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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO CIRURGIAS ELETIVAS UM ESTUDO SOBRE A FUNCIONALIDADE DOS PROCEDIMENTOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE Jéssica Cristina Ramos Silva –[email protected] – UFF/ICHS Resumo As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar se constituem para os gestores em um importante elenco de responsabilidades, serviços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade da assistência ao cidadão. Um dos grandes desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, nos dias de hoje, é o número considerável de cirurgias eletivas estagnadas. Com isso o tempo de espera por este tipo de intervenção varia de acordo com a oferta de serviços, referentes à estrutura e processo, ou à características da demanda. É por essas razões que se faz necessário a investigação sobre a funcionalidade dos procedimentos eletivos de média complexidade, em se tratando de saúde pública na visão dos gestores envolvidos no processo. A questão do estudo é, quais são as reais causas da demora na fila de espera? O presente artigo tem como objetivo geral mostrar o processo funcional e logístico das cirurgias eletivas de média complexidade, apontando a dinâmica das filas, os obstáculos encontrados sob a óticas dos gestores hospitalar, municipal e médico-especialista e, em específicos conhecer os procedimentos eletivos de média complexidade, bem como a Política Nacional dessas cirurgias, a gestão e o financiamento de recursos. A metodologia deste estudo foi elaborada primeiramente por intermédio de revisão sistemática da literatura, de caráter qualitativa e exploratória, se utilizando livros, revistas, artigos científicos, entre outras fontes e ainda, a realização da pesquisa de campo na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa, com obtenção de dados sobre cirurgias e custos da mesma. Nesse aspecto evidenciou-se como é formada a fila de espera no município, a necessidade de atualização dos valores dos procedimentos cirúrgicos da tabela SUS, um novo modelo de pagamento dos profissionais de saúde e melhoria na organização de agenda das cirurgias eletivas. Apesar de haver políticas públicas eficientes sobre o tema, no âmbito empírico se constata a necessidade de convênios, parcerias e/ou mutirões entre secretarias e hospitais para reduzir o tempo de espera. O trabalho abre precedente a estudos minuciosos de outros fatores ligados ao tema com o intuito de diminuir o tempo de espera de pacientes por cirurgias eletivas no SUS. Palavras-chave: Cirurgias Eletivas; Fila de Espera; Média Complexidade. 1

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

CIRURGIAS ELETIVASUM ESTUDO SOBRE A FUNCIONALIDADE DOS PROCEDIMENTOS

DE MÉDIA COMPLEXIDADE

Jéssica Cristina Ramos Silva –[email protected] – UFF/ICHS

Resumo

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial ehospitalar se constituem para os gestores em um importante elenco de responsabilidades,serviços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade daassistência ao cidadão. Um dos grandes desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil,nos dias de hoje, é o número considerável de cirurgias eletivas estagnadas. Com isso o tempode espera por este tipo de intervenção varia de acordo com a oferta de serviços, referentes àestrutura e processo, ou à características da demanda. É por essas razões que se faz necessárioa investigação sobre a funcionalidade dos procedimentos eletivos de média complexidade, emse tratando de saúde pública na visão dos gestores envolvidos no processo. A questão doestudo é, quais são as reais causas da demora na fila de espera? O presente artigo tem comoobjetivo geral mostrar o processo funcional e logístico das cirurgias eletivas de médiacomplexidade, apontando a dinâmica das filas, os obstáculos encontrados sob a óticas dosgestores hospitalar, municipal e médico-especialista e, em específicos conhecer osprocedimentos eletivos de média complexidade, bem como a Política Nacional dessascirurgias, a gestão e o financiamento de recursos. A metodologia deste estudo foi elaboradaprimeiramente por intermédio de revisão sistemática da literatura, de caráter qualitativa eexploratória, se utilizando livros, revistas, artigos científicos, entre outras fontes e ainda, arealização da pesquisa de campo na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa, comobtenção de dados sobre cirurgias e custos da mesma. Nesse aspecto evidenciou-se como éformada a fila de espera no município, a necessidade de atualização dos valores dosprocedimentos cirúrgicos da tabela SUS, um novo modelo de pagamento dos profissionais desaúde e melhoria na organização de agenda das cirurgias eletivas. Apesar de haver políticaspúblicas eficientes sobre o tema, no âmbito empírico se constata a necessidade de convênios,parcerias e/ou mutirões entre secretarias e hospitais para reduzir o tempo de espera. Otrabalho abre precedente a estudos minuciosos de outros fatores ligados ao tema com o intuitode diminuir o tempo de espera de pacientes por cirurgias eletivas no SUS.

Palavras-chave: Cirurgias Eletivas; Fila de Espera; Média Complexidade.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

1 – Introdução

As ações e procedimentos considerados de média e alta complexidade ambulatorial ehospitalar se constituem para os gestores em um importante elenco de responsabilidades,serviços e procedimentos relevantes para a garantia da resolutividade e integralidade daassistência ao cidadão. Além disso, esse componente consome em torno de 40% dos recursosda União alocados no Orçamento da Saúde (Média e Alta Complexidade – MAC – e Fundode Ações Estratégicas e Compensação – FAEC) (BRASIL, 2011, p. 7).

Destarte, um procedimento cirúrgico eletivo é todo aquele atendimento prestado aousuário em ambiente cirúrgico, com diagnóstico estabelecido e indicação de realização decirurgia a ser realizada em estabelecimento de saúde ambulatorial e hospitalar compossibilidade de agendamento prévio, sem caráter de urgência ou emergência (BRASIL,2011).

A média complexidade ambulatorial é composta por ações e serviços que visamatender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja complexidade daassistência na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e autilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e tratamento (BRASIL, 2011).

A Constituição Federal de 1998, definiu que “a saúde é direito de todos e dever doEstado” e a Lei Federal n. 8.080/1990, que regulamentou o SUS, prevê, em seu Artigo 7º,como princípios do sistema, entre outros:

I. Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;II. Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo dasações e dos serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos paracada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema; (BRASIL, 1988)

Desse modo, fica explícito que o Brasil optou por um sistema público e universal desaúde, que deve garantir atendimento integral para todos os cidadãos, não cabendo, emnenhuma hipótese, a limitação de seus atendimentos a um “pacote” mínimo e básico deserviços de saúde, destinado à parcela mais pobre da população (BRASIL, 2011, p. 10).

A organização da prestação da assistência no SUS é baseada em dois princípiosfundamentais: a regionalização e a hierarquização. Além desses princípios o sistema, ao longodos anos, estabeleceu que as ações e procedimentos se dispusessem em dois blocos, sendo umrelativo à atenção primária, e o outro, que contempla as ações de média e alta complexidadeambulatorial e hospitalar. Dessa forma, foram definidos sistemas de informação, depagamento, e de controle, avaliação e regulação.

As ações classificadas em atenção secundária compreendem uma rede de unidadesespecializadas ou de média complexidade, ambulatórios e hospitais, baseadas na organizaçãodo Sistema Microrregional dos Serviços de Saúde, de acordo com a definição do PlanoDiretor de Regionalização (PDR). Esse plano definiu a necessidade do estabelecimento deáreas geográficas (módulos), nas quais se daria o planejamento dos fluxos e pactuações entreos gestores – Programação Pactuada Integrada (PPI), no sentido de organizar efetivamenteuma rede hierarquizada e regionalizada (BRASIL, 2011, p. 19). No nível secundário tambémestão presentes os serviços de urgência e emergência.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOO sistema de saúde, além da atenção básica, deve contemplar também os atendimentos

de média e alta complexidade, os quais demandam mais políticas de administração tantohospitalar quanto governamental, devido aos diversos aspectos inerentes a cada situação.Segundo Lopes et al, (2010), esta sobrecarga na atenção hospitalar decorre da imensa pressãoda demanda existente em uma população com carga de doença alta, condições de vidaprecárias e poucos recursos disponíveis.

O tempo de espera por cirurgia eletiva varia conforme duas categorias: relacionados àoferta de serviços, referentes à estrutura e processo, ou à características da demanda. Entre osfatores estruturais, encontramos o número de leitos disponíveis, tipo de hospital e capacidadeda rede pública. Entre os fatores do processo, temos as cirurgias suspensas devido a diversosmotivos, desde particulares do paciente até processos hospitalares internos (CARVALHO etal, 2008).

A pouca valorização financeira dos procedimentos de atenção em média complexidade,ficando sob sua responsabilidade o imenso universo de “tudo o que não está incluído naatenção básica e na alta complexidade”, contribui também para a situação de demora porcirurgias. Os longos períodos de congelamento dos valores atribuídos aos procedimentos demédia complexidade na tabela de referência nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e osreajustes esporádicos e insuficientes têm levado ao seu subfinanciamento e demonstram odescaso da administração pública com este nível de assistência. O mecanismo de pagamentovigente na tabela SUS não está alinhado com os custos reais dos serviços prestados, nãooferecendo aos prestadores incentivos para a melhoria da eficiência.

Essa situação gera distorções na relação entre a remuneração e custos, o que acarreta odesenvolvimento de uma estratégia de sobrevivência financeira por parte dos hospitais, quepassam a buscar a especialização em procedimentos específicos com melhor rentabilidade.

Assim, oferece incentivos à superprodução ou subprodução, pagando demais porprocedimentos de baixo volume, mas de alta complexidade, e pagando pouco porprocedimentos de alto volume, mas de baixa e média complexidade.

E por essas razões que se justifica o presente estudo, sendo necessário a investigaçãosobre a funcionalidade dos procedimentos eletivos de média complexidade. Em se tratando desaúde pública na visão dos gestores envolvidos no processo, a questão do estudo é quais sãoas reais causas da demora na fila de espera? O presente artigo tem como objetivo geralmostrar o processo funcional e logístico das cirurgias eletivas de média complexidade,apontando a dinâmica das filas, os obstáculos encontrados sob a ótica dos gestores hospitalar,municipal e médico-especialista e, em específicos conhecer os procedimentos eletivos demédia complexidade, bem como a Política Nacional dessas cirurgias, a gestão e ofinanciamento de recursos.

O trabalho resultou na produção deste artigo que, além desta introdução e da conclusão,se compõe de três partes. A primeira realiza uma discussão teórica sobre os procedimentoseletivos de média complexidade, expondo sobre a Política Nacional, a dinâmica das filas,gestão e financiamento para os procedimentos eletivos. A segunda aborda sobre ametodologia aplicada ao trabalho e a terceira parte apresenta os resultados e discussões.

2 – Referencial Teórico

Este segundo capítulo informa a pesquisa bibliográfica relacionada ao conceito deprocedimentos de média complexidade, a Política Nacional, elementos que influem na demora

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOpor cirurgias eletivas realizadas nos municípios, de um modo geral. Além da gestão efinanciamento dos recursos.

2.1 PROCEDIMENTOS ELETIVOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE

Em 15 de julho de 2010, a Portaria GM/MS nº 1.919, que redefine no âmbito do SUS aprestação de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, estabeleceu o conceito de procedimentocirúrgico eletivo como sendo o seguinte:

Procedimento cirúrgico eletivo é todo aquele atendimento prestado ao usuário emambiente cirúrgico, com diagnóstico estabelecido e indicação de realização decirurgia a ser realizada em estabelecimento de saúde ambulatorial e hospitalar compossibilidade de agendamento prévio, sem caráter de urgência ou emergência.(BRASIL, 2010, p. 1)

De acordo com o material de apoio conhecido como O SUS de A a Z versão 2009,elaborado pelo Ministério da Saúde, a atenção média foi instituída pelo Decreto nº 4.726, de2003, que aprovou a estrutura regimental do Ministério da Saúde. Suas atribuições estãodescritas no Artigo 12 da proposta de regimento interno da Secretaria de Assistência à Saúde.

Os grupos que compõem os procedimentos de média complexidade do Sistema deInformações Ambulatoriais são os procedimentos especializados realizados por profissionaismédicos; cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos traumato-ortopédicos; açõesespecializadas em odontologia; patologia clínica; anatomopatologia e citopatologia;radiodiagnóstico; exames ultrassonográficos; diagnose; fisioterapia; terapias especializadas;próteses e órteses e anestesia (BRASIL, 2009, p. 207)

Para o acesso universal da população à saúde, legalmente amparados pela ConstituiçãoFederal de 1988, tem-se na prática uma realidade diferente da teoria da legislação,constituindo um dos problemas mais graves enfrentados no Brasil, como aponta Junior;Tomita e Kos (2005), relacionando a falta de estrutura hierarquizada e eficiente, insuficiênciade recursos e investimentos em unidades hospitalares, profissionais e tecnologia como fatoresque corroboram para atual situação.

A fila de espera é uma lista de pacientes que necessitam de um mesmo tratamentoou serviço médico cuja demanda é maior que a oferta. Metaforicamente, ospacientes na fila habitam uma sala de espera virtual, aguardando um mesmoprocedimento, sendo chamados um por vez, de acordo com a ordem da fila(JUNIOR; TOMITA; KOS, 2005, p. 256).

Os mesmos autores completam o raciocínio dizendo que a ordem de espera para osprocedimentos eletivos é a atual realidade dos hospitais gerais no Brasil, identificandovariações regionais em se tratando de cirurgias com maior ou menor tempo de espera e atémesmo quantidade de pacientes aguardando.

A dinâmica da fila de espera tem seu início na consulta ambulatorial, onde o usuário éatendido na unidade básica e, quando necessário, é referenciado para uma unidade de maiorcomplexidade. Quando finalizado, este deverá ser contra referenciado à unidade de origempara a continuidade de seu atendimento. Assim se o paciente necessitar de uma cirurgia demédia complexidade, avaliada pelo especialista, a fila começa a se formar na espera por umavaga para a realização desta, figura 1.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOFigura 1: Fluxograma das cirurgias eletivas

Fonte: Junior; Tomita; Kos (2005)

A fila de espera por cirurgia eletiva se forma através de uma lista de pacientes quenecessitam de um determinado tratamento cirúrgico cuja demanda é maior que aoferta. A fila representa então o período entre a indicação cirúrgica e a suarealização (JUNIOR; TOMITA; KOS, 2005, p. 257).

Segundo dados do Ministério da Saúde, a demanda por cirurgias eletivas é elevada, atéinício do ano de 2017 o panorama preliminar era de um total de 800.559 cirurgias aguardandorealização, sendo a maior demanda na especialidade de traumatologia e ortopedia (182.003),com significativa expressão também para as cirurgias gerais no total de 161.219procedimentos. Em 2016, foram registradas 1.905.306 cirurgias eletivas com recursos daMédia e Alta Complexidade (BRASIL, 2017).

A Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade,prevista na portaria GM 252, republicada em 30 de março de 2006, recompondo o valorpercapita, redefinindo os recursos financeiros e para sanar as incorreções no original, de 06 defevereiro de 2006, tem como um de seus objetivos reduzir as filas de esperas porprocedimentos cirúrgicos eletivos de média complexidade, considerando o perfilepidemiológico e a organização geral do sistema, definindo parâmetros para a elaboração deprojetos, garantindo assim, o acesso a estes procedimentos.

O Ministério da Saúde com a finalidade de dar maior transparência e agilidade a fila deespera, criou a fila única de espera para cirurgias eletivas em todos os estados do país.Segundo o portal do ministério, a medida vai abrir precedente para atendimento dos pacientesem outras unidades da região, não ficando preso a um único hospital, além da informaçãoglobalizada auxiliar a gestão de recursos de forma mais eficiente e com equidade.

A falta de informação e transparência sobre a quantidade de pacientes inscritos na fila eo tempo médio de espera é um dos fatores contributivos para a má gestão dos recursos quefinanciam os procedimentos cirúrgicos eletivos.

Outro problema encontrado na gestão das filas é a forma de classificação dasprioridades de cirurgias. Em linhas gerais, alguns critérios devem ser destacados: história decomplicações que podem ser sistêmicas; complicações em órgãos e estruturas adjacentes oulocais; pacientes com morbidades graves; pacientes com sinais clínicos ou radiológicos dedoença avançada; menores de idade e idosos, e fatores socioeconômicos (Junior et al, 2005).

Sobre política pública, cita-se o fato das formas de pagamento dos serviços médicos,seja por salário fixo ou por produtividade. Uma revisão recente sobre métodos de pagamentopara médicos que trabalham em atenção primária à saúde, concluiu que o pagamento por

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOprocedimento resulta em maior qualidade de serviço que o sistema assalariado (Carvalho, etal, 2008).

Estudos realizados no âmbito da cirurgia, conduzido por Siu et al, nos Estados Unidos,corroboram com os estudos feitos aqui no Brasil por Souza et al, (2014), e mostrou que a taxade cirurgias eletivas provou-se maior nos hospitais com sistema de remuneração do cirurgiãopor procedimento do que naqueles em que era estabelecido salário. A taxa de cirurgias deemergência manteve-se igual nos dois sistemas. Outros dois trabalhos comparando hospitaisamericanos com diferentes sistemas de remuneração dos cirurgiões chegaram à mesmaconclusão. Em outro desenho de estudo, realizado por Ransom et al, (1998), observou umaqueda de 15% no número de cirurgias eletivas em um hospital em que o sistema deremuneração do cirurgião foi modificado de pagamento por cirurgia para salário.

2.2 GESTÃO E FINANCIAMENTO

A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 do ano de 1990, que dispõe sobre as condições para apromoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviçoscorrespondentes e dá outras providências, define que os recursos a serem repassados ao SUS,devem ser suficientes para a realização de suas finalidades, ou seja, as ações e serviços deSaúde, implementados pelos estados, municípios e Distrito Federal são financiados comrecursos próprios da União, estados e municípios e de outras fontes suplementares definanciamento, todos devidamente contemplados no orçamento da seguridade social.Estabelece ainda os critérios para o repasse de recursos aos estados e municípios, dizendo quea metade deve ser repassada de acordo com o número de habitantes (BRASIL, 1990).

A Emenda Constitucional nº 29 de 2000, que assegura os recursos mínimos para ofinanciamento das ações e serviços públicos de saúde, trouxe, em uma de suas inovações, aconstitucionalização do Fundo Nacional de Saúde, já a Lei 8.142/1990 complementa oprocesso de financiamento estabelecendo que: os recursos da saúde serão repassados de formaregular e automática; e que estes recursos só podem ser gastos com ações e serviços de saúde.A Emenda diz também que os gastos em saúde só podem ser realizados com ações previstasno Plano Municipal da Saúde, que é aprovado pelo Conselho do município.

Esses repasses ocorrem por meio de transferências "fundo a fundo"- transferências derecursos federais - realizadas pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) diretamente para osestados, Distrito Federal e municípios, ou pelo Fundo Estadual de Saúde aos municípios, deforma regular e automática, propiciando que gestores estaduais e municipais contem comrecursos previamente pactuados, no devido tempo, para o cumprimento de sua programaçãode ações e serviços de Saúde.

As transferências voluntárias são, por sua vez, entregas de recursos correntes ou decapital a outra esfera da federação para cooperação, auxílio ou assistência financeira nãodecorrente de determinação constitucional, legal, ou que se destine ao SUS.

O Ministério da Saúde editou a Portaria nº 204 de 19 de janeiro de 2007, alterada pelaportaria nº 837 de 23 de abril de 2009, regulamentando o financiamento e a transferência dosrecursos federais para as ações e serviços de saúde na forma de Blocos de Financiamento,definidos no Pacto pela Saúde, e seu respectivo monitoramento e controle.

O SUS conta também com a atuação de diversos órgãos colegiados, em especial ascomissões chamadas Comissão Intergestora Bipartite (CIB), estados e municípios, eComissão Intergestora Tripartite (CIT), incluem também o governo federal, que gerenciam as

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOações das redes de atendimento e decidem sobre a alocação de recursos no Sistema (BRASIL,2009).

As secretarias estaduais de saúde, em conjunto com os municípios, devemestabelecer parâmetros de concentração para os grupos e subgrupos deprocedimentos, a serem aprovados nas CIB's e nos Conselhos Estaduais de Saúde.Os parâmetros adotados deverão refletir não apenas necessidades em saúde emabstrato ou recomendadas por normas técnicas ou consenso de especialistas, mastambém seu impacto financeiro e as disponibilidades de sua cobertura com osrecursos disponíveis (BRASIL, 2009, p. 207).

Para registrar os procedimentos cirúrgicos eletivos que irão ser realizados, a Portaria nº553 de 3 de outubro de 2008, redefine esse registro em Autorização de Procedimentos de AltoCusto/Complexidade (APAC) e Autorização de Internação Hospitalar (AIH), instrumentospadronizados pelo Ministério da Saúde com numeração pré-estabelecida pelo Departamentode Informática do SUS - DATASUS para procedimentos ambulatoriais e hospitalares, atravésda Portaria nº 567 de 13 de outubro de 2005 que estipula uma série numérica específica paraos procedimentos da Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de MédiaComplexidade (BRASIL, 2008).

O Ministério da Saúde, através da Portaria nº 279 de 7 de abril de 1999, que dispõesobre a Campanha Nacional de Mutirões de Cirurgias Eletivas direcionada para as cirurgiasde varizes de membros inferiores, catarata, hérnias inguinais e próstata, tem seus recursosfinanceiros destinados para a execução desta ação, os quais são disponibilizados pelo Fundode Ação Estratégica e Compensação (FAEC), criado pela Portaria GM/MS n° 531, de 30 deabril de 1999, por intermédio de portarias publicadas periodicamente, habilitando os estados emunicípios - sob gestão plena - a executar nos mutirões (BRASIL, 1999).

Com o objetivo de estruturar uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada quepermita cuidados integrais de saúde e melhoria do acesso dos pacientes ao atendimentoespecializado de cirurgias eletivas de média complexidade, foi incorporado, a partir de 1º demarço de 2006, a Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de MédiaComplexidade, onde compõe os mutirões nacionais de cirurgias eletivas (catarata, varizes,retinopatia diabética e próstata), através da Portaria GM nº 252 de 6 de fevereiro de 2006(BRASIL, 2006).

Sob a ótica do financiamento, uma das formas de financiamento das cirurgias vematravés do FAEC (Fundo de Ações Estratégicas e Compensações), criado pelo Ministério daSaúde através da Portaria GM/MS n° 531, de 30 de abril de 1999, que instituiu o Fundo dasAções Estratégicas de Compensação (FAEC), sendo consideradas como ações estratégicas, ascirurgias de Alta Complexidade, conforme anexo I e II da Portaria n.º 627/GM, de 26 de abrilde 2001.

É conveniente serem pareados os valores dos procedimentos da tabela SUS com aClassificação Brasileira Hierárquica de Procedimentos Médicos (CBHPM), tornando atrativopara os profissionais de saúde a realização de cirurgias eletivas, assim como o trabalho comcumprimento de metas, sendo uma boa alternativa para a melhora da remuneração dosprocedimentos pelo SUS.

De acordo com a portaria GM/MS n° 2.318, de 03 de outubro de 2011, que redefine aestratégia para a ampliação do acesso aos procedimentos cirúrgicos eletivos e prevêinvestimento em áreas prioritárias e nos municípios com 10% ou mais de sua população emsituação de extrema pobreza, foram então denominados os projetos, de propostas pactuadas

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOem CIB Estadual, contendo recursos financeiros distribuídos para a execução dosprocedimentos cirúrgicos eletivos relacionados aos componentes I, II e III.

a) Componente I, Cirurgia de Catarata;b) Componente II, Especialidades e procedimentos prioritários (Ortopedia,Otorrinolaringologia, Urologia, Vascular, Oftalmologia);c) Componente III, Procedimentos definidos pelo gestor de saúde de acordo com asnecessidades locais, ressaltando-se que deverá ser do grupo 04 da tabela deProcedimentos, Medicamentos e OPM do SUS, de média complexidade e de carátercirúrgico eletivo (BRASIL, 2011).

Esta incorporação realizou-se por meio da necessidade de se evitar sobreposição dasações realizadas pelas duas estratégias da Portaria, e de atingir objetivos previstos nosmutirões nacionais e não alcançados, face à amplitude que tem a Política Nacional deProcedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade, além de buscar soluções para osproblemas como: desequilíbrio regional entre oferta de serviços e demanda por especialidade,número restrito de cirurgias previstos nos mutirões nacionais; que tem como consequência osurgimento de filas em outras cirurgias, além de não contribuir para a estruturação da rede deassistência. (Manual de Procedimentos Eletivos de Média Complexidade)

Visando à promoção dos direitos sociais da saúde consagrados na Constituição Federalcom observância aos princípios/diretrizes da regionalização e da hierarquização da atenção àsaúde, a Coordenação-Geral de Média e Alta Complexidade (CGMAC) responde pelaelaboração de programas, normas, diretrizes e orientações para a execução de procedimentosde Média e Alta Complexidade nos serviços de saúde do SUS, relativamente às políticas sobsua responsabilidade direta. Salienta-se, por oportuno, que há procedimentos relacionados aessa temática que estão disseminados nas mais diversas políticas do Ministério da Saúde(BRASIL, 2017).

O financiamento dos procedimentos e o custeio dos serviços que são de competência egestão da CGMAC são feitos por meio Teto MAC, o Teto da Média e Alta Complexidade,que é disponibilizado para os Estados e Municípios, sendo de responsabilidade do gestor localo planejamento e gerenciamento dos recursos (BRASIL, 2017).

Os estabelecimentos de saúde habilitados deverão oferecer todo o atendimento deMédia e Alta Complexidade necessário ao paciente abrangendo desde as consultas, exames deMédia e Alta Complexidade, diagnóstico, tratamento clínico e tratamento cirúrgico,reabilitação, acompanhamento pré e pós-operatório, UTI (Unidade de Terapia Intensiva),entre outros (BRASIL, 2017).

Ressalta-se que o SUS é regido por princípios e diretrizes. Uma das diretrizes que onorteia é a regionalização, que orienta a descentralização das ações e serviços de saúde e osprocessos de negociação e pactuação entre os gestores. Por meio da descentralização, foramtransferidos para os estados e municípios em gestão a plena responsabilidade e ofinanciamento das ações relativas à saúde. Assim, compete aos Estados e aos Municípiosidentificar suas necessidades de acordo com sua regionalização, disponibilizar a assistênciaaos pacientes, como também estipular cotas, credenciar e controlar os serviços (BRASIL,2017).

O Ministério da Saúde, órgão gestor do Sistema Único de Saúde no nível federal, emum regime de responsabilidade compartilhada com os demais e diferentes níveis do Sistema,Estados e Municípios, tem como competência a formulação e implementação de políticas

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOpúblicas. Atua primordialmente como órgão responsável pela regulamentação das ações desaúde (BRASIL, 2017).

3 – Procedimentos metodológicos

A cidade de Barra Mansa, se localiza na região Sul Fluminense do Estado do Rio deJaneiro, conta com uma população estimada em 177.861 habitantes. Na saúde, a cidade possuitrês hospitais, todos localizados na área central da cidade. São eles o Hospital Santa Isabel(mantido pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa), o Hospital SantaMaria e o Hospital-Maternidade Maria Teresa Sacchi de Moura, sendo o último pertencente àprefeitura. O município também dispõe de duas Unidades de Pronto Atendimento – UPA 24Horas, localizadas na região central e outra na região leste.

A rede pública de saúde é formada pelo Hospital Maternidade, o Hospital Santa Isabel eas duas UPAs 24 Horas (Centro e Região Leste), há também vários centros de referência,unidades de diagnóstico, postos de saúde nos bairros, laboratórios públicos, além doHemonúcleo Municipal. O presente capítulo trata da descrição dos dados e discussão dosresultados, coletados a partir da pesquisa documental e dos questionários direcionados aosatores do sistema de saúde da Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.

A Santa Casa, Hospital Geral com Porta Hospitalar de emergência, é uma instituiçãoprivada e filantrópica, sem fins lucrativos, localizada no município de Barra Mansa, sul doestado do Rio de Janeiro. É referência em atendimentos de média e alta complexidade, onderecebe pacientes de toda a região Médio Paraíba, desenvolvendo suas atividades direcionadasà população local e cidades circunvizinhas, inclusive os acidentados da rodovia PresidenteDutra, principal acesso entre Rio de Janeiro e São Paulo. O hospital, que concentra 80% dosseus atendimentos em SUS e 20% distribuídos em particular e convênios, conta com umaestrutura de atendimentos em pronto socorro, consultas ambulatoriais, internações clínicas ecirúrgicas e exames. As últimas conquistas da Santa Casa foram a identificação e captação deórgãos e a inauguração do Hospital do Câncer, o qual será referência regional.

A pesquisa foi de abordagem qualitativa com base bibliográfica, documenta que temcomo objetivo analisar as publicações que englobam o tema, além de observar os dados doDepartamento de Informática do SUS (DATASUS). Além disso, este trabalho também foirespaldado pela pesquisa de campo que é crucial para identificar as reais causas da demora nafila de espera sob a ótica dos gestores. Foram realizadas entrevistas seguindo o roteirosemiestruturado (Apêndice 1) com 03 gestores hospitalar, municipal e médico-especialista dacidade de Barra Mansa, Rio de Janeiro.

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ou seja, ela trabalhacom o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, oque corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dosfenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.(MINAYO, 1994, p.21:22)

Foram realizadas três entrevistas, focadas em levantar os entraves para a realização dascirurgias, as filas de espera, com perguntas abertas direcionadas ao coordenador do Centro deEspecialidades Médicas, a um médico especialista em Ortopedia e Traumatologia, e ao gestorde custos da Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa, em formas de questionários,enviadas via e-mail, entre os meses de maio e junho de 2016, restringindo-se aofuncionamento dos procedimentos bem como seus aspectos financeiros, de forma intencional,

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOou seja, de acordo com a competência de cada um. Estas, por sua vez, foram realizadas emtempos diferentes, sendo o primeiro questionário respondido pelo gestor de custos,responsável pelos recursos recebidos do hospital, o segundo por um médico especialista quetrabalha no hospital e, por último, pelo responsável municipal do Centro de EspecialidadesMédicas de Barra Mansa.

Os dados hospitalares foram obtidos através do sistema operacional de saúde utilizadona instituição filantrópica, de acordo com o gestor responsável, com base na média deprocedimentos faturados e realizados.

A partir desta entrevista, obteve-se uma análise contextual e objetiva, demonstrando oprocesso de realização das cirurgias eletivas de média complexidade em Barra Mansa, bemcomo os principais problemas financeiros encontrados que acarretam na demora da fila porcirurgia eletiva pelo SUS no respectivo hospital, corroborando-se com os resultadosencontrados em outras pesquisas.

4 – Resultados e discussões

Segundo informações fornecidas pelo gestor de custos do hospital, estas representadasna Figura 2, o paciente inicia seu atendimento no ambulatório de especialidades do SUS e,identificando necessidade de realização de algum tipo de cirurgia, que não seja classificada deemergência, o médico solicita através da Autorização de Internação Hospitalar (AIH), queserá encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde para sua apreciação e liberação. Em casopositivo, este documento é enviado ao hospital para agendamento e execução doprocedimento eletivo, sejam eles de média ou alta complexidade. Caso o procedimento sejaclassificado como de urgência, o paciente que iniciou seu atendimento pelo pronto socorro dohospital, é internado e a cirurgia é realizada de imediato. Esta é feita sem qualquer autorizaçãoprévia por parte do gestor municipal, pois foi caracterizado como uma cirurgia emergencial.

Sendo assim, após a alta do paciente, o prontuário é faturado pelo hospital e direcionadoà auditoria da secretaria de saúde do município para então ser autorizado, onde é emitido umaAIH com todos os procedimentos realizados.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOFigura 2: Fluxograma das cirurgias eletivas

Fonte: Elaboração própria (2017)

Analisando o presente fluxograma com o referencial teórico, a indicação de cirurgiaacontece no atendimento ambulatorial, diferentemente do abordado no desenvolvimento dotrabalho, onde o paciente, após o atendimento primário, é encaminhado para um médicoespecialista, que faz o diagnóstico para cirurgia. Do mesmo modo, a fila de esperacontemplada no referencial, inicia-se logo após a indicação do especialista. No cenário dohospital pesquisado, a fila é determinada de acordo com o grau de urgência, onde os pacientesque são atendidos no Ambulatório e diagnosticados com a necessidade de cirurgia, sãoimediatamente encaminhados para o procedimento, ao passo que, após avaliação do pacientepor meio da complexidade do procedimento, o hospital encaminha a Autorização deInternação Hospitalar (AIH) para a secretaria de saúde e, assim ocorre o agendamento,formando-se a fila de espera.

De acordo com os dados fornecidos pelo gestor de custos do hospital, os procedimentosmais procurados pelos pacientes são as cirurgias gerais, urológicas, oftalmológicas eortopédicas, compreendendo uma média mensal de 350 cirurgias realizadas. Contudo, noperíodo de abril de 2015 a abril de 2016, foi feito uma estatística de todos os procedimentoseletivos realizados, classificados de acordo com suas especialidades, considerando as cincoespecialidades mais frequentes, representadas na Figura 3:

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOFigura 3: Procedimentos Eletivos mais frequentes de acordo com sua especialidade – Abril/2015 a

Abril/2016 - Município de Barra Mansa/RJ

Fonte: DATASUS (2016)

Para captação de recursos destinados a estes procedimentos, o hospital possui umcontrato de prestação de serviço com o gestor municipal, chamado POA (Plano de OrçamentoAnual), onde são repassados os devidos recursos mediante o cumprimento de metaspactuadas, sendo elas quantitativas e qualitativas (o item “Cirurgia Eletiva” é uma das metasquantitativas que compõem o contrato), apresentadas mensalmente ao Setor de Controle eAvaliação da Secretaria Municipal de Barra Mansa.

Dentre a média de 350 cirurgias realizadas mensalmente, 25 delas são suspensas pordiversos motivos, sendo eles nos casos em que os próprios pacientes recusam a realização doprocedimento; problemas de saúde como pressão arterial alta ou gripe; e ainda problemas cominfraestrutura e equipe médica. A falta de tempo cirúrgico é um dos problemas enfrentadospela equipe médica, pois em alguns dias, o centro cirúrgico do hospital está com a agendacheia de cirurgias marcadas, algumas delas sem agendamento prévio (cirurgias de urgência).

Foi evidenciado também, através da pesquisa de campo, que a autorização de materialinadequado para os procedimentos gera atraso na fila das cirurgias, sendo estes nos casos decirurgias ortopédicas por necessitarem de próteses, órteses ou materiais especiais. Contudo, oscasos que mais ocorreram suspensão no período avaliado, estão ligados à desistência própriado paciente.

De acordo com o entrevistado responsável pelos recursos recebidos, o qual forneceu osdados estatísticos das cirurgias eletivas do hospital, os problemas mais comuns enfrentadospelo hospital e pela equipe médica em relação ao custeio são: a compra de OPME, cirurgiasque não são contempladas na tabela SUS e defasagem na tabela de remuneração do SUS,como acontece na maioria dos procedimentos, em específico os analisados neste trabalhosendo: cirurgia de varizes, gastroplastia, catarata, cirurgia de exploração articular evasectomia, compra de implante inadequado (design do dispositivo, biomaterial utilizado, eprocesso produtivo envolvido na sua fabricação) e vagas de UTI disponíveis, pois o hospitalsó possui 15 leitos de terapia intensiva.

A partir dos dados e estudos obtidos, foi possível verificar e confrontar com asreferências bibliográficas, que os problemas que tem maior influência na demora da fila de

12

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOespera por cirurgia eletiva compreendem, de acordo com o médico especialista e o gestor decustos hospitalar, a forma de remuneração dos médicos e o reajuste da tabela SUS.

Como alternativa para resolver os problemas financeiros, tem-se a hipótese derealização do pagamento através da produtividade médica.

Quanto ao reajuste da tabela SUS, pode se utilizar como parâmetro, as tabelas pagas emcirurgias de convênio, implantando assim o cumprimento de metas para os médicos e/ou oconveniente pareamento da tabela SUS para com a tabela da Classificação BrasileiraHierarquizada de Procedimentos Médicos - CBHPM, conforme representado na Figura 3,onde os valores dos procedimentos eletivos do SUS foram consultados por meio do Sistemade Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP), nosite do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), comparando-se aos valores daCBHPM:

Figura 4: Tabela comparativa SIA/SIH SUS x CBHPM 2010

Fonte: SIGTAP - DATASUS / AMB (2017)

O pareamento dos valores da tabela SUS com tabelas praticadas em convênios, tambémpode ser uma ótima opção para aumentar o incentivo aos médicos, assim como foraevidenciado na introdução deste artigo a recorrente situação ocorrida em outros hospitais.

5 – Conclusão

Os problemas identificados no objeto de estudo compõem fatores financeiros como: anão atualização dos procedimentos pagos através da tabela SUS, a forma de remuneração dosmédicos que executam os procedimentos eletivos, o custeio de Órteses, Próteses e MateriaisEspeciais (OPME) e as cirurgias que não são contempladas na tabela SUS.

O trabalho aponta os problemas financeiros relacionados ao custeio de cirurgias eletivase remuneração profissional. Seu objetivo foi mostrar o processo funcional e logístico dascirurgias eletivas de média complexidade, de acordo com a pesquisa bibliográfica e de campo,esta realizada no Hospital Filantrópico Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa, paracomplementação do estudo, destacando-se a legislação que regula este tipo de procedimento.

Apesar da dificuldade de acesso à informações mais completas sobre o tema, foipossível identificar e confrontar que o processo logístico condiz com as pesquisasbibliográficas realizadas e também pontuar os problemas financeiros que causam a demorapor cirurgias eletivas dos pacientes que estão na fila de espera, no hospital Santa Casa deMisericórdia de Barra Mansa.

Através de fatores financeiros, foi possível verificar problema em relação à forma deremuneração dos profissionais de saúde, pois não recebem por produtividade, conforme foievidenciado nos estudos realizados, os quais provaram ser maior a taxa de cirurgias eletivas

13

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOem hospitais com sistema de remuneração do cirurgião por procedimento, do que em hospitaisque pagam por salário.

A desatualização da tabela SUS em relação à CBHPM, a qual foi utilizada comoparâmetro, é uma das alternativas de melhorar o processo de pagamento de procedimentos,motivando assim maior produtividade dos profissionais médicos, pois os valores seapresentaram superiores aos praticados no SUS e, consequentemente, rapidez no andamentodas filas que se formam pelos motivos apontados.

Foi possível observar também que, de acordo com a opinião do médico especialista, aorganização da agenda das cirurgias eletivas, a qual é realizada pelo setor de Controle eAvaliação da Secretaria Municipal de Saúde de Barra Mansa, deveria ser realizada pelo setorambulatorial do hospital, assim diminuiria o tempo de espera para o paciente ter uma consultacom um especialista e logo, entrar na fila de espera por cirurgias eletivas. Porém isso não foipossível corroborar devido à dificuldade de acesso às informações por parte do gestor daSecretaria de Saúde do município.

Com este trabalho, podemos perceber que existem políticas públicas sobre o temaabordado que de fato são eficientes, e que a partir dessas são criados convênios e parceriasentre secretarias e hospitais e/ou mutirões para realização dessas cirurgias que encontram-senas filas.

Outros fatores também são evidenciados, sendo relevante um posterior estudominucioso a respeito destes, com o intuito de diminuir o tempo de espera de pacientes porcirurgias eletivas no SUS.

Enfim, o trabalho aqui apresentado abre precedentes para estudos de maiorcomplexidade, aprofundados com métodos específicos sobre o tema. Levantando a questão doimpacto das filas de espera e suas reais causas.

6 – Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Katharine Fonseca de. Por uma tecnologia de cuidado integral ao paciente da fila de espera para artroplastia total primária de joelho no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. 2011.

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BRASIL. Manual de Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade. Disponível em: <http://saudeinfonews.com.br/arquivos/POLITICAPROCCIRURG.pdf>

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 531, de 30 de abril de 1999. Cria o Fundo de Ações Estratégicas e de Compensação –FAEC. Brasília: Ministério da Saúde, 1999.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 279, de 7 de abril de 1999. Dispõe sobre a Campanha Nacional de Mutirões de Cirurgias Eletivas. Disponível em: <http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/8570-279.html>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 964/GM Em 31 de agosto de 2000. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/PORT2000/GM/GM-964.htm>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 627/GM Em 26 de abril de 2001. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2001/GM/GM-627.htm>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1372 de 1 de julho de 2004. Institui Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade e dá outras providências. Disponível em: <http://brasilsus.com.br/legislacoes/gm/13891-1372.html?q=>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 567 de 13 de outubro de 2005. Estabelecer que a partir da competência janeiro 2006, a definição da série numérica para as autorizações de internações hospitalares - AIH, deverá ser de responsabilidade dos gestores estaduais e do Distrito Federal. Brasília: 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 252, de 6 de fevereiro de 2006. Redefine aPolítica Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade. Brasília: 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 204 de 19 de janeiro de 2007. Regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle. Brasília: 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 553 de 3 de outubro de 2008. Redefinir o instrumento de registro dos procedimentos a que integram o elenco de procedimentos da Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Média Complexidade. Brasília: 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 837 de 23 de abril de 2009. Altera e acrescenta dispositivos à Portaria n° 204/GM, de 29 de janeiro de 2007, para inserir o Bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde na composição dos blocos de financiamento relativos à transferência de recursos federais para as ações e os serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: 2009.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOBRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios / Ministérioda Saúde, Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. – 3. ed. – Brasília: Editorado Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 1.919, de 15 de julho de 2010. Redefine no âmbito do SUS a prestação de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.318, de 30 de setembro de 2011. Redefine a estratégia para a ampliação do acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, que passará a contar com três componentes, com financiamento específico. Disponível em: <http://www.saude.mt.gov.br/arquivo/4972/legislacao>. Acesso em: março 2014.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários da Saúde. O Financiamento da Saúde. - Brasília: CONASS, 2011. 124 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 2).

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários da Saúde. Assistência de Média e Alta Complexidade no SUS. - Brasília: CONASS, 2011. 223 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 4).

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.340, de 29 de junho de 2012. Define a estratégia de aumento do acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para os exercícios dos anos de 2012 e 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1340_29_06_2012.html>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.357, de 5 de julho de 2013. Altera a Portaria nº 1.340/GM/MS, de 2012, que define a estratégia de aumento do acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para os exercícios dos anos de 2012 e 2013 e dá outras providências. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1357_05_07_2013.html>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.557, de 31 de julho de 2013. Define a estratégia de ampliação do acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para os exercícios dos anos de 2013 e 2014. Disponível em: <http://brasilsus.com.br/legislacoes/gm/13891-1372.html?q=>

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 131, de 22 de janeiro de 2014. Estabelece a possibilidade de remanejamento de recursos financeiros do Componente II para realização de procedimentos de cirurgias eletivas do Componente III e dá outras providências. Disponível em: <http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/122311-131.html>

BRASIL, Ministério da Saúde. SUS terá fila única para as cirurgias eletivas. Portal Saúde. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/sas-noticias/28256-sus-tera-fila-unica-para-cirurgias-eletivas>

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOCARVALHO, Thiago Cald de. GIANINI, Reinaldo José. Eqüidade no tempo de espera para determinadas cirurgias eletivas segundo o tipo de hospital em Sorocaba, SP, 2008.

CBHPM-2016. Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos/AssociaçãoMédica Brasileira. Barueri, SP : Manole ; São Paulo: Associação Médica Brasileira, 2016. ISBN 978-85-7868-285-9 (Manole) 1. Procedimentos médicos - Classificação - Brasil.

JUNIOR, Krishnamurti Matos de Araujo Sarmento. TOMITA, Shiro. KOS, Arthur Octavio deAvila. O problema da fila de espera para cirurgias otorrinolaringológicas em serviços públicos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 71 (3) Parte 1 Maio/Junho 2005, pp. 256/262.

LOPES MIP, Matos SG, Melo JA, Amorim MA, Andrade RMG. A construção da mudança do modelo de atenção com ênfase na atenção primária. In: Maganhães Júnior HM. Desafios e Inovações na gestão do SUS em Belo Horizonte: a experiência de 2003 a 2008. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010. P. 127-147.

MINAYO, Maria Cecília de Souza-. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. de Souza-Minayo MC, compilador. Pesquisa social: teoria, método e criatividade, v. 23, p. 9-29, 1994.

NOGUEIRA, Maria Ângela de Avelar. MARTINS, Lidiane Geralda Costa. COCA, Roxana Crespo. Manual sobre Estratégia Especial de Cirurgias Eletivas. Disponível em: <http://www.portalamm.org.br/files/Sa%C3%BAde/M%C3%A9dia%20e%20Alta%20Complexidade/Manual%20Cirurgias%20Eletivas%202013.pdf>. Acesso em abril 2014.

RANSOM SB, et al. The effect of capitated and fee-for-service remuneration on physician decision making in gynaecology. Obst Gynaec 1996, 5: 707-10.

SIU AL, et al. Use of the hospital in a randomized trial of prepaid care. JAMA 1988; 259: 1343-46.

SOUZA, Maira Oliveira. JUNIOR, Fausto Miranda. FIGUEIREDO, Luiz Francisco Poli de. PITTA, Guilherme Benjamin Brandão. ARAGÃO, José Aderval. Implementação financeira e o impacto do mutirão de cirurgias de varizes, após a criação do Fundo de Ações Estratégias e Compensação (FAEC). UNCISAL – Maceió (AL), Brasil, 2011.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

APÊNDICE 1 - Questionários

A) GESTOR HOSPITALAR

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICABACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP

Prezado(a) entrevistado(a),

As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo para a composição do trabalho deconclusão de curso – TCC, do curso de GRADUAÇÃO em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAda UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF. O objetivo é conhecer com maisdetalhes os problemas que desencadeiam a demora na fila de espera por cirurgias eletivas, nomunicípio de Barra Mansa.

PERFIL DO ENTREVISTADO(A):

SEXO: ( ) MASCULINO ( X ) FEMININO

IDADE: 29 anos

ESCOLARIDADE:

( ) NÃO ALFABETIZADO ( ) ALFABETIZADO

( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO

( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

( X ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO

( ) PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ( ) STRICTO SENSU

ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO(A) ( X ) CASADO(A) ( ) OUTRO_______________________________

OCUPAÇÃO: Gerente de Custos

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

I. Explique o processo de atendimento dos pacientes que são incluídos na fila

de espera por cirurgias eletivas.

OS PACIENTES SÃO ATENDIDOS NO AMBULATORIO DE ESPECIALIDADESMEDICAS DO SUS, CASO O MÉDICO IDENTIFIQUE A NECESSIDADE DEREALIZAR UM PROCEDIMENTO CIRURGICO, ELE SOLICITA OPROCEDIMENTO NO FORMULARIO ESPECIFICO (AIH), ESSE DOCUMENTO ÉENCAMINHADO A SMS/BM PARA AUTORIZAÇÃO. SE NÃO HOUVER NENHUMARESTRIÇÃO NESSA AUTORIZAÇÃO, ESSE DOCUMENTO RETORNA PARA OHOSPITAL E O PROCEDIMENTO CIRURGICO ELETIVO E AGENDADO.

II. Como é realizada a captação dos recursos destinados ao pagamento dessas

cirurgias?

O HOSPITAL POSSUI UM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO COM OGESTOR MUNICIPAL ONDE SÃO PACTUADAS METAS QUANTITATIVAS EFINANCEIRAS PARA A REALIZAÇÃO DAS CIRURGIAS ELETIVAS. OSRECURSOS SÃO REPASSADOS MEDIANTE AO CUMPRIMENTO DAS METAS

III. Que tipo de controle existe em relação às cirurgias esperadas versus

realizadas?

O CONTROLE É FEITO PELO GESTOR MUNICIPAL

IV. Qual a quantidade de cirurgias eletivas realizadas no mês? Em específico as

ortopédicas.

SÃO REALIZADAS EM MÉDIA 350 CIRURGIAS ELETIVAS MÊS. 10%

CORRESPONDE AS CIRURGIAS ORTOPÉDICAS

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOV. Quais são as especialidades mais procuradas por pacientes que necessitam

de um procedimento eletivo?

CIRURGIA GERAL, CIRURGIA UROLÓGICA, CIRURGIA OFTALMOLOGICA EORTOPEDICA

VI. Qual a quantidade de cirurgias dispensadas no mês? Quais os motivos mais

frequentes?

EM MÉDIA SÃO SUSPENSAS 25 CIRURGIAS ELETIVAS POR MÊS. NA MAIORIADOS CASOS, O MOTIVO DA SUSPENSÃO É PELO PRÓPRIO PACIENTE QUE SERECUSA A OPERAR, OU QUE ESTÁ GRIPADO, PRESSÃO ARTERIAL ALTA. EMOUTROS CASOS OCORREM PROBLEMAS COM A INFRAESTRUTURA EEQUIPE MÉDICA.

VII. Quais os problemas enfrentados pelo hospital em relação ao custeio

das cirurgias eletivas?

CUSTEIO DE OPME (ORTESE, PROTESE E MATERIAIS ESPECIAIS),CIRURGIAS QUE NÃO SÃO CONTEMPLADAS NA TABELA SUS, DEFAZAGEMNA TABELA DE REMUNERAÇÃO DO SUS, ATRASO NOS REPASSES

VIII. Quais os problemas de gestão que envolvem a demora na fila de

espera?

A FILA DE ESPERA E GERENCIADA PELO GESTOR MUNICIPAL. A SANTACASA APENAS E O EXECUTOR DOS PROCEDIMENTOS.

20

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOB) MÉDICO ESPECIALISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICABACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP

Prezado(a) entrevistado(a),

As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo para a composição do trabalho deconclusão de curso – TCC, do curso de GRADUAÇÃO em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAda UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF. O objetivo é conhecer com maisdetalhes os problemas que desencadeiam a demora na fila de espera por cirurgias eletivas, nomunicípio de Barra Mansa.

PERFIL DO ENTREVISTADO(A):

SEXO: ( X ) MASCULINO ( ) FEMININO

IDADE: 32 anos

ESCOLARIDADE:

( ) NÃO ALFABETIZADO ( ) ALFABETIZADO

( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO

( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

(X) ENSINO SUPERIOR COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO

( ) PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ( ) STRICTO SENSU

ESTADO CIVIL: ( X ) SOLTEIRO(A) ( ) CASADO(A) ( ) OUTRO_______________________________

OCUPAÇÃO:

Médico Especialista em Ortopedia

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOI. Como e onde se inicia um tratamento de saúde que leva à inclusão do

paciente na fila de espera por cirurgias eletivas?

Geralmente o paciente é encaminhado, através dos postos de saúde de Barra

Mansa, para o ambulatório de Ortopedia que é realizado na Santa Casa de Barra

Mansa. Quando o paciente é diagnosticado com uma lesão de indicação cirúrgica,

que não é realizada no referido município por ser de alta complexidade, o mesmo é

encaminhado para uma consulta no INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e

Ortopedia). Neste hospital, após ser avaliado, o paciente é incluído em uma fila de

espera para cirurgias eletivas.

II. Quais são os problemas enfrentados pela equipe médica em relação às

cirurgias eletivas?

Liberação de verba para pagamento da equipe médica (cirurgião, auxiliar,

anestesista, instrumentador), para compra de implante adequado, vaga de CTI e

reabilitação fisioterápica.

III. Qual a melhor forma de pagamento de procedimentos cirúrgicos que

incentivariam os médicos a realizarem um maior número de cirurgias

eletivas?

Pagamento por produtividade e reajuste da tabela SUS. Algumas prefeituras optam

pelo pagamento utilizando tabelas usadas em cirurgias de convênio, também uma

boa opção.

22

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

IV. Quais são os principais motivos para a suspensão de cirurgias?

Falta de tempo cirúrgico e autorização de material inadequado para os

procedimentos.

V. Qual seria o melhor modo de gestão da fila de espera por cirurgias eletivas?

A organização da agenda não deveria ser de responsabilidade da prefeitura e sim do

setor ambulatorial da Santa Casa de Barra Mansa. Isto diminuiria o tempo de espera

para o paciente ter uma consulta com um especialista e, consequentemente, entrar

na fila de espera por cirurgias eletivas.

Outro ponto fundamental seria uma melhor gestão com recursos suficientes para a

realização das cirurgias eletivas no município de origem.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOC) GESTOR MUNICIPAL

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICABACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP

Prezado(a) entrevistado(a),

As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo para a composição do trabalho deconclusão de curso – TCC, do curso de GRADUAÇÃO em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAda UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF. O objetivo é conhecer com maisdetalhes os problemas que desencadeiam a demora na fila de espera por cirurgias eletivas, nomunicípio de Barra Mansa.

PERFIL DO ENTREVISTADO(A):

SEXO: ( ) MASCULINO ( x ) FEMININO

IDADE:

ESCOLARIDADE:

( ) NÃO ALFABETIZADO ( ) ALFABETIZADO

( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO

( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

( ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO

( x ) PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ( ) STRICTO SENSU

ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO(A) ( ) CASADO(A) ( x )OUTRO____Viúva___________________________

OCUPAÇÃO:

Coordenadora do Centro de Especialidades Médicas – Barra Mansa

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICOI. Onde se inicia o atendimento que detecta a necessidade de inclusão dos

pacientes na fila de espera por cirurgias eletivas?

Nas unidades de saúde.

II. Que tipo de verba é utilizada na realização dessas cirurgias?

Verba SUS, que é repassada pela secretaria de saúde à Santa Casa.

III. Como funciona a captação dos recursos destinados às cirurgias eletivas?

Esta pergunta deverá ser respondida pela gerente de Controle e Avaliação.

IV. Como é feita a distribuição destes recursos para as instituições de saúde

conveniadas?

A gerência de controle e avaliação é responsável por estes dados.

V. Como é feito o controle da fila de espera de cirurgias eletivas?

É feito pela Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.

VI. Qual a quantidade, em média, de cirurgias eletivas ofertadas no mês? Em

específico as ortopédicas.

Quem tem este controle é a Santa Casa e a Gerência de Controle e Avaliação.

VII. Quais são as especialidades mais procuradas por pacientes que

necessitam de um procedimento eletivo?

Cirurgia Geral e cirurgia ortopédica.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

VIII. Qual o critério utilizado na seleção dos pacientes que aguardam na

fila?

Somente a Santa Casa pode fornecer esta informação.

IX. Existe mutirão de cirurgias eletivas de média complexidade no município? Se

sim, explique como é realizado.

Não no momento.

X. Existem projetos sobre a diminuição da fila de espera? Se sim, explique em

que nível eles estão e como será o desenvolvimento destes.

Não sei informar.

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