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XVIII PRÊMIO TESOURO NACIONAL– 2013 Tema 1- Política Fiscal e Dívida Pública Inscrição: 67 CLASSIFICAÇÃO: MENÇÃO HONROSA Título da Monografia: eversão Cíclica da Política Fiscal Brasileira e a Lei de Responsabilidade Fiscal. R Fernand rreia (representante) o Motta Co (36 anos) Curitiba - PR Doutor em Desenvolvimento Econômico – UFPR. Professor Adjunto - Universidade Federal do Paraná. Coautor: Victor Rodrigues de Oliveira - Mestrando em Desenvolvimento Econômico - UFPR

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XVIII PRÊMIO TESOURO NACIONAL– 2013 Tema 1- Política Fiscal e Dívida Pública

Inscrição: 67

CLASSIFICAÇÃO: MENÇÃO HONROSA Título da Monografia:

eversão Cíclica da Política Fiscal Brasileira e a Lei de Responsabilidade Fiscal. R

Fernand rreia (representante) o Motta Co(36 anos)

Curitiba - PR

Doutor em Desenvolvimento Econômico – UFPR.

Professor Adjunto - Universidade Federal do Paraná.

Coautor: Victor Rodrigues de Oliveira - Mestrando em Desenvolvimento

Econômico - UFPR

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Reversão Ciclica da Política Fiscal Brasileira e a Lei de Responsabilidade Fiscal

TEMA I POLÍTICA FISCAL E DÍVIDA PÚBLICA

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RESUMO: O objetivo do trabalho é apresentar evidências empíricas sobre os efeitos da

política fiscal no Brasil a partir do uso de Vetores Auto regressivos Estruturais (SVAR),

incorporando as regras fiscal e monetária que caracterizaram a política econômica

brasileira no início dos anos 2000. Com base no uso de Vetores Auto Regressivos

Estruturais, os resultados empíricos mostraram que a influência da Lei de

Responsabilidade Fiscal realmente aponta para uma reversão do caráter cíclico da

política fiscal brasileira.

Palavras-chave: Política Fiscal; LRF; Brasil.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 4

2 POLÍTICA FISCAL: O DEBATE RECENTE E AS LIMITAÇÕES EMPÍRICAS....... 6

3 METODOLOGIA E DADOS.................................................................................... 10

3.1 Vetor Auto regressivo Estrutural............................................................................. 10

3.2 Dados...................................................................................................................... 13

4 RESULTADOS........................................................................................................ 19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 27

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1 INTRODUÇÃO

O debate recente em torno do uso de instrumentos fiscais estão sempre sendo

questionados na literatura, haja vista as ações discricionárias e os chamados

estabilizadores automáticos sob a perspectiva da estabilização econômica. Uma vez que

os estabilizadores automáticos não compensam integralmente os choques

macroeconômicos, medidas discricionárias podem auxiliar a potencializar o efeito

estabilizador. No entanto, as ações de estabilização discricionárias podem sofrer

defasagens, de modo a parecerem inoportunas e pró-cíclicas.

Cabe destacar que quanto maior a ausência de regras fiscais, maior a ambiguidade

dos resultados tendo em vista o teor discricionário da política fiscal associado aos efeitos

dos estabilizadores automáticos.

Os estudos que buscam entender os mecanismos de transmissão fiscal, muitas

vezes não incorporam em suas análises aspectos institucionais que auxiliam no

aprimoramento da política fiscal quando da observação dos seus efeitos convencionais e

não convencionais.

É importante destacar que os efeitos fiscais resultam a partir da defasagem entre a

efetiva percepção da crise por parte das autoridades e a implementação da medida fiscal,

que depende essencialmente do processo de decisão política. O governo tem de elaborar

um projeto de lei orçamentária que por sua vez tem de ser apresentada ao parlamento

que aprova, modifica ou rejeita o projeto de lei. Quando finalmente for votada, a medida

poderá atingir a atividade econômica somente após a recuperação da mesma, não

apresentando o efeito esperado. Assim, um ajuste ex ante visando uma política

discricionária anti-cíclica poderia se tornar pró-cíclica ex post.

Em função do caráter discricionário que caracteriza a política fiscal, a importância

de se estabelecer uma regra (ou várias) é buscar vincular ao governo um comportamento

responsável e um nível de comprometimento que nem sempre podem ser de seu

interesse em curto prazo. As regras têm como propósito resolver o problema da

"inconsistência temporal" e suavizar o teor discricionário envolvido no gerenciamento da

política fiscal, sobretudo no lado dos gastos públicos, de maneira que as escolhas

preferidas de ação por parte de um governo estejam voltadas para o longo prazo. Dito de

outra maneira, as regras fiscais devem incentivar os governos a se aterem aos seus

planos originais de tributação e de gastos, elevando o custo político com que arcarão

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caso quebrem os compromissos estabelecidos, ou até mesmo tornando-se uma exigência

legal com a aplicação de sanções devido ao seu não cumprimento.

Há muitos exemplos de regras fiscais em operação no mundo, aplicadas em todos

os níveis de governo a partir das autoridades locais até aos estados nacionais. Tais

regras procuram, comumente, controlar o nível anual ou corrigido das variações cíclicas

dos empréstimos do governo, ou seja, o montante total da dívida ou o saldo das

despesas. O método de execução também varia bastante, desde uma restrição ao

empréstimo por parte de conselhos locais até uma exigência legal para se trazer os níveis

globais da dívida para baixo sobre um extenso período de tempo, como é o caso da Lei

de Responsabilidade Fiscal (LRF) implantada no Brasil desde 2000 (LC n. 101, de

4/5/2000).

A literatura empírica busca dividir os efeitos cíclicos da política fiscal em dois

grupos de países: desenvolvidos e em desenvolvimento. No caso dos primeiros a política

fiscal teria efeitos anticíclicos e no caso dos países em desenvolvimento efeitos pró-

cíclicos. Os estudos para o Brasil são escassos e seus resultados ambíguos e não

incorporam os avanços institucionais da política fiscal, como a criação da LRF.

O objetivo deste estudo é apresentar evidências empíricas sobre os efeitos da

política fiscal no Brasil a partir do uso de Vetores Auto regressivos Estruturais,

incorporando as regras fiscais e monetárias que caracterizaram a política econômica

brasileira no início dos anos 2000.

Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho encontra-se dividido em quatro

capítulos, além desta introdução. O capítulo seguinte apresenta o estado da arte no

debate empírico acerca da política fiscal bem como a escassez de trabalhos para o caso

brasileiro e suas limitações quanto à incorporação da LRF nas análises empíricas. No

capítulo três é apresentado à metodologia e os dados da pesquisa, de maneira a expor

como foi utilizada a metodologia dos Vetores Auto regressivos Estruturais, bem como as

séries temporais e suas fontes. Na sequencia, o capítulo quatro traz os resultados

empíricos e por fim, o capítulo cinco as considerações finais.

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2 POLÍTICA FISCAL: O DEBATE RECENTE E AS LIMITAÇÕES EMPÍRICAS

O interesse em encontrar estímulos fiscais mais eficientes na recuperação de

economias que enfrentam períodos de crise tem aumentado à medida que a política

monetária expansionista, promovida pela maioria dos Bancos Centrais, não tem gerado o

aumento esperado do consumo e dos investimentos privados. Mesmo representando a

solução keynesiana para a recuperação de economias afetadas por crises, a expansão

fiscal promovida durante períodos de recessão não tem gerado, necessariamente em

algumas economias os efeitos esperados (elevação do consumo, diminuição do

desemprego, aumento dos rendimentos na economia), uma vez que estes estão

condicionados à reação dos agentes econômicos privados.

A política fiscal discricionária empreendida pelo governo dos EUA, como o

American Recovery and Reinvestment Act of 2009, reacendeu o debate sobre os efeitos

macroeconômicos da política fiscal. Durante uma recessão, a magnitude da resposta do

produto às despesas públicas e aos choques fiscais diretos têm implicações políticas

(SWISHER, 2010). Nas últimas décadas, a literatura macroeconômica tem questionado a

diferença na condução da política fiscal entre os países desenvolvidos e os em

desenvolvimento. De forma geral, essa apresenta um caráter contra cíclico nos primeiros,

enquanto é pró-cíclica nos outros (Gavin & Perotti (1997), Talvi & Végh (2005)) 1.

Contemporaneamente, há duas interpretações sobre os efeitos de uma política

fiscal expansionista sobre a economia: i) a visão Novo-Keynesiana (NK) e ii) Real

Business Cycle (RBC). O primeiro modelo considera a rigidez de preços, onde os

choques dos gastos do governo aumentam a demanda de trabalho, os salários reais, o

consumo privado e o PIB. Devereux et al (1996) introduziu modelos com retornos

crescentes de escala e concorrência imperfeita para mostrar que choques positivos

advindos do gasto governamental aumentam o salário real. Ravn et al (2006), por sua

vez, considera a persistência dos hábitos dos indivíduos na função utilidade. Nesta linha,

Galí et al (2007) introduziu consumidores não-ricardianos e mostrou que o aumento dos

salários reais é devido às políticas anticíclicas.

                                                            1 Outras referências incluem Mailhos e Sosa (2000), Braun (2001), Sanchez de Cima (2003), Lane (2003), Kaminsky, Reinhart e Végh (2004), Alesina e Tabellini (2005), Manasse (2006), Sturzenegger e Wernek (2006), Ilzetzki (2007), Strawczynski e Zeira (2007). 

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Por outro lado, no modelo neoclássico tal como o RBC com retornos constantes

de escala, preferências padrão e mercados competitivos, um aumento não esperado do

gasto do governo tem um impacto positivo sobre o PIB e negativo sobre o consumo

privado em razão do efeito renda negativo, devido à expectativa das famílias de impostos

mais altos no futuro ou por causa de efeitos de substituição intertemporal, devido à taxa

de juros alta temporariamente.

Blanchard e Perotti (2002) foram os primeiros a utilizar a metodologia SVAR para

estudar os efeitos de choques fiscais. Os autores consideram que os choques fiscais são

identificados por meio de decisões defasadas no ano de formulação das políticas fiscais.

Formulando um modelo SVAR com três variáveis, que inclui o PIB, os gastos do governo

e os impostos líquidos, os resultados para os EUA sugerem que os choques positivos de

gastos do governo têm um efeito positivo sobre PIB e choques tributários positivos têm

um efeito negativo sobre o PIB.

A modelagem SVAR pode identificar as relações contemporâneas entre as

variáveis a partir de informações a priori oriundas da teoria econômica ou de informações

narrativas – início de uma guerra, mudanças no sistema tributário, decisões políticas ou

eleições, entre outros. Este estudo adotará a primeira técnica de identificação. Cabe

ressaltar que a metodologia SVAR é mais adequada para estudar a política fiscal do que

a política monetária, porque há choques fiscais exógenos e atrasos de implementação

que implicam em poucas respostas discricionárias de política fiscal para mudanças

contemporâneas inesperadas em outras variáveis (BLANCHARD & PEROTTI, 2002).

O estudo de Gavin e Perotti (1997) foi o primeiro a discutir a possibilidade da

política fiscal na América Latina ser pró-cíclica. Os resultados indicaram que enquanto a

política fiscal é contra cíclica nos países desenvolvidos, em períodos de baixo

crescimento econômico ela é pró-cíclica na América Latina. Talvi e Végh (2005), por sua

vez, demonstram que o fenômeno observado nos países latino-americanos constitui a

regra que guia a política fiscal nos países em desenvolvimento. A partir de um modelo de

política fiscal ótima e um painel de 56 países, os autores demonstraram que a política

fiscal nos países do G7 parece ser acíclica (a correlação entre o gasto do governo e o PIB

é zero) enquanto nos países em desenvolvimento é pró-cíclica.

A partir disto, muitas evidências apontam na direção destes resultados, de tal

forma, que este comportamento tem se tornado parte da visão convencional. Ilzetzki e

Végh (2008) mostram que a evidência mais convincente de que essa ideia realmente se

tornou parte desta visão é o número crescente de modelos teóricos que tentam explicar

esse puzzle. Conforme os autores, dois motivos explicam porque os países em

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desenvolvimento adotam uma política fiscal pró-cíclica que poderia intensificar a

volatilidade do ciclo de negócios: i) as imperfeições no mercado de crédito internacional

que impedem os países em desenvolvimento de contrair empréstimos em tempos ruins; e

ii) as explicações de economia política baseadas na idéia de que bons tempos incentivam

prodigalidade fiscal e/ou atividades de rent-seeking.

Apesar de a literatura assumir, implicitamente, que a causalidade vai do ciclo de

negócios para a política fiscal, uma correlação positiva entre o consumo do governo e o

PIB certamente não dá nenhuma indicação de causalidade. De acordo com Ilzetzki e

Végh (2008), a estrutura de choques nos países em desenvolvimento e desenvolvidos

apresenta uma configuração que é mais provável que a causalidade reversa explique os

padrões observados nos dados (ou seja, a política fiscal “guia” o produto). A partir de

dados trimestrais para 49 países, no período de 1960 a 2006, e considerando um

conjunto de estimações econométricas – variáveis instrumentais, equações simultâneas,

método dos momentos generalizados e VAR – os resultados indicaram que (i) a política

fiscal é pró-cíclica em países em desenvolvimento e (ii) também é expansionista, dando

suporte empírico para o chamado efeito “it rains, it pours”.

Arellano (2006) e Strawczynski e Zeira (2007) destacam a relevância da

condução da política fiscal para a política econômica. Segundo os autores, a capacidade

de transição de uma política fiscal pró-cíclica para uma acíclica ou uma contra cíclica

representa um sinal de credibilidade macroeconômica dos países emergentes. Conforme

Kaminsky, Reinhart e Végh (2004), a política fiscal pró-cíclica representaria uma situação

sub-ótima porque agravaria o ciclo de negócios. Observe que este argumento só é válido

quando não se trata de causalidade reversa. Neste caso, claramente esta maneira de

pensar seria completamente infundada.

Os estudos para o Brasil são escassos e seus resultados ambíguos. Mendonça,

Medrano e Sachsida (2009) investigam os efeitos do impacto de choques no consumo

corrente do governo e da receita pública líquida sobre o PIB e a taxa de inflação no

período de 1995 a 2007. Os resultados sugerem que em resposta a um aumento

inesperado do gasto do governo: i) o consumo privado aumenta; ii) com uma

probabilidade de 77,1%, o PIB se reduz; e iii) a taxa de juros aumenta. Isso pode indicar a

ocorrência de efeito crowding out entre investimento público e privado. Por fim,

considerando o efeito de um choque de ciclo de negócio, observa-se que o efeito sobre o

gasto público é positivo, o que pode indicar uma política fiscal pró-cíclica.

Peres (2009), por sua vez, baseado em Blanchard e Perrotti (2002), encontra

efeitos keynesianos, isto é, elevações inesperadas nos gastos públicos estão

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positivamente relacionadas com o produto e elevações na carga tributária líquida estão

negativamente relacionadas com o produto. Entretanto, estes estudos não consideram o

papel da dívida pública na determinação da política fiscal, de tal forma que as estimativas

dos impactos de choques fiscais são viesadas (FAVERO & GIAVAZZI, 2007).

Cavalcanti e Silva (2010) consideram explicitamente o papel da dívida pública na

evolução da política fiscal brasileira. A partir de uma análise VAR para o período de 1995

a 2008, os resultados indicaram que faz diferença na estimação dos efeitos dinâmicos a

inclusão da dívida pública: i) o efeito do choque de gasto sobre o PIB é significativamente

negativo (a 10%) a partir do 7º ou 8º período após o choque; e ii) o efeito do choque de

receita tributária sobre o PIB é positivo. Entretanto, os autores destacam três limitações

do estudo, entre as quais, o reduzido tamanho da amostra que pode fragilizar os

resultados obtidos.

A despeito disto, os estudos para o caso brasileiro não consideram as reformas

ocorridas no Estado que afetam a condução da política fiscal. Entendendo-se por

reformas as mudanças na economia brasileira, em um contexto de crise do Estado, e sua

incapacidade de continuar exercendo o papel desempenhado até então de indutor do

crescimento econômico, estas estariam em curso desde o final dos anos 19802. Desta

forma, em 2000 foi promulgada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)3 com o objetivo

de definir princípios norteadores de gestão fiscal, estabelecendo limites para o

endividamento público e para a despesa de caráter continuado, e apresenta mecanismos

prévios para assegurar o cumprimento de metas fiscais, com o objetivo de alcançar o

equilíbrio orçamentário entre receita e despesa. Ao fixar conceitos básicos, estabelecer

limites para endividamento e operações de crédito, a LRF criou regras para a recondução

da dívida aos limites de endividamento que afetam direta ou indiretamente a gestão da

dívida pública.

                                                            2 Exemplos deste processo incluem o Programa Nacional de Desburocratização adotado em 1979, o Programa de Desestatização a partir de 1981, o Programa de Privatizações iniciado no governo Sarney, a descentralização fiscal e o redesenho do papel dos municípios ocorridos a partir da Constituição Federal de 1988, a criação da Advocacia Geral da União e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica ambos no governo Itamar Franco, as reformas da ordem econômica, previdenciária e da administração pública no governo FHC, entre outras. 3 A LRF sofreu influência do Código de Boas Práticas para a Transparência Fiscal do FMI. Especificamente, herdou as regras de rigidez fiscal dos Estados Unidos, a possibilidade de abranger todos os entes da Federação a exemplo da Comunidade Econômica Europeia e as regras de transparência da Nova Zelândia. 

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3 METODOLOGIA E DADOS

3.1 Vetor Auto regressivo Estrutural

Os modelos econômicos são expressos em geral por meio de diversas variáveis

e, portanto, a utilização de modelos univariados é limitada. O vetor auto regressivo

permite que se expressem modelos econômicos completos e que se estimem seus

parâmetros. O estudo das restrições e seu uso para identificar os parâmetros estruturais

do VAR constitui um dos principais objetivos da metodologia.

Um modelo auto regressivo de ordem com variáveis endógenas, , que

estão conectadas entre si por meio de uma matriz , pode ser expresso por:

onde é uma matriz que define as restrições contemporâneas entre as variáveis

que constituem o vetor , ; é um vetor de constantes ; são matrizes

; é uma matriz diagonal de desvios-padrão; é um vetor de

perturbações aleatórias não correlacionadas entre si contemporânea ou temporalmente,

isto é, .

A equação (1) expressa as relações entre as variáveis endógenas, decorrentes de

um modelo econômico teoricamente estruturado, e por isso chama-se forma estrutural. Os

choques estruturais são considerados independentes entre si porque as inter-relações

entre um choque e outro são captados indiretamente pela matriz . Em decorrência da

endogeneidade das variáveis, esse modelo é normalmente estimado em sua forma

reduzida como segue:

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onde , e . Na equação (2), e

. Assim, a matriz pode ser escrita como

.

Em um modelo bivariado as estimativas não podem ser obtidas diretamente

porque as variáveis contemporâneas são individualmente correlacionadas com os seus

termos de erro. Isso ocorre porque cada uma dessas variáveis depende

contemporaneamente da outra – efeito feedback. O objetivo do VAR é evitar esse

problema, encontrando a trajetória da variável de interesse ante um choque nesses erros.

Assim, a equação (2) define um VAR( ), isto é, na forma reduzida; a equação (1) define

um SVAR.

Em um modelo SVAR os erros estruturais, , são ruídos brancos e os

coeficientes da matriz para , são coeficientes estruturais que diferem, em

geral, de sua contraparte na forma reduzida. Um modelo SVAR pode ser usado para

identificar os choques, empregando impulse response functions (IRF) e/ou por meio da

imposição de restrições forecast error variance decompositions (FEVD) sobre as matrizes

e/ou . Funções de impulso resposta mostram os efeitos de choques sobre a trajetória

de ajustamento das variáveis. Decomposições de variância de erro de previsão medem a

contribuição de cada tipo de choque para a variância do erro de previsão. Ambos os

cálculos são úteis para avaliar como os choques nas variáveis econômicas se propagam

através de um sistema.

Depois de imporem-se as restrições, os parâmetros são estimados pela

minimização da função de log-verossimilhança concentrada, uma vez que nem todos os

parâmetros são de interesse por serem conhecidos (parâmetros de perturbação –

nuisance).

Serão estimados três tipos de SVAR: i) um modelo SVAR com quatro variáveis

endógenas: o logaritmo do PIB, a razão gasto público/PIB, a Selic e o IPCA; ii) dois

modelos que incluem, além das variáveis mencionadas anteriormente, a razão dívida

pública PIB, e que diferem nas restrições impostas a matriz de variância-covariância. Para

testar a robustez dos resultados, serão estimados seis modelos ao todo, dos quais três

consideram uma dummy para capturar o efeito da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e

os demais não. Além disso, todos os modelos incluem dummies para as quebras

estruturais (abruptas) obtidas endogenamente pelo teste de Clemente-Montañés-Reyes.

As relações entre as formas reduzidas ( ) e os choques estruturais ( ) podem

ser escritas como segue:

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Modelo SVAR(4)

(3)

Modelo SVAR(5) com Regra Fiscal (4)

Modelo SVAR(5) com Regra Monetária (5)

onde os sobrescritos , , , e representam o log do produto, a razão gasto

público/PIB, a taxa de juros, a taxa de inflação e a razão dívida pública/PIB,

respectivamente.

Inicialmente, cabe notar que, para o modelo SVAR(4), pela própria definição das

Contas Nacionais, os gastos públicos devem afetar contemporaneamente o produto. De

forma semelhante, o crescimento do gasto público depende do comportamento do

produto, que determinará a receita do governo. Com relação à taxa de juros, estabeleceu-

se que ela segue uma Regra de Taylor e também depende contemporaneamente da

fração gasto público/PIB. A taxa de inflação depende contemporaneamente do produto,

da razão gasto público/PIB e da taxa de juros.

O primeiro modelo SVAR(5) estabelece que os gastos públicos devam afetar

contemporaneamente o produto. Os gastos públicos dependem do produto e da condução

da razão dívida pública/PIB, pois esta última representa uma condição de solvência da

administração pública. Ou seja, o endividamento público é um instrumento fundamental

para a distribuição intertemporal ótima das políticas públicas, de modo que a provisão dos

bens públicos pode ser temporalmente dissociada da arrecadação dos recursos para lhe

fazer face. Para que este instrumento possa cumprir de forma adequada seu papel, a

política fiscal tem de ser sustentável. Outra importante variável macroeconômica no

modelo é a taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

É a partir desta que o Conselho Monetário Nacional (CMN) baliza o sistema de metas de

inflação adotado em junho de 1999, além de ser um dos principais indexadores da dívida

mobiliária brasileira. Por conseguinte, dependendo de sua variação, o governo tem a

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necessidade de se esforçar mais ou menos para gerar resultados primários mais elevados

capazes de honrar seus compromissos.

Com relação à razão dívida pública/PIB considerou-se que ela depende do

crescimento do PIB, pois este entra em seu cômputo; do gasto público que determina a

necessidade de financiamento do setor público através de endividamento; da taxa de

juros que representa uma medida de incerteza, ou seja, uma unidade de poder de compra

que tem um valor diferente dependendo do estado em que a economia se encontra, de tal

modo que em períodos de desaceleração ou recessão econômica, por exemplo, a

necessidade de financiamento pode ser maior, e dado o risco envolvido, a taxa de juros

será maior; e da taxa de inflação em função do diferencial de juros.

O segundo modelo SVAR(5) difere do primeiro nas equações dois e três do

sistema. Agora, o gasto do governo depende somente do produto e a taxa de juros

depende da razão dívida pública/PIB. Esta alteração na terceira equação apresenta o

seguinte raciocínio: quando o Bacen define uma alta taxa de juros, o resultado é um

aumento na razão dívida/PIB no tempo e, por conseguinte, um maior risco-país. Desta

forma, estabelece-se uma causalidade entre taxa de juros doméstica e o prêmio de risco-

país. Sendo assim, ao estipular a taxa de juros básica da economia, o Bacen leva em

consideração não só o hiato do produto e o desvio da inflação em relação à meta mas,

também, o nível e a composição da dívida pública do País.

3.2 Dados

O período de análise deste estudo estende de janeiro de 1995 a outubro de 2012,

com periodicidade mensal. Os dados de Produto Interno Bruto (PIB) e a relação gasto

público/PIB são obtidos junto ao IBGE; o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e

a dívida pública como proporção do PIB foram obtidos do IpeaData. A série da taxa de

juros nominal de curto prazo (SELIC) foi obtida do Banco Central do Brasil (Bacen).

Antes de realizar a análise das variáveis, verificou-se a estacionariedade dessas.

Conforme ressaltado por Lutkepohl (2004), mesmo na presença de processos integrados

as funções de resposta a impulso de modelos VAR podem ser calculadas e interpretadas

da forma usual, por isso não há preocupação explícita em testar a presença de raízes

unitárias nos processos geradores das séries analisadas.

Existe grande variedade de testes de raiz unitária na literatura econômica, tais

como o teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF), Dickey-Fuller-GLS (DF-GLS), Ng-Perron

e Phillips-Perron (PP). Porém, estes são frágeis na presença de quebras estruturais,

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aceitando com maior frequência a hipótese de não estacionariedade. Ou seja, uma série

pode ser estacionária em torno da quebra estrutural, mas os testes a classificarão como

não estacionária. Perron (1989) desenvolveu um procedimento para testar a raiz unitária

permitindo a incorporação de uma quebra estrutural exógena. Isto é, a quebra estrutural é

conhecida. Por outro lado, há uma vasta literatura sobre quebras endógenas no qual a

data da quebra é determinada seguindo algum critério de identificação através do uso de

algum tipo de outlier. Assim, testou-se a presença de raiz unitária com quebras estruturais

para reforçar as conclusões obtidas e para obterem-se os pontos de ruptura da série e

incorporá-los aos modelos estimados.

O teste de Clemente-Montañés-Reyes (1998) considera dois tipos de modelo: i) o

modelo outlier aditivo (OA) que captura mudanças abruptas e ii) o modelo outlier

inovacional (OI) que captura mudanças graduais na série. Para tanto, considere a

seguinte estrutura:

onde para e 0 caso contrário, para . Os resíduos da equação

(6), , são utilizados como variável dependente do modelo OA, como segue:

onde para e 0 caso contrário, para . Esta regressão é

então estimada sobre os possíveis pares de e , em busca do valor mínimo da razão

para a hipótese nula de que . Ou seja, a hipótese nula é que a série tem uma raiz

unitária com uma ou duas quebras estruturais contra a hipótese alternativa de que ela é

estacionária com quebras. O valor mínimo desta razão é comparado com os valores

críticos fornecidos por Perron e Vogelsang (1992).

O modelo OI expressa os choques na série (os efeitos de e , da equação

(6)) da seguinte forma:

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15  

Este modelo apresenta a mesma hipótese nula que o modelo anterior. Ambos os

modelos consideram que as quebras estruturais e a ordem de defasagem são

desconhecidas. Os pontos de quebra são localizados por uma busca bidimensional para o

valor máximo (mais negativo) da estatística para a hipótese de raiz unitária ( ),

enquanto que é determinada por uma série de testes sequenciais. Como observado

na Tabela 1, as quebras estruturais sugeridas pelo teste de raiz unitária de Clemente-

Montañés-Reyes são significativas ao nível de 5%.

TABELA 1 Resultados do teste de Clemente-Montañés-Reyes

1ª quebra 2ª quebra Variável k* Tipo de

outlier Coeficiente T Ponto da quebra Coeficiente t Ponto da

quebra OA 0,7257** 22,187 (2002:12) 0,5346** 14,607 (2007:12)Log do PIB 12 OI 0,0211 2,387 (2002:01) 0,0074 0,932 (2009:01)OA 0,0834** 15,829 (1998:09) 0,0298** 6,798 (2005:08)

Gasto público/PIB 11 OI 0,0715** 5,559 (1998:10) 0,0228 3,753 (2005:05)OA -0,0091** -11,083 (1999:01) -0,0063** -8,774 (2006:03)

Selic 8 OI -0,0016 -3,369 (1999:02) -0,0008 -2,275 (2006:07)OA 1,0586** 6,449 (2002:08) -1,3026** -6,632 (2003:02)

IPCA 12 OI 0,6293 3,864 (2002:08) -0,7127 -4,268 (2003:02)OA 13,3314** 16,831 (1999:03) 0,2556 0,374 (2002:07)

Dívida pública/PIB 1 OI 1,0612 3,413 (1997:07) -0,4354 -2,857 (2007:11)

Fonte: Elaboração dos autores. Nota: ** significativo a 5%; ponto de ruptura entre parênteses.

A Figura 1 apresenta a evolução das variáveis utilizadas nos modelos com suas

respectivas quebras estruturais, que serão incluídas como variáveis exógenas nos

modelos. Com relação ao produto observam-se duas rupturas: a primeira em 2002/12 que

coincide com o início de um novo período de crescimento econômico, que tem na

ampliação das exportações líquidas o novo estímulo dinamizador da economia. Como

discutido por Amitrano (2011, p. 74), a partir de 2006 há o início de uma nova fase de

crescimento econômico, fazendo com que a inércia institucional provocada pelo tripé de

política econômica – metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal – fosse

parcialmente rompida. Esta ruptura, dando origem a uma reorientação do papel do Estado

na economia, se fez por meio de uma mudança na composição do gasto público, da

intensificação de políticas de transferência direta de renda e da implementação de

políticas de desenvolvimento de corte vertical, voltadas, sobretudo, para a expansão dos

investimentos e para o aumento das inovações e da competitividade externa da economia

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16  

brasileira. Estes fatores são determinantes da segunda mudança na trajetória de

crescimento econômico.

O gasto público como proporção do PIB, por sua vez, apresenta a primeira quebra

em 1998/09 antecipando um ajustamento fiscal primário ocorrido em 1999 e a segunda

em 2005/08 quando há um aumento significativo nas transferências para estados e

municípios e no gasto com pessoal (GIAMBIAGI, 2006; DOS SANTOS & RIBEIRO, 2008).

1011

1213

1995m1 2000m1 2005m1 2010m1

PIB (em ln)

.1.2

.3.4

1995m1 2000m1 2005m1 2010m1

Gasto público (em % do PIB)

11.

011.

021.

031.

041995m1 2000m1 2005m1 2010m1

Selic (em %)

01

23

1995m1 2000m1 2005m1 2010m1

IPCA (em %)

1020

403030

1995m1 2000m1 2005m1 2010m1

Dívida pública (em % do PIB)

As alterações no comportamento do IPCA refletem os períodos de véspera da

eleição para presidente e o inicio do Governo Lula, respectivamente. A implantação do

regime de metas de inflação é a responsável pela ruptura da trajetória da Selic em

1999/01 e a trajetória descendente da parcela da dívida pública federal com remuneração

baseada nesta (46,5% em 2003 para 33,4% em 2006) explica a segunda quebra ocorrida

em 2006/03.

A quebra da dívida pública em 1999 está associada ao aumento da percepção de

risco de refinanciamento decorrente da não recuperação dos papéis prefixados na

FIGURA 1 Evolução das séries analisadas – 1995/2012 

Fonte: Elaborado pelos autores. Nota: as linhas vermelhas representam as quebras estruturais.

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17  

participação da dívida, de forma que o prazo médio desta teve de ser aumentado para

não prejudicar a percepção do mercado quanto à sustentabilidade da dívida pública. Este

processo foi ajudado pela mudança no regime cambial em 1999, que, ao reduzir a

volatilidade das taxas de juros, fez com que o risco de mercado da dívida pública, sob a

ótica do governo, fosse também reduzido.

Após avaliar a estacionariedade das variáveis envolvidas na estimação do modelo

SVAR, avaliou-se a existência de uma relação de longo prazo entre elas. O teste de

cointegração de Johansen4 é baseado num sistema de equações do tipo VAR e por isso

tem capacidade de captar efeitos de feedback entre as variáveis. O teste de Johansen é

superior ao teste de Engle-Granger que possui baixa potência e rejeita com mais

facilidade relações de cointegração, quando na verdade elas existem (ENDERS, 2004). A

Tabela 2 indica que o modelo SVAR(4), apresenta dois vetores cointegrantes

significativos a 1%, considerando três especificações para o teste de Johansen. Para o

modelo que inclui cinco variáveis endógenas, SVAR (5), há pelo menos um vetor

cointegrante. Assim, esses resultados indicam que existe um equilíbrio de longo prazo

entre as variáveis estudadas.

TABELA 2 Teste de cointegração de Johansen

Drift Constante Nenhum Rank

máximo Autovalor Estatística do traço Autovalor Estatística do traço Autovalor Estatística do traço

Modelo SVAR (4) 0 - 84,26 - 74,47 - 125,7 1 0,202 38,99 0,151 41,64 0,357 36,78 2 0,137 9,37* 0,134 12,65* 0,115 12,34* 3 0,038 1,52 0,050 2,44 0,053 1,36 4 0,008 - 0,012 - 0,007 -

Modelo SVAR (5) 0 - 99,31 - 99,32 - 146,70 1 0,226 47,85* 0,210 51,84* 0,369 54,18 2 0,134 18,94 0,130 23,92** 0,140 23,85* 3 0,045 9,672 0,073 8,612 0,071 8,99 4 0,036 2,348 0,034 1,734 0,042 0,336 5 0,012 - 0,009 - 0,002 - Fonte: Elaborado pelos autores. Nota: ** significativo a 5%; * significativo a 1%.

O SVAR, com quatro e cinco variáveis endógenas, é estruturado com doze

defasagens em conformidade com o Critério de Informação de Akaike (AIC), o teste de                                                             4 Johansen, Mosconi e Nielsen (2000) demonstram que a metodologia econométrica de cointegração continuaria sendo válida na presença de quebras estruturais. 

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18  

razão de verossimilhança (LR) e o final prediction error (FPE). A partir disso, a próxima

seção apresenta o resultado dos modelos estimados.

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19  

4 RESULTADOS

A Figura 2 apresenta a resposta dos gastos públicos a um choque de 1% no PIB

para o SVAR(4) que inclui a dívida como variável exógena. O gráfico também inclui os

intervalos de confiança (linhas tracejadas) calculados por bootstrap para as FRI, a partir

de 1000 reamostragens dos resíduos do VAR. Observa-se, na Figura 2(a), que o efeito de

um aumento do PIB sobre os gastos públicos é diferente do modelo que exclui a dummy

para capturar o efeito da LRF. Em particular, no SVAR que inclui a LRF o gasto público é

inicialmente pró-cíclico e posteriormente contra cíclico até o 6° período – sendo tal efeito

estatisticamente significativo a 5% –, enquanto que, no SVAR que não inclui a dummy,

Figura 2(b), a resposta do gasto público apresenta mais períodos com efeito positivo.

Além disso, observa-se que a resposta do gasto público sem considerar a LRF encontra-

se fora do intervalo de confiança para o gasto público com LRF a partir do 5° período. Há,

portanto, evidências de que a inclusão da LRF no SVAR realmente faz diferença na

estimação da resposta do gasto público a um choque do produto. Contudo, esta diferença

é muito pequena, pois o modelo não considera a dívida pública como endógena e,

portanto, não se captura a restrição imposta pela LRF sobre a condução da dívida

pública.

Quando se observam as Figuras 2(c) e 2(d) nota-se que a recuperação do

produto ao seu nível inicial é mais rápida quando se considera o efeito da LRF. Contudo,

os modelos estimados não capturam adequadamente a resposta da política fiscal a um

choque inicial do produto, uma vez que os modelos não consideram a dívida pública como

endógena. Em particular, caso não se leve em consideração o efeito adverso de um

choque dos gastos públicos sobre o produto, Figura (3), a estimativa deste efeito de um

choque pode estar viesado. O aumento do gasto público pode ter um impacto direto sobre

a razão dívida/PIB, associado ao aumento do déficit primário e, portanto, pode estar

associado a um maior risco de insolvência da dívida percebido pelos agentes privados.

Portanto, é necessário considerar o papel da razão dívida/PIB sobre a dinâmica das

variáveis analisadas e vice-versa.

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20  

-.01

0

.01

.02

0 5 10

(a) Resposta dos Gastos Públicos com LRF

-.01

0

.01

.02

0 5 10

(b) Resposta dos Gastos Públicos sem LRF

-.01

0

.01

.02

0 5 10

(c) Resposta do Produto LRF

-.01

0

.01

.02

0 5 10

(d) Resposta do Produto sem LRF

-.01

0

.01

.02

.03

0 5 10

(a) Resposta do Produto com LRF

-.01

0

.01

.02

.03

0 5 10

(b) Resposta do Produto sem LRF

FIGURA 2 Respostas a um choque de 1% no PIB

Fonte: Elaborado pelos autores.

FIGURA 3 Respostas a um choque de 1% nos Gastos Públicos

Fonte: Elaborado pelos autores.

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21  

A Figura 4 apresenta um conjunto de funções de resposta ao impulso no modelo

que considera o diferencial da razão dívida/PIB em relação a uma meta para a mesma

como um argumento para a formação da taxa de juros, ou seja, uma Regra de Taylor

modificada que contém, além do produto e da taxa de inflação, um indicador de solvência

fiscal. Esta modificação tem por base o perfil da dívida pública e a estratégia

implementada pelo Tesouro Nacional de alongamento do prazo médio da mesma. As

Figuras 4(a) e 4(e) representam a resposta dos gastos públicos a um choque de um 1%

no produto, considerando a ausência e a presença do efeito da LRF, respectivamente.

Quando se avalia a duração da propagação do efeito diante do choque no modelo em que

há o efeito explícito da LRF, Figura 4(e), o efeito é inicialmente positivo e depois é

negativo durante quatro períodos, enquanto no outro modelo a recuperação é mais

rápida. Desta forma, o estabelecimento de limites para o endividamento público e para a

despesa de caráter continuado representa uma diferença significativa na condução da

política fiscal.

Uma explicação para essa diferença pode ser obtida analisando-se o efeito direto

dos gastos públicos sobre a razão dívida/PIB – superávit ou déficit primário – e o efeito

indireto através da taxa de juros. O primeiro efeito, Figuras 4(c) e 4(g), revela o

comprometimento do governo com uma política fiscal baseada em equilíbrio orçamentário

equilibrado. Este resultado é ratificado ao notar-se a resposta da taxa de juros aos gastos

públicos, Figuras 4(b) e 4(f), que garantiu a manutenção da solvência fiscal. O estudo de

Cavalcanti e Silva (2010) superestima o efeito dos gastos públicos sobre a razão

dívida/PIB ao não considerar o efeito indireto da taxa de juros. A tendência consistente de

queda da taxa de juros e da razão dívida/PIB reduziu o risco de insolvência da dívida

percebido pelos agentes privados, como notado nas Figuras 4(d) e 4(h), que apresentam

a resposta do juro a um choque de 1% na razão dívida/PIB. Este resultado reflete a

estratégia do Tesouro Nacional de ampliar a participação dos títulos prefixados na

composição da Dívida Pública e reduzir a participação daqueles indexados à taxas

flutuantes (Selic).

Todavia, este modelo não considera o impacto contemporâneo da razão

dívida/PIB sobre os gastos públicos. Sendo assim, a Figura (5) mostra um conjunto de

funções de resposta ao impulso. As Figuras 5(a) e 5(e) representam a resposta dos

gastos públicos a um choque de um 1% no produto, considerando a ausência e a

presença do efeito da LRF, respectivamente. Nota-se que neste modelo, a dinâmica dos

gastos públicos como resposta a um choque do produto difere significativamente do

anterior – as estimativas são significativas a 5%.

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22  

-.01

0

.01

.02

.03

0 5 10

(a) Resposta do Gasto Público ao Produto

-.0005

0

.0005

0 5 10

(b) Resposta do Juro ao Gasto Público

-.4

-.2

0

0 5 10

(c) Resposta da Dívida ao Gasto Público

-.0005

0

.0005

.001

.0015

0 5 10

(d) Resposta do Juro à Dívida

-.01

0

.01

.02

.03

0 5 10

(e) Resposta do Gasto Público ao Produto

-.0005

0

.0005

0 5 10

(f) Resposta do Juro ao Gasto Público

-.4

-.3

-.2

-.1

0

0 5 10

(g) Resposta da Dívida ao Gasto Público

-.0005

0

.0005

.001

.0015

0 5 10

(h) Resposta do Juro à Dívida

FIGURA 4 Funções de Resposta ao Impulso no Modelo VAR(5) com Efeito Monetário

Fonte: Elaborado pelos autores.

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23  

-.01

-.005

0

.005

.01

0 5 10

(a) Resposta do Gasto Público ao Produto

-.0005

0

.0005

0 5 10

(b) Resposta do Juro ao Gasto Público

-.4

-.3

-.2

-.1

0

0 5 10

(c) Resposta da Dívida ao Gasto Público

-.0005

0

.0005

0 5 10

(d) Resposta do Juro à Dívida

-.01

-.005

0

.005

.01

0 5 10

(e) Resposta do Gasto Público ao Produto

-.0005

0

.0005

0 5 10

(f) Resposta do Juro ao Gasto Público

-.4

-.3

-.2

-.1

0

0 5 10

(g) Resposta da Dívida ao Gasto Público

-.0005

0

.0005

0 5 10

(h) Resposta do Juro à Dívida

FIGURA 5 Funções de Resposta ao Impulso no Modelo VAR(5) com Efeito Fiscal

Fonte: Elaborado pelos autores.

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Observa-se, por um lado, que no modelo que considera a influência da LRF,

Figura 5(e), a resposta dos gastos públicos a um choque do PIB é inicialmente negativa e

a partir do 6° período retorna ao seu nível pré-choque. Uma explicação para este fato

reside no marco institucional imposto pela LRF, que, ao objetivar o equilíbrio orçamentário

entre receita e despesa, traduziu-se como um sinal de que o governo pretende manter o

déficit público sob controle. Por outro, quando não se considera o impacto da LRF este

choque parece tornar-se negativo no longo prazo. Desta forma, a política fiscal parece ser

mais contra cíclica no primeiro caso. Esta evidência aponta para a transição da economia

brasileira, de uma situação pró-cíclica para uma contra cíclica, o que representa um sinal

de credibilidade macroeconômica (ARELLANO, 2006; STRAWCZYNSKI & ZEIRA, 2007).

Finalmente, neste modelo, onde há uma regra de política fiscal definida, a

resposta da taxa de juros a um choque de 1% na razão dívida/PIB – Figuras 5(d) e 5(h) –

é positiva no início e negativa posteriormente. A partir destes resultados, é possível

perceber que as alterações no perfil da dívida pública – a organização dos vencimentos

dos títulos em meses específicos para aumentar a liquidez e melhorar a precificação dos

mesmos e a troca de títulos de curto prazo por prazos mais longos, por exemplo –

permitiram um maior raio de “manobra” da taxa de juros e, consequentemente, a

manutenção da condição de solvência fiscal da economia brasileira.

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25  

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do trabalho foi apresentar evidências empíricas sobre os efeitos da

política fiscal no Brasil a partir do uso de Vetores Auto regressivos Estruturais,

incorporando as regras fiscais e monetárias que caracterizaram a política econômica

brasileira no início dos anos 2000.

A discricionariedade fiscal pode estabelecer efeitos indesejados no que concerne

ao papel do orçamento público de suavizar os ciclos. A importância de se estabelecer

uma regra (ou várias) é buscar vincular ao governo um comportamento responsável e um

nível de comprometimento que nem sempre podem ser de seu interesse em curto prazo.

As regras têm como propósito resolver o problema da "inconsistência temporal" e suavizar

o teor discricionário envolvido no gerenciamento da política fiscal, sobretudo no lado dos

gastos públicos, de maneira que as escolhas preferidas de ação por parte de um governo

estejam voltadas para o longo prazo. Dito de outra maneira, as regras fiscais devem

incentivar os governos a se aterem aos seus planos originais de tributação e de gastos,

elevando o custo político com que arcarão caso quebrem os compromissos estabelecidos,

ou até mesmo tornando-se uma exigência legal com a aplicação de sanções devido ao

seu não cumprimento.

As mudanças ocorridas na trajetória do produto, dos gastos públicos, do IPCA, da

Selic e da razão dívida/PIB alteraram a trajetória da política fiscal brasileira. Por

conseguinte, essas quebras estruturais foram incorporadas ao modelo, assim como uma

dummy para capturar o efeito da LRF sobre os gastos públicos e a gestão da dívida

pública. Conforme observado no estado da arte sobre o tema, há uma escassa literatura

sobre política fiscal que considere esses efeitos.

Os resultados mostraram que a influência da LRF realmente aponta para uma

reversão do caráter cíclico da política fiscal brasileira. A resposta dos gastos públicos a

um choque do PIB é inicialmente negativa, retornando ao seu nível pré-choque após um

semestre. Uma explicação para este fato reside no marco institucional imposto pela LRF,

que, ao objetivar o equilíbrio orçamentário entre receita e despesa, traduziu-se como um

sinal de que o governo pretende manter o déficit público sob controle. Quando não se

considera o impacto da LRF este choque parece tornar-se negativo no longo prazo. Desta

forma, a política fiscal parece ser mais contra cíclica no primeiro caso.

Esta evidência aponta para a transição da economia brasileira, de uma situação

pró-cíclica para uma contra cíclica, o que representa um sinal de credibilidade

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macroeconômica. Tais resultados indicam a importância quando da imposição de regras

fiscais que possam minimizar o teor discricionário do orçamento público.

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27  

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