 e θ ∈ ]0, 2π[}

eg : U ⊆ R2 → R2

dada porg(r, θ) = (r cos θ, r sen θ) = (x, y).

Em U podemos concluir que g é injectiva notando que para cadar0 > 0 fixo, a função

h(θ) = (r0 cos θ, r0 sen θ)

é injectiva (descreve a circunferência de raio r0 com excepção do ponto(x, y) = (r0, 0)). Note-se que quando r = 0 perdemos a injectividade.

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§4.4.2 Coordenadas Polares Cálculo II – pag. 433

Temos ainda

det g′(r, θ) = det

[

cos θ −r sen θsen θ r cos θ

]

= r(cos2 θ + sen2 θ) = r

pelo que podemos concluir que g é de classe C1 em U e que

det g′(r, θ) 6= 0 para todo o (r, θ) ∈ U.

Obtemos o seguinte caso particular do teorema de mudança decoordenadas para o caso das coordenadas polares

∫∫

Df(x, y) dx dy =

∫∫

D1

f(r cos θ, r sen θ) r dr dθ

com D1 tal queg(D1) = D.

§4.4.2 Coordenadas Polares Cálculo II – pag. 434

Exemplo de mudança para coordenadas polares

Consideremos a região

D ={

(x, y) ∈ R2 : x2 + y26 4 e x > y e y > 0

}

,

cuja representação geométrica é

x

y

x2 + y2 = 4

2

2 y = x

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§4.4.2 Coordenadas Polares Cálculo II – pag. 435

Exemplo de mudança para coordenadas polares (continuação)

Temos que

∫∫

Dex

2+y2dx dy =

∫ π/4

0

∫ 2

0er

2r dr dθ =

∫ π/4

01 dθ

∫ 2

0r er

2dr

=[

θ]θ=π/4

θ=0

[

er2

2

]r=2

r=0

=(π

4− 0

) (

e4

2− e0

2

)

8(e4 −1).

É de notar que a mudança de coordenadas que fizemos não está nascondições do Teorema de mudança de coordenadas. No entanto, paraestarmos nas condições do Teorema de mudança de coordenadasbastaria considerar um conjunto “ligeiramente” mais pequeno e, porisso, o valor do integral não se altera.

Índice Cálculo II – pag. 436

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadas

Teorema de Mudança de CoordenadasCoordenadas PolaresCoordenadas CilíndricasCoordenadas Esféricas

Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 437

b

x

y

z

b

As coordenadas cilíndricassão coordenadas em R3 definidas por

x = r cos θ

y = r sen θ

z = z

com

z ∈ R, r ∈ ]0,+∞[ e θ ∈ ]0, 2π[

e que correspondem de alguma forma aconsiderar coordenadas polares em cada plano z = z0. As variáveis r, θcorrespondem, respectivamente, à distância do ponto (x, y, 0) à origeme ao ângulo que vector (x, y, 0) faz com o semi-eixo positivo dos xx. Avariável z continua a corresponder à coordenada cartesiana z.

§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 438

SejaU =

{

(r, θ, z) ∈ R3 : r > 0 ∧ θ ∈ ]0, 2π[ ∧ z ∈ R}

eg : U ⊆ R3 → R3

dada porg(r, θ, z) = (r cos θ, r sen θ, z) = (x, y, z).

Em U podemos concluir que g é injectiva notando que para cadar0 > 0 e z0 fixos, a função

h(θ) = (r0 cos θ, r0 sen θ, z0)

é injectiva (descreve no plano z = z0 a circunferência de raio r0

centrada em (0, 0, z0) com excepção do ponto = (r0, 0, z0)). Note-seque se r = 0 perdemos a injectividade. Além disso, que nãopoderíamos por exemplo considerar θ ∈ [0, 2π[ uma vez quedeixaríamos de ter um conjunto aberto.

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§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 439

Atendendo a que

det g′(r, θ, z) = det

cos θ −r sen θ 0sen θ r cos θ 0

0 0 1

= r(cos2 θ + sen2 θ) = r

concluímos que g é de classe C1 em U e que

det g′(r, θ, z) 6= 0 para todo o (r, θ, z) ∈ U.

Obtemos assim o seguinte caso particular do teorema de mudança decoordenadas para coordenadas cilíndricas:

∫∫∫

Df(x, y, z) dx dy dz =

∫∫∫

D1

f(r cos θ, r sen θ, z) r dz dr dθ

onde D1 é tal queg(D1) = D.

§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 440

Exemplo de mudança para coordenadas cilíndricas

Consideremos a região

D ={

(x, y, z) ∈ R3 : x2 + y26 4 ∧ 1 6 z 6 2

}.

x

y

z

1

2

2−2

Temos que a função f : R3 → R dada por

f(x, y, z) = cos(x2 + y2 + z)

é integrável em D.

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§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 441

Exemplo de mudança para coordenadas cilíndricas (continuação)

Assim, tendo em conta que a projecção de D no plano z = 0 é um círculocentrado em (0, 0) e de raio 2, usando coordenadas cilíndricas temos

∫∫∫

D

cos(x2 + y2 + z) dx dy dz =

∫ 2π

0

∫ 2

0

∫ 2

1

cos(r2 + z)r dz dr dθ

=

∫ 2π

0

∫ 2

0

r

∫ 2

1

cos(r2 + z) dz dr dθ =

∫ 2π

0

∫ 2

0

r[

sen(r2 + z)]z=2

z=1dr dθ

=

∫ 2π

0

∫ 2

0

r(sen(r2 + 2) − sen(r2 + 1)

)dr dθ

=

∫ 2π

0

1 dθ

∫ 2

0

r sen(r2 + 2) − r sen(r2 + 1) dr

=[θ]θ=2π

θ=0

[

−cos(r2 + 2)

2+

cos(r2 + 1)

2

]r=2

r=0

= (2π − 0)(

−cos 6

2+

cos 5

2−(

−cos 2

2+

cos 1

2

))

= π (cos 5 + cos 2 − cos 6 − cos 1) .

§4.4.3 Coordenadas Cilíndricas Cálculo II – pag. 442

Tal como aconteceu com o exemplo da mudança para coordenadaspolares, é de notar que a mudança de coordenadas que fizemos noexemplo anterior não está nas condições do Teorema de mudança decoordenadas. No entanto, para estarmos nas condições do Teorema demudança de coordenadas bastaria considerar um conjunto“ligeiramente” mais pequeno e, por isso, o valor do integral não sealtera.

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Índice Cálculo II – pag. 443

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadas

Teorema de Mudança de CoordenadasCoordenadas PolaresCoordenadas CilíndricasCoordenadas Esféricas

Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

§4.4.4 Coordenadas Esféricas Cálculo II – pag. 444

x

y

z

b

r

θ

ϕ

As coordenadas esféricas sãocoordenadas em R3 definidas por

x = r cos θ senϕ

y = r sen θ senϕ

z = r cosϕ

com

r ∈ ]0,+∞[,

θ ∈ ]0, 2π[,

ϕ ∈ ]0, π[.

As variáveis r, θ e ϕ correspondem, respectivamente, à distância doponto (x, y, z) à origem, ao ângulo que o vector (x, y, 0) faz comsemi-eixo positivo dos xx e ao ângulo que o vector (x, y, z) faz com osemi-eixo positivo dos zz.

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§4.4.4 Coordenadas Esféricas Cálculo II – pag. 445

SejaU =

{

(r, θ, ϕ) ∈ R3 : r > 0 ∧ θ ∈ ]0, 2π[ ∧ ϕ ∈ ]0, π[}

eg : U ⊆ R3 → R3

dada por

g(r, θ, ϕ) = (r cos θ senϕ, r sen θ senϕ, r cosϕ) = (x, y, z).

Em U a aplicação g é injectiva. De facto, para cada r0 > 0 fixo, asvariáveis θ ∈ ]0, 2π[ e ϕ ∈ ]0, π[ geram uma esfera de raio r0 comexcepção do meridiano que passa pelo ponto (x, y, z) = (r0, 0, 0).

§4.4.4 Coordenadas Esféricas Cálculo II – pag. 446

Atendendo a que

det g′(r, θ, ϕ) = det

cos θ senϕ −r sen θ senϕ r cos θ cosϕsen θ senϕ r cos θ senϕ r sen θ cosϕ

cosϕ 0 −r senϕ

= −r2 senϕ

concluímos que g é de classe C1 em U e que

det g′(r, θ, ϕ) 6= 0 para todo o (r, θ, ϕ) ∈ U.

Obtemos portanto o seguinte caso particular do teorema de mudançade coordenadas para o caso das coordenadas esféricas:

∫∫∫

Df(x, y, z) dx dy dz

=∫∫∫

D1

f(r cos θ senϕ, r sen θ senϕ, r cosϕ) r2 senϕdr dϕdθ

com D1 tal queg(D1) = D.

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§4.4.4 Coordenadas Esféricas Cálculo II – pag. 447

Exemplo de mudança para coordenadas esféricas

Se D ={

(x, y, z) ∈ R3 : 1 6 x2 + y2 + z2 6 4}

, então usandocoordenadas esféricas temos

∫∫∫

D

(x2 + y2 + z2)2 dx dy dz =∫ 2π

0

∫ π

0

∫ 2

1

r4r2 senϕdr dϕdθ

=∫ 2π

0

1 dθ∫ π

0

senϕdϕ∫ 2

1

r6 dr =[θ]θ=2π

θ=0

[− cosϕ

]ϕ=π

ϕ=0

[

r7

7

]r=2

r=1

= (2π − 0)[

− cosπ − (− cos 0)](

1287

− 17

)

= 2π · 2 · 1277

=5087π.

Também neste exemplo se verifica algo de semelhante ao que aconteceunos exemplos de coordenadas polares e de coordenadas cilíndricas, ouseja, não estamos nas condições do Teorema de mudança decoordenadas, mas isso não causa problemas pelas mesmas razões quetambém não causava nas duas outras mudanças de coordenadas.

Índice Cálculo II – pag. 448

1 Séries numéricas e séries de potências

2 Funções de Rn em R

m: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em Rn

4 Cálculo integral em Rn

Definição, exemplos e propriedadesTeorema de FubiniIntegrais em conjuntos mais geraisMudança de coordenadasAplicações ao cálculo de áreas e de volumes

5 Integrais de linha

6 Integrais de superfície

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§4.5 Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes Cálculo II – pag. 449

Como se deduz da construção feita na primeira secção deste capítulo, ointegral de uma função f não negativa com n variáveis, x1, . . . , xn,integrável numa dada região limitada R é numericamente igual aovolume ((n+ 1)-dimensional) da região (n+ 1)-dimensionalcompreendida entre o seu gráfico e o plano n-dimensional de equação

xn+1 = 0.

Assim concluímos que o volume VR de uma região R ⊆ Rn limitada édado por

VR =∫

R1 dx1 · · · dxn,

caso o integral exista.

§4.5 Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes Cálculo II – pag. 450

Em particular, se C ⊆ R2 é uma região limitada, a sua área AC é dadapor

AC =∫∫

C1 dx dy

e se D ⊆ R3 é um sólido limitado, o seu volume VD é dado por

VD =∫∫∫

D1 dx dy dz,

desde que os integrais considerados existam.

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§4.5 Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes Cálculo II – pag. 451

Exemplos

a) SejaC =

{

(x, y) ∈ R2 : x2 + y26 1 e y > |x|

}

.

A área da região C é dada por

AC =∫∫

C1 dx dy =

∫ 3π/4

π/4

∫ 1

0r dr dθ

=∫ 3π/4

π/41 dθ

∫ 1

0r dr =

[

θ]θ=3π/4

θ=π/4

[

r2

2

]r=1

r=0

=(

3π4

− π

4

)(12

− 0)

2· 1

2

4.

§4.5 Aplicações ao cálculo de áreas e de volumes Cálculo II – pag. 452

Exemplos (continuação)

b) Seja D a região compreendida entre as esferas de raio 1 e de raio 2.O volume da região D é dado por

VD =∫∫∫

D1 dx dy dz =

∫ 2π

0

∫ π

0

∫ 2

1r2 senϕdr dϕdθ

=∫ 2π

01 dθ

∫ π

0senϕdϕ

∫ 2

1r2 dr

=[

θ]θ=2π

θ=0

[

− cosϕ]ϕ=π

ϕ=0

[

r3

3

]r=2

r=1

= (2π − 0) (− cos π − (− cos 0))(

83

− 13

)

= 2π · 2 · 73

=28π3.