cidadania, segurança e privacidade na era digital

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Ruy J.G.B. de Queiroz Centro de Informática UFPE

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Tecnologia parece trazer mais escolha, mais possibilidades, e, portanto, mais liberdade. No entanto, o ciberespaço está passando por um momento delicado: corporações e governos tentam exercer controle. Ativismo digital é o chamado do momento.

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Page 1: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

Ruy J.G.B. de Queiroz Centro de Informática

UFPE

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A tecnologia é força a mais poderosa no planeta; A tecnologia é a extensão da vida evolucionária Entre outras coisas, a tecnologia quer incrementar a diversidade, complexidade, beleza e eficiência

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“Tecnologia criada por empresas inovadoras nos libertará a todos. Mais de duas décadas mais tarde, a Apple lança o iPhone na China e censura o Dalai Lama juntamente com vários outros aplicativos politicamente sensíveis por solicitação do governo chinês .” Rebecca MacKinnon (2011)

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“Temos uma situação na qual empresas privadas estão aplicando padrões de censura que muitas vezes são um tanto arbitrárias e em geral mais estreitas que os padrões constitucionais de liberdade de expressão que temos em democracias.

Em outros casos empresas estão respondendo a solicitações de censura por parte de regimes autoritários que não refletem o consentimento do governado.

Ou estão respondendo a solicitações e preocupações de governos que não têm jurisdição sobre muitos, ou a maioria, dos usuários que estão interagindo com o conteúdo em questão.”

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“Sabemos como fazer o governo responder aos nossos anseios. Nem sempre o fazemos muito bem, mas temos uma idéia de quais são os modelos, politicamente e institucionalmente, para fazer isso.

Como é que você faz com que os soberanos do

ciberspaço respondam aos anseios do interesse público quando a maioria dos CEO's argumentam que sua principal obrigação é maximizar os lucros dos acionistas?”

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“Um forum para encarar as ameaças à liberdade na internet no mundo todo, e estamos instando empresas de mídia dos U.S. a assumir um papel pró-ativo em desafiar as demandas de governos estrangeiros para censura e vigilantismo. O setor privado tem uma responsabilidade compartilhada em ajudar a salvaguardar a liberdade de expressão. E quando suas negociações ameaçam minar essa liberdade, elas precisam considerar o que está certo, não simplesmente o que é um lucro rápido.” (Hilary Clinton, “Remarks on Internet Freedom”, Jan 2010)

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“Precisamos impedir que as pessoas se comuniquem via esses websites e serviços quando sabemos que elas estão planejando violência, desordem e criminalidade.” (Cameron) “Para o benefício do público em geral, o monitoramento adequado da Web é legítimo e necessário.” (Xinhua)

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“Preocupados com impedir não apenas violência da multidão mas também com crimes comerciais como pirataria e compartilhamento de arquivos, os políticos do Ocidente têm proposto novas ferramentas para examinar o tráfico na Web e mudanças na arquitetura básica da Internet para simplificar o vigilantismo. O que eles não enxergam é que tais medidas podem também afetar o destino de dissidentes em lugares como China e Iran.” (Evgeny Morozov, 13/08/11)

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“O discurso público global sobre como resolver nossos problemas econômicos e sociais arraigados e interconectados depende cada vez mais de redes digitais.” Temos todos que nos levantar para o desafio de demonstrar que a segurança e a prosperidade na era da Internet não são apenas compatíveis com a liberdade, elas, no final das contas, dependem dela.” “Cada um de nós tem um papel vital a desempenhar na construção de um mundo no qual o governo e a tecnologia sirvam às pessoas e não o contrário.”

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“Crítico para a prática democrática é o direito à privacidade e à intimidade, assim como a um certo grau de anonimidade.” “A noção de que um indivíduo tem uma autonomia na sociedade, um espaço próprio, existe em conformidade com a maneira pela qual a sociedade define as regras ou relacionamentos de privacidade.”

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As tecnologias da informação e comunicação nos propiciam um mundo fortemente interconectado no qual a distinção entre o público e o privado começa a se dissolver. Nesse ecossistema em rede existe a necessidade real de rastreamento de informações sobre indivíduos até mesmo para fazer cumprir funcionalidades da própria rede (como, por exemplo, a telefonia celular e a computação em nuvem). A rede simplesmente não funciona sem que uma grande circulação de dados e um amplo rastreamento de indivíduos se realize.

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“Perdemos a obscuridade prática.” “Tradicionalmente em democracias o Estado de Direito impõe limitações à intrusão do Estado na privacidade do indivíduo.” “Porém, em função de toda essa transparência do cidadão, o Estado essencialmente dispõe de acesso a dossiês e ao rastreamento como nunca se viu antes.”

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“Ministro Scalia disse que não liga para o que as pessoas descobrem sobre ele na Internet, aí eu desafiei meus alunos a compilar um dossiê sobre ele. Hoje 4 meses depois, o dossiê tem 15 páginas: endereço, telefone, os filmes preferidos, suas comidas prediletas, e-mail da esposa, fotos de seus netos, etc.” (J.Reidenberg, 2009)

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“Ciberespaço é um espaço de comunicação que descarta a necessidade do homem físico para constituir a comunicação como fonte de relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária para a criação de uma imagem anônima, que terá comunhão com os demais.” (Wikipedia)

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“Governos do Mundo Industrial, vocês penosos gigantes de carne e aço, venho do Ciberespaço, a nova casa da Mente. Em nome do futuro, peço a vocês que nos deixem em paz.” “(…) um mundo no qual todos podem entrar sem privilégio ou preconceito de raça, poder econômico, militar, ou local de nascimento.” “(…) um mundo onde qualquer um, em qualquer lugar pode expressar suas crenças, não importa o quão singulares, sem medo de ser coagido em silêncio ou conformismo.” (John Perry Barlow, 02/02/1996, Fórum Ecônomico Mundial, Davos)

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“O Ciberespaço é uma característica definidora da vida moderna. Indivíduos e comunidades em todo o mundo se conectam, socializam, e se organizam no e através do ciberespaço. De 2000 a 2010, o uso global da Internet cresceu de 360 milhões para mais de 2 bilhões de pessoas. À medida que o uso da Internet continua a se expandir, o ciberespaço se tornará cada vez mais entrelaçado no tecido da vida cotidiana em todo o globo.” (Julho 2011)

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“Explorar e entender o ciberespaço; estudar seu desenvolvimento, sua dinâmica, normas, e padrões; e avaliar a necessidade ou a falta de leis e sanções.”

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“No coração do Vale do Silício, doutrina legal está emergindo que determinará o curso dos direitos civis e da inovação tecnológica por décadas daqui p’ra frente. O Center for Internet and Society (CIS), hospedado na Stanford Law School e uma parte do Programa de Direito, Ciência e Tecnologia, está no pico dessa evolutiva área do direito.”

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1. Leis 2. Normas Sociais/Culturais 3. Mercado 4. Arquitetura

O ciberespaço, embora não seja facilmente regulável: por leis (pois não vê fronteiras nacionais), por normas (não há fronteiras culturais e/ou

sociais), ou por mercado (ambiente globalizado), é regulável através da arquitetura.

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Há quem ataque os sistemas e cause danos Por que fazem isso? Adolescentes atrevidos, criminosos da Ucrânia, estados paralelos,

espionagem industrial, empregados revoltados, …

Como o fazem? Acesso físico, ataques pela rede Explora vulnerabilidades em aplicações e mecanismos de segurança

Como podemos prevenir ataques e/ou limitar suas

conseqüências? Não há mágica; código com erro é problema sério Há uma gama enorme de métodos específicos para propósitos

específicos

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“O comércio de programas exploradores de vulnerabilidades zero-dias entre hackers tem acontecido desde que esses exploradores existem. Um mercado negro para esses exploradores se desenvolveu em torno do uso ilegal. Recentemente, uma tendência tem se observado no sentido de compra e venda desses exploradores como uma fonte de renda legítima para pesquisadores em segurança.” (Charlie Miller, 2007)

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1. “Alguns exploradores”: $200,000 - $250,000 2. Explorador significativo, confiável: $125,000 3. Internet Explorer: $60,000 - $120,000 4. Explorador do Vista: $50,000 5. “Explorador armamentizado”: $20,000-$30,000 6. Compras da ZDI, iDefense: $2,000-$10,000 7. Explorador do WMF: $4000 8. Microsoft Excel: $1200 9. Mozilla: $500

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Vírus, worms, rootkits, Trojan horse, spyware, keylogger, screenlogger, code injection (buffer overflow, integer overflow) Phone phreaking, phishing, pharming Engenharia social, spam Cross-site request forgery, Cross-site scripting, SQL-injection, web spoofing, DNS rebinding, transaction generators, clickjacking, tapjacking, frame busting Distributed Denial-of-Service (DDoS), Botnet

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“Há dúzias de fóruns underground onde membros anunciam sua capacidade de executar DDoS debilitadores por um preço. Os serviços tendem a cobrar os mesmos preços, e o valor médio para se derrubar um Web site é surprendentemente razoável: cerca de $5 a $10 por hora; $40 a $50 por dia; $350-$400 por semana; e acima $1.200 por mês.” (Brian Krebs, 01/08/11)

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Uma gangue em operação há pelo menos três anos, vende um kit faça-você-mesmo DDoS que ela propagandeia como um modo fácil de construir um exército de bots. O pacote de criação de exército DDoS da Darkness inclui um criador de bot e um painel de administração baseado na Web que é usado para monitorar e controlar remotamente os bots.

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15-30 bots (!!!) derruba um site pequeno. 250-280 bots – site de tamanho médio. 750-800 bots – um grande site. 2.000-2.500 bots – site grande com proteção Anti-DDoS 4.300-4.700 bots – um cluster de sites, mesmo quando usando a proteção Anti-DDoS, bloqueio, etc. 15-20 mil bots – tira do ar virtualmente qualquer site com qualquer proteção.

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“Anonymous é um grupo que iniciou a desobediência civil ativa e se espalhou pela Internet ao mesmo tempo em que se manteve escondido, fundado em 2003 no “imageboard” 4chan, representando o conceito de muitas comunidade online de usuários simultaneamente existindo como um cérebro global anárquico digitalizado.”

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“V de Vingança é uma série de romances gráficos escrita em 1982-3 por Alan Moore e em grande parte desenhada por David Lloyd. A história se passa em um distópico futuro de 1997 no Reino Unido, em que um misterioso anarquista tenta destruir o Estado, através de ações diretas.”

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Jornalismo investigativo na era da internet e da anonimidade: whistle-blowers têm a garantia da anonimidade. Portais tradicionais como New York Times, The Guardian, Al-Jazeera, Wall Street Journal, todos têm hoje sua wikileaks.

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Malware, worms, e Trojans Cada vez mais especializado conforme o alvo (Stuxnet)

Botnets e zombies Reforçando suas capacidades de encriptação, mais difícil de

detectar

Ataque de negação de serviço (DDoS) Ataques em software no lado do cliente navegadores, tocadores de mídia, leitores de PDF, etc.

Ataques de resgate malware encripta disco rígido, ou promove ataque de DDoS

Ataques em redes sociais Computação em nuvem Smartphones

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20 vezes mais complexo que qualquer vírus já visto Extremamente sutil e discreto Carrega uma “certificação” da Realtek Explorava 20 vulnerabilidades “0-dias” Voltado para um determinado alvo: centrifugadores Primeira “arma” de guerra feita de código executável ISIS disse que pode ter fechado +1000 reatores no Iran Iran convocou hackers para se alistar: formou o segundo maior exército online do mundo Código aberto e disponível na Internet

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“A Segurança Nacional está sendo redefinida pelo ciberespaço. Além de oportunidades, o DoD enfrenta desafios significativos no ciberespaço. As operações militares, de inteligência, e de negócios do DoD todas dependem do ciberespaço para o sucesso da missão.”

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“Para preparar nossos militares para as ciber-ameaças emergentes, desenvolvemos uma Ciber-Estratégia do DoD. Essa estratégia sustenta que nossa postura no ciberespaço tem que espelhar a postura que assumimos para prover segurança para nossa nação como um todo. A saber, nosso primeiro objetivo é evitar guerra. Fazemos isso em parte através da preparação para guerra. E fazemos isso ao mesmo tempo que reconhecemos e protegemos as liberdades básicas de nossos cidadãos.” (?) Vice-Secretário de Defesa, William J. Lynn III, 15/Julho/2011

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“O Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro e o Secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia (SEPIN/MCT) têm a honra de convidar V Exa/V Maga/ V Sa para as atividades relativas à “I Jornada de Trabalho de Defesa Cibernética (EB-SEPIN)”, que acontecerá nos dias 28 e 29 de Julho de 2011, no Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército Brasileiro, Brasília, DF.”

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Gen. Keith Alexander, “U.S. Cyber Command chief”, assim como o ex-diretor da CIA, Michael Hayden, têm aventado o conceito de uma rede ".secure" para serviços críticos tais como banking que seria isolada da internet pública. Diferentemente de .com, .xxx e outros novos domínios hoje proliferando na internet, .secure exigiria aos visitantes usar credenciais certificadas para entrar e, por isso, jogaria no lixo o direito dos usuários à privacidade. Operadores de rede no setor financeiro, por exemplo, seriam autorizados a varrer o tráfego dos correntistas à procura de sinais de problemas. (06/07/11)

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“O cibercrime hoje em dia parece um problema quase insolúvel, tal qual pirataria era há séculos atrás.” “O cibercrime só vai começar a ser contido quando uma maior autoridade—e responsabilidade— for exercida nas redes que formam o mar sobre o qual esses piratas modernos navegam.”

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1. Introduzir novos mecanismos para responsabilizar provedores de serviço pelos danos perpetrados por sua clientela criminosa.

2. Incentivar mais empresas do setor privado a reportar os casos em que são vitimadas, obrigando inclusive a aquisição de apólice de seguro cibernético.

3. Investir novos recursos na concepção e no desenho de novas estratégias para causar disrupção nas redes que apóiam os criminosos.

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“Americanos que baixem ilegalmente músicas e filmes podem em breve ter uma surpresa: Serão advertidos a parar, e se não o fizerem, poderiam se deparar com seu acesso à Internet ficando lento.” O sistema anunciado 5a feira envolve uma série de 6 avisos que um provedor pode enviar a um cliente cujas empresas de mídia tenham identificado como um possível infrator de copyright. Os provedores de Internet envolvidos no acordo incluem AT&T, Cablevision, Comcast, Verizon e Time Warner Cable.”

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“(...) se a Internet tivesse sido desenhada com a segurança como seu foco principal, ela nunca teria atingido o tipo de sucesso que estava tendo, mesmo tão lá atrás quanto 1988. (…) O problema da cibersegurança desafia solução fácil, pois qualquer das soluções mais óbvias vai cauterizar a essência da Internet e do PC generativo. Esse é o dilema generativo.”

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A arquitetura original da Internet foi baseada em 4 princípios de desenho -- modularidade, hierarquia em camadas, e duas versões do muito celebrado mas muito mal-entendido argumento fim-a-fim. Van Schewick demonstra que esse desenho estimulou a inovação em aplicações e permitiu que aplicações e serviços como e-mail, World Wide Web, eBay, Google, Skype, Flickr, Blogger e Facebook emergissem.

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“A capacidade da Internet de propiciar maior liberdade ao indivíduo, devido à sua capacidade de propiciar uma plataforma para uma melhor participação democrática, e sua capacidade de estimular uma cultura mais crítica e auto-reflexiva estão fortemente associadas a características resultantes da versão mais ampla dos chamados argumentos fim-a-fim.” (Barbara van Schewick, Stanford)

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Privacidade Liberdade de Expressão Roubo de Identidade Neutralidade da Rede Propriedade Intelectual Votação Eletrônica Segurança Nacional e Ciberguerra

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“Privacidade é um dos maiores problemas nessa nova era eletrônica. No coração da cultura da Internet está uma força que deseja descobrir tudo sobre você. E, uma vez que achou tudo sobre você e outros 2 milhões de indivíduos, esse é um ativo muito valioso, e as pessoas ficarão tentadas a comercializar esse ativo.” (Andrew Grove, ex-CEO da Intel, 2000)

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Para melhorar a relevância dos anúncios e garantir uma melhor experiência online ao usuário, os anunciantes fazem uso de tecnologias de rastreamento das atividades do usuário por meio da gravação de pequenos arquivos conhecidos como “cookies” no sistema de arquivos do usuário. Origem do nome: “fortune cookie”

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“Privacidade é um conceito em estado confuso. Ninguém parece conseguir articular o que ele significa.”

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“A taxonomia da privacidade de Solove sofre de excesso de doutrina, mas falta cadáveres.” (“A Feeling of Unease About Privacy Law”, University of Pennsylvania Law Review 154, 2006).

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“Tal qual uma queimadura é um ferimento causado pelo calor, o mesmo ocorre com o dano de privacidade como sendo um ferimento específico com contornos e características peculiares.” (“The Boundaries of Privacy Harm”, Jan/2010)

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“Se você não tem nada a esconder,” muitos dizem, “você não deveria se preocupar com a vigilância do governo.” Outros argumentam que temos que sacrificar privacidade em nome da segurança. Nothing to Hide traz um forte e convincente argumento em favor de se buscar um melhor equilíbrio entre privacidade e segurança, e revela por que fazer isso é essencial para proteger nossa liberdade e a democracia.

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Hoje os governos dispõem de imensos dossiês de atividades, interesses, hábitos de leitura, finanças, e saúde. E se o governo vaza a informação para o público? E se o governo, por um erro qualquer, determina que, baseado em seu padrão de atividades, você tem grandes chances de se envolver em ato criminal? (Minority Report) E se o governo lhe retira o direito de voar?

E se o governo acha que suas transações financeiras parecem estranhas —mesmo que você não tenha feito nada de errado—e congela suas contas? E se o governo não proteger suas informações com segurança adequada, e um ladrão de identidade obtiver essas informações para lhe fraudar? Mesmo que você não tenha nada a esconder, o governo pode lhe causar muitos danos.

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Normalmente, a perda da privacidade por vazamento de informações está associada a algum tipo de falha no controle de acesso à informação, no controle do fluxo da informação, ou mesmo no controle dos propósitos aos quais a informação foi destinada. Não obstante, há um cenário não exatamente incomum em que assegurar a privacidade é um desafio mesmo que todos os problemas de controle estejam resolvidos: a análise estatística de dados com preservação da privacidade.

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Um banco de dados estatístico fornece informações estatísticas sobre uma população, enquanto que mantém a privacidade de indivíduos no banco de dados. Um esforço grande de pesquisa tem produzido soluções diferencialmente privadas para uma ampla gama de tarefas de análise de dados. Privacidade diferencial visa propiciar meios de maximizar a precisão das consultas a bancos de dados estatísticos e minimizar as chances de identificar seus registros. (Cynthia Dwork)

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1. Netflix ofereceu $1,000,000 de prêmio para melhorar em 10% o seu sistema de recomendação. Netflix também liberou uma massa de dados para os competidores treinarem seus sistemas.

2. Ao liberar esses dados advertiu: Para proteger a privacidade do consumidor, toda informação pessoalmente identificável de cada cliente foi removida e todas os identificadores de cliente foram substituídos por números aleatórios. Netflix não é o único site de avaliação de filmes na web; existem outros como o IMDb. No IMDb indivíduos também podem se cadastrar e dar notas aos filmes, e ainda têm a opção de não deixar seus dados anônimos. Narayanan e Shmatikov, de forma esperta, conseguiram associar os dados anonimizados da Netflix com o banco de dados do IMDb (usando a data da avaliação dada por um usuário) para de-anonimizar parcialmente os dados da Netflix.

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Nesse caso Latanya Sweeney da Carnegie Mellon University conseguiu associar o banco de dados anonimizado da GIC (que continha data de nascimento, sexo, e código postal da residência de cada paciente) e os registros eleitorais para identificar o prontuário médico do governador do estado de Massachussetts.

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“Se acreditamos que privacidade é um bem social, algo necessário para a democracia, a liberdade e a dignidade humana, então não podemos confiar nas forças do mercado para mantê-la. Ampla legislação protegendo a privacidade pessoal dando às pessoas o controle sobre seus dados pessoais é a única solução.” (Forbes.com, 06/04/2010)

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“Para as gerações mais velhas, privacidade diz respeito a sigilo. E, como disse a Suprema Corte, uma vez que algo não é mais segredo, não é mais privado. Mas não é assim que privacidade funciona, e não é assim que as gerações mais jovens pensam sobre privacidade. Privacidade tem a ver com controle. Podemos não nos incomodar em compartilhar nossas vidas pessoais e nossos pensamentos, mas queremos controlar como, onde e com quem.” Uma falha de privacidade é uma falha de controle.” (Bruce Schneier, Abr/2010)

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“A moderna expectativa de privacidade não é que as pessoas vão sempre querer permanecer anônimas. Ao invés disso, elas esperam ter uma escolha sobre como controlam e compartilham informações sobre si mesmas. Privacidade deve ser sobre escolha individual, e não baseada numa definição pré-determinada de confidencialidade ou transparência.”(L. Gordon Crovitz, WSJ, 25/07/11)

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“Sony, Apple e Google estiveram recentemente no centro de grandes escândalos relacionados a vazamento ou rastreamento de informações de indivíduos. Além das violações à privacidade, essas empresas privadas estão essencialmente fazendo um trabalho melhor com a vigilância do cidadão do que o próprio governo, criando um registro pessoal detalhado que poderá ser liberado ao governo por meio de uma simples intimação.” (Marc Rotenberg, EPIC, Maio/2011)

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Preocupações com privacidade não devem ser limitadas somente ao controle sobre informações pessoais. De modo geral, a informação deve ser distribuída e protegida de acordo com normas que governam contextos sociais distintos—seja no ambiente de trabalho, na assistência à saúde, na escola, ou entre amigos e família. Nissenbaum adverte que distinções básicas entre o público e o privado, que dá suporte a muitas das políticas de privacidade atuais, na realidade obscurecem mais do que esclarecem.

Page 61: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

O problema da definição de privacidade como “controle sobre informações a respeito de si próprio” é que ela imediatamente coloca privacidade em confronto com outros valores concebidos como mais “pró-sociais”. Privacidade deve ser uma reivindicação a fluxos apropriados de informações pessoais dentro de contextos sociais distintos.

Page 62: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

“Durante os últimos meses no Stanford Security Lab temos estado desenvolvendo uma plataforma para medir o conteúdo dinâmico da web. Um dos principais aplicativos é um sistema para a implementação automatizada da política Do Not Track através da detecção de uma míriade de formas de rastreamento de terceiros, incluindo cookies, memória HTML5, fingerprinting, e muito mais.” (J.Mayer, 12/07/11)

Page 63: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

Os anúncios que nos são exibidos, assim como os resultados de busca que obtemos na internet, e até mesmo as notícias veiculadas nos portais de grandes conglomerados jornalísticos e agregadores de notícias estão cada vez mais baseados em critérios automatizados de seleção: Os chamados algoritmos de classificação estão personalizando o que chega até cada um de nós, e o mais grave é que não conhecemos e nem sequer somos alertados sobre os critérios adotados.

Page 64: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

“Costumávamos pensar que na Internet como uma enorme biblioteca, com serviços como Google propiciando um mapa universal. Mas isso não mais é o que ocorre.” “Sempre acreditei que a Internet poderia nos conectar e nos aproximar, e ajudar a criar um mundo melhor, mais democrático.”

Page 65: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

Cass Sunstein, jurista americano: “a democracia depende de experiências compartilhadas e requer que os cidadãos sejam expostos a tópicos e idéias que não teriam escolhido antecipadamente.” Efeitos negativos trazidos pela internet com a facilidade de personalização do noticiário e a criação do que ele chamou de “Daily Me” (“Diário Eu”): no ciberespaço, já temos a capacidade de filtrar tudo exceto o que desejamos ver, ouvir e ler. (Republic.com 2.0, Princeton Univ Press, 2007)

Page 66: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

“Mas aquela sociedade mais democrática tem que emergir, e eu acho que, em parte, é porque enquanto a Internet é muito boa em ajudar grupos de pessoas com interesses comuns a se juntarem, não é tão boa em introduzir as pessoas a idéias e pessoas diferentes. Democracia requer discussão, e personalização está tornando isso cada vez mais fugidio.” (Eli Pariser)

Page 67: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

“Se eu fizer uma busca por algo, e você fizer uma busca, mesmo nesse momento na mesma hora exatamente, podemos obter resultados de busca muito diferentes. Mesmo se você não estiver logado, um engenheiro me contou que existem 57 variáveis que a Google usa – tudo desde o tipo de computador que você está usando até o tipo de navegador que está sendo utilizado, incluindo o local onde você está – que ela usa para personalizar os resultados da busca para você.” (Eli Pariser, Março 2011)

Page 68: Cidadania, segurança e privacidade na era digital

Tecnologia não é nem do bem nem do mal; nem é neutra. Embora a tecnologia possa ser um elemento primordial em muitas questões públicas, fatores não-técnicos têm precedência em decisões de política de tecnologia.