ciências humanas e suas tecnologias geografia · ciências humanas e suas tecnologias geografia...

60
Curso Seleção Ciências Humanas e suas Tecnologias Geografia Curso preparatório para EsPCEx 08 - 2017 Professor Vinícius Vanir Venturini [email protected]

Upload: truongliem

Post on 30-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Curso Seleção

Ciências Humanas e suas Tecnologias

Geografia

Curso preparatório para EsPCEx

08 - 2017

Professor Vinícius Vanir Venturini

[email protected]

Agricultura

De acordo com as projeções de 2000 da

Organização das Nações Unidas para Agricultura

e Alimentação (FAO), mais da metade da força de

trabalho da África e Ásia está empregada na

agricultura. Nesses continentes, a população

rural chega a mais de 50%.

Nas nações industrializadas, ao contrário, a

agropecuária ocupa uma pequena de mão-de-

obra. A mecanização e a tecnologia empregada

pelos países do Norte (ricos), otimizam as

atividades e colocam muitos desses países, em

especial os que possuem vasta áreas cultivável,

como os EUA, entre os maiores produtores e

exportadores de insumos agrícolas.

Agropecuária e pesca mundial

Agricultura

Extensiva versus Intensiva

Solo:

•processo rudimentar •Processo racional

•esgotamento do solo •Rotação de cultivos

Propriedade:

•latifúndio •Pequena e média

Dano ambiental:

•desflorestamento •Uso de fertilizantes

•queimada •Transgênicos

Mão-de-obra:

•desqualifica •mecanização

•produção familiar •qualificada

•processo agroind.

Processo:

•quantitativo •qualitativo

Sistemas agrícolas

“Plantation” (produtos tropicais)

• latifúndio

• monocultura

• produção voltada para exportação

• elevado emprego de mão de obra (boias-frias)

Produtos:

Brasil: algodão, banana, café, cacau, e cana-de-açúcar,

tabaco;

Antilhas: cana-de-açúcar;

América Central (continental): banana;

Colômbia: café;

Equador: banana;

África: cacau, amendoim e café;

Índia e Ceilão: chá;

Malásia e Indonésia: seringueira;

Sistemas agrícolas

Jardinagem (Sudeste Asiático,

Ásia das Monções)

• prática milenar, curvas de

nível e terraços

• Pequena propriedade

• Grande mão-de-obra

• cuidado meticuloso, pessoal

(jardim)

• destaque para arroz e chás

Roça (agricultura de

subsistência)

• técnicas rudimentares

• emprego da queimada

• baixa produtividade

• antieconômica

• policultura rudimentar

• destaque para milho, feijão,

mandioca e árvores frutíferas

Sistemas agrícolas

Sistemas agrícolas

Agricultura européia

• pequenas e médias propriedades

• associação da agricultura a pecuária

• excelente infra-estrutura (cilos, armazéns...)

• culturas de cereais

• protecionismo/subsídios agrícolas

Sistemas agrícolas

“Belts” (cinturões agrícolas)

• pequenas e médias propriedades em zonas, faixas de

produção agrícola

• baixo emprego de mão de obra

• altamente mecanizada

• biotecnologia, transgênicos

• destaque mundial para cultura de cereais

“Belts” Produto Áreas de produção Características

Dairy BeltLeite e

hortigranjeiros

NE dos EUA, costa do

Atlântico (de Boston a

Washington)

Pequenas propriedades (50 ha)

Alto rendimento, pecuária

intensa e policultura intensa

Corn BeltMilho, aveia, soja,

alfafa, porcos

S dos Grandes Lagos

(Mississipi aos

Apalaches)

Pequenas e médias

propriedades (50 a 100 ha).

Policultura intensa.

Wheat Belt Trigo

Planícies férteis do

Mississipi (Great

Plains)

Grandes propriedades,

superam 500 ha. Presença de

solos negros (ricos em matéria

orgânica). Clima continental

seco. Agricultura extensiva,

monocultura altamente

mecanizada.

Cotton Belt Algodão S e SE dos EUA

Grandes propriedades, uso de

técnicas extremamente

modernas, como mecanização

intensa.

Ranching

Belt

Dry-farming

Criação de

bovinos e ovinos

de corte.

Frutas, legumes,

algodão

W dos EUA e grande

vale central da

Califórnia.

Áreas irrigadas (W

dos EUA)

Presença de clima árido,

culturas irrigadas.

Grandes propriedades, com

mais de 1.000 ha, pecuária

extensiva - área responsável

por 40% da produção de

legumes e 60% da fruticultura.

Sistemas agrícolas

Revolução Verde

Após a Segunda Guerra Mundial, e com o processo de

descolonização (marcado pela plantation) em marcha, os

países desenvolvidos criaram uma estratégica para de

elevação da produção agrícola mundial: a Revolução Verde.

Concebida nos EUA, objetivava combater a fome e a miséria

dos países pobres, por meio da introdução de técnicas mais

aprimoradas de cultivo, mecanização, uso de fertilizantes,

defensivos agrícolas e sementes selecionadas.

No entanto, as sementes

selecionadas, produzidas em

laboratórios dos países

desenvolvidos não eram

geneticamente capazes de

enfrentar determinadas condições

climáticas (como climas úmidos e

quentes tropicais), pragas e

determinados tipos de insetos.

Revolução Verde

A solução consistia na utilização de adubos, defensivos e

fertilizantes também importados das nações que

subvencionaram, num primeiro momento, essas novas

formas de cultivo, aumentando, dessa forma, a dependência

dos países mais pobres em relação aos países mais ricos.

No interior dos países subdesenvolvidos, a Revolução Verde

aumentou a distância entre os grandes agricultores, que

tiveram acesso ao pacote tecnológico, e os pequenos

agricultores, que não tiveram condições de competir com os

novos parâmetros de produtividade nacional. Nesse sentido,

agravou ainda mais os problemas de concentração de terra

em vários países do mundo.

Rodada de Doha

(Catar, novembro de 2001)

A rodada de Doha era uma das principais negociações da OMC*

visava diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco

no livre comércio para os países em desenvolvimento. As

conversações centravam-se na segregação entre os países ricos,

desenvolvidos, e os maiores países em desenvolvimento

(representados pelo G20**). Os subsídios agrícolas foram/são o

principal tema de controvérsia nas negociações.

A rodada de Doha começou em Doha (Catar), e negociações

subseqüentes tiveram lugar em: Cancún (México), Genebra (Suíça),

Paris (França), Hong Kong (China) e Potsdam (Alemanha).

*Organização Mundial do Comércio (Genebra, Suíça);

**O G-20, ou Grupo dos 20, é um grupo de países emergentes criado

em 20 de agosto de 2003, em Cancún, México. A atuação está mais

concentrada na agricultura.

Seus países membros respondem por 60 % da população mundial,

70 % da população rural do mundo e 26% das exportações agrícolas

mundiais.

Países membros: África do Sul, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile,

China, Cuba, Egito, Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia, México,

Nigéria, Paquistão, Paraguai, Tailândia, Tanzânia, Turquia, Uruguai,

Venezuela e Zimbabwe;

Obs.: a grande crítica é que áreas originalmente destinadas a

produção agrícola estariam sendo transformadas em fazendas

de biocombustível, favorecendo a crise mundial de alimentos

mundiais;

Críticas ao Biocombustível

Origem das culturas agrícolas

Culturas tropical versus temperada

Culturas Climas Tropicais Clima Temperado

Cereaisarroz*(RS), milho*,

sorgo, milhete

trigo (PR), centeio,

cevada, aveia

Tubérculosmandioca, batata

doce, inhame

batatinha, cenoura,

rabanete

Leguminosos feijões* soja*(MT), ervilha

Industriais

algodão* (BA), cana-

de-açúcar*(SP), fumo,

amendoim,

beterraba, azeitona,

linho, girassol

BebidasCafé*(SP), chá,

cacau, laranja

vinho, champagne

Frutasbanana, abacaxi,

laranja(SP)*

maçã (RS), uva (RS),

pêssego (RS)

Obs.: pela sua grande extensão latitudinal o Brasil combina

culturas concomitantes de clima tropical e clima

temperado;

Produção agrícola nacional

(-) modernizada

(+) modernizada

Produtos

agrícolasObservações Região de maior produção

Algodão Nordeste –introduzido no século XVIII, clima

quente e úmido.

W de SP, N do PR, MG e BA.

Arroz Originário da Ásia, Rio Grande do Sul (arroz de

várzea) e na região Centro-Oeste (arroz

sequeiro).

RS, MT, GO, MA, MG, MS, SC e

SP.

Cacau Originário da Amazônia, BA plantation BA (90% da produção), ES, AM,

RO e PA.

Café Originário da África/Ásia, Brasil séc. XVIII –

Ciclo do Café.

SP, PR, BA e MG.

Cana-de-açúcar Nativo da Ásia, introduzido no séc XVI, e

fomentada na década de 70 pelo Pró-Álcool .

Zona da Mata (NE), SP (maior

produtor) PR e GO.

Feijão Largamente cultivado em todo país, para o

autoconsumo.

PR, MG, SP, SC e RS.

Milho Cereal americano, difundido em todo país. PR, RS, SP, MG, SC e GO.

Soja Introduzido em larga escala a partir dos anos

70

MT, MS PR, RS e GO.

Trigo Cereal de clima temperado, introduzido no

continente americano juntamente a

colonização européia.

PR, RS, SP, MS, MG e SC.

Laranja Monopólio mundial SP (maior produtor e destaque

nacional).

Produção agrícola nacional

É o modo de organização do espaço agrícola e do uso da

terra, caracterizado pela forma, dimensão e disposição das

parcelas que constituem o espaço explorado por um grupo de

agricultores.

Estrutura Fundiária

Os pequenos produtores não conseguem obter rendimentos

significativos, pois lhes falta o essencial para a produção

primária - a terra. Esse sistema histórico, também se explica

pela ótica governamental voltada aos grandes proprietários e

visando a exportação do insumo agrícola produzido em

detrimento do pequeno proprietário, sendo que esses são

quem realmente abastece o mercado interno, leva comida até

nossa mesa.

Conseqüências da Distorção

Fundiária no Brasil

De acordo com o Estatuto da Terra (Lei Federal n.º

4504, de 30 de Novembro de 1964) classificou os

imóveis rurais segundo o módulo rural.

O que é módulo rural? é uma área suficiente para

garantir ao trabalhador e à sua família (média de 4

pessoas adultas) o rendimento mínimo necessário

para a sua sobrevivência (utilizado como base para

reforma agrária).

Obs.: a extensão do módulo varia de uma região

para outra, de forma que uma zona hortigranjeira

ou de policultivo comercial terá um módulo rural

muito menor que uma zona de pecuária extensiva;

Classificação dos imóveis rurais

Categoria

do imóvel

Caracterização Áreas Atividades

Minifúndio

quando a

extensão de terra

é inferior a um

módulo rural e,

portanto,

antieconômico

colonização

por

imigrantes;

colonização

recente;

áreas

decadentes;

agricultura

de

subsistência

;

Latifúndio

por

dimensão

quando

independente de

seu uso, a

propriedade

possui mais de

600 vezes o

módulo rural da

região

NE/BR

(Sertão e da

Zona da

Mata)

Centro-Oeste

(Norte do

Paraná e

Pampa

gaúcho);

Cana-de-

açúcar, café,

soja, arroz,

algodão,

criação de

gado

(plantation);

Classificação dos imóveis rurais

Classificação dos imóveis rurais

Categoria

do imóvel

Caracterização Áreas Atividades

Latifúndio por

exploração

quando o imóvel, que

possui mais de 1 e

menos de 600 vezes o

módulo regional, não é

explorado

convenientemente e

apresenta problemas de

ordem econômica ou

social;

Amazônia

Região

Nordeste

e Centro-

Sul

inexplorado

Empresa rural

quando a propriedade

possui de 1 a 600 vezes o

módulo rural da região e

é explorado racional e

convenientemente, com

bons resultados

econômicos e sem

tensões sociais

SulSoja, arroz,

café;

MST

Estrutura Fundiária

Imóveis Rurais

Porcentagem sobre o Total

Número Área

Minifúndios 71,8 11,4

Empresas Rurais 4,8 9,5

Latifúndios por

exploração23,4

73,9

Latifúndios por

dimensão0,005

5,2

Obs: O Brasil apresenta uma das estruturas agrárias mais

viciadas e concentradas do mundo.

Brasileira Rio Grande

do Sul

Disponibilidade de terras

aráveis por país

Trabalho no campo

Atualmente, a forma de

trabalho mais

característica da área

rural é a sazonal que é

feita por trabalhadores

temporários, os

chamados bóia-frias

(residentes na periferia

das áreas de trabalho).

As regiões mais

desenvolvidas

apresentam o chamado

proletário rural

(trabalhador rural vende

sua força de trabalho

em troca de salário).

Obs.: nas regiões menos desenvolvidas (Norte e Nordeste) com

grande predominância de latifúndios, a relação de trabalho é

majoritariamente tradicional, e em alguns casos bem próximo da

escravidão (ainda hoje, é comum escravidão por dívida ou

peonagem).

Mão-de-obra rural no Brasil

Condição do

trabalhador

Total de

trabalhadores

Porcentage

m do total

Posseiro 654.615 4,2 (invasão)

Parceiro 366.995 2,3

Pequeno

proprietário

2.437.001 15,6

Arrendatário 101.409 0,8

Assalariado

permanente

975.150 6,3

Assalariado

temporário

6.844.849 44,0 (bóia-

fria)

Não

remunerado

4.190.152 26,8

Escravidão por dívida/peonagem

•bóia-fria: trabalho sazonal, época, período de colheita safra

(podendo ainda em áreas mais desenvolvidas ser um

trabalhador rural).

•escravidão por dívida/peonagem (gato): apreensão do

trabalhador mediante coação.

•arrendatário: as propriedades são arrendadas, ou seja,

alugadas.

•parceiros: após o uso da terra, divide-se a produção com o

proprietário de acordo com a proporção estipulada em contrato

escrito ou verbal.

•posseiros: devido à existência de grandes espaços ociosos no

país, muitos agricultores, sem ter onde trabalhar, acabam

tomando posse de lotes de terra (MST).

•grileiros: grupos, empresas ou pessoas que falsificam

certidões de terra e/ou ainda usam a força (na figuras de

capangas e jagunços) para apropriação ou desapropriação da

terra.

Trabalho no campo

Pecuária

A pecuária no Brasil apresenta basicamente duas formas de produção

(tanto a pecuária de corte como a pecuária leiteria) são elas:

•pecuária extensiva: grande propriedade, gado “solto” e pouco

controle de veterinário;

•pecuária intensiva: pequena a média propriedade, gado confinado e

rigoroso controle veterinário;

Principais rebanhos brasileiros

Rebanho Principal Região ou Estado

Bovino Região Centro-Oeste (maior produção), MT (maior produtor

para corte), MG (maior produtor de laticínios), MS, GO e RS;

Suíno Região Sul (maior produção), MG (maior produtor), PR, SC,

RS, Bahia, São Paulo

Ovinos Rio Grande do Sul (mais de 50% da produção)

Aves São Paulo, Minas Gerais (maiores produtores) e Região Sul

Caprino Nordeste (Agreste e Sertão)

Eqüino Minas Gerais e Rio Grande do Sul

Obs: O Brasil detém o maior rebanho de comercial de carne bovina do

mundo;

Rebanhos nacionais (vantagens e origem)

Pecuária

RebanhoNúmero de

cabeças

Participação

no total

mundial

Principais

aproveitamentos

econômicos

Raças destaques no Brasil

Bovino 160 milhões 12%Corte, leite e

derivados

De origem européia:

Holandesa, jersey, hereford (inglesa).

De origem indiana

(zebu): gir (corte e leite) e Melore (corte).

Suíno 30 milhões 3,2% Carne e banha Canastra (a de melhor qualidade)

Ovino 15 milhões 1,5%Lã, carne, leite e

derivados

Merino (australiano) para lã

Italiana para leite e derivados (queijos

tipo roquefort e gorgonzola)

Neozeolandesa para carne.

Caprino 8 milhões 2%Carne, pele, leite e

derivados

Nacionais: moxotó e canindé.

Suíça (maior produção leiteira mundial

com 3l/ dia)

Eqüino 5 milhões 9%Sela, montaria e

tração

Quarto de milha árabe, persa e os

nacionais manga-larga e compolina, para

sela e montaria.

Shire, inglesa, para tração

Obs.: raça crioula no Rio Grande do Sul

Muar 2 milhões 13% Transporte de carga

São animais estéreis, híbridos de macho

asinino (jegue) e fêmea eqüina (égua)

Asinino 1,5 milhão 4%Montaria, transporte

de carga

Grande capacidade de sobrevivência em

ambiente hostil (Serão, Agreste)

Bufalino 1,5 milhão 1%Carne, leite, couro e

tração

Grande capacidade de deslocamento de

carga (“praga na Região Norte brasileira,

destaque para Ilha de Marajó/PA

Produção destaque agropecuária

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões

Produção local destaque por regiões