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ANO 13 NÚMERO 397 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE, SETEMBRO DE 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CIRCULANDO Mendelévio e Telúria estão de volta e aprontam mais uma peripécia das boas. Confira a história dessa famosa dupla. Página 7 Na crônica “Manual da Delicadeza”, Karla Nascimento, aluna do 8º período de Jornalismo e professora da rede pública do Ensino Infantil, deseja aos leitores tempo para vivenciar o PRESENTE. Página 2 Humor Drible na “sociedade da pressa” Precisa-se de voluntários Casa de Recuperação Dona Zulmira conta com a ajuda da comunidade para atender às necessidades dos internos Arquivo Pessoal Teste psicológico para ajudar os indecisos Decidir qual curso superior fazer é uma angústia para muitos universitá- rios. Uma opção para contornar esse momento é o Processo de Escolha Profissional, mais conhecido por teste vocacional. O exame, feito por psicó- logo, abrange o método profissional e o clínico. Entenda mais sobre o as- sunto na Página 5 Casas geminadas dividem opiniões Página 8 O interno José Vieira da Silva, 75 anos, se distrai com seu rádio e também com a companhia das funcionárias da Casa de Recuperação Dona Zulmira A edição de nº 10 da Revista-Laborató- rio GIRÔ, desenvolvida pelos alunos do 8º período do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Univale, acaba de ficar pron- ta. Com a participação integral dos alunos em todas as etapas, a publicação aborda a temática da Comunicação e foi desenvol- vida por meio de trabalho interdisciplinar com os cursos de Design Gráfico e Letras. O lançamento oficial da GIRÔ/2011 acontece no dia 12/09, às 19h30, na abertura da Mos- tra da Comunicação e ExpoDesign 2011. O evento, promovido pelos cursos de Jorna- lismo e Design Gráfico da Univale e aberto a toda comunidade valadarense, será rea- lizado entre os dias 12 e 16 de setembro, no Campus Antônio Rodrigues Coelho, no Bairro Universitário. Mais informações pelo site da Univale (www.univale.br) ou pelos telefones (33) 3279.5927 / 5928. Curso de Jornalismo lança nova edição da GIRÔ A prática da solidariedade faz bem tanto aos que praticam quanto aos que recebem a doação. Algumas pessoas ajudam as instituições sociais da cidade com bens materiais ou mesmo dinheiro. Porém, muitas vezes o que os internos precisam é de atenção, uma boa conversa ou mesmo um sorriso, como é o caso da Casa de Recuperação Dona Zulmira. Página 6 Alexandrina Borges

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Jornal Univale

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Page 1: Circulando

ANO 13 NÚMERO 397 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE, SETEMBRO DE 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

CIRCULANDOMendelévio e Telúria estão

de volta e aprontam mais uma peripécia das boas. Confira a história dessa famosa dupla.

Página 7

Na crônica “Manual da Delicadeza”, Karla Nascimento, aluna do 8º período de Jornalismo e professora da rede pública do Ensino Infantil, deseja aos leitores tempo para vivenciar o PRESENTE. Página 2

HumorDrible na “sociedade da pressa”

Precisa-se de voluntáriosCasa de Recuperação Dona Zulmira conta com a ajuda da comunidade para atender às necessidades dos internos

Arquivo Pessoal

Teste psicológico para ajudar os indecisos

Decidir qual curso superior fazer é uma angústia para muitos universitá-rios. Uma opção para contornar esse momento é o Processo de Escolha Profissional, mais conhecido por teste vocacional. O exame, feito por psicó-logo, abrange o método profissional e o clínico. Entenda mais sobre o as-sunto na Página 5

Casas geminadas dividem opiniões

Página 8

O interno José Vieira da Silva, 75 anos, se distrai com seu rádio e também com a companhia das funcionárias da Casa de Recuperação Dona Zulmira

A edição de nº 10 da Revista-Laborató-rio GIRÔ, desenvolvida pelos alunos do 8º período do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Univale, acaba de ficar pron-ta. Com a participação integral dos alunos em todas as etapas, a publicação aborda a temática da Comunicação e foi desenvol-vida por meio de trabalho interdisciplinar com os cursos de Design Gráfico e Letras. O lançamento oficial da GIRÔ/2011 acontece no dia 12/09, às 19h30, na abertura da Mos-tra da Comunicação e ExpoDesign 2011. O evento, promovido pelos cursos de Jorna-lismo e Design Gráfico da Univale e aberto a toda comunidade valadarense, será rea-lizado entre os dias 12 e 16 de setembro, no Campus Antônio Rodrigues Coelho, no Bairro Universitário. Mais informações pelo site da Univale (www.univale.br) ou pelos telefones (33) 3279.5927 / 5928.

Curso de Jornalismo lança nova edição da GIRÔ

A prática da solidariedade faz bem tanto aos que praticam quanto aos que recebem a doação. Algumas pessoas ajudam as instituições sociais da cidade com bens materiais ou mesmo dinheiro. Porém, muitas vezes o que os internos precisam é de atenção, uma boa conversa ou mesmo um sorriso, como é o caso da Casa de Recuperação Dona Zulmira. Página 6

Alexandrina Borges

Page 2: Circulando

2CIRCULANDOSetembro de 2011

O Jornal-Laboratório Circulando é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC).

Fundação Percival FarquharPresidenteEdvaldo Soares dos Santos Universidade Vale do Rio DoceReitora Profa. Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho Diretora de Área das Ciências Humanas e SociaisProfa. Cláudia Gonçalves Pereira Coordenadora do Curso de JornalismoProfa. Nagel Medeiros Editora e Jornalista ResponsávelProfa. Fernanda Melo (MG 11497 JP)

RedaçãoAlunos do 4o Período de Jornalismo

Editoração EletrônicaProf. Brian Lopes Honório Impressão / TiragemInforgraf / 1.000 exemplares RedaçãoLaboratório de JornalismoRua Israel Pinheiro, 2.000, Bairro Universitário - Campus Antônio Rodrigues Coelho - Edifício Pioneiros, Sala 4 - Governador Valadares/Minas Gerais - CEP: 35.020-220.Contatos: (33) 3279-5956 - [email protected]

OPINIÃO

Manual da DelicadezaKARLA NASCIMENTO / 8O PERÍODO DE JORNALISMO

2011 - Ano mundial da medicina veterináriaANIBAL SOUZA FELIPE DA SILVA*

ARTIGO

CHARGE

CRÔNICA

Em 2011, os veterinários celebram o ano mundial da Medicina Veteri-nária, o VET 2011. A data comemo-ra os 250 anos da ciência veterinária no mundo, tendo como marco a im-plantação da primeira escola de ve-terinária em Lyon, na França. Com o slogan "Veterinário para a saúde, Ve-terinário para o alimento, Veterinário para o planeta.", diferentes organiza-ções em diversos países, norteadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), reconhecem a impor-tância para a sociedade e promovem essa profissão que, no Brasil, com-pleta 100 anos.

Embora existam há 250 anos, mui-tas pessoas não compreendem que os médicos veterinários são agentes que atuam não apenas para a saúde e o bem-estar dos animais, mas também são imprescindíveis na saúde pública, na evolução das pesquisas biomédi-cas, na proteção ao meio ambiente e na preservação da biodiversidade, se-leção e multiplicação animal.

Compete exclusivamente a esses profissionais a inspeção e certificação de todos os produtos originados de animais que servem de alimento para os homens como, por exemplo, a car-ne, o leite, o queijo, os ovos, o pescado e o mel garantindo, assim, que conta-minações e graves doenças transmissí-veis aos humanos pelos animais e por seus subprodutos, as zoonoses, não sejam transmitidas aos consumidores. Além disso, os veterinários garantem condições para a máxima produtivida-de animal buscando sempre aliar ren-tabilidade, qualidade dos animais e de seus produtos e o bem-estar animal.

Quando constatamos ainda a evo-lução das cidades e a inter-relação cada vez mais intensa e complexa entre os homens e os animais, fica difícil imaginar como se pode ga-rantir uma convivência harmoniosa e saudável sem a presença atuante do médico veterinário, seja nas ca-sas de ração, pets shop ou clínicas veterinárias. Quem não já passou

pela angústia de ter o cachorro, o gato ou outro “pet da família” so-corrido e medicado habilmente por um médico veterinário?

Sem dúvidas, a medicina veteriná-ria tem se destacado como profissão coringa para o desenvolvimento sus-tentável das comunidades em todo o mundo e, a cada dia, sua participação tem colaborado para o bem-estar e para a saúde das sociedades. Recen-temente, no Brasil, a medicina vete-rinária foi incluída pelo Ministério da Saúde como especialidade que poderá compor as equipes dos Núcleos de As-sistência à Saúde da Família, popular-mente conhecido como PSF’s.

Por tudo isso, os médicos veteriná-rios estão de parabéns e devem mesmo comemorar! E quanto a você, leitor, co-memore também, porque tem sempre um médico veterinário cuidando da sua família.

* Médico Veterinário e doutorando em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG).

Tic-tac! Hora de acordar. Ir pro tra-balho. Almoçar. Trabalhar mais. Che-gar em casa. Tomar banho, engolir um café, ajudar nas lições de casa do filho, ir pra faculdade. Essa deve ser a rotina de muitas pessoas atualmen-te. Sem dúvida estamos vivendo uma indústria da pressa, como nomeia o psiquiatra e escritor Augusto Cury. E para atender a essas demandas va-mos aos poucos perdendo a sensibi-lidade, a capacidade de contemplação do belo, a delicadeza.

Mal o semáforo mudou para o ver-de e já se ouvem buzinas. As filas são um bom termômetro para medir o ní-vel de estresse em que chegamos. Fi-camos inquietos. Batemos o cartão na mão, olhamos de um lado para o ou-tro, lemos todos os cartazes afixados no estabelecimento e se quase na nossa hora de sermos atendidos um idoso se encaminha para o balcão... ishhh! Tem gente que reclama nem que seja com aquela apertada de canto de boca.

O dia passa. A percepção de que o tempo é cada vez menor aumen-ta. Corremos, literalmente, para dar conta de tudo. E ao final do dia che-gamos em casa. Nosso corpo revela que estamos em trapos. Os músculos rígidos refletem a tensão. Muitos pas-saram horas diante do computador.

Vistas cansadas. Coluna desalinhada. E a fome? Constantemente há pesso-as que trocam a refeição mais sagrada do dia, o almoço, por um salgado com refrigerante. E por quê? A desculpa é unânime: Não deu tempo!

E assim, em meio a uma socieda-de que oferece todas as tecnologias a serviço do prazer e do entretenimento, assistimos o aumento de casos de an-siedade, depressão, obesidade, diabetes e tantos outros sintomas psicossomáti-cos. Cury salienta que aprendemos so-bre os átomos e o universo, mas pouco ousamos trilhar os labirintos do nosso ser. Protegemos nossa casa, nosso car-ro, mas não aprendemos a proteger as nossas emoções dos estímulos estres-santes. Cultuamos as celebridades ins-tantâneas, mas mal percebemos a pre-sença do porteiro, da faxineira, do gari.

Sim. Estamos perdendo a delicade-za. Um bom dia com suavidade pode tornar mais leve nosso trabalho. Um sorriso, um olhar, um abraço, um ges-to solidário podem abrir as janelas da nossa memória e criar em nosso córtex cerebral um espetáculo cheio de luzes, de energia positiva, de paz, de delica-deza. O meu desejo é que você “tenha tempo” de vivenciar esse momento precioso, que não podia ter nome me-lhor que PRESENTE!

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3CIRCULANDO Setembro de 2011 SOCIAL

Sonhos e frustrações dos moradores de ruaEm meio às adversidades da vida, moradores de rua de GV esperam pelo dia que terão lar, trabalho e dignidade

Atualmente, Maria Lúcia vive debaixo de marquises na Avenida JK. Além de um lar, gostaria de ser tratada com mais respeito pelas pessoas

Fernando FortunatoFERNANDO FORTUNATO4O PERÍODO DE JORNALISMO

Uma caixa de papelão amassada, um cobertor surrado e uma bolsa com algumas roupas. Ao lado, um litro de garrafa pet com água e um marmitex indicam que naquela noi-te teve jantar. Esse é o cenário de quem perambula pelas ruas da ci-dade, sem teto, sem lar, sem pão e sem amor, mas que busca um abrigo para se esconder do frio ou da chuva, enquanto a multidão se dirige para suas casas, muitas vezes indiferente ao que acontece a poucos metros dos seus olhos. São pessoas que buscam um mínimo de atenção, um bocado de pão ou um simples “olá!”. Elas ficam próximas às estações rodovi-ária e ferroviária, Prefeitura, Câma-ra Municipal, Mercado Municipal e em diversos pontos da Avenida JK. Em Valadares, são mais de 150 pes-soas nessa situação, de acordo com a Secretaria Municipal de Assistên-cia Social (Semas).

Maria Lúcia Ferreira de Freitas faz parte dessa estatística. Há mais de dez anos ela encontra abrigo e escon-de seus sonhos, lembranças e frus-trações sob as marquises de lojas da Avenida JK, onde sempre preferiu fi-car. Duas caixas de madeira, algumas roupas, um colchão e um radinho de pilha são os únicos bens que ela pos-sui. Aos 50 anos, traz na memória a lembrança do pai, Balduino Ferreira de Freitas, carinhosamente chama-do por ela de “Cheirinho”, morto há mais de 15 anos. devido à saúde já debilitada. Duran-

te muitos anos, os dois dividiram um barracão, no bairro Vila Bretas. Após a morte do pai, ela conta que retor-nou para sua cidade, mas não foi bem recebida pelos quatro irmãos. “Eu não tinha onde ficar e, por isso, achei melhor voltar para Valadares, onde já conhecia muita gente”, ex-plica. Mas como não tinha moradia, ela conta que se alojou em um espaço do prédio da antiga empresa Telemar onde, segundo ela, foi roubada e as-sediada por outros moradores de rua que também queriam permanecer no local. “Por causa disso, fui expulsa dessa área”, lamenta.

Mesmo vivendo sob as marquises e tendo apenas a companhia do radi-nho de pilha, ela nutre seus sonhos e esperança de um dia reencontrar seus filhos, ter a sua família, uma casa e uma vida digna. “A vizinhança gosta de mim, me ajuda, me dá comida e sabe que eu sou uma pessoa honesta. Mas a maioria das pessoas passa por mim e me ignora como se estivesse passando perto de uma pessoa mar-ginalizada. Sempre respeitei os outros e gosto de ser respeitada. Aqui é bom, mas eu queria ter a minha família, os meus filhos e uma vida com mais dig-nidade”, sintetiza.

Há oito anos vivendo sob as mar-quises de lojas, também na Aveni-da JK, o braçal Valdeni Rafael, de 25 anos, afirma que já não suporta mais tanta angústia, solidão, des-prezo, fome e frio. Com um aspec-to sofrido, de quem já levou muitos “foras” da vida, ele reluta em falar um pouco de si, mas depois desaba-fa. “Quero sair dessa vida; já cansei de tanto sofrer”.

Valdeni saiu de casa aos 17 anos, em Belo Horizonte, após a mãe ter arranjado um companheiro, depois da morte do marido. Para não ar-ranjar “encrenca” com o padrasto, ele veio para Valadares, trazendo apenas a Carteira de Identidade. Aqui, ele passou a viver sem des-tino, sem família e sem uma casa para morar. Assim que chegou à ci-dade, Valdeni conseguiu um “bico” em uma empresa de mudanças, na Avenida JK, mas sem qualquer vínculo empregatício. Esse traba-lho rende ao braçal algo em torno de R$ 30,00 por dia; dinheiro que ele “torra” na busca daquela que se tornou a sua cruel e amarga com-panheira, a cachaça.

“A maioria das pessoas passa por mim e me ignora como se estivesse passando perto de uma pessoa marginalizada. Sempre respeitei os outros e gosto de ser respeitada.

Da mãe, morta quando tinha ape-nas um ano e seis meses, ela nada sabe. O companheiro, com quem vi-veu durante seis anos e teve seis fi-lhos, ela também não sabe por onde anda. Dos filhos, ela só sabe que dois estão em São Paulo, com uma tia; outros dois estão no estado do Rio de Janeiro e os dois últimos ela não tem qualquer notícia. Lembran-ças que a fazem chorar de vez em quando pela frustração de não po-der viver com os filhos e nem saber como estão.

Natural de Rubim, no Vale do Je-quitinhonha, Lúcia veio para Vala-dares morar com o pai e cuidar dele,

À noite, sem ter para onde ir, ele amassa uma caixa de papelão que lhe serve como colchão e joga em um canto qualquer, de uma marquise qualquer e passa a noite tentando se recuperar do efeito do álcool para começar tudo outra vez no dia seguinte. “Não é isso que eu quero para mim”, desabafa num misto de lucidez e embriaguez. Na lucidez ele sonha tirar o restante dos documentos, como o título de eleitor, CPF e até o Certificado de Reservista, mesmo já tendo passa-do da idade. Mas o seu maior so-nho é ter a Carteira de Trabalho assinada. “Queria me sentir como um cidadão, ter um trabalho e uma carteira assinada”, revela, acres-centando que depois da carteira assinada quer arranjar uma namo-rada, casar e ter uma casa e filhos. Antes, porém, ele tem consciência de que é preciso vencer o vício da cachaça que adquiriu ao longo dos anos vivendo na rua, “sem eira e nem beira”, sob as marquises de uma loja qualquer, nas ruas de Go-vernador Valadares. “Eu vou con-seguir”, acredita.

“Quero sair dessa vida”

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4CIRCULANDOSetembro de 2011 COMPORTAMENTO

Celebridades influenciam adolescentes

AMINY ANNY GUSMÃO4O PERIODO DE JORNALISMO

Muitas novelas, reality shows, seriados ou mesmo bandas já fizeram a cabeça dos jovens. Somente nas novelas da Rede Globo podemos citar vários exemplos. Que garota não teve uma pulseirinha da Jade (Giovana Antonelli em “O Clone”), as saias pinçadas da Darlene (Débora Secco em “Celebrida-de”) ou as unhas coloridas da Raquelly (Isis Valverde em “Beleza Pura”)? Tem também o cabelo do jogador de futebol Neymar e o irre-verente estilo da cantora Lady Gaga. Pois é, a cada dia que passa a mídia tem influenciado cada vez mais as pessoas, tanto no modo de agir, falar e se vestir. Quem mais têm sofrido essa influência são os adolescentes.

A adolescência é a fase mais complicada na vida de uma pessoa. É onde os pequenos adultos precisam se expressar de alguma for-ma, externalizar suas emoções e a maneira mais fácil para isso é através de suas roupas que são capazes de traduzir o estilo e a perso-nalidade de cada um. Em geral, os modelos simples e convencionais não agradam a eles. Optam pelo que foge ao “comum”, buscam o mais atrativo, moderno e passivo de críticas.

Segundo a psicóloga especialista em ado-lescentes Sâmara Nick, é justamente nessa fase que eles se afastam das referências fami-liares e buscam ser reconhecidos socialmente pelo que são, apesar de nem sempre saberem. “É uma fase de estruturação psíquica onde o adolescente busca sua própria identidade e essa busca em conjunto se torna mais fácil.” A psicóloga ainda afirma que, assim como o adulto quer estabilidade financeira, o adoles-cente quer viver de imagem e aparência por-que isso é o mais importante para ele no mo-mento. O que sai na TV é automaticamente aceito pela sociedade e, como ele não quer ser diferente, se torna uma presa fácil da mídia.

Transformação constante A secretária Vera Lúcia Moura, 42 anos,

vivencia tudo isso em sua casa com o fi-lho de 15 anos. “Ele sempre foi um meni-no muito machista. Tudo para ele era coisa de gay. Brincos, pulseiras, roupas coloridas nem pensar! Só usava roupas básicas mes-mo. Agora, com essa moda Restart, demora mais para se arrumar do que eu. O cabelo então... Uma vez ele até perdeu a hora da aula na frente do espelho. E acha tudo isso normal. Outra coisa que me irrita bastante são as gírias e trejeitos. A cada dia ele inven-ta uma moda”, confessa.

Kelvyn Júnio, o filho de Vera, revela que novas mudanças já aconteceram. Aos 15 anos, ele afirma que já não é mais tão fã da banda Restart. Atualmente, curte mais música eletrônica e até tem um grupo de Free Step - palavra de origem inglesa que significa “passos livres”. Ele confessa que até comprou uma calça verde como a dos componentes da banda, mas usou por pou-co tempo. ”Eu usava porque todos os ami-gos também compraram e usavam todos os dias. A gente combinava antes de sair de casa para não repetir as cores. Ainda uso os relógios coloridos. Gostava muito do es-tilo do Fiuk, mas tem tempo isso, eu tinha uns 13 anos”.

Vera ainda ressalta que “outros adoles-centes influenciaram muito o estilo dele, e além do convívio diário na escola, eles se falavam o dia todo pelos sites de relaciona-mento e telefone”. Além das roupas, Kelvyn adotou um corte de cabelo para chamar a atenção. “Uso moicano porque antes eu não tinha nenhum tipo de cabelo. Dá trabalho, mas eu acho legal!” Se pudesse ser um artis-ta, o adolescente confessa que seria Justin Bieber. “Gosto do estilo e das roupas dele, mas odeio suas músicas”.

Universitários enfrentam diariamente longas distâncias para a conquista do diploma

É cada vez maior o número de pes-soas que buscam o ensino superior para melhorarem a sua qualificação profissional. Grande parte desses alunos se sacrifica para alcançar esse objetivo, pois precisam viajar diaria-mente das cidades onde moram e chegam até mesmo a cruzar as divi-sas do estado. Na Univale, destacam-se alunos que residem em Barra de São Francisco, município capixaba localizado a cerca de 180 Km de Go-vernador Valadares. O percurso é fei-to em aproximadamente três horas e meia de duração. Além da distância,

muitas vezes esses alunos são sur-preendidos por problemas mecânicos do veículo ou acidentes na via, o que gera atrasos para a chegada às aulas ou atividades de trabalho.

Entre os vários cursos procurados pelos capixabas em Governador Vala-dares está o de Jornalismo. Yuri Mar-cones Garcia cursa o oitavo período do curso na Universidade Vale do Rio Doce (Univale) e explica que teve de optar sair do seu estado para estudar porque a Prefeitura de Barra de São Francisco não oferece transporte esco-lar para outros municípios no Espírito Santo. Mesmo com as dificuldades e o cansaço que enfrenta todos os dias para se formar jornalista, Yuri vislum-

bra um futuro promissor e espera ser recompensado profissionalmente por tanto esforço.

O psicólogo Sérgio Fonseca ex-plica que a concentração dos estu-dantes que precisam viajar todos os dias fica comprometida e a irritabi-lidade aumenta porque o cansaço e o estresse são elevados. O professor universitário Marcos José Mendes percebe em sala de aula o desgas-te físico desses alunos. “O cansaço é mais aparente, principalmente, a partir das quintas-feiras. O ensino fica comprometido e os alunos via-jantes são, de certa forma, prejudi-cados porque a rotina é mais des-gastante. Por isso, eles tem que ter

uma atenção maior por parte dos professores”, defende.

Mudar e se instalar no município onde estudam é uma solução encon-trada pelos universitários. Porém, es-tariam longe do apoio da família e al-guns teriam de deixar o emprego que, em muitos casos, é o meio que pos-suem para pagar o curso. Outra com-plicação apresentada pelos estudantes viajantes é a burocracia para alugar um imóvel na cidade, como conseguir dois avalistas. Diante disso, Yuri avalia que mudar-se para Governador Valadares e buscar um estágio não seria o ideal, pois os mesmos são desorganizados e mal remunerados e que, ao invés de ajudar, acabariam atrapalhando.

ADRIANO FÉLIX4O PERIODO DE JORNALISMO

Em busca de reconhecimento social, adolescentes revelam pelas roupas a personalidade e extravazam emoções

Arte: Brian L.H.

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5CIRCULANDO Setembro de 2011 EDUCAÇÃO

Testes psicológicos são aliados no momento da escolha profissional

RINARA PUPPO4O PERIODO DE JORNALISMO

A escolha profissional é uma de-cisão a ser tomada muitas vezes na adolescência. Isso se dá pelo fato de a sociedade exigir uma resposta rápida de um futuro profissional dentro dos padrões de sucesso. Essas cobranças trazem um misto de incertezas, in-fluências e medo, sentimentos que geram angústia na hora da escolha do curso a seguir. Muitas vezes é im-portante buscar ajuda para orientar com mais clareza o processo de esco-lha profissional.

Conhecidos como testes vocacio-nais, a antiga termologia remete ao termo romântico, em que se restrin-ge somente à vocação. Hoje em dia, nomeia-se esta prática como Proces-so de Escolha Profissional em que abrange o método profissional e o método clínico. O Centro de Psico-logia Aplicada (CEPA), fundado em 1952, apresentava formato de exa-mes psicométricos básicos, ou seja, somente com a avaliação de quo-ciente de inteligência (QI) e aptidão, em que traziam respostas objetivas. O teste aplicado era padrão, em que considerava o homem certo no lugar certo; desconsiderando desejo, evo-lução e realidade sócio-econômica.

Segundo a psicóloga Sâmara Nick, atualmente a orientação profissional baseia-se em método clínico em que é avaliado o perfil do sujeito, bem como a relação dele com o mundo real, suas habilidades e interesses sociais. A psi-cologia trabalha com testes projetivos, vivências, dinâmicas, levantamento de dados (questionários), jogos, aná-lise do sujeito como um todo, a influ-ência da família, histórico e elemen-tos que influenciam na escolha.

Antigamente, os testes nos mode-los tradicionais davam a idéia de uma certeza da escolha feita. Atualmente, os testes dão a consciência da escolha, tornando o sujeito co-responsável com clareza da opção tomada.

A psicóloga enfatiza que a partici-pação dos pais deveria ser como em todo processo de desenvolvimento infanto-juvenil, com monitoramen-to nesse momento de dúvidas que, infelizmente, ainda tem sido ponto de angústia. “A adolescência vivencia

processo de crise e formação de iden-tidade junto aos pais. A natureza do ser humano é altamente inerente e conflitiva”, explica. Segundo a psicó-loga, é possível acertar o curso sem necessariamente passar pelos testes; o que acontece por intuição ou de-sejo. Porém, ressalta a importância daqueles que tem dúvidas em busca-rem ajuda.

Teste como investimento“Fiz o teste e acho muito válido,

principalmente, para os mais indeci-sos, embora tenha convicção de que com 17, 18 anos seja muito difícil fa-zer uma escolha certeira de qual ca-minho profissional seguir. Felizmente, no meu caso, foi uma opção acertada e estou realizando um ideal que tracei nos tempos de estudante”, revela com segurança Felipe Ribeiro, 27 anos, jor-nalista, atual coordenador do diário Lance (MG) e comentarista de espor-tes da TV Bandeirantes (MG).

Virginia Oliveira Carvalho, 28 anos, é técnica em enfermagem e graduou-se em Pedagogia pela Univale no final do primeiro semestre de 2011. Ela afirma que não passou pelo teste e, à época da escolha, optou pela Enfermagem por acreditar ser a profissão certa, pois se identificava com o cuidar das pes-soas. No estágio percebeu que somen-te o cuidar não era suficiente; resol-veu, então, abandonar a Enfermagem e seguir a Pedagogia. “Acredito que a realização do teste iria contribuir para uma escolha mais acertada. Porém, no meu caso em especial, penso que tudo que vivi e estudei serviu para o meu crescimento pessoal e, conseqüente-mente, profissional”, avalia.

Uma projeção da falta de orien-tação profissional é o alto índice de abandono de cursos universitários e a mudança constante para outros cur-sos dos quais se tem curiosidade, em que nem sempre se tem aptidão, ge-rando assim uma frustração. Segundo Sâmara, remuneração, satisfação pes-soal e influência de pais e amigos es-tão na lista das diversas dificuldades em escolher uma carreira, bem como, a situação socioeconômica. “É impor-tante que a escolha do curso seja feita levando em conta mercado, habilida-de, afinidade com o tema, área e per-fil”, recomenda a psicóloga.

Arquivo pessoal

“Fiz o teste e acho muito válido, principalmente, para os mais indecisos, embora tenha convicção de que com 17, 18 anos seja muito difícil fazer uma escolha certeira de qual caminho profissional seguir.

“Uma projeção da falta de orientação profissional é o alto índice de abandono de cursos universitários e a mudança constante para outros cursos dos quais se tem curiosidade, em que nem sempre se tem aptidão, gerando assim uma frustração.

Virgínia Oliveira fez o curso técnico em Enfermagem e acreditava, à época que havia feito a escolha certa, mas se realizou mesmo foi com a Pedagogia

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6CIRCULANDOSetembro de 2011 COMUNIDADE

Casa de Recuperação Dona Zulmira precisa de voluntários

Geralda Lopes Rodrigues, 97 anos, é interna da Casa de Recuperação Dona Zulmira e se sente muito feliz com o carinho das funcionárias da instituição

A instituição necessita de profissionais e pessoas da comunidade para um bate-papo com os internos ou mesmo oferecer um sorriso

Alexandrina BorgesALEXANDRINA BORGES4O PERÍODO DE JORNALISMO

Fundada em 1973 por meio de um trabalho voluntário desenvolvi-do por Zulmira Pereira da Silva que acolhia doentes próximos ao Merca-do Municipal, a Casa de Recuperação Dona Zulmira, que sempre precisou de doações como alimentos, roupas de cama, agasalhos, medicamentos e materiais de limpeza, agora necessita de voluntários. A instituição precisa de pessoas que possam oferecer ca-lor humano, mesmo que em pouca quantidade, mas que faz a diferença principalmente, no tratamento emo-cional dos diversos internos.

“Precisamos de pessoas que pos-sam vir à Casa e oferecer um sorri-so, bater um papo, tocar um violão para os internos, passar uma tarde de descontração com eles”. Esse é o apelo da enfermeira Élida Xavier, 35 anos, que há um ano trabalha na en-tidade. De acordo com a enfermeira, a instituição precisa de voluntários como psicólogos, nutricionistas, en-tre outros profissionais e também de pessoas da comunidade que possam ajudar nos trabalhos diários. “Há muito tempo que não temos volun-tários permanentes. Quando aparece alguém fica um ou dois dias, no má-ximo, e não volta mais. Procuramos cuidar dos internos da melhor forma possível, mas toda ajuda é necessá-ria”, avalia a enfermeira.

A Casa de Recuperação Dona Zul-mira possui 43 internos divididos entre 26 mulheres e 17 homens, na faixa etária dos 35 aos 97 anos. São pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio, deficiência física ou idade avançada. Quase todos pas-sam a maior parte do tempo no pá-tio ou nos quartos. Esse é o caso de Itelvina Batista Fernandes que, aos 96 anos e mesmo acamada, gosta de receber os visitantes em seu quarto, não dispensa uma boa conversa de quem chega e demonstra lucidez ao recordar fatos de sua vida. Na insti-tuição há 15 anos, a interna afirma que “é muito bom receber visitas das pessoas com quem pode se distrair durante um bate-papo”.

Quem também não dispensa uma boa prosa é o interno Aníbal Vieira de Lima. Aos 85 anos, ele afirma que não tem do que se queixar da Casa. “Aqui eu fiz muitos amigos e sou muito bem tratado por todas as pes-soas. Estou feliz!”, garante.

Se a Casa de Recuperação Dona Zulmira sofre com a carência de vo-luntários, o mesmo não acontece com outras instituições como o Lar dos Velhinhos e a Associação Santa Luzia, que vivem realidades diferen-tes. Nessas entidades sobram volun-tários e outros estão aguardando a vez de prestar algum tipo de trabalho. No Lar dos Velhinhos, por exemplo, a rotina de voluntários proporciona outra dinâmica junto aos internos, conforme destaca a enfermeira Mô-nica da Silva Lima, 27 anos.

Segundo a enfermeira, duas jo-vens são presença marcante, de se-gunda a sexta, das 14 às 15 horas, onde oferecem um pouco de aten-ção aos internos, com um bate papo e jogo de dominó. Além disso, a cada quinze dias, um grupo de senhoras cuida da beleza das internas, com serviços voluntários de manicure e pedicure. Para Mônica, a presença

do voluntário é de extrema impor-tância, principalmente, para a auto-estima dos internos. A enfermeira explica que para ser voluntário é preciso que a pessoa tenha um perfil solidário e esteja disposta a ajudar no que for preciso, diante da neces-sidade que a instituição requer. “É preciso, acima de tudo, ter compro-metimento”, afirma.

Mas muito mais que comprome-timento, as pessoas precisam estar preparadas, já que o primeiro im-pacto com o interno, às vezes, pode

assustar quem não está acostumado a lidar com essas diferentes realida-des. É o que relata o funcionário da Associação Santa Luzia, João Bosco da Mata, 52 anos. De acordo com ele, o voluntariado na Associação é bem diversificado e conta com a ajuda de pessoas da comunidade e profissionais especializados.

Entre os voluntários que atuam na instituição, ele destaca um gru-po de senhoras que vai à Associação toda quinta-feira à tarde para pro-mover reparos e costuras em geral nas roupas dos internos. Além dis-so, um serralheiro fica à disposição da entidade para consertar as ca-mas, sempre que necessário. Bosco lembra ainda que quando a entida-de promove algum evento, todos os voluntários se empenham nos tra-balhos. “Querer ser voluntário, ter comprometimento e doar um pou-co de si, são critérios primordiais e que fazem o bem”, garante.

Lar dos Velhinhos e Associação Santa Luzia vivem outra realidade

“Querer ser voluntário, ter comprometimento e doar um pouco de si, são critérios primordiais e que fazem o bem.

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7CIRCULANDO Setembro de 2011 CIDADANIA

PATRÍCIA BRASIL4O PERIODO DE JORNALISMO

Desde 1º de fevereiro do ano passa-do, as auto-escolas estão obrigadas por lei, a contratar intérpretes da Lingua-gem Brasileira de Sinais, mais conhe-cida como Libras. A lei federal 4.090, sancionada em 30 de janeiro de 2008, prevê a obrigatoriedade da presença dos tradutores em cursos de prepara-ção para o trânsito sempre que houver alunos surdos matriculados. A lei de-termina também que as escolas estão proibidas de cobrar valores diferencia-dos por causa do intérprete.

“Tirar a carteira de habilitação hoje, em Governador Valadares, cus-ta em média R$1.000,00. Portadores de deficiência auditiva devem pagar o mesmo valor que um candidato que não tenha necessidade especial e, por isso, devem receber o mesmo trata-mento”, afirma o diretor do Sindica-to das Auto-Escolas de Minas Gerais, Alessandro Dias. O diretor ainda res-salta que o número de portadores de deficiência auditiva no município é li-mitado e, por esse motivo, ainda não existe essa adaptação à lei.

Na cidade, apenas uma auto-esco-la oferece o serviço. Nove alunos defi-cientes auditivos conseguiram tirar a

carteira de habilitação e três estão em processo. Wemersom Pedra, 37 anos, foi o primeiro a conseguir fazer valer o direito e está habilitado há mais de um ano. Wilton Luiz Vieira, 36 anos, que também estudou na auto-escola, foi reprovado por duas vezes, mas não desistiu e na terceira tentativa conse-guiu sair habilitado do exame. “Na hora da prova os examinadores não entendem o que a gente fala através dos sinais e isso dificulta muito e eu fui reprovado por isso”, alega.

Pela inclusãoA lei federal nº. 10.436/02 garante

como meio legal de comunicação e ex-pressão o uso da Libras. Uma outra lei Estadual, a 13.320/09 consolida a legis-lação relativa à pessoa com deficiência no Estado ao reconhecer a Libras como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, assegurando aos surdos, em seu art. 57, o direito à informação e ao atendimento em toda a administração pública, direta e indireta, por servidor em condições de comunicar-se através da linguagem de sinais.

No site do Departamento de Trân-sito de Minas Gerais (DETRAN/MG), verifica-se que já foi efetivado o cadas-tramento de profissionais intérpretes da linguagem para atuarem durante a realização de cursos teórico-técnicos

Lei federal que exige tradutores de libras nas auto-escolas ainda não é cumprida

de formação de condutores nos Cen-tros de Formação de Condutores.

De acordo com o instrutor Ronal-do Campos, ainda existe preconceito e os candidatos enfrentam muitos pro-blemas na hora de fazer as provas te-óricas e práticas. “O examinador não entende o que eles falam. Um aluno meu tomou ‘pau’ porque o examina-dor fez um sinal, deu um comando e o meu aluno não entendeu o que ele quis dizer”. O instrutor avalia tam-bém que existe um despreparo e falta paciência por parte de quem aplica os exames. “Às vezes, é má vontade mes-mo”, atesta.

Rosimeire Gomes dos Santos, 20 anos, é funcionária da única auto-es-cola com tradutor da cidade há quase dois e relata que nos dias de prova te-órica é preciso acompanhar os alunos à delegacia e orientá-los quanto à ne-cessidade da documentação para fazer a prova. “Nunca teve tradutor dentro da sala de exames. Existe a lei, mas ela não é cumprida”.

“A inclusão de intérpretes de Li-bras contribui não apenas para va-lorizar essa profissão, como também para permitir que um maior número de surdos possa obter a Carteira Na-cional de Habilitação (CNH) e, assim, ampliar as oportunidades dessas pes-soas”, ressalta o coordenador da Asso-

Em Governador Valadares, apenas uma auto-escola oferece o profissional capacitado na Linguagem Brasileira de Sinas (Libras). Apesar das dificuldades, candidatos com deficiência auditiva tem conquistado a habilitação

ciação de Surdos e Mudos de Gover-nados Valadares (ASUGOV), Duanne Antunes Bonfim.

A associação foi fundada em 1990 e, dois anos depois, foi reconhecida como utilidade pública pela Prefeitu-ra de Governador Valadares. Na pers-pectiva de consolidar os trabalhos que desenvolve, a ASUGOV se filiou à Fe-deração Mineira Desportiva dos Sur-dos (FMDS) e também à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). De acordo com Duanne, antes da lei em Valadares, so-mente quatro portadores de deficiên-cia auditiva eram habilitados e o ser-viço foi prestado por auto-escolas de Belo Horizonte.

Depois que a lei foi implantada, 12 pessoas deram início ao processo e nove conseguiram o documento. Duanne era tradutor nas aulas teó-ricas da única auto-escola da cidade adaptada para esse público. Hoje, em função de trabalhar em outro em-prego, participa como intérprete nas aulas sempre que novas turmas são formadas. “Os alunos tem direito de fazer uma prova adaptada e tem con-seguido aprovação, mas o intérprete na sala, como manda a lei, ainda não é uma realidade. É lei federal; não é um favor, é obrigação”, ressalta.

Arquivo do Circulando

João

Mar

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8CIRCULANDOSetembro de 2011 HABITAÇÃO

Vantagens e desvantagens das casas geminadas PRISCILLA ALVES4º PERÍODO DE JORNALISMO

Em Governador Valadares, a exem-plo de outros lugares do Brasil, a cons-trução de casas geminadas vem cres-cendo consideravelmente. O termo “geminado” vem do latim “gemini” que significa gêmeos. Em algumas lo-calidades da cidade, essas construções predominam como é o caso dos bairros Lagoa Santa, Santo Agostinho, Nossa Senhora das Graças, Grã Duquesa, São Pedro e Floresta.

As casas geminadas são construí-das de tal forma que se possa dividir o lote em duas ou mais casas liga-das para aproveitar melhor o espaço. Normalmente, possuem dois andares para que haja uma boa distribuição dos quartos, sala, banheiro, cozinha e varanda.

Como qualquer outra construção, as casas geminadas têm de seguir o Códi-go de Obras e Edificações do Município - Lei 3.859, de 30/12/93 - que, segundo Maysa Thebit, arquiteta da Prefeitura de Governador Valadares, são primor-diais para uma construção dentro dos parâmetros legais. “A primeira coisa a ser feita quando se opta por uma cons-trução é escolher um profissional res-ponsável e registrado no órgão compe-tente para que todas as leis e normas sejam respeitadas”, explica.

VantagensSegundo o engenheiro civil Eugê-

nio Vinícius Flores Taipina, as casas geminadas são uma ótima opção para quem procura uma residência confor-tável e de pequeno porte. “Eu mesmo moro numa casa geminada. Ao cons-truirmos este tipo de empreendimen-to, obtemos um maior aproveitamento

do terreno podendo, assim, construir mais imóveis”, ilustra. Eugênio avalia como positivo o fato de ter construí-do junto à casa seu local de trabalho. “Se eu tivesse um escritório longe da minha casa teria menos tempo. Ter o meu escritório conciliado com a mi-nha casa é muito mais cômodo. A casa geminada é uma tendência que só tem a crescer”, opina.

Para o engenheiro, outro fator po-sitivo das casas geminadas é devido ao déficit habitacional e enfatiza que, com o crescimento populacional, esse

interna satisfatória. Contudo, devido à parede e meia, os ruídos das casas ao lado parecem ser internos. Apa-recem muitas trincas nas paredes. A casa onde moro possui garagem para dois carros, em seqüência; para esta-cionar na rua também é complicado”. Ana é categórica ao afirmar que não indicaria o modelo geminado. “Se as construtoras seguissem as normas de construção civil e bom senso, não ha-veria problema algum. A qualidade iria melhorar se houvesse uma fisca-lização mais rigorosa”, finaliza.

tipo de residência tem mais prós do que contras. “A construção de casas geminadas faz com que o déficit ha-bitacional fique mais equilibrado, ge-rando mais moradia para um maior número de cidadãos”.

ReclamaçõesHá também quem não fique to-

talmente satisfeito com a casa gemi-nada, como é o caso de Ana Olivei-ra ao ser questionada sobre os prós e contras desse tipo de imóvel. “É uma casa bonita, com uma divisão

As casas geminadas otimizam o uso do terreno e contribuem para diminuir o déficit habitacional nos grandes centros urbanos

Fernanda Melo