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CIÊNCIA Alguns aspectos de sua evolução - Tudo em rápido escorço AULA INAUGURAL 1949 José de Mello Moraes Professor catedrático de Química Agrícola da Escola Superior de Agricultura""Luiz de Queiroz", da Universidade de S. Paulo A ciência se modifica sem cessar. Renova-se de quando em quarrlo. Destroi o que estatuiu e, sobre as ruinas do que desmantelou, edifica novo e vistoso castelo com aquilo que ad- mite como verdade. Dir-se-ia que seus fundamentos repousam em areia movediça. Presta-se, por isso, a que sua evolução se- ja examinada sob esse aspecto. É oern de ver que o aludido assunto — a evolução da ciên- cia — é por demais vasto e não pode ser passado em revista, embora em aula denominada de inaugural. Tópicos, tirados daqui e acolá, em determinada sequência, sao, contudo, sufi- cientes para demonstrar que a ciência nao se apresenta com arquitetura acabada. Nunca adquiriu estabilidade. Note-se que

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C I Ê N C I A Alguns aspectos de sua evolução - Tudo em rápido escorço

AULA INAUGURAL 1949

José de Mello Moraes Professor catedrático de Química Agrícola da Escola

Superior de Agricultura "" Luiz de Queiroz", da Universidade de S. Paulo

A ciência se modifica sem cessar. Renova-se de quando em quarrlo. Destroi o que estatuiu e, sobre as ruinas do que desmantelou, edifica novo e vistoso castelo com aquilo que ad­mite como verdade. Dir-se-ia que seus fundamentos repousam em areia movediça. Presta-se, por isso, a que sua evolução se­ja examinada sob esse aspecto.

É oern de ver que o aludido assunto — a evolução da ciên­cia — é por demais vasto e não pode ser passado em revista, embora em aula denominada de inaugural. Tópicos, tirados daqui e acolá, em determinada sequência, sao, contudo, sufi­cientes para demonstrar que a ciência nao se apresenta com arquitetura acabada. Nunca adquiriu estabilidade. Note-se que

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o que ela considera hoje como exato, é tido amanho, como fal­so. Isto não impede que, não raro, ressuscite o passado.

A Grécia genial revelou com Aristarco de Samos que o universo era maior do que se supunha, acrescentando que as estrelas e o sol nao giravam ao derredor do planeta terra. A terra é que se movia. Nao se lhe deu crédito- Arquimedes se mostra COMO sábio. Nao foi êle que resolveu o problema da co­roa do ouro do rei Hierão ? Nao inculca em seu tratado — "Sô­bre os corpos flutuantes" — que se valeu da experimentação para esse fim? Demócrito — o Filósofo que ri — sonha com o átomo, pôsto que para êle os elementos fossem apenas a água, o fogo, o ar e a terra. Não obstante Arquimedes, com seus lai­vos do experimentador, verifica-se, em exame de conjunto, que o grego, se notável como o foi, se ateve, diante da ciência, à atitude dedutiva. Partia de axiomas para tirar ilações lógicas, à moda da geometria euclidiana.

Os árabes, no entanto, é que se afobavam com a experi­mentação, maxime no domínio do que viria a ser a química. Ansiavam-se em busca da pedra filosofal, do elixir da longa vida e da transmutação dos metais comuns em ouro reluzen­te. Era o reino da alquimia. Pouco importa que isso se reves­tisse de roupagem de magia. O que.é inegável é que, com as experiências levadas a efeito, chegou-se à descoberta de vá­rios elementos químicos: — o mercúrio, o fósforo, etc....

Roger Bacon abeberou-se com a técnica dos árabes, apo­derando-se, outrossim, da sabedoria que a Idade Média pos­suía, com o germen fecundo do método dedutivo : — obser­vação, experimentação e, ao depois, generalização. A ciência mwvra-se destarte dos instrumentos que a levariam ao es­plendor. O grego lhe entregara a dedução, como chave para decifrar os enigmas da natureza. O árabe, a indução.

É, porém Galileu que se assenhoreia do método científico em sua integridade. Kepler em menor grau. Ambos estabelece­ram que os planetas, inclusive a terra, revoluteiam ao redor do sol Assegura-se que a órbita é elitica. Apesar de Aristarco de Samos, julgava se que a terra era o centro do universo e imóvel. A ciência derrota a Bíblia, ou melhor, os que a inter­pretam, sem lampejos de inteligência. Galileu, o sábio, é in­quieto e irreverente. Do alto da torre inclinada de Piza, deixa cair am peso de libra e outro de dez, justamente quando sour, colegas professores "se dirigiam para as cátedras com grave dignidade em presença dos discípulos". Os pesos atingem o so­lo ao mesmo tempo, praticamente. Estava aberta a brecha na autoridade incontrastável de Aristóteles. Criava-se a lei da

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qüèdà das' contos. Ilusão de ótica somente, na opinião dos cá­tedra ticos austeros, que asseguravam ser impossível que um Aristóteles tivesse laborado em engano... Esqueça-se o episó­dio : co«tH«t&dor do "Eppur si muove'\

A ciência não pára e continua sua marcha triunfal. Surge Newton, bem como Leibnitz e outros. O impreciso, meio caóti­co ná Astronomia, adquire coerência, de um jato, com a lei da (rravttacao. Até o cometa Halley perde sua auréola tétrica. Nao é mais o pressagiador da morte de príncipes e reis. É simples, cometa. Newton: é o Einstein da época, na Inglaterra. Leibnitz é ofuscado. Na França, inaugura Descartes a filosofia moder­na. Voltaire, o diabólico, é que, em suas "Lettres Philosophi-quesM, vulgariza Newton, embora este já nao existisse mais. Incrementa-lhe a fama- A França prossegue a obra do autor da lei d* gravitaçâo. A maça, desprendendo^se da árvore, é ilum1nadora do sistema planetário, com o sol ao centro e de outros astros.

Olhe-ré agora para a terra. O "Beagle" efetua um cru­zeiro singrando os mares, perlustrando regiões sucessivas. A bordo s*- encontra Darwin. Observa a flora e a fauna, que se alteram em seus espécimens, com distribuição geográfica de espécies e gêneros Aristóteles sofre novo embate. Perde o te­tro de árbitro da sabedoria. Darwin desfecha-lhe o obús da "seleção r aturai . As espécies nao s&o imutáveis, através dos séculos. Nao há mal que a.seleção natural, como foi concebi­da, esteta hoje em dia para ficar reduzida a frangalhos. Os seus farrapos subsistem ainda, entretecidos de maneira dife­rente 4a original. A mutabilidade da espécie ficou de pé e aN taneira. K De Vries não a atestou? As linhas puras de Johann-sen valerr para transcurso de tempo limitado. N&o é assim a ciênc'*? • • •

Isolada observação de um abade, realizada com ervilhas, ofèrécé efisêjo para o conhecimento da hereditariedade. Desa­pa rec i a Surpresa do "atavismo" ifle é manifestação descom-plica<?a'dn patrimómio dos genitores, reconstruído pelo acasala­mento. £*cgúè: normas matemática* Correns, Morgan e outros bate*» n* mesma tecla, aumentando-lhe a sonoridade A Dro-sófila, pequenina, é formidável laboratório para observações e experiências no desencanto' do modo pelo qual se comportam plantai e animais, nas dependências de genitores e descen­dentes O ntilhe,tainbém,ê outros que tais. \ ^

- A mente hümáha náo : : ê relegada à penumbra. Tente-se devássá-la rémbventfo-âè ô-qu% sobre seu funcionamento se itóagtttfcr* anteriormente. Frèud esforçà-se para imprimir-lhe

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caráter sexual. Nem o sonho é desprezado para isso. Pavlov, na Rússia, se levanta como um Deus. com seus reflexos condicio­nados. O cão é material próprio para investigações desse nai­pe. A torre do silêncio, que nem a revolução soviética destruiu, é o farol que norteia as pesquisas. O cão raciocina. Deforma-a lhe a psiché. provocando distúrbios mórbidos, mentais. O me­canismo do raciocínio é apresentado em base fundamental. Adler, discípulo de Freud, apela com esse fim a conjunturas sociais.

Abandone-se, porém, o que diz respeito ao ser humano, em sua forrma material ou espiritual. Não se cogite nem sequer das etapas de seu aperfeiçoamento, desde sua origem de linha­gem paralela ao macaco até o homem de hoje em dia, o arqui­teto incansável da ciência. E faça-se a ressurreição do átomo. Êle perdeu o significado de unidade indivisível da matéria inerte Continua a ser unidade, mas não indivisível. O que é interessante assinalar é que a Física lidava com moléculas. O átomo era entregue ás especulações da Química. A molécula foi examioada, por prismas os mais variados. Brown, em 1828, constatara que esporos minúsculos, vistos ao microscópio, mo­viam-se. Que representaria tal fato de importante? Bem de­pois é que se calculou que esses esporos de Brown deslocavam-se, porque sofriam embates das moléculas do líquido em que se achavam em suspensão. Horizontes amplos se delineiam pa­ra a ciência. O movimento browniano sé patenteia como cor­relacionado com o movimento, molecular, concomi tan temente com a elevação da temperatura. Em virtude disso, e após ex¬ periências simples, determinou-se, por extrapolação, a ener­gia oa zero isto é, a temperatura de menos 273°C, justamente onde o novimento molecular desaparece, cessando de existir. É o zero absoluto, também chamado de Kelvin.

Outro físico, Otto Stern, logra medir diretamente a velo­cidade molecular, criando para isso engenhosos petrechos. Maxyell assegura que "numa- coleção de grande número de partículas em movimento irregular, as colisões mútuas chegam a um estudo em que a energia total do sistema será em média igual ner te distribuída entre todas as partículas. Jean Perrin calcula a energia cinética das partículas brownianas, estenden­do o mesmo cálculo as moléculas de qualquer substância, ba­seado no princípio do equidivisão. A unidade de carga elétrica nos pequeníssimos corpos, é determinada por Milikan, em 1911. com o concurso do "efeito fotoelétrico". Einstein é gênio in­discutível. A sua teoria da relatividade não convém que seja trazida à baila, embora se encontre exposta em vulgarização

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ao alcance das inteligências nao familiarizadas com a Física ou com sua estonteante matemática. O espaço curvo não es­panta. Na terra, a linha reta, traçada á superfície, acaba por voltar ao ponto de partida. . .

Mas, a Física retoma o átomo da Química e o disseca, em­bora fosse considerado como a menor quantidade imaginável de matéria. E mostra que êle é um universo em miniatura. Nú¬ cleo central positivo com um ou mais eletrônios negativos, em constante movimento. Capas eletrônicas escalonam-lhe o nú­mero e sua complexibilidade. É desnorteante ? Nao. É esclare­cedor do que se passa. A sua periodicidade, posta a descoberto por Mendelejeff, torna-se clara como a luz do dia sem nuvens. A isctopta é transparente. A reunião dos átomos em moléculas, quando viável, é mero entrozamento ou partilhamento de ele­trônios. Desfazem-se obscuridades.

Como se fosse taumaturgo, Rutherford sonda o minúsculo corpo do átomo. As partículas a (alfa) se transformam em pro­jéteis. Ò esqueleto atômico é desnudo, percebendo-se a distri­buição de cargas elétricas. O núcleo se revela, desviando ou ri¬ cocheteando particular a (alfa)- O eletrônio não atua sôbre elas. Também a sua massa é insignificante. 1840 vezes menor do que a de um átomo de hidrogênio. Possui, todavia, o mínimo de energia, que é suficiente para que não caia no núcleo. O es­tado Inicial de tal energia é de excitação quântica O movimen­to subatômico esbarra, porém, na mecânica clássica, que o obs-curece. Bohr procurava remover o entrave. Erwin Schroeder, austríaco e Werner Heisenberg, alemão, físicos ambos, estrutu­raram novo sistema de mecânica para explicá-lo, embora par­tindo de premissas diversas. As disparidades aparentes das teo­rias, que rada qual formulou, desapareceram, porque se de­monstrou que matematicamente eram equivalentes. O átomo simplificado de Demóstenes se converte em complicado arran­jo mecânico. O núcleo é que, segundo o modelo de Rutherford, deve ser centro morto, imóvel, em redor do qual revoluteiam os eletrônios.

Pouco antes, porém, já sé havia constatado a desintegração da matéria. Becquerel, com suas chapas fotográficas, tivera surp-cra profunda, algo misteriosa. O rádio do casal Curie des­venda a cortina de transmutação dos elementos. O alquimista que foi desprezado patenteia-se como lídimo precursor nesse terreno. A ciência reflui ao passado remoto, desentravando a verdade dos escombros em que a sepultara, por mais de século. É possível calcular a idade da terra, com base da transmutação do urânio, tório, actínio e seus afins.

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Mas, se o rádio e outros elementos das famílias radioativas se transmutam espontaneamente, qual a razão por que não se poderá provocar coisa semelhante, com técnica adequada para isso é. Insiste-se no bombardeamento dos átomos. Fotografa-se o projétil infinitesimal, que lhe penetra no âmago. Não é fo­tografia direta. É da névoa que se forma na câmara de bom­bardeio. Merle Tuve. Hafstad e Van de Graf constróem o esma¬ gado de átomos, em Washington. O ciclotrônio se ergue na Ca­lifórnia, graças a Lawrence. É que Cockcrofl tinha conseguido produzir feixe paralelo de protônios, que se moviam com a ve­locidade de 10 000 quilômetros por segundo.

O azôto em colisão nuclear com o hélio se convertem em oxigênio e hidrogênio. Não o oxigênio comum, mas o pesado, de número atômico 17. O lítio e o mesmo hidrogênio produzem dois núcleos de hélio. O boro (na.5) vira em carbono (n.a.6). O sódio em magnésio. O alumínio (13) em silício (14). O hidrogênio pe­sado, ou Deuterônio e consequente a água, também pesada, são frutos de pesuisas análogas. Além do argônio, com crescente pêso atômico, os elementos se mostram rebeldes à desintegração ou transformações nos moldes em voga. Resistem ao esmagamen¬ to. E de tudo o que se atingiu com esses conhecimentos, resul­tou a bomba atômica, a destruidora terrlfica. É capaz de ani­quilar a humanidade.

So isso ? Não. Aperfeiçoou o entendimento principalmente em relação ao sol. Acreditava-se ingenuamente que esse astro se queimava. Qual seria o combustível que era consumido ? Não se sabia isso. Ademais, existia ingenuidade em conceber-se com­bustão á temperatura de milhares de graus. Em 1929, dois jo­vens sábios, Atkinson e Houtermans comprovam que é possí­vel a realização de reações termonucleares, em altíssimas tem­peraturas. Os núcleos se despem das capas eletrônicas. Apre­sentara-se nús em irregular agitação. A energia cinética do movimento térmico se acentua. A persistência das colisões tor­na assim mais eficiente do que o bombardeamento dos átomos para a transmutação dos elementos. Weizsäcker, na Alemanha, reconnect a importância das reações nucleares cíclicas na pro­dução da energia solar. O sol não se queima, portanto. É sede somente de reações cíclicas termonucleares. Os principais fi­gurantes na sequência são "os núcleos de carbono e azôto, jun­tamente com os termo-protônios com que colidem. Começa-se com o carbono comum, C,12. Um impacto de protônio converte no insópito leve do azôto (N.13) com liberação de energia em forma de raios g (gama). O azôto leve é instável e reajusta-se com a emissão de partícula b (beta) positiva, tornando-se em

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núcleo estável do isétopo mais pesado do carbono C13. Outro impacto de protônio leva esse carbono ao azôto comum (N,14) e da incensa radiação gama. Em seguida, o núcleo de azóto co­mum condindo com o terceiro protônio, faz nascer o instável isôtopo do oxigênio (0,15) o qual rapidamente se transforma em azôto estável (N,15) emitindo partícula b (beta). Por fim, esse izôto, ao receber em seu interior novo protônio, quebra-¬ se em partes iguais: — um núcleo de carbono (C,12) e outro de helio, isto é partícula a, alfa. Está fechada a cadeia. Está ex­plicada a origem da poderosa energia solar.

Qual a prova que assim o seja ? É que o cálculo da ener­gia total desprendida na reação cíclica termonuclear correspon­de à energia irradiada pelo sol. Dr. Hans Bete a calculou por ocasião da Conferência de Física Teórica, realizada em 1998 em Washington.

É por conseguinte, em virtude da transmutação dos ele­mentos que a vida se iniciou e se mantém na terra. A planta sintetisa substâncias orgânicas, mercê da energia daí provenien­te, fornecendo alimento aos animais: glucídios, lipídios, pro­teínas e vitaminas. Até as rochas se alteram pelo mesmo moti­vo, proporcionando minerais à alimentação dos que constituem o reino vegetal e animal, na natureza. A extinção do sol seria a morte de tudo. Será que o trágico acontecimento há de se con­verter em realidade ? É evidente que sim. O sol perecerá indu­bitavelmente. Ficará recoberto de gelo eterno. Acontece, porém, que ele rão irá perdendo calor, como se acreditava, progressi­vamente. Antes disso, à medida que se consuma, contrair-se-á e haverá emissão de mais energia térmica. As florestas incen­diar-se-ão na terra, bem como as cidades, embora opulentas em arranha-céus de cimento armado Os mares e oceanos, depois das suas águas entrarem em ebolição, não conterão mais esse líquido, que se evaporará por completo. A humanidade de en¬ tão, pacífica ou belicosa, próspera ou esfomeada, extinguir-se á carbonizada. A ciência sucumbe diante da Escritura Sagra­da : água, ao depois, fogo para extermínio final. Não será pre­ciso que as doutas congregações dos estabelecimentos de ensino nem a elite que aqui se encontra, se reunam para ouvir qual­quer aula inaugural. Será o silêncio tranquilo. É bem exato que essa tragédia suprema ocorrerá daqui a milhões ou bilhões de anos. Permaneça-se, pois, sem receio do terrível evento. Dur¬ ma-se calmamente.