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CIRCULAR N° 118 ISSN 0100-3356AGOSTO/01

MANEJO INTEGRADO DAS PRINCIPAIS

DOENÇAS FÚNGICAS E DE PRAGAS

DE SOLO DA CULTURA DA BATATA

Uma Visão Holística De Controle

Para O Estado Do Paraná1

¹Nilceu R.X. de Nazareno, PhD - Fitopatologia2Airton D. Brisolla, MSc - Entomologia

3Renato Tratch, MSc - Manejo de Solo e Fitossanidade

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR

¹Recursos advindos do PRONAF/Difusão de Tecnologia2Area de Proteção de Plantas; Pólo Regional de Pesquisa de Curitiba; C. Postal: 2031;80011-970 Curitiba, PR

3Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Faculdades Integradas "Espírita"

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ

VINCULADO À SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43) 376-2101

Cx. Postal 481 - 86001 -970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL

Visite o site do IAPAR: http://vww.pr.gov.br/iapar.

DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor-Presidente: Florindo Dalberto

PRODUÇÃO

Coordenação Gráfica: Márcio Rosa de Oliveira

Arte-final: Sílvio Cézar Boralli / Capa: Tadeu K. Sakiyama

Impresso na Área de Reproduções Gráficas

Todos os direitos reservados ao

Instituto Agronômico do Paraná.

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra

sem a autorização prévia do IAPAR.

N335 Nazareno, Nilceu R. X. de

Manejo integrado das principais doenças fúngicas e de

pragas de solo da cultura da batata - uma visão holística de

controle para o Estado do Paraná / Nilceu R. X. de Nazare-

no, Airton D. Brisolla e Renato Tratch. Londrina: IAPAR,

2001.

29 p. il. (IAPAR. Circular, 118).

1. Batatas-doenças por fungos-Controle. 2. Solos-

Manejo. I. Brisolla, Airton D. II. Tratch, Renato. III. Instituto

Agronômico do Paraná, Londrina, PR. IV.TÍtulo. V.Série.

CDD 635.Z194

AGRIS 0210

H20

G514

SUMÁRIO

Pàg.

Introdução 5

Manejo integrado de doenças foliares 6

Manejo integrado de pragas de solo..... 13

Manejo do solo e interferências fitosanitárias 23

Considerações finais . 28

Referências bibliográficas 29

INTRODUÇÃO

Pela sua característica étnica, com grande influência de des-cendentes de eslavos, germânicos, holandeses, japoneses, entre ou-tros, o Paraná tem sido um dos principais estados envolvidos na pro-dução nacional da cultura da batata (Solanum tuberosum L), além dediversas outras culturas. Especificamente para a cultura da batata, naRegião Metropolitana de Curitiba e seus arredores está concentrada amaior parte do cultivo, chegando a corresponder a aproximadamente70% da área do Estado. Estas informações são baseadas no diagnósti-co do estudo da cadeia produtiva da batata, elaborado em meados dosanos 90 com o apoio de várias instituições, onde se identificou queessa produção está concentrada em mãos de pequenos produtores.

A espécie S. tuberosum, apesar de estar muito bem adaptadaem nossa região por ser originária da América do Sul, está sujeita aoataque de inúmeras doenças e pragas, resultando na necessidade deum grande número de pulverizações com agroquímicos para controle,muitas vezes preventivo, principalmente no caso de doenças foliares.Verificou-se uma freqüência média de 8 e 23 pulverizações por safra,nas regiões metropolitana de Curitiba e de Guarapuava, respectiva-mente. As doenças fúngicas foliares, requeima e pinta preta, impor-tantes na Região Sul, são as responsáveis pela maioria do consumo defungicidas nas lavouras. Além disso, sob condições ambientais favorá-veis ao desenvolvimento de requeima, por exemplo, e em sistemas deprodução orgânica com cultivares suscetíveis, como 'Bintje' e 'Monali-sa', a produção comercial de tubérculos pode ser reduzida a zero.

Uma das características da região Centro-Sul, onde se concen-tra a produção da espécie, é seu clima que, tanto na safra das águas(setembro a dezembro) como na das secas (fevereiro a maio), semprepermite a formação de abundante orvalho em função da alta umidaderelativa do ar e de temperaturas noturnas amenas (abaixo de 15° C)durante boa parte desses períodos. Estas são condições ideais para oestabelecimento de epidemias dessas doenças mencionadas.

Outra característica da região é quanto ao seu sistema de pro-dução propriamente dito, onde a cultura da batata é rotacionada comoutras como a do milho e do feijão, ou serve como renovadora de pas-tagens. Pelo seu tipo de reprodução vegetativa e pela inexistência demétodos e equipamentos de colheita que permitam a completa cataçãodos tubérculos nessa operação, inevitavelmente sempre são encontra-

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das plantas voluntárias dentro das outras culturas do sistema de pro-dução, durante todo o ano, através da brotação dos tubérculos rema-nescentes e emergência de plantas. Essas plantas permanecem nocampo sem nenhum acompanhamento e servem como ponte de sobre-vivência e fonte de inoculo para doenças e pragas da cultura. Assim,as plantas voluntárias se constituem em um dos principais desafiospara o manejo integrado de doenças e pragas da batata em nossa regi-ão.

Como a região metropolitana de Curitiba e seus arredores seconstituem numa importante zona de captação de água para a popula-ção; como existe uma maior conscientização da sociedade quanto aosriscos do uso indiscriminado de agroquímicos e como está aumentan-do gradativamente o número de produtores de batata interessados emmodificar seus sistemas de produção para o orgânico e alternativos aoconvencional, este boletim técnico tem, os objetivos: i) trazer algunsconceitos de manejo integrado de doenças e pragas; ii) apresentar ediscutir algumas tecnologias que possam oferecer aos pequenos pro-dutores e aos técnicos do serviço de extensão rural, o conhecimentobásico para o desenvolvimento de estratégias preventivas e de controlede doenças e pragas que minimizem ao máximo o impacto que as tra-dicionais tecnologias oferecem ao meio ambiente.

MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS FOLIARES

As doenças foliares mais importantes e que devem ser conside-radas como partes fundamentais do sistema de produção de batatasão a requeima e a pinta preta. Serão descritos resumidamente, asintomatologia que as caracterizam, principais aspectos da epidemio-logia delas e medidas que devem ser consideradas para prevenir o des-envolvimento repentino e a perda de capacidade para os seus contro-les.

Requeima (Phytophthora infestans (Mont.) de Bary)Considerada a principal doença fúngica foliar na Região Sul, a

requeima é também conhecida como mela ou pinta graúda. Quandocultivares suscetíveis como 'Bintje' e 'Monalisa', são utilizadas e, sobcondições ambientais favoráveis e na ausência de controle químico, aprodução comercial pode ser nula.

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A Requeima secaracteriza pelo apare-cimento de manchaspardo-oliváceas nosfolíolos e hastes, com apresença de um haloverde mais claro ao re-dor das manchas folia-res e presença de umbolor branco e ralo (Fi-gura 1 e 2). Os sinto-mas podem ser vistosnos tubérculos, que seapresentam com umacoloração marrom

avermelhada externa emesclada internamente(Figura 3), se constitu-indo numa podridão

seca, conhecida como"cachorro quente". Casoo tubérculo permaneçaem ambiente úmido efrio, um bolor brancocomo o das folhas, apa-rece na superfície.

A planta é maispredisposta a P. infes-tans quando predo-minam períodos prolon-gados de chuva e/ouorvalho e temperaturasabaixo de 20 °C. Nestascondições e na ausênciade controle químico, asmanchas foliares apare-cem aos 30 dias após oplantio, e as folhas po-dem secar completa-

Fig. 1 - Mancha da requeima em folhas de batata,destacando-se a cor pardo-olivácea nocentro e halo clorótico nas bordas.

Fig. 2 - Mancha da requeima observada do ladoinferior do folíolo, com o crescimento es-branquiçado do fungo P. infestans nasbordas da lesão, sinal de identificação doagente causador.

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Figura 3 - Tubérculo de batata com sintomas su-perficiais da requeima.

mente 18 a 22 diasapós, em cultivarescomo 'Bintje' ou 'Mona-lisa'. Em cultivares re-sistentes como 'Araucá-ria', 'Catucha', 'Cristal','Sante' e outras, o des-envolvimento da re-queima é bem maislento. Estimou-se per-das relativas em produ-ção comercial de 100%em 'Bintje' a 54% em'Araucária'.

O fungo causa-dor da requeima sobre-vive somente em tecido

vivo da planta, ou seja, em tubérculos e plantas vivas, morrendoquando as folhas e hastes secam, e é disseminado pelo vento. Assim, aprincipal ponte de sobrevivência do fungo que irá atacar as lavourasem seus estágios iniciais de cres-cimento é a planta voluntária quecresce entre plantas de outrasculturas (Figura 4), nas bordas delavouras, em lavouras em final deciclo ou abandonadas (Figura 5) eem amontoados de tubérculos des-cartados.

Fig. 4 - Plantas voluntárias de batataatacadas pela requeima, ser-vindo de fonte de P. infestanspara lavouras comerciais cir-cunvizinhas.

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Fig. 5 - Rebrota de batata, em lavoura que foiabandonada antes da colheita, com sin-tomas de requeima.

MEDIDASPREVENTIVAS DECONTROLEANTES DO PLANTIO

• Quanto à sobrevi-vência do fungo:a) Manejo do solo visandoa eliminação das plantasvoluntárias para reduzira pressão da doença emqualquer região,b) É fundamental o en-

terrio de tubérculos des-cartados.

c) Lavouras de tomate emfase final de produção

podem, eventualmente, servir de ponte do fungo.d) Ficar atento para a ocorrência de todos os fatores acima menciona-dos em toda a redondeza para se precaver da chegada de P. infestansna lavoura.e) Utilização de semente certificada e, se possível, visitar o campo doprodutor algumas vezes antes da colheita para se certificar de que asplantas estavam com boa sanidade.

• Quanto à escolha do local:a) Evitar solos mal drenados que acumulam água em épocas chuvosase favorecem o microclima para o desenvolvimento da doença no dosselda cultura.b) A topografia do terreno deve ser levada em conta, considerandoventilação para secamento do orvalho das plantas e facilidade de apli-cação de fungicidas, quando for o caso. Áreas de baixada, próximo abosques, levam mais tempo para a dissipação do orvalho e funcionamcomo "bolsões de requeima", devendo ser vistoriadas com freqüência,pois são nesses locais que a doença costuma aparecer primeiro. Te-rrenos de topografia mais plana devem ter preferência.

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• Quanto à escolha de cultivar:Cultivares como 'Araucária', 'Cristal', 'Catucha', 'Maranga', 'Pérola' e'Santé' apresentam alto nível de resistência e podem ser utilizadas naprodução orgânica, enquanto que 'Achat', 'Asterix', 'Atlantic', 'Barone-sa', 'Bintje', 'Contenda', 'Delta', 'Elvíra', 'Kennebec' e 'Monalisa', sãomuito suscetíveis. 'Crebella', 'Panda' e 'Pérola' são moderadamenteresistentes.

MEDIDAS DE CONTROLE APÓS O PLANTIO

• Manejo da cultura:a) Manter a cultura no limpo, livre de plantas daninhas, para evitar oacúmulo de umidade dentro da cultura.b) As operações de amontoa devem ser bem feitas, garantindo a prote-ção dos tubérculos e evitando-se a contaminação deles pelo fungo.c) Praticar o turno de rega de forma que haja o secamento das folhasantes do anoitecer.

• Considerações sobre o controle químico:a) Ainda não se encontrou uma substância que seja permitida o seuuso para controle da requeima dentro do sistema de produção orgâni- 'ca e que seja eficaz, preventiva ou curativamente, para P. infestans. Jáse questiona a proibição de caldas ã base de cobre para esse fim.

b) Independentemente do produto escolhido, a manutenção e corretacalibração do equipamento é fundamental.c) A correta dosagem e volume de calda devem ser preparados segundoa orientação do fabricante.d) Independentemente do tipo de produto, a plena cobertura das folhase hastes é fundamental.e) Deve-se procurar fazer alternância de produtos fungicidas e nuncapermitir a aplicação sem o uso de equipamentos de proteção individual(EPFs) adequados e atender as normas de preservação ambiental.

Pinta preta (Alternaria solani Sorauer)A pinta preta, também conhecida como pinta miúda, é a se-

gunda doença fúngica foliar em importância da batata. Os danos cau-sados são menores devido a sua ocorrência normalmente no final deciclo, sendo seu potencial destrutivo em nossas condições menor que oda requeima. Ela ocorre em todas as épocas de plantio com maior fre-

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Fig. 6 - Planta de batata atacada pela pinta preta,com manchas muitas vezes com a apa-rência de "alvos", com anéis concêntri-cos.

qüência na safra daságuas. O ataque de pra-gas e outros fatores, deestresse induzem o apa-recimento da doença.

A pinta preta secaracteriza pelo apareci-mento de lesões circula-res, pardo-oliváceas. eque na grande maioriaapresenta a formação deanéis concêntricos emseu interior. Ocorre nosfolíolos e hastes e tam-bém em tubérculos (Figu-ras 6 e 7). As lesões folia-res podem estar circun-dadas de um amareleci-mento. Nos tubérculos,muitas vezes se desenvol-vem durante o período dearmazenamento da se-mente em câmara fria.Tubérculos assim ataca-dos apodrecem mais rapi-damente e normalmentesão descartados num se-gundo repasse da se-mente quando retirada dacâmara fria com destinoao campo.

O fungo causadorda pinta preta também édisseminado pelo ar.Temperaturas acima de25 °C .acompanhadas, deintermitências de perío-dos secos e úmidos são

condições que favorecem o desenvolvimento da epidemia. Ao contráriodo fungo causador da requeima, A. solani pode sobreviver em restos deculturas no solo também.

Fig. 7 - Tubérculos de batata com manchas apro-fundadas de A. alternata, que se desenvol-veu durante o período de armazenamentoem câmara fria.

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MEDIDAS PREVENTIVAS DE CONTROLEANTES DO PLANTIO

• Quanto à sobrevivência do fungo:A eliminação de restos culturais de batata e tomate, com o enterrio dapalhada, auxiliará na diminuição do inóculo inicial.

• Quanto à escolha do local:a) Além dos aspectos de boa drenagem e topografia adequada, já dis-cutidos para a requeima, é necessário acrescentar o emprego de adu-bação adequada, pois plantas com desequilíbrio nutricional são maisvulneráveis à doença. Amostragem de solo representativa para análisee fertilização conforme as necessidades da cultura são práticas fun-damentais preventivas.

b) O correto preparo do solo, eliminando-se restos de cultura, inclusivede áreas adjacentes, contribuirá para a redução da fonte de sobrevi-vência do fungo.

• Quanto à escolha da cultivar:A.s cultivares amplamente plantadas são suscetíveis, como 'Bintje',Monalisa' e especialmente a 'Achat'. Para a produção orgânica, pode-se considerar aquelas menos suscetíveis como 'Monte Bonito', 'Araucá-ria', 'Catucha' e 'Cristal'. A cultivar Baraka se comportou como mode-radamente resistente.

MEDIDAS DE CONTROLE APÓS O PLANTIO

• Manejo da cultura:a) Uma boa operação de amontoa manterá os tubérculos protegidos.b) Ferimentos de insetos nas folhas causados por vaquinha e minado-res, por exemplo, podem servir de porta de entrada para o patógeno,além de causar estresse nas plantas, portanto, o seu controle dessaspragas é fundamental para diminuir a incidência da pinta preta.

• Considerações sobre controle químico:a) Os mesmos aspectos relacionados para a requeima sobre dosagem,número de aplicação, qualidade da aplicação e cobertura da folhagemsão indicados também para a pinta preta.

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b) Não existem produtos alternativos à disposição para utilização nos

sistemas de produção orgânica a não ser as caldas à base de cobre, já

mencionadas anteriormente.

c) A correta identificação da doença é fundamental antes de se reco-

mendar a aplicação de fungicidas.

d) Deve-se seguir corretamente a recomendação do fabricante e nunca

permitir aplicações sem o uso de EPI's adequados e atender às normas

de proteção do meio ambiente.

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MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DE SOLO

Várias espécies de insetos com hábitos subterrâneos têm ocasi-

onado severos danos em lavouras de batata, ao perfurarem, escarifica-

rem e abrirem galerias nos tubérculos, depreciando-os comercialmen-

te.

O controle destas pragas, já difícil nas lavouras convencionais,

torna-se mais complexo naquelas conduzidas em sistema orgânico,

nas quais os produtores, não tendo a opção do uso de agroquímicos,

necessitam adotar outras táticas, no sentido de tentarem reduzir os

prejuízos diretos e indiretos provocados por este grupo de pragas.

Discute-se aqui aspectos envolvendo a identificação, biologia,

danos e táticas de controle das espécies mais importantes: a larva-

alfinete, a larva-arame, os coros e a pulga do fumo.

Larva-alfinete (Diabro-tica speciosa)

Biologia: Os adul-

tos, conhecidos por

vaquinhas, têm hábito

diurno. Alimentam-se

das folhas de batata esobre outras inúmeras

espécies de plantas cul-

tivadas e invasoras.

Medem cerca de 5 cm

de comprimento, têm

coloração geral verde e

seis manchas amarelas

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Fig. 8 - Adulto de vaquinha (Diabrotica speciosa).

nos élitros (Figura 8). Sao particularmente abundantes nas estaçõesquentes e chuvosas, chegando às lavouras de batata, em sucessivasmigrações a partir de áreas de milho, feijão, soja, e tc , principalmentedaquelas em final de ciclo.

As fêmeas fazem a postura na superfície do solo, junto ao colodas plantas ou penetram o solo, depositando as massas de ovos dire-tamente sobre raízes e tubérculos. Estima-se entre 300 e 500 o núme-ro de ovos colocados por uma única fêmea, distribuídos em massascom cerca de 30 ovos cada.

O período de incubação, em condições adequadas de umidade etemperatura , dura entre uma e duas semanas, após o que nascem aslarvas.

Estas têm formacilíndrica, com a extre-midade anterior afilada.A coloração é branca ouamarelada, com a cabe-ça e pernas castanhasou pretas. É facilmentediferenciada de outraspragas de solo por terno final do abdome umaplaca também escura(Figura 9).

Ao atingir o má-ximo desenvolvimento,o que leva cerca detrinta dias, medem aoredor de 1 cm de comprimento e 1 mm de diâmetro.

Sua movimentação no solo é lenta, principalmente em solosmais pesados, argilosos. Entretanto, uma única larva é capaz de dani-ficar vários tubérculos, tanto os superficiais, quanto os mais profun-dos.

Ao aproximar o final desta fase, as larvas constróem para siabrigos (câmaras pupais). E, após um curto período de inatividade(pré-pupa), transformam-se em pupas. É uma fase de repouso, na qualpreparam sua transformação em adultos. Dura em média três sema-nas, após o que emerge machos e fêmeas, reiniciando o ciclo da espé-cie.

Fig. 9 - Larva-alfinete (Diabrotica speciosa).

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Fig. 10 - Danos de larva-alfinete.

Em nossas con-dições, ocorrem de seisa oito gerações por ano.

Danos: os prin-cipais danos são ocasi-onados pelas larvasque perfuram os tubér-culos para alimentarem-se (Figura 10),construindo galeriasestreitas, mais ou me-nos profundas, queposteriormente escure-cem. Embora os furossejam de pequeno di-âmetro (1 a 2 mm) osdanos no interior dostubérculos torna-osinutilizáveis para a indústria e reduzem o valor comercial do produto.

Os adultos alimentam-se das folhas, perfurando-as. Raramenteocasionam maiores danos, uma vez que normalmente chegam nas la-vouras após as plantas estarem com boa massa foliar. Seu controle,entretanto, é necessário para evitar-se que a larvas de Diabrotica atin-jam populações ele-vadas dentro de uma mesma safra.

Larva arame (Conode-rus spp.)

Biologia: osadultos têm hábitosnoturnos, alimentando-se de matéria orgânicaem decomposição esubstâncias açucara-das. Têm entre 2 e 3 cmde comprimento e colo-ração castanha-escura(Figura 11). Durante odia abrigam-se sob

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Fig. 11 - Conoderus sp.

restos de cultura, torrões, folíolos de batata que estejam próximos aochão ou naqueles que por qualquer motivo não estão totalmente aber-tos.

Os ovos são colocados no solo, sobre ou abaixo da superfície,junto às raízes, sendo que as infestações são mais severas em áreasnas quais a batata substitui pastagens e cereais, uma vez que as fê-meas preferem ovipositar em lavouras adensadas ou em áreas que pordois ou mais anos es-tejam em pousio.

Pouco conhece-se da biologia destasespécies, em nossascondições. Entretanto,sabe-se que o ciclo lar-val deste grupo de in-setos é bastante longo,sendo comum esten-der-se por dois ou maisanos.

As larvas sãodelgadas, escuras, como corpo rígido e seg-mentos bem destacados(Figura 12). Ao final deseu desenvolvimento

atingem cerca de 2,5 cm. Movimentam-se ativamente no solo, acom-panhando principalmente o nível das águas subterrâneas.

Ao fim do período larval, empupam no solo em câmaras especi-almente construídas para isso.

Danos: as larvas alimentam-se de tubérculos e raízes. Uma vezque já estão presentes na área quando do plantio da safra de batata,podem retardar o desenvolvimento da lavoura, ao atacarem o sistemaradicular de plantas novas.

O principal dano dá-se quando, ao alimentarrem-se dos tubér-culos, escavam largos e profundos orifícios, que podem ou não prolon-gar-se em largas galerias (Figura 13).

Não raro, devido à destruição de pontos de crescimento, os tu-bérculos ficam "embonecados".

Fig. 12 - Larva-arame (Conoderus sp.).

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Fig. 13 - Danos de larva-arame (Foto CIP).

Coros (escaravelhos)Varias são as

espécies de coros dani-ficando tubérculos eraízes de plantas culti-vadas: trigo, milho,cereais de inverno,pastagens, batata, etc.Entre elas, Diloboderusabderus, Phytalussanctipauli e Phyllo-phaga cuyabana.

Biologia: osadultos têm hábitosnoturnos, sendo parti-cularmente abundantes

nos meses de primavera e verão, quando são atraídos pela luz emgrande quantidade. Não danificam as plantas de batata, alimentando-se, preferencialmente, de folhas de árvores e arbustos e de matériaorgânica em decomposição.

O ciclo destas espécies também é longo, estendendo-se por cer-ca de um ano, em nossas condições.

As fêmeas ovipo-sitam preferencialmenteem pastagens nativas oucultivadas, escavandogalerias no solo para rea-lizarem suas posturas. Operíodo de incubaçãoprolonga-se por duas aquatro semanas. As lar-vas variam em tamanho,conforme a espécie, mastêm entre 3 e 5 cm decomprimento. Apresen-tam como característicascomuns a forma arredon-dada, coloração branco-leitosa, com a extremida-

Fig. 14-Coros

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de do abdome mais dilatada e escura, três pares de pernas bem visí-veis, cabeça castanha e o corpo curvado em forma de "U". (Figura 14).O período larval estende-se por oito a nove meses (de meados do ve-rão/início do outono à primavera), após o que as larvas abrigam-se emcâmaras para empuparem.

A fase pupal dura em torno de três a quatro semanas, quandoocorrem as revoadas de adultos, no início do verão, reiniciando umnovo ciclo.

Danos: as lar-vas, ao alimentarem-se, escarificam os tu-bérculos e abrem gran-des cavidades circula-res, normalmente pou-co profundas (Figura15). Podem tambémdanificar o sistemaradicular, ocasionandoa morte de plântulasou retardando o desen-volvimento vegetativoda cultura.

Pulga do fumo (Epitrixfasciatus)

Esta espécie vinha causando danos maiores em bataticulturaorgânica, mas recentemente produtores de batata convencional relata-ram danos mais expressivos em suas lavouras,

Biologia: os adultos têm hábitos diurnos. São pequenos besou-ros (ao redor de 2 mm de comprimento), de coloração preta brilhante,que alimentam-se das folhas, abrindo pequenos orifícios arredonda-dos, com 1 a 2 mm de diâmetro. Ao serem tocados, saltam, daí o nomede "pulga do fumo" (Figura 16).

As fêmeas ovipositam junto ao colo das plantas, logo abaixo dasuperfície do solo. O período de incubação leva entre uma e duas se-manas.

As larvas são esbranquiçadas, cilíndricas e com a cabeça cas-tanha. Após quatro a seis semanas, empupam no solo.

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Fig. 15 - Danos de coros.

Fig. 16 - Epitrix sp. (pulga do fumo).

Fig. 17 - Danos de larvas da pulga do fumo.

E, entre uma e duas

semanas emergem os

adultos, fechando um

ciclo de aproxi-

madamente cincoenta

dias, o que significa

haver entre seis e oito

gerações por ano.

Danos: os danos

ocasionados pelos

adultos são de menor

importância e rara-

mente causam prejuí-

zos.

Entretanto, as

larvas constróem uma

rede de estreitas gale-

rias sob a pele dos tu-

bérculos, que terminam

por romper-se e escure-

cer. Nos pontos aonde

estas galerias cruzam-

se ou unem-se, for-

mam-se rachaduras

mais ou menos profun-

das, dando ao tubérculo

um aspecto rugoso (Fi-

gura 17).

MEDIDAS DE CONTROLE DE PRAGAS DE SOLO

Antes de considerarmos o controle propriamente dito, temos

que separar as pragas de solo em dois grupos: aquelas que se instalam

na lavoura após o plantio, caso da vaquinha e da pulga-do-fumo e

aquelas que já se encontram na área antes do plantio, caso dos coros e

da larva-arame.

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Outro aspecto importante é que pragas de solo são de difícilcontrole, pois passam parte de seu ciclo protegidas da ação de inimi-gos naturais e de condições climáticas adversas. Na impossibilidade deempregar agroquímicos para o controle destas pragas, o bataticultororgânico deve adotar um conjunto de medidas que, agindo direta ouindiretamente sobre adultos e larvas, venham a manter as populaçõesem níveis toleráveis.

Fundamental é que os produtores monitorem o mais regular-mente possível suas lavouras e estabeleçam o histórico das mesmas,quanto às espécies de pragas mais freqüentes, a época em que ocor-rem com maior intensidade, quais os hospedeiros alternativos destaspragas e quais medidas de controle mostrararn maior eficiência.

Discute-se a seguir as principais táticas de controle.

1) CULTURAISPreparo do solo: arações regulares e profundas expõem larvas e

pupas de coros e arame a condições climáticas adversas e a inimigosnaturais. O preparo do solo em condições adequadas de umidade,evita a formação de torrões que servem de refúgio para adultos de vá-rias pragas da batata.

Plantio: deve ser realizado na profundidade adequada para avariedade, tamanho da semente e tipo de solo. Um plantio superficialsignifica um maior número de tubérculos desenvolvendo-se próximos àsuperfície, facilitando a ação de fêmeas e larvas de vaquinhas e pul-gas-do-fumo. Um plantio muito profundo retarda abrotação e a for-mação de massa feliar, o que pode tornar mais severos os efeitos dadesfolha por insetos mastigadores.

Amontoa: se bem executada, age como uma barreira física, difi-cultando o acesso de fêmeas de vaquinhas e pulgas-do-fumo aos tu-bérculos. Pode ser necessária mais do que uma amontoa durante ociclo, uma vez que o engrossamento das hastes, o crescimento dostubérculos superficiais, a ação das chuvas e da irrigação, a movimen-tação de máquinas, entre outros, originam fendas e buracos nos ca-malhões, principalmente junto ao colo das plantas.

"Roguing": adultos de vaquinhas, moscas minadoras e pulgõessão atraídos pela coloração amarela. Plantas que por danos às hastes,ataque de pragas e doenças, etc. amareleceram devem ser eliminadas eretiradas da lavoura.

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Manejo das invasoras: várias plantas não cultivadas podemservir de refúgio e fonte de alimentação para adultos e larvas de pragasde solo, principalmente na entressafra da batata. Por outro lado, estasmesmas plantas podem servir de abrigo e alimento para inimigos na-turais, principalmente parasitóides. Cabe ao produtor identificar den-tro de sua propriedade, quais as invasoras que hospedam adultosdestas pragas e buscar, junto às raízes destas plantas por larvas alfi-nete e arame e coros. E decidir quais invasoras devem ser eliminadas equais devem ser preservadas dentro do manejo necessário em umapropriedade orgânica.

Colheita: retardar o arranquio dos tubérculos após o secamentodas plantas, propicia um maior ataque de larvas e dá traça-da-batata,que, embora pão se caracterize como praga de solo, pode, ao final dociclo, na ausência de folhas verdes, enterrar-se e perfurar os tubércu-los.

Restos de cultura e plantas espontâneas (socas): todos os tu-bérculos descartados durante a colheita devem ser eliminados, assimcomo as plantas de batata que vegetem na área após o final da safra.

Rotação de culturas: A maioria das pragas que atacam asplantas de batata são polífagas, hospedando-se em inúmeras plantascultivadas e invasoras, tornando difícil a adoção de um sistema derotação que atenda aos interesses dos produtores. Entretanto, deve serevitado o plantio de batata em áreas que permaneceram sob pousio ouem regime de pastagens nativas ou cultivadas por mais do que doisanos. Em áreas com histórico, a rotação com crotalárias reduz o nú-mero de posturas por fêmeas de coros, sendo recomendada após asafra das águas.

2) ARMADILHAS E PLANTAS ATRATIVAS:A atração da cor amarela sobre várias pragas tem sido larga-

mente utilizada em programas de manejo, embora tenham a desvanta-gem de atraírem também inimigos naturais. Usualmente, utilizam-sebandejas de alumínio, pintadas de amarelo por dentro e de marrompor fora (Figura 18). Coloca-se água até a metade e duas ou três gotasde detergente. As bandejas são distribuídas ao redor e no meio da la-voura, tomando-se o cuidado para que se destaquem entre as plantas.Se colocadas ao redor da lavoura, deve-se posicioná-las em clareiras,sobre o solo nu. Dentro da lavoura, sobre suportes que as mantenham

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Fig. 18 - Armadilhas tipo bandeja d'água.

Fig. 19 - Estrutura da armadilha adesiva.

sempre acima do níveldas plantas. Coletamadultos de vaquinha epulgões.

Armadilhas deplástico amarelo, im-pregnadas com óleo demotor e distribuídasdentro da lavoura sãoeficientes na captura demoscas minadoras eadultos de vaquinha (Fi-guras 19 e 20), emboracom o incoveniente deatraírem também inimi-gos naturais.

O taiuiá é um po-deroso atrativo para osadultos de vaquinha. Asraízes devem ser cortadasem rodelas e distribuídasno campo, dentro de la-tas de alumínio grandes.Os adultos atraídos de-vem ser coletados manu-almente, principalmenteno final da tarde. Paraaumentar o tempo deatração, deve-se protegeros pedaços de raízes dainsolação e da chuva.

3) NIM:O óleo de nim (Azadirachta indica) tem sido empregado em agriculturaorgânica devido às suas propriedades de repelência e por afetar o des-envolvimento dbs insetos de diferentes maneiras. Pesquisas específicascom o nim no controle das principais pragas da batata estão sendoconduzidas no IAPAR, a fim de conhecer-se melhor a forma mais ade-

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quada de usá-lo comomais uma ferramentano controle de pragasem bataticultura orgâ-nica e convencional.

Fig. 20 - Armadilha adesiva.

MANEJO DO SOLO EINTERFERÊNCIAS FITOSANITÁRIAS

O solo pode ser considerado um organismo vivo devido à diver-sidade biológica existente. Apesar de possuir inúmeras espécies demicrorganismos, apenas alguns deles são causadores de doenças emplantas de batata como os agentes causais da sarna comum[Streptomyces scabies (Thaxter) Waksman & Henrici], da murcha bac-teriana (Ralstonia solanacearum (E.F. Smith 1896) Yabuuchi et al.1995), da canela preta [Erwinia carotovora subsp. carotovora (Jones)Dye], da rizoctoniose ou crosta preta (Rhizoctonia solani Kühn). Estespatógenos e outros que sobrevivem no solo estão em constante compe-tição com os microrganismos habitantes do solo não patogênicos. De-terminadas práticas de manejo de solo como a monocultura, irrigaçãoexcessiva e adubação desequilibrada potencializam a ocorrência dedoenças. Estas práticas podem aumentar a quantidade de patógenosno solo, ou deixar as plantas mais suscetíveis.

Serão descritas resumidamente, algumas práticas de manejo desolo que, em seu conjunto, contribuem para melhorar o equilíbrioecológico, resultando na potencialização do controle biológico de doen-ças veiculadas pelo solo e pragas da batata.

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PRÁTICAS DE MANEJO DE SOLO ASSOCIADAS AOCONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS

• CalagemA aplicação de calcário para corrigir a acidez e a toxidez do alu-

mínio é pouco comum entre os bataticultores, para prevenir riscos daocorrência da sarna comum. Esta doença pode ser manejada com aadição de adubos orgânicos e irrigação no período da tuberização. Acalagem promove a elevação do pH, aumentando a disponibilidade dealguns nutrientes como fósforo, nitrogênio, enxofre, cálcio e magnésio,estes últimos dois provenientes do calcário aplicado. A calagem tam-bém reduz a ocorrência de problemas fisiológicos como coração oco. Acalagem deve ser feita em função da análise de solo visando suprirdeficiências de cálcio e magnésio. A aplicação deve ser feita três mesesantes do plantio com uma boa incorporação no solo.

• AdubaçãoO uso de adubos mineriais solúveis, como uréia, superfosfato

simples, cloreto de potássio não é permitido em sistemas de produçãoorgânica. A adubação neste sistema é vista de maneira ampla buscan-do melhorar os níveis de nutrientes no solo, com o fornecimento gra-dual e constante para a planta. Assim, as plantas ficam equilibradasnutricionalmente tomando as mais resistentes a patógenos e a pragas.Utilizam-se calcário, fosfatos naturais, termofosfatos, cinzas, farinhade rocha, adubação orgânica, adubação verde.

a) Fosfatos naturaisO uso destes materiais visa corrigir níveis de fósforo presentes no

solo, sendo normalmente aplicado em área total na dose indicada (500a 3000 kg/ha) em função da análise e das características físicas dosolo. A incorporação deve ser realizada antes da realização da calagem,pois o pH baixo melhora a eficiência deste material. O custo de aplica-ção em área total normalmente é elevado, preferindo-se o uso no sulcode plantio ou sua incorporação na pilha de composto.

b) Farinha de rochaOs solos são formados a partir de rochas que sofrem um pro-

cesso chamado de intemperismo. Este processo também faz com que o

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solo perca nutrientes com a chuva, além do que se extrai pelas cultu-ras. Em função destas particularidades da natureza, está se usandoum material proveniente de rochas, finamente moído, denominado defarinha de rocha, cuja finalidade é de recondicionador do solo. Incor-pora-se até 2t/ha, dependendo do estadp de degradação do solo. Estematerial apresenta teores elevados de sílica, com potencial de reduzirdeterminadas doenças.

c) CinzasAs cinzas provenientes de fornos são usadas no sistema orgânico

para elevar o nível de potássio no solo. Este elemento também temfunção importante no mecanismo de defesa das plantas. Não existeuma indicação de dose a ser aplicada, nem em área total ou no sulcode plantio da batata. Porém, deve-se tomar cuidado com cultivaressuscetíveis a sarna comum, pois segundo alguns produtores pode au-mentar a severidade. Outra forma de usar a cinza' é na compostagem,tomando-se o cuidado de não fazer camadas muito espessas, dificul-tando a drenagem da água no composto.

d) Adubação orgânicaA adubação orgânica pode ser feita com estéreo curtido ou com

composto. Estéreo fresco deve ser evitado, pois substâncias tóxicasprovocam queima das brotações. Além disso, ocorrerem perdas de nu-trientes, principalmente do nitrogênio.

A compostagem permite aproveitar o estéreo de maneira mais efi-ciente. Utiliza-se esse material rico em nutrientes com outros de baixovalor, como palhadas diversas, reduzindo a perda de nutrientes. Nofinal do processo da compostagem obtemos um material humificadoque pode ser utilizado diretamente no sulco de plantio. A compostagemconsiste na amontoa de camadas de resíduo vegetal, como palhada erestos de culturas e de estéreo fresco, o qual não deve ultrapassar 40%do volume total. Recomenda-se o enriquecimento do composto comfosfato de rocha, cinza, farinha de rocha, calcário, porém nunca ultra-passando 1 % do volume total.

No processo de compostagem deve-se tomar cuidado com:- Umidade da massa: não pode nem ser excessiva, provocando maucheiro, e nem deficiente, retardando a finalização do processo;- Temperatura: no início da compostagem, a temperatura se eleva etende a reduzir com o tempo, porém ela não deve subir excessivamen-

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te, eliminando microrganismos úteis, nem permanecer baixa o queinibe o processo. Empiricamente, a flutuação da temperatura pode seracompanhada através de uma barra de ferro mantida na pilha. Perio-dicamente, retira-se a barra e toca-se a ponta submersa com a mão.Caso não seja possível segurá-la por muito tempo devido ao calor,deve-se adicionar água ao composto e se estiver fria, deve-se revolver ocomposto adicionando material verde ou mais estéreo e umidecendo omaterial;

- Aeração: o processo deve ocorrer na presença de ar, para evitar àformação de um cheiro desagradável. A aeração é favorecida com orevolvimento do composto.

O tempo de compostagem varia de 90 a 150 dias dependendo do.material utilizado, da umidade e da temperatura. Para avaliação damaturação decomposto testa-se com semente de agrião da , seguinteforma: coloca-se em 6 recipientes (copos, por exemplo) as seguintesproporções: em um, 2 partes de areia e 8 do composto, em outro 4partes de areia e 6 do composto, em outro 6 partes de areia e 4 docomposto, em outro 8 partes de areia e 2 de comppsto, um outro so-mente areia e outro somente composto. Semeiam-se quantidadesiguais de semente de agrião, irriga-se uniformemente os recipientes eobserva-se a germinação. O composto estará maduro quando aproxi-madamente o mesmo número de plântulas emergirem, caso contrário,o composto não está pronto para uso.

Usa-se de 12 a 30 t /ha de composto diretamente no sulco deplantio. Nestas doses não há necessidade de adubação em cobertura,pois o composto libera os nutrientes de forma gradativa. Ainda não setêm informações conclusivas sobre a fonte de estéreo, a ser usado nocomposto, visando à redução da severidade da sarna comum e de pra-gas do tubérculo.

e) Adubação verdeNa agricultura natural, uma variação da agricultura orgânica,

esta é a forma de disponibilizar nutrientes às plantas visto que não seutiliza estéreo. As plantas para esse fim retiram os nutrientes que es-tão em profundidade no solo levando para superfície. Com a decompo-sição por microrganismos deste material os nutrientes sãp liberadospara a cultura subseqüente. O recomendável é usar mais de uma es-pécie com sistemas radiculares diferentes para exploração do maiorvolume de solo. Na região metropolitana de Curitiba e arredores uma

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boa opção é o plantio, a lanço ou não, consorciado de aveia preta (30kg/ha) e ervilhaca (20 kg/ha). A incorporação, através de aração, deveser feita quando as plantas estiverem na fase de enchimento de grãos,cerca de 20 a 30 dias antes do plantio. Alguns produtores utilizamplantas concorrentes como adubo verde inclusive adubando-as.

Uma variação no processo de adubação verde pode ser a com-postagem laminar onde, na semeadura do adubo verde, aplica-se es-terco ou composto, farinha de rocha, cinzas, fosfato natural para me-lhorar a produção de massa verde e reduzir o uso de composto noplantio da batata, e em alguns casos prescinde-se de adubação noplantio.

Uma alternativa em estudo é a rolagem ou roçagem do aduboverde em fase de incorporação para proceder-se o plantio da batata emsistema direto ou cultivo mínimo, buscando-se todos os" benefícioscomo redução na erosão do solo, manutenção da umidade do solo,redução na variação da temperatura do solo :

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estas são algumas formas de manejo de solo sugeridas paraaumentar a diversidade de plantas, microrganismos, agentes de con-trole biológico e buscar o equilíbrio no solo e na propriedade como umtodo, reduzindo ao máximo a necessidade de aquisição de materiaisexternos a propriedade. Além do contexto holístico de preservaçãoecológica do meio ambiente, deve-se ressaltar a importância de outraspráticas de conservação do solo como curvas de nível, escarificação,plantio em nível, manutenção do solo coberto o máximo possível.

Todas estas práticas complementam o manejo integrado depragas e doenças, através da promoção da diversificação da microflorahabitante do solo, aumentando a eficiência do controle biológico. Nes-ses sistemas ecologicamente mais equilibrados, é aumentada a popu-lação de fungos que controlam seus equivalentes patógenos de plan-tas, como R. solani, e insetos, como o fungo Metarhyzium sp e outros.

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