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Cirurgia Minimamente Invasiva Sistema Da Vinci Cirurgia Roboticamente Assistida Diogo Nuno Martins Félix Rodrigues Veiga Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Porto, 2011

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Cirurgia Minimamente Invasiva

Sistema Da Vinci – Cirurgia Roboticamente Assistida

Diogo Nuno Martins Félix Rodrigues Veiga

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina

Porto, 2011

- 2 -

Cirurgia Minimamente Invasiva

Sistema Da Vinci – Cirurgia Roboticamente Assistida

Dissertação de Candidatura ao grau de

Mestre em Medicina, submetida ao Instituto de

Ciências Biomédicas de Abel Salazar da

Universidade do Porto.

Nome: Diogo Nuno Martins Félix Rodrigues Veiga

Categoria: Aluno 6º ano

Nº de aluno: 051001101

Orientador – Dr. Carlos Manuel Vieira Magalhães

Categoria – Especialista em Cirurgia Geral/Medicina Desportiva

Assistente Cirurgia Geral/ Cirurgia de Ambulatório

Assistente Convidado de Anatomia Sistemática

Afiliação – Instituto de Ciências

Biomédicas Abel Salazar da Universidade do

Porto – HSA/CHP

- 3 -

Índice

Resumo ............................................................................................ 4

Abstract ............................................................................................. 5

1. Introdução..................................................................................... 6

2. Sistema Cirúrgico Da Vinci ......................................................... 7

3. Benefícios ..................................................................................... 8

3.1 Visualização 3D ............................................................... 8

3.2 Dexteridade ...................................................................... 9

3.3 Redução do Tremor ........................................................ 10

3.4 Postura Ergonómica ....................................................... 11

3.5 Menor Morbilidade e Tempo de Internamento ............... 11

3.6 Telecirurgia ..................................................................... 12

4. Limitações .................................................................................. 12

4.1 Falta de Feedback Háptico ............................................. 12

4.2 Tempo de Operação ...................................................... 13

4.3 Custos ............................................................................. 14

4.4 Espaço do Bloco Operatório ........................................... 15

4.5 Questões Éticas .............................................................. 15

5. Formação e Curva de Aprendizagem em Cirurgia Robótica ....... 16

6. Aplicabilidade Clínica ................................................................ 18

6.1 Cirurgia Geral .................................................................. 18

6.2 Cardiologia ...................................................................... 23

6.3 Urologia ........................................................................... 25

- 4 -

Resumo

Nos últimos 20 anos, e apesar das limitações, a laparoscopia tem revolucionado

a cirurgia minimamente invasiva. Na tentativa de superar estas mesmas limitações,

surgiu nos finais dos anos 90, fruto da inovação tecnológica, o primeiro sistema

cirúrgico robótico – o Da Vinci. Utilizando este sistema, o cirurgião controla através de

uma consola ergonómica, 4 braços robóticos e correspondentes instrumentos, que

com um design inovador, permitem uma dexteridade, controlo e precisão sem paralelo

na cirurgia minimamente invasiva. A este também é proporcionado pela consola uma

visão tridimensional e de alta definição, da loca cirúrgica que opera.

Esta tecnologia foi recebida com entusiasmo, sendo a quantidade de literatura

produzida à volta do sistema vasta. Desta maneira o objectivo deste artigo é realizar

uma revisão bibliográfica acerca da aplicação clínica deste sistema inovador, focando

também os seus benefícios e limitações.

Apesar de permitir uma visualização tridimensional, uma maior dexteridade de

movimentos, uma postura ergonómica superior e possibilitar a realização de

telecirurgia; o sistema Da Vinci está associado a encargos financeiros extremamente

elevados.

Entre outras áreas, o sistema Da Vinci tem sido particularmente utilizado nas

áreas da cirurgia de revascularização, bariátrica e oncológica. Nestas a utilização do

sistema cirúrgico tem sido associado a um decréscimo da morbilidade, proporcionando

também melhores resultados em termos funcionais como oncológicos.

A tecnologia encontra-se ainda numa fase precoce de aplicação, sendo que é

necessário a elaboração de mais e melhor evidência. Contudo, a sua aplicação em

procedimentos como a prostatectomia radical, é extremamente prometedor. Espera-se

que num futuro próximo esta nova tecnologia se afirme como Gold standart na

abordagem minimamente invasiva de múltiplas patologias.

Palavras-chave

Da vinci; cirurgia minimamente invasiva; cirurgia roboticamente assistida; Total

endoscopic coronary artery bypass; prostatectomia radical roboticamente assistida;

excisão total do mesorrecto roboticamente assistida.

- 5 -

Abstract

Over the past 20 years, and despite its limitations, laparoscopy has revolutionized

minimally invasive surgery. In an attempt to overcome these, in the late 90’s and due to

technological innovation, the first surgical system – the Da Vinci, was developed.

Using this system, the surgeon controls through an ergonomic console, four

robotic arms and related instruments, which with an innovative design, allow dexterity,

control and precision unparalleled in minimally invasive surgery. He is also provided, by

the console, with a high definition, three-dimensional view of the surgical field.

This technology has been received with great enthusiasm, and the amount of

literature produced about it has been vast. Thus the aim of this article is to produce a

review of the literature surrounding the clinical application of this innovative system,

also focusing on its benefits and limitations.

Despite allowing a three-dimensional view, greater dexterity of movement, a more

ergonomic posture and the possibility of telesurgery; the da Vinci system is associated

with extremely high financial costs. Among other areas, the da Vinci system has been

used particularly in the areas of revascularization, bariatric and oncologic surgery. In

these areas, the use of the surgical system has been associated with a decrease in

morbidity, as well as, better functional and oncological outcomes.

The technology is still at an early stage of implementation and the need to produce

more and better evidence is high. However, its application in procedures such as

radical prostatectomy is promising. It is expected that in the near future this new

technology asserts itself as the gold standard minimally invasive approach to multiple

conditions.

Keywords

Da Vinci; Minimally invasive surgery; Robotically assisted surgery, Total endoscopic

coronary artery bypass; Robotic-assisted radical prostatectomy, Robotic-assisted total

mesorectal excision.

- 6 -

1. Introdução

Desde 1987, quando Mouret realizou a primeira colecistectomia laparoscópica,

que a cirurgia minimamente invasiva (CMI) tem vindo a revolucionar a área cirúrgica.

A CMI, ao contrário da cirurgia convencional, assenta na execução de

procedimentos cirúrgicos, através de pequenos orifícios, utilizando longos

instrumentos e técnicas vídeo-endoscópicas; para acederem, visualizarem e intervirem

em teoricamente, qualquer região do corpo humano.

A utilização de pequenos orifícios, em vez da realização de grandes feridas

cirúrgicas, proporciona melhor resultado cosmético, menor dor pós-operatória e menor

morbilidade associada, levando à diminuição do tempo de convalescença e

internamento.(1)

Contudo, para atingir tais benefícios o cirurgião vê-se limitado pois deixa de ter

acesso directo (visual e táctil) à loca cirúrgica, executa os passos cirúrgicos com

instrumentos longos que amplificam o tremor, com pouca amplitude de movimento, e

visualiza os movimentos efectuados num monitor colocado perto da mesa cirúrgica.

Estes aspectos originam, para o cirurgião, uma menor coordenação visual-motora, má

posição ergonómica a suportar durante horas e uma curva de aprendizagem bastante

superior, em comparação com a cirurgia convencional (2). Apesar destas limitações, o

recurso e adesão às técnicas de CMI tem crescido exponencialmente ao longo das

duas últimas décadas, tornando-se mesmo, em muitos casos, a técnica Gold-standard

para muitas patologias.

Paralelamente à introdução e desenvolvimento das técnicas de CMI, surge nos

finais dos anos 80 o conceito de robots cirúrgicos, impulsionado pela NASA e pelo

Stanford Research Institute, que deram os primeiros passos no sentido de tornar a

telecirurgia robótica possível. Desde então, tal como descrito por vários autores (3-5),

várias têm sido as áreas cirúrgicas em que a robótica tem vindo a dar o seu contributo

para a realização de procedimentos cirúrgicos de uma forma segura e eficaz. São

exemplos disso: o Minerva, um robot para a colocação precisa de uma agulha para a

realização de uma biopsia cerebral; o ROBODOC, um robot que molda a superfície

óssea, utilizado para assistir a colocação da prótese total da anca; e o Steady-hand,

um suporte para a instrumentalização minuciosa e precisa das cirurgias

oftalmológicas. Apesar da comercialização destes robots cirúrgicos ter começado no

princípio dos anos 90, foi necessário esperar alguns anos até ao aparecimento de

sistemas robóticos cirúrgicos completos como o Zeus, da Computer Motion e o da

Vinci, da Intuitive Surgery. Como em 2003 a Computer Motion foi comprada pela

- 7 -

Intuitive Surgery, actualmente o sistema da Vinci é o único do seu género a ser

comercializado no mercado.

Desde a sua aprovação pela FDA, no ano de 2000, o da Vinci tem sido

comercializado havendo actualmente 1840 sistemas espalhados por todo mundo,

sendo a sua utilização amplamente difundida pelas várias áreas cirúrgicas.

Este novo artefacto tecnológico tem sido recebido com grande entusiasmo pelos

cirurgiões, como indicia a quantidade crescente de artigos científicos publicados na

última década.

Este artigo propõe-se fazer uma revisão dessa produção científica sobre o da

Vinci, incidindo essencialmente nos benefícios e limitações, curva de aprendizagem e

aplicabilidade em várias áreas cirúrgicas.

2. Sistema Cirúrgico da Vinci

O mais recente sistema cirúrgico da Vinci Si-HD, em homenagem ao inventor do

primeiro robot da História, é a plataforma cirúrgica actualmente mais avançada.

Segundo a informação disponibilizada pelo seu fabricante (6), consiste numa

consola cirúrgica desenhada ergonomicamente e num carro colocado lateralmente ao

doente, que suporta 4 braços robóticos interactivos: um com uma sofisticada câmara

endoscópica e os outros 3 controlam instrumentos cirúrgicos extremamente precisos e

com uma flexibilidade superior ao punho humano. (Figura 1).

O cirurgião, sentado na consola cirúrgica, é imerso numa imagem tridimensional

de alta resolução, com potencial de ser amplificada. Com a ajuda de tecnologia

Figura 1.da Vinci S HD robotic system (consola cirúrgica, braços robóticos,

sistema de visualização). (© 2011 Intuitive Surgical, Inc.)

- 8 -

robótica e informática, vê os seus movimentos serem escalados, filtrados de qualquer

tremor existente e reproduzidos de forma precisa pelos instrumentos localizados na

loca cirúrgica, e operados pelos braços robóticos. O resultado é uma interface intuitiva

que permite dexteridade, controlo e precisão sem paralelo na CMI. De realçar, que em

nenhum momento o sistema é autónomo para realizar movimentos, estando sempre o

cirurgião a controlar os movimentos dos braços robóticos.

O sistema é completado por uma torre, onde um monitor mostra ao assistente

todos os passos que o cirurgião efectua e outras informações, que este pretende

controlar ou necessitam de estar rapidamente disponíveis, como os sinais vitais do

doente, exames imagiológicos, entre outras.

Este último modelo tem também a capacidade de acoplar duas consolas

cirúrgicas ao mesmo conjunto de braços robóticos, para permitir que dois cirurgiões

cooperem na mesma cirurgia, ou mesmo para efeitos de formação cirúrgica (7).

Feita esta breve apresentação aborda-se seguidamente os benefícios e as

limitações avançadas, até à data, pela literatura científica, no que se refere à utilização

do sistema da Vinci, assim como uma descrição mais pormenorizada das

componentes chave do sistema por detrás desses benefícios.

3. Benefícios do sistema da Vinci

3.1 Visualização em 3D

A perda da noção de profundidade e orientação espacial associados à

laparoscopia convencional (visualização em 2D) é um dos inconvenientes das técnicas

de CMI convencionais. (8)

A utilização de um endoscópio de 12mm ou 8,5mm, com dupla câmara (Figura 2),

permite a criação de uma visão

tridimensional no monitor da consola do

cirurgião, proporcionando uma imagem

de alta definição, que pode ser

amplificada 10 a 15x, fornecendo assim

um detalhe da anatomia da loca cirúrgica

sem precedentes (Figura 3). Este detalhe

permite ao cirurgião minimizar o trauma à

anatomia circundante como, por exemplo,

à neurovasculatura periférica da próstata

numa prostatectomia ou numa esofagomiotomia para individualizar as fibras

Figura 2.Endoscópios de 12 e 8,5 mm

(© 2011 Intuitive Surgical, Inc.)

- 9 -

musculares. Por outro lado, a introdução da tridimensionalidade nas técnicas de CMI

por este sistema permite uma melhor coordenação motora (9). Este estudo mostra que

a passagem de uma visualização bidimensional para tridimensional não só melhorou

significativamente a performance de estudantes de medicina, sem prévia formação

cirúrgica, na realização de certos procedimentos técnicos essenciais à prática cirúrgica

(passar uma agulha e fio por anéis a várias alturas), como também teve um impacto

positivo na diminuição da curva de aprendizagem. Resultados também suportados por

Isikawa, Norihiko et al. (10).

É importante também referir, que a cirurgia laparoscópica exige que um assistente

manipule a câmara endoscópica, resultando que nem sempre o cirurgião visualiza o

que quer, nem possui uma visão estável. No caso da cirurgia robótica, a imagem que o

cirurgião recebe é estável, já que a câmara é suportada por um dos braços robóticos,

totalmente controlado pelo

cirurgião, por intermédio da

voz ou pedais, deixando

assim de depender da perícia

de um assistente para obter

os ângulos de visão que

melhor se adequam às

tarefas cirúrgicas.

A visualização adequada

e detalhada dos tecidos,

também é crucial para

ultrapassar uma das limitações da cirurgia robótica, que é a perda de feedback dos

instrumentos, tanto em termos de força como de sensibilidade, que irá ser discutida

com maior detalhe posteriormente.

3.2 Dexteridade

Desde a aplicação da tecnologia robótica na indústria e cirurgia que a sua

componente fulcral é o braço robótico, pelo que o seu desenvolvimento se baseou na

anatomia do braço humano (11). Outro parâmetro muito importante quando avaliamos

a dexteridade e amplitude dos movimentos, quer de um braço humano como de um

braço robótico, são os seus degrees of freedom (DoF) – número de movimentos

independentes que pode realizar (5).

Com a introdução da laparoscopia e apesar dos seus benefícios, o cirurgião

deixou de ter a mesma dexteridade que tinha na cirurgia aberta, necessitando de

Figura 3. InSite Vision® -Visualização tridimensional

fornecida pela consola (© 2011 Intuitive Surgical, Inc.)

- 10 -

utilizar instrumentos rígidos e longos, perdendo assim DoF, devido à fixação do ponto

de inserção dos instrumentos que permite apenas 4 DoF dentro da cavidade corporal.

Desta maneira ele não consegue chegar a qualquer ponto da loca cirúrgica,

independentemente da orientação dos instrumentos e, consequentemente tarefas

complexas como, por exemplo, suturar tecidos,

consomem tempo e requerem treino intensivo (12). Tal

limitação da laparoscopia é assim ultrapassada por

uma tecnologia chave do sistema da Vinci – o

EndoWrist®. Este é um design de instrumentos

multiarticulados com 7 DoF (6 da articulação do braço

mais 1 do instrumento), que permite uma amplitude de

movimento muito superior à da mão humana.(Figura 4).

Esta tecnologia recupera a manobralidade da cirurgia

aberta e amplifica a dexteridade dos movimentos do

cirurgião, permitindo-lhe uma melhor manipulação e

dissecção dos tecidos e realização de suturas e nós.

Este aumento da dexteridade é demonstrado num

estudo já referido anteriormente (9), que mostrou que durante a realização de uma

série de tarefas cirúrgicas básicas, a troca da técnica de laparoscopia para a cirurgia

robótica, melhorava a performance de estudantes sem prévia experiência em CMI, não

só diminuindo o tempo necessário para a realização das tarefas, mas também dos

erros associados a esta.

Juntamente com a melhor visualização torna-se possível ao cirurgião operar com

facilidade em espaços confinados como o tórax, pescoço e pelve, por exemplo, pelo

que cirurgias que anteriormente eram complexas por CMI são mais praticáveis.

3.3 Redução do tremor

Ao contrário da cirurgia aberta e laparoscópica, com o da Vinci o cirurgião não só

deixa de ter acesso directo à loca cirúrgica, como também deixa de suportar os

instrumentos cirúrgicos que passam a ser suportados pelos braços robóticos. Dessa

maneira o tremor, associado ao suporte algo instável dos instrumentos pelo cirurgião,

deixa de existir, melhorando também a precisão dos movimentos efectuados.

Figura 3. EndoWrist ® (© 2011

Intuitive Surgical, Inc.)

- 11 -

3.4 Postura Ergonómica

A performance de um cirurgião em CMI é influenciada por inúmeros factores, tais

como: a posição da mesa de operação e do monitor, a posição dos trocarts, entre

outros. O cirurgião para realizar uma cirurgia laparoscópica não só necessita de

sustentar, por longos períodos, uma posição pouco natural e contorcida para

instrumentalizar, como também apresenta uma má coordenação visual-motora devido

ao não alinhamento dos instrumentos com o monitor. Tal facto não só leva à fadiga e

desconforto, como também podem prejudicar a sua performance (13). Já na cirurgia

robótica, com o sistema da Vinci, o seu design ergonómico não só permite que o

cirurgião trabalhe numa posição sentada, com os braços numa posição mais relaxada

e a cabeça apoiada na consola, como também recupera o alinhamento do corpo num

só eixo.

Apesar da escassez de produção científica sobre este assunto foi publicado, em

2007, um estudo piloto interessante (14) onde se procurou comparar o desconforto

muscular e a posição ergonómica de um mesmo cirurgião, enquanto realizava 8

bypass gástricos, 4 utilizando a técnica laparoscópica tradicional e 4 utilizando o

sistema da Vinci.

Para avaliar o desconforto muscular foi utilizado um questionário, e para a

avaliação da postura ergonómica foi utilizado o RULA (rapid upper-limb assment),

realizado por dois observadores independentes. Os resultados, sem serem

estatisticamente significativos, demonstraram uma tendência para um agravamento do

desconforto músculo-esquelético, mas se na técnica laparoscópica, as zonas do corpo

com maior desconforto foram mais abrangentes (pescoço, articulação do punho, mãos

e dorso), na cirurgia robótica apenas se resumiam ao pescoço e região glútea.

Apesar das limitações do estudo, os resultados sugerem que a cirurgia robótica

tem vantagens e desvantagens posturais. Proporcionam uma posição mais

ergonómica dos membros superiores mas, devido ao design das consolas cirúrgicas,

nomeadamente do ângulo da interface visual, provocam um stress músculo-

esquelético superior do pescoço. Por isso mais estudos são necessários nesta área

algo negligenciada da cirurgia robótica, para contribuírem nos seus futuros

melhoramentos da ergonomia da consola.

3.5 Menor Morbilidade e Tempo de Internamento:

Na literatura científica tem sido demonstrado constantemente, em variadíssimos

tipos de cirurgia, que o recurso à cirurgia robótica não só proporciona os mesmos

benefícios associados à laparoscopia convencional, como chega mesmo a superá-los,

- 12 -

em alguns procedimentos, em termos de quantidade de sangue perdido, tempo de

hospitalização e pós-operatório.

3.6 Telecirurgia

Um dos objectivos desta tecnologia era permitir a realização de cirurgias em

lugares remotos, como o espaço ou teatros de guerra, onde nem sempre um cirurgião

poderá realizar procedimentos cirúrgicos em segurança.

Os primeiros passos para tornar possível essa realidade foram dados, em 2001,

por Marescaux J. et al (15) com a realização da primeira colecistectomia robótica

transatlântica, com a remoção da vesícula biliar de um paciente em Strasbourg, por

um cirurgião a partir de Nova Iorque.

Contudo para que a telecirurgia se torne uma prática comum é necessário um

maior desenvolvimento na área das telecomunicações, visando a segurança da

informação transmitida desde a consola do cirurgião para um outro local remoto no

Mundo, assim como a resolução de problemas éticos e legais levantados pela prática

de actos médicos transfronteiriços.

A telecirurgia também é vista como uma resposta para fornecer cuidados

cirúrgicos a países menos desenvolvidos que não seriam possíveis sem a presença

física de cirurgiões experientes (16).

4. Limitações do sistema da Vinci

4.1 Falta de feedback háptico

Apesar das vantagens, em termos de dexteridade, o uso dos braços robóticos não

é isento de limitações.

Uma componente muito importante na prática cirúrgica é o feedback visual e

principalmente o feedback háptico. Este consiste na informação cinestésica

(relacionado com a força e posição) e/ou sensitiva/táctil que o cirurgião recebe durante

a manipulação dos tecidos. Ao afastar-se dos tecidos, parcialmente na laparoscopia, e

totalmente com o uso do sistema da Vinci; o cirurgião nas técnicas de CMI perde no

primeiro caso parcialmente o feedback háptico, e totalmente no segundo (17). Esta

característica do sistema cirúrgico limita de modo crucial a identificação e exame das

várias propriedades dos tecidos moles (consistência, viscosidade e elasticidade), pelo

que a identificação de margens de tumores ou mesmo de alterações patológicas de

tecidos aparentemente normais, fica gravemente comprometida (18).

- 13 -

Outra característica limitativa, pelo uso dos braços robóticos e respectivos

instrumentos, é o cirurgião deixar de ter a noção da força que aplica aos tecidos vivos,

quando é necessário segurá-los, removê-los ou suturá-los correctamente, de modo a

evitar complicações e traumas desnecessários. Esta constatação é retratada num

estudo (19) que compara a força aplicada na realização de nós cirúrgicos de 3

maneiras diferentes: usando apenas as mãos, como numa cirurgia aberta; utilizando

instrumentos de laparoscopia convencional e utilizando o sistema da Vinci. O estudo

demonstra que a eficácia e eficiência da força aplicada pelas mãos difere, nas 3

maneiras, sendo que na cirurgia robótica a repetibilidade da aplicação de uma força de

igual magnitude está afectada. Outros artigos também demonstram a importância

desta problemática (20-24) na tentativa de minimizar trauma desnecessário e

aumentar o sucesso da CMI.

A resolução do problema da falta de feedback de força poderá assim melhorar a

realização de tarefas cirúrgicas complexas assim como de nós cirúrgicos em suturas

finas.

Contudo a perda de feedback da força é parcialmente compensada pela visão

tridimensional. Assim, para ultrapassar esta limitação, os cirurgiões vêm-se obrigados

a guiarem-se pelo feedback visual (deformação visual dos tecidos) quando da

realização de CMI, para terem a noção de que a força que está a ser aplicada é ou

não a correcta.

Alguns estudos (21, 25) sugerem que a utilização de dispositivos com displays ou

sons, indicando a força que está a ser aplicada, melhoram a consistência e

replicabilidade das forças aplicadas, podendo ser uma possível solução para este

problema. Até ao momento a sua implementação ainda não foi possível, apesar de

alguns protótipos terem sido desenvolvidos (26,27). Por isso mesmo é necessário

investigar nesta área tendo como objectivo a restauração do feedback háptico da

cirurgia aberta, ou mesmo superá-lo.

No entanto não existe consenso na comunidade científica, sobre isto, pois alguns

autores (28) são da opinião que a importância do feedback háptico é sobrestimada, já

que apesar da ausência ou comprometimento do feedback, cirurgiões experientes são

ainda capazes de realizar, com sucesso, tanto cirurgias laparoscópicas como cirurgias

roboticamente assistidas.

4.2 Tempo de operação

Na literatura científica encontra-se ausência de consenso na comparação dos

tempos operatórios da laparoscopia convencional e da cirurgia robótica. Alguns

- 14 -

estudos demonstram valores semelhantes (29-32), enquanto outros (33-34) apontam

para um aumento do tempo operatório na cirurgia robótica, associado a

constrangimentos técnicos de preparação do sistema (posicionamento, esterilização,

calibração, ligação dos braços robóticos aos trocarts, colocação dos instrumentos

cirúrgicos e câmara, etc..). Isto pode ter levado à ideia errada de que o tempo de

preparação do sistema não é aceitável para justificar o seu uso. Contudo, tal como

Iranmanesh Pouya, et al (35) demonstraram, a preparação do sistema cirúrgico e

procedimentos técnicos associados, apesar de ter um impacto inicial elevado no

tempo operatório, pode ser efectuada de forma eficiente após treino, com uma curva

de aprendizagem bastante rápida.

4.3 Custos

Um dos maiores constrangimentos para o uso do sistema da Vinci são os custos

associados.

Assim, quando estamos a avaliar os custos da cirurgia robótica, é necessário ter

em conta 3 componentes: a aquisição do sistema que ronda cerca de 1,5 milhões de

euros; os custos da manutenção que rondam os 150 mil euros anuais e os custos de

utilização. Estes incluem os gastos gerais associados à operação que incluem, entre

outras coisas, o custo dos instrumentos, a rondar os 250 euros por instrumento, muito

superior ao da laparoscopia convencional e os custos do internamento hospitalar.

Estes encargos financeiros nem todos os centros cirúrgicos conseguem suportar.

Outro aspecto importante, em relação aos custos da aquisição, é o monopólio de

mercado que a Intuitive Surgical possui. Caso esta situação se altere espera-se que,

com a competitividade, resulte numa diminuição dos preços da venda dos sistemas

cirúrgicos robóticos, a par da baixa dos preços de fabrico associados ao maior

desenvolvimento tecnológico.

Já quanto aos custos relacionados com o uso, vários são os estudos (36-41) que

demonstram um aumento dos custos directos associados à cirurgia robótica,

comparativamente à cirurgia laparoscópica convencional. Alguns destes estudos

associam esse acréscimo com o aumento do tempo operatório, mas este diminui

quando se atinge o plateau da curva de aprendizagem, com a consequente diminuição

dos custos (42,43).

A diminuição do tempo de internamento, associado ao uso da cirurgia robótica,

também deve ser tida em conta sendo que, em hospitais onde os custos diários por

cama são grandes e onde existe uma grande rotatividade e volume de casos, tal facto

poderá compensar os custos associados à tecnologia (44).

- 15 -

Contudo, passada a fase inicial da curva de aprendizagem, onde os custos são

grandes e apresentam uma grande variabilidade de centro para centro, eles podem

reduzir-se para valores sustentáveis (45), ou mesmo lucrativos tal como demonstra

Steinberg et al (46). Para tal, o centro cirúrgico necessita de aumentar o volume de

cirurgias, não só para as equipas cirúrgicas rapidamente atingirem o plateau da curva

de aprendizagem, minimizando os custos associados à formação; mas também para

atingir níveis sustentáveis ou mesmo lucrativos, que possam compensar a aquisição e

funcionamento do sistema.

4.4 Espaço do bloco operatório

A cirurgia laparoscópica por si está associada a grande quantidade de

equipamento presente, limitando o espaço do bloco operatório e restringindo o

movimento da equipa profissional, podendo comprometer a eficiência e segurança de

uma cirurgia (47). O acesso ao doente é algo restrito mesmo para o anestesista,

complicando assim a prestação de reanimação cardio-pulmonar em caso de paragem

cardíaca durante uma cirurgia robótica.

Como a cirurgia robótica, devido ao seu design, incorpora equipamentos de

maiores dimensões, nem todos os blocos operatórios estão equipados para receber

este sistema cirúrgico.

4.5 Questões éticas

Esta tecnologia inovadora levanta algumas questões éticas. Uma delas relaciona-

se com o eventual mal funcionamento do sistema podendo o doente ficar em risco de

lesões ou complicações, e quando isto acontece a quem cabe a responsabilidade? Ao

cirurgião ou ao fabricante?

Felizmente a taxa de complicações devido a problemas do sistema é cerca de 5%

sendo que, na maioria das vezes, apenas resultam em conversões para cirurgia

aberta. Acresce que essa taxa tem vindo fortemente a diminuir, pois era de16%, em

2007, e 94%, em 2003 (48).

A possibilidade do uso da telecirurgia levanta também as questões legais dada a

possível natureza transfronteiriça, como também as inerentes a uma quebra da

ligação, ou alteração de dados durante a transmissão. A quem caberão as

responsabilidades das consequências? Ao cirurgião? Á empresa que fornece o serviço

de telecomunicações?

- 16 -

Como esta nova tecnologia ainda não se encontra abrangida por legislação

regulamentar, ou mesmo guidelines para a sua utilização adequada, é de esperar que

esta situação seja rectificada em breve.

5. Formação e Curva de Aprendizagem em cirurgia robótica

Durante muito tempo a formação cirúrgica teve lugar exclusivo no bloco operatório

e baseava-se na máxima “ver – fazer - ensinar”. Contudo a formação em técnicas de

CMI é mais desafiante centrando-se mais no acto de “fazer” do que na simples

observação e mobiliza mais competências do que na cirurgia aberta.

Por isso existe a necessidade de recorrer ao treino em cadáveres de animais ou

humanos. Contudo estes são difíceis de adquirir, caros e não permitem a repetição de

um mesmo procedimento. Assim sendo foi necessário criar alternativas aceitáveis para

a formação cirúrgica, surgindo o recurso a simuladores mecânicos ou virtuais. Os

simuladores, principalmente os virtuais, como o de Stava, pioneiro na simulação de

cirurgias abdominais (49), tiveram um papel preponderante ao proporcionarem o

equipamento necessário para a aquisição e manutenção de competências motoras e

perceptivas cruciais, sem por pacientes em risco (50-52). Estas competências poderão

ser transferidas para o bloco operatório, diminuindo a curva de aprendizagem e

garantindo a segurança dos procedimentos cirúrgicos efectuados por cirurgiões em

formação (53,54).

Como para a laparoscopia, a utilização de simuladores virtuais para a formação

em cirurgia robótica tem um papel preponderante, proporcionando a aquisição rápida

das competências básicas (55) semelhantes às adquiridas nos simuladores mecânicos

(56). Estão actualmente disponíveis vários simuladores (6,57,58)

Uma outra questão que se coloca, é saber se a curva de aprendizagem da

laparoscopia convencional e da cirurgia robótica, diferem entre si e se a experiência

prévia em técnicas de CMI tem alguma influência sobre ela.

Define-se curva de aprendizagem, como o processo progressivo de ganhar

conhecimento e capacidades/competências no campo das técnicas cirúrgicas,

podendo ser indirectamente avaliada pelas taxas de sucesso de um operação/tarefa,

tempo de execução e taxas de morbilidade.

Tal como demonstrado por A. Blavier et al (9) as curvas de aprendizagem da

laparoscopia convencional e da cirurgia robótica diferem entre si, sendo que a

realização de suturas e técnicas básicas que envolvem dexteridade são capacidades

adquiridas mais rapidamente em cirurgia robótica do que em laparoscopia

- 17 -

convencional, independentemente da experiência prévia em técnicas de CMI. A

capacidade de visualização em 3D e o aumento da dexteridade são apontados como

os principais responsáveis por tal facto e são suportados por estudos como o de

Yohannes P et al (59).

Já Nguan Cristopher et al (60), e principalmente Di Lorenzo N. et al (61)

demonstram que tendo em conta a experiência prévia em laparoscopia convencional,

cirurgiões mais experientes apresentam uma curva de aprendizagem mais rápida,

utilizando o sistema cirúrgico da Vinci, do que cirurgiões no início da carreira,

possibilitando aos primeiros, adicionar rapidamente novos e inovadores procedimentos

terapêuticos, aos que já consegue realizar. Apesar disso, é relevante salientar que, tal

como já foi referido anteriormente, apesar de cirurgiões menos experientes

apresentarem uma curva de aprendizagem superior à de cirurgiões experientes, ela

continua a ser inferior comparativamente à da laparoscopia convencional, o que indicia

que rapidamente cirurgiões no início de carreira poderão realizar técnicas de CMI, pela

via da cirurgia robótica.

No entanto, tendo presente a existência da possibilidade de ter de converter uma

cirurgia robótica para uma cirurgia laparoscópica convencional, ou mesmo para uma

cirurgia aberta, devido a qualquer eventualidade, a formação dos cirurgiões em todas

estas técnicas são necessárias para garantir o sucesso de qualquer operação,

processo este que requer tempo e dedicação consideráveis.

Outro aspecto importante é que a curva de aprendizagem varia consoante o tipo

de procedimento, sendo necessário ter em conta a experiência e perícia do operador,

o tipo de cirurgia e o número de cirurgias realizadas, para determinar a curva de

aprendizagem de um determinado procedimento. Este assunto será novamente

retomado, quando da abordagem do uso do sistema cirúrgico nas especialidades

médico-cirúrgicas mais preponderantes.

Nos EUA, a FDA exige que qualquer cirurgião que pretenda utilizar este sistema

cirúrgico frequente cursos de formação ministrados pelo fabricante (6). Na Europa não

existe tal exigência, contudo a formação cirúrgica na utilização do sistema da Vinci,

passa por uma primeira fase, que decorre fora do bloco operatório, de familiarização

ao sistema, aos vários componentes e procedimentos técnicos de preparação do

sistema; e também pela aquisição de competências técnicas motoro-visuais básicas,

através do uso de simuladores. Numa segunda fase, o cirurgião irá presenciar vários

procedimentos cirúrgicos realizados por um cirurgião experiente no uso do sistema da

Vinci, iniciando posteriormente a realização de cirurgias sobre supervisão, onde irá

maturar todas as competências adquiridas previamente.

- 18 -

6. Aplicabilidade Clínica

Esta tecnologia tem sido sucessivamente aprovada pela FDA para utilização em

vários ramos cirúrgicos, desde a Cirurgia Geral até à Ginecologia, sendo que a sua

utilização está descrita nos mais variados procedimento.

Mas apesar dos seus benefícios e capacidades mostradas para ultrapassar

limitações da laparoscopia serem amplamente difundidos pela literatura científica, para

que a cirurgia robótica realmente substitua aquela que actualmente é considerada

Gold standard da cirurgia minimamente invasiva, é necessário demonstrar

clinicamente a sua superioridade.

Neste aspecto a literatura é muito escassa em termos de evidências, sendo que a

maioria dos artigos publicados nos remetem para “case séries” da experiência inicial

de centros cirúrgicos, artigos de opinião e “case reports”. Poucos artigos conseguem

apresentar algumas evidências apreciáveis, através de estudos aleatórios, retro ou

prospectivos, contudo com amostras reduzidas.

Constata-se que, dos 3 834 artigos publicados acerca da utilização do da Vinci, 3

454 possuem níveis de evidência baixo (III,IV e V), 349 possuem níveis de evidência

II, e apenas 21 atingem um nível de evidência elevado I (6). Apesar da literatura

existente não permitir extrair grandes evidências quanto à superioridade desta nova

tecnologia é possível, no entanto, tirar algumas conclusões.

Isso será seguidamente abordado para três das mais representativas áreas

cirúrgicas a empregar técnicas robóticas (Urologia, Cardiologia e Cirurgia Geral),

frisando os aspectos que poderão contribuir para melhorar os resultados clínicos,

comparativamente com as técnicas convencionais de cirurgia aberta ou laparoscópica.

Os parâmetros mais avaliados na literatura e alvo de comparação entre técnicas

resumem-se entre outros, ao tempo operatório, custos, tempo de internamento, perdas

hemáticas, complicações, conversões, outcome funcional ou oncológico, mortalidade e

problemas técnicos.

6.1 Cirurgia Geral

Colecistectomia

Vários são os cases series (62-65) publicados que demonstram a possibilidade e

segurança em realizar uma colecistectomia utilizando o sistema da Vinci, incluindo

mesmo por telecirurgia. Estes estudos demonstram um tempo operatório ligeiramente

superior (33,34) ou semelhante ao esperado para uma colecistectomia laparoscópica.

- 19 -

Também o tempo de internamento, morbilidade e complicações intraoperatórios

se revelaram semelhantes. Quanto às taxas de conversão, estas foram revelaram-se

ligeiramente superiores na técnica laparoscópica em comparação com as da técnica

robótica . Apesar ser da opinião dos cirurgiões, que a dissecção do triângulo de Callot

torna-se mais acessível, não havendo grandes diferenças nos outros parâmetros e

considerando os custos superiores (40) da cirurgia robótica, esta não parece

adequada para este tipo de intervenção.

Cirurgia Anti-Refluxo

A fundoplicatura de Nissen realizada laparoscopicamente tem vindo a impor-se

como o tratamento Gold standart para a doença de refluxo refractária ao tratamento

médico, sendo segura e eficaz, mas tecnicamente desafiante. Em 1999 Cadière et al

(66), realizaram pela 1ª vez uma fundoplicatura utilizando um protótipo do sistema da

Vinci, a Mona. Desde então vários têm sido os centros cirúrgicos a relatar a sua

experiência demonstrando que a técnica robótica é segura.

Comparitivamente à técnica convencional e tal como demonstra Mi J et al (67)

numa meta-análise publicada recentemente, o recurso à cirurgia robótica apesar de

proporcionar uma taxa de complicações pós-operatórias inferiores, está associado a

um tempo operatório e custos superiores. Tempos de internamento e outcomes

funcionais demonstraram-se semelhantes.

Assim apesar da opinião dos cirurgiões de que a tecnologia fornecida pelo

sistema da Vinci facilita a visualização, exposição e realização do procedimento

cirúrgico numa área anatomicamente complexa e por vezes alterada em casos de re-

operação ou existência de adesões; a cirurgia robótica não traz nenhum benefício

adicional à fundoplicatura laparoscópica convencional de Nissen.

Miotomia de Heller

A acalásia, apesar de ser uma patologia relativamente rara, é uma das patologias

em que as técnicas de CMI têm vindo a dar um grande contributo (68). Contudo uma

das complicações verificadas neste procedimento é a perfuração da mucosa

esofágica. Esta complicação quando reconhecida intraoperatoriamente pode ser

reparada sem grandes complicações para o doente, contudo quando não reconhecida

poderá causar complicações pós-operatórias, podendo mesmo levar à morte do

doente.

Também este procedimento foi alvo de uma possível utilização do sistema da

Vinci, e o que se constatou foi que devido à superior visualização e dexteridade que o

- 20 -

sistema proporciona ao cirurgião, diminui a probabilidade de provocar perfurações da

mucosa esofágica. Este facto é demonstrado tanto por um estudo multicêntrico (69)

avaliando mais de 104 miotomias de Heller roboticamente assistidas, como também

pela experiência de outros centros cirúrgicos (70,71) onde em nenhum dos

procedimentos é relatado uma única perfuração esofágica.

Desta maneira, mesmo que estudos comparativos prospectivos, como o de

Horgan et al (71), relatem tempos operatórios superiores e mesmo sendo um

procedimento mais caro, o facto de se constatar vantagens clínicas da técnica robótica

na prevenção de perforações esofágicas, o seu uso deve ser considerado.

Cirurgia Bariátrica

A obesidade é uma epidemia nas sociedades ocidentais de hoje, e cada vez mais

o tratamento cirúrgico desta patologia se tem tornado preponderante, nomeadamente

através da realização de bypass gástrico em Y de Roux, e a colocação de bandas por

via laparoscópica.

Contudo a realização de um bypass por via laparoscópica é uma técnica exigente

com uma grande curva de aprendizagem, sendo que a cirurgia robótica poderá dar o

seu contributo nesta área. Jacobsen et al (72) realizaram um questionário a 10

cirurgiões com uma experiência conjunta de 107 bypass gástricos, segundo estes o

sistema da Vinci não só facilita a realização das diversas anastomoses, como relatam

a importância de, nos casos de pacientes extremamente obesos, os braços robóticos

não dobrarem como os instrumentos de laparoscopia convencional.

Já Mohr et al em dois estudos comparativos retrospectivos (73,74) demonstraram

não só uma diminuição do tempo operatório usando o sistema da Vinci, mas também

que a curva de aprendizagem do procedimento é inferior à da laparoscopia

convencional. Assim é possível inferir a possível superioridade da técnica robótica,

contudo é necessário mais estudos que suportem o seu uso rotineiro.

Em relação à colocação de banda gástrica, após a primeira colocação de uma

banda utilizando o sistema da Vinci por Cadiere et al (75), alguns têm sido os centros

cirúrgicos a empregar tal técnica (76). Estes apesar de constatarem tempos

operatórios superiores às técnicas laparoscópicas convencionais, com tempos de

internamento semelhantes; também referem à semelhança do bypass, a grande

utilidade da consistência mais robusta dos braços robóticos quando deparados com

pacientes extremamente obesos.

- 21 -

Podemos concluir que, apesar da utilização da cirurgia robótica na cirurgia

bariátrica ainda não se encontrar muito difundida pelos centros cirúrgicos com o

sistema da Vinci, esta parece prometedora.

Cirurgia Colo-rectal

Outra patologia de grande relevo nas sociedades ocidentais é o cancro do cólon,

que constitui o 4º tumor mais comum e cuja prevalência aumenta anualmente. A

ressecção cirúrgica desde muito tempo que constitui um dos pilares do tratamento da

patologia tanto benigna como maligna, e o recurso à laparoscopia tem-se revelado

uma alternativa segura e fiável à cirurgia aberta (77,78), apesar de associada a uma

curva de aprendizagem considerável (79).

Desde as 2 primeiras colectomias roboticamente assistidas, em 2001 (80), vários

têm sido os artigos (80-88) retratando as experiências da aplicação do sistema

cirúrgico à cirurgia colo-rectal. Contudo poucos centros cirúrgicos realizaram estudos

comparativos com a técnica laparoscópica (88-91). Nestes os resultados têm sido

díspares pois, no tocante ao tempo operatório comparativo, os estudos demonstram

que os procedimentos para o cólon direito originam um aumento significativo,

enquanto para o cólon esquerdo ele desce para níveis não significativos.

Já quanto ao tempo de internamento, Delaney et al (89) referem um aumento,

enquanto Rawlings et al (91) e Spinoglio et al (88) referem uma diminuição e

D’Annibale et al (90) consideram não existir diferenças.

Em relação às taxas de complicações e conversões elas assemelham-se, e

comparados os custos, estes parecem ser superiores na cirurgia robótica mas de

forma não significativa. Por fim, em termos de resultados, visto esta tecnologia ser

recente, ainda nenhum estudo avaliou com segurança os resultados em termos

oncológicos. Contudo dados preliminares, referentes ao esvaziamento ganglionar e

positividade das margens, não demonstraram diferenças significativas entre as duas

técnicas.

Na opinião subjectiva dos vários cirurgiões com alguma experiência em cirurgia

colo-rectal roboticamente assistida, as características do sistema facilitam certos

movimentos realizados durante os variados procedimentos, tais como, entre outros:

dissecção dos vasos mesentéricos inferiores; mobilização da curvatura esplénica;

identificação dos conteúdos da cavidade pélvica e realização de suturas. Contudo é

referida a dificuldade do reposicionamento dos trocarts e do sistema robótico, quando

é necessário abordar áreas distintas do tracto gastrointestinal durante o mesmo

procedimento.

- 22 -

Mas é na excisão total do mesorrecto, que a aplicação do sistema cirúrgico parece

mais prometedora. A excisão total do mesorrecto, desde há muito tempo, tem sido o

procedimento Gold standard para casos de cancro rectal na redução da recidiva local

(92). Contudo a execução deste procedimento, devido ao espaço confinado e à

anatomia complexa da cavidade pélvica, é um dos mais complexos e desafiantes de

toda a CMI.

Com o recurso à cirurgia robótica, estudos (93-99) demonstram que esta

proporciona uma melhor preservação dos nervos autonómicos (prevenção de

incontinência e disfunção sexual), com resultados semelhantes em termos de

positividade das margens e superiores na capacidade da realização de uma excisão

mais completa. É ainda importante referir que estes benefícios são atingidos sem

aumento do tempo operatório.

Actualmente decorre um estudo internacional multicêntrico, aleatorizado e

prospectivo com um longo follow-up, comparando a ressecção do cancro rectal por

laparoscopia convencional e roboticamente assistida (ROLARR), que procura

demonstrar que as vantagens tecnológicas do sistema melhoram não só o resultado

cirúrgico mas também o oncológico.

Tendo em conta os estudos referidos, a aplicação do sistema da Vinci no

tratamento cirúrgico do cancro do recto parece prometedor.

Esofagoctomia

A esofagoctomia realizada no tratamento de patologia benigna e maligna é um

procedimento complexo e associado a uma alta morbilidade e mortalidade, contudo

também neste procedimento a CMI tem dado o seu contributo (100).

Apesar da experiência nesta área ser pequena, alguns estudos (101-103)

demonstram benefícios no uso do sistema cirúrgico não só na prevenção de perdas

hemáticas em pacientes com alto risco cirúrgico, mas também no melhor acesso à

porção média do esófago, devido ao maior comprimento dos instrumentos cirúrgicos

do sistema robótico, em comparação com os instrumentos convencionais.

Outros procedimentos

A aplicação do sistema na cirurgia geral é também vasta e abrange

procedimentos como a gastrectomia (104), esplenectomia (105), whipple (106), entre

outros, contudo a experiência do seu uso ainda é pequena e com poucas publicações

- 23 -

escassas, não sendo, por isso, possível uma avaliação sobre a sua aplicação nestes

procedimentos.

6.2 Cardiologia

Cirurgia de revascularização coronária

A doença coronária é uma das principais causas de morte em todo mundo,

podendo ser mesmo considerada uma epidemia cada vez mais prevalente nas

sociedades ocidentais de hoje, assim como a obesidade, diabetes e outros factores de

risco cardiovascular. Por essa razão é também compreensível que a cirurgia de

revascularização também se tenha tornado numa das cirurgias mais realizadas em

todo mundo.

Existem actualmente diferentes modalidades de cirurgia de revascularização. Uma

delas, a angioplastia coronária transluminal percutânea (PCI – Percutaneous coronary

intervation), permite uma abordagem endovascular ao bloqueio da irrigação das

coronárias, sendo que a colocação de um stent permite a devolução da patência

destas e a revascularização do miocárdio abrangido. Apesar desta técnica ser eficaz,

está associada a uma taxa de re-estenose e re-operação consideráveis, sendo que

estudos randomizados demonstraram os benefícios no outcome utilizando outros

procedimentos, nomeadamente o bypass coronário (CABG – Coronary artery bypass

grafting). Este procedimento consiste na utilização de artérias, por exemplo a artéria

mamária interna, ou veias como a safena, para a criação de um bypass à coronária

obstruída. Contudo esta técnica está associada a uma morbilidade considerável, já

que exige uma esternotomia infligindo um grande trauma à parede torácica. Neste

sentido a aplicação de técnicas minimamente invasivas, como a de Benetti (107), à

cirurgia de revascularização tornou-se muito aliciante, já que proporciona outcomes

melhores que a PCI e evitam a necessidade de esternotomia da CABG. A

esternotomia não está só associada a um processo de cicatrização mais demorado

(semanas a meses), mas também a uma dor pós-operatória superior (108).

Nesta área o surgimento do sistema da Vinci com as suas potencialidades, veio

proporcionar que os benefícios da CABG convencional sejam obtidos por uma via

totalmente endoscópica - TECAB (Totally endoscopic coronary artery bypass).

Estudos comprovam que, não só a qualidade das anastomoses realizadas

endoscopicamente são comparáveis às realizadas convencionalmente (109-110), mas

também que a técnica é segura e eficaz, com outcomes semelhantes ao CABG, tal

como é demonstrado por estudos grandes dimensões (111-112). Estes, apesar de

- 24 -

relataram uma taxa de patência do bypass, aos 6 meses, de cerca de 97%, também

relatam uma taxa de conversões para técnicas minimamente invasivas não

roboticamente assistidas e CABG ainda consideráveis, mas que diminuíam de acordo

com a curva de aprendizagem para níveis aceitáveis.

Sendo que a patência do bypass depende em parte pela escolha efectuada, veia

safena versus artéria mamária interna, a primeira está associada a piores resultados.

A escolha de ambas as artérias mamárias internas é a abordagem com melhores

resultados, contudo visto o trauma causado pela esternotomia, a utilização de ambas

não é prática comum nas CABG devido à preocupação de deiscência e infecção.

Como a TECAB evita esse trauma, a sua realização permitirá uma maior utilização de

ambas as artérias mamárias internas, e teoricamente melhorar o outcome, tal como

refere Jones B et al (113).

Uma das limitações da TECAB é que se trata de uma técnica complexa com uma

curva de aprendizagem considerável e não pode ser oferecida a doentes com

cardiomegalia significativa, nem com obesidade mórbida ou com espaço intratorácico

reduzido. (114,115).

Contudo ainda há cirurgiões que preferem a realização das anastomoses à mão.

Nestes casos o sistema da Vinci é utilizado apenas para a dissecção das artérias

mamárias internas sendo que as anastomoses são realizadas manualmente através

de uma minitoracotomia. Esta técnica também se tem demonstrado eficaz e segura

(116).

Ambas as técnicas podem ser realizadas com bypass cardiopulmonar (BCP), com o

objectivo de ter o coração parado e facilitar a operação, ou sem realização de BCP,

numa técnica em que instrumentos próprios, endoscópicos ou não, estabilizam partes

do coração em batimento que são alvo de manipulação, oferecendo melhor outcome

em doentes com doença arteriosclerótica sistémica (117).

Quanto aos custos associados estudos demonstram numa coorte prospectiva que,

apesar de custos intra-operatórios e tempos operatórios superiores, os custos globais,

excluindo a aquisição do aparelho, são semelhantes entre minitoracotomias

roboticamente assistidas e CABG convencional (118). Tal facto é essencialmente

devido à diminuição dos custos pós-operatórios.

Poucos são os estudos comparativos entre TECAB e CABG convencional, contudo

o estudo de Pavan A et al (119), que compara minitoractomia com dissecção

roboticamente assistida das artérias mamárias internas, CAGB com e sem BCP, diz

que os primeiros obtêm excelentes resultados com menor tempo de internamento

associado do que CAGB convencional.

- 25 -

A associação da TECAB e minitoractomias roboticamente-assistidas à PCI também

é uma possibilidade viável e eficaz, realizando em tempos diferentes (120) ou

simultaneamente (121). É possível assim oferecer técnicas minimamente invasivas a

uma grande população com doença de múltiplos vasos, não expondo esses doentes

de alto risco a esternotomias ou necessidade de BCP.

Os resultados da experiência com estas técnicas têm sido prometedores

demonstrando que os mesmos resultados da CABG podem ser associados com os

benefícios da CMI, contudo mais estudos prospectivos randomizados são necessários

para determinar se os outcomes a longo prazo da TECAB se sobrepõem ao da CABG.

Reconstrução valvular mitral

A reparação ou substituição da válvula mitral é considerada a opção terapêutica

adequada em pacientes com doença degenerativa valvular ou regurgitação mitral

severa. Também nesta área o sistema da Vinci tem demonstrado a sua utilidade.

Desde a primeira reparação roboticamente assistida, feita por Carpentier et al (122),

vários foram os centros cirúrgicos a comprovar a segurança e eficácia da técnica (123-

125) demonstraram que o procedimento usando o da Vinci é seguro, com bons

resultados precoces, sem taxas de conversão ou complicações consideráveis.

Quando comparados com as técnicas convencionais, a cirurgia roboticamente

assistida apesar de associada a um tempo operatório superior, proporciona não só

uma redução significativa nas perdas hemáticas, como também uma diminuição no

tempo de internamento (126-127), não sendo constatadas outras diferenças

significativas.

Outros procedimentos

Também outros procedimentos já foram realizados com o recurso ao sistema da

Vinci, tais como a ablação no tratamento da fibrilação auricular (128), colocação de

cardio-desfibriladores implantáveis (129), ressecção de tumores cardíacos (130) e

reparação de defeitos cardíacos congénitos (131), contudo estes procedimentos não

serão abordados neste artigo.

6.3 Urologia

Prostectomia radical

O cancro da próstata é uma das principais causas de morte por neoplasia no

homem, e apesar da sua mortalidade ter vindo a diminuir nos últimos anos, continua a

- 26 -

ser uma neoplasia muito prevalente nas sociedades de hoje. A prostectomia radical

retropúbica (RRP – Retropubic radical prostatectomy) é actualmente a melhor opção

terapêutica para o carcinoma localizado da próstata, obtendo bons resultados em

termos de sobrevivência se oferecida precocemente (132). Contudo esta técnica

encontra-se associada a complicações pós-operatórias importantes, nomeadamente, a

incontinência urinária e a disfunção sexual.

A prostectomia radical laparoscópica (LRP – Laparoscopic radical prostatectomy)

surge em 1992 por Schuessler et al (133) como uma tentativa de minimizar ainda mais

a morbilidade associada à RRP, contudo está associada a uma curva de

aprendizagem muito grande (134).

Sendo a pelve um espaço anatómico confinado e extremamente complexo, as

vantagens da visualização e capacidade de manipulação oferecida endoscopicamente

pelo da Vinci, fizeram com que a prostectomia radical fosse vista como a aplicação

mais importante e natural do sistema cirúrgico inovador.

Neste tópico a literatura é vasta, sendo que a prostectomia roboticamente

assistida (RARP – robot-assisted radical prostatectomy) é a cirurgia mais realizada

utilizando o sistema da Vinci, e inúmeros são os estudos, de dimensões variadas,

retratando a experiência obtida por múltiplos centros cirúrgicos por todo mundo nas

três diferentes opções terapêuticas (RRP, LRP e RARP).

Muito recentemente Coelho RF et al (2010) (135), publicam uma revisão crítica

dos resultados (operatórios, funcionais e oncológicos) obtidos por centros cirúrgicos

com um grande volume de procedimentos efectuados, onde se pode retirar várias

conclusões quanto à aplicabilidade do da Vinci à RARP e dos seus benefícios em

relação às outras técnicas convencionais.

Apesar de não se tratar de uma meta-análise pode-se inferir que não só a

RARP está associada a tempo operatório semelhante à RRP, menos perdas

hemáticas, menor tempo de internamento, melhores taxas de continência e erecção

aos 12 meses de seguimento; mas também que consegue tais benefícios mantendo

uma taxa de margens positivas inferior à das outras técnicas. Algumas destas

conclusões já tinham sido adiantadas por outros estudos comparativos de menores

dimensões (136). Os autores destes estudos referem também a dificuldade em realizar

estudos comparativos devido não só ao facto de haver uma diversibilidade de critérios

ao avaliar os resultados funcionais; mas também devido à actual preferência dos

centros cirúrgicos em realizar técnicas inovadoras como a RARP em detrimento das

técnicas mais convencionais.

Em relação à curva de aprendizagem pode-se afirmar que com a realização de

12-20 procedimentos consegue-se atingir uma taxa de complicações semelhante à de

- 27 -

um cirurgião experiente com 100 procedimentos realizados laparoscopicamente (137).

É importante referir que esta curva de aprendizagem referida é em relação à

segurança do procedimento em si. A curva de aprendizagem para se atingir taxas de

continência e erecção revela-se superior, contudo mais difícil de ser avaliada e

definida. Contudo, tendo em conta um estudo recente (138) que demonstra que os

benefícios em termos oncológicos (taxas de recidiva inferiores) diminuem com a

experiência de um cirurgião em LRP mesmo após uma experiência considerável de

750 procedimentos; um provável benefício da adesão à RARP é a diminuição desta

curva de aprendizagem para atingir mais benefícios oncológicos rapidamente.

Tendo em conta os custos associados ao sistema da Vinci, poe-se a questão se

os benefícios justificam os custos. Neste tópico, enquanto existem estudos que

demonstram custos superiores com a RARP (139) outros referem que estes poderão

ser semelhantes à RRP, caso um volume mínimo de procedimentos seja

atingido.(140) Pouco consenso existe e as realidades socioeconómicas diferem de

país para país, sendo que são necessários mais estudos económicos comparativos.

Outro aspecto relevante a referir, é que mesmo a RARP não resolve a

problemática da obesidade e tamanho da próstata que estão associados a piores

resultados. (141)

Tendo em conta os aspectos discutidos anteriormente, a RARP tem o potencial de

se tornar a opção Gold standart num futuro próximo e revolucionar o tratamento do

carcinoma da próstata. Contudo são necessários estudos controlados, randomizados e

de largas dimensões comparando a RARP à LRP e RRP, para que tal se torne

realidade.

Cistectomia

O carcinoma da bexiga atinge pessoas de idades mais avançadas que

apresentam um risco cirúrgico considerável. A cistectomia em si está associada a um

risco de hemorragia considerável e outras complicações (142). Desta maneira sempre

se procurou encontrar soluções menos invasivas, contudo o recurso a técnicas

laparoscópicas nunca se afirmou.

Desde 2003 (143) que a cistectomia tem vindo a ser realizada com recurso ao

sistema da Vinci, e apesar de associada a tempos operatórios superiores, é possível

obter resultados oncológicos semelhantes com menores perdas hemáticas e taxas de

transfusão associadas (144). Tendo em conta que o sistema da Vinci permite

esvaziamentos mais completos e estes influenciam a sobrevivência, o recurso a

- 28 -

cirurgia roboticamente assistida poderá apresentar melhores resultados a longo prazo,

contudo mais estudos são necessários.

Nefrectomia Parcial

Contudo apesar da técnica laparoscópica de nefrectomia parcial apresentar

resultados oncológicos equivalentes à cirurgia aberta e estar associada a menor

tempo operatório, perdas hemáticas e tempo de internamento (145). Contudo é um

procedimento complexo.

O sistema da Vinci poderá alterar essa realidade, ao permitir que um maior

número de cirurgiões adira às técnicas minimamente invasivas de nefrectomia parcial.

Para além de apresentar resultados semelhantes à laparoscopia convencional, está

associado a um tempo de internamento inferior e menor a menor perdas hemáticas

(146).

Pieloplastia

A realização de procedimentos reconstrutivos como a pieloplastia via laparoscópia

apesar de ser tão eficaz como a cirurgia aberta, é um procedimento ainda

tecnicamente desafiante, sendo que o sistema cirúrgico da Vinci facilita não só a

realização de suturas mas também melhorar ainda os benefícios associados à

primeira (147).

Uma meta-análise recentemente publicada (148) demonstra que

comparativamente com a técnica laparoscópica convencional a pieloplastia

roboticamente assistida permite não só uma possível redução do tempo operatório,

mas também numa redução significativa no tempo de internamento.

Considerações Finais

Assim como noutras áreas, também a medicina evolui e se redefine com o

desenvolvimento de novas tecnologias. Tal como a laparoscopia revolucionou a

cirurgia minimamente invasiva, também é esperado do sistema cirúrgico da Vinci

revolucionar a prática da cirúrgia moderna.

Após ter sido introduzido e difundido pela comunidade científica, o sistema da

Vinci rapidamente causou não só curiosidade mas também entusiasmo já que

prometia resolver todas as limitações da cirurgia laparoscópica e possivelmente

proporcionar melhores resultados. Os seus benefícios são amplamente referidos na

- 29 -

literatura, destacando-se a maior manobrabilidade e visualização a três dimensões,

algo inédito e sem precedentes. A diminuição da curva de aprendizagem em técnicas

de cirurgia minimamente invasiva também é apontada como um dos seus benefícios.

Contudo foram identificadas algumas limitações, que para muitos autores,

condicionam a sua adesão. A complexidade da tecnologia pode estar associada a um

aumento do tempo operatório, e a falta de feedback háptico torna a cirurgia algo

“virtual”, contudo tais limitações poderão ser ultrapassadas, não só à medida que a

familiarização com o sistema decorre, mas também com o aperfeiçoamento da própria

tecnologia. Porém uma das maiores barreiras, e frequentemente referida em toda a

literatura revista, é o custo desta nova tecnologia. Os preços de aquisição praticados

pela empresa que comercializa o sistema, assim como o custo da manutenção e dos

instrumentos inovadores utilizados, são impraticáveis para muitos centros cirúrgicos

por todo mundo. Esta problemática ganha ainda mais peso se tivermos em conta a

conjectura económico-social da actualidade, tanto em Portugal como em outros

países.

Desta maneira, é necessário equacionar os benefícios obtidos e os custos,

contudo tal tarefa torna-se algo difícil devido à qualidade da produção científica, que

apesar de ser em quantidade até ao momento, e a crescer exponencialmente à

medida que novos centros adquirem o sistema; demonstra-se algo deficitária em

termos de qualidade de evidência. Tal reflecte também o entusiasmo com o qual os

centros cirúrgicos recebem esta nova tecnologia e publicam a sua experiência,

contudo são poucos os que acabam por realizar análises randomizadas e

comparativas com as técnicas convencionais.

Dentro das aplicações já efectuadas desta tecnologia, há algumas que

sobressaem nomeadamente o bypass cardíaco, a ressecção total do mesorrecto no

tratamento do cancro rectal, mas principalmente a prostatectomia. No que se refere à

cirurgia de revascularização, o TECAB, principalmente o efectuado sem bypass

cardiopulmonar, permite associar os outcomes do tratamento mais eficaz - o CAGB, a

uma abordagem minimamente invasiva que evita a realização de uma esternotomia;

procedimento com grande impacto na qualidade de vida do doente no pós-operatório.

Já a ressecção total do mesorrecto roboticamente assistida, proporciona não só

menos morbilidade mas também possivelmente melhores resultados oncológicos,

encontrando-se em decurso um estudo prospectivo devidamente elaborado com o

objectivo de demonstrar estes benefícios da utilização do da Vinci. Mas é na

prostatectomia que esta nova tecnologia parece atingir o seu devido potencional. Ela

proporciona uma abordagem fácil e minimamente invasiva, conservando a

neurovasculatura circundante da próstata, obtendo-se não só um melhor resultado

- 30 -

oncológico e funcional, como o consegue sem aumentar o tempo operatório

significativamente. Os resultados referentes a esta técnica são prometedores, sendo

que suportada por uma maior quantidade e qualidade de evidência, poderá dentro de

breves anos revolucionar totalmente o tratamento do carcinoma da próstata.

Concluindo, é evidente que a tecnologia se encontra numa fase ainda precoce de

aplicação. Se por um lado ainda estão a surgir novas utilizações para o sistema, por

outro algumas já com resultados prometedores ainda se estão a tentar afirmar como

melhor opção terapêutica. É com entusiasmo que se espera que com o passar dos

anos e com a elaboração de mais e melhor evidência, se defina melhor a

aplicabilidade do sistema da Vinci, e que esta seja o mais abrangente possível, tanto a

níveis clínicos, como também a nível populacional.

- 31 -

Agradecimentos:

“A todos os que de uma maneira ou outra,

contribuíram para o sucesso da minha vida académica e pessoal”

- 32 -

Referências Bibliográficas

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2004; 55 :223-237

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