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FURG
Dissertação de Mestrado
REAÇÃO SEM SOLVENTE CATALISADA POR ÁCIDO SULFÂMICO:
UMA METODOLOGIA EFICIENTE PARA A HIDROTIOLAÇÃO
REGIOSSELETIVA DE ALCENOS E ALCINOS
___________________________________
Clarissa Helena Rosa
PPGQTA
Santo Antônio da Patrulha, RS - Brasil
2017
ii
REAÇÃO SEM SOLVENTE CATALISADA POR ÁCIDO SULFÂMICO:
UMA METODOLOGIA EFICIENTE PARA A HIDROTIOLAÇÃO REGIOSSELETIVA
DE ALCENOS E ALCINOS
por
CLARISSA HELENA ROSA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Química Tecnológica e Ambiental da Universidade
Federal do Rio Grande (RS), como requisito parcial para
obtenção do título de MESTRE EM QUÍMICA.
PPGQTA
Santo Antônio da Patrulha, RS - Brasil
2017
iii
Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos
Programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e Ambiental
A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova a Dissertação de Mestrado
REAÇÃO SEM SOLVENTE CATALISADA POR ÁCIDO SULFÂMICO:
UMA METODOLOGIA EFICIENTE PARA A HIDROTIOLAÇÃO REGIOSSELETIVA
DE ALCENOS E ALCINOS
elaborada por
CLARISSA HELENA ROSA
Como requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Química
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcelo de Godoi (FURG - RS)
Prof. Dr. Gilber Ricardo Rosa (FURG - RS)
Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Montes D'Oca (FURG - RS)
Prof. Dr. Carlos Eduardo Bencke (IFC - SC)
Santo Antônio da Patrulha, 20 de fevereiro de 2017.
i
AGRADECIMENTOS
Ser grato é reconhecer o quão importante e benéfico foi ter o auxílio de alguém
em dado momento de nossa vida.
Findando mais uma etapa, só tenho a agradecer àqueles que foram
fundamentais para a conclusão deste projeto.
Inicialmente, agradeço a Deus por estar sempre presente em minha vida, me
amparando e impulsionando com o Seu infindável Amor.
Aos meus pais, Gildo e Bernardete, pelo constante apoio, em todos os aspectos,
e por seu amor e carinho sem iguais.
Aos meus irmãos, Gilber e Diego, por serem exemplos de dedicação e
competência a serem buscados.
Às minhas sobrinhas, Maria Eduarda e Manoela, por darem um brilho especial
aos meus dias.
Ao meu Orientador, Marcelo, por ser incansável na arte de ensinar. És um
exemplo a ser seguido!
À minha amiga Marcia Silveira, por todo auxílio e convivência diária.
Aos IC's de luxo que o LABSOV me proporcionou. Em especial, à Maura, um
exemplo de cooperação e coleguismo.
Às minhas colegas de trabalho, Marcia Kurz e Lenise, pelo apoio e compreensão
nos momentos de ausência.
Ao apoio imprescindível dos laboratórios parceiros, LSO[Cat] e LARCO, da
FURG-SAP, e da CIA-RMN (Centro Integrado de Análises) da FURG-Rio Grande.
Aos órgãos de fomento FAPERGS, CNPq, PRONEX-FAPERGS, CAPES pelas
bolsas e auxílios.
Deus não escolhe os capacitados; capacita os escolhidos.
Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança.
Albert Einstein
ii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... iii
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... v
LISTA DE ESQUEMAS ................................................................................................ vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ................................................................. viii
RESUMO ..................................................................................................................... ix
ABSTRACT ................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................................. 1
2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 6
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................... 28
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 42
5. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 43
6. ANEXOS ................................................................................................................. 51
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura geral de um tioéter. .......................................................................... 1
Figura 2 - Antitumoral isotiazol, um inibidor da TrkA kinase. ........................................... 2
Figura 3 - Estruturas gerais de compostos organossulfurados amplamente utilizados. 14
Figura 4 - Estruturas de aminoácidos naturais contendo enxofre. ................................ 15
Figura 5 - Estruturas de tioéteres presentes em fármacos. ........................................... 16
Figura 6 - Estruturas de sulfonas presentes em fármacos. ........................................... 16
Figura 7 - Perfis energéticos das reações de hidrotiolação. .......................................... 24
Figura 8 - Espectro de RMN 1H do composto 99h em CDCl3 a 200 MHz. .................... 34
Figura 9 - Espectro de RMN 13C do composto 99h em CDCl3 a 100 MHz. ................... 35
Figura 10 - Espectro de RMN 1H do tioéter vinílico 101a e cálculo da proporção Z:E. . 38
Figura 11 - Proposta mecanística. ................................................................................. 41
Figura 12 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz. ............................................... 51
Figura 13 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 52
Figura 14 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 53
Figura 15 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 54
Figura 16 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 55
Figura 17 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 56
Figura 18 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz. ............................................... 57
Figura 19 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 58
Figura 20 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 59
Figura 21 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 60
Figura 22 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz. ............................................... 61
Figura 23 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 62
iv
Figura 24 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 63
Figura 25 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 64
Figura 26 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 65
Figura 27 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 66
Figura 28 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz. ............................................... 67
Figura 29 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 68
Figura 30 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 69
Figura 31 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 70
Figura 32 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 71
Figura 33 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 72
Figura 34 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 73
Figura 35 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 74
Figura 36 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 75
Figura 37 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 76
Figura 38 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 77
Figura 39 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 78
Figura 40 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz. ............................................... 79
Figura 41 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz. ............................................. 80
Figura 42 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz. ............................................... 81
Figura 43 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 50 MHz. ............................................... 82
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Otimização das condições reacionaisa. ........................................................ 29
Tabela 2 - Síntese dos tioéteres 99a-na. ....................................................................... 31
Tabela 3 - Síntese dos tioéteres vinílicos 101a-ga. ....................................................... 36
vi
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 - Reação de hidrotiolação de alcenos e seus possíveis produtos. ............... 2
Esquema 2 - Estrutura do ácido sulfâmico. ..................................................................... 4
Esquema 3 - Objetivo geral do trabalho. ......................................................................... 5
Esquema 4 - Síntese de N-sulfoniliminas utilizando A.S. como promotor. ...................... 7
Esquema 5 - Obtenção de bis-indóis e derivados catalisada por ácido sulfâmico. ......... 8
Esquema 6 - Síntese de espirooxiindóis catalisada por ácido sulfâmico em meio
aquoso. ........................................................................................................................... 8
Esquema 7 - Obtenção de derivados de quinoxalinas catalisada por ácido sulfâmico. .. 9
Esquema 8 - Alcóxi-calcogenilação de olefinas catalisada por iodo molecular em
condições livre de solvente. .......................................................................................... 10
Esquema 9 - Síntese de benzotiazóis. .......................................................................... 11
Esquema 10 - Hidrotiofosfinação de alcenos e alcinos. ................................................ 12
Esquema 11 - Obtenção de α-aminonitrilas. ................................................................. 12
Esquema 12 - Síntese de 1,5-benzodiazepinas. ........................................................... 13
Esquema 13 - Obtenção de orto-naftoquinonas. ........................................................... 13
Esquema 14 - Obtenção de acetoacetatos graxos catalisada por ácido sulfâmico. ...... 14
Esquema 15 - Obtenção de sulfonas a partir de tioéteres. ........................................... 16
Esquema 16 - Metodologias mais comumente empregadas na síntese de tioéteres. ... 17
Esquema 17 - Regioquímica da reação de hidrotiolação. ............................................. 19
Esquema 18 - Hidrotiolação de alcenos catalisada por ácido prótico. .......................... 19
Esquema 19 - Hidrotiolação de estireno não-catalisada e catalisada por Mont K 10. ... 20
Esquema 20 - Hidrotiolação de compostos carbonílicos α,β-insaturados. .................... 20
Esquema 21 - Hidrotiolação não-catalisada de estireno em água. ............................... 21
Esquema 22 - Hidrotiolação utilizando LED azul como iniciador radicalar. ................... 21
vii
Esquema 23 - Reação de tióis com alcenos contendo heteroátomos catalisada por Pd.
...................................................................................................................................... 22
Esquema 24 - Hidrotiolação de alcenos catalisada por compostos vinil-tiazolínicos. ... 22
Esquema 25 - Mecanismo proposto por Chung et al. ................................................... 23
Esquema 26 - Hidrotiolação de alcinos. ........................................................................ 25
Esquema 27 - Obtenção de tioéteres vinílicos catalisada por complexo de ródio e boro.
...................................................................................................................................... 25
Esquema 28 - Síntese de tioéteres vinílicos em presença de base. ............................. 26
Esquema 29 - Obtenção de tioéteres vinílicos catalisada por nanopartículas de Fe3O4.
...................................................................................................................................... 26
Esquema 30 - Estudo da reciclabilidade do catalisador. ............................................... 27
Esquema 31 - Reação-teste para se determinar as melhores condições reacionais. ... 28
Esquema 32 - Adição de tióis a compostos carbonilados. ............................................ 39
Esquema 33 - Estudo da reciclabilidade do catalisador. ............................................... 40
Esquema 34 - Reação-teste para síntese do tioéter utilizando TEMPO como inibidor
radicalar......................................................................................................................... 41
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
, deslocamento químico
A.S., ácido sulfâmico
Bn, benzila
CCD, cromatografia em camada delgada
d, dubleto
J, constante de acoplamento
m, multipleto
MO, micro-ondas
NMP, N-metil-2-pirrolidona
NR, não reagiu
Ph, fenila
ppm, partes por milhão
RMN 13C, ressonância magnética de carbono
RMN 1H, ressonância magnética nuclear de hidrogênio
s, singleto
t, tripleto
TEMPO, 2,2,6,6-tetrametil-1-piperidiniloxi
UV, ultravioleta
ix
RESUMO
Título: REAÇÃO SEM SOLVENTE CATALISADA POR ÁCIDO SULFÂMICO: UMA
METODOLOGIA EFICIENTE PARA A HIDROTIOLAÇÃO REGIOSSELETIVA DE
ALCENOS E ALCINOS
Autor: Clarissa Helena Rosa
Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Godoi
Co-orientador: Prof. Dr. Gilber Ricardo Rosa
Tioéteres são substâncias orgânicas que apresentam um átomo de enxofre
ligado diretamente a dois átomos de carbono alquílicos ou arílicos. Esses compostos
desempenham importante papel em química orgânica, atuando como intermediários
e/ou blocos construtores em diversas transformações. Tendo em vista a notável
aplicação desses compostos organossulfurados, planejou-se uma metodologia mais
simples, rápida e ambientalmente adequada para sua preparação.
No presente trabalho, desenvolveu-se um novo método para a síntese de
tioéteres a partir da hidrotiolação de alcenos e alcinos, usando ácido sulfâmico como
catalisador. Essa metodologia não emprega catalisadores metálicos ou tóxicos e
também não necessita de solventes para promover a reação de maneira satisfatória.
Em linhas gerais, a metodologia mostrou-se eficiente na síntese dos tioéteres de
interesse com até 89% de rendimento. A estratégia sintética adotada se mostrou
regiosseletiva, fornecendo em sua grande maioria produtos via adição anti-
Markovnikov.
É importante ressaltar que a utilização do ácido sulfâmico torna a metodologia
atraente pelo fato de ser um composto acessível comercialmente, de baixo custo, não
tóxico e pelo seu alto poder de recuperação, o que facilita a reutilização do mesmo em
reações posteriores. O estudo de reciclabilidade realizado mostrou que o catalisador
pode ser recuperado e reutilizado sem perda significativa no rendimento e na
regiosseletividade por até quatro reações consecutivas.
Palavras-chave: Tioéteres, ácido sulfâmico, reação sem solvente, química verde.
x
ABSTRACT
Title: SOLVENT-FREE REACTION CATALYZED BY SULFAMIC ACID: AN EFFICIENT METHODOLOGY FOR THE REGIOSELECTIVE HYDROTHIOLATION OF ALKENES AND ALKYNES Author: Clarissa Helena Rosa
Advisor: Prof. Dr. Marcelo de Godoi
Co-advisor: Prof. Dr. Gilber Ricardo Rosa
Thioethers are organic substances which contains a sulfur atom bonded
directly to two alkyl or aryl carbon atoms. These kinds of compounds play an important
role in organic chemistry, acting as intermediates and/or building blocks in several
transformations. In view of the remarkable application of these organosulfur
compounds, a straightforward methodology for their preparation was developed.
In this work, a new green methodology was developed for the hydrothiolation of
alkenes and alkynes employing sulfamic acid as a catalyst. This protocol neither
employs metallic or toxic catalysts, nor solvents to promote the reaction efficiently.
Generally, the methodology proved to be very efficient for the preparation of thioethers,
furnishing the desired products in up to 89% yield. Furthermore, the synthetic strategy
adopted was highly regioselective, affording the corresponding products only via anti-
Markovnikov addition.
It is noteworthy that the use of sulfamic acid makes the methodology attractive
because it is a commercially available, low cost, nontoxic compound and its high
recovery power, which facilitates its reuse in subsequent reactions. The recyclability
study showed that the catalyst can be recovered and reused without significant loss in
the yield and regioselectivity for up to four consecutive reactions.
Key words: Thioethers, sulfamic acid, solvent-free reaction, green chemistry.
1
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1. Introdução e Objetivos Gerais
A química dos compostos organoenxofre vem crescendo gradativamente nos
últimos anos devido à grande importância de seus derivados tanto em síntese orgânica
quanto em farmacologia,[1] uma vez que muitos desses compostos vêm sendo
empregados como precursores na preparação de moléculas biologicamente ativas.[2]
Assim, o desenvolvimento de novas metodologias para a formação da ligação C-S vem
sendo foco de estudo de muitos grupos de pesquisa.
Nesse contexto, os sulfetos orgânicos ou tioéteres (Figura 1) caracterizam-se
por serem blocos construtores versáteis na síntese de diversas moléculas.[3]
Figura 1 - Estrutura geral de um tioéter.
Podem-se citar como exemplos os sulfetos benzílicos presentes em muitos
antitumorais[4] (Figura 2) e os bis(ariltio)éteres usados em polímeros de coordenação.[5]
1 (a) Perin, G.; Lenardão, E.; Jacob, J. R. G.; Panatieri, R. B. Chem. Rev. 2009, 109, 1277; (b) Liu, X.;
Cui, H.; Yang, D.; Dai, S.; Zhang, G.; Wei, W.; Wang, H. Cat. Lett. 2016, 146, 1743; (c) Yang, Y.; Li, W.;
Ying, B.; Liao, H.; Shen, C.; Zhang, P. ChemCatChem. 2016, 8, 2916; (d) Li, J.; Li, C.; Yang, S.; An, Y.;
Wu, W.; Jiang, H. J. Org. Chem. 2016, 81, 7771; (e) Abbasi, M.; Nowrousi, N.; Latifi, H. J. Organom.
Chem. 2016, 822, 112; (f) Rahaman, R.; Devi, N.; Bhagavati, J. R.; Barman, P. RSC Adv. 2016, 6, 18929.
2 Zhang, X.; Wang, K. RSC Adv. 2015, 5, 34439.
3 Cremlyn, R. J. An Introduction to Organo-sulfur Chemistry; Wiley & Sons: New York, 1996.
4 (a) Lippa, B.; Morris, J.; Corbett, M.; Kwan, T. A.; Noe, M. C.; Snow, S. L.; Gant, T. G.; Mangiaracina,
M.; Coffey, H. A.; Foster, B.; Knauth, E. A.; Wessel, M. D. Bioorg. Med. Chem. Lett. 2006, 16, 3444; (b)
Tremblay, M. R.; Boivin, R. P.; Luu-The, V.; Poirier, D. J. Enzyme Inhib. Med. Chem. 2005, 20, 153.
5 Awaleh, M. O.; Brisse, F.; Soubaneh, Y. D.; Maris, T.; Dirieh, E. S. J. Inorg. Organomet. Polym. 2010,
20, 816.
2
Figura 2 - Antitumoral isotiazol, um inibidor da TrkA kinase.
O método mais amplamente utilizado na síntese de tioéteres é a hidrotiolação,[6]
na qual um tiol é adicionado a um alceno, formando uma nova ligação C-S utilizando
catalisador metálico e solvente orgânico (Esquema 1). Dependendo das condições
reacionais, os produtos podem apresentar regioquímica anti-Markovnikov (3) ou seguir
a Regra de Markovnikov (4).
Esquema 1 - Reação de hidrotiolação de alcenos e seus possíveis produtos.
Por outro lado, no início da década de 90, uma nova tendência referente à
minimização de resíduos oriundos dos processos químicos começou a tomar forma.
Seu principal foco constituiu-se em buscar novas alternativas para evitar e/ou minimizar
a geração de resíduos nos processos da indústria química em detrimento do meio
ambiente. Esse novo direcionamento vem sendo chamado de Química Verde (Green
Chemistry).[7] Assim, alguns autores procuraram, em seus trabalhos, elucidar quais
seriam os princípios básicos deste novo horizonte ambiental, dentre os quais se
incluem:[8]
6 Posner, T. Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1905, 38, 646.
7 (a) Tundo, P.; Anastas, P.; Black, D. S.; Breen, J.; Collins, T.; Memoli, S.; Miyamoto, J.; Polyakoff, M.;
Tumas, W. Pure Appl. Chem. 2000, 72, 1207; (b) Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub, M. J.; Batista,
A. C. F.; Silveira, C. C. Quim. Nova 2003, 26, 123.
8 Anastas, P. T.; Warner, J. C. Green Chemistry: Theory and Practice, Oxford University Press: New
York, 1998.
3
Buscar solventes e auxiliares de reação mais seguros e/ou, se possível, não
utilizá-los;
Evitar a geração de resíduos;
Utilizar catalisadores tão seletivos quanto possível.
Com este intuito, é crescente o uso de metodologias que seguem esses
princípios em síntese orgânica, como as reações sem solvente, as quais ocorrem sob
condições mais brandas, prevenindo os riscos de explosões e diminuindo a toxicidade
do sistema. Desta forma, a síntese torna-se economicamente viável e ambientalmente
amigável, já que não utiliza solventes.
Além disso, é crescente a busca por catalisadores "verdes" que possibilitem a
obtenção dos produtos desejados com elevados rendimentos, grande seletividade,
minimizando ou evitando a geração de resíduos e no menor tempo reacional, sem
agredir o ambiente. Nesse contexto, pode-se destacar o uso da catálise heterogênea,
haja vista que torna mais fácil a reciclabilidade do catalisador, tornando o processo
mais verde e viável economicamente.[9] Recentemente, tem sido de grande interesse a
utilização de catalisadores ácidos sólidos, devido ao fato de não requererem etapas de
neutralização e purificação como os ácidos líquidos, por exemplo, evitando, desta
forma, a geração de resíduos.[10]
Nesse sentido, nos últimos anos o ácido sulfâmico vem sendo utilizado como um
eficiente catalisador heterogêneo em reações como a acetalização,[11a] esterificação de
olefinas cíclicas com ácidos alifáticos em reações sem solvente,[11b] acetilação de
álcoois e fenóis,[11c] condensações de Biginelli,[11d] transesterificações de β-
cetoésteres,[11e] rearranjos de Beckmann,[11f] reações de Diels-Alder,[11g] condensações
de Pechmann,[11h] reações de Mannich,[11i] Hantzsch[11j] e Michael.[11k] É um catalisador
9 Fontecha-Tarazona, H. D.; Brinkerhoff, R. C.; Oliveira, P. M.; Rosa, S. B.; Flores, D. C.; D'Oca, C. R.
M.; Russowsky, D.; D'Oca, M. G. M. RSC Adv. 2015, 5, 59638.
10 Climent, M. J.; Corma, A.; Iborra, S. Chem. Rev. 2011, 111, 1072.
11 (a) Jin, T. S.; Sun, G.; Li, T. S. Green Chem. 2002, 4, 255; (b) Wang, B.; Gu, Y. L.; Yang, L. M.; Suo, J.
S. Catal. Lett. 2004, 96, 71; (c) Tong-shou, J. Synth. Commun. 1998, 28, 3173; (d) Li, J. T.; Han, J. F.;
Yang, J. H.; Li, T. S. Ultrason. Sonochem. 2003, 10, 119; (e) Bo, W.; Ming, Y. L.; Shuan, S. J.
Tetrahedron Lett. 2003, 44, 5037; (f) Wang, B.; Gu, Y. L.; Luo, G. Y.; Yang, T.; Yang, L. M.; Suo, J. S.
Tetrahedron Lett. 2004, 45, 3369; (g) Nagarajan, R.; Magesh, C. J.; Perumal, P. T. Synthesis 2004, 1, 69;
4
econômico, não-higroscópico, não-volátil, não-corrosivo, reciclável e altamente eficiente
em reações verdes em síntese orgânica.[12] Sua estrutura está representada no
Esquema 2, evidenciando que este pode se apresentar tanto quanto um ácido
aminosulfônico (5) como na forma zwitteriônica (6).[13]
Esquema 2 - Estrutura do ácido sulfâmico.
Dada a importância dos sulfetos orgânicos e o forte cunho ambiental que a
Química vem tomando, torna-se indispensável a busca, por parte da comunidade
científica, de novas metodologias mais verdes na obtenção desses compostos. Assim,
tendo em vista o nosso interesse no desenvolvimento de novas metodologias de
síntese de compostos organossulfurados, planejou-se, para este mestrado, obter nova
rota sintética para a preparação de tioéteres alquil-arílicos e vinílicos, através da reação
de hidrotiolação de alcenos e alcinos, utilizando ácido sulfâmico como catalisador em
meio livre de solvente (Esquema 3).
(h) Sing, P. R.; Singh, D. U.; Samant, S. D. Synlett 2004, 11, 1909; (i) Zeng, H.; Li, H.; Shao, H. Ultrason.
Sonochem. 2009, 6, 758; (j) Foroughifar, N.; Mobinikhaledi, A.; Fard, M. A. B.; Moghanian, H.; Ebrahimi,
S. Synth. Commun. 2009, 39, 161; (k) Li-Tao, A.; Jian-Ping, Z.; Li-Li, Z.; Young, Z. Tetrahedron Lett.
2007, 48, 4297.
12 Nasseri, M. A.; Zakerinasab, B.; Samieadel, M. M. RSC Adv. 2014, 4, 41753.
13 Santra, A.; Guchhait, G.; Misra, A. K. Green Chem. 2011, 13, 1345.
5
Esquema 3 - Objetivo geral do trabalho.
Um aspecto fundamental no planejamento do nosso trabalho é que a preparação
dos sulfetos orgânicos demonstrados no Esquema 3 deveria vir acompanhada de uma
rota sintética direta e rápida, possibilitando a síntese de compostos com grande
diversidade estrutural.
1.2. Objetivos Específicos
Estudar os diversos parâmetros e condições reacionais, tais como
quantidade de catalisador, tempo, temperatura para a reação de síntese de
tioéteres;
Sintetizar uma série de tioéteres, aumentando o escopo, após definidas as
melhores condições reacionais;
Verificar a possibilidade de extensão da metodologia para diferentes fontes
eletrofílicas, tais como aldeídos e cetonas;
Caracterizar todos compostos sintetizados por RMN 1H, RMN 13C e outras
técnicas, quando necessário;
Publicar o trabalho em periódico reconhecido pela comunidade científica.
Com os objetivos devidamente traçados, o próximo capítulo irá abordar as
principais metodologias desenvolvidas na literatura e alguns assuntos correlatos ao
tema deste projeto.
6
2. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo serão demonstrados alguns estudos relacionados à utilização do
ácido sulfâmico como catalisador, bem como a necessidade de se realizar reações sem
solvente em síntese orgânica. A partir daí, serão mostradas as formas de obtenção de
tioéteres através da reação de hidrotiolação e suas variações. Devido à grande
quantidade de publicações sobre este tema, somente serão citados trabalhos
diretamente relacionados ao presente projeto de mestrado.
2.1 Ácido Sulfâmico
O ácido sulfâmico (NH2SO3H) é uma substância disponível comercialmente, de
baixo custo, benigna ao ambiente e que vem produzindo aplicações catalíticas
relevantes em inúmeras transformações orgânicas.[14] Em termos econômicos, a
utilização do ácido sulfâmico em síntese orgânica tem sido muito atrativa, uma vez que
o custo de uma embalagem de 250 g encontra-se na faixa de R$ 20,00, considerando o
grau p.a. (99,5%).[15]
Uma peculiaridade do ácido sulfâmico é que o mesmo apresenta-se tanto na
forma de ácido aminossulfônico quanto no estado zwitteriônico, conforme evidenciado
em experimentos de difração de raios-X e nêutrons.[16] Possui acidez moderada (pKa =
1,0),[17] boa estabilidade física, é não-volátil, não-corrosivo, além de ser insolúvel em
solventes orgânicos comuns.[18] Muitas têm sido suas aplicações em química orgânica
14
Kidwai, M.; Chauhan, R. RSC Adv. 2012, 2, 7660.
15 Disponível em http://www.sigmaaldrich.com/catalog/product/vetec/v000307?lang=pt®ion=BR
Acesso em: 07/12/2016.
16 Harbison, G. S.; Kye, Y.-S.; Penner, G. H.; Grandin, M.; Monette, M. J. Phys. Chem. B 2002, 106,
10285.
17 (a) Philip, D.; Eapen, A.; Aruldhas, G. J. Solid State Chem., 1995, 116, 217; (b) Canageratna, M.; Ott,
M. E.; Leopold, K. R. Chem. Phys. Lett. 1997, 281, 63.
18 Wang, B. Synlett 2005, 8, 1342.
7
sintética, devido ao forte apelo à química verde e seus doze princípios. Sendo assim, a
seguir serão demonstrados alguns trabalhos recentemente publicados na literatura que
demonstram essa versatilidade do ácido sulfâmico.
Li e colaboradores[19] utilizaram o ácido sulfâmico como promotor na primeira
etapa da síntese de N-sulfoniliminas através da condensação de 3 componentes:
aldeído, sulfonilamida e arenossulfinato de sódio (Esquema 4). N-sulfoniliminas são
iminas deficientes em elétrons, úteis como intermediários na síntese de outras
moléculas, devido à sua estabilidade e capacidade de sofrer reações de adição. A
reação foi conduzida utilizando água/etanol como solvente e o produto desejado foi
obtido com rendimentos que variaram entre 47-81%.
Esquema 4 - Síntese de N-sulfoniliminas utilizando A.S. como promotor.
Em 2014, Brahmachari e Banerjee[20] sintetizaram bis-indóis e bis-oxi-indóis
através da catálise de ácido sulfâmico em um processo one-pot (Esquema 5). Esses
compostos possuem importantes atividades biológicas, tais como antibactericida e
potente anti-câncer e foram obtidos em até 94% de rendimento.
19
Li, Z.; Ren, X.; Wei, P.; Wan, H.; Shi, Y.; Ouyang, P. Green Chem. 2006, 8, 433.
20 Brahmachari, G.; Banerjee, B. ACS Sustainable Chem. Eng. 2014, 2, 2802.
8
Esquema 5 - Obtenção de bis-indóis e derivados catalisada por ácido sulfâmico.
Em outro processo multicomponente, Kamal e colaboradores[21] utilizaram o
ácido sulfâmico como catalisador na obtenção de espirooxiindóis, utilizando água como
solvente (Esquema 6). Os produtos, que possuem propriedade antimicrobiana,
antitumoral e antibiótica, foram obtidos com rendimentos bons a excelentes (77-98%)
neste protocolo verde.
Esquema 6 - Síntese de espirooxiindóis catalisada por ácido sulfâmico em meio aquoso.
21
Kamal, A.; Babu, K. S.; Vardhan, M. V. P. S. V.; Hussaini, S. M. A.; Mahesh, R.; Shaik, S. P.; Alarifi, A.
Bioorg. Med. Chem. Lett. 2015, 25, 2199.
9
Também em 2015, o mesmo grupo de pesquisa[22] relatou a obtenção de 4,5-
dihidropirrolo[1,2-a]quinoxalinas através da reação entre 1-(2-aminofenil)pirrol e
benzaldeído, catalisada por ácido sulfâmico em meio aquoso. Quinoxalinas e seus
derivados são substâncias que apresentam considerável importância na química
medicinal e foram obtidas, nesse protocolo, com excelentes rendimentos (Esquema 7).
Esquema 7 - Obtenção de derivados de quinoxalinas catalisada por ácido sulfâmico.
2.2 Reações Sem Solvente
O termo sustentabilidade remete à utilização dos recursos no presente sem
comprometer as gerações futuras. Para obter um desenvolvimento sustentável na
química e, principalmente, na síntese orgânica, visa-se seguir o maior número de
princípios da química verde. Cabe salientar que segui-los em sua totalidade é
praticamente impossível quando se deseja conduzir uma reação química mesmo nos
laboratórios mais modernos. Apesar disso, algumas alternativas surgiram e vêm
tomando espaço, como é o caso das reações sem solvente.
Em 2008, Sheldon[23] introduziu o conceito de que "o melhor solvente é não
utilizar solvente". Agregada à ideia global de desenvolvimento sustentável, o número
de publicações abrangendo processos sem solvente cresceram exponencialmente nas
22
Kamal, A.; Babu, K. S.; Ali Hussaini, S. M.; Srikanth, P. S.; Balakrishna, M.; Alarifi, A. Tetrahedron Lett.
2015, 56, 4619.
23 Sheldon, R. A. Chem. Commun. 2008, 3352.
10
últimas décadas. Dessa maneira, diversas são as suas vantagens, tanto na academia
quanto na indústria, já que não envolve a utilização de produtos tóxicos, reduz o custo
com produtos químicos, diminui o consumo de energia, além de não requerer etapas
de separação, purificação e reciclo do solvente. Sendo assim, os princípios de redução
de resíduos e utilização de condições reacionais mais seguras são aplicados no
processo.
Protocolos livres de solvente - ou, do inglês, solvent-free - podem ser conduzidos
misturando-se os reagentes puros ou ainda incorporando-os a catalisadores, de forma
a obter alto grau de estereosseletividade no produto, reduzir a formação de
subprodutos e maximizar a velocidade reacional. De fato, verifica-se na literatura que
um grande número de reações ocorre no estado sólido, sem a presença de solvente, e
isso torna a síntese mais simples e de fácil execução, além de ser menos poluente.[24]
Nesse contexto, Braga e colaboradores[25] propuseram uma metodologia livre de
metais e solventes para a alcóxi-calcogenilação de estirenos, usando iodo molecular
como catalisador e DMSO como agente oxidante estequiométrico (Esquema 8).
Compostos organocalcogênios possuem reconhecidas propriedades antioxidantes e
influência enzimática. Esse protocolo demonstrou eficiência, gerando bons a
excelentes resultados em apenas 10 min sob irradiação de micro-ondas.
Esquema 8 - Alcóxi-calcogenilação de olefinas catalisada por iodo molecular em condições livre de solvente.
24
Moglie, Y.; González-Soria, M. J.; Martín-García, I.; Radivoy, G.; Alonso, F. Green Chem. 2016, 18,
4896.
25 Vieira, A. A.; Azeredo, J. B.; Godoi, M.; Santi, C.; Júnior, E. N. S.; Braga, A. L. J. Org. Chem. 2015, 80,
2120.
11
Em 2014, Han e colaboradores[26] desenvolveram um sistema livre de
catalisadores e solventes para a síntese de benzotiazóis a partir de 2-
cloronitrobenzeno, amina alifática e enxofre elementar (Esquema 9). Essa classe de
compostos tem chamado a atenção da comunidade científica por sua bioatividade
antitumoral, antimicrobiana, anti-inflamatória e anticonvulsionante. A reação tolerou
vasta gama de grupos substituintes e obteve rendimentos modestos a muito bons (52-
80%).
Esquema 9 - Síntese de benzotiazóis.
Recentemente, Alonso e colaboradores[24] estabeleceram um protocolo
multicomponente de hidrotiofosfinação de alcenos e alcinos (Esquema 10). A reação
consiste na adição de fosfinas secundárias às insaturações na presença de enxofre
elementar em meio reacional livre de solvente e catalisador. O método é simples,
regiosseletivo - pois direciona a formação de produtos anti-Markovnikov (34) - e
diastereosseletivo - porque gera alquenilfosfinas com configuração Z (37). Compostos
de fósforo possuem múltiplas aplicações, sendo elas em indústria química,
agroquímica, farmacêutica, bem como em catálise homogênea, heterogênea e
assimétrica.
26
Tong, Y.; Pan, Q.; Jiang, Z.; Miao, D.; Shi, X.; Han, S. Tetrahedron Lett. 2014, 55, 5499.
12
Esquema 10 - Hidrotiofosfinação de alcenos e alcinos.
2.3 Reações sem Solvente Utilizando Ácido Sulfâmico
Khaksar et al.[27] desenvolveram um sistema de 3 componentes para a obtenção
de α-aminonitrilas, a partir de uma reação multicomponente entre aldeídos, aminas e
trimetilsililcianetos catalisado por ácido sulfâmico. Esse protocolo é conhecido como
reação de Strecker e seu produto é um importante precursor na síntese de α-
aminoácidos. Neste trabalho, foi possível a obtenção de uma série de produtos com
uma grande diversidade estrutural em excelentes rendimentos (Esquema 11).
Esquema 11 - Obtenção de α-aminonitrilas.
Xia e Lu[28] demonstraram um protocolo de obtenção de 1,5-benzodiazepinas
catalisado por ácido sulfâmico em um processo livre de solvente. A reação envolve a
27
Heydari, A.; Khaksar, S.; Pourayoubi, M.; Mahjoub, A. R. Tetrahedron Lett. 2007, 48, 4059.
28 Xia, M; Lu, Y. Heteroat. Chem. 2007, 18, 354.
13
condensação de o-fenilenodiamina com dois equivalentes de cetona. Esses compostos
apresentam relevante atividade biológica, tais como anticonvulsionante, analgésico e
antidepressivo. Os rendimentos variaram entre 33-96% (Esquema 12).
Esquema 12 - Síntese de 1,5-benzodiazepinas.
Em 2013, wu e colaboradores[29] sintetizaram orto-naftoquinonas através de uma
reação multicomponente livre de solvente envolvendo aldeído, 2-hidroxi-1,4-
naftoquinona e 3-amino-1,2,4-triazol em presença de ácido sulfâmico como catalisador
(Esquema 13). Em geral, os produtos foram obtidos com bons rendimentos e cabe
ressaltar que essa classe de compostos costuma apresentar atividade antitumoral.
Esquema 13 - Obtenção de orto-naftoquinonas.
Recentemente, D'Oca e colaboradores[30] produziram acetoacetatos graxos em
um sistema catalisado por ácido sulfâmico e livre de solvente (Esquema 14).
Acetoacetatos são compostos 1,3-dicarbonílicos e têm importante papel como blocos
construtores de diversas moléculas biologicamente ativas e também aplicações
29
wu, L.; Zhang, C.; Li, W. Bioorg. Med. Chem. Lett. 2013, 23, 5002.
30 Weber, A. C. H.; Batista, T. C.; Gonçalves, B.; Hack, C. R. L.; Porciuncula, L. M.; Treptow, T. G. M.;
D’Oca, C. R. M.; Russowsky, D.; D’Oca, M. G. M. J. Am. Oil Chem. Soc. 2016, 93, 1399.
14
tecnológicas. O trabalho comparou rendimentos através do aquecimento convencional
e sob irradiação de micro-ondas, sendo que o último provou ser o mais eficiente (73 a
86%).
Esquema 14 - Obtenção de acetoacetatos graxos catalisada por ácido sulfâmico.
2.4 Compostos Organoenxofre
O elemento enxofre pertence à família dos calcogênios, juntamente com o
oxigênio, selênio e telúrio. Os compostos organoenxofre caracterizam-se pela presença
da ligação C-S, e normalmente são associados ao odor desagradável. No entanto,
algumas das substâncias mais doces conhecidas são derivadas de organoenxofre,
como é o caso da sacarina. Alguns medicamentos também apresentam enxofre em sua
estrutura, como a penicilina e os derivados de sulfa (Figura 3).[31]
Figura 3 - Estruturas gerais de compostos organossulfurados amplamente utilizados.
31
Feng, M.; Tang, B.; Liang, S. H.; Jiang, X. Curr. Top. Med. Chem. 2016, 16, 1200.
15
Essa classe de compostos também é encontrada na natureza. Dentre os
aminoácidos mais comuns que possuem enxofre em sua estrutura, podem-se citar a
cisteína, a cistina, a metionina e a homocisteína (Figura 4).[32]
Figura 4 - Estruturas de aminoácidos naturais contendo enxofre.
2.5 Tioéteres
Os sulfetos orgânicos ou tioéteres constituem uma relevante subclasse de
compostos que vem despertando particular interesse da comunidade científica e da
indústria farmacêutica. Caracterizam-se por serem importantes precursores sintéticos
em diversas reações, principalmente por apresentarem atividade biológica
promissora,[33] além de sua vasta aplicação na química de polímeros.[34] Como
exemplos de tioéteres importantes, destacam-se a ranitidina - comercialmente
denominada Zantac® -, utilizada no tratamento de úlceras, e a pergolida -
comercializada como Permax® -, indicada no tratamento da doença de Parkinson
(Figura 5).[31]
32
Brosnan, J. T.; Brosnan, M. E. J. Nutr. 2006, 136, 1636S.
33 Fadeyi, O. O.; Mousseau, J. J.; Feng, Y.; Allais, C.; Nuhant, P.; Chen, M. Z.; Pierce, B.; Robinson, R.
Org. Lett. 2015, 17, 5756.
34 Hoyle, C. E.; Lee, T. Y.; Roper, T. J. Polym. Sci. Part A: Polym. Chem. 2004, 42, 5301.
16
Figura 5 - Estruturas de tioéteres presentes em fármacos.
Uma das aplicações dos tioéteres é servir como precursores na síntese de
sulfonas. Diversos medicamentos englobam essa classe de compostos, devido
também às suas importantes propriedades biológicas. Dentre esse grupo de
substâncias, podem-se citar a bicalutamida - encontrada comercialmente pelo nome
Casodex® -, e que é indicada no tratamento do câncer de próstata, e o tinidazol -
denominado Tindamax® -, utilizado para a prevenção de infecções (Figura 6).[31]
Figura 6 - Estruturas de sulfonas presentes em fármacos.
Dentro deste contexto, Su[35] demonstrou que uma sulfona pode ser obtida a
partir de um tioéter através da oxidação com periodato de sódio. Esse método utilizou
um sal de rutênio como catalisador, gerando rendimentos muito bons a excelentes
(Esquema 15).
Esquema 15 - Obtenção de sulfonas a partir de tioéteres.
35
Su, W. Tetrahedron Lett. 1994, 35, 4955.
17
Tendo em vista a grande relevância dessa classe de compostos
organocalcogênios, inúmeros trabalhos vêm sendo desenvolvidos envolvendo essa
química. Nesse sentido, os tioéteres podem ser obtidos através de diferentes
metodologias (Esquema 16). Um dos métodos mais difundidos é a substituição
nucleofílica entre um halogeneto de alquila ou arila e um tiol, na presença de base,
através da formação do ânion tiolato (Caminho A). Quando, no meio reacional, há a
presença de metal de transição, este catalisa a reação, através de um acoplamento
cruzado (Caminho B).[36] Já no Caminho C, um organometálico reage com um
dissulfeto de diorganoíla, ocorrendo a clivagem da ligação S-S e a formação de uma
nova ligação C-S, sendo o átomo de carbono proveniente do grupamento R do
organometálico.[37] Essa reação normalmente é catalisada por metal de transição. Além
disso, reagentes de Grignard também podem reagir com derivados orgânicos de
tiossulfato de sódio levando à formação dos respectivos tioéteres (Caminho D).[38]
Esquema 16 - Metodologias mais comumente empregadas na síntese de tioéteres.
36
(a) Oderinde, M. S.; Frenette, M.; Robbins, D. W.; Aquila, B.; Johannes, J. W. J. Am. Chem. Soc. 2016,
138, 1760. (b) Kwong, F. Y.; Buchwald, S. L. Org. Lett. 2002, 4, 3517.
37 Du, B-X.; Quan, Z-J.; Da, Y-X.; Zhang, Z.; Wang, X-C. Adv. Synth. Catal. 2015, 357, 1270.
38 Reeves, J. T.; Camara, K.; Han, Z. S.; Xu, Y.; Lee, H.; Busacca, C. A.; Senanayake, C. H. Org. Lett.
2014, 16, 1196.
18
2.5.1 Reação de Hidrotiolação
Desde os anos 1900, Posner[6] descreveu um dos métodos mais eficientes na
preparação de tioéteres, que é a reação de hidrotiolação, na qual ocorre a adição de
um tiol a um alceno ou alcino. Segundo Hoyle e Bowman,[39] essa reação pode ser
classificada como uma reação do tipo click, pois apresenta muitas das propriedades
descritas por Sharpless et al.[40] dentre as quais podem-se citar a obtenção de
rendimentos quantitativos, a necessidade de pequena quantidade de catalisadores
benignos ao ambiente, os baixos tempos reacionais, reações sem solvente ou que
utilizem solventes verdes e a regiosseletividade de um único produto.
No caso particular de alcenos com tióis, essa transformação pode ser
denominada de reação thiol-ene quando ocorre através de radicais livres, ou por adição
de Michael, quando esta se dá pela formação de íons, utilizando, para isso, uma base
ou um ácido de Lewis, ou ainda, um catalisador metálico.[41] Sabe-se, no entanto, que
muitos metais de transição são eficientes catalisando seletivamente essa reação, tais
como Ni, Pd, Au, entre outros,[42] mas a reação também pode ser catalisada por ácidos
próticos (H2SO4, HClO4, p-TSA)[43] e por ácidos de Lewis (AlCl3, BF3, TiCl4, SnCl4,
ZnCl2, SO2).[44] Dependendo do mecanismo pelo qual se dá a reação, ter-se-á um
produto regioquímico formado: reações radicalares tendem a formar regioisômeros
anti-Markovnikov, enquanto que as catálises ácida e metálica levam a compostos
segundo a regra de Markovnikov (Esquema 17).[45]
39
Hoyle, C. E.; Bowman, C. N. Angew. Chem. Int. Ed. 2010, 49, 1540.
40 Kolb, H. C.; Finn, M. G.; Sharpless, K. B. Angew. Chem. 2001, 113, 2056.
41 Castarlenas, R.; Di Giuseppe, A.; Pérez-Torrente, J. J.; Oro, L. A. Angew. Chem. Int. Ed. 2013, 52,
211.
42 (a) McDonald, J. V.; Corbin, J. L.; Newton, W. E. Inorg. Chem. 1976, 15, 2056; (b) Higuchi, Y.; Atobe,
S.; Tanaka, M.; Kamiya, I.; Yamamoto, T.; Nomoto, A.; Sonoda, M.; Ogawa, A. Organometallics 2011, 30,
4539; (c) Corma, A.; González-Arellano, C.; Iglesias, M.; Sánchez, F. Appl. Catal. A 2010, 375, 49.
43 (a) Screttas, C. G.; Micha-Screttas, M. J. Org. Chem. 1979, 44, 713; (b) Wolf, F.; Finke, H. Z. Chem.
1972, 12, 180.
44 (a) Mukaiyama, T.; Izawa, T.; Saigo, K.; Takei, H. Chem. Lett. 1973, 2, 355; (b) Belley, M.; Zamboni, R.
J. Org. Chem. 1989, 54, 1230.
45 Kucinski, K.; Pawluc, P.; Hreczycho, G. Adv. Synth. Catal. 2015, 357, 3936.
19
Esquema 17 - Regioquímica da reação de hidrotiolação.
Nesse contexto, Screttas e Micha-Screttas[43a] apresentaram em 1979 a
obtenção de tioéteres alquil-arílicos através da catálise de ácido perclórico, um ácido
prótico (Esquema 18). Os produtos foram obtidos através de um processo iônico e
seguiram a regra de Markovnikov, gerando rendimentos muito bons.
Esquema 18 - Hidrotiolação de alcenos catalisada por ácido prótico.
Em 2001, Benicewicz et al.[46] demonstraram a adição de tióis e ácidos
tiobenzóicos a olefinas, comparando os resultados quanto à reação não-catalisada e
catalisada pela argila comercial Montmorillonite K 10 (Esquema 19). Esse material é
formado basicamente por silicatos hidratados de alumínio, magnésio e cálcio e
apresenta acidez de Bronsted-Lowry e Lewis. Neste trabalho verificou-se que a
presença do catalisador conferia ao produto a regiosseletividade segundo Markovnikov
(60), enquanto que a ausência de catalisador gerava o composto anti-Markovnikov
(59), e em ambos os casos os rendimentos foram muito bons.
46
Kanagasabapathy, S.; Sudalai, A.; Benicewicz, B. C. Tetrahedron Lett. 2001, 42, 3791.
20
Esquema 19 - Hidrotiolação de estireno não-catalisada e catalisada por Mont K 10.
Em 2006, Movassagh e Shaygan[47] reportaram a adição de tióis a compostos
carbonílicos α,β-insaturados a 30-80 ºC sem a presença de catalisador nem solvente
(Esquema 20). O emprego dessa metodologia possibilitou a formação dos produtos
desejados em bons rendimentos em uma síntese limpa e rápida. No entanto, o escopo
da reação foi limitado somente para a adição de tióis a sistemas α,β-insaturados e,
além disso, muitas reações necessitaram de aquecimento.
Esquema 20 - Hidrotiolação de compostos carbonílicos α,β-insaturados.
Posteriormente, Movassagh e Navidi[48] demonstraram que a reação entre tióis e
estirenos utilizando água como solvente sob temperatura ambiente resulta em
rendimentos entre 73 e 90% (Esquema 21). Os produtos formados seguiram a
regioquímica anti-Markovnikov. Embora alguns produtos foram obtidos em bons
rendimentos, essa metodologia limitou-se somente à adição de tióis arílicos a estirenos.
47
Movassagh, B.; Shaygan, P. Arkivoc, 2006, 12, 130.
48 Movassagh, B.; Navidi, M. Arkivoc, 2008, 15, 47.
21
Esquema 21 - Hidrotiolação não-catalisada de estireno em água.
Em 2013, Tyson e colaboradores[49] descreveram a reação entre olefinas e tióis
utilizando fotocatalisadores a base de Ru (Esquema 22). O mecanismo proposto
sugere a formação do radical, provocada pela excitação do composto de Ru pela luz
visível. Os produtos anti-Markovnikov apresentaram rendimentos de 73 a 99%.
Esquema 22 - Hidrotiolação utilizando LED azul como iniciador radicalar.
Em 2014, Tamai e Ogawa[50] apresentaram a adição de tióis a alcenos contendo
um heteroátomo - O e N - correspondendo a adutos segundo Markovnikov. A
metodologia utilizou Pd(OAc)2 como catalisador, THF como solvente, 45 ºC e tempo
reacional de 20 horas (Esquema 23).
49
Tyson, E. L.; Ament, M. S.; Yoon, T. P. J. Org. Chem. 2013, 78, 2046.
50 Tamai, T.; Ogawa, A. J. Org. Chem. 2014, 79, 5028.
22
Esquema 23 - Reação de tióis com alcenos contendo heteroátomos catalisada por Pd.
Mais recentemente, Chung e colaboradores[51] desenvolveram uma nova
metodologia para a hidrotiolação de estirenos via reação anti-Markovnikov,
empregando-se derivados vinil-tiazolínicos como catalisador. Através dessa
metodologia, foi possível a obtenção de tioéteres em bons rendimentos quando se
empregou dois catalisadores (A e B) no meio reacional (Esquema 24).
Esquema 24 - Hidrotiolação de alcenos catalisada por compostos vinil-tiazolínicos.
Além disso, os autores também propuseram um possível mecanismo para a
reação de hidrotiolação, conforme ilustrado no Esquema 25. Acredita-se que
inicialmente ocorra a formação do radical tienila 79 que, por sua vez, poderia interagir
de maneira eficiente com o catalisador 80, aumentando a estabilidade deste radical e
favorecendo a adição do mesmo à dupla ligação. Como consequência, o intermediário
51
Chun, S.; Chung, J.; Park, J. E.; Chung, Y. K. ChemCatChem 2016, 8, 2476.
23
82 seria formado no meio reacional e, na sequência, 82 reagiria com outra molécula de
tiol, levando à formação do produto desejado (83) e gerando um novo radical tienila 79.
Esquema 25 - Mecanismo proposto por Chung et al.
Tendo como base cálculos de DFT (density funcional theory), os autores
justificaram o papel do catalisador tiazolínico nesta reação (Figura 7). De acordo com
esse estudo, o radical tienila produzido pela reação com o oxigênio é estabilizado pelo
catalisador (estabilizado por -10,53 e -7,86 kcal.mol-1 na presença de A e C,
respectivamente - relativa ao radical livre tienila). Particularmente, a adição do radical
ao estireno em presença de A mostra a menor barreira de energia de ativação 12,01
kcal.mol-1 (TS_Cat.A). Isto é refletido no alto rendimento do produto de hidrotiolação
(90%). Na ausência do catalisador A ou C, nenhuma reação é observada em 90 min.
No entanto, na presença de C ou nenhum catalisador, a energia do estado de transição
não corresponde à tendência no rendimento. Assim, a estabilização do radical tienila
parece ter um papel fundamental nessa reação de hidrotiolação.
24
Figura 7 - Perfis energéticos das reações de hidrotiolação.
De maneira similar, alcinos também podem reagir com tióis, formando tioéteres
vinílicos por meio de uma reação de hidrotiolação (Esquema 26). Basicamente, essa
reação pode gerar produtos seguindo a regra de Markovnikov (86), ou anti-Markovnikov
(87), os quais podem ser formados em diferentes níveis de estéreo e
regiosseletividade.[52] Geralmente o composto 86 é formado através de reações
catalisadas por ácidos de Bronsted-Lowry ou metais de transição.[53] No entanto, os
produtos 87E e 87Z são mais comumente formados em presença de iniciadores
radicalares, bases de Bronsted-Lowry ou metais de transição.[54]
52
Dondoni, A.; Marra, A. Eur. J. Org. Chem. 2014, 19, 3955.
53 Malyshev, D. A.; Scott, N. M.; Marion, N.; Stevens, E. D.; Ananikov, V. P.; Beletskaya, I. P.; Nolan, S.
P. Organometallics 2006, 25, 4462.
54 (a) Kondoh, A.; Takami, K.; Yorimitsu, H.; Oshima, K. J. Org. Chem. 2005, 70, 6468; (b) Riduan, S. N.;
Ying, J. Y.; Zhang, Y. Org. Lett. 2012, 14, 1780; (c) Sarma, R.; Rajesh, N.; Prajapat, D. Chem. Commun.
2012, 48, 4014.
25
Esquema 26 - Hidrotiolação de alcinos.
Neste contexto, Love e colaboradores[55] realizaram a síntese de sulfetos
vinílicos utilizando alcinos terminais e tióis alquílicos catalisada por um complexo de
ródio e boro na presença de uma mistura de 1,2-dicloroetano e tolueno como
solventes. Essa metodologia permitiu a formação do produto de adição Markovnikov 90
em até 93% de rendimento (Esquema 27).
Esquema 27 - Obtenção de tioéteres vinílicos catalisada por complexo de ródio e boro.
Em 2013, Liao e colaboradores[56] descreveram a preparação de uma série de
tioéteres vinílicos utilizando duas metodologias distintas. A primeira empregou fosfato
de potássio como base em N-metil-2-pirrolidona (NMP), gerando como produto
principal o isômero Z. A segunda foi uma reação livre de base e solvente, a qual formou
o isômero E majoritariamente. Os compostos foram obtidos após 24 horas de reação,
com 50 a 90% de rendimento e boa estereosseletividade (Esquema 28).
55
Yang, J.; Sabarre, A.; Fraser, L. R.; Patrick, B. O.; Love, J. A. J. Org. Chem., 2009, 74, 182.
56 Liao, Y.; Chen, S.; Jiang, P.; Qi, H.; Deng, G-J. Eur. J. Org. Chem. 2013, 30, 6878.
26
Esquema 28 - Síntese de tioéteres vinílicos em presença de base.
Mais recentemente, Godoi e colaboradores[57] desenvolveram um novo protocolo
no qual tioéteres vinílicos foram sintetizados de forma mais verde. Essa metodologia
abrangeu a adição de tióis a alcinos terminais em um processo catalisado por
nanopartículas de Fe3O4 em meio livre de solvente. Em geral, obtiveram-se os produtos
de interesse com até 88% de rendimento e com boa estereosseletividade (Esquema
29).
Esquema 29 - Obtenção de tioéteres vinílicos catalisada por nanopartículas de Fe3O4.
Uma particularidade deste trabalho foi o estudo da reciclabilidade do catalisador
nanoparticulado, sendo o mesmo recuperado devido às suas propriedades
ferromagnéticas. Dessa forma, foi possível a obtenção do respectivo tioéter vinílico sem
perda significativa no rendimento e estereosseletividade até o quinto ciclo reacional,
conforme ilustrado no Esquema 30.
57
Rocha, M. S. T.; Rafique, J.; Saba, S.; Azeredo, J. B.; Back, D.; Godoi, M.; Braga, A. L. Synth. Comm. 2017, 47, 291.
27
Esquema 30 - Estudo da reciclabilidade do catalisador.
Ciclos Rendimento (%)a Z:E
b
1 82 78:22
2 85 73:27
3 74 75:25
4 75 77:23
5 74 76:24 aRendimento isolado.
bDeterminada por RMN
1H.
Baseado em todos os tópicos expostos nessa revisão, pode-se inferir que ainda
existe uma lacuna no que diz respeito à utilização do ácido sulfâmico como catalisador
na reação de hidrotiolação de alcenos e alcinos. Dessa forma, o próximo capítulo irá
mostrar os resultados inerentes a essa pesquisa, em concordância com os objetivos
traçados para este projeto.
28
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A seguir, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos durante a
realização do presente trabalho. Inicialmente será discutida a síntese dos tioéteres a
partir da hidrotiolação de alcenos e, em seguida, serão apresentados os resultados
referentes à hidrotiolação dos demais compostos.
3.1. Preparação de Tioéteres a partir da Hidrotiolação de Alcenos
3.1.1. Otimização das Condições Reacionais
De acordo com nosso interesse prévio na síntese e aplicação de compostos
contendo enxofre com importantes propriedades bioativas e em concordância com os
objetivos traçados, propôs-se o desenvolvimento de uma nova metodologia para a
preparação de tioéteres, com uma ampla variedade estrutural. Desse modo,
selecionou-se o 4-metilbenzenotiol 97 e o álcool alílico 98 como substratos padrões
para a investigação de alguns parâmetros reacionais (Esquema 31).
Esquema 31 - Reação-teste para se determinar as melhores condições reacionais.
Assim, realizou-se um estudo sistemático visando encontrar a melhor condição
reacional, variando diversos parâmetros tais como: quantidade de catalisador, tempo
reacional e temperatura (Tabela 1).
29
Tabela 1 - Otimização das condições reacionaisa.
Entrada Ácido Sulfâmico
(mol %)
Tempo
(h)
Temperatura
(°C) Solvente
Rendimentob
(%)
1 - 1 t.a. - 8
2 10 1 t.a. - 32
3 20 1 t.a.
- 66
4 20 1 0 - 42c
5 20 1 50 - 40d
6 20 1 t.a. - 5
e
7 20 3 t.a. H2O Traços
8 20 3 t.a. EtOH Traços
9 20 3 t.a. DMF Traços
10 20 4 t.a. DMSO Traços
aCondições reacionais: 4-metilbenzenotiol (0,5 mmol), álcool alílico (0,6 mmol).
bRendimentos
isolados. cReação realizada sob banho de gelo.
dReação realizada sob aquecimento
convencional em banho de óleo de silicone. eReação realizada em banho de ultrassom.
Inicialmente, realizou-se um estudo no sentido de verificar se a reação ocorreria
na ausência do catalisador, fixando-se o tempo reacional em 1 hora e temperatura
ambiente. Entretanto, somente 8% do produto desejado foi obtido (entrada 1). Nos
experimentos subsequentes, verificou-se a influência da quantidade de catalisador
frente ao sistema reacional. O emprego de 10 mol % de ácido sulfâmico propiciou um
aumento no rendimento da reação (entrada 2). De maneira similar, quando a
quantidade de catalisador foi aumentada de 10 para 20 mol %, verificou-se um
aumento significativo no rendimento da reação, sendo o produto de interesse
sintetizado em 66% (entrada 3).
30
Na sequência, avaliou-se a influência da temperatura sobre a reação de
hidrotiolação (entradas 4 e 5). Verificou-se que a reação é sensível quanto a esse
parâmetro, uma vez que a modificação da temperatura resultou em um decréscimo no
rendimento reacional.
Por outro lado, a utilização do banho de ultrassom na reação da entrada 6 foi
avaliada, mostrando que essa fonte de energia não afetou no rendimento do produto
desejado.
Adicionalmente, decidiu-se verificar se a presença do solvente poderia influenciar
no rendimento da reação. No entanto, tanto solventes polares próticos quanto apróticos
influenciaram negativamente neste processo de hidrotiolação, pois, mesmo depois de
transcorrido tempo superior a 1 hora, somente traços de produto foram evidenciados
(entradas 7-10). Por essa razão, não foi possível isolá-los em coluna cromatográfica,
sendo os mesmos identificados por comparação somente em cromatografia em
camada delgada.
Dessa forma, definiu-se que as condições da entrada 3 seriam mantidas para as
reações subsequentes. Por ser um ácido prótico e de acordo com a literatura[43],
esperar-se-ia que o produto formado na reação de hidrotiolação de alcenos utilizando
ácido sulfâmico como catalisador fosse o aduto Markovnikov. Contudo, é importante
destacar que esta reação foi altamente regiosseletiva, uma vez que somente o produto
de adição via anti-Markovnikov foi observado, indicando, assim, um possível
mecanismo radicalar.
3.1.2. Síntese de Diversos Tioéteres
Após estabelecer a melhor condição reacional (Tabela 1, entrada 3), esta foi
aplicada para a avaliação do escopo e das limitações do presente método, variando-se
os grupamentos R1 dos alcenos e R2 dos tióis (Tabela 2).
Em alguns casos, quando se verificou que a reação ocorria de forma mais lenta,
optou-se por acompanhar o consumo dos materiais de partida através de cromatografia
em camada delgada, aumentando-se o tempo reacional.
31
Tabela 2 - Síntese dos tioéteres 99a-na.
Entrada Alceno Tiol Produto Tempo
(h)
Rendimentob
(%)
1
1 66
2
3 6
3
1 21
4
6 Traços
5
24 NR
6
1 74
7
1 71
8
1 82
9
2,5 28
10
1 58
32
11
3 29
12
22 17c
13
18 NR
14
4 NR
aCondições reacionais: tiol (0,5 mmol), alceno (0,6 mmol), ácido sulfâmico (20 mol %),
reação de 1 h sob temperatura ambiente. bRendimentos isolados.
cReação conduzida a 85
ºC.
Primeiramente, avaliou-se a influência que os grupos R1 ligados ao alceno
poderiam exercer frente à reação de hidrotiolação. Neste estudo inicial, observou-se
que a reação foi sensível a grupamentos ligados ao oxigênio, pois quando se utilizou o
benzoato de alila como substrato o rendimento do produto 99b caiu significativamente
quando comparado ao 99a, mesmo após um maior tempo reacional. Em contrapartida,
foi possível a obtenção do composto 99c com rendimento satisfatório em 1 hora de
reação, sendo esta reação seletiva à adição ao centro eletrofílico mole do sistema α,β-
insaturado.
Entretanto, a metodologia parece não ser aplicável para a hidrotiolação de
alcenos internos, uma vez que somente traços do produto 99d foram observados, além
de não se observar o produto da hidrotiolação do ácido oleico (99e), mesmo após 24
horas de reação.
Por outro lado, quando se empregou o estireno como fonte de insaturação,
observou-se um acréscimo no rendimento da reação, sendo que o produto 99f foi
obtido com 74% de rendimento. De maneira similar, a reação entre o 4-metilestireno e
o p-toluenotiol possibilitou a formação do produto desejado 99g em bom rendimento.
De particular importância, a presença de um grupo ativador forte na posição para
do anel aromático do estireno exerceu uma influência positiva na reação. Quando se
33
empregou o 4-metóxiestireno, por exemplo, o produto de interesse 99h foi obtido com
82% de rendimento em apenas 1 hora de reação.
Avaliando-se a influência dos grupamentos R2 ligados aos tióis, a presença de um
grupo retirador de elétrons na posição para influenciou de maneira negativa o
rendimento da reação. O emprego do p-clorobenzenotiol, por exemplo, levou à
formação do produto 99i com somente 28% de rendimento. Contudo, um maior
rendimento da reação foi observado quando se reagiu p-metóxiestireno com p-
clorobenzenotiol, sendo o respectivo produto formado (99j) com 58% de rendimento.
A reação também foi eficiente para o emprego de alguns tióis alquílicos. Quando
um tiol benzílico foi empregado, o produto 99k foi obtido com rendimento satisfatório.
Todavia, o emprego do ciclohexanotiol implicou em um decréscimo na formação do
produto 99l, sendo necessário maior tempo reacional, bem como aquecimento. Além
disso, um aumento na demanda estérica da cadeia carbônica alquílica do tiol
impossibilitou a formação dos produtos de interesse 99m e 99n.
De posse desses resultados, pode-se inferir que essa menor reatividade dos tióis
alquílicos frente à reação de hidrotiolação de alcenos pode estar associada à menor
estabilidade dos intermediários tienila alquílicos, quando comparados aos seus
análogos arílicos. Além disso, pode-se inferir que os efeitos eletrônicos dos
grupamentos R1 ligados aos alcenos foram mais evidentes, uma vez que a variação
desses grupos proporcionou melhores resultados nessa reação de hidrotiolação.
3.1.3. Descrição de um Espectro de RMN 1H e 13C
Todos os tioéteres foram identificados por RMN 1H e RMN 13C. A seguir, discutir-
se-á a atribuição dos sinais nos espectros de RMN para o tioéter 99h, como
representante dessa classe de compostos.
No espectro de RMN 1H (Figura 8), observa-se na região entre 7,26 ppm, um
dubleto com constante de acoplamento J = 8,1 Hz e integral relativa a 2 hidrogênios,
que foi atribuído aos hidrogênios aromáticos mais próximos ao átomo de enxofre.
Observa-se na região entre 7,54-7,51 ppm, um multipleto com integral relativa a 4
hidrogênios, correspondente aos hidrogênios aromáticos. Em campo mais alto,
34
visualiza-se um dubleto em 6,81 ppm com constante de acoplamento J = 8,3 Hz e
integral relativa a 2 hidrogênios atribuído aos hidrogênios aromáticos ligados aos
carbonos alfa ao grupamento metoxila. Em 3,76 ppm, pode-se observar um singleto,
com integral relativa a 3 hidrogênios, correspondente aos hidrogênios do grupamento
CH3 ligados ao carbono C-4. Em seguida, observam-se dois tripletos: o primeiro em
3,07 ppm com integral relativa a 2 hidrogênios e constante de acoplamento J = 8,3 Hz;
e o segundo em 2,81 ppm com integral relativa a 2 hidrogênios e constante de
acoplamento J = 8,3 Hz, atribuídos aos átomos de hidrogênio ligados ao C-2 e C-3,
respectivamente. Ainda, em 2,31 encontra-se um singleto com integral relativa a 3
hidrogênios atribuídos ao grupamento CH3 ligados ao C-1.
Figura 8 - Espectro de RMN 1H do composto 99h em CDCl3 a 200 MHz.
No espectro de RMN 13C, observam-se dezesseis sinais referentes aos carbonos
da molécula (Figura 9). Os sinais referentes aos carbonos dos anéis aromáticos
encontram-se na região compreendida entre 158,2 e 113,8 ppm. É importante ressaltar
que os sinais localizados em campo mais baixo dos carbonos aromáticos foram
35
atribuídos aos carbonos C-15, C-2, C-7 e C-10, caracterizando carbonos quaternários.
Em um deslocamento químico de 55,2 ppm visualiza-se o sinal referente ao carbono C-
16, que foi atribuído ao grupamento CH3 ligado ao oxigênio. Em seguida, em 36,0 e
34,8 ppm encontram-se os átomos de carbono atribuídos ao C-8 e C-9,
respectivamente. Por fim, o sinal em 20,9 ppm foi atribuído ao grupamento metila
ligado ao anel aromático (C-1).
Figura 9 - Espectro de RMN 13
C do composto 99h em CDCl3 a 100 MHz.
3.2. Preparação de Tioéteres Vinílicos a partir da Hidrotiolação de Alcinos
A fim de ampliar a variedade de substratos do presente trabalho, planejou-se
verificar a eficiência do ácido sulfâmico como catalisador na reação de hidrotiolação de
alcinos terminais (Tabela 3). Inicialmente para a síntese dos tioéteres vinílicos, optou-
se por empregar alguns parâmetros reacionais previamente utilizados hidrotiolação dos
36
alcenos além de acompanhar o consumo dos materiais de partida através de
cromatografia em camada delgada (CCD).
Tabela 3 - Síntese dos tioéteres vinílicos 101a-ga.
Entrada Alcino Tiol Produto Tempo
(h) Z:E
b Rendimento
c
(%)
1
5 13:87 59
2
1 5
63:37 53:47
89 59
3
1 71:29 46
4
2 80:20 20d
5
2 82:18 24
6
5 - Traços
7
5 - NR
aCondições reacionais: tiol (0,5 mmol), alcino (0,6 mmol), ácido sulfâmico (20 mol %) sob temperatura
ambiente. bRelação isomérica calculada por RMN
1H.
cRendimentos isolados.
dComposto foi isolado
com traços de tiol.
Já no primeiro experimento foi possível a preparação do tioéter vinílico de
interesse através da reação entre tiofenol e fenilacetileno em presença de 20 mol % de
ácido sulfâmico, durante 5 horas de reação. Sob esta condição reacional o produto
37
101a foi sintetizado com rendimento de 59% e com alta estereosseletividade
(proporção Z:E = 13:87).
Posteriormente, avaliou-se a influência dos grupamentos ligados na posição para
do anel aromático no tiol. Para tal, reagiu-se o p-toluenotiol com o estireno por 5 horas,
obtendo-se o produto 101b com 59% de rendimento e proporção Z:E = 53:47. Contudo,
quando a mesma reação foi repetida, porém com tempo reacional de 1 hora, o produto
de interesse foi obtido com excelente rendimento e com proporção Z:E de 63:37. Este
resultado evidenciou que o aumento no tempo reacional pode acarretar na
isomerização do produto final, pois, além de alterar o rendimento, uma mudança
significativa na proporção Z:E foi observada.
Adicionalmente, a presença de um grupo substituinte retirador de elétrons na
posição para do anel aromático do tiol fez decrescer o rendimento da reação, sendo o
produto 101c isolado em 46%. Essa menor reatividade do p-clorobenzenotiol implicou
em um aumento na estereosseletividade da reação, uma vez que o isômero Z foi obtido
em maior proporção (Z:E = 71:29).
Pôde-se também observar que a reação de hidrotiolação de alcinos é aplicável a
tióis alquílicos, uma vez que os produtos desejados 101d e 101e foram preparados em
20% e 24% de rendimento, respectivamente. Embora esses compostos tenham sido
sintetizados em baixos rendimentos, os mesmos foram obtidos com alta
estereosseletividade, o que é bastante interessante do ponto de vista sintético.
Por fim, alcinos alifáticos não se mostraram substratos adequados para essa
transformação, já que somente traços do produto 101f foram detectados e a reação
entre o 1-octino e o 4-metilbenzenotiol não foi eficiente para a preparação do composto
101g.
3.2.1. Descrição de um Espectro de RMN 1H
O cálculo da proporção Z:E para todos os tioéteres vinílicos foi realizado a partir
de seus respectivos espectros de RMN 1H, através da integração da região
correspondente aos hidrogênios vinílicos de cada isômero. A título de exemplo, a
Figura 10 mostra o espectro de RMN 1H que se utilizou para o cálculo da
38
estereosseletividade do composto 101a. Para melhor visualização e discussão dos
dados espectrais para a determinação da estereosseletividade desse composto, foi
expandida a região compreendida entre 6,94 e 6,53 ppm.
Na região de 6,92 ppm se observa um dubleto com J = 15,4 Hz que pode ser
atribuído a um dos hidrogênios vinílicos Ha do isômero E. Em campo mais alto, 6,77
ppm, encontra-se outro hidrogênio vinílico com J = 15,4 Hz, também correspondente ao
isômero E. Por outro lado, em 6,64 ppm visualiza-se um dubleto com J = 10,8 Hz
referente a um dos hidrogênios Hb do isômero Z. Na região de 6,55 ppm denota-se o
outro hidrogênio vinílico Hb, do isômero Z, com constante de acoplamento igual a 10,8
Hz. Com essas atribuições e levando em consideração a integral relativa desses sinais
pode-se deduzir que o isômero E está em maior proporção, nesse caso específico
87:13.
Figura 10 - Espectro de RMN 1H do tioéter vinílico 101a e cálculo da proporção Z:E.
39
3.3. Outras Reações de Hidrotiolação
A fim de expandir a metodologia para diferentes substratos, testou-se a adição
de um tiol a compostos carbonílicos (Esquema 32).
Esquema 32 - Adição de tióis a compostos carbonilados.
A adição do átomo de enxofre ao grupo carbonílico provou ser um processo
lento, já que despendeu 30 horas para que fosse alcançado rendimento de 48% do
produto 103, quando um aldeído (102) foi utilizado sob a temperatura ambiente. No
entanto, a mesma metodologia não se mostrou eficiente para a adição de tióis a
cetonas (104), uma vez que não foi possível a obtenção do produto desejado 105
mesmo após 16 horas de reação com aquecimento. Esta limitação pode ser explicada
devido à menor reatividade das cetonas quando comparadas aos respectivos aldeídos.
Cabe salientar ainda que a obtenção do composto 103 é de grande relevância,
uma vez que o produto gerado apresenta um centro estereogênico. Assim, este
resultado inicial permite a possibilidade de realização de um estudo mais aprofundado
no que diz respeito à versão assimétrica da hidrotiolação de aldeídos, dada a
importância da geração do produto formado.
40
3.4. Estudo da Reciclabilidade do Catalisador
Como forma de avaliar a possibilidade de recuperação e reutilização do ácido
sulfâmico em reações posteriores, realizou-se um estudo no que diz respeito à
reciclabilidade do catalisador. Para tal, escolheu-se a reação entre o estireno e o p-
toluenotiol, conforme demonstrado no Esquema 33. Assim, observou-se que é possível
recuperar o ácido sulfâmico e reutilizá-lo até o quarto ciclo sem perda significativa no
rendimento da reação.
Esquema 33 - Estudo da reciclabilidade do catalisador.
3.5. Proposta Mecanística
A fim de tentar elucidar o mecanismo envolvido, avaliou-se a hipótese de que a
reação poderia ocorrer via formação de radical. Para avaliar essa possibilidade, reagiu-
se o 4-metilbenzenotiol com estireno, nas condições ótimas de reação, em presença de
um equivalente de 2,2,6,6-tetrametil-1-piperidiniloxi (TEMPO) como inibidor radicalar.
41
Após o término da reação, observaram-se somente traços do produto desejado
(Esquema 34).
Esquema 34 - Reação-teste para síntese do tioéter utilizando TEMPO como inibidor radicalar.
Baseado nesse experimento bem como nos resultados ilustrados na Tabela 2 e
em concordância com alguns trabalhos previamente descritos em literatura,[51]
propusemos um possível mecanismo para a síntese dos tioéteres (Figura 11). Acredita-
se que, primeiramente, ocorra a formação do radical tienila 106 no meio reacional. Tal
intermediário seria rapidamente gerado in situ através da clivagem homolítica da
ligação S-H devido à presença do oxigênio do ar. Em seguida, esse radical 106 poderia
ser estabilizado pela interação com o ácido sulfâmico, gerando a espécie 107, similar à
descrita previamente por Chung e colaboradores.[51] Na sequência, o radical tienila
estabilizado pelo catalisador 107 reagiria mais facilmente com o alceno 1, levando à
formação do radical 108. Este, por sua vez, reagiria com outro equivalente de tiol 2,
formando o produto desejado 3 e regenerando o radical tienila 106.
Figura 11 - Proposta mecanística.
42
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se os objetivos propostos para o presente trabalho e analisando-
se os resultados obtidos, algumas conclusões e considerações relevantes podem ser
inferidas.
O trabalho teve como foco principal o desenvolvimento de um novo método que
permitisse a síntese de uma variedade de sulfetos alquil-arílicos e vinílicos, a partir da
reação de hidrotiolação de alcenos e alcinos de forma simples, rápida e
ambientalmente adequada. Alguns princípios da Química Verde puderam ser
observados nesse protocolo, já que o uso da catálise e não-utilização de solvente na
reação tornou a síntese mais segura e menos poluente, prevenindo acidentes e
valendo-se da economia atômica.
Nesse contexto, pode-se considerar que o projeto foi realizado com sucesso,
pois foi desenvolvida uma metodologia regiosseletiva de preparação de tioéteres na
ausência de solvente e utilizando ácido sulfâmico como catalisador.
Adicionalmente, foi possível estender o presente método para a reação de tiol
com aldeído, onde se obteve o produto desejado com bom rendimento, tornando a
metodologia mais abrangente. Além disso, esse experimento possibilitou a formação
de um centro estereogênico no produto final, o que possibilitará um estudo futuro da
versão enantiosseletiva dessa reação.
Outro aspecto importante do presente trabalho foi a recuperação do catalisador
e sua reutilização em quatro reações subsequentes. Esse fato torna a metodologia
bastante atraente do ponto de vista ambiental e econômico.
Como futuras perspectivas deste trabalho poderiam ser realizadas variações do
organocalcogênio de partida, utilizando-se Se e Te. Conforme foi relatado, há
evidências que derivados desses compostos possuem propriedades farmacológicas.
Assim, poderiam ser realizados testes para obter informações sobre possíveis
propriedades que estes tioéteres sintetizados poderiam apresentar.
Cabe ressaltar ainda que os resultados aqui apresentados estão sendo redigidos
na forma de um artigo científico específico da área, o qual se encontra em fase final de
redação.
43
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Os solventes utilizados nas extrações das reações, cromatografia em coluna (CC)
e cromatografia em camada delgada (CCD) foram de grau analítico P.A.
Para o procedimento de isolamento e purificação dos compostos por CC, foi
utilizado como fase estacionária gel de sílica 0,063 - 0,2 mesh e gel de sílica 0,04 -
0,063 mesh para CC flash.
As frações e compostos obtidos foram analisados através de CCD, utilizando-se
placas de alumínio recobertas por gel de sílica e indicador UV F-254, de marca
Silicycle, com 250 µm de espessura. As substâncias separadas nas placas
cromatográficas foram visualizadas utilizando revelação em câmara de iodo e
revelação em câmara de luz ultravioleta.
Todos os solventes e reagentes empregados nas sínteses, purificações e
caracterizações foram adquiridos de fontes comerciais (Aldrich, Merck, Fluka, Nuclear,
Synth) e utilizados sem prévia purificação, com exceção de hexano, que foi
previamente destilado.
Para remoção dos solventes das soluções orgânicas, foram utilizados:
- Rota-evaporador Fisatom;
- Linha de vácuo equipada com bomba de alto-vácuo Edwards modelo RV5.
Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C foram obtidos
utilizando-se o espectrômetro de campo alto Bruker modelo Ascend, operando em 400
MHz e 100 MHz (Centro Integrado de Análises - FURG/Rio Grande) e também o
espectrômetro Bruker operando em 200 MHz e 50 MHz (Central de Análise do
Departamento de Química - UFSC/Florianópolis). As amostras foram dissolvidas em
clorofórmio deuterado, empregando-se tetrametilsilano (TMS) como referência. Os
deslocamentos químicos () foram registrados em valores adimensionais, a constante
de acoplamento J em Hz foi calculada pelo software ACD/NMR Processor e a
multiplicidade dos sinais foi indicada como s = singleto, d = dubleto, dd = duplo dubleto,
t = tripleto e m = multipleto.
44
5.1. Preparação dos Tioéteres Orgânicos
5.1.1. Procedimento Geral de Preparação dos Tioéteres 99a-l
A um tubo de ensaio munido de uma barra de agitação magnética adicionou-se
ácido sulfâmico (20 mol %, 0,0097 g), tiol (0,5 mmol) e alceno (0,6 mmol),
respectivamente. Posteriormente, deixou-se o sistema à temperatura ambiente e sob
agitação magnética durante 1 hora. Após o término da reação, adicionou-se água (20
mL) e extraiu-se a mistura reacional com acetato de etila (3 x 15 mL). A fase orgânica
foi seca com MgSO4 anidro, filtrada e o solvente removido sob vácuo. O produto bruto
foi purificado por cromatografia com sílica flash ou sílica comum, eluindo-se com
hexano ou uma mistura de hexano/acetato de etila.
5.1.2. Caracterização dos Tioéteres Sintetizados
3-(p-toluiltio)propan-1-ol[58]
Rend.: 66%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 200 MHz): δ = 7,30-7,24 (m, 2H); 7,09 (d, J
= 7,6 Hz, 2H); 3,74 (t, J = 6,0 Hz, 2H); 2,98 (t, J = 7,0 Hz, 2H); 2,31 (s, 3H); 1,91-1,79
(m, 2H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 136,2; 134,4; 130,1; 129,7; 61,4; 31,8;
31,0; 20,9 ppm.
3-(p-toluiltio)propilbenzoato
Rend.: 6%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 8,03-8,01 (m, 2H); 7,56 (t, J =
7,3 Hz, 1H); 7,44 (t, J = 7,3 Hz, 2H); 7,29 (d, J = 8,1 Hz, 2H); 7,10 (d, J = 7,8 Hz, 2H);
4,42 (t, J = 6,4 Hz, 2H); 3,03 (t, J = 7,3 Hz, 2H); 2,31 (s, 3H); 2,10-2,04 (m, 2H) ppm.
58
Emerson, C. R.; Zakharov, L. N.; Blakemore, P. R. Chem. Eur. J. 2013, 19, 16342.
45
RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 166,5; 136,5; 132,9; 132,0; 130,4; 130,2; 129,8; 129,6;
128,4; 63,4; 31,2; 28,5; 21,0 ppm.
metil 3-(p-toluiltio)propanoato[59]
Rend.: 21%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,29 (d, J = 8,3 Hz, 2H); 7,11
(d, J = 7,8 Hz, 2H); 3,67 (s, 3H); 3,11 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 2,60 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 2,32
(s, 3H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 172,2; 136,9; 131,3; 131,1; 129,8; 51,8;
34,3; 29,8; 21,0 ppm.
fenetil(p-toluil)sulfano[51]
Rend.: 74%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 200 MHz): δ = 7,31-7,10 (m, 9H); 3,12 (t, J =
8,2 Hz, 2H); 2,90 (t, J = 8,2 Hz, 2H); 2,33 (s, 3H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ =
140,3; 136,2; 132,5; 130,1; 129,7; 128,5; 128,4; 126,4; 35,8; 35,7; 21,0 ppm.
(4-metilfenetil)(p-toluil)sulfano[60]
Rend.: 71%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,27 (d, J = 8,1 Hz, 2H); 7,12-
7,06 (m, 6H); 3,10 (t, J = 7,8 Hz, 2H); 2,85 (t, J = 7,6 Hz, 2H); 2,32 (s, 3H); 2,31 (s, 3H)
ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 137,3; 136,1; 135,9; 132,6; 130,0; 129,7; 129,2;
128,4; 35,9; 35,3; 21,0; 21,0 ppm.
59
Zhu, N.; Zhang, F.; Liu, G. J. Comb. Chem. 2010, 12, 531.
60 Wang, B.; Lin, C.; Liu, Y.; Fan, Z.; Liu, Z.; Zhang, Y. Org. Chem. Front. 2015, 2, 973.
46
(4-metoxifenetil)(p-toluil)sulfano
Rend.: 82%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 200 MHz): δ = 7,26 (d, J = 8,1 Hz, 2H); 7,10-
7,06- (m, 4H); 6,81 (d, J = 8,3 Hz, 2H); 3,75 (s, 3H); 3,07 (t, J = 8,3 Hz, 2H); 2,81 (t, J =
8,3 Hz, 2H); 2,30 (s, 3H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 158,2; 136,0; 132,6;
132,4; 130,0; 129,4; 113,8; 93,4; 55,2; 36,0; 34,8; 20,9 ppm.
(4-clorofenil)(fenetil)sulfano[61]
Rend.: 28%, óleo amarelo, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,35-7,20 (m, 9H); 3,17 (t, J
= 8,3 Hz, 2H); 2,94 (t, J = 8,3 Hz, 2H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 139,9;
134,9; 132,0; 130,6; 129,0; 128,5; 128,4; 126,5; 35,5; 35,4 ppm.
(4-clorofenil)(4-metoxifenetil)sulfano[62]
Rend.: 58%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,26 (s, 4H); 7,10 (d, J = 8,8
Hz, 2H); 6,84 (d, J = 8,6 Hz, 2H); 3,79 (s, 3H); 3,11 (t, J = 7,8 Hz, 2H); 2,85 (t, J = 8,0
Hz, 2H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 158,3; 135,0; 132,0; 130,5; 129,4; 129,0;
113,9; 55,2; 35,7; 34,6 ppm.
benzil(fenetil)sulfano[51]
Rend.: 29%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 200 MHz): δ = 7,32-7,27 (m, 6H); 7,20-7,13
(m, 4H); 3,71 (s, 2H); 2,84 (t, J = 7,1 Hz, 2H); 2,65 (t, J = 7,1 Hz, 2H) ppm. RMN 13C
61
Ranu, B. C.; Mandal, T. Synlett 2007, 6, 925.
62 Ranu, B. C.; Mandal, T. Tetrahedron Lett. 2006, 47, 6911.
47
(CDCl3, 100 MHz): δ = 142,5; 137,9; 128,9; 128,5; 127,8; 127,2; 125,7; 71,7; 47,4; 40,9;
36,2 ppm.
ciclohexil(fenetil)sulfano[51]
Rend.: 17%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,31-7,27 (m, 2H); 7,27-7,19
(m, 3H); 2,89-2,85 (m, 2H); 2,80-2,76 (m, 2H); 2,68-2,61 (m, 1H); 1,97 (d, J = 10,0 Hz,
2H); 1,77 (d, J = 5,1 Hz, 2H); 1,61 (d, J = 5,1 Hz, 1H); 1,35-1,24 (m, 5H) ppm. RMN 13C
(CDCl3, 100 MHz): δ = 140,8; 128,4; 128,4; 126,2; 43,7; 36,7; 33,7; 31,6; 26,1; 25,8
ppm.
5.1.3. Procedimento Geral de Preparação dos Tioéteres Vinílicos
A um tubo de ensaio munido de uma barra de agitação magnética adicionou-se
ácido sulfâmico (20 mol %, 0,0097 g), tiol (0,5 mmol) e alcino (0,6 mmol),
respectivamente. Posteriormente, deixou-se o sistema à temperatura ambiente e sob
agitação magnética durante 1 hora. Após o término da reação, adicionou-se água (20
mL) e extraiu-se a mistura reacional com acetato de etila (3 x 15 mL). A fase orgânica
foi seca com MgSO4 anidro, filtrada e o solvente removido sob vácuo. O produto bruto
foi purificado por cromatografia com sílica flash ou sílica comum, eluindo-se com
hexano.
5.1.4. Caracterização dos Tioéteres Vinílicos Sintetizados
fenil(estiril)sulfano[51]
Rend.: 59%, óleo incolor, proporção Z:E = 12:88. RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,54-
7,21 (m, 10H); 6,88 (d, J = 15,4 Hz, 0,88 x 1H); 6,73 (d, J = 15,4 Hz, 0,88 x 1H); 6,60
48
(d, J = 10,8 Hz, 0,12 x 1H); 6,50 (d, J = 10,8 Hz, 0,12 x 1H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100
MHz): δ = 136,5; 135,2; 131,8; 130,0; 129,8; 129,2; 128,7; 128,3; 127,6; 127,2; 127,1;
126,9; 126,0; 123,4 ppm.
estiril(p-toluil)sulfano[63]
Rend.: 59%, sólido branco, proporção Z:E = 53:47. RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,52
(d, J = 8,3 Hz, 1H); 7,40-7,27 (m, 5H); 7,23-7,14 (m, 3H); 6,85 (d, J = 15,4 Hz, 0,47 x
1H); 6,64 (d, J = 15,6 Hz, 0,47 x 1H); 6,54 (d, J = 10,8 Hz, 0,53 x 1H); 6,46 (d, J = 10,8
Hz, 0,53 x 1H); 2,35 (s, 3H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 137,3; 136,6; 132,7;
131,1; 130,6; 130,5; 129,9; 128,7; 128,6; 128,3; 127,4; 127,0; 126,5; 125,9; 124,4; 21,0
ppm.
(4-clorofenil)(estiril)sulfano[64]
Rend.: 46%, sólido amarelo, proporção Z:E = 71:29. RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ =
7,52-7,50 (d, J = 8,6 Hz, 2H); 7,41-7,24 (m, 7H); 6,82 (d, J = 15,6 Hz, 0,29 x 1H); 6,74
(d, J = 15,4 Hz, 0,29 x 1H); 6,62 (d, J = 10,8 Hz, 0,71 x 1H); 6,42 (d, J = 10,8 Hz, 0,29 x
1H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 136,2; 134,7; 133,3; 131,2; 129,3; 128,8;
128,3; 128,0; 127,3; 125,1 ppm.
benzil(estiril)sulfano[60]
63
Singh, R.; Raghuvanshi, D. S.; Singh, K. N. Org. Lett. 2013, 15, 4202.
64 Kabir, M. S.; Lorenz, M.; Linn, M. L. V.; Namjoshi, O. A.; Ara, S.; Cook, J. M. J. Org. Chem. 2010, 75,
3626.
49
Rend.: 20%, óleo amarelo, proporção Z:E = 80:20. RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,44
(d, J = 7,8 Hz, 2H); 7,37-7,17 (m, 8H); 6,71 (d, J = 15,6 Hz, 0,20 x 1H); 6,52 (d, J = 15,6
Hz, 0,20 x 1H); 6,41 (d, J = 11,0 Hz, 0,80 x 1H); 6,24 (d, J = 10,8 Hz, 0,80 x 1H); 4,00
(s, 0,20 x 2H); 3,98 (s, 0,80 x 2H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 137,4; 136,8;
129,4; 129,0; 128,8; 128,7; 128,6 (2C); 128,5; 128,2; 127,9; 127,4 (2C); 127,0; 126,7;
126,0; 125,9; 125,6; 124,3; 43,3; 39,5; 37,4 ppm.
dodecil(estiril)sulfano[51]
Rend.: 24%, óleo amarelo, proporção Z:E = 82:18. RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,48
(d, J = 7,3 Hz, 2H); 7,36-7,18 (m, 3H); 6,72 (d, J = 15,6 Hz, 0,18 x 1H); 6,45 (d, J = 15,6
Hz, 0,18 x 1H); 6,42 (d, J = 11,0 Hz, 0,82 x 1H); 6,24 (d, J = 11,0 Hz, 0,82 x 1H); 2,78
(t, J = 7,3 Hz, 2H); 1,72-1,65 (m, 2H); 1,45-1,26 (m, 18H); 0,88 (t, J = 6,60 Hz, 3H) ppm.
RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ = 137,0; 128,6 (2C); 128,2; 127,7; 126,7; 126,6; 126,5;
125,4; 125,2; 35,9; 31,9; 30,2; 29,6; 29,5; 29,3; 29,2; 28,6; 22,7; 14,1 ppm.
5.1.5. Procedimento Geral de Preparação do Tioéter 103
A um tubo de ensaio munido de uma barra de agitação magnética adicionou-se
ácido sulfâmico (20 mol %, 0,0097 g), tiol (0,5 mmol, 0,0620 g) e benzaldeído (0,6
mmol, 61 µL), respectivamente. Posteriormente, deixou-se o sistema à temperatura
ambiente e sob agitação magnética durante 30 horas. Após o término da reação,
adicionou-se água (20 mL) e extraiu-se a mistura reacional com acetato de etila (3 x 15
mL). A fase orgânica foi seca com MgSO4 anidro, filtrada e o solvente removido sob
vácuo. O produto bruto foi purificado por cromatografia com sílica flash ou sílica
comum, eluindo-se com uma mistura de hexano/acetato de etila (90:10).
50
5.1.6. Caracterização do Tioéter Sintetizado
fenil(p-toluiltio)metanol
Rend.: 48%, óleo incolor, RMN 1H (CDCl3, 200 MHz): δ = 7,27-7,13 (m, 7H); 6,95 (d, J
= 7,8 Hz, 2H); 5,23 (s, 1H); 2,21 (s, 3H) ppm. RMN 13C (CDCl3, 50 MHz): δ = 140,0;
138,0; 133,1; 130,9; 129,5; 128,4; 128,3; 127,9; 127,8; 61,3; 21,1 ppm.
5.2. Procedimento para a recuperação do catalisador
Após o término da reação, procedeu-se com o reciclo do catalisador,
adicionando-se éter dietílico ao frasco reacional e coletando-se o sobrenadante (10 mL)
com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. O catalisador foi novamente lavado com éter
dietílico, seco sob vácuo durante aproximadamente 2 horas e, então, o sistema foi
submetido à pesagem, para verificar se não houve perda de massa de ácido sulfâmico
durante este processo. Novamente as devidas quantidades de tiol e alceno foram
inseridas ao frasco e a reação conduzida, conforme procedimento descrito
anteriormente.
51
6. ANEXOS
Figura 12 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz.
M-24-2_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 -0.5
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Norm
alized Inte
nsity
3.472.992.162.171.601.65
7.3
07.2
87.2
57.2
47.1
17.0
7
3.7
7 3.7
53.7
43.7
1
3.0
2 3.0
02.9
82.9
5
2.3
1
1.8
8 1.8
51.8
2
52
Figura 13 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M24-2_C.ESP
144 136 128 120 112 104 96 88 80 72 64 56 48 40 32 24 16
Chemical Shift (ppm)
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Norm
alized Inte
nsity
136.2
0134.4
3
130.1
0129.6
7
61.3
9
31.7
5 31.0
1
20.9
3
53
Figura 14 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
M-82_H.ESP
8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0N
orm
alized Inte
nsity
2.093.002.042.051.981.922.021.011.97
TMS
8.0
38.0
38.0
18.0
17.5
87.5
6 7.4
67.4
47.3
07.2
87.2
67.1
17.0
9
4.4
44.4
24.4
1
3.0
53.0
33.0
1
2.3
12.1
02.0
9 2.0
72.0
52.0
42.0
4
54
Figura 15 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-82_C.ESP
160 140 120 100 80 60 40 20 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
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0.7
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1.0N
orm
alized Inte
nsity
166.4
7
136.4
6132.9
4129.7
5129.5
5128.3
5
63.3
5
31.1
528.5
2
20.9
9
55
Figura 16 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-85_H.ESP
7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
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1.0N
orm
alized Inte
nsity
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7.3
0 7.2
8
7.1
27.1
0
3.6
7
3.1
33.1
13.0
9
2.6
22.6
02.5
8
2.3
2
56
Figura 17 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-85_C.ESP
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Norm
alized Inte
nsity
172.2
5
136.8
8
131.2
7131.0
6129.7
9
51.7
5
34.3
0
29.7
8
21.0
0
57
Figura 18 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz.
M-38_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0N
orm
alized Inte
nsity
3.002.001.929.91
7.3
17.2
77.2
77.2
07.1
37.1
0
3.1
73.1
33.0
92.9
42.9
02.8
6
2.3
3
58
Figura 19 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-38_C.ESP
140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Norm
alized Inte
nsity
140.3
3
136.2
0
132.4
7130.1
3 129.7
0 128.4
6126.3
7 35.8
435.7
7
21.0
0
59
Figura 20 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
M-39_2_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Norm
alized Inte
nsity
6.001.962.005.721.88
7.2
87.2
6
7.0
97.0
9 7.0
87.0
6
3.1
23.1
03.1
03.0
82.8
82.8
52.8
4
2.3
22.3
1
0.0
0
60
Figura 21 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-39_2_C.ESP
140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Chemical Shift (ppm)
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
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0.9
1.0N
orm
alized Inte
nsity
137.2
6136.1
2135.9
1
132.5
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4129.1
5128.3
7
35.9
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9
21.0
2
61
Figura 22 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz.
M-40_H.ESP
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62
Figura 23 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-40_C.ESP
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nsity
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1
20.9
3
63
Figura 24 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-72_M3_H.ESP
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nsity
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73.1
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62.9
42.9
2
64
Figura 25 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-72_M3_C.ESP
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65
Figura 26 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
M-61_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
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nsity
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66
Figura 27 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-61_C.ESP
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Norm
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nsity
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35.6
634.6
3
67
Figura 28 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz.
M-14_H.ESP
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Norm
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nsity
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2.8
42.8
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52.6
2
68
Figura 29 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-92_C.ESP
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36.1
8
69
Figura 30 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-67_H.ESP
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nsity
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81.2
71.2
61.2
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0
70
Figura 31 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-67_C.ESP
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nsity
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3
71
Figura 32 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-76_H.ESP
8.5 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
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nsity
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16.5
86.5
16.4
9
72
Figura 33 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-76_C.ESP
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nsity
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9
73
Figura 34 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-50_H.ESP
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74
Figura 35 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-50_C.ESP
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nsity
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621.0
5
75
Figura 36 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
C-88_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
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27.5
2
76
Figura 37 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
C-88_C.ESP
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nsity
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3
77
Figura 38 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
M-98_H.001.ESP
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nsity
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37.2
57.2
67.3
17.3
27.3
47.3
57.4
47.4
5
78
Figura 39 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-98_C.ESP
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nsity
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937.3
5
79
Figura 40 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.
M-99_H.ESP
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0
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Norm
alized Inte
nsity
3.2320.162.001.900.810.980.173.661.59
80
Figura 41 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 100 MHz.
M-99_C.ESP
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Norm
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nsity
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029.6
329.4
829.3
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28.5
9
22.6
7
14.1
1
81
C-14_H.ESP
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36.9
76.9
36.9
2
5.2
3
2.2
1
Figura 42 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 200 MHz.
82
Figura 43 - Espectro de RMN 13
C em CDCl3 a 50 MHz.
C-14_C.ESP
144 136 128 120 112 104 96 88 80 72 64 56 48 40 32 24 16
Chemical Shift (ppm)
0
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0.4
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Norm
alized Inte
nsity
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127.8
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2
61.3
0
21.1
3