citocininas e senescência - fisiologia vegetal

Upload: fciencias

Post on 05-Apr-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    1/6

    Fisiologia Vegetal 2011/2012

    1

    Introduo

    Senescncia o processo natural de envelhecimento ao nvel celular ou o

    conjunto de fenmenos associados a este processo. Ocorre por meio de uma

    programao gentica que envolve deteriorao dos telmeros e ativao de genes

    supressores tumorais. As clulas que entram em senescncia perdem a capacidade

    proliferativa aps um determinado nmero de divises celulares.

    Senescncia no o destino inevitvel de todos os organismos. Uma variedade

    de organismos, incluindo alguns animais de sangue frio, tem a senescncia mnima. Se

    a velhice como um processo biolgico pode ser abrandada, interrompida ou mesmo

    revertida, um assunto de especulao cientfica e de investigao actual.

    O tempo de vida das folhas pode variar desde algumas semanas a alguns anos.

    A longevidade de uma folha ento determinada por um processo de senescncia,

    conduzindo finalmente morte. Tal processo tambm condicionado, por exemplo,

    por alteraes do fotoperodo e da temperatura.

    As citocininas constituem um grupo de hormonas vegetais responsvel pela

    regulao de diversos processos de desenvolvimento da planta que incluem, entre

    outros, as divises celulares, a senescncia foliar, a diferenciao de cloroplastos e aexpanso de folhas e cotildones. Estas so produzidas nas razes e transportadas,

    pelo xilema, para todas as partes da planta. Citocininas, como por exemplo a

    benziladenina e a cinetina, atrasam a senescncia foliar, atrasando a degradao de

    vrios constituintes celulares, nomeadamente clorofilas.

    Ao nvel do mercado, as citocininas adiam o envelhecimento, o amarelecimento

    e a perda de qualidade dos produtos vegetais.Neste trabalho laboratorial, procedeu-se observao do efeito de uma

    citocinina, a benziladenina (BA), na senescncia foliar.

    Material e Mtodos

    Material Biolgico

    Utilizaram-se 14 plantas de P. vulgaris de tamanho semelhante, com o 1 par

    de folhas desenvolvido e a 1 folha trifoliada com cerca de 1,5 cm.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Envelhecimentohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tel%C3%B4merohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vegetalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%ADzhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Xilemahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Plantahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Plantahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Xilemahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%ADzhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vegetalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tel%C3%B4merohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Envelhecimento
  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    2/6

    Fisiologia Vegetal 2011/2012

    2

    Preparao e Tratamento das Plantas

    A partir de 2 plantas, congelou-se 0,10 g de material vegetal do 1 par de folhas

    para posterior quantificao do teor inicial de clorofilas a e b.

    s restantes 12 plantas eliminou-se o sistema radicular (fonte endgena de

    citocininas), deixando a mesma poro de caule abaixo do 1 par de folhas e retirou-se

    os cotildones (reservas de nutrientes). Em cada um dos 5 recipientes cheios com gua

    destilada e 1 contendo 9 de gua destilada e9 de soluo nutritiva, colocaram-se 2

    plantas (das 12). Estas foram ento sujeitas aos seguintes tratamentos:

    Tabela 1: Condies experimentais dos vrios grupos de plantas.

    Nota: Aplicao de BA na pgina superior das folhas; as folhas tratadas foram identificadas

    com um cordel; soluo de BA (6-benzilaminopurina) de concentrao 30 mg/dm3.

    Duas vezes por semana, durante cerca de 15 dias, a gua destilada e a soluo

    nutritiva foram renovadas e as razes adventcias removidas. Os tratamentos de BA

    foram repetidos uma vez por semana.

    Extraco e Quantificao de Clorofilas

    Utilizando amostras de 0,10 g para cada extraco/quantificao, seguiu-se o

    seguinte procedimento:

    Num almofariz com pilo, procedeu-se homogeneizao do extracto, na

    presena de acetona a 80% e areia de quartzo. Transferiu-se o extracto para um tubo

    de centrfuga, lavando-se o almofariz at perfazer um volume final de acetona de 7 ou

    Grupos deplantas

    Tratamento

    1 Plantas controlo, sem aplicao de BA

    2 Plantas controlo, sem aplicao de BA, mantidas em soluo nutritiva

    3 BA aplicado em ambas as folhas do 1 par

    4 BA aplicado a uma das folha do 1 par e deixar a outra folha por tratar

    5BA aplicado na metade direita de cada folha do 1 par e deixar a metade

    oposta por tratar

    6BA aplicado nos fololos da 1 folha trifoliada, deixando o 1 par de folhas

    por tratar

  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    3/6

    Fisiologia Vegetal 2011/2012

    3

    10 mL (ou mais), consoante o grupo de plantas. Depois da calibrao dos tubos

    procedeu-se sua centrifugao (10 min a 5000 rpm), recolhendo-se ento o

    sobrenadante e medindo o seu volume final. Com recurso a um espectrofotmetro

    determinou-se a absorvncia a 645 e 663 nm.

    Resultados

    Os procedimentos anteriormente referidos permitiram o preenchimento das

    seguintes tabelas e grficos:

    Grupos de plantas

    Leituras 0 1 2 3 4 T 4 NT 5 T 5 NT 6

    Peso (g) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

    Volume (mL) 7,0 7,0 10,0 10,0 10,0 7,0 10,0 7,0 7,0

    =645 nm 0,3598 0,2239 0,5022 0,2591 0,3443 0,1462 0,3509 0,2234 0,0265

    =663 nm 0,6630 0,4887 0,7958 0,5195 0,6707 0,3620 0,6708 0,4969 0,0545

    Clor.a

    (mg/dm3)

    7,45 5,60 8,76 5,90 7,59 4,20 7,58 5,71 0,621

    Clor.b

    (mg/dm3)

    5,14 2,84 7,78 3,50 4,74 1,65 4,90 2,79 0,352

    Clor.a+b

    (mg/gpf)0,881 0,591 1,65 0,940 1,23 0,410 1,25 0,595 0,0681

    Tabela 2: Resultados experimentais obtidos e respectivas concentraes de clorofila (a, b e a+b),

    calculadas a partir das frmulas fornecidas pelo docente; Aos valores de absorvncia apresentados j

    foram subtrados os valores dos respectivos brancos.

    Exemplo de clculos para o grupo 1:

    [Cl a] = 12,7 x A 663nm 2,69 x A 645nm = 12,7 x 0,4887 2,69 x 0,2239 = 5,60 mg/dm3

    [Cl b] = 22,9 x A 645nm 4,68 x A 663nm = 22,9 x 0,2239 12,7 x 0,4887 = 2,84 mg/dm3

    [Cl a+b] = 5,60 + 2,84 = 8,44 mg/dm3 8,44 x 0,007 = 0,0591 mg

    [Cl a+b] =""'#

    "#= 0,591 mg/gpf

  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    4/6

    00.20.40.60.8

    1

    1.21.41.61.8

    0 (inicial) 1 2

    Concentrao

    (mg/gpf)

    Trat

    EFEITO ANTI-S

    Fig.1:Grupo de plantas 1. Primeir

    par de folhas verde-escuro e folol

    bem desenvolvidos.

    Fig.4:Grupo de plantas 4. Folha sem

    tratamento de cor amarela e folha

    tratada com BA de aspecto mais

    esverdeado.

    Grfico 1:Concentrao de clorofila

    teor clorofilino diminuiu em relao

    o mesmo aumentou de forma acent

    tratadas no grupo 4 apresentam um

    do que as no tratadas. O mesmo ac

    foi. Finalmente, o grupo 6 manifesta

    Fisiologia Veg

    3 4T 4NT 5T 5NT 6

    amentos

    ENESCENTE DAS CITOCININAS

    Teor de clorofilas

    s

    Fig.2:Grupo de plantas 2. Primeiro

    par de folhas verde-claro, com

    menores sinais de senescncia que

    no grupo 1.

    Fig.3:Gru

    de folhas

    no send

    fololos.

    Fig.5:Grupo de plantas 5. Metade da

    folha sem tratamento apresenta

    sintomas de senescncia (zona

    amarela) enquanto a metade tratada

    est mais verde.

    Fig.6:Gru

    primeiro

    senescn

    desenvolv

    Presena

    s (Y) em funo do tratamento efectuado (X); No gr

    ao inicial, enquanto no grupo de controlo 2, mantido

    ada. No grupo 3 este valor manteve-se praticament

    valor muito mais elevado de concentrao clorofilina

    ontece no grupo 5 para a metade da folha que foi tra

    um teor muito reduzido em relao ao inicial.

    tal 2011/2012

    4

    po de plantas 3. Presena

    erde-claro e verde-escuro,

    possvel a observao de

    po de plantas 6. Folhas do

    ar sem sintomas de

    ia e fololos mais

    idos que no grupo 1.

    de razes no caule.

    po de controlo 1 o

    em soluo nutritiva,

    igual. As folhas

    (superior ao inicial)

    tada e para a que no

  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    5/6

    Fisiologia Vegetal 2011/2012

    5

    Grupos de plantas

    1 3 6

    Comprimento mdio

    dos fololos (cm)5,8 3,7 7,3

    TratamentoPlantas controlo

    (sem tratamento)

    BA em ambas as

    folhas do 1 par

    BA nos fololos da 1

    folha trifoliada

    Tabela 3: Valores do comprimento mdio dos fololos disponibilizados pelo docente e respectivo

    tratamento para cada grupo de plantas; Os fololos do grupo 6 mostram o maior comprimento mdio,

    tendo crescido mais comparativamente com o grupo controlo. As plantas do grupo 3 possuem os

    fololos muito pouco desenvolvidos, havendo um menor crescimento em relao ao grupo controlo.

    Discusso

    O teor inicial de clorofila (0) permite uma comparao com os restantes grupos

    de plantas. Assim, a diferena do teor de clorofilas do grupo de controlo 1 em relao

    ao grupo de controlo 2, pode ser explicada pois o ltimo foi mantido em soluo

    nutritiva, sendo continuamente alimentado e desenvolvendo as suas folhas sem

    qualquer limitao. No grupo 1 ocorreu ento a mobilizao dos nutrientes para a

    folha trifoliada. As plantas do grupo 3 tambm continuaram o seu desenvolvimento

    uma vez que foram tratadas com a soluo de BA, tendo ocorrido um aumento do teor

    clorofilino pela mobilizao dos nutrientes para o primeiro par de folhas tratadas com

    BA. Para os grupos 4 e 5, as diferenas entre o teor clorofilino para as folhas (ou partes

    de folhas) no tratadas relativamente s tratadas tambm explicado pela presena

    de BA, sendo que a mobilizao dos nutrientes se deu das folhas (ou partes de folhas)

    no tratadas para as que sofreram tratamento. No grupo 6, era de esperar que

    ocorresse senescncia no primeiro par de folhas, o que no se verifica muito

    provavelmente devido presena de razes no caule, sendo que a diminuio do teorde clorofilas pode ser explicado pela mobilizao dos nutrientes das folhas do primeiro

    par para os fololos da folha trifoliada. Os resultados finais obtidos para o teor de

    clorofilas a+b foram concordantes com os esperados, excepo dos dois ltimos,

    referentes aos grupos de plantas 5NT, que deveria ser mais baixo e 6, que deveria ser

    mais elevado. Estes dois valores tambm deveriam ser prximos um do outro. Uma

    explicao possvel ser a ocorrncia de erros experimentais que podero ter afectado

    a concentrao final do extracto preparado: perda de extracto na passagem para os

    tubos de centrfuga, medio incorrecta do volume final de extracto, entre outros.

  • 7/31/2019 Citocininas e Senescncia - Fisiologia Vegetal

    6/6

    Fisiologia Vegetal 2011/2012

    6

    Respeitante aos comprimentos dos fololos foram igualmente os esperados

    uma vez que o tratamento com BA nos fololos do grupo 6 potenciou o seu

    desenvolvimento enquanto os fololos do grupo 3, na ausncia de BA, sofreram um

    desenvolvimento muito reduzido.

    Posto isto, podem ser mencionadas algumas limitaes na realizao deste

    trabalho e portanto ser importante referir que as plantas preparadas pela turma no

    sobreviveram, possivelmente devido a alteraes nas condies ambientais, por isso,

    na fase da quantificao de clorofilas e posterior clculo do teor clorofilino, foram

    utilizadas amostras de plantas preparadas pelo docente. Tambm o valor do teor

    clorofilino inicial foi fornecido pelo docente. Ainda assim, de um modo geral, os

    resultados obtidos permitiram-nos concretizar o objectivo inicial e concluir acerca da

    influncia da BA na senescncia foliar. Esta citocinina no s atrasa a senescncia foliar

    como tambm potencia o desenvolvimento e crescimento da planta.

    Bibliografia e Sites Consultados

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Senesc%C3%AAncia http://en.wikipedia.org/wiki/Senescence http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8137.1967.tb05426.x/pdf Lincoln Taiz and Eduardo Zeiger, 2010. Plant Physiology. Sinauer Associates,

    Incorporated.

    GUIA DOS TRABALHOS PRTICOS Apontamentos das aulas

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Senesc%C3%AAnciahttp://en.wikipedia.org/wiki/Senescencehttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8137.1967.tb05426.x/pdfhttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8137.1967.tb05426.x/pdfhttp://en.wikipedia.org/wiki/Senescencehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Senesc%C3%AAncia