cientismo

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Cientismo Cientismo é considerada uma atitude s obre a qual a ciência dá a conhecer as coisas como são, resolve todos os reais problemas da humanidade e é suficiente para satisfazer todas as necessidades legitimas da inteligência humana. O século XIX foi, sem dúvida, o século da ciência, isto é, o tempo em que se afirmou a confiança no progresso científico (Cientismo): a Humanidade, passou a ter fé que a ciência lhe proporcionaria felicidade, paz, prosperidade e progresso. O intercâmbio entre cientistas e aplicadores de investigação fez com que a ciência e a técnica progredissem. Na física, as invenções mais influentes verificaram-se nos campos da termodinâmica, da acústica, da óptica e da electricidade. Hertz, descobrindo as ondas conhecidas pelo seu nome, inaugurou uma nova era nas comunicações. Nestas também se notabilizaram Bell, inventor do telefone, Morse e Lord Kelvin criadores da radiotelegrafia. Nas Ciências Naturais foram desenvolvidos estudos sobre a célula, a hereditariedade e a evolução das espécies. Estes estudos tiveram consequências revolucionarias e deram á biologia um lugar importante no conjunto destas ciências. A Medicina beneficiou com os progressos da Biologia. Á descoberta da vacina contra a varíola, por Jenner, em 1769, sucedeu-se uma série de invenções extraordinárias, das quais se destacam a vacina contra a raiva, por Pasteur, e o isolamento do bacilo da tuberculose, por koch. Outras doenças foram também dominadas por vacinas, como o tétano, a difteria, a cólera e outras. No século XIX desenvolveram-se as Ciências sociais e humanas. Na Filosofia destacaram-se Auguste Comte, fundador

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Cientismo

Cientismo é considerada uma atitude s obre a qual a ciência dá a conhecer as coisas como são, resolve todos os reais problemas da humanidade e é suficiente para satisfazer todas as necessidades legitimas da inteligência humana.

O século XIX foi, sem dúvida, o século da ciência, isto é, o tempo em que se afirmou a confiança no progresso científico (Cientismo): a Humanidade, passou a ter fé que a ciência lhe proporcionaria felicidade, paz, prosperidade e progresso. O intercâmbio entre cientistas e aplicadores de investigação fez com que a ciência e a técnica progredissem. Na física, as invenções mais influentes verificaram-se nos campos da termodinâmica, da acústica, da óptica e da electricidade. Hertz, descobrindo as ondas conhecidas pelo seu nome, inaugurou uma nova era nas comunicações. Nestas também se notabilizaram Bell, inventor do telefone, Morse e Lord Kelvin criadores da radiotelegrafia. Nas Ciências Naturais foram desenvolvidos estudos sobre a célula, a hereditariedade e a evolução das espécies. Estes estudos tiveram consequências revolucionarias e deram á biologia um lugar importante no conjunto destas ciências. A Medicina beneficiou com os progressos da Biologia. Á descoberta da vacina contra a varíola, por Jenner, em 1769, sucedeu-se uma série de invenções extraordinárias, das quais se destacam a vacina contra a raiva, por Pasteur, e o isolamento do bacilo da tuberculose, por koch. Outras doenças foram também dominadas por vacinas, como o tétano, a difteria, a cólera e outras. No século XIX desenvolveram-se as Ciências sociais e humanas. Na Filosofia destacaram-se Auguste Comte, fundador do positivismo, Hegel, Fitche e Schopenhauer, autores da corrente idealista, e Karl Marx e Engels, criadores das teorias marxistas. Outros ramos do saber que atingiram no século XIX o estatuto de ciência foram a Psicologia, que estuda os fenómenos ligados á mente humana, em que se distinguiram Wundt (behaviourista) e Freud, criador da psicanálise, e a História, que estuda os seres humanos em tempos diversos. Nesta última ciência destacaram-se Fustel de Coulanges, Leopold von Ranke e, em Portugal, Alexandre Herculano. A cultura erudita e o ensino escolar eram, até finais do século XVII, considerados património das classes privilegiadas. Foi no século XIX

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que a cultura e a instrução se “democratizam” e se alargaram gradualmente a todas as classes sociais, fruto de uma progressiva generalização do ensino público. Para esta generalização muito contribuíram os novos métodos de comunicação – jornais e revistas -, cuja difusão ajuda a operar grandes mudanças nas mentalidades. Por outro lado, os governos, seguindo as normas liberais e progressistas, promoveram a extensão da rede de ensino e a laicização da cultura: difundiu-se a luta contra medida, o secundário, e as mulheres começaram a ter também acesso ao ensino e á cultura institucionalizados. As universidades tornaram-se centros directores da investigação científica. Embora frequentadas quase exclusivamente pelas classes superior e média, as universidades ganharam gradualmente novos públicos de origens humildes. Para conseguir eficácia e a profundidade dos estudos tendeu-se então para a especialização, pois o saber enciclopédico, característico de épocas anteriores, não era já possível no século XIX, em virtude da diversificação e do avanço desse mesmo saber. O prestigio do filósofo no século XVIII passou, então, para o sábio - cientista no século XIX. O desejo de saber e de cultivar-se intelectualmente atingiu gradualmente um número cada vez maior de pessoas. O estado burguês e liberal do século XIX fomentava o ensino com um sentido simultaneamente de cidadania e de pragmatismo. De cidadania porque queria um eleitor esclarecido; de pragmatismo porque desejava um trabalhador mais apto para lidar com máquinas. Por esses motivos defendeu-se o ensino elementar gratuito, obrigatório e geral (para todos). Estes desideratos só viram a ser, no entanto, conseguidos ao longo do século XX. As vantagens da escolarização (pública ou privada) foram complementadas com a divulgação da imprensa, especialmente com o aparecimento de jornais diários que, por virtude do comboio, em poucas horas levavam as notícias a grandes distâncias. No século XIX, alguns dos escritores portugueses, como Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis, entre outros, dão-nos imagens interessantes de leitura pública no adro da igreja ou em alguns espaços públicos do periódico acabado de chegar.