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Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz Cooperação à vista com o Ministério do Meio Ambiente Pesquisador fala sobre cooperação com instituto americano para o combate à doença de Chagas no Brasil PÁG. 4 setembro 2013 10 Fiocruz auxilia na revitalização do sistema de saúde angolano PÁG. 14 PÁG. 6 Peter Ilicciev/CCS Peter Ilicciev/CCS CICLO DE DEBATES AGENDA DE DESENVOLVIMENTO PÓS-2015 Fukuda-Parr: Uma análise crítica sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio A economista do desenvolvimento e professora de Relações Internacionais da New School University, Sakiko Fukuda-Parr, e o coordenador geral do Cris/ Fiocruz, Paulo Buss, durante a palestra na Fundação. Foto Peter Ilicciev/CCS A Danielle Monteiro - CCS cada 15 dias, o Cris/Fiocruz tem promovido debates de te- máticas atuais relacionadas à Agenda de Desenvolvimento pós-2015 e ao campo de cooperação internacional. O segundo desses en- contros ocorreu em 14 de agosto e abordou os Objetivos do Milênio para o desenvolvimento e os direitos hu- manos. A conferência, que aconte- ceu na Ensp/Fiocruz, foi proferida pela economista do desenvolvimento e professora de Relações Internacionais da New School University, Sakiko Fukuda-Parr. Na abertura do evento, o co- ordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss, chamou atenção para impor- tância do compromisso de todas as nações na Agenda de Desenvolvi- mento Pós-2015. “Para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, precisamos ter uma agen- da de desenvolvimento que seja compartilhada por todos os países, inclusive os desenvolvidos, e que não seja somente uma receita para os países em desenvolvimento”, en- fatizou. Os oito Objetivos de Desen- volvimento do Milênio (ODM) foram

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CRIS INFORMA | 1

Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Cooperação à vistacom o Ministério doMeio Ambiente

Pesquisador fala sobrecooperação com institutoamericano para o combate àdoença de Chagas no Brasil

PÁG. 4

setembro

2013

Nº10

Fiocruz auxilia narevitalização do sistemade saúde angolano

PÁG. 14PÁG. 6

Peter Ilicciev/CCSPeter Ilicciev/CCS

CICLO DE DEBATES AGENDA DE DESENVOLVIMENTO PÓS-2015

Fukuda-Parr: Uma análise críticasobre os Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio

A economista do desenvolvimento e professora de Relações Internacionais daNew School University, Sakiko Fukuda-Parr, e o coordenador geral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss, durante a palestra na Fundação. Foto Peter Ilicciev/CCS

ADanielle Monteiro - CCS

cada 15 dias, o Cris/Fiocruztem promovido debates de te-máticas atuais relacionadas àAgenda de Desenvolvimento

pós-2015 e ao campo de cooperaçãointernacional. O segundo desses en-contros ocorreu em 14 de agosto eabordou os Objetivos do Milênio parao desenvolvimento e os direitos hu-manos. A conferência, que aconte-ceu na Ensp/Fiocruz, foi proferida pelaeconomista do desenvolvimento eprofessora de Relações Internacionaisda New School University, SakikoFukuda-Parr.

Na abertura do evento, o co-ordenador do Cris/Fiocruz, PauloBuss, chamou atenção para impor-tância do compromisso de todas asnações na Agenda de Desenvolvi-mento Pós-2015. “Para alcançarmosos Objetivos de Desenvolvimento doMilênio, precisamos ter uma agen-da de desenvolvimento que sejacompartilhada por todos os países,inclusive os desenvolvidos, e quenão seja somente uma receita paraos países em desenvolvimento”, en-fatizou. Os oito Objetivos de Desen-volvimento do Milênio (ODM) foram

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destaques

CRIS INFORMA #10 | SETEMBRO DE 2013 - ExpedienteCoordenadoria de Comunicação Social (CCS) | Edição e redação: Danielle Monteiro com colaboração deThiago Oliveira | Projeto gráfico e edição de arte: Guto Mesquita e Rodrigo Carvalho | Fotografia: Peter Iliccieve Arquivo CCS | Contato: Danielle Monteiro - Tel: (21) 3885-1065 - E-mail: [email protected]

criados em 2000 pela Organização dasNações Unidas (ONU) para serem atin-gidos pelas 189 nações até 2015. Sãoeles: redução da pobreza; atingir o en-sino básico universal; igualdade entre ossexos e a autonomia da mulher; reduzira mortalidade infantil; melhorar a saú-de materna; combater a Aids/HIV, ma-lária e outras doenças; garantir asustentabilidade ambiental; e estabele-cer uma Parceria Mundial para o De-senvolvimento.

Sakiko trouxe ao debate uma vi-são crítica acerca dos Objetivos de Desen-volvimento do Milênio. Segundo ela,apesar de os ODM serem importantes, de-vido à influência que exercem sobre asprioridades políticas e ao seu reconheci-mento como uma das principais contribui-ções da ONU, eles apresentam diversasfalhas, sendo que uma delas é a simplifi-cação. “Os ODM resumem um problemacomplexo em algo simples demais. Elessão concretos e objetivos. Atingir o ensinobásico universal, por exemplo, é umameta objetiva e fácil de se compreender,porém, educação engloba muito mais queisso”, alertou. A limitação e a restrição decada objetivo que compõe os ODM tam-bém estão entre os fatores críticos citadospor ela, os quais impedem que importan-tes princípios como equidade e direitos hu-manos integrem os ODM. “No caso doobjetivo que se refere à educação, porexemplo, a ideia inicial era expandir aeducação. Porém, esse objetivo foi tradu-zido nos ODM com foco somente na edu-cação básica, sem englobar elementosimportantes como educação técnica, en-

grupo que se comprometeu a atingir es-ses objetivos, fazendo com que os paísesque entraram anteriormente tivessemuma grande vantagem sobre eles. É porisso que muitas nações africanas falha-ram com os ODM, o que não é justo comesses países”, refletiu.

Partindo do princípio de que osObjetivos de Desenvolvimento do Milê-nio mobilizam as prioridades políticas glo-bais, Sakiko realizou um estudo,juntamente com universidades de diver-sos países, que investiga as consequên-cias dos ODM sobre a mudança política.A pesquisa englobou 11 estudos de caso,que analisaram cada um dos objetivosque compõem os ODM. O estudou apon-tou que os ODM tiveram forte impactonas políticas voltadas ao HIV/Aids; porém,indicou baixo impacto nos campos deemprego, alimentação e desenvolvimen-to sustentável, além de efeitos ambíguosnas áreas da saúde reprodutiva, educa-ção e saneamento. Diante dessas con-clusões, Sakiko propôs uma novaabordagem para a Agenda pós-2015.“Há que se refletir sobre os objetivos pós-2015, e não sobre a Agenda de Desen-volvimento pós-2015”, concluiu.

Sakiko Fukuda-Parr ganhou re-conhecimento pelo seu trabalho com oPrograma de Desenvolvimento dasNações Unidas (Pnud), de 1979 a 1985,e com a fundação do Journal of Hu-man Development. De 1995 a 2006,foi diretora do Informe Mundial sobreDesenvolvimento Humano, o documen-to anual mais importante sobre direitoshumanos e desenvolvimento.

tre outros que envolvem o campo da edu-cação”, defendeu.

Além da quantificação, que aca-ba por deixar de lado importantes elemen-tos que não podem ser contabilizados,como solidariedade e equidade, os Obje-tivos de Desenvolvimento do Milênio, paraela, apresentam outro grave problema: auniversalidade. “Os ODM servem paratodos os países e, com isso, não levamem conta suas particularidades. Ter todacriança na escola talvez não seja um ob-jetivo principal para o Brasil e sim para aGuinea Equatorial ou Moçambique”, ob-servou. Outra principal falha que envolveos Objetivos de Desenvolvimento do Mi-lênio apontada pela palestrante é o redu-cionismo. “Princípios como equidade,liberdade, entre outros que foram pensa-dos nos anos 2000 e a partir dos quais osODM foram originados, desapareceramnos últimos anos”, afirmou.

Além disso, para Sakiko, os ODMnão reconhecem agendas importantesestabelecidas em fóruns internacionais,como o desenvolvimento; as estratégiasnacionais; a mudança climática; a pro-dutividade e emprego; o desenvolvimentocomo transformação; e igualdade e equi-dade. “A conferência de Beijing, realiza-da em 1995, estabeleceu uma agendaimportante para a questão de gênero,porém, somente um objetivo para atin-gir essa meta foi estabelecido nos ODM.Todo o resto foi negligenciado”, afirmou.Outra questão que, segundo ela, envol-ve os ODM diz respeito ao cumprimentodesses objetivos pelas diversas nações.“Muitos países entraram mais tarde no

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Danielle Monteiro - CCS

ministra do Meio Ambiente,Izabella Teixeira, proferiu con-ferência na Fiocruz com o temaObjetivos do Desenvolvimento

Sustentável (ODS) – Agenda Pós-2015.Na abertura do encontro, ocorrido em 12de agosto, o presidente da Fiocruz, Pau-lo Gadelha, lembrou que a temática saú-de tem sido colocada como um dos temascentrais na discussão da Agenda de De-senvolvimento pós-2015 e tem tido umaposição relevante na relação com o de-senvolvimento sustentável, já tendo sidoincorporada no High Level Panel (Painelde Alto Nível) da ONU. “Esse momentoé especial e abre caminhos para o de-senvolvimento de uma cooperação da Fi-ocruz com o Ministério do MeioAmbiente em torno do tema”, ressaltou.A conferência foi promovida pela Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Pro-moção da Saúde da Fundação.

Ao abrir a palestra, a ministra des-tacou que a expectativa do ministério éestabelecer um novo caminho de coo-peração e repaginação nas relações daárea ambiental com a saúde, tendo aFiocruz como um dos atores estratégicosnessa discussão. O debate acerca daAgenda de Desenvolvimento pós-2015,segundo ela, é atualmente calcado natentativa de se solucionar os problemasde uma forma estruturante, e que res-peite e trabalhe a diversidade das socie-dades. “Esse encontro está sendomotivado não somente pela necessida-de de se trabalhar em parceria com asinstituições, mas também pelo surgimen-to de uma nova agenda de políticas pú-blicas, que acaba por se enunciar emfunção de uma visão política com a qualse espera que o mundo evolua”, disse.

Ao comparar a Conferência dasNações Unidas sobre o Meio Ambientee o Desenvolvimento, conhecida comoECO-92, e a Conferência das NaçõesUnidas sobre Desenvolvimento Susten-tável (Rio+20), Izabella chamou atençãopara a mudança no conceito de desen-volvimento sustentável e de sua relação

Cooperação à vista comMinistério do Meio Ambiente

A“A expectativa do ministério é esta-belecer um novo caminho de coope-ração e repaginação nas relações daárea ambiental com a saúde, tendoa Fiocruz como um dos atores estra-tégicos nessa discussão”, afirmou aministra do Meio Ambiente, IzabellaTeixeira. Foto Peter Ilicciev/CCS

com a saúde. Em 1992, lembrou ela,foi somente a área ambiental que zeloupelas questões do desenvolvimento sus-tentável, e a questão da saúde, porexemplo, já estava presente, mas demaneira muito tangencial e ligada aquestões mais tradicionais da agendaambiental. Além disso, segundo ela, aocontrário do que ocorreu na ECO-92, aresponsabilidade dos resultados daRio+20 não ficaram restritos somente àsinstituições ambientais e envolverammaior parte da sociedade. “Até 92, adiscussão das Nações Unidas nesse tipode conferência eram pautadas somentepelos Estados-Membro, não pela socieda-de. Foi a conferência de 92 que trouxe osMajor Groups (Grupos de Interesse) dasNações Unidas para esse debate político.Após 2012, a intenção é ampliar a partici-pação dos Major Groups nesse debate ediscutir quais outras novas expressões dasociedade devem também participardele”, explicou. Com essa mudança deparadigma, a ciência passa, então, a ga-nhar maior espaço nessa discussão, dissea ministra: “A área ambiental denunciouque, sem a participação do conhecimen-to científico, essa discussão não vai a lu-gar algum”, enfatizou.

A ministra atentou para a neces-sidade de se debater todas as questõesque envolvem a discussão da Agendade Desenvolvimento pós-2015, já quesão muitas as temáticas que integramesse debate. “Muitos não têm noção,por exemplo, do papel que a China, aÍndia e a Nigéria, que serão os paísesmais populosos no futuro, terão em ter-mos ambientais”, alertou. Segundo ela,para atingir seus objetivos, a área ambi-ental precisa caminhar com um novo viése de forma mais rápida, além de estarsempre em diálogo com a ciência. “Paraisso, essa área precisa de credibilidade,transparência e também de parcerias eda responsabilidade de todos, e não departe da sociedade”, ressaltou. E a dis-cussão acerca da saúde nesse contexto,ressaltou ela, é fundamental. “É impos-sível avançarmos em debates acerca dosmodelos de desenvolvimento centraliza-

dos no Homem se a discussão da saúdenão estiver na lista”, defendeu. Pesqui-sa, acesso ao cuidado e diálogo entresaúde e meio ambiente, nesse sentido,para ela, são imprescindíveis. “Discus-sões que envolvem temáticas comoagrotóxicos, entre outras, devem estarna pauta desse debate”, defendeu.

Para a ministra, 2015 é um anoque sinaliza dois grandes aspectos: o fi-nal do compromisso com os Objetivosde Desenvolvimento do Milênio (ODM),no qual a saúde é levada em conta, masainda modelada por um conceito con-servador, sendo associada somente aoacesso aos serviços; e o surgimento dosObjetivos do Desenvolvimento Susten-tável (ODS), que traz o acúmulo dosODM e chama os países para um novodebate com o compromisso de toda asociedade, propondo mudanças por par-te das nações e incentivando responsa-bilidades individuais. E nesse contexto,o Painel de Alto Nível, criado pela Se-cretaria Geral da ONU para a constru-ção da Agenda de Desenvolvimentopós-2015, segundo ela, surge como umator determinante, que chama atençãopara a necessidade de transformaçõesno pensamento político e para a impor-tância da discussão dos ODS. Izabellatambém destacou o papel que tem sidoexercido pelo Brasil na construção daagenda de desenvolvimento, lembran-do que o país se tornou signatário doProtocolo de Nagoia, criado em prol daconservação da biodiversidade em âm-

CICLO DE DEBATES AGENDA DE DESENVOLVIMENTO PÓS-2015

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importância do debate acercada Proteção Social no âmbitoda Agenda de Desenvolvimen-to pós-2015 foi o tema aborda-

do na palestra Saúde e DesenvolvimentoSustentável, proferida em 1° de agostopelo diretor do Centro Mundial para oDesenvolvimento Sustentável (CentroRio+), Rômulo Paes de Sousa, na Fio-

bilidades, com o intuito de prover redede proteção a essas populações, prote-gê-las contra riscos e choques sociais eeconômicos, contribuir com a superaçãoda pobreza e promover a equidade so-cial. Ao fazer uma abordagem sobre amudança na política de assistência soci-al, ele contou que a assistência social,até pouco tempo atrás, tinha pouca pre-sença na resposta às grandes catástro-fes ocorridas no país, e passou a integraros Comitês de Crise somente recente-mente. Ele destacou que a Agenda deDesenvolvimento pós-2015 impõe umdesafio às nações, já que requer a cons-trução de um consenso em torno demetas e possibilidades compartilhadasna área social, integrando vários seto-res nesse chamado grande grupo depolíticas sociais. “Os Objetivos de De-senvolvimento do Milênio (ODM) se

Rômulo Paes: A importância daProteção Social na Agenda pós-2015

O diretor do CentroRio+, Rômulo Paes,durante a palestrana Fundação. FotoPeter Ilicciev/CCS

Acruz. O evento foi promovido pelo Cris/Fiocruz e contou com a presença de seucoordenador, Paulo Buss, e do vice-pre-sidente de Ambiente, Atenção e Pro-moção da Saúde, Valcler Rangel.

Paes deu início à palestra defi-nindo o que é Proteção Social, que, se-gundo ele, do ponto de vista econômico,são ações combinadas que visam pro-ver bens e/ou serviços às populaçõespobres ou portadoras de outras vulnera-

bito global. “Essa foi uma de nossasgrandes conquistas. Acredito que se es-pera, cada vez mais do Brasil, o prota-gonismo de seus atores e, talvez porisso, o país esteja sendo tão expressivonos fóruns internacionais”, disse.

A ministra também lembrou queo Painel de Alto Nível desenvolveu umtransformative shift (documento com te-máticas que devem ser prioritárias parauma Agenda de Desenvolvimento pós-2015 transformadora) e que cada encon-tro do painel, ocorrido em cidadesdiferentes, foi marcado por consultas vir-tuais e diálogo com a sociedade e em-presariado, procurando entender comoo pós Rio+20 acontece nesse processo.“O Painel decidiu colocar o dedo na feri-da em questões primordiais, indo ao en-contro do que a Rio+20 estabeleceu.Esperamos que esse relatório gerado porele (documento com os objetivos de de-senvolvimento sustentável, que será apre-sentado na Assembleia Geral das NaçõesUnidas em setembro desse ano), seja in-corporado na agenda e assuma lideran-ça do ponto de vista dos diálogos políticos,acabando com a dicotomia e a polariza-ção”, afirmou. Para ela, debates sobresaúde e meio ambiente na Fundação vãoajudar a alimentar diversas questões.“Esse debate aqui poderá levar a discus-sões sobre diversas outras temáticas como

sobre os indicadores de desenvolvimen-to sustentável e, também, vai nos ajudara evitar a polarização e a olharmos paraos vários atores envolvidos nessa discus-são”, concluiu.

Também presente à conferência,o coordenador do Cris/Fiocruz, Paulo Buss,lembrou que a Fundação, desde 2011,tem trabalhado para que a saúde estejapresente na agenda mundial. “Não fazsentido falarmos em desenvolvimentosustentável sem discutirmos o impacto domeio ambiente na saúde”, destacou. Busstambém enfatizou que é preciso maxi-mizar o conceito de saúde nesse debate.“É necessário repensarmos o conceito desaúde universal, pois cobertura universalde saúde não é somente atenção aos en-fermos, mas também promoção da saú-de e prevenção e tratamento dadoença”, alertou.

Contribuições daFiocruz para a Agenda deDesenvolvimento pós-2015

Em 2012, o Cris/Fiocruz e a Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Pro-moção da Saúde criaram um grupo detrabalho para a elaboração de um docu-mento com as principais demandas dasaúde, que deveriam ser incorporadas nadiscussão da Rio+20. Em parceria com o

Ministério da Saúde, a Organização Pa-namericana da Saúde (Opas), o CentroBrasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) ea Associação Brasileira de Saúde Coleti-va Abrasco, as propostas foram enviadasao G-77, pelos ministérios da Saúde edas Relações Exteriores. Graças a esseesforço conjunto, o tema saúde e popu-lação ganhou oito parágrafos no docu-mento final da conferência. A comissãoda Fiocruz foi mantida e atualmente estáfocada na agenda da saúde pós-2015.

Outra contribuição da Fundação,também por meio do Cris, foi a elabora-ção de algumas propostas ao documen-to da Organização Mundial da Saúde,que trata da posição que a saúde deveocupar nos próximos Objetivos de Desen-volvimento do Milênio (ODM) e na agen-da mundial. Entre as sugestões, está aampliação do conceito de cobertura uni-versal de saúde, incluindo nele conceitoscomo equidade, qualidade, integralida-de, políticas extra-setoriais e determinan-tes sociais. Ainda entre as sugestõesapresentadas, está a inclusão do concei-to de sistemas universais de saúde. “Co-bertura universal de saúde é pouco paraalcançarmos nossos objetivos, pois se re-fere somente à atenção aos enfermos,além de propor a atenção à saúde nãocomo um direito, mas por meio de segu-ros de saúde”, argumenta Paulo Buss.

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constituíram em uma experiência posi-tiva para que se pudesse forjar esse en-tendimento. E o que vem após 2015 tema responsabilidade de buscar o mesmograu de coesão e requer uma atualiza-ção de agenda, além da incorporaçãodos avanços alcançados do ponto de vis-ta técnico e de gestão de políticas pú-blicas”, enfatizou.

Ele ainda ressaltou que o debateacerca da Proteção Social é importantedevido à relevância que ela tem para aspolíticas públicas e, sobretudo, ao impac-to que tem sobre elas. E a transferênciade renda na América Latina é exemplodisso, segundo ele. Para mostrar essa im-portância da Proteção Social, Paes apre-sentou um estudo do Banco Mundial queapontou, entre 1995 e 2010, redução sig-nificativa das populações mais pobres eaumento do número de pessoas perten-centes à classe média em 18 países daAmérica Latina e Caribe, que fazem usode políticas de transferência de renda etêm uma situação atual favorável em con-texto de crise mundial. “Esses países bus-caram ampliar a renda das populaçõesmais pobres, mas eles não pretendiam tra-var o enriquecimento dos mais ricos, o queaconteceu em função de outros fatores”,esclareceu. Outra pesquisa apresentadapor ele, realizada pelo Banco Central doBrasil entre 2003 e 2014, mostrou a redu-ção dos seguimentos mais empobrecidosno país - as classes D e E - de 16,4% e8,6%, respectivamente. “Ao mesmo tem-po, o estudo indicou o aumento de 60,2%da classe C durante esse período”, acres-centou Paes.

De acordo com estudo do Minis-tério da Fazenda, também apresentadopor Paes, com a implantação dos progra-mas Bolsa Família, Brasil Sem Miséria eBrasil Carinhoso, 22 milhões de brasileirossaíram da extrema pobreza entre 2011 einício de 2013. “Grande parte do aumen-to de renda dessas pessoas se deu emfunção da transferência de renda não ape-nas pelo Bolsa Família, mas também pe-

los benefícios de prestação continuada,que atende a 3, 5 milhões de idosos comrenda abaixo de um salário mínimo”, afir-mou. Segundo ele, como o recurso étransferido diretamente para essas famíli-as, ele gera impacto na vida dessas popu-lações, expandindo o investimento dasmesmas. Além disso, os estudos mostra-dos por Paes indicaram relação da implan-tação do Bolsa Família com aumento doPIB no país, com a evolução do Índice doDesenvolvimento Humano Municipal(IDHM) e ainda relação entre aumentoda cobertura com o crescimento do orça-mento de países como Brasil, Peru, Méxi-co, Jamaica, Honduras e Colômbia. Alémdisso, pesquisa realizada por Paes e ou-

tros pesquisadores, que incluiu 2.853 mu-nicípios brasileiros, revelou que programasde transferência de renda, em países demédia renda como o Brasil, podem con-tribuir significativamente para o declínioda mortalidade infantil em crianças me-nores de cinco anos e para a redução deinternações hospitalares e de óbitos atri-buídos a causas associadas à pobreza, taiscomo diarreia e má nutrição. “Esses estu-dos mostram também que a transferên-cia de renda pode provocar mudanças nocomportamento das famílias que, com oaumento em sua renda, acabam por con-sumir mais alimentos e de melhor quali-dade”, explicou.

Para Paes, os dados obtidos refor-çam a Proteção Social como um impor-tante componente na Agenda pós-2015.“Por ter um caráter iminentemente distri-

butivo, a Proteção Social contribui para aredução das desigualdades e tem comoárea de ação a proteção contra volatilida-de e incertezas do cenário econômico,além de ter um discurso contemporâneoalinhado com temáticas que estão emdebate, tais como direitos, equidade e sus-tentabilidade”, disse. No entanto, o de-bate sobre a temática, para ele, impõecertos desafios, uma vez que a ProteçãoSocial requer a conversão de políticas, ain-da precárias, em modelos legais e maisrobustos, o que não é simples. Além dis-so, segundo Paes, a Proteção Social temcertos limites e requer abordagens multi-setoriais e um equilíbrio entre transferên-cias de benefícios e organização deserviços. Para superar essas questões, Paespropôs uma política de Proteção Socialampla baseada em direitos, na articula-ção de políticas nacionais e subnacionais,na proteção das vulnerabilidades e com-bate à pobreza, e que tenha ainda vincu-lação com outras políticas sociais eeconômicas e ênfase na prevenção e pro-moção. “Quando falamos em transferên-cia de renda, precisamos de políticas comações curativas, que ataquem os deter-minantes sociais da pobreza e das diver-sas vulnerabilidades, como a violênciacontra a criança e a mulher, entre outrosgrandes temas da proteção e da assistên-cia social”, finalizou.

Rômulo Paes de Sousa é médi-co epidemiologista, especialista emAvaliação de Políticas Públicas e emMedicina Social, pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG), e PhDem Epidemiologia, pela Universidadede Londres. Paes liderou o desenvolvi-mento do Atlas das Desigualdades parao Ministério da Saúde do Brasil e é umdos coordenadores do Observatório dasDesigualdades da Ensp/Fiocruz. Atuoucomo docente, pesquisador e consul-tor em epidemiologia, sistemas de in-formação em saúde e em saúde públicano Brasil e em países como Reino Uni-do, África do Sul e Egito.

O Rio+ é um centro internacio-nal de excelência em políticas e práti-cas de desenvolvimento sustentávelcriado para facilitar a pesquisa e o in-tercâmbio de conhecimentos, além depromover o debate internacional sobreo desenvolvimento econômico, sociale ambiental, integrando governos esociedade civil. Foi recentemente inau-gurado na Ilha do Fundão, no Rio deJaneiro, sendo um legado da Conferên-

cia das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável (Rio+20), ocorridana capital fluminense no ano passado.

Embora sediado no Brasil, a atu-ação do Centro vai se dar a nível glo-bal, uma vez que ele é fruto de parceriaentre o Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD) e ogoverno brasileiro. Uma de suas primei-ras atividades será dar continuidade àsdiscussões iniciadas pelos Diálogos para

o Desenvolvimento Sustentável, lança-dos pelo governo com o apoio do Pro-grama das Nações Unidas para oDesenvolvimento (Pnud) antes da reali-zação da Rio+20. O Centro vai traba-lhar quatro temas prioritários: clima;erradicação da pobreza; cidades; e Ob-jetivos de Desenvolvimento Sustentável(ODS), que serão estabelecidos até 2015para dar continuidade aos Objetivos deDesenvolvimento do Milênio (ODM).

“A Proteção Social contri-bui para a redução das

desigualdades, além de terum discurso contemporâ-neo alinhado com temáti-cas que estão em debate,

tais como direitos, equida-de e sustentabilidade”

Centro Rio +

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Tatiane Vargas – Ensp eThiago Oliveira - Cris

Ensp/Fiocruz vem atuando inten-samente no âmbito da coope-ração técnica internacional. Entreos projetos desenvolvidos, está

o Proforsa, fruto da cooperação tripartiteentre Brasil, Angola e Japão para fortale-cer o sistema de saúde angolano, pormeio do desenvolvimento de recursoshumanos, e revitalizar a atenção primá-ria à saúde (APS) no país. O Proforsa estáinserido na política de cooperação inter-nacional da Fiocruz com os países africa-nos de língua portuguesa e envolve oCentro de Saúde Escola Germano SinvalFaria (CSEGSF), a Educação a Distância(EAD), ambos da Ensp, além da EPSJV/Fiocruz, que atuam na capacitação degestores de quatro centros de saúde dereferência situados em Luanda, capitalde Angola. O Cris/Fiocruz é o responsá-vel pela coordenação das atividades daFundação voltadas para o projeto.

Celina Boga, médica do CSEGSF,explica que o Centro participa do projetopor meio de um curso, cujo objetivo écapacitar e formar gestores no âmbitoda atenção primária à saúde. “Comounidade de cuidados primários em saú-de acreditada nacional e internacional-mente, em 2012, pelo ConsórcioBrasileiro de Acreditação (CBA) e pelaJoint Commission International (JCI), oCentro tem muito a colaborar no desen-volvimento de mudanças estruturantes nosistema de saúde angolano. Finalizamosa missão de julho com uma proposta deprontuário individual, denominado poreles como processo clínico, com base nomodelo utilizado no Centro”, explicou.

A última missão realizada possuiuo caráter propositivo e foi antecedida decapacitações, que, entre outros temas,possibilitaram aos alunos: desenhar eexecutar uma análise de contexto decada centro de saúde de referência e seuterritório; apreender a metodologia deplanejamento estratégico situacional eelaborar planos de ação para enfrenta-mento de dois problemas críticos e priori-tários; compreender e discutir indicadoresgerenciais e epidemiológicos; e construiruma proposta de setorização para os cen-tros de saúde de referência baseada napossibilidade de introduzir práticas de vi-

Cooperação tem como focoa revitalização da APS em Angola

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gilância e promoção da saúde.Segundo a médica, a metodolo-

gia utilizada no projeto opta pelo de-senvolvimento de um conhecimentocompartilhado e reconhece as potenci-alidades e limites da realidade local. ParaCelina Boga, as precárias condições devida e a consequente frágil situação desaúde de parte da população de Ango-la não serão resolvidas por meio de ati-vidades temporárias. No entanto,projetos que tenham como princípio ofortalecimento das capacidades locais edas ações estruturantes podem contri-buir para a implantação de processos detrabalho em prol da melhoria da quali-dade de vida da população angolana.

Visita técnicaSeis dirigentes do sistema de saú-

de de Luanda, em Angola, fizeram umavisita de estudo à Fiocruz de 12 a 16 deagosto. O grupo participa do Curso deGestão em Atenção Primária do ProjetoProforsa, coordenado por técnicos daEnsp/Fiocruz e da EPSJV/Fiocruz. O ob-jetivo foi conhecer a estrutura e a lógicados sistemas de atenção primária e deseu fluxo de informação, como docu-mentação de protocolos, fichas de aten-dimento, agendamentos de pacientes eoutros serviços. O grupo iniciou a visitaà Fiocruz conhecendo o Castelo Mou-risco e o Cris. Eles foram recebidos pelocoordenador da África e CPLP LuizEduardo Fonseca, responsável pela co-operação com a África, que realizouuma apresentação geral da Fundação ede sua atuação internacional. “Apresen-tamos nossos projetos e como realiza-mos uma cooperação estruturante e suaimportância para a diplomacia global em

saúde”, explicou.Integraram o grupo a chefe de

departamento provincial de saúde de Lu-anda, Vitória Cambuanda, a administra-dora Ana Domingos Bastos e os diretoresde centros de saúde em Luanda, JoãoCalolósio, Moreira Brito, Olga Pereira eArlina Feijó. Os profissionais conheceramo Centro de Saúde Escola Germano Sin-val Faria, na Ensp, o Serviço de Documen-tação e Informação em Saúde (Sedis) e aEPSJV, assim como a UPA de Manguinhos.

A cooperaçãotripartite e o Proforsa

A cooperação tripartite entre Bra-sil, Angola e Japão envolve a AgênciaBrasileira de Cooperação (ABC), o Mi-nistério da Saúde, por meio da Fiocruz, aUniversidade Estadual de Campinas (Uni-camp), a Agência de Cooperação Inter-nacional do Japão (Jica) e o Ministério daSaúde de Angola (Minsa). O projeto Pro-forsa, com previsão de três anos de du-ração (2012-2014), visa o fortalecimentodo sistema de saúde de Angola atravésdo desenvolvimento de recursos huma-nos em nível hospitalar (Hospital JosinaMachel e Maternidade Lucrécia Paim).

A iniciativa enfatiza o esforço bra-sileiro, como diretriz do governo, de in-vestimento na cooperação Sul-Sul,especialmente com os países africanos delíngua portuguesa, que aportam financia-mento por meio de programas de coope-ração solidária reforçando as políticaslocais. Trata-se de um esforço em contri-buir com o desenvolvimento da capacida-de técnica de saúde em Angola, visandoutilizar, com eficiência e eficácia, o orça-mento destinado à área da saúde.

Angola sofre comproblemas sociais queprovocam forteimpacto na saúde dapopulação. A propostada cooperação tripar-tite é revitalizar aatenção primária àsaúde do país africa-no, facilitando oacesso da populaçãoaos serviços de saúde.

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Pesquisadores testam novaestratégia para o controle dovetor da leishmaniose visceral.Projeto envolve 18 municípios deSão Paulo e conta com a parceriade 700 moradores voluntários

Vanessa Sol - IOC

leishmaniose visceral represen-ta ainda hoje um importanteagravo na saúde pública doBrasil. Segundo dados no Mi-

nistério da Saúde, entre 2009 e 2011,foram notificados mais de seis mil ca-sos da doença. A ocorrência da enfer-midade, que é transmitida pelo insetoLutzomyia longipalpis, conhecido popu-larmente como mosquito palha, vemaumentando nas áreas urbanas, sendoo cachorro o principal reservatório do-méstico do parasito. Atentos a essa re-alidade, pesquisadores do IOC/Fiocruz,em parceria com o pesquisador GordonHamilton da Universidade Keele, na In-glaterra, estão desenvolvendo um pro-jeto para o controle do vetor da doençana região sudeste do país.

Financiando pela WellcomeTrust, fundação internacional que apoiapesquisas biomédicas, o projeto está emsua segunda fase, envolvendo 18 mu-nicípios do noroeste do Estado de SãoPaulo, região com muitos casos da do-ença. A iniciativa testa o uso do feror-mônio sintético do mosquito palha: o9-Metil Germacreno. O ferormônio éuma substância química secretada porespécies animais com o objetivo princi-pal de promover a atração sexual deindivíduos da mesma espécie.

De acordo com o coordenador doprojeto e pesquisador do Laboratório deDoenças Parasitárias do IOC/Fiocruz, Re-ginaldo Peçanha Brazil, a captura dos ve-tores é realizada por meio de armadilhasespeciais instaladas nas residências de 700moradores voluntários. “Como as avestambém são fonte alimentar para os fle-botomíneos (vetor da doença), as arma-dilhas foram instaladas em galinheiros. Oequipamento possui um mecanismo quelibera durante três meses o ferormônio,utilizado para atrair as fêmeas do mosqui-to palha. Nossa estratégia é atrair o insetoe depois eliminá-lo, ajudando no controleda leishmaniose visceral”, explica.

Novas perspectivas paracontrole da leishmaniose

A etapa inicial do pro-jeto foi realizada na cidade deCampo Grande, Mato Grossodo Sul, entre 2008 e 2010, épo-ca em que a incidência daleishmaniose visceral canina naregião estava aumentando eainda não havia estratégia decontrole de flebotomíneos noestado. “A eliminação do ve-tor da doença é um desafio.Por isso, temos que pensar emestratégias para controlá-lo, afim de contribuir para a redu-ção da transmissão da leishma-niose, que ainda acometemuitas pessoas em todo o paíse com consequências gravespara esses pacientes”, desta-ca o especialista.

O pesquisador antecipaque está em fase de desenvol-vimento um kit que utiliza o ferormôniocombinado a um cortinado impregnadocom inseticida a base. “O ferormônioirá atrair os mosquitos e o inseticida oeliminará”, explica. “Planejamos tes-tar o uso do kit como estratégia de con-trole, com o objetivo de favorecer adiminuição da densidade de flebotomí-neos em determinada localidade”, fina-liza Reginaldo Brazil.

Protozoário parao desenvolvimentode vacinas

Com o intuito de produzir conhe-cimento científico sobre as leishmanio-ses, o IOC/Fiocruz promoveu, no dia 29de agosto, uma edição especial de seuCentro de Estudos sobre a doença. Oevento contou com a participação dopesquisador Kwang Poo Chang, da Chi-cago Medical School, que na ocasiãoproferiu a palestra Photo-inactivation ofLeishmania with ROS as vaccines andvaccine carriers against infectious andmalignant diseases. Chang apresentoudados sobre a utilização do protozoáriode gênero Leishmania, causador dasleishmanioses, no desenvolvimento devacinas vetorizadas. Neste sistema, oparasito é submetido à fotoinativação,mecanismo que impede sua reproduçãono hospedeiro e o consequente desen-

volvimento da doença. “O protozoáriopode, então, atuar como veículo de an-tígenos contra diversas doenças infecci-osas ou não, como a próprialeishmaniose e o câncer”, disse. De acor-do com o especialista, os resultados detestes com modelos experimentais dehamsters vêm se mostrando animado-res. “Leishmanias crescem com facilida-de em cultura e são capazes de gerarexcelente resposta imune”, assegurou.

AO pesquisador Reginaldo Brazil instala aarmadilha contendo ferormônio para atrairos mosquistos transmissores da leishmaniosevisceral. Foto Gutemberg Brito/IOC

Leishmaniosevisceral

A leishmaniose visceral é umadoença infecciosa sistêmica que com-promete o fígado e o baço, além deocasionar a perda de peso, fraqueza,redução da força muscular, anemia,dentre outras manifestações. Os sinto-mas podem surgir entre 10 dias a 24meses após a infecção pelo parasito dogênero leishmania. As manifestaçõesclínicas da doença variam de modera-das até as mais graves, que, se não fo-rem tratadas, podem levar o pacientea óbito. Os medicamentos mais utiliza-dos no tratamento são o antimoniato ea anfotericina, que apresentam efeitoscolaterais diversos e alto grau de toxici-dade. O tratamento para a leishmanio-se visceral é oferecido gratuitamentepelo Sistema Único de Saúde.

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Luciene Paes - Ensp

té alguns anos atrás, a Suéciaera um exemplo de país commenos desigualdades. Essa foia constatação do público pre-

sente ao Centro de Estudos da Ensp/Fiocruz, ocorrido em 21 de agosto, compalestra da socióloga Susanna Toivanen,da Universidade de Estocolmo. Com obroche do Castelo da Fiocruz na lape-la, ela anunciou que quer voltar à insti-tuição. A palestra, coordenada pelapesquisadora Dora Chor, trouxe o temaDeterminantes sociais de saúde: comoas desigualdades se expressam no tra-balho?. “Há um aumento de desigual-dade de renda entre homens emulheres, nos últimos anos, na Suécia.Por isso, gênero é sempre um foco naspesquisas. Temos um mercado de tra-balho segregado por gênero”, informou.

Para Susanna, as desigualdadesem saúde são evitáveis e inaceitáveisnuma sociedade civilizada. “As condi-ções em que vivem e trabalham aspessoas são influenciadas por forçaspolíticas e econômicas”, disse. “Quala contribuição das condições adversasde trabalho?”, indagou a socióloga.“Elas aumentam os níveis de risco desaúde na maioria das análises quandointroduzida a questão das condições detrabalho”, respondeu em seguida. Suaspesquisas envolvem questões como avida do trabalhador autônomo, as con-dições de trabalho dos estrangeiros, a

Susanna também disse que oacesso à educação caracteriza maiorou menor prevalência de questõescomo acesso ao seguro-saúde, licençatrabalhista e exposição a risco físico epsicossocial. “Verifica-se que o traba-lhador não empregado ou inativo temsaúde pior em relação ao autônomo ouao empregado. Quanto aos emprega-dos, oportunidades e discriminação noambiente de trabalho são fatores im-portantes na estratificação social”,exemplificou.

A palestrante falou que, num es-tudo realizado na Finlândia, que tem ca-racterísticas semelhantes às da Suécia,foi analisada a relação da obesidade como desemprego. O resultado acusa que onúmero de mulheres obesas duplicou naúltima década. “Elas ficam mais desem-pregadas, além de ocuparem funçõesmenos qualificadas”, disse.

Dados de 1986 a 2007 indicamque a expectativa de vida na Suéciaaumenta para todos os grupos educa-cionais, sendo maior para homens. Nocaso das mulheres com baixo nível edu-cacional, só aumentou 0,7%. Em rela-ção à discriminação étnica, informouSusanna, o grupo de estrangeiros émuito vulnerável no mercado de traba-lho sueco, mesmo que tenha bom ní-vel educacional. Há muitos médicos, porexemplo, exercendo a profissão de ta-xista. “Eles aceitam trabalhar no mer-cado informal, segmento difícil parapesquisadores atuarem”, explicou.

Socióloga fala sobre desigualdade na Suécia

Asaúde na Suécia e o trabalhador dofuturo, permeadas pelo fator determi-nantes sociais. “Trabalho e relações deemprego são importantes fatores paraavaliar a saúde e a qualidade de vidadas populações”, disse.

De acordo com dados trazidospela socióloga a partir de publicaçõessobre o tema, existem evidências, de-pois de quase 30 anos de pesquisa noseu país, de que o status social é umacausa de problemas de saúde. “Essa éuma síndrome que determina o riscode doença cardíaca, acidente vascularcerebral, câncer, doenças infecciosas eaté mesmo suicídio e homicídio”, apon-tou. Ela ainda disse que não é apenaspor causa da renda ou estilo de vida.“É a experiência psicológica da desi-gualdade, de quanto controle você temsobre sua vida e as oportunidades quevocê tem para plena participação soci-al. Isso tem um efeito profundo em suasaúde”, acrescentou.

Segundo ela, os países com di-ferenças estreitas de renda entre ricose pobres têm uma melhor saúde e bem-estar, com índices menores de obesi-dade, abuso de drogas, gravidez naadolescência, estresse e problemas desaúde mental. Esses países, continuou,também têm serviços de bem-estarmelhores e, por isso, oferecem maior oacesso à educação, habitação, trans-porte, prestação de cuidados de saúdee espaços verdes, com uma distribui-ção mais justa para toda a população.

“Há um aumento dedesigualdade derenda entre homense mulheres nosúltimos anos, naSuécia. Temos ummercado de trabalhosegregado porgênero”, apontou asocióloga SusannaToivanen. FotoVirginia Damas/Ensp

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Danielle Monteiro - CCS

m simpósio ocorrido em 9 de agos-to, pesquisadores da Fiocruz e daUniversidade de Michigan, dos Es-tados Unidos, definiram ações de

cooperação nos campos de doenças crôni-cas; saúde da mulher e da criança; saúdee meio ambiente; e história da medicina,saúde e ciências humanas. Promovido pelaVice-presidência de Ensino, Informação eComunicação da Fundação, com apoio doCris/Fiocruz, o encontro é consequência davisita da reitora da instituição acadêmica,Mary Sue Coleman, à instituição em se-tembro passado, quando foi selada parce-ria entre as duas instituições para ospróximos cinco anos.

Bancos de Leite Humano eestudos em doenças crônicas

Entre as ações definidas, está odesenvolvimento de um Banco de LeiteHumano (BLH) na Universidade de Michi-gan, baseado no modelo de BLH lideradopelo IFF/Fiocruz. Os Estados Unidos possu-em 13 Bancos de Leite Humano e a uni-versidade conta com um programa dealeitamento materno. A expectativa é deque o BLH seja instalado em dois anos.“Como a Universidade de Michigan nãoconta com um Banco de Leite Humano,dependemos dos BLHs espalhados pelo paíspara fazer nosso trabalho. Com a concreti-zação dessa parceria, poderemos realizartodo o processamento do leite humano nauniversidade e, com isso, reduzir nossoscustos”, disse a professora de pediatria daUniversidade de Michigan, Lisa Hammer.Após um dia de visita ao BLH liderado peloIFF/Fiocruz, ela contou que ficou admiradacom o trabalho lá realizado. “Fiquei im-pressionada com como o leite humano émuito bem processado e testado e comoeles conseguem combinar alta qualidadecom baixo custo”, disse. As duas institui-ções vão promover conferências de tele-medicina para a discussão de práticas deamamentação, de oportunidades de pes-quisa e para a definição de um plano deação. “A iniciativa também inclui o treina-mento de nutricionistas e pediatras no BLHno Brasil”, adiantou ela.

Em novembro desse ano, pesqui-sadores da universidade farão uma visita

aos Bancos de Leite Humano brasileirose, em contrapartida, um grupo da Fun-dação vai visitar a instituição acadêmicaem 2014. O coordenador da Rede Brasi-leira de Bancos de Leite Humano, JoãoAprígio (IFF/Fiocruz), destacou que a par-ceria não se trata somente de uma trans-ferência de tecnologia, mas também daconstrução de uma relação mais estreitaentre dois grupos que enxergam a im-portância do aleitamento materno. “Comessa cooperação, poderemos avaliar, combases epistemológicas sólidas, a aplica-bilidade brasileira no contexto da socie-dade norte-americana, a qual se pautaem referências culturais diferentes no quetange a amamentação”, afirmou.

Já no campo de doenças crônicas,as ações vão envolver produção de pesqui-sas acerca das diferenças raciais no con-texto da saúde. Serão analisados, entreoutras questões, fatores que contribuempara essas diferenças raciais em ambos ospaíses, além da heterogeneidade geográ-fica dessas diferenças raciais, bem comoos fatores associados a ela. A iniciativa tam-bém vai englobar estudos dos determinan-tes sociais e das consequências sociais dadoença, além de indicadores de enfermi-dades crônicas e deficiências no Brasil. Emfevereiro do ano que vem, será realizadoum seminário via web para a definição dosplanos de ação. “Esses estudos vão nosajudar a entender as causas sociais e bioló-gicas primárias das diferenças raciais no con-texto da saúde nos dois países. É muitoimportante para a saúde pública ter umacompreensão acerca disso”, justificou aepidemiologista Ana Diel, da Escola deSaúde Pública da universidade.

História da Ciência e Saúdee Saúde e Meio Ambiente

As ações conjuntas também vãose dar no campo da história das doen-ças cardíacas. Segundo a coordenado-ra do Programa de Pós-Graduação emHistórias da Ciência e da Saúde daCOC/Fiocruz, Simone Kropf, a ideia éestabelecer uma comparação entre oBrasil e os Estados Unidos no que serefere ao desenvolvimento dessa área,em torno da figura do cardiologistanorte-americano Frank Norman Wilson,fundador e diretor da Heart Station, doHospital da Universidade de Michigan.Wilson esteve no Brasil em 1942 paradar um curso de eletrocardiografia, quefoi assistido por outros renomados pro-fissionais da medicina nacional interes-sados nos problemas cardíacos. “Vamosabordar as técnicas médicas e a produ-ção de conhecimento nos espaços emque esse debate ocorreu”, explicou ela.

Ainda entre as ações, está a pro-dução de pesquisas nas áreas de raçae saúde em uma perspectiva multidis-ciplinar; e de urbanismo, pobreza e saú-de, abordando o trabalho de campo doantropólogo americano Anthony Leedsnas favelas do Rio de Janeiro. A pro-posta é produzir artigos em conjuntocom o grupo que vai trabalhar as açõesno campo de doenças crônicas. Emagosto de 2014, serão promovidos naFundação dois cursos de pós-graduaçãode curta duração, focados nessas te-máticas, com a participação de alunose professores das duas instituições.

As doenças transmitidas pelaágua, o monitoramento e avaliação dasaúde ambiental, as mudanças climáti-cas e eventos por elas causados e a pro-dução de pesquisa em zoonose serão ofoco das ações firmadas no campo desaúde e meio ambiente. As iniciativasvão integrar treinamentos, cursos de pós-doutorado e intercâmbio financiadospela Fiocruz. “Vamos desenvolver mé-todos para avaliar a aceitabilidade e ocusto-benefício de diferentes métodos dedescontaminação da água na zona ru-ral amazônica”, revelou o epidemiolo-gista da Escola de Saúde Pública dauniversidade, Joe Eisenberg.

Fiocruz e Universidade de Michigandefinem ações de cooperaçãoA parceria foi firmada nos campos de doenças crônicas, saúde da mulher e da criança, saúde e meio ambientee história da saúde

O IFF/Fiocruz levará expertiseem Bancos de Leite Humano àUniversidade de Michigan.Foto Vinícius Marinho/IFF

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curtas

O designer canadense René Bar-salo esteve no IFF/Fiocruz, no dia 26de agosto, em companhia da assesso-ra técnica da Vice-Presidência de Pro-dução e Inovação em Saúde daFiocruz, Gabriela Padilha. Barsalo atuaem projetos de humanização por meiode alternativas virtuais que colaboramcom o processo de facilitação da inte-ração e mediação, desenvolvimento dehabilidades sociais e empoderamentode crianças e adolescentes no HospitalSte-Justine, da Universidade de Mon-treal, o maior da América do Nortevoltado à atenção materno-infantil.Durante o encontro, foi abordada apossibilidade de parcerias entre o IFF/Fiocruz e o hospital canadense quantoao projeto físico das futuras instalaçõesdo instituto e também no âmbito doensino, promovendo o intercâmbio deexpertises entre as duas instituições.

Uma das intervenções da equi-pe de Barsalo no Ste-Justine se dá pormeio de projeções nos quartos ou bo-

xes dos pacientes internados. Cada cri-ança customiza, por computador, a de-coração do próprio espaço, que éprojetada nas paredes, teto e móveis,criando ambientes virtuais individuali-zados. Para a pesquisadora e terapeu-ta ocupacional Rosa Mitre, existe umaenorme convergência entre o trabalhodesenvolvido pelo designer canadensee a filosofia que fundamenta a atua-ção do Saúde e Brincar, do IFF/Fiocruz.“Ele usa essas estratégias tecnológicasbaseado no potencial da imaginação epossibilidade de escolha da criança,como recursos não farmacológicos queauxiliam, inclusive, o indivíduo a lidarcom a dor por meio do seu envolvimentoem outras atividades. Aqui, nós apos-tamos no brincar como forma de favo-recer a elaboração dos processosvividos pela criança durante a interna-ção, humanizando sua relação com oambiente hospitalar”, enfatiza.

Fonte: IFF/Fiocruz

Chile quer ampliarcooperação comFiocruz

O embaixador do Chile no Bra-sil, Fernando Schmidt, e o subsecretá-rio de Saúde do Chile, Luis Castillo,foram recebidos em 20 de agosto naFiocruz Brasília pelo presidente da Fun-dação, Paulo Gadelha. Desde o iníciode 2012, época em que foi firmadoacordo entre Chile e Fiocruz, profissio-nais de saúde chilenos vêm ao Brasilpara participar de capacitações contí-nuas na Fundação, principalmente ematenção primária.

Gadelha ressaltou que, além doensino, a Fiocruz atua, por exemplo,com pesquisas estratégicas para a bus-ca de soluções para os problemas dasaúde, na elaboração de políticas públi-cas para o Brasil, produção de medica-mentos e vacinas e novas tecnologias,cooperação internacional, e participa dediscussões internacionais no âmbito daOrganização Mundial da Saúde (OMS).“Seria interessante conhecer com maisprofundidade as atividades da Fiocruz eplanejar uma cooperação estruturantejunto ao Cris/Fiocruz”, propôs.

O subsecretário afirmou que, parao Chile, é relevante fortalecer a coope-ração com a Fiocruz, pois é uma institui-ção séria e de muito prestígio no campoda saúde. O primeiro passo para fortale-cer a cooperação será dado com umareunião entre o coordenador geral doCris, Paulo Buss, e o governo chileno.

Fonte: Fiocruz Brasília

A pesquisadora Manuela da Sil-va, assessora da Vice-Presidência dePesquisa e Laboratórios de Referência(VPPLR) e coordenadora das coleçõesbiológicas da Fiocruz, foi eleita mem-bro da diretoria executiva da Federa-ção Mundial de Coleções de Cultura(WFCC, na sigla em inglês) pelo perío-do de 2013 a 2016.

A WFCC é uma comissão multi-disciplinar que busca promover e dar

O designercanadense RenéBarsalo em visitaao IFF/Fiocruz.Foto ViníciusMarinho/IFF

O designer canadense RenéBarsalo em visita ao IFF/Fiocruz

Fiocruz na diretoria executiva da WFCCsuporte ao estabelecimento de coleçõesde culturas e serviços relacionados, fa-vorecer a cooperação e estabeleceruma rede de informações entre as co-leções de culturas e seus usuários, etrabalhar para garantir a manutençãode longo prazo dessas coleções. Ma-nuela vai representar a Fundação, oBrasil, a América Latina e as comuni-dades de língua portuguesa na direto-ria executiva da WFCC.

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Inep disponibilizapublicaçõestraduzidas paraportuguês

O Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira(Inep) disponibiliza, em seu portal ele-trônico, uma série de publicações inter-nacionais traduzidas para o português.

O Inep foi o responsável por publi-car traduções lançadas pela Organizaçãopara Cooperação e Desenvolvimento Eco-nômico (OCDE). Uma delas é a série deestudos Indicadores Educacionais em Foco,lançada em janeiro de 2012. O conteúdo,além de debater questões sobre como ospaíses educam seus jovens para conseguiremprego e salário dignos ou como a edu-cação diminui as desigualdades sociais nomundo todo, também serve como base parapesquisas e elaboração de políticas educa-cionais no país. Outra série é a Pisa emFoco, com textos curtos, elaborados a par-tir de dados levantados nas aplicações doexame, que instigam a reflexão sobre qua-lidade da educação em todos os países queparticipam da avaliação.

Fonte: Inep

Investimento empesquisas para odesenvolvimentodos sistemasuniversais de saúde

Durante o lançamento do Relatóriomundial de saúde 2013: pesquisa para acobertura de saúde universal, em Pequim,a diretora-geral da Organização Mundialda Saúde (OMS), Margaret Chan, atentoupara a importância do investimento empesquisas para o desenvolvimento dos sis-temas universais de saúde. Para a OMS, acobertura universal em saúde é um meiode os países garantirem que todos os cida-dãos tenham acesso a serviços de saúdeessenciais. “A cobertura universal é o con-ceito mais poderoso que a saúde públicatem para oferecer”, ressaltou ela. Leia maisno Portal da Inovação na gestão do SUS

Alexandre Matos - Farmanguinhos

No dia 1° de agosto, uma equi-pe da empresa ucraniana Indar esteveem Farmanguinhos para cumprir maisuma etapa do cronograma de transfe-rência de tecnologia da Insulina Recom-binante humana aos pesquisadores daunidade. A produção no futuro, no Bra-sil, do hormônio utilizado no tratamen-to do diabetes será fruto de uma Parceriade Desenvolvimento Produtivo (PDP)envolvendo as duas instituições. Duran-te o encontro, foi entregue a documen-tação para iniciar a importação das cepasde insulina a ser desenvolvida e produ-zida em Far, bem como as informaçõestécnicas sobre o produto.

De acordo com a coordenadora

Gabriel Cavalcanti – Canal Saúde

Dois gestores do Canal Salud, daArgentina, estiveram no Rio de Janeiropara uma visita técnica ao Canal Saú-de/Fiocruz. O objetivo é conhecer deperto a infraestrutura e o funcionamen-to da emissora para preparar o lança-mento do primeiro canal de televisãoexclusivamente voltado para a saúde nopaís vizinho. O Canal Salud, que está emfase de implantação, será gerido pela Fa-culdade de Ciências Médicas da Univer-sidade Nacional de Córdoba (UNC), naArgentina, e nasce nos mesmos moldese sob inspiração do Canal Saúde brasi-leiro, sendo fruto de termo de coopera-ção assinado esse ano na Argentina.

Durante a reunião, que faz parte da terceira etapa do acordo de transferênciade tecnologia, foi disponibilizada a documentação técnica sobre o hormônio.

Transferência de tecnologia de Insulina

de Desenvolvimento Tecnológico, KátiaMiriam, o compromisso faz parte da ter-ceira etapa do acordo. “Esta fase deve-rá ser finalizada em setembro, quandoserá entregue a documentação final”,disse. A insulina será desenvolvida nolaboratório de Bioprodutos, localizado nocampus de Manguinhos. No entanto,durante este período de desenvolvimen-to, o hormônio vem sendo produzidonaquele país do Leste Europeu já com aidentidade visual de Farmanguinhos, afim de garantir o fornecimento aos paci-entes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Clique aqui para ler artigo queaborda todo o processo de transferên-cia tecnológica do hormônio, bem comoa importância da produção pública deinsulina para o Brasil.

Canal Saúde é referência paraemissora argentina

O médico especializado em saú-de pública e gestor de desenvolvimentoacadêmico do Canal Salud, Emílio Ioza,e o gestor de audiovisual do canal ar-gentino, Daniel Ribetti, formado em Ci-nema e Televisão, vão acompanhar aprodução e gravação de diversos pro-gramas, entre eles o Sala de Convida-dos, o Jornal da Saúde e o Ligado emSaúde. “Nós temos a missão de desen-volver esse começo do Canal Salud, queimplica em, quando voltarmos, avançarnos pressupostos da emissora, na defi-nição das equipes necessárias e dos re-cursos humanos para começar a produziraudiovisuais em maior escala”, contouIoza. “O apoio de vocês nisso tem sidofundamental”, ressaltou.

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Prevenção dedrogas nas escolas

O Escritório das Nações Unidassobre Drogas e Crime (UNODC) e o Mi-nistério da Saúde, com apoio de parcei-ros, concluíram a primeira etapa decapacitação para lançar nas escolas brasi-leiras uma nova metodologia de preven-ção de drogas. Intitulado Unplugged, oprojeto ainda está em fase pré-piloto evai atingir, até o fim do ano, aproximada-mente 5 mil alunos da rede pública muni-cipal e estadual nas cidades de São Paulo,São Bernardo do Campo e Florianópolis.O objetivo é eventualmente expandir ametodologia de prevenção para todas asescolas brasileiras que fazem parte do Pro-grama Saúde na Escola, do Ministério daSaúde e do Ministério da Educação.

A metodologia consiste em pro-mover discussões entre alunos de 10 a14 anos de idade, em linguagem des-contraída e acessível, abordando diver-sos assuntos e situações de stress quepodem levar adolescentes a usar drogas.As discussões também promovem o for-talecimento de fatores de proteção, comobem estar psicológico e emocional, ha-bilidades sociais e bom relacionamentocom os pais, que tornam os alunos me-nos vulneráveis ao uso de drogas e aoutros comportamentos negativos.

Fonte: ONU

A Organização Mundial de Saú-de (OMS) divulgou a 4ª versão da Lis-ta de Medicamentos Essenciais paraCrianças, na qual dois medicamentosproduzidos no Brasil foram incluídos.Um deles é o Artesunato+Mefloquina(ASMQ), desenvolvido por Farmangui-nhos/Fiocruz, por meio de uma par-ceria com a Iniciativa Medicamentospara Doenças Negligenciadas (DNDi,na sigla em inglês). Trata-se de umaformulação inovadora, em dose fixacombinada, capaz de curar a maláriaem até três dias. O ASMQ foi tam-bém acrescentado à 18ª Lista de Me-dicamentos Essenciais para adultos.A inclusão demonstra a importânciada instituição no desenvolvimento demedicamentos essenciais para a saú-de humana.

A combinação em dose fixa deArtesunato e Mefloquina foi adiciona-da às duas listas, já que está em con-sonância com as diretrizes atuais detratamento da OMS. O ASMQ foi lan-çado pela primeira vez no Brasil em2008. Após transferência de tecnolo-gia para a indústria indiana Cipla, omedicamento foi pré-qualificado pelaOMS em 2012 e, nos últimos dois anos,registrado na Índia, Malásia e Mian-mar. Farmanguinhos envia doações domedicamento a países da AméricaLatina, a fim de combater o surto dadoença e registrar o produto na região,para o qual obteve, recentemente, aoutorga da Organização Pan-America-na da Saúde (Opas).

Fonte: Farmanguinhos

Prêmio dereconhecimentoa pesquisadoresda Fiocruz

O governo francês concedeu aodiretor do IOC/Fiocruz, Wilson Savino,e ao chefe do Laboratório de Pesquisaem Malária, o imunologista CláudioTadeu Daniel-Ribeiro, o Chevalier dansl’Ordre des Palmes Académiques, em1º de agosto. O prêmio é atribuído apersonalidades que contribuíram demodo significativo para a educação ecultura francesas, independentementede suas nacionalidades.

Segundo Savino, a premiaçãorepresenta uma homenagem a sua atu-ação em benefício do processo de coo-peração franco-brasileiro, sobretudo noque diz respeito à formação de recur-sos humanos para as ciências da saú-de. “Aqui dentro desta medalhapermitirei guardar uma história de tra-balho que coexiste com mais 30 anosde experiência. Momentos que nãoaparecem na base de dados do Lattes,mas que poderão ser acessados aqui,no interior das ranhuras destas palmas”,agradeceu Savino.

A Ordem das Palmas Acadêmi-cas foi instituída pelo imperador Napo-leão I, em 1808, como título honoráriode reconhecimento às relevantes con-tribuições dos membros da universida-de francesa – trata-se da mais antigacondecoração francesa não-militar. Apartir de 1955, a honraria passou a serconstituída por três graus: Cavaleiro,Oficial e Comendador. Hoje, as deci-sões sobre as nomeações e promoçõesficam a cargo do ministro da EducaçãoNacional.

Fonte: IOC

Ferramenta de inquéritoepidemiológico

Uma nova ferramenta de inqu-érito epidemiológico digitalizado, de-senvolvida em sistema android, estásendo validada no Mestrado em Saú-de Pública da Fiocruz Pernambuco peloestudante Onício Leal. A Schisto Trackoferece como vantagens a anulaçãodos erros de transcrição e facilidadepara o processo de coleta de dados. Atecnologia pode ser usada tanto para ocontrole da esquistossomose comopode ser adaptada para o inquéritoepidemiológico de outras doenças,como filariose e leishmaniose. O tra-balho será apresentado em Londres,nos dias 23 e 24 de setembro, duranteo maior evento da área de inovaçãotecnológica em saúde, o 6º CongressoMundial de Mídias Sociais, AplicativosMóveis, Internet 2.0 em Saúde e Pes-quisa Biomédica - Medicine 2.0.

Leia mais aqui

Fonte: Fiocruz Pernambuco

Wilson Savino (à direita) e CláudioTadeu Daniel-Ribeiro

Antimalárico na listade medicamentosessenciais

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IOC e USPpromovemsimpósiointernacional

O IOC/Fiocruz, em parceria coma Universidade de São Paulo (USP), vaipromover o 12º Simpósio Brasileiro deMatriz Extracelular e o 7º InternationalSymposium on Extracellular Matrix (Si-mec) entre 29 de outubro e 1º de no-vembro, em Búzios, no Rio de Janeiro.A proposta é realizar conferências, cur-sos e mesas-redondas abordando temasrelacionados à matriz extracelular e suaimportância na biologia celular, biome-cânica, genética, bioengenharia e te-rapia celular.

Um dos objetivos é estimular ointercâmbio entre os pesquisadores,docentes e estudantes, além de permi-tir que os resultados de suas pesquisassejam apresentados para a comunida-de científica. As inscrições com descon-to podem ser feitas até 13 de setembro,no site oficial do evento.

Fonte: IOC

O Centro La-tino-Americano dePerinatologia – Saú-de da Mulher e Re-produtiva (Clap/SMR), da área Saú-de Familiar e Co-munitária, daOrganização Pan-Americana da Saúde (Opas), lançou odocumento Plano de ação para acele-rar a redução da mortalidade mater-na e morbidade materna grave –Estratégia de monitoramento e avali-ação. O objetivo da publicação, dis-ponível em português, inglês, espanhole francês, é ser um passo a mais paramelhorar a saúde das mulheres, con-tribuindo indiretamente com os esfor-ços dos países para atingir o Objetivode Desenvolvimento do Milênio nº 5.

O plano de ação propõe que,

Conferência decomunicação emciência e tecnologia

A 13ª Conferência Internacionalsobre Comunicação Pública da Ciên-cia e Tecnologia (PCST 2014) será rea-lizada de 5 a 8 de maio de 2014, emSalvador. Tendo lugar na América Lati-na pela primeira vez, o tema centralserá Divulgação da ciência para a in-clusão social e o engajamento político.As conferências sobre comunicaçãopública da ciência e tecnologia são umfórum para a discussão de temas sobrea prática, a capacitação e a pesquisana área de divulgação da ciência.

Acesse o site da conferência.

Fonte: Ministério da Ciência eTecnologia

Jornalistabrasileira é eleitapara dirigir aRed Pop

A jornalista Luisa Massarani,chefe do Museu da Vida da Fiocruz,foi eleita por unanimidade para di-rigir a Rede de Popularização daCiência e Tecnologia para a Améri-ca Latina e o Caribe (Red Pop), noperíodo 2014-2015. Criada em 1990com apoio da Unesco, a Red Pop éuma rede interativa que agrupa cen-tros e programas de popularizaçãoda ciência e da tecnologia, com oobjetivo de estimular a colaboraçãoentre os países da região. Suas reu-niões a cada dois anos são o maisimportante fórum em popularizaçãoda ciência e da tecnologia da re-gião. É a primeira vez que um bra-sileiro assume a direção da rede.

Luisa Massarani atua em po-pularização da ciência e da tecno-logia desde 1987. Desde 2002,trabalha na Fiocruz. Pesquisadora-produtividade do CNPq, é respon-sável pela área de divulgaçãocientífica da Faperj. Integram tam-bém a nova diretoria a mexicanaElaine Reynoso (coordenadora doNodo Norte-Central), a colombianaClaudia Aguirre (coordenadora doNodo Andes), a chilena Luz Linde-gaard (coordenadora do Nodo Sul)e a costarriquenha Alejandra LeónCastellá (tesoureira).

Fonte: COC/Fiocruz

A jornalista Luisa Massarani,chefe do Museu da Vida. FotoFaperj

Opas publica documentosobre saúde da mulher

no período2012-2017,sejam inten-sificadas asi n t e r v e n -ções-chavede eficáciacomprovadapara reduzir

a morbimortalidade materna em qua-tro áreas estratégicas que promovam,nos países, o acesso ilimitado à aten-ção pré-gestacional de alta qualida-de (abrangendo o planejamentofamiliar), bem como à atenção pré-natal, do parto e do puerpério pres-tada por profissionais qualificados,com adequação intercultural e focan-do os direitos nas suas ações.

Acesse o documento aqui.

Fonte: Ensp

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RODRIGO OLIVEIRAentrevista

A

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Como surgiu essa parceria en-tre a Fiocruz Minas e o Texas Bio-medical Research Institute?

Oliveira: O projeto foi iniciadoapós contato pessoal e trocas de e-mails entre os dois grupos. Ambos es-tavam interessados em identificarmarcadores genéticos que permitissema identificação de indivíduos em riscode desenvolver a forma clínica graveda doença. Enquanto o grupo da Fio-cruz Minas avaliava marcadores imu-nológicos, o grupo do Texas estudavagenética humana e doenças crônicas.Portanto, foi um processo de aproxima-ção natural devido a interesses comuns.

Por que o Texas BiomedicalResearch Institute foi escolhidocomo parceiro?

Oliveira: A competência da ins-tituição em estudos de genética de po-pulações é internacionalmenteconhecida. O grupo que participa desteprojeto desenvolveu e continua aprimo-rando modelos matemáticos de análiseconjunta de fatores genéticos e ambien-tais, que influenciam a expressão de umfenótipo específico. Eles estudam gran-des populações, o que valida ainda maisos resultados obtidos. Estes modelos vêmsendo utilizados por várias instituições de

pesquisa do mundo e têm demonstradoa sua força para análise de dados emgrandes populações, e não somente emgrupos familiares. Este processo, aliadoaos estudos da Fiocruz Minas sobre mar-cadores da resposta imune humana nadoença de Chagas, tornou o projeto ex-tremamente inovador.

Qual a importância desse es-tudo da epidemiologia e genéticada progressão do mal de Chagaspara o combate à doença?

Oliveira: O objetivo central doestudo é a identificação de marcadoresgenéticos que podem ser facilmente uti-lizados para a predição do desenvolvi-mento das formas graves da doença. Coma utilização dos marcadores, os clínicospodem iniciar um processo mais rápidode tratamento preventivo para os indiví-duos que têm risco elevado de desenvol-vimento da forma grave da doença.Esperamos, com este estudo, desenvol-ver um método simples de identificaçãodestes indivíduos, já que ainda existe umgrande número de pacientes infectadosou em risco de infecção no Brasil e emoutras partes do mundo. Sendo assim,este estudo, assim que estiver um poucomais avançado, terá uma enorme impor-tância no manejo do paciente portadorda doença de Chagas.

Como a população que estuda-mos inclui todos os moradores, espera-mos identificar, ainda, outros fatorespreditivos do desenvolvimento de do-enças cardíacas não relacionadas à en-fermidade de Chagas. Esta análise, semdúvida, será de grande impacto para osistema de saúde, não só brasileiro, poispermitirá a identificação de fatores derisco de desenvolvimento de doença car-díaca. A identificação destes fatores,juntamente com o desenvolvimento demétodos laboratoriais de análise pre-vistos para o futuro, poderá ser incor-porada aos serviços, permitindo otratamento preventivo de doenças car-díacas. O fato de estudarmos grandespopulações nos leva a identificar clara-mente grandes grupos familiares. E aidentificação do parentesco destes gru-pos aumenta significativamente o nos-so poder de análise.

Quais foram os principais re-sultados até agora alcançados?

Oliveira: Vários dados já foramobtidos e uma parte publicada. No es-tágio atual, estamos refinando a análi-se para identificação exata da regiãogênica e, ao mesmo tempo, validandoparte dos resultados obtidos em estu-dos imunológicos e clínicos. Comoexemplo, podemos citar a identificação

Fiocruz Minas e instituto de pesquisa americanounem esforços no combate ao mal de Chagas

Danielle Monteiro - CCS

s expertises do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas)em estudos imunológicos e do Instituto de Pesquisa Biomédica do Texas empesquisas de genética das populações somaram forças e deram origem aum projeto inovador para o combate ao mal de Chagas. A parceria, que

será renovada por mais cinco anos em outubro, inclui o estudo da resposta imune dosindivíduos à enfermidade e a varredura genômica para a identificação de genesrelacionados ao processo de desenvolvimento da doença cardíaca.

O objetivo é estudar a epidemiologia e genética da progressão da doençano município de Posse, no estado de Goiás, onde é alta a prevalência da infecçãopelo Trypanosoma cruzi, agente causador da enfermidade. Com o apoio da se-cretaria de saúde municipal e de um médico local, 2.560 mil pessoas têm sidoacompanhadas, portadores ou não da doença de Chagas. A iniciativa tem apre-sentado resultados promissores, que podem levar a novos tratamentos não so-mente para o mal de Chagas, mas também para doenças do coração. Ocoordenador do projeto na Fiocruz, Rodrigo Correa Oliveira, contou ao Crisinfor-ma como ele tem sido conduzido.

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de dois genes localizados no cromos-soma 19, que foram relacionados à res-posta imune. A importância destesgenes foi validada em estudos in vitro,utilizando células do sangue periféricode pacientes portadores da doença deChagas. Nestes estudos, demonstramosque células que expressam os marca-dores codificados por estes genes es-tão aumentadas em indivíduosportadores da forma clinica grave dadoença. Outro ponto importante desteestudo é que demonstramos que o blo-queio completo de ramo direito (docoração), característica clínica da do-ença de Chagas, é 98% determinadopela genética do indivíduo.

Qual o papel da Fiocruz Mi-nas e do Texas Biomedical ResearchInstitute na cooperação?

Oliveira: A Fiocruz Minas execu-ta todos os estudos imunológicos que nãosó identificam prováveis mecanismosenvolvidos no processo imunopatológicoda doença, assim como valida, atravésde ensaios in vitro, o envolvimento degenes identificados, através dos estudosde varredura genômica. Já o Texas Bio-medical Research Institute faz os estudosgenéticos computacionais, assim comoa varredura genômica em grande esca-

la. Para esta parte do projeto, há neces-sidade de um grande número de equipa-mentos de alta performance, assim comosuper computadores, ainda não disponí-veis para os grupos de pesquisa no Brasil.O processamento de um grande númerode informações simultâneas exige não sóos equipamentos citados, mas um gran-de número de bioinformatas capazes deanalisar os dados gerados.

Há previsão do estabelecimen-to de outras parcerias com o TexasBiomedical Research Institute?

Oliveira: Esperamos dar conti-nuidade ao estudo atual e iniciar, embreve, uma análise preliminar de ou-tras populações portadoras de doençascomo a lepra e helmintoses, ainda bas-tante prevalentes em nosso país. Estesestudos têm basicamente a mesmaideia e visam também à identificaçãode fatores genéticos de risco.

Quais os maiores desafiospara o combate à doença de Cha-gas no Brasil?

Oliveira: A transmissão vetorialda doença de Chagas está bem contro-lada no Brasil, mas ainda existe um gran-de desafio, que é o manejo do paciente,

a identificação de populações em riscode desenvolvimento de formas gravesalém, é claro, de um diagnóstico soroló-gico adequado. A identificação, o acom-panhamento e o tratamento dessesindivíduos ainda é um grande desafio parao sistema de saúde brasileiro. Apesar dogrande sucesso do controle vetorial, adoença de Chagas ainda existe em nos-so país com um grande número de indi-víduos infectados, necessitando detratamento e acompanhamento. Umgrande desafio é, sem dúvida, o treina-mento de profissionais de saúde para odiagnóstico e acompanhamento dos in-divíduos infectados. A doença de Cha-gas é pouco conhecida pelos profissionaisde saúde que estão sendo formados.

Outros problemas que estamosenfrentando e que podem mudar opanorama atual da doença de Chagassão as mudanças climáticas, o papelde vetores antes pouco importantes natransmissão e a mobilidade do homempara áreas antes não habitadas, masonde a transmissão ocorre. Portanto, hánecessidade de um processo de enten-dimento do balanço social e ecológicopara que o controle da doença possaser mantido. Este tipo de atividade édependente de ações contínuas de vi-gilância epidemiológica, pesquisa e trei-namento de profissionais de saúde.

Curso de CooperaçãoInternacional em Saúde

O II Curso de Atualização emPolíticas Públicas de Cooperação Inter-nacional em Saúde: Dimensões Bioéti-cas está com inscrições abertas até 19de setembro. Serão disponibilizadas 20vagas. Para se inscrever, o candidatodeve preencher o formulário eletrônicode inscrição disponível na PlataformaSIGA. O curso será realizado nos dias21, 22, 29 e 30 de outubro, em Cam-po Grande (MS). As aulas serão reali-zadas na Escola de Governo em Saúdeda Fiocruz Brasília.

Podem se inscrever profissionaiscom formação na área da saúde ou ci-ências políticas e sociais; profissionais queatuam nas áreas de relações internacio-nais de instituições governamentais; fun-cionários de organizações internacionaise regionais, ONGs, organizações filantró-picas, universidades e sistemas de ciên-cia, tecnologia e inovação, vinculados àárea; estudantes de pós-graduação nas

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Bolsas de mestradopara estrangeiros

O Programa de Estudantes-Convê-nio de Pós-Graduação (PEC-PG) está sele-cionando bolsistas estrangeiros para efetuarsua formação de mestrado no país. Oobjetivo é conceder bolsas para cidadãosde países com os quais o Brasil mantémacordo de Cooperação Educacional eCultural ou em Ciência e Tecnologia.

Com inscrições abertas até 8 deoutubro, cerca de 100 bolsas serão fi-nanciadas para a formação acadêmicano nível de mestrado, em qualquer áreaacadêmica. O benefício será concedidomensalmente pelo CNPq, durante o pra-

áreas de relações internacionais, saúdecoletiva ou bioética.

Confira o edital aqui. Leia maissobre o curso aqui.

Fonte: Fiocruz Brasília

zo máximo de 24 meses, improrrogá-veis, contados a partir do envio de todosos documentos obrigatórios e implemen-tação da bolsa e do acordo, com valo-res e normas estabelecidos pelo CNPq.

Os países com os quais o Brasilpossui acordos dentro do contexto dachamada são: África do Sul, Angola,Antígua e Barbuda, Argentina, Argé-lia, Benin, Barbados, Bolívia, Cabo Ver-de, Camarões, Chile, Colômbia, China,Costa do Marfim, Costa Rica, Cuba,Egito, Gabão, El Salvador, Equador,Gana, Líbano, Guatemala, Guiana, Ín-dia, Marrocos, Haiti, Honduras, Mali,Namíbia, Jamaica, México, Moçambi-que, Paquistão, Nicarágua, Panamá,Nigéria, República Democrática doCongo, Paraguai, Peru, Quênia, SãoTomé e Príncipe, República Dominica-na, Suriname, República do Congo, Sí-ria, Trinidad e Tobago, Uruguai,Senegal, Tanzânia, Venezuela, Tailân-dia, Togo, Timor Leste e Tunísia.

Fonte: CNPq

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