cinturao negro revista portugues setembro 2014

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A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online setembro 2014. 275 Ano XXIII

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armadilha da percepção é um dos subterfúgiosmentais para segurarmos o nosso sentido da“realidade”, para mantermos a coerência donosso Universo pessoal. A nossa descrição domundo para se segurar, necessita da memória,pois sem ela não há aprendizagem possível e é

precisamente a boa memória, o que permite domar animais,como o cavalo, o elefante, a chama ou o camelo. Nas nossaslinguagens, eles são sempre paradigma disso, paradigma deuma magnífica memória. A mente possui seus próprios mecanismos e entidade.

Como todo organismo e entidade tende a assegurar-se a simesma, a alimentar-se para continuar existindo; a mente nãoaceita negar-se a si mesma, até tal ponto que se inclina porinclusivamente não aceitar suas disfunções, se preciso for,mentindo-se a si própria.A mente é essencialmente um elemento biológico e se

alimenta de sensações, sensações estas que enquadrameticulosamente em grupos de associações; como suasferramentas são tremendamente entropicas, tem anecessidade imperiosa de aforrar energia e emconsequência, simplifica tudo quanto arquiva. A verdade é que o que recordamos nunca é aquilo que

aconteceu, nem sequer o que nesse momento percebemos,mas sim um resumo prático do mesmo, no sentido de facilitara função evolutiva e a sobrevivência. Para a evolução, a memória é um mecanismo artificioso: O

mato espeta: Ai!... associado à emoção de desagrado ezanga… ergo, o MATO é MAU. A maçã é doce; o meucérebro me gratifica com endorfinas; o estômago deixa dedoer… ergo, a maçã é BOA. Quando recordamos a maçã nãorecordamos uma maçã específica, mas sim a sensação queassociamos a essa primeira ou última vez que comemos umae que nos deixou a sua forte impressão.A mente é no fundo simples, como o asa de um balde e se

agora lhe damos tanta importância, é porque o homemmoderno, à falta de qualquer referência espiritual aceitável,se identifica a si mesmo quase em exclusiva com ela. Éinacreditável como “situa os casos” da moleira se situou nolugar central do facto cultural humano, deslocando eretorcendo tudo; mas, o que esperar de uma cultura que fazdos modelos e seu alter ego, os seus heróis, os actores,enquanto ignora os sábios? Já dizia Carlos Castaneda: “Umdos nossos maiores vícios é que nos encanta dar-nosimportância a nós mesmos!”Seguindo o vício de associar de toda mente, tenho

observado que os seres humanos nos dividimos em doistipos: os que temos tendência a viver projectados no futuro eos que estão ancorados no passado. O presente, sendoentretanto a única real idade na óptica do perceptivo, é umespaço quase sempre inconsciente, um momento reduzidoao de tomada de dados, que não conseguimos prender. Avida assim, nos passa desapercebida entre recordações eprojectos, marcada por momentos associados geralmente adivisórias subjectivas, linhas vitais geralmente unidas a umaemoção intensa, associada ao gozo ou a uma dor. Os doisbiotipos são em certo modo desgraçados, cada um à suamaneira, pois afinal vivem alienados em suas realidadesfictícias, ausentes do aqui e agora. Angustiados por cumprirseus projectos; os que vivem para diante, querem chegar adestino e geralmente se perdem os detalhes do caminho.

Os ancorados no ontem, vivem apegados aos seus cuidados,ou a ilusórias recordações, querendo reproduzir essemomento único que nunca voltará, enquanto as sua lágrimaspelo pôr do sol, os impedem ver a maravilha das estrelas.Os sábios Zen tentaram quebrar essa cadeia, serrando as

grilhetas da mente com desigual fortuna, porque entre eleshavia, claro está, os dois tipos de pessoas; os queperseguiam algo e os que eram perseguidos por algo.Deixaram no entanto algumas luzes no seu caminho.Recentemente, a mim, por exemplo, a prática do Kyujutsucomo meditação, me tem deixado espreitar algum deles.Esvaziar-me de intenção nos resultados tem demonstradoser muito mais eficaz que procurá-los. Duas flechasespetadas juntas numa situação impossível, acabaram pordemonstrar isso. Então assim…O arco estendido, o tempo se detém; passado, presente e

futuro são uma só coisa..., a flecha já chegou... mas nãopartiu…, ao cheio segue-se o vazio…, cada coisa encontra oseu lugar.São momentos de paz e quietude, muito eficazes no

combate quotidiano das misérias da nossa mente, massabendo que o quotidiano é pertinaz e teimoso e queninguém dá com solução duradoura alguma nesta matéria. Eu, que me confesso de natureza “futurista”, só encontrei

uma vantagem na mi perversa inclinação sonhadora doamanhã e esta chegou, não como fruto da minha virtude,mas dos anos, pois conforme se me faz mais curto ohorizonte de projecção vital, mais fácil me resulta apreciar omomento presente. O hedonismo, armadilha e subterfúgio, problema e

solução, acode inevitavelmente em minha ajuda quando maisdesesperado estou; até o macaco enjaulado sabe masturbar-se com veemência, mas até o vinho mas delicioso amarga aboca do enfartado.Mais além de receitas sintomáticas, é a humildade esse

ponto de partida indispensável no viagem ao aqui e agora. Opequeno se faz grande com a correcta atitude e quando nosesvaziamos, nos serenamos, permitindo-nos assim voltar aencher-nos. Os sábios de muitas culturas têm dado àrespiração a chave desse processo e ninguém que toqueesta matéria pode abstrair-se disso.Nyoity Sakurazawa Osawa tinha umas frases dessas

inesquecíveis e uma delas, rotunda em sua simplicidade,dizia assim: “Ser todos os dias um pouco feliz… cada vezmais frequentemente”. Talvez não seja tão transcendentecomo o Za Zen, nem pareça tão misterioso, mas parece-me amim uma proposta interessante para qualquer dos doisgrupos de “alienados temporais”. Afinal, só a dor física e o gozo nos trazem ao aqui e agora

de maneira imediata, por caminhos muito diferentes, semdúvida, mas da mesma maneira inapeláveis. O meu mestrede pintura Manuel Tarazona, estrambótico e único, “loucolindo” onde os houvesse, gostava de violentar as senhoras,quando nas reuniões sociais mais selectas largava algumadas suas frases... Quando as pessoas falavam de comogostavam de tal ou qual pintor e o prazer que lhesproporcionava a sua Arte, ele, que SIM era um verdadeiroartista, se mofava dos pretensiosos quando perguntado aorespeito: “Eu, do que mais me gosto na vida é de ter umorgasmo” e juntava, “porque então falo com Deus de tu a tu,essa cabrão com barba”. Pobre Manuel! Quanto talento e

“Quando finalmente conseguires viver o presente, surpreender-te-á tudo o que podes fazer e que bem o fazes”.

Dan Millman O Guerreiro Pacífico”

“Só existem dois dias no ano em que nada se pode fazer.Um chama-se ontem e o outro amanhã. Portanto, hoje é odia ideal para amar, crescer, fazer e principalmente viver”.

Dalai Lama

A

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quanta ignorância dentro da sua peculiar sabedoria. Sempre estranhamos os nossoMestres quando já partiram e também por isso temos de saber honrá-los em vida…

Não posso falar em primeira pessoa do biotipo nostálgico, mas através daobservação tenho encontrado duas subtis variantes: os que carregam com o mundoàs costas e os que negam o presente, simplesmente porque têm saudade dessetempo passado que nunca voltará. Os segundos são uma versão “light”, muitas vezesuma impostura do primeiro tipo, o autêntico e afligido herói.

Conheço bem as misérias da minha variante, mas não são poucas as daqueles quesofrem a oposta. O passado pode ser um dono terrível, um estrangulador implacávelde todo vislumbre de liberdade, de todo estímulo, e os estímulos, sejam estes reais ouinventados, são uma ferramenta indispensável para continuar vivendo.

Se o burro e o cavalo são conduzidos com o pau e a cenoura, os nostálgicosfuncionais têm tendência a só usar o pau e a se esquecerem da cenoura, porque semprea imaginam amarga, em vez de doce. Eles são ensinados pelo pau, à semelhança dospobres de nós, os amantes da ciência ficção, os adictos do amanhã, que pensamosque se nos apressamos suficientemente… apanharemos a cenoura. Claro que avida nos toureia alargando sempre o pau e mostrando-nos atrás de cada lancede capa, no ataque dos nossos desejos, descobrimos um dia que atrás decada lance do capote só há… ar.

As ditas inclinações definem, e não pouco, as personalidades de ambosgrupos. O nostálgico reconhece predominantemente o valor do pau eusa-o sobre si mesmo e sobre os outros, com o mesmo zelo que oamante do futuro usa e abusa da cenoura consigo mesmo e,como não poderia ser de outra maneira, também com oresto das pessoas. Um é pessimista nato, o outro optimistaexagerado, ambos olham para o mesmo copo, um vendo-o meio cheio e o outro meio vazio.

Os nostálgicos seguram bem as coisas, mas nãogostam de empreender, porque sempre suspeitam detudo. Os futuristas possuímos a força de quem semprequer avançar, esperando que o vale seja mais verdepor detrás da próxima colina, mas são débeis com osdetalhes e o planeamento e exaustos se perdemfacilmente.

Perante os problemas, o primeiro procurasoluções em suas lembranças e formação, osegundo em sua iniciativa e versatilidade. Cegosambos, escutam as vozes das sereias vindas dolado da sua predilecção, porque todos nosrefugiamos no essencial, no conhecido.

Não existe mais solução para o que somos, quepôr as nossas barbas de molho. Passamos a vida àcaça dessa técnica, ardil ou truque que diminua asconsequências negativas das nossas naturezas e que,para evitar o efeito pêndulo, segure as positivas quetambém guarda como um tesoiro. Como em todo bomcocteil, o sábio juntará ao nostálgico umas gotas doremédio do seu oposto e vice-versa, sabendo que por maisque se tempere, um prato de cebola será sempre picante.

Entretanto, se vivemos o suficiente e conseguimosfinalmente sermos sábios de verdade, acabaremos por tirar amáscara a esse impostor, esse arrivista, o adeleiro daconsciência que é a mente.

Somos o que somos; sim, mas também somos esse últimobastião de defesa, a criança interior que nunca morre; o pobresó é enganado para pensar como os outros querem quepense, a olhar para todas as coisas como o mundo quer queas veja, mas em um cantinho no nosso interior, seprocurarmos lá está, escondido na sua simplicidade e só elesabe resistir-se a sucumbir completamente ao teimosoenganador. Por isso o jogo e brincar, são o último baluarteperante os enganos da pretensiosa mente. Sim... A únicamaneira de vencer essa mentirosa compulsiva, é tê-laentretida, mas isso sim, sem que se ela se aperceba… ouseja… brincando.

A virtude não está no centro, como proclamam osmelífluos, mas nos extremos conjugados e no processo davida, a dita combinação só é possível numa das suaspontas; quando velhos, mas cheios de um rico passado(que provavelmente esqueçamos por momentos),recordemos ao menos uma coisa: Brincar como crianças.

Não deixem nunca de brincar meus amigos!

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

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Defesa Pessoal

No nosso DVD da Avi Nardia Academy,produzido por Budo International,mostramos a ponte entre a Velha Escolade Artes Marciais e o CQB moderno(Combate corpo a corpo).

A minha experiência como comandantenas FDI (Forças de Defesa de Israel) eposteriormente como treinador oficialsuperior da unidade anti-terrorista deIsrael, me ensinou que cultivar a mente eo espírito guerreiro deve ser consideradoprioritário sobre o simples treino docorpo.

Quando observo a situação actual dasArtes de Combate, vejo muitosestudantes impressionados pelo fulgordos denominados heróis de guerra e osauto-proclamados Grandes Mestres.Alguns destes "Mestres" são pessoas quedificultosamente sobreviveram a unspoucos dias de treino comigo; a outros,expulsei-os das FDI ou da Academia daPolícia. Não vou continuar dando a estaspessoas um reconhecimento que nãomerecem, posto que o meu objectivo éexplicar à geração que segue, que umcavalheiro de brilhante armadura é umhomem que nunca pôs realmente o seumetal à prova.

A f im de proporcionar uma certaperspectiva, queria realizar este DVDpara mostrar a ponte entre as velhasArtes Marciais de escola e o CQBmoderno. Quero agradecer a ChrisShabazz, um grande Sensei e lutador deKarate de contacto total, pertencente àescola de Sosai Oyama de Karate, a suaparticipação na filmagem.

Filmamos no Shoshin dojo, cujo nomesignifica "A mente dos principiantes". Aformação neste dojo histórico sempre meinspira para continuar com o espírito de"Sempre estudante, por vezes Mestre".

O artigo que segue, escrito por KenAkiyama, é uma guia para osespectadores deste novo DVD. Espero quegostem do DVD e agradeço-lhes seu apoio.

Avi Nardia, Fundador do KAPAP Moderno

Texto e fotos: Ken Akiyama & Avi Nardia

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e bem se tem reduzido aomínimo o aspectocombativo original demuitas Artes Marciaistradicionais, estas Artescontinuam possuindo

importantes lições, que vão muito alémdas dimensões físicas do combate. Para sobreviver na luta da vida, se

necessita muito mais que músculos euma tatuagem. Além do mais, osmúsculos brilhantes são basicamenteinúteis para um Mestre que seconcentra na evolução de seus alunos.Por isto, os novos estudantes têm quever para além do brilho e o resplendordos professores “genuínos”. Uma das características mais

singulares da escola de KAPAP de AviNardia é que ele desenvolveu osistema baseado numa amplaexperiência nos métodos de treino etécnicas da velha escola de ArtesMarciais. Com certeza que muitosclubes que vão buscar ao acaso asideias nos livros e na Internet e asmisturam entre si. Mas o KAPAP

Moderno de Avi é excepcional, pois elese baseia na sua privi legiadainteligência, no seu carisma eeducação nas velhas escolas das Artesde Combate, das quais possui o 4ºDande Judo Kodokan, o 6ºDan de Kendocom o Mestre Kubo Akira, o 7ºDan emJujutsu com o Mestre Hanshi PatrickMcCarthy (que também é meu Mestre)e o Cinturão Negro em Jiu-Jitsubrasileiro com o Mestre RCJ Machado.Estes factores são importantes, assimcomo a sua experiência delineando umprograma de treino de recrutas dasforças especiais de Israel e o seuserviço como treinador oficial de CQB,na elite da unidade anti-terrorista deIsrael. O resultado de tudo isto é osistema mais rápido e mais intuitivo domundo para a auto-defesa: O ModernoKAPAP de Avi Nardia.Quando observamos o sistema

KAPAP de Avi, vemos umaapresentação convincente de ArtesMarciais, através da visão de uminstrutor de CQB da elite mundial. Detodos os pontos fortes das TMA (artes

marciais tradicionais), há aspectos queresultam pouco práticos ou impossíveisde serem levados à prática por civis,oficiais da polícia e/ou soldados. Porisso, o KAPAP Moderno estáparcialmente definido pelo genialsistema de Avi, para identificar o quenão é fácil de ensinar como parte deKAPAP.Com frequência se atribui a Einstein

que tenha dito: "Tudo se deve de fazero mais simples possível, mas nãosimples demais". Tanto se Einstein odisse ou não, estas sábias palavrasexplicam o porquê de tantos sistemasde autodefesa falharem sob pressão:são demasiadamente simples oudemasiadamente complicados. Amaioria dos nossos estudantes nãotêm tempo nem desejam estudar asArtes Marciais esotéricas durante osanos necessários para alcançar umbom nível de conhecimentos de umamaneira concisa. Assim sendo, o maiorsegredo da escola de KAPAP de AviNardia não tem nada a ver com atécnica. O segredo é o treino mental e

Defesa Pessoal

Ensinando a Velha Escola do Combate Corpo a Corpo

S

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esse é o motivo de Avi ter filmado esteDVD, para mostrar como se utilizam osconceitos da valha escola, para o treinoda auto-defesa e o CQB moderno.Os samurais sabiam que o aspecto

mental e um espírito indomável eram desuma importância para o êxito no campode batalha. Nos velhos tempos, umsamurai tinha de estudar muitas Artes,incluindo equitação, natação, einclusivamente escritura, música ecultura geral, a fim de cultivar umamentalidade aberta, um equilíbrio dasemoções e o domínio táctico. Destamaneira, os samurais foram treinadoscomo guerreiros da mente, corpo eespírito; dispostos a lutar em qualquersituação.

Miyamoto Musashi é considerado pormuitos como o melhor espadachim detodos os tempos. Em seu Livro dosCinco Anéis (1645), ele escreveu: "Faz datua posição de combate a tua posição detodos os dias". No Budo, a luta contra aposição, que se conhece como kamae, éuma matéria central. De facto, no estudodas antigas artes marciais da escola, sedá tanto destaque ao kamae que osespectadores casuais, normalmentejulgam mal o que estão a ver, quandoassistem ao treino tradicional. O que nãocompreendem é que o estudo daposição física é realmente um meio paradesenvolver a posição da mente e doespírito. Uma das nossas metas na AviNardia Academy é assegurar-nos de que

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estas ensinanças não se percam como se perderam asantigas técnicas de tiro com arco dos guerreirossarracenos.O estudo da história é fonte abundante de inspiração e

lições de humildade. Recordemos que a guerra, o CQB ea auto-defesa não são matérias novas. Durante milénios,a humanidade provavelmente tenha ido esquecendo tudoquanto sabia acerca destas matérias complicadas.Vejamos, por exemplo, o arqueiro dinamarquês, quedesafiou os especialistas modernos, recuperando astécnicas de tiro com arco antigas. Estudou em livrosantigos e recuperou técnicas perdidas dos guerreiros

sarracenos, para disparar flechas com velocidade eprecisão assombrosa. Mediante o estudo da antigaescola, estabeleceu "novas" marcas mundiais que sepensavam impossíveis e portanto estavam consideradascomo míticas.Neste novo DVD, filmado no Shoshin dojo, Avi Nardia

nos mostra a conexão entre a velha escola e o CQBBudo moderno, de várias maneiras. Uma demonstração que inclui os paralel ismos

convincentes entre o Iaido (desembainhar de espada) e aadequada manipulação da arma de fogo. As armas defogo podem ser o mais novo em armamento individual,

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“Neste novo DVD,filmado no

Shoshin dojo, Avi Nardia nos

mostra a conexãoentre a velha escola

e o CQB Budomoderno, de várias

maneiras. Uma demonstração

que inclui osparalelismos

convincentes entreo Iaido

(desembainharde espada)

e a adequadamanipulação daarma de fogo”

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mas não escapam àeterna sabedoria e àlógica da velha escola.Outro aspecto do

treino integral de defesapessoal, é oa c o n d i c i o n ame n t ointeligente do corpo.Neste DVD, o SenseiChris Shabazz mostrapotentes métodos deacondicionamento docorpo, com asexplicações dosbenefícios e asprecauções com osexercícios, enquantoque Avi oferece umaperspectiva importantepara se ser inteligentequando se escolhem aspráticas de treino. Muitos dos sistemas

de combate militares sedescrevem a si mesmos como o mais "letal e destrutivo".Lamentavelmente, muitas dessas afirmações podem ser certas,mas não da maneira que se espera. Os programas de combate ede MMA são desenhados para homens entre os 18 e os 22 anosde idade, que se encontram em óptimas condições físicas e que jáforam previamente seleccionados em base a uma aptidãodestacada e a tipos de personalidades de alto risco. Apesar doseu estado físico e entusiasmo, muitos recrutas e estudantesdestes programas sofrem lesões que duram toda a vida. Estaslesões podem ser consideradas aceitáveis em alguns programasmilitares e desportivos, mas na Avi Nardia Academy nos ensinamque: "A segurança acima de tudo, a segurança em primeiro lugar".Na nossa escola, o treino de alto risco não é necessário paradesenvolver a eficácia em combate de um soldado profissional, deum oficial de Polícia, ou de um gerente de escritório que aprendedefesa pessoal no seu tempo livre.Este DVD é educativo, inspirador e esclarecedor. Recomendo o

DVD aos profissionais de todos os estilos, os tradicionais e osmodernos. O conhecimento consiste em aumentar as capacidadese esta produção de Budo International será uma grandecontribuição para a vossa colecção, mostrando o espírito do"Sho-shin - mente de principiante".

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Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outraArte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. Oseu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais:“Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás umaarma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata daconexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidadeanti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-seprioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequadamanipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas nãoescapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios dedesarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefíciose as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos,antigos e modernos.

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Velho e Novo

"Aqueles que são versados na artede preparar a defesa, consideramessencial se apoiarem na força dosobstáculos, como as montanhas, os riosou as ondulações do terreno. Fazem-node tal maneira que o inimigo não possasaber por onde atacar, metem-sedebaixo do chão e aproveitam osdiferentes níveis do terreno. Osespecialistas na arte de atacar,consideram essencial contar com asestações e com as vantagens doterreno; utilizam as inundações ou ofogo, conforme as circunstâncias.Fazem-no de tal maneira que o inimigonão saiba como se há-de preparar.Descarregam um ataque como umrelâmpago surgido do nono céu..."

TU YU

Este pequeno extracto de um antigopoeta chinês, que talvez a algumaspessoas possa parecer carente de bomsenso, nas Artes Marciais actuais é aprova de que em muitas ocasiões o queé “velho” nunca passa de moda. Há uma tendência generalizada a

desprestigiar tudo aquilo queconsideramos clássico ou antigo.Estamos imersos na moda das MMA edos Desportos de Contacto, que vivemuma segunda (ou terceira) juventude eque tem levado à televisão e aosgrandes estádios dos Estados Unidos edo Japão, consumistas do “showbusiness” das AAMM. Se queremosfrisar algum inconveniente, seria

precisamente esse. Estas modas nãogeram praticantes e pelo contrário, oque produzem é uma grande massa decompradores de vídeo-jogos de MMAou consumistas do “pay per view” dossábados à noite, nas cadeias detelevisão dos Estados Unidos. Em grande número de artigos tenho

defendido as bondades das MMA e dosDesportos de Contacto, dos quais medeclaro um fiel admirador e reconheçoo enorme benefício que têm sido paraas Artes Marciais “tradicionais”. Muitos“desceram à terra”, tomaramconsciência e se viram obrigados arever de princípio a f im os seussistemas, para analisá-los de um pontode vista mais pragmático. Ou seja,perguntar-se a si próprios, se realmenteestavam treinando de maneira correctae se a sua maneira de interpretar astécnicas e aplicar a ideias era comodevia de ser. As MMA fizeram “descer á terra”

muitos dos que estavam no limbo e istoé realmente bom para todas as artes decombate. No entanto, em nenhum casopodemos confundir, misturar oucomparar coisas que, como comenteinuma minha coluna de uns mesesatrás, são “AGUA E AZEITE”. Na épocado predomínio das Mixed Martial Arts éinevitável que muitos sistemasclássicos “olhem com o canto dosolhos” o que acontece no panoramados desportos de contacto e nasfamosas MMA. Em muitas ocasiões temos tendência

a confundir termos e conceitos quepouco têm a ver uns com os outros e

“Para algumas pessoas, pouco conhecedoras das Artes

Marciais “clássicas”, é realmente fácilafirmar que os sistemas clássicosparecem inúteis e não servem,

quando comparados com as MMA”

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finalmente, acabamos debatendo oucomparando coisas que simplesmentenão devem ser comparadas, porquepertencem a cenários diferentes. Sebem há alguns elementos nosdesportos de contacto, especialmenteno mundo do BJJ e do Grappling, quesão muito interessantes, queremosdotar de meios os sistemas clássicos econseguir uma maior EFICIÊNCIA. Para algumas pessoas, pouco

conhecedoras das Artes Marciais“clássicas”, é realmente fácil afirmarque os sistemas clássicos pareceminúteis e não servem, quandocomparados com as MMA. Ainda quejá me referisse a este assunto numacoluna de faz alguns meses, resultambastante curiosos os modelos que seacostumam a usar nas comparações.Quando alguém destes “lançadores deopinião” quer comparar o que é velho eo que é novo, acostuma a escolher umhumilde mestre de uma pequena escola(geralmente pai de família, que por purapaixão e amor à arte, dá umas aulasdois ou três dias por semana), quercomparar, dizia eu, com um dosmonstros das MMA, tipo Vanderlei Silvaou Fedor Emedianenco, que sededicam em corpo e alma à luta,porque estão em jogo milhares emilhares de euros, contratospublicitários, direitos de televisão, etc...Com este panorama, a comparação érealmente estúpida, da mesma maneiraque é estúpido afirmar que todos ospraticantes de AMM (artes marciaismistas) ou Desportos de Contacto,possam parecer-se a estas grandesfiguras do UFC.

Na época do tudo ou nada, do queserve ou do que não serve, sempossibilidade de um meio termo, écomplicado encontrar pessoas quesejam capazes de ver que no meio, ameio caminho está a essência do TAO.Situar-se nesse ponto médio, no qualpodemos praticar uma ou outratendência, mas com a tranquilidade desaber que se pode aprender dequalquer dos lados, se observarmosatentamente, poderá proporcionar-nosum bom ponto de partida paraconseguirmos os nossos objectivos. Hoje gostaria de falar a um dos meus

desportos favoritos. Humildemente mascom paixão, eu o pratico e me temenriquecido muitíssimo comopraticante de artes Marciais e comopessoa que gosta de praticar umdesporto de luta: é o Brazilian Jiu Jitsu. Faz agora pouco mais de um ano,

conheci o meu professor Jair Correiade Magalhães (Faixa Preta 2ºDan) efundador do “Blakz Team BJJ”. Devoreconhecer que como praticanteentusiasta do WingTsun, não estavanada interessado neste mundo. Noentanto, quanto mais praticava esta“arte suave”, melhor compreendiamuitos dos trabalhos avançados doWing Chun Kuen. Curioso, não é? NoWing Tsun utilizamos como alma dosistema o Chi Sao (e o Chi Gerk) que sebaseia no uso do “pegajoso”, parainibir, dirigir e aproveitar a força doadversário. Esse estar colado aooponente nos proporciona umavantagem importante quando échegado o momento e por issodedicamos muitas horas da nossa

“É nossa obrigação como professores eherdeiros de uma tradição centenária,

promover a prática COMPLETA”

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prática ao mesmo. Mas é curiosoobservar como muitos praticantes deWing Tsun movimentam braços (oupernas) imitando algumas sequênciasde acção e reacção, sem realmentepôr em prática essa ideia de serpegajoso. Na realidade, muitospraticantes “empurram” os braços doadversário... Quando conheci o meu professor de

BJJ, Jaír Correia, o que mais mesurpreendeu da sua maneira de lutarfoi a capacidade impressionante deutilizar as pernas como guarda e comolevava a extremos a capacidade deficar “colado” às pernas do inimigo,que tentava “passar a sua guarda”.Suavidade, fluidez e coordenação,tudo ao mesmo tempo… Eu pensei...“Isto é PURO CHI SAO (Chi Gerk)”.Comecei então a interessar-me por umsistema que em apenas 80 anosconseguiu uns níveis de evolução quepodem considerar-se comoimpressionantes!!! A principaldiferença no método do treino, como odo BJJ frente a outros sistemas maisclássicos de luta, reside precisamenteem “como” se treina. Vejamos emprofundidade os motivos! • Os papeis de ambos praticantes

estão completamente definidos (opassador, o que faz a guarda) • O praticante trabalha

minuciosamente a técnica, adaptando-a às suas necessidades (competidoresou BJJ Martial Art) e só soma técnicasou habil idades quando temcompletamente afiançado o

conhecimento das técnicas de base.Soma ao que já tem! NÃO ACUMULAtécnicas, drills ou secções que quasenão domina e que acima de tudo e naimensa maioria dos casos, nãocompreende. Estes dois pontos provocaram uma

evolução do sistema que é digna deestudo e de admiração por parte demuitos praticantes de artes Marciais. Se observamos agora o nosso

querido sistema..., há principalmenteDUAS maneiras de aprender ou depraticar Wing Tsun, dependendo doramo ou l inhagens de onde sejaproveniente. Mas tentando sintetizar epara explicar melhor o que quero dizer,no artigo de hoje diremos que há:

1.- Escolas que ensinam pouco apouco o sistema em “matérias” e queempregam muito tempo paracompletar o sistema.

2.- Escolas com uma estruturaformativa não tão estruturada, queensinam sem nenhum género de limite(aprendizagem rápida do sistema) eque posteriormente empregam otempo em melhorar o aprendido. Na minha opinião, em ambos casos o

problema principal do nosso sistemareside em que o estilo não seimplementa em base ao que já estádominado. Quer dizer: uma pessoa vaiaprendendo formas, técnicas eexercícios que vai praticando duranteperíodos de tempo mais ou menoslongos. O instrutor, quando aprecia umamelhora na compreensão do exercício,proporciona-lhe a seguinte ferramenta.

Wing Tsun

“A principal diferença no método dotreino, como o do BJJ

frente a outros sistemas maisclássicos de luta,

reside precisamente em “como” se treina”

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Wing Tsun

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Mas nos escapa um “pequenodetalhe”: No nosso sistema nãosomos capazes de aplicar emsparring cada uma das ideiasque vamos adquir indo. Aquestão é que é muito dif íc i lchegar a dominar e acompreender muitas das ideiasdeste sistema, porque falta osumum da luta: a própria luta!!! Se cresce no domínio técnico e

no conhecimento de drills, masraramente se põe à prova odomínio de uma capacidadecombativa, posto que não seacostuma a praticar na imensamaioria das escolas de WingTsun. No mundo do grappling (BJJ e

outros) todos e cada um dos diasde prática se acaba fazendosparring. Portanto, a própria luta éo fio condutor e o campo deprovas das ideias e técnicas dopróprio estilo. Estes aspectos mefizeram pensar acerca da maneirade treinar e levar à prática essastécnicas e resolvi pôr em marchaalgumas mudanças na maneira depraticar. Ao princípio era só umaideia, mas agora começo a torná-la realidade nos treinos. Desde fazdois anos a esta parte,resolvemos introduzir mudançasno método de treino, paraconseguirmos uma melhorasubstancial da qualidade dospraticantes. E agora, eu perguntoem voz alta:

• O que aconteceria sedotássemos o praticante deconhecimentos técnicos,compreensão das técnicas adesenvolver e a obrigatoriedadede consolidar todos estes pontosantes de somar mais coisas aoseu arsenal?

• O que aconteceria seobrigássemos a mais exigenteperfeição técnica a AMBOSpraticantes, definindoperfeitamente os seus papeis,

esquecendo o conceito de queum faz trabalhar o outro, parapassarmos a trabalhar AMBOS,em um confronto técnico?(passador/guarda). É disto que trata o texto do

início do nosso artigo deste mês... Se olharmos para o ensino

antigo, vemos que este aspectoque o def inia, é coisacompletamente necessária parauma autêntica evolução. Nobreve texto que mostramos aoprincípio desta coluna e quepodem encontrar em algumasversões da “Arte da Guerra” deSun Tzu, se mostra perfeitamenteesta ideia, que por outro lado nãoé outra que impregnar todaprática, técnica e estratégica,com a ideia do “yang e yin”. Denovo volto a insist i r nanecessidade de trabalhar aprát ica de uma arte, como oWingTsun, junto com aquelesdetalhes que são absolutamenteinseparáveis dessa prática: Acultura tradicional chinesa, afilosofia, a estratégia da arte daguerra, conhecimentos demedicina chinesa, etc... É nossa obrigação como

professores e herdeiros de umatradição centenária, promover aprática COMPLETA e o estudodesta arte, por diversos motivos,dos quais poderíamos citar vários,mas há um que está por cima detodos: Praticamos WingTsun e Artes

Marciais em geral, porque é BOM,porque faz bem a quem praticar.Porque proporciona pontes entreas pessoas e porque educa emvalores aqueles praticantes quecomeçam no caminho das ArtesMarciais chinesas. A prática do Wing Tsun é uma

arte de vida!...

Sifu Salvador Sanchez Fundador

da TAOWS Academy

“O que aconteceria se dotássemoso praticante de conhecimentostécnicos, compreensão dastécnicas a desenvolver e a

obrigatoriedade de consolidartodos estes pontos antes desomar mais coisas ao seu

arsenal?”

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Artes Marciais FilipinasA Eskrima é uma arte marcial filipina que se

está tornando cada vez mais popular, àmedida que mais e mais pessoasreconhecem a sua integridade. O uso dearmas nesta Arte é comum, mas o combatesem armas é pelo menos tão importantequanto a Eskrima. No combate sem armasSCS, usamos o nome de Pangamot para nosreferirmos ao combate sem armas.

Acerca do SCSDurante mais de 30 anos, Frans Stroeven

vem desenvolvendo novas ideias, novosconceitos e técnicas na Eskrima. FransStroeven começou a praticar Eskrima sob atutela do Grão Mestre Bill Newman e agora,ele é um dos principais especialistas domundo, em Artes Marciais filipinas.

Quando se fala em Eskrima se pensa emDan Inosanto, Cacoy Cañete e FransStroeven, posto que eles desempenharamum papel importante na difusão da Arte emtodo o continente europeu. Frans Stroeven érenitente a títulos ou graus e tem uma firmeopinião acerca do uso de ambos. Pensa quenos nossos dias se uti l izam com umafinalidade mais comercial e não têm nada aver com a experiência ou com as habilidades.Frans diz:

"Sou um homem simples que ama aEskrima, me alimento da Eskrima e respiroEskrima, nem mais nem menos".

Frans não quer ser chamado Grão Mestre,prefere simplesmente ser chamado Frans.Esta mentalidade faz com que o estilo sejamais acessível, porque o próprio Frans é umapessoa muito acessível. Isto explica a fortecurva ascendente na aprendizagem de seusestudantes. Aprender Eskrima no sistemaSCS, significa que se podem aprender osfundamentos importantes da Eskrima. Mas omais importante é como se desenvolvemnovas combinações e técnicas. O SCS estáfortemente influenciado pela Eskrima original,além de se complementar com a mentalidadeeuropeia e seus métodos de treino. Portanto,o SCS é um estilo de vida de um sistemaem constante evolução. A organizaçãoconta com este objectivo e nasceu comum propósito: a difusão da Eskrima efazer com que o mundo conheça aEskrima desenvolvida por Frans.

Eskrima

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“Durante mais de30 anos,

Frans Stroeventem desenvolvido

novas ideias,novos conceitos

e novastécnicasdentro daEskrima”

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Eskrima

A Escola HolandesaExiste a escola holandesa? Sim, a escola holandesa existe. Os holandeses

são formidáveis combatentes. Em Kick Boxing eles são a elite mundial.Pensem em Peter Aarts, Remy Bonjasky, Ernesto Hoost quatro vezesvencedor do K1! e em Sem Schilt, que também o foi! Pensem em AntonGeesink que foi o primeiro “não japonês” a ganhar em Judo uma medalha deoiro nos Jogos Olímpicos, superando um rival japonês. A principal razão doêxito da escola holandesa é a sua mentalidade de luta. Os holandeses têmingénio, não só copiam técnicas, eles desenvolvem as suas próprias técnicas

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e métodos de treino. A escola holandesa não se concentra nastradições mas sim nos conceitos e técnicas para vencer. NaEskrima não é diferente. Frans sempre diz: “Não somos ummuseu!”…

O autor Ernesto Hoost, em um seu livro fala dos batimentosque lança e das combinações de socos. Lançar golpes eavançar durante um ataque, é importante para deixar ooponente fora de posição e desequilibrado. Desta maneira,

contra-atacar faz-se difícil. Quando se bloqueia não seretrocede, pelo contrário, tem de se dar um passo em frentepara fechar a distância com o oponente.

Este acostuma a ser o pensamento holandês:“Bate no teu oponente tão rápido e tão duro como seja

possível”. No SCS esta maneira de pensar é levada a um nívelcompletamente novo. O bloqueio se considera negativo; é umpensamento negativo!

Certamente que no SCS se ensina o bloqueio aos novosestudantes, mas os estudantes avançados terão queconcentrar-se nos ataques directos. Primeiro atacar, depoisbloquear. Para levar correctamente a efeito estes princípios,têm de existir várias exigências:

Compreender a linguagem corporal; o trabalho dos pés;o propós i to de bater com mui ta dureza e cont inuar

batendo. Podemos dizer que a agressividade está no ADNdo SCS.

Treino mental e espiritualO treino em Full Contact é muito importante no SCS. Na

maioria dos estilos de Eskrima não há contacto entre a arma eo corpo. No SCS o contacto é normal. Inclusivamente os

principiantes poderão experimentar o contacto na sua primeiraaula. Só assim se pode trabalhar de maneira realista e segura.Esta maneira de treinar proporciona grandes benefícios. Emprimeiro lugar, o estudante aprende a alcançar o objectivoespecificado. Em segundo lugar, os alunos obtêm um maiorcontrolo do pau e da faca. Em terceiro lugar, os estudantesobtêm uma melhor visão para fazerem contra-ataques etécnicas de desarme e para a execução dos agarres. Em quartoe último lugar, os estudantes aumentam a potência e aresistência.

Nos seminários, os estudantes com certa experiência, masque não têm este tipo de treino de combate, se encolhemquando o corpo entra em contacto com um pau ou com umafaca. Não estão habituados a fazer contacto nem a sentir dor.No treino de SCS se começa com um contacto ligeiro. Os

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estudantes com mais experiência estãohabituados a receber batimentos no corpo.Desta maneira, o treino pode ser muitoprático e todas as técnicas e princípios seaplicam de uma maneira muito agressiva erealista.

Zonificação O que é a zonificação e qual o seu

propósito? Durante os seminários deFrans, frequentemente se fez estapergunta. Frans explica que azonificação é um importanteconstituinte na Eskrima, mas comfrequência é mal entendida oufalseada. Quando Frans fazia umademonstração em Cebu, entre osmuitos assistentes se encontravaDionie Cañete, que em umdeterminado momento gritoupara Frans: Não olhes para oteu oponente, olha para asespectadoras!

Frans explicou quepercebia o que Cañetequeria dizer. Na zonificação,a defesa é tão importantecomo o ataque. Quando seataca de uma maneiradeterminada, já sabemos oque o oponente vai fazer equal será o seu contra-ataque. Por exemplo:Com o uso dazonificação se estáresistindo o primeiroataque do oponente e aomesmo tempo se podecontrolar o seu paudireito… Então o oponentepode apenas contra-atacarde novo com a esquerda.Mas isto não temimportância, porquerespondendo ao ataque e

Eskrima

“Ao estudante deSCS se ensina aobrigar o seuoponente a

defender-se e amanter apressão”

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seu controlo. Ao mesmo tempo se podebloquear automaticamente este novo ataque(com a esquerda). Isto é a zonificação.

A zonificação é a essência do controlo daluta, tendo uma visão da sequência lógicados movimentos do corpo e antecipar-se aeles.

Vontade de vencerA vontade de vencer é muito importante

no SCS. Ao estudante de SCS lhe ensinam aobrigar a seu oponente a se defender e amanter a pressão sobre ele. Isso requer umamentalidade concentrada e determinada emvencer. O SCS quer que os seus estudantesse sintam vencedores e procurem dentro desi esse sentimento de intensa agressividadee que consigam controlar essaagressividade. Frans diz:

"O verdadeiro significado da utilização daenergia avançando para atacar o oponente,radica no conceito de agressão controlada,os ataques devem ser realizados rápidos eduros”.

As Armas no SCSNo SCS, realmente usamos qualquer coisa

como uma arma. Realmente não importa otipo de arma. Quando se domina o pau e afaca, podem ser utilizados, assim comoqualquer outra arma. Frans afirma:

"As armas não são para brincar. Treinamoso uso realista das armas: pau, faca, karambit,tonfa, machado, pau de algibeira e espada.Estas são as armas habituais queutilizamos”.

Como se disse anteriormente, sabendousar um pau e uma faca, qualquer coisapode ser usada como arma e não senecessita formação adicional. Quando setrata da luta com faca, o SCS ofereceinclusivamente um sistema de combate comfaca. Só quando se domina a faca, é possíveldefender-se com êxito contra uma faca! Éesta uma firma crença que temos no SCS. Aluta com faca forma uma base sólida para ouso de outras armas, por isto tem um níveltão alto. O Sistema Mundial de Luta comFaca (WKFS) como parte do SCS, está hojemuito estendido entre os artistas marciais etambém no mundo das Forças Especiais.

No sistema se ensina o uso emanipulação de facas, exercícios,técnicas de desarme com e semagarrar a faca, ataque com faca,grappling no chão com faca etambém o uso e manipulação dediferentes facas.

Mentalidade naluta com faca

A luta com faca é umaparte indispensável dalegítima defesa, mas émais do que isso. A lutacom faca é e continuaráa ser um elementomuito perigoso, no qual

a vida e a morte estão perto. A luta com facacontinua sendo perigosa mesmo para umlutador experiente, inclusivamente na lutacontrolada com faca de alto nível, sabemosexistir o risco de ser ferido. Tem de se aceitarque numa luta de verdade se pode sangrar,não importa quanta experiência se tiver.Aceitar isto poderá constituir uma grandevantagem.

O PangamotO Pangamot no SCS é realista, duro e está

fortemente focalizado à auto-defesa.Signif ica “o combate total", tudo estáautorizado na luta de rua filipina. A vitória éfundamental. O estilo de combate sem armasdas Fil ipinas, também se denomina'Panantukan', 'Panajakman' ou 'ManoMano'. Mas o Pangamot no SCS vai muitomais além. O Boxe sujo, o conceito da figura8, o agarre filipino Tapi tapi, o conceito dafaca Banga Banga, espada e adaga, antiDumog, escape e agarre, agarre lacoste,cotoveladas e cabeçadas, exercícios desensibilidade, hubad higot, agarre e fluidez,pontapés abaixo da linha e uma mentalidadede luta, são alguns dos elementos eprincípios que têm sido treinados noPangamot SCS.

Mentalidade da ruaO SCS quer ficar com o combate e a

mentalidade da rua. Os Estudantes SCS nãosão pugil istas, nem kick boxers, nemGrapplers perfeitos. Os estudantesaprendem a não fazer Boxe com umboxeador nem a ir para o chão com umgrappler. Em SCS se utiliza o princípio deanti-boxe, anti-grappling, etc. Basicamente,todo o que está proibido no Boxe, no KickBoxing e em outras artes marciais, se faz noSCS. Morder, puxar dos cabelos, beliscar,bater entre as pernas, bater na garganta, nosolhos, etc. É realmente uma luta suja. Oobjectivo do SCS é que um lutador sejaversátil. Muito frequentemente, uma lutacomeça com alguns empurrões e acaba comgolpes selvagens. Na luta com armas não sedeve deixar de considerar o uso repentino dearmas ocultas.

Um Estilo ÚnicoO SCS de Frans Stroeven como um estilo

de luta único, desenvolvido para a rua e parasituações de combate, se está tornandomais e mais criativo. Se inventam novosconceitos e técnicas, não há tempo para oestancamento.

Querem ver o SCS em acção? Procuremem Google “Frans Stroeven” e poderãoencontrá-lo em youtube. Constatem por sipróprios e de certeza que não se vãoarrepender! Ele lhes dará as boas-vindas aoseu mundo, o mundo da Eskrima.

Podem entrar em contacto com ele [email protected]

ou visitar sua web www.scseskrima.come www.knifefightsystem.com

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grupo KMREDfoi criado porC h r i s t i a nW i l m o u t h ,F a u s t i n o

Hernández, Dan Zahdour eJerome Lydoine. Este gruponão tem a intenção de seruma federação do Krav Magamas sim só um grupo deinstrutores e profissionaisapaixonados pela defesapessoal e os desportos decombate, trabalhando em umprograma técnico comum. Defactos, os clubes históricosdo grupo KMRED presentesna França, estão afiliados àfederação delegada de KravMaga neste país, a FFKDA.Graças à fortaleza desta, querealiza na França um grandetrabalho para dar a conhecero Krav Maga ao maior númerode pessoas, o grupo KMREDpode prosperar. Isto sucedetambém com os clubes quetemos na Dinamarca. Defacto, as estruturas locaisonde se pratica o Krav Magapesquisa da Evolução eDesenvolvimento, estãoassociadas às instituiçõesfederativas oficiais.

O

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grupo KMRED não tem como objectivo encontrar ou abrir novos clubes, no entanto,determinadas estruturas ou pessoas querem unir-se à nossa escola. Nesse caso, sãorecebidos de braços abertos, com a condição de que seja realmente a paixão que aisso as levar, que os valores que defendemos sejam partilhados por elas e que asestruturas respeitem uma carta onde lhes pedimos que se unam às estruturashabituais com as quais trabalhamos.

Decidimos então, através deste artigo, apresentar-lhes os clubes “históricos” do grupo KMRED eos instrutores actuais e ajudantes que ensinam o nosso programa.

O

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s dois primeiros clubes que surgiram são: o clubeKMRED de Dax, nas Landas (França) e o clubeKMRED Ustaritz/Baiona, (no país Vasco Francês).Estes dois clubes somam até à data mais de 200profissionais e uma equipa de uma dúzia deinstrutores e assistentes, à frente dos quais estão

dois co-fundadores do Krav Maga Investigação Evolução eDesenvolvimento: Christian Wilmouth e Faustino Hernández.

O terceiro clube que se uniu à KMRED é o clube de Mouguerre,que também se encontra no País Vasco Francês e é dirigido porSerge Michelena. Esta estrutura recebe em volta de 50praticantes.

O

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quarta entidade se encontra na Dinamarca, em Copenhaguem, e é magistralmente dirigida por DanZahdour, também co-fundador da nossa escola. Este destacado membro dos serviços governamentais naDinamarca durante muitos anos, conta com ajudantes cuja credibilidade é inquestionável, o que levamuitos profissionais a assistirem a estes cursos, em busca de um método realista adaptado às suasnecessidades.

Um outro centro especializado em artes marciais e desportos de combate, cujo Instrutor chefe é Mickael Delaporte. seuniu a nós para ser o quinto clube que começa esta grande aventura.

Actualmente, com mais de cem alunos e dois ajudantes dedicados, Michael continua partilhando a sua paixão ni seucentro de Coarraze Nay, no Béarn (França).

Desde faz alguns meses, também um instrutor KMRED foi levado por motivos profissionais a estabelecer-se na IlhaReunão no Oceano Índico (França). É ali que Jean François Lebian resolveu difundir as ensinanças da escola.

A

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Por último, um jovem de grande talento, que durante vários anos, teve tempo e recursos para se formar no centro deDax, sob a direcção de Christian Wilmouth, após graduar-se instrutor KMRED, resolveu abrir uma secção de “KravMaga, Pesquisa, Evolução e Desenvolvimento”, perto da cidade de Compiegne. Sem dúvida, Yohan de Castro vai ter umgrande êxito.

O grupo, através destes clubes e seus professores, ensina o Krav Maga durante todo o ano e também organizainúmeros cursos e formações especializadas. Assim sendo, após um seminário em Copenhague (Dinamarca) no mês deJunho passado, seguido de um seminário intensivo de três dias em Dax (França) e de um outro curso para uma unidademilitar especializada, no mês de Julho, Christian Wilmouth vai dirigir em Setembro uns seminários na Ilha Reunião e naIlha Maurício.

Concluindo: neste mes de Setembro de 2014, o grupo KMRED deseja a todos os clubes seguidores das ArtesMarciais e Desportos de Combate, um muito bom ano lectivo.

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Pontos Vitais

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Kyusho Vs. Dim Mak

Dim Mak / Dian Xue: (Toque da morte ou Toque retardado da morte)Kyusho: (Pontos Vitais)

Ainda que para o principiante possa parecer que sejam amesma coisa, (a maioria das pessoas que começam a trabalharcom ambos nomes ou classificações, dizem que são os mesmose usam os mesmos pontos de pressão), posto que ambos atacamzonas vitais, mas são muito diferentes... em suas adaptaçõesmodernas. De facto, o Kyusho moderno está muito longe do original e

portanto já não pode ser associado com o Dim Mak / Dian Xue,posto que agora são muito diferentes. Isto se baseia em muitasrazões e acima de tudo nos resultados experimentais de umaextensa pesquisa, tanto física como científica. Posto que Budo Internacional já documentou a evolução

incorrecta dos velhos paradigmas da Medicina TradicionalChinesa, nós devemos agora aprofundar ainda mais nos velhoscaminhos verdadeiros, para trabalhar com a aplicação médica ecientífica que se documentou e não com o novo conceitobaseado na falta de pesquisa e validação. Estas ilustrações foram

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Pontos Vitais

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tomadas do “Manual sobre a morte”, de Seiko Fujita(https://www.kyusho.com/seiko-fujita/) com os desenhos deoutras 30 escolas. Nenhum utiliza os pontos de Acupuncturacomo nomes, nem eram utilizados em maneira alguma. Estesrepresentam as estruturas anatómicas mais profundas do corpohumano e a maneira de as lesionar. O estilo Syournzi estabelece claramente: "Há 365 pontos no corpo humano e 360 pontos que se utilizam

para a cauterização. No estilo Syournzi se utilizam 26 pontos deataque e 24 pontos de fecho". Observem que só há 26 objectivos para atacar e 24 para

fechar..., deixando o resto como "pontos" de cura (Acupunctura) ediferenciados dos pontos de ataque.Então, como e porquê são diferentes estas duas habilidades? Em primeiro lugar e acima de tudo, o principal objectivo das

disciplinas anteriormente ditas, era como matar o oponente e oKyusho moderno se orienta só a causar disfunções físicas,incluindo a perda dos sentidos. Inclusivamente os nomes narramuma história diferente, posto que não existe o conceito da morte

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Pontos Vitais

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ou o sacrifício no Kanji, nem na terminologia do Kyusho. NoKyusho também há uma busca da reacção instantânea, coisa queestá muito longe do conceito da terminologia ou metodologiasanteriores. Então, qual é o factor determinante que separa estesdois sistemas na sua própria entidade (que não se deveconfundir)?Em primeiro lugar, nenhum está baseado nos pontos de

Acupunctura... Isto é importante, posto que muitas pessoas estãoenganadas ou pensam que este é o caso, no entanto,simplesmente não é este o verdadeiro mecanismo que está pordetrás deles... (Por favor, rever os artigos precedentes(http://www.kyusho.com/nopoint/), que explicam este aspecto emmaior detalhe. Não se baseiam no Chi, os elementos, os ciclos e outros

paradigmas médicos chineses tradicionais. Os Meridianos e osciclos são um modelo artificial, desenhado para explicar umateoria de trabalho e um método de ensino, e não uma estruturafisiológica da anatomia humana.Há quem acredite que é tão simples como um ataque aos

nervos e que se estão atacando os vasos sanguíneos, o que emparte é certo, mas está longe de toda a história ou da explicação.Uma simples ideia a considerar; o Dim Mak necessita de um certotempo para conseguir as disfunções e o objectivo final, enquantoque Kyusho é instantâneo... Só isto já indica que a estrutura édiferente e portanto, também a finalidade a cumprir. A leitura dos antigos escritos ou afirmações de efeitos e a sua

transposição às práticas modernas não são viáveis ou correctas,posto que se têm ido distanciando entre si, de maneirasignificativa e para o futuro, vemos ainda maior divergência. Istonão quer dizer que seja bom ou mau, só serve para que o leitorpoder conhecer e perceber o que está acontecendo.Como poderíamos suspeitar, as duas são habilidades, são

ataques aos processos e funções fisiológicas, mas têm varias

“Posto que Budo Internacional jádocumentou a evolução incorrectados velhos paradigmas da Medicina

Tradicional Chinesa, nós devemos agora aprofundar

ainda mais nos velhos caminhos verdadeiros, paratrabalhar com a aplicação

médica e científica documentadas e não com o novoconceito baseado na falta de

pesquisa e validação”

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Pontos Vitais

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camadas e ainda que todas se sobrepõem ou se influemmutuamente em algum aspecto, não as controlam. Uma se dirigerealmente aos órgãos de protecção inata do corpo e em parte,trabalha para proteger o resto das funções e a fisiologia. Por isso,utilizar os nomes das duas no mesmo treino é simplesmenteincorrecto. Quando se deseja um treino sério, o instrutor tem deser questionado no que respeita às similitudes, diferenças ecorrelações, para determinar se realmente conhece emprofundidade um, ambos ou nenhum dos estilos. Mas maisimportante que falar é a acção: Podem faze-lo, podem mostrá-lo epodem depois ensiná-lo? E ainda mais importante é que se possatrabalhar de maneira segura ou corrigir os problemas de saúde tãosérios que se provocam, que inclusivamente podem serpermanentes!Para melhor esclarecimento, vamos comparar os ataques do

Kyusho aos nervos e os ataques do Dim Mak ao sangue (o nívelde entrada) para ilustrar as diferenças e divergências. De novo,isto é só uma pequena amostra das habilidades e não umadescrição completa, posto que necessitaríamos de vários volumespara o fazer; em vez disso, faremos uma descrição simplificada,para que se compreender claramente.No Kyusho, quando se ataca o nervo há uma reacção

instantânea, destinada a proteger o corpo: apertando osmúsculos, afrouxando as articulações, retirar-se do ataque numareacção instantânea (reflexo) e outras protecções reflexasdiversas. Estas medidas de protecção tratam de proporcionar asfunções normais e manter a vida.Quando se ataca o nervo se pode reconhecer a diferença

inclusivamente pelas aparências externas, pois vemos umareacção muito rápida: a queda, a rigidez do corpo ou mesmo aaparência de que o receptor salta para o chão. A reanimação deveser instantânea e há efeitos secundários se durar um longoperíodo, quando não se realizar correctamente, tal e como sucedeno caso do ataque ao sangue, do Dim Mak.Usando o Dim Mak, se ataca o sangue mediante golpes ou

compressão no tecido vascular. A pressão arterial descerapidamente, para evitar um efeito mais adverso no corpo. Istoprovoca varias respostas observáveis, de tal modo que podemosdeterminar, até visualmente, o que aconteceu. Estes rasgosobserváveis são afecções retardadas, como um desmaio ou alenta debilidade do corpo, até cair ao chão. A profundidade doataque se vê quando o indivíduo derribado levanta a cabeça eestá aparentemente acordado no chão, mas não é capaz depensar coerentemente ou controlar o corpo, tem com sintomascomo náuseas, suores frios e a palidez da pele. Também seobserva que quando são levantados para sua reanimação, denovo se denota como a sua pressão arterial está alterada. Estaafecção, dura muito mais tempo que quando se ataca o nervo e oreceptor não é capaz de voltar à prática facilmente. Com ataques mais profundos, o indivíduo pode chegar a sentir os

sintomas durante uma semana ou duas. É este um processo muitocomplexo, que exige vários tipos de métodos para restaurar anormalidade e os resultados da estrutura são variáveis. Uma grandedose de paciência é requerida e uma capacitação adicional, para ter

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Pontos Vitais

acesso ao ponto com a mão ou o pé e são de restrição controlada.Também se tem de ter em consideração que os processos de

reactivação são muito diferentes e a reanimação do nervo nãoajudará ao destinatário. De facto, a posição para a realizar

inclusivamente pode ir a pior o efeito sobre o mesmo.De maneira que, há muito mais que as pessoas têmtendência a ignorar ou negar, quando falam doprocesso em que trabalham...

Como portadores do brandão da técnica,devemos assegurar-nos que somosprecisos na descrição, potentes naaplicação e conscientes transmitindo ainformação correcta às futuras gerações.

Devi dizer que, na minha opinião, oDim Mak não é o melhor métodopara a defesa pessoal na nossasociedade moderna. O Kyusho émuito mais aplicável, instantâneo enão magoa ou ameaça a vida. Noentanto, ambos devem serestudados (nem que só seja porseu valor histórico e a sua

perspectiva), para conhecercompletamente o valor dequalquer dos dois.

Certamente se podeadquirir uma habilidadeem Kyusho sem estudar

os originais do Dim Mak, noentanto, após estudar o Dim

Mak, tanto por separado como emcorrelação com o Kyusho, se podealcançar uma nova compreensão ecapacidades significativas.Além de apreciar plenamente as

formas antigas (tanto de uso históricocomo prático), é preciso compreenderestas diferenças. A leitura do Kyushonestas formas é incrivelmente boa e ajudao praticante a desenvolver-se mais emlinha com a forma original, mas paraapreciá-las e compreende-las, deve devoltar à intenção original... e isso não é oKyusho moderno. Entretanto, o Kyusho émais rápido e mais seguro de usar e requermenos habil idade para ter acesso aospontos; portanto, proporciona maiorhabilidade para a defesa pessoal nos temposmodernos.A habil idade ou o esti lo que poderão

escolher, dependerá das próprias metaspessoais. Estes sistemas podem ser estudadosem conjunto, mas por favor, primeiro conheçamtodas as ramificações e especialmente, as

medidas de recuperação.

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“O ponto vital em Taekwon-Do se define como qualquer área sensívelou frágil no corpo, vulnerável a um ataque. É essencial que o estudantede Taekwon-Do tenha um conhecimento dos diferentes pontos, para quepossa empregar a ferramenta de ataque ou de bloqueio adequada. Oataque indiscriminado é condenável, por ser ineficiente e um

esbanjamento de energia”. - General Choi Hong Hi, ENCYCLOPEDIA OF TAEKWON-

DO, Volume II, pag.ª 88. Actualmente, o Taekwon-Do é uma das artesmarciais mais estendidas e profissionais do

mundo, (fundada em 11 de Abril de 1955, peloGeneral Choi Hong Hi), continua prosperando,

inclusivamente após o falecimento de seufundador, em Junho de 2002.

Com o tempo, os factores desportivosforam prioritários e grandede parte dosmétodos originais de auto-protecçãoforam ignorados ou descartados. Nosdocumentos escritos originais do GeneralChoi, grande parte da atenção, aestrutura e mesmo o uso dos pontosvitais "Kupso" (ou Kyusho), assim como odesenvolvimento de armas para ter acesso

a eles, foi apontado mas nunca foitotalmente ensinado. Kyusho International

desenvolveu um programa para iluminar,educar, integrar e desenvolver esta

inacreditável Arte Marcial, voltando aosconceitos de seu fundador. Este novo programa

conta com o pleno apoio do filho do fundador, ChoiJung Hwa. O objectivo desta série é para pesquizar os

padrões (Tul), que se realizam de acordo com os preceitos dofundador na "Enciclopedia do Taekwon-Do" (os 15 volumes escritos

pelo General Choi Hong Hi, incluindo os "Pontos Vitais"). Através destaestrutura, o Kyusho se integrará inicialmente e de novo no Taekwon-Do.

Kyusho International se sente orgulhoso por estar presente nesta tareade colaboração monumental e histórica.

Ref.: • KYUSHO20 Ref.: • KYUSHO20

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coincidem com a que aquimostramos,

trata-se de uma cópia pirata.

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s mestres mais velhos são claros quandoafirmam que uma técnica deve funcionar.Como assim funcionar? Como seria estefuncionar dentro do raciocínio do Iaijutsu?Toda técnica possui uma efectividade que seinicia no pensamento e, a partir daí, indica o

corpo deve se proceder para que o comando seja de todorealizado; todavia, dento deste raciocínio – efectividade -,existem dois pontos a se questionar: velocidade ouestratégia? Certamente que, ainda que se completem,devemos separar bem estas duas vertentes.

A velocidade é o centro da realidade diante do perigo quedeve ser acompanhada de um treinamento de intensodesenvolvimento da força interior que se manifestará nomomento dos cortes, tornando-os limpos e eficientes -empíricos!

A estratégia, por sua vez, é via de acesso às defesas doinimigo; é a ferramenta necessária para tornar efectivo todosos movimentos em uma visão verdadeira, diferente dasformas praticadas nos Kata, a arte de criar o céu e o infernoem um único momento; é simples:

O subconsciente humano registou o passado, tãoduramente vivido, e agora o restitui com as impressões queele gerou, nesta forma de instintivo terror. Desenvolveram-seas melhores estratégias para que a vitória fosse assegurada.Alguns chegavam a treinar com diferentes cores de kimonosacreditando que estas influenciariam em sua alma e espírito.Se olharmos pelo prisma histórico e antropológico, de fato, énesse passado biológico involuído que o povo japonêsbuscou as figuras demoníacas, de que se julga povoado o

inferno, reconstruindo-se o ambiente em que elas se movem.Daí, diversos termos relacionados aos Kata que, em suamaioria, carregavam nomes poéticos. Um amigo que assistiua um filme chamado “The Hiden Blade” me perguntou acercadestas nomenclaturas, haja vista que no filme utilizam o termo“garras do diabo”.

Nesta analogia com a arte da espada praticada emrealidade, os diabos são, com efeito, seres extremamenteinvoluídos, monstros pré-humanos, com pêlo, rabo, garras,chifres, presas, como os animais: seres ferozes, capazes detodas as crueldades. Mas este era apenas o estado dohomem primitivo, indefeso, a mercê das feras e dosfenómenos naturais, num planeta que ainda era teatro dedesencadeamento caótico de forças primitivas. Significa queo Espadachim deveria se tornar tão feroz a ponto detransformar seu espírito e depois retornar à pureza anterior.Os mestres explicavam que a terra situada em baixo, campode tantas lutas, continha muitos perigos de morte. Do céu, noalto, vinham luz e calor, trazendo a vida. Em baixo, dor; emcima, alegria. A passagem do primeiro ao segundo nível dealtura forneceu a imagem, e formou a ideia da subida que seeleva do inferno ao paraíso. Assim a evolução foi concebidacomo um processo de redenção, que significa libertação damatéria baixa e suas dores, para conquistar a felicidade docéu. Pensou-se no inferno como em algo que deve estarsituado em baixo, fechado nas tenebrosas e incendiadasvísceras da terra, enquanto se concebeu o paraíso comosituado no alto, povoado de seres livres e alados, nosluminosos espaços do céu; haja vista que o universo espiritualjaponês é visto de maneira ortodoxa e vertical.

Iaijutsu - da funcionabilidade, céu e inferno!...

O

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Bugei

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Muitas foram as escolasque guardaram em suastécnicas secretas termosque indicavam esteparalelo. O grande mestreda arte da espada deveriaser capaz de cortar a almade seu oponente; issosignif ica, no sentidofigurativo, descer aosinfernos e subir aos céus...Extremo poder!

Prometi a um queridoamigo mestre de Shindo Muso Ryu que escreveria sobre oassunto, e assim o faço, em profundidade, como forma derespeito pela competência de sua pessoa.

Chisai... Termo em japonês que significa pequeno. Dentroda compreensão, a linha que atravessa o momento em que amente se encontra só; o momento em que ela busca aexplicação do momento; da verdade que impulsiona o saqueda espada. A coragem que faz com que a lâmina deixe aSaya... Este é um estado de solidão; de expansão e retracção!Se a mente não está completamente só, não há libertação, domomento, do corpo, do espírito, das verdades e inverdades...Só quando a mente é capaz de sacudir de si todas asinfluências, todas as interferências quando é capaz de estarcompletamente só, independente, desacompanhada, livre detoda influência do inimigo que só existe em sua mente... Livreda expectativa do certo e errado; da melhor estratégia a serempregada! Em verdade, neste estado, não há estratégia, nãoexiste vazio, não existe o momento. Mergulhamos no vácuoda incerteza do combate, da espada viva e verdadeira. Sónesse estado de solidão há libertação da mente; somente

neste estado aespada se tornaperigosa, viva...Tenaz! Entretanto,esse estado desolidão não écompreensível aoespírito medíocre,aquele que repeteapenas os gestos domestre; a mente quese exercita numaactividade, na

técnica, na maneira de fazer qualquer coisa. Não há estilo,não há caminho!

Para a espada jovem, resta apenas a dúvida diante doMetsuke; dúvida sobre onde encontrar a perfeição. Para osmais sábios, o estado completo diante do Metsuke advém dofato de como definimos o que seja perfeição. Dissemos, noentanto, na viagem que a mente executa no momento dacompreensão, que eram livres os que viviam num sistemahierarquizado - Samurais. Seria tudo preso no Hara? Paraquem estuda o Haragei, metsuke e Hara estão intimamenteligados; paralelo ao Hara está o estômago, o que nos remeteà dúvida deste meu grande amigo: a profundidade encontradaentre o alimento adquirido e o metsuke.

O estômago é perfeito no que tange a sua função digestiva;o coração também o é em virtude de sua função no sistemacirculatório. Além desta perfeição individual participamindirectamente da perfeição total do organismo através dofuncionamento harmónico do todo: este é o ponto quebuscamos no fechar dos olhos, no balbuciar de nossaspalavras em comunhão com o todo!

“Uma vez que o Hara é contraído,fechamos os olhos para

sentirmos a energia interior e, através dela,

viajarmos na elaboração domovimento em nossa mente”

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A resposta é simples: oestômago para o Mestuke éo símbolo do ego; nocaminho da espada, oegocentrismo subentende oconceito de liberdade e deseparação. Já o amor, aconsciência, a libertação damente quando executa omovimento, representa aunião; ao mestre, é a força reequil ibradora da unilateralidade doegocentrismo. Se assim nãofosse a técnica original seria uma unidadedesequilibrada.

Mas aos olhos do aluno oque seria a perfeição no caminho da espada? Digo que, aomesmo tempo em que concluímos que a perfeição está noequilíbrio entre duas forças opostas e complementares, nãopodemos cercear a manifestação isolada de qualquer umadestas duas forças. Assim, num sistema perfeito é direito damente, da consciência, dos olhos que se cerram buscandover com os olhos da alma, a prática e o uso de seus atributos.Se o equilíbrio fosse determinístico não existiria a liberdade enem o sentimento, e desta forma o Sistema seria umaimposição escravista. Metsuke, ao contrário, significaliberdade... Da mente, do coração, de si mesmo.

É simples, feche os olhos! Veja o que existe em suaconsciência neste momento. Perceba o posicionamento realde sua espada. É aí que está: não sua espada material, e simsua consciência acerca de sua espada interior como

manifestação técnica. Aespada em si é apenas oobjeto que representa aferramenta necessária parauma prática de guerra.Todavia, ela parada, deixadaem algum lugar, éinofensiva! A dualidadeentre o imaginativo e o realse torna o ponto deinteração na dissolução doEgo; da importância doobjeto que substitui, para osmais leigos, o processo queo manipula.

No caminho da espada,ao buscar, ao observar dedentro para fora, do “Tsuka”

para o “Kisaki”, há o eixo que estabelece esta busca-consciência, o eixo que promove a evolução técnica; o olhoque busca e a mente procurada; portanto, dualidade. E quepoderemos achar dentro do amplo sentido que estabelece ocaminho quando a espada é abandonada? Que tipo de "eu" éo que busca?

Desembainhar uma espada significa expressar seu desejo.Entretanto, se olharmos em nível de “Jutsu”, de uma buscapelo real e imediato, no momento em que a consciênciaexpande e abrimos nossas verdades para olhar de frente omanifesto das emoções, sabemos que talvez seja perigosoagir sob estas influências, embora não tenhamos força nemclareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprendera arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o queestamos fazendo e acalmando nossas emoções. Fazer ebulir

“Logo após fecharmos osolhos e sentirmos toda a

energia do corpo em um únicoinstante do Metsuke,

percebemos um pequenointervalo de tempo entre oabrir os olhos e o iniciar

através do saque da espada”

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o todo para depois fazer cessar!São estágios mais altos de

espiritualidade que encontramos odesenvolvimento das potencialidadescriadoras, nas manifestações daNatureza individual de cada um!

Ou podemos ver de outraforma:

Logo após fecharmos os olhos esentirmos toda a energia do corpo emum único instante do Metsuke,percebemos um pequeno intervalo detempo entre o abrir os olhos e o iniciaratravés do saque da espada. É destepequeno momento que falaremosagora.

Uma vez que o Hara é contraído,fechamos os olhos para sentirmos aenergia interior e, através dela,viajarmos na elaboração do movimentoem nossa mente. Neste momentoiniciamos um longo caminho do fluxo daenergia do Hara até explodir em formade movimento. Este caminho percorridopela energia é chamado de“ShuuChuuDou” – que em japonês seriao mesmo que concentração - o caminhoque conduz a força em concentração.Muitos dos Tatsujin – especialistas -afirmam que é possível sentir a forçainterior percorrendo por esta via antes

de se transformar em Nuki (saque), ouKiri (corte).

Neste único momento entre o abrirdos olhos e o saque da espada,rejeitamos totalmente a autoridadeexterna, percebendo que essaautoridade é uma das causas dadesordem. Através do Metsukedissolvemos a dúvida, o medo e oreceio, e em um único movimento, tudoestará decidido. Sem esta libertaçãointerior antes do saque, uma pessoasegue, aceita, obedece, essencialmenteporque tem medo — medo de nãoalcançar os seus fins, de errar ocaminho, o saque, o corte, etc.

Assim, o intervalo, o espaço, que étempo existente entre a pessoa e aespada, desaparece e a pessoa ficadiretamente em contato com o fato; sóhá o fato, e não há vós, comoobservador do fato. Várias coisasocorrem nesse processo: elimina-secompletamente o conflito quando oobservador é a coisa observada (porqueentão o observador é o próprio medo) eficais com toda aquela energia queassume a forma de medo.

A coragem samurai era trabalhada dedentro para fora. Uma vez que não háintervalo entre vós e o fato, uma vez quea energia sois vós e a espada, não háconflito nenhum. Durante o ato que

antecede o Metsuke não há açãopositiva em relação ao medo. Não háação positiva de espécie alguma, porémapenas um estado de observação, depercebimento do fato, de realpercebimento do que é, pois a imagemfoi eliminada.

Quando se vê, exteriormente einteriormente, toda esta desordem — aconfusão, a aflição, a solidão, a total faltade significação da vida, tal como avivemos — pode-se conceber idéiasmaravilhosas, porém essas idéias sãomeras invenções, teorias. O presente atode sacar a espada dissolve toda a ilusão!

Um monge perguntou a Ta-chu:"São as palavras a Mente?""Não, as palavras são condições

externas. Elas não são a Mente," disseo mestre.

"Então onde, fora das condiçõesexternas, podemos encontrar a Mente?"

"Não há Mente além das palavras,"declarou o sábio.

"Não havendo Mente independentedas palavras, o que é afinal a Mente?"

perguntou o monge, confuso."A Mente é sem forma e sem

imagens. Em verdade, ela nem dependenem é independente das palavras. Éeternamente serena e l ivre em seumovimento."

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Kihon waza (técnicas básicas) es la parte másimportante del entrenamiento de cualquier Arte

Marcial. En este DVD el Maestro SueyoshiAkeshi nos muestra diversas formas

de entrenamiento de Kihon conBokken, Katana y mano vacía.

En este trabajo, se explica enmayor detalle cada técnica,para que el practicantetenga una idea más clarade cada movimiento y delmodo en que el cuerpodebe corresponder altrabajo de cada Kihon.Todas las técnicas tienencomo base común laausencia de Kime (fuerza)

para que el cuerpo puedadesarrollarse de acuerdo a la

técnica de Battojutsu, y sibien puede parecer extraño a

primera vista, todo el cuerpodebe estar relajado para conseguir

una capacidad de respuesta rápida yprecisa. Todas las técnicas básicas se realizan

a velocidad real y son posteriormente explicadaspara que el practicante pueda alcanzar un niveladecuado. La ausencia de peso en los pies, larelajación del cuerpo, el dejar caer el centro degravedad, son detalles muy importantes que elMaestro recalca con el fin de lograr un buen niveltécnico, y una relación directa entre la técnica basey la aplicación real.

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CHUCK NORRIS, RECOR-DANDO O DRAGÃO….

Quando Bruce Lee conheceuJohn Benn, o “padrinhomafioso” de “O furor doDragão”, disse a ele: "John,não te farei rico com a fita,mas far -te-ei famoso...”Efectivamente, ninguém ficourico com ela, mas com a famae reconhecimento queobtiveram a seu lado, viveramdas “rendas” durante anos,pelo menos a grande maioriados que tiveram a “sorte” deo encontrar em seu caminho.Possivelmente, Chuck Norrisnão tenha sido umaexcepção….

I n q u e s t i o n a v e l m e n t e ,“Operação Dragão” é oclássico por excelência docinema das artes marciais, noentanto, o melhor combatedeste género na história dasétima arte é o que mantémBruce Lee contra ChuckNorris, no Coliseu romano,em “O furor do dragão”. Nãoem vão foi catalogado em seumomento como o combate doséculo e efectivamente foi eainda é, pois até hoje não foisuperado em nenhum outrofilme e apesar de ter filmadofaz já mais de 40 anos…

Após falecer Bruce Lee, o trono do“Rei das artes marciais” ficou vazio,parecia que nenhum oriental tivesse osuficiente talento para ocupá-lo, então,Hollywood procurou uma alternativa. Porlógica, o único ocidental com fama econhecimentos marciais para o ocuparnaquela época, era Chuck Norris. Oprimeiro actor ocidental do denominadocinema de artes marciais abriu umcaminho em Hollywood que anos depoisseguiriam outros actores, como StevenSeagal, Jean Claude Van Damme, JeffSpeakman, Wesley Snipes, etc. Antecipando-se ao declínio do

cinema de artes marciais, Chuck Norristriunfou primeiro nos Estados Unidos edepois no resto do mundo, com Walker,Texas Ranger, série da televisãoconstituida por três capítulos pilotos de90 minutos e 200 episódios de 45minutos. Nela apareceram grandesestrelas e versados em artes marciais.Sem dúvida, quem proporcionou a

Chuck Norris a oportunidade de entrarna sétima arte foi Bruce Lee, ocasiãoque não desaproveitou e devido àssuas acertadas decisões e sorte,

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Texto: Gladys Caballero & Pedro Conde.Fotografia da capa: Michael Tudela.Fotografias do artigo: Pedro Conde.

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possivelmente seja o actor mais respeitado do cinema marcial, pelo menos naAmérica do Norte, onde é uma instituição, mas, como nasceu a amizade de BruceLee e Chuck Norris?“Conheci Bruce Lee em 1968, em Nova York. Foi no campeonato All

American Grand Championship, que se realizava no Madison Square Garden.Eu competia e ele era uma celebridade. Quando venci, o promotor meapresentou a Bruce Lee. Apesar de eu saber quem ele era e ele me ter vistoem torneios, não tínhamos tido ocasião de nos conhecermos pessoalmente.Eu assistira à sua grande demonstração no Campeonato Internacional deLong Beach em 1964 e conhecia o seu trabalho como actor na série datelevisão Green Hornet. Bruce deu-me os parabéns, reconhecendo asdificuldades de vencer Joe Lewis na final do campeonato. Falamosamigavelmente e descobrimos que estávamos hospedados no mesmo hotel.Eu tinha estado lutando desde as 10:00 horas e já eram quase as 23:00, estavamuito cansado, mas desde fazia tempo que queria conhece-lo. Começamos afalar e a trocar impressões acerca de filosofias e técnicas e depois, juntosentramos em um táxi. Estávamos realmente implicados na conversa.Chegamos ao elevador e paramos no seu andar, ele estava no 7º e eu no 9º econtinuamos conversando. Quando saí do elevador e parei no corredor, eramquase meia-noite e a próxima coisa que sei, é que tirei o casaco e começamosa treinar… Juro que quando de novo olhei para o relógio eram sete damanhã… Bruce era tão dinâmico que a mim me pareceram só vinte minutos!Foi incrível que ninguém chamasse a segurança do hotel, queixando-se dedois malucos fazendo movimentos estranhos no corredor. Não podiaacreditas… Dali a duas horas eu tinha um voo marcado para Los Angeles! ‘Nãofaz mal’ - disse Bruce –‘quando voltarmos vamos treinar juntos’. Pouco tempo depois, ele me convidou para treinar no pátio de sua casa

em Culver City, Califórnia. Bruce tinha todo tipo de equipamentos no seupátio, incluindo um manequim de madeira que ele próprio tinha feito, umposte coberto com palha, para praticar os golpes, petos e luvas de Boxe.Treinávamos duas vezes por semana, de três a quatro horas de cada vez.Fizemos isto durante dois anos. Bruce me ensinou algumas das suas técnicas de Kung Fu e eu lhe ensinei

alguns dos pontapés altos do Tae Kwon Do. Uma anedota significativa é quequando Bruce e eu começamos a treinar juntos, ele não pontapeava alto,seus conceitos se baseavam em o fazer por debaixo dos quadris, pelo quelhe ensinei a dar-lhe uma certa altura. Eu fui quem o ensinou a pontapearalto. Bruce era da opinião que dar um pontapé na cabeça era o mesmo quebater com um soco nas pernas, o que não deixa de ter lógica e nisso, elebaseava o seu trabalho de pernas no Jeet Kune Do; mas eu lhe disse que sedevia ter a habilidade suficiente como para pontapear qualquer lugar eassim, lhe ensinei os pontapés altos, em rotação, etc., e claro está… eleaprendeu muito depressa! Tinha um dom especial para aprender e assimilar. Em menos de seis

meses podia executar esses pontapés tão bem quanto eu e as adicionou aseu repertório com tremenda eficácia. Acredito que a grande versatilidade deaparelhos de treino que ele possuía, contribuía enormemente para isso.Nesse terreno, ele levava anos por diante a todos nós. Além disso, Bruce eraextremamente competente e sábio nas artes marciais e quilo por quilo, umdos homens mais fortes que jamais tenha conhecido”.Chuck Norris guarda grata recordação daqueles anos de treino, realizando em

ocasiões surpreendentes declarações acerca deles… “Certamente, Bruce Lee foi um pioneiro no Full Contact, foi o primeiro a

utilizar luvas e protectores, quando na América só se conhecia o Karate,mas... (Chuck Norris sorri e diz) nunca lutou. Treinei com sele durante doisanos e nunca lutou comigo. Eu dizia: "Bruce, vamos fazer umcombatezinho", e ele respondia ‘Não. Pratiquemos técnica, técnica e maistécnica...’, pelo que nunca tive ocasião de me medir com ele. Sempre faziatécnicas swash!, e isso era tudo”. (Norris executa duas técnicas rápidas depunho e volta à posição).Mais de um leitor deve querer saber o motivo de nunca terem lutado? O que

faziam naqueles treinos? Naquela época, além do makiwara, poucos aparelhos seempregavam nas artes marciais, Bruce Lee foi um pioneiro e um inovadoradaptando equipamentos de outros desportos, inclusivamente, inventou edesenhou alguns aparelhos para optimizar seus treinos. Chuck Norris, àsemelhança de outros versados em artes marciais, estava de acordo em que com

eles se obtinham grandes resultados em um breveperíodo de tempo. “Bruce Lee tinha um equipamento magnifico

para treinar e fazíamos isso, só treinar: saco deBoxe, pontapés e todo esse tipo de coisas. Nuncalutamos juntos, eu era um lutador profissional e

Reportagem

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ele não, mas era bom, muito bom. Muito provavelmente,em um combate a serio eu teria ganho, mas Bruce Leenão queria chegar a isso e… eu também não queria”.Curiosamente e apesar do que alguns pensam, a primeira

vez que Bruce Lee chamou Chuck Norris para participar emum filme, não foi em “O furor do dragão”. A sua estreia nocinema foi devida a Bruce Lee, mas foi na longa-metragem“A mansão dos sete prazeres”, filme protagonizado porDean Martin, Elke Sommer e Sharon Tate, no qual, o Dragãoera o coreógrafo da cenas de acção e a rodagem teve lugarem Julho de 1968. Os começos de Chuck Norris no cinema não foram muito

incentivadores… “Pouco tempo antes do campeonato internacional,

recebi um telefonema de Bruce Lee e me disse quetinha conseguido um contrato como coordenador deduplos para o filme “The Wrecking Crew”,protagonizada por Dean Martin e Elke Sommer. “Há umpequeno papel e penso que tu o havias de fazer muitobem” - me disse Bruce. Serás o guarda-costas de Elke,lutarás contra Dean Martin e tens uma frase no diálogo.Estás interessado? Claro que sim, respondi. Ainda quenão soubesse nada de interpretação, pensei que seriabom tentar. Ele me disse a data em que tinha de meapresentar no estúdio de gravação e era um dia depoisdo Campeonato Internacional”.Chuck Norris não queria que lhe tocassem a cara para

não ir às filmagens com o rosto cheio de nódoas negras,

por isso, na final, nos vestuários disse a Skipper Mullins, okarateka número três no ranking a nível nacional: “Amanhã terei o meu primeiro papel em um filme.

Bate no meu corpo, mas não toques na minha cara”. Aoque este lhe respondeu: “Muito bem, mas ficas em dívidacomigo”. Obviamente, Skipper não manteve a sua palavrae depois de marcar-lhe uma série de pontos, deu a ChuckNorris um forte golpe no olho. Norris iria ganhar o torneiomas levou para a rodagem uma desagradável recordação… “No dia seguinte cheguei às filmagens com uma

nódoa negra que custou uma hora para a maquilhagema cobrir. Estava fascinado quando entrei no estúdio defilmagem, para me preparar para a minha estreia.Nunca antes tinha estado em um estúdio de filmageme não sabia o que esperar. O estúdio era uma naveimensa e o lugar onde estávamos trabalhando eraenorme e com tetos muito altos, luzes enormes ebrilhantes e cabos por todo lado. Dezenas de pessoasiam e vinham como formigas e eu me perguntavacomo se poderia fazer uma fita com tanto caos.Rapidamente o director começou a mandar e nós nospusemos a trabalhar. Como muitos nesse tempo, eunão sabia nada de rodagens, pensava que osrealizadores dos filmes só acendiam uma câmara e osactores faziam os seus papeis, como se faz nasescolas secundárias. Estava muito enganado… Cadacena demorava umas duas horas em ser filmada. Asluzes deviam reajustar-se, os ângulos da câmara

Cinema Marcial

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revistos e os actores deviam ser leccionados esituados em seus lugares. A minha estreia no cinema se reduzia a uma frase. No

filme, Dean Martin entrava em um clube nocturno, eutinha de estar em pé, na frente dele e dizer-lhe: Comlicença, senhor Helm! A sequência terminava com umaluta entre o Dean e eu. Durante semanas antes dafilmagem, repeti essa frase uma e outra vez, enquantome olhava no espelho da casa de banho, tratando deencontrar o melhor tom para dizer a frase. Quando ascâmaras começaram a filmar, Dean Martin entrou atempo. Quando o vi aproximando-se, senti como aminha garganta e o meu corpo ficavam rígidos. Disse afrase como um suspiro: Com licença, senhor Helm!Dean Martin parecia não ter notado a minha voz rouca eobedientemente, deu-me a pistola. Pensei: Aqui acaboua minha carreira artística! Nem sequer uma fraseconsegui dizer correctamente!”Com tantas horas treinando juntos, foi inevitável que

nascesse um grande apreço entre ambos, onde o respeito ea empatia estavam sempre presentes, e não é de estranharque compartilhássemos confidências e sonhos:“O seu mais grande atributo e era talvez seu pior erro,

era ele mesmo: Bruce Lee vivia e respirava artesmarciais. Fazia das coisas mais mundanas e comuns davida, algo que tivesse a ver com o treino das artesmarciais. Não sei bem se sabia o que era relaxar-se.Fomos bons amigos, o suficiente como para que me

contasse qual era o seu sonho: ‘Chuck, quero ser umaestrela de cinema’ - me disse ele - ‘Tudo quanto estoufazendo é com esse objectivo’. Bruce estava treinando avárias celebridades, como Kareem Abdul Jabarr, JamesCoburn, Lee Marvin e Steve McQueen. Seus estudantesfrequentemente o recomendavam para pequenos papeisnos filmes e Bruce tinha trabalhado como duplo emvárias delas. Mas não estava satisfeito sendo o duplodas estrelas, queria que o seu nome aparecesse emdestaque nos cinemas e com a motivação que Brucetinha, sem dúvida conseguiria!”.Abrir um caminho em Hollywood não era fácil,

especialmente para um oriental. Naquela época não existianenhum actor asiático que protagonizasse uma produçãonorte-americana. Seguindo o conselho de seus amigos,Bruce Lee aceitou um contrato com a Golden Harvest, paraprotagonizar dois filmes que se filmariam no SudesteAsiático.“Bruce foi para Hong Kong, para continuar a sua

carreira como actor e durante dois anos, nada soubedele. Uma manhã me telefonou desde Hong Kong e medisse: ‘Chuck, fiz duas fitas em Hong Kong e têm sidoum grande êxito de bilheteira. Acabei agora a história deuma fita que vou filmar em Roma, no Coliseu’ - disse-me ele com emoção: ‘Dois gladiadores lutando até àmorte! O melhor de tudo é que nós mesmosprepararemos a coreografia. Te prometo que a luta seráo momento culminante da fita; quero fazer uma cena de

luta que o mundo inteiro vai recordar’.Genial! - respondi eu - Quem vence?perguntei: Bruce disse rindo: Euuuu! Eusou a estrela! Ah, vais a vencer o actual campeão

mundial de Karate?Não, respondeu Bruce. Vou matar o

actual campeão mundial de Karate! Ri e me comprometi a fazer a fita,

aceitei participar nela porque sabia quese Bruce estava implicado nela, nãoseria uma parvoíce. Sempre respeitei asua maneira de fazer as coisas eparticularmente admirava a suainsistência na perfeição e realismo nasartes marciais”.Três semanas depois, Bruce Lee

telefonou outra vez a Chuck Norris,informando-o de que a filmagem da fitacomeçava e perguntou se estava prontopara viajar a Roma. Chuck Norris naquelemomento passou a saber de que o seupapel era o de um lutador remunerado, umartista marcial contratado para dar umasova em Bruce Lee. “Nunca antes tinha viajado à Europa e

pedi a Bob Wall, bom amigo meu e meusócio das academias de Karate, que meacompanhasse. Quando chegamos aoaeroporto Leonardo da Vinci, em Roma,Bruce estava à nossa espera com aequipa de filmagem, para nos gravarquando descêssemos do avião. Brucequeria usar a cena da chegada comoparte da fita. Como Bob vinha comigo,Bruce decidiu que ele também entrassenela. Tinham passado dois anos desdea última vez que vira Bruce, mascontinuava a ser tão cordial comosempre. Não se envergonhava daafeição masculina e deu-nos um grandeabraço antes de nos levar até o carro. Para a cena no Coliseu queria que se

visse um formidável oponente. Eu

Reportagem

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pesava 73kg, que comparados com os seus 65kg faziampouca diferença e ele queria que eu engordasse 9 ou 10quilos. Por fortuna, o meu metabolismo era muito lentoe podia aumentar 3 ou 4 quilos em menos de umasemana, se diminuísse os meus exercícios edescuidasse a minha dieta. Eu disse: Estupendo! Possocomer até me fartar, por conta da companhia! Bob e eu passamos duas semanas passeando como

típicos turistas, visitamos templos, como a Basílica deSão Pedro no Vaticano, monumentos como a Fontanade Trevi e os belos jardins de Villa Borguese. Encontrei um restaurante onde podia comer macarrão

e gelados até me fartar, o melhor gelado que eu tenhacomido na minha vida. Quase todas as noitesjantávamos na Taverna Flávia, no Trastevere. Logocomecei a aumentar de peso, conseguindo o objectivono tempo marcado”.As rodagens de “O furor do dragão” começaram a 10 de

Maio de 1972. Contava com um orçamento inicial de350.000 dólares. A equipa começava a trabalhar às seis damanhã e acabava às seis ou às oito da noite, dependendodo dia. Os primeiros dias, Bruce Lee se dedicou a filmar as cenas

de exteriores que requeria o filme, gravando em algumasdas ruas e praças mais representativas de Roma, como ViaVeneto, os Jardins da fonte de Tivoli, Piazza Navona, etc.Quando acabou, combinou com Chuck Norris para gravar ocombate no Coliseu. Como não tinham licença para filmarno anfiteatro, meteram em sacolas de viagem uma câmara

e o equipamento necessário para filmar, dando uma gorjetaaos guardas para estarem “distraídos” e começaram atrabalhar…“Bruce e eu fomos ao Coliseu para apurarmos os

detalhes para a grande cena da luta. Era um sentimentoestranho, estar junto dele em um dos túneis quelevavam até a arena. Lembrei-me de filmes comoEspartaco, onde Kirk Douglas lutou na arena e sentirespeito pensando nas verdadeiras lutas à morte queregularmente se faziam no Coliseu, para entretenimentoda população romana. O Coliseu era maior e mais impressionante do que

imaginara. Nos sentamos em um dos assentos de pedrada arena e discutimos a cena. Bruce fez anotações paraos ângulos das câmaras. Ele apresentava a cena demaneira a parecer como se fôssemos dois gladiadoreslutando um contra outro. Como nós mesmos estávamosencarregados da coreografia, ele me perguntou: O quequeres fazer? E eu disse: Bem, eu faço isto e isto,mostrando-lhe umas técnicas que pensei que seriaminteressantes. Ele achou bem e assim, ele preparou asuas defesas.Saímos à arena e fizemos sparring livre. Como nos

conhecíamos bem um ao outro, porque tínhamostreinado juntos durante muito tempo, a cena saiuperfeita. Nela, Bruce não fazia mais do que atacar-me,isso era tudo. Atacar-me, atacar e atacar. Tratava dedesgastar e era tudo a câmara lenta. Lembro-me delemovendo-se em volta de mim, com esses belos

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movimentos fluidos, tentando desgastar-me e quandoeu tentava atacar, ele se abaixava e esquivava o tempotodo. Finalmente, quando falhei todos os meus golpes,comecei a sentir-me cansado. Ele avançou, lançandogolpes a todos os meus pontos vulneráveis, menocauteando. Aí eu já estava completamente exausto.Depois me derribou contra uma parede e chegamos aoponto em que eu lancei um grito e Bruce me empurroucontra a parede. Esse foi o momento em que parti omeu pulso, o cotovelo e o joelho direito, caí ao chão etentava levantar-me. Assim chegamos à dramática cenaem que eu tento levantar-me e continuar lutando commuito esforço, então Bruce olhou para mim comodizendo, vamos parar, ganhei eu… Tinham situado acâmara filmando uma panorâmica da sua cara à minhacara, de um lado a outro.O que tentavam transmitir era que eu, de alguma

maneira sorria, um sorriso de agradecimento, mas nãodo tipo de sou um profissional…, de ou vences oumorres e eu preferia morrer antes de abandonar ouperder… Era esse tipo de sorriso!… Nesse momentolancei um grito e me abalancei sobre Bruce, quasevoando e ele me segurou, agarrando-me pelo pescoço.A única coisa que eu podia fazer era bater-lhe com umasérie de golpes no rim e finalmente ele me partia opescoço. Então, me deita no chão suavemente e seafasta, como sentindo pena por me ter matado. Afortunadamente, Bruce não me obrigou a ser tão

malvado, aquele era um combate entre dois

profissionais. No final da luta, quando ele me mata, metapa com a minha jaqueta do uniforme e põe o meucinto por cima, de uma maneira muito cerimoniosa erespeitosa”.O duelo levou três dias para ser filmado. O combate seria

o ponto álgido da fita. Segundo diz Linda Lee, o grandecombate com Chuck Norris tinha 20 páginas de realizaçãoescritas e foi tão cuidadosamente planejado como aexecução de um ballet profissional. Bruce Lee desenhou acoreografia em sua casa, frequentemente experimentandomovimentos com ela. A viúva de Bruce diz: “De repente,tinha uma inspiração e me dizia: Vamos lá, vamosexperimentar isto!". Todo aquele trabalho e a genialidadede Bruce Lee ficou expressado no ecrã. Acerca daquilo,Chuck Norris diz:“Foi uma cena difícil e desafiante, mas gozei mundo

fazendo-a. Apesar de Bruce ser um director novato,sabia o que queria e de que maneira a câmara devia defilmar. Tal como Bruce tinha dito, a nossa cena da lutase tornou um clássico. Na actualidade, seperguntarmos a qualquer estudante de artes marciaisacerca da sua luta favorita em um filme, quase todosresponderão que se lembram da cena da luta entreBruce Lee e eu, em “O furor do Dragão”. Éinacreditável como saiu tão bem, considerando que sótínhamos uma câmara”.Mas o que é que a faz diferente? Por que motivo uma

prestigiosa publicação norte-americana a incluiu nas 10melhores cenas de acção da história do cinema?

Reportagem

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“Na actualidade, há grandequantidade de lutas muito boas. Ocombate entre Bruce e eu era mais detipo emocional, nos olhávamos, nosobservávamos, e entre plano e plano,lutávamos. Foi isso o que fez com quea luta de “O Furor do Dragão” fossetão excitante. Bruce era muitointeligente, sempre quis expressar umsentimento na câmara, porque astécnicas que se util izaram são asmesmas que uso eu nos meus filmes,mas essa emoção que com a câmaraBruce criava no ambiente..., era muitoespecial. Geralmente, as lutas são

lutas, uns tantos golpes, mover-se,etc. Mas Bruce era realmente muitoesperto, sabia como usar a câmarapara criar emoção e tensão na luta,provocando um clímax sem igual.Nesse terreno, temos que reconhecerque era um génio”.Houve problemas de logística,

tempo, licenças e outras inúmeras

dificuldades a superar em Roma, peloque a cena de combate não foiacabada… “Bruce, Bob Wall e eu voamos

para Hong Kong para filmar o restodas nossas cenas. No dia em que láchegamos, Bruce tinha conseguidoque fôssemos os convidados aoprograma de televisão “Goza da

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noite”, o mais famoso da nessaépoca, uma versão de Hong Kongdo programa estado-unidense “TheTonight Show with Johny Carson”.Convidados pela HK-TVB, Bruce,

Norris e Bob Wall foram realizar umaexibição de artes marciais econcederam uma entrevista. Aintenção de Bruce Lee era apresentar

Norris e Bob Wall ao público de HongKong. Quando saímos à antena, oapresentador Josiah Lau, queconhecia bem Bruce Lee, lhe disse: “Bruce, a nossa audiência está

muito interessada em ti, poderíamosdizer-nos o que tens estado a fazerrecentemente? Bruce respondeu: “Raymond

Chow e eu estivemos recentementeem Roma, para gravar os exterioresdo nosso novo filme. Veio a HongKong connosco, outro artistamarcial que é campeão da Américade Karate, o senhor Norris veiodirectamente dos Estados Unidosaté Roma, para trabalhar connosco.Também há outro americanoespecialista em Karate, é o senhorBob Wall. Ambos participaram nonosso filme ‘O Furor do Dragão’. Lau disse: “Soube pelos jornais,

que Norris e Bob Wall são teusalunos, também soube que quandocomeçaram a te seguir já erampessoas famosas, que levam sendocampeões de Karate durante muitosanos. Penso que o teu JKD deve sermuito poderoso!”Bruce, abanando cabeça e mãos

negativamente, disse: “Não, não brinques comigo, eu

nunca disse que sejam meus alunos,somos amigos, quando temostempo nos juntamos e falamos deartes marciais”. Depois, Bruce Lee explicou o que

era o Jeet Kune Do e referiu diferentesopiniões sobre as artes marciais emgeral e em especial do Kung fu chinês.O público queria ver em acção oDragão, mas Bruce declinou o convitee disse: “A audiência de Hong Kong já me

conhece. Hoje vamos apresentarestes dois homens, artistas marciaisem ‘O furor do dragão’ e na vidareal, Norris e Bob Wall. Hoje, elessão os protagonistas. Devias deixarque hoje intervenham eles”. As pessoas presentes no estúdio

aplaudiram. Norris e Bob sorridentesse levantaram e perguntaram “O quequerem ver?” Como as pessoaspresentes não sabiam muito de artesmarciais, não sabiam o que respondere então Bruce disse: “¿Posso sugerir uma ideia? Em

essência, os artistas marciaistreinam quatro coisas, precisão,agressividade, rapidez e força.Penso que podemos fazer um jogopara mostrarmos a precisão de seuspontapés. Bob Wall vai segurar umcigarro na boca e Norris vai tirar-lhocom um pontapé”.

Todos acharam encantadora a ideia.Bruce juntou: “Como todos sabemos,as nossas pernas estão feitas paraandar, se queremos usá-las paraalcançar um objecto que está alto,será bastante complicado controlara nossa perna. Isto acontece porquequando levantamos uma perna, aoutra tem de suportar o peso docorpo. Pontapear de maneiraprecisa não é fácil, especialmentequando se tem de baterrapidamente em um objectopequeno. Bob tem de segurar ocigarro com a boca, pelo que seNorris não é preciso, evidentementeBob pode ser ferido na boca ou nonariz”. Rapidamente apareceu um cigarro

para Bob Wall. Norris observou Bobdurante uns segundos e depois,girou seu corpo, levantou a pernadireita e bateu no cigarro. O cigarrovoou!… Os espectadores aplaudiram mas

não estavam satisfeitos, queriammais… Acerca daquilo, Chuck Norrisdiz: “Me pediram que fizesse umas

demonstrações de artes marciais ecomecei pontapeando um cigarroda boca de Bob, quebrei umatábuas… Depois, Bob e eu fizemosuma demonstração de combatelivre. Bati em Bob com um pontapéem rotação por detrás, que foi baterem seu peito e o mandou para ooutro lado do estúdio. Todos seimpressionaram, mas Bob selevantou como se nada fosse.Quando finalizamos a exibição, oapresentador do programa quis vero protector que Bob estava usandono peito. Qual protector? - disseBob, enquanto abria a parte de cimade seu gi. A marca do meu péestava no seu peito!”Quando acabou a exibição, Lau

disse: “Muitas pessoas dizem queambos são alunos de Bruce, masBruce nega isso, ele diz que sãoamigos. Qual é a verdade?Chuck Norris, como sempre tão

respeitoso e prudente, respondeu:“Talvez ele pense que as nossastécnicas de Karate não sãosuficientemente boas e não estamosqualificados para sermos seusalunos, no entanto, nós admiramoso seu Kung Fu. Por isso, mesmo queele não nos trate como seus alunos,nós o consideramos nosso mestre”.Aquelas declarações em antena

trouxeram problemas para o colossoamericano, muitos praticantes de artesmarciais desejavam a fama, algunsespecialistas, como Lau Tai-chuen,depois de desafiar Bruce Lee a travésda imprensa, conseguiam o seupropósito. No caso de Lau, apesar denão lutar com Bruce Lee, com apublicidade obtida, conseguiu que lhe

Reportagem

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dessem um papel numa fita, mas a sua carreiracinematográfica foi efémera, apenas trabalhou em quatrolongas metragens. Alguém, seguindo o seu exemplo, tentoufazer o mesmo com Chuck Norris: No dia seguinte, em um jornal local, alguém me

desafiou para uma luta. Bruce estava espantado com oartigo que me leu ao telefone. - O que achas que devode fazer? - perguntei…Não faças caso - disse ele - A mim sempre me andam

desafiando. Quem é publicidade - mas Bob estavazangado.- Eu não sou o protagonista na fita – disse ele a Bruce

- E que tal se eu aceito? - Adiante, se é isso o que queres - respondeu Bruce. Na noite a seguir, Bob apareceu no programa de

televisão e disse à audiência: Um televidente desafiou o meu Instrutor, Chuck

Norris. Chuck é melhor lutador que eu. Por isso queroenfrentar-me eu. Quem queira que sejas, luta primeirocomigo e mostra seres um digno rival para lutar comele. A nossa luta será neste programa de televisão, paraque todos em Hong Kong vejam como te despedaço! O desafiante, quem queira que fosse, nunca apareceu

e ninguém mais me tornou a desafiar em Hong Kong”.Finalizaram a fita e Bob Wall ,junto com Chuck Norris

voltaram para os Estados Unidos e para o seu trabalhocomo instrutores de artes marciais. Ambos se esqueceramda fita; pensaram que só seria projectada na Ásia e BruceLee continuaria com sua carreira como actor, após ver econstatar a fama que tinha obtido no Oriente. Ambospensaram que Bruce se dedicaria totalmente à sua carreirae demorariam muito tempo para se tornarem a ver, mas seenganaram… “A meados de Julho de 1973, Bruce Lee veio a Los

Angeles para uma revisão médica. Telefonou-me e

combinamos encontro para almoçarmos juntos. AviseiBob Wall e nos encontramos em um restaurante deChinatown. Tenho de admitir que vi a Bruce muito bem,magro e forte. Bruce se mostrou muito optimista. Noscontou que em Hong Kong os médicos não tinhamencontrado a causa de uns desmaios que tinha tidorecentemente; esse era o autêntico motivo da sua visitaà Los Angeles. Viera para fazer umas provas em um dosmelhores hospitais de Los Angeles. Estava muitosatisfeito porque os médicos nada tinham encontrado;disseram-lhe que tinha o corpo de um jovem de 18anos. Aos seus trinta e dois anos de idade, se via emperfeitas condições físicas… Mas eu estavadesconcertado. - Bem, então se está assim tão bem, o que pensam os

médicos a causa dos teus desmaios? Bruce me disse:Tensão, suponho eu, excesso de trabalho, falta dedescanso, a mesma história de sempre. Falou-nos do esgotante trabalho da sua última

produção, ‘Enter the dragon’. Era muito optimista comos resultados. A verdade é que tanto física comomentalmente, estava em seu melhor momento. Faleidaquilo com Bob, quando voltávamos para casa. - apósum breve silêncio, diz - Foi a última vez que o vi comvida...”Pouco depois daquele almoço “O pequeno dragão”

voltou para Hong Kong. Nada fazia pressagiar osespantosos acontecimentos que se avizinhavam… BruceLee faleceu a 20 de Julho de 1973. Cinco dias depois serealizava em Hong Kong uma cerimónia fúnebre em umcêntrico e luxuoso local, ainda que pequeno, o “Kowloonfuneral Home”. Segundo os meios de comunicação, o actor reuniu umas

25.000 pessoas. Amigos, familiares, colegas de trabalho einfinitos desconhecidos se juntaram para dar a Bruce Lee o

Cinema Marcial

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último adeus. No dia seguinte estreava em Hong Kong“Operação Dragão”. Talvez os produtores quiseramaproveitar tão aziago momento para projectar o seu últimotrabalho!... A 31 de Julho, Bruce Lee é enterrado em Seattle, onde o

funeral foi mais tranquilo e íntimo. Assistiram em volta decento e oitenta pessoas, entre amigos e parentes. O féretroestava coberto de flores brancas, amarelas e vermelhas,situadas de tal maneira que formavam o símbolo do Ying-Yang. Portaram o féretro Steve McQueen, James Coburn, Dan

Inosanto, Taky Kimura, Peter Chin e Robert, o irmão deBruce Lee. Entre os amigos e familiares mais achegados, seencontrava Chuck Norris...“Quatro dias depois de ter almoçado com ele, escutei a

terrível notícia de que tinha falecido. Não podia acreditar,o tinha visto havia pouco, tão radiante e vivaz, a vivaimagem da boa saúde, da emoção e da felicidade. Comopodia ser? Os rumores acerca da sua misteriosa mortevoaram através do Pacífico mais rápido que o jet quetrouxe seu féretro. Alguns rumores apontavam a queBruce tinha falecido por ingerir marijuana, desatandoperguntas acerca do uso de drogas. Outros sugeriam quea sua bem conhecida experiência com esteróides lhecausou a morte. Outras mais falavam de que Bruce tinhasido morto com um golpe mortal de um assassinoremunerado, um especialista em técnicas orientais deassassinato. Algumas das explicações propostas sobre oseu falecimento, pareciam aceitáveis, mas a maioriaeram ridículas. Talvez os rumores eram simplesmente amaneira que o mundo tinha para dar uma explicação àrealidade; que nenhum de nós tem garantidos osseguintes cinco segundos. A vida é um presente de Deus! Naqueles dias, a versão oficial da morte apresentada

pelos médicos forenses de Hong Kong, foi um edema

cerebral causado por uma reacção hipersensível aoingrediente de uma pastilha para a dor de cabeça, muitosimilar à estranha reacção de alguns indivíduos quandopicados por uma abelha. Os médicos estado-unidensesdisseram ter sido um aneurisma cerebral. Bruce foienterrado em Seattle e devido à sua grande afinidadecom a comunidade chinesa, houve anteriormente outroserviço e funeral em Hong Kong, com uma assistênciade mais de vinte mil seguidores. Assisti ao funeral deSeattle, junto com Bob Wall, Steve McQueen e JamesCoburn, este último era um dos estudantes particularesde Bruce e fez um discurso muito comovedor nadespedida de seu mestre.Finalizado o funeral, Bob, James, Steve e eu voamos

de volta no mesmo avião, mas o voo foi extremamentesilencioso. Cada um de nós estava metido nos própriospensamentos, analisando a mensagem que para cadaum tinha a morte de Bruce. Estava na sua melhorcondição, no cimo de sua carreira e de repente, tudoacabara… Tinha alcançado o seu objectivo de se tornaruma grande estrela, mas de que lhe servia isso à suamaravilhosa mulher e aos seus dois filhos?Depois da sua morte, pensei muito acerca disto e

cheguei à conclusão de que a vida não avalia em anosmas em conquistas. Bruce tinha dois objectivos na vida:um era ser reconhecido como artista marcial, o quecertamente conseguiu, e o outro, ser reconhecido comoactor… o que também conseguiu. Bruce alcançou osdois objectivos que tinha na vida, em um curto períodode tempo de 32 anos. Muitos de nós viveremos 80 anose não conseguiremos os objectivos que nosmarcamos…”O capítulo piloto da serie “Kung fu”, foi emitido nos

Estados Unidos a 14 de Outubro de 1972 e inicialmente foiintitulado “The Warrior”. A série estava baseada na ideia

Reportagem

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original do “Pequeno Dragão”, sendo um grande êxito.Com ele, no Ocidente começa a divulgação das artesmarciais. Ironicamente, a 17 de Agosto de 1973, quase ummês depois de seu óbito, estreia em New York “OperaçãoDragão”. Dois dias mais tarde se projectaria em outrascidades norte-americanas. Começava a nascer o mito… O público pedia mais fitas de Bruce Lee. A 7 de Agosto

de 1974, quase um ano depois da estreia de “Enter thedragon”, se estreia “O furor do dragão”… “Quase me tinha esquecido da fita, quando começou

a ser anunciada nos cinemas. Quando foi estreada noSul da Califórnia, muitos dos meus alunos seapressaram a ir vê-la. N manhã seguinte, numa dasminhas escolas todos olhavam para mim como se nãoacreditassem que de verdade Bruce não me tivessematado… Foi muito divertido, podia perceber queestavam impressionados pelo que tinham visto. Pensoque se poderia dizer que as cenas da luta de “O furordo dragão”, foram o máximo em realismo e perfeiçãode qualquer fita de artes marciais que um seguidortenha podido ver. Certamente, Bruce Lee descobrirauma fórmula triunfadora para seus filmes. Os cinemasestavam lotados por quem queria ver os seus filmes. Oorçamento de “O furor do dragão” tinha sido de$240.000 dólares e rendera mais de oitenta milhões dedólares em todo o mundo”.A imagem de Chuck Norris lutando contra Bruce Lee

apareceu em numerosas publicações. No Ocidente

começaram a aparecer inúmeras fitas de artes marciais. Denovo, o colosso americano foi contratado em 1974 pelaGolden Harvest, para voltar a interpretar ao vilão de “Otigre de São Francisco” (Slaughter in San Francisco &Karate cop). No Sudeste Asiático os estúdios procuravama um sucessor de “O Pequeno dragão”, mas não aparecianenhum. Quando o género começou a declinar, estrearamfilmes de clones de Bruce Lee. Chuck Norris nunca pensou em se tornar uma estrela de

Hollywood, de facto, pouco depois de acabar “The turn ofthe dragon”, trabalharia numa modestíssima produçãonorte-americana intitulada “The Student Teachers” (1973) evoltaria a se dedicar às suas aulas e ginásios. Em 1977protagonizou por primeira vez uma longa-metragem,intitulada “O poder da força” (Breaker, breaker). Um anodepois estreava “Os valentes vestem de preto”. Porprimeira vez, na promoção e publicações, era anunciadocomo “o sucessor de Bruce Lee”. No Ocidente, o públicoestava farto de tantas produções chinesas e necessitavaum novo herói… O resto é história… Ao principio da suacarreira era inevitável que o comparassem com Bruce Leee perguntassem por seu estilo de luta… “O Jeet Kune Do é um sistema genial, mas temos de

reconhecer que estava feito só para Bruce Lee. Para odesenvolver, introduziu dentro de um mesmo sistemade luta todas aquelas técnicas que conhecia através deoutros mestres e especialistas. Também extraia muitosconhecimentos da sua grande biblioteca, mas repito, o

Cinema Marcial

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Jeet Kune Do era idóneo só para ele; não é um sistemaque outro pudesse pôr em prática, pois para o fazer senecessitava a sua genialidade e o seu talento e isso,ninguém tem. Por estas razões posso assegurar queBruce Lee era o JKD e o JKD era Bruce Lee. Bruce não deixou um sistema de luta que os seus

alunos pudessem seguir, nem sequer o pode fazer DanInosanto, porque variava tanto e era tão complexo quenunca chegarei a saber se existe um sistema comregras e bases que possam ser seguidas para alcançara sua perfeição”.Cada arte marcial possui a sua peculiaridade e

idiossincrasia, que o faz diferente a outros. No caso doJeet Kune Do, qual é a sua particularidade? SegundoChuck Norris: “A essência do Jeet Kune Do é a velocidade e a

explosividade. Ma há um problema, que nem todospossuem estes atributos. Bruce era realmente rápido…Era um fanático, era o mais fanático praticante deartes marciais que eu tenha conhecido jamais, ele asvivia, as respirava. Da manhã até à noite, sua menteera só artes marciais. O que o fez tão grande foi quenão se estancou na tradição. Sempre procuravamaneiras de aperfeiçoar-se a si mesmo. Amava a vida,

a gozava de cada momento, era um indivíduo muitooptimista, nunca foi pessimista perante nada, tinhamuita energia, uma energia tremenda que nostransmitia”.O combate do século ficou gravado na retina de

milhares de espectadores. Obviamente, em muitasocasiões perguntam a Chuck Norris acerca do nívelmarcial de seu amigo e colega de treinos, especialmentenos inícios da sua carreira, era incessante a mesmapergunta: O que teria acontecido em um combate realentre ambos? A sua resposta, a grandes rasgos sempretem sido a mesma…“Só sei que graças a Bruce Lee se conheceram as

artes marciais em todo o mundo e que nelas ele eragenial… Agora está morto e se me tivesse podidovencer a mim ou a um peso pesado, não tem nenhumaimportância…”Certamente que nos nossos dias se conhecem as artes

marciais a nível mundial graças a Bruce Lee. Sem ele,nunca teriam alcançado a difusão que têm e por isso é oícone inquestionável das mesmas e tem lugar que ocupadesde faz mais de 40 anos. Todo o resta eram e sãotrivial idades que não conduzem a nada. O que éinquestionável é que os seus filmes ainda não foram

superados e que nenhum outro actor, apesar do quetêm evoluído as artes de combate, foi capaz de odestronar e tal e como está este génerocinematográfico, a curto prazo, não há nenhumsucessor, portanto: Larga vida ao “Rei”! Nunca ninguém fez tanto pelas artes marciais!

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REF.

: DVD

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TIM

TÍTULO: JEET KUNE DO

REF.

: DVD

/JKD

TIM

2

TÍTULO: JEET KUNE DOELEMENTS OF

ATTACK

REF.

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/JKD

TIM

4

TÍTULO: JEET KUNE DOBRUCE LEE’S

YMCA BOXING

REF.

: DVD

/JKD

TIM

3TÍTULO: JEET KUNE

DO UNLIMITED

REF.: DVD/BURTON TÍTULO: JEET KUNE

DO UNLIMITED

REF.: DVD/BURTON2 TÍTULO: BRUCE LEE: EL HOMBRE Y SU

LEGADO

REF.: DVD/TV2

TÍTULO:HOMENAJE

A BRUCE LEEAUTOR: TED WONG

& CASS MAGDA

REF.

: DVD

/BL

AUTOR: TIM TACKETT

AUTOR: SALVATORE OLIVAAUTOR: B. RICHARDSON

TÍTULO: JKD STREET DEFENSE TACTICS:

TÍTULO: EXPLOSIVE DUMOG

TÍTULO: JKD STREET TRAPPING”

REF.: DVD/SALVA • DVD/SALVA2• DVD/SALVA3 • DVD/SALVA4• DVD/SALVA5 • DVD/SALVA6 • DVD/SALVA6• DVD/SALVA7

TÍTULO: J.K.D. STREETSAFE:

TÍTULO: KNIFE FIGHTING:

TÍTULO: PROFESSIONALFIGHTING SYSTEM:

ÇTÍTULO: PROFESSIONALFIGHTING SYSTEMKINO

MUTAI:

TÍTULO: WINGCHUN KUNG FU:

SIU LIM TAOinglés/Español/Italiano

REF.: DVD/RANDY1TÍTULO: WING

CHUN KUNG FU:CHUM KIU

inglés/Español/Italiano

REF.: DVD/RANDY2

TÍTULO: WINGCHUN KUNG FU:

BIU JEE

inglés/Español/Italiano

REF.: DVD/RANDY3

TÍTULO: JKDTRAPPLING

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REF.: DVD/ALM2TÍTULO: FILIPINOMARTIAL ARTS

REF.: DVD/ALM3TÍTULO: STREET-

FIGHTING!JEET KUNE DO

REF.: DVD/ALM4

TÍTULO: JKD

AUTOR: RANDY WILLIAMS

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F.: M

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TÍTULO: THE WOODEN DUMMY INGLES/ITALIANO

INGLES

TÍTULO: CONCEPTS &PRINCIPLES

DVD/RANDY4

AUTOR: JOAQUIN ALMERIA

TÍTULO: ESPADA Y DAGATÍTULO: PENTJAK SILAT

TÍTULO: BUKA JALAN SILAT

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TÍTULO: YAWARA KUBOTAN

AUTOR:MASTER PEREZ

CARRILLO

REF.: DVD/YAW2TÍTULO: 5 EXPERTS- EXTREME STREET

ATTACKS AUTORES: VICTOR

GUTIERREZ,SERGEANT JIM

WAGNER MAJOR AVINARDIA, J.L. ISIDRO& SALVATORE OLIVA

REF.: DVD/DP1

OUTROS ESTILOS

AUTOR: BOB DUBLJANIN

TÍTULO: JKD EFS KNIFE SURVIVALAUTOR: ANDREA ULITANO

REF.

: DVD

/EFS

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O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiaisdo exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o

terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik,realizaram um novo DVD básico que

trata sobre as armas de fogo, asegurança e as técnicas de treino

derivadas do Disparo Instintivoem Combate, o IPSC.

O Disparo Instintivo emCombate - IPSC (InstinctivePoint Shooting Combat) éum método de disparobaseado nas reacçõesinstintivas e cinemáticaspara disparar emdistâncias curtas, emsituações rápidas edinâmicas. Umadisciplina de defesa

pessoal para sobrevivernuma situação de ameaça

para a vida, onde fazem-senecessárias grande rapidez e

precisão. Tem de se empunhara pistola e disparar numa

distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o

manejo da arma (revólver e semi-automática); prática de tiro em seco e a segurança;

o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e emmovimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse emúltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador,com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro compistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 einclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7REF.: • KAPAP7 Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Hwa Rang Do®Estratégias de Lutae manipulação dearticulações

O Hwa Rang Do® abrangetrês etapas da luta, adicionandouma etapa alternativa - aposição sobre um joelho (OKP).Outras Artes Marciais seespecializam numa etapa ou emuma categoria em especial, maso Hwa Rang Do® tenta gerirtodas as possíveis respostastácticas e estratégicas numaluta real. A ideia é estarpreparados para lutar em cadatipo de situação real.

ETAPA I (Kan'Gyok) A etapa inicial mais comum

de uma verdadeira luta é comnós próprios e com o nossoadversário, que se encontralonge da distância de ataque. Omais importante de aprenderaqui é como fechar a distância erapidamente bater, bloquear eusar técnicas deagarre/varrimento com as mãose os pés. Em geral, isto tem deser feito com um só l igeiromovimento em frente.

ETAPA II (ChopHap) Não importa como seja, em

80% das lutas a valer, se produzuma situação em que nós e ouo nosso oponente, estamos empé, lutando corpo a corpo. Asmanipulações articulares, ospontos de pressão, osderribamentos, os varrimentos eas técnicas de combate nacurta distância (tais comocotoveladas, joelhadas,cabeçadas) se tornam asprincipais armas para coordenare utilizar.

ETAPA IIIA (Derribamentos/OKP)

A Etapa II por regra geralcomeça em pé mas acaba nochão, mas esta etapa III-A(posição a um joelho) é uma

Artes Coreanas

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Artes Coreanas

etapa dominante alternativa,onde se agarra o oponente comum joelho quando o derribamos.O objectivo aqui é acabar a lutacom luxação ou com um golpede submetimento, sem ter querolar no chão como numa lutacorpo a corpo. O OKP é umaaplicação muito importante paraas forças de Ordem e asMilitares, devido a que aposição de boca para baixodiminui a capacidade daspessoas presas para sedefenderem, contra-atacar, oufugir. Além disto, o OKP dará apossibilidade de controlar umapessoa presa e ao mesmotempo usar a pistola, o caceteou bengala, ou a arma de fogocontra outro inimigo.

ETAPA III-B(TongGyol) Após a etapa II é possível que

nós e/ou o nosso oponenteacabemos no chão. Aprenderagarres e técnicas desubmetimento rápidas é vitalnestes casos, talvez mais doque aprender técnicas debatimento (menos eficazes nochão). O Hwa Rang Do®considera esta etapa comoúltima hipótese e a posiçãomenos favorável para aaplicação de técnicas de defesapessoal real contra umadversário.

MANIPULAÇÃO DEARTICULAÇÕES Como podemos ver, as etapa

II, III-A e III-B requerem de umprofundo conhecimento damanipulação das articulações edas técnicas de agarre. Oestudo do Hwa Rang D®dedicado à manipulação dasarticulações é enorme e sebaseia no estudo da anatomiahumana (In Sool), nos ângulos

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Artes Coreanas

distância correcta com o oponente, na distribuiçãoadequada do peso e a aplicação rápida da pressão, naenergia interna (KI) e nas técnicas de vibração.

A primeira classificação de agarres comuns, trata dequebrar ou bloquear as articulações que só se dobram emuma direcção e não giram. Podemos ver a aplicação muitocomum do exemplo da fig.1. É um agarre de braço e oobjectivo da técnica é o cotovelo, uma articulação de tipodobradiça. Isto é muito eficaz e muito útil para partir o braço,a perna ou para empurrar o oponente numa direcçãodeterminada.

O segundo tipo de técnicas de manipulação dasarticulações abrange as aplicações em ângulo da alavanca

sobre articulações de bola e cavidade, como o pulso, oombro, o tornozelo e a cadeira. Aqui, o aspecto primordial ésituar a articulação em um ângulo determinado (ver Fig.2. Éuma luxação de cotovelo, pulso, ombro). Os ligamentos e ostendões se esticam e perdem a sua capacidade de preservara integridade. Este tipo de técnica provoca muita dor nasarticulações do oponente, o que pode ser usado paracontrolar a extremidade (por exemplo, obrigar o oponente alargar uma arma que tem na mão).

A terceira classificação é sobre um tipo de agarrescomuns, que se podem aplicar tanto contra dobradiçascomo contra articulações de bola e cavidade. Se requer umforte agarre a ambos lados da articulação e o giro e arotação devem ter o resultado mais eficaz, quando aplicadosàs articulações mais pequenas, tais como os dedos e porvezes o pulso ou o cotovelo. Na fig.3 podemos ver umatécnica de agarre de dedo. É muito fácil partir o dedo dorival, sendo capaz de o girar e virar justamente antes.

Há muitas outras classificações de agarres de alto nívelque se podem estudar no Hwa Rang Do®. O último quevamos considerar é a compressão da articulação. Istogeralmente se denomina "separação da articulação". Comose pode ver na fig.4 (separação do joelho no chão), astécnicas de compressão funcionam com o mesmo princípioque um quebra-nozes. Alguma coisa tem de ser situada noespaço da articulação e aplicando pressão sobre os ossosde ambos lados da articulação, a mesma se pode separar.Os cotovelos e os joelhos são os objectivos mais eficazesdeste tipo de técnicas

CONCLUSÕES O estudo da manipulação das articulações pode ser muito

diferente consoante o tipo de objectivo. A primeira parte doestudo do Hwa Rang Do® se concentra nas aplicações dedefesa pessoal contra um oponente que nos agarra demuitas maneiras diferentes. A segunda parte do estudo tratada defesa contra um ataque com armas (por exemplo, umafaca, bengala, etc.). Na terceira parte, podemos ver osagarres comuns contra vários adversários ao mesmo tempo,com movimentos acrobáticos, etc. É absolutamentenecessário ter bem pensado o que se quer fazer antes deaplicar um agarre contra um agressor. Controlar um agressore submete-lo é muito diferente a quebrar-lhe o braço outirar-lhe a faca. Quero dizer que se pode utilizar o mesmoagarre sobre a mesma articulação do oponente, com umobjectivo diferente e o tipo resultante das técnicas écompletamente diferente. Por outra parte, não se podeaplicar o agarre pensando só em responder à técnica dooponente. É necessário ter preparada uma segundaresposta e finalmente, uma terceira. Em caso de falhar atécnica da primeira manipulação de articulações (e isto ébastante similar ao jogo de Xadrez) é preciso percebermosas possibilidades do oponente e estar preparados para oderrotar, sem nos importarmos como ou o que ele fizer).

Estas são as principais razões de que a aprendizagem damanipulação das articulações seja muito árdua e exija anosde prática, f luidez, auto-controlo e capacidade deadaptação. Não obstante, proporcionar-nos-á uma grandecompreensão da bio-mecânica humana e das debilidades,tanto de um ponto de vista físico como mental.

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AS FORMAS OU KATAS DO FU-SHIH KENPO, 3ª parteAbsorver o ataque adoptando uma posição neutral

paralela à sua, el iminando assim parte do nossoperímetro corporal e permitindo realizar um bloqueio emforma de cunha, que é apoiado ou reforçado pelomovimento do nosso corpo. Bloqueio que por seucarácter activo se pode transformar em um ataque com

base do punho a bíceps ou antebraço. Realizandoesta acção, também ganhamos tempo antesdo possível impacto do seu punho, poissomamos distância no percurso do

mesmo.Ao mesmo tempo ou de maneiramuito continuada, impactaremospontapé baixo em rotação à suaperna de apoio (neste casopoderia ser a adiantada se teveque avançar) ou bem pontapéfrontal ou ascendente do peito

do pé, por um lado para agirsobre as suas “raízes” (equilíbrio) e

na resposta, somar outra linha de dordirigida ao cérebro.

Descendendo a nossa perna após oimpacto do pontapé circular, efectuamosgolpe de sável descendente em revés, à suazona lateral do pescoço ou do rosto,

uti l izando o efeito do peso corporal e agravidade - o que conhecemos como“acasalamento com a gravidade” - com aintenção de reforçar o nosso ataque.

Kenpo

Page 107: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

“Las técnicas del Fu-Shih Kenpo se

transmiten de maestro a discípulo,

mediante el Kihon, las katas y su

aplicación práctica”

Page 108: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Kenpo

Perante esta primeira resposta pela nossa parte, concatenamos outra sequência deataques para, como dizia anteriormente, neutralizar uma possível resposta desde o

outro lado atacante, realizando um ataque de palma, antebraço ou sável, conformeas circunstâncias, para a outra zona do pescoço ou rosto, para continuar compunho invertido a nível médio e punho circular a nível alto, ambos com

o mesmo braço.Para finalizar, perante uma possível continuação na acção,recuperamos a distância de segurança para visualizarcorrectamente o meio em volta e adoptar novas medidasperante novas e possíveis situações ou respostas.Este trabalho a realizar é uma das possíveis

interpretações das diferentes técnicas. O estudo, aprática, a pesquisa, etc., nos permitem analisar,evoluir e desenvolver novas teorias sobre ostradicionais e à vez contemporâneos pilaresque sustentam esta maravilhosa

A r t eM a r c i a l

denominada “Fu-ShihKenpo”, ou “Escolas

Espirituais Kenpo”.

OS KATA E SEU SIGNIFICADOAs artes marciais nasceram como uma necessidade de luta para

sobreviver. A protecção da família, a insegurança e contra a injustiçaem geral.

Através destas, se procura o desenvolvimento físico, mental eespiritual do praticante.

As artes marciais com carácter desportivo se baseiam nastécnicas, mas que têm sido adaptadas a umas determinadas

regras para a competição. Isto as desvirtua por completo da suaessência original. Surgem como uma actividade do homem comoser social, simplesmente como uma actividade física.

Page 109: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

A arte marcial necessita da utilização total da energia para aaplicação de uma técnica, para isso, mente, corpo e técnicasdevem dirigir-se ao objectivo, mantendo antes, durante e depoisda mesma, um estado de total equilíbrio físico e mental. Requerde uma acção instantânea, para aplicar as técnicas, a isto sedenomina “kime”. As técnicas do Fu-Shih Kenpo se transmitem de mestre a

discípulo, mediante o Kihon, as katas e sua aplicação prática.Quem ensina ou pratica Fu-Shih Kenpo como arte marcial, fala do

dojo, Kenpo-gi, Sensei, Gakushi, Junshi, Renshi, Kyôshi, ouHanshi. Pelo contrário, quem o dirige ou treina como desporto,

fala de ginásio, uniforme, treinador e aluno.

KATA1. Para praticar correctamente o kata, cada

movimento individual deve ser repetido uma e outravez, memorizando ao princípio e vivendo-o depois,até o sentir de verdade, pondo atenção na correctaposição, deslocamentos, defesa e contra-ataque.Também devemos considerar a nossa condutamarcial, o olhar, o equilíbrio, velocidade, força,coordenação, etc. Depois se irão entrelaçando asdiversas combinações que estas contêm, atéconseguir a suficiente resistência que permita aopraticante realizar as formas íntegras, conservandoa intensidade do rendimento de princípio a fim.Tudo isto é possível, compreendendo a ideia e osconceitos de um Kata, que levem o estudante a umtreino contínuo, sério e responsável.

2. Se a respiração é correcta, ajudará a regularizar ofluir do ar e a sincronizá-lo com a repetição domovimento ou da técnica.

3. Não se devem realizar os movimentosmemorizados, pré-concebidos, sem sentir o que se faz.

4. A prática dos katas deve aprofundar-se noconhecimento dos princípios do Fu-Shih Kenpo.

5. A mente deve estar clara, receptiva e todos osmovimentos devem realizar-se de maneira natural,

“Para praticarcorrectamente o kata,

cada movimentoindividual deve ser

repetido uma e outravez, memorizando aoprincípio e vivendo-o

depois, até o sentirmos de verdade”

Page 110: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

evitando a rigidez. A isto se denomina“Kime”, ou ponto de foco. Consegue-se relaxando a musculatura paraalcançar velocidade na reacção reflexae só contraindo no próprio momento

do impacto no objectivo. Ying/Yang,Dragão/Tigre, relaxado/contraído.

6. A concentração é vital, se nosconcentramos em uma só coisapodemos ter a certeza de alcançar onosso propósito.

7. Para vencer os nervos e darmoslugar à técnica, faz falta manter atranquilidade. Mas todos sabemosque isto não é nada fácil. Tenho faladocom grandes profissionais e todos sãocoincidentes em que é praticamenteimpossível evitar estar nervoso emalguma medida ou em algumdeterminado momento. Com treino eexperiência, todos aprendemos acontrolar o sistema nervoso emgrande medida, mas tudo depende do

nível de comprometimento quepossamos ter na frente. Alguns nospermitem desenvolver-nos semabsolutamente sentirmos nervos,outros um pouco e em certas

ocasiões…, muitos nervos. Bi l lWallace, por exemplo, em certaocasião me disse que sempre sentianervos nos seus encontros de Full-Contact, mas pensava que isto erapositivo.

8. Os katas devem ser movimentoscheios de energia, não devem sersimples movimentos e devemdemonstrar potência e poder depenetração. Devem fazer que oespectador, seja ou não praticante deartes marciais, se sinta impressionado,atraído e também inclusivamente devechegar a perceber o que se estátratando de demonstrar. A arte comoarte, em qualquer sector, se não sesente, não se transmite.

9. Quando o kata é executado poruma pessoa bem treinada, a suadinâmica e a beleza dos seusmovimentos se tornam estéticos,poderosos e convincentes, devido à

sua elevada qualidade.10. O kata não é uma simples série

estética de técnicas. A sua execuçãorepresenta um combate e ainda que amuitos artistas marciais só se sentematraídos pelo combate e pensam que otreino dos Katas não é prático para umencontro real ou desportivo, estãomuito enganados. O treino dos Kataou Formas encerra um monte devalores únicos e necessários para todoautêntico artista marcial. Nosproporcionam coordenação, destreza,repertório técnico, concentração,força, resistência, etc.… e se certosdesses movimentos os pusermos emprática durante um combate, entãoveremos os resultados.

Page 111: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Grandes Mestres

Page 115: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Kyusho (o ponto vital) do desenvolvimento daenergia “PosiçãoPélvica” Katikásana Na posição “Sentada Primordial” Rája

Puránásana, na qual nosconcentrávamos para assentar oKundalini através da parte traseira daspernas e do Chacra raíz, descobrimosum aspecto estimulante dos exercícios.A posição sentada, ajuda a assentar aenergia de maneira a não provocarpossíveis efeitos laterais. Quando oKundalini subiu, temos uma novaclaridade, consciência e energia. Asvelhas calcificações são libertadas eoutra vez estamos como novos,especialmente depois de estarplenamente assentes. Agora começamosde novo, com os velhos bloqueios

desaparecidos e as vias energéticasfluindo com mais eficácia. Agora somosmais capazes de notar, absorver e sentiras subtis variações e diferenças daenergia negativa da Terra e a energiapositiva do Sol, quando circulam atravésdos nossos corpos. Esta é uma novacapacidade, uma vez que jádescalcificamos os nossos sistemas esomos mais conscientes e sintonizamoscom o fluir abundante e constante deenergias. Esta oposição de energias criauma fonte maior e um armazem para anossa energia pessoal e a nossapersonalidade. Quando uma pessoa tema energia bloqueada ou calcificada, senteuma restrição e/ou uma abundânciaemotiva. Por sua vez, isto conduz àtensão, à ansiedade, ao pensamentoirracional ou confuso; à função fisiológicaineficiente. Por tanto, significa uma másaúde física e espiritual. Isto afecta às

relações e ao rendimento, na medida quecomeçamos a diminuir-nos, recluir-nosou abusar dos que estão perto de nós oude nós próprios, posto que estamosnuma decadência prematura. Isto podeacabar numa espiral descendente, postoque a nossa motivação e o nossoentusiasmo diminuem cada vez mais.Embarcar no Arte profunda do Yoga, abreo indivíduo, quebra as calcificações enos leva a uma nova consciência, comojá sabemos. Mas é um aspecto crucialque quando liberada esta energia velhaou maléfica e seja queimada e os fogosfiquem estabelecidos, estejamos prontospara nos renovarmos com vibraçõesfrescas e vibrantes da Terra, do Sol e detodas as entidades e manifestações. Oordenamento em que absorvemos anova energia também é crucial, poisdeterminará o resultado da nossa novapersonalidade.

Yoga & Kyusho

Page 116: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Começar a trabalhar para acabarcom a energia negativa, ajudar-nos-á aobtenermos uma essênc ia ma istranquila e mais assente, que por suavez provocará menos estresse e umafunc iona l idade ma is e f icaz . Pe locontrár io, se primeiro part irmos daabsorção da nova energia posit iva,podemos chegar a ser mais ansiosos ede novo começar a desenvo lverca lc i f i cações ou b loque ios . Paraconseguirmos isto, consideramos aprópria Terra como a principal fontedas energ ias negat ivas . Quandotrabalhamos com o Yoga, o solo dete r ra é a me lhor fonte , mas nemsempre se pode es ta r nes te me iodevido ao clima ou à vizinhança local.Por isso, às vezes temos de tratar detrabalhar sobre madei ra ou pedra,amortiguando o solo com algodão, sepossível. Queremos estar tão naturaise tão per to da Ter ra como se japossível, para absorver as melhoresvibrações da natureza. Se isto não époss íve l , as pos ições cont inuarãofuncionando e alcançando as suasmetas, talvez não tan rápida, eficaz ouprofundamente.

“Posição pêlvica”Katikásana Começamos este circuito de

revitalização com as plantas dos pés e oseu contacto com a terra. Permitimosque a energia negativa da terra entre naplanta dos pés, para depois subir pelaparte interior da perna em direcção aoperineo ou o Chacra raíz. Conforme nosextendamos nesta posição, sentiremoscomo a perna e a coxa inter ior seesticam e como a parte posterior (terra)das pernas se contrai para inibir o fluirde energia. Enquanto est i rcamos,puxamos para cima da base perineal edo ano, para ajudar que as energiasfluam para a terra. Prestamos atenção àinfluência que a elevação do perineotem sobre a qualidade vibratória dascochas internas e toda a estruturapélvica. Sentimos os matizes subtis esomos conscientes deles, a f im decomparar a essência com as energiaspositivas que entram simultaneamentena terceira visão e fluem para baiso, atése unirem com o Chacra raíz. Estasenergias negativas são sentidas muitorápidamente na vibração e também nosaspectos vibracionais. À medida que ocorpo arqueia as costas e sela as linhasenergéticas ascendentes da colunavertebral, Shushuma, Ida e Pingala,começamos a arquear desde a partefrontal das pernas e continuamos atéque a parte infer ior do abdomen, oestômago, a garganta e o peitoestiverem em frente do arco das costaspara esticar, absorver e permitir que asenergias positivas desçam para abrir oschacras desde o sexto até o primeiro.Conforme arqueamos e abrimos a partesuper ior do corpo desta maneira,estamos atentos à sensação vibratóriadesta energia positiva que flui. Estaenergia sentir-se-á mais lentamente e

com oscilações maiores entre as ondas,quando estas energias fluem com maisforça. Como se encontra com a energianegativa no perineo, começaremos asentir que ambas começam a girar emcírculo, com a positiva na superfície daparte inferior do abdomen e a negativacomeçando a rotação desde a rabadela.Quando sentimos estas duas vibraçõesem espiral desta maneira (similar aosímbolo chino do Yin e o Yang),sent i remos também que depois seexpandem para abranger toda a zonapêlvica interna. Manter esta espiral queflui é possível durante todo o dia, tantoseja no trabalho, na meditação ou noexercício de Yoga. Este núcleo interiornão deve ser retido ou construido, antessim treinado para aumentar os fluxos detodo o corpo de uma maneira natural enão controlada. Nós só procuramostomar consciência desta existência, parapodermos chegar a ser maisconscientes de ambas energias e seuscaminhos naturais.

Respiração e intenção Antes de adoptar a posição

arqueada, inspiramos lenta eprofundamente para sent i r asvibrações e o peso na partetrasera das pernas no solo. Depois expiramos lenta e profundamente para relaxartodo o corpo. Seguidamente,levantamos a pelve e puxamos doanus para cima e da base doperineo. Isto servirá para puxar daenergia desde a terra para as plantasdos pés e a região inferior da pelve.Quando começamos a expirar,inclinamos a cabeça mais para trás eesticamos lentamente desde a frentepara o abdomen, posto que agora seinspira lentamente. Sentimos como oalento e as vibrações travalham desde osexto Chakra em direcção ao primeiro,onde as duas energias expandidas seirão juntar. Mantemos esta posiçãoarqueada; inspirando e expirando,sentimos o fluiro completo e contínuo deenergia positiva e negativa, posto queentão começa a girar. Mantemps aposição quando a energia em espiral seexpande para encher a estructura dapelve com uma qual idade esfér icatridimensional. Somos conscientes davelocidade variável e das frequênciasvibratorias que iniciam e perpetuam aespiral energét ica. Trabalhamoslentamente para desenvolver estahabi l idade e o conhecimento dasqualidades vibratórias que entram desdeos dois polos. Conocemos e nos unimospara circular no padrão universal .Eventualmente não só seremos capazesde manter a sensação durante o diatodo e nas actividades diarias, comotambém sentiremos a sua presença emnós e a sua ausência em outros.Estaremos tornando-nos verdadeirosiluminados!

Próxima Posição 17 “PosiçãoAbdominais” Vajrolyásana

Page 117: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Yoga & Kyusho

Texto: Evan PantaziInstructora de Yoga: Carolina Lino - Ponta Delgada, Açores Foto: Tiago Pacheco Maia - Ponta Delgada, Açores

Page 118: Cinturao negro revista portugues setembro 2014
Page 120: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

A Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei (ZNTIR) o organismoque pretende manter viva esta tradição e as formas originais,mediante um sistema que integra corpo, mente e espírito deuma maneira realista e eficaz.

Este DVD foi criado pela insistência de praticantesda Filial espanhola da Zen Nihon Toyama-Ryu

Iaido Renmei (ZNTIR - Spain Branch), paradar a conhecer a todos os interessados

um estilo de combate com una espadareal, criado no passado Século XX,

mas com raízes nas antigastécnicas guerreiras do Japãofeudal. Nele encontrarão aestrutura básica da metodologiaque se aplica no estilo, desdeos exercícios codificados deaquecimento e preparação,passando pelos exercícios decorte, as guardas, os kata daescola, o trabalho comparceiro e a iniciação, até apedra angular em que sebaseia o Toyama-Ryu, o

Tameshigiri ou exercícios decorte sobre um alvo realista. Esperamos que o conhecimento

da existência de um estilo como é oToyama-Ryu Batto-Jutsu, seja um

incentivo para conhecer uma formatradicional, que por sua vez é muito

diferente das actuais disciplinas decombate, o que poderá ser atraente para

aqueles que desejam ir más longe nas suas práticasmarciais.

Para os interessados na espada japonesa e os iniciados, esteDVD será de utilidade como apoio para na sua aprendizagem ecomo consulta.

REF.: • TOYAMA1REF.: • TOYAMA1

Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

Page 123: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

CONCEITO DA LUTA COM MACHADO E TOMAHAWKO CAMINHO DO GUERREIROWWW.TOMAHAWK-COMBAT.COM

No artigo deste mês gostaria de oferecer aos meus leitores uma perspectiva dafascinante Arte Marcial com machados e Tomahawk, o que talvez proporcionar-lhes-áacesso a um sistema qual, de certeza gozarão no futuro, a longo prazo. Fazendo danecessidade uma virtude, ideei meu próprio sistema – o TCS Concept Fighting deMachado & Tomahawk. Espero que este breve artigo sirva como inspiração paraaproximá-los do combate com machado e tomahawk e talvez até queiram dar-lheuma oportunidade!

Tomahawk

“Espero queeste breve

artigo os inspirepara se aproximaremmais do combate com

machado etomahawk e talvez

até queiram dar-lhe uma

oportunidade!”

Page 124: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Defesa Pessoal

O motivo de já faz algum tempo eu ter começado a praticar aluta com machado é bastante simples. Queria reviver esta armaantiga e altamente eficaz da nossa própria cultura de umamaneira moderna e que os meus alunos se aproximassem dela.

As diferenças Qual a diferença dos antigos machados de batalha e as

nossas armas modernas? De certeza o feitio, o tamanho e omaterial. As armas dosnossos dias, assim

como o Tomahawk que nós desenvolvemos, são mais ligeirase mais práticas e por isso podem ser utilizadas com eficáciaem combate corpo a corpo. O machado também se podeconseguir com muita facilidade, o que fá-lo ser uma magníficaarma secundária para o pessoal militar. No meu sistema ensinoseu uso com só uma mão e com varias maneiras deagarrar, machados duplos, um machado e uma faca,um machado e um cinto e machado duplo de longadistância. Esta variedade permite ao profissionalescolher de entre uma série de opções. O factode aprender a usar duas armas também ajudaperfeitamente a saber utilizar a mão maisdébil.

Page 125: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

O sistemaO TCS Fighting Concept de Machado & Tomahawk é a minha maneira pessoal de ver as

lutas com machado. As aulas são estruturadas de maneira sistemática e com sensatez.Oferecemos uma série de níveis para lutadores principiantes, intermédios e avançados. Osníveis mais altos se baseiam nos níveis mais baixos, o que garante o êxito de umaprendizado duradouro. Cada nível se concentra em determinados conteúdos, ensinando osprincípios e os elementos tácticos e estratégicos para o combate.

Porquê "Concept"? À semelhança do que fazemos com todos os nossos sistemas,utilizamos o nome "Concept" para mostrar que a luta com machado pode ser ensinadacomo um sistema de combate integral.

Técnicas de MachadoTodas as técnicas dependem do tipo de agarre, do tamanho, feitio e peso do machado que

se usar. As opções são: cortes, batimentos, golpes de tipo martelo, golpes de tipo martelocombinados com puxões, punhaladas, punhaladas combinados com puxões, golpes com aponta, cortes leves, agarres, bloqueios e manipulações com o machado e o uso da cunhacomo um gancho.

Tomahawk

Page 126: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Conteúdos do treino Além dos aspectos técnicos também

ensinamos os princípios, os conceitos,as tácticas e os atributos em correlação. Os Conteúdos do treino são tácticas,

treino da distância, maneiras de portar omachado, sujeições, a posição,maneiras de batimento, aplicações,treino do início, tenteio das mãos,agarres, estrangulamentos, Defesa econtra-ataque, defesa contra armasafiadas, defesa contra armas sem fio,defesa contra ataques com armas defogo ou rifles compridos, conceitos eaplicações de desarme, agarres, luta nochão, luta anti-controlos, exercíciosenérgicos, fluir de ataque, exercícios decombate, exercícios que desenvolvemas habilidades, manipulação do corpo.

Combate corpo a corpoEm comparação com a faca, o

machado se pode uti l izar de umamaneira muito mais f lexível.Características tais como enganchar,cortar, bloquear, apunhalar, agarrar,controlar e esmagar mostram bem asvantagens do machado, em especial

para situações extremas, como, porexemplo, os ataques com armas. Nãoesqueçamos que todas as armas docorpo (as técnicas que utilizam as mãos,os cotovelos, as pernas, os joelhos e acabeça) são ferramentas essenciais parao corpo a corpo e portanto para a lutacom machado.

Uso táctico Além da ampla gama de aplicações

para o corpo a corpo, o eixo domachado se pode utilizar com eficáciapara as técnicas não letais, comobloquear, asfixiar, a manipular, puxar eempurrar. O agressor não tem de sernecessariamente ferido de gravidade, oque é uma clara vantagem do machado.Isto faz com que o machado seja umaferramenta muito interessante para seuuso no exército e talvez também paraalgumas situações quotidianas.

O treino de Instrutores De momento, estamos construindo e

promovendo o sistema, por issooferecemos uma formação orientada à

prática para instrutores de TCS ConceptFighting de Machado & Tomahawk. Anossa principal prioridade é a mais altaqualidade de ensino. Oferecemos cursosespeciais intensivos, nas acampadas. Oprograma de treino altamente profissional,se baseia em um planeamento de estudosinteressante, que contém odesenvolvimento de habilidades técnicas,tácticas, constituintes mentais, além dosprincípios e métodos.

Resumindo Para mim, o machado é ao mesmo

tempo, uma parte importante nocaminho do guerreiro e um arma antigada Europa. Tenho a certeza de estarmosassistindo ao ressurgir desta arma, quevai encontrar o lugar que merece nomundo das Artes Marciais.

Para mais informação, visitarwww.tomahawk-combat.com

Fotos: Thomas Suchanek

Escrito por: Peter Weckauf & IrmiHanzal, Thomas Schimmerl

Defesa Pessoal

“Além da ampla gamade aplicações para o

corpo a corpo, o eixo do machado se

pode utilizar comeficácia para as

técnicas não letais,como o bloqueio,

a asfixia, amanipulação,

puxar eempurrar”

Page 127: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Tomahawk

“Em comparação com a faca,

o machado se podeutilizar de uma

maneira muito maisflexível”

Page 128: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Não esqueçamos quetodas as armas do corpo(as técnicas que utilizamas mãos, os cotovelos,

as pernas, os joelhos e a cabeça),

são ferramentasessenciais para

o corpo a corpo eportanto para a luta

com machado”

Page 129: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Tomahawk

Page 130: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Ref. 11210Armure Kendo. Japon.

Ref. 11220Armure Kendo. Japon.

Ref. 11160Hakama Japon noir

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Ref. 11140Keikogi.

Giacca Blu Marine

Ref. 11109Hakama Noire. Polyester-Rayon

Ref. 11152Veste Aikido blanche.

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10171KyokushinkaiCompétition. Écru. Coton

Ref. 10816Kimono Tai Chi . Gris

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Kimono Tai Chi.Entraînement.

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Ref. 13651

Ref. 13351

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Ref. 13652

Ref. 11234Ceinture "Obi" Iaido.

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Page 135: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Não está longe o tempo em que adivulgação das notícias no mundo, emcomparação com os nossos dias, eramlentas e quase exclusivamente de bocaem boca. O que não é de estranhar, postoque ainda não existiam as possibilidadesde comunicação modernas, como aInternet e a telefonia. Isto também eraassim para o mundo das artes marciais.Um meio de comunicação importante paraintercambiar as novidades e capacidadeseram já em tempos passados os eventos,como por exemplo torneios ou encontrosde mestres.

Page 136: Cinturao negro revista portugues setembro 2014

Apesar dos meios de comunicação modernos, o Hung Gar Kung Fuoriginal do Mosteiro de Shaolin do Sul, é e será uma arte que se podeaprender e transmitir exclusivamente com movimentos do corpo. Não é de

estranhar então, que na KUNG FU SCHULE MARTIN SEWER, os encontrosfora do horário normal de treino, tenham sido sempre um constituinte

essencial. A KUNG FU SCHULE MARTIN SEWER, dirigida peloGrão Mestre Martin Sewer, sucessor passivo de Chiu Chi Ling,está considerada como uma das escolas mais activas queexistem e oferece a seus alunos numerosos eventosdurante todo o ano. O ponto máximo é constituídonaturalmente pelos seminários ricos em ensinanças deHung Gar, que oferecem aos alunos de todo o mundoávidos de aprender, sendo autênticos saltos em frentepara as suas capacidades em Kung Fu. A base éconstituída por pequenos e grandes seminários sobreas posições básicas, as primeiras formas, como porexemplo o Yap Moon Kuen e a seu estudo profundo.Naturalmente não podem faltar mais adiante osseminários de combate com armas, como por exemplo,o pai, o sabre ou o Nunchaku, que são uma pequenaamostra das incontáveis armas que oferece o ensino doShaolin Hung Gar Kung Fu. (Frequentemente se fala das 18

armas de Shaolin, mas temos de considerar que o "18" temum significado budista e se interpreta como "muito" ou"numeroso").

Se observarmos minuciosamente o planeamento anual daescola, descobrimos que junto com os seminários de base, sesomam várias visitas pessoais do director da escola e GrãoMestre Dr. Martín Sewer, nas quais oferece a seus alunos einstrutores, uma profunda visão da continuidade do ensinodo Hung Gar Kung Fu. Acima de tudo são dignos demenção os seminários extremamente populares sobre osestilos de animais, dos quais o Mestre Martín Sewerorganiza quatro por ano.

Mas isto, naturalmente, não é tudo! A acampada dePentecostes, por exemplo, nos 20 anos de história daescola se tem revelado como um dos eventos maisesperados pelos alunos entusiastas do Kung Fu. Naúltima acampada (Junho 2014) cresceu esta fama comuma das acampadas mais bem sucedidas. Não é eestranhar que pouco depois de abrir a inscrição, todosos anos os lugares já foram tomados. Uma famalegendária quase igual, goza o acampamento anualdo Outono, que se realiza no fim do ano na Ásia.Como aconteceu também no último destesacampamentos, os felizes participantes vãocarregados de energia, com o desejo de treinarsob a direcção do Grão Mestre Martín Sewer eseus instrutores, para se dedicarem 100% àsua arte. Neste acampamento está previsto umtreino de seis horas e meia por dia. E istodurante vários dias seguidos! Seis horas e meiaem que no treino, o participante se podeentregar exclusivamente à sua paixão peloHung Gar Kung Fu e melhorar suascapacidades. Posteriormente, é frequenteouvir dizer aos alunos: "Foi simplesmenteum tempo impressionante e extremamenteesgotante junto dos meus "irmãos do KungFu" e o meu Sifu, mas valeu muitíssimo a

pena. Avancei como nunca e aprendi muito.Para a próxima vez não faltarei!”.

Na opinião de Martín Sewer: "Tanto oseventos como os seminários ou as nossasacampadas, são muito importantes para aformação dos alunos e coesão da escola”. Ainda quando cada uma da nossas lições

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é uma vivência única e positiva para o aluno, os humanos temostendência a vegetar na rotina do dia-a-dia. Com seminários eeventos é possível, como apaixonados pelo Hung Gar, deixar‘fora’ a rotina diária por algumas horas ou dias e concentrartoda a atenção na nossa arte – assim gozamos juntos de umtempo estupendo e os alunos provenientes de diferentes lugaresse conhecem e se divertem juntos". Provavelmente o maiorevento no calendário da KUNGFU SCHULE MARTIN SEWER éo Evento MEGA. Originalmentese iniciou com uma pequena festapara festejar o aniversário do GrãoMestre Martin Sewer, o que com otempo foi evoluindo até ser umagrande festa de Kunf Fu -naturalmente uma festa de gala. Alunos, mestres, amigos,

assim como membros daimprensa de todos os níveis, sãoconvidados para festejar com aescola este evento e honrar oaniversário de Martín Sewer coma equipa do espectáculopróprio, oferecendo a sua artede Kung Fu em cena. Nestegrande encontro, se informado estado da escola e a suaorganização, se entregamcondecorações e honrarias,se fazem apresentações,se informam osconvidados e alunos dasituação actual da escola,quais são as próximasmetas e como se pretendealcançar as mesmas. Nãoé preciso dizer que ointeressante programa sóse interrompe por umdelicioso bufete servidopor um luxuoso hotel,onde se realiza oMEGA Evento*.Vemos que naKUNG FU SCHULEMARTIN SEWER nãofaltam actividadesextraordinárias.

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Mas voltemos à declaração de base.Talvez justamente porque hoje as possibilidades dos

meios de comunicação são imensas, é tambémimportante que na vida encontremos pessoasinteressantes e bem sucedidas para trocar opiniões, tantoseja em um seminário curto de uma sexta-fera à tarde ou noEvento MEGA.

Se procura que cada aluno da KUNG FU SCHULEMARTIN SEWER, através do Hung Gar Kung Fu original,

tenha êxito na sua vida e como escola, a nossa meta,com os nossos seminários e eventos, é ter tantas

plataformas como sejam possíveis, para que osnossos alunos, em seu caminho pela vida,possam contactar entre eles de maneirarápida e eficaz. Porque ao fim e ao cabo, o

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que interessa, como se diz ao princípio, é que o Hung Gar seaprenda de uma maneira realmente eficiente, que se "viva". Há um pacote informativo. Esteja ciente das actividades e

eventos do Grão Mestre Martín Sewer e da KUNG FUSCHULE MARTIN SEWER. Escreva um e-mail [email protected] e inscreva-se para receber o nosso boletimde notícias.

Não percam nenhum dos próximos eventos:

23.08.14 / Escola Zurich / Técnicas da serpente emcombate. Seminário 29.08.14 / Escola Zurich / Posiçõesbásicas e pasos em Hung Gar 06.09.14 até 19.10.14. / HongKong & China / Acampada de Outono 22.11.14 Zurich/ Evento *MEGA & aniversário do Grão MestreMartín Sewer 06.12.14 /Escola Horgen / Examesoficiais & Torneio ShaolinMasters.

*EVENTO MEGA HYPERLINK :"http://youtu.be/EiivccExhI0"YouTubeNaturalmente, também este ano se realiza o Evento

MEGA! A experiência tem evidenciado que quanto mais seespera, tanto mais difícil é conseguir um dos desejadosbilhetes de entrada. Se quiser festejar este eventointernacional de Kung Fu, não duvide em se inscreveratravés do comité da organização e reservar o seu bilhete: HYPERLINK "mailto:[email protected]"[email protected].

Estão disponíveis até acabarem as existências.LINK http://youtu.be/EiivccExhI0

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O Weng Chun Kung Fu para Crianças e Jovens Uma escola para a vida!

O Weng Chun Kung Fu é uma escola de auto-defesa e combate,magnificamente concebida, o que é nitidamente reconhecido pelosespecialistas. Entretanto, também representa um sistema educativoaltamente sofisticado para desenvolver a personalidade de crianças ejovens, o que tem sido longamente ignorado até agora.

As crianças nos nossos dias A vida diária de crianças e jovens dos nossos dias, se caracteriza por ternas

coisas a seu alcance o tempo todo, por conseguir as metas rapidamente eacima de tudo por não perderem a informação (tanto seja pessoalmente

relevante ou não). A nossa percepção está exposta a uma constanteavalanche de informação, mediante estímulos visuais e acústicos

e a experiência prática de primeira mão se substitui pelasrealidades virtuais. As crianças e os adolescentes

de hoje, optam por ter experiências indirectasou secundárias por meio da televisão,

vídeo-jogos, chats, etc., e nãoparticipar directamente em corpo

e alma na realidade. Portanto,muitos crianças e jovens de

Weng Chun

Texo: Jan Schulz, Christoph FußFoto: Gabriela Hoffmann

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Sifu Andreas Hoffmann

hoje são quase incapazes de realizarsequências de movimento mesmo asmuito simples. Se encontram em muitomal estado físico e no que respeita àpaciência e a capacidade para as tarefasde certa complexidade, também nãoparecem serem muito persistentes. Alémdisto, muitas crianças dos nossos dias setornam agressivas e solitárias e carecemde orientação, devido a que a sua maneirade viver a cada vez se parece menos como que necessita um adolescente: umequil íbrio adequado entre tensão erelaxação, socialização e privacidade;trabalho e ócio, demanda e estímulo,dependência de si próprio e supervisão,para poder assim garantir que sedesenvolvam de uma maneira saudável.

O Weng Chun Kung Fu -um tesoiro educativo

O Weng Chun Kung Fu oferece amplaspossibilidades para as crianças e osadolescentes, para que se façam pessoassaudáveis e formadas. Há coisas queaprender a todos os níveis: acerca dafunção motora, a saúde mental eemocional, assim como sobre ascapacidades sociais e intelectuais. Emprimeiro lugar, a formação habitual emWeng Chun tem uma influência grande epositiva no desenvolvimento físico e nasaúde. Isto é devido à influência do Yoga edo Chi Gong, ou seja, à compreensão dosmovimentos de uma relaxação saudável eactiva. Também o treino conjunto combase no respeito mútuo, estimula odesenvolvimento das habilidades sociais eajuda a estabilizar a personalidade atravésda orientação educativa.

Educação do Weng ChunKung Fu nas Artes Marciais

Em termos de educação, o Weng ChunKung Fu abrange três aspectos principais:

a saúde, a defesa pessoal e odesenvolvimento pessoal. Os doisprimeiros se realizam através do exercício,do movimento da Arte e odesenvolvimento da personalidade, alémde mediante o diálogo qualificado entreprofessor e estudante.

De acordo com a auto-concepção doWeng Chun Kung Fu, a saúde semani festa como bem-estar eviabilidade. Este conceito diz respeitotanto a nivel físico como a nível mental.A curiosidade (motivação, valentia) e aenergia (vontade de viver e de agir)conduzem à participação activa na vidae suas possibilidades... Pelo contrário,o ev i tar, o ret i ro e a oc ios idadeconduzem à doença. O Weng ChunKung Fu conduz à saúde física e mentalde cr ianças e jovens, posto queincentiva a alegria do movimento, queestá integrado na natureza de umacr iança. Quando as cr ianças jádescobriram (ou redescobriram) a suaalegria do movimento e quando assistirao t re ino se tornou em um hábi to,então, fazer exercício provoca umagrande alegria, porque esse esforço sevê recompensado com uma intensaauto-exper iênc ia e conquistasabundantes.

A experiência doMovimento, a Compreensão daAcção, a Aprendizagemsobre si próprio

A Arte do movimento do Weng ChunKung Fu proporciona as condiçõesidea i s pa ra o desenvo l v imen topessoal. O aprendizagem de esta Artedurante a infância e a adolescência,fo rma a pe rsona l idade de umamaneira muito s ingular; quer dizer,mediante o aprendizagem do WengChun Kung Fu , as c r i anças e os

jovens também exe rcem umaac t i v idade . Com respe i to a seuse fe i tos educa t i vos , ap resen ta asmesmas qualidades que aprender atocar um instrumento musical. NestaArte, o própr io corpo representa oinstrumento e o objectivo é aprendera con t ro l a r esse i ns t rumento emmatéria de percepção e acção.

As Artes Marciais tratam basicamenteda percepção integral do próprio corpo eseus movimentos. Para este propósito, hádisponíveis exercícios de múltiplasdisciplinas: Os padrões de movimento(Look Dim Bun Kuen Fa Kuen Weng ChunKuen,...), as aplicações associadas eexercícios associados (Chi Sao), o treinodo Boneco de Madeira e o combate livre,assim como exercícios com armas (paucomprido e facas duplas). É de destacarque o uso desta última disciplina, somauma nova ferramenta (além do nossocorpo).

Para os estudantes não se trata deaprender as técnicas individuais, massim basicamente de como tratar com osprincípios (TAI - elevar, LAN - bloqueio,controlo, DIM – Ponto de impacto "cair"KIT - desv iar e vo l tar, GOT –intersecção semi-circular para baixo,WUN – movimento circular, LAU -Caudal, fluir) e os conceitos (SauQua, Kap, Pau, Cap, Kam Chun,Deng, Poon, Bin) dos movimentosda Arte Marcial.

Posto que o Weng Chun KungFu é um sistema de movimentode múltiplas disciplinas utilizáveis,tanto as cr ianças quanto os jovenstambém adquirem uma amplacapaci tação do seu repertór io demovimentos. Especialmente a maneirade tratar os princípios e conceitos, queé tão característica do Weng Chun KungFu, comporta uma maior compreensãodo conceito de movimento próprio e acapacidade de agir, e portanto, dopróprio eu.

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Sifu Andreas Hoffmann

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Aprender Tentando -Compreensão procurando e experimentando

No Weng Chun, o objectivo é controlar o oponentecom o mínimo esforço. Isto acontece principalmentepor meio de movimentos circulares ou curvos. Paraaprender esta maneira de movimento, experimentar éessencialmente necessário. Assim, quando secomentem erros, o estudante trata de os corrigir napróxima vez e isto se faz assim até que se executamsem problemas. É quando os "erros" se tornamnossos amigos, posto que nos ajudam no nossocaminho de aprendizagem. Também isto pode serentendido como a aprendizagem funcional, quer dizer,aprender a aprender. Aprender a aprender não significacopiar uma coisa - que é a base -, significa ensaiar edesenvolver isso enquanto se executa. Aaprendizagem (ou seja, os exercícios da saúde e a Arteda luta ou da defesa pessoal) vai em paralelo com aevolução da personalidade, posto que o processo deaprendizagem vai acompanhado em todo momento,

pelo auto-exame e a tentativa de chegar ao fundo detudo quanto dito e mostrado ao estudante.

Devido a que cada organismo funciona de maneiradiferente e portanto os princípios de actuação daexecução material se fazem de uma maneiraligeiramente diferente, as crianças depressa seapercebem de que nem sequer no Kung Fu há umaverdade universal incontestável. Só existe a verdadeindividual que trabalha para o indivíduo e para o seupróprio corpo. Estes aspectos fortalecem acapacidade de conhecer e adquirir a autonomiaindividual. Assim, todos os métodos educativos seorientam para o desenvolvimento da auto-concepçãodo estudante.

Combate, Arte e Educação Se as crianças e os jovens conseguem compilar

ideias e experiências desse rico tesoiro do WengChun Kung Fu, terão adquirido um amplo conjunto deferramentas que os ajudarão a ter segurança em simesmos, conhecimentos e uma vida fisicamentesaudável, porque eles compreenderam o que fazerpara estarem satisfeitos. Além da capacidade de sedefenderem a si mesmos e uma ampla compreensão

da saúde, terão aprendido a se auto-avaliarem melhore a se desenvolverem nas situações em que seencontrarem. As ferramentas adquiridas durante otreino também se podem aplicar na vida quotidiana.Para alcançar esta boa experiência, contam com osMestres profissionais de Artes Marciais da IWCKFA,devidamente qualificados.

No âmbito do trabalho educativo com as crianças eos jovens, dá-se especial importância a estas quatrovirtudes: a disciplina(cooperação contínua), orespeito mútuo, a superaçãodo medo, e a coragem (aatitude para assumir desafios).

O treino frequente em WengChun Kung Fu, ajuda criançase adolescentes para adquirirou voltar a adquirir o seuequilíbrio interior, posto quedesenvolve as habil idadesmais importantes que a vidamoderna exige às pessoas(jovens): permanecerconscientes de si mesmos.Cada situação de ensino na

Weng Chun

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qual treinamos a luta, exige concentrar toda a atenção nos muitos elementos diferentes de informação(distância, velocidade, massa, tipo de movimento, direcção do movimento, expressão... do parceiro e aprópria, às variáveis que são necessárias para a acção. Isto quer dizer que é preciso focalizar a percepçãosobre os aspectos básicos, para entrar no centro desde o exterior) assim como a energia nos constituintesfundamentais (Qual a ponte ou estratégia é apropriada dada a situação?).

A regularidade no treino evita o estar distraído ou atordoado e o estar apegado às ilusões internas ouexternas. Em palavras do Weng Chun Kung Fu, esta competência se conhece como Fok Fu, ou em termosmetafóricos: trata-se de Montar o Tigre - ou Fazer-nos um com o Tigre.

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Acerca da concentraçãoUm jovem e arrogante praticante de tiro com arco, após ser

campeão em múltiplos torneios, decidiu que era chegado omomento de desafiar um velho mestre Zen. Para isso foi ao seumosteiro e ali disparou uma flecha que foi espetar-se justamenteno centro do alvo, situado a uma distância considerável. Nãocontente com isto, seguidamente disparou outra flecha, quepartiu a primeira flecha pela metade, de novo indo espetar-se nocentro do alvo. Então, dirigindo-se ao velho mestre lhe disse:“O que acha? O senhor é capaz de fazer isto?”

Então, o velho mestre, imperturbável esem dizer palavra, fez um gesto ao jovemarqueiro, indicando-lhe que o seguisse. Ojovem obedeceu e ambos desaparecerampor um caminho, montanha acima. Acuriosidade do jovem o levava a seguir ovelho mestre, subindo ambos atéchegarem ao cimo da montanha. Ali, omestre atravessou uma frágil ponte demadeira sobre o precipício e então, em péapenas sobre um pequeno pedaço demadeira sobre o abismo, apontou a umaárvore distante, na qual acertou com aflecha. Então disse ao jovem:“Agora é a tua vez…”E abandonou a frágil ponte, voltando a

terra firme.O jovem arqueiro, cheio de terror e sem

deixar de olhar para o abismo que se abriadebaixo de seus pés, não pode caminharsobre a frágil ponte e muito menosdisparar e acertar na árvore. Então omestre disse:“Tens grande perícia com o arco, mas

tens muito pouco equilíbrio mental, nãopodes nem sequer conseguir relaxar-tepara chegares a ver o alvo onde deves deacertar”.

O ganso dentro da garrafaUm alto oficial do governo, de nome

Chu Li, contava ao Mestre Soho:“Faz anos que mantenho este ganso

dentro desta garrafa, o alimento todos osdias e o ganso vai crescendo, protegidodentro dela. Mas agora o ganso está tãogrande que nem cabe dentro e se euquebrar a garrafa para o tirar, o ganso

Durante centenas de anos, as históriasMarciais têm sido veículo de uma ensinançainsubstituível em todas as tradições. Fizemosuma selecção de algumas delas e esperamosseleccionar mais alguma em próximasentregas, pois também na Revista,apreciamos a utilidade deste veículo; um meioonde o factor literário se combina com oespiritual e a tradição com o entretenimento,destacando especialmente naquelas em que amoral da história abre uma nova via dereflexão para os leitores. Esperamos quegostem.

Alfredo Tucci

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poderia ficar ferido oumorrer; mas se ficardentro mais tempo, nãopoderá viver muito mais.O que posso eu fazer?Como posso fazer para otirar de dentro da garrafasem ficar ferido? Ajude-me Mestre Soho!”Pouco depois,

enquanto o oficialsegurava na garrafa devidro com o gansodentro, Soho deu umgrito:“Chu Li!”O oficial, assustado

deixou cair a garrafa aochão. A garrafa se partiue o ganso saiu sem sofrermal algum. O mestreentão disse:“Já está, o ganso saiu!”

O melhor dosguerreiros

Um estudante perguntou ao mestre:“O que posso eu fazer para ser o melhor

dos guerreiros?”O mestre respondeu:“Atravessa essas colinas e quando

chegares à planície, insulta a rocha que seencontra no meio dela”.O estudante respondeu:“Mas, para que o hei de fazer se a rocha

não me vai responder?”O mestre disse:“Se não te responder, bate-lhe com a tua

espada”O estudante respondeu:“Então a minha espada vai quebrar-se”Ao que o mestre aconselhou:“Então, ataca-a com tuas mãos”O estudante replicou:“Então vou magoar-me nas mãos... Além

do mais, eu não lhe perguntei nada disto, oque realmente quero saber é como possotransformar-me no maior dos guerreiros”.Ao que o mestre respondeu:“O maior dos guerreiros é aquele que à

semelhança da rocha, não faz caso aosinsultos e às provocações, mas quesempre está disposto a rechaçar umataque inimigo”.

Caçando dois coelhosUm estudante de artes marciais se

aproximou de seu mestre e disse-lhe:“Tenho estudado consigo durante anos,

mas gostaria de aumentar o meuconhecimento das artes marciais comoutro professor, para conhecer e aprenderoutro estilo. O que pensa o senhor a esterespeito?”O mestre respondeu:“O caçador que persegue dois coelhos,

corre o risco de não caçar nenhum”.

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Trabalhando duroUm estudante se aproximou

entusiasmado ao mestre e disse: “Estou ansioso por aprender as

suas ensinanças e alcançar ailuminação. Quanto tempo possodemorar em conseguir oconhecimento e chegar àiluminação?”O mestre respondeu:“Uns dez anos...”O estudante, mostrando-se

impaciente disse:“Mas, eu quero conhecer todos os

segredos de uma maneira muito maisrápida! Vou trabalhar arduamente!Trabalharei durante todo o dia,estudarei e memorizarei os sutrasdurante dez horas por dia ou mais.Trabalhando tanto, quanto tempodemorarei em alcançar o meuobjectivo?”.O mestre pareceu pensar um

bocado e respondeu:“Uns vinte anos...”

O agora...Conta-se que um Samurai japonês

foi feito prisioneiro por seus inimigos

e levado a uma cela onde deveriapassar só uma noite, posto que ao diaseguinte seria interrogado, torturado efinalmente executado. No entanto,não estava alterado, não pensava noque lhe sucederia no dia seguinte edormia placidamente. Simplesmenterecordava as palavras do seu mestreZen: “O amanhã não existe, é uma

ilusão: a única realidade está aqui eagora. O verdadeiro sofrimento estáem viver ignorando esta ensinança”.

A força da repetição das coisasUm mestre de samurais japonês,

tinha um macaco como mascote. Omacaco o seguia a todo lado e estavapresente em todos os seus treinos eaulas. O macaco, que por natureza éum imitador, por as verfrequentemente, acabou aprendendoa maior parte das técnicas de ataquee defesa que realizava e explicava omestre de samurais.Certo dia chegou ao Dojo um Ronin

ou samurai errante e desafiou omestre a um duelo, tal e como era

costume neles. O mestre aceitou, coma condição de que primeiro deveriaenfrentar-se com o macaco e depois,se o vencia, com gosto aceitaria odesafio. O Ronin se sentia humilhadoperante semelhante proposta, mas atentação de enfrentar-se a tãoimportante samurai, levou-o a aceitaro desafio com o macaco.Começou o duelo, o Ronin armado

com sua lança e o macaco com umsabre de madeira de bambu. O Roninatacou com a lança rápida edirectamente ao macaco, parafinalizar a contenda o antes possível,mas o macaco, com grande agilidadeesquivou o primeiro golpe e se lançouao contra-ataque, batendo porprimeira vez no seu adversário.Seguidamente, o macaco, perante adefensiva do adversário, saltou sobresua lança e o desarmou. Então, o mestre disse ao Ronin:“Desde um primeiro momento

soube que nem sequer poderiasvencer o macaco”.O Ronin, envergonhado aceitou o

que lhe diziam e ficou comoestudante e servidor do Mestre deSamurais.

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A força do KiNuma povoação próxima de Kyoto, havia um

mestre de artes marciais, versado no combatesem armas. A sua fama era tal que eclipsavaos outros professores da zona, que quase nãotinham discípulos. Era reverenciado por todoscomo uma grão mestre.Certo dia, um jovem praticante de grande

corpulência física, chegou ao seu Dojo para odesafiar e vencê-lo e assim poder estabelecer-se na zona para dar aulas de artes marciais. Ojovem bateu à porta do Dojo, onde um idosobaixinho o recebeu lhe disse:“O que queres?”O jovem artista respondeu:“Sei que aqui há um grande mestre de artes

marciais e quero desafiá-lo e vencê-lo”O velho respondeu:“Não te aconselho tal coisa, é um mestre

muito poderoso, acabaria muito depressacontigo”Ao que o jovem respondeu:“Duvido, observa para o que eu sou capaz

de fazer”E seguidamente pegou em um pedaço

muito grosso de madeira e o partiu em doiscom o joelho. O velho permaneceu impassívele respondeu:“Estás a ver aquelas grossas canas de

bambu? Pois o mestre acostuma a quebra-lasfrequentemente”.O jovem pegou o bambu na

mão e disse:“Realmente são canas muito

duras e difíceis de partir”.Dito isto, ele se retirou. Mas

não abandonou seu empenhoe durante quase dois anos,esteve treinando a sua forçafísica, até que conseguiu partirum bambu do mesmo calibre.Então voltou ao Dojo, bateu àporta que o mesmo idosoabriu e o jovem disse:“Já sou capaz de partir este

bambu, tal e como faz omestre daqui. Agora querodesafiá-lo”.O idoso respondeu:“Peço-te encarecidamente

para me desculpares, porqueda outra vez, não te contei umpequeno detalhe acerca dasua maneira de o fazer. Eudevia te ter dito que o mestredeste Dojo quebra o bambusem tocar nele”.O aspirante ficou perplexo,

mas seguidamente, o idosomestre segurou um bambu ema sua mão esquerda, seconcentrou unos segundos elançou um grito com tal Kiaique partiu o bambu em váriospedaços.O aspirante ficou sem fala e

após uma pausa, pediudesculpas ao mestre e entrarna sua escola para aprendercom ele.

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Jeet Kune Do

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O que é o Jeet Kune Dode Bruce Lee?Jeet Kune Do quer dizer "O caminho

do punho interceptor", onde osignificado de punho é em geral umbatimento. Mas no JKD, interceptar opunho significa interceptar a intenção deataque do oponente e se interceptamosessa intenção, temos duas maneiras deo fazer: uma, é bater primeiro, a outra étratar de modificar o decorrer da lutapara levar o nosso oponente a mudar deopinião acerca do que quer fazer.“Lutando sem lutar” poderá parecer

muito difícil, mas posso jurar querealmente tenho aplicado este princípio!Uma vez, eu estava realizando umaexibição para mostrar os princípios doJKD. Foi em 1995 e durante essademonstração eu vi que apareciam unsrapazes que eu sabia serem praticantesde Wing Chun. Um deles tinha umacâmara de vídeo. Eles tentavamprovocar o rival, para tratar de depoisdeixá-lo nocaut, após uma intenção nãoverbal e gravar tudo. Posteriormentepublicariam o vídeo gravado, paradestruir a reputação do rival. Opequeno grupo de jovens estava sob ainfluência de seu Sifu, que era muitofamoso. Quando vi aparecer o sifu deWing Chun e adivinhando as suasintenções, parei a aula e disse: “Porfavor, peço um grande aplauso parao sifu que hoje aqui me honra com asua presença…”. Nesse momento, osifu abriu os braços como dizendo: Eagora, o que fazer! Não aconteceunada, houve um grande aplauso eactualmente, esse sifu e eu somosgrandes amigos. Pois bem, para mim, isto é "lutar

sem lutar". Muita gente fala nisso efala muito, mas realmente, sabem oque quer dizer?

Qual o motivo que levouBruce Lee a concentrar-se em criar e melhoraresta Arte?A motivação é simples e complicada

ao mesmo tempo. Em primeiro lugar,

por uma razão prática, consistente emorganizar alguma coisa que realmentefuncione na rua, em vez das disciplinasque nesse momento eram as maispopulares nos Estados Unidos, nãoporque as mesmas não fossemeficazes, mas porque nesse contextohistórico e territorial, as Artes Marciaistinham perdido o seu principalobjectivo, que era a eficácia emcombate, tornando-se um folclore edisciplinas coreográficas. Além do assunto da "eficácia", Lee

criou a sua disciplina devido à suafrustração por ser um chinês em soloamericano. Todos sabemos o quehistoricamente os americanospensavam dos estrangeiros nessesmomentos. Bruce Lee era chinês, deuma boa família, de uma família rica,mas estava projectado nessadimensão da discriminação e da

subestima do estrangeiro eobviamente, ele se sentia mal edesestabilizado. A sua ideia sempre foimostrar a grandeza da raça chinesa ecompreendeu que poderia faze-loatravés das Artes Marciais. Para levara efeito as suas intenções, precisavafazer algum “barulho”. Penso quetodos podemos estar de acordo emque realmente “fez muito barulho”…! Ele tinha de ser o melhor para

demonstrar que a sua arte não era um“bluff” e fê-lo com a ajuda de seusfilmes e do grande treino que mostrouter. Seu físico ainda é tido comoexemplo nas principais revistas deculturismo e a sua disciplina, aindaque com muito problemas deinterpretação, continua existindo comêxito através do trabalho de muitosentusiastas sérios. Bruce Lee foi capaz de fazer com

que milhões de pessoas em todo omundo se apaixonassem pelas ArtesMarciais e os amantes das ArtesMarciais já não podem subestimar asculturas que deram origem a essasdisciplinas. Cada praticante de KungFu sonha com viajar à China, assimcomo todos os praticantes de Karatesonham com ir ao Japão. Bruce Leeera chinês e a paixão que eledespertou, tem levado a respeitar eestimar mais o povo chinês.Lee foi bem sucedido nessa sua

intenção. A sua disciplina, a suaobstinação, levaram-no a acertar noalvo… Bruce Lee ensinou osseguidores das Artes Marciais e osprofissionais a respeitarem todas asculturas e a não subestimar nada nemninguém. Por isso, para mim BruceLee é sempre uma fonte de grandeinspiração. As Artes Marciais, quandopraticadas a sério, não são só umamaneira de dar pontapés e socos, elassão uma maneira de agirmossocialmente, de conhecermos osoutros, para conseguirmos a harmoniacom toda a criação. Esta últ imaconsideração também nos leva acompreender o símbolo que se utiliza,o Yin e o Yang, duas energias

“Lee foi bemsucedido nessasua intenção; asua disciplina, asua obstinaçãolevaram-no a

acertar no alvo.Bruce Lee ensinou

aos seguidoresdas Artes

Marciais e aosprofissionais a

respeitar todas asculturas e a nãosubestimar nadanem ninguém”

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Jeet Kune Do

complementares e não contraditórias, posto quecada uma existe para justificar a outra. “Todos juntos pelo progresso”, reza uma frase

do Judo e esta é a verdadeira razão de ser dasArtes Marciais, este é o verdadeiro caminho àdefesa pessoal. O Respeito pelos outros leva anão queremos magoa-los e então, por quemotivo lutar contra eles? Se toda a gente praticasse correctamente

uma disciplina marcial, não seria necessáriodefender-se. Este... é o meu credo!

O punho interceptorVamos analisar o significado do que disse e

escreveu Sijo Bruce Lee:"Eu não inventei nada novo" - disse Bruce

Lee. De facto, em todas as disciplinas marciaisse pensa possuir a resposta a tudo e cadadisciplina tem tendência a ensinar um

conhecimento fixo e depois o estudante deve deadquirir conhecimentos e desenvolver o que lhefoi ensinado com liberdade e com expressãopessoal. Isto é exactamente o que fez ofundador do Jeet Kune Do. Os diversos Grandes Mestres das Artes

Marciais têm em um determinado momento,acesso a uma realidade nova e viva, mas osseus estudantes, posteriormente vãomodificando o sistema aprendido,frequentemente desviando-o das intençõesoriginais do fundador. Isto também poderia sermuito bom, porque a evolução reside noprocesso natural das coisas, mas devemos serjustos e dar-lhes um nome diferente daquele quefoi o objectivo da intenção.Claro está que "um nome é só um nome",

mas quando se dá esse nome, serve para daruma identidade àquilo que se está a fazer, àquiloque se está praticando ou ensinando, porque no

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nome já está gravada a característica principalda técnica e o Jeet Kune Do não é umaexcepção. Por que motivo então, Leeescreveu: "Um nome é só um nome"? Frequentemente, o termo JKD é utilizado

por aqueles que não podem ou não queremaprofundar, pelo que é conveniente a criaçãode algo pessoal, misturando as própriasexperiências e o uso deste termo como umchamariz, interpretando-o como melhor seadaptar à própria afirmação de Bruce Lee. Se um nome é só um nome, então o JKD é

aquilo que fazem! Isto parece bem…, mas de facto não é

assim. "Um nome é só um nome" quer dizer que

inclusivamente praticando uma Arte Marcialespecífica, com características muitodeterminadas, nos devemos cingir a ela deuma ou de outra maneira e portanto, não podeser expressada livremente. "Um nome é só um nome" é uma atitude

mental; não tem nada a ver com a técnica; é oprincípio básico do Taoismo, masinclusivamente, se o Taoismo utiliza este lema,tinha um método definitivo para conseguir doadepto a compreensão correcta. Este princípioe estas ensinanças são próprias do Taoismo;um nome é só um nome, mas com umaidentidade definida.O mesmo se aplica à consigna "não usar

nenhum método como método e a nãolimitação como limitação". Também nestecaso é utilizado inteligentemente por aquelesque se beneficiam da confusão; não usarnenhum método como método já épropriamente um método por si mesmo, sóque é um método diferente dos métodosclássicos. "O método - sem método", não quer dizer

que não haja nenhuma maneira ou método. Oestilo sem estilo, como seu nome indica, é umesti lo com características diferentes àscaracterísticas dos clássicos. Entretanto, acerca do assunto do estilo faz-

se necessário esclarecer que o estilo de Lee ésó o estilo de Lee e ninguém o pode imitar.Quando falamos de JKD se uti l izainadequadamente a palavra estilo, criandouma grande confusão. De facto, o JKD, comoqualquer outra disciplina, é uma escola, nãoum estilo. O estilo é o da pessoa e o da

escola, contrariamente determina acaracterística da disciplina. O Jeet Kune Do, como seu nome indica, é a

arte do punho interceptor; então, toda a nossaatenção, todos os exercícios deveriam tratarde alcançar esta ideia. Interceptar o punhosignifica apercebermo-nos de que vamos seratacados e que temos de parar esse ataque,antes dele se produzir, de sermos capazes denos anteciparmos ou de parar o ataque…Simplesmente temos de interceptar ou parar oataque antes dele se produzir! No entanto, na realidade esta simplicidade

tem um custo considerável; ser essencial eespontâneo é o que se pretende e isso ébastante difícil de alcançar, não devido àcomplexidade do que se aprende nem aogrande número de técnicas a treinar, mas simpela grande dedicação que se deve de ter naprocura da perfeita execução.

Mas, o que é simples e directo? É acertar no alvo mais próximo e o mesmo

pode ser o joelho! Então, qual o motivo de bater na cara? Este é o caminho à simplicidade; o JKD é a

maneira de matar o nosso ego. Quandodirigimos seminários ou simplesmente damoscursos ou aulas, para impressionar osestudantes damos muito espaço àcriatividade, mostrando pouco a pouco,soluções que serão a cada vez maisespectaculares, mas que frequentementeestão longe da aplicação realista na rua. Há Arte abstracto e Arte realista. Está a arte

de Giotto e estão os quadros de Picasso.Provavelmente, a arte de Giotto não é tãoartística, mas deixa entrever de uma maneirasingela e directa, uma grande técnica e aprecisão do seu criador. Tentemos explicar melhor o que no JKD

quer dizer simples e directo. Vai-se do ponto Aaté o ponto B de maneira directa. Umamaneira directa pode ser um soco ou umpontapé que seguem uma linha o mais rectapossível até o objectivo mais próximo, seja elequal for. Isto é o que entendemos por simples!Se estou no simples e directo e aperfeiçoei eapurei a minha técnica, a minha técnica nãoserá interceptada na maioria dos casos.

“Agradeço a Aissandro Rossetti e a Emanuele Corvino a sua ajuda como parceiros...A Giovanni Tartaglione afradeço as fotografias e a Anna Rossetti e Mikele Bairava a tradução para o Inglês”

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Inclusivamente as emoções devemser simples e directas e nem sequeruma emoção deve ser interceptada. A diferença entre a verdadeira Arte

Marcial – especificamente entre o JeetKune Do e os Desportos de Combate -só existe em função dos diferentesobjectivos. Os desportos de combatetêm um regulamento elaborado paraminimizar as lesões dos desportistas;na arte Marcial realista não há regras eé possível refinar as técnicas proibidasnessas competições.

Como já vimos, os conceitosfundamentais do JKD são: asimplicidade, a franqueza e a economiade movimento. No entanto, algumasescolas se estão afastando de tudoisto, aumentando drasticamente onúmero de formas para mostrar assuas artes marciais mistas, sob o nomede Jeet Kune, mediante a compilaçãode ferramentas, em vez de reduzi-lasao essencial, ficando muito longe doobjectivo de adoptar uma forma maissimples e directa.

Bruce Lee disse que já estávamosem posse das ferramentas necessáriase que eram as que se aprendem apartir do seu estilo clássico, mas fez-se necessário pôr estas ferramentas àprova e verificarmos o que é útil e queo não é.

Eliminar Coisas de um dia para outroFaz-se necessário abandonar o que

é um meio inúti l , el iminando

Jeet Kune Do

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movimentos não essenciais. Cada arte marcialtem partes úteis, sem as quais, de facto nãoexistiria o estilo nem a disciplina, mas muitosMestres que se dizem seguidores de BruceLee, na realidade estão usando cada vez maisArtes, de maneira que são mais coleccionistasque lutadores. No Jeet Kune Do não temos que adicionar e

sim minimizar; devemos eliminar o nãoessencial, portanto, não é um aumento no dia-a-dia, mas sim uma diminuição constante. No entanto, para isso temos de considerar

um assunto importante: Bruce Lee nãotransmitiu a seus seguidores o que tinhaobtido para ele próprio, porque o que obtevefoi absolutamente pessoal: os métodosutilizados para chegar a criar a arte e paraexperimentar as ferramentas que jápossuímos.Isto é o mais difícil de perceber e o que

tem provocado muita confusão no mundo doJeet Kune Do. Bruce Lee não queria oferecero resultado da sua pesquisa pessoal, casocontrário estaríamos falando de estilo esabemos que o JKD evita este conceito. Eledesejava que cada um dos seus estudantesencontrasse seu própr io caminho àessência. A confusão surge aqui, o que levaa que muitos profissionais procurem semprenovas ferramentas, sem realmente teremocasião de experimentá-las. Se de algumamaneira queremos pôr à prova a eficácia daprópria capacidade, teremos de nos pormosà prova a nós mesmos e para nos pormos àprova estão os combates - aos quais Leedeu grande importância - ou as lutas narealidade… Só assim se pode descobrir oque é e o que não é realmente útil. A únicamaneira de percebermos qual a disciplinaque não é tão út i l no combate e isto éessencial, será misturando a aprendizagemde muitas delas. Já viram alguma competição? Alguma vez já

treinaram combate ou assistiram a uma lutana rua? Pois bem, então, em quantasocasiões viram variações sem fim que seaplicassem nesses confrontos? Três golpes,dois pontapés, bofetada e depois talvez umgolpe baixo, mas tudo é muito simples erápido, não há tempo para pensar, tudo sesucede de uma maneira muito violenta erepentina, portanto, tudo deve ser estudado

tendo em consideração estas verdades e oJeet Kune Do de Bruce Lee é a disciplina queem seu seio abrange estas verdades. Estasverdades estão todas incluídas no próprionome do Jeet Kune Do, a Arte do PunhoInterceptor.

O Original ou o Conceito? Para mim, não existe tal dicotomia, o

original é o conceito e vice-versa. No original, existe a possibi l idade de

encontrarmos a nossa própria dimensão,sem abandonarmos os cânones do JKD deLee. Como cânones me refiro a uma certamaneira de dar pontapés, socos, agarrar,atacar, etc. O Jun Fan JKD é o JKD de Lee - como

todos os estudantes de Lee têm dito - e sóLee foi capaz de fazer determinadas coisas.Mas no JKD há possibi l idades deencontrarmos a nossa própria dimensão,pelo que podemos encontrar um Ted Wongao qual encantava o Kickboxing, movendo-se como Lee. Houve um Jerry Poteet que eramuito bom nos agarres e na curta distância eum Larry Hartsell que era muito bom noGrappl ing. Todos t inham aprendido oprograma de Lee, mas depois, em funçãodas suas características se especializaramem alguma coisa, mas não iam fazerBrazilian Jiu Jitsu ou Wing Chun, nem iaminterpretar incorrectamente o Panantukan,como aqueles que têm mal interpretado oconceito de JKD. O problema do conceitodo JKD é que foi s implesmente malinterpretado; o próprio Inosanto não desfezabsolutamente nada, o problema é queautor izou seus estudantes a faze- lo.Inosanto ensina Jun Fan Gung Fu, que játem os princípios de JKD... É simplesmenteum método que lhe proporciona um grandeconhecimento técnico, mas que no entanto,tem provocado um pouco de confusão. Oconceito é algo que se pode utilizar parapesquisar em cada disciplina. Por exemplo:o Boxe Tailandês ou o Taekwondo, podemuti l izar estes conceitos para que a suadisciplina seja ainda mais fácil e mais eficaz- tal como Lee disse - mas afinal, sempre seestá prat icando Boxe Tai landês ouTaekwondo e não JKD.

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ssim, um soco directo deixa de ser umasequência de dois movimentosconcatenados: extensão do braço - (impacto)- retirada do braço…, passando a ser um sómovimento natural. Evidentemente, todos osseres humanos somos muito similares, mas

nunca idênticos, pelo que cada artista marcial, conforma vaiaperfeiçoando e faz naturais as suas técnicas, também asfaz pessoais, "as faz suas", adapta-as à " sua natureza eatributos físicos". Isto se consegue à base de repetir erepetir a técnica da arte marcial ou do desporto de contactoque se praticar.A palavra técnica provém de “téchne”, uma palavra de

raiz grega que se traduz como “arte”, “ciência”ou “técnica”.Esta noção serve para descrever um tipo de acções regidaspor normas ou um certo protocolo, que tem como propósitochegar a um resultado específico. É um procedimento ouconjunto de regras, normas ou protocolos, que têm comoobjectivo obter um resultado determinado, tanto seja naárea das ciências, da tecnologia, da arte, do desporto, daeducação, da pesquisa, ou em qualquer outra actividade.Por outras palavras, uma técnica é um conjunto deprocedimentos regrados e com pautas, que se utilizamcomo meio para chegar a um determinado fim.

COMO APERFEIÇOAR A TÉCNICA?

A perfeição técnica se alcança quandoos nossos movimentos marciais se fazemnaturais. O ser humano nasce comdeterminados esquemas naturais demovimentos de luta e defesa, muito rarose toscos (arranhar, morder, estrangular,bater com os braços, etc.), pelo que temde ir aprendendo a lutar.

Os movimentos aprendidos são de inícioartificiais, posto que a sua aprendizagemse real iza descompondo sequênciasmarciais em técnicas simples, que quandojá assimiladas, se encadeiam com umcerto automatismo.

A maestria consiste em "integrar" essesmovimentos artificiais e fragmentados, ànossa natureza motriz, quer dizer, em"fazer naturais" as técnicas aprendidas.

A

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A técnica supõe que, em situaçõessimilares, repetir condutas ou levar aefei to um mesmo procedimento,estas produzirão o mesmo efeito.Portanto, trata-se de uma maneira deagir ordenadamente, que consiste narepet ição sistemática dedeterminadas acções. Nas ArtesMarciais e nos Desportos deContacto, consiste em repetir osmesmos movimentos até se ser

capaz dos fazer perfeitos, quandonão sempre, “quase” sempre.A mestria técnica pode ser

reconhecida pelo seguinte facto:aqueles que a tiverem serão capazesde fazer com que o difícil pareça fácil;as técnicas mais difíceis parecemfáceis e naturais quando executadaspor um mestre. Isto, que algunsdenominam naturalidade e outrosfluidez, é produto de anos de treino,

até que se consegue interiorizar assequências técnicas com tal períciaque se tornam movimentos naturais eespontâneos para o artista marcial.Evidentemente, normalmente isto sóse consegue após muitíssima prática(não se podem fixar prazos de ummodo geral, pois tudo depende daintensidade e da regularidade dotreino, da motivação, do tipo detécnica, etc.). Entretanto, se podem

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dar uma série de conselhos para optimizar a evoluçãotécnica e acelerar assim o progresso neste âmbito.O primeiro passo consistiria em um trabalho teórico de

esmiuçar a série de "etapas" que constituem umadeterminada sequência técnica. Tal análise pode ser feitadesde três planos: anatómico, mecânico e funcional.

Análise AnatómicoA análise no plano anatómico consiste no estudo científico

dos diversos elementos corporais implicados no movimento

técnico. Tem de se considerar, por um lado, os diferentestipos de articulações em jogo, seus arcos de mobilidade e aamplitude requerida pela técnica e seus limites, tanto sejamósseas, articulares, dos ligamentos ou musculares. Por outrolado, também são evidentemente relevantes os músculosimplicados na acção: a sua natureza, o seu percurso, a inter-relação entre eles (tanto sejam antagonistas, sinérgicos oufixadores). Tudo isto talvez possa parecer muito técnico ecomplicado, mas pode ser muito útil para evitar treinoserróneos e "frustrações" desportivas. Ou seja, a nossaparticular estrutura óssea pode afectar de maneira

importante por exemplo, à nossa técnica depontapés, dificultando que consigamos lançarpontapés altos na maneira correcta. Um limitede movimento devido exclusivamente a factoresósseos, não pode ser superado mediante treino;podemos "modelar" e flexibilizar músculos eligamentos, mas nunca os ossos. Assim pois, émuito importante conhecer estes detalhes paraorientar e racionalizar o nosso treino.

Análise MecânicoUm análise mecânico consta de descompor

a sequência técnica em movimentos simples,para estudar como se realizam e concatenam.As pesquisas mais rigorosas aplicam o que seconhece como "decomposição vectorial":analisar e utilizar em forma de vectores asdiferentes forças e momentos actuantes nosistema (movimentos simples), cuja soma nosproporciona a força conjunta gerada pelasequência. Entram também em jogo assituações de equilíbrio e outros elementosdeterminantes, inter-relacionados como asvelocidades, pesos e ângulos. Todas estasanálises parciais se integram numa cadeiacinemática (de movimento) e nos permitemobter a "sequência tecnicamente ideal", no queà sucessão mecânica se refere. Entre os desportistas de elite, isto

habitualmente se estuda mediante programasinformatizados. Para os "neófitos", uma boaanálise mecânica consistiria em observardetidamente toda a série de movimentos queconstituem a sequência técnica, pensando eexperimentando acerca da uti l idade econveniência de ângulos, dinâmicas, rotações,projecções, etc.

Análise FuncionalEnquanto à análise funcional, esta se baseia

no estudo do jogo de contracções-extensõesdos diferentes músculos implicados. Naspesquisas científ icas se mede e avalia otrabalho produzido pelos jogos musculares. Existem diferentes tipos de contracção

muscular. A contracção isométrica é aquelacontracção muscular que se produz semresultarem efeitos de deslocamento ou demovimento (quer dizer, em certo sentido é umacontracção "estática"), portanto não se trata deum trabalho mecânico mas de deformação(lembrem-se dos típicos exercícios demusculação isométrica, que se trabalham em

Técnica

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muitos ginásios: com uma toalha,empurrando uma parede, etc.). Numaequação matemática, o seu valor seriaigual a 0. A contracção anisomêtrica sim

supõe um deslocamento, pelo qual sepode avaliar o trabalho produzido. Temde se distinguir entre a contracçãoconcêntrica, que se dá quando opróprio músculo se contrai paraproduzir o movimento, considerando-oum trabalho positivo; e a sua oposta, acontracção excêntrica, que supõe ummovimento em sentido contrário àcontracção do músculo, devido àacção de uma força externa a este eque deve portanto medir-se comotrabalho negativo. Por contracçãoisotónica (que também é anisomêtrica)entendemos aquela que supõe umatensão muscular constante,normalmente devida a uma resistênciaexterna, cuja força também éconstante.Todo esta palavrearia científica pode

desorientar a mais de um, mas é muitorecomendável dotar-se de uma mínimabase teórica para conhecer, a grossomodo, como funciona o corpo ecompreender melhor quais osexercícios e quais as práticas resultamser mais convenientes paradesenvolver a nossa habilidadetécnica. O facto de conhecermosmelhor a nossa anatomia, mecânica efuncionamento muscular, não é desdejá, coisa sem importância nem gratuita.Em termos práticos, a base de

todo aperfeiçoamento técnico ésem dúvida, a repetição bemfeita e daí, a necessidade dosconhecimentos teóricos, além deuma repetição atenta, quer dizer,consciente e portanto auto-correctora até o mínimo detalhe -não uma repetição mecânica tipo"piloto automático". As primeiras repetições terão

de ser feitas lentamente, tantopara aquecer como para fixar (ourecordar) esquemas e dinâmicas.A velocidade e a potência deexecução aumentarãoprogressivamente até alcançarema nossa capacidade máxima,sem perdermos o controlotécnico. A expressão "polir umatécnica" traduz exactamenteaquilo a que nos referimos:repetir uma e outra vez asequência, para ir l imandoimperfeições e que o nossocérebro se vá habituando aoconcatenado de movimentos até

"o fazer nosso" e incorporá-lo à nossa"expressividade corporal natural".Mas o aperfeiçoamento técnico não

acaba na simples repetição. Énecessário introduzir a variedade desituações de treino. A técnica pode sertrabalhada "ai ar", em cujo caso nuncase devem aplicar os golpes compotência descontrolada, se nãoqueremos acabar lesionando asnossas articulações. Nas artesmarciais clássicas este trabalho émuito habitual e se realizanormalmente na execução das formasanteriormente estabelecidas (katas,pumses, taos, etc.). Nos desportos decontacto é menos frequente trabalharao ar, pois habitualmente se procuraacima de tudo o realismo; só se realizano trabalho de "sombra", que servetanto para aquecer músculos comopara aperfeiçoar a técnica e adquirirfundo físico.O trabalho com aparelhos (saco,

focus, paos, escudo, manopla, etc.)supõe um nível superior de aplicaçãotécnica no que a realismo diz respeito,tanto pelo contacto pleno como pelarealização de deslocamentos queimitam um combate. A última etapaseria a aplicação técnica ao combatereal, que é realmente a finalidade doaperfeiçoamento técnico, a "prova defogo" da qualidade técnica emdeslocamento l ivre e perante umautêntico adversário mais ou menosimprevisível.

O mais frequente é que, quanto maisrealista seja uma situação, mais se"perca" ou menos se aplique a técnica.Isto é devido ao controlo de váriosfactores: numa execução ao ar,normalmente basta controlar osfactores internos que podem afectar atécnica: equilíbrio, deslocamento,coordenação, timing. Frente a unsaparelhos e frente a um adversário,entram em jogo uma longa série defactores externos que afectam à nossatécnica e que resultam muito maisdifíceis de controlar: potência deimpacto, deslocamento do "objectivo"(o adversário), precisão de impacto,correcção ou anulação de umasequência técnica, intercepção ouataque por parte do adversário,âmagos, l imitação do espaço decombate, etc.Além do realismo, para aperfeiçoar a

técnica é muito recomendável"observar-se em acção" e destamaneira vigiar-se e auto-corrigir-se. Nocaso da aplicação técnica ao ar - tantoseja um kata ou trabalho de sombra - émuito recomendável realizá-la em frentede um espelho mural. No caso do treinocom aparelhos ou do combate, a auto-observação directa faz-se impossível,pois toda a nossa atenção deve deestar no adversário. A tecnologia nosproporciona uma solução: gravar osnossos treinos e combates. Isto éimportante posto que, ainda quandopensamos dominar à perfeição uma

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sequência técnica isolada, quandoinserida dentro de uma série longa osmovimentos que antecedem ouseguem a esta sequência, estesmovimentos nos afectam, podendocom o tempo conduzir-nos a pequenos"vícios" ou erros.A qualidade técnica não é só uma

questão estética, ela está muitorelacionada com a eficácia emcombate. Por um lado, numerosos

desportos marciais têm a técnica emmuito alta estima: o Judo (onde adiferença entre um Ippon e um Wazariradica na qualidade da técnica), oKarate e o Taekwondo desportivos, einclusivamente no light-contact e osemi-contact. Nos desportos decontacto, ainda que prime a eficácia(pois qualquer técnica regulamentariaque consiga um KO "é boa",independentemente da sua qualidade),

a mestria técnica sentencia numerososcombates quando os mesmos sedecidem aos pontos. Além disto, umamelhor técnica supõe sempre umamaior eficácia, sempre queentendamos que a qualidade de umatécnica não acaba de se aperfeiçoaraté que não se seja capaz de aplicá-laem combate real e para isso só há umcaminho, treinar, treinar e treinar, eclaro está, combater.

Técnica

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REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Ling Gar para toda a vida O Ling Gar é um dos estilos familiares que sobrevivem, dos mais

antigos do Kung-fu na China. Alguns prestigiosos historiadoresconstataram que grande parte dos elementos de agarre e osprincípios comuns da linha central de muitos estilos de Kung-fu do Sulconhecidos, incluindo o Wing Chun, se encontram no Ling Gar. Noentanto, chama a atenção que desde suas origens, que vêm de fazmais de 25 gerações, o estilo nunca tenha sido ensinado fora dafamília, até eu mesmo o tirar da obscuridade para o trazer à luz. A história do Ling Gar desde os primeiros dias da dinastia Ming, por

volta de 1368, é tão comovente, emocionante e colorida comoqualquer fita de aventuras jamais poderia aspirar a ser. No entanto, ahistória do Ling Gar Tzai Kune Do não trata realmente acerca daevolução dos estilos de Kung-fu, nem sequer da história da suafamosa família, mas sim de uma forma de vida e essa forma de vida setornou em parte do coração e do património da China. Se poderia dizer que o Ling Gar se teria transformado em outro facto

curioso para os académicos e historiadores, se não fosse por meuspróprios esforços. Devido a que provavelmente eu seja mais conhecidopor meus papeis como protagonista em numerosos filmes de acçãointernacionais da Ásia e pela minha carreira musical de grande êxito, écompreensível que as pessoas esqueçam o facto de eu ser membro da22ª geração de Sifus da famosa linhagem do Ling Gar. O nome de Ling Gar Tzai Kune Do ("O Caminho da imobilização de

um ataque desde a sua origem") fue criado por meu primo Ling YinShi, um dos cinco filhos do meu tio Abak (Grão Mestre de Ling Gar)que me ensinou a mim. O nome foi criado assim, para ajudar a que noOcidente se percebesse de que tratava o estilo. Na China, estascoisas fazem parte da cultura e frequentemente se compreendem demaneira implícita e assim se aprendem. No Ocidente, este não é ocaso e as cosas têm de ser mais directas.Forjei o Ling Gar no seu oitavo século e para além. Tentei tudo o

possível perpetuar as ensinanças que me ensinaram e transmitiram.Também trato de trazer à luz uma tradição e forma de Arte que quase

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se tinha perdido, junto com tantos outros famosos estilosde Kung-fu.Parece que nestes dias as pessoas andam mais

interessadas em aprender a combater rapidamente,especialmente para o desporto, que em pesquisar e estudaras verdadeiras ensinanças da técnica. Acho absurdo queArtes, como as Artes Marciais Chinesas que têm uma históriaque data de uns 3.000 anos, sejam tratadas como se nadaem absoluto significassem. Para o verdadeiro Artista Marcialdisciplinado são como o sangue e o suor da sua vida. Circulapelas nossas veias e define intrinsecamente o que somos. Nos nossos tempos modernos, toda a gente pode

adicionar o seu grãozinho de areia na linha do que pensamque é correcto ou incorrecto, ou do chamado “o melhor domelhor”. Para mim, isto é divertido e ao mesmo tempoterrível. Nos quase 50 anos de estudo, nada mudourealmente, apesar de haver mais charlatães que nuncapublicando coisas, ocultos no grupo do Facebook, doYoutube, etc., incontrolados na retórica e obviamente, semsaberem nada da matéria. Posso parecer insensível, masneste caso até o pretendo ser, porque aqueles de nós quetemos passado as nossas vidas vivendo e respirando essatradição da Arte, sabemos exactamente do que falo.Aqui, em NYC, conheci recentemente alguns Sifus de

Kung-fu maravilhosos e humildes; é sempre uma sensação

maravilhosa poder dialogar com outras pessoas sobre anossa própria filosofia pessoal, sem alardear acerca de"qual estilo é o melhor". É chato! Sempre percebi que o diaem que deixamos de aprender, é o dia em que deixamos deexistir… Mais propriamente dito: será o dia em que já nãoseremos uma parte do fluir natural da vida - o Tao. Agora com 55 anos de idade, aplaudo as grandes lições

da vida e o meu entusiasmo pela vida se multiplicou pordez. A chave das Artes Marciais para a vida, ou como nomeu caso, a chave do Ling Gar como fonte de vida, é sercapaz de enfrentar as fases da vida, conforme avançamosatravés das mudanças físicas e mentais, quando vamosenvelhecendo. Para aceitar essas mudanças bem e comestilo, ainda estou aprendendo todos os dias e isso é o queme leva e me obriga a continuar aperfeiçoando a minhahabilidade e ofício.

Kung Fu

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Oxalá eu tivesse escutado eprestado mais atenção ao meu sábiotio Abak quando era criança. Semprehe hei-de lembrar de quando Abak nosvisitou vindo desde Hong Kong. Erapleno Inverno em Connecticut e o tudoestava nevado, um marcado contrastecom o bom tempo que Abak deixaraem Hong Kong, mas às cinco damanhã, ele estava lá fora, praticandoTai Chi e Qi Gong. Meu pai entrou nomeu quarto e tratou de me acordar,para eu ir praticar e aprender algumacoisa com Abak. Levantei-me eatravés da janela gelada, meioadormecido olhei para fora... Abakestava em completo silêncio, em pé,na posição do grou, como se o tempotambém tivesse ficado congelado.Observei-o um minuto e voltei para acama. Uns dez minutos depois, o meupai entrava com um copo de água friaque me atirava à cara. Podem ter acerteza que acordei com um salto!Voltei à janela, afastei a geada e pudever que Abak ainda estava em pé naposição do grou. Saí para o exterior.Começou a nevar com maiorintensidade e era como se ele fosse

uma estátua de gelo que formasseparte da paisagem. Vestia como sefosse Primavera e eu com a habitualroupa de agazalho que estamoshabituados a usar aqui, na costa Lestedos Estados Unidos. Não demoreimuito em entrar em casa para meaquecer. Graças a lições como esta,ainda em criança eu percebi quedesconhecia o poder que possuía. Emcriança, a minha resposta a isto foiBruce Lee. Essas coisas acontecemlentamente. Levei toda a vida paracompreender a complexidade dasArtes internas. O Ling Gar é umacombinação integral de elementosexternos e internos. Quando somos jovens e estamos

metidos em cheio no estudo da partemarcial das Artes, tanto seja para acompetição, para poder impressionaros nossos próprios estudantes ou paranossa vaidade pessoal, por regra gerala Arte se torna em uma maneira deaumentar o nosso próprio ego.Obviamente, isto não dura muitotempo e a prática das Artes Marciaisdesta maneira, também não duramuito. Por isso eu percebi de que se

não investirmos realmente o nossotempo e o nosso futuro na prática dasartes internas, nunca poderemos viveruma vida equilibrada e harmoniosa. Em 2012 levei um grupo de

estudantes ao Templo Wudang, naprovíncia de Hubei, na China. Foimaravilhoso e enriquecedor para todos,tanto para os principiantes como para osestudantes avançados. Todos estavamimpressionados pela energia e pelo factode lá estarmos e aprendermos noTemplo de Wudang. Para mim foi comovoltar para casa e fechar o círculo. Algode muito profundo e esotérico me estavasendo transmitido: que a próxima parteda minha vida deve ser a prática dacalma e a quietude. Citando Bruce Lee: "Sê como a

água, amigo!” Isto quer dizer abandonar a vida de

pressão que tenho vivido, para agoraviver realmente. Para todos nós, istosignifica pôr de lado certas coisas, tantose tratar de coisas materiais como dedeterminadas pessoas que nas nossasvidas absorvem a nossa energia, onosso Chi, a nossa força vital. Édiferente para todos, mas todos

Kung Fu

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Kung Fu

devemos fazer um esforço e não só falaracerca disso, o que sem dúvida é o quetodos fazemos! Temos de fazer com quesuceda com cada cêlula do nosso ser. Voltei de uma viagem à Grécia, país

que sem dúvida teve protagonismo emtempos dificéis, tanto financeira comoeconomicamente. Isto repercutiurealmente na mentalidade das pessoas,pois parece que não permitem que issointerfira na sua liberdade de viver egozar da vida. É maravilhoso vermoscoisas que nos fazem lembrar que nãodevemos levar a vida muito a sério… Avida é preciosa, é bela, mas tambémtem de ser vivida com entusiasmo enunca olhar para trás.Por últ imo, o estudo das Artes

Marciais tem sido uma viagem de todaa vida, que me tem levado a todos oscantos do mundo. Já passou uma vidainteira desde os dias em que estudavaJudo e Karate na Inglaterra. E de quemaneira muitos de nós ficamoshipnotizados observando um pequenohomem chinês de nome Bruce Lee,que conquistou o mundo inteiro!Aquilo entrou no meu sangue, só queeu ainda não tinha percebido... Comotodas as grandes coisas, tinha que serabsorvido e depois treinado atémostrar seu verdadeiro significado.

Sou o último Sifu vivo do Ling Gar,um famoso estilo familiar de Kung-fuque se tem conservado durante maisde 750 anos. Eu trouxe o Ling Garpara o Século XXI e mais além.Tenho visto as Artes Marciais

passarem por muitas mudançasdurante estas últimas cinco décadas.Por desgraça, nem tudo tem sido parabem. Como Artistas Marciais temos aresponsabil idade de transmitir oconhecimento aos nossos filhos equando não às crianças, às pessoasque tiverem sede de conhecimento.Por vezes, como Mestres na Arte nosesquecemos de que é uma "forma devida" e portanto sempre devemosviver, respirar e perpetuar a existênciadas nossas próprias ensinanças.Devemos esforçar-nos por ser dignose ser melhores seres humanos. Emprimeiro lugar, nunca devemosesquecer os motivos que nos levarama ensinar Artes Marciais. As ArtesMarciais são respeito, respeito a umaArte com 3.000 anos de antiguidade.Não importa quantos cintos, graus outroféus se tiverem, se não se tiverrespeito pelos outros e por si próprio. Tenho viajado mundo afora,

aprendendo sobre diferentes estilos deArtes Marciais, só para descobrir que

não importa qual o estilo ou de que paisse seja, todos somos uma família.Podemos falar um idioma diferente, masa linguagem das Artes Marciais éinternacional. Compartilhamos umvínculo comum que não se pode quebrar.Muitos dos meus colegas concordam emque comemos, vivemos e respiramosArtes Marciais, que as Artes Marciaisestão no ar que respiramos. Sem elas, anossa vida seria uma pura rotina. Após50 anos estudando e ensinando a Artedo Ling Gar, me sento abençoado porser parte de uma rica tradição e esperoque a história continue durante outros750 anos. Em comparação com o tio Abak,

continuo a ser só um principiante e elepróprio me disse a mesma coisa amim, comparando-se com o seu Sifu.

"Se não podes realizar o que se temestudado, não consideres o assuntofinalizado. Se outro homem alcançar oêxito com apenas uma tentativa, tu tentadez vezes. Se outro homem conseguir oêxito depois de tentar cem vezes, tentatu mil vezes. Perseverando dessamaneira, até os lentos de mentalidadepodem tornar-se inteligentes e os débeispodem ser fortes".

Confucio

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O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspectonegativo. que desde o princípio pode implicarfracasso para o indivíduo. O problema é que esterótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítimade um acto violento ou agressão e que o praticantedeve realizar uma acção defensiva. Esta premissa deagir após os factos, é a razão pela qual a maioria daspessoas sucumbem às acções do agressor e nuncase recuperam totalmente do ataque inicial ou domedo que provoca a situação. A mulher não devesituar-se à defensiva; deve ser consciente da suasituação e não desestimar ou ignorar possíveisameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e oímpeto, forçando a confusão na mentalidade doatacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treinovital que trata das realidades de um ataque. É umsimples mas poderoso processo de treino, queoferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos,com mais idade ou menos agressivos, umaoportunidade contra o de maior tamanho, mais forteou mais agressivo atacante. Mediante o uso dosobjectivos anatómicos mais débeis do corpo,conjuntamente com as próprias acções e tendênciasnaturais do corpo, se pode proteger facilmente a simesma ou a outros, inclusivamente sob aslimitações de estresse e físicas, quando a suaadrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suaspróprias habilidades motoras grossas (em vez dastécnicas de outros), as suas possibilidades de vitóriasão eminentes.

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