cláusulas de controle de sinistros: possíveis conflitos e consequências legais

38
Cláusula de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais Maio de 2014 Kennedys Latin America and Caribbean Preparado para

Upload: escola-nacional-de-seguros

Post on 04-Jul-2015

160 views

Category:

Education


5 download

DESCRIPTION

Apresentação de Alex Guillamont sobre as Cláusulas de Controle de Sinistros, no Seminário de Resseguro realizado em São Paulo.

TRANSCRIPT

Page 1: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Cláusula de

Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e

Consequências Legais

Maio de 2014

Kennedys Latin America and Caribbean

Preparado para

Page 2: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

A Kennedys Latin America vem participando de sinistros importantes em toda a região,

incluindo sinistros de propriedades de óleo e gás onshore e offshore na Argentina,

Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Chile e Venezuela, patrimonial, energia, construção,

responsabilidade civil reparação ou mitigação de perdas financeiras no Brasil; seguros

diretos de responsabilidade civil e Lucros Cessantes ambiental no Chile; patrimonial e

responsabilidade civil mineração relacionadas a enchentes no Peru; e sinistros de

patrimoniais e de responsabilidade civil relacionados a grandes incêndios urbanos na

Argentina, Chile e Venezuela, entre outros.

América Latina

& Caribe

Page 3: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Latin America

& Caribbean

Nossos profissionais:

Após atender o mercado com sinistros na Penín-

sula Ibérica e América Latina a partir de nossos

escritórios em Londres e Madri, Alex Guillamont

transferiu-se permanentemente para Miami em

Junho de 2010 para abrir o escritório e assistir

seguradoras e resseguradoras internacionais da

região. Ele está se preparando para se qualificar

como advogado nos EUA, em vista do crescente

número de instruções relacionadas a litígios nos

EUA envolvendo aspectos da América Latina.

Alex supervisiona a nossa rede de renomados

correspondentes especialistas e escritórios

associados na região. No Brasil, nosso associa-

do é o Dr. Fabio Torres, do escritório TMLAW.

Page 4: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

A intenção é explicar a natureza prática e legal da Cláusula de Controle de Sinistros e;

Possíveis problemas ao garantir o cumprimento da Cláusula de Controle de Sinistros em

contratos de resseguro estudando a jurisprudência disponível sobre o assunto

Os assuntos cobertos aqui são:

Contexto Jurídico

Obrigações em uma CCS

Possíveis conflitos

Tipos de CCS

Efeitos da Legislação e jurisdição

Lições e conselhos práticos

América Latina

& Caribe

Page 5: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Contexto Jurídico da CCS

Seguradoras no Mercado de Londres frequentemente empregam fronting

de resseguro facultativo como maneira de acessar riscos em mercados onde

não estão em posição de acessar o risco diretamente (p.ex. América Latina)

Contratos de resseguro costumavam ser acordos prévios não escritos

(unwritten TBA - To Be Agreed, ou seja, a serem acordados). Isto levava a

ambiguidades em relação a termos sobre os quais as partes, na verdade,

estavam de acordo

Antes da CCS, os contratos de resseguro eram considerados “como

originais” ou “ponta a ponta” (back-to-back). Isto também levava a conflitos

de interpretação e conflitos entre leis locais e jurisdições estrangeiras

A jurisprudência inglesa é a mais ampla nesse sentido, ilustrando os

possíveis conflitos de interpretação entre seguradoras e resseguradoras

O clausulado específico empregado no contrato de resseguro determina o

grau de envolvimento da resseguradora na administração de sinistros

subjacentes

América Latina

& Caribe

Page 6: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

CLÁUSULA DE CONTROLE DE SINISTROS TÍPICA – NMA 2738

“A despeito de qualquer disposição em contrário contida neste Resseguro, É

condição precedente à responsabilidade da Resseguradora nos termos deste

Resseguro que:

(a)A Ressegurada deve comunicar a(s) Resseguradora(s) por escrito assim que

razoavelmente possível a respeito de qualquer reclamação de sinistro contra a

Ressegurada relacionada ao negócio ressegurado ou caso tenha sido notificada

a respeito de quaisquer circunstâncias que poderiam dar margem a tal

reclamação.

(b)A Ressegurada deve fornecer à(s) Resseguradora(s) todas as informações

conhecidas da Ressegurada a respeito de sinistros ou possíveis sinistros

notificados de acordo com (a) acima e deve portanto manter a(s)

Resseguradora(s) totalmente informada(s) a respeito de todos os

desdobramentos relacionados assim que razoavelmente possível.

(c)A(s) Resseguradora(s) terá o direito, a qualquer momento, de indicar

reguladores e/ou representantes para agirem em seu nome no controle de

todas as investigações, regulações e liquidações relacionados a qualquer

sinistro notificado à(s) Resseguradora(s), conforme mencionado acima.

(d)A Ressegurada deve cooperar com a(s) Resseguradora(s) e qualquer outra

pessoa ou pessoas designadas pela(s) Resseguradora(s) na investigação,

regulação e liquidação do sinistro.”

O que diz realmente uma CCS?

América Latina

& Caribe

Page 7: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

O que diz realmente uma CCS?

Obrigações e efeitos legais

1. Condição Precedente

• Se a cedente não cumpre o contrato, a(s) Resseguradora(s) pode negar o

pagamento do sinsitro

• Não importa se a resseguradora não sofreu prejuízo

• O correto e estrito cumprimento da Cláusula de Condição Precedente é

muito importante na Legislação Inglesa (volume significativo de

jurisprudência)

• ALERTA! Ter uma Cláusula de Direito e de Jurisdição (Inglesa) Presente no

Contrato pode fazer uma GRANDE diferença

América Latina

& Caribe

Page 8: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

O que diz realmente uma CCS?

Obrigações e efeitos legais

2. Notificação do Sinistro

• O dever da ressegurada de providenciar informações para as

resseguradoras está sujeito a um limite razoável

• A notificação deve estar dentro do prazo acordado na CCS

• Quando não houver prazo para notificação, o prazo a ser

adotado para notificação será de acordo com a apólice

original (Jurisprudência Inglesa). No Brasil não há um prazo

legal definido para notificação nos contratos de seguro.

• ALERTA! Reveja o prazo para notificar um sinistro.

América Latina

& Caribe

Page 9: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

O que diz realmente uma CCS?

Obrigações e efeitos legais

3. Fornecer TODAS as informações à resseguradora

• Uma vez notificada sobre o sinistro, a ressegurada deve fornecer

todas as informações relacionadas ao sinistro

• As resseguradoras não têm o direito de exigir informações

quando tais exigências forem frívolas e infundadas

• O dever da ressegurada de fornecer informações não é absoluto

(limite razoável)

América Latina

& Caribe

Page 10: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Obrigações e feitos legais

4. Controlar e/ou Cooperar

• A resseguradora quer ter controle sobre o sinistro - particularmente quando

está assumindo 100% do Risco (mas não necessariamente)

• A resseguradora quer ter controle sobre as negociações e liquidações para

garantir eficiência, boas práticas e ações práticas de negócios (ICA x Scor-Gan

x Tai Ping)

• Regulações, investigações e liquidações são entendidas como: A resolução de

um sinistro entre as partes envolvidas

• As resseguradoras devem agir pelas razões certas e sem arbitrariedade, e não

devem se recusar a aceitar uma liquidação por qualquer motivo que não seja

baseado nos méritos da própria liquidação – Este é um termo implícito (Gan x

Tai Ping)

América Latina

& Caribe O que diz realmente uma CCS?

Page 11: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Possíveis Conflitos da CCS

Conflito entre cláusulas contraditórias na mesma apólice

• CCS x Cooperação em Sinistros

• CCS x Seguir as Liquidações (Follow the Settlements)

• “como a original” ou “ponta a ponta” x CCS

Interpretação das obrigações da cláusula

• Significado de condições precedentes

• Significado do prazo para Notificação (oportunidade para comunicação de sinistros)

• Significado do dever de fornecer informações (razoabilidade)

• Significado de Negociações, regulações e liquidações

Tribunais Estrangeiros x Tribunais Ingleses (Tribunais dos EUA) sobre a interpretação

da CCS

• Interpretação dos Tribunais Ingleses (precedente é vinculante)

• Interpretação de Tribunais Latino Americanos (precedente não é vinculante – a

legislação é vinculante – quando não há legislação – o contrato é vinculante – ALERTA DE

CLAUSULADO DA APÓLICE!!!!)

América Latina

& Caribe

Page 12: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Tipos de Cláusulas de Controle de Sinistros

Cláusula de Controle de Sinistros (Cláusula típica é a NMA 2738)

(a) A Ressegurada deve, assim que tiver conhecimento de qualquer perda ou perdas que

possam dar margem a um sinistro, avisar a(s) Resseguradora(s) assim que razoavelmente

praticável e em qualquer evento dentro de ….. dias.

(b) A Ressegurada deve fornecer à(s) Resseguradora(s) todas as informações

disponíveis a respeito de tal perda ou perdas e a(s) Resseguradora(s) deve(m)

ter o direito de indicar reguladores, assessores, peritos e/ou advogados e controlar todas

as negociações, regulações e liquidações ligadas a tal perda ou perdas.

Cláusula de Cooperação em Sinistros (LMA 5072)

(a) A Ressegurada deve, assim que tiver conhecimento de qualquer perda ou perdas que

possam dar margem a um sinistro, avisar à(s) Resseguradora(s) assim que razoavelmente

praticável e em qualquer evento dentro de …. dias.

(b) A Ressegurada deve fornecer à(s) Resseguradora(s) todas as informações disponíveis

a respeito de tal perda ou perdas, e deve cooperar com a(s) Resseguradora(s) no

ajuste e resolução desta(s).

América Latina

& Caribe

Page 13: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Controle de Sinistros x Cooperação em Sinistros

Cláusula de Controle de

Sinistros

Costuma aparecer em apólices de

resseguro onde o cedente assumiu

pouco ou nenhum risco e apólices

de resseguro facultativas

Quando resseguradoras, que em

última instância pagarão por todo

ou quase todo o sinistro válido,

desejam assegurar que têm

controle TOTAL

Costuma ser uma condição

precedente à responsabilidade

Cláusula de Cooperação em Sinistros

Costuma aparecer em apólices de resseguro

onde a cedente assumiu uma proporção mais

substancial do risco

Dá à cedente o poder de gerenciar sinistros,

mas:

requer que a cedente forneça

informações sobre o sinistro

Cooperar com as resseguradoras em

relação aos sinistros

Requer que não se liquidem sinistros sem

a aprovação das resseguradoras

Costuma ser uma condição precedente à

responsabilidade

Quando são usadas?

América Latina

& Caribe

Page 14: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Cláusula Seguir as Liquidações

A cláusula Seguir as Liquidações (Follow the Settlements) era antes

chamada de “pagar conforme pode ser pago” está relacionada a e

geralmente é interpretada com outras cláusulas tais como “ponta a

ponta” ou “como a original” ou “Cláusula de Resseguro Total”

O propósito da disposição de seguir as liquidações (Follow the

Settlements) é primordialmente liberar a ressegurada da obrigação de

provar que um sinistro estava coberto pelo seguro original

A legislação inglesa geralmente considera o resseguro não como uma

forma de cobertura de responsabilidade para as resseguradas (pagá-las por

qualquer responsabilidade que tenham em relação ao risco original), mas

como um resseguro do mesmo objeto que a apólice original (ICA x Scor)

Na falta de disposições contratuais específicas, de acordo com a legislação

inglesa, a cedente deve estabelecer, de fato e legalmente, que o sinistro

está coberto pelo contrato de seguro e pelo contrato de resseguro

A fim de aliviar a tensão entre a cedente e a resseguradora, e por razões

de eficácia comercial, é comum que as partes adotem alguma forma de

‘seguir as liquidações ’ (Follow the Settlements) no clausulado

América Latina

& Caribe

Page 15: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

A resseguradora deve seguir as liquidações (Follow the Settlements) da

ressegurada?

Quando um contrato de resseguro contém uma cláusula (Follow the Settlements) seguir

as liquidações, a resseguradora será obrigada a aceitar as reclamações de sinistros

surgidos das liquidações da ressegurada, desde que os seguintes critérios sejam

atendidos:

1. O sinistro deve estar dentro dos riscos particulares cobertos pela apólice de resseguro,

sendo o mesmo na legislação inglesa (p.ex. depende se o clausulado confirma ponta a

ponta e não contém uma CCS)

2. A ressegurada deve ter agido honestamente e tomado todos os medidas apropriadas e

práticas ao liquidar sinistros correspondentes (p.ex. não apresentando boas defesas na

reclamação original)

Ver: ICA x Scor

América Latina

& Caribe Cláusula Seguir as Liquidações

Page 16: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Que efeito tem um clausulado “ex gratia” ou “seguir sem questionar” na “cláusula

seguir as liquidações ”?

Pagamentos declaradamente feitos ex gratia pela ressegurada não são recuperáveis em

um contrato de resseguro com uma cláusula “seguir as liquidações ” (Follow the

Settlements), a menos que haja clausulado específico

(ver Asicurazioni Generali x CGU)

Um clausulado sem questionamento em uma cláusula seguir as liquidações (Follow the

Settlements) ainda requer que a ressegurada faça uma liquidação honesta, apropriada e

prática como pré-condição para recuperação de acordo com este resseguro

(ver ICA x Scor)

E se não houver uma cláusula seguir as liquidações (Follow the Settlements)?

Uma resseguradora não é vinculada por uma liquidação como acontece entre a

ressegurada e o segurado

A ressegurada tem de mostrar que o reclamãção está dentro dos termos, tanto do seguro

original quanto do resseguro

América Latina

& Caribe Cláusula Seguir as Liquidações

Page 17: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Cláusula seguir as liquidações na América Latina

A maioria dos países da América Latina vê a natureza das cláusulas “seguir a sorte”

como princípio implícito em contratos de resseguro

É da natureza dos contratos de resseguro seguir a sorte da apólice de seguro original,

portanto, a fim de NÃO aplicar o princípio de seguir a sorte, as partes devem explicitar

especificamente o contrário (p.ex. Cláusula de controle de sinistros)

Na prática, a maioria dos países latino-americanos vê contratos de resseguro como

sendo de ponta a ponta – ou seja, costumam seguir e incorporar os termos da apólice de

seguro original

A Bolívia e a Colômbia reconhecem este princípio em seus códigos comerciais (art. 115

do código de comércio da Bolívia e art. 1134 do código de comércio da Colômbia) em

sua seção de seguros

O Brasil também reconhece este princípio em seus contratos de seguro locais

(normalmente dentro da cláusula de má-representação e boa fé)

América Latina

& Caribe

Page 18: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Jurisprudência Inglesa – Entendimento de uma CCS e de uma

cláusula Seguir

Insurance Co of Africa x Scor (1985)

A Cláusula Seguir:

“sujeita aos mesmos termos, cláusulas e condições que a original e seguir as liquidações da

Ressegurada”

A Cláusula de Cooperação em sinistros:

“É condição precedente à responsabilidade segundo este Seguro que todos os sinistros sejam

notificados imediatamente aos Subscritores que subscreveram esta Apólice e as

Resseguradas se comprometem a chegar à liquidação de qualquer sinistro, que irão

cooperar com os … Subscritores e que nenhuma liquidação será feita sem a aprovação dos

Subscritores que subscreveram esta Apólice.”

X

América Latina

& Caribe

Page 19: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Insurance Co of Africa x Scor (1985)

Este caso resolveu tanto o efeito da cláusula seguir as liquidações quanto da cláusula de

cooperação em sinistros

Em relação à Cláusula seguir as liquidações (Follow the Settlements) :

Estabeleceu que:

se (a) o sinistro é uma questão jurídica dentro do escopo do contrato de resseguro, e (b) se a

cedente age de boa fé e (c) de maneira correta e de acordo com as boas práticas comerciais,

então as resseguradoras estão vinculadas à liquidação

A cláusula Follow the Settlements reverte a obrigação legal de prova, de modo que, em caso

de conflito, a resseguradora deve provar que a cedente não agiu de boa fé ou de maneira

correta e de acordo com as boas práticas comerciais

X

América Latina

& Caribe Jurisprudência Inglesa – Entendimento de uma CCS e de uma

cláusula Seguir

Page 20: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Insurance Co of Africa x Scor (1985)

Em relação à cláusula de Cooperação (controle) em sinistros:

LJ Robert Goff disse que o efeito da cláusula de cooperação em sinistros era que:

“se uma liquidação é feita sem a aprovação da resseguradora, não pode ser considerada

como uma liquidação na qual as resseguradoras estão obrigadas a prosseguir de acordo com

a cláusula “seguir as liquidações ” …”

Inconsistência entre cláusula de sinistros que requer a aprovação da resseguradora para

liquidações e cláusula seguir as liquidações (Follow the Settlements) – necessidade da

ressegurada de provar a responsabilidade

Cláusula de Cooperação em Sinistros sobrepõe-se à Cláusula Seguir as Liquidações (Follow

the Settlements)

X

América Latina

& Caribe Jurisprudência Inglesa –

Entendimento de uma CCS e de uma Cláusula Seguir

Page 21: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Eagle Star x Cresswell (2004)

Este caso cobre várias questões conflitantes (“apólice bagunçada” – “dogs

dinner policy”):

Cláusulas Contraditórias

seguir as liquidações

Cláusula de Controle de Sinistros

Cláusula de Cooperação em Sinistros

Cláusulas com enunciados confusos

Cláusulas digitadas x impressas

Condições Precedentes

Termos Implícitos em obrigação de notificação

X

Jurisprudência Inglesa – Cláusulas Contraditórias em

uma Apólice

América Latina

& Caribe

Page 22: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Eagle Star x Cresswell (2004)

Tribunal de Recurso de Londres

Requerente: Eagle Star Insurance

Réu: 15 Sindicatos Lloyds e 3 Seguradoras

A Reclamação de Sinistro: Sinistros ambientais por parte da Varian Associates

contra a Eagle Star em uma decisão tomada pelo Tribunal de San Francisco –

liquidada em mais de 1 milhão de dólares

Apólice de Resseguro:

Duas apólices estavam envolvidas: uma apólice da Lloyd’s e uma apólice

empresarial coletiva – A apólice das empresas estava sujeita aos mesmos termos e

condições que a apólice da Lloyd’s

Cláusulas Contraditórias em uma Apólice

X

América Latina

& Caribe

Page 23: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Eagle Star x Cresswell (2004) A cláusula seguir:

“Sendo um Resseguro e tendo garantidos os mesmos termos de taxa bruta e condições para

seguir as liquidações da empresa…”

A Cláusula de Controle de sinistros (não especifica condições precedentes):

“…(a) Os subscritores devem controlar as negociações e liquidações de quaisquer sinistros

da Apólice. Neste caso os Subscritores não serão responsáveis pelo pagamento de

quaisquer sinistros não controlados conforme especificado acima”

•A cláusula de Cooperação em Sinistros (Condições precedentes especificadas, mas foi

registrada como nula e substituída pela cláusula de controle de sinistros)

•A “cláusula de rateio de custos”:

Nenhuma liquidação de sinistro por acordo deve ser efetivada pela Empresa por uma soma

que exceda os limites declarados nas Especificações desta apólice, sem o consentimento

dos subscritores"

X

América Latina

& Caribe

Cláusulas Contraditórias em uma Apólice

Page 24: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Eagle Star x Cresswell (2004)

Decisão do Tribunal:

O Tribunal de Recurso anulou a interpretação do juiz da primeira instância sobre o contrato de

resseguro, sustentando que:

• As resseguradoras não estavam obrigadas a seguir liquidações que a seguradora primária fez

sem citá-las

•As resseguradoras estavam obrigadas apenas a pagar se tivessem controlado a negociação e a

liquidação do sinistro na apólice primária

•Mesmo que não tenha sido expressa como tal, a cláusula de controle de sinistros foi condição

precedente porque as implicações de violação estavam claramente expressas

•Embora não houvesse um termo, implícito ou de outra forma, que exigisse que a Eagle Star

informasse às resseguradoras quando as negociações começassem, as consequências de não ter

feito isso foram muito sérias

X

América Latina

& Caribe

Cláusulas Contraditórias em uma Apólice

Page 25: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Gan Insurance Co x Tai Ping Insurance Co Ltd

Tribunal de Recurso de Londres (2002)

Requerente: Gan Insurance Company (França)

Réu: Tai Ping Insurance Company (Taiwan)

Apólice Original: A Tai Ping era a subscritora líder (com participação de 35%) em uma

cobertura de risco total de construção para uma fábrica de eletrônicos de Taiwan

Apólice de Resseguro: Resseguro facultativo junto à Gan Insurance Company. A Tai Ping

ressegurou 100% de seus 35% com múltiplas resseguradoras (2% com a Gan)

Reclamação: A fábrica segurada foi severamente danificada por um incêndio.

Originalmente, a Tai Ping procurou evitar a apólice, mas subsequentemente liquidou o

sinistro por TN$2,65 bilhões

A CCS foi uma típica Cláusula Scor que especificava condições precedentes

Condição Precedente em Tribunais Ingleses -

Conflito?

X

Page 26: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

…Gan Insurance Co x Tai Ping Insurance Co Ltd

Questões do Recurso

Dois aspectos da cláusula de cooperação em sinistros:

• Se houve falha por parte da Tai Ping em cooperar com a investigação e avaliação da

perda e/ou circunstâncias que deram origem à perda

• Se houve falha por parte da Tai Ping ao agir de maneira correta e de acordo com as boas

práticas comerciais ao liquidar o sinistro correspondente

• Conflito entre todas as resseguradoras (A Gan tinha apenas 2%) – visões diferentes -

O Juiz Mance declarou: “a única maneira de se proteger contra diferentes abordagens de

resseguradoras seria inserir uma cláusula seguir o líder no contrato. Na ausência de tal

cláusula, cada resseguradora tem direito de adotar sua própria visão.”

X

Condição Precedente em Tribunais Ingleses -

Conflito?

Page 27: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Gan Insurance Co x Tai Ping Insurance Co Ltd

O Tribunal declarou:

• Tendo rompido a CCS (p.ex. liquidando um sinistro sem o consentimento da

resseguradora ou deixando de notificar um sinistro), a cedente não pode efetuar uma

recuperação simplesmente demonstrando que a ressegurada tinha obrigações para com o

segurado e que, portanto, o rompimento da CCS não prejudicou a resseguradora

• Não foi necessário que a resseguradora demonstrasse que sua recusa em aprovar uma

liquidação baseava-se em motivos razoáveis

• O cumprimento da cláusula é condição precedente ao direito da resseguradora de

recuperação nos termos do contrato de resseguro - habilita a resseguradora a isentar-se

de responsabilidade na eventualidade de violação

Condição Precedente em Tribunais Ingleses -

Conflito?

X

Page 28: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

Condição Precedente – Visão Latino-americana

Possível Conflito: Diferentes visões e entendimentos da questão de

condição precedente:

Condições precedentes à responsabilidade são pouco regulamentadas na América

Latina e portanto não tem significado algum em um contrato sujeito à legislação local

No Brasil, as reclamações de sinistros só podem ser rejeitados se as seguradoras

puderem demonstrar que o sinistro ocorreu como resultado da violação

No México, Peru, Colômbia e Argentina a responsabilidade pode ser negada se uma

violação prejudicou a posição da resseguradora

Nestas jurisdições é mais importante acordar cláusulas detalhadas, estabelecer o

escopo dos respectivos deveres e dos efeitos de violação, do que incorporá-las como

condições precedentes

Page 29: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Possível Conflito: Diferentes visões e entendimentos da questão de

condição precedente: Panamá, Peru e Colômbia reconhecem o termo “garantia”, o qual, se rompido, poderia

levar à rescisão da apólice

Portanto, nestes países, é melhor classificar deveres contratuais como garantias do que

como condições precedentes (evita mal entendidos entre as partes)

A CCS deve ser analisada de acordo com cada caso particular

Condição Precedente – Visão Latino-americana

Page 30: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

Interpretação da CCS: “Controle”

“…Controlar…negociação, ajustes, resoluções”: ALERTA!!

A Resseguradora tem de mostrar que isto se refere a TODOS os aspectos

do processo de controle de sinistros

Um tribunal estrangeiro poderia perguntar por que as resseguradoras não se

certificaram de que sua apólice fosse mais clara neste ponto

As 3 palavras limitam o escopo da cláusula a um estágio semelhante no processo de

administração de reclamações sinistros

O juiz pode não ser solidário aos argumentos de resseguradoras comerciais de que tais

palavras deveriam significar mais do que realmente significam

Um clausulado mais amplo seria: “todos os aspectos do sinistro” ou “ter controle

absoluto sobre qualquer reclamação de sinistro”- uma resseguradora pode incluir uma

CCS, mas isto deve ser acordado com a cedente

Page 31: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

“…Controlar…negociação, ajustes, resoluções”: Eagle Star x Creswell também decidiram em relação a este ponto:

A CCS (NMA 2751) na apólice de resseguro:

“…as Resseguradoras devem ter o direito de indicar reguladores, assessores

e/ou peritos e controlar todas as negociações e liquidações relacionadas a tal

sinistro ou sinistros”

A palavra “e” significa que as próprias resseguradoras podem controlar negociações,

regulações ou liquidações relacionadas

Na cláusula padrão Scor são os reguladores (e/ou representantes da resseguradora) que

têm o direito de controle

Interpretação da CCS: “Controle”

Page 32: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

Interpretação da CCS: “Notificação”

Possível Conflito: Diferentes visões e entendimentos da questão de

cronogramas para notificar um sinistro por parte da ressegurada (seção a) NMA

2738)

Seção b) da CCS Scor “a ressegurada deve fornecer à(s) Resseguradora(s)

todas as informações a respeito de qualquer sinistro ou sinistros…”

Tribunais Ingleses variam em suas decisões sobre notificação de sinistros em

duas linhas:

O dever da ressegurada é absoluto

O dever da ressegurada está sujeito a um limite razoável

Page 33: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Interpretação de “Notificação”

na América Latina

Cláusulas de Controle de Sinistros que permitem que a resseguradora pague

“dentro de um período de tempo razoável” costumam ser encontradas em

clausulados de resseguros – É um escopo amplo que leva a diferentes

interpretações, especialmente por parte de tribunais locais

A maioria dos países latino-americanos tem períodos específicos fixos para a

notificação de sinistros em legislações de seguros (Mapfre Aconcagua x INdeR),

mas no Brasil não há. Todavia, os tribunais brasileiros entendem que há prazo

para demanda judicial “o contrato de resseguro nada mais é que um outro

contrato de seguro firmado entre o seguro e a resseguradora” (Rural

Seguradora x IRB-Brasil-2008)

Uma vez que não há leis ou disposições contratuais que esclareçam a

cronologia, o juiz dita os calendários em legislações de seguros locais

LIÇÃO: Deve ser observado o prazo prescricional

Page 34: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

A interpretação de clausulados depende da legislação da jurisdição escolhida

pelas partes ou indicada por lei

Se a apólice de Resseguro está sujeita à legislação e jurisdição locais, seja

explicitamente ou por implicação, e a ressegurada é sediada no exterior, então a

CCS será interpretada no tribunal local

O juiz local analisará a cláusula com base na legislação local e na leitura em

linguagem clara (plain English) da CCS (ver Groupama x Catatumbo)

Isto pode ou não preservar as visões e entendimento do mercado de resseguros

de Londres

As resseguradoras devem estar cientes de que uma cláusula de legislação e

jurisdição locais pode tonar suas CCS “sem efeito”

Aplicação da Legislação e Jurisdição

Page 35: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

A Legislação local não adere sempre às intenções de clausulados padrão de

outras jurisdições (p.ex, Inglaterra e EUA)

É importante rever e adaptar clausulados padronizados de resseguros a

legislações locais (não apenas traduzi-las)

Groupama x Catatumbo – as garantias tanto na apólice ‘ponta a ponta’ inglesa

como na apólice de seguro correspondente foram interpretadas de acordo com a

legislação local da apólice de seguros (Venezuela)

Aplicação da Legislação e Jurisdição

Page 36: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

CLAUSULADOS!

Escolha a Jurisdição com Sabedoria

Conheça seu contrato de resseguro:

- As perdas são cobertas pelo seguro e resseguro?

- seguir as liquidações ?

- Controle de sinistros?

- Legislação inglesa / brasileira/ colombiana / etc?

- Obter assessoria legal

Necessidade de cuidar para que qualquer tradução de apólice seja precisa e deve

estar claro qual tradução prevalecerá na eventualidade de inconsistências

Importante rever e adaptar clausulados de resseguros padronizados para

legislações locais (não apenas traduzi-los)

Lições e Conselhos Práticos

Page 37: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Latin America

& Caribbean

Lições e Conselhos Práticos

Tome cuidado quando um contrato tem tanto uma CCS como uma cláusula Seguir as liquidações . – A CCS ganha em Tribunais ingleses

Sempre reveja o trabalho apresentado e exija uma copia final do contrato de resseguro

Comporte-se de "maneira correta e de acordo com as boas práticas comerciais” ao gerenciar sinistros

•Arquivos e contas adequados para cada sinistro

•Investigação de sinistros apropriada

•Pessoal experiente / treinado

•Assessoria jurídica para liquidação / cobertura caso algo não esteja claro

Page 38: Cláusulas de Controle de Sinistros: Possíveis Conflitos e Consequências Legais

Kennedys Law LLP

Obrigado!