ciclo de doenças de plantas - controle químico

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    CONTROLE DE DOENAS DE PLANTAS

    CONTROLE QUMICO DE DOENAS DE PLANTAS

    1.1. Introduo

    O controle qumico de doenas de plantas , em muitos casos, uma medida bastante eficiente economicamente vivel para se garantir as altas produtividades e a qualidade da produo.

    Variedades de plantas cultivadas, interessantes pelo bom desempenho agronmico e pela preferncia doconsumidores, geralmente aliam uma certa vulnerabilidade a agentes fitopatognicos.

    O controle qumico de doenas de plantas praticado com maior intensidade nos paseeconomicamente mais desenvolvidos, onde a agricultura tecnologicamente mais avanada, com aplicao dmais insumos e previso de melhores colheitas.

    Entretanto, o controle qumico no deve ser considerado como alternativa nica para o controle dadoenas, mas sim deve estar integrado junto a um sistema de manejo que visa a adoo das outras prticas j

    vistas. No entanto, apesar dos esforos de obteno de cultivares resistentes para as doenas mais destrutivas dmuitas culturas importantes como alho, amendoim, batata, cebola, feijo, ma, morango, soja, tomate, dentroutras, ainda no se pode abrir mo do controle qumico para se obter uma produo econmica e estvel.

    1.2. Breve histrico do uso de substncias qumicas no controle de doenas

    Substncias com propriedades fungicidas j eram utilizadas pelas antigas civilizaes, embora dforma bastante emprica. Os povos daquela poca, atravs de suas experincias, descobriram a efetividade dcertos produtos contra o que denominavam de pestes.

    Entretanto, o progresso no conhecimento dos fungicidas ocorreu aps o sculo XVIII, graas aoavanos da qumica, durante os dois ltimos sculos.

    A seguir sero relatados alguns fatos interessantes durante a histria do desenvolvimento dos fungicidasEm 1883, Millardet na Frana acidentalmente descobriu o valor fungicida da calda bordalesa, par

    controlar o mldio da videira, constituindo-se, assim num marco na histria da utilizao dos fungicidas.Em 1886, uma formulao comercial de enxfre e cal lquida foi introduzida nos EUA, para controlar a

    cochonilha e a crespeira do pessegueiro. A mistura de enxfre-cal tornou-se, assim, o primeiro fungiciderradicante.

    Em 1889, C.M. Weed, em Ohio, usou pela primeira vez a mistura de fungicida com inseticida.Em 1908, Scott, tentando tornar a mistura enxofre-cal menos fitotxica, adicionou gua e ferveu at

    obter uma pasta que deveria ser diluda em volume maior de gua, antes de ser usada. Essa mistura denominouse calda sulfo-clcica.

    Em 1934, Tisdale e Williams, nos E.U.A., relataram a fungitoxicidade dos ditiocarbamatos. Est

    contribuio marcou o incio da era dos fungicidas orgnicos, embora s tenham entrado em produocomercial mais tarde.

    Em 1966, Von Schmeling e Harshal Kulka relataram a atividade sistmica fungicida dos derivados d1,4 oxathiins (carboxin e oxicarboxin) para tratamento de sementes e em atomizao para certos fungos dclasse Basidiomycetes.

    O ano de 1966, portanto, marca o incio da era dos fungicidas sistmicos.De 1970 para frente, numerosos fungicidas sistmicos, protetores e misturas de fungicidas foram

    desenvolvidos, mostrando que a importncia do controle de doenas por processos qumicos cada vez maior

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    No incio da dcada de 90 surgiu o difeconazole, para uso em manchas foliares de hortalias e doenas de finade ciclo em soja.

    Finalmente, no final da dcada de 90 surge o grupo das estrobilurinas, sendo o produto Azoxystrobin umdos mais vendidos no Brasil e no mundo.

    Novos grupos qumicos tm sido lanados como os SAR (systemic acquired resistance) que so o

    indutores de resistncia em plantas.

    4.3. Grupos de produtos utilizados

    Alm do uso dos fungicidas, o controle qumico das doenas pode ser feito mediante nematicidasinseticidas, herbicidas ou bactericidas.

    Alm de proporcionar um controle direto dos nematides fitopatognicos, os nematicidas podemcontrolar os nematides que so vetores de patgenos ou matar os nematides que promovem focos de infecpara fungos e bactrias.

    De modo anlogo, os inseticidas controlam insetos vetores de patgenos, tais como os cicadeldeos eafdeos transmissores de vrus, ou reduzem os danos devido a ataques de insetos que podem constituir focos de

    infeco.Tanto os nematicidas como os inseticidas podem atuar reduzindo o inculo na fonte como em trnsitoOs herbicidas so usados para prevenir a produo de inculo ao eliminar o hospedeiro alternado. Estes tambmpodem destruir as ervas daninhas que as vezes servem de hospedeiros a patgenos que atacam determinadocultivos. Certos vrus so particularmente suscetveis a esse procedimento de controle.

    Os parasitas fanergamos tambm so controlados mediante o uso de herbicidas, assim como diversofungos.

    O emprego de fungicidas deve ser associado sempre que possvel com outras prticas culturaiimportantes, tais como: destruio de restevas, rotao de culturas, tratamento de sementes, cultivareresistentes, etc., dando um enfoque de controle integrado, a fim de ser logrado maior xito. Por outro lado, ocontrole qumico deve ser, se possvel, inserido no contexto de um sistema de alarme contra doenas.

    O uso do termo fungicida, entretanto, restringiu-se a produtos qumicos capazes de prevenir infeco dtecidos de plantas por fungos fitopatognicos.Trs so as classes de substncias fungicidas: Fungistticas - paralisam o crescimento dos fungos,

    inibem a germinao dos esporos; Genistticas - inibem a esporulao e Erradicantes - matam os fungos.

    4.4. Princpios envolvidos e grupos de produtos

    Conforme estudado anteriormente, os diferentes grupos de produtos qumicos podem ser empregadosegundo os diferentes princpios de controle de doenas.

    Inseticidas e acaricidas atuam predominantemente pelo princpio da excluso, prevenindo disseminao dos patgenos, geralmente vrus, pela eliminao ou diminuio dos vetores;

    Herbicidas: atuam pela erradicao do patgeno junto com o hospedeiro, diminuindo a sobrevivncia a probabilidade de disseminao.Os nematicidas mais comuns so biocidas, com alto poder erradicante, devendo ser aplicados no sol

    antes do plantio.Fungicidas e bactericidas: envolvem vrios princpios

    Os inseticidas, acaricidas e herbicidas, no tendo ao direta sobre os agentes infecciosos maiimportantes (fungos, bactrias, vrus e nematides), no so muito utilizados no controle de doenas.

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    Os Fungicidas e bactericidas constituem um grupo com propriedades qumicas e biolgicas muitvariveis, podendo envolver vrios princpios de controle em funo da natureza do produto, da poca metodologia de aplicao e do estdio de desenvolvimento epidemiolgico da doena. Por exemplo, umbiocida, como o brometo de metila, s pode ser aplicado de modo erradicante e num ambiente sem hospedeiro; s fungicidas sistmicos tm potencial curativo; fungicidas protetores podem atuar tambm d

    maneira erradicante e sistmica.4.5. Controle de doenas com fungicidas

    O grupo mais importante de pesticidas utilizados para o controle de doenas de plantas o dofungicidas.

    O emprego de fungicidas no controle de doenas de plantas envolve um ou mais princpios de controlestudados anteriormente, dependendo da poca e metodologia de aplicao, da natureza da doena e dfungicida.

    Baseando-se no princpio em que se fundamenta predominantemente a sua aplicao, os fungicidaenvolvem:

    Proteo os fungicidas so aplicados na superfcie de plantas suscetveis sadias com o fim de impedia ocorrncia da doena;

    Erradicao - as substncias atuam diretamente sobre o patgeno, na fonte de inculo ou no hospedeirodoente com a finalidade de reduzir ou minimizar o inculo primrio dos patgenos;

    Imunizao consiste na aplicao de substncias em plantas suscetveis sadias com o fim de torn-loimunes s doenas;

    Quimioterapia baseia-se na aplicao de substncias em suscetveis doentes com o fim de cur-los.

    4.5.1 Propriedades dos fungicidasMuitas substncias qumicas so diferencialmente txicas ou inibidoras dos organismos.Este um aspecto essencial no controle qumico das doenas das plantas. As substncias qumica

    devem ser menos txicas planta cultivada do que aos organismos (fungos, bactrias, etc) que se pretendcontrolar.

    Um fungicida foliar protetor ou sistmico, na concentrao eficaz, deve matar aos fungos sem danificaa planta hospedeira. Esta toxicidade diferencial em parte a razo do grande incremento no uso de fungicidaorgnicos desde 1940.

    Ainda que muito eficazes contra os fungos, em geral causam menos danos s plantas que os fungicidainorgnicos. Tambm imperativo que o emprego das substncias qumicas nos cultivos sejam incuas para homem e animais, enfim, ao meio ambiente.

    Alguns termos so comumente usados em relao ao controle qumico (ver quadro abaixo)

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    4.5.2. Relao entre dose e reaoAs substncias qumicas que so ativas como fungicidas podem ter uma ampla gama de atividade

    biolgicas e afetar fungos, plantas e animais.Comumente, o uso seguro de um fungicida depende de uma toxicidade diferencial, de maneira que um

    dose especfica mate ou iniba os fungos sem prejudicar a planta ou ao homem. A razo desta toxicidadediferencial pode dever-se a que:

    o As substncias qumicas penetram nas membranas das clulas do fungo com mais rapidez que na

    do hospedeiro;o Pode suceder que o fungo no possa metabolizar o fungicida e transform-lo em, compostos meno

    txicos, enquanto que outras espcies (plantas) podem, faz-lo;o Pode ser que existam compostos metablicos intermedirios ou crticos que os fungicidas inativam

    no fungo e que estes mesmos compostos no sejam crticos para o metabolismo de outros organismos;o Pode haver outras razes desconhecidas; ouo Associao das razes acima citadas.

    Qualquer que seja a razo fundamental, o resultado final que algumas substncias que sbasicamente txicas para todos os organimos, quando utilizadas, em concentraes determinadas, controlamespecificamente aos fungos, sem prejudicar as plantas cultivadas.

    A relao da DE50 (dose efetiva que inativa ou inibe 50% da populao) do patgeno, e a DL50 d

    planta hospedeira um ndice da margem da segurana do uso de um fungicida em um cultivo determinado. Atoxidade de certos fungicidas para os microorganismos est vinculada a sua capacidade de penetrar amembranas celulares. A permeabilidade das membranas celulares se relaciona com a solubilidade dos lipdio(gorduras).

    Por outro lado, a toxicidade de um fungicida depende de suas propriedades fsicas e qumicas. Apropriedades fsicas que afetam a toxicidade so: o tamanho da partcula; polaridade; solubilidade diferenciaem gua e em lipdios; aderncia superfcie das folhas; tamanho e forma molecular; e evaporao. A

    TERMOS UTILIZADOS NO CONTROLE QUMICO

    Princpio ativo (p.a.): composio qumica (molcula) do componente do fungicidacom atividade txica.

    Tolerncia de resduo (TR): quantidade, em ppm, de resduo do fungicida permitidano produto vegetal comercializado.

    Poder residual (PR): espao de tempo, em dias, em que os resduos do fungicidaso txicos ao patgeno.

    Perodo de carncia (PC): espao de tempo, em dias, entre a ltima aplicao dofungicida e a colheita, para que no ocorram nveis de resduos acima dos toleradospara comercializao do produto vegetal.

    DL50: quantidade de produto qumico, em mg/kg de peso vivo do organismo, quecausa 50% de mortalidade na populao. Quanto menor a DL50 , mais txico oroduto.

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    propriedades qumicas envolvem reao diferencial entre o composto (fungicida) e os sistemas metablicoessenciais do parasita e do hospedeiro, assim como a estabilidade em condies variveis do ambiente.

    Entre os fatores que ocasionam limitaes no uso de fungicidas podemos citar: a) Valor econmicdas culturas; b) falta de conhecimento dos agricultores; c) fitotoxidez; d) incompatibilidade com outrodefensivos; e) morte de insetos entomfagos e insetos teis; f) problemas de resduos.

    4.5.3.Classificao dos fungicidasOs fungicidas podem ser classificados segundo vrios critrios. Aqui sero apresentadas a

    classificaes segundo a toxicidade, segundo a cronologia, ou seja a ordem de surgimento dos produtos finalmente a classificao segundo o modo de aplicao segundo o princpio envolvido.

    4.5.3.1. Classificao toxicolgica

    Classe I - Extremamente txico - rtulo vermelhoClasse II - Altamente txico - rtulo amareloClasse III - Medianamente txico - rtulo azulClasse IV - Pouco txico - rtulo verde

    4.5.3.2. Classificao cronolgica

    a) 1 GeraoFungicidas inorgnicos protetores e alguns com ao erradicante. Quanto natureza qumica

    destacam-se os fungicidas base de enxofre e cobre, amplamente utilizados na agricultura. Os fungicidas base de mercrio, inorgnicos ou orgnicos, utilizados em larga escala nas primeiras dcadas do sculo XX, hoje proibidos, fazem parte dessa gerao.

    b) 2 GeraoFungicidas protetores orgnicos introduzidos no controle de doenas de plantas a partir da dcada d

    1940. Constitui o conjunto de fungicidas atualmente mais utilizados no controle de doenas de plantaspossuindo largo espectro de ao. Os principais grupos de fungicidas dessa gerao so: ditiocarbamatosnitrogenados heterocclicos, dinitrofenis, fenis halogenados, nitro-benzeno halogenados, compostos diazonitrilas, guanidinas, orgnicos a base de enxofre, derivados de antraquinona e acetamida.

    c) 3 GeraoFungicidas sistmicos, como thiabendazole e de alguns antibiticos. Entretanto, o grande impulso n

    uso de fungicidas sistmicos teve incio com a descoberta do carboxin e do benomyl, no fim da dcada de 1960Os fungicidas sistmicos pertencem a uma classe de produtos diferentes dos existentes nas geraes anteriorespois so muito especficos no modo de ao e txicos a baixas concentraes. Os principais grupos d

    fungicidas dessa gerao so: carboxamidas, benzimidazis, dicarboximidas, inibidores da biossntese desteris, inibidores de oomicetos, inibidores da biossntese de melanina, fosforados orgnicos e antibiticos.

    4.5.3.3. Classificao segundo o modo de ao

    a) Fungicidas erradicantes ou de contatoH trs casos em que fungicidas erradicantes podem ter ao eficiente: no tratamento de sementes, de solo

    no tratamento de inverno. Os fungicidas erradicantes visam principalmente a diminuio do potencial d

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    inculo primrio. A eficincia exige desses fungicidas o seguinte: a) alta fungitoxocidade; b) capacidade datuao mesmo em presena de matria orgnica e; c) capacidade de penetrao nas clulas mortas.

    Tratamento de soloOs fungicidas de solo so essencialmente erradicantes e, em muitos casos, protetores. O

    sucesso dos fungicidas desse grupo est sujeito a uma srie de fatores, alguns dos quais muito mais complexodo que aqueles que atuam sobre os fungicidas das partes areas das plantas, isso porque, o fungicida ter quatuar num ambiente complexo onde est sujeito a sofrer interaes fsico-qumicas e biolgicas (maioredetalhes foram vistos na seo sobre o princpio de controle da erradicao).

    Tratamento de sementesOs fungicidas de sementes visam eliminar os patgenos transmissveis por sementes ou protege

    sementes e plntulas contra patgenos do solo (veja maiores detalhes no mdulo sobre tratamento de sementes)

    Tabela 5 Principais fungicidas erradicantes ou de contato

    PRODUTO CARACTERSTICAS

    Brometo de metila Produto gasoso aplicado sob cobertura plstica mantida por 24 a 48 horas.Esperar 7 dias antes do plantio.

    Metam sodium Dosagem de 120 mL do produto a 31% por m2 em solos arenosos. Aumentarpar 150 a 240 mL em solos argilosos. Encharcar o solo para forar a penetraodo fungicida a uma profundidade de 10 a 15 cm. Devido sua toxicidade fazerintervalo de 14 a 21 dias entre a aplicao e o plantio.

    Dazomet Aplicado com o adubo ou em suspenso aquosa, por meio de irrigao por asperso. Aps a aplicao, irrigar o solo permitindo sua penetrao at umaprofundidade de 15 cm. Manter o solo em repouso por pelo menos 14 a 21 dias,antes do plantio.

    Quintozene Persiste no solo e excelente para fungos que produzem esclercios(Rhizoctonia, Sclerotinia, Sclerotiorum, Botrytis, etc.). Aplicar no sulco de plantioou durante a semeadura. Usar de 300 a 600 g do produto a 75% por kg desemente de amendoim ou de algodo. Tambm se pode tratar todo o solo(canteiros) com 2 litros da calda por m2, obtida pela dissoluo de 300 a 750 gdo produto a 75% em 100 litros de gua.

    b) Fungicidas protetores ou residuais

    So aqueles aplicados nas folhagens, ramos novos, flores e frutos, funcionando predominantementcomo protetores. Tambm os fungicidas aplicados no tratamento de sementes so, na maioria dos casosprotetores, estando geralmente associados com ao erradicante e, em alguns casos, com ao curativa o

    teraputica.Quanto ao modo de ao, os fungicidas tpicos deste grupo so inibidores no epecficos de reaebioqumicas, afetando um grande nmero de processos vitais que so compartilhados por todos os organismovivos.

    H evidncias de atuao tanto na membrana como no protoplasma celular supondo ser ela maior noprotoplasma, onde maior o nmero de processos vitais.

    Para fungicidas metlicos, h evidncias de que o acmulo inicial e muitas reaes subseqenteocorrem sobre ou fora da membrana celular.

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    Fungicidas com alta atividade inica superficial como o Dodyne, podem reagir com grupos inico(sulfidrlicos, carboxlicos, etc.), situados na superfcie celular, interferindo irreversivelmente na permeabilidadda membrana e provocando extravasamento dos constituintes celulares. Tais produtos, entretanto, agem tambmfortemente na inibio enzimtica do metabolismo de carboidratos, possibilitando interpretar mudanas dpermeabilidade como efeitos secundrios da atuao intracelular.

    Captane Dichlone podem inibir simultaneamente muitas enzimas e coenzimas, particularmente as qucontm grupos sulfidrlicos, afetando inespecificamente um grande nmero de processos metablicos.Fungicidas metlicos, como os cpricos, tambm envolvem reaes com grupos sulfdrlicos; ma

    simultaneamente, inibem enzimas no dependentes do grupo sulfidrlico, como a sacarase, catalase, arginaseasparaginase, betaglucosidase, etc.

    O enxofre age como competidor de receptores de hidrognio, rompendo as reaes normais dhidrogenao e desidrogenao.

    Os bisditiocarbamatos, atravs do on isotiocianato, derivado de sua decomposio, reaginespecificamente com enzimas sulfidrlicas.

    Os principais fungicidas protetores so apresentados na Tabela 6.

    - Fungicigas protetores de folhagens

    Os fungicidas deste grupo, para serem eficientes em proteger as plantas dependem de uma srie dcaractersticas muitas vezes difceis de se conciliarem entre si, sendo isso motivo de fracasso de muitos docompostos qumicos candidatos a fungicidas. Vejamos cada uma dessas caractersticas de um fungicida protetode folhagens:

    o Fungitoxicidade e especificidade - O espectro de ao dos fungicidas varia grandementePortanto, no controle de determinados patgenos, o primeiro fator de sucesso a fungitoxicidade inerentassociado a especificidade. No se controla mldio da videira com enxofre, nem requeima da batata comKarathane, isso porque enxofre e Karathane so fungicidas especficos para odios. Mldio da videira se controlamelhor com calda bordalesa e requeima com Maneb ou Zineb.

    o Deposio e distribuio - Os fungicidas protetores, em geral, apresentam textura muito fina, s

    formulaes ps-molhveis ou secos, orgnicos ou inorgnicos, com baixa solubilidade, que podem sepulverizados ou polvilhados. Para que as partculas se depositem nas plantas, devem ter um momento adequadpara superar as foras repulsivas, de natureza eletrosttica ou oriundas de correntes de conveco, existentes naproximidades das superfcies vegetais. Alm do problema descrito anteriormente, para que ocorra uma bodeposio e redistribuio, devemos levar em considerao, tambm, o tamanho das partculas npolvilhamento e da gotcula no caso de pulverizaes.

    o Aderncia e cobertura - Os fungicidas protetores, cuja ao depende dos depsitos nasuperfcies tratadas, precisam aderir bem e cobrir o mximo possvel da superfcie tratada. A adeso e coberturadependem das propriedades do fungicida, da superfcie da planta, da formulao e do equipamento utilizadoUma das maneiras de melhorar a cobertura e aderncia diminuir o dimetro das gotas, o que produz um

    aumento na superfcie e na fora de adeso. Outra maneira adicionar espalhante, entretanto, isto geralmenteimplica na diminuio da tenacidade.

    o Redistribuio - Apenas o depsito do fungicida na superfcie foliar no garantir a efetividade doproduto, em condies de campo. Atualmente, por mais perfeita que seja a aplicao, sempre escapam espaoque ficam sem proteo. A tenacidade e a natureza do fungicida deve ser levada em considerao pois focomprovado que a redistribuio eficiente no caso da calda bordalesa cujas partculas so carregadas comcargas eletrocinticas positivas e tm grande tenacidade, mas ineficiente e mesmo prejudicial para o Zinebcujas partculas so carregadas com cargas eletrocinticas negativas e tem tenacidade menor.

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    o Tenacidade - a propriedade que tem os "depsitos" fungicidas de resistir ao intemperismo. Feitum "depsito" sobre a superfcie da planta, sob a ao do intemperismo ele reduzido a um resduo. Adiferena entre ambos constitui medida de tenacidade (depsito - resduo = tenacidade). Como regra tenacidade diretamente proporcional a insolubilidade dos "depsitos" e inversamente proporcional a toxidez.

    o Fitotoxidez - Um composto qumico pode ser excelente fungicida mas, se for fitotxico, n

    prtica, seu uso no controle de doenas pode ser limitado. Por exemplo, em cucurbitceas no se deve aplicarou se aplica com muitos cuidado, fungicidas a base de enxfre e de cobre. A ao fitotxica se manifesta pocrestamento, reduo de crescimento, queda de flores e frutos, pequena produo e reduo da fotossntese.

    o Toxidez ao homem e animais - Fungicidas no devem ser txicos ao homem e aos animaisprincipalmente aqueles aplicados diretamente na proteo de rgos comestveis, como no caso de hortaliasfrutas e gros de cereais.

    o Compatibilidade - Entende-se como compatveis duas substncias que, misturadas, napresentam alteraes em suas caractersticas. Em muitos casos interessante que fungicidas sejam compatveicom inseticidas, pois desejvel a aplicao simultnea visando controlar doenas e pragas. Em culturas, comoa do tomateiro, que est sujeita a muitas doenas e pragas, inclusive vetores de vrus, imprescindvel que o

    fungicidas recomendados sejam compatveis com os inseticidas. Quando ocorrer incompatibilidade, em alguncasos, a fitotoxidez pode ser aumentada.

    o Economia - Por mais eficiente que seja um fungicida sob todos os pontos de vista tcnico, o seemprego estar condicionado ao fator econmico. No s o preo entra nessa considerao, pois muitas vezes oque mais encarece a mo-de-obra e o equipamento.

    - Fungicidas protetores de ps-colheita

    Prejuzos considerveis so acarretados continuamente pelas doenas que incidem sobre frutas hortalias aps a colheita, durante o transporte, armazenamento e exposio a venda. Para se evitar os prejuzodecorrentes de inmeras podrides, esto sendo utilizados tratamentos fungicidas em escala cada vez maior. Osucesso desse grupo depende de sua capacidade em atingir o patgeno e do potencial de inculo nos locais ondse processem a germinao e a penetrao do patgeno.

    Aplicaes protetoras ps-colheita so feitas pela imerso do produto vegetal na calda fungicida, comono caso da banana imersa em calda de mancozeb. Entretanto, geralmente, em frutas como mamo e manga, tratamento protetor feito simultaneamente com banho trmico e os produtos preferidos so os sistmicoscomo o thiabendazol. Doenas causadas por fungosPeniccilium eRhizopus, que incidem durante ou depois dcolheita podem ser facilmente controlados pela aplicao superficial de um fungicida eficiente logo aps colheita. Por outro lado, doenas como antracnose e a podrido da coroa em banana, causada por Gloeosporiummusarum e a podrido de Botrytis do morangueiro so difceis de controlar com tratamento qumico apcolheita, pois a penetrao pode ter ocorrido no campo. Para tais doenas h necessidade de controle prvioantes da colheita, para que os tratamentos ps-colheitas surtam os efeitos esperados.

    O sucesso do controle ps-colheita depende tambm grandemente da fitotoxidez e da toxidez doresduos de fungicidas para os futuros consumidores. Por exemplo, o dixido de enxfre, o tricloreto dnitrognio e o difenil tm uso como fumigantes limitados pela fitotoxidez; os antibiticos, como estreptomicinaoxitetraciclina e clorotetraciclina, so eficientes para o controle de podrides moles em hortalias, mas tm seuuso proibido devido aos inconvenientes que apresentam para a sade humana.

    Tabela 6 Principais fungicidas protetores ou residuais

    GRUPO PRODUTO CARACTERSTICAS

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    Enxofre Enxofreelementar

    Tem como principal problema a fitotoxicidade principalmente emcucurbitceas sob temperaturas altas (26 a 30C) causando queimade folhas, desfolha e diminuio da produo. As vantagens doenxofre so a baixa toxicidade ao homem e aos animais domsticos eo baixo custo. Pode ser aplicado por polvilhamento ou pulverizao.

    Calda sulfo-clcica

    Recomendada nos tratamentos de inverno em fruteiras de climatemperado. Deve ser aplicada em menor dosagem do que a doenxofre, devido sua maior fitotoxidez, devido sua maior solubilidadeem gua com capacidade de penetrao na planta

    Cpricos Caldabordaleza

    Deve ser usada logo aps seu preparo. As dosagens das formulaesvariam de 0,5 a 1,3 kg de cada componente para 100 litros de calda.Pode ser fitotxica a cucurbitceas, rosceas, solanceas e crucferas,particularmente em tecidos jovens e em baixas temperaturas. Temsido pouco utilizada devido ser trabalhosa de preparar

    Cobres fixos Menos txicos e mais fcil preparo do que a calda bordaleza Inclui ohidrxido de cobre, oxicloreto de cobre, xido cuproso e sulfato bsicode cobre. Tem largo espectro de ao antifngica e antibacteriana ebaixa toxidez aos animais e ao homem. So amplamente utilizados na

    horticultura, fruticultura e cafeicultura

    Ditiocarbamatos Thiram Recomendado para tratamento de sementes.

    Ferban Em frutferas e ornamentais, controla ferrugem, antracnose e sarnadas rosceas e podrido parda do pssego. Em ornamentais, indicadopara controle de pinta preta e odio da roseira, ferrugem do cravo eseptoriose do crisntemo. Tambm tem boa ao contra os agentesde mldios e antracnoses de hortalias e mofo cinzento do fumo.

    Ziran Tem grande poder residual. Controla grande nmero de doenas,principalmente mldios e antracnoses. A eficincia no controle de pintapreta do tomateiro e da batata tornou o seu uso generalizado por voltade 1940 a 1950, em substituio calda bordalesa.

    Etilenobisditiocarbamatos Zineb Controla grande nmero de doenas, principalmente de hortalias efrutferas, devido a seu amplo espectro de ao antifngica e baixatoxicidade a plantas e animais. indicado no controle de mldios,podendo ter tambm ao acaricida, mostrando eficincia contra ocaro da falsa ferrugem dos citros.

    Maneb Indicado para grande nmero de doenas, particularmente mldios. Oproduto comercial deve ser armazenado em ambiente seco, pois sedegrada com facilidade em presena de umidade. Algumas cultivaresde maa e cucurbitceas so sensveis ao produto

    Mancozeb Indicado para hortalias e frutferas em geral. Apresenta efeito tnicoem alho e cebola, aumentando substancialmente a produo mesmo

    na ausncia de doenas. Indicado para o controle do caro da falsaferrugem dos citros.

    Compostos aromticos Chlorothalonil

    Fungicida de amplo espectro com boa atividade contra oomicetos(Phytophthora spp.), ascomicetos (Botryotinia, Mycosphaerella,Dydimella), basidiomicetos (ferrugens) e fungos imperfeitos (Alternariasolanie Colletotrichum gloeosporioides). Apresenta boa persistncia,apesar da considervel remoo inicial do depsito pela chuva.

    Dicloran Baixa toxicidade aguda a animais, seletivo para fungos formadores de

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    esclerdios (Sclerotinia, Botryotinia, Monilinia) e para Rhizopus,comumente envolvido em podrides de frutas e hortalias. Apresentabaixa fitotoxicidade. Deve-se, porm, evitar pulverizaes nas horasmais quentes do dia e misturas com formulaes inseticidas oleosas.

    Compostosheterocclicos

    nitrogenados

    Captan Controla grande nmero de doenas de frutas, hortalias e plantasornamentais. Por no afetar negativamente a qualidade do produto,tem sido empregado no controle de doenas de ma, pra, pssego,ameixa, morango e uva. relativamente ineficiente contra mldios,odios e ferrugens. De amplo uso tratamento de sementes, tendo emvista a proteo contra Pythium spp. e Rhizoctonia solani, importantescausadores de damping-off.

    Folpet Relacionado ao Captan porm mais eficiente no controle de manchapreta e odio da roseira e podrido parda do pssego. Eficiente nocontrole de sarna da macieira e antracnose e mldio de cucurbitceas.Em condies de alta temperatura e alta umidade, doses elevadaspodem ocasionar injrias em videira e em plntulas de cucurbitceas.

    Dyrene Controla doenas de tomateiro, batata e aipo, com um amplo espectrode ao fungitxica. No tomateiro apresenta alta eficincia contra pinta

    preta e septoriose e menor eficincia contra requeima. Mais utilizadocomercialmente sobre gramados para controlar helmintosporioses,fusariose e rizoctoniose.

    Protetores orgnicosadicionais

    Dodine Introduzido para controlar sarna da macieira, apresenta altafungitoxicidade inerente e destaca-se pela capacidade de melhorar acobertura por redistribuio. Alm disso, tem certa ao curativa,conseguindo eliminar o fungo da sarna da macieira 28 horas aps ainfeco.

    Dichlofluanid fungicida de amplo espectro, particularmente eficiente no controle deBotrytis spp., agente de mofo cinzento, em culturas frutferas eornamentais.

    c) Fungicidas sistmicos ou curativos

    Fungicidas dos dois grupos anteriores, tendo uma limitada capacidade de penetrao atravs da cutcula dhospedeiro ou sendo aplicado em condies que atenuam a fitotoxidez, no entram em contato com oprotoplasma vivo do hospedeiro e, assim no necessitam ser especficos para atuarem seletivamente contra patgeno.

    No caso de fungicidas curativos, entretanto, salvo algumas excees, importante que no sejamfitotxicos, tenham alta capacidade de penetrao e sejam translocados, uma vez que devem atuapredominantemente atuar dentro da planta.

    Os conhecimentos atuais levam a admitir que eles se movem, fundamentalmente, pelo apoplasto, termo que s

    refere ao conjunto no vivo na planta (paredes celulares, intercelulares, xilema), de forma ascendent(acropetal).Em consequncia de seu movimento via apoplasto, dependente da transpirao os fungicida

    sistmicos acumulam-se nas margens das folhas, enquanto que se d uma diminuio da sua concentrao nparte central daquelas e nos caules. Geralmente, a movimentao no simplasto (floema e protoplasma reduzida ou nula e, portanto, a movimentao basipetal (descendente) tambm o seja.

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    No caso de fungicidas aplicados no solo, d-se a absoro passiva pelas razes, o transporte atravs do xilemdo caule e das folhas e nestas o movimento faz-se para as regies de evaporao, atravs das paredes celularesresultando, assim, a acumulao dos fungicidas no vrtice e nas margens das folhas.

    A densidade dos estmatos desempenha um papel importante afetando a distribuio do fungiciddentro dos tecidos. Por exemplo, as ptalas, sem estmatos, no so irrigadas por fungicidas e o mesmo

    acontecer aos frutos com ndice de transpirao baixo relativamente as suas dimenses, como por exemplo tomate e as vagens de feijo.Evidentemente que fungicidas com possibilidade de circulao no simplasto teriam vantagens sobre os qu

    so transportados no apoplasto visto que seriam facilmente distribudos dentro da planta, e o movimentdescendente daria maior possibilidade no controle das doenas, pois, permitiria que um produto aplicado nafolhas fosse transportado para as razes.

    Todos os fungicidas sistmicos so potencialmente capazes de agir curativamente, entretanto, na prticaobserva-se que sob o ponto de vista epidemiolgico, o mais importante princpio de controle envolvido naplicao de fungicidas sistmicos o da imunizao, porque o fungicida circulando na seiva e estando presentnos locais passveis de infeco torna a planta resistente aos patgenos..

    Como exemplo de imunizao cita-se a possvel formao da fitoalexina, hidroxiphaseolina, em sojtratada pela parte no fungitxica do Benomyl, a butilamina. O princpio ativo do Benomyl seria benzimidazocarbamato.

    Alguns antibiticos tm sido utilizados contra as doenas bacterianas. As plantas de feijoeiro se protegem dmancha do halo tratando-as com estreptomicina. A agrimicina (estreptomicina mais oxitetraciclina) exercatividade sistmica contra a bactria da queima da pereira (Erwinia amylovora): o problema que as bactriaadquirem resistncia rapidamente aos antibiticos. Os principais fungicidas sistmicos so apresentados nTabela 7.

    Tabela 7 Principais fungicidas sistmicos ou curativos

    GRUPO PRODUTO CARACTERSTICAS / INDICAES

    Carboxamidas Carboxin Para tratamento de sementes de cereais (contra carves e cries), de

    amendoim e de hortalias (Rhizoctonia solani).

    Oxicarboxin Semelhante ao carboxin, porm de fungitoxidade mais baixa e maisestvel. Controla ferrugens, particularmente no feijoeiro.

    Pyracarbolid Semelhante ao dois outros componentes do grupo, porm com potncialevemente maior. Formulaes oleosas tendem a ser fitotxicas emalgumas variedades de feijo e de cravo.

    Benzimidazois Benomyl Propriedades preventivas e curativas contra um amplo espectro defungos, dentre os quais os ascomicetos e os fungos imperfeitos (excetodematiceos). Alguns basidiomicetos, particularmente agentes decarves e cries, so muito sensveis.

    Carbendazin Semelhante ao benomyl porm menos eficiente no campo no controledas mesmas doenas.

    Tiofanatometlico

    Semelhante ao benomyl

    Thiabendazole Um dos poucos produtos permitidos em tratamentos ps-colheita demuitas frutas, como mamo e banana. Amplamente utilizado emtratamento de sementes.

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    Dicarboximidas Iprodione Em tratamento de sementes, do solo e de partes areas de um grandenmero de culturas: alface (podrido de Sclerotinia), alho (podridobranca), batata e tomate (pinta preta), cebola (mancha prpura), cenoura(queima das folhas), pssego (podrido parda), crisntemo, morango,videira (mofo cinzento)

    Vinclozolin Tem o mesmo espectro antifngico do iprodione, sendo, portanto,recomendado para o controle de doenas causadas porBotrytis,Sclerolinia, Sclerotium, Monilinia e Phoma.

    Procimidone Idntico aos dois anteriores

    Inibidores desntese de esteris

    Bytertanol Controla a ferrugem do gladolo e sarna da macieira.

    Cyproconazole Controla a ferrugem do cafeeiro com alta eficincia (excelente controle abaixa dose de 40 a 100 g por hectare)

    Propiconazole Controla doenas do amendoim (cercosporioses), banana (mal deSigatoka), caf (ferrugem), seringueira (mal das folhas), cevada e trigo(helmintosporioses, septorioses, ferrugens e odio), sendo preferido nacultura do trigo em funo de seu espectro de ao e de sua altaeficincia.

    Tebuconazole Controla doenas de cereais de inverno, particularmente trigo, onde tembom desempenho contra ferrugens, helmintosporioses, septorioses,odio, giberela e brusone.

    Triadimefon Controla ferrugens (caf, trigo, alho, gladolo), odios (cucurbitceas e decereais de inverno), sarna da macieira, etc.

    Triadimenol Em tratamento de sementes de cereais (cevada e trigo), visandocontrolar cries, helmintosporioses e odios.

    Tridemorph Especfico para odios em cucurbitceas e cereais. Em cevada, temmostrado alta eficincia, numa dosagem de 500 a 600 g do princpioativo/ha, apresentando poder residual de 4 a 5 semanas.

    Triforine Altamente eficiente no controle da sarna da macieira, ferrugem da roseirae odios em geral.

    Inibidores deoomicetos

    Propamocarb Tratamento erradicante do solo e protetor de sementes e plntulas,contra fungos dos gneros Pythium e Phytophthora, somente nafloricultura. Exibe boa atividade em rega, contra mldios de cucurbitceas,alface, crucferas e cebola. Mais eficiente contra Phytophthora do quecontra Pythium.

    Cymoxanil Controla requeima da batata e do tomateiro, mldio da videira e requeimae cancro estriado do painel da seringueira. Boa atividade preventiva ecurativa contra mldios de videira e cucurbitceas e requeima do tomate eda batata. Especialmente para mldio da videira, apresenta notveisefeitos curativos.

    Metalaxyl Recomendado no controle de requeima da batata e do tomate, mldio davideira e da roseira e requeima da seringueira. Em batata para controleda requeima pode ser aplicado na dosagem de 200 a 250 g de i.a/ha. vulnervel ao surgimento de populaes resistentes do patgeno,devendo ser formulado junto com um fungicida protetor (mancozeb,

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    cprico ou chlorothalonil).

    Efosite Controla doenas causadas por Phytophthora em abacaxi, abacate ecitros. No apresenta boa atividade contra requeima da batata e dotomateiro, mofo azul do fumo e podrido radicular da soja.

    Inibidores dabiossntese demelanina

    Bin Altamente eficiente no controle da brusone do arroz, mas sem efeitosobre outras doenas da cultura. A recomendao usual a pulverizaofoliar na dosagem de 200 a 250 g de i.a./hae, aplicado no final doemborrachamento. Havendo necessidade, pode-se fazer uma segundaaplicao, 21 dias aps.

    Pyroquilon Formulado em p molhvel, com 50% de princpio ativo, recomendadopara tratamento de sementes de arroz e de trigo, visando ao controle dabrusone. Em arroz, apenas uma aplicao de 800 g do produto comercialpor 100 kg de semente garante um perodo de controle de mais de 55dias, com um aumento mdio de produo de 30%

    Fosforadosorgnicos

    IBP Controla eficientemente a brusone do arroz, no apresentandofitotoxicidade quando aplicado adequadamente. Possui tambm efeitoinseticida. Recomendado em aplicaes foliares (2 a 3 pulverizaes) ou,preferivelmente, na gua do tabuleiro, em formulao granular.

    Pyrazophos Especifico a odios, recomendado para cucurbitceas, frutferas eornamentais. Absorvido pela folhagem e ramos novos, transloca-se naplanta. No absorvido pelas razes, no podendo ser aplicado viasementes ou solo.

    Antibiticos Aureomicina Eficiente no tratamento de sementes de crucferas, com ao teraputicacontraXanthomonas campestris pv. campestris, agente da podridonegra das crucferas. Imergir as sementes por 30 minutos em umasuspenso comtendo 1 a 2 g do antibitico por litro de gua; em seguida,por mais 30 rninutos, em uma soluo salina (20 g de sal de cozinha porlitro de gua), para evitar fitotoxicidade.

    Blasticidina Sistemicamente ativo contra bactrias e fungos, particularmentePyricularia oryzae, agente da brusone do arroz. mais fungitxica para ocrescimento micelial do que para germinao dos condios desse fungo.

    Cicloheximida Uuso limitado pela fitotoxicidade e pelo preo. Eficiente contra odios emplantas ornamentais e ferrugem do pinheiro branco

    Estreptomicina alguma eficincia no controle de crestamentos bacterianos do feijoeiro eda soja, canela preta da batata, mancha angular do pepino, podridonegra das crucferas, cancro do tomateiro, podrido mole da alface,requeima da batata e do tomateiro, mldio do brcolis e odio da roseira.

    A eficincia melhorada pela adio de 1% de glicerol e pela associaocom cobre. Mais comum no tratarnento de sementes pois aplicaesareas so de alto custo.

    Kasugamicina Desenvolvido para controle de brusone do arroz, com alta fungitoxicidadea Pyricularicz orizae, semelhante da blasticidina; atua tambm sobrebactrias fitopatognicas do gnero Pseudomonas.

    4.5.4. Resistncia de fungos a fungicidas

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    O nmero de fungos fitopatognicos resistentes a fungicidas, antes do advento dos fungicidasistmicos, era surpreendentemente pequeno. Assim, at por volta de 1967, problemas de resistncia de fungoa fungicidas, em condies de campo, se limitavam a alguns relatos, dentre os quais o de Penicillim digitatumP. italicum em relao ao bifenil e ao ortofenilfenato de sdio; de Tilletia foetida em relao ao BHC, aquintozene ou PCNB e ao tetracloronitroanisol; dePyrenophora avenae em relao aos organomercuriais.

    Acredita-se que os problemas de resistncia de fungos a fungicidas tm sido causados devido a usamplo e contnuo de fungicidas. Com o desenvolvimento de fungicidas sistmicos o que equivale dizerfungicidas mais especficos no seu modo de ao, como j era esperado, o problema de resistncia assumiinteresse prtico relevante. A seletividade, que permite a um fungicida atuar de maneira sistmica na plantaaumentando sua eficincia em relao aos no-sistmicos, , ao mesmo tempo, a causa de sua vulnerabilidade.

    Hoje, o nmero de relatos de fungos resistentes a fungicidas, mesmo levando em considerasomente a ocorrncia em condies de campo bastante grande e est em constante ascenso. Assim, desde jse conhecem linhagens de fungos, antes sensveis, que se tornaram resistentes a benomyl, tiofanato metlicothiabendazole, ethirimol, dodine e kasugamicina, entre outros. O maior nmero de relatos se relacionam aobenzimidazis, envolvendo, mais freqentemente, os fungosBotrytis cinerea, Cercospora spp, odios, Venturiinaequalis, Verticillium spp.,ePenicillium.

    Os fungos so organismos geneticamente maleveis e podem, atravs de mutaes, tornarem-sresistentes a fungicidas especficos que atuam em um ou poucos processos metablicos vitais. Com istolinhagens resistentes aparecem na populao de sensveis atravs de mutaes espontneas, sendo entselecionadas pela aplicao do fungicida. No se descarta, porm, a possibilidade de mutaes seremprovocadas pelo prprio fungicida, se bem que faltam ainda estudos que demonstrem inequivocamente capacidade mutagnica de tais produtos.

    As conseqncias do desenvolvimento de populaes de fungos resistentes a fungicidas podem sedesastrosas, tanto para o usurio, que pode perder toda sua produo por falta de um sucedneo de eficinciequivalente, quanto para o fabricante, que investiu alto na sua descoberta e no seu desenvolvimento. importante, portanto, que essas novas e poderosas armas do arsenal qumico sejam utilizadas com as estratgiacertas para diminuir esses riscos.

    A presso de seleo exercida pelo fungicida sistmico uma funo da extenso e durao dexposio, sendo tanto maior quanto maior a rea tratada com apenas um princpio ativo especfico; maior dosagem e o nmero de aplicaes e, portanto, o poder residual do produto; maior a taxa de infeco da doene mais favorveis s condies para ocorrncia de epidemias.

    Fungicidas para os quais se esperam problemas de resistncia no devem ser usados contra doenaque sejam adequadamente controladas com fungicidas convencionais (protetores) ou com outros mtodos dcontrole. Devem ser usados contra doenas em que a populao do patgeno resistente aumenta s lentamenteou pode ser controlada por uma combinao de fungicidas e mtodos culturais; o controle possa ser obtido uma baixa presso de seleo (uma ou duas pulverizaes/ estao).

    Dentre as Estratgias para preveno da resistncia de fungos, incluem-se:

    Emprego de fungicidas menos especficos Restringir a aplicao do fungicida vulnervel a perodos crticos; Reduzir a quantidade aplicada e a freqncia de aplicao a um mnimo necessrio para control

    econmico; Reduzir o perodo de contato e exposio do patgeno ao fungicida; Limitar a rea tratada com qualquer fungicida isoladamente;

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    Restringir a multiplicao de formas resistentes pelo uso de um segundo fungicida (em mistura)de preferncia um inibidor inespecfico;

    Usar dois fungicidas especficos em seqncia e no em mistura, quando adaptabilidade da formresistente menor do que a da sensvel

    Realizar monitoramento para detectar a presena de linhagens resistentes e mudando mtodos d

    controle antes que falhem.

    Informaes acerca de resistncia de fungos a fungicidas podem ser encontradas no website do FRAC- Fungicide Resistance Action Comittee (http://www.gcpf.org/frac) que um comit formado por grupos dtrabalho, com o objetivo de prolongar a efetividade dos fungicidas vulnerveis de encontrar resistncia e limitaas perdas da culturas. importante que os diversos segmentos envolvidos no controle qumico de doenas dplantas estejam conscientes dos problemas, causas e solues. Segundo Azevedo (2001) o treinamento por meide cursos, palestras e publicaes a respeito do assunto fundamental para todos os profissionais envolvidotanto na assistncia tcnica para agricultores.

    CONTROLE BIOLGICO

    1. INTRODUO

    O controle biolgico de doenas de plantas iniciou-se como cincia em 1926, quando B.B. Sanfordpublicou um trabalho sobre fatores que afetavam a patogenicidade de Streptomyces scabies, agente causal dsarna comum da batata. Em 1931, Sanford e W.C. Broadfoot empregaram pela primeira vez o termo controlbiolgico, em um artigo sobre o mal-do-p do trigo, causado porGaeumannomyces graminis var. tritici.

    No contexto do controle biolgico, doena o resultado de uma interao entre hospedeiro, patgeno diversos no patgenos que tambm habitam o stio de infeco e que apresentam potencial para limitar

    atividade do patgeno ou aumentar a resistncia do hospedeiro. Deste modo, os componentes do controlbiolgico so o patgeno, o hospedeiro e os antagonistas, sob a influncia do ambiente, todos interagindo numsistema biolgico.

    O controle biolgico de doenas de plantas pode ser definido como a reduo da densidade de inculou das atividades determinantes da doena, atravs de um ou mais organismos. Nesta definio, aatividades determinantes da doena envolvem crescimento, infectividade, agressividade, virulncia e outraqualidades do patgeno ou processos que determinam infeco, desenvolvimento dos sintomas e reproduo.

    2. MECANISMOS DAS INTERAES ANTAGNICAS

    O conhecimento dos mecanismos de antagonismo essencial no desenvolvimento de modelos racionai

    para a introduo de biocontroladores em agroecossistemas. Os mecanismos bsicos de antagonismo podem sedivididos em: Antibiose: interao entre organismos, na qual um ou mais metablitos produzidos pelo antagonista tm

    efeito negativo sobre o fitopatgeno, resultando na inibio do crescimento e/ou germinao. Competio: interao entre dois ou mais organismos empenhados na mesma ao, ocorrend

    principalmente por alimentos (carbohidratos, nitrognio e fatores de crescimento), por espao e por oxignio.

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    Parasitismo: fenmeno em que determinado microrganismo se nutre das estruturas vegetativas e/oureprodutivas do outro. Os hiperparasitas atacam hifas, estruturas de resistncia e de reproduo dofitopatgenos.

    Hipovirulncia: introduo de linhagem do patgeno menos agressiva ou no patognica, que podtransmitir esta caracterstica para as linhagens patognicas.

    Predao: quando um organismo obtm alimento a partir de fitopatgenos e de vrias outras fontes. Induo de resistncia: estmulo dos mecanismos de defesa do hospedeiro pela introduo dorganismos no patognicos e/ou seus metablitos e/ou linhagens fracas ou avirulentas do patgeno.

    Na prtica, provavelmente poucos organismos exeram um nico mecanismo antagnico. Um antagonistpode atuar atravs de um ou mais mecanismos, o que constitui uma caracterstica muito desejvel, pois achances de sucesso do controle biolgico sero aumentadas. Alm disso, os mecanismos no so mutuamentexclusivos ou excludentes, pois sua importncia relativa pode variar com as condies ambientais e estado ddesenvolvimento do agente biocontrolador e do fitopatgeno.

    3. SELEO DE MICRORGANISMOS ANTAGNICOS

    A seleo de microrganismos antagnicos constitui a base fundamental de todo o programa de controlbiolgico de doenas de plantas, determinando as chances de sucesso.

    Um protocolo de seleo de antagonistas para controle biolgico progride logicamente atravs de vrioestgios, sendo em teoria de in vitro (testes em placas de Petri e/ou lminas) para in vivo sob condiecontroladas (testes em plantas desenvolvidas em cmara de crescimento e/ou casa-de-vegetao) e, finalmentepara in vivo sob condies no controladas (testes em campo).

    Entretanto, a experincia tm demonstrado que testes de antagonismo "in vitro" devem ser utilizadoapenas para o entendimento dos mecanismos envolvidos no biocontrole.

    As principais caractersticas desejveis em um agente biocontrolador de doenas de plantas incluem:- Ser geneticamente estvel;- Ser efetivo a baixas concentraes;- No ser exigente em requerimentos nutricionais;- Ter habilidade para sobreviver sob condies adversas;- Ser eficiente contra uma vasta gama de patgenos em vrias hospedeiras;- Ser hbil para desenvolver em um meio de cultura barato em fermentadores;- Ser preparvel em uma forma de efetivo armazenamento;- Ser tolerante a pesticidas;- Ser compatvel com outros tratamentos fsicos e qumicos;- No ser patognico ao homem.

    A escolha da espcie ou isolado do antagonista depende de vrios fatores, sendo um dos mais importantea natureza do patgeno a ser controlado, o que pode auxiliar na seleo do mecanismo apropriado. A distinoentre atividade antagnica e capacidade de biocontrole necessita ser efetuada claramente, pois ummicrorganismo pode ser um excelente antagonista atravs de todos os testes realizados em condiecontroladas e no demonstrar atividade na natureza, simplesmente porque no coloniza o hospedeiro.

    Na Tabela 1 so apresentadas algumas doenas fngicas que tem sido pesquisadas visando o controlatravs de microrganismos antagonistas. Fungos dos gneros Trichoderma e Gliocladium, bem como bactria

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    dos gneroBacillus e Pseudomonas do grupo fluorescente, destacam-se dentre os agentes de biocontrole maiintensamente pesquisados e/ou utilizados.

    Tabela 1. Doenas de plantas, agentes causais e antagonistas estudados para o controle biolgico.

    Doenas Agentes causais AntagonistasTombamento deplntulas

    Rhizoctonia solani, Pythium Pseudomonas, Bacillus,Enterobacter, Trichoderma,

    Gliocladium

    Podrides desementes, razes ecaules

    Rhizoctonia, Pythium,

    Sclerotium, Phytophthora,

    Thielaviopsis, Sclerotinia,

    Gaeumannomyces

    Bacillus, Pseudomonas,

    Trichoderma, Gliocladium,

    Coniothyrium, Verticilium

    Murchasvasculares

    Fusarium, Verticilium Bacillus, Pseudomonas,

    Trichoderma, Talaromyces,Fusarium

    Manchas equeimas foliares Cercospora, Alternaria,Curvularia, Venturia Bacillus, Pseudomonas,Trichoderma, Athelia,Alternaria

    Ferrugens Puccinia, Uromyces,Melampsora, Cronartium

    Bacillus, Pseudomonas,

    Darluca, Scytalidium,

    Verticilium

    Mildios e odios Sphaerotheca, Podosphaera AmpelomycesCancros de caule Nectria Bacillus, TrichodermaPodrides de frutos Botrytis, Monilinia, Mucor,

    Penicillium, Rhizopus

    Bacillus, Enterobacter,

    Pseudomonas, Trichoderma,Gliocladium, leveduras

    Declnios dervoresHeterobasidium,

    ChondrosteremBacillus, Pseudomonas,

    Trichoderma, Cryphonectria,

    Peniphora

    4. ESTRATGIAS DE UTILIZAO DO CONTROLE BIOLGICO

    Na utilizao do controle biolgico de doenas de plantas trs amplas estratgias podem ser seguidas:a) Controle biolgico do inculo do patgeno;b) Proteo biolgica da superfcie da planta;c) Controle biolgico atravs da induo da resistncia.

    O controle biolgico do inculo do patgeno ocorre longe da planta hospedeira e envolve a destruio oumutilao do inculo do patgeno ou a preveno de sua formao, providos por rotao de culturas, arao aplicao de antagonistas em pr-plantio ou no sulco de plantio. A proteo biolgica da superfcie da plantocorre sobre a planta e agrupa a maior parte dos sucessos recentes do controle biolgico pela introduo massade antagonistas. A induo de resistncia ocorre dentro da planta, aplicada ao controle de viroses e patgenovasculares.

    O emprego de microrganismos como agentes de controle biolgico de fitopatgenos ocorrprincipalmente:

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    a) No tratamento de sementes;b) No tratamento do solo;c) No tratamento da parte area das plantas;d) No tratamento de ferimentos de poda.

    5. CONTROLE BIOLGICO DE PATGENOS DE SEMENTESO tratamento de sementes, mudas ou outros rgos de propagao com antagonistas pode promover

    proteo durante a germinao, emergncia, emisso de razes e brotos.Existem indicaes que os antagonistas protegem as sementes, mas no o sistema radicular. O maio

    sucesso com a microbiolizao de rgos de propagao, sem dvida, o controle da galha bacteriana(Agrobacterium tumefaciens) das rosceas com a estirpe K84 deAgrobacterium radiobacter.

    O tratamento de sementes com microrganismos antagnicos, denominado microbiolizao de sementespode proporcionar o controle de patgenos habitantes da superfcie das sementes e de patgenos veiculadopelo solo.

    Os principais organismos utilizados para tratamento de sementes so fungos (Aspergillus sppChaetomium spp, Gliocladium spp. e Trichoderma spp.) e bactrias (Agrobacterium radiobacter,Bacillus spp. Pseudomonas spp.).

    A nvel mundial, so registrados e utilizados para tratamento de sementes: Agrobacterium radiobacterpara o controle da galha da coroa das rosceas, causada por Agrobacterium tumefaciens; Pseudomonafluorescens, para o controle de Rhizoctonia e Pythium do algodoeiro; Bacillus subtilis, para o controle dRhizoctonia solani em amendoim.

    6. CONTROLE BIOLGICO DE PATGENOS HABITANTES DO SOLO

    A ocorrncia de doenas de plantas causadas por patgenos habitantes do solo indica a existncia de umdesequilbrio biolgico no solo. Assim, para obter um controle satisfatrio destas doenas h necessidade dconhecer as interaes existentes neste ambiente.

    Os patgenos habitantes do solo so controlados pela ao de medidas que atuam destruindo as unidadepropagativas (propgulos) prevenindo a formao do inculo no solo ou destruindo o inculo presentes emresduos infectados, reduzindo o vigor e a virulncia do patgeno, e promovendo o desenvolvimento daplantas.

    O controle biolgico de patgenos habitantes do solo pode ser obtido pela manipulao do ambiente e pelintroduo de antagonistas, tanto no solo quanto nos rgos de propagao das plantas.

    6.1. Manipulao do Ambiente

    A manipulao do ambiente do solo procura prevenir o aumento e a formao de inculo do patgenodesalojar os patgenos dos resduos das culturas, destruir os propgulos dos patgenos e estimular a populaode microrganismos benficos e/ou antagnicos.

    Como o controle biolgico raramente erradica os patgenos, o controle depende da manipulao dequilbrio biolgico existente no solo. As chances de sucesso do controle biolgico so aumentadas quantmaior e mais variada for a populao microbiana do solo, havendo necessidade de intensificar as atividades doantagonistas desejveis que esto presentes no solo.

    Esta intensificao das atividades pode ser obtida utilizando rotao de cultura; acrscimo de substratoorgnicos que estimulem os antagonistas; alterao do pH do solo a um nvel favorvel aos antagonistas desfavorvel aos patgenos; utilizao de mtodos de cultivo que melhorem a estrutura do solo; escolha d

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    poca de semeadura que seja mais favorvel ao desenvolvimento do hospedeiro e dos antagonistas que dopatgeno; acrscimo de materiais orgnicos que, por competio, reduzam a disponibilidade de nitrognioutilizao de irrigao que assegure o desenvolvimento do hospedeiro e favorea os antagonistas; seleo dmtodos de cultivo que favoream os antagonistas na profundidade do solo em que a infeco do hospedeiroocorre.

    6.2. Introduo de Antagonistas no Solo

    Para que os antagonistas sejam eficientes no desalojamento dos patgenos presentes no solo, um perodde tempo necessrio. Dessa forma, as estruturas dos patgenos podem ser parasitadas ou predadas ouinviabilizadas pela liberao de metablitos produzidos pelos antagonistas.

    7. CONTROLE BIOLGICO DE PATGENOS DA PARTE AREA

    Com a compreenso da natureza fsica, qumica e microbiolgica da superfcie foliar, tornou-slargamente reconhecido que grandes populaes de microrganismos epifticos vivem na superfcie foliar e scapazes de influenciar as espcies patognicas no processo de infeco das folhas e caules.

    7.1. Sucesso Microbiana na Superfcie das Folhas

    O ambiente da superfcie foliar difere sensivelmente daquele do solo, caracterizando-se pela ocorrncia dmaiores e mais rpidas variaes. Temperatura e umidade variam mais ampla e rapidamente, estando omicrorganismos expostos ao das chuvas. Outro aspecto importante a disponibilidade de nutriente(exsudatos foliares, resduos orgnicos, gros de plen, secrees de afdios, macro e microelementos, diversasubstncias orgnicas, etc.).

    Como conseqncia das mudanas no ambiente e na disponibilidade de nutrientes, ocorrem sensveialteraes nas populaes microbianas patognicas e epifticas da superfcie foliar.

    Os microrganismos do filoplano comumente encontrados so bactrias, leveduras e fungos filamentosos.No incio do desenvolvimento da planta, as bactrias constituem-se nas colonizadoras mais freqentes. Com

    o desenvolvimento do hospedeiro, ocorre o aumento a quantidade de acares nas folhas e, com isso, inicia prximo estgio da sucesso microbiana, marcada pelo aumento da populao de leveduras. Os esporos dofungos filamentosos, mesmo depositados na superfcie foliar permanecem dormentes. Entretanto, quando afolhas atingem o estdio de senescncia, a dormncia pode ser vencida, ocorrendo inclusive a colonizao dotecidos internos da planta. Assim, na senescncia, aumenta a populao de fungos filamentosos, que inclusivpassam a nutrir bactrias e leveduras.

    A sucesso apresentada considera a populao dominante nos diferentes estdios pois, de modo geral, odiversos microrganismos esto presentes simultaneamente, sendo este fato de relevante importncia para controle biolgico natural.

    O equilbrio da populao microbiana do filoplano pode ser facilmente quebrado pela influncia humanaA modificao da superfcie foliar e de seu microambiente pode ocorrer devido poluio ou aplicao dprodutos qumicos (fungicidas, inseticidas, herbicidas, hormnios, acaricidas e fertilizantes).

    Essas alteraes podem interferir na ocorrncia de doenas, pois haver uma reduo da populaomicrobiana saproftica, surgindo a oportunidade de desenvolvimento de um outro patgeno que tinhainicialmente, importncia secundria.

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    7.2. Controle Biolgico Natural

    Microrganismos parasitas de plantas constituem uma pequena frao dos habitantes das proximidades das superfcies dos rgos das plantas. A ocorrncia natural do controle biolgico comprovada pelamudanas causadas pelo emprego continuado de fungicidas.

    A populao de microrganismos antagnicos do filoplano consiste, basicamente, de bactrias e fungo(filamentosos e leveduriformes). Neste ambiente, a competio, a antibiose, o parasitismo e a induo deresistncia so intensas, resultando num controle natural de doenas foliares. possvel que o parasitismo seja mecanismo mais eficiente no controle biolgico natural, pois hiperparasitas, por viverem s custas do prpripatgeno, so menos sujeitos s variaes do ambiente.

    7.3. Utilizao de Antagonistas para Controle Biolgico

    A maneira usual de controlar biologicamente um patgeno do filoplano atravs da introduo dantagonistas na folha. Para ser bem sucedido, o antagonista deve, preferencialmente, multiplicar-se e colonizar superfcie da planta.

    Para cada patossistema existe um local mais apropriado para realizar a seleo de antagonistas. Nentanto, as chances de obteno de microrganismos efetivamente antagnicos so aumentadas fazendo-sisolamentos no prprio ambiente onde os antagonistas sero utilizados. A utilizao de microrganismos comreconhecida capacidade antagnica e no residentes no filoplano tambm tcnica comum em controlbiolgico de doenas da parte area. Uma das vantagens abreviar o perodo de seleo de antagonistas nafases iniciais do trabalho.

    O sucesso do controle biolgico de doenas da parte area depende do modelo biolgico escolhido. Paras culturas perenes, a utilizao de antagonistas que atuam atravs do hiperparasitismo conduz a resultados maipromissores, pois o estabelecimento do antagonista facilitado. Para as culturas anuais, os antagonistas quatuam atravs da antibiose apresentam maiores chances de sucesso, sendo mais indicados para doenas quocorrem em perodos definidos e, preferencialmente, isoladas.

    8. CONTROLE BIOLGICO DE DOENAS PS-COLHEITA

    O controle biolgico de patgenos que ocorrem em ps-colheita pode ser realizado durante o ciclo dcultura ou aps a colheita. O controle, ainda no campo, tem por objetivo evitar a penetrao dos patgenos notecidos dos frutos e hortalias e seu posterior desenvolvimento durante o armazenamento. O controle aps colheita tem dois objetivos: evitar que os patgenos latentes nos tecidos causem podrides e impedir novainfeces. Uma das grandes dificuldades na utilizao de antagonistas para o controle de doenas impossibilidade do controle das condies ambientes. So inmeros os exemplos de antagonistas bem sucedidoem laboratrio e condies controladas que fracassam quando submetidos ao ambiente natural, com baixumidade e presena de raios ultravioleta. E, como os produtos armazenados normalmente esto sob condiecontroladas de temperatura e umidade relativa, trs fatores indicam ser o controle biolgico em ps-colheitvivel e passvel de explorao: controle das condies ambientes; limitao da superfcie de aplicao doantagonistas; economicamente praticvel sob condies de armazenamento.

    9. CONSIDERAES GERAIS

    Apesar dos microrganismos antagnicos terem como objetivo o controle de fitopatgenos, diversos efeitopodem ser observados, aps a sua aplicao, sobre outros organismos presentes no ambiente. Entretanto, com

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    originalmente acreditava-se que esses agentes no apresentavam inconvenientes ao ambiente, so poucas ainformaes sobre os efeitos dos antagonistas liberados sobre os diferentes ecossistemas. Assim, h necessidadde estudos pormenorizados no sentido de avaliar os possveis impactos causados pelo uso dos agentes dcontrole biolgico sobre o ambiente.

    Vrios produtos so comercializados para o controle biolgico de doenas de plantas a nvel mundia

    (Tabela 2), embora o mesmo no acontea no Brasil, onde, at o momento, no existem produtos desta naturezaregistrado no Ministrio da Agricultura (Agrofit98).

    Tabela 2. Exemplos de produtos biolgicos comercializados para o controle de fitopatgenos a nvemundial.

    Produto(s) Antagonistaformulado

    Patgeno(s) controlado(s)

    Norbac 84-C; Agtrol;Galtrol; Diegal

    Agrobacterium

    radiobacter

    Agrobacterium tumefaciens

    Kodiak Bacillus subtilis Rhizoctonia spp. ePythiumspp.Blue Circle; Intercept Pseudomonas

    cepacia

    Rhizoctonia spp. ePythiumspp.

    Dagger Pseudomonasfluorescens

    Rhizoctonia spp. ePythiumspp.

    Polygandron Pythiumoligandrum

    Pythium ultimum

    Binab-T Trichodermaharzianum

    Verticillium malthousei

    Trichodex Trichoderma

    harzianum

    Rhizoctonia spp.,Pythium spp.

    e Slerotium rolfsiiRoyal 350 Arthrobotryssuperba

    Meloidogyne spp.

    Mycostop Streptomycesgriseovirides

    Alternaria sp. eFusarium spp.

    Coniothyrin Coniothyriumminitans

    Sclerotinia sclerotiorum

    Glio Gard Gliocladiumvirens

    Rhizoctonia spp. ePythiumspp.

    IMPORTANTEO controle biolgico, ao contrrio do qumico, no apresenta efeito imediato e espetacular. O nvel dcontrole obtido com o mtodo biolgico, isoladamente, pode estar abaixo do necessrio para que danos produo no ocorram.

    Assim, h necessidade de integrao dos mtodos, de modo a haver mnima interferncia entre os mtodoaplicados. Adicionalmente, seria interessante a ocorrncia de um efeito aditivo ou sinergstico, em que cadmedida de controle reforce as demais. Dessa forma, o controle biolgico deve atuar em um contexto dequilbrio biolgico, sem o qual sua chance de sucesso ser menor.

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    A imensa dificuldade no entendimento dos fatores que influenciam a atividade microbiana no solo e nsuperfcie das plantas tm impedido o desenvolvimento do controle biolgico como uma prtica de benefciocomercial, fazendo com que alguns autores refiram-se ao controle biolgico de plantas como uma rea destudo fascinante e desafiadora, mas por outro lado desilusiva e frustrante.

    CONTROLE CULTURAL DE DOENAS DE PLANTAS

    1. INTRODUO

    O controle cultural das doenas consiste basicamente na manipulao das condies de pr-plantio durante o desenvolvimento do hospedeiro em detrimento ao patgeno, objetivando a preveno ou a intercepda epidemia por outros meios que no sejam a resistncia gentica e o uso de pesticidas.

    O objetivo primrio do controle cultural reduzir o contato entre o hospedeiro suscetvel e o inculovivel de maneira a reduzir a taxa de infeco e o subseqente progresso da doena.

    De um modo geral pode considerar-se que as medidas de controle culturais visam evitar a doenas ousuprimir o agente causal objetivando, portanto, a obteno de plantas sadias mais do que controlar o agentcausal.

    Os princpios que fundamentam o controle cultural so:a) supresso do aumento e/ou a destruio do inculo existente;b) escape das culturas ao ataque potencial do patgeno;c) regulao do crescimento da planta direcionado a menor suscetibilidade.

    A maioria dos fitopatgenos apresenta uma fase em seu ciclo vital caracterizada pelo parasitismo, na quaocorre a explorao nutricional do hospedeiro pelo parasita. Em conseqncia, so observados os sintomas e odanos correspondentes, atravs da diminuio no rendimento da cultura.

    Alguns parasitas, denominados necrotrficos, tm a faculdade de, aps a senescncia da planta cultivadacontinuar a nutrir-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo biolgico caracterizada pelo saprofitismo. Nointervalos entre perodos de parasitismo, os patgenos encontram-se em um ambiente menos favorvel eprovavelmente, mais vulnervel s prticas de controle cultural.

    O conhecimento da biologia de um fitopatgeno leva ao entendimento de onde, como e por quanto tempoele sobrevive na ausncia da planta hospedeira cultivada e de como pode ser racionalmente controlado.

    A prtica cultural mais empregada pelos agricultores a rotao de culturas, cujo efeito principarelaciona-se fase de sobrevivncia do patgeno. Nesta fase, os patgenos so submetidos a uma intenscompetio microbiana, durante a qual, geralmente, levam desvantagem. Correm, tambm, o risco de noencontrar o hospedeiro, o que determina, geralmente, sua morte por desnutrio. Isto ocorre no perodo entrdois cultivos de uma planta anual, durante a fase saproftica.

    Os patgenos radiculares, por exemplo, sobrevivem durante este perodo atravs da colonizasaproftica dos restos de cultura como, por exemplo, Gaeumannomyces graminis var. tritici, agente causal dmal-do-p, eBipolaris sorokiniana, agente causal da podrido comum de razes e da helmintosporiose, amboafetando a cultura do trigo.

    No caso de B. sorokiniana, a sobrevivncia pode ocorrer em sementes ou ainda na forma de condiolivres, dormentes, no solo. Pela micostase, estes esporos podem manter sua viabilidade por um perodo de at37 meses nas condies do Rio Grande do Sul.

    Outro patgeno, Giberella zeae, agente causal da podrido rosada da espiga do milho e da giberela dotrigo, apresenta habilidade de competio saproftica, ou seja, extrai nutrientes de vrios substratos, alm domilho e do trigo.

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    Alm da rotao de culturas, que ser discutida com detalhes, diversas outras prticas culturais podem seempregadas com sucesso, em determinadas situaes, para controlar doenas de plantas, destacando-se:

    uso de material propagativo sadio eliminao de plantas vivas doentes ("roguing") eliminao ou queima de restos de cultura

    inundao de campos e pomares incorporao de matria orgnica no solo preparo do solo (arao) fertilizao (nitrognio, fsforo, potssio, clcio) irrigao densidade de plantio pocas de plantio e colheita enxertia e poda barreiras fsicas e meios ticos para controle de vrus

    importante salientar que o uso destas tcnicas isoladamente quase sempre insuficiente para chegar aum controle adequado da doena. O uso de combinaes destas tcnicas, aliado ao emprego de outras formas decontrole de doenas, como o controle qumico e o controle gentico, no entanto, altamente eficiente erecomendvel.

    2. CONTROLE DE FITOPATGENOS PELA ROTAO DE CULTURAS

    A rotao de culturas, a prtica mais antiga no controle de doenas e de pragas, continua sendo a maieficiente entre os mtodos culturais de controle. No Brasil, nfase ao controle de doenas pela rotao dculturas, tem sido dada em cereais de inverno.

    A rotao de culturas o cultivo alternado de espcies vegetais diferentes no mesmo local e na mesmestao anual. Por exemplo, trigo, aveia, trigo, aveia, etc. Assim, numa mesma lavoura, durante o inverno, scultivadas, alternadamente, duas espcies de cereais.

    Por outro lado, o cultivo alternado de diferentes espcies, na mesma lavoura, em estaes diferentesconstitui a sucesso anual de culturas. Por exemplo, a alternncia entre trigo e soja, bastante empregada noestado do Paran. Nesse caso, tem-se monocultura do trigo, no inverno, e monocultura da soja, no vero. Diz-seque ocorre uma dupla monocultura anual.

    O princpio de controle envolvido na rotao de culturas a supresso ou eliminao do substratapropriado para o patgeno.

    A ausncia da planta cultivada anual (inclusive as planta voluntrias e os restos culturais) leva erradicao total ou parcial dos patgenos necrotrficos que dela so nutricionalmente dependentes.

    A eliminao dos resduos culturais, durante a rotao de culturas, devida sua decomposio pelomicrorganismos do solo. Durante o processo de decomposio, os fitopatgenos associados aos resduos sdestrudos pela microbiota. Sob este ponto de vista, a rotao de culturas constitui-se, tambm, numa medida dcontrole biolgico..

    A maioria, seno a totalidade, dos fitopatgenos, provavelmente, morreria de inanio ou de velhiceindependentemente de qualquer fator biolgico, caso no tivessem acesso ao hospedeiro ou a outro substratoadequado. Conclui-se deste fato que, durante a rotao de culturas, os fitopatgenos so eliminados parcial ocompletamente, enquanto que, sob monocultura, eles so estimulados e mantidos numa concentrao de inculsuficiente para a continuidade de seu ciclo biolgico, podendo causar, eventualmente, severas epidemias.

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    3. CARACTERSTICAS DOS PATGENOS CONTROLVEIS PELA ROTAO DECULTURAS

    Muitas so as caractersticas tpicas daqueles patgenos mais sensveis aos efeitos da rotao de culturasA seguir uma breve discusso daquelas mais importantes:

    Sobrevivem pela colonizao saproftica dos restos culturais do hospedeiro e no apresentamhabilidade de competio saproftica. Nutricionalmente dependem, portanto, do hospedeiro, no trocando dsubstrato saproftico. Patgenos do trigo, B. sorokiniana e Drechslera tritici-repentis, multiplicam-scontinuamente nos restos culturais do hospedeiro durante a entressafra. Assim, a presena de resduoinfectados num local assegura a manuteno dos patgenos necrotrficos daquela cultura.

    No apresentam estruturas de resistncia, as quais poderiam mant-los viveis por vrios anos nsolo, espera de uma nova oportunidade de infectar a planta hospedeira, quando esta voltasse a sercultivada naquele local. Exemplos de estruturas de resistncia so clamidosporos, esclercios e oosporosConvm mencionar que os patgenos assinalados em cereais de inverno, no Brasil, no apresentam taiestruturas. Porm,B. sorokiniana, como j citado, sobrevive, tambm, como condios livres no solo.

    Apresentam esporos grandes, pesados, que so transportados pelo vento a distncias relativamentcurtas. Servem de exemploB. sorokiniana,D. tritici-repentis eDrechslera teres.

    Apresentam esporos relativamente pequenos e leves, porm transportados pelo vento ou porespingos de chuvas a distncias relativamente curtas . Servem de exemplo Septoria nodorum, em cereais dinverno, e diferentes espcies de Septoria, Colletotrichum ePhomopsis, em outros cultivos.

    Apresentam poucos ou nenhum hospedeiro secundrio. Ainda no foi devidamente esclarecida, nBrasil, a possvel presena de hospedeiros secundrios de D. tritici-repentis, D. teres, S. nodorum e S. triticEm caso afirmativo, estes hospedeiros secundrios poderiam, em determinadas condies, comprometer o efeiterradicante da rotao de culturas.

    4. CARACTERSTICAS DOS PATGENOS NO CONTROLVEIS PELA ROTAO DECULTURAS

    Aqui so caracterizados aqueles patgenos que no satisfazem uma ou mais das caractersticaanteriormente citadas:

    Apresentam habilidade de competio saproftica. Serve de exemplo o fungoRhizoctonia solani, qu capaz de viver indefinidamente no solo, pois tem a caracterstica de poder trocar de substrato saproftico. Emvista disso, este parasita considerado um habitante natural da maioria dos solos. Este patgeno dificilmentcontrolado pela rotao, pois, potencialmente, qualquer espcie vegetal alternativa, integrante do sistema drotao, pode servir de substrato. Todos os patgenos com habilidade de competio saproftica so de difcicontrole por esta prtica cultural.

    Possuem estruturas de resistncia. Dentre as principais estruturas de resistncia ou de repousoencontradas em fitopatgenos pode-se citar: oosporos, presentes emPythium e emPhytophthora;clamidosporos, presentes emFusarium; esclercios, encontrados em Sclerotium, Sclerotinia,Macrophomina eVerticillium. Estas estruturas, ocorrendo livres no solo podem manter-se viveis aps a decomposio completados restos culturais de seus hospedeiros. O perodo de viabilidade pode ser de 5 a 10 anos. Em vista disso, estegrupo s controlado por um perodo bastante longo de rotao.

    Apresentam muitos hospedeiros secundrios. Alguns patgenos de rgos areos apresentam umampla gama de plantas hospedeiras. Na maioria das vezes, patgenos deste grupo podem colonizasaprofiticamente estes substratos. Servem de exemplo Giberella zeae e Pyricularia oryzae. Esta caracterstic

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    anula o efeito erradicante da rotao de culturas, pois a capacidade de colonizar plantas daninhas ou plantanativas, geralmente abundantes na lavoura, assegura a presena destes patgenos na rea de cultivo.

    Apresentam esporos pequenos, que podem ser transportados pelo vento a longas distncias . Algunpatgenos, como G. zeae eP. oryzae, apresentam esporos pequenos, leves e, portanto, facilmente transportadopelo vento a longas distncias. Isto faz com que o inculo desses patgenos possa ser transportado a partir d

    reas distantes e introduzido naquelas reas onde se procurou elimin-lo atravs da rotao de culturas.5. FLUTUAO POPULACIONAL DE FITOPATGENOS

    Por que a monocultura aumenta a intensidade das doenas causadas por patgenos necrotrficosA resposta simples: com a monocultura, no falta o substrato adequado, indispensvel nutrio destepatgenos. Assim, a presena dos restos culturais, em lavouras de monocultura, assegura a presena dopatgenos naquele local. No caso das culturas anuais, a prtica da monocultura reintroduz o substrato dopatgenos a cada 4-7 meses.

    Quando uma determinada cultura, aps a rotao, pode voltar a ser cultivada no mesmo local?Em teoria, a resposta tambm simples: quando os patgenos necrotrficos, controlveis pela rotao d

    culturas, forem eliminados ou reduzidos a uma densidade de inculo suficientemente baixo. Isso ocorre aps decomposio dos resduos culturais (mineralizao da matria orgnica). A resposta precisa a essa perguntrequer pesquisa local, com o objetivo de determinar o perodo de decomposio dos resduos culturais. Avelocidade de decomposio funo da atividade microbiana, que por sua vez dependente da umidade dresduo, da relao carbono/nitrognio, da temperatura, do pH e da aerao. Nos resduos culturais ocorre esporulao contnua dos patgenos e esta prossegue enquanto houver nutrientes disponveis. Quando coincidia liberao do inculo com a emergncia da nova cultura, restabelece-se o parasitismo e a continuidade do ciclobiolgico dos parasitas necrotrficos. Neste momento, o resto cultural no mais fonte de inculo primriimportante, j que o patgeno foi introduzido no novo cultivo.

    6. ESPCIES ALTERNATIVAS PARA UM SISTEMA DE ROTAO DE CULTURAS

    Uma espcie vegetal, para integrar um sistema de rotao, no pode ser hospedeira dos mesmos patgenoda cultura a ser explorada.

    Geralmente, as espcies de folhas largas podem ser alternativas para integrar um sistema de rotao comgramneas e vice-versa. No caso dos cereais de inverno, no sul do Brasil, so cultivadas como alternativas ervilhaca (Vicia spp.), o chicharo (Latyrus sativus), a serradela (Ornithopus sativus), os trevos (Trifolium spp.) a colza (Brassica napus). As aveias, tambm, so recomendadas como alternativas para o trigo, para a cevada para o triticale. O nico inconveniente das aveias a suscetibilidade ao vrus do mosaico comum do trigotransmitido pelo fungo Polymyxa graminis, de ocorrncia natural no solo. Havendo registro de ocorrncia dvrus numa lavoura, deve-se plantar cultivares de trigo resistentes. No entanto, a rotao de culturas pode, emalgumas situaes, controlar tambm o vrus do mosaico do trigo.

    Em alguns casos, os hospedeiros secundrios podero comprometer o controle pela rotao de culturasCita-se o exemplo do azevm (Lolium multiflorum), planta invasora em algumas lavouras, que suscetvel Gaeumannomyces graminis, agente causal do mal-do-p do trigo. Assim, caso esta planta no seja eliminada dalavoura, o patgeno se manter vivel no solo, numa densidade de inculo suficiente para garantir continuidade de seu ciclo biolgico e para causar, sob condies favorveis, severas epidemias, quando o trigovoltar a ser cultivado na lavoura, aps um inverno de rotao.

    7. INTERAO ENTRE DOENAS E PLANTIO DIRETO

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    A prtica agrcola da semeadura direta tem efeito sobre a sobrevivncia, multiplicao e infeco dofitopatgenos necrotrficos.

    Por isso, em geral, as doenas so mais severas sob plantio direto do que quando os restos culturais soparcial ou totalmente incorporados ao solo. Deve ser lembrado que, sob plantio direto, a totalidade dos restoculturais so deixados na superfcie do solo. to grande a dependncia de muitos fitopatgenos pela planta

    cultivada que, na natureza, eles procuram no se separar do hospedeiro.Hospedeiro, neste caso, pode ser a planta viva cultivada, a planta voluntria, o resto de cultura e semente. Por isso, a presena dos restos de cultura na lavoura significa, quase sempre, a presena dfitopatgenos necrotrficos.

    Pode-se, ento, concluir que o plantio direto possibilita as condies ideais para a sobrevivnciamultiplicao e infeco dos fitopatgenos. Deve-se acrescentar ainda, que as populaes dos fitopatgenoaumentam ou diminuem em funo da disponibilidade alimentar e da favorabilidade do ambiente. Sob plantiodireto, mxima a disponibilidade de substrato e, em decorrncia, a densidade de inculo.

    Em resumo, os patgenos necrotrficos desprovidos de estruturas de resistncia sobrevivem maiseguramente sob plantio direto do que sob plantio convencional.

    Como, ento, viabilizar o sistema de plantio direto? A rotao de culturas claramente elimina oinconvenientes do plantio direto em relao ao aumento de doenas. O efeito do plantio direto em aumentar severidade da mancha amarela da folha do trigo, causada porDrechslera tritici-repentis, pode ser um exemploEm monocultura, a severidade alcana nveis elevados no estdio de alongamento, entretanto, sob rotao dculturas e plantio direto, a severidade foi reduz para menos de 1%. Portanto, a monocultura e o plantio diretaumentam a severidade da doena, e, por outro lado, a rotao de culturas uma soluo adequada para taproblema.

    CONTROLE FSICO DE DOENAS DE PLANTAS

    1. INTRODUO

    Embora o incio do uso do controle fsico de doenas de plantas, como a termoterapia, tenha sidocontemporneo descoberta da calda bordalesa, nota-se que os mtodos qumicos tiveram um desenvolvimentoexpressivo quando comparados aos modestos avanos conseguidos com os mtodos fsicos.

    A acentuada evoluo dos fungicidas, entre outros fatores, deve-se principalmente ao fato do controlqumico estar baseado num produto que pode ser comercializado, despertando interesses econmicos.

    Atualmente, porm, com o interesse crescente na reduo dos impactos negativos da agricultura ao meioambiente, grande nfase vem sendo dada a outros mtodos de controle de doenas de plantas, alm dos mtodoqumicos.

    Nesta modalidade de controle so utilizados vrios agentes fsicos para reduzir o inculo ou desenvolvimento das doenas. Os principais so a temperatura, a radiao, a ventilao e a luz.

    2. TERMOTERAPIA DE RGOS DE PROPAGAO

    O uso da termoterapia no controle de doenas de plantas teve incio de uma forma emprica, no sculpassado, na Esccia, atravs do tratamento de bulbos de plantas ornamentais com gua quente, antes do plantio

    O principal objetivo da termoterapia a obteno de material de propagao vegetal livre de patgenosCom tal propsito, a termoterapia um mtodo efcente, que consegue eliminar os patgenos, tanto internquanto externamente, dos tecidos do hospedeiro.

    O princpio bsico da termoterapia reside no fato de que o patgeno eliminado por tratamentos emdeterminadas relaes tempo-temperatura que produzem poucos efeitos deletrios no material vegetal. Nest

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    caso, quanto maior for a diferena entre a sensibilidade trmica do hospedeiro e do patgeno, maiores sero achances de sucesso da termoterapia.

    Vrios fatores podem afetar a sensibilidade trmica, como o teor de umidade do material vegetal; o nvede dormncia; a idade e o vigor especialmente das sementes; a condio das camadas externas do materiadevido ao efeito de diversas variveis, a relao tempo-temperatura no pode ser reduzida a uma frmula gera

    aplicvel a todos os casos. Ela deve ser determinada experimentalmente, sendo que, de modo geral, escolhida menor temperatura letal ao patgeno, no menor tempo, resultando em um tratamento uniforme e com menogasto de energia.

    O mecanismo de ao da temperatura, tanto no controle de patgenos quanto na injria do hospedeiro, complexo, sendo que um ou vrios fatores podem estar envolvidos, como desnaturao de protenas, liberade lipdeos, destruio de hormnios, asfixia de tecidos, destruio de reservas e injria metablica com ou semacmulo de intermedirios txicos.

    O tratamento pelo calor pode ser feito, basicamente, de duas formas: atravs de uma intensa e curtaexposio, geralmente usada para erradicao de microrganismos, ou atravs de uma pouco intensa e longexposio ao calor, utilizada para reduzir a concentrao do patgeno na planta e, geralmente, associada cultura de meristemas. Para tanto, o material de propagao pode ser tratado com gua quente, ar quente ouvapor. De modo geral, o tratamento com gua quente feito com maiores temperaturas do que o mtodo com aquente. Uma variao do mtodo a inativao trmica localizada de vrus de plantas em borbulhas ou garfoenxertados em cavalos imunes, por meio de mini-cmaras. A aplicao do calor localizada na parte do portaenxerto na qual foi enxertada a borbulha ou o garfo infectados, ficando o restante da planta fora da cmara, sobcondies de casa de vegetao.

    3. TRATAMENTO TRMICO DO SOLO3.1. Vapor

    A desinfestao do solo pelo tratamento trmico em casa de vegetao ou em canteiro geralmente feitatravs do uso de vapor. O solo coberto com uma lona e o vapor produzido por uma caldeira, injetado sob acobertura. Substratos tambm podem ser desinfestados em cmaras especiais, onde o vapor injetado sobpresso, como no caso de autoclaves.

    Uma das vantagens do mtodo ausncia de resduos txicos, como pode ocorrer com o tratamentoqumico, embora possa haver o acmulo, em nvel txico, de certos nutrientes, como o mangans, por exemplo.A elevao da temperatura durante a desinfestao pode causar diversas reaes qumicas no solo. Adecomposio da matria orgnica acelerada, causando a liberao de amnia, dixido de carbono e produtosorgnicos. Os materiais inorgnicos so degradados ou alterados; os nitratos e nitritos so reduzidos a amnia ea solubilidade ou disponibilidade dos nutrientes modificada.

    Aps o tratamento trmico, o equilbrio da populao microbiana, construdo aps longa interao dovrios componentes, destrudo ou profundamente modificado. De modo geral, as altas temperaturas atingidatornam o tratamento no seletivo, resultando na erradicao dos microrganismos, criando espaos estreisdenominados vcuos biolgicos.

    A recolonizao do solo feita, basicamente, atravs dos microrganismos termotolerantes sobreviventesdos microrganismos do solo adjacente no tratado, do ar da gua ou daqueles introduzidos com material vegetalA forma como realizada a recolonizao do solo tratado de grande importncia para a ocorrncia de doenade Plantas: a reduo da populao de antagonistas como resultado do tratamento trmico geralmente significauma rpida disseminao do patgeno reintroduzido. Assim, todos os cuidados devem ser tomados para evitar reintroduo do patgeno no solo tratado.

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    3.2. Solarizao do Solo

    A solarizao um mtodo de desinfestao do solo, desenvolvido em Israel, para o controle dpatgenos, pragas e plantas daninhas atravs do uso da energia solar. O mtodo consiste na cobertura do solcom filme plstico transparente, antes do plantio, preferencialmente durante o perodo de maior incidncia d

    radiao solar.O aumento do teor de umidade do solo antes da cobertura, quer seja atravs de irrigao ou chuvaajuda o processo, visto que em solo mido as estruturas de resistncia dos patgenos geralmente so maisensveis ao calor, a condutividade trmica do solo aumentada, assim como a atividade biolgica, fatores quepodem acelerar o controle dos patgenos.

    Aps a cobertura, as camadas superficiais do solo apresentam temperaturas superiores s do solodescoberto, sendo que o aquecimento menor quanto maior for a profundidade. Por este motivo, a coberturdeve permanecer durante um perodo suficiente (geralmente um ms ou mais) para ocorrer o controle dopatgenos nas camadas mais profundas do solo.

    A elevao da temperatura do solo pela solarizao tem um efeito inibitrio ou letal aos organismosParte da populao de patgenos morta pela exposio a altas temperaturas, que geralmente ocorrem nacamadas superficiais do solo solarizado.

    Devido ao fato das temperaturas atingidas pelo solo durante a solarizao serem relativamente baixasquando comparadas com o controle atravs de aquecimento artificial, os seus efeitos nos componentes biticodo solo so menos drsticos.

    De modo geral, os microrganismos saprfitas, dentre eles inmeros antagonistas, so mais tolerantes acalor do que os patgenos de plantas. Enquanto populaes de muitos microrganismos so reduzidaimediatamente aps a solarizao, diversos actinomicetos, fungos termfilos e termotolerantes e Bacillus sppso menos afetados ou at mesmo estimulados.

    No h a eliminao de todos os microrganismos durante a solarizao , como ocorre no tratamento comvapor ou com fumigantes, no sendo criado, portanto, o chamado vcuo biolgico. A sobrevivncia de taimicrorganismos dificulta a reinfestao do solo, promovendo um efeito a longo prazo do tratamento.

    A solarizao do solo no pode ser considerada um mtodo ideal de controle, visto que diversalimitaes restringem o seu uso, como a necessidade de mquinas para sua aplicao em extensas reas; o custdo tratamento; a necessidade