cidade x mobilidade urbana - imirante.come os engarrafamentos diários e estressantes. e basta um...

1
4 OPINIAO São Luís, 27 de fevereiro de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão FUNDADOR JOSÉ SARNEY E BANDEIRA TRIBUZI, PRESIDENTE TERESA SARNEY, DIRETOR DE REDAÇÃO CLÓVIS CABALAU, DIRETORA COMERCIAL MADELON ARAÚJO, SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADEMIR SANTOS [email protected], COORDENADORA DE REDAÇÃO SELMA FIGUEIREDO [email protected], COORDENADOR DE REPORTAGEM DANIEL MATOS [email protected] Lionel Messi estava apagado, quase imperceptível no Vicente Calderón. Mas ele não foi eleito cinco vezes o melhor jogador do mundo à toa. Neste domingo, o atacante argentino balançou as redes aos 41 minutos do segundo tempo. O Estado do Maranhão não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, número da carteira de identidade, endereço e telefone de contato. Os textos devem ser enviados para a Redação em nome do editor de Opinião, Avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902, ou para os e-mails: [email protected] ou [email protected], ou pelo fax (98) 3215-5054. A vitoriosa passagem de Claudio Ranieri chegou ao fim. E, ao mesmo tempo, vários rumores circulam pela imprensa inglesa de que algumas estrelas do clube teria influenciado na decisão de demitir o treinador. Um dos "acusados" é Jamie Vardy. EDITORIAL Cidade x mobilidade urbana A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento social e econômico do país. Neste cenário, as crescentes taxas de urbanização, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas. Em outras palavras, o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que se refere à proteção ambiental quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana. A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, atropelamentos e stress). Em São Luís, há ainda outra questão que precisa ser pensada e tratada com seriedade. Se a solução para o problema da mobilidade é a implantação de sistemas de transporte sobre trilhos, como metrôs, trens e bondes modernos, com integração a ciclovias, e fazer calçadas confortáveis, niveladas e sem buracos nem obstáculos, como pensar isto em uma cidade que inchou à base de aterramentos e tem suas principais vias de tráfego construídas antes do boom econômico que levou à quase triplicação da frota de veículos em pouco mais de uma década? Um exemplo desse quadro é o chamado corredor central da cidade, que é formado pelas avenidas São Marçal (antiga João Pessoa) e Getúlio Vargas, ambas inauguradas antes de 1950, quando a cidade começou a se urbanizar e se expandir para além do Centro. Por causa do grande fluxo de veículos o tráfego nas duas vias é intenso, lento e os engarrafamentos diários e estressantes. E basta um único veículo com problemas mecânicos na Getúlio Vargas para fazer com que a população seja obrigada a esperar pelo menos uma hora para fazer o trajeto do antigo Cine Monte Castelo até o Canto da Fabril. Nisto, quem está no engarrafamento ao longo da via se estressa, perde tempo, chegando atrasado aos seus compromissos. Para os usuários do transporte coletivo ainda há a malograda opção de descer do ônibus e terminar o trajeto à pé. Enquanto isto, em São Luís, onde a licitação do sistema de transporte coletivo foi uma das maiores bandeiras da gestão municipal, embora a maioria dos problemas do setor persistam, o Município ainda tem o desafio de construir uma cidade na qual ruas deixem de ser "vias" de passagem e voltem a ser locais de convivência. O padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se instustentável JOSÉ SARNEY “O Maranhão é uma saudade que dói e não passa. Não o esqueço um só dia, um só instante. É amor demais. Maranhão, minha terra, minha paixão.” CABALAU UM DIA COMO HOJE SOBE E DESCE MARIO EUGENIO SATURNO O corpo humano em órbita Q uando assisto novamente aos filmes da minha juventude, nos anos 70, a conquista do espaço tinha uma ingenuidade gigantesca. Como se fosse possível permanecer no espaço sem danar a saúde. Hoje, os perigos da exploração espacial são muito claros. Há 50 anos, a Apollo 1 sofreu um acidente inesperado, um incêndio na cabine, durante os treinos de lançamento, matou todos os três tripulantes. A NASA ainda enfrentou grandes perdas no lançamento do ônibus espacial Challenger, que explodiu, matando todos os sete tripulantes e o ônibus espacial Columbia que se desintegrou durante sua reentrada, matando outros sete. Mesmo em missões bem sucedidas, as tripulações enfrentam uma infinidade de problemas no espaço. No espaço, a radiação é 10 vezes maior que aqui, o que aumenta os riscos de câncer. O coração e o sistema imunológico enfraquecem, os ossos perdem minerais e densidade, a uma taxa de 1% ao mês. Os fluidos redistribuem-se pelo corpo, longe das pernas, e para os astronautas mais velhos, a visão de perto se deteriora. Para estudar melhor o efeito do espaço em um astronauta, a NASA aproveitou uma oportunidade única, em seu quadro, havia dois astronautas que eram gêmeos, o Capitão Scott Kelly e o Comandante do ônibus espacial Mark Kelly. Scott foi selecionado para o programa espacial em 1996, participou em quatro missões de 1999 a 2016, e totalizou 520 dias fora da Terra. Mark também foi selecionado em 1996, voando em quatro missões de 2001 a 2011 a bordo de Endeavor e Discovery, visitou a ISS quatro vezes e registrou mais de 50 dias no espaço. Em novembro de 2012, Scott foi escolhido para participar da missão de um ano, uma estada de um ano a bordo da ISS, no Programa de Estudo dos Gêmeos, da NASA, para ver as transformações que o corpo sofre quando no espaço, e que contou ainda com Mark, como controle em terra, e dez equipes de pesquisadores que analisaram Mark e Scott, antes, durante e após a missão. Já se descobriu um declínio na formação dos ossos durante a segunda metade da missão de Scott e alteração da ação dos genes. As modificações químicas no DNA de Scott diminuíram enquanto ele estava no espaço, mas voltaram ao normal na Terra. O mesmo ocorreu com os telômeros. Parte do estudo dos gêmeos envolveu testes que medem a resposta do corpo, postura e destreza. O Teste de Tarefa Funcional não encontrou diferença substancial entre os resultados dos astronautas no espaço. Entretanto, o tempo de reação e a precisão diminuíram em microgravidade. O objetivo do estudo foi verificar em que condições estará o corpo humano após uma viagem de seis meses para Marte. E a NASA confirmou que não existe nenhum impeditivo de saúde para missões espaciais humanas mais longas, ou seja, a corrida por Marte continua. O maior impedimento para ir a Marte é o custo, afirmou Scott, acrescentando que se isso for superado, a tecnologia já existe e ele mesmo apresentou-se como voluntário para a missão de três anos ao planeta vermelho. Chegar ao planeta vizinho é questão de tempo. Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. Graduado em Letras e especialista em Leitura de Múltiplas Linguagens (PUCPR), mestre em Literatura (UFPR), é gerente editorial da Editora Positivo Para estudar o efeito do espaço em um astronauta, a Nasa aproveitou oportunidade única JÚLIO RÖCKER NETO Da pedra à tela J á presenciamos o “fim” de alguns suportes de comunicação, como videocassete, fita cassete, disquete, entre outros. O fim do livro impresso também é tema corrente e, nesse contexto, vem à tona, logicamente, o fim do livro didático, em especial pelo crescimento das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). O impacto das novas tecnologias nos ambientes educativos é evidente, mas é preciso relativizar o tom catastrofista, levando-se em conta a evolução histórica dos suportes de comunicação/leitura. Os diferentes suportes de leitura (pedra, argila, osso, metal, madeira, tecido...) certamente conviveram em algum momento e durante algum tempo. Dessa forma, suportes podem ter um tempo de “convivência” saudável. Foi assim no passado, com o códex (pergaminhos, feitos de pele de animal para servir de suporte de escrita) e o livro pós-Gutenberg. Está sendo assim, agora, com o livro e a tela. Na atualidade, conteúdos e/ou suportes digitais já convivem com conteúdos impressos há pelo menos duas décadas. É possível perceber propostas híbridas, em que há predominância ora do impresso, ora do digital. Ganham destaque também novos formatos, como plataformas digitais, jogos e outros recursos físicos que se conectam com o digital. É nesse cenário de evolução natural (e histórica) que os educadores devem atuar. Em vez de um discurso catastrofista, apontar para novas possibilidades. Da pedra à tela, temos novos elementos para pensar a educação e nos adaptar a uma mudança de comportamento de alunos e professores. A história da leitura e de seus suportes é de adaptação. As evoluções coexistiram até o momento em que a mais prática prevaleceu como suporte. A sociedade se encarrega de selecionar o que é mais ágil às suas necessidades. Mas, nesse contexto, temos o leitor (o aluno), que, ao explorar um novo objeto, alcança outra forma de manipulá-lo (ou navegá-lo) e se abre um universo de possibilidades que jamais poderá ser fechado. Portanto, é perda de tempo discutir o fim do livro impresso ou do livro didático impresso. Pode ser que um dia aconteça? Talvez, mas o fato é que novas tecnologias já modificam a relação entre impresso e digital e a preocupação deve ser de como tirar o melhor proveito delas. Do conceito de páginas com sequência linear e divisões tradicionais de conteúdo (como unidade, capítulo, seção), a tendência é evoluir para um formato fluido, hipertextual, que se reorganize de acordo com as necessidades desse aluno/leitor. Nas palavras de Umberto Eco, “um livro didático hipertextual e interativo permite-nos praticar a liberdade e a criatividade, e eu espero que esta espécie de atividade inventiva seja praticada nas escolas do futuro”. Não se pode esquecer do papel do professor e da escola nesse cenário: em qualquer tempo e independentemente do suporte ou mídia, nada exclui a ação docente. Na utilização do ambiente digital em situações de aprendizagem, o papel do professor deve migrar para uma postura mais cooperativa e relacional, e a escola deve garantir os direitos de aprendizagem necessários para uma formação integral, porque, segundo Eco, novamente, “apesar das diferenças [entre o papel e a tela], o computador é um instrumento alfabético. Na sua tela correm palavras, linhas, e para usar um computador é preciso ser capaz de ler e escrever”. Da pedra à tela, temos novos elementos para pensar a educação 27 de fevereiro de 1928 Nasceu Ariel Sharon (Ariel Scheinermann), em Kafar Malal, Israel. Estadista e militar de Israel, com ação polêmica na Guerra do Líbano na década de 1980. Foi primeiro-ministro entre 7 de março de 2001 e 2006, é membro fundador do partido Likud e fundador do partido Kadima. No início de 2006, em pleno exercício do cargo de primeiro-ministro, sofreu um AVC. de 1929 Nasceu o jogador Djalma Santos (Dejalma dos Santos). Atuando na lateral-direito, é considerado um dos maiores jogadores da história da Portuguesa e do Palmeiras, com participação decisiva nas conquistas da época da chamada "Academia". Foi nomeado por Pelé um dos 125 maiores jogadores vivos de futebol. de 1943 Nasceu Parreira (Carlos Alberto Gomes Parreira), no Rio de Janeiro. É treinador de futebol que participou de Copas do Mundo por cinco seleções diferentes (Arábia Saudita, Brasil, Emirados Árabes, Kuwait e África do Sul). Parreira é conhecido nacional e mundialmente pelas conquistas da Copa do Mundo de 1994. Diretora Comercial Madelon Araújo Gerente de Circulação Glauco Aguiar Coordenadora de Marketing: Rose Pinheiro Atendimento ao assinante: segunda a sexta, de 8h às 18h sábado e domingo de 8h às 11h Clube do assinante: oestadoma.com.br/clube Assine O Estado: Tel.: (98) 3215.5123 www.oestadoma.com.br e-mail: [email protected] segunda a sexta, de 8h às 20h Publicidade O Estado: E-mail: [email protected] Tel.: (98) 3215 5105 | Fax: (98) 32155.125 Representantes Nacionais: (98) 3215.5100 Classificadão Tel.: (98) 3215.5000 | Fax: (98) 3215.5034 classifi[email protected] segunda a sexta, de 8h às 20h classificadaoma.com.br segunda a sexta, de 8h às 19h Arquivo, Edições Anteriores Atendimento a bancas e jornaleiros Tel.: (98) 3215.5114 Comercial O Estado

Upload: others

Post on 20-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cidade x mobilidade urbana - Imirante.come os engarrafamentos diários e estressantes. E basta um único veículo com problemas mecânicos na Getúlio Vargas para fazer com que a população

4 OPINIAO São Luís, 27 de fevereiro de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão

FUNDADOR JOSÉ SARNEY E BANDEIRA TRIBUZI, PRESIDENTE TERESA SARNEY, DIRETOR DE REDAÇÃO CLÓVIS CABALAU, DIRETORA COMERCIALMADELON ARAÚJO, SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADEMIR SANTOS [email protected], COORDENADORA DE REDAÇÃO SELMA [email protected], COORDENADOR DE REPORTAGEM DANIEL MATOS [email protected]

Lionel Messi estavaapagado, quaseimperceptível no VicenteCalderón. Mas ele não foieleito cinco vezes omelhor jogador domundo à toa. Nestedomingo, o atacanteargentino balançou asredes aos 41 minutos dosegundo tempo.

O Estado do Maranhão não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, númeroda carteira de identidade, endereço e telefone de contato. Os textos devem ser enviados para a Redação em nome do editor de Opinião, Avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902, ou para os e-mails: [email protected] [email protected], ou pelo fax (98) 3215-5054.

A vitoriosa passagem deClaudio Ranieri chegou aofim. E, ao mesmo tempo,vários rumores circulampela imprensa inglesa deque algumas estrelas doclube teria influenciado nadecisão de demitir otreinador. Um dos"acusados" é Jamie Vardy.

EDITORIAL

Cidade x mobilidade urbanaA

questão da mobilidade urbana surgecomo um novo desafio às políticasambientais e urbanas, num cenáriode desenvolvimento social e

econômico do país. Neste cenário, ascrescentes taxas de urbanização, aslimitações das políticas públicas detransporte coletivo e a retomada docrescimento econômico têm implicado numaumento expressivo da motorizaçãoindividual (automóveis e motocicletas), bemcomo da frota de veículos dedicados aotransporte de cargas.

Em outras palavras, o padrão demobilidade centrado no transportemotorizado individual mostra-seinsustentável, tanto no que se refere àproteção ambiental quanto no atendimentodas necessidades de deslocamento quecaracterizam a vida urbana.

A resposta tradicional aos problemas decongestionamento, por meio do aumento dacapacidade viária, estimula o uso do carro egera novos congestionamentos, alimentandoum ciclo vicioso responsável pela degradaçãoda qualidade do ar,aquecimento global ecomprometimento daqualidade de vida nascidades (aumentosignificativo nos níveis deruídos, perda de tempo,degradação do espaçopúblico, atropelamentos estress).

Em São Luís, há ainda outra questão queprecisa ser pensada e tratada com seriedade.Se a solução para o problema da mobilidadeé a implantação de sistemas de transportesobre trilhos, como metrôs, trens e bondes

modernos, com integração a ciclovias, e fazercalçadas confortáveis, niveladas e semburacos nem obstáculos, como pensar istoem uma cidade que inchou à base de

aterramentos e tem suasprincipais vias de tráfegoconstruídas antes do boomeconômico que levou àquase triplicação da frotade veículos em pouco maisde uma década?

Um exemplo dessequadro é o chamadocorredor central da cidade,

que é formado pelas avenidas São Marçal(antiga João Pessoa) e Getúlio Vargas, ambasinauguradas antes de 1950, quando a cidadecomeçou a se urbanizar e se expandir paraalém do Centro. Por causa do grande fluxo deveículos o tráfego nas duas vias é intenso, lento

e os engarrafamentos diários e estressantes.E basta um único veículo com problemas

mecânicos na Getúlio Vargas para fazer comque a população seja obrigada a esperar pelomenos uma hora para fazer o trajeto doantigo Cine Monte Castelo até o Canto daFabril. Nisto, quem está no engarrafamentoao longo da via se estressa, perde tempo,chegando atrasado aos seus compromissos.Para os usuários do transporte coletivo aindahá a malograda opção de descer do ônibus eterminar o trajeto à pé.

Enquanto isto, em São Luís, onde alicitação do sistema de transporte coletivo foiuma das maiores bandeiras da gestãomunicipal, embora a maioria dos problemasdo setor persistam, o Município ainda tem odesafio de construir uma cidade na qual ruasdeixem de ser "vias" de passagem e voltem aser locais de convivência.

O padrão demobilidade centrado notransporte motorizadoindividual mostra-seinstustentável

JOSÉ SARNEY

“O Maranhão é uma saudade que dói e nãopassa. Não o esqueço um só dia, um sóinstante. É amor demais. Maranhão,minha terra, minha paixão.”

CABALAU

UM DIA COMO HOJE SOBE E DESCE

MARIO EUGENIO SATURNO

O corpo humanoem órbita

Q uando assisto novamente aos filmes da minhajuventude, nos anos 70, a conquista do espaçotinha uma ingenuidade gigantesca. Como sefosse possível permanecer no espaço sem danar

a saúde. Hoje, os perigos da exploração espacial sãomuito claros.

Há 50 anos, a Apollo 1 sofreu um acidenteinesperado, um incêndio na cabine, durante os treinosde lançamento, matou todos os três tripulantes. A NASAainda enfrentou grandes perdas no lançamento doônibus espacial Challenger, que explodiu, matando todosos sete tripulantes e o ônibus espacial Columbia que sedesintegrou durante sua reentrada, matando outros sete.

Mesmo em missões bem sucedidas, as tripulaçõesenfrentam uma infinidade de problemas no espaço. Noespaço, a radiação é 10 vezes maior que aqui, o queaumenta os riscos de câncer. O coração e o sistemaimunológico enfraquecem, os ossos perdem minerais edensidade, a uma taxa de 1% ao mês. Os fluidosredistribuem-se pelo corpo, longe das pernas, e para osastronautas mais velhos, a visão de perto se deteriora.

Para estudar melhor o efeito do espaço em umastronauta, a NASA aproveitou uma oportunidadeúnica, em seu quadro, havia dois astronautas que eramgêmeos, o Capitão Scott Kelly e o Comandante doônibus espacial Mark Kelly. Scott foi selecionado para oprograma espacial em 1996, participou em quatromissões de 1999 a 2016, e totalizou 520 dias fora daTerra. Mark também foi selecionado em 1996, voandoem quatro missões de 2001 a 2011 a bordo de Endeavore Discovery, visitou a ISS quatro vezes e registrou maisde 50 dias no espaço.

Em novembro de 2012, Scott foi escolhido paraparticipar da missão de um ano, uma estada de um anoa bordo da ISS, no Programa de Estudo dos Gêmeos, daNASA, para ver as transformações que o corpo sofrequando no espaço, e que contou ainda com Mark, comocontrole em terra, e dez equipes de pesquisadores queanalisaram Mark e Scott, antes, durante e após a missão.

Já se descobriu um declínio na formação dos ossosdurante a segunda metade da missão de Scott ealteração da ação dos genes. As modificações químicasno DNA de Scott diminuíram enquanto ele estava noespaço, mas voltaram ao normal na Terra. O mesmoocorreu com os telômeros.

Parte do estudo dos gêmeos envolveu testes quemedem a resposta do corpo, postura e destreza. O Testede Tarefa Funcional não encontrou diferençasubstancial entre os resultados dos astronautas noespaço. Entretanto, o tempo de reação e a precisãodiminuíram em microgravidade.

O objetivo do estudo foi verificar em que condiçõesestará o corpo humano após uma viagem de seis mesespara Marte. E a NASA confirmou que não existe nenhumimpeditivo de saúde para missões espaciais humanasmais longas, ou seja, a corrida por Marte continua. Omaior impedimento para ir a Marte é o custo, afirmouScott, acrescentando que se isso for superado, atecnologia já existe e ele mesmo apresentou-se comovoluntário para a missão de três anos ao planetavermelho. Chegar ao planeta vizinho é questão de tempo.

Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(INPE) e congregado mariano.

Graduado em Letras e especialista em Leitura de Múltiplas Linguagens(PUCPR), mestre em Literatura (UFPR), é gerente editorial da EditoraPositivo

Para estudar o efeito do espaçoem um astronauta, a Nasaaproveitou oportunidade única

JÚLIO RÖCKER NETO

Da pedra à tela

Já presenciamos o “fim” de alguns suportes decomunicação, como videocassete, fita cassete,disquete, entre outros. O fim do livro impressotambém é tema corrente e, nesse contexto, vem à

tona, logicamente, o fim do livro didático, em especialpelo crescimento das TICs (Tecnologias de Informação eComunicação). O impacto das novas tecnologias nosambientes educativos é evidente, mas é preciso relativizaro tom catastrofista, levando-se em conta a evoluçãohistórica dos suportes de comunicação/leitura. Osdiferentes suportes de leitura (pedra, argila, osso, metal,madeira, tecido...) certamente conviveram em algummomento e durante algum tempo. Dessa forma, suportespodem ter um tempo de “convivência” saudável. Foiassim no passado, com o códex (pergaminhos, feitos depele de animal para servir de suporte de escrita) e o livropós-Gutenberg. Está sendo assim, agora, com o livro e atela. Na atualidade, conteúdos e/ou suportes digitais jáconvivem com conteúdos impressos há pelo menos duasdécadas. É possível perceber propostas híbridas, em quehá predominância ora do impresso, ora do digital.Ganham destaque também novos formatos, comoplataformas digitais, jogos e outros recursos físicos que seconectam com o digital.

É nesse cenário de evolução natural (e histórica) queos educadores devem atuar. Em vez de um discursocatastrofista, apontar para novas possibilidades. Dapedra à tela, temos novos elementos para pensar aeducação e nos adaptar a uma mudança decomportamento de alunos e professores. A história daleitura e de seus suportes é de adaptação. As evoluçõescoexistiram até o momento em que a mais práticaprevaleceu como suporte. A sociedade se encarrega deselecionar o que é mais ágil às suas necessidades. Mas,nesse contexto, temos o leitor (o aluno), que, ao explorar

um novo objeto, alcança outra forma de manipulá-lo (ounavegá-lo) e se abre um universo de possibilidades quejamais poderá ser fechado.

Portanto, é perda de tempo discutir o fim do livroimpresso ou do livro didático impresso. Pode ser que umdia aconteça? Talvez, mas o fato é que novas tecnologias jámodificam a relação entre impresso e digital e apreocupação deve ser de como tirar o melhor proveitodelas. Do conceito de páginas com sequência linear edivisões tradicionais de conteúdo (como unidade,capítulo, seção), a tendência é evoluir para um formatofluido, hipertextual, que se reorganize de acordo com asnecessidades desse aluno/leitor. Nas palavras de UmbertoEco, “um livro didático hipertextual e interativo permite-nos praticar a liberdade e a criatividade, e euespero que esta espécie de atividade inventiva sejapraticada nas escolas do futuro”.

Não se pode esquecer do papel do professor e daescola nesse cenário: em qualquer tempo eindependentemente do suporte ou mídia, nada exclui aação docente. Na utilização do ambiente digital emsituações de aprendizagem, o papel do professor devemigrar para uma postura mais cooperativa e relacional, ea escola deve garantir os direitos de aprendizagemnecessários para uma formação integral, porque, segundoEco, novamente, “apesar das diferenças [entre o papel e atela], o computador é um instrumento alfabético. Na suatela correm palavras, linhas, e para usar um computador épreciso ser capaz de ler e escrever”.

Da pedra à tela, temos novos elementos para pensar a educação

27 de fevereiro

de1928

Nasceu Ariel Sharon (ArielScheinermann), em Kafar Malal, Israel.Estadista e militar de Israel, com açãopolêmica na Guerra do Líbano nadécada de 1980. Foi primeiro-ministroentre 7 de março de 2001 e 2006, émembro fundador do partido Likud efundador do partido Kadima. No iníciode 2006, em pleno exercício do cargode primeiro-ministro, sofreu um AVC.

de1929

Nasceu o jogador Djalma Santos(Dejalma dos Santos). Atuando nalateral-direito, é considerado um dosmaiores jogadores da história daPortuguesa e do Palmeiras, comparticipação decisiva nas conquistasda época da chamada "Academia". Foinomeado por Pelé um dos 125maiores jogadores vivos de futebol.

de1943

Nasceu Parreira (Carlos Alberto GomesParreira), no Rio de Janeiro. É treinadorde futebol que participou de Copas doMundo por cinco seleções diferentes(Arábia Saudita, Brasil, EmiradosÁrabes, Kuwait e África do Sul).Parreira é conhecido nacional emundialmente pelas conquistas daCopa do Mundo de 1994.

Diretora ComercialMadelon Araújo

Gerente de CirculaçãoGlauco Aguiar

Coordenadora de Marketing:Rose Pinheiro

Atendimento ao assinante:segunda a sexta, de 8h às 18hsábado e domingo de 8h às 11h

Clube do assinante:oestadoma.com.br/clube

Assine O Estado:Tel.: (98) 3215.5123www.oestadoma.com.br

e-mail:[email protected] a sexta, de 8h às 20h

Publicidade O Estado:E-mail: [email protected].: (98) 3215 5105 | Fax: (98) 32155.125Representantes Nacionais: (98) 3215.5100ClassificadãoTel.: (98) 3215.5000 | Fax: (98) [email protected] a sexta, de 8h às 20h

classificadaoma.com.brsegunda a sexta, de 8h às 19h

Arquivo, Edições AnterioresAtendimento a bancas e jornaleirosTel.: (98) 3215.5114

Comercial O Estado