círculo fluminense de estudos filológicos e linguísticos · algumas implicações sobre o uso...

16
Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos 146 CADERNOS DO CNLF, VOL. XVIII, Nº 07 FONÉTICA, FONOLOGIA, ORTOGRAFIA JUVENTUDE E CIBERCULTURA CONEXÕES INOVADORAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Eleonora Porto Fernandes Santos (UNIGRANRIO) [email protected] RESUMO Este estudo apresenta algumas considerações sobre a educação dos jovens para o desenvolvimento de uma prática docente interdisciplinar, mediados pela cibercultura, uma área em expansão e relevante no cenário atual, e suas implicações no processo educacional de formação humana. O objetivo deste artigo é analisar o acesso e o uso de tecnologias e suas modalidades de expressão e comunicação no espaço escolar. Co- mo referencial teórico, tomo como base as Diretrizes Curriculares do Ensino Médio em defesa de uma formação humana integral, a partir das dimensões do trabalho, ciência, tecnologia e cultura em uma ação curricular integrada. A pesquisa se apoia também nos estudos que vêm sendo realizados por pesquisadores e estudiosos sobre a temática da juventude para tentar compreender a condição juvenil e suas trajetórias escolares no ensino médio. O fio condutor será através da interatividade disponibilizada pela tecnologia digital, que já faz parte do cotidiano desses jovens, para compreender as transformações produzidas nas relações escolares no processo de formação humana integral. Palavras-chave: Juventude. Cibercultura. Formação humana. Ensino/aprendizagem. 1. Introdução As novas tecnologias têm provocado mudanças profundas em di- versas atividades da vida moderna, inclusive na nossa forma de viver. O que fundamenta novas formas de pensar a educação trazendo para o de- bate a implantação e aplicação de um projeto pedagógico apoiado nas novas tecnologias de comunicação e informação no processo de forma- ção dos jovens, pelo papel que desempenham no processo de ensino- aprendizagem e na formação e comunicação humana.

Upload: buidien

Post on 16-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

146 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

JUVENTUDE E CIBERCULTURA

CONEXOtildeES INOVADORAS

NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Eleonora Porto Fernandes Santos (UNIGRANRIO)

epfernandes11hotmailcom

RESUMO

Este estudo apresenta algumas consideraccedilotildees sobre a educaccedilatildeo dos jovens para o

desenvolvimento de uma praacutetica docente interdisciplinar mediados pela cibercultura

uma aacuterea em expansatildeo e relevante no cenaacuterio atual e suas implicaccedilotildees no processo

educacional de formaccedilatildeo humana O objetivo deste artigo eacute analisar o acesso e o uso

de tecnologias e suas modalidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo no espaccedilo escolar Co-

mo referencial teoacuterico tomo como base as Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio em

defesa de uma formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho ciecircncia

tecnologia e cultura em uma accedilatildeo curricular integrada A pesquisa se apoia tambeacutem

nos estudos que vecircm sendo realizados por pesquisadores e estudiosos sobre a temaacutetica

da juventude para tentar compreender a condiccedilatildeo juvenil e suas trajetoacuterias escolares

no ensino meacutedio O fio condutor seraacute atraveacutes da interatividade disponibilizada pela

tecnologia digital que jaacute faz parte do cotidiano desses jovens para compreender as

transformaccedilotildees produzidas nas relaccedilotildees escolares no processo de formaccedilatildeo humana

integral

Palavras-chave Juventude Cibercultura Formaccedilatildeo humana Ensinoaprendizagem

1 Introduccedilatildeo

As novas tecnologias tecircm provocado mudanccedilas profundas em di-

versas atividades da vida moderna inclusive na nossa forma de viver O

que fundamenta novas formas de pensar a educaccedilatildeo trazendo para o de-

bate a implantaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo de um projeto pedagoacutegico apoiado nas

novas tecnologias de comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo no processo de forma-

ccedilatildeo dos jovens pelo papel que desempenham no processo de ensino-

aprendizagem e na formaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo humana

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 147

Diante desta circunstacircncia este artigo busca refletir sobre os con-

textos educacionais que valorizem a interaccedilatildeo e a colaboraccedilatildeo na cons-

truccedilatildeo do conhecimento Justifica-se tal proposta considerando tambeacutem

a necessidade de repensar o processo de ensino aprendizagem na escola

capaz de fomentar o interesse dos alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo

Uma vez que a falta de interesse pela escola eacute um fator relatado por 40

dos jovens que abandonaram os estudos de acordo com a pesquisa Moti-

vos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV ndash

RJ

MOTIVOS DE EVASAtildeO SEGUNDO O INFORMANTE

Motivos de Evasatildeo PROacutePRIAPESSOA OUTRA PESSOA

Falta de Renda 2815 2663

Oferta 860 1221

Falta de Interesse 3474 4309

Outros Motivos 2850 1807

Fonte CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da PNADIBGE de 2006

Natildeo haacute duacutevida que diante deste quadro torna-se necessaacuterio a revi-

satildeo de curriacuteculo jaacute sendo anunciado por diversos programas e governos

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacuterio de

Educaccedilatildeo e Cultura atraveacutes das Diretrizes Curriculares Nacionais do

Ensino Meacutedio (DCNEM) propocircs os princiacutepios da formaccedilatildeo humana in-

tegral que visa implementar um novo modelo educacional baseado no

diaacutelogo entre a escola e seus sujeitos no acircmbito de uma orientaccedilatildeo for-

mativa que se refere a possibilidade de formar alunos em sua totalidade

A elaboraccedilatildeo e estrateacutegias deste modelo educacional tem como

objetivo a formaccedilatildeo humana integral em um cenaacuterio dialoacutegico onde o es-

tudante natildeo apenas receba mas tambeacutem transforme e produza novas re-

presentaccedilotildees e conhecimentos compartilhados baseado na construccedilatildeo de

novas formas de aprender e ensinar Conforme propotildee as Diretrizes Cur-

riculares Nacionais do Ensino Meacutedio na Resoluccedilatildeo 22012 esclarece o

que considera como ldquoformaccedilatildeo humana integralrdquo

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento

humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (DCNEM Caderno 3 p 4)

O que nos faz refletir de forma mais abrangente sobre a formaccedilatildeo

humana natildeo limitando-se apenas na formaccedilatildeo teacutecnica mas tambeacutem na

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

148 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

formaccedilatildeo poliacutetica cultural a formaccedilatildeo da sensibilidade do esteacutetico etc

De forma a incentivar atividades diversificadas de caraacuteter interdiscipli-

nar que possibilitem experimentar vivecircncias e aprendizagens que antes

natildeo eram consideradas pela escola

De uma oacutetica oposta agrave anterior que transcenda a sala de aula para

incorporar novos espaccedilos de conhecimento que facilite a integraccedilatildeo dos

saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de

educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de

formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)

ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar di-

versas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo (MO-

RIN 2010 p 56)

Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-

teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento

algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens

alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela

vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia

E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de

inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo

ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual

enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-

dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios

alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-

prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem

Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio

de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-

textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-

da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das

tecnologias digitais reconhecendo dois fatos

Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-

to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em

segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-

nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p

11)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 149

Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia

e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais in-

tegrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e as

reformas educacionais que ela exige

Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos

educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-

forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma

abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo tra-

balho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestruturaccedilatildeo

pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino meacute-

dio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da constru-

ccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre que

educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atualmente

E que indiviacuteduos queremos formar

2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens

Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky

(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que

nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas

potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin

Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-

mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito

diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de

ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo

aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-

ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)

Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses

recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer

percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas

tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-

rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-

maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo

torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato

entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente es-

tabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute uma

nova sociabilidade

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

150 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-

ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a in-

ternet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo

Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias

no seu cotidiano

Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo

realizada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a

face no periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasi-

leiros que afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria

declara utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se

comunicar com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utili-

zar serviccedilo de busca de informaccedilotildees (40)

Atividades online

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-

mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de

ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog

(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 147

Diante desta circunstacircncia este artigo busca refletir sobre os con-

textos educacionais que valorizem a interaccedilatildeo e a colaboraccedilatildeo na cons-

truccedilatildeo do conhecimento Justifica-se tal proposta considerando tambeacutem

a necessidade de repensar o processo de ensino aprendizagem na escola

capaz de fomentar o interesse dos alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo

Uma vez que a falta de interesse pela escola eacute um fator relatado por 40

dos jovens que abandonaram os estudos de acordo com a pesquisa Moti-

vos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV ndash

RJ

MOTIVOS DE EVASAtildeO SEGUNDO O INFORMANTE

Motivos de Evasatildeo PROacutePRIAPESSOA OUTRA PESSOA

Falta de Renda 2815 2663

Oferta 860 1221

Falta de Interesse 3474 4309

Outros Motivos 2850 1807

Fonte CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da PNADIBGE de 2006

Natildeo haacute duacutevida que diante deste quadro torna-se necessaacuterio a revi-

satildeo de curriacuteculo jaacute sendo anunciado por diversos programas e governos

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacuterio de

Educaccedilatildeo e Cultura atraveacutes das Diretrizes Curriculares Nacionais do

Ensino Meacutedio (DCNEM) propocircs os princiacutepios da formaccedilatildeo humana in-

tegral que visa implementar um novo modelo educacional baseado no

diaacutelogo entre a escola e seus sujeitos no acircmbito de uma orientaccedilatildeo for-

mativa que se refere a possibilidade de formar alunos em sua totalidade

A elaboraccedilatildeo e estrateacutegias deste modelo educacional tem como

objetivo a formaccedilatildeo humana integral em um cenaacuterio dialoacutegico onde o es-

tudante natildeo apenas receba mas tambeacutem transforme e produza novas re-

presentaccedilotildees e conhecimentos compartilhados baseado na construccedilatildeo de

novas formas de aprender e ensinar Conforme propotildee as Diretrizes Cur-

riculares Nacionais do Ensino Meacutedio na Resoluccedilatildeo 22012 esclarece o

que considera como ldquoformaccedilatildeo humana integralrdquo

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento

humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado para a formaccedilatildeo humana integral (DCNEM Caderno 3 p 4)

O que nos faz refletir de forma mais abrangente sobre a formaccedilatildeo

humana natildeo limitando-se apenas na formaccedilatildeo teacutecnica mas tambeacutem na

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

148 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

formaccedilatildeo poliacutetica cultural a formaccedilatildeo da sensibilidade do esteacutetico etc

De forma a incentivar atividades diversificadas de caraacuteter interdiscipli-

nar que possibilitem experimentar vivecircncias e aprendizagens que antes

natildeo eram consideradas pela escola

De uma oacutetica oposta agrave anterior que transcenda a sala de aula para

incorporar novos espaccedilos de conhecimento que facilite a integraccedilatildeo dos

saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de

educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de

formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)

ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar di-

versas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo (MO-

RIN 2010 p 56)

Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-

teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento

algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens

alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela

vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia

E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de

inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo

ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual

enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-

dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios

alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-

prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem

Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio

de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-

textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-

da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das

tecnologias digitais reconhecendo dois fatos

Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-

to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em

segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-

nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p

11)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 149

Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia

e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais in-

tegrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e as

reformas educacionais que ela exige

Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos

educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-

forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma

abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo tra-

balho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestruturaccedilatildeo

pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino meacute-

dio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da constru-

ccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre que

educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atualmente

E que indiviacuteduos queremos formar

2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens

Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky

(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que

nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas

potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin

Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-

mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito

diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de

ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo

aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-

ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)

Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses

recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer

percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas

tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-

rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-

maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo

torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato

entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente es-

tabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute uma

nova sociabilidade

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

150 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-

ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a in-

ternet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo

Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias

no seu cotidiano

Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo

realizada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a

face no periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasi-

leiros que afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria

declara utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se

comunicar com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utili-

zar serviccedilo de busca de informaccedilotildees (40)

Atividades online

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-

mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de

ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog

(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

148 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

formaccedilatildeo poliacutetica cultural a formaccedilatildeo da sensibilidade do esteacutetico etc

De forma a incentivar atividades diversificadas de caraacuteter interdiscipli-

nar que possibilitem experimentar vivecircncias e aprendizagens que antes

natildeo eram consideradas pela escola

De uma oacutetica oposta agrave anterior que transcenda a sala de aula para

incorporar novos espaccedilos de conhecimento que facilite a integraccedilatildeo dos

saberes baseado em uma metodologia interdisciplinar como forma de

educar para a vida Isso implicaria em uma anaacutelise sobre a proposta de

formaccedilatildeo humana integral no contexto escolar Conforme Morin (2010)

ldquoConveacutem fazer a convergecircncia de diversos ensinamentos mobilizar di-

versas ciecircncias e disciplinas para ensinar a enfrentar a incertezardquo (MO-

RIN 2010 p 56)

Eacute o que este artigo apresenta em paralelo ao uso das Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo como ferramenta para ldquonavegarrdquo na incer-

teza proacutepria dos novos temposCom esta intenccedilatildeo inicialmente apresento

algumas implicaccedilotildees sobre o uso das tecnologias digitais pelos jovens

alunos denominados por Prensky (2002) como ldquonativos digitaisrdquo pela

vivecircncia intensa apresentada com a tecnologia

E assim investigar as relaccedilotildees entre a educaccedilatildeo e as Tecnologias

de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo em termos de acesso agrave um modelo de

inovaccedilatildeo e criatividade baseado na associaccedilatildeo ndash integraccedilatildeo ndash elaboraccedilatildeo

ndash comunicaccedilatildeo conforme apresentado por Mota e Scott (2014) no qual

enfatizam a inclusatildeo das tecnologias digitais na promoccedilatildeo de um apren-

dizado colaborativo e atraente entre aluno e professor e entre os proacuteprios

alunos O que nos aproxima da ideia do aluno como construtor do proacute-

prio conhecimento no processo de ensino-aprendizagem

Esta abordagem permite apresentar a cibercultura como um meio

de abertura agraves novas possibilidades de se ofertar ao aluno espaccedilos con-

textualizados de aprendizagem Nesse cenaacuterio Pierre Leacutevy (2010) convi-

da a educaccedilatildeo repensar os caminhos da humanidade com o advento das

tecnologias digitais reconhecendo dois fatos

Em primeiro lugar o crescimento do ciberespaccedilo resulta de um movimen-

to internacional de jovens aacutevidos para experimentar coletivamente formas de comunicaccedilatildeo diferentes daquelas que as miacutedias claacutessicas nos propotildeem Em

segundo lugar que estamos vivendo a abertura de um novo espaccedilo de comu-

nicaccedilatildeo e cabe apenas a noacutes explorar as potencialidades mais positivas deste espaccedilo nos planos econocircmico poliacutetico cultural e humano (LEacuteVY 2010 p

11)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 149

Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia

e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais in-

tegrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e as

reformas educacionais que ela exige

Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos

educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-

forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma

abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo tra-

balho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestruturaccedilatildeo

pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino meacute-

dio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da constru-

ccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre que

educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atualmente

E que indiviacuteduos queremos formar

2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens

Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky

(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que

nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas

potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin

Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-

mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito

diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de

ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo

aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-

ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)

Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses

recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer

percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas

tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-

rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-

maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo

torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato

entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente es-

tabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute uma

nova sociabilidade

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

150 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-

ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a in-

ternet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo

Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias

no seu cotidiano

Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo

realizada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a

face no periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasi-

leiros que afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria

declara utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se

comunicar com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utili-

zar serviccedilo de busca de informaccedilotildees (40)

Atividades online

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-

mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de

ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog

(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 149

Diante de tal constataccedilatildeo podemos dizer que o avanccedilo da ciecircncia

e da tecnologia proporciona a formaccedilatildeo de indiviacuteduos cada vez mais in-

tegrados no ciberespaccedilo o que esboccedila uma nova relaccedilatildeo com o saber e as

reformas educacionais que ela exige

Para em seguida centralizar nas recentes iniciativas e projetos

educacionais partindo dos princiacutepios da formaccedilatildeo humana integral con-

forme estabelecido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais em uma

abordagem interdisciplinar das praacuteticas educativas em torno do eixo tra-

balho ciecircncia tecnologia e cultura Neste sentido busca a reestruturaccedilatildeo

pedagoacutegica e organizaccedilatildeo curricular das escolas puacuteblicas de ensino meacute-

dio baseada na socializaccedilatildeo de conhecimentos na perspectiva da constru-

ccedilatildeo da cidadania O que instiga uma reflexatildeo mais aprofundada sobre que

educaccedilatildeo eacute concebida nas escolas puacuteblicas de ensino meacutedio atualmente

E que indiviacuteduos queremos formar

2 As tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e o Jovens

Fato evidente eacute que a interaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo no cotidiano dos jovens eacute muito intensa Mark Prensky

(2002) criou o termo ldquonativos digitaisrdquo para designar todos aqueles que

nasceram nesse periacuteodo de avanccedilo tecnoloacutegico e se aproveitam de suas

potencialidades Conforme Faacutebio Tagnin

Nossos jovens natildeo chegaram a conhecer um mundo sem videogames e-

mail e mensagens instantacircneas Natildeo eacute preciso ir muito longe para afirmar o que diversos estudos confirmam que os haacutebitos dos jovens de hoje satildeo muito

diferentes daqueles dos seus pais e professores Eles vecircm sendo chamados de

ldquonativos digitaisrdquo que aderem de maneira transparente e automaacutetica agraves tecno-logias emergentes enquanto os adultos satildeo chamados de ldquomigrantes digitaisrdquo

aqueles que precisam adaptar-se ndash natildeo sem alguma dificuldade ndash agraves novas fer-

ramentas e novas formas de fazer as coisas (TAGNIN 2008 s p)

Como se pode perceber essa nova geraccedilatildeo considera que esses

recursos estejam de tal forma integrada em suas vidas diaacuterias que sequer

percebem como tecnologia Os jovens jaacute se naturalizaram ao uso destas

tecnologias E uma das consequecircncias mais diretas constitui-se por dife-

rentes maneiras de ser e estar no mundo Como as tecnologias de infor-

maccedilatildeo e comunicaccedilatildeo favorece um cenaacuterio dialoacutegico a comunicaccedilatildeo

torna-se um imperativo para estes jovens Portanto eles tecircm mais contato

entre si do que os jovens das geraccedilotildees anteriores e consequentemente es-

tabelecem novos meios de expressatildeo e de relacionamentos enfim haacute uma

nova sociabilidade

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

150 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-

ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a in-

ternet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo

Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias

no seu cotidiano

Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo

realizada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a

face no periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasi-

leiros que afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria

declara utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se

comunicar com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utili-

zar serviccedilo de busca de informaccedilotildees (40)

Atividades online

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-

mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de

ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog

(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

150 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Como o pretendido eacute estabelecer uma breve reflexatildeo sobre a rela-

ccedilatildeo dos jovens com as tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e a in-

ternet torna-se necessaacuterio algumas colocaccedilotildees como por exemplo

Quanto tempo acessam a internet Como se apropriam destas tecnologias

no seu cotidiano

Segundo a pesquisa quantitativa sobre ldquoO uso da Internetrdquo

realizada pelo IBOPE Inteligecircncia por meio de entrevistas face a

face no periacuteodo de 11 a 22 de janeiro de 2013 Entre os jovens brasi-

leiros que afirmam ter acessado agrave internet nos uacuteltimos 3 meses a maioria

declara utilizaacute-la majoritariamente em busca de diversatildeo (75) para se

comunicar com os amigos (66) fazer trabalhos escolares (61) e utili-

zar serviccedilo de busca de informaccedilotildees (40)

Atividades online

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

Ainda de acordo com a mesma pesquisa que se refere as ferra-

mentas mais usadas Percebe-se que dos jovens entrevistados o uso de

ferramentas para produccedilatildeo de conteuacutedo como blogs (10) microblog

(19) foacuteruns e listas de discussatildeo (5) natildeo chega a ser expressivo

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 151

Ferramentas mais usadas

Obs As porcentagens acima se referem somente aos jovens que

afirmam ter utilizado a internet nos uacuteltimos 3 meses Trata-se de questatildeo

que permite o assinalar de muacuteltiplas respostas e por tanto o valor final

excede 100

De uma maneira geral o resultado da pesquisa reflete a tendecircncia

ao entretenimento a distraccedilatildeo no uso das tecnologias no cotidiano dos

jovens Assim sendo parto da seguinte questatildeo Eacute possiacutevel apropriar-se

do estilo comunicativo disponibilizado pelas tecnologias natildeo apenas

como um local de troca de busca de informaccedilotildees e encontros de lazer en-

tre pessoas mas tambeacutem como um local para estimular os jovens na pro-

duccedilatildeo e interaccedilatildeo de conhecimentos que possa ser incorporado nos pro-

cessos de escolarizaccedilatildeo

Ciente do desafio devemos nos preparar para enfrentar de um la-

do o problema da falta de infraestrutura adequada principalmente se

considerarmos o cenaacuterio da maioria das escolas puacuteblicas para a criaccedilatildeo

de ambientes fiacutesicos e virtuais de aprendizagem E de outro a necessida-

de de estabelecer novos arranjos sociais para a educaccedilatildeo na busca do di-

aacutelogo como forma de mobilizar alunos e professores a pensar critica-

mente sobre o que a internet oferece na possibilidade de tornar o conhe-

cimento mais acessiacutevel motivador e capaz de fomentar o interesse dos

alunos pelo conteuacutedo do curriacuteculo escolar

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

152 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Percebe-se que agrave medida que as tecnologias avanccedilam haacute uma

demanda de novas abordagens pedagoacutegicas que se ajustem ao contexto

das tecnologias disponiacuteveis

Ao tratar de novas maneiras de ensinar e aprender disponibiliza-

das pelas novas tecnologias digitais na educaccedilatildeo Mota e Scott (2014)

denominam como os momentos iniciais da convivecircncia com a Terceira

Revoluccedilatildeo Educacional

Para os autores a incorporaccedilatildeo das tecnologias digitais na educa-

ccedilatildeo maximiza oportunidades de novas abordagens de produccedilatildeo e transfe-

recircncia do conhecimento em um ambiente virtual interativo e atraente O

que permite que o docente transcenda a sala de aula para incorporar no-

vos espaccedilos de conhecimento abertos pelas tecnologias digitais amplian-

do as fronteiras do espaccedilo fiacutesico E assim oferecer a oportunidade de

transitar dentro de uma perspectiva interdisciplinar o tratamento dos co-

nhecimentos a serem trabalhados na escola

O escopo da aprendizagem tem sido largamente estendido tal que em vez

de se referir somente agrave aquisiccedilatildeo simples do conhecimento hoje os focos in-cluem tambeacutem habilidades e preparaccedilatildeo para iniciativas diversas tais como

colaboraccedilotildees interdisciplinares trabalhos em equipe estabelecimento de rede

de relacionamentos e habilidades em resolver problemas (MOTA amp SCOTT 2014 p 38)

No que resulta em novas praacuteticas no processo de aprendizagem

centrado nos modelos de diaacutelogos como os adotados por Laurillard

(2002) que funcionaria como um suporte para o processo de aprendiza-

gem Conforme afirma na colaboraccedilatildeo entre pares

Educandos seratildeo motivados a aprimorar suas praacuteticas se puderem com-

partilhar seus resultados com seus pares e seratildeo motivados a melhorar suas

praacuteticas e ampliar suas visotildees conceituais se puderem refletir sobre suas expe-riecircncias atraveacutes de discussotildees de seus resultados com seus pares (LAURIL-

LARD 2002 p 57)

E ainda de acordo com a autora em um trabalho mais recente ela

ressalta a anaacutelise coletiva e permanente na praacutetica de ensino

As tecnologias digitais poderiam criar possibilidades de desenvolver es-

paccedilos comuns que permitam e estimulem o acesso e a participaccedilatildeo de todos os professores viabilizando uma anaacutelise coletiva e permanente [] com um uacuteni-

co objetivo de ajudar professores a ensinar e estudantes a aprender (LAU-

RILLARD 2012 p 58)

Diante de tais afirmaccedilotildees podemos perceber que natildeo eacute apenas

dispor de recursos tecnoloacutegicos em sala de aula trata-se de mudar a for-

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 153

ma como professores e alunos concebem o uso e as funccedilotildees das tecnolo-

gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo como ferramentas para propiciar a co-

nexatildeo entre novos espaccedilos de conhecimento Neste sentido a comunica-

ccedilatildeo atraveacutes do ciberespaccedilo pode ser muito uacutetil No dizer de Leacutevy (2010)

A grande questatildeo da cibercultura ndash tanto no plano de reduccedilatildeo dos custos

como no do acesso de todos agrave educaccedilatildeo ndash natildeo eacute tanto a passagem do presenci-al agrave distacircncia nem do escrito e oral tradicionais agrave multimiacutedia Eacute a transiccedilatildeo de

uma educaccedilatildeo e de uma formaccedilatildeo estritamente institucionalizadas (a escola a

universidade) para uma situaccedilatildeo de troca generalizada dos saberes (LEacuteVY

2010 p 172)

Em suma mediante a transiccedilatildeo de um conhecimento pronto e

acabado para um novo modelo de conhecimento aberto e evolutivo com

o acesso agrave cibercultura que permite produzir conhecimento coletivamente

no intercacircmbio de saberes em diversas instacircncias sociais Sendo possiacutevel

proporcionar o diaacutelogo entre disciplinas explorando abordagens interdis-

ciplinares ao longo das atividades escolares assim como orientar os alu-

nos para que saibam selecionar as informaccedilotildees em meio ao ldquodiluacutevio in-

formacionalrdquo (LEacuteVY 2010) que recebemos diariamente Segundo Mota

e Scott (2014)

visando incorporar novas perspectivas educacionais bem como possibilitar a

plena integraccedilatildeo entre disciplinas de meacutetodo e conteuacutedo tal que a compreen-

satildeo de mundo possa decorrer tambeacutem de pensamentos e visotildees interdisciplina-res (MOTA amp SCOTT 2014 p 54)

3 Uma visatildeo dos impasses e das perspectivas das praacuteticas escolares

de formaccedilatildeo humana integral a partir das dimensotildees do trabalho

da ciecircncia tecnologia e cultura

Ao refletirmos sobre o panorama da situaccedilatildeo atual do ensino meacute-

dio eacute necessaacuterio considerar que ateacute os anos 90 apenas 16 dos jovens

brasileiros estavam no ensino meacutedio Com a recente expansatildeo das opor-

tunidades escolares a escola puacuteblica de ensino meacutedio recebe um grupo

diversificado de jovens Como pode ser percebido pela evoluccedilatildeo da por-

centagem de jovens que frequentam a escola

Um puacuteblico novo mais heterogecircneo sobretudo jovens dos setores

populares que traz para o interior da instituiccedilatildeo escolar a diversidade da

condiccedilatildeo juvenil e tambeacutem as desigualdades sociais e econocircmicas que

marcam sua condiccedilatildeo Conforme esclarece Abramo (2001)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

154 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

A condiccedilatildeo juvenil refere-se ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida que alcanccedila uma abran-

gecircncia social maior referida a uma dimensatildeo histoacuterico-geracional ao passo

que a situaccedilatildeo dos jovens revela o modo como tal condiccedilatildeo eacute vivida a partir

dos diversos recortes referentes agraves diferenccedilas sociais ndash classe gecircnero etnia

etc (ABRAMO 2001 p 93)

Entretanto em uma anaacutelise quantitativa do ensino meacutedio perce-

be-se uma contradiccedilatildeo que apesar da maior democratizaccedilatildeo no acesso ao

sistema escolar o Brasil natildeo foi capaz de reduzir o percentual de jovens

que natildeo frequentam a escola e as taxas de repetecircncia que acarreta a dis-

torccedilatildeo seacuterieidade na mesma intensidade Conforme aponta os iacutendices

educacionais levantados pelo Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas

(INEP) (Cf na proacutexima paacutegina)

De acordo com a pesquisa Motivos da Evasatildeo Escolar realizada

pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas ndash FGV-RJ com o objetivo de analisar as

causas da evasatildeo escolar na visatildeo dos proacuteprios jovens e de seus pais

40 dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque a

escola eacute desinteressante

Segundo os dados divulgados o problema da evasatildeo atinge quase

20 da populaccedilatildeo jovem eacute decorrente da falta de interesse do jovem em

permanecer na escola A situaccedilatildeo torna-se mais agravante quando anali-

samos que a evasatildeo na escola acarreta a exclusatildeo desses jovens da en-

trada do mundo de trabalho moderno pela falta de entendimento da im-

portacircncia da educaccedilatildeo como um investimento para o projeto de vida futu-

ra Pais (2006) destaca ldquoPara muitos jovens o mundo da escola parece

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 155

aleatoacuterio as avaliaccedilotildees satildeo aleatoacuterias os diplomas idem o futuro aspas

aspasrdquo (PAIS 2006 p 12)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

156 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

Nesta perspectiva haacute o que a escola deseja e faz e o que a juven-

tude traz para ela suas demandas e necessidades ao longo do seu ciclo de

vida Na medida em que ela natildeo consegue adaptar-se passa a ser rejeita-

da considerada anacrocircnica inadequada e desinteressante para uma par-

cela significativa dos jovens o que leva a evasatildeo

Neste sentido eacute fundamental conhecer estes sujeitos a forma

como lidam com o espaccedilo escolar com os conhecimentos escolares em

meio aos avanccedilos trazidos pela ciecircncia e pela tecnologia mas tambeacutem

em meio agraves incertezas do mundo contemporacircneo ldquoImplica estabelecer

cada vez mais relaccedilotildees entre sua condiccedilatildeo juvenil e o estatuto de aluno

tendo de definir a utilidade social dos seus estudos o sentido das apren-

dizagens e principalmente seu projeto de futurordquo (DAYRELL 1996)

No que diz respeito especificamente ao ensino meacutedio o Ministeacute-

rio de Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) anunciou um conjunto de accedilotildees por

meio de programas junto aos estados municiacutepios e Distrito Federal ca-

pazes de motivar e reter os estudantes ateacute o final do ensino meacutedio Com

implementaccedilatildeo de reformas e poliacuteticas educacionais para o niacutevel meacutedio

na garantia do direito agrave educaccedilatildeo e a formaccedilatildeo integral do aluno

Diante deste cenaacuterio considero necessaacuterio uma anaacutelise mais apro-

fundada nas propostas curriculares que deveratildeo ser a base para o redese-

nho curricular proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o

Ensino Meacutedio ndash Resoluccedilatildeo CMNECEB n2 de 30 de janeiro de 2012

com o objetivo de promover o desenvolvimento de praacuteticas educativas

efetivas com foco na formaccedilatildeo humana integral

Em consonacircncia com a Lei de Diretrizes e Base da Educaccedilatildeo Na-

cional (Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 ndash LDB) e as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio (Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 2 de

30 de janeiro de 2012) Tal objetivo se baseia na proposta de ampliar a

oferta puacuteblica de ensino meacutedio de qualidade gratuito pedagogicamente

integrado ao seu caraacuteter formativo em termos de cultura trabalho ciecircncia

e tecnologia

Capiacutetulo II Art 5ordm O Ensino Meacutedio em todas as suas formas de oferta e

organizaccedilatildeo baseia-se em I ndash formaccedilatildeo integral do estudante [] VIII ndash in-tegraccedilatildeo entre educaccedilatildeo e as dimensotildees do trabalho da ciecircncia da tecnologia

e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular

(DCNEM ndash Resoluccedilatildeo nordm 2 de 30 de janeiro 2012)

Partindo desta concepccedilatildeo as consideraccedilotildees feitas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais sobre o curriacuteculo para o Ensino Meacutedio se orienta

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 157

pela busca de uma formaccedilatildeo humana integral que se faz por meio de uma

organizaccedilatildeo curricular integrada

[] agrave compreensatildeo dos indiviacuteduos em sua inteireza isto eacute tomar os educan-

dos em suas muacuteltiplas dimensotildees intelectual afetiva social corpoacuterea com

vistas a propiciar um itineraacuterio formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia

intelectual e moral [] como a grande finalidade do projeto educativo voltado

para a formaccedilatildeo humana integral (Parecer CNECEB 052011 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 022012 DCN Caderno3 O Curriacuteculo do Ensino Meacutedio Seus

Sujeitos e a Formaccedilatildeo Humana Integral p 4)

Desta forma o princiacutepio pedagoacutegico especiacutefico do ensino meacutedio

privilegia a praacutetica no meacutetodo de estudo e pesquisa que conduz agrave auto-

nomia de estudos autonomia intelectual e moral Conforme a Lei de Di-

retrizes e Bases da Educaccedilatildeo (LBD)

Artigo 35 inciso III O aprimoramento do educando como pessoa huma-na incluindo a formaccedilatildeo eacutetica e o desenvolvimento da autonomia intelectual e

do pensamento criacutetico (Lei nordm 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ccedilatildeo Nacional ndash LDB)

Vale destacar que com base no Projeto de Lei nordm 80352010 que

uma das metas do Plano Nacional de Educaccedilatildeo eacute a universalizaccedilatildeo do

atendimento dos 15 aos 17 anos ndash ateacute 2020

[] II ndash universalizaccedilatildeo do atendimento escolar III ndash superaccedilatildeo das desigual-

dades educacionais IV ndash melhoria da qualidade do ensino V ndash formaccedilatildeo para o trabalho VI ndash promoccedilatildeo da sustentabilidade socioambiental VII ndash promo-

ccedilatildeo humaniacutestica cientiacutefica e tecnoloacutegica do paiacutes [] (Projeto de Lei nordm

80352010Art 2ordm PNE -20112020)

Mas de que modo isso pode ocorrer Peregrino (2011) mostra que

ldquoa expansatildeo escolar se deparou com os conflitos advindos da diversidade

cultural mas tambeacutem da quantidade de alunos em um contexto em que as

poliacuteticas puacuteblicas e as accedilotildees governamentais natildeo acompanharam essa ex-

pansatildeordquo (FERREIRA 2011 p 83)

Com ecircnfase na compreensatildeo dos sujeitos e das juventudes presen-

tes no ensino meacutedio as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino

Meacutedio torna-se documento fundamental para a orientaccedilatildeo das propostas

curriculares Com base no direito agrave aprendizagem e ao desenvolvimento

integral como aspectos fundamentais para que as escolas redesenhem

seus curriacuteculos

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

158 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

E assim as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Meacutedio

dispotildee para o curriacuteculo

A integraccedilatildeo curricular entre as dimensotildees do trabalho ciecircncia tecnolo-

gia e cultura constitui-se no fundamento para a seleccedilatildeo dos conhecimentos disciplinas metodologias estrateacutegias tempos espaccedilos arranjos curriculares

alternativos e formas de avaliaccedilatildeo BRASIL 2011 p 20)

E acrescenta em relaccedilatildeo a organizaccedilatildeo curricular para o ensino

meacutedio ldquoa organizaccedilatildeo dos conteuacutedos de ensino em estudos ou aacutereas in-

terdisciplinares e projetos que melhor abriguem a visatildeo orgacircnica do co-

nhecimento e o diaacutelogo permanente entre as diferentes aacutereas do saberrdquo

(BRASIL 2002 p 87)

Como podemos perceber o projeto de formaccedilatildeo humana integral

no curriacuteculo do ensino meacutedio visa a construccedilatildeo de um projeto coletivo

considerando as caracteriacutesticas sociais econocircmicas poliacuteticas culturais e

laborais da sociedade do entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

fessores da unidade escolar Nessa vertente Frigotto Ciavatta e Ramos

(2005) esclarece o que se busca como formaccedilatildeo humana

Como formaccedilatildeo humana o que se busca eacute garantir ao adolescente ao jo-vem e ao adulto trabalhador o direito a uma formaccedilatildeo completa para a leitura

do mundo e para a atuaccedilatildeo como cidadatildeo pertencente a um paiacutes integrado

dignamente a sua sociedade poliacutetica Formaccedilatildeo que neste sentido supotildee a compreensatildeo das relaccedilotildees sociais subjacentes a todos os fenocircmenos (FRI-

GOTTO CIAVATTA RAMOS 2005 p 85)

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 159

ldquoUma educaccedilatildeo que ajude a ler a realidaderdquo (FREIRE 1987 p

14) que ajude a compreender essa realidade criticamente Isso significa

identificar componentes e conteuacutedos curriculares que permitam fazer re-

laccedilotildees cada vez mais amplas e profundas entre os fenocircmenos que se quer

ldquoapreenderrdquo e a realidade na qual eles se inserem

4 Consideraccedilotildees finais

Este artigo objetivou uma breve reflexatildeo a respeito das atividades

propostas nas escolas de ensino meacutedio partindo da mediaccedilatildeo da tecnolo-

gia como forma de valorizar a informaccedilatildeo e o conhecimento como fer-

ramenta educativa que facilite o diaacutelogo entre os jovens e a escola

As novas tecnologias facilitam a troca de informaccedilotildees em todas as suas variaccedilotildees sejam elas imagens sons graacuteficos ou textos que com essas novas

experiecircncias potencializam que outros saberes sejam agregados em nossos

sentidos que podem se articular numa inteligecircncia coletiva (LEacuteVY 2010 p 58)

Visto desta maneira contribui para superar o meramente instru-

mental auxiliando os professores a buscar formas de lidar com a cultura

digital como experiecircncia interdisciplinar e democraacutetica que possibilite o

diaacutelogo entre os saberes e tambeacutem com o mundo

Pela ecircnfase na abordagem interdisciplinar dos conteuacutedos curricu-

lares para o desenvolvimento integral dos estudantes do ensino meacutedio

foi possiacutevel traccedilar um paralelo com as propostas curriculares estabeleci-

das pelas Diretrizes Curriculares do Ensino Meacutedio

Em relaccedilatildeo ao ensino meacutedio em especial acredito que o primeiro

passo eacute consideraacute-lo natildeo como ldquomeacutediordquo que se situa entre o ensino fun-

damental e o superior mas sim como uma etapa conclusiva da educaccedilatildeo

baacutesica que deve ter uma ldquobaserdquo capaz de ampliar o acesso ao saber para

a garantia do processo de formaccedilatildeo humana integral Nas palavras de

Morin (2012) ldquoEssa tomada de consciecircncia implica tambeacutem em um

grande esforccedilo de formaccedilatildeo e educaccedilatildeo [] provoca-nos e obriga-nos a

lanccedilar novamente velhas questotildees que civilizaccedilatildeo queremos construir no

seacuteculo XXIrdquo (MORIN 2012 p 478)

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

Ciacuterculo Fluminense de Estudos Filoloacutegicos e Linguiacutesticos

160 CADERNOS DO CNLF VOL XVIII Nordm 07 ndash FONEacuteTICA FONOLOGIA ORTOGRAFIA

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMO Helena Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In ___

BRANCO Pedro Paulo Martoni Retratos da juventude brasileira anaacuteli-

ses de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Instituto CidadaniaEditora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 37-73

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federati-

va do Brasil Brasiacutelia 1988

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo

Nacional Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes

e bases da educaccedilatildeo nacional Brasiacutelia 1996

______ Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio

(DCNEM) Brasiacutelia Ministeacuterio da EducaccedilatildeoConselho Nacional de Edu-

caccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica 2012

______ Projeto de Lei nordm 80352010 Metas do Plano Nacional de Edu-

caccedilatildeo para o dececircnio 2011-2020 (PNE ndash 20112020) Brasiacutelia 2011

______ Portaria nordm 971 09 de outubro de 2011 que institui o Programa

Ensino Meacutedio Inovador (ProEMI) Brasiacutelia 2011

______ Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tec-

noloacutegica Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 2002

COMITEcirc Gestor da Internet no Brasil Pesquisa Sobre o Uso das Tecno-

logias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo no Brasil TIC Domiciacutelios e Em-

presas 2011 Coord Alexandre F Barbosa Trad Karen Brito Satildeo Paulo

CGIbr 2012 Disponiacutevel em lthttpopceptrobrcgi-bincetictic-

domicilios-eempresas-2011pdfgt Acesso em 20-02-2013

DAYRELL J A escola como espaccedilo sociocultural In ___ (Org) Muacutel-

tiplos olhares sobre educaccedilatildeo e cultura Belo Horizonte UFMG 1996

FERREIRA Mocircnica Dias Peregrino Juventude trabalho e escola ele-

mentos para anaacutelise de uma posiccedilatildeo social fecunda Cadernos CEDES v

31 p 275-291 2011

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra

1989

FRIGOTTO G CIAVATTA M RAMOS M (Orgs) Ensino meacutedio

integrado concepccedilotildees e contradiccedilotildees Satildeo Paulo Cortez 2005

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008

XVIII CONGRESSO NACIONAL DE LINGUIacuteSTICA E FILOLOGIA

E POLIacuteTICA LINGUIacuteSTICA E DE ENSINO RIO DE JANEIRO CIFEFIL 2014 161

IBGE Motivos da Evasatildeo Escolar realizada pela Fundaccedilatildeo Getuacutelio Var-

gas ndash FGV-RJ CPSFGV a partir dos microdados dos suplementos da

PNADIBGE de 2006

______ Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNADIBGE)

Evoluccedilatildeo da Porcentagem de Jovens adolescentes (15 a 17 anos) que fre-

quentam a escola no Brasil taxa de 2014

INEP ndash Instituto Nacional e Estudos e Pesquisas Iacutendices Educacionais

por Estado Abandono e Repetecircncia Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) Taxas de 2010 Editoria

de ArteCBD A Press

LAURILLARD D Rethinking University Teaching a conversational

framework for the effective use of learning tecnologies London

Routledge Falmer 2002

______ Teaching as a Design Science Building Pedagogical Patterns

for Learning and Technology New York and London Routledge 2012

LEacuteVY Pierre Cibercultura 1 ed Satildeo Paulo Editora 34 2010

MORIN E A religaccedilatildeo dos saberes o desafio do seacuteculo XXI Idealiza-

das e dirigidas por Edgar Morin 10 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil

2012

______ A cabeccedila bem-feita Repensar a reforma reformar o pensamen-

to Trad Eloaacute Jacobina Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2010

MOTA R SCOTT D Educando para inovaccedilatildeo e aprendizagem inde-

pendente Satildeo Paulo Elsevier 2014

PAIS J M Culturas juvenis Lisboa Imprensa Nacional Casa da Moe-

da 2003

PRENSKY Marc Digital natives digital immigrants On the Horizon v

9 n 5 Disponiacutevel em

lthttpwwwmarcprenskycomwritingPrensky2020Digital20Nati

ves20Digital20Immigrants20-20Part1pdfgt Acesso em 20-07-

2014

TAGNIN Faacutebio Computaccedilatildeo 1 a 1 O desafio de guiar os nativos digi-

tais Blog de educaccedilatildeo digital da Intel Disponiacutevel em

lthttpblogsIntelcomeducacaodigital200807computacao_1_a_1_o_d

esafio_de_guiar_os_nativos_digitaisphpgt Publicado em 18072008