ciências sociais, uma introdução

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Page 1: Ciências Sociais, uma introdução

ESAN aula de 27 de abril de 2015

Homem: animal social (Aristóteles)

A emergência da Sociologia, como ciência, está subordinada a um contexto específico enquanto “condições de possibilidade” → questões sociais (conflitos sociais, processos de identidade, consumo, trabalho, etc.)

Ciência terapêutica (modelo médico) → intervenções no corpo social (tratamento dos problemas sociais do mundo moderno)

A reflexão das ciências sociais ajudam a compreender a sociedade contemporânea em sua complexidade a partir de uma pluralidade de chaves interpretativas

→ Hierarquia e diferenciações sociais (marcadores de diferença): Classe social; gênero; raça; sexualidade; idade.

Relação entre reflexão teórica (saber) e práticas de reivindicação dos movimentos sociais (política) → problemas de justiça social

ModernidadeRevolução industrial: usinas, fábricas, indústrias, trabalhadores (proletariado p/ Marx), patrões (burguesia/capitalistas), luta de classes

Conhecimento sociológico = transformar e reformar a sociedade frente ao desemprego, crime, suicídio, afrouxamento da moral, perda da coesão familiar, luta de classes, etc, problemas que a ameaçavam.

Indivíduo = efeito, e não fundamento, do mundo moderno, como dizia o liberalismo.

Sociedade > indivíduo

→ Sociologia = explicar as estruturas sociais e compreender as representações que os indivíduos fazem de suas relações sociais.

“Não é a consciência que determina o ser, mas o ser que determina a consciência” (Karl Marx) → recusa de uma explicação psicologizante, hegemônica à época, bem como aos diversos determinismos: biológico, segundo as quais a raça determinaria a capacidade intelectual e moral dos indivíduos, o que explicaria, de forma naturalizante, as desigualdades sociais; climático, segundo a qual o meio geográfico e climático explicaria tais “variações” → a condição genética e o habitat determinaria a conformação dos indivíduos.

Métodos iniciais → física e biologia, sobretudo biologia

Psicologia/Economia → intenções, motivos e interesses, geralmente conscientes (individualismo metodológico)

Sociologia: explicações funcionais da biologia, organismo vivo (sociedade > indivíduo), e não a partir da consciência ou dos interesses individuais, já que estes encontram-se “subordinados” a uma dada cultura:

Page 2: Ciências Sociais, uma introdução

“[...] todo indivíduo histórico está arraigado, de modo logicamente necessário, em “ideias de valor” (Max Weber, A “objetividade do conhecimento, p. 131)

Primado das instituições sociais sobre os indivíduos → socialização, educação, etc.:

“A influência indireta das relações sociais, das instituições e dos agrupamentos humanos, submetidos à pressão de interesses “materiais”, estende-se por todos os domínios da cultura. Sem exceção, até mesmo nos mais delicados matizes do sentimento religioso e estético” (WEBER, p. 119).

→ Impacto da teoria da evolução de C. Darwin → leis que regem a evolução das sociedades: linear, do “simples” ao “complexo”, daí chamar as sociedades diferentes da nossa como “primitivas” (primeiras).

Critérios axiológicos de base → “Cada valoração de uma vontade alheia só pode ser uma crítica a partir da própria “cosmovisão”, [...] com base no ideal da própria pessoa” (WEBER, p. 115).

→ não se trata de negar a liberdade individual, mas de destacar que estas são geradas a partir de estruturas sociais, de uma dada cultura:

“O conceito de cultura é um conceito de valor. A realidade empírica é ‘cultura’ para nós porque e na medida em que a relacionamos com ideias de valor. Ela abrange aqueles e somente aqueles componentes da realidade que através desta relação tornam-se significativo para nós. Uma parcela ínfima da realidade individual que observamos em cada caso é matizada pela ação do nosso interesse condicionado por essas ideias de valor [...]. E somente por isso, e na medida em que isso ocorre, interessa-nos conhecer [...]” (WEBER, p. 127).

Perspectivismo

Distintamente dos objetos das chamadas ciências da natureza (botânica, por exemplo), os objetos das ciências sociais não são dados a priori da realidade concreta, mas são recortes de certos fenômenos, “[...] precisamente aqueles que conferimos uma significação geral para a cultura [...]” (WEBER, p. 129). Não é uma coisa, no sentido lato do termo:

“[...] é a comprovação desta significação que constitui a premissa para que algo se converta em objeto de análise” (WEBER, p. 127).

→ “Não podemos, portanto, falar de significado e sentido fora do contexto social e histórico em que eles são utilizados” (p. 13).

Para uma crítica do presente

As cinco (5) categorias que vamos trabalhar – classes; raça/etnia; gênero; sexualidade e juventude – operam como formas de identidade social que embasam os agentes e os movimentos sociais responsáveis pela mudança social nos últimos 50 anos.

Page 3: Ciências Sociais, uma introdução

Classes sociais→ aparece já no séc. XIX: ler trecho de Marx p. 14

burguesia X proletariado

Para Max Weber, o conceito de classe social constitui um tipo-ideal – uma construção intelectual, que projetava uma trajetória histórica possível, a partir de referências empíricas.

Conceito → “trata-se de um quadro de pensamento, não da realidade histórica [...] (WEBER, p. 140);

“[...] síntese que seríamos incapazes de estabelecer de modo não contraditório, senão recorrêssemos, a conceitos típico-ideais” e não a essência de algo ...

→ “Decerto, nada há de mais perigoso que a confusão entre teoria e história, nascida dos preconceitos naturalistas” (WEBER, p. 141).

A luta de classes ameaça a unidade da nação em construção: o nacionalismo enquanto ideologia política contrabalancearam a importância das classes sociais.

O que vcs entendem por “classe social”?

→ espaço social = estrutura de posições sociais, ocupada por indivíduos e grupos: ler trecho de Sorokin p. 24

Conceito científico (ruptura com o senso comum, isto é, noções vagas e imprecisas) de classe:

i) as diferentes posições sociais tem de ser pensadas em relação (uma não existe sem a outra, mas é sua condição de possibilidade (da mesma forma que o indivíduo só existe em sociedade);

ii) estas relações formam uma “estrutura social”: independentemente da vontade ou da consciência de seus integrantes (indivíduos e grupos), ou seja, ela é objetiva – exterior e independe deles mas que, não obstante, influencia a forma como pensam e agem;

iii) assimetria/hierarquia: estratificação social = presença de classes/grupos discrepantes no mundo social, responsável por este se constituir num espaço de luta;

v) comunidade: os que partilham da mesma “classe social” tem algo em comum, e é isso que nos habilita a falar de “classe”, no sentido lógico do termo: valores, crenças, códigos de comportamento comuns, status, recursos economicos, etc. → diversos criterios e diveros metodos para diferenciar e medir essa diferença.

* critério marxiano clássico: propriedade dos meios e instrumentos de produção;

* combinação complexa: renda, nivel educacional, ocupação profissional, tipo de qualificação e status socioeconomico → pirâmide social

Page 4: Ciências Sociais, uma introdução

I) o conceito classe social é um artificio teórico forjado para simplifcar e exprimir a realidade social: é um modo de classificação;

II) um modo de classificação específico que percebe e descreve as distâncias no espaço social global (sociedade);

III) Existência de uma hierarquia de valores entre estas posições: lugares mais valorizados, socialmente falando, que outros; posição privilegiada – prestígio – que independe da capacidade intelectual e moral dos indivíduos que a compõem (cargo, posição, patentes, etc.). Solidariedade de classe → exemplos inúmeros

Tente suspender a noção intuitiva que se tem : estranhamento – objetivar o obvio, o “natural”, a evidência, pois esta opinião (saber intuitivo) está imbuída de valor!

Sociologia = conhecimento cientifico e rigoroso do mundo social

Objeto – fato real, observável: lógica própria e autonomia relativamente ao observador que, por meio da análise e observação, apreende racionalmente a lógica a que este objeto está submetido.

Fatos sociais (É. Durkheim): fenômenos sociais que exercem coerção sobre os indivíduos, estimulando-os ou constrangendo-os a ser, pensar e agir de determinada maneira – instituições e convenções sociais –: moda, boas maneiras, direito penal, religião, etc. e que são, ao mesmo tempo, exteriores aos indivíduos (objetivas), construídos social e historicamente. Não são fatos naturais, mas construções históricas, produto das ações humanas vivendo em comum (sociedade/comunidade), por isso, modificam-se, no tempo e no espaço, e segunda cada cultura.

* Convenções sociais → conjunto de regras de conduta e de preceitos sutis. São hábitos arraigados de uma dada cultura.

→ fenômeno de estratificação, de diferenciação, de distinção entre grupos e indivíduos.

Émile Durkheim, em “As regras do método sociológico”, afirma que a primeira

observação relativa aos fatos sociais é tratá-los como “coisa” → distanciamento

Classes sociais em Karl Marx & F. Engels → a história da humanidade é a história da luta de classes; “o segredo mais intimo, o fundamento oculto de toda a construção social” (31).

A sociedade capitalista e a exploração do homem pelo homem – forças sociais em disputa –; o conceito de mais-valia; a revolução social e o fim das classes.

Econômico > político

↓ ↓

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