cilcos termodinâmicos - otto e diesel
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Cilcos Termodinâmicos - Otto e DieselTRANSCRIPT
UNIFACS - UNIVERSIDADE SALVADOR
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
EDUARDO LIBÓRIO PIEDADE DA SILVA SANTOS
CICLOS TERMODINÂMICOS DE POTÊNCIA: OTTO E DIESEL
Salvador
2012
EDUARDO LIBÓRIO PIEDADE DA SILVA SANTOS
CILCOS TERMODINÂMICOS DE POTÊNCIA: OTTO E DIESEL
Composição textual referente à disciplina de
Máquinas de Combustão Interna, parte integrante do
curso de graduação em Engenharia Mecânica da
UNIFACS, Universidade Salvador.
Prof. MSc. José Fábio Abreu de Andrade
Salvador
2012
1 INTRODUÇÃO
Um ciclo termodinâmico consiste numa sucessão de processos termodinâmicos de
trânsito de calor e trabalho, enquanto se varia pressão, temperatura, entre outras
grandezas, eventualmente retornando a seu estado inicial; deste modo tendo uma
variação nula das grandezas ao fim do processo. Tem-se assim, como uma característica
primordial do sistema termodinâmico que, seguindo a Primeira Lei da Termodinâmica,
a soma das energias recebidas pelo sistema, calor, trabalho, ou energia química de um
combustível, é igual à soma das energias expelidas pelo sistema, como calor ou trabalho
realizado.
Na figura 1 se pode ver um exemplo de diagrama de pressão e volume de ciclo
termodinâmico, no qual se percebe claramente a variação nula das grandezas o processo
começando e terminando no ponto 1. E o trabalho executado pelo processo se dá pela
área interna desse gráfico.
Figura 1 - Exemplo de diagrama P-V
Os ciclos termodinâmicos de potência são a base de operação para toda e qualquer as
máquinas térmicas, pois consistem num ciclo de conversão de uma determinada entrada
de calor numa saída de trabalho mecânico. Estes ciclos são divididos normalmente
conforme o tipo de maquina que modelam. Por exemplo, para motores alternativos de
combustão interna temos: o ciclo Otto, que modela o funcionamento de motores de
ignição por centelha, e o ciclo Diesel, que modela os motores a diesel. Estes, abordados
adiante.
2 MOTORES ALTERNATIVOS DE COMBUSTÃO INTERNA
Os motores alternativos de combustão interna consistem de uma serie de conjuntos de
pistão e cilindro, onde o pistão funciona como embolo que comprime o ar, ou a mistura
de ar e combustível ali contido.
O pistão alterna entre dois pontos convencionados, chamados: ponto morto superior
(PMS), que é o ponto máximo de avanço do pistão onde existe o menor volume
disponível no cilindro; e o ponto morto inferior (PMI) onde o pistão está no seu ponto
máximo de recuo, onde existe o maior volume disponível no cilindro. O ar, ou a mistura
ar e combustível entram e saem do cilindro, respectivamente, através das válvulas de
admissão e exaustão, localizadas no topo do cilindro. A razão entre o volume disponível
no cilindro quando o pistão está no PMI e o volume quando ele está no PMS é chamada
taxa de compressão r:
r=VmaxVmin
3 CICLO OTTO
O ciclo padrão a ar Otto é um ciclo ideal que se aproxima do motor de combustão
interna de ignição por centelha. Ele foi batizado homenageando Nikolaus A. Otto que
em 1876, na Alemanha, construiu com sucesso um motor de quatro tempos, tendo por
referência o ciclo proposto pelo francês Alphonse Beau de Rochas, em 1862. Este ciclo
ideal é constituído basicamente pelas quatro seguintes etapas:
1. Compressão isentrópica, onde o pistão se move do ponto morto inferior para o
ponto morto superior, comprimindo o ar (processo 1-2);
2. Adição de calor isovolumétrica, onde o ar uma vez comprimido é aquecido
instantaneamente enquanto o pistão se encontra no ponto morto superior
(processo 2-3);
3. Expansão Isentrópica, onde o ar aquecido se expande e pistão que se desloca
novamente para o ponto morto inferior (processo 3-4).
4. Rejeição de calor isovolumétrica, etapa onde o calor é rejeitado pelo ar
enquanto o pistão está no ponto morto inferior. (processo 4-1)
Figura 2 - Diagrama Pressão e Volume / Temperatura e Entalpia Ideal para o ciclo Otto
Figura 3 - Ciclo Otto Ideal
Já no ciclo real se dá de maneira ligeiramente distinta, contudo ainda de maneira
análoga ao ciclo ideal:
1. Compressão, onde o pistão se move do ponto morto inferior para o ponto morto
superior, comprimindo a mistura ar combustível (processo análogo a 1-2);
2. Combustão, onde ocorre a ignição e subsequente queima da mistura ar
combustível uma vez comprimido enquanto o pistão se encontra no ponto
morto superior (processo análogo a 2-3); e a expansão, no qual os gases em
expansão resultantes da combustão transferem sua energia para o pistão que se
desloca novamente para o ponto morto inferior. Está etapa é onde ocorre o
“golpe de potência” (processo análogo a 3-4);
3. Exaustão, onde dos gases resultantes da combustão são expelidos do cilindro
com o novo avanço do pistão para o ponto morto superior. (processo análogo a
4-1)
4. Admissão, onde acontece uma nova injeção da mistura combustível no cilindro
(processo complementar para o sistema aberto).
Figura 4 - Ciclo Otto Real
O rendimento térmico do ciclo Otto se dá da seguinte forma. Temos a partir do balaço
energético que:
Onde qin é o calor inserido no sistema, qout é o calor expelido, win é o trabalho inserido o
sistema, wout é o trabalho realizado pelo sistema e ∆u é a variação de energia interna.
Temos tembém que:
Onde c é calor específico e T é a temperatura. Os números subscritos indicam o ponto
do processo. Logo temos que o rendimento térmico η, que se dá pela razão entre
trabalho líquido wnet e o calor inserido no sistema é:
Como os processos 1-2 e 3-4 são isentrópicos, e V1=V4 e V2=V3, então:
onde k é a taxa de calor específico.
Um fato importante é que, como se pôde ver, o rendimento do ciclo padrão Otto é
apenas função da taxa de compressão. Contudo, em um motor real, o aumento dessa
taxa resulta num tendência a detonação da mistura, o que pode acarretar num problema
conhecido por “batida”, onde ocorre a queima abrupta da mistura antes do esperado.
Figura 5 - Relação de rendimento e taxa de compressão. Indicação da taxa tipica de compressão de motores a gasolina.
4 CICLO DIESEL
O ciclo termodinâmico padrão a ar Diesel, inventado por Rudolph Diesel descreve o
ciclo ideal de funcionamento de um motor diesel, ou moto de ignição por compressão.
Nesse ciclo, o calor é transferido ao fluido de trabalho a pressão constante; processo
correspondente a injeção e queima do combustível no motor diesel real, enquanto o
pistão recua.
O processo 1-2, compressão isentrópica, é semelhante ao ciclo Otto. Contudo o calor
não é transferido para o fluido de trabalho a volume constante como no ciclo Otto, mas
a pressão constante. O processo 2-3 também equivale à primeira parte do “golpe de
potência”, sendo a expansão isentrópica de 3-4 equivalente é resto desta etapa. Assim
como no ciclo Otto, o ciclo é completado pelo processo 4-1 no qual o calor é rejeitado
do ar enquanto o pistão está no ponto morto inferior.
Figura 6 - Diagrama Pressão e Volume / Temperatura e Entalpia Ideal para o ciclo Diesel
O rendimento térmico do ciclo Diesel se dá de maneira semelhante a do ciclo Otto com
a ressalva da relação entre V2 e V3:
Assim como no ciclo Otto o rendimento do ciclo padrão Diesel é apenas função da taxa de compressão.
Figura 7 - Relação de rendimento e taxa de compressão. Indicação da taxa tipica de compressão de motores a diesel.
REFERÊNCIAS
BORGNAKKE, Claus; SONNTAG, Rechard. Sistemas de Refrigeração e Potência.
In:______. Fundamentos da Termodinâmica. 7. ed. São Paulo: Blucher, 2009. Cap.
12, p.355-390.
ÇENGEL, Yunus; BOLES, Michael. Gas Power Cycles. In:______. Thermodynamics:
An Engineering Approach. 5. ed. United States: McGraw-Hill Science, 2005. Cap. 9, p.
487-550.
MORAN, Michael; SHAPIRO, Howard. Gas Power Systems. In:______.
Fundamentals of Engineering Thermodynamics. 5th ed. England: John Wily and
Sons, 2006. Cap. 9, p. 373-453.