cisto ósseo aneurismático parosteal - core.ac.uk .cisto ósseo aneurismático parosteal ......
Post on 08-Nov-2018
213 views
Embed Size (px)
TRANSCRIPT
r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 5;5 0(5):601606
R
C
WL
I
i
H
R
A
O
P
C
C
C
I
K
A
C
C
I
h0
www.rbo.org .br
elato de caso
isto sseo aneurismtico parosteal
alter Meohas, Ana Cristina de S Lopes, Joo Victor da Silveira Mller ,uma Duarte Barbosa e Marcelo Braganca dos Reis Oliveira
nstituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
nformaes sobre o artigo
istrico do artigo:
ecebido em 4 de junho de 2014
ceito em 23 de outubro de 2014
n-line em 28 de julho de 2015
alavras-chave:
isto sseo aneurismtico
alcitonina
orticosteroides
nfiltraco
r e s u m o
O cisto sseo aneurismtico tem uma incidncia de 0,14 a cada 100 mil indivduos. O subtipo
parosteal o menos prevalente, representa 7% de todos. Apresentamos um paciente mas-
culino, 38 anos, com dor e abaulamento em braco direito havia oito meses. Diagnosticado
previamente como tumor de clulas gigantes, teve sua lmina revisada e ento foi feito o
diagnstico de cisto sseo aneurismtico parosteal. O paciente foi tratado com infiltraco
intralesional de corticosteroide e calcitonina e evoluiu com melhoria clnica e radiolgica j
nas primeiras cinco semanas ps-operatrias.
2015 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora
Ltda. Todos os direitos reservados.
Parosteal aneurysmal bone cyst
eywords:
neurysmal bone cyst
alcitonin
orticosteroids
nfiltration
a b s t r a c t
The incidence of aneurysmal bone cysts is 0.14 cases per 100,000 individuals. Parosteal
aneurysmal bone cysts are the least prevalent subtype and represent 7% of all aneurysmal
bone cysts. We present the case of a 38-year-old male patient with pain and bulging in
his right arm for eight months. He had previously been diagnosed as presenting giant-
cell tumor, but his slides were reviewed and his condition was then diagnosed as parosteal
aneurysmal bone cyst. The patient was treated with corticosteroid and calcitonin infiltration
into the lesion and evolved with clinical and radiological improvement within the first five
weeks after the operation.
2015 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Elsevier Editora
Ltda. All rights reserved.
Trabalho feito no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia ( Autor para correspondncia.
E-mails: joao moller@hotmail.com, joaomoller@gmail.com (J.V.S. Mttp://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.10.002102-3616/ 2015 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. P
Into), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
ller).
ublicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.
dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.10.002http://www.rbo.org.brhttp://crossmark.crossref.org/dialog/?doi=10.1016/j.rbo.2014.10.002&domain=pdfmailto:joao_moller@hotmail.commailto:joaomoller@gmail.comdx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.10.002
p . 2 0
602 r e v b r a s o r t oIntroduco
O cisto sseo aneurismtico (COA) foi descrito primeiramenteem 1942 por Jaffe e Lichtenstein.1 Representa 1% a 2% detodos os tumores sseos primrios e acomete a regio meta-fisria de ossos longos de criancas, adolescentes e adultosjovens.2,3
A leso tpica desenvolve-se dentro do osso.4 Cistos loca-lizados na cortical ssea so raros e representam 7-9,3% detodos os COAs.5,6
Poucos so os casos na literatura e a conduta indivi-dualizada e de acordo com a experincia de cada servico.Apresentamos um caso de cisto sseo aneurismtico parostealtratado conforme nossa experincia.
Relato de caso
Paciente masculino, 38 anos, pardo, com queixa de dor e abau-lamento em braco direito de carter progressivo havia pelomenos oito meses. Negava trauma ou cirurgia prvia.
O paciente, atendido anteriormente em outro servico, fezbipsia, na qual o diagnstico histopatolgico foi compatvelcom tumor de clulas gigantes. Ao chegar a nosso servico,pelas caractersticas clnicas e radiolgicas (figs. 1-4), foi soli-
citada reviso das lminas.
A reviso de lmina evidenciou: leso constitudapor membranas de cisto que, por vezes, mostraramseptaces completas e constitudas por clulas fusiformes e
Figura 1 Radiografia em AP
1 5;5 0(5):601606
gigantes multinucleadas. Notaram-se ainda trabculassseas dissociadas por tecido conjuntivo fibroso, assimcomo trabculas sseas neoformadas com padro reativo,que levaram ao diagnstico de cisto sseo aneurismticoparosteal.
Foi indicada, aps deciso do grupo, infiltraco intralesi-onal com calcitonina e corticoesteroide. Na quinta semanaps-operatria, a leso j se mostra em processo de ossificaco(fig. 5).
Discusso
O cisto sseo aneurismtico descrito primeiramente em1942 por Jaffe e Lichtenstein caracterizado, segundo aOrganizaco Mundial da Sade, como leso ssea csticabenigna composta por lacunas sseas repletas de san-gue separadas por septos de tecido conectivo que contmfibroblastos, clulas gigantes osteoclsticas e tecido sseoreativo.1-3,7
O COA representa 1% a 2% de todos os tumores sseosprimrios e tem uma incidncia de 0,14 a cada 100 milindivduos.8 As leses acometem a regio metafisria de ossoslongos de criancas, adolescentes e adultos jovens.2,3
A leso desenvolve-se geralmente dentro do osso e causaafilamento cortical e eventualmente protruso ssea.4 Cistos
localizados na cortical ssea so raros e eram previamentedenominadas de tumor de clulas gigantes subperiosteais ouosteoclasia subperiosteal.4 Lichtenstein,9 em 1950, publicouartigo que elucidou e diferenciou o cisto sseo aneurismtico
e perfil de mero direito.
r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 5;5 0(5):601606 603
Figura 2 Aspectos tomogrficos.
ph
e
arosteal do tumor de clulas gigantes subperiosteais, do
emangioma e do sarcoma osteognico.
Ento, em 1957 Sherman e Soong5 classificaram os COAm trs tipos: excntricos, parosteais e centrais. O subtipo
parosteal representa o subtipo menos frequente, com 7% a
9,3% de todos os COAs.5,6
A dor o sintoma mais prevalente, com duraco desemanas a meses.2 Radiograficamente apresenta-se como
604 r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 5;5 0(5):601606
Figura 3 Ressonncia magntica.
leso nica, excntrica, insuflativa, que atinge o peris-teo e tem margens bem definidas.2,3 Reaco periostealem casca de cebola e tringulo de Codman podem estarassociados.2,6
A tomografia auxilia no diagnstico diferencial da leso.Mostra uma densidade lquida e pode evidenciar nitidamenteos nveis lquidos.2,6 A cintilografia demonstra um aumentona captaco na periferia da leso.2 Na ressonncia magn-tica a leso bem definida, com contornos lobulados e nveislquidos.2
A histologia do COA caracteriza-se por lacunas reple-tas de sangue. Essas lacunas so recobertas com umacamada simples de clulas indiferenciadas. O tecido slido
2
perilesional compe-se de fibrose ricamente vascularizada.A diferenciaco diagnstica entre o tumor de clulas gigan-tes e o osteossarcomatelengiectsico torna-se complexa emrelaco ao aspecto anatomopatolgico.2O tratamento, por representar leso agressiva, acuretagem, seguida ou no de adjuvantes, como enxer-tia ssea, aspirado de medula ssea, crioterapia, cimentosseo, argnio, fenol e calcitonina com corticosteroideintralesional.7,10 Em nosso servico, o corticosteroide associ-ado calcitonina intralesional o mtodo de escolha notratamento desse padro de leso. Foram descritos casosde resoluco das leses aps episdio de fratura, aps abipsia ou mesmo espontaneamente.7,8 A recorrncia daleso est associada a pacientes jovens, cisto sseo aneu-rismtico prvio, localizaco periarticular ou justafisria,nmero reduzido de mitoses e presenca de outras fisesabertas.8
Apresentamos um caso raro de cisto sseo aneurismticoparosteal no qual os achados clnicos, radiolgicos e anato-mopatolgicos, bem como uma equipe multidisciplinar, sefizeram imperativos para a completa elucidaco diagnstica.
r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 5;5 0(5):601606 605
Figura 4 Cintilografia ssea.
606 r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 5;5 0(5):601606
afias
r
Figura 5 Radiogr
Conflitos de interesse
Os autores declaram no haver conflitos de interesse.
e f e r n c i a s
1. Jaffe HL, Lichtenstein L. Solitary unicameral bone cyst: withemphasis on the roentgen picture. The pathologic appearanceand the pathogenesis. Archsurg. 1942;44(6):100425.
2. Jesus-Garcia R. Diagnstico e tratamento de tumores sseos.2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
3. Pietschmann MF, Oliveira AM, Chou MM, Ihrler S,Niederhagen M, Baur-Melnyk A, et al. Aneurysmal bone cysts
of soft tissue represente true neoplasm. A report of two cases.J Bone Joint Surg Am. 2011;93(45):18.
4. Kobayashi S, Hayakawa K, Takeno K, Baba H, Meir A. Parostealaneurysmal bone cyst of the humerus with birdcage-like
1
ps-operatrias.
ossification on three-dimensional CT scanning: a case report.Joint Bone Spine. 2009;76(6):7057.
5. Sherman RS, Soong KY. Aneurysmal bone cyst: its roentgendiagnosis. Radiology. 1957;68(1):5464.
6. De Dios AMV, Bond JR, Shives TC, McLeod RA, Unni KK.Aneurysmal bone cyst. A clinicopathologic study of 238 cases.Cancer. 1992;69(12):292131.
7. Reddy KIA, Sinnaeve F, Gaston CL, Grimer RJ, Carter SR.Aneurysmal bone cysts: do simple treatments work? ClinOrthop Relat Res. 2014;472(6):190110.
8. Steffner RJ, Liao C, Stacy G, Atanda A, Attar S, Avedian R, et al.Factors associated with recurrence of primary aneurysmalbone cysts: is argon beam coagulatio