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CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE PRAÇA DR. RAUL NUNES, 70 – SETOR CENTRAL
CEP 75.650-000 – MORRINHOS/GOIÁS
Fundado em 30/07/1939
ESTUDO SISTEMATIZADO DE DOUTRINA ESPÍRITA
CIÊNCIA ESPÍRITA II
Agosto a dez/2018
CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE
- Curso Ciência Espírita II - Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)
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— APRESENTAÇÃO:
Este curso é destinado às pessoas que concluíram o Curso “Ciência Espírita I”,
obtendo o aproveitamento básico à assimilação dos novos temas, a serem estudados.
O assunto a ser desenvolvido continuará sendo o aspecto científico da Doutrina
Espírita, ampliando os temas já estudados no “Ciência Espírita I”.
— METODOLOGIA:
Será aplicado sistematicamente, utilizando-se de técnicas adequadas, tais como:
exposição dialogada, estudos em grupos, recursos visuais, etc.
Em seu transcorrer recomendaremos e promoveremos visitas a irmãos carentes,
como forma de despertar nos participantes o gosto pela prática da Caridade, quando
espera-se o máximo empenho de todos nesse sentido.
Os estudos serão previamente preparados, seguindo uma programação pré-
estabelecida e tendo como bibliografia os livros da Codificação Kardequiana e obras
complementares da literatura espírita.
Estão previstas 18 (dezoito) reuniões temáticas e 2 (duas) especiais — inaugural e
de encerramento.
Os estudos ocorrerão sempre às segundas-feiras, no horário das 19h 15 às 21h.
Este curso, será aplicado por dois monitores, indicados pela direção do Centro
Espírita Luz e Caridade.
Todas as aulas serão avaliadas pelos instrutores após o seu término.
Este curso, contará com dois monitores, indicados pela direção do Centro Espírita
Luz e Caridade.
— OBJETIVOS:
- Dar continuidade ao estudo da Doutrina Espírita;
- conhecer o aspecto científico da Doutrina Espírita;
- estimular a reforma íntima, conscientizando quanto a necessidade da aplica-
ção dos ensinamentos adquiridos em nossa vida diária e em sociedade;
- formar adeptos esclarecidos capazes de propagar as idéias espíritas; (Allan
Kardec - Livro: OBRAS PÓSTUMAS) - despertar / conscientizar para a necessidade da prática da Caridade;
- preparar novos trabalhadores para as atividades específicas da mediunidade
e para as demais áreas.
— CRONOGRAMA:
INÍCIO: 06/08/2018.
TÉRMINO PREVISTO: 17/12/2018.
DIA DA SEMANA: Segunda-feira.
HORÁRIO: 19 h - 19h 15 = Preparação instrutores / Providências.
19h15 - 19h 30 = Alegria Cristã.
19h30 - 21h 15 = Aula.
CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE
- Curso Ciência Espírita II - Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)
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TEMAS A SEREM ESTUDADOS:
— Reunião Especial (Inaugural)
DO EXERCÍCIO DO MANDATO MEDIÚNICO
01 Qualidades essenciais ao médium.
02 Identificação das fontes de comunicação.
03 Mistificações, contradições e animismo.
04 O exercício irregular: Abusos, perigos e inconvenientes.
05 Perda e suspensão da mediunidade.
DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
06 Necessidade de metodização: Regras a observar.
07 Oportunidade do desenvolvimento.
08 Adaptação Psíquica.
09 Sinais precursores da mediunidade: Mediunidade como prova.
10 A educação mediúnica e a evangelização do médium.
11 A influência do médium nas comunicações.
12 Sono e sonhos.
FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA
13 Letargia, catalepsia, mortes aparentes.
14 Sonambulismo, êxtase e dupla vista.
O B S E S S Ã O
15 Conceito, causas e graus de obsessão.
16 O processo obsessivo: O obsessor e o obsidiado.
17 Desobsessão: Terapêutica.
18 Desobsessão: Profilaxia.
— Reunião Especial (Encerramento).
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- Curso Ciência Espírita II - Reunião: ESPECIAL (INAUGURAL)
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— NORMAS GERAIS:
I - PONTUALIDADE:
Estar atento quanto ao horário, pois a porta será fechada no horário marcado
para o início da aula (19h30), quando será proferida a prece inicial. É recomendação da
espiritualidade, pelo Espírito André Luiz, no livro “Sinal Verde”, lição 39: “Tanto quanto
possível, em qualquer obrigação a cumprir, esteja presente pelo menos dez minutos antes,
no lugar do compromisso a que você deve atender.”
“Ordem mantida, rendimento avançado”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)
II - ASSIDUIDADE:
O aluno necessitará atingir o mínimo de 75% de freqüência, podendo ter
apenas 5 faltas durante todo o transcorrer do Curso. Somente participará do próximo Curso
aquele que atingir o mínimo de freqüência estabelecido.
“Inconstância e indisciplina são portas de frustração”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)
III - CONVERSAS PARALELAS:
Evitar conversas paralelas para não atrapalhar a conexão dos assuntos que
estão sendo expostos.
“Em qualquer atividade a disciplina sedimenta o êxito”. (CONDUTA ESPÍRITA - André Luiz)
IV - RESPONSABILIDADE:
Ter responsabilidade com os compromissos assumidos. Grande esforço e
valioso tempo são exigidos da equipe que organiza, coordena e aplica este Curso.
“Não há vida sem responsabilidade. Todo ser tem direitos e obrigações. (ESTUDE E
VIVA - André Luiz)
V - NECESSIDADE DO ESTUDO:
Fazer melhor é saber porque, quando e como fazer, por isso o estudo se torna
de essencial importância para o nosso crescimento espiritual.
“Levantam-se educandários em toda a Terra.
Estabelecimentos para a instrução primária, universidades para o ensino superior.
Ao lado, porém, das instituições que visam à especialização profissional e científica, na
atualidade, encontramos no templo espírita a escola da alma, ensinando a viver.” (ES-
TUDE E VIVA, Introdução - Emmanuel)
Que Jesus nos ilumine!
A Coordenação.
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- Curso Ciência Espírita II - 1ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - QUALIDADES ESSENCIAIS AO MÉDIUM
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QUALIDADES ESSENCIAIS AO MÉDIUM
“Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. (...)”
Emmanuel, esclarecendo sobre as qualidades mais necessárias a um bom médium afirma que “(...) a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.”
“(...) As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. (...)”
O médium “(...) eficiente, sob o ponto de vista espiritual, será aquele trabalhador que melhor se harmonizar com a vontade do Pai Celestial.
Será aquele que se destacar pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do devotamento e da confiança, da boa vontade e da compreensão. (...)”
“Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. (...)”
“(...) Sob o ponto de vista do mecanismo da comunicação, a mediunidade, em si mesma, não depende do fator moral.
Sob o ponto de vista da assistência espiritual, contudo, o fator moral é indispensável. Médiuns moralizados contam com o amparo de Espíritos Superiores. (...)
O médium moralizado terá a vida de um homem de bem. Será humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso, trabalhador, desinteressado. (...)”
Por isto, “(...) paciência, perseverança, boa-vontade, humildade, sinceridade, estudo e trabalho são fatores de extrema valia na educação mediúnica. (...)”
“(...) Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris, entendendo que importa, acima de tudo, o bem a fazer, (...) passa, então, a ser objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe
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- Curso Ciência Espírita II - 1ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - QUALIDADES ESSENCIAIS AO MÉDIUM
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aproveitam as capacidades no amparo aos semelhantes, dentro do qual assimila amparo a si mesmo. Quanto mais se lhe acentuam o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais. (...)”
Fora dessa compreensão, fica claro que “todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. (...)”
Concluímos, portanto, que “(...) o primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Frequentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos. (...)”
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MEDIUNIDADE:
CONCENTRAÇÃO: Noções gerais - Preparação do Ambiente Íntimo desde cedo.
CONCENTRAÇÃO: É a convergência de pensamentos para um determinado fim.
A convergência pressupõe a eliminação de todos os pensamentos que não sejam convenientes aos fins desejados.
A abstração ou esquecimento dos problemas comuns que perturbam a nossa vida íntima, deve ser exercitada.
A reunião depende em muito do ambiente formado por todos os componentes do grupo. Através do exercício dos bons pensamentos e da elevação dos sentimentos. O ambiente se satura de elementos espirituais (fluídicos) que favorecem o intercâmbio.
Sem o preparo devido que deve começar desde a manhã, evitando-se emoções violentas, atritos, desequilíbrios físicos e espirituais: sem o bom hábito de leituras sadias e o exercício dos bons sentimentos, dificilmente a pessoa, durante a sessão, tem tranqüilidade suficiente para se dedicar tão somente aos fins elevados da sessão.
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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 21 - FEB.
Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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- Curso Ciência Espírita II - 2ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE COMUNICAÇÃO
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Identificação das Fontes de Comunicação
“A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas (...).
É que, com efeito, os Espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram.
Esta, por isso mesmo, é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático. Todavia, em muitos casos, a identidade absoluta não passa de questão secundária e sem importância real. (...)”
“Não há outro critério, senão o bom-senso, para se aquilatar do valor dos Espíritos.(...)”
“(...) Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos Superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade. (...) A dos Espíritos inferiores, (...) é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. (...)”
“(...) Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser identificados por suas idéias e pela essência espiritual de suas palavras. (...)
No ponto de vista objetivo ou exterior, as provas fornecidas pelas aparições e materializações não podem deixar dúvida alguma. Entretanto, na ordem subjetiva, no que concerne aos modos de manifestações, subsiste uma dificuldade: a de obter dos Espíritos, em número suficiente para satisfazer aos cépticos exigentes, provas de identidade (...).”
“(...) Quando se manifesta o Espírito de alguém que conhecemos pessoalmente, de um parente ou de um amigo, (...) sucede geralmente que sua linguagem se revela de perfeito acordo com o caráter que tinha aos nossos olhos, quando vivo. Já isso constitui indício de identidade. (...)”
“(...) A identidade dos Espíritos das personagens antigas é a mais difícil de se conseguir, tornando-se muitas vezes impossível, pelo que ficamos adstritos a uma apreciação puramente moral. Julgam-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem. (...)”
“Muito mais fácil de se comprovar é a identidade, quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujos caracteres e hábitos se conhecem. (...)”
“Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, o mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre bons e maus Espíritos. (...)”
“(...) Pode estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que — a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenha chegado. (...)”
“Apreciam-se os Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas ações. Estas se traduzem pelos sentimentos que eles inspiram e pelos conselhos que dão. (...)”
“As provas mais completas de identidade são muitas vezes fornecidas por Espíritos desconhecidos do médium e da assistência e achadas, depois de uma verificação, inteiramente exatas. (...)”
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- Curso Ciência Espírita II - 2ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE COMUNICAÇÃO
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No capítulo 24, itens 262 a 268, de O Livro dos Médiuns estão relacionados os meios de se distinguirem os bons dos maus Espíritos. Em resumo, é o seguinte:
Para aquilatar-se o valor dos Espíritos, o melhor critério é o bom-senso.
Deve-se julgar os Espíritos pela linguagem que usam e pelas suas ações.
Os bons Espíritos só dizem e fazem o bem.
“(...) Os Espíritos Superiores usam sempre de uma linguagem digna, nobre, elevada, sem eiva de trivialidade; tudo dizem com simplicidade e modéstia, jamais se vangloriam, nem se jactam de seu saber, ou da posição que ocupam entre os outros. A dos Espíritos inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões humanas. Toda expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice, acrimônia, é indício característico de inferioridade e de embuste, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado. (...)”
“Os bons Espíritos só dizem o que sabem (...)”.
Os Espíritos levianos gostam de predizer o futuro, enquanto os bons Espíritos “fazem com que as coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha.”
Os Espíritos superiores não falam com prolixidade, sendo concisos, claros, inteligíveis. Os Espíritos inferiores usam de linguagem empolada.
Os bons Espíritos aconselham sem ordenar. Os maus são imperiosos e gostam de ser obedecidos.
Os bons Espíritos não lisonjeiam, apesar de aprovar com discrição as boas ações dos homens. Os maus prodigalizam elogios, estimulam o orgulho e a vaidade das pessoas.
Alguns Espíritos não muito evoluídos utilizam nomes singulares e ridículos, além de se apresentarem sob o nome de pessoas venerandas.
Os maus Espíritos procuram exacerbar o mal, estimulando a cizânia e desconfiança por meio de insinuações pérfidas.
“Os bons Espíritos só prescrevem o bem”.
Nas comunicações mediúnicas nota-se a ação dos maus Espíritos, “ou dos simplesmente imperfeitos pelos movimentos bruscos e intermitentes” que provocam nos médiuns, traduzindo-se em “agitação febril e convulsiva, que destoa da calma e da doçura dos bons Espíritos”.
Os Espíritos utilizam-se do gracejo. Sendo fino e vivo, porém nunca trivial, nos Espíritos Superiores. Nos Espíritos zombeteiros ou são grosseiros e mordazes ou despropositados.
O bom senso é o meio que se deve dispor para estudar o caráter dos Espíritos, “reconhecendo-lhe a natureza e o grau de confiança que devem merecer”.
Para julgar qualquer Espírito é preciso saber julgar a si próprio.
Nem um Espírito que revele conhecimento intelectual é moralmente elevado.
Os “Espíritos semi-imperfeitos são mais de temer do que os maus Espíritos, porque, na sua maioria, reúnem à inteligência a astúcia e o orgulho. Pelo pretenso saber de que se jactam, eles se impõem aos simples e aos
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- Curso Ciência Espírita II - 2ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE COMUNICAÇÃO
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ignorantes, que lhes aceitam sem exame as teorias absurdas e mentirosas (...). Esse um ponto que demanda grande estudo da parte dos espíritas esclarecidos e dos médiuns.”
Nem sempre um Espírito Superior atende pessoalmente a uma evocação que lhe é feita, enviando, porém, em seu lugar um mandatário, que é alguém que merece sua confiança e lhe comunga os pensamentos.
Um Espírito que induz alguém ao erro nem sempre pode ser qualificado de mau: pode enganar por boa-fé ou por ignorância. Os Espíritos levianos, que não necessariamente maus, divertem-se em mistificar.
“Muitos médiuns reconhecem os bons e os maus Espíritos pela impressão agradável ou penosa que experimentam à aproximação deles.”
Finalmente, “os Espíritos só enganam os que se deixam enganar. Mas, é preciso ter olhos de mercador de diamantes, para distinguir a pedra verdadeira da falsa. Ora, aquele que não sabe distinguir a pedra fina da falsa se dirige ao lapidário.”
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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 22 Fed. Esp.
Brasileira.
MEDIUNIDADE:
CONCENTRAÇÃO: Relaxação, abstração e elevação A relaxação deverá ser completa: muscular e psíquica.
Para tanto, evitar todas as causas, pelo menos no dia da reunião, que levam o indivíduo a uma tensão.
Preparado convenientemente durante o dia, procurar alimentar-se frugalmente, evitando problemas de sobrecarga física; vestir-se com sobriedade, evitando roupas e calçados apertados.
Durante a reunião, manter-se relaxado, respirar calmamente, tomar na cadeira uma posição cômoda, solta, evitando contrair os músculos, para facilitar um bem estar físico.
A abstração quer dizer desligamento de problemas outros que não digam respeito às finalidades da reunião: problemas domésticos, particulares, etc.
A relaxação proporcionando um bem estar fisiológico e a abstração evitando tensões psíquicas, dão condições para que o indivíduo possa focalizar seu pensamento em objetivos elevados.
Pensar no bem, no amor, na caridade, nas virtudes que exornam o caráter do verdadeiro cristão.
O resultado da reunião depende da concentração e da elevação com que é feita.
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BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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- Curso Ciência Espírita II - 3ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO
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Contradições Espíritas
As contradições sobre os ensinos espíritas “(...) são, em regra, mais aparentes que reais; (...) elas quase sempre existem mais na superfície do que no fundo mesmo das coisas e que, por consequência, carecem de importância. De duas fontes provêm: dos homens e dos Espíritos.” “Quando começaram a produzir-se os estranhos fenômenos do Espiritismo
(...) sucedeu que cada um os interpretou a seu modo, de acordo com suas ideias pessoais, suas crenças ou suas prevenções. Daí muito sistemas (...).” Os sistemas nasceram, pois, devido às contradições de origem humana.
Os adversários do Espiritismo podem ser classificados em três categorias: “(...) 1ª — A dos que negam sistematicamente tudo o que é novo, ou deles
não venha, e que falam sem conhecimento de causa. (...) Para eles, o Espiritismo é uma quimera, uma loucura, uma utopia. (...) São os incrédulos de caso pensado. (...) 2ª — A dos que, sabendo muito bem o que pensar da realidade dos fatos, os combatem, todavia, por motivos de interesse pessoal. Para estes, o Espiritismo existe, mas lhe receiam as consequências. (...) 3ª — A dos que acham na moral espírita uma censura por demais severa aos seus atos ou às suas tendências. (...) Os primeiros são movidos pelo orgulho e pela presunção; os segundos, pela ambição; os terceiros, pelo egoísmo. (...)”
“(...) De duas espécies são os fenômenos espíritas: efeitos físicos e efeitos inteligentes. Não admitindo a existência dos Espíritos, (...) concebe-se que neguem os efeitos inteligentes. (...)” Quanto aos efeitos físicos, seus argumentos se podem resumir nos quatro sistemas seguintes: * Charlatanismo — “(...) Todos os espíritas seriam indivíduos embaídos (iludidos) e todos os médiuns embaidores (enganadores), de nada valendo a posição, o caráter, o saber e a honradez das pessoas. (...)” * Loucura — “Alguns, por condescendência, concordam em por de lado a suspeita de embuste. Pretendem então que os que não iludem são iludidos, o que equivale a qualificá-los de imbecis. (...) Declaram, pura e simplesmente, que os que crêem são loucos (...).” * Alucinação — “(...) O observador estaria de muito boa-fé; apenas julgaria o que não vê. (...) Viu (...) por efeito de uma espécie de miragem (...)”. * Músculo estalante — “(...) A causa (...) reside nas contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão do músculo curto-perôneo. (...)” Quanto aos adversários que admitiam a existência de uma ação inteligente nos fenômenos espíritas, uma teoria foi apresentada: o Sistema de Reflexo.
“(...) Julgou-se que (essa inteligência) bem podia ser a do médium ou a dos assistentes (...)”.
César Lombroso comenta, a respeito: “Outras explicações se tentam para evitar a da influência dos mortos: por exemplo, a de que o médium extrai do cérebro dos presentes as respostas aos quesitos, (...) que depois projeta no exterior (...). “Não se compreende, porém, como o médium poderia realizar tal prodígio.
Outra tentativa de explicação dos fenômenos espíritas é a do Sistema Diabólico, também chamado pessimista ou demoníaco. Consiste na crença de que só o diabo ou os demônios podem comunicar-se.
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- Curso Ciência Espírita II - 3ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO
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“(...) Os Espíritos ensinam a fraternidade, o perdão das injúrias, a mansuetude (...). Dizem-nos que o caminho único da felicidade é o do bem e que os sacrifícios agradáveis ao Senhor são os que fazemos a nós mesmos. Exortam-nos a vigiar cuidadosamente nossos atos, a fim de evitar a injustiça; recomendam-nos o estudo (...) e o amor aos nossos semelhantes (...).
Se são estes os processos empregados por Satã para perverter-nos, é preciso declarar que eles se assemelham estranhamente aos que Jesus empregava para reformar os homens, e o anjo das trevas conduz mal seus negócios, trazendo-nos à virtude pela austeridade que recomenda em suas comunicações. (...)” “(...) O Espiritismo tem, é verdade, muitos inimigos interessados em sua perda; de um lado, os materialistas; de outro, os sacerdotes de todas as religiões, de sorte que seus (...) partidários estão entre o martelo e a bigorna, a receber rudes golpes de todos os lados. Os materialistas têm argumentos extraordinários; não concebem a boa fé nos seus adversários e declaram que os fenômenos espiritistas são todas devidos à mistificação ou à prestidigitação. Para esses Espíritos (...), só existem duas classes no mundo: a dos enganadores e a dos enganados. Ora, não partilhando dessa opinião, seremos, necessariamente enganadores, e os médiuns, vulgares charlatães. (...)” “Para se compreenderem a causa e o valor das contradições de origem espírita, é preciso estar-se identificado com a natureza do mundo invisível e tê-lo estudado por todas as suas faces. À primeira vista, parecerá talvez estranho que os Espíritos não pensem todos da mesma maneira (...). Supor-lhes igual apreciação das coisas fora imaginá-los todos no mesmo nível; pensar que todos devam ver com justeza fora admitir que todos já chegaram à perfeição, o que não é exato e não o pode ser, desde que se considere que eles não são mais do que a Huma-nidade despida do envoltório corporal. Podendo manifestar-se Espíritos de todas as categorias, resulta que suas comunicações trazem o cunho da ignorância ou do saber que lhes seja peculiar no momento, o da inferioridade, ou da superioridade moral que alcançaram. (...)” “(...) Os Espíritos realmente superiores jamais se contradizem e a linguagem de que usam é sempre a mesma, com as mesmas pessoas. Pode, entretanto, diferir, de acordo com as pessoas e os lugares. Cumpre, porém, se atenda a que a contradição, às vezes, é apenas aparente; está mais nas palavras do que nas idéias; porquanto, quem reflita verificará que a idéia fundamental é a mesma. Acresce que o mesmo Espírito pode responder diversamente sobre a mesma questão, segundo o grau de adiantamento dos que o evocam, pois nem sempre convém que todos recebam a mesma resposta, por não estarem todos igualmente adiantados. É exatamente como se uma criança e um sábio te fizessem a mesma pergunta. De certo, responderíeis a uma e a outro de modo que te compreendessem e ficassem satisfeitos. As respostas, nesse caso, embora diferentes, seriam fundamentalmente idênticas.”
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Mistificação e Animismo
A palavra mistificar significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair.” Quem quer que se dedique à prática mediúnica deve estar atento a esta ocorrência.
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- Curso Ciência Espírita II - 3ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO
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Existe a mistificação provocada pelo encarnado e há aquela promovida pelos desencarnados. Em ambos os casos, é necessário muita cautela e firmeza para não se deixar ludibriar. “(...) As mistificações constituem os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. (...)” Para evitá-las “(...) há para isso um meio simples: o de não pedirdes ao Espiritismo senão o que ele vos possa dar. (...)” Ora, sabendo que a finalidade maior do Espiritismo é o melhoramento moral da humanidade e, não nos afastando deste objetivo, dificilmente seremos enganados, “(...) porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, a que todo homem de bom-senso pode admitir. (...)” Entendendo que os Espíritos superiores procuram sempre nos instruir e nos guiar no caminho do bem, saberemos rejeitar qualquer instrução que possa nos proporcionar vantagens materiais ou favorecer nossas paixões mesquinhas. Os Espíritos levianos são os que “(...) gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigas, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas. (...)” “A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassam às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte, com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir, seria uma coisa curiosa, se eles nunca passassem dos simples gracejos; porém, as mistificações podem ter conseqüências desagradáveis para os que não se achem em guarda. (...) Entre os meios que esses Espíritos empregam, devem colocar-se na primeira linha, a como sendo os mais freqüentes, os que têm por fim tentar a cobiça, como a revelação de pretendidos tesouros ocultos, o anúncio de heranças, ou outras fontes de riquezas. Devem, além disso, considerar-se suspeitas, logo à primeira vista, as predições com época determinada, assim como todas as indicações precisas, relativas a interesse material. Cumpre não se dêem os passos prescritos ou aconselhados pelos Espíritos, quando o fim não seja eminentemente racional; que ninguém nunca se deixe deslumbrar pelos nomes que os Espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras; desconfiar das teorias e sistemas científicos ousados; enfim, de tudo o que se afaste do objetivo moral das manifestações. (...)” Em tese, estes são os meios de se evitar as mistificações.
O que é animismo? Animismo é o estado em que opera o Espírito do médium e não o do desencarnado. “(...) A cristalização da nossa mente, hoje, em determinadas situações, pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos anímicos, do mesmo modo que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado, se exterioriza no presente. (...) Muitas vezes, portanto, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com todas as aparências de que há a interferência de um Espírito, nada mais é do que o médium, naturalmente o médium desajustado, revivendo cenas e acontecimentos recolhidos do seu próprio mundo subconsciencial, fenômeno esse motivado pelo contacto magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilham as remotas experiências. (...)”
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- Curso Ciência Espírita II - 3ª AULA: DO MANDATO MEDIÚNICO - CONTRADIÇÕES, MISTIFICAÇÕES E ANIMISMO
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“(...) Não devemos confundir mistificação com animismo. Na primeira, temos a mentira; no segundo o desajuste psíquico.” “(...) Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras “mistificação inconsciente ou subconsciente” para batizar o fenômeno. (...)” A pessoa passível de animismo é um “(...) doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere. Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga. (...)” “(...) No fenômeno anímico o médium se expressa como se ali estivesse, realmente, um Espírito a se comunicar. O médium nessas condições deve ser tratado com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. (...) O médium inclinado ao animismo é um vaso defeituoso, que pode ser consertado e restituído ao serviço, pela compreensão do dirigente, ou destituído, pela sua incompreensão. Incompreendido, pode ser vitimado pela obsessão. (...)”
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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª. Parte), Roteiros 23 e 24 -
Federação Espírita Brasileira.
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MEDIUNIDADE:
CONCENTRAÇÃO: Manutenção vibratória
Conseguida a concentração após um preparo adequado por parte de todos os componentes do grupo, é necessário manter-se o ambiente saturado de elementos fluídicos favorecedores do intercâmbio com o plano espiritual.
Manter-se atento às ocorrências da reunião, evitando dispersar o pensamento para objetivos que não os da mesma.
Pela vontade exercitar-se na doação vibratória em favor de outros componentes do grupo e das entidades espirituais que porventura estejam no recinto e precisem de vibrações de carinho, afeto, compreensão.
Mentalmente, envolver a todos em pensamentos agradáveis, desejando-lhes o melhor que se possa dar, como se a nossa mente estivesse emitindo forças e palavras de conforto e esclarecimento.
O cansaço após a concentração, denota esforço em sentido contrário à boa vibração. Significa que está havendo mau atendimento às normas de relaxação e tranqüilidade.
A vibração feita com técnica não cansa, ao contrário, traz um bem estar profundo ao emitente, pela troca de bons fluidos que se estabelece nessas ocasiões.
_____________
BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM (Fascículo 1) - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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O exercício irregular da mediunidade
“(...) Tem (...) o homem que se submeter a uma complexa preparação e observar
uma regra de conduta, para em si desenvolver o precioso dom da mediunidade. É
necessário para isso a cultura simultânea da inteligência, a meditação, o recolhimento,
o desprendimento das humanas coisas. (...)”
“(...) Os Espíritos inferiores, incapazes de aspirações elevadas, comprazem-se em
nossa atmosfera. Mesclam-se em nossa vida (...), participam dos prazeres e trabalhos
daqueles a quem se sentem unidos por analogias de caráter ou de hábitos. Algumas
vezes mesmo, dominam e subjugam as pessoas fracas que não sabem resistir às suas
influências. Em certos casos, seu império torna-se tal que podem impelir suas vítimas
ao crime e à loucura. (...)
Há perigo para quem se entrega sem reservas às experimentações espíritas. O
homem de coração reto, de razão esclarecida e madura, pode daí recolher consolações
inefáveis e preciosos ensinos. Mas aquele que só fosse inspirado pelo interesse
material ou que só visse nesses fatos um divertimento frívolo tornar-se-ia fatalmente o
objeto de uma infinidade de mistificações, joguete de Espíritos pérfidos que,
lisonjeando suas inclinações, seduzindo-o por brilhantes promessas, captariam sua
confiança, para, depois, acabrunhá-lo com decepções e zombarias.
É, portanto, necessária grande prudência para se entrar em relação com o mundo
invisível. O bem e o mal, a verdade e o erro nele se misturam, e, para distingui-los,
cumpre passar todas as revelações, todos os ensinos pelo crivo de um julgamento
severo. (...)”
Falamos dos perigos que a prática mediúnica pode engendrar. Existem, porém,
situações que o exercício não se caracteriza por um perigo propriamente dito, mas por
abuso ou inconveniente.
Por exemplo, “(...) o exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta
fadiga; a mediunidade está no mesmo caso, principalmente a que se aplica aos efeitos
físicos, e a necessariamente ocasiona um dispêndio de fluido, que traz a fadiga, mas
que se repara pelo repouso.”
Desenvolver mediunidade nas crianças além de ser inconveniente, é muito
perigoso; “(...) pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma
grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobre-excitação. Assim, os pais
prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto,
senão do ponto de vista das conseqüências morais.”
O fato de exigir-se cuidados para a prática mediúnica, não deve permitir o
exagero de imaginar-se que tal prática levaria ou provocaria a loucura.
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“(...) A loucura, apesar das avançadas conquistas Psiquiátricas e Psicoanalíticas,
continua desafiador enigma para as mais cultivadas inteligências. Classificada na sua
patologia clínica e mapeada carinhosamente, os métodos exitosos nuns pacientes
redundam perniciosos noutros ou absolutamente inócuos, inexpressivos. Isto, porque a
terapia aplicada, apesar de dirigida ao Espírito (psiquê), não é conduzida, em verdade,
às fontes geratrizes da loucura: o Espírito reencarnado e aqueles Espíritos infelizes que
o martirizam, no caso das obsessões. (...)”
Por isto, “(...) todas as grandes preocupações do Espírito podem ocasionar a
loucura: as ciências, as artes e até a religião lhe fornecem contingentes. A loucura tem
como causa primária uma predisposição orgânica no cérebro, que o torna mais ou
menos acessível a certas impressões. Dada a predisposição para a loucura, esta tomará
o caráter de preocupação principal, que então se muda em ideia fixa, podendo tanto ser
a dos Espíritos, em quem com eles se ocupou, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da
fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político
ou social. Provavelmente, o louco religioso se houvera tornado um louco espírita, se o
Espiritismo fora a sua preocupação dominante (...).”
Quando se afirma que a loucura tem como causa primária uma predisposição
orgânica no cérebro, queremos deixar claro que o cérebro do Espírito encarnado tem
esta deficiência devido a causas cármicas. A loucura, em si, tem origem nos atos
perpetrados pelo Espírito no seu passado. “(...) Merece, porém, considerar, o a que
denominamos de causas cármicas, aquelas que precedem à vida atual e que vêm
impressas no psicossoma (ou perispírito) do enfermo, vinculado pelos débitos
transatos àqueles a quem usurpou, abusou, prejudicou (...).”
Não há razão, pois, para julgar que a mediunidade provoque loucura. Ao
contrário, o Espiritismo “(...) bem compreendido, ele é um preservativo contra a
loucura. (...)
Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão
elevado (...). O que, em outro, lhe produziria violenta emoção, mediocremente o afeta.
(...) Suas convicções lhe dão, assim, uma resignação que o preserva de desespero e, por
conseguinte, de uma causa permanente de loucura e suicídio. (...)”
* * * *
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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 25 -
Federação Espírita Brasileira.
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Perda e suspensão da mediunidade
A faculdade mediúnica pode sofrer perdas e suspensão, na maioria, passageiras,
qualquer que seja o tipo de mediunidade de que o médium seja portador. Isso acontece
porque a produção mediúnica ocorre através do concurso simpático dos Espíritos: sem
eles nada pode o médium; a faculdade continua a existir, em essência, mas os Espíritos
não podem ou não querem se utilizar daquele instrumento mediúnico.
Entendendo a mediunidade como um meio que Deus oferece aos homens, de
reforma moral e consequente progresso espiritual, os bons Espíritos afastam-se dos
médiuns por vários motivos. Relataremos alguns:
a) Quando o médium se serve da faculdade mediúnica para
atender a coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e
desvirtuados.
Como coisas frívolas entendemos, por exemplo, a prática da “buena dicha” ou dos
“ledores de sorte”. Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica
existe em larga escala e, mais cedo ou mais tarde, tais médiuns terão que prestar contas ao
Senhor da aplicação feita dos talentos recebidos.
Os chamados “profissionais da mediunidade”, não se agastam em receber
pagamentos, quer sob a forma de dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até mesmo
dependência afetiva ou emocional. Recordemos aqui as palavras de Manoel Philomeno de
Miranda, Espírito: “(...) o médium, habituando-se aos negócios e interesses de baixo teor
vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se (...).
A mediunidade com Jesus liberta, edifica e promove moralmente o homem,
enquanto que, com o mundo, aturde, escraviza e obsidia a criatura. (...)”
b) Quando o médium não aproveita as instruções nem os
conselhos que os protetores espirituais propiciam.
O Espírito protetor aconselha sempre para o bem, sugerindo bons pensamentos ou
amparando nas aflições o seu tutelado mas, em situação alguma, desrespeita o livre-
arbítrio de quem quer que seja. “(...) Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e
que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos
inferiores. Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então homem
quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame. (...)”
c) Quando a interrupção demonstra uma prova de benevo-
lência do Espírito protetor para com o médium.
Nesta situação, há três aspectos a considerar: primeiro, quando o Espírito amigo e
protetor quer provar que a comunicação mediúnica não depende dele médium e que,
assim, este não se deve vangloriar ou envaidecer. Segundo, quando o médium está
debilitado fisicamente e precisa de repouso. Finalmente, em terceiro lugar, a mediunidade
pode ser suspensa, temporariamente, quando se fizer necessário por à prova a paciência e
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a perseverança do médium ou lhe dar tempo para meditar nas instruções recebidas dos
Espíritos.
Em situações destas, o médium deve buscar na resignação e na prece os recursos
para retomar a prática normal da mediunidade.
“(...) Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o
patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do
Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos
crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do
orgulho, da vaidade, da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível
entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de
expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.” - - - -
HISTÓRIA DE UM MÉDIUM
As observações interessantes sobre a doutrina dos Espíritos sucediam-se umas às outras, quando um amigo nosso, velho lidador do Espiritismo, no Rio de Janeiro, acentuou, gravemente: — Em Espiritismo, uma das questões mais sérias é o problema do médium... — Sob que prisma? — indagou um dos circunstantes. — Quanto ao da necessidade de sua própria edificação para vencer o meio. — Para esclarecer a minha observação — continuou o nosso amigo —, contar-lhe-ei a história de um companheiro dedicado, que desencarnou, há poucos anos, sob os efeitos de uma obsessão terrível e dolorosa. Todo grupo, lembrando os hábitos antigos, como se ainda estacionássemos num ambiente terrestre, aguçou os ouvidos, colocando-se à escuta: — Azarias Pacheco — começou o narrador — era um operário despreocupado e humilde do meu bairro, quando as forças do Alto chamaram o seu coração ao sacerdócio mediúnico. Moço e inteligente, trabalhava na administração dos serviços de uma oficina de consertos, ganhando, honradamente, a remuneração mensal de quatrocentos mil réis. Em vista do seu espírito de compreensão geral da vida, o espiritismo e a mediunidade lhe abriam um novo campo de estudos, a cujas atividades se entregou sob uma fascinação crescente e singular. Azarias dedicou-se amorosamente à sua tarefa, e, nas horas de folga, atendia aos seus deveres mediúnicos com irrepreensível dedicação. Elevados mentores do Alto forneciam lições proveitosas, através de suas mãos. Médicos desencarnados atendiam, por ele, a volumoso receituário. E não tardou que o seu nome fosse objeto de geral admiração. Algumas notas de imprensa evidenciaram ainda mais os seus valores medianímicos e, em pouco tempo, sua residência humilde povoava-se de caçadores de anotações e de mensagens. Muitos deles diziam-se espíritas confessos, outros eram crentes de meia-convicção ou curiosos do campo doutrinário. O rapaz, que guardava sob a sua responsabilidade pessoal numerosas obrigações de família, começou a sacrificar primeiramente os seus deveres de ordem sentimental, subtraindo à esposa e aos filhinhos as horas que habitualmente lhe consagrava, na intimidade doméstica. Quase sempre cercado de companheiros, restavam-lhe apenas as horas dedicadas à conquista de seu pão cotidiano, com vistas aos que o seguiam carinhosamente pelos caminhos da vida. Havia muito tempo que perdurava semelhante situação, em face de sua preciosa resistência espiritual, no cumprimento de seus deveres.
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Dentro de sua relativa educação medianímica, Azarias encontrava facilidade para identificar a palavra de seu sábio e incansável guia, sempre a lhe advertir quanto à necessidade de oração e de vigilância. Acontece, porém, que cada triunfo multiplicava as suas preocupações e os seus trabalhos. Os seus admiradores não queriam saber das circunstâncias especiais de sua vida. Grande parte exigia as suas vigílias pela noite a dentro, em longas narrativas dispensáveis. Outros alegavam os seus direitos às exclusivas atenções do médium. Alguns acusavam-no de preferências injustas, manifestando o gracioso egoísmo de sua amizade, expressando o ciúme que lhes ia nalma, em palavras carinhosas e alegres. Os grupos doutrinários disputavam-no. Azarias verificou que a sua existência tomava um rumo diverso, mas os testemunhos de tantos afetos lhe eram sumamente agradáveis ao coração. Sua fama corria sempre. Cada dia era portador de novas relações e novos conhecimentos. Os centros importantes começaram a reclamar a sua presença e, de vez em quando, surpreendiam-no as oportunidades das viagens pelos caminhos de ferro, em face da generosidade dos amigos, com grandes reuniões de homenagens, no ponto de destino. A cada instante, um admirador o assaltava:
— “Azarias, onde trabalha você?...” — “Numa oficina de consertos.” — “Oh! Oh!... e quanto ganha por mês?”
— “Quatrocentos mil réis.” — “Oh! mas isso é um absurdo... Você não é uma criatura para um salário como esse! Isso é uma miséria!...” Em seguida outros ajuntavam: — “O Azarias não pode ficar situação. Precisamos arranjar-lhe coisa melhor no centro da cidade, com uma remuneração à altura de seus méritos, ou, então, poderemos tentar-lhe uma colocação no serviço público, onde encontrará mais possibilidades de tempo para dedicar-se à missão...” O pobre médium, todavia, dentro de sua capacidade de resistência, respondia: — “Ora, meus amigos, tudo está bem. Cada qual tem na vida o que mereceu da Providência Divina e, além de tudo, precisamos considerar que o Espiritismo tem de ser propagado, antes do mais, pelos Espíritos e não pelos homens!...” Azarias, contudo, se era médium, não deixava de ser humano. Requisitado pelas exigências dos companheiros, já nem pensava no lar e começava a assinalar na sua ficha de serviços faltas numerosas. A princípio, algumas raras dedicações começaram a defendê-lo na oficina, considerando que, aos olhos dos chefes, suas falhas eram sempre mais graves que as dos outros colegas, em virtude do renome que o cercava; mas, um dia, foi ele chamado ao gabinete de seu diretor, que o despediu nestes termos: — “Azarias, infelizmente não me é possível conservá-lo aqui, por mais tempo. Suas faltas no trabalho atingiram o máximo e a administração central resolveu eliminá-lo do quadro de nossos companheiros.” O interpelado saiu com certo desapontamento, mas lembrou-se das numerosas promessas dos amigos. Naquele mesmo dia, buscou providenciar para uma nova colocação, mas, em cada tentativa, encontrava sempre um dos seus admiradores e conhecidos que obtemperava: — “Ora, Azarias, você precisa ter mais calma!... Lembre-se de que a sua mediunidade é um patrimônio de nossa Doutrina... Sossegue, homem de Deus!... Volte a casa e nós todos saberemos ajudá-lo neste transe.”
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Na mesma ficou assentado que os amigos do médium se cotizariam, entre si, de modo que ele viesse a perceber uma contribuição mensal de seiscentos mil réis, ficando, desse modo, habilitado a viver tão somente para a Doutrina. Azarias, sob a inspiração de seus mentores espirituais, vacilava ante a medida, mas à frente de sua imaginação estavam os quadros do desemprego e das imperiosas necessidades da família. Embora a sua relutância íntima, aceitou o alvitre. Desde então, a sua casa foi o ponto de uma romaria interminável e sem precedentes. Dia e noite, seus consulentes estacionavam à porta. O médium buscava atender a todos como lhe era possível. As suas dificuldades, todavia, eram as mais prementes. Ao cabo de seis meses, todos os seus amigos haviam esquecido o sistema das cotas mensais.
Desorientado e desvalido, Azarias recebeu os primeiros dez mil réis, que uma senhora lhe ofereceu após o receituário. No seu coração, houve um toque de alarma, mas o seu organismo estava enfraquecido. A esposa e os filhos estavam repletos de necessidades. Era tarde para procurar, novamente, a fonte do trabalho. Sua residência era objeto de uma perseguição tenaz e implacável. E ele continuou recebendo. Os mais sérios distúrbios o assaltaram. Penosos desequilíbrios íntimos lhe inquietavam o coração, mas o médium sentia-se obrigado a aceitar as injunções de quantos o procuravam levianamente. Espíritos enganadores aproveitaram-se de suas vacilações e encheram-lhe o campo mediúnico de aberrações e descontroles. Se as suas ações eram agora remuneradas e se delas dependia o pão dos seus, Azarias se sentia na obrigação de prometer alguma coisa, quando os Espíritos não o fizessem. Procurado para a felicidade no dinheiro, ou êxito nos negócios ou nas atrações do amor do mundo, o médium prometia sempre as melhores realizações, em troca dos míseros mil réis da consulta. Entregue a esse gênero de especulações, não mais pôde receber o pensamento dos seus protetores espirituais mais dedicados. Experimentando toda sorte de sofrimentos e de humilhações, se chegava a queixar-se, de leve, havia sempre um cliente que lhe observava: — “Que é isso, “seu” Azarias?... O senhor não é médium? Um médium não sofre essas coisas!...” Se alegava cansaço, outro objetava, de pronto, ansioso pela satisfação de seus caprichos: — “E a sua missão, “seu” Azarias?... Não se esqueça da caridade!...” E o médium, na sua profunda fadiga espiritual, concentrava-se, em vão, experimentando uma sensação de angustioso abandono, por parte dos seus mentores dos planos elevados. Os mesmos amigos da véspera piscavam, então, os olhos, falando, em voz baixa, após as despedidas: — “Você já notou que o Azarias perdeu de todo a mediunidade?...” — dizia um deles. — “Ora, isso era esperado — redarguia-se —, desde que ele abandonou o trabalho para viver à custa do Espiritismo, não podíamos aguardar outra coisa.” — “Além disso — exclamava outro do grupo —, todos os vizinhos comentam a sua indiferença para com a família, mas, de minha parte, sempre vi no Azarias um grande obsidiado.” — “O pobre do Azarias perverteu-se — falava ainda um companheiro mais exaltado — e um médium nessas condições é um fracasso para a própria Doutrina...” — “É por essa razão que o Espiritismo é tão incompreendido! — sentenciava ainda outro. — Devemos tudo isso aos maus médiuns, que envergonham os nossos princípios.” Cada um foi esquecendo o médium, com a sua definição e a sua falta de caridade. A própria família o abandonou à sua sorte, tão logo haviam cessado as remunerações.
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Escarnecido em seus afetos mais caros, Azarias tornou-se um revoltado. Essa circunstância foi a última porta para o livre ingresso das entidades perversas que se assenhorearam de sua vida. O pobre náufrago da mediunidade perambulou na crônica dos noticiários, rodeado de observações ingratas e de escandalosos apontamentos, até que um leito de hospital lhe concedeu a bênção da morte...” O narrador estava visivelmente emocionado, rememorando as suas antigas lembranças. — “Então, quer dizer, meu amigo — observou um de nós —, que a perseguição da polícia ou a perseguição do padre não são os maiores inimigos da mediunidade...” — “De modo algum — replicou ele, convicto. — O padre e a polícia podem até ser os portadores de grandes bens.” E, fixando em nós outros o seu olhar percuciente e calmo, rematou a sua história, sentenciando gravemente: — “O maior inimigo dos médiuns está dentro de nossos próprios muros!...” _____________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 26 - Federação
Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE:
PRECE - Atitude e formalismo da Prece Sendo a prece uma manifestação da alma em busca da Presença Divina ou de seus prepostos, ela deve ser despida de todo e qualquer formalismo.
Atitude convencional, posição externa e ritual são vestes dispensáveis ao ato de orar. Pela força do pensamento, após estarmos concentrados, procuramos traduzir a nossa vontade com o melhor dos nossos sentimentos por uma prece, que não deve ser formulada segundo um esquema pré-fabricado. Deve traduzir o que realmente estamos sentindo, pensando e querendo.
Lembrar que a prece é “uma conversa com Deus” ou seus prepostos que nos servirão de intermediários, já que é bastante difícil mentalizarmos o Pai (a não ser que nos fixemos em seus atributos: Bondade, Justiça, Harmonia, Amor, etc.).
Tudo numa “conversa” deve nascer espontaneamente segundo as necessidades e finalidades da mesma e, não, uma repetição de termos que no mais das vezes são ininteligíveis para quem os profere.
Ser precisa, objetiva e robusta de sentimentos elevados. Estes devem ser cultivados sempre, porque não aparecem como por encanto só nos momentos de oração.
A forma de nada vale, o que prevalece é o conteúdo: a atitude é eminentemente espiritual, Íntima. A prece não deve ter nada de convencional (ajoelhar, colocar a mão na testa, baixar a cabeça, etc.).
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BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 2 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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Metodização do trabalho mediúnico
Em qualquer trabalho em que se pretenda imprimir seriedade é necessário
estabelecer um método, com regras definidas a serem observadas para que se possa
alcançar o objetivo que se busca.
No caso da mediunidade, e em particular do desenvolvimento mediúnico, esta
realidade se mostra ainda mais marcante.
A atividade mediúnica, sendo o elo de ligação entre o plano material e o plano
espiritual, envolve uma série de fatores que estão diretamente ligados ao médium, ao seu
comportamento e às suas condições físicas, mentais e espirituais, reclamando deste sensi-
bilidade, acuidade, conhecimento e experiência, indispensáveis ao bom êxito do empre-
endimento. E como a atividade mediúnica à luz da Doutrina Espírita está sempre ligada a
uma atitude moral elevada, sendo utilizada tão somente como instrumento de progresso do
homem tanto no seu aspecto intelectual como moral, reclama-se, também, do aspirante à
prática mediúnica um comportamento moral à altura do trabalho a que se propõe.
“O desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder confabular com os
Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderar a sua impaciência,
porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades
materiais que a tornam impossível ao principiante. (...) Convém, por isso, que no começo
ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de qualquer outro,
pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais
facilmente (...).
Tudo isto nos leva, fatalmente, à conclusão que só terão êxito no seu trabalho
mediúnico as pessoas que se submeterem a uma séria e perseverante disciplina, disciplina
essa que já deverá ser encontrada nos seus primeiros contatos com a mediunidade, nos
métodos aplicados nas reuniões de estudo e de educação mediúnica.
“(...) Todo médium, que sinceramente deseje não ser joguete da mentira, deve,
portanto, procurar produzir em reuniões sérias, (...) aceitar agradecido, solicitar mesmo o
exame crítico das comunicações que receba. (...)”
Léon Denis, em seu livro “No Invisível”, cita, de uma forma geral, algumas regras
básicas que deverão nortear as reuniões mediúnicas.
“Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as
maiores probabilidades de êxito. (...)” Como a atividade mediúnica assenta-se,
basicamente, no princípio de sintonia de sentimentos e pensamentos, é importante que
essa sintonia se faça presente entre os encarnados e desencarnados participantes da
reunião. E é mais fácil, principalmente em uma reunião de iniciantes, como é o caso das
reuniões de desenvolvimento mediúnico, alcançar essa sintonia, naturalmente em nível
elevado, com um número menor de participantes, não devendo ultrapassar o limite de 12 a
14 pessoas.
(...) A renovação frequente da assistência, (...) compromete ou pelo menos demora os
resultados. (...)” Baseados no mesmo princípio de sintonia anteriormente referido, é fácil
concluir que em uma reunião em que os seus freqüentadores alterem-se com muita
frequência não serão criadas as condições básicas nem para que essa sintonia se faça
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- Curso Ciência Espírita II - 6ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - NECESSIDADE DE METODIZAÇÃO: REGRAS A OBSERVAR
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presente e nem para que haja a homogeneidade e o clima de confiança entre os seus
participantes, inexistindo, conseqüentemente, o ambiente propício à segura e benéfica
manifestação mediúnica.
“(...) Convém reunir-se em dias e horas fixos e no mesmo lugar. (...)” É uma regra
básica de organização e de método. Como a atividade mediúnica é uma atividade
permanente e não temporária, é importante que se fixe dia, hora e local, para que, de uma
forma ordeira e constante, encarnados e desencarnados convirjam suas atenções para o
momento e local adequados, propiciando a preparação necessária ao êxito da reunião.
“(...) A perseverança é uma das qualidades indispensáveis ao experimentador. (...)”
(Léon Denis chama de experimentador ao dirigente da reunião). A perseverança é um
atributo fundamental para ser utilizado em qualquer atividade que vise conquistar um
conhecimento, uma experiência ou uma virtude, Kardec entende que um trabalho só é
sério se é perseverante: “(...) O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe
dá. (...)” E o próprio Jesus observa: “Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”.
“(...) Aborrece muitas vezes passar um serão infrutífero na expectativa dos
fenômenos. Sabemos contudo que uma ação insensível, lenta e progressiva, se realiza no
curso das sessões. A concentração das forças necessárias não se efetua às vezes senão
depois de repetidos esforços em reuniões de tentativas e de ensaios. (...)”
“(...) Em nosso ministério de intercâmbio com os sofredores desencarnados, (...) a
nossa concentração não deve objetivar uma realização estática, inoperante, (...) sem o
resultado ativo do socorro generalizado aos que respiram conosco a psicosfera ambiente
(...)”.
“(...) A direção do grupo deve ser confiada a uma pessoa excelentemente dotada, no
ponto de vista das atrações psíquicas, digna, além disso, de simpatia e confiança. (...)”
“(...) É das mais delicadas a tarefa de dirigir um grupo. Exige qualidades raras,
extensos conhecimentos e sobretudo longa prática do mundo invisível.
Nenhum grupo, sem ser submetido a uma certa disciplina, pode funcionar. Esta se
impõe não somente aos experimentadores, como também aos Espíritos. O diretor do grupo
deve ser um homem de dupla enfibratura, assistido por um Espírito-guia que estabelecerá
a ordem no meio oculto, como ele próprio a manterá no meio terrestre e humano. Essas
duas direções devem mutuamente completar-se, inspirar-se num pensamento igualmente
elevado, unir-se na prossecução (prosseguimento) de um objetivo comum. (...)”
O dirigente de qualquer reunião mediúnica deve “(...) rejeitar sempre a condição
simultânea de dirigente e médium psicofônico, por não poder, desse modo, atender
condignamente a um e nem a outro encargo. (...)”
Deve, também, “(...) observar rigorosamente o horário das sessões, com atenção e
assiduidade, fugindo de realizar sessões mediúnicas inopinadamente, por simples
curiosidade ou ainda para atender a solicitações sem objetivo justo.
Ordem mantida, rendimento avançado. (...)”
“(...) Iniciada a reunião, não permitir a entrada de pessoa alguma. (...)”
“(...) O candidato ao desenvolvimento mediúnico deve: (...) frequentar inicialmente,
por certo tempo, as reuniões de Estudo Doutrinário e as de Assistência Espiritual (reunião
pública doutrinária). Quando for portador de processo obsessivo, deverá freqüentar,
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preliminarmente, aquelas últimas reuniões (reunião pública doutrinária), além de inscrever-se
para serviços de desobsessão, programados pelo Centro Espírita (...).”
Vemos assim, que aqueles que procuram trabalhar no campo da mediunidade,
devem ter o propósito de desenvolver um trabalho de interesse coletivo e não
exclusivamente pessoal. Por certo o médium será também e sempre beneficiado, mas este
não deve ser o seu objetivo. Para isto deve procurar a sintonia com os Espíritos
superiores, em busca da inspiração e do fortalecimento de seus bons propósitos.
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BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 27 - Federação
Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE:
PRECE - Vários tipos de Prece A prece, sendo uma manifestação inteligente dos sentimentos da criatura humana, pode ser catalogada em vários tipos. Assim, há prece de pedido, de reconhecimento e de louvor.
A de pedido é que a criatura faz solicitando alguma coisa. Na maioria das vezes, porém, é feita pedindo o que não deve. Quando de interesse particular, deve-se pedir, não o afastamento do sofrimento, do problema ou da dor, mas, sim, condições e forças para superá-los e com eles aprender alguma coisa. Às vezes o remédio é o sofrimento, e só porque ele á amargo, não vamos deixar de nos beneficiarmos com ele. Quando o pedido é intercessório, igualmente deve-se objetivar que as forças para enfrentar as dificuldades se renovem e haja paz e tranqüilidade no trato com a dor.
A de reconhecimento é feita com vistas a agradecermos as inúmeras bênçãos de que somos alvos e que nem sempre sabemos reconhecer.
A vida, a saúde, a família, os amigos, o trabalho, enfim, tudo o que nos cerca e deixamos de observar e lhe dar o devido valor, porque nos preocupamos somente com problemas materiais.
A prece de louvor é o reconhecimento e exaltação de Deus em tudo o que Ele criou. É a nossa aceitação e alegria por tudo o que nos rodeia e que está tão bem feito, tão justo, tão equilibrado.
No início e no término das reuniões espíritas se faz uma prece, com vistas a que o ambiente espiritual seja favorável e que, com a presença de espíritos elevados, seja garantida uma proteção contra o mal. Nas reuniões práticas, se usa da oração em benefício dos demais companheiros e espíritos desencarnados pelo potencial de forças fluídicas que a prece consegue aglutinar.
_____________
BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 2 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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DECÁLOGO PARA MÉDIUNS
1 — Rende culto ao dever. Não há fé construtiva onde falta respeito ao cumprimento das próprias obrigações.
2 — Trabalha espontaneamente. A mediunidade é um arado divino que o óxido da preguiça enferruja e destrói.
3 — Não te creias maior ou menor. Como as árvores frutíferas, espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a sua utilidade e
a sua expressão.
4 — Não esperes recompensas no mundo. As dádivas do Senhor, como sejam o fulgor das estrelas e a carícia da fonte, o lume da prece
e a bênção da coragem, não têm preço na Terra.
5 — Não centralizes a ação. Todos os companheiros são chamados a cooperar, no conjunto das boas obras, a fim de que
se elejam à posição de escolhidos para tarefas mais altas.
6 — Não te encarceres na dúvida. Todo bem, muito antes de externar-se por intermédio desse ou daquele intérprete da verdade,
procede, originariamente, de Deus.
7 — Estuda sempre. A luz do conhecimento armar-te-á o espírito contra as armadilhas da ignorância.
8 — Não te irrites. Cultiva a caridade e a brandura, a compreensão e a tolerância, porque os mensageiros do
amor encontram dificuldade enorme para se exprimirem com segurança através de um coração
conservado em vinagre.
9 — Desculpa incessantemente. O ácido da crítica não te piora a realidade, a praga do elogio não te altera o modo justo de
ser, e, ainda mesmo que te categorizem à conta de mistificador ou embusteiro, esquece a ofensa
com que te espanquem o rosto, e, guardando o tesouro da consciência limpa, segue adiante, na
certeza de que cada criatura percebe a vida do ponto de vista em que se coloca.
10 — Não temas perseguidores. Lembra-te da humildade do Cristo e recorda que, ainda Ele, anjo em forma de homem, estava
cercado de adversários gratuitos e de verdugos cruéis, quando escreveu na cruz, com suor e
lágrimas, o divino poema da eterna ressurreição. (O ESPÍRITO DA VERDADE - André Luiz, psicografia:
Francisco Cândido Xavier)
Oportunidade de educação mediúnica
“A organização mediúnica, como as demais edificações elevadas, não se improvisa no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as duas esferas. Edificar a mediunidade constitui uma obra digna do esforço aliado à perseverança, no espaço e no tempo.” A faculdade mediúnica é, para os que a possuem, um instrumento de alto valor na conquista de novos conhecimentos, na prestação de serviço ao próximo,
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no desenvolvimento de virtudes, na realização de experiências enriquecedoras e no resgate de débitos pessoais. Trata-se, pois, para o Espírito realmente consciente desses valores, de uma rara oportunidade, muitas vezes conseguida a duras penas, que propicia uma mais rápida ascensão espiritual. O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição social ou sexo. Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice. Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas, no materialista. (...)” Natural, assim, que quando de seu aparecimento, o seu desenvolvimento deva ser cercado de todo cuidado, propiciando ao candidato ao mediunato um clima sereno alimentado pelo cultivo da oração, o estudo adequado para o conhecimento da Doutrina Espírita, das características específicas da mediunidade e do embasamento evangélico-moral que deverá sustentar a sua prática e a oportunidade de trabalho nobre que lhe ensejará a experiência edificante.
Nem sempre, porém, se percebe a eclosão ostensiva da faculdade mediúnica e nasce, no principiante espírita, o desejo natural de saber se possui ou não mediunidade que mereça estudo e educação. Somente a prática, o exercício metódico e perseverante dirá se o candidato ao mediunato estará apto para exercer tarefas no campo da mediunidade. A prática mediúnica envolve uma série de entraves, quando não de perigos, decorrentes da maior sensibilidade do médium e provocados quer pelos que tomam a postura de adversários da atividade mediúnica ou do próprio médium, quer provocados pelas suas próprias falhas, que o deixa, muitas vezes, a mercê dos Espíritos enganadores. Conforme destaca Kardec “(...) sabe-se, (...), que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros ou malfazejos. (...)” A reunião de estudo e educação da mediunidade deve proporcionar aos seus freqüentadores as condições para que o exercício mediúnico ocorra (...) em perfeita harmonia com os princípios da Doutrina Espírita.
“(...) O candidato ao desenvolvimento mediúnico deve: freqüentar inicialmente, por certo tempo, as reuniões de Estudo Doutrinário
e as de Assistência Espiritual. Quando for portador de processo obsessivo, deverá freqüentar, preliminarmente, aquelas últimas reuniões, além de inscrever-se para os serviços de desobsessão, programados pelo Centro Espírita;
ser orientado para que controle “as manifestações mediúnicas que veicula, reprimindo, quanto possível, respiração ofegante, gemidos, gritos e contorções, batimentos de mãos e pés ou quaisquer gestos violentos”;
ser aconselhado a não participar de trabalhos mediúnicos antes de se educar satisfatoriamente;
“esquivar-se à suposição de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência, reconhecendo-se humilde portador de tarefas comuns”;
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“silenciar qualquer prurido de evidência pessoal na produção desse ou daquele fenômeno”;
“descentralizar a atenção das manifestações fenomênicas (...), para deter-se no sentido moral dos fatos e das lições.
André Luiz nos informa que “(...) os centros cerebrais, (...) representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva. Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e do serviço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão. (...)” Nunca é demais, pois, recomendar que “o conhecimento evangélico-doutrinário é de real utilidade no exercício mediúnico (...).” “(...) O aprendiz da mediunidade deve ser dócil à voz e ao comando dos Espíritos Superiores, através de cuja ductibilidade consegue vencer-se, corrigindo os desvios da vontade viciada, adaptando os seus desejos e aspirações aos interesses relevantes que promovem a criatura humana, domiciliada ou não no plano físico, meta precípua do compromisso socorrista a que candidata a mediunidade. (...)” _____________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 28 - Federação
Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE:
MANIFESTAÇÃO NATURAL DA ALMA ELEVADA
Vimos que a prece tem vários tipos e pode ser utilizada conforme as necessidades e objetivos, mas sempre será mais poderosa se partir de uma alma elevada, de um Espírito aperfeiçoado, de uma criatura de bons sentimentos.
Os Espíritos que por vontade própria, por esforço pessoal, já conseguiram se libertar das paixões animalizantes e dos interesses egoísticos da Terra têm uma atividade, sejam encarnados ou desencarnados, que se assemelha a uma prece permanente.
Os Espíritos superiores cultivam a prece com naturalidade e eficiência extraordinária, enquanto que nós ainda temos que nos esforçar para que a nossa prece atinja o objetivo desejado.
Despojados da ignorância e da perturbação que o mal engendra em nós aos poucos iremos descobrindo que pela prece conseguiremos muita coisa em nosso benefício espiritual e dos nossos semelhantes e acionaremos com naturalidade o mecanismo do auxílio que ela nos propicia.
Por depender fundamentalmente da sinceridade e da elevação com que é feita devemos encarar a prece como manifestação espontânea e pura da alma, e não apenas como um repetir formal de termos alinhados convencionalmente, de petitório interminável ou de fórmula mágica para afastar o sofrimento e o problema que nos atinge.
_____________
BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 2 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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ADAPTAÇÃO PSÍQUICA
“(...) Precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os
fenômenos mediúnicos. (...)” Esta afirmação, simples e objetiva, define com clareza o papel da mente
nas atividades mediúnicas. É através da mente que se manifestam os valores
adquiridos pelo Espírito, as experiências acumuladas, as virtudes, os conhecimentos, os defeitos, os dramas vividos, as afeições, o rancor, a
bondade, o ressentimento, a compreensão, a vingança, a alegria, a tristeza, o amor e o ódio. Todas estas características intrínsecas do Espírito, exteriorizam-
se através da mente, definindo o grau de evolução em que se encontra, a faixa
vibratória em que se vive. “(...) Naturalmente circunscritos nas dimensões conceptuais em que nos
encontramos, (...), podemos arrojar de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente
psíquico que nos é particular (...).
Somos, pois, vastíssimo conjunto de Inteligências, sintonizadas no mesmo padrão vibratório de percepção, integrando um Todo, constituído de alguns
bilhões de seres, que formam por assim dizer a Humanidade Terrestre (...). Dependendo dos nossos semelhantes, (...) agimos e reagimos uns sobre
os outros, através da energia mental em que nos renovamos constantemente (...).”
O papel que a mente desempenha é muito importante para a necessária
adaptação psíquica do médium iniciante nas atividades mediúnicas, mesmo porque nestas atividades ela não estará só; estará, juntamente com outras
mentes encarnadas e desencarnadas, desenvolvendo um esforço no sentido de encontrar um ponto elevado de sintonia de pensamentos e de sentimentos, para
transformar essa atividade mediúnica em atividade útil tanto para o seu
aprimoramento espiritual como também para o benefício geral, na forma de esclarecimento, consolação e apoio.
“(...) Segundo é fácil concluir, todos os seres vivos respiram na onda de psiquismo dinâmico que lhes é peculiar (...). Esse psiquismo independe dos
centros nervosos, de vez que, fluindo da mente é ele que condiciona todos os
fenômenos da vida orgânica em si mesma. Examinando, pois, os valores anímicos como faculdades de comunicação
entre os Espíritos, qualquer que seja o plano em que se encontrem, não podemos perder de vista o mundo mental do agente e do recipiente (receptor),
porquanto, em qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita
às possibilidades e à colaboração dos pensamentos em que vive, e a inteligência emissora jaz submetida aos limites e às interpretações dos pensamentos que é
capaz de produzir. (...)” “(...) Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas,
quaisquer que sejam os característicos em que se expressem, é imprescindível
enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das esferas Mais Altas
(...).” “(...) Mediunidade não basta só por si.
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É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção. (...)”
Por certo não se vai esperar do iniciante, do médium aprendiz, como nos lembra Kardec, uma fé vigorosa, uma alta capacidade de consolar, de
esclarecer, de amar e de servir. Seria insensato, uma vez que lhe falta a necessária experiência. Mas é indispensável que apresente o sincero propósito
de aprender, o desejo honesto de se aprimorar e a boa vontade em servir e
atender aos seus semelhantes. Estes pressupostos são básicos para que, nessa atividade de intercâmbio, os Espíritos superiores encontrem seriedade de
propósito nos participantes e tenham, assim, meios e razão para participar com utilidade desses trabalhos.
“O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de terem
de haver-se com Espíritos levianos. Toda atenção precisam pôr em que tais Espíritos não assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem
sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles. (...) A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob a proteção
de Deus e solicitar a assistência do seu anjo de guarda (...).
A Segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuidado, a reconhecer, por todos os indícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros
Espíritos que se comunicam (...). A este respeito, instruções muito desenvolvidas se encontram nos
capítulos Da obsessão e Da identidade dos Espíritos (...)” , de O Livro dos
Médiuns. “(...) Ajudemos os médiuns iniciantes a perceber que na mediunidade,
como em qualquer outra atividade terrestre, não há conhecimento real onde o tempo não consagrou a aprendizagem, e que todos os encargos são nobres
onde a luz da caridade preside às realizações.
Para esse fim, conduzamo-los a se esclarecerem nos princípios salutares e libertadores da Doutrina Espírita. (...)”
Não só o médium iniciante, mas todos os freqüentadores do Centro Espírita devem estar informados que “(...) as vibrações disseminadas pelos
ambientes de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis;
os fluidos úteis, necessários aos variados quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades
desencarnadas sofredoras e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais (...). Essas vibrações, esses fluidos
especializados, muito sutis e sensíveis, hão de conservar-se imaculados (...).
Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda aos adeptos da grande Doutrina o máximo respeito nas assembléias espíritas, onde jamais deverão
penetrar a frivolidade e a inconsequência, a maledicência e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, (...) visto que estas são manifestações
inferiores do caráter e da inconsequência humana, cujo magnetismo, para tais
assembléias, (...), atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores (...).”
Cabe-nos observar, finalmente, que, se nas atividades terrenas não conseguimos bons resultados nos empreendimentos a não ser através do
trabalho, da disciplina e da perseverança; nas atividades espirituais e
mediúnicas, que transcendem os limites de uma existência física, teremos, com
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muito maior razão, que nos empenhar no trabalho com disciplina e perseverança, associados à humildade e a um claro conhecimento dos princípios
doutrinários, para alcançar um relativo conhecimento real da prática mediúnica. E tudo isto sem ceder aos impulsos de inovação que, muitas vezes, tendem a
adaptar os princípios doutrinários às nossas próprias limitações, acomodando-os às imperfeições que nos caracterizam.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª. Parte), Roteiro 29 - Federação
Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE: IRRADIAÇÃO BASES DO FENÔMENO
Vivemos, todos nós, os encarnados e os desencarnados, em um meio comum formado de Fluido Cósmico Universal. Mergulhados nos encontramos nessa “susbstância primitiva” que absorvemos automática e inconscientemente, por várias portas de entrada, destacando-se a respiração e os centros de força vital, também chamados “chakras”.
Vejamos estes centros de força vital, sendo os mais importantes em número de 7, bem como suas funções básicas e suas respectivas relações com o corpo físico.
1. Centro Coronário — liga os planos espiritual e material; relaciona-se materialmente com a epífise.
2. Centro Frontal — é responsável pelo funcionamento dos centros superiores da inteligência e do sistema nervoso central; relaciona-se materialmente com lobos frontais do cérebro.
3. Centro Laríngeo — é responsável pelo funcionamento das glândulas do timo, da tiróide e dos órgãos responsáveis pela fala; está relacionado materialmente com o plexo cervical.
4. Centro Cardíaco — é responsável pelo funcionamento do coração e do aparelho circulatório e pelo controle dos sentimentos; está relacionado com plexo cervical.
5. Centro Gástrico — responsável pelo funcionamento do aparelho digestivo; está relacionado materialmente com plexo solar.
6. Centro Esplênico — responsável pelo funcionamento do baço, pela formação e reposição das defesas orgânicas através do sangue; relaciona-se materialmente com o plexo mesentérico e baço.
7. Centro Genésico ou Básico — responsável pelo funcionamento dos órgãos de reprodução e das emoções daí advindas; relaciona-se materialmente com o plexo sacro e hipogástrico.
O Fluido Cósmico Universal ao ser absorvido por um destes centros de força é metabolizado em fluido vital e canalizado, para todo o organismo, com maior ou menor intensidade, de acordo com o estado emocional da criatura, irradiando-se posteriormente em seu derredor, formando o que poderíamos chamar de cura psíquica.
É fácil compreender que pela tonalidade de nossa aura psíquica, pela sua forma, pelo seu brilho e pela sensação que causa, seremos facilmente identificáveis.
No processo da irradiação, transmitimos aos outros, pelo mecanismo da nossa vontade, a carga de força vital que dispomos para doar.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 3 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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9ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - Sinais Precursores da Mediunidade: Mediunidade como Prova
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Sinais precursores da mediunidade: Mediunidade como prova
A mediunidade, na maioria das vezes, é um Dom que o Espírito pede diante da sua
necessidade de, quando encarnado, se conscientizar, de forma indelével, de sua condição de
Espírito eterno, e como instrumento de agilização de seu progresso espiritual.
E, independentemente de suas próprias convicções, muitas vezes contrárias a essa
realidade espiritual, a faculdade mediúnica surge, ampliando a sensibilidade do homem para a
percepção do ambiente espiritual que o circunda. E fiel à lei de afinidade que lhe rege o
funcionamento, a mediunidade coloca o homem, basicamente, em sintonia com a realidade
espiritual afim com o padrão mental e emocional que alimenta.
Em função disso, a mediunidade “(...) se manifesta nas crianças e nos velhos, em
homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de
desenvolvimento intelectual e moral. (...)”
Insciente, muitas vezes, dos recursos mediúnicos que carrega, o homem começa a se
sentir envolto em problemas o mais das vezes de causas indefinidas como: mal-estar
generalizado, desequilíbrio emocional fácil, doenças que surgem e desaparecem sem
explicações médicas claras, desentendimento no lar, problemas profissionais os mais diversos
e muitas outras formas de desarmonia pessoal, familiar, social e profissional.
É quando, pressionado pelas circunstâncias e sem encontrar solução em outra parte, o
homem bate à porta do Centro Espírita, onde deve ser recebido com os mais nobres
sentimentos de solidariedade, compreensão, esclarecimento e ajuda.
Geralmente, o principiante espírita deseja saber que tipo de mediunidade possui; e um
dos recursos que utiliza é informar-se com os Espíritos, através de outros médiuns. Isto nem
sempre é uma boa medida: “(...) deve, (...) notar-se que, quando alguém inquire dos Espíritos
se é médium ou não, eles quase sempre respondem afirmativamente (...). Isso se explica
naturalmente. Desde que se faça ao Espírito uma pergunta de ordem geral, ele responde de
modo geral. (...) A esta pergunta vaga: sou médium? O Espírito pode responder — Sim. A esta
outra mais precisa: sou médium escrevente? Pode responder — Não.
Deve também levar-se em conta a natureza do Espírito a quem é feito a pergunta. Há os
tão levianos e ignorantes, que respondem a torto e a direito, como verdadeiros estúrdios. (...)”
“(...) Os sintomas que anunciam a mediunidade variam ao infinito.
Reações emocionais insólitas.
Sensação de enfermidade, só aparente.
Calafrios e mal-estar.
Irritações estranhas.
Algumas vezes, aparece sem qualquer sintoma. Espontânea. Exuberante. (...)
Paciência, perseverança, boa-vontade, humildade, estudo e trabalho são fatores de
extrema valia na educação mediúnica.
Ninguém sabe quanto tempo demorará o desenvolvimento.
A paciência ajuda a esperar. (...)”
A tônica, todavia, é a mediunidade vinculada à dor, principalmente no seu início. E
isto não é difícil de se compreender uma vez que estamos em um mundo de expiações e
provas, habitado por seres encarnados e desencarnados com os quais nos afinizamos e em
quem predomina uma forte carga de imperfeições morais tais como a inveja, o ciúme, a
malícia, o despeito, a deslealdade, o ódio, a vingança e tantos outros filhos do orgulho, do
egoísmo e da ignorância. São as vibrações decorrentes dessas imperfeições que o médium
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9ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - Sinais Precursores da Mediunidade: Mediunidade como Prova
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iniciante, com a sua sensibilidade ampliada, passa a sentir, sem ter, ainda, condições de
oferecer a adequada resistência. Somente o trabalho nobre, a perseverança no bem, o
estudo sério, a oração e a vigilância lhes darão os recursos para o gradativo equilíbrio.
“(...) Na atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das
potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida, precursores
das novas aquisições humanas. É certo que essas tarefas reclamam sacrifícios e se
constituem, muitas vezes, de provações ásperas (...).”
“(...) Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do
termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o
curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas
responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. (...) São almas arrependidas que
procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios,
tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável
insânia. (...)”
“(...) As existências dos médiuns, em geral, tem constituído romances dolorosos,
vidas de amargurosas dificuldades, em razão da necessidade do sofrimento reparador; suas
estradas, no mundo, estão repletas de provações, continências e desventuras. (...)”
Nesses casos a mediunidade não é conquista do Espírito para a eternidade, mas
concessão temporária. E os Espíritos superiores a concedem pois sabem tratar-se de um
instrumento extremamente valioso, embora difícil e complexo na sua aplicação, que, se
bem aproveitado ensejará ao homem a sua mais rápida ascensão espiritual, libertando-se
dos débitos acumulados no passado, da ignorância e da maldade, que o tem retido no
círculo vicioso da dor durante séculos.
A mediunidade, assim, é, para o homem, uma prova muitas vezes dolorosa, mas
sempre necessária no seu enriquecimento espiritual. É o “talento” de que nos fala o
Evangelho, cedido como empréstimo para testar no homem a sua capacidade de
administração. E, dependendo dessa administração, outros “talentos” maiores e mais
nobres poderão lhe ser, também, concedidos, ou, se mal utilizado, mesmo este lhe poderá
ser retirado.
Todos somos médiuns, mas nem sempre possuímos uma faculdade operante, capaz
de ser transformada ou caracterizada como mediunidade — tarefa; apesar dos esforços que
envidamos, a nossa faculdade mediúnica pode mostrar-se incipiente. É o que Kardec
denomina de médiuns improdutivos: quando experimentam a psicografia, mesmo após
meses e mais meses de exercícios, obtém-se apenas sinais ou uma ou outra palavra. Se
experimentam o psicofonia, o máximo que conseguem são sons ou ruídos abafados,
gemidos ou suspiros, não conseguindo nada mais.
Se a pessoa se revela como um médium improdutivo, não deve, por isto mesmo,
deixar-se envolver por desânimos; deve abraçar com alegria outras tarefas na seara
espírita. Pode continuar freqüentando as reuniões mediúnicas na categoria de médium
passista, de doutrinação ou de sustentação.
Devemos compreender que, independente de possuirmos ou não mediunidade
produtiva, “(...) o objetivo fundamental de nossa presença, em qualquer estância do
Universo, é o serviço que possamos prestar. (...)” _____________ BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 30 - Federação
Espírita Brasileira.
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MEDIUNIDADE:
IRRADIAÇÃO - CONDIÇÕES DE QUEM IRRADIA
Como vimos anteriormente, há uma irradiação psíquica constante que realizamos
automaticamente em nosso derredor — é o que André Luiz chama de “hálito mental”.
As pessoas sensíveis, mediunicamente falando, sentem com precisão o estado do
ambiente e das pessoas que o compõem pelo fato de perceberem esta irradiação.
Outro tipo de irradiação é aquela que se faz à distância projetando o nosso
pensamento e sentimentos em favor de alguém, movimentando as forças psíquicas através
da vontade. Desta forma, é fácil entender que somente pode dar alguma coisa boa aquele
que a possui.
Os bons sentimentos, os bons pensamentos, os bons atos vão plasmando na
“atmosfera espiritual” da criatura, uma tonalidade vibratória e uma quantidade de fluidos
agradáveis e salutares que poderão ser mobilizados através da vontade dirigida.
As condições básicas para realizar-se uma boa irradiação são: frugalidade na
alimentação; abster-se dos vícios, álcool, fumo, etc.; evitar conversação de baixo
palavreado e de imagens pouco dignas; dominar os sentimentos passionais e instintivos; e
procurar ter comportamento cristão a fim de dispor de elementos fluídicos de boa
qualidade para transmitir aos necessitados.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica-COEM, 3º Fascículo – Centro Espírita Luz Eterna – Curitiba-PR.
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10ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - A Educação Mediúnica e a Evangelização do Médium
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A EDUCAÇÃO MEDIÚNICA E A EVANGELIZAÇÃO DO MÉDIUM
A prática mediúnica envolve em si mesma uma série de fatores intrínsecos da
personalidade do médium, do Espírito comunicante e dos demais participantes da reunião
e a manifestação das leis que regem o relacionamento e o comportamento dos que habitam
quer o mundo material, quer o mundo espiritual. Assim, tudo que diga respeito ao mundo
material, tudo o que diga respeito ao mundo espiritual e tudo que diga respeito ao mundo
íntimo dos participantes da reunião, exerce influência na atividade mediúnica. Em outras
palavras, tudo o que está em nós e fora de nós influencia a prática mediúnica.
Desta forma, é necessário, não só compreender o fenômeno mediúnico como
promover a educação do aprendiz da mediunidade. “(...) Admitido a construções de ordem
superior, o médium é convidado ao discernimento e à disciplina, para que se lhe aclarem e
aprimorem as faculdades (...).
Para esse fim, conduzamo-los (os médiuns) a se esclarecerem nos princípios
salutares e libertadores da Doutrina Espírita.
Médiuns para fenômenos surgem de toda parte e de todas as posições. Médiuns para
a edificação do aprimoramento e da felicidade, entre as criaturas, são apenas aqueles que
se fazem autênticos servidores da Humanidade. (...)”.
“Nada verdadeiramente importante se adquire sem trabalho. Uma lenta e laboriosa
iniciação se impõem aos que buscam os bens superiores. Como todas as coisas, formação e
o exercício da mediunidade encontram dificuldades. (...)
Uma multidão de Espíritos nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os
homens. Essa multidão é sobretudo composta de almas pouco adiantadas, de Espíritos
levianos, algumas vezes maus, que a densidade de seus próprios fluidos conserva presos à
terra. (...) Donde resulta que os principiantes quase nunca obtêm senão comunicações sem
valor, respostas chocarreiras, triviais, às vezes inconvenientes, que os impacientam e
desanimam. (...)”
“(...) Muitas decepções e dissabores seriam evitados se se compreendesse que a
mediunidade percorre fases sucessivas, e que no período inicial de desenvolvimento, o
médium é sobretudo assistido por Espíritos de ordem inferior, cujos fluidos, ainda
impregnados de matéria, se adaptam melhor aos seus e são apropriados a esse trabalho de
bosquejo, mais ou menos prolongado, a que toda faculdade está sujeita.
Só mais tarde, quando a faculdade mediúnica, suficientemente desenvolvida, (...) é
que os Espíritos elevados podem intervir e utilizá-la para um fim moral e intelectual.(...)”
Com estas afirmativas de Léon Denis não se deve concluir que todos os médiuns, no
início do seu trabalho, transmitam obrigatoriamente mensagens de Espíritos inferiores. Se
considerarmos tais afirmativas como regra geral, dentro dela, todavia, existem exceções.
Paralelamente ao estudo do Espiritismo, deve o médium empenhar-se para que
ocorra a sua “(...) reforma moral (...) e o esforço pela vivência dos ensinamentos
evangélicos numa edificante atividade de socorro fraternal (...).”
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10ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - A Educação Mediúnica e a Evangelização do Médium
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Neste sentido é o que nos informa André Luiz em “Os Missionários da Luz”, através
das palavras esclarecedoras do venerável Espírito Alexandre: “(...) Mediunidade não é
disposição da carne transitória e sim expressão do Espírito imortal. (...) Se aspirais ao
desenvolvimento superior, abandonai os planos inferiores. Se pretendeis o intercâmbio
com os sábios, crescei no conhecimento (...). Se aguardais a companhia sublime dos santos,
santificai-vos na luta de cada dia (...). Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos
por vossa vez! Sem afabilidade e doçura, sem compreensão fraternal e sem atitudes
edificantes, não podereis entender os Espíritos afáveis e amigos, elevados e construtivos.
(...)”
“(...) A perseverança no compromisso e o recolhimento íntimo, com desapego
natural das paixões inferiores e dos artifícios secundários da vida social com suas
questiúnculas e condicionamentos, produzem uma liberação das matrizes dos registros
psíquicos aos quais se adaptam as tomadas mentais dos Benfeitores desencarnados,
estabelecendo-se um seguro intercâmbio (...).”
Sendo a mediunidade, em si, neutra refletindo o nível moral de quem a pratica, é
justo concluir que a atividade mediúnica espírita deve refletir a moral espírita e sendo a
moral espírita a expressão do Evangelho, a prática mediúnica espírita deve ser vivência
plena e consciente dos ensinamentos cristãos. É de fundamental importância, assim, que
todo candidato ao mediunato espírita tenha, entre os seus primeiros estudos, o estudo do
Evangelho à luz da Doutrina Espírita.
É o que observa Emmanuel na questão 387 de seu livro “O Consolador:” “(...) A
primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às
grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma
do personalismo, em detrimento de sua missão.”
“(...) A mediunidade colocada a serviço de Jesus, dever ser adaptada ao programa
que se origina no mundo espiritual, tornando o medianeiro dócil e submisso ao trabalho
superior, evitando impor-se, exigir condições especiais e resultados rápidos que parecem
levar à promoção pessoal, ao sucesso, ao relevo e ao aplauso.
Tenha-se em mente que o trabalho, na mediunidade espírita consciente, ainda é
sacrificial, de renúncia e evolução (...).”
“(...) Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las
seriamente e, em seguida, inteirar-se da natureza das simpatias do médium com os seres do
mundo espiritual. Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons
Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e
material.”
O médium deve evangelizar-se para tornar-se um instrumento de melhoria
espiritual, que beneficiará não somente a si próprio mas também os que se encontram a sua
volta. “A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente.
(...)”
“(...) As tarefas mediúnicas pedem assiduidade, pontualidade, fidelidade a Jesus e
Kardec (...).
Mediunismo sem Evangelho Espírita é fenômeno sem esclarecimento.
CENTRO ESPÍRITA LUZ E CARIDADE
- Curso Ciência Espírita II -
10ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - A Educação Mediúnica e a Evangelização do Médium
35
Mediunismo com Espiritismo, mas sem Evangelho, é realização incompleta.
Mediunismo com Evangelho e sem Espiritismo é, também, realização incompleta.
Mediunismo com Evangelho e Espiritismo é penhor de vitória espiritual, de
valorização dos talentos divinos.
Imprescindível, pois, a trilogia Evangelho-Espiritismo-Mediunidade.” _____________ BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 31 - Federação
Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE:
IRRADIAÇÃO: TÉCNICA A SER SEGUIDA
Em primeiro lugar devemos lembrar que os fluidos ou forças magnéticas
psíquicas e espirituais, também se submetem à lei das proporções, isto é, não é pelo fato de alguém pedir excessivamente em favor de muitos, que conseguirá o
seu desiderato, o seu fim.
Cada um de nós movimenta uma certa quantidade relativa dessas forças, que podem ser ajuntadas com as do mundo espiritual proporcionalmente, sendo
então carreadas para o seu objetivo. Em segundo lugar, devemos focalizar o nosso pensamento, restringindo-o
a uma certa área, pessoa ou grupo de pessoas, para que ele seja o sustentáculo
dessa mesma força. Isto quer dizer que a nossa irradiação deve focalizar alguém, alguns, ou uma situação determinada, cientes de que os pedidos feitos
genericamente em favor de todos os necessitados, não alcançam objetivamente os seus fins; apenas valem pela intenção de quem irradia.
O potencial movimentado é aplicado de acordo com o critério que o mundo
espiritual achar conveniente. Lembrar que não há multiplicação de forças motivadas por um nosso
pedido, mas sim, que a nossa quota proporcionada se soma com outras com o mesmo objetivo e são capazes, então, super ajuntadas, de auxiliar o objeto de
nossa irradiação.
A pessoa que irradia deve inicialmente concentrar-se; orar em seguida, e depois, pela vontade, focalizar o objeto de sua irradiação e transmitir aquilo que
deseja; paz, conforto, coragem, saúde, equilíbrio, paciência, etc.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 3 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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- Curso Ciência Espírita II - 11ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO – A INFLUÊNCIA DO MÉDIUM NA COMUNICAÇÃO
36
A INFLUÊNCIA DO MÉDIUM NA COMUNICAÇÃO
Sendo a mediunidade, basicamente, um processo de comunicação que tem no
médium o seu instrumento intermediário, é de se prever que a mensagem comunicada sofrerá sempre uma maior ou menor influência desse médium. É o que
esclarecem os Espíritos a Kardec e o que a prática vem demonstrando: O Espírito do médium exerce influência nas comunicações mediúnicas podendo, inclusive “(...)
alterar lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias idéias e a seus pendores (...).”
Este é um dos aspectos mais complexos da mediunidade e que pode levar
alguns iniciantes mais afoitos à incredulidade. Todavia, pela sua própria característica, essa influência faz parte de seu funcionamento, uma vez que, por
mais passivo que seja o médium, ele deverá ter sempre uma postura de vigilância durante o processo de comunicação, para o adequado uso de sua faculdade e essa
vigilância implica acompanhar toda a manifestação mediúnica de uma forma mais ou menos acentuada.
Antes de prosseguirmos em nosso estudo, faz-se necessário que se conceitue passividade mediúnica. Segundo Kardec, o médium “(...) é passivo, quando não
mistura suas próprias ideias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu concurso é sempre indispensável, como o de um
intermediário, embora se trate dos (...) médiuns mecânicos. (...)” Em consequência, concluímos que o médium exerce o papel de intérprete e
que não existe, de fato, uma passividade absoluta, mas relativa. Naturalmente, nos processos de comunicação mediúnica inconsciente, em que
o Espírito comunicante utiliza-se dos recursos do médium sem fazer a mensagem
passar totalmente pelo seu pensamento, o grau de influência do médium é bem mais reduzido, diferentemente do que ocorre quando se trata de uma comunicação
consciente, em que a mensagem é transmitida via pensamento do médium. É o que acontece no caso dos médiuns escreventes ou psicógrafos, que se
apresentam sob três variedades bem distintas: os médiuns mecânicos, os intuitivos e os semimecânicos.
No caso dos médiuns mecânicos, o Espírito comunicante age diretamente sobre a mão do médium, impulsionando-a. Neste gênero de mediunidade, o
médium tem absoluto desconhecimento do que a sua mão escreve, uma vez
que o movimento desta independe da sua vontade e pára quando o Espírito deseja. Mas, mesmo neste caso, a influência do médium nunca é nula.
No caso dos médiuns intuitivos, o Espírito comunicante utiliza-se do Espírito do médium para transmitir a sua mensagem, identificando-se com ele e
imprimindo sua vontade e suas ideias. Este gênero de mediunidade permite ao Espírito do médium tomar conhecimento pleno e prévio do que vai escrever.
Embora perceba a presença e o pensamento do Espírito comunicante, sente,
muitas vezes, dificuldade em distinguir o seu próprio pensamento do que lhe é sugerido; e quando a dúvida se instala de forma mais acentuada, a mensagem,
praticamente, fica prejudicada. Neste tipo de mediunidade a influência do médium é muito mais acentuada.
“(...) Há grande analogia entre a mediunidade intuitiva e a inspiração; a
diferença consiste em que a primeira se restringe quase sempre a questões de atualidade e pode aplicar-se ao que esteja fora das capacidades intelectuais do
médium; por intuição pode este último tratar de um assunto que lhe seja
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- Curso Ciência Espírita II - 11ª AULA: DO DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO – A INFLUÊNCIA DO MÉDIUM NA COMUNICAÇÃO
37
completamente estranho. A inspiração se estende por um campo mais vasto e
geralmente vem em auxílio das capacidades e das preocupações do Espírito
encarnado. Os traços da mediunidade são de regra, menos evidentes. (...)” NOTA: (Na atualidade, entendem-se os termos intuitivo e inspirado como
representando, o primeiro, uma aptidão do indivíduo (médium ou não), e o segundo, uma faculdade do médium, o que não significa que o indivíduo
intuitivo não possa ser médium inspirado, sendo, aliás, normal a mediunidade
inspirada entre os indivíduos intuitivos).
No caso do médium semimecânico, também chamado de semi-intuitivo, há uma situação intermediária. O Espírito comunicante age diretamente sobre a
mão do médium, mas ao mesmo tempo lhe permite conhecer o que está escrevendo à medida em que as palavras se formam. Neste gênero de
mediunidade a influência do médium também é intermediária, ou seja, não é
tão acentuada como nos casos dos médiuns intuitivos e nem tão reduzidas como nos casos dos médiuns mecânicos.
Além desse tipo de influência relacionada com a execução da prática mediúnica, exerce o médium uma influência maior no que diz respeito ao
aspecto moral. Tomando-se por base que toda atividade mediúnica assenta-se
no princípio da afinidade, é fácil compreender essa influência. _____________ BIBLIOGRAFIA: Campanha de Estudo Sistem. da Doutrina Espírita, Programa V (2ª Parte), Roteiro 31 - Fed. Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE:
PASSE - EXPLICAÇÃO DA MECÂNICA
O passe é uma transfusão de energias psíquicas e espirituais; isto é, a passagem de
um para outro indivíduo de uma certa quantidade de energias fluídicas vitais (psíquicas)
ou espirituais propriamente ditas.
Há pessoas que têm uma capacidade de maior absorção e armazenamento dessas
energias que emanam do Fluido Cósmico Universal e da própria intimidade do Espírito.
Tal requisito as coloca em condições de transmitirem esse potencial de energias a outras
criaturas que eventualmente estejam necessitando. A aglutinação dessa força se faz
automaticamente e também, atendendo aos apelos do passista (prece), que, então,
municiado com essa carga, a transmite através da imposição das mãos sobre a cabeça do
paciente com discretos movimentos, sem a necessidade de tocar-lhe o corpo, porque a
força se projeta de uma para outra aura, estabelecendo uma verdadeira ponte de ligação.
O fluxo energético se mantém e se projeta às custas da vontade do passista, como
também de entidades espirituais desencarnadas que o auxiliam na composição dos fluidos,
não havendo portanto necessidade de incorporação mediúnica. O médium age somente sob
a influência da entidade, e por isso, não precisa falar, aconselhar ou transmitir mensagens
concomitantes ao passe.
As forças fluídicas vitais (psíquicas) dependem do estado de saúde do médium e as
espirituais do seu grau de desenvolvimento moral. Assim é que o médium passista deverá
estar, o mais possível, em perfeito equilíbrio orgânico e moral.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação e Educação Mediúnica - COEM, fascículo 4 - Centro Espírita Luz Eterna - PR.
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- Curso Ciência Espírita II - 12ª AULA: FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA - SONO E SONHOS
38
SONO E SONHOS
Chama-se emancipação da alma o desprendimento do Espírito encarnado,
possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico que anima.
A emancipação da alma é fenômeno que pode ocorrer em várias
circunstâncias da vida humana, entre elas o sono. (Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita, Programa V, 2ª. Parte, Roteiro 33 - F.E.B.)
QUE É O SONO?
Para a grande maioria dos homens é o estado em que o corpo repousa, para
refazimento das suas energias físicas. Nada mais do que isso, sem mais outras
consequências. No estado de encarnação, de fato, o Espírito que constitui a alma do homem só pode habitualmente manifestar-se por meio do corpo a que se acha
ligado, através do qual recebe todas as impressões do ambiente em que encontra e exerce todas as atividades de ordem física ou mental. A atividade do Espírito,
entretanto, se fosse incessante, não dando tréguas ao corpo, levaria este à exaustão, e à morte. Por isso Deus, em sua Divina Providência, estabeleceu na
existência humana a fase noturna do sono, em que o corpo repousa, com cessação de todas as atividades motoras e sensoriais, o que permite, realmente, a reparação
de suas energias. (Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª. Parte, Roteiro 33 - F.E.B.)
Ciência - As células corticais apresentam dois tipos de atividade: o que equivale
aos estados de excitação, caracterizado por grande despesa de energia, e o que se define como pensamento inibitório, destinado, basicamente, à reconstituição e
reparação da célula. A generalização dos processos inibitórios responde pela instalação do sono (Enciclopédia Mirador).
Ao contrário do que muitos pensam, o sono não é uma atividade passiva. O
nosso cérebro exerce uma grande atividade durante este período - especialmente durante o sonhar.
O que se desliga e descansa é a parte consciente do cérebro, aquela que domina a musculatura, toma decisões e elabora os pensamentos conscientes e as
respostas necessárias aos estímulos do meio ambiente.
O que ocorre é uma mudança na qualidade e finalidade da atividade cerebral, pois é também, neste momento do sono e do sonhar, que estamos aprendendo
coisas, pois já se comprovou que o cérebro, durante o sonhar, vai selecionando o que deve ficar na memória e o que pode ser jogado fora. O mais interessante e
revolucionário foi a descoberta de que ele faz isso a partir de um critério emocional.
E elas são selecionadas por um critério que, a grosso modo, poderíamos chamar de relevância ou sentido. As situações que mais marcaram emocionalmente são
fixadas e as demais informações vão para uma espécie de área de penumbra de onde acabam descartadas. É também por isso que aprendemos para sempre coisas
nas quais estivemos realmente envolvidos.
O sono e o sonho, embora tenham sido exaustivamente estudados pela Ciência, ainda não se chegou a uma definição. De ponto de vista físico não se sabe o que leva uma pessoa a adormecer. Ainda não foi descoberta nenhuma substância no sangue ou no cérebro criada ou revigorada durante aquele espaço de tempo. Que contribuição o Espiritismo pode oferecer à compreensão deste tema?
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- Curso Ciência Espírita II - 12ª AULA: FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA - SONO E SONHOS
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Há 2.400 anos, Aristóteles já descrevia o sono como uma necessidade do organismo. O filósofo grego só errou ao atribuí-lo ao coração. Hoje se sabe que o
sono é uma atividade cerebral. A palavra "atividade", aliás, vem a calhar, porque a rigor o cérebro nunca descansa — nem no sono, como o cientista alemão Hans
Berger provou pela primeira vez na década de 20. Com um aparelho de eletroencefalograma — desenvolvido a seu pedido pelo cunhado engenheiro —,
Berger demonstrou que as ondas cerebrais jamais cessam.
A partir daí, muitos cientistas voltaram-se ao desafio de entender o sono. A primeira descoberta importante, porém, só se deu na década de 50, quando o
estudante americano, filho de poloneses, Eugene Aserinsky, cumprindo uma tarefa determinada por seu professor, o fisiologista Nathaniel Kleitman, foi espiar crianças
adormecidas. Meticuloso, Aserinsky anotou tudo o que viu, inclusive que os olhos
das crianças mexiam-se freneticamente durante alguns momentos, a intervalos de hora e meia. Kleitmam desconfiou da informação do aluno. Parecia notável demais
para nunca ter sido percebido. Percebido, de fato, tinha sido. Mas ninguém lhe dera importância. Sorte, da dupla Aserinsky - Kleitman. Pois o professor não só
confirmou o fenômeno, como notou que justamente nesse estágio do sono, chamado a partir de então REM (Rapid Eye Movement, ―movimento rápido do
olho"), o eletroencefalograma era muito parecido com o de alguém em vigília. Mas, ao mesmo tempo, acordar uma pessoa em pleno estado REM é dificílimo, razão
pela qual é também chamado sono paradoxal (Alguns pesquisadores preferem sono dessincronizado, devido ao traçado gráfico das ondas cerebrais.).
Além deste, o sono tem quatro outros estágios, conhecidos como não-REM ou
sincronizados. O estágio 1, que pode durar até sete minutos, corresponde à transição da vigília para o sono. "Nessa fase, pode-se despertar por qualquer coisa
e ter noção do que acontece diz o neurologista Rubens Reimão chefe do Centro de Distúrbios do Sono, do Hospital Albert Einstein, São Paulo. Nos estágios 2 e 3, o
sono vai-se aprofundando cada vez mais, diminui a frequência das ondas cerebrais e os músculos se relaxam. Enfim, o estágio 4 - o último antes do REM - começa
cerca de uma hora depois que se adormece. Parece ter o papel fundamental de restaurar certas funções do corpo - a locomotora, por exemplo. Ou seja, recupera-
se aí o desgaste do dia anterior e prepara-se o desempenho do dia seguinte. "O
estágio 4 parece estar ligado à atividade física", explica Reimão, "porque sua duração tende a aumentar após um dia de muita ginástica."
O primeiro sono REM da noite não dura mais de três minutos. Então, volta-se aos estágios 4, 3 e 2, regressivamente, até o ciclo recomeçar. Em cada mudança
de um estágio para outro — e não só nessas horas —, o corpo muda de posição.
Pode-se despertar de manhã com a sensação de ter dormido "como uma pedra", mas isso não significa, na verdade, ausência de movimento. "O sono tem de três a
seis ciclos", esclarece Reimão, que estuda o assunto há quase uma década e já trabalhou num dos maiores laboratórios de sono, nos Estados Unidos.
"A cada volta, aumenta a proporção de sono REM, a ponto de, no último ciclo,
durar cerca de uma hora." O que mais intriga os cientistas é o fato de os sonhos acontecerem justamente no estágio REM, embora também se possa sonhar em
qualquer outro estágio. Em experiências, 95 por cento das pessoas acordadas nessa fase lembravam-se de um sonho; o mesmo só acontecia com uma em cada
dez pessoas despertadas em outros períodos. Outra característica do sono REM, a atonia ou inércia muscular, tem a ver, aparentemente, com o ato de sonhar.
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Suspeita-se que o cérebro bloqueia os comandos para os músculos - exceto os dos olhos, do coração e dos envolvidos na respiração - a fim de evitar que o corpo
adormecido manifeste o sonho em movimentos eventualmente perigosos para o sonhador e para quem estiver a seu lado. A agitação corporal durante um sonho
indica uma ocorrência relativamente rara - o sonho em estágio não-REM. Em resumo:
Para o cérebro não precisaríamos descansar. Para o corpo físico não
precisaríamos dormir para descansar. O mais importante é o ritmo. Colocando-se eletrodos na cabeça, observou-se:
a) a pessoa acordada emite ondas curtas e rápidas. b) a pessoa dormindo passa por cinco fases:
1ª) ondas curtas e longas;
2ª) ondas curtas e longas, distintas de 1; 3ª) ondas curtas e longas, distintas de 2;
4ª) ondas curtas e longas, distintas de 3; 5ª) de repente as ondas passam a ser curtas e rápidas (igual às ondas da
pessoa acordada). Essas fases realizam-se em aproximadamente 90 minutos. Na 5ª fase, ou
seja, nos 20 minutos finais, surge o chamado sono REM, do inglês Rapid Eyes Moviment (Movimento Rápido dos Olhos) – momento em que se dão os sonhos.
O SONO, SEGUNDO O ESPIRITISMO
(...) Na passagem de ser animal para o ser humano, o ser adquiriu o
pensamento contínuo, a razão, o livre arbítrio ou a vontade. No momento em que o ser se iniciou no pensamento contínuo, o sono adquiriu para ele enorme
importância. ―401 – Durante o sono, a alma repousa igual ao corpo?
— Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os laços que o unem ao corpo não necessita do Espírito, ele percorre o espaço e entra em relação mais
direta com os outros Espíritos”.
Mas o sono - sabem-no hoje os espíritas - tem uma significação muito mais
profunda e consequências muito mais amplas no conjunto integral da vida humana. Enquanto o corpo jaz adormecido, não precisando da presença do Espírito para
comunicar-lhe atividades físicas ou mentais, este se liberta, afasta-se do corpo reintegra-se em suas faculdades perceptivas e ativas diretas, passando a agir à
distância do instrumento físico. Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o
mundo dos Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande
repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de entrar em contacto com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente
não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do
trabalho enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio. (...)‖
E, então, se é já um Espírito aprimorado - que alimenta aspirações elevadas, leva no mundo uma vida de costumes puros, devotado ao trabalho, ao bem da
família e da sociedade - entra ele em relação com Espíritos bons, mesmo com Espíritos Superiores, comunica-se com amigos e familiares desencarnados ou ainda
encarnados, no mesmo estado momentâneo de emancipação; de uns colhe
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ensinamentos e de todos recebe doações de amor, preparando-se para a volta definitiva a esse mundo, que é o mundo normal primitivo de todos os Espíritos. Mas
se é um Espírito ainda recalcitrante, amante apenas dos gozos da materialidade, vicioso e cheio de paixões inferiores, pode passar algumas horas em contacto com
seres que lhe são também afins, em ambientes espirituais de baixas e asfixiantes vibrações.
A alma humana, pois, momentânea e periodicamente se liberta pelo sono,
emancipa-se e, por algumas horas, afrouxa-se-lhe o laço que a une ao corpo, pelo qual, entretanto, permanece presa a ele, por mais que se afaste, pronta sempre a
voltar, ao menor sinal de que se faz necessária a sua presença. Esse laço, todavia, é extremamente distensível, possibilitando ao Espírito ou alma emancipada ir muito
longe e pairar muito alto, em outros mundos, quando permitido, para refazer-se e instruir-se.
Quando o corpo entra em delíquio ou se entorpece, seja qual for a causa – o sono natural ou artificialmente provocado pelo magnetismo, sonambulismo,
hipnose, narcose, drogas, mesmo que não leve ao sono profundo, mas somente a ligeiro torpor - a alma se emancipa, desprende-se parcialmente e pode entrar em
relação com o plano invisível, com outros mundos e com os seres que os habitam. (Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª. Parte, Roteiro 33 - F.E.B.)
RELATO DE SONHOS NA LITERATURA ESPÍRITA POR ANDRÉ LUIZ:
No capítulo 38 de Os Mensageiros, anota as observações do orientador
espiritual a respeito das instruções que os Espíritos transmitem aos encarnados,
quando estão desprendidos parcialmente do corpo (sonho). E, o que mais lhe causava estranheza, era o estado em que eles, aí, se apresentavam: a grande
maioria sem entenderem o que se passava, poucos lúcidos ―... revelando boa vontade na recepção dos conselhos, mas grande incapacidade de retenção‖.
No capítulo 8 de os Missionários da Luz, esclarece-nos que durante o sono, o
desprendimento não somente nos conduz aos locais de nossos interesses, no convívio de Espíritos afins, mas também a tarefas de estudo e esclarecimento. Fala-
nos do Centro de Estudos para encarnados, com um número superior a trezentos associados; no entanto, apenas 32 conseguem romper as teias inferiores das mais
baixas sensações fisiológicas, para assimilarem as lições dos benfeitores espirituais.
Já no capítulo 36 do livro Nosso Lar, fala-nos do sonho dos desencarnados. O
sonho, porém, não era propriamente qual se verifica na Terra. Ele diz: ―Eu sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras de
Retificação, em ―Nosso Lar‖, e tinha absoluta consciência daquela movimentação em plano diverso. Minhas noções de espaço e tempo eram exatas. A riqueza das
emoções, por sua vez, afirmava-se cada vez mais intensa‖.
O FENÔMENO DO SONHO
Cabe, de fato, ainda indagar: existe, além da simples revelação dos Espíritos, algo que prove o que acabamos de asseverar? Sim, existe: é o fenômeno do sonho,
que pode ocorrer conosco quando dormimos. Se o corpo dorme e por ele não pode o Espírito manifestar atividade alguma, como podemos, entretanto, sentir-nos
vivos, movimentando-nos, percebendo ambientes, entrando em relação com pessoas, enfim, vivenciando cenas e fatos, como soe acontecer quando sonhamos? (Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª. Parte, Roteiro 33 - F.E.B.)
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Ciência - Processo intenso que corresponde aos estados paradoxais do sono, isto é, àqueles momentos durante os quais os registros eletroencefalográficos se
aproximam dos que se caracterizam o estado de vigília. Geralmente é a parte lembrada da sucessão de imagens ou ideias fantásticas e associações, apresen-
tadas de maneira provavelmente contínua à mente durante o sono. (Enciclopédia
Mirador)
Existe um sem número de teorias e hipóteses para explicar o ponto de vista
neurológico porque se sonha. Cientistas americanos chegaram a sugerir que, como no sonho REM o cérebro está hiper-estimulado ocorreriam ao acaso comunicações
entre as células nervosas. Esse contato casual, como se as células esbarrassem sem querer entre si, produziria os sonhos. A psicanálise, de seu lado, rejeita a ideia
de que sonho possa não ter função, embora não se pronuncie sobre seus mecanismo fisiológicos. Para Sigmund Freud, fundador da Psicanálise, todo sonho
manifesta, na linguagem cifrada do inconsciente, um desejo e um temor. Tanta importância ele atribuía às mensagens contidas num sonho para autoconhecimento
do indivíduo que comparava um sonho não interpretado a uma carta importante que se joga fora sem abrir. O fato é que todos sonham, embora nem sempre se
consiga recordar os sonhos inteiros - algo que Freud explica como uma espécie de
censura interna. Já que o REM é o sono dos sonhos, pode-se afirmar que os maiores sonhadores são os bebês: não só eles dormem 17 das 24 horas do dia
como quase a metade desse sono é REM.
Espiritismo - É a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Resultado da
liberdade do Espírito durante o sono. Efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Que são os
sonhos senão o resultado de nossa atividade espiritual durante o sono? (FEB, 1995)
O sono não apresenta grandes novidades ao longo da história. É o sonho que
têm mais relevância; na antiguidade, as profecias e a mitologia dão-lhe guarida. Desde os tempos mais remotos, o sonho é relacionado com visões proféticas,
entendido como um relacionamento com o mundo dos mortos, com deuses ou demônios, revelador do futuro, ligado às noções de que todo acontecimento era
atuação desses seres sobrenaturais, beneficiando ou contagiando a situação dos vivos. Há diversos relatos bíblicos acerca do sonho: a proibição de Moisés de se
consultar as pitonisas, supostas interpretadoras dos sonhos; a interpretação do sonho do Faraó feita por José, em que fala das vacas magras e das vacas gordas.
Na Idade Média, o sonho era tido como algo demoníaco, merecedor de fogueira àqueles que o interpretavam.
A simbologia dos sonhos, associada à idéia de que seu conteúdo teria caráter premonitório, foi conduzida pela imaginação da ignorância, a um sistema de
adivinhação em que os números, a ela associados, estariam a simbolizar intuições ou aviso de ganhos futuros em jogos de azar, incitando as pessoas a apostas.
O insucesso estaria sempre explicado pela má interpretação, sempre
dependente da correta lembrança do sonho, geralmente perdida ao acordar. Dizem os Espíritos a Kardec em O Livro dos Espíritos:
―404 – Que pensais da significação atribuída aos sonhos? — Os sonhos não são verdadeiros como entendem certos adivinhos, porque é
absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal coisa. Eles são verdadeiros no sentido de que apresentam imagens reais para o Espírito, mas que,
frequentemente, não tem relação com o que se passa na vida corporal. Muitas
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vezes, também, como nós o dissemos, é uma lembrança e pode ser, enfim, algumas vezes, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, para onde a alma
se transporte...”. (O PASSE (Imposição de Mãos), cap. 1, item 3 – Rino Curti)
O sonho se constitui das experiências que o Espírito vive no sono. Divide-se em:
a) sonho do subconsciente - É o pensamento ensimesmado sobre si
mesmo; o reflexo daquilo que se vivenciou durante o dia. Exemplo: se, depois de assistirmos a um filme de terror, formos dormir, poderemos sonhar com algumas
dessas imagens. b) sonho real – É o pensamento entrando em contato com pessoas e coisas
do mundo espiritual.
ADMINISTRANDO O SONO E O SONHO
DOENÇAS DO SONO (DISTÚRBIOS):
1) Insônia - Dificuldade de realizar o sono. No início, no meio e no fim.
2) Hipersonolência - Dormir de pé.
3) Doença do ciclo - O ciclo tem que fazer 24 horas. Alguns têm um ciclo de 26 h.
PARA DORMIR BEM, BASTA AMORTECER O “SAR”:
No centro do bulbo raquidiano e do mesencéfalo, encontra-se o sistema de
ativação reticular (SAR), que envia constantes sinais ao córtex cerebral, mantendo-o desperto. Por sua vez, o SAR é estimulado por excitações externas e internas.
Se o SAR estiver adormecido nada chega à consciência, mesmo que existam
sinais. Uma pessoa acordada, que se deita com a cabeça cheia de pensamentos e de problemas por resolver, mantém-se em vigília, apesar da tranquilidade que o
cerca, pois os estímulos internos dificultam o trabalho do SAR. Um dormitório silencioso e uma cama confortável são, igualmente, soníferos
reconhecidamente eficazes.
TRUQUE PARA NOS LEMBRARMOS DOS SONHOS: - Colocar um despertador suave e que desperte depois de uma hora, momento em que estamos no sono REM. - Ter à mão um caderno para anotações.
RECOMENDAÇÕES ÚTEIS:
1) Leitura evangélica - Ao deitar, ler, em voz normal, o Evangelho Seg. o Espiritismo e ouvir música instrumental harmonizadora. Este hábito faz-nos ficar
mais calmos e, acalma também, os Espíritos menos felizes que nos acompanham; aqueles que querem nos prejudicar durante o sono.
2) Evitar tensões graves no momento que antecede o sono.
3) Evitar comer em excesso.
4) No caso de insônia, fazer algum exercício de educação física.
CONCLUSÃO
Quando dormimos, encontramo-nos, momentaneamente, no estado que
estaremos de maneira permanente depois da morte. Saibamos, pois, morrer
todos os dias, preparando-nos eficazmente para receber as orientações dos nossos mentores espirituais.
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Letargia, Catalepsia, Mortes Aparentes
Os termos letargia, e catalepsia têm sido empregados, conforme os autores,
para designar estados diversos, expontâneos ou provocados pelo magnetismo e hipnotismo, mas todos têm a característica comum de apresentar mais ou menos
alteradas e diminuídas a motilidade voluntária e a sensibilidade nervosa, podendo ir até a uma aparente suspensão de todas as funções vitais.
A letargia é a apresentação mais profunda desse estado. O letárgico nada ouve, nada sente, não vê o mundo exterior, a própria consciência se lhe apaga; fica
num estado que se assemelha à morte. Poder-se-ia chamar a letargia de catalepsia
completa, como se encontra em alguns livros espíritas. A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos
voluntários, conforme a intensidade maior ou menor do estado cataléptico. É um estado patológico que constitui uma síndrome, isto é, que pode manifestar-se em
diversas enfermidades. Pode ocorrer tanto na histeria como na epilepsia e em algumas formas de esquizofrenia, sempre de modo intermitente, por acessos.
Caracteriza-o, como já dissemos, a perda mais ou menos completa da sensibilidade externa e dos movimentos voluntários, acompanhada de extrema rigidez dos
músculos, acarretando a conservação passiva das atitudes dadas aos membros, ao tronco, à face (é a chamada rigidez cérea ou de cera) e a impossibilidade completa
de movimentação expontânea. “(...) A catalepsia – diz Michaelus, em sua obra Magnetismo Espiritual – se
caracteriza pela imobilidade dos músculos e pela fixidez das atitudes em que o paciente é colocado pelo experimentador. Assim, se lhe for erguido um braço, nesta
posição ficará indefinidamente. Nesse estado, os olhos permanecem grandemente
abertos, fixos, com o semblante imobilizado, apresentando o paciente uma fisionomia impossível, sem emoção e sem fadiga. (...)”
A catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa aparente, ou pode ser provocada.
Neste último estado, embora o paciente não possa ter atividade alguma voluntária, age, no entanto, sob a sugestão do operador. “(...) O cataléptico é
verdadeiramente um autômato nas mãos do magnetizador, perdendo toda a liberdade de ação e de movimentos. Não anda, não fala, não ouve, não pensa,
senão por determinação do experimentador, que poderá fazê-lo rir, chorar, cantar, gritar, sentir calor ou frio, etc. (...)”
Diferente é o que se passa com o letárgico. O paciente jaz imóvel, os membros pendentes, mole e flácidos, sem rigidez alguma e, se erguidos, quando
novamente soltos recaem pesadamente; sua respiração e o pulso são praticamente imperceptíveis, as pupilas mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz; o
sensório está totalmente adormecido e a inércia da mente parece absoluta. Há,
entretanto, uma modalidade de letargia em que a atividade psíquica interna se desenvolve como de ordinário, como bem descreve José Lapponi, em sua obra
Hipnotismo e Espiritismo: “(...) o paciente tudo percebe e compreende, mas se encontra na impossibilidade absoluta de significar aos outros o que sente no seu
imo. Por motivo da atividade psíquica, conservada durante as condições indicadas, a esta variedade de letargo se dá o nome de letargia lúcida. (...)”
É exatamente dentro da letargia, em qualquer de suas modalidades, comum ou lúcida, que se incluem os casos de mortes aparentes, que a história registra e de
que também a Bíblia nos fala, quer no Antigo, quer no Novo Testamento.
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Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia lúcida cita-se o
do Cardeal Donnet, que quase foi enterrado vivo, em virtude de estado letárgico que nele se manifestou espontaneamente e por ele levado ao conhecimento do
Senado francês, em fevereiro de 1866, enquanto ali se discutia a lei sobre sepultamentos, conforme relata ainda José Lapponi, na obra antes citada: “(...) Em
1826 (...) um jovem padre, quando pregava no púlpito de uma igreja, cheia de
devotos, foi imprevistamente acometido de síncope. Um médico o declarou morto e deu licença para as honras fúnebres no dia imediato. O bispo da Catedral, onde se
verificara o caso, já tinha recitado as últimas orações ao pé do morto, já haviam sido tomadas as medidas do ataúde e se aproximava a noite, no começo da qual se
devia consumar o enterramento. São fáceis de imaginar as angústias do jovem padre que, estando vivo, recebia nos ouvidos os rumores de todos esse
preparativos. Afinal, ouviu a voz comovida de um seu amigo de infância, e essa voz, provocando nele uma crise sobrehumana, produziu maravilhoso resultado. No
dia seguinte, o jovem padre voltava ao seu púlpito. (...)” Vejamos agora o que disseram os Espíritos, respondendo às perguntas
formuladas por Allan Kardec sobre esse interessante assunto: “Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o que em derredor
se diz e faz, sem que possam exprimir o que estão vendo ou ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvidos que têm essas percepções?
Não; pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se.
a) – Por quê? Porque a isso se opõe o estado do corpo. E esse estado especial dos órgãos
vos prova que no homem há alguma coisa mais do que o corpo, pois que, então, o corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito se mostra ativo. (...)”
“(...) Na letargia pode o Espírita separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar a habitá-lo?
Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida,
porém, não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços
que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é
que não era completa a morte.” “Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a
se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não
fosse socorrido? Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais
casos, constitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamentos dos órgãos. (...)”
Ao reproduzir essas três perguntas e respectivas respostas de “O Livro dos Espíritos”, somos naturalmente levados a pensar em três momentos tocantes da
missão de Jesus, narrados por Lucas, Marcos, Mateus e João. O primeiro, (Lucas, 7:11-17), trata-se da passagem evangélica denominada:
O filho da viúva de Naim. Quando Jesus chegou na cidade chamada Naim presenciou o enterro do filho
único de uma viúva. O Senhor enchendo-se de compaixão ordenou ao morto que retornasse à vida, dizendo: “(...) Mancebo, levanta-te, eu o ordeno (...)”. E o que
estava morto acordou, sentou-se e começou a falar.
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Esse fato, tido como um milagre, em que um morto teria sido ressuscitado
para a vida, é hoje explicado pelo Espiritismo, com base nos fenômenos de emancipação da alma e na poderosa ação do magnetismo. Nos estados de sono e
de enfraquecimento orgânico, mas também nos de letargia e de catalepsia, o Espírito se desprende do corpo e adquire momentânea e restrita liberdade, mas
permanece ligado ao corpo, de que apenas se afastou, pelo sutil cordão fluídico do
perispírito, através do qual pode ele ser advertido da necessidade de sua presença e reconduzido ao corpo material. Essa advertência e essa volta são altamente
favorecidas pela ação magnética exercida por uma poderosa vontade. O estado real em que se encontrava o mancebo, no do filho da viúva de Naim, era o de catalepsia
completa ou letargia, único estado sincopal que pode apresentar por longo tempo as aparências da morte, de modo a poder confundir-se com esta, quando real. Se
estivesse realmente morto, como todos pensavam, não teria sido possível fazê-lo voltar à vida, porque com a morte real, rompe-se aquele laço fluídico e o Espírito só
poderá ligar-se a um novo corpo em formação, pela reencarnação. Nem mesmo Jesus o poderia, com todo o seu imenso poder magnético e a sua incisiva ordem:
Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. Mas Jesus, aparentemente, o “ressuscitou” porque, se todos o julgavam morto, para ele, que via além do corpo, o mancebo
apenas dormia. O segundo caso se encontra relatado em Mateus, 9:18-26, Marcos, 5:21-43 e
Lucas, 8:41-56. É a passagem sobre a Filha de Jairo.
Conta-nos o Evangelho que Jairo, um dos principais da sinagoga, suplicou a Jesus impor as mãos sobre a filha moribunda para curá-la. Neste ínterim, porém, a
filha de Jairo morreu, tornando vã a sua súplica. Jesus, ouvindo esta informação, não se perturbou, pediu ao pai aflito que tivesse fé e, dirigindo-se para a casa onde
estava a morta, ordenou-lhe: “(...) Menina, levante-te. E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto (...)”
Jesus, neste caso não só produziu o fato todo, então, como milagroso, pois todos também estavam convencidos de que a menina havido morrido, como
declarou peremptoriamente que ela não estava morta, apenas dormia. Deixou, portanto, o seu próprio testemunho de que não produzia milagres, contrariando as
leis de Deus, mas usava o seu poder de vontade para fazer retornar ao corpo, enfraquecido pela enfermidade grave, o Espírito que, de outro modo, pela própria
gravidade do mal, poderia ser levado à libertação definitiva, ao mesmo tempo que, atuando magneticamente sobre o corpo, curou-a da mesma enfermidade.
O terceiro caso, é a passagem que nos fala da Ressurreição de Lázaro,
relatado por João, capítulo 11, versículos 1-46. Lázaro morava em Betânia com duas irmãs Marta e Maria, morrera e já
estava sepultado há quatro dias numa gruta tapada com uma pedra, quando Jesus, ordenando que se retirasse a pedra da gruta, “(...) clamou em voz alta: Lázaro,
vem para fora. Saiu aquele que estivera morto tendo os pés e as mãos ligados por ataduras, e o rosto envolto num lenço. Então lhes ordenou Jesus: desatai-o, e
deixai-o ir (...).” Dos três casos citados, o de Lázaro é o que melhor se enquadra como
catalepsia completa ou letargia. Em todos eles a morte era apenas aparente, mesmo sendo considerada real pelos homens. Através da autoridade moral e do
prodigioso poder magnético de Jesus aqueles Espíritos retornaram ao corpo físico de onde tinham-se afastado temporariamente. ________________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª Parte, Roteiro 34 - Federação Espírita Brasileira.
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Sonambulismo, êxtase e dupla vista
Em estudos anteriores vimos a emancipação da alma que se observa durante o sono natural, bem como, nos estados letárgico e cataléptico.
Mas ela ocorre ainda em muitos outros, notadamente naqueles a que se convencionou chamar sonambulismo e êxtase, e também no singular fenômeno da
dupla vista. Estudaremos os três últimos fenômenos, a seguir:
SONAMBULISMO
O que caracteriza este estado é que nele o indivíduo, embora dormindo, se
movimenta e procede como se estivesse acordado. Levanta-se, caminha e pratica atos próprios de sua vida habitual com absoluta segurança e perfeição. Caracteriza-
se ainda por perder o sonâmbulo, ao acordar, a lembrança do que fez dormindo. Gabriel Delane, em sua obra “O Espiritismo Perante a Ciência”, refere “(...) a
história de um jovem padre que se levantava todas as noites, ia à escrivaninha, compunha sermões e tornava a deitar. (...)
(...) Quando ele terminava uma página, lia-a alto, de princípio a fim. (Se se pode chamar leitura esta ação sem o concurso dos olhos). (...)”
Que o padre não via nem lia com o auxílio dos olhos ficou provado por alguns
de seus amigos que, querendo verificar se ele de fato dormia, puseram-se a vigiá-lo e, numa certa noite em que ele se levantara e estava escrevendo, interpuseram
entre seus olhos e o papel um grosso cartão, o que o não impediu de continuar escrevendo, nem de ler depois tudo o que escrevera. O que acontece, pois, no
sonambulismo, analogamente ao que ocorre no sono comum, é que o Espírito do sonâmbulo se desprende, sua alma se emancipa e passa a ver com os olhos do
Espírito; com a particularidade de que, embora fora dele, continua exercendo uma força sobre o corpo caído em repouso, e que se manifesta por uma ação diretora
totalmente por fora dos sentidos corporais, isto é, a alma vela enquanto o corpo dorme. E o faz com grande segurança, como provam os fatos — relatados por
vários autores — de sonâmbulos que sobem a telhados, andam beirando precipícios, sem se acidentarem; outros que praticam atos profissionais, que
exigem delicadas manipulações técnicas e sólidos conhecimentos científicos. O fato seguinte é muito interessante, extraído da obra citada de Gabriel Delane: Um
farmacêutico de Pavia durante o sono levantava-se todas as noites e ia ao
laboratório de sua farmácia continuar o preparo de receitas não acabadas durante o dia. Nesse labor noturno acendia fornos, preparava alambiques, retortas, vasos,
manejava tubos de ensaio, tudo com a maior prudência e perícia e sem que nunca lhe acontecesse qualquer acidente. As receitas, mandadas pelos médicos e não
preparadas, buscava-as na gaveta fechada onde estavam, abria-a, colocava as receitas na mesa, empilhava-as, e procedia uma a uma ao preparo das mesmas.
Tomava a balança de precisão, cedia uma a uma ao preparo das mesmas. Tomava a balança de precisão, escolhia os pesos e pesava com exatidão farmacêutica as
doses mínimas das substâncias, que triturava, misturando-as com veículos adequados e punha-as em frascos ou pequenos pacotes, conforme a sua natureza,
colocava rótulos e dispunha tudo nas prateleiras, em ordem, a fim de serem entregues aos clientes.
Como explicar, perguntamos, que esse homem fizesse tudo isso dormindo, de olhos fechados, lendo e executando-as com a maior precisão, senão admitindo-se
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que era sua alma emancipada que lia, fora do corpo, com a visão do Espírito, como também era ela que dirigia as mãos em todas as manipulações feitas? O mais
espantoso ainda, e que dá vigoroso reforço a esta tese, é que o sonâmbulo pensa e raciocina claramente, ao agir em estado de desprendimento, conforme explicação
dada pelo Dr. Esquirol, e reproduzido na citada obra de Gabriel Delane: “(...) um farmacêutico se levantava todas as noites e preparava as poções cujas fórmulas se
encontravam na mesa. Para verificar se havia discernimento por parte do sonâmbulo, ou apenas movimentos automáticos, um médico colocou no balcão da
farmácia a nota seguinte:
Sublimado corrosivo.........................2 oitavas Água destilada..................................4 onças Para tomar de uma vez.
O farmacêutico levantou-se durante o sono e, como de hábito, desceu ao seu laboratório; apanhou a receita, leu-a várias vezes, pareceu muito espantado e
entabulou o seguinte monólogo, que o autor da narrativa, oculto no laboratório, escreveu palavra por palavra: — É impossível que o doutor não se tenha enganado
nesta fórmula; 2 grãos seriam bastantes; mas há aqui visivelmente escrito 2 oitavas, que são mais de 150 grãos. Isto é mais do que suficiente para envenenar
20 pessoas. Ele enganou-se indubitavelmente. Não preparo esta poção. Tomou em seguida diversas prescrições que
estavam na mesa, preparou-as e as colocou em ordem para ser entregues no dia
seguinte. (...)” Esse fato mostra de modo exuberante que durante o estado de sonambulismo
a alma do sonâmbulo vela com a mais ampla lucidez. Nos fatos do sonambulismo tem-se, pois, a mais evidente prova da existência
da alma humana como ser independente, causa real de todas as atividades psicológicas do homem; em suma, da alma humana como Espírito encarnado, para
o qual o corpo físico é apenas instrumento para as suas relações com o mundo material.
Teria o sonambulismo natural alguma relação com os sonhos? Segundo os Espíritos da Codificação “(...) é um estado de independência do
Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é
um estado de sonambulismo imperfeito (...).” Todos os fatos e considerações feitas até aqui se referem ao sonambulismo
natural; isto é, àquele que se manifesta espontaneamente em alguns indivíduos.
Há, porém, o sonambulismo induzido artificialmente, pelos magnetizadores, através do magnetismo animal. O sonambulismo magnético, como então é chamado, foi
introduzido na França pelo médico austríaco Franz Anton Mesmer, atendendo a finalidades curadoras. Foi um dos discípulos de Mesmer, o Marquês de Puységur
que descobriu o sonambulismo em indivíduos magnetizados. Apesar de os sonâmbulos enxergarem com os olhos da alma, nem sempre
vêem tudo, podendo se enganar a respeito. Isto ocorre conforme nos falam os Espíritos Superiores, porque “(...) primeiramente, aos Espíritos imperfeitos não é
dado verem tudo e tudo saberem. (...) Depois, quando unidos à matéria, não gozam de todas as suas faculdades de Espírito. (...)”
É preciso considerar que os sonâmbulos podem entrar em relação com outros Espíritos “(...) que lhes transmitem o que devem dizer e suprem a incapacidade
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que denotam. Isto se verifica principalmente nas prescrições médicas. O Espírito do sonâmbulo vê o mal, outro lhe indica o remédio. (...)”
Neste caso, agindo o sonâmbulo sob orientação de outros Espíritos, caracteriza-se uma ação mediúnica, porque ele (o sonâmbulo) é instrumento de
outras inteligências. É passivo e o que diz não vem de si. Em resumo, o sonâmbulo revela um fato anímico quando exprime o seu próprio conhecimento, enquanto que
o médium sonambúlico expressa o conhecimento de outrem. Com o passar do tempo, pesquisadores se dedicando ao estudo do
sonambulismo descobriram que havia sonâmbulos lúcidos que liam através de corpos opacos; que postos em contacto com uma pessoa doente, não só viam os
órgãos internos enfermos, como ainda manifestavam os mesmos sintomas mórbidos; que viam com outras partes do corpo; as mãos, a barriga, etc., em suma
o que se chamou a transposição dos sentidos, mas que na verdade eram os
sentidos da alma emancipada, em funcionamento. Enfim, sonâmbulos surgiram, pela ação magnética, que viam à distância, realizavam “viagens”, em que muitas
vezes percebiam paisagens mais belas e admiráveis que as da Terra. O magnetismo deixou de ser um simples processo curativo e passou a ser também
uma porta aberta para o que, então, se considerava como sobrenatural; tanto mais que muitos sonâmbulos percebiam também os Espíritos desencarnados, entravam
em relação com eles e deles recebiam instruções morais e indicações terapêuticas, que transmitiam aos homens. Sob este aspecto, o sonambulismo foi
verdadeiramente precursor do Espiritismo.
Vejamos agora o que se encontra em “O Livro dos Espíritos”.
“O chamado sonambulismo magnético tem alguma relação com o sonambulismo natural?
— É a mesma coisa, com a diferença só de ser provocado.”
“Qual a causa da clarividência sonambúlica?
— Já o dissemos: é a alma que vê.”
“Qual a origem das ideias inatas do sonâmbulo e como pode falar com exatidão de coisas que ignora quando desperto, de coisas que estão mesmo acima
de sua capacidade intelectual?
— É que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que os que lhe supões.
Apenas, tais conhecimentos dormitam, porque, por demasiado imperfeito, seu
invólucro corporal não lhe consente rememorá-lo. Que é, afinal, um sonâmbulo? Espírito, como nós, e que se encontra encarnado na matéria para cumprir a sua
missão, despertando dessa letargia quando cai em estado sonambúlico. (...)”
Ê X T A S E
A ação magnética não se limita, como vimos, à produção de curas de enfermidades físicas. Seu alcance é muito maior, desatando os laços que prendem
a alma ao corpo, favorecendo a sua penetração no mundo invisível. Mas há
diversos graus no estado magnético, que vão dos mais leves estados de sono, passando pelo sonambulismo lúcido até um estado de quase total desprendimento
da alma, que paira então em planos etéreos e felizes, estado esse que se chama êxtase. Consultemos, sobre o assunto, O Livro dos Espíritos:
“Que diferença há entre o êxtase e o sonambulismo?
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— O êxtase é um sonambulismo mais apurado. A alma do extático ainda é mais independente.”
E Kardec acrescenta ainda sobre este palpitante assunto: “(...) No sonho e no sonambulismo, o Espírito anda em giro pelos mundos terrestres. No êxtase,
penetra em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar certos limites,
porque, se os transpusesse, totalmente se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o, então, resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que
na Terra se desconhecem, indefinível bem-estar o invade: goza antecipadamente da beatitude celeste e bem se pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade.
(...)”
DUPLA VISTA
Posto que raro, há também, inteiramente fora de qualquer influência magnética, casos em que certos indivíduos, em perfeito estado de vigília
conseguem perceber, no instante mesmo em que ocorrem, cenas e fatos
passados à distância. É o fenômeno da dupla vista. “Haveria, pois, alguma relação entre o sonho, sonambulismo e o fenômeno
da dupla vista? — (...) Tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é ainda
resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A dupla
vista ou Segunda vista é a vista da alma.” Como exemplos dessa faculdade são comumente citados os casos de
Swedenborg que, em Estocolmo, assistiu e descreveu com precisão e em todo o seu desenvolvimento a um incêndio que ocorria em localidade muito distante,
bem como o de Apollônio de Tyana que, estando a ensinar seus discípulos em
praça pública, estes o viram de repente interromper-se, na atitude ansiosa de quem espera alguma grave ocorrência e em seguida anuncia o assassinato de
Domiciano, que caía sob o punhal de um liberto.
______________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª Parte, Roteiro 35 - Federação Espírita Brasileira.
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- Curso Ciência Espírita II - 15ª AULA: OBSESSÃO – Conceito, Causas e Graus
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OBSESSÃO – Conceito, causas e graus
Como consequência da inferioridade moral da população do nosso Planeta, são muito numerosos os Espíritos inferiores que habitam o plano dos desencarnados. A ação desses Espíritos, capazes de influenciar os nossos pensamentos e os nossos atos, constitui parte integrante das dificuldades enfrentadas pela Humanidade. Um dos resultados dessa ação negativa é a obsessão, que pode ser definida como “(...) o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. (...)” Em A Gênese, Kardec conceitua obsessão como “(...) a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. (...)” Essa ação pode variar desde uma simples influência moral até uma perturbação completa do organismo, inclusive de ordem mental. As faculdades mediúnicas, particularmente, tornam-se bastante prejudicadas pela obsessão. Os Espíritos obsessores são sempre de natureza inferior, pois os bons Espíritos não se preocupam em constranger ou dominar alguém. Os Espíritos obsessores agem, inicialmente de maneira sutil, interferindo gradativa e progressivamente na mente do Espírito encarnado, podendo atingir situações extremas de completo domínio. Essa ação pode ser reconhecida, no início, como uma força psíquica interferindo nos processos mentais, uma vontade dominada por outra vontade, ou uma inquietação crescente sem motivo aparente.
Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se instalam onde existe carência nos mecanismos de defesa, a obsessão se manifesta nas mentes cujas imperfeições morais do pretérito e do presente deixam marcas profundas no Espírito. Alguns vícios, entretanto, devem ser alinhados entre os fatores que favorecem a obsessão, por se constituirem em dano para o corpo e para a mente:
O alcoolismo, pelas consequências no sistema nervoso, permitem o ressurgimento de impressões do pretérito que, misturadas às frustrações do presente, desequilibram a emotividade, oferecendo vasto campo de atuação para os desencarnados em desespero emocional.
A sexualidade desequilibrada permite a sintonização de consciências desencarnadas que vivem em indescritível aflição, e que se hospedam nas mentes encarnadas, absorvendo energias vitais e gerando obsessões degradantes.
A glutoneria, a maledicência, a ira, o ciúme, a inveja, a avareza e o egoísmo, são igualmente estradas de acesso para Espíritos de natureza inferior que, num processo de sintonia, banqueteiam-se com as nossas imperfeições, influenciando os nossos pensamentos e as nossas ações. Essa influência, não sendo combatida ou neutralizada, torna-se cada vez mais persistente, constituindo-se em processo obsessivo.
A obsessão pode ser entendida como o domínio que alguns Espíritos de natureza inferior podem exercer sobre certas pessoas. Esse domínio apresenta graus variáveis, resultando daí, efeitos também variáveis, em grau e em complexidade. As principais variedades de obsessão são a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. No estudo da mediunidade, Kardec conceituou, como segue, as variedades de obsessão:
— Obsessão simples – verifica-se quando um Espírito moralmente inferior se impõe a um médium, intromete-se nas comunicações contra a vontade do médium, impede que este se comunique com outros Espíritos, e substitui os Espíritos que são evocados. Qualquer médium, principalmente quando lhe falta experiência, pode ser enganado por Espíritos mal intencionados. Entretanto, o que caracteriza a obsessão simples é a persistência de um Espírito em perturbar as comunicações, e a dificuldade que o médium encontra para livrar-se desse inconveniente.
— Fascinação – é entendida como uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium, e que inibe o seu discernimento ou a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito obsessor
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consegue impedi-lo de reconhecer o engano, mesmo quando a mistificação é grosseira e ridícula. As conseqüências da fascinação são mais graves, uma vez que o obsessor dirige a vítima, fazendo-a aceitar teorias e ideias as mais absurdas. Nos casos de fascinação, os Espíritos obsessores são, geralmente, bastante espertos e ardilosos.
— Subjugação – é um envolvimento que anula a vontade da pessoa fazendo-a agir de acordo com a vontade do obsessor. O obsidiado fica subordinado a um verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corpórea. No primeiro caso, a pessoa é obrigada a tomar decisões quase sempre absurdas e comprometedoras; no segundo caso, o Espírito age sobre a organização física, provocando desde movimentos involuntários simples até lesões graves no corpo do encarnado.
Entendendo a obsessão como o domínio de uma mente sobre outra mente, ou seja, um processo de transmissão mental, compreender-se-á que ela pode apresentar outras características além daquela até aqui focalizada, ou seja, a atuação de um Espírito desencarnado sobre um encarnado. Existem, em grande número, pessoas obsidiando pessoas; caracterizam-se pela capacidade que têm de dominar mentalmente aqueles que elegem como vítimas. Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão ou ânsia de poder, e é exercido, muitas vezes, de maneira tão sutil, que a pessoa dominada julga-se extremamente amada, e até mesmo protegida. É uma obsessão de encarnado para encarnado. O marido que subjuga a esposa, a esposa que tiraniza o marido, são expressões desse tipo de obsessão.
Espíritos desencarnados também obsidiam Espíritos desencarnados; o mesmo drama de domínio de uma mente sobre outra mente desenrola-se também no plano espiritual. É a obsessão de desencarnado para desencarnado. Situações que ocorrem na erraticidade são, muitas vezes, reflexo daquelas que ocorreram na crosta terrestre, e vice-versa.
Embora possa parecer difícil, a obsessão também acontece de um Espírito encarnado para um desencarnado. É fato mais frequente do que se pensa, pois muitas criaturas humanas vinculam-se, obstinadamente, aos entes amados que as precederam no túmulo. Expressões de amor egoísta e possessivo levam à fixação mental naqueles que desencarnaram, retendo-os às reminiscências da vida terrestre, não lhes permitindo o equilíbrio necessário para enfrentar a nova situação na vida espiritual. Idêntico processo verifica-se quando o sentimento que domina o encarnado é de ódio, revolta, etc.
Finalmente, a obsessão pode assumir ainda a expressão de obsessão recíproca. Assim como as almas afins e voltadas para o bem cultivam a convivência amiga e fraterna, assim também existem criaturas que permutam vibrações de natureza inferior, com as quais se comprazem. É uma espécie de obsessão recíproca, que tanto pode ocorrer entre encarnados quanto entre desencarnados, ou ainda entre estes e aqueles.
________________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª Parte, Roteiros 36/37 - Federação Espírita Brasileira.
MEDIUNIDADE: RESULTADOS DO PASSE
Partindo da definição do passe que é a transfusão de forças ou energias psico-espirituais de uma para outra criatura, fica fácil entendermos quais os seus resultados. Temos um receptor, um doador e é preciso considerar o elemento intermediário que é o fluido. Os encarnados e desencarnados vivem mergulhados em um meio comum, a atmosfera fluídica derivada do Fluido Cósmico Universal, que preenche o espaço quer na sua forma primitiva, elementar, quer na forma modificada pela ação da mente, seja a Mente Divina (criação), a dos Espíritos superiores (ambiente espiritual que lhes é próprio) ou a dos Espíritos ligados à Terra, encarnados e desencarnados (formando a atmosfera espiritual em que vivemos).
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Tanto os encarnados como os desencarnados são possuidores de um organismo de natureza semi-material, fluídico – de constituição eletro-magnética –, cujo funcionamento se faz na dependência da mente do Espírito, utilizando, porém, os fluidos. Assim como no corpo físico o sangue circula por todo o organismo, levando-lhe a alimentação e veiculando as escórias, no perispírito o que circula são os fluidos comandados pela mente. Alguém que se perturbe, se desequilibre passa a ter um ―déficit‖ de fluidos saudáveis (porque saúde é equilíbrio das forças naturais que nos constituem), e passa a absorver e armazenar fluidos que sua própria mente, vibrando em padrões inferiores, se encarrega de tornar pesados, desagradáveis, doentios. Os fluidos de ordem inferior vão aos poucos se infiltrando do perispírito para as próprias células do corpo físico, levando a um mau funcionamento um órgão, um sistema ou aparelho. Quebrada a resistência natural, fica o organismo entregue ao assalto das várias causas conhecidas ou desconhecidas responsáveis pelas doenças. No passe o que ocorre é que o agente (o que transmite) é dotado de recursos vitais e espirituais suficientes para transmiti-los ao paciente (o que recebe), modificando-lhe momentaneamente o seu estado vibratório, podendo causar uma melhora acentuada ou até mesmo a cura de uma doença nascida da imprevidência atual do seu portador. Os resultados podem ser de três ordens: benéficos, maléficos e nulos. BENÉFICOS:
a) Dependem do passista que deve estar em condições de transmitir o passe: 1º) Saúde física (o fluido vital depende do estado de saúde do passista); 2º) Equilíbrio espiritual (o fluido espiritual depende da elevação espiritual do passista).
b) Dependem do paciente, que deve estar:
1º) Receptivo (favorável ao recebimento da ajuda, vibrando mentalmente para melhor absorver o recurso espiritual);
2º) Disposto a se melhorar espiritualmente (a ajuda do passe é passageira e tais recursos fixar-se-ão e novos acrescentar-se-ão quando o indivíduo passar a ter vida cristã);
MALÉFICOS:
a) Dependem do passista quando está: 1º) Em estado de saúde precária (fluido vital deficitário); 2º) Com o organismo intoxicado (vícios, como o fumo, o álcool, as drogas, etc.); 3º) Em estado de desequilíbrio espiritual (revolta, vaidade, orgulho, raiva, desespero,
desconfiança, etc.).
b) Dependem do paciente: — Quando as suas defesas estão praticamente nulas e não pode neutralizar a
torrente de fluidos grosseiros e inferiores que lhe são transmitidos pelo passista despreparado.
NULOS: Dependem do paciente:
1º) Embora a ajuda seja boa por parte do passista, o paciente se coloca em posição impermeável (descrença, leviandade, aversão);
2º) Quando consegue neutralizar os fluidos grosseiros transmitidos pelo mé-dium despreparado.
_____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Educação Mediúnica – C. O. E. M., Fascículo 4 - Centro Espírita Luz Eterna (Curitiba-PR).
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O Processo Obsessivo: O Obsessor e o Obsidiado
O problema da obsessão, sob qualquer aspecto, envolve obsessor e obsidiado. Quase sempre, evocações do passado estabelecem ligação entre o desencarnado e o encarnado. A influência que este último recebe é, inicialmente, sutil, mas aos poucos o envolvimento cerebral se acentua, até atingir um estágio de verdadeira vampirização, em que obsessor e obsidiado se completem. As causas da obsessão localizam-se, portanto, em processos morais lamentáveis, em que o perseguidor e a vítima deixaram-se envolver no pretérito. Reencontrando-se agora, e imantados pela Lei da Justiça Divina, iniciam-se as trocas mentais, muitas vezes já na vida intra-uterina, intercâmbio vibratório que se acentua a partir do nascimento, durante a nova encarnação do obsidiado. Sob qualquer forma, desde a mais simples até a subjugação, a obsessão exige tratamento difícil, pois ambos, obsessor e obsidiado, são enfermos do Espírito.
Na intensificação do processo obsessivo, justapõe-se sutilmente “(...) cérebro a cérebro, mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar, órgão a órgão”, através do corpo espiritual. A cada concessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede, que se transforma em parasita insidioso, estabelecendo, muitas vezes, a simbiose através da qual o poder da vontade dominadora consegue apagar a lucidez do dominado.
Em toda a obsessão, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes (débitos a resgatar) que permitem o processo. Encontrando em sua vítima os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. A interferência dá-se por processo semelhante ao que acontece no rádio, quando uma emissora clandestina passa a utilizar determinada frequência operada por outra, prejudicando-lhe a transmissão. O perseguidor age com persistência para que se estabeleça a sintonia mental, enviando seus pensamentos numa repetição constante, hipnótica, à mente da vítima que, invigilante, assimila-os, deixando-se dominar pelas idéias intrusas. Acrescenta Kardec que na obsessão o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o perispírito do encarnado, ficando este constrangido a proceder contra a sua vontade.
Perante os obsessores, é imperioso que se cultive a oração com carinho e devotamento. O Espírito encarnado tem necessidade de comunhão com Deus através da prece tanto quanto o corpo físico necessita de ar puro para conservar a saúde. Na Terra, somos o que pensamos, permutando vibrações que se harmonizam com outras vibrações afins. É indispensável, pois, cultivar bons pensamentos a fim de neutralizar as influências negativas dos que nos cercam na experiência diária. No exercício da oração, habituamo-nos também a meditar sobre as inadiáveis necessidades de libertação e de progresso.
Ante os seres perturbadores do mundo espiritual, é necessário cultivar a bondade, abrindo o coração ao perdão e à indulgência, de modo a alcançar fraternidade e compreensão. É preciso renovar a disposição íntima para que, ao conversarmos com esses seres de mente em desalinho, através do pensamento ou da palavra, saibamos compreendê-los, ajudando-os quanto possível, com amor e humildade.
O trabalho incansável pelo bem comum, inspirado no ensino trazido pelos Espíritos superiores, conserva-nos a mente e o coração em Jesus, sintonizados com as esferas mais altas onde sorvemos as forças para vencer as agressões de que poderemos ser vítimas. Orando e ajudando, conservaremos a nossa paz.
Quando solicitado a auxiliar um obsidiado, não nos deve faltar a paciência, a compreensão, bem como a caridade da boa palavra e do passe. É imperioso, entretanto, contribuir para o seu próprio esclarecimento, insistindo para que ele próprio se ajude. Ele deve entender que, com o seu progresso, contribuirá para o aprimoramento do outro ser que, ligado a ele por imposição da Justiça Divina, tem necessidade de evoluir também.
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A CRIANÇA OBSIDIADA
Tal como acontece com outras enfermidades que afetam as crianças, um quadro obsessivo desperta em todos nós um sentimento profundo de comiseração e o ímpeto de aliviar e proteger a criança. A criança obsidiada apresenta-se inquieta, irritada, com problema de comportamento impossíveis de serem explicados pela Psicologia. Na verdade, as crianças nessas condições quase sempre já encarnaram aprisionadas pelas reminiscências de vidas anteriores, ou por recordações de tormentos que sofreram ou fizeram sofrer no Plano Espiritual. A nova existência atenua bastante os seus sofrimentos, constituindo-se em oportunidade de refazimento para o Espírito que poderá exercitar a paciência, a resignação e a humildade. As instituições espíritas podem prestar valioso auxílio às crianças obsidiadas, através do passe e da água fluidificada, mas é imprescindível que elas sejam tratadas com muito carinho e atenção. Para as crianças em geral, carinho e atenção constituem necessidades psicológicas básicas. Entretanto, aquelas que padecem na obsessão, justamente por estarem combalidas pelo sofrimento, têm maior necessidade de serem amadas. É fundamental, nesses casos, a orientação espírita aos pais, para que entendam melhor as dificuldades próprias da situação, e para que adquiram melhores condições de ajudar o filho e a si próprios, pois muito provavelmente são todos cúmplices ou desafetos do passado, agora reunidos em provação redentora. Os pais devem ser orientados no sentido de fazerem o Culto do Evangelho no Lar, a fim de beneficiarem o ambiente doméstico com recursos advindos da espiritualidade superior. As aulas de evangelização ministradas nos Centros Espíritas poderão também proporcionar à criança esclarecimentos e conforto necessários à superação das dificuldades que enfrenta.
OS OVÓIDES
A transformação do corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos seguintes casos:
1. O homem selvagem retorna, após a morte do corpo físico, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. Sendo primitivo, só tem condições de pensar em termos da vida tribal a que se habituou. Refugia-se, por isso, na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por voltar ao convívio dos seus, e alimenta-se das vibrações dos que lhe são afins. Nestas condições, estabelece-se o monoideísmo, isto é, a idéia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito fechado, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Não havendo outros estímulos, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como acontece aos órgãos do corpo físico quando paralisados. Aos poucos, esses órgãos transubstanciam-se quais implementos potenciais de um germe vivo entre as paredes de um ovo. Diz-se então que o “desencarnado perdeu seu corpo espiritual”, transformando-se num corpo ovóide. Esta forma guarda consigo todos os órgãos de exteriorização da alma, tanto no plano espiritual quanto no terrestre, tal como a semente que traz em si a árvore do futuro.
2. Espíritos desencarnados, em profundo desequilíbrio, fixados em desejos de vingança ou em apegos doentios, envolvem ou influenciam aqueles que lhes são objeto de perseguição ou atenção, e auto hipnotizam-se com as próprias idéias, que se repetem indefinidamente. É novamente o monoideísmo auto-hipnotizante. Em consequência, o corpo espiritual se retrai, assemelhando-se eles a ovóides imantados às próprias vítimas que, em geral, aceitam-lhes a influenciação por serem portadores de sentimentos de culpa, remorso ou ódio, fatores predisponentes ao fenômeno obsessivo.
3. Grandes criminosos, ao desencarnar, poderão ver-se atormentados pela visão repetida e constante dos próprios erros, em alucinações que os tornam dementados. O pensamento vicioso pode resultar no monoideísmo auto-hipnotizante e, tal como nos casos anteriores, o corpo espiritual contrai-se, consubstanciando-se em ovóides.
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Entende-se, portanto, por ovóide, a atrofia ou retração do corpo espiritual (perispírito) provocada pelo pensamento fixo-depressivo, em circuito fechado, no qual o Espírito desencarnado abstrai-se de tudo o mais para deter-se exclusivamente num desejo ou numa idéia de natureza inferiorizante. Os obsessores desencarnados utilizam-se desses ovóides para intensificar o cerco às suas vítimas, imantando-os a elas. Instala-se então o chamado parasitismo espiritual, através do qual o obsidiado passa a viver o clima criado pelos obsessores e agravado pelas ondas mentais altamente perturbadoras dos ovóides. É uma subjugação gravíssima que pode lesar o cérebro ou outros órgãos que estejam sendo visados. Só através da reencarnação é que os ovóides poderão plasmar outra vez o perispírito, juntamente com a nova forma carnal.
______________
BIBLIOGRAFIA: Apostila Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Programa V, 2ª Parte, Roteiros 38/39 - Federação Espírita Brasileira.
LOUCURA E OBESESSÃO
1. A loucura é sempre resultado de uma lesão cerebral?
2. A obsessão pode levar o indivíduo à loucura?
3. Qual é basicamente a diferença entre loucura e obsessão?
4. A ação persistente do obsessor pode produzir lesões em sua vítima?
5. Por que Jesus conseguia com uma simples ordem desfazer os casos de obsessão relatados pelos evangelistas?
A loucura manifesta-se de duas maneiras distintas
1. A obsessão não é loucura, mas pode provocá-la. A ciência médica, no entanto, não leva em consideração este fato porque, em rigor, ainda não admite a sobrevivência da alma. A relutância na admissão do fenômeno obsessivo leva a sociedade científica, por isso, a considerar o problema da loucura limitadamente. Como ensinava Dr. Bezerra de Menezes, até hoje, a ciência só conhece a loucura que resulta, de um modo permanente, da perturbação do pensamento, com sua sede no cérebro.
2. As causas e as formas podem variar, mas o estado patológico do indivíduo é sempre o mesmo: a loucura caracterizada pela perturbação mental e com sede no cérebro. Sem que o cérebro sofra, não pode haver, para a ciência, o fenômeno psíquico-patológico da loucura, embora dentro da sociedade científica – conquanto não admitido claramente – exista também a constatação da loucura sem o comprometimento cerebral
3. Quando os médicos conseguem detectar lesões no cérebro, podem estabelecer uma conduta clínica, seja terapêutica, seja cirúrgica. Se, porém, a loucura se manifesta e não se encontram lesões físicas no sistema nervoso, torna-se difícil, se não impossível, estabelecer um tratamento médico adequado. Essa é a razão pela qual, segundo os especialistas no assunto, o mais difícil no trato do problema é estabelecer com precisão o diagnóstico.
4. A loucura – esclarece Dr. Bezerra de Menezes – manifesta-se de duas maneiras distintas: com e sem lesão cerebral. Em face disso, ele sugere que haja, para casos distintos, tratamentos diferentes. Os problemas orgânico-cerebrais devem ser tratados por médicos. Nos casos em que o problema não é de ordem material, deve-se proceder de forma a levar em conta as causas extrafísicas atuantes.
A obsessão, quando não tratada, pode levar à loucura
5. O cérebro é meramente um órgão físico, não o centro da inteligência humana, Ele é, e assim deve ser visto, um instrumento material de que se serve a alma quando unida ao corpo físico. É a alma quem pensa, raciocina, imagina. O cérebro é meramente veículo de sua manifestação. Se o cérebro traz alguma perturbação ou lesão, é natural que o
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desempenho da alma seja afetado, por não poder ela manifestar-se adequadamente valendo-se de um instrumento danificado.
6. A obsessão, cuja causa imediata é a influência de um agente externo à pessoa, é coisa diversa, embora traga para o indivíduo que a padece complicações que dificultam e tornam mais complicado o problema. Ela em si não constitui loucura, mas sua progressão para estágios mais adiantados, e sem o devido tratamento, pode levar a casos de loucura.
7. Esse pensamento foi-nos legado por Allan Kardec, que em “O Livro dos Médiuns” afirma que entre os que são tidos como loucos muitos há que são apenas subjugados por Espíritos, necessitados, portanto, de um tratamento moral e espiritual, enquanto que com os tratamentos corporais equivocados podem tornar-se verdadeiros loucos.
8. Assim, nos casos de obsessão o que vai determinar a perturbação na transmissão do pensamento é a interposição de fluidos do obsessor entre o agente (alma) e o instrumento (cérebro), com o que fica interrompida a comunicação regular entre os dois. A alma pensa corretamente, mas seu pensamento só se manifesta de maneira truncada, imperfeitamente, devido à barreira criada pelos fluidos emanados do obsessor.
Tanto na loucura como na obsessão o Espírito pode estar lúcido
9. Segundo Dr. Bezerra de Menezes, tanto na loucura como na obsessão o Espírito pode estar lúcido, mas se verifica uma irregularidade na transmissão ou manifestação do pensamento. Essa irregularidade é devida, no primeiro caso (loucura), à incapacidade material do cérebro para receber e transmitir fielmente as cogitações da alma do paciente. No segundo caso (obsessão), tudo se limita a não poderem tais cogitações chegar integralmente ao cérebro, tendo em vista a interposição de fluidos irradiados pelo perseguidor espiritual.
10. Devemos considerar, ainda, que a ação persistente e malfazeja de um Espírito sobre outro poderá, com o passar do tempo, produzir lesões físicas, às vezes irreversíveis.
11. Citadas largamente no Novo Testamento, as obsessões e as possessões eram muito comuns à época de Jesus. Eis alguns exemplos bastante conhecidos:
a. Marcos (1:21-27) e Lucas (4:31-37) narram a cura que Jesus proporcionou a um “endemoninhado” em Cafarnaum
b. Mateus (10:32-34) relata a cura de um “mudo endemoninhado”
c. Mateus (12:22-28) fala de um indivíduo que, subjugado por seu obsessor, ficou mudo e cego.
12. Em todas essas narrativas destaca-se a figura ímpar de Jesus, que com sua bondade e força moral libertava a todos eles – obsidiados e obsessores – curando-os, visto que a imensa superioridade do Cristo dava-lhe tal autoridade sobre os Espíritos imperfeitos, que lhe bastava ordenar que se retirassem e eles de imediato obedeciam.
Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, cap. 23, item 254.
A Gênese, de Allan Kardec, cap. 15, itens 33 e 34.
A Loucura sob novo prisma, de Adolfo Bezerra de Menezes, 4a. edição, pp. 11, 163 e 164.
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DESOBSESSÃO - TERAPÊUTICA
Antes dEle (Jesus) os obsessos eram marginalizados e objeto de curiosidade e temor. Isolados pelos próprios familiares, padeciam as constrições impostas pela presença do perseguidor invisível que, em muitos casos, os submetiam à sua vontade. Ele, porém, trouxe a lição do amor como remédio e como alimento para os doentes e depauperados da alma, estendendo o seu cuidado amoroso aos que eram tidos como loucos incuráveis e, como tais, banidos da comunidade. Amélia Rodrigues narra a passagem em que Jesus explica aos discípulos o motivo pelo qual não havia conseguido “expulsar o espirito imundo”, tendo dito: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” “Diante, pois, deles — possessos e possessores — só a oração do amor infatigável e o jejum das paixões conseguem mitigar a sede em que se entredevoram, entregando-os aos trabalhadores da Obra de Nosso Pai, que em toda parte estão cooperando com o Amor, incessantemente.” E concluiu Jesus, segundo a narrativa de Amélia Rodrigues: “Se amardes ao revés de detestardes, se desejardes socorrer e não apenas os expulsardes, tudo fareis, pois que tudo quanto eu faço podeis fazê-lo, e muito mais, se o quiserdes...”
I – AUTODESOBSESSÃO
Autodesobessão: Ato de promover a própria pessoa a sua desobsessão, através da reforma íntima, tal como esclarece a Doutrina Espírita. Autodesobessão, sinônimo de auto-evangelização, de auto-reforma. É o ser humano lutando para dominar as suas más tendências e inclinações. Nos dias atuais o Espiritismo vem lembrar aos homens a imorredoura lição do Mestre: “Não tornes a pecar.” Nisto consiste a participação do obsesso quanto ao próprio tratamento. Ninguém se engane: o obsidiado só se libertará quando ele mesmo se dispuser a promover a sua autodesobsessão. O Espiritismo não poderá fazer por ele o que ele não fizer por si mesmo. Muito menos os médiuns, ou alguém que lhe queira operar a cura. Entretanto, muitos pensam, erroneamente, que no Centro Espírita se verão livres de todos os males. De modo geral, quando recorrem aos Centros, trazem o pensamento preconcebido de que todos os seus problemas serão ali resolvidos, como por encanto. Julgam que, pelo fato de buscar auxílio espiritual, passam de imediato toda a responsabilidade de seu tratamento para os Espíritos e para os espíritas. Fazem como quem traz um grande e pesado fardo, que alijam de seus próprios ombros, na tentativa de entregá-lo totalmente aos Guias e médiuns. Aos primeiros sinais de que seus problemas não estão sendo resolvidos com a presteza que imaginavam, desiludem-se e vão buscar ajuda em outra parte. A primeira coisa a ser feita, portanto, é esclarecer ao paciente o quanto a sua par-ticipação é fundamental para o tratamento. E nisso reside quase toda a possibilidade de êxito. Yvone A. Pereira tem uma recomendação muito importante no seu livro “Recordações da Mediunidade”, cap. 10: “O obsidiado, se não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de auto-domínio ou auto-educação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsidiado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere. Sua renovação moral, portanto, será a principal terapêutica, nos casos em que ele possa agir.” (Grifos nossos).
R E C U R S O S : — PRECE:
Não raro, as pessoas interessadas, diretamente ligadas ao obsidiado e até ele mesmo, acreditam que as preces devem ser feitas no Centro Espírita pelo seu presidente, pelos médiuns, pelos integrantes dos trabalhos, enfim, por todos, menos por eles próprios. Muitos se julgam incapazes de orar ou acham que suas preces não têm eficácia que almejam, entregando essa responsabilidade àqueles que, no seu modo de entender, estão
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mais bem qualificados. Essas pessoas não têm o hábito da oração, não acostumaram a elevar o pensamento a Deus e acham difícil concentrar-se, ainda que por breves minutos, para suplicar ou agradecer as bênçãos do Pai do Céu. Ou foram habituados às preces decoradas, que consistem num simples balbuciar de palavras que não brotam do coração. Falam, suplicam maquinalmente e têm longe o pensamento. Quando não reclamam favores absurdos, que atendem apenas às coisas materiais ou a interesses que nem sempre representam o melhor. Outros acomodaram-se, pelo costume tradicional de encomendar orações a terceiros, consoante suas práticas religiosas. Aprender a orar. Noções de como conversar com o Amigo Divino, lição de como se entregar a Ele pela prece nascida do sentimento mais puro. Isto também é tarefa que nos cabe desincumbir junto a esses irmãos carentes de entendimento. Falar da importância e do valor da oração, levar as pessoas a entender que elas têm capacidade e possuem recursos interiores, que, se acionados, lhes possibilitarão a sintonia com o Alto.
— REFORMA INTERIOR:
―(...) É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.‖ (O LIVRO DOS ESPÍRITOS, perg. 479 – Allan Kardec)
Um mal existente há muitos anos, há séculos mesmo, não se resolve de súbito. Procedimentos enraizados e que se perdem na poeira do passado não se consegue modificar repentinamente. Essa dificuldade é comum tanto ao obsidiado quanto ao obsessor. E nas almas em conflitos, que se debatem no emaranhado de compromissos do pretérito, mais difícil se torna a assimilação de novos hábitos, que modifiquem conceitos e até, mais ainda, sentimentos. Hábitos de ódio, de revolta, de vingança; condicionamentos de modos de proceder egoísticos e cruéis, sentimentos que foram cultivados durante séculos somente se transformarão no momento em que, cansados de sofrer, de se machucar nos espinheirais do caminho, no exato instante em que sorverem o conteúdo completo da taça de fel, forem tais irmãos conquistados pelas forças suaves e persuasivas do Bem e do Amor. Não só para os portadores de obsessões declaradas enfatizamos a imperiosa e inadiável necessidade da reforma moral, mas para todos nós, espíritas ou não. A importância dos trabalhos desobsessivos, dos estudos que estamos efetuando em torno desse tema é, por isso, grandiosa, já que os primeiros beneficiados somos nós, os que estamos lidando nessa abençoada seara. Para termos condições morais de colaborar numa tarefa dessa envergadura torna-se imprescindível que apliquemos, de início, em nós mesmos, as lições que tentamos transmitir aos outros. A moralização íntima é assim condição essencial para a cura tanto do algoz quanto da vítima. E para a nossa própria cura.
— PENSAMENTO:
Na obra “Libertação” encontramos estas afirmativas que pela sua importância merecem mencionadas: “(...) o espírito lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos...” “(...) Há milhões de almas humanas que se não afastaram, ainda, da Crosta Terrestre, há mais de dez mil anos. Morrem no corpo denso e renascem nele, qual acontece às árvores que brotam sempre, profundamente arraigadas no solo. Recapitulam, individual e coletivamente lições multimilenárias, sem atinarem com os dons celestiais de que são herdeiras, afastadas deliberadamente do santuário de si mesmas, no terreno movediço da egolatria inconseqüente, agitando-se de quando em quando, em guerras arrasadoras que atingem os dois planos, no impulso mal dirigido de libertação, através de crises inomináveis de fúria e sofrimento.” (Grifos nossos) Milhares de anos em que utilizamos o nosso pensamento para o mal, para a destruição. Milênios de dor e sofrimento. Séculos de experiências dolorosas. Nossa colheita tem sido de
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pranto, para que nas fontes do sentimento dilacerado pudéssemos mudar o rumo do pensamento envolvido no mal, preso ao jugo dos instintos inferiores. O nosso pensamento estagiou por milênios em faixas primitivas. Aos poucos, fomos vagarosamente imprimindo-lhe nova direção. Os sucessivos aprendizados enriqueceram a nossa mente com experiências diversas e a nossa emissão mental se aprimorou. Mesmo assim, demoramos a entender que o controle de nosso pensamento é de nossa exclusiva responsabilidade. E essa nova compreensão é decisiva em nosso destino. De acordo com o que pensamos serão as nossas companhias espirituais e, parodiando a sentença popular, diremos: “Dize-me o que pensas e te direi com quem andas...” Esse é o notável ensinamento que a Doutrina Espírita nos apresenta. Pelo pensamento desceremos aos abismos ou chegaremos às estrelas. Pelo pensamento nós nos tornamos escravos ou nos libertamos. A obsessão é, pois, o pensamento a transitar e a sintonizar nas faixas inferiores. Desobsessão, ao invés, é a mudança de direção do pensamento para rumos nobres e construtivos. É a mudança do padrão vibratório, sob o influxo da mente, que optou pela freqüência mais elevada. Essa mudança é uma questão de escolha. De seleção. E só se chega a tal estado, a uma transformação dessa espécie, acionando-se uma das maiores potencialidades que existe no ser humano: a Vontade.
— VONTADE:
Até hoje o ser humano não se preocupou o suficiente, ou não despertou para essa incrível força que traz no imo d’alma: a Vontade. Acostumou-se, sim, a Ter má-vontade para tudo o que dá mais trabalho e que exige perseverança, esforço e abnegação. Como todas as demais potencialidades latentes em nós, a vontade, para a grande maioria, é somente acionada para aquilo que for mais fácil, menos custoso ou, o que é pior, para destruir. Aos que padecem de problemas obsessivos, deve-se-lhes esclarecer o quanto é essencial a sua própria participação no tratamento e que deles mesmos dependerá, em grande parte, o êxito ou o insucesso em alcançar a cura. A primeira providência será no sentido de mudar a direção dos pensamentos. Modificar o estado mental é arejar a mente, higienizando-a através de pensamentos sadios, otimistas, edificantes. É substituir as reflexões depressivas, mórbidas, que ressumam tédio, solidão e tristeza por pensamentos contrários a esse estado interior, num exercício constante, que se renova a cada dia, aprendendo a olhar a vida com olhos otimistas, corajosos e, sobretudo, plenos de esperança. É abrir as janelas da alma através da prece, permitindo que um novo sol brilhe dentro de si mesmo, gerando um clima interior que favoreça a aproximação de Espíritos Bondosos. Isto só será possível mobilizando a Vontade, que, segundo esclarece Emmanuel, “é o impacto determinante. Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina”. A vontade é, pois, o comando geral de nossa existência. Ela é a manifestação do ser como individualidade, no uso do seu livre-arbítrio. Temos a liberdade de escolher, de optar, mas só o faremos quando usarmos a vontade.
— CARIDADE:
O obsidiado, quando do início do seu tratamento, deve ser inteirado de que o labor da caridade, em nome de Jesus, é fator primordial para a sua melhoria interior. Através da disposição que o paciente apresente para esse serviço, de sua perseverança e boa-vontade, conseguirá ele, aos poucos, ir convencendo o seu obsessor da sua renovação moral, o que, indubitavelmente, representará um fator positivo a seu favor. Quando Joanna de Ângelis nos diz: “Há fome de amor perto do teu leito de queixas”, alerta-nos para que olhemos em torno de nós, porque certamente estaremos cercados de
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irmãos em situações mais dolorosas e que, auxiliando-os, estaremos concomitantemente amenizando as nossas provações, tornando mais leve e suave o nosso fardo. Mas para isto é preciso esquecer de si mesmo, para se preocupar e ajudar aos que gemem e choram em situações mais aflitivas e que não possuem o conhecimento espírita para fortalecê-los.
I – RECURSOS ESPÍRITAS
— ORAÇÃO:
Não lhes neguemos (a obsessores e obsidiados), a nossa cooperação, visto que seria faltar com a caridade, consoante o que nos aconselha o Apóstolo Tiago: “Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos.” Orar em benefício dos nossos irmãos que passam por provações e que nos solicitam preces é um dever de solidariedade e amor. Orientemos as pessoas que nos solicitarem preces para que, no mesmo dia e horário da reunião, em seus lares, façam a leitura de um trecho de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e, em seguida, que orem também, explicando-lhes que esse proceder lhes propiciará a sintonização com os Benfeitores Espirituais, colocando-os em posição de receptividade.
— REUNIÃO DE DESOBSESSÃO:
Reunião de desobsessão: oásis de refazimento espiritual. Pronto-socorro de Espíritos sofredores. Hospital de amor para os doentes da alma. O aposento destinado à reunião de desobsessão é, dentro do Templo Espírita, o local onde são medicadas, mais diretamente, as almas. É a este ambiente apropriado, revestido de vibrações adequadas e que requer cuidados especiais da Espiritualidade Maior, que são trazidos os enfermos do espaço, para receberem o tratamento do amor. Nenhuma outra medicação existe, mais adequada e nem mais bem indicada. As chagas morais; as dores que estão insculpidas no âmago do ser; a tortura do ódio que abrasa aquele que o alimenta; o coração que renegou a Deus e que se apresenta enjaulado dentro de si mesmo; o suicida que se sente morrendo e vivendo em dores superlativas; o infeliz acorrentado às grilhetas do vício; todos, enfim, que representam o cortejo das agonias humanas, só alcançarão alívio e tratamento, resposta e orientação na medicação do AMOR!
— ESCLARECIMENTO AO OBSIDIADO:
Em trabalho desobsessivo, muita vez, a atenção da equipe que atua nessa especialização se volta de modo muito intenso e integral para os obsessores. A primeira providência, segundo crêem, seria a de doutrinar os perseguidores invisíveis. Para que isto se dê, empregam todos os seus melhores esforços. É imperioso, porém, não olvidar que todo esse esforço poderá ser improdutivo se não cuidarmos com igual ou mais atenção do obsidiado. Já vimos quem é o obsidiado. Já temos ciência de que em vários casos ele se apresenta mais endurecido que o seu perseguidor. Como também temos conhecimento de que a situação pode ser de obsessão recíproca ou até inversa, isto é, o que aparenta ser a vítima é, na realidade, o algoz. Esclarecer o obsidiado é fazê-lo sentir o quanto é essencial a sua participação no tratamento. É orientá-lo, dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor. É levantar-lhe as esperanças, se tiver deprimido; é transmitir-lhe a certeza de que existem dentro dele recursos imensos que precisam ser acionados pela vontade firme para que venham a eclodir, revelando-lhe facetas da própria personalidade até então desconhecidas para ele mesmo. É ir aos poucos conscientizando-o das responsabilidades assumidas no pretérito e que agora são cobradas através do irmão infeliz que se erigiu em juiz, cobrador ou vingador.
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— FLUIDOTERAPIA:
A fluidoterapia, como o próprio nome indica, é o tratamento feito com fluidos, ou seja, através dos passes e da água fluidificada. O passe é um ato de amor na sua expressão mais sublimada. É uma doação ao paciente daquilo que o médium tem de melhor, enriquecido com os fluidos que o seu guia espiritual traz, e ambos — médium e Benfeitor espiritual —, formando uma única vontade e expressando o mesmo sentimento de amor. O passe, por isso, traz benefício imediato. O doente, sentindo-se aliviado, mesmo por alguns momentos, terá condições de lutar por sua vez na parte que lhe compete no tratamento. O sucesso representa a soma de muitos fatores, inclusive (é bom não esquecermos) o mérito do enfermo, razão pela qual o médium jamais deve envaidecer-se com isto. Mesmo porque, caso haja vaidade, a produção e o rendimento do médium passista sofrem uma queda subitânea. Na terapêutica desobsessiva a fluidoterapia, aliada aos outros recursos que a Doutrina Espírita oferece, proporciona, pois, salutares efeitos. (BIBLIOGRAFIA: OBSESSÃO/DESOBSESSÃO, Segunda Parte, caps. 1,2,3,4,5,6,7,8,9
e 10 – Suely Caldas Schubert.)
MEDIUNIDADE: NOÇÕES SOBRE FLUIDOS - EXTERIORIZAÇÃO
Todos vivemos em um universo constituído de partículas, raios e ondas que não conseguimos perceber normalmente. A própria matéria é constituída de pequenas porções chamadas átomos, que são tão pequenas que não podem ser vistas. Mas, mesmo assim, sabemos que a matéria compacta que conhecemos e que compõe uma cadeira, uma mesa, um papel, etc., é formada pela união dessas partículas. Elas não são imóveis, pelo contrário, a velocidade intensa que as anima, faz com que pareçam estar em muitos lugares ao mesmo tempo, dando aos nossos sentidos a impressão de continuidade da matéria (lembrar as pás de um ventilador desligado, quando então se pode passar os dedos entre elas, pelos espaços vazios, o que não se consegue quando o aparelho está ligado). Estamos imersos em um mundo de matéria sutilizada, refinada, invisível, porém, real, e que tem como fonte primeira, uma substância que é denominada Fluido Cósmico Universal (FCU), que dá todas as formas materiais já conhecidas e, provavelmente, muitas outras que ainda nos são desconhecidas, e também a energia nas variadas formas em que se manifesta. Os fluidos nada mais são que formas energéticas dessa substância primordial que o perispírito automaticamente absorve do meio ambiente, transforma de acordo com o padrão vibratório espiritual em que se encontra e irradia em redor de si formando uma verdadeira esteira psíquica ou hálito mental. Os fluidos estão sujeitos a impulsão da mente do Espírito, quer encarnado ou desencarnado; o pensamento e as emoções dão-lhes uma determinada estrutura de maior ou menor densidade, conforme a pureza ou harmonia com que são emitidos. Quanto mais elevados são os pensamentos e as emoções, os fluidos são mais harmônicos, agradáveis, luminosos, saudáveis. Quanto mais inferiores, mais desarmônicos, desagradáveis, doentios. Constantemente estamos irradiando de nós o que realmente somos, e impregnando com esse fluido particular as coisas, o ambiente, os objetos e influindo sobre as pessoas que aceitam e assimilam essa energia. Educando o nosso pensamento, podemos irradiar uma quantidade maior de fluidos de qualidade superior, que metabolizamos com a nossa mente. Daí, a importância de mantê-la sempre em estado de elevação.
* * * * _____________ BIBLIOGRAFIA: Centro de Educação Mediúnica – C. O. E. M., Fascículo 5 - Centro Espírita Luz Eterna (Curitiba-PR).
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DESOBSESSÃO - PROFILAXIA
“Vai, e não peques mais.” - JESUS (João, 8:11)
Profilaxia é o conjunto de medidas preventivas que evitem o aparecimento de doenças. No caso da obsessão — sendo esta doença da alma —, a profilaxia é de vital importância. Como vimos, existe a obsessão porque existe inferioridade em nós. O atual estágio evolutivo do nosso planeta denota a precariedade das condições espirituais do homem. Tudo é feito para que o ser humano se torne cada vez mais materializado. Em nossa sociedade, o indivíduo que deseja fugir aos parâmetros convencionados impostos pelo materialismo, é tachado de louco ou idiota. Inverteram-se os valores, tornando-se muito difícil a alguém destoar do que passou a ser a norma. Todavia, isto é possível e deve ser desejado. E é o que incalculável número de pessoas está tentando fazer em todos os quadrantes do globo. Buscam avidamente uma saída, uma resposta. Desorientados, lançam-se de corpo e alma atrás de falsos profetas, que os aglomeram em torno de crenças esdrúxulas. Quando não buscam outros derivativos nos tóxicos, no álcool, etc. Poucos, porém, têm discernimento preciso para escolher o caminho certo, que não lhes traga conseqüências funestas. Sem embargo, o Espiritismo representa a porta que se abre, a descortinar esse caminho, que não é privilégio dos espíritas, pois o Senhor tem meios de mostrá-los a todos os povos, a todos os homens, de diferentes maneiras e gradações. “Eu sou a porta”, disse Jesus. Este o rumo que se nos oferece. É na mensagem de Amor trazida pelo Mestre que encontramos a nossa destinação. As experiências amargas que temos tido no passado indicam-nos ser esse o único meio de salvação. Salvação das moléstias da alma que se instalaram em nós. Assim, a única profilaxia eficaz contra a obsessão é a do Evangelho. É praticar o bem e ser bom. Tal a rota que a Doutrina Espírita estabelece para nós, revivendo a moral evangélica, aquela que reúne todas as formas de Amor capazes de nos imunizarem contra os vírus negativos, livrando-nos de contrair novas doenças da alma.
O ANTÍDOTO
“Através do Evangelho, entretanto, encontramos o antídoto eficiente contra a sua proliferação: o amor!...” (SEMENTES DA VIDA ETERNA, cap.50 - Euripedes Barsanulfo / D. P. Franco)
Realmente o amor — tal como o Cristo no-lo ensinou — é o único antídoto contra esse mal que grassa de maneira tão avassaladora: a obsessão. Assim como o corpo necessita respirar, alimentar-se e repousar, a necessidade primordial do Espírito é o AMOR, para se ver curado das enfermidades que o prejudicam. Quando aprendemos a amar sem reservas, desinteressadamente; quando conseguir-mos amar sem exigências, em completa doação; quando houver em nós o amor em toda a sua plenitude, amor que se reparte por toda a Humanidade, então não haverá ódios e malquerenças, guerras e disputas, desafetos e obsessores. Somente um amor desse quilate conseguirá unir obsessores e obsidiados, terminando com as vinditas, com os sofrimentos e as dívidas. O Espiritismo veio conclamar-nos ao amor. Veio relembrar aos homens o real significado desse sentimento sublimado que o Evangelho exprime.
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Somos almas cansadas de erros e de sombras que vimos cultivando em sucessivas encarnações. A Doutrina Espírita nos oferece meios para superar tudo isto e nos ensina que o caminho é Jesus. Se queremos o nosso aperfeiçoamento e o dos nossos semelhantes, se anelamos pela melhoria do planeta em que vivemos, devemos começar agora a cultivar o amor em nós, para reparti-lo com todos os seres humanos. Lembrando-nos de que esse aprendizado começa no lar, com o parente difícil, com aqueles que nos fiscalizam, sejam eles encarnados ou não, com o próximo mais próximo que, possivelmente, é o obsessor de ontem, agora reencarnado bem perto de nós. Por isto, o amor é o antídoto: porque ele nos possibilita a conquista daqueles a quem devemos. E cicatriza todas as ulcerações existentes em nosso mundo interior. E, assim, redimidos e renovados, estaremos livres para ir ao encontro do amanhã que não tarda.
A DESOBSESSÃO NATURAL
“Aquele que encontrou Jesus já começou o processo de libertação interior e de desobsessão natural.” (SEMENTES
DA VIDA ETERNA, cap.50 - Euripedes Barsanulfo / Divaldo P. Franco)
Encontrar Jesus! Tal como Paulo de Tarso e Eurípedes Barsanulfo O encontraram. Encontrar Jesus significa libertação. Libertação do passado, dos erros que nos aprisionam como pesadas grilhetas. Libertação de nós mesmos. Encontrar Jesus, realmente, significará mudança radical na intimidade de nosso ser. Será a reforma interior definitiva — o nascimento de um homem novo, que veio finalmente à luz dAquele que é a Luz do Mundo. Essa, conforme afirma Eurípedes, a desobsessão natural. Bem poucos encontram Jesus em plenitude. A maioria de nós O estamos buscando ainda. Entretanto, aquele que efetivamente encontrá-Lo ficará virtualmente transformado. Identificação com o Cristo significa a eclosão do Amor verdadeiro. Mas, o que se depreende é que nós estamos descobrindo, enxergando e sentindo o Cristo, progressivamente. Lentamente a Sua presença vai sendo percebida em nosso coração. E o Espiritismo veio contribuir de maneira decisiva para esse reencontro sublime, quando tivermos atingido a plenitude da vivência cristã e espírita. Que não desanimemos de tentar. Que não nos desviemos do caminho, porque já o tempo escasseia. Importa manter acesa a chama da fé e a luz da esperança. Embora os empeços na jornada, resultantes da nossa pouca evolução, tudo fazem, para nos sustentar, os seres invisíveis que nos amam e que nos impelem a prosseguir. São os cirineus do amor, que vêm nos apoiar e que aguardam a nossa ascensão. Os sacrifícios que a luta hodierna nos impõem; a firmeza e a coragem de que devemos revestir às tentações das sombras; os pesados tributos de dor com que a violência e a permissividade dos costumes nos oneram; o esforço titânico para lutar contra as forças negativas, que vêm de fora para dentro e aquelas outras que se movem de dentro para fora, representam para todos nós a arena dos sacrifícios onde fomos colocados para testemunhar a nossa fidelidade ao Cristo. Estamos na imensa arena do mundo, onde as lutas são acerbas e os testemunhos, muita vez, cruciais. Que a Doutrina Espírita, que nos ilumina a alma, possa realmente nos tornar iluminados, no testemunho de fidelidade, de amor e de fé que formos capazes de oferecer. Então, quando tudo terminar, quando se apagarem aos nossos olhos carnais as luzes do mundo, que possamos abandonar o invólucro físico com a serenidade de quem perseverou até o fim.
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Nessa hora, sentiremos o Amor do Cristo a nos envolver e compreenderemos, por certo, que conseguimos realizar alguma coisa no processo do aperfeiçoamento. E, meditando no infinito que nos aguarda, reconheceremos as energias para prosseguir na jornada, que um dia nos conduzirá até Jesus. _______________ * * * * BIBLIOGRAFIA: Obsessão / Desobsessão, quarta parte, caps. 1, 2 e 3 - Suely Caldas Schubert.
MEDIUNIDADE:
IDENTIFICAÇÃO DE FLUIDOS: TIPOS DE FLUIDOS, FORMA DE ABSORVÊ-LOS OU RECHAÇÁ-LOS
Os fluidos se diferenciam de acordo com a condição espiritual de quem os emite ou de acordo com o tipo de ação que a mente sobre eles impõe.
As mais variadas categorias de fluidos existem, pois, cada uma servindo como vestimenta dos sentimentos, pensamentos e ações de cada um de nós.
De acordo com a freqüência vibratória em que eles se situam, no plano espiritual e para os videntes encarnados, se apresentam em cores com os mais variados matizes, cada uma delas significando determinados sentimentos predominantes. Cores escuras, fortes e violentas, sentimentos maus e agressivos; cores suaves, alegres e brilhantes, sentimentos elevados.
Cada um de nós é um dínamo-psiquismo emissor e receptor permanente; daí, não apenas recebemos influências dos outros, mas também sobre eles mantermos as nossas influenciações.
Quando estamos em situação favorável, mediunicamente falando, isto é, com parcial ou total exteriorização do nosso perispírito, percebemos os fluidos emitidos por uma entidade ou ambiente, a eles nos associando ou não, dependendo do nosso padrão vibratório. Se vibramos na mesma faixa ou padrão, reforçamos as vibrações recebidas e estabelecemos o que se chama de sintonia vibratória, espiritual como a movimentação de nossa vontade no sentido de aceitar e concordar com a tonalidade vibratória recebida, reforçando-a. Estamos pois, diante de um fenômeno de absorção fluídica em que os afins se atraem e se somam. Assim, se estivermos em um ambiente onde imperam fluidos de natureza grosseira e inferior, e começarmos a emitir pensamentos infelizes, fatalmente entraremos na mesma faixa vibratória. Se, no entanto, o ambiente estiver saturado de fluidos de natureza superior, de acordo com o nosso padrão vibratório, podemos ou não, perceber-lhes a existência e sentir-lhes a influência, podendo no caso positivo, absorvê-los se nos elevarmos até a faixa vibratória que lhes é própria às custas de bons pensamentos, boas idéias, bons sentimentos.
O rechaçamento se faz automática ou voluntariamente; lembremos que forças contrárias se repelem.
Notar a diferença que há entre perceber e absorver, isto porque, no primeiro caso, atua o médium como passivo, apenas percebendo as vibrações em derredor, dentro de um certo limite, é bem verdade; e no caso de absorção, ele não apenas percebe, como atrai para si a corrente fluídica através da graduação que dá à sua mente pela força da sua vontade.
Assim, cada médium recebe de acordo com as suas obras, segundo o preceito evangélico, não havendo privilégios nem esquecimentos na Lei de Justiça e Harmonia Supremas. ______________
BIBLIOGRAFIA: Centro de Orientação Mediúnica – COEM, Fascículo 5 – Centro Espírita Luz Eterna (Curitiba-PR).