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CICLO DE ESTUDOS INTEGRADO CONDUCENTE AO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA Departamento de Engenharia Mecânica Instituto Superior Técnico Março de 2006

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CICLO DE ESTUDOS INTEGRADO CONDUCENTE AO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Departamento de Engenharia Mecânica Instituto Superior Técnico

Março de 2006

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Nota Introdutória

Este documento foi elaborado por um grupo de trabalho nomeado pelo Presidente do Departa-mento de Engenharia Mecânica (DEM), no âmbito da adequação da formação superior em engenharia mecânica à implementação do Processo de Bolonha no Instituto Superior Técnico. O grupo foi presidido e coordenado pelo Presidente do DEM e dele fizeram parte os seguintes professores:

António Falcão

Arlindo Silva

Carlos Moura Branco

Carlos Mota Soares

Hélder Rodrigues

José Falcão de Campos

José Sá da Costa

Luís Braga Campos

Ramiro Neves

Paulo Ferrão

Paulo Martins

O documento foi aprovado no Plenário do Conselho do Departamento de Engenharia Mecânica do dia 8 de Fevereiro de 2006, no Plenário do Conselho Pedagógico do Instituto Superior Téc-nico do dia 10 de Março de 2006 e no Senado do Conselho Científico do Instituto Superior Téc-nico do dia 15 de Março de 2006

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 4

2. OBJECTIVOS VISADOS PELO CICLO DE ESTUDOS 6

2.1 Intervenção profissional dos engenheiros mecânicos 6

2.2 Competências dos alunos que ingressam no curso de engenharia mecânica do IST 9

2.3 O curso de engenharia mecânica face à missão e aos objectivos institucionais do IST 10

2.4 Objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica 11

3. FUNDAMENTAÇÃO DO NÚMERO DE CRÉDITOS 13

3.1 Número total de créditos e duração do ciclo de estudos 13

3.2 Número de créditos de cada unidade curricular 14

4. ORGANIZAÇÃO DO CICLO DE ESTUDOS E METODOLOGIAS DE ENSINO 21

4.1 Estrutura do ciclo integrado. Princípios básicos 22

4.2 Formação por objectivos e aquisição de competências 22

4.3 Formação transversal 25

4.4 Metodologias de ensino. Aulas, horários e sistemas de avaliação 26

4.5 Áreas de desenvolvimento curricular 30

4.6 Distribuição das unidades curriculares do tronco comum por semestres 33

4.7 Distribuição das unidades curriculares nas áreas de especialização 34

5. ORGANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA EM ESCOLAS DE REFERÊNCIA DO ESPAÇO EUROPEU 38

6. ORGANIZAÇÃO DO CICLO DE ESTUDOS EM FACE DE AVALIAÇÕES EXTERNAS 40

ANEXO 1 – Comunicado conjunto do CESAER e do CLUSTER acerca da organização da formação de cursos de engenharia 42

ANEXO 2 – Relação entre competências e métodos pedagógicos 44

ANEXO 3 – Unidades curriculares opcionais em cada área de especialização 45

ANEXO 4 – Exemplo de organização desdobrada em áreas de especialização principais e 48 secundárias

ANEXO 5 – Resultados de avaliações externas 49

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1. INTRODUÇÃO1 A engenharia mecânica é uma actividade profissional regulamentada pela Ordem dos Enge-nheiros que se consubstancia na aplicação de conhecimentos teóricos, práticos e experimen-tais, enquadrados por constrangimentos de natureza económica, social, ética e ambiental, à concepção, projecto, fabrico, controlo e gestão de produtos, processos, equipamentos e siste-mas energéticos e tecnológicos.

O enquadramento legal que regulamenta a implementação do Processo de Bolonha associado às exigências que são impostas para o acesso ao exercício da actividade profissional e à histó-ria, missão e prestígio nacional e internacional do Instituto Superior Técnico (IST), determinam que a formação superior ministrada pelo IST no domínio da engenharia mecânica seja organi-zada, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência do espaço Europeu, em 10 semestres curriculares de trabalho.

O modelo de organização da formação superior em engenharia mecânica do IST2 assenta no desenvolvimento de um conjunto muito diversificado de competências que permitem assegurar aos estudantes e profissionais de engenharia condições de integração profissional num leque relativamente vasto de saídas profissionais e em circunstâncias similares às que são proporcio-nadas pelas instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu.

De facto, os engenheiros mecânicos formados no IST têm grande facilidade em integrar-se no mercado de trabalho, uma vez que as entidades empregadoras continuam a procurar nesta formação superior as boas qualidades sistematicamente demonstradas ao longo dos tempos pelos seus profissionais. O mercado de trabalho é extremamente diversificado merecendo des-taque: os gabinetes de projecto, as indústrias de fabricação de equipamentos mecânicos e tér-micos, as empresas de produção de energia e climatização, as actividades de manutenção e gestão de operações, as tarefas de avaliação de projectos e consultoria em empresas de servi-ços (bancos e seguradoras), as actividades técnico-comerciais e os laboratórios de investigação e de desenvolvimento industrial.

O Departamento de Engenharia Mecânica do IST acumula a experiência de várias décadas de empenhamento em actividades de ensino, investigação e desenvolvimento3. A diversidade de competências intrínsecas a um corpo docente próprio qualificado e constituído quase integral-mente por titulares do grau de doutor (cerca de 80 doutores) associadas à qualidade e varieda-de dos equipamentos experimentais que se encontram instalados nos seus laboratórios confe-rem ao actual Departamento de Engenharia Mecânica do IST a excelência indispensável a um ensino de elevada qualidade.

Em face do exposto o IST decidiu organizar a formação superior em engenharia mecânica num modelo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica com a duração total de 10 semestres curriculares de trabalho (artigo 19º do Decreto-Lei de Graus Académicos e Diplomas do Ensino Superior), a que correspondem 300 créditos ECTS. Aos alunos que tenham completado 180 créditos ECTS (6 semestres curriculares de trabalho) será conferido o grau de licenciado em ciências de engenharia - engenharia mecânica. Este

1 Resposta à alínea a) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do

ensino superior 2 O actual curso de engenharia mecânica do Instituto Superior Técnico tem uma duração de 10 semes-

tres curriculares de trabalho e encontra-se acreditado pela Ordem dos Engenheiros (por um período de 6 anos) e pela Fundação das Universidades Portuguesas. O curso foi igualmente objecto de uma ava-liação internacional no ano de 1996 pelo International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education.

3 O ensino da engenharia mecânica no Instituto Superior Técnico existe desde a sua fundação (1911).

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grau de licenciado não possibilita o acesso directo ao exercício da profissão. Tem por finalidade garantir o reconhecimento de um nível de competências ainda que não directamente profissio-nalizantes e visa ainda permitir e facilitar a mobilidade dos estudantes.

O ciclo de estudos integrado que se propõe visa manter a filosofia subjacente ao actual curricu-lum de engenharia mecânica, tentando em simultâneo resolver alguns dos aspectos menos positivos, detectados por reflexões desenvolvidas no seio do Departamento de Engenharia Mecânica e apontados por avaliações externas realizadas pela Ordem dos Engenheiros, pela Fundação das Universidades Portuguesas e pelo International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education. Uma das características mais marcantes do actual curriculum de engenharia mecânica, que se pretende manter, corresponde à existência de um tronco comum bastante alargado, o que visa conferir uma formação abrangente a todos os futuros mestres em engenharia mecânica.

O presente documento foi elaborado nos termos do artigo 63º do Decreto-Lei de Graus Acadé-micos e Diplomas do Ensino Superior e serve de suporte ao processo de registo da adequação do ciclo de estudos junto da Direcção-Geral do Ensino Superior. Acresce o facto desta proposta de adequação da formação superior em engenharia mecânica à implementação do Processo de Bolonha implicar o fim do funcionamento do antigo curso de mestrado em engenharia mecânica do Instituto Superior Técnico.

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2. OBJECTIVOS VISADOS PELO CICLO DE ESTUDOS4 Para que se possa compreender a opção pelo modelo de formação baseado num ciclo de estu-dos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica é necessário contextua-lizar o exercício da profissão. Por outro lado, é necessário caracterizar as competências dos alunos do ensino secundário que são potenciais candidatos para, de seguida, se conseguir relacionar os objectivos educacionais e de formação científica e tecnológica do curso com a missão e os objectivos institucionais do IST e de outras instituições de referência do espaço Europeu com as quais o IST se encontra ligado através de convenções sobre mobilidade e reconhecimento mútuo de graus académicos.

2.1 Intervenção profissional dos engenheiros mecânicos A intervenção profissional dos engenheiros mecânicos tem vindo, nos últimos anos, a sofrer uma evolução considerável na medida em que o ambiente industrial e tecnológico da actualida-de é muito diferente daquele que esteve na origem da última revisão curricular do curso5. De facto, a actual intervenção profissional dos engenheiros mecânicos;

• exige uma visão mais global dos problemas de engenharia

• contém aspectos tecnológicos de grande complexidade que requerem níveis de forma-ção mais elevados e com maior interdisciplinaridade

• rege-se por constrangimentos de natureza económica, social, ética e ambiental num mundo globalizado

• exige, mais que nunca, grande capacidade de expressão oral e escrita, em idiomas dife-rentes da sua língua materna

Em termos gerais podem-se sistematizar os níveis de intervenção profissional dos engenheiros mecânicos através do esquema incluído na tabela 1. Identificam-se quatro níveis distintos de intervenção profissional:

• O nível 1 requer conhecimentos básicos de carácter científico e tecnológico, capacidade de conceber e projectar e uma atitude profissional, adulta e responsável

• O nível 2 requer a capacidade de trabalho em equipa

• O nível 3 requer atitudes de liderança e atitude de aprendizagem continuada ao longo da vida

• O nível 4 requer atitudes de liderança e hábitos de pensar de forma independente exa-minando os conceitos de forma crítica

4 Resposta à alínea b) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do

ensino superior. 5 A última revisão curricular do curso de curso de engenharia mecânica do IST foi realizada no ano lectivo

de 1993/1994.

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Tabela 1 – Intervenção profissional dos engenheiros mecânicos

A intervenção profissional dos engenheiros mecânicos a níveis mais altos requer o domínio e a experiência dos níveis mais baixos. As competências que se pretendem desenvolver no ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica do IST devem cla-ramente ajustar-se aos níveis 3 e 4 de intervenção profissional e representam o ponto de encontro de um conjunto muito diversificado de áreas do saber e do saber fazer.

Os engenheiros mecânicos formados pelo IST ajustam-se aos níveis 3 e 4 de intervenção pro-fissional e são formados, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu, através de ciclos de estudos com a dura-ção de 10 semestres de trabalho (ver § 2.3 e § 5).

Todos os níveis de intervenção profissional dos engenheiros mecânicos exigem elevadas capa-cidades de expressão oral e escrita, por vezes em línguas diferentes. Os engenheiros mecâni-cos devem ser capazes de comunicar as suas conclusões e os raciocínios a elas subjacentes, quer a especialistas, quer a não especialistas, de forma clara e sem ambiguidades.

De facto, segundo o Artigo 4º do DL 119/92, de 30 de Junho, o título de engenheiro só pode ser utilizado por titular de licenciatura (com 5 anos de duração) em curso de engenharia, inscrito na Ordem dos Engenheiros como membro efectivo, e que desempenha actividades de investiga-ção, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização e controlo de qua-lidade, incluindo a coordenação e gestão dessas actividades e outras com elas relacionadas.

Nível 4 – Concepção e inovação Saber aplicar os conhecimentos e a sua capacidade de compreensão e de resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos alargados e multidisciplinares. Capacidade para integrar conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limitada ou incompleta, incluindo reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais que resultem ou condicionem essas soluções e esses juízos Capacidade para mudar os princípios, métodos e técnicas de execução.

Nível 3 – Auto aprendizagem e desenvolvimento Competências de aprendizagem que lhes permitam uma aprendizagem ao longo da vida, de um modo funda-mentalmente auto-orientado ou autónomo com o objectivo de manterem-se actualizados e de possuírem uma visão alargada sobre os diferentes domínios da engenharia mecânica.

Nível 2 - Coordenação Capacidade de recolher, seleccionar e interpretar a informação relevante para fundamentar as soluções que preconizam e os juízos que emitem, incluindo na análise os aspectos sociais, científicos e éticos relevantes.

Nível 1 - Execução Saber aplicar os conhecimentos e a capacidade de compreensão adquiridos de forma a resolver problemas e a evidenciar uma abordagem profissional ao trabalho desenvolvido no âmbito da concepção de produtos, equipamentos e sistemas sujeitos a condicionalismos tecnológicos, económicos, sociais e ambientais.

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A Ordem dos Engenheiros fixa ainda como deveres do engenheiro para com a comunidade:

• Possuir uma boa preparação, de modo a desempenhar com competência as suas fun-ções e contribuir para o progresso da engenharia e da sua melhor aplicação ao serviço da humanidade.

• Defender o ambiente e os recursos naturais.

• Garantir a segurança do pessoal executante, dos utentes e do público em geral.

• Opor-se à utilização fraudulenta, ou contrária ao bem comum, do seu trabalho.

• Procurar as melhores soluções técnicas, ponderando a economia e a qualidade da pro-dução ou das obras que projectar, dirigir ou organizar.

Este conjunto de requisitos encontra particular articulação com a formação proposta para o engenheiro mecânico no IST pois, conforme foi discutido anteriormente, o IST aposta em formar engenheiros mecânicos com capacidade de concepção e de integrar conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limita-da ou incompleta, incluindo reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais, com respeito pelo ambiente e em benefício do desenvolvimento económico das organizações para as quais trabalha e, em última análise, do país.

Esta visão não pode ser desconexa da realidade das empresas nacionais, em particular na indústria e serviços, cujo tecido assenta em PME’s, as quais não têm capacidade para recrutar múltiplos quadros superiores e que, em consequência, requerem um engenheiro com visão lar-ga e capacidade para conceber estratégias de desenvolvimento tecnológico e organizacional. Esta característica do nosso tecido empresarial requer o formato de formação que se pode designar de ‘especialização na abrangência’, inerente ao engenheiro mecânico, o que reforça a pertinência da formação num ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica com a duração de 10 semestres, anteriormente detalhada.

A tabela 2 caracteriza, de forma não exaustiva, algumas das inserções típicas dos engenheiros mecânicos no mercado de trabalho, ao nível nacional.

SECTORES ACTIVIDADES COMENTÁRIOS

Indústria Produção Energia Projecto Manutenção/exploração Técnico-comercial

Fabrico, ambiente, controlo, gestão Sistemas de energia, ambiente, controlo, gestão Concepção, inovação e desenvolvimento de produto Manutenção, gestão operações

Serviços Representação equipamentos Saúde Banca e seguradoras Consultoria

Integração de equipamentos Manutenção e projecto Avaliação e gestão de projectos Grandes projectos, soluções tecnológicas

Investigação Ensino superior Instituições do SCTN Empresas

Investigação fundamental e inovação Investigação aplicada e desenvolvimento tecnológico

Tabela 2 – Saídas profissionais típicas dos engenheiros mecânicos

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Existem ainda outras saídas profissionais para os engenheiros mecânicos, porventura mais importantes, que envolvem um mercado de trabalho de maiores dimensões em todos os esta-dos que integram o espaço Europeu. De facto, as PME's constituem um mercado de trabalho onde o engenheiro mecânico desenvolve uma actividade que, na generalidade dos casos é de grande amplitude profissional, e que faz intervir desde as competências puramente técnicas até às capacidades de gestão, passando pelo contacto directo e simultâneo com trabalhadores e empresários, fornecedores e clientes.

2.2 Competências dos alunos que ingressam no curso de engenharia mecânica do IST A reforma do ensino secundário entrou em vigor no ano lectivo 2004/2005 e encontra-se regu-lamentada no decreto-lei no. 74/2004 de 26 de Março. Em linhas gerais, a reforma do ensino secundário estabelece cursos científico-humanísticos, vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior, cursos tecnológicos, orientados na dupla perspectiva da inserção no mercado de trabalho e do prosseguimento de estudos, cursos artísticos especializados, visando proporcionar formação de excelência nas diversas áreas artísticas e, consoante a área artística, vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior ou orientados na dupla pers-pectiva da inserção no mercado de trabalho e do prosseguimento de estudos, e cursos profis-sionais vocacionados para a qualificação inicial dos alunos, permitindo o prosseguimento de estudos. Consagram-se ainda cursos científico-humanísticos, tecnológicos e artísticos especia-lizados de ensino recorrente, que visam proporcionar uma segunda oportunidade de formação que permita conciliar a frequência de estudos com uma actividade profissional.

O IST, no seguimento da entrada em vigor da reforma do ensino secundário, decidiu estabele-cer quais as provas de ingresso que serão exigidas para o acesso aos diferentes cursos no ano lectivo 2007/2008. Este procedimento acabou por determinar quais os exames nacionais que devem ser realizados no ensino secundário e quais os cursos do ensino secundário que deve-rão ser frequentados pelos alunos que são potenciais candidatos a frequentar cursos do IST.

Neste sentido, os alunos do ensino secundário que são potenciais candidatos a frequentar o curso de engenharia mecânica do IST devem ser provenientes dos cursos científico-humanísticos de ciências e tecnologias. Estes cursos do ensino secundário possuem 3 anos de formação em Matemática A e 2 anos de formação específica em Física e Química que podem eventualmente ser complementados com um ano de formação opcional em Física (12º ano) ou Química (12º ano).

Os alunos destes cursos possuem igualmente 2 anos de formação específica em Geometria Descritiva ou Biologia e Geologia ou Aplicações Informáticas, 1 ano de formação em Técnicas de Informação e Comunicação, 3 anos de formação em Língua Portuguesa e numa língua estrangeira (geralmente Inglês) e 2 anos de formação em Filosofia.

Em face do exposto e da vasta experiência acumulada ao longo dos últimos anos pode-se afir-mar que:

• O modelo de organização do ensino secundário é quase exclusivamente baseado na transmissão de conhecimentos e muito pouco baseado no desenvolvimento de compe-tências

• Os alunos do ensino secundário possuem, em geral, pouca capacidade de expressão oral e escrita, pouca metodologia de trabalho e uma considerável falta de motivação para o estudo auto-orientado

• Os alunos do ensino secundário vêm, em geral, com algumas insuficiências de prepara-ção em Matemática e Física, e a reforma do ensino secundário virá agravar os proble-

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mas de formação em Física na medida em que apenas são exigidos 2 anos de formação específica em Física e Química. A formação em Física correspondente ao 12º ano dei-xou de ser obrigatória

• Os alunos do ensino secundário vêm, em geral, com insuficiências de preparação no domínio das tecnologias de informação e comunicação apesar de serem muito expeditos na utilização da Internet e de tecnologias afins.

2.3 O curso de engenharia mecânica face à missão e aos objectivos institucionais do IST O IST tem como missão contribuir para o desenvolvimento da sociedade, promovendo um ensi-no superior de excelência e qualidade nas áreas de engenharia, ciência e tecnologia, e desen-volvendo as actividades de investigação e desenvolvimento essenciais para ministrar um ensino ao nível dos mais elevados padrões internacionais. Por isso, é com inteira justiça que o IST é hoje considerado, em Portugal e no estrangeiro, como uma grande escola de engenharia, ciên-cia e tecnologia, capaz de ombrear com as melhores escolas que há no mundo nas suas áreas de competência.

A história, a missão, o prestígio nacional e internacional do IST e o enquadramento legal resul-tante da concretização dos objectivos do Processo de Bolonha determinam que a formação superior ministrada pelo IST nas diferentes áreas de engenharia deverá privilegiar a formação de mestres em engenharia de concepção com uma duração de 10 semestres curriculares de trabalho6..

No caso concreto da engenharia mecânica só com 10 semestres curriculares de trabalho cor-respondentes a um ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre é que se conse-gue assegurar uma formação sólida em ciências básicas e em ciências de engenharia indis-pensáveis à formação de um engenheiro mecânico de concepção e, cumulativa e sequencial-mente, garantir a capacidade para o exercício da profissão através da formação em áreas de especialização.

A organização da formação de engenheiros mecânicos de concepção que é característica do ensino no IST é incompatível com a atribuição de um grau académico de licenciado em enge-nharia no final do 1º ciclo de estudos que se encontre ajustado às necessidades do mercado de trabalho e que seja reconhecido pela Ordem dos Engenheiros7. Esta impossibilidade de formar engenheiros mecânicos de concepção em seis ou oito semestres lectivos resulta do facto das unidades curriculares que constituem o tronco comum da formação de base de um engenheiro mecânico se estender até ao 9 semestre curricular de trabalho8 e da generalidade das unidades curriculares da especialidade, que caracterizam as diferentes áreas de especialização da enge-nharia mecânica, apenas fazerem parte integrante do plano curricular dos 8º e 9º semestres de trabalho.

Esta situação é análoga na generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Europeu que leccionam cursos de engenharia mecânica. De facto existe uma prática estável e consolidada ao nível destas instituições de perspectivarem a formação em engenharia mecânica para a obtenção do grau de mestre e de considerarem que a formação corresponden-

6 O termo ‘engenharia de concepção’, que irá ser utilizado ao longo do documento, é afim da designação

Anglo-Saxónica ‘conceptual engineering’. 7 A engenharia mecânica é uma actividade profissional regulamentada pela Ordem dos Engenheiros. 8 O último semestre do ciclo de estudos em engenharia mecânica está reservado para a dissertação de

mestrado.

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te ao grau de licenciado deverá apenas comprovar uma sólida formação em ciências básicas e em ciências de engenharia mecânica.

A adopção de uma estrutura de organização da formação de engenheiros mecânicos seme-lhante à da generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço Euro-peu tem em vista assegurar aos estudantes portugueses condições de mobilidade, formação e de integração profissional similares, em duração e conteúdo, às dos restantes estados que integram aquele espaço.

Refira-se a este propósito o caso concreto do CLUSTER (Consortium Linking Universities of Science and Technology for Education and Research) ao qual o IST se encontra ligado como membro efectivo desde Julho de 2005. O CLUSTER integra um conjunto de universidades Europeias de grande prestígio e visa promover a excelência no ensino graduado e pós-graduado e na investigação científica. Os membros do CLUSTER defendem a criação de um espaço de ensino europeu, na linha do Processo de Bolonha, e estão ligados através de uma convenção sobre reconhecimento mútuo de graus académicos. Este reconhecimento permite aos alunos de qualquer uma das escolas prosseguirem estudos noutra escola do consórcio.

As universidades do CLUSTER reflectem o modelo de organização da formação que foi adop-tado pelas principais universidades dos respectivos países. O modelo de ciclo de estudos inte-grado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica do IST foi estruturado em con-formidade com aquilo que está a ser implementado nas principais universidades do CLUSTER e resulta do interesse estratégico em privilegiar a mobilidade dos estudantes, facilitar a concreti-zação de parcerias de formação, nomeadamente os compromissos assumidos pelo IST com estas instituições de referência e assegurar aos estudantes Portugueses condições de forma-ção e de integração profissional similares, em duração e conteúdo, às dos restantes estados da União Europeia.

2.4 Objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica Em face do que foi exposto nas secções anteriores (§ 2.1 a § 2.3) estabeleceram-se os seguin-tes objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica para o ciclo de estudos inte-grado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica:

• Assegurar uma formação sólida em ciências básicas e em ciências de engenharia e da especialidade, procurando transmitir um conhecimento científico e tecnológico actualiza-do.

• Desenvolver competências para aplicar os conhecimentos e a capacidade de com-preensão adquiridos de forma a resolver problemas e a evidenciar uma abordagem pro-fissional ao trabalho desenvolvido no âmbito da concepção de produtos, equipamentos e sistemas sujeitos a condicionalismos tecnológicos, económicos, sociais e ambientais.

• Desenvolver competências para recolher, seleccionar e interpretar a informação relevan-te para fundamentar as soluções que preconizam e os juízos que emitem, incluindo na análise os aspectos sociais, científicos e éticos relevantes.

• Desenvolver competências de aprendizagem que facilitem o estudo ao longo da vida, de um modo fundamentalmente auto-orientado ou autónomo9. Os engenheiros mecânicos

9 Competências a serem assimiladas no âmbito da transmissão de conhecimentos, avaliação e auto-

estudo de cada unidade curricular, sem prejuízo dos objectivos formativos específicos da unidade curri-cular.

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devem procurar manter-se actualizados e possuir uma visão alargada sobre as diferen-tes áreas de especialização características da sua actividade profissional.

• Desenvolver competências para aplicar os conhecimentos e a capacidade de com-preensão adquiridos na resolução de problemas em situações novas e não familiares, em contextos alargados e multidisciplinares.

• Desenvolver competências para integrar conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limitada ou incomple-ta, incluindo reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais que resultem ou condicionem essas soluções e esses juízos.

• Desenvolver competências para mudar os princípios, os métodos e as técnicas de exe-cução.

• Desenvolver competências para uma intervenção profissional numa gama alargada de organizações industriais, serviços e investigação.

• Desenvolver competências de expressão oral e escrita que facilitem a comunicação de conclusões, e os raciocínios a elas subjacentes, quer a especialistas, quer a não espe-cialistas, de uma forma clara e sem ambiguidades.

• Desenvolver competências para, de uma forma criativa, crítica, autónoma e interdiscipli-nar, conceber, projectar, fabricar e operar sistemas e produtos de engenharia mecânica.

• Desenvolver competências para incorporar as mais recentes inovações tecnológicas na intervenção profissional.

• Desenvolver competências de empreendedorismo que permitam criar empresas de base tecnológica.

• Desenvolver competências de interacção que permitam lidar com situações profissionais que envolvam sectores da sociedade com níveis culturais e educacionais muito diferen-ciados.

• Desenvolver competências de análise e síntese assim como hábitos de pensar de forma independente, examinando os conceitos de forma crítica.

• Desenvolver nos alunos uma atitude profissional, adulta e responsável como cidadãos informados que possuam uma sólida formação humana e ética.

• Desenvolver o gosto pela prática de actividades extra-curriculares que ajudem a com-plementar a formação académica e/ou que sejam relevantes para a sociedade.

• Incutir nos alunos a noção de que a engenharia mecânica é uma área do conhecimento extremamente vasta e interdisciplinar.

Este conjunto de objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica ajusta-se aos níveis 3 e 4 de intervenção profissional dos engenheiros mecânicos (ver tabela 1) e exige, à semelhança do que acontece na generalidade das instituições de referência de ensino universi-tário do espaço Europeu, a organização de um ciclo de estudos com a duração de 10 semes-tres de trabalho. De facto, muitos destes objectivos educacionais e de formação científico-tecnológica correspondem aos Descritores de Dublin definidos para o nível de 2º ciclo.

Os objectivos definidos pelos Descritores de Dublin, para o 1º ciclo não são suficientes para o pleno exercício da profissão, tal como é definido pela Ordem dos Engenheiros e é prática Euro-peia corrente.

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3. FUNDAMENTAÇÃO DO NÚMERO DE CRÉDITOS10 O número total de créditos, a duração total do ciclo de estudos e o número de créditos de cada unidade curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica tem por base a nova legislação decorrente do Processo de Bolonha.

A primeira parte desta secção foi elaborada com base no disposto no artigo 19º do Decreto-Lei de Graus Académicos e Diplomas do Ensino Superior enquanto que a segunda parte introduz os parâmetros básicos que fundamentam o número de créditos ECTS que, com base no traba-lho estimado, é atribuído a cada unidade curricular do plano de estudos.

3.1 Número total de créditos e duração do ciclo de estudos O IST decidiu organizar a formação superior em engenharia mecânica num modelo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre com 300 créditos e uma duração total de 10 semestres curriculares de trabalho pelas razões que se passam a expor:

• O exercício da actividade profissional de engenheiro mecânico encontra-se regulamen-tada pela Ordem dos Engenheiros e exige um modelo de formação baseado em 10 semestres curriculares de trabalho.

• De acordo com a Posição da Ordem dos Engenheiros relativamente ao Processo de Bolonha, definida pelo Conselho Directivo Nacional no dia 14 de Outubro de 2004, ‘uma formação que confira a capacidade e responsabilidade de intervenção a todos os níveis de actos de engenharia exige, no presente estado do conhecimento, uma formação de ensino superior acumulada de 5 anos (ou, usando a referência de avaliação de trabalho introduzida pelo Processo de Bolonha, 300 créditos ECTS), a que acrescerá a necessá-ria prática e estudo ao longo da vida.’

• A organização da formação superior de engenheiros mecânicos de concepção é incom-patível com uma formação em ciências básicas repartida pelo 1º e 2º ciclos de estudos. De facto a generalidade das instituições de referência de ensino universitário do espaço europeu organiza a formação em ciência básicas em fieiras científico-pedagógicas que se distribuem exclusivamente pelos 2º ou 3º anos de formação, arrastando a formação da especialidade e das áreas de especialização em engenharia mecânica para os 3º, 4º e 5º anos de formação11.

• A organização da formação superior de engenheiros mecânicos de concepção que é característica do modelo de ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica é incompatível com a atribuição de um grau académico de licenciado em engenharia no final do 1º ciclo de estudos que se encontre ajustado às necessidades do mercado de trabalho e que seja reconhecido pela Ordem dos Enge-nheiros. Esta impossibilidade de formar engenheiros mecânicos de concepção em seis ou oito semestres lectivos resulta do facto das unidades curriculares que constituem o tronco comum da formação de base de um engenheiro mecânico se estender até ao 9 semestre curricular de trabalho e da generalidade das unidades curriculares da especia-

10 Resposta às alíneas c) e d) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas

do ensino superior. 11 Experiências realizadas na Itália em que se procurou repartir a formação em ciências básicas pelo 1º e

2º ciclo de estudos vieram a revelar-se pedagogicamente erradas e têm vindo a ser progressivamente abandonadas.

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lidade, que caracterizam as diferentes áreas de especialização da engenharia mecânica, apenas fazerem parte integrante do plano curricular dos 8º e 9º semestres de trabalho.

• Existe uma prática estável e consolidada nas principais instituições de referência da União Europeia (ver informação sobre o CLUSTER no § 2.3 e no § 5) de perspectivarem a formação de engenheiros mecânicos de concepção directamente para a obtenção do grau de mestre e de considerarem que o nível de formação correspondente ao grau de licenciado (a atribuir após a realização de 180 créditos) deverá apenas comprovar uma sólida formação em ciências básicas e em ciências de engenharia mecânica que facilite a mobilidade dos alunos no espaço Europeu de ensino superior (ver comunicado conjun-to do CASAER e do CLUSTER incluído no Anexo 1).

3.2 Número de créditos de cada unidade curricular A legislação12,13 que regula a organização dos curricula resultantes da implementação do pro-cesso de Bolonha, impõe que esta organização deverá ter como base o número de horas de trabalho do estudante (HT) medidas através de créditos (ECTS).

Assim, de acordo com o artigo 5º do DL 42/2005:

• O trabalho de um ano curricular, a tempo inteiro é fixado entre 1500 HT e 1680 HT e é cumprido num período de 36 a 40 semanas;

• O número de horas de trabalho do estudante (HT) a considerar inclui todas as formas de trabalho previstas, designadamente as horas de contacto e as horas dedicadas a está-gios, projectos, trabalhos no terreno, estudo e avaliação;

• O número de créditos correspondente ao trabalho de um ano curricular realizado a tem-po inteiro é de 60 ECTS.

Com base nestes parâmetros e adoptando para o curso de engenharia mecânica do IST um trabalho correspondente a 1680 horas por ano curricular, poder-se-á considerar que,

1 ECTS <> 28 HT

Para além da relação entre o número de horas e o número de créditos, foram igualmente esta-belecidas opções em termos das cargas horárias. Assim, considerou-se como base de trabalho que as cargas horárias possam variar, ao longo dos anos curriculares, de forma a adaptar os modelos de ensino à maturidade dos alunos. Se nos primeiros anos se poderá justificar um maior número de horas de contacto em detrimento das horas destinadas ao trabalho autónomo, nos anos mais avançados justifica-se um menor número de horas de contacto e um maior espaço para o desenvolvimento autónomo. Assim, considerou-se uma distribuição do tipo:

1º e 2º ano – Número máximo de horas de contacto – 25 horas/semana

3º, 4º e 5º ano – Número máximo de horas de contacto – 22.5 horas/semana

12 Decreto-Lei n.º42/2005 de 22 de Fevereiro de 2005 – Princípios reguladores de instrumentos para a

criação do espaço europeu de ensino superior. 13 Despacho n.º 10 543/2005 (2ª série) de 11 de Maio de 2005 – Normas técnicas para a apresentação

das estruturas curriculares e dos planos de estudos dos cursos superiores e sua publicação.

15

Uma terceira vertente que foi considerada na organização do plano curricular é a que diz res-peito ao regime de funcionamento que se admitiu ser semestral, à semelhança da generalidade dos cursos de engenharia mecânica das universidades Europeias, com as quais o IST promove intercâmbio de alunos.

No regime semestral considera-se que cada semestre terá uma duração de 14 semanas lecti-vas e será seguido de um período de avaliação com uma duração de 5 semanas. Este regime corresponde ao que se encontra actualmente em vigor no IST, ao qual corresponde em termos gerais:

1º semestre – Período lectivo: 2ª quinzena de Setembro a terceira semana de Dezembro; ava-liações: Janeiro e 1ª semana de Fevereiro.

2º semestre – Período lectivo: 2ª quinzena de Fevereiro a 1ª semana de Junho, com interrup-ção de uma semana na Páscoa; avaliações: entre a 2ª semana de Junho e a 3ª semana de Julho.

Neste regime cada semestre corresponderá a 30 ECTS. Analogamente ao que sucede actual-mente no IST, prevê-se a possibilidade de existência de 4 a 6 unidades curriculares a funcionar simultaneamente em cada semestre, correspondendo a uma média de 7.5 a 5 ECTS por unida-de curricular, no caso de distribuição uniforme de créditos.

Contudo, a organização adoptada contemplou soluções em que coexistam unidades curricula-res com diferentes exigências em termos de volume de trabalho. Assim, como forma de facilitar a partilha de unidades curriculares por diferentes planos de estudo, e de acordo com as reco-mendações constantes do ECTS USERS’ GUIDE14, considerou-se a hipótese de modelação das unidades curriculares nas seguintes tipologias:

UC5 – 7.5 ECTS – 210 HT

UC4 – 6.0 ECTS – 168 HT

UC3 – 4.5 ECTS – 126 HT

UC2 – 3.0 ECTS – 84 HT

UC1 – 1.5 ECTS – 42 HT

Paralelamente com a adopção de uma métrica ECTS para cada unidade curricular previu-se a forma como estas unidades curriculares se poderão associar para dar origem às organizações curriculares de cada semestre. Assim, consideraram-se as diferentes hipóteses que se encon-tram indicadas no quadro seguinte;

14 ECTS USERS’ GUIDE, Directorate-General for Education and Culture, EU, Brussels, 2005

http://europa.eu.int/comm/education/programmes/socrates/ects/guide_en.pdf.

16

UC5 UC4 UC3 UC2 UC1 Nº UC 4 0 0 0 0 4 3 1 0 0 1 5 3 0 1 1 0 5 2 2 0 1 0 5 2 1 2 0 0 5 1 3 1 0 0 5 0 5 0 0 0 5 3 0 1 0 2 6 3 0 0 2 1 6 2 2 0 0 2 6 2 1 1 1 1 6 2 1 0 3 0 6 2 0 3 0 1 6 2 0 2 2 0 6 1 3 0 1 1 6 1 2 2 0 1 6 1 2 1 2 0 6 1 1 3 1 0 6 1 0 5 0 0 6 0 4 1 0 1 6 0 4 0 2 0 6 0 3 2 1 0 6 0 2 4 0 0 6

A organização do plano curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica foi efectuada tendo como base duas métricas independentes: carga horária presencial e número de créditos ECTS. A distribuição de carga horária presencial e de créditos ECTS respeitou os limites adoptados para cada uma destas grandezas para cada semestre lectivo. Embora se devam evitar adoptar regras monolíticas de correspondência direc-ta entre cargas horárias e créditos ECTS, na fase actual de preparação dos currículos, não exis-tindo ainda valores medidos para o número de horas de trabalho dispendido pelos alunos, será aconselhável definir algumas correspondências entre créditos ECTS e número de horas pre-senciais em unidades curriculares da mesma natureza.

17

Nestas condições, procurou-se, para alguns tipos de aulas e de unidades curriculares, tipificar a seguinte relação possível entre carga horária e créditos15.

Aula teórica Neste tipo de aula considera-se que são abordados temas numa perspectiva eminentemente teórica e de natureza formativa. As matérias tratadas necessitarão de aprofundamento, desen-volvimento e prática a ser realizado pelo aluno de forma autónoma. Para este tipo de aula pode-rá considerar-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir duas horas de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais

Horas de con-tacto

Horas de trabalho extra aula

Horas de trabalho

ECTS

1 14 28 42 1.5

Aula de seminário Aula de natureza teórica mas com carácter mais informativo. As matérias tratadas não necessi-tarão de aprofundamento por parte do aluno mas apenas de integração com outros conheci-mentos já adquiridos. Para este tipo de aula será razoável considerar que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir meia hora de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais

Horas de con-tacto

Horas de trabalho extra aula

Horas de trabalho

ECTS

1 14 7 21 0.75

Aula de problemas Aula onde são apresentadas aplicações de conceitos já tratados de um ponto de vista teórico. Estas aulas consistem essencialmente na apresentação de técnicas ou algoritmos para resolu-ção de problemas de natureza física, numérica, gráfica ou de programação. Neste caso consi-dera-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir uma hora de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais

Horas de con-tacto

Horas de trabalho extra aula

Horas de trabalho

ECTS

1 14 14 28 1.0

15 Esta tipificação encontra fundamento nos cursos que são actualmente leccionados no IST. (Caracteri-

zação dos Planos Curriculares 2004/2005, GEP-IST, Agosto 2005).

18

Aula de laboratório Aulas onde através de experiência ou simulação se comprovam ou testam conceitos já desen-volvidos. Neste tipo de aulas é executada a componente de experimentação, em horas de tra-balho extra o aluno deverá preparar os trabalhos a executar e eventualmente completar os rela-tórios, caso não o faça no decorrer das sessões presenciais. Para este tipo de aula estima-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir uma hora de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais

Horas de con-tacto

Horas de trabalho extra aula

Horas de trabalho

ECTS

1 14 14 28 1.0

Aulas de projecto Aulas onde se apresentam conceitos e técnicas de resolução de problemas ligados a concep-ção e projecto. Estas aulas pressupõem que os alunos possam desenvolver autonomamente soluções próprias no âmbito da concepção e projecto. Para este tipo de aula estima-se que por cada hora de contacto será necessário o aluno investir duas horas de trabalho extra aula.

Horas de contacto semanais

Horas de con-tacto

Horas de trabalho extra aula

Horas de trabalho

ECTS

1 14 28 42 1.5

A distribuição de créditos ECTS pelas diferentes unidades curriculares foi efectuada tendo em conta que não se prevêem desvios significativos no que respeita às exigências do volume de trabalho solicitado aos alunos em relação à actual formação em engenharia mecânica.

Os inquéritos aos alunos que o Conselho Pedagógico do IST tem efectuado todos os semestres mostram que, em termos médios, o número total de horas dispendido para cada unidade curri-cular está de acordo com o número total de créditos ECTS definido pelo Processo de Bolonha.

A alteração mais significativa que se projecta, corresponde a uma redução do peso do ensino presencial, em especial das aulas práticas de resolução de problemas, e a um reforço da com-ponente laboratorial e da componente de estudo autónomo supervisionado centrado na apren-dizagem pelo aluno.

Neste sentido, convém salientar que na contabilização das horas de trabalho que estão incluí-das nos quadros anteriores foram igualmente consideradas, para além das horas de contacto relativas a aprendizagem presencial em que existe contacto entre o docente e o aluno, as seguintes componentes de aprendizagem centradas no desenvolvimento autónomo dos estu-dantes:

Visitas de estudo

As visitas de estudo, facultando um contacto com o contexto do exercício profissional, permitem o desenvolvimento de conhecimento e compreensão desse contexto e, dependendo da forma como forem conduzidas, a formulação de juízos sobre a realidade observada e as competên-cias de comunicação com os profissionais no terreno.

19

Sessões de dúvidas

As sessões de dúvidas, vulgo horário de dúvidas, têm características semelhantes às aulas de problemas em que os problemas são resolvidos pelos alunos, mas em contexto menos estrutu-rado. Sendo, como é sabido, pouco frequentadas, excepto em momentos antes de provas de avaliação, têm igualmente características tutoriais, na medida em que há o contacto com pequenos grupos, mas em que não existe um trabalho sistemático com um grupo fixo.

Módulos auxiliares

Sob a designação genérica de módulos auxiliares incluem-se momentos de contacto visando o desenvolvimento de competências que não são objecto de avaliação somativa autónoma no final do módulo. O objectivo é o desenvolvimento de competências que contribuem para unida-des curriculares do curso. É o caso dos módulos de comunicação e expressão oral e escrita que têm sido desenvolvidos no IST, em associação com unidades curriculares em vários cursos ou portfolios, ou de módulos incluídos na aprendizagem baseada em projectos. Os objectivos de aprendizagem podem ser diversos. Por exemplo, os módulos de comunicação e expressão visam as competências de comunicação. Neste caso, a associação com unidades curriculares tem como objectivo criar uma oportunidade concreta, não artificial, de aplicação dessas compe-tências.

Estudo individual ou em grupo

As competências desenvolvidas no estudo, individual ou em grupo, dependem fortemente da forma como o aluno o organizar ou orientar. Contribui para o conhecimento e compreensão, contribuirá para a aplicação do conhecimento e compreensão, se o aluno não se cingir a memo-rizar resoluções de problemas tipo, mas procurar aplicar os conhecimentos à resolução de pro-blemas, e para as competências de aprendizagem, pela sua prática, se visar o alargamento do campo de conhecimentos. O estudo em grupo, em que exista interacção entre os elementos do grupo, promove as competências de comunicação.

Trabalho

Nos trabalhos incluem-se trabalhos de âmbito restrito, projectos, dissertações e estágios. Os trabalhos e projectos poderão ser realizados individualmente ou em grupo. As competências visadas são essencialmente a aplicação de conhecimento e compreensão e a formulação de juízos, embora, na medida em que exijam o aprofundamento de conhecimentos, possa contri-buir para o conhecimento e compreensão e para as competências de aprendizagem. Os traba-lhos realizados em grupo, desde que não sejam abordados como um somatório de partes reali-zadas por cada um, contribuem para as competências de comunicação.

20

Estágio

Os estágios, dependendo da sua orientação e do trabalho que for atribuído ao aluno, podem contribuir para todos os tipos de competências previstas. Para o conhecimento e compreensão, pelo menos no que se refere ao contexto profissional, para a aplicação de conhecimento e compreensão e a formulação de juízos, em função das tarefas atribuídas, para as competências de comunicação, pelo seu exercício no contexto do estágio, e para as competências de apren-dizagem, na medida em tiver de recorrer a conhecimentos que desenvolvam os que constam dos objectivos de aprendizagem.

Preparação de relatório

A preparação de relatórios, para além de contribuir para a consolidação do conhecimento e compreensão, da sua aplicação e da formulação de juízos, inerente à realização do trabalho, dissertação ou estágio, contribui para as competências de comunicação escrita.

Pesquisa documental

A pesquisa de bibliografia ou documentos relevantes, nas bibliotecas ou através da Internet, pode ser uma parte integrante do estudo ou da realização de trabalhos. No entanto, os hábitos de estudo mais correntes, a que não é alheia a carga de trabalho a que os alunos são submeti-dos, apontam para que os alunos se circunscrevam frequentemente a elementos disponibiliza-dos pelo corpo docente ou ao livro recomendado. Assim, a criação de hábitos e competências de consulta mais alargada precisa de ser provocada. A pesquisa documental, confrontando o aluno com formas diferentes de exposição de conhecimentos, desenvolve as competências de aprendizagem e contribui para o alargamento dos horizontes de conhecimento e compreensão.

E-aprendizagem

As competências desenvolvidas através de e-aprendizagem, baseada em meios informatizados estruturados para o efeito, depende do tipo de instrumento usado, podendo ser a única forma de aprendizagem ou usada em associação com outros métodos. Este método tem um interesse especial nos casos em que as necessidades de aquisição de conhecimento e compreensão por parte dos alunos são diversificadas, como é o caso quando se pretende ultrapassar défices anteriores, mas também permite desenvolver competências de aplicação de conhecimento e compreensão e formulação de juízos em problemas de maior complexidade e contextualizados, para os quais o tempo previsto para as aulas é insuficiente.

21

4. ORGANIZAÇÃO DO CICLO DE ESTUDOS E METODOLOGIAS DE ENSINO16 A estrutura curricular do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenha-ria mecânica reflecte uma mudança de atitude de todos os participantes no processo formativo-perante a sociedade que decorre das mudanças culturais que se foram verificando ao longo dos últimos anos e da necessidade de antecipar algumas das tendências que se avizinham:

• A passagem de um ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um ensino baseado no desenvolvimento de competências em que os alunos devem ser encoraja-dos a desenvolver uma atitude mais activa e com uma componente de auto-estudo mais acentuada. Esta mudança requer alterações profundas na forma de ensinar e organizar as unidades curriculares e de as alicerçar em de meios de estudo adequados.

• Embora assegurando uma forte componente científica, será necessário incrementar a comunicação, o trabalho em equipa, a criatividade e a experiência prática/laboratorial dos alunos.

• Os alunos devem ter mais flexibilidade e mobilidade para ajustar a sua formação, ante-cipando as necessidades do mercado onde pretendem integrar-se.

• Numa sociedade em constante mudança, onde os conhecimentos adquiridos hoje pode-rão ser obsoletos amanhã, os alunos devem ser estimulados a desenvolver competên-cias que lhes permitam efectuar uma aprendizagem ao longo da vida, de um modo fun-damentalmente auto-orientado ou autónomo com o objectivo de manterem-se actualiza-dos e de possuírem uma visão alargada sobre os diferentes domínios da engenharia mecânica.

• A mudança tecnológica que decorre da globalização, do aumento do custo da energia e das matérias-primas e das preocupações ambientais.

• A existência de meios informáticos (hardware e software) capazes de analisar e tratar problemas de engenharia mecânica com complexidade crescente e em áreas onde, tra-dicionalmente, não eram usados

Estes aspectos podem nem sempre ser directamente mensuráveis nos conteúdos das unidades curriculares na medida em que em muitos casos reflectem apenas diferentes maneiras de pen-sar, ensinar e aprender que devem ser incorporadas pelos alunos e, principalmente, pelos docentes e dirigentes académicos e científicos. A interdisciplinaridade da engenharia mecânica, por exemplo, não se repercute facilmente num curriculum constituído por unidades curriculares historicamente estanques. Este objectivo só se consegue alcançar através de um esforço con-certado em alargar os horizontes de aplicação das matérias leccionadas e introdução de traba-lhos de índole tendencialmente interdisciplinar.

16 Resposta à alínea e) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do

ensino superior

22

4.1 Estrutura do ciclo integrado. Princípios básicos O curso é constituído por unidades curriculares de competências transversais (CT), ciências básicas (CB), ciências de engenharia (CE), ciências da especialidade (CES) e por uma disser-tação de mestrado (DM) com características integradoras e/ou de investigação. Os princípios básicos que estiveram na base da organização do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica foram os seguintes:

• O curso tem um regime semestral com um número médio de 5 unidades curriculares por semestre. O modelo de organização pedagógica é baseado num máximo de 25 horas de contacto nos dois primeiros anos e de aproximadamente 22.5 horas nos anos subse-quentes. Estes valores representam um máximo de 40% do total de horas de trabalho dedicadas a aulas durante os dois primeiros anos e cerca de 37.5% nos anos seguin-tes17.

• O regime de 22.5 horas semanais é acompanhado por uma maior exigência de dedica-ção individual ao estudo e uma verdadeira avaliação contínua, exigindo mais trabalho fora das aulas por parte de alunos e docentes.

• O curso deve ser completado em 10 semestres, sendo o último primordialmente dedica-do à dissertação de mestrado.

• O tronco comum do curso é constituído por 39 unidades curriculares18 que se estendem ao longo de fieiras científico-pedagógicas até ao 9 semestre curricular.

• Para além do tronco comum, existem áreas de especialização em Produção, Sistemas e Energia

• As áreas de especialização são constituídos por unidades curriculares específicas de natureza obrigatória e opcional e por unidades curriculares opcionais que sendo trans-versais à totalidade das áreas de especialização, permitem reforçar a interdisciplinarida-de.

4.2 Formação por objectivos e aquisição de competências A organização temporal do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em enge-nharia mecânica estrutura-se em quatro etapas distintas, ao fim das quais se espera do aluno um conjunto bem definido de competências, conhecimentos e qualificações.

Etapa 1 - Final do 2º ano (4 semestres) Esta etapa, correspondente a uma forte componente da área das ciências básicas e uma parte inicial das ciências da engenharia, constitui-se como uma fase de índole marcadamente forma-tiva, que tem por objectivo fornecer, de forma integrada e com recurso à matemática, informa-ção quantitativa sobre os sistemas básicos da engenharia mecânica.

Pretende-se que os alunos adquiram as seguintes competências:

• Capacidade de interpretar e resolver problemas representados por modelos cuja solução exige a aplicação directa de matemática e informática.

17 Os valores apresentados são ainda menores no último ano do curso devido à dissertação de mestrado. 18 Este número inclui as unidades curriculares de Expressão Oral e Escrita e de Portfólio Pessoal.

23

• Comunicar efectivamente os resultados de trabalhos analíticos e compreender a literatu-ra que contem a aplicação directa e mínima de matemática.

• Compreender modelos matemáticos elementares de problemas de engenharia, nomea-damente aqueles cuja análise requer a utilização de elementos estatística, de álgebra linear e/ou conduz a problemas de cálculo diferencial e integral, de equações diferen-ciais lineares com condições iniciais ou de fronteira.

• Capacidade para integrar meios informáticos e métodos numéricos no desenvolvimento de modelos matemáticos elementares de problemas de engenharia.

• Formação em química, versando a estrutura atómica e molecular, reacções químicas e electroquímica dando assim os fundamentos para o conhecimento das propriedades dos materiais e dos fenómenos de corrosão.

• Formação em física onde são abordados os princípios e leis da mecânica e ondas, ter-modinâmica, óptica e electromagnetismo.

• Capacidade para seleccionar materiais e processos de alteração de propriedades baseada numa formação de base em ciência e engenharia de materiais.

• Compreensão básica de sistemas eléctricos e electromecânicos.

• Capacidade de utilização do desenho técnico assistido por computador na representa-ção de sistemas e produtos industriais.

• Compreensão dos conceitos básicos da mecânica aplicada e dos mecanismos de defor-mação de componentes estruturais sujeitos a esforços de tracção, flexão, e torção, actuando individual ou conjuntamente. Capacidade para dimensionar treliças, vigas e veios de transmissão.

• Capacidade para aplicar a abordagem sistémica em problemas de gestão, efectuar a sua formulação, reconhecer as metodologias adequadas à sua resolução e efectuar a sua aplicação.

Etapa 2 - Final do 3º ano (6 semestres) Nesta etapa, o aluno completará a aquisição de todas as competências em ciências básicas e em ciências da engenharia que lhe permitirão receber formação da especialidade nas diferentes áreas de especialização da engenharia mecânica, no IST ou noutra qualquer instituição de ensi-no universitário do espaço Europeu.

Saliente-se que do ponto de vista de aquisição de competências o aluno apenas recebe nesta fase uma formação introdutória e, consequentemente, muito limitada nos assuntos específicos de cada uma das diferentes áreas de especialização da engenharia mecânica.

Nesta etapa, pretende-se que os alunos adquiram as seguintes competências:

• Capacidade para resolver problemas simples através da aplicação de conceitos da mecânica dos materiais, da mecânica dos sólidos, da mecânica dos fluidos e da mecâ-nica computacional aplicados à engenharia mecânica.

• Capacidade para resolver problemas de engenharia que envolvam hidrostática e escoamento de fluídos incompressíveis e compressíveis e para compreender e caracte-rizar o funcionamento de bombas e turbinas.

• Capacidade para resolver problemas que envolvam vibrações de sistemas mecânicos e para avaliar, controlar e medir o ruído provocado por equipamentos industriais.

24

• Compreensão dos processos de tratamento de ar húmido e de combustão e capacidade para avaliar o desempenho energético e ambiental de sistemas reais de conversão de energia.

• Compreensão dos sistemas de automação presentes quer em unidades industriais quer em domótica e capacidade para resolver problemas de instrumentação, aquisição e condicionamento de sinal e análise de resultados, numa perspectiva de sistemas e sinais.

• Capacidade analisar e projectar sistemas de controlo automático.

• Capacidade para resolver problemas simples envolvendo plasticidade, atrito e desgaste de materiais e ferramentas e compreensão da forma como estes conhecimentos podem ser utilizados na análise de processos de fabrico que envolvam processamento mecâni-co de materiais.

Etapa 3 - Final do tronco comum (8/9 semestres) Esta etapa corresponde à conclusão do tronco comum da formação em engenharia mecânica podendo-se afirmar que todas as unidades curriculares do tronco comum têm por objectivo principal preparar o aluno para a aquisição de competências no domínio das ciências da espe-cialidade. Simultaneamente, pretende-se que o aluno adquira uma experiência intermédia, alar-gada mas ainda não completa, das aplicações práticas que são características das diferentes áreas de especialização da engenharia mecânica.

Nesta etapa, pretende-se que os alunos adquiram as seguintes competências:

• Domínio das metodologias de análise de tensões, deformações e instabilidade de estru-turas por recurso a métodos analíticos ou métodos numéricos baseados na utilização do método dos elementos finitos.

• Capacidade para conceber, projectar e optimizar elementos mecânicos de média com-plexidade envolvendo solicitações estáticas e de fadiga.

• Capacidade para integrar conhecimentos de modelação geométrica, métodos experi-mentais, modelação analítica e modelação numérica no projecto de elementos mecâni-cos.

• Compreensão dos fenómenos de transferência de calor envolvendo condução, convec-ção e radiação.

• Capacidade para seleccionar processos de fabrico e para sugerir eventuais alterações na concepção do produto em face do processo de fabrico.

• Capacidade para intervir profissionalmente na área da gestão de projectos, gestão da qualidade e gestão da manutenção.

• Conhecimentos na área da função produção/operações e desenvolvimento de compe-tências de gestão operacional que lhes permitam compreender as novas dinâmicas da competitividade associadas aos sistemas produtivos actuais.

• Capacidade de compreender e modelar os fluxos energéticos em sistemas industriais, em edifícios ou equipamentos complexos, no sentido de definir acções que permitam racionalizar o uso da energia, quantificando os benefícios económicos e ambientais des-tas acções.

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Etapa 4 - Final do curso (10 semestres) No final desta etapa estará concluída a formação geral em engenharia mecânica, complemen-tada com uma forte componente de projecto e de formação avançada numa área de especiali-zação (Produção, Sistemas ou Energia) e com opções formativas transversais a estas três áreas de especialização.

O aluno deverá estar preparado para efectuar a síntese de conhecimentos teóricos, práticos e experimentais, enquadrados por constrangimentos de natureza económica, social, ética e ambiental, adequados ao pleno exercício da profissão ao nível da concepção, projecto, fabrico, controlo e gestão de produtos, processos, equipamentos e sistemas energéticos e tecnológicos. O aluno deverá estar igualmente preparado para interpretar e resolver problemas específicos da sua área de especialização em engenharia mecânica.

A dissertação de mestrado deverá possuir um carácter integrador e/ou inovador de conheci-mentos, reflectindo a formação especializada.

4.3 Formação transversal Pretende-se com a formação em áreas transversais assegurar que o aluno de engenharia mecânica seja capaz de:

• Ter uma intervenção profissional e de liderança numa gama alargada de organizações industriais, serviços e investigação.

• Comunicar as suas conclusões, e os raciocínios a elas subjacentes, a especialistas, ou não, de forma clara e sem ambiguidades.

• Promover a inovação tecnológica e o empreendedorismo.

• Interagir em situações profissionais envolvendo agentes de cultura, educação e interes-ses diferentes.

• Ter preocupações ambientais e de sustentabilidade no desenvolvimento de estudos de engenharia mecânica.

• Ter uma atitude profissional, adulta e responsável, como cidadão informado que possui uma sólida formação humana e ética.

Neste tipo de formação inclui-se ainda a transmissão de conceitos relacionados com:

• A actividade do engenheiro mecânico e a sua interacção com o meio ambiente.

• Elementos básicos de gestão e de gestão de recursos humanos.

• Segurança industrial.

• Empreendedorismo de base tecnológica.

• Conhecimentos da realidade empresarial através de estágios em empresas.

26

4.4 Metodologias de ensino. Aulas, horários e sistemas de avaliação O Processo de Bolonha prevê a introdução de objectivos de aprendizagem (learning outcomes), expressos através dos Descritores de Dublin19. Estes descritores estão organizados em cinco categorias:

• Conhecimento e compreensão

• Aplicação de conhecimento e compreensão

• Formulação de juízos

• Competências de comunicação

• Competências de aprendizagem

A definição dos métodos pedagógicos de ensino, aprendizagem e avaliação a adoptar em cada unidade curricular encontra-se especificada através das competências visadas nessa unidade curricular, de forma a assegurar que se atinjam os objectivos de aprendizagem globais do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica. A realização de relatórios, exposições orais e exames orais é igualmente estimulada como forma de promover a capacidade de comunicação do futuro engenheiro.

A organização das aulas deverá fomentar a participação dos alunos, reduzir a sua passividade e encorajar o estudo independente, tornado possível pela redução da carga horária. De facto, o modelo de organização pedagógica é baseado num máximo de 25 horas de contacto relativas a aprendizagem presencial por semana nos dois primeiros anos e de aproximadamente 22.5 horas nos anos subsequentes o que permite que os alunos disponham de tempo de trabalho para as componentes de aprendizagem centradas no desenvolvimento autónomo.

As aulas de laboratório serão organizadas a partir de um modelo de gestão integrada de horá-rios de modo a institucionalizar o conceito de manhã (ou tarde) laboratorial e deverão ser coor-denadas interdisciplinarmente entre os responsáveis pelas diferentes unidades curriculares do curso.

Os métodos pedagógicos de ensino, aprendizagem e avaliação a adoptar em cada unidade cur-ricular e a organização do ciclo de estudos deverão estimular a realização de actividades extra curriculares que complementem a formação dos alunos (ex. aprendizagem de línguas estran-geiras, frequência de cursos de valorização profissional, realização de estágios em empresas, apoio aos laboratórios, organização e participação em eventos de divulgação e promoção da engenharia mecânica junto das empresas e dos cidadãos, etc.)

O sistema de avaliação que vai ser implementado no ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica é coordenado vertical e horizontalmente e inclui todas as formas de avaliação, formativa e somativa, que contribuam, ou não, para a classificação final20:

19 A Framework for Qualifications of the European Higher Education Area,

http://www.bolognabergen2005.no/Docs/00-Main_doc/050218_QF_EHEA.pdf. 20 Por avaliação formativa entende-se a avaliação que não contribui para a classificação do aluno na uni-

dade curricular, mas que o aluno tem de completar para poder obter aprovação. Implica que seja fornecida uma apreciação que permita ao aluno aquilatar do seu desempenho, como contributo para a orientação do seu trabalho de aprendizagem. Por avaliação somativa entende-se a avaliação que con-tribui para a classificação final do aluno na unidade curricular, independentemente de contemplar igual-mente objectivos formativos.

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Exames (escritos ou orais)

Os exames permitem avaliar o conhecimento e compreensão, a aplicação de conhecimento e compreensão e a formulação de juízos, embora, por limitações do tempo, o âmbito das ques-tões seja restrito, sobretudo em exames escritos. A utilização de questões ou problemas seme-lhantes, por exemplo, variando apenas alguns valores, permite o equívoco entre competências reais e o treino de problemas tipo, sem uma compreensão adequada dos conceitos subjacen-tes. Os exames escritos, dependendo da sua estrutura, podem permitir avaliar competências de comunicação escrita e, os exames orais, de comunicação oral. Este tipo de avaliação tem objectivos essencialmente somativos, embora a revisão de provas permita alguns efeitos forma-tivos, sobretudo no caso de o aluno se submeter a nova prova.

Testes

Os testes têm características idênticas às dos exames escritos. No entanto, circunscrevendo os conhecimentos que lhes estão associados, podem permitir aplicações mais complexas. Corre-se, por outro lado, o risco de compartimentação dos assuntos. A informação sobre a correcção dos testes, tendo lugar durante o decorrer da unidade curricular, tem efeitos formativos que permitem aos alunos orientar as suas aprendizagens.

Séries de problemas

As séries de problemas têm usualmente objectivos de avaliação formativa das competências de aplicação de conhecimento e compreensão, na medida em que os alunos realizem o esforço da sua resolução e lhes seja facultada a correcção do que fizeram, quer individualmente quer colectivamente (aulas de problemas). Permite igualmente uma apreciação, por parte do docen-te, das competências desenvolvidas pelos alunos, identificando défices de conhecimento e compreensão que podem ser posteriormente colmatados. Não tendo características adequadas a avaliação somativa, podem ser um pré-requisito de avaliação, ou seja, ser necessária a sua apresentação para obter aprovação na unidade curricular, ou ser um elemento de valorização da classificação.

Relatórios de projectos

Dependendo do âmbito e objectivos do projecto, os relatórios podem permitir a demonstração de todo o conjunto de competências, conhecimento e compreensão, aplicação de conhecimento e compreensão, formulação de juízos, competências de comunicação escrita e competências de aprendizagem. No entanto, a validade desta afirmação pressupõe que o trabalho foi efecti-vamente realizado pelo aluno ou, no caso de projectos de grupo, que houve efectiva participa-ção na sua realização. A aferição deste aspecto poderá ter lugar no quadro da sua discussão. Relativamente a outras formas de avaliação, tal como exames e testes, permitem a abordagem de questões mais complexas e contextualizadas na profissão, sendo mais adequados à avalia-ção da aplicação de conhecimento e compreensão e da formulação de juízos.

Os projectos deverão preferencialmente possuir carácter interdisciplinar de modo a promover a transferência de conceitos e metodologias não apenas entre unidades curriculares mas, se possível, entre as diferentes áreas do saber.

Os projectos deverão igualmente estimular a utilização intensiva de meios informáticos.

28

Relatórios de (e desempenho em) laboratórios

A avaliação das competências adquiridas no quadro dos laboratórios pode tomar a forma de relatórios dos trabalhos realizados, mais ou menos detalhados, e/ou a apreciação pelo docente do desempenho do aluno durante a sua realização. Os relatórios podem tomar a forma de sim-ples formulário de resultados (incluindo, por exemplo, um comentário aos resultados obtidos) ou de relatórios mais elaborados e fundamentados. As competências demonstradas serão diferen-tes, consoante a natureza do relatório, envolvendo tanto conhecimento e compreensão como aplicação de conhecimento e compreensão, dependendo dos requisitos de interpretação, tam-bém formulação de juízos, e, no caso de relatórios mais elaborados, competências de comuni-cação escrita. A apreciação pelo docente, realizada durante os laboratórios, pode incidir nas várias competências referidas, em que as competências de comunicação serão, neste caso, orais.

Os laboratórios deverão procurar assegurar uma formação integradora de carácter multidiscipli-nar de modo a promover a transferência de conceitos e metodologias não apenas entre unida-des curriculares mas, se possível, entre as diferentes áreas do saber.

Relatório de (e desempenho em) estágio

A demonstração das competências adquiridas em estágios (a realizar, por exemplo, no âmbito da unidade curricular de portólio pessoal) realiza-se através do respectivo relatório e dos con-tactos entre o aluno e quem oriente o estágio, um docente ou um elemento da organização onde seja realizado. As competências avaliadas, para além de conhecimento e compreensão, de aplicação de conhecimento e compreensão e de formulação de juízos, serão competências de comunicação, escrita no caso do relatório e oral no acompanhamento, bem como competên-cias de aprendizagem.

Dissertação

A dissertação de mestrado permite demonstrar competências do mesmo tipo das consideradas nos relatórios de projectos, embora com um nível de aprofundamento acrescido, na medida em que pressupõe um trabalho original, e, em consequência, competências de aprendizagem. A dissertação de mestrado deverá possuir características integradoras (multidisciplinares) e/ou de investigação e implicará obrigatoriamente a sua discussão pública por um júri, pelo que envolve de forma evidente as competências de comunicação, tal como a discussão de relatórios.

Discussão de relatórios de projectos ou de estágios

As discussões de relatórios, supondo uma apresentação e incidindo sobre o seu conteúdo, permitem, para além das competências referenciadas para os relatórios, a demonstração de competências de comunicação oral. Permitem, ainda, a demonstração de que o trabalho foi rea-lizado pelo próprio ou, no caso de trabalhos de grupo, de qual o seu nível de participação, con-firmando ou não a apreciação do relatório, como base para a avaliação somativa.

29

Apresentação de trabalhos

A apresentação de trabalhos pode ter lugar sem estar associada a relatórios escritos e ter amplitude diversa. Os alunos poderão ser solicitados a preparar um tópico que apresentam, por exemplo, para o conjunto dos colegas. A avaliação pode ser apenas formativa, através da apre-ciação qualitativa do docente e eventuais questões suscitadas pelos colegas, ou ser igualmente somativa, caso em que implica uma apreciação quantificada do docente. As competências são semelhantes à discussão de relatórios, mas com ênfase mais acentuado na comunicação oral.

E-avaliação

Associada à e-aprendizagem, a avaliação de competências realizada através de e-avaliação tem essencialmente uma função formativa. A sua utilização para avaliação somativa apresenta dificuldades de garantia de realização pelo próprio aluno (tal como referido para os relatórios de projectos) e, em consequência, limitações à sua utilização como (única) forma de avaliação somativa.

Os métodos pedagógicos adoptados foram concebidos com base nos objectivos de aprendiza-gem considerados para cada unidade curricular. A coordenação dos métodos pedagógicos, tan-to de ensino-aprendizagem como de avaliação, é essencial para assegurar a coerência do todo. Desta forma, a selecção dos métodos pedagógicos adoptados em cada unidade curricular incorporam uma componente visando os objectivos de aprendizagem gerais do curso, prevista no âmbito da respectiva coordenação pedagógica, e outra dos objectivos de aprendizagem específicos dessa unidade curricular.

O Anexo 2 inclui um quadro que está organizado por competências, usando as categorias dos Descritores de Dublin, e pelos métodos de aprendizagem, presencial e autónoma, e de avalia-ção que irão ser implementados no ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica.

30

4.5 Áreas de desenvolvimento curricular O curso é constituído por unidades curriculares de competências transversais (CT), ciências básicas (CB), ciências de engenharia (CE), ciências da especialidade (CES) e por uma disser-tação de mestrado com características integradoras (Tabela 3).

Unidade Curricular Tipo

Tronco Comum Cálculo Diferencial e Integral I CB

Álgebra Linear CB Química CB

Computação e Programação CB Desenho e Modelação Geométrica I CE

Expressão Oral e Escrita CT Cálculo Diferencial e Integral II CB

Probabilidades e Estatística CB Ciência de Materiais CB Mecânica e Ondas CB

Desenho e Modelação Geométrica II CE Análise Complexa e Equações Diferenciais CB

Gestão CT Materiais em Engenharia CE

Electromagnetismo e Óptica CB Mecânica Aplicada I CE

Matemática Computacional CB Sistemas Electricos e Electromecânicos CE

Mecânica dos Materiais CE Termodinâmica I CE

Mecânica Aplicada II CE Portfólio Pessoal CT

Mecânica dos Fluidos I CE Electrónica e Instrumentação CE

Mecânica dos Sólidos CE Termodinâmica II CE Vibrações e Ruído CE

Mecânica dos Fluidos II CE Controlo de Sistemas CE

Mecânica Computacional CE Automação Industrial CE Tecnologia Mecânica CE Transmissão de Calor CES Mecânica Estrutural CES Projecto Mecânico CES

Gestão de Projectos CT Gestão da Produção CES Gestão de Energia CES

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Unidade Curricular Tipo

Áreas de Especialização Enformação Plástica CES

Complementos de Tecnologia Mecânica CES Comportamento Mecânico Materiais CES

Orgãos de Máquinas CES Processos de Ligação CES

Maquinagem CES Fundição e Prototipagem Rápida CES

Controlo Óptimo CES Sistemas Inteligentes CES

Robótica de Manipulação CES Controlo Integrado da Produção CES

Sistemas Estocásticos CES Optimização e Decisão CES

Aerodinâmica CES Complementos de Transmissão de Calor CES

Combustão CES Motores Térmicos CES

Opções nas Áreas de Especialização

Dinâmica de Sistemas Mecânicos CES Máquinas Ferramenta CES

Transformação de Polímeros e Cerâmicos CES Projecto Integrado por Computador CES Materiais Compósitos Laminados CES

Desenvolvimento de Produto e Empreendedorismo CES Controlo de Sistemas Mecânicos CES

Sistemas Mecatrónicos CES Turbomáquinas CES

Equipamentos Térmicos CES Mecânica dos Fluidos Computacional CES

Climatização de Edifícios CES Energias Renováveis CES

Frio Industrial CES Métodos Experimentais em Energia e Ambiente CES

Opções Gerais

Metrologia e Qualidade CES Tribologia e Manutenção CES

Segurança Industrial CT Ecologia Industrial CT

Programação por Objectos e Bases de Dados CES Energia nos Transportes CES

Inovação e Desenvolvimento Sustentável CT

Dissertação de Mestrado

Tabela 3 – Unidades curriculares do curso de engenharia mecânica (áreas de especialização de produção, sistemas e energia).

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Competências transversais (CT) Estas competências vão sendo desenvolvidas ao longo do curso e estão reforçadas através de unidades curriculares de expressão oral e escrita, portfólio pessoal, gestão, gestão de projec-tos, empreendedorismo, segurança industrial, ecologia industrial e inovação e desenvolvimento sustentável.

Ciências básicas (CB) A área das ciências básicas constitui-se numa componente de índole marcadamente formativa com o objectivo de obter de forma integrada, e com recurso à matemática e à física, informação quantitativa sobre o comportamento dos sistemas através do estabelecimento e análise de modelos matemáticos representativos da realidade física.

A área das ciências básicas inclui ainda a formação em computação e programação, química e ciência de materiais.

Ciências de engenharia (CE) No conjunto das ciências de engenharia pretende-se fornecer ao aluno de engenharia mecânica uma aprendizagem horizontal das matérias sobre as quais possam assentar, subsequentemen-te, o conhecimento específico das diferentes áreas de especialização de engenharia mecânica. Incluem-se neste conjunto as áreas de electrotecnia, mecânica aplicada, controlo automação e informática industrial, projecto mecânico e materiais estruturais, mecânica estrutural e computa-cional, termofluídos e tecnologias de conversão de energia, ambiente e energia e tecnologia mecânica e gestão industrial.

Ciências da especialidade (CES) As ciências da especialidade devem conferir ao aluno de engenharia mecânica a confiança e o conhecimento necessários para tratar qualquer problema de engenharia mecânica, conceber e projectar novos produtos e serviços associados à sua profissão com uma atitude profissional e responsável.

Em face do exposto o peso relativo dos diferentes tipos de unidades curriculares do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica é o seguinte21:

• Competências transversais (5.5%)

• Ciências básicas (22.5%)

• Ciências de engenharia (35%)

• Ciências da especialidade e dissertação de mestrado (37%)

Refira-se que a organização que é proposta para o curso de engenharia mecânica se enquadra, em termos da percentagem de cada tipo de unidades curriculares (competências transversais, ciências básicas, ciências de engenharia e ciências da especialidade), na tipologia proposta a nível nacional pela Ordem dos Engenheiros, e a nível internacional por organismos europeus que envolvem as associações profissionais congéneres.

21 Embora se atribuam 30 créditos ECTS à dissertação de mestrado, satisfazendo integralmente o que

está estipulado na legislação, considera-se que aproximadamente 10% destes créditos estão relacio-nados com temas não-técnicos relacionados com a expressão oral e escrita e com a capacidade de estruturar e efectuar a apresentação pública da dissertação.

33

4.6 Distribuição das unidades curriculares do tronco comum por semestres A distribuição das unidades curriculares do tronco comum por semestres encontra-se apresen-tada na tabela 4:

1º ANO ECTS ECTS Cálculo Diferencial e Integral I 6 Cálculo Diferencial e Integral II 7.5 Álgebra Linear 6 Gestão 4.5 Química 6 Ciência dos Materiais 6 Computação e Programação 6 Mecânica e Ondas 6 Desenho e Modelação Geométrica I 4.5 Desenho e Modelação Geométrica II 4.5 Expressão Oral e Escrita 1.5 Portfólio Pessoal 1.5

Total 30 Total 30 2º ANO ECTS ECTS Análise Complexa e Equações Diferenciais 7.5 Probabilidades e Estatística 6 Matemática Computacional 4.5 Sistemas Eléctricos e Electromecânicos 6 Materiais em Engenharia 6 Mecânica dos Materiais 6 Electromagnetismo e Óptica 6 Termodinâmica I 6 Mecânica Aplicada I 6 Mecânica Aplicada II 6

Total 30 Total 30 3º ANO ECTS ECTS Mecânica dos Fluidos I 6 Mecânica dos Fluidos II 6 Electrónica e Instrumentação 6 Controlo de Sistemas 6 Mecânica dos Sólidos 6 Mecânica Computacional 6 Termodinâmica II 6 Automação Industrial 6 Vibrações e Ruído 6 Tecnologia Mecânica 6

Total 30 Total 30 4º ANO ECTS ECTS Transmissão de Calor 6 Gestão de Projectos 6 Mecânica Estrutural 6 Projecto Mecânico 6 6

Total 24 Total 6 5º ANO ECTS ECTS Gestão da Produção 4.5 Gestão de Energia 4.5

Total 9

Tabela 4 – Unidades curriculares do tronco comum.

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O tronco comum da formação do engenheiro mecânico estende-se até ao 9º semestre curricular de trabalho e a generalidade das unidades curriculares da especialidade, que caracterizam as diferentes áreas de especialização da engenharia mecânica, apenas fazem parte integrante do plano curricular dos 8º e 9º semestres de trabalho.

4.7 Distribuição das unidades curriculares nas áreas de especialização As áreas de especialização são constituídos por unidades curriculares específicas de natureza obrigatória e opcional e por unidades curriculares opcionais que são transversais à totalidade das áreas de especialização (Tabelas 5, 6 e 7).

As unidades curriculares opcionais que se encontram incluídas nas Tabelas 5, 6 e 7 podem ser efectuadas na área de especialização frequentada pelo aluno ou numa outra área de especiali-zação do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica. Existe ainda a possibilidade destas unidades curriculares opcionais poderem ser realizadas noutro curso do Instituto Superior Técnico após parecer favorável do coordenador do ciclo de estudos. O Anexo 3 apresenta uma visão de conjunto das diferentes unidades curriculares opcionais que podem ser frequentas pelos alunos das diferentes áreas de especialização do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica.

A consulta das Tabelas 5, 6 e 7 e do Anexo 3 permite concluir que as unidades curriculares opcionais permitem reforçar a formação na área de especialização frequentada pelo aluno ou, alternativamente, permitem complementar a formação a formação do aluno através de unidades curriculares retiradas das restantes áreas de especialização (ou até de outros cursos do IST). Na segunda hipótese o ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenha-ria mecânica deixa, em termos práticos, de estar organizado em áreas de especialização para adoptar uma estrutura mista resultante da associação entre uma área de especialização princi-pal (onde são realizadas 5 a 7 unidades curriculares obrigatórias) e uma área de especialização secundária (onde podem ser realizadas até um número máximo de 3 unidades curriculares opcionais – ver exemplo incluído no Anexo 4).

Interessa referir a este propósito que a organização da área de especialização de produção que resulta da associação das valências formativas nas áreas de projecto e de fabrico já contém, ainda que de forma indirecta, o conceito de área de especialização principal e secundária que foi referida anteriormente.

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Área de especialização de Produção

4º ANO ECTS ECTS Transmissão de Calor 6 Gestão de Projectos 6 Mecânica Estrutural 6 Orgãos de Máquinas 6 Projecto Mecânico 6 Processos de Ligação 6 Enformação Plástica 6 Maquinagem 6 Comportamento Mecânico Materiais 6 Opção Especialidade 1 (1 Disciplina) Dinâmica de Sistemas Mecânicos 6 Máquinas Ferramenta 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6

Total 30 Total 30 5º ANO 5º ANO ECTS ECTS Gestão da Produção 4.5 Dissertação de Mestrado 30 Gestão de Energia 4.5 Fundição e Prototipagem Rápida 6 Opção Especialidade 2 (1 Disciplina) Transformação de Polímeros e Cerâmicos 4.5 Projecto Integrado por Computador 4.5 Opção Especialidade 3 (1 Disciplina) Materiais Compósitos Laminados 6 Desenvolvimento de Produto e Empreendedo-rismo 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6 Opção Geral (1 Disciplina) Metrologia e Qualidade 4.5 Tribologia e Manutenção 4.5 Segurança Industrial 4.5 Ecologia Industrial 4.5 Programação por Objectos e Bases de Dados 4.5 Energia nos Transportes 4.5 Inovação e Desenvolvimento Sustentável 4.5 UC de Qualquer Área de Especialização 4.5

Total 30

Tabela 5 – Unidades curriculares (UC) da área de especialização de produção.

22 A título excepcional e sujeito a parecer favorável do coordenador do ciclo de estudos integrado condu-

cente ao grau de mestre em engenharia mecânica poderá ser autorizada a frequência de unidades curriculares de qualquer curso do IST do mesmo semestre curricular e com igual número de créditos ECTS.

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Área de especialização de Sistemas

4º ANO ECTS ECTS Transmissão de Calor 6 Gestão de Projectos 6 Mecânica Estrutural 6 Sistemas Inteligentes 6 Projecto Mecânico 6 Robótica de Manipulação 6 Complementos de Tecnologia Mecânica 6 Controlo Integrado da Produção 6 Controlo Óptimo 6 Opção Especialidade 1 (1 Disciplina) Controlo de Sistemas Mecânicos 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6

Total 30 Total 30 5º ANO 5º ANO ECTS ECTS Gestão da Produção 4.5 Dissertação de Mestrado 30 Gestão de Energia 4.5 Sistemas Estocásticos 6 Optimização e Decisão 4.5 Opção Especialidade 2 (1 Disciplina) Sistemas Mecatrónicos 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6 Opção Geral (1 Disciplina) Metrologia e Qualidade 4.5 Tribologia e Manutenção 4.5 Segurança Industrial 4.5 Ecologia Industrial 4.5 Programação por Objectos e Bases de Dados 4.5 Energia nos Transportes 4.5 Inovação e Desenvolvimento Sustentável 4.5 UC de Qualquer Área de Especialização 4.5

Total 30

Tabela 6 – Unidades curriculares (UC) da área de especialização de sistemas.

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Área de especialização de Energia

4º ANO ECTS ECTS Mecânica Estrutural 6 Gestão de Projectos 6 Transmissão de Calor 6 Complementos de Transmissão de Calor 6 Projecto Mecânico 6 Combustão 6 Complementos de Tecnologia Mecânica 6 Aerodinâmica 6 Opções Especialidade 1 (2 Disciplinas) Turbomáquinas 6 Equipamentos Térmicos 6 Mecânica dos Fluidos Computacional 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6

Total 30 Total 30 5º ANO 5º ANO ECTS ECTS Gestão da Produção 4.5 Dissertação de Mestrado 30 Gestão de Energia 4.5 Motores Térmicos 6 Opção Especialidade 2 (1 Disciplina) Energias Renováveis 4.5 Frio Industrial 4.5 Métodos Experimentais em Energia e Ambiente 4.5 Opção Especialidade 3 (1 Disciplina) Climatização de Edifícios 6 UC de Qualquer Área de Especialização22 6 Opção Geral (1 Disciplina) Metrologia e Qualidade 4.5 Tribologia e Manutenção 4.5 Segurança Industrial 4.5 Ecologia Industrial 4.5 Programação por Objectos e Bases de Dados 4.5 Energia nos Transportes 4.5 Inovação e Desenvolvimento Sustentável 4.5 UC de Qualquer Área de Especialização 4.5

Total 30

Tabela 7 – Unidades curriculares (UC) da área de especialização de energia.

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5. ORGANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA EM ESCOLAS DE REFERÊNCIA DO ESPAÇO EUROPEU23

O CLUSTER (Consortium Linking Universities of Science and Technology for Education and Research) ao qual o IST se encontra ligado como membro efectivo desde Julho de 2005 integra um conjunto de universidades Europeias de grande prestígio e visa promover a excelência no ensino graduado e pós-graduado e na investigação científica. Os membros do CLUSTER defendem a criação de um espaço de ensino europeu, na linha do Processo de Bolonha, e estão ligados através de uma convenção sobre reconhecimento mútuo de graus académicos. Este reconhecimento permite aos alunos de qualquer uma das escolas prosseguirem estudos noutra escola do consórcio.

As universidades do CLUSTER reflectem o modelo de formação que foi adoptado pelas princi-pais universidades dos respectivos países. A organização e estrutura curricular dos cursos de engenharia mecânica destas universidades pode ser consultada através de apontadores exis-tentes na página internet www.cluster.org.

A Tabela 8 apresenta um quadro resumo que foi elaborado com base na consulta das páginas Internet das diferentes Universidades do CLUSTER e numa recolha de informações que foi rea-lizada durante o ‘CLUSTER Seminar about Horizontal Mobility and BSc Programmes’ que se realizou em Estocolmo nos dias 10 e 11 de Junho de 2005.

A inclusão desta tabela resulta da necessidade de escolher um modelo de organização da for-mação superior do IST, em conformidade com aquilo que está a ser implementado nas princi-pais universidades Europeias e do interesse estratégico em privilegiar a mobilidade dos estu-dantes e facilitar a concretização de parcerias de formação, nomeadamente os compromissos assumidos pelo IST como membro do CLUSTER.

A análise da Tabela 8 permite concluir que os cursos de engenharia mecânica das diferentes escolas de engenharia do CLUSTER são perspectivados e organizados de uma forma integra-da em que o objectivo da formação é o grau de mestre. Neste sentido, o diploma do 1º ciclo é quase sempre entendido como um diploma de mobilidade e não como um diploma de empre-gabilidade. De facto, sendo o objectivo da formação a obtenção do grau de mestre e sendo os planos curriculares organizados de uma forma integrada tendo em vista a concretização do objectivo final da formação não faz sentido interromper artificialmente o ciclo de estudos no final do 1º ciclo24.

Interessa ainda salientar que na generalidade dos países do espaço Europeu onde não existe legislação que permita organizar ciclos de estudos integrados conducentes ao grau de mestre, existe flexibilidade para que os alunos se possam inscrever em unidades curriculares do 2º ciclo sem que tenham ainda concluído a totalidade do 1º ciclo. Por outras palavras, a generalidade das legislações que apenas contemplam esquemas de organização da formação em dois ciclos não criam obstáculos à progressão dos alunos que ainda não tenham concluído a totalidade do 1º ciclo, salvaguardando, desta forma, a não interrupção da formação integrada que é caracte-rística da engenharia mecânica25.

23 Resposta à alínea f) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do

ensino superior. 24 Referem-se a este propósito as quatro etapas distintas da formação por objectivos do ciclo de estudos

integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica que se encontram apresentadas no § 4.2 deste documento.

25 Esta situação não é incompatível com eventuais esquemas de precedências obrigatórias ou recomen-dadas entre algumas unidades curriculares (do 1º ou 2º ciclos) da mesma fieira científico-pedagógica.

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Em face do exposto e da informação incluída na Tabela 8 pode-se concluir que a quase genera-lidade das escolas de engenharia do CLUSTER possui organizações integradas da formação superior em engenharia mecânica que se perspectivam no espírito do ciclo de estudos integra-do conducente ao grau de mestre tal qual se encontra contemplado na actual legislação Portu-guesa.

Universidade Organização da formação superior em engenharia mecânica

KTH Stockholm O objectivo da formação é o 2º ciclo embora admitam algumas saídas profissio-nais (limitadas) no final do 1º ciclo.

Imperial College

O objectivo da formação é o 2º ciclo (MEng) tendo sido eliminado o 1º ciclo (BSc).

Possui um ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenha-ria mecânica com a duração de 4 anos porque tem um ano adicional de formação no ensino secundário onde é ministrada a formação de base em matemática e física.

As Universidades Inglesas que ainda atribuem o grau de BSc ao fim de 3 anos de formação apenas admitem algumas saídas profissionais limitadas para os seus alunos.

‘The Institutions of Engineers consider that the four-year Master of Engineering (MEng) degree provides the benchmark route for the formation of a professional engineer’

INP - Grenoble O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo é interno e não confere a capacidade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

Eindhoven University O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo não confere a capaci-dade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

TKK Helsinki O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo não confere a capaci-dade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

Karlsruhe

O objectivo da formação é o 2º ciclo, embora admitam que possam existir algu-mas saídas profissionais muito limitadas no final do 1º ciclo. A instituição aguarda legislação para implementar a formação em ciclo de estudos integrado conducen-te ao grau de mestre.

EPFL - Lausanne O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo não confere a capaci-dade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

TU Darmstadt O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo não confere a capaci-dade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

UC Louvain O objectivo da formação é o 2º ciclo. O diploma de 1º ciclo não confere a capaci-dade profissionalizante necessária à inserção no mercado de trabalho.

Politécnico di Torino O objectivo da formação é o 2º ciclo embora admitam que possam existir algumas saídas profissionais muito limitadas no final do 1º ciclo.

UPC - Barcelona Ainda não existe enquadramento legal para a implementação do Processo de Bolonha. Contudo, nos cursos de nível universitário, o objectivo da formação será o 2º ciclo.

Tabela 8 – Organização da formação superior em engenharia mecânica nas escolas de engenharia do CLUSTER.

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6. ORGANIZAÇÃO DO CICLO DE ESTUDOS EM FACE DE AVALIAÇÕES EXTERNAS26 O actual curso de engenharia mecânica do IST encontra-se acreditado pela Ordem dos Enge-nheiros e pela Fundação das Universidades Portuguesas. O curso foi igualmente objecto de uma avaliação internacional no ano de 1996 pelo International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education.

Todas as avaliações foram unânimes em considerar o curso de engenharia mecânica do IST como um curso de elevado nível, tendo as acreditações pela Ordem dos Engenheiros sido sempre atribuídas pelo período máximo de 6 anos.

No Anexo 627 incluem-se os resultados destas avaliações, merecendo um destaque especial o resultado da último processo de reacreditação do curso junto da Ordem dos Engenheiros onde se relevam os esforços que têm vindo a ser efectuados no domínio da actualização e apetre-chamento dos equipamentos laboratoriais.

De facto o programa de ‘Melhoria da Qualidade do Ensino’ que tem vindo a ser implementado no IST e no curso de engenharia mecânica em particular, já foi responsável por investimentos na ordem dos 600 k€ Euros em equipamento laboratorial de características didácticas para a generalidade das áreas científicas que são responsáveis por unidades curriculares.

Só desta forma se explica que o ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica tenha sido organizado com base numa componente laboratorial muito superior à do actual curso de engenharia mecânica e com uma gestão integrada destinada a promover a integração de actividades e a optimizar o tempo que nelas irá ser dispendido.

O problema da formação em ciências básicas associado a algumas lacunas na preparação dos alunos que entram no curso de engenharia mecânica foi igualmente objecto de atenção pelas comissões de avaliação externa do curso de engenharia mecânica. Neste sentido, o ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica foi elaborado com base numa profunda reorganização das unidades curriculares estruturantes de ciências básicas que foi efectuada ao nível da totalidade do Instituto Superior Técnico.

As avaliações externas também têm referido a necessidade de aumentar as competências transversais dos alunos tendo este assunto sido objecto de uma particular atenção na organiza-ção do ciclo de estudos. De facto, introduzem-se unidades curriculares de expressão oral e escrita e de portfólio pessoal que têm por objectivo ir ao encontro dos comentários das comis-sões de avaliação ao nível da formação de natureza humanística e do estímulo à prática de actividades extra-curriculares de interface com a sociedade. Estas actividades permitiram com-plementar a formação dos alunos através, por exemplo, da realização de cursos de valorização profissional e de estágios em empresas.

A componente de gestão foi igualmente reforçada com unidades curriculares de formação geral em gestão complementadas com unidades curriculares específicas ligadas à gestão de projec-tos, gestão da manutenção, gestão da qualidade, gestão de energia, gestão da produção, segu-rança industrial, ecologia industrial, inovação e desenvolvimento sustentável e empreendedo-rismo.

26 Resposta à alínea g) do nº 2 do artº 63 do Decreto-Lei referente a graus académicos e diplomas do

ensino superior. 27 O Anexo 6 foi incluído em suporte informático em formato .pdf. Os documentos fornecidos incluem os

pareceres de dois processos de acreditação da Ordem dos Engenheiros, duas avaliações da Fundação das Universidades Portuguesas e um processo de avaliação internacional realizado pelo International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education.

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As metodologias de ensino subjacentes ao ciclo de estudos pressupõem ainda o reforço da avaliação contínua em detrimento da avaliação final típica do ensino baseado na transmissão de conhecimentos e a elaboração de projectos e trabalhos de carácter interdisciplinar, que pro-movam a transferência de conceitos e metodologias não apenas entre unidades curriculares mas, se possível, entre as diferentes áreas do saber.

Interessa contudo salientar que os assuntos referidos anteriormente foram incorporados no pla-no de estudos do curso de engenharia mecânica sem prejuízo das componentes formativas que devem caracterizar a formação de engenheiros mecânicos das diferentes especialidades (pro-dução, sistemas e energia)28. De facto, o actual momento de mudança no ensino superior foi aproveitado para reorganizar e optimizar os objectivos e os programas das unidades curricula-res das diferentes áreas do saber de modo a reforçar a aquisição de competências noutros assuntos que, embora fossem reconhecidos como importantes, ainda não eram devidamente considerados.

Finalmente, é importante referir que a organização que é proposta para o curso de engenharia mecânica se enquadra, em termos da percentagem de cada tipo de unidades curriculares (competências transversais, ciências básicas, ciências de engenharia e ciências da especiali-dade), na tipologia proposta a nível nacional pela Ordem dos Engenheiros e a nível internacio-nal por organismos europeus que envolvem as associações profissionais congéneres.

28 Teria sido um erro se tal tivesse acontecido na medida em que o curso de engenharia mecânica do IST

sempre obteve excelentes classificações junto das diferentes comissões de avaliação externa. O IST tem sido ao longo da sua existência capaz de formar engenheiros mecânicos de elevada quali-dade justificando-se, portanto, que no novo quadro preconizado por Bolonha se proceda à organiza-ção do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre de maneira a manter ou reforçar os actuais níveis de qualidade e exigência. A missão e os objectivos institucionais do IST vão no sentido de formar engenheiros mecânicos de concepção com objectivos educacionais de natureza científico-tecnológica que sejam no mínimo idênticos aos actuais.

42

ANEXO 1 – Comunicado conjunto do CESAER e do CLUSTER acerca da organização da formação de cursos de engenharia

43

44

ANEXO 2 – Relação entre competências e métodos pedagógicos

Aprendizagem Avaliação

Competências Presencial Autónoma Formativa e somativa

Conhecimento e compreensão Aula teórica Estudo Exames e testes

Seminário E-aprendizagem Relatório (projecto ou estágio) + discussão/desempenho

Tutorial Estágio Dissertação

Visita de estudo E-avaliação

Orientação de trabalho Apresentação de trabalho

Séries de problemas

Aula de problemas Trabalho Exames e testes Aplicação de conhecimento e compreensão

Laboratório Estudo Séries de problemas

Tutorial Estágio Relatório + discussão/desempenho

Orientação de trabalho E-aprendizagem Dissertação

Apresentação de trabalho

E-avaliação

Formulação de juízos Tutorial Estudo Exames e testes

Orientação de trabalho Trabalho Relatório + discussão/desempenho

Estágio Dissertação

E-aprendizagem E-avaliação

Competências de comunicação Preparação de relatório Apresentação de trabalho

Módulos de expressão oral e escrita e de língua estran-geira

Trabalho em grupo Relatório

Discussão/desempenho

Dissertação

Competências de aprendizagem Tutorial Estudo Apresentação de trabalho

( de pesquisa)

Orientação de trabalho Pesquisa documental Relatório + discussão (de pesquisa)

Estágio Dissertação

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ANEXO 3 – Unidades curriculares opcionais em cada área de especialização

Este anexo apresenta uma visão de conjunto das diferentes unidades curriculares opcionais que podem ser frequentas pelos alunos das diferentes áreas de especialização do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica.

Área de Especialização de Produção

4º ano - Opção de Especialidade 1 - 6 ECTS (1 UC)

Combustão Complementos de Transmissão de Calor

Controlo de Sistemas Mecânicos Controlo Integrado da Produção

Dinâmica de Sistemas Mecânicos Equipamentos Térmicos Máquina Ferramentas

Mecânica dos Fluidos Computacional Robótica

Sistemas Inteligentes Turbomáquinas

UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção de Especialidade 3 - 6 ECTS (1 UC)

Climatização de Edifícios Desenvolvimento de Produto e Empreendorismo

Materiais Compósitos Laminados Motores Térmicos

Sistemas Estocásticos Sistemas Mecatrónicos

UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção de Especialidade 2 – 4.5 ECTS (1 UC)

Projecto Integrado por Computador Transformação de Polímeros e Cerâmicos

5º ano - Opção Geral – 4.5 ECTS (1 UC)

Ecologia Industrial Energia nos Transportes Metrologia e Qualidade

Programação por Objectos e Bases de Dados Segurança Industrial

Inovação e Desenvolvimento Sustentável Tribologia e Manutenção

UC de Qualquer Área de Especialização Legenda: Preto (UC da área de especialização em causa), Vermelho (UC de uma das outras duas áreas de especialização),

Roxo (UC gerais comuns a todas as áreas de especialização), Verde (UC de qualquer área de especialização15)

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Área de Especialização de Sistemas

4º ano - Opção de Especialidade 1 - 6 ECTS (1 UC)

Combustão Complementos de Transmissão de Calor

Controlo de Sistemas Mecânicos Dinâmica de Sistemas Mecânicos

Equipamentos Térmicos Máquina Ferramentas

Maquinagem Mecânica dos Fluidos Computacional

Órgãos de Máquinas Processos de Ligação

Turbomáquinas UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção de Especialidade 2 - 6 ECTS (1 UC)

Climatização de Edifícios Desenvolvimento de Produto e Empreendorismo

Fundição e Prototipagem Rápida Materiais Compósitos Laminados

Motores Térmicos Sistemas Mecatrónicos

UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção Geral – 4.5 ECTS (1 UC)

Ecologia Industrial Energia nos Transportes Metrologia e Qualidade

Programação por Objectos e Bases de Dados Segurança Industrial

Inovação e Desenvolvimento Sustentável Tribologia e Manutenção

UC de Qualquer Área de Especialização

Legenda: Preto (UC da área de especialização em causa), Vermelho (UC de uma das outras duas áreas de especialização),

Roxo (UC gerais comuns a todas as áreas de especialização), Verde (UC de qualquer área de especialização15)

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Área de Especialização de Energia

4º ano - Opção de Especialidade 1 - 6 ECTS (2 UC)

Controlo de Sistemas Mecânicos Controlo Integrado da Produção

Dinâmica de Sistemas Mecânicos Equipamentos Térmicos Máquina Ferramentas

Maquinagem Mecânica dos Fluidos Computacional

Órgãos de Máquinas Processos de Ligação

Robótica de Manipulação Sistemas Inteligentes

Turbomáquinas UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção de Especialidade 2 - 6 ECTS (1 UC)

Climatização de Edifícios Desenvolvimento de Produto e Empreendorismo

Fundição e Prototipagem Rápida Materiais Compósitos Laminados

Sistemas Estocásticos Sistemas Mecatrónicos

UC de Qualquer Área de Especialização

5º ano - Opção de Especialidade 3 – 4.5 ECTS (1 UC)

Energias renováveis Frio Industrial

Métodos Experimentais em Energia e Ambiente

5º ano - Opção Geral – 4.5 ECTS (1 UC)

Ecologia Industrial Energia nos Transportes Metrologia e Qualidade

Programação por Objectos e Bases de Dados Segurança Industrial

Inovação e Desenvolvimento Sustentável Tribologia e Manutenção

UC de Qualquer Área de Especialização

Legenda: Preto (UC da área de especialização em causa), Vermelho (UC de uma das outras duas áreas de especialização),

Roxo (UC gerais comuns a todas as áreas de especialização), Verde (UC de qualquer área de especialização15)

48

ANEXO 4 – Exemplo de organização desdobrada em áreas de especialização principais e secundárias

Este anexo tem por objectivo apresentar um exemplo de uma possível organização do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica em áreas de espe-cialização principal e secundária.

O exemplo diz respeito a uma formação principal na área de sistemas com uma formação secundária (ou complementar) na área de produção (dando ênfase às componente de fabrico (fundo laranja) e/ou projecto (fundo roxo)).

A introdução deste exemplo permite concluir que o modelo de organização do ciclo de estudos integrado conducente ao grau de mestre em engenharia mecânica é suficientemente flexível para em termos práticos permitir formações em áreas de especialização únicas ou em áreas de especialização principais e secundárias.

4º ANO ECTS ECTS Transmissão de Calor 6 Gestão de Projectos 6 Mecânica Estrutural 6 Sistemas Inteligentes 6 Projecto Mecânico 6 Robótica de Manipulação 6 Complementos de Tecnologia Mecânica 6 Controlo Integrado da Produção 6 Controlo Óptimo 6 Opção Especialidade 1 (1 Disciplina) Máquinas Ferramenta 6 Maquinagem 6 Processos de Ligação 6 Dinâmica de Sistemas Mecânicos 6 Órgãos de Máquinas 6

Total 30 Total 30 5º ANO 5º ANO ECTS ECTS Gestão da Produção 4.5 Dissertação de Mestrado 30 Gestão de Energia 4.5 Sistemas Estocásticos 6 Optimização e Decisão 4.5 Opção Especialidade 2 (1 Disciplina) Fundição e Prototipagem Rápida 6 Materiais Compósitos Laminados 6 Desenvolvimento de Produto e Empreende-dorismo 6 Opção Geral (1 Disciplina) Metrologia e Qualidade 4.5 Transformação de Polímeros e Cerâmicos 4.5 Tribologia e Manutenção 4.5 Projecto Integrado por Computador 4.5

Total 30

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ANEXO 5 – Resultados de avaliações externas

Os relatórios dos dois processos de acreditação da Ordem dos Engenheiros, das duas avalia-ções da Fundação das Universidades Portuguesas e de um processo de avaliação internacional realizado pelo International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education, foram digitalizados e são fornecidos em formato electrónico (*.pdf).

As tabelas seguintes têm por objectivo facilitar a identificação dos ficheiros que contêm cada um dos documentos que foram digitalizados.

Primeiro ciclo de avaliação da Ordem dos Engenheiros

(Ficheiro 1ºOE.pdf)

(Acreditação por um período de 6 anos)

Segundo ciclo de avaliação da Ordem dos Engenheiros (Ficheiro 2ºOE.pdf)

(Acreditação por um período de 6 anos)

50

Primeiro ciclo de avaliação da FUP

(Ficheiro 1ºFUP.pdf) Segundo ciclo de avaliação da FUP

(Ficheiro 2ºFUP.pdf)

International Committee of the European Pilot Project for the Evaluation of Higher Education

(Ficheiro European Pilot Project.pdf)