chs 2014 - apostila de policiamento ostensivo geral

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  GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO POLÍCIA MILITAR DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIOÇAMEN TO Curso de Habilitação de Sargentos/2014 Policiamento Ostensivo Geral Cariacica 2014

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Apostila do Curso de Habilitação de Sargentos da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo - PMES. 2014.

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  • GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    POLCIA MILITAR

    DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUO E PESQUISA

    CENTRO DE FORMAO E APERFEIOAMENTO

    Curso de Habilitao de Sargentos/2014

    Policiamento Ostensivo Geral

    Cariacica

    2014

  • SUMRIO

    CAP. 1 ATIVIDADE POLICIAL MILITAR ....................................................... 3

    1. INTRODUO ................................................................................... 3

    2. DESDOBRAMENTO DAS MISSES CONSTITUCIONAIS DA PMES ..................................................................................................

    4

    3. PODER DE POLCIA ......................................................................... 6

    4. ATIVIDADE POLICIAL: PRINCPIOS E CARACTERSTICAS ......... 8

    CAP. 2 A CONDUTA SOCIAL E A ATIVIDADE POLICIAL .......................... 12

    1. INTRODUO ................................................................................... 12

    2. RELACIONAMENTO COM O PBLICO EXTERNO E INTERNO .... 14

    CAP. 3 A TICA E OS DIREITOS HUMANOS NA ATIVIDADE POLICIAL .. 15

    CAP. 4 POLICIAMENTO OSTENSIVO: PRINCPIOS, AES E EMPREGOS .......................................................................................

    19

    1. CONCEITOS ...................................................................................... 19

    2. TCNICAS PREVENTIVAS ............................................................... 21

    3. TCNICAS REPRESSIVAS ............................................................... 29

    CAP. 5 COMPORTAMENTO POLICIAL ........................................................ 30

    1. CONDICIONAMENTO MENTAL E FSICO ....................................... 30

    2. ESTADOS DE ALERTA ..................................................................... 30

    3. CONDICIONAMENTO FSICO ........................................................... 32

    4. PENSAMENTO TTICO .................................................................... 33

    5. PROCESSO MENTAL DA AGRESSO ............................................ 34

    CAP. 6 TTICA INDIVIDUAL ......................................................................... 37

    1. POSTURA TTICA ............................................................................ 37

    2. MOVIMENTAO .............................................................................. 37

    3. POSIES DE CONDUO DA ARMA ........................................... 40

    4. PERIGO IMEDIATO ........................................................................... 41

    5. PERMETRO INTERNO E EXTERNO ............................................... 41

    6. VERBALIZAO ............................................................................... 42

    CAP. 7 ATENDIMENTO DE OCORRNCIAS POLICIAIS ............................ 43

    1. INTRODUO ................................................................................... 43

    2. INCIO DO ATENDIMENTO DE OCORRNCIAS ............................. 43

    3. PROVIDNCIAS ADOTADAS NO ATENDIMENTO DE OCORRNCIAS .................................................................................

    44

    4. LOCAL DE CRIME ............................................................................. 45

    5. O USO DA PALAVRA PRIORIDADE EM OCORRNCIAS POLICIAIS ..........................................................................................

    47

  • 6. PREENCHIMENTO DO BOLETIM DE OCORRNCIA POLICIAL (BOP) ..................................................................................................

    47

    7. OCORRNCIAS ENVOLVENDO AUTORIDADES E PESSOAS QUE POSSUAM IMUNIDADES E PRERROGATIVAS .....................

    48

    CAP. 8 ABORDAGEM POLICIAL FUNDAMENTAO LEGAL ............... 49

    1. ASPECTOS LEGAIS DA ABORDAGEM POLICIAL ......................... 49

    2. ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS ................................. 55

    CAP. 9 ABORDAGEM POLICIAL ASPECTOS GERAIS ........................... 59

    1. INTRODUO ................................................................................... 59

    2. CLASSIFICAO DOS SUSPEITOS ................................................ 61

    3. PRINCPIOS DA ABORDAGEM POLICIAL ...................................... 61

    CAP. 10 ABORDAGEM POLICIAL ABORDAGEM A PESSOAS A P........ 64

    1. INTRODUO ................................................................................... 64

    2. BUSCA PESSOAL ............................................................................. 65

    3. USO DE ALGEMAS ........................................................................... 67

    4. ABORDAGEM A PESSOA(S) SOB FUNDADA SUSPEITA ............. 67

    5. CONTENO DE INFRATORES ...................................................... 69

    CAP. 11 ABORDAGEM POLICIAL ABORDAGEM A VECULOS ............... 71

    1. INTRODUO ................................................................................... 71

    2. ABORDAGEM A CARROS ................................................................ 71

    3. ABORDAGEM A COLETIVOS .......................................................... 78

    4. CONSIDERAES GERAIS SOBRE ABORDAGEM A VECULOS..........................................................................................

    80

    CAP. 12 ABORDAGEM POLICIAL ABORDAGEM EM EDIFICAES....... 82

    1. CONCEITOS PRELIMINARES .......................................................... 82

    2. PROCEDIMENTOS NA ABORDAGEM A EDIFICAES ................ 85

  • 3

    CAPTULO 1

    ATIVIDADE POLICIAL MILITAR

    1. INTRODUO

    Para entender a atividade policial militar importante ter conhecimento do arcabouo jurdico que norteia a competncia residual da Polcia Militar no Brasil. Conforme explicita a Constituio Federal, a Polcia Militar, como rgo de Segurana, encontra seu fundamento constitucional no artigo 144, que estabelece:

    Art. 144 - A segurana pblica, dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos:

    [...]

    V polcias militares e corpos de bombeiros.

    Vai mais alm, e, em seu pargrafo quinto, estabelece que s Polcias Militares cabem a POLCIA OSTENSIVA e a PRESERVAO DA ORDEM PBLICA.

    Da mesma forma, a Constituio Estadual regula a existncia da PMES e ratifica suas atribuies como mecanismo integrante do aparelho de Segurana Pblica, com as misses de policiamento ostensivo e preservao da ordem pblica, de forma EXCLUSIVA:

    Art. 124 - A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, consiste em garantir s pessoas o pleno e livre exerccio dos direitos e garantias fundamentais, individuais, coletivos, sociais e polticos estabelecidos na Constituio Federal e nesta Constituio.

    Art. 126 - So rgos da administrao pblica encarregados especificamente da segurana pblica e subordinados ao Governador do Estado e Secretaria de Estado da Segurana Pblica:

    [...]

    II - A Polcia Militar;

    Art. 130 - Polcia Militar compete, com exclusividade, a polcia ostensiva e a preservao da ordem pblica.

    Contudo, apesar do amparo constitucional feito pela Unio e pelo ente federado, denota-se nas atribuies atinentes a Policia Militar expresses com conceitos carentes de melhor explicao. Seu amplo campo interpretativo que garante o livre exerccio da cidadania, em seu gozo salutar, sem o ferimento dos direitos individuais e sociais dos demais. Caber ento aos rgos estatais garantir ao povo o pleno exerccio da cidadania, no permitindo a tirania dos governantes, to pouco o comportamento ilcito de membros do povo.

    Segurana pblica - a garantia que o Estado, Unio, unidade federativa e municpios, proporcionam nao, a fim de assegurar a ordem pblica, contra violaes de toda espcie, que no contenham conotao ideolgica.

  • 4

    Ordem Pblica - Conjunto de regras formais, coativas, que emanam do Ornamento jurdico da Nao, tendo por escopo regular as relaes sociais em todos os nveis e estabelecer um clima de convivncia harmoniosa e pacfica. Constitui, assim, uma situao ou condio que conduz ao bem comum.

    Preservao da Ordem Pblica - o exerccio dinmico do poder de polcia, no campo da segurana pblica, manifestado por atuaes predominantemente ostensivas, visando a prevenir e/ou coibir eventos que alterem a ordem pblica - os delitos e a dissuadir e/ou reprimir os eventos que violem essa Ordem para garantir sua normalidade.

    Tranquilidade Pblica - o estgio em que a comunidade se encontra num clima de convivncia harmoniosa e pacifica, representando assim uma situao de bem-estar social.

    Policiamento ostensivo - a atividade de preservao da Ordem pblica executada com exclusividade pela Policia Militar, observando caractersticas, princpios e variveis prprias, visando a tranquilidade pblica. Desse conceito, surgiu a expresso POLCIA OSTENSIVA, apresentando o seguinte perfil:

    Atua preventivamente para assegurar a ordem pblica;

    Atua repressivamente para restabelecer a ordem pblica. No tocante s infraes penais comuns, limita-se represso imediata, caracterizada no atendimento da ocorrncia, includo o estado de flagrncia;

    Possui investidura militar;

    Exerce as funes de fora policial nos termos da lei;

    Exerce as funes de polcia judiciria militar estadual sobre seus componentes;

    Integra-se ao sistema de defesa territorial da Nao como fora auxiliar e reserva do Exrcito.

    2. DESDOBRAMENTO DAS MISSES CONSTITUCIONAIS DA PMES

    No documento denominado Parmetros para Sistematizao do Modelo Interativo de Polcia, elaborado por uma equipe de oficiais designados pelo Comandante Geral da PM, em dezembro de 1997, a Polcia Militar do Estado do Esprito Santo desdobrou suas misses da seguinte maneira:

    2.1 No exerccio do policiamento ostensivo:

    a) Proporcionar tranquilidade

    Proporcionar tranquilidade populao em geral, atravs de uma presena que transmita confiabilidade, demonstrando interesse para servir e aptido para seu trabalho.

    b) Estar disponvel e pronto para atender

    Disponibilizar formas de solicitao rpida do seu comparecimento, para os momentos e locais em que no for possvel estar fsica e visivelmente presente.

  • 5

    c) Prevenir delitos e acidentes

    Intervir preventivamente, quando lhe competir, e informar sobre a necessidade de interveno de outros rgos e entidades, para a diluio de situaes favorveis ocorrncia de delitos ou acidentes.

    d) Inibir atos antissociais

    Inibir o cometimento de delitos, mantendo visvel sua capacidade de interveno rpida e eficaz.

    e) Reao tcnica e legal

    Intervir em situaes delituosas e de acidentes, para interromp-las, minimizando seus efeitos. Buscar a identificao e o encaminhamento de responsveis aos rgos competentes, acompanhados de todos os elementos de prova possveis e atuar para a recuperao de bens e do nvel de normalidade anteriores a eventos antijurdicos ou acidentais.

    f) Garantir direitos coletivos e individuais

    Usar tecnicamente os meios legais necessrios para garantir as decises dos poderes constitudos e o exerccio dos direitos e garantias individuais e coletivos dos cidados.

    2.2 Na preservao da ordem pblica:

    a) Interagir para a segurana

    Contribuir com conhecimentos tcnicos junto sociedade, para o desenvolvimento de polticas estatais e societais de segurana pblica, atravs da participao em conselhos comunitrios, aes educativas e consultorias solicitadas, independentemente de contar ou no com contribuies materiais ou financeiras das comunidades, contribuies essas que, caso existam, devero ocorrer espontaneamente e estarem sujeitas administrao direta e exclusiva da comunidade, atravs de conselhos interativos cujos estatutos regularem sua existncia.

    b) Levantamentos policiais

    Levantar indcios de delitos ainda no denunciados formalmente, para possibilitar sua interrupo e encaminhamento polcia judiciria ou justia, conforme o caso.

    c) Policiamento velado

    Exercer o policiamento velado para: levantamentos preliminares atuao ostensiva, apoio, segurana e cobertura de situaes onde a ostensividade policial mostre-se insuficiente e no caiba uma atuao policial judiciria.

    d) Socorros e assistncia emergenciais

    Promover assistncia e socorro emergencial em circunstncias onde a presena do Estado, atravs de rgos especficos, tornar-se-ia impossvel ou tardia.

    e) Organizao de fluxos e acessos pblicos

  • 6

    Auxiliar a orientao do fluxo e acesso de pessoas em eventos e situaes pblicas, cujas condies urbanas ou psicossociais o justifiquem.

    f) Mediao de conflitos sociais

    Tentar a resoluo de conflitos interpessoais, buscando entendimentos entre as partes, em situaes que no requeiram, em virtude da tipicidade e circunstncias, a interveno da Polcia Judiciria.

    3. PODER DE POLCIA

    O poder de polcia, que encontra sua razo no interesse social e seu fundamento na supremacia geral que exerce o Estado sobre todas as pessoas, , segundo Hely Lopes Meirelles, a faculdade de que dispe a Administrao Pblica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefcio da coletividade ou do prprio Estado.

    Mais importante a lio de Caio Tcito, que expe que o poder de polcia , em suma, o conjunto de atribuies concedidas Administrao para disciplinar e restringir, em favor do interesse pblico adequado, direitos e liberdades individuais.

    Essa conceituao doutrinria j passou para a nossa legislao, valendo citar o Cdigo Tributrio Nacional, que, em seu art. 78, em texto amplo e explicativo dispe:

    Considera-se poder de polcia a atividade da Administrao Pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranquilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

    Deve-se ficar claro que o poder de polcia poder atuar sobre todos os bens, direitos, interesses e atividades individuais, desde que as restries se justifiquem, porque previstas em prol do interesse coletivo e pautadas pelo princpio da proporcionalidade, e desde que estejam de acordo com os limites constitucionais e legais.

    A competncia surge como limite para o exerccio do poder de polcia, conforme disposto na Constituio Federal de 1988. Nesse sentido, faz-se necessria a diferenciao entre polcia administrativa, polcia judiciria e polcia de manuteno da ordem pblica, assim definidas por Hely Lopes Meirelles.

    A polcia administrativa incide sobre bens, direitos, interesses e atividades da populao, difunde-se por toda Administrao e visa garantir todos os interesses explicitados em sua definio legal, constante no Cdigo Tributrio Nacional.

    Cabe polcia judiciria a apurao de infraes penais e sua autoria; sua competncia de rgos determinados, a exemplo das policias civis e da polcia federal, que so considerados rgos auxiliares do Poder Judicirio.

    Por fim, a polcia de manuteno da ordem pblica, ou polcia ostensiva, tem carter eminentemente preventivo e ostensivo, alm de ser da competncia de rgos militares.

  • 7

    3.1 Atributos do poder de polcia

    necessrio tecer comentrios referentes aos atributos do poder de polcia: a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. Tal fato bastante explorado pelo magistral ensinamento de Hely Lopes Meirelles.

    Definimos ento os atributos do poder de polcia:

    Discricionariedade a liberdade de agir dentro de um espao legalmente delimitado. No exerccio do poder de polcia, a regra que a Administrao Pblica possua discricionariedade para escolher qual a medida, o momento de agir ou a sanso mais adequada a ser aplicada diante do caso concreto. Exemplo o que ocorre com a abordagem policial: o espao legalmente delimitado a fundada suspeita, prevista em lei, mas a forma, momento e local da abordagem sero escolhidos e decididos pelo policial.

    Auto-executoriedade a faculdade da administrao de julgar e executar por seus prprios meios, sem interveno do poder judicirio, porm vinculado norma legal.

    Coercibilidade Todo ato de polcia imperativo admitindo at mesmo o emprego da fora para o seu cumprimento, quando resistido pelo administrado, mas no legaliza a VIOLNCIA DESNECESSRIA ou DESPROPORCIONAL resistncia oferecida.

    Celso A. B. de Mello, especificando os traos caractersticos do poder de polcia, menciona a sua origem, ou seja, o poder de polcia deve provir privativamente de autoridade pblica, devendo ser imposta coercitivamente pela Administrao e abranger genericamente as atividades e propriedades.

    So modos de atuar do poder de polcia:

    1) Ordem de polcia: preceito pelo qual o Estado impe limitao s pessoas, naturais ou jurdicas, para que no se faa aquilo que pode prejudicar o bem comum ou no se deixe de fazer aquilo que poderia evitar prejuzo pblico.

    2) Consentimento de polcia: controle prvio feito pelo Estado, compatibilizando o interesse particular com o interesse pblico. Manifesta-se pela licena, vinculada a um direito, ou pela autorizao, discricionria e revogvel a qualquer tempo.

    3) Fiscalizao de polcia: a verificao, de ofcio ou provocada, do cumprimento das ordens e consentimentos de polcia. Tem dupla utilidade, a preveno e a represso das infraes. Quando a fiscalizao de polcia exercida em matria de ordem pblica, recebe a denominao de policiamento.

    4) Sano de Polcia: a interveno punitiva do Estado para reprimir a infrao. Tratando-se de ofensa ordem pblica, o constrangimento pessoal, direto e imediato, na justa medida para restabelec-la.

    As abordagens policiais so instrumentos respaldados no poder de polcia, e utilizados preventivamente e repressivamente pelos integrantes das polcias militares para o cumprimento da misso constitucional de polcia ostensiva e preservao da ordem pblica.

  • 8

    4. ATIVIDADE POLICIAL: Princpios e caractersticas

    Dentre as variadas formas de atividade policial existente, h alguns princpios e caractersticas que definem seu campo de atuao, as razes e circunstncias para o seu desencadeamento visando sempre o xito no cumprimento da misso.

    4.1 Princpios

    a) Universalidade

    As atividades policiais militares se desenvolvem para a preservao da ordem pblica, tomada no seu sentido amplo. A natural, e s vezes imposta, tendncia especializao, no constitui bice preparao do policial militar capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos de ocorrncias. Ao policial, especialmente preparado para determinado tipo de policiamento, caber a adoo de medidas, ainda que preliminares, em qualquer ocorrncia policial militar. O cometimento de tarefas policiais militares especficas no desobriga o policial do atendimento de outras ocorrncias, que presencie ou para as quais seja convocado.

    Os atos de polcia ostensiva, exteriorizao do poder de polcia, ocorrem sempre nas formas preventiva ou repressiva, de polcia administrativa ou de polcia judiciria, independentemente da legislao especfica que o policial militar estiver aplicando.

    b) Responsabilidade territorial

    Os elementos em comando, com tropa desdobrada no terreno so responsveis, perante o escalo imediatamente superior, pela preservao da ordem pblica na circunscrio territorial que lhes estiver afeta, para execuo do policiamento ostensivo. Como dever, compete-lhes a iniciativa de todas as providncias legais e regulamentares, visando a ajustar os meios que a Corporao aloca ao cumprimento da misso naquele espao territorial considerado.

    c) Continuidade

    O policiamento ostensivo atividade essencial, de carter absolutamente operacional, e ser exercido diuturnamente. A satisfao das necessidades de segurana da comunidade compreende um nvel tal de exigncias, que deve encontrar resposta na estrutura organizacional, nas rotinas de servio e na mentalidade do policial.

    d) Efetividade

    O aproveitamento dos recursos destinados PMES dever se realizar de forma a otimiz-los. A busca da eficcia operacional realizar-se- tendo em vista a eficincia e o constante aprimoramento da produtividade da Corporao.

    e) Aplicao

    O policiamento ostensivo fardado, por ser uma atividade facilmente identificada pelo uniforme, exige ateno e atuao ativas de seus executantes, de forma a proporcionar o desestmulo ao cometimento de atos antissociais, pela atuao preventiva. A omisso, o desinteresse e a apatia so fatores geradores de descrdito e desconfiana por parte da comunidade, e revelam falta de preparo individual e de esprito de corpo.

    O policial militar deve estar o mais prximo possvel da comunidade onde serve, sabendo das opinies, dos problemas, procurando conhecer a populao com a qual est em contato.

  • 9

    f) Iseno

    No exerccio profissional, o policial militar, atravs de condicionamento psicolgico, atuar sem demonstrar emoes ou concepes pessoais. No dever haver preconceitos quanto profisso, nvel social, religio, raa, condio econmica ou posio poltica das partes envolvidas. Ao policial cabe observar a igualdade do cidado quanto ao gozo de seus direitos e cumprimento de seus deveres perante a lei, agindo sempre com imparcialidade e impessoalidade.

    g) Emprego lgico

    A disposio de meios, para execuo do policiamento ostensivo, deve ser o resultado de julgamento criterioso das necessidades, escalonadas em prioridades de atendimento, de dosagem do efetivo e do material, compreendendo o uso racional do que est disponvel, bem como de um conceito de operao bem claro e definido, consolidado em esquemas exeqveis.

    Dever a Polcia Militar distribuir seus recursos, de acordo com as necessidades, fazendo com que a comunidade tenha um bom nvel de servios prestados, evitando-se o atendimento preferencial.

    O policiamento ostensivo, sendo empregado de forma integrada e coordenada, sob um nico Comando, proporcionar o emprego racional de recursos humanos e materiais.

    h) Antecipao

    Devem ser adotadas providncias tticas e tcnicas, destinadas a minimizar a surpresa, fazendo face ao fenmeno da evoluo da criminalidade, caracterizando, em consequncia, um clima de segurana na coletividade, a fim de ser estabelecido e alcanado o esprito predominantemente preventivo do policiamento ostensivo.

    Para que haja sucesso na antecipao faz-se necessria a utilizao de informaes de natureza administrativa e criminal, pois com base nessas informaes ocorrer o planejamento adequado.

    i) Profundidade

    A cobertura de locais de risco no ocupados e (ou) o reforo a pessoal empenhado devem ser efetivados ordenadamente, seja pelo judicioso emprego da reserva, seja pelo remanejamento dos recursos imediatos, ou mesmo, se necessrio, pelo progressivo e crescente apoio, que assegura o pleno exerccio da atividade. A superviso e a coordenao, realizadas por oficiais e graduados, tambm integram este princpio, medida que corrigem distores e elevam o moral do executante.

    j) Unidade de comando

    Em eventos especficos, que exijam emprego de diferentes unidades, a misso melhor cumprida quando se designa um s comandante para a operao, o que possibilita a unidade de esforo pela aplicao coordenada de todos os meios.

    4.2 Caractersticas

    a) Ao pblica

    O policiamento ostensivo exercido, visando a preservar o interesse geral de segurana pblica nas comunidades, resguardando o bem comum em sua maior

  • 10

    amplitude. No se confunde com zeladoria - atividade de vigilncia particular de bens ou reas - nem com a segurana pessoal de indivduos sob ameaa. A eventual atuao nessas duas situaes poder ocorrer por conta das excepcionalidades e no como regra de observncia imperativa.

    b) Totalidade

    O Policiamento Ostensivo uma atividade essencialmente dinmica, que tem origem na necessidade comum de segurana da comunidade, permitindo-lhe viver em tranquilidade pblica. desenvolvido sob os aspectos preventivo e repressivo, consoante seus elementos motivadores, assim considerados os atos que possam se contrapor ou se contraponham Ordem Pblica. Consolida-se por uma sucesso de iniciativas de planejamento e execuo ou em razo de clamor pblico. Deve fazer frente a toda e qualquer ocorrncia, quer por iniciativa prpria, quer por solicitao, quer em razo de determinao. Em havendo envolvidos (pessoas, objetos), quando couber, sero encaminhados aos rgos competentes, ou estes cientificados para providncias, se no implicar em prejuzo para o incio do atendimento.

    c) Dinmica

    O desempenho do sistema de policiamento ostensivo ser feito, com prioridade, no cumprimento e no aperfeioamento dos planos de rotina, com o fim de manter continuado o ntimo engajamento da tropa com sua circunscrio, para obter o conhecimento pormenorizado do terreno e dos hbitos da populao, a fim de melhor servi-la. O esforo feito para manuteno dos efetivos e dos meios na execuo daqueles planos - que contero o rol de prioridades - pela presena continuada, objetivando criar e manter na populao a sensao de segurana que resulta na tranquilidade pblica, objetivo final da manuteno da ordem pblica. As operaes policiais militares, destinadas a suprir exigncias no atendidas pelo policiamento existente em determinados locais, podero ser executadas esporadicamente, em carter supletivo, por meio de saturao - concentrao macia de pessoal e material para fazer frente inquietante situao temporria, sem prejuzo para o plano de policiamento.

    Toda anlise e trabalho de planejamento administrativo ou operacional devem levar em conta objetivos globais, de forma que conheamos o todo, para termos eficincia operacional e o mximo de aproveitamento.

    O policiamento ostensivo no deve ser organizado de maneira rgida e imutvel. Ter de ser flexvel para adaptar-se s situaes anormais atendendo o clamor da comunidade objetivando o pronto e pleno restabelecimento da ordem pblica.

    d) Legalidade

    As atividades de policiamento ostensivo desenvolvem-se dentro dos limites que a lei estabelece. O exerccio do poder de polcia discricionrio, mas no arbitrrio. Seus parmetros so a prpria Lei, em especial os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituio Federal.

    H situaes em que o policial militar atua discricionariamente em defesa da moralidade pblica e do bem comum, nesses casos seus limites continuam sendo as garantias constitucionais.

    e) Ao de presena

    a manifestao que d comunidade a sensao de segurana, pela certeza de cobertura policial militar. Ao de presena real consiste na presena fsica do

  • 11

    policial militar, agindo por dissuaso nos locais onde a probabilidade de ocorrncia seja grande.

    Ao de presena potencial a capacidade de o policiamento ostensivo, num espao de tempo mnimo (tempo de resposta), acorrer a local onde uma ocorrncia policial militar iminente ou j se tenha verificado.

  • 12

    CAPTULO 2

    A CONDUTA SOCIAL E A ATIVIDADE POLICIAL

    1. INTRODUO

    A segurana uma necessidade fundamental do homem. to fundamental que, quando no satisfeita, eleva a tenso individual e coletiva, causando no raro, a ruptura do equilbrio do organismo ou da estabilidade social. Consciente dessa exigncia biopsicossocial de garantir segurana, o Estado criou organismos e mecanismos destinados a inibir as atitudes agressivas do homem a limites tolerveis, com base na lei e na justia. Nas lies do Dr. Jos Antonio de Paulo Santos Neto, Juiz de Direito do Estado de So Paulo, encontramos os seguintes ensinamentos:

    O titular do Poder de Polcia o Estado;

    O Poder de Polcia consiste, em princpio, na faculdade que tem o Estado de impedir ou restringir atividades que ameacem o interesse da COMUNIDADE.

    A Polcia de Segurana tem suas atividades voltadas mais diretamente ao combate da criminalidade;

    Polcia de Segurana cabe a adoo de medidas preventivas visando impedir a prtica de delitos e a garantir a no alterao da Ordem Jurdica;

    Em nosso sistema, as funes de Polcia de Segurana so, em regra, exercidas pela Polcia Militar. A ela cabe a preservao da Ordem Pblica.

    preciso observar, porm, que no Brasil o policial fardado faz mais do que prevenir ou reprimir delitos, indo muito alm. A comunidade associou o Policial Militar a algum que presta socorro, d informaes, protege idosos e crianas, fiscaliza trnsito, protege o meio ambiente, salva, enfim, o que se diz, vulgarmente, um faz tudo. Comumente tambm aplicado o jargo: O que ningum faz, a PM faz.

    assistncia policial, relacionamos no s as atividades inerentes segurana, mas tambm a integrao na comunidade, prestando toda colaborao e auxlio possvel.

    A Constituio Federal, no seu Art. 144, estabelece que Polcia Militar cabe a Polcia Ostensiva, cuja atividade fardada reconhecida internacionalmente como smbolo de proteo e socorrismo.

    A solicitao da PM pela populao uma condicionante cultural cujas razes vm do fato de que, tradicionalmente, o policial fardado o que vai, e sempre chega primeiro nas ocorrncias que demandam apoio ou que se ligam a delitos.

    Em seu servio, o policial militar solicitado e sempre comparece para atender ao chamamento da comunidade. Entretanto, na maioria dos outros servios pblicos, d-se o contrrio, ou seja, as pessoas quem tem a obrigao de se deslocar para reparties pblicas ou privadas em horrios determinados, estando sujeitas s longas filas ou a descansos forados em bancos de espera.

  • 13

    A Polcia Militar trabalha em todos os municpios do Estado, num fluxo permanente 24 horas por dia, em ao extremamente mvel, podendo ser acionada diretamente pelo pblico atravs do conhecido telefone 190, num processo de satisfao das necessidades imediatas da populao. O que mais real nos momentos graves a presena do policial. A burocracia posterior ao atendimento do caso concreto pelo PM alm de ser executada sem riscos, pode ser resolvida com tempo em gabinetes e at com direito a erros sujeitos a reviso em instncias superiores.

    O policial militar o servidor pblico que mais prximo est da populao, inclusive das crianas. comum s famlias apelarem, na educao de seus filhos, para expresso como: vou chamar o guarda; e olha a polcia!, embora de modo distorcido. O policial ento, uma referncia que muito cedo se internaliza entre os componentes da personalidade. A noo de medo da polcia, erroneamente transmitida na educao e s vezes na mdia ser revertida desde que, o policial se faa perceber por sua ao protetora e amiga.

    Para que o papel e as expectativas do PM na comunidade sejam bem compreendidos, nos encorajamos a identificar traos das atividades das Foras Armadas (Militares propriamente ditos); dos Policias Militares (Polcia Ostensiva); e das Policias Civis (Polcia Judiciria).

    a) Foras Armadas

    As Foras Armadas tratam do inimigo externo com o objetivo de reduzir, anular ou eliminar o oponente, j que este ameaa a ptria. A conquista se d pela Batalha. Na guerra, a nao est em armas, pois ela tem carter nacional. O homem no trabalha isolado, mas enquadrado, sob comando em grandes ou pequenas fraes. A ao das Foras Amadas obedece aos tratados e convenes internacionais, bem como aos cdigos e regulamentos militares. O campo de atuao normalmente o Teatro de Operaes.

    b) Polcias Militares

    As Polcias Militares no tratam com o inimigo, mas com o cidado. Portanto, exercem as atividades sem a noo de batalha. Para isso, devem usar a organizao e a mobilidade como fatores de influncia psicolgica para evitarem o confronto e o fogo das armas. No crime, as armas esto nas mos dos cidados, s vezes de adolescentes e crianas, mesmo assim no so inimigos. O homem policial militar trabalha normalmente isolado, por isso depende muito da solidariedade de seus pares e dos cidados comuns. As aes das PM no se do no Teatro de Operaes, mas na comunidade local, onde devem obedecer a cdigos e Leis Civis, alm dos cdigos e regulamentos Militares. A imagem universal dos policiais fardados deve ser a de defensores da cidadania.

    c) Polcias Civis

    As Polcias Civis tratam da apurao das infraes penais, fornecendo elementos para que o Poder Judicirio possa bem exercer a funo repressiva penal. Tratam assim com o cidado, na caracterizao do crime e na sua autoria, sendo de seu interesse a pessoa sujeita sano penal. Para o exerccio de suas misses legais, possui atividades cartorrias e investigatrias. O inqurito policial, pea inquisitorial de sua competncia, visa a auxiliar o Poder Judicirio. Atende a populao em reparties pblicas (Delegacias de Polcia) ou ao chamamento direto no crime ou situaes de perigo. A ao das Policias Civis regulada pelas Leis e cdigos de natureza no militar.

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    Assim, do que foi exposto, o policial visto como pessoa significativa do grupo social. Deve ser conscientizado e qualificado para o papel de disciplinador, fiscalizador e educador da sociedade. Para tal exerccio, a prpria sociedade exige bons exemplos de conduta pessoal e social perante o grupo.

    Muitas vezes visto como arqutipo social, no se admitindo que o policial responsvel pela disciplina social, seja capaz de trair o pacto formal lavrado com a sociedade, a fim de proteg-la, socorr-la e assisti-la no exerccio de sua profisso.

    2. RELACIONAMENTO COM O PBLICO EXTERNO E INTERNO

    O policial militar relaciona-se tanto com o pblico interno como externo nas mais diversas ocasies e, por vrias vezes, em situaes inusitadas e inesperadas. Para tanto, deve possuir uma capacidade verbal e corporal capaz de transmitir informaes claras para que consiga obter dados que lhe sero teis no desempenho de sua funo.

    De acordo com Robert Trojanowicz e Bonnie Bucqueroux, os seis grandes agentes inseridos no contexto da segurana pblica, que sempre se relacionam com o policial so:

    a) A Polcia

    Hierarquia e disciplina so os pilares bsicos de qualquer instituio, principalmente a militar. Dessa forma, trate seus superiores com deferncia e respeito, seus pares com igualdade e seus subordinados com dignidade.

    b) A Comunidade

    Todas as pessoas da comunidade, desde os lderes comunitrios, religiosos e responsveis por associaes cvicas, at os cidados comuns, moradores ou frequentadores da regio. preciso ter acesso aos seus arquivos e experincias.

    c) A Comunidade de Negcios

    Todos os proprietrios e funcionrios de estabelecimentos comerciais, financeiros e de prestao de servios, desde as grandes organizaes empresariais at as pequenas bancas ou quitandas da esquina, so alvos de furtos, roubos, sequestros, etc. Possuem influncia na mdia e com as autoridades cvicas eleitas.

    d) As Autoridades Cvicas Eleitas (ou no)

    Incluindo-se o prefeito, o secretariado, os vereadores e quaisquer outros funcionrios federais, estaduais ou municipais. So capazes de ajudar o policiamento com melhores infraestruturas de iluminao, calamento, fiscalizao de bares e som alto, interdio de ruas, etc.

    e) A Mdia

    Toda a imprensa local e regional, desde os pequenos jornais escritos e as rdios comunitrias at as redes de telecomunicaes. A imprensa uma formadora de opinio, trate-a com respeito, mas sem submisso. Cada um deve entender e respeitar o servio do outro profissional.

    f) Outras Instituies (Pblicas, Privadas, Clubes Sociais, Igrejas e outros)

    Os infratores so frutos da sociedade e por isso, frequentam os mais diversos locais seja para se interagir como membro da comunidade ou para aproveitar a oportunidade de agir de forma ilcita. Conhecendo os integrantes das instituies de sua rea de responsabilidade, facilitar a preveno de atos contrrios lei.

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    CAPTULO 3

    A TICA E OS DIREITOS HUMANOS NA ATIVIDADE POLICIAL

    Sua misso como policial SERVIR E PROTEGER a comunidade. Como policial e promotor dos Direitos Humanos, voc deve no apenas respeit-los ou defend-los, mas voc deve ir alm, deve promov-los, o que implica em lutar para que todos os cidados, sem distino de qualquer natureza, tenham tambm respeitados os seus direitos.

    Imprescindvel se faz o questionamento constante quanto s consequncias dos atos que os policiais praticam, enquanto encarregados de fazer cumprir a lei. No se devem perder de vista as implicaes de uma deciso tomada de forma inconsequente e precipitada. Primeiramente, do ponto de vista da pessoa humana, as atitudes que fogem ao contexto tico so indcios de falta de sensibilidade para com o prximo, alm de caracterizar falta de profissionalismo. O clich trate os outros como gostaria que tratassem voc ainda bastante atual, sobretudo na profisso que escolhemos, haja vista que as situaes em que somos chamados a atuar nos pem em contato com pessoas fragilizadas, vulnerveis, ainda que apenas naquele momento. Antes de tudo, uma ocorrncia policial uma grande oportunidade para oferecer ajuda a algum que acredita que voc, policial, est capacitado a orient-lo em seus conflitos. Ao tratarmos com pessoas assim fragilizadas, carentes de ateno e vtimas da violncia, importante que voc, policial, saiba que a primeira impresso que essa pessoa tiver naquele contato com a polcia ficar permanentemente marcada.

    Sabemos que nem sempre estamos emocionalmente em harmonia consigo prprio e com o ambiente que nos circunda somos seres humanos! No entanto, para quem busca a polcia como alternativa para solucionar um problema que esteja vivenciando, este fator no considerado. A expectativa que estejamos sempre prontos para o trabalho. Para Servir e Proteger. Sendo assim, um timo exerccio para o treino da pacincia e da tolerncia no tratamento profissional sempre imaginar que aquele que o procura pedindo ajuda, aquele cidado que est sua frente, poderia ser um familiar seu. Como voc gostaria que um colega seu, policial, atendesse o seu pai? Ou sua me? Ou o seu filho? Se estas pessoas lhes so amadas, provavelmente voc vai considerar que so merecedoras do seu melhor sorriso, de sua maior ateno. Lembre-se disso quando estiver em suas atividades operacionais.

    Um outro aspecto a ser observado por voc a legalidade de suas aes. Seja quem for que lhe direcione uma demanda de atuao policial, a justia e a imparcialidade devem ser suas guias, sempre, sob pena de voc mesmo se tornar uma vtima de suas aes ilegais, com reflexos diretos para sua prpria vida e de sua famlia. Naturalmente, esta preocupao no deve se tornar impedimento para a cortesia, solicitude e ateno na sua forma de abordar as pessoas. Preocupe-se em cumprir, em todos os momentos, os deveres impostos pela lei, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais. Desta forma, o Estado e a sociedade estaro cientes que podem contar com profissionais de segurana pblica, imbudos do mais alto grau de responsabilidade e profissionalismo.

    Para o bom desempenho de suas atribuies profissionais, cumpra e faa cumprir a lei, respeite e proteja a dignidade humana e ainda, mantenha, defenda e promova os direitos humanos. Seja um policial discreto, reservado e preserve a

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    privacidade das pessoas. No se esquea de que o treinamento vital para que voc esteja sempre preparado para as intervenes mais diversas, exigidas de um policial moderno.

    Embora voc tenha recebido a autoridade para usar a fora, dever pautar-se

    pelos princpios da:

    - Legalidade

    - Proporcionalidade

    - Necessidade

    Aja sempre de maneira progressiva, tica e tcnica, incluindo, principalmente, o seu uso extremo, que diz respeito ao emprego letal das armas de fogo; faa-o apenas quando estritamente necessrio para a defesa da vida, seja sua ou de terceiros.

    O policial militar quando na ao policial deve tomar como premissa que, se desde o incio j empregar o mximo de fora possvel, posteriormente ficar difcil retroceder, ensejando o emprego desnecessrio de armas, equipamentos, desentendimentos e constrangimentos entre os policiais e as pessoas a serem submetidas ao policial. Desta forma, o policial dever escalonar o uso da fora, a fim de que, em havendo desobedincia e/ou resistncia por parte da pessoa a ser submetida ao policial, possa agir proporcionalmente, utilizando-se dos meios sua disposio.

    Quadro demonstrativo de uso diferenciado da fora

    Agresso

    Letal

    Fora

    Letal

    Agresso

    No Letal

    Tticas Def. No

    Letais

    Resistncia

    Ativa

    Controle Fsico

    Resistncia

    Passiva

    Controle de

    Contato

    Cooperao Verbalizao

    Suspeito Policial

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    Respondendo positivamente a essas indagaes, esteja preparado para a correta utilizao do armamento e equipamento policial colocado sua disposio.

    importante salientar que atos de tortura ou tratamentos cruis, desumanos ou degradantes no condizem com uma polcia profissional. Sendo assim, no pratique e no tolere a prtica de atos dessa natureza em nenhuma circunstncia, nem mesmo em estado de grave perturbao da ordem ou de instabilidade poltica. Lembre-se, seu papel proteger e socorrer a comunidade, seus semelhantes e concidados, o que inclui denunciar aqueles policiais que assim no procedem.

    Lembre-se ainda que a integridade fsica e psicolgica das pessoas sob sua custdia tambm sua responsabilidade. Se necessrio, tome medidas imediatas para assegurar-lhes socorro e ateno mdica.

    Embora trabalhe em situaes em que houve ou possa haver a quebra da lei ou da ordem, suas atividades, procedimentos, tticas e planejamentos devem estar obrigatoriamente dentro da lei. Quando um policial atua sem respeitar o que a lei determina, no est combatendo a criminalidade, mas, somando-se a ela, ou seja, estar se igualando ao infrator, tornando-se to criminoso quanto ele. Sua funo como policial apenas parte de um todo que o Sistema de Justia Criminal. Faa a sua parte de maneira firme e diligente; mas, tambm, de forma tica, segura e profissional.

    Uma de suas tarefas ser levar os infratores justia o que no se confunde com fazer justia.

    Portanto, isso no lhe d o direito de decidir sobre a culpa ou a inocncia da pessoa sob sua custdia. Sua responsabilidade como policial profissional registrar, de forma correta, honesta e objetiva, todos os fatos relacionados com a situao. Os encarregados de aplicao da lei (policiais) so responsveis pela busca de fatos, ao passo que o judicirio o responsvel pela apurao da verdade, analisando esses fatos com o propsito de determinar a culpa ou a inocncia da pessoa acusada.

    Como no sua tarefa julgar, nem determinar culpa ou inocncia, aplicando a pena, ao lidar com qualquer situao, atenha-se ao fato de que: toda pessoa acusada de um delito ter o direito a que se presuma sua inocncia enquanto no for legalmente comprovada sua culpa.

    Como policial, sua misso no se restringe a conhecer a lei e aplic-la no seu trabalho diuturno, esforando-se tambm por zelar para que ela seja cumprida por todas as pessoas, sabendo que TODOS tm direito a um tratamento digno, inclusive um suspeito ou infrator que tenha cometido um crime.

    A Declarao Universal dos Direitos Humanos, DUDH, instrumento de direitos humanos de maior importncia adotada pela Assemblia Geral da ONU em 1948, deve ser fundamento para suas aes profissionais. Entre seus artigos, todos importantes, tenha sempre em mente que:

    III - Toda pessoa tem direito vida, liberdade e segurana pessoal.

    V - Ningum ser submetido tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

    IX - Ningum ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

    X - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audincia justa e pblica, independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres do fundamento de qualquer acusao criminal contra ele.

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    XI - Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente, at que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pblico no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias sua defesa.

    As nossas Constituies, Federal e Estadual, entre vrios outros direitos, asseguram aos cidados conhecerem a identidade do policial que efetua sua priso. Portanto, sempre que estiver atuando operacionalmente exponha sua identificao pessoal de maneira clara e ostensiva, use sempre sua tarjeta de identificao de forma visvel e, ainda, esclarea seu nome e funo caso seja perguntado. Este um direito de qualquer cidado, portanto um direito tambm seu, enquanto membro da sociedade. Um policial profissional no teme por seus atos.

    Dessa forma, ao iniciar o estudo e o treinamento dos diversos conceitos e procedimentos, considere que apenas o conhecimento terico no ser suficiente para que voc tenha os recursos necessrios para a sua atuao. O conhecimento prtico, a sua experincia pessoal aliada a de outros policiais mais antigos, bem como um treinamento continuado e cuidadoso que lhe daro as habilidades necessrias para trabalhar profissionalmente.

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    CAPTULO 4

    POLICIAMENTO OSTENSIVO: Princpios, Aes e Empregos

    1. CONCEITOS

    1.1 Policiamento Ostensivo Geral

    Policiamento Ostensivo Geral aquele destinado a lidar prioritariamente com os delitos previstos no Cdigo Penal e nas Leis de Contravenes Penais. O objetivo do policiamento ostensivo assegurar ou restabelecer a ordem pblica. alcanado por intermdio do desencadeamento de aes e operaes, integradas ou isoladas, com aspectos particulares definidos.

    1.2 Ao de Policiamento Ostensivo

    Ao de Policiamento Ostensivo o desempenho isolado de frao elementar ou constituda com autonomia para cumprir misses rotineiras.

    As aes de policiamento ostensivo so a grande especialidade da Polcia Militar, ocupando a maior parte de seu efetivo. A importncia de Grupamentos Especializados em Operaes evidente, mas as aes continuadas de policiamento ostensivo so a principal forma de atuao da Polcia Militar, constituindo-se na rotina da tropa com responsabilidade territorial, que interage com as comunidades visando diminuio da incidncia da criminalidade local.

    1.3 Variveis do Policiamento Ostensivo

    As variveis so critrios que objetivam organizar e identificar os diversos aspectos do Policiamento Ostensivo, a saber:

    a) Quanto ao Tipo: Qualifica as aes e operaes de Policiamento Ostensivo.

    Policiamento Ostensivo Geral Tipo de policiamento ostensivo que visa satisfazer as necessidades basilares de segurana pblicas inerentes a qualquer comunidade (pblica ou privada) ou qualquer cidado.

    Policiamento de Trnsito e Rodovirio Tipo de policiamento ostensivo executado em vias pblicas e rodovias estaduais conforme convnio celebrado com rgo competente, objetivando disciplinar o cumprimento e respeito s regras e normatizaes de trnsito.

    Policiamento Ambiental Policiamento ambiental, em conformidade com a lei de crimes ambientais o tipo de policiamento ostensivo que tem por misso proteger e controlar o uso sustentvel dos recursos naturais renovveis e no renovveis, alm de apoiar os demais rgos ambientais do estado em suas atividades de fiscalizao

    Policiamento de Guarda Tipo de policiamento ostensivo que zela pela guarda e propriedade das instalaes militares e edificaes pblicas estaduais de interesse do Governo do Estado.

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    Policiamento Especializado Tipo de policiamento ostensivo que visa suplementar com recursos adicionais a capacidade operacional das aes e operaes do policiamento ostensivo geral, em misses no rotineiras, que fogem ao cotidiano operacional dos batalhes com responsabilidade territorial de rea, por meio do emprego dos recursos materiais e humanos de Unidades especficas, a saber: BME, BPTran, BPMA, Cia P Gda, NOTAER, RPMont e ROTAM.

    b) Quanto ao Processo: Refere-se basicamente ao meio de locomoo em que se efetua o Policiamento Ostensivo.

    A p O policiamento ostensivo desenvolvido sem emprego de outro meio de locomoo.

    Motorizado O policiamento ostensivo desenvolvido a bordo de viaturas com quatro ou mais rodas.

    Motociclistico O policiamento ostensivo desenvolvido em motocicletas.

    Montado o processo em que o policial militar desenvolve o policiamento ostensivo montado em um equino.

    Areo O policiamento ostensivo desenvolvido a bordo de aeronave.

    Em embarcao O policiamento ostensivo desenvolvido a bordo de embarcao martima ou fluvial.

    Ciclstico o processo em que o policial militar desenvolve o policiamento ostensivo montado em uma bicicleta.

    c) Quanto Modalidade: Refere-se ao modo como o Policiamento Ostensivo desenvolvido durante o seu percurso.

    Patrulhamento Preventivo e/ou Repressivo Compreende-se por Patrulhamento a atividade de viglia ao cumprimento das normas que asseguram a segurana nas diversas relaes sociais da sociedade. Durante o patrulhamento preventivo, o policiamento ostensivo desenvolvido por meio dos seus diversos processos visando a preveno para que no ocorra a violao da ordem pblica. J durante o patrulhamento repressivo, o policiamento ostensivo desenvolvido por meio dos seus diversos processos visando o restabelecimento da ordem pblica, quando violada atravs da represso imediata.

    Patrulhamento Ttico O policiamento ostensivo desenvolvido por meio do processo Motorizado, em motocicletas ou a p, visando a preveno e represso de forma suplementar as outras modalidades de polcia ostensiva. Portanto, no pode substituir nenhum outro policiamento executado, mas visa apoiar suas atividades

    Permanncia a atividade de policiamento ostensivo, predominantemente esttico, com intuito de realizar observao, fiscalizao, reconhecimento, proteo, emprego de fora ou custdia.

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    Diligncia a atividade de policiamento ostensivo que compreende os diversos tipos de buscas com a finalidade de apreenso.

    Escolta a atividade de policiamento ostensivo destinada custdia de pessoas ou bens em deslocamento.

    d) Quanto Circunstncia: Refere-se ao tempo em que efetuado o Policiamento Ostensivo, por isso relaciona-se diretamente com o planejamento da escala de servio.

    Ordinria Emprego rotineiro dos recursos humanos. (escala ordinria).

    Extraordinria Emprego eventual dos recursos humanos conforme demandas (escala extra).

    e) Quanto ao Lugar: o espao fsico em que se emprega o Policiamento Ostensivo.

    Urbano O policiamento ostensivo executado em reas com caractersticas de ocupao intensiva nos aglomerados urbanos.

    Rural O policiamento ostensivo executado em reas com caractersticas de ocupao extensiva, fora dos limites urbanizados dos municpios.

    2. TCNICAS PREVENTIVAS

    2.1 A importncia da preveno

    O policial militar atua preventivamente e repressivamente em prol da Segurana Pblica. Sua atuao preventiva visa evitar que as infraes lei ocorram. A sua atuao ostensiva origina-se da presena, devendo aparecer, evidenciar-se e sobressair-se. Por isso usamos a farda e utilizamos veculos caracterizados. As aes dos policiais militares no policiamento ostensivo so e devem ser, pois, facilmente notadas.

    O conhecimento da lei e a exata medida de sua aplicao representam para o policial a certeza da correo de seus procedimentos. Mas saber trabalhar envolve tambm conhecimentos tcnico-operacionais.

    2.2 Funcionamento do policiamento ostensivo

    Para influenciar o comportamento das pessoas a favor da ordem e da soluo pacfica dos conflitos, sem poder alterar as condies sociais, econmicas e psicolgicas na comunidade onde trabalha, o policial deve compreender bem que tanto ele, quanto sua atuao devem ser ostensivas pelos seguintes motivos:

    a) Referncia

    Para os cidados saberem onde e como encontraro ajuda em caso de necessidade e sobre onde podem permanecer ou transitar com proteo imediata.

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    b) Inibio dos delitos

    A vigilncia ostensiva desestimula a ecloso de comportamentos antissociais e ilegais, servindo de inibio ao crime, pelo medo da pronta interveno policial.

    c) Estmulo legalidade

    A Polcia Ostensiva mostra s pessoas que h o caminho legal e civilizado para a resoluo de conflitos, no precisando os cidados transformarem-se em justiceiros.

    2.3 Tcnicas preventivas de policiamento ostensivo

    a) Posicionamento

    O posicionamento fundamental para que o policiamento ostensivo alcance os seus objetivos, tornando-se uma referncia sociedade, inibindo delitos e estimulando os cidados legalidade.

    Para posicionar-se corretamente o Policial Militar deve, antes de tudo, conhecer bem sua rea de atuao identificando os locais que demandem prioridade e os horrios de maior necessidade da presena policial. Assim conhecer tambm os recursos locais que poder dispor quando necessrio, como telefones, delegacias, hospitais, servios pblicos, etc.

    No local de policiamento ostensivo, o policial deve sempre posicionar-se em um ponto de onde possa avistar a maior rea possvel e ser visto com facilidade pelo maior nmero de pessoas do local.

    Dentre os locais a serem policiados, o policial deve selecionar os mais importantes e os horrios de maior circulao de pessoas ou valores, para neles permanecer mais tempo, como por exemplo:

    Em frente a escolas

    Os horrios principais so os de entrada e sada de alunos, alm do intervalo para o recreio.

    Em frente a estabelecimentos financeiros

    Os dias principais so os de pagamento de salrio.

    Os estabelecimentos comerciais

    So mais visados no incio e final do expediente, quando podem estar com uma quantia maior de dinheiro acumulado nos caixas.

    Pontos de nibus

    So mais movimentados nos horrios que antecedem a entrada e sada das escolas, alm do incio e trmino do horrio comercial.

    b) Deslocamento

    O deslocamento no policiamento ostensivo deve ser realizado sempre de um ponto estratgico para outro obedecendo a uma sequncia lgica de acordo com os horrios crticos apresentados no Mapa do Crime ou outras ferramentas de avaliao das demandas de atendimento de ocorrncia.

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    O policial deve considerar tambm os locais e horrios indicados pela comunidade, nunca com o objetivo de privilegiar pessoas em funo do maior prestgio ou poder aquisitivo, muito menos realizar o policiamento buscando vantagens para si ou para outrem. Deve ter sempre em mente que o seu objetivo a segurana pblica.

    Nos casos em que houver Carto Programa, o policial s poder modificar algum posicionamento ou itinerrio ser for devidamente autorizado ou para atendimento de ocorrncia, que dever ser registrada e confeccionada, mesmo que resolvida no local.

    Durante o deslocamento, o policial deve primar para que a velocidade do patrulhamento seja de tal forma que ele possa ver e ser visto, atentando pela necessidade de utilizao de sinais sonoros e luminosos conforme o seu objetivo na ao ou operao de policiamento ostensivo.

    c) Observao

    A capacidade de observao depende de vrios fatores, ligados entre si, que podem ser aprimorados quando so conhecidos. So eles:

    O interesse em observar

    Querer observar uma condio fundamental. Quanto mais importante o objetivo para o observador, mais espontnea ser a capacidade de observao.

    Essa importncia diz respeito ligao entre o que observado e a sobrevivncia do observador. Como raramente aquilo que se observa tem relao direta com a sobrevivncia do observador, ele deve refletir sobre essa relao, ainda que indireta e remota. Tanto quem j tem alguma facilidade para observar quanto pessoas que apresentam alguma dificuldade, podem aumentar significativamente essa capacidade com o uso de mtodos e o desenvolvimento de hbitos especficos, ampliando sua capacidade de concentrao.

    A sade dos rgos dos sentidos

    Fica evidente que a viso o principal sentido utilizado durante o patrulhamento, entretanto o policial no patrulha apenas com ela. A audio e o olfato tambm so imprescindveis para a realizao de um patrulhamento mais eficiente.

    essencial a consulta a um oftalmologista. Parece bvio, mas comum pessoas s perceberem que enxergam menos do que poderiam, depois de um exame oftalmolgico. De igual modo importante preocupar-se com a audio, buscando orientaes de especialistas, para saber como prevenir problemas auditivos, principalmente ocasionados pela exposio constante a rudos elevados em relao utilizao de aparelhos e tecnologias de forma inadequada. O olfato tambm merece ateno, pois existem alguns odores que evidenciam o cometimento de determinados delitos (como o consumo e trfico de drogas) ou facilitam o trabalho de buscas (cheiro de combustveis, plvora, sangue ou corpos em decomposio).

    A capacidade de concentrao

    Concentrao, para observao, significa o direcionamento continuado de todos os rgos dos sentidos para um nico objetivo a ser observado. A capacidade de manter-se contnua e prolongadamente concentrado em alguma coisa depende do desenvolvimento de hbitos e do uso de mtodos.

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    Velocidade do patrulhamento

    A velocidade da viatura no patrulhamento deve ser tal para que tudo possa ser observado com o mximo possvel de detalhes e compreendido pelo policial militar, ou seja, no deve ser superior a 20 Km/h. Durante o patrulhamento as janelas da viatura devem estar sempre abertas para permitir melhor visualizao e agilidade.

    O hbito de observar

    importante exercitar muitas vezes um mtodo de observao, para que o crebro passe a utiliz-lo automaticamente. Comece praticando o mtodo, posteriormente com a prtica, talvez voc mesmo o aprimore, adaptando-o s suas caractersticas pessoais, tornando-se natural.

    O simples uso de um mtodo costuma melhorar a observao, pois favorece a concentrao dos rgos dos sentidos por mais tempo, contribuindo para evitar a disperso dos sentidos. Seguem alguns mtodos de observao:

    Mtodo de observao por reas

    Consiste em dividir mentalmente a rea a ser observada e concentrar maior ateno a uma rea de cada vez.

    Mtodo de observao por fases

    O mtodo de observao por fases baseia-se, genericamente, nos fatores que influenciam a capacidade de observao e, especificamente, no fato dos contrastes despertarem comparaes e associaes que favorecem os raciocnios dedutivo/indutivos.

    Descrio do mtodo:

    1 fase - IDENTIFICAR PADRES:

    Olhar, ouvir, cheirar, sentir o geral, tudo sua volta, com a finalidade de identificar os padres do local ou horrio. Padres so caractersticas scio-culturais, de rotina, etc., que se repetem mais no tempo ou no espao local.

    Exemplos:

    - as linhas de nibus que servem ao local e seus horrio ou periodicidade;

    - poder aquisitivo da maioria das pessoas em um local;

    - as profisses ou atividades predominantes;

    - os horrios de abertura e fechamento do comrcio.

    2 fase CONHECER AS DIFERENAS

    medida em que forem sendo percebidas pessoas, coisas ou situaes menos comuns no local ou horrio, procure conhec-las melhor. O fato de serem diferentes no significa de forma alguma, que sejam de risco (propensas a delitos ou acidentes). Mas, a maioria dos acidentes e delitos so antecedidos ou geram situaes especficas, diferentes da rotina, que se forem percebidas podem permitir uma ao preventiva, uma resposta rpida ou uma recuperao razovel.

    Exemplo:Um roubo a banco, muitas vezes, antecedido por pessoas que normalmente no frequentam a agncia, mas que perambulam pelo local, com atividades ou caractersticas incomuns, para preparar a ao criminosa.

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    3 fase CONHECER MELHOR OS PADRES

    Conhecer melhor as coisas, pessoas, circunstncias ou hbitos mais comuns em um local ou horrio permite ao policial identificar os momentos em que sua presena mais importante e quais so as aes mais adequadas que pode desempenhar para evitar delitos e acidentes. Assim, aumenta tambm a percepo de subgrupos, de diferenas mais sutis, que podero auxiliar tanto na obteno de parcerias, quanto na identificao de situaes suspeitas ou propcias a acidentes e delitos.

    Mtodo de observao segundo o ciclo do crime

    Para um delito premeditado ocorrer, preciso haver:

    1) Cogitao, que consiste na deciso que algum toma de cometer um delito;

    2) Preparao, que consiste na busca dos recursos e das condies para um delito ser praticado;

    3) Execuo, que so os momentos da prtica do delito;

    4) Consumao, que, para a observao policial, corresponde aos encaminhamentos posteriores execuo do delito, como a fuga, o desmonte de um carro roubado, etc. Via de regra, para a consumao de um delito h a prtica de pelo menos um outro. Se o policial tiver o hbito de identificar em seu local de trabalho as circunstncias, os locais, os horrios e as pessoas em situao propcia para alguma fase da ocorrncia delituosa, ter maior chance de agir, interrompendo o ciclo. O policial deve ter em mente que descobrir delitos cujo ciclo j est sendo cogitado, preparado, executado ou consumado, pode ser um resultado a mais desse mtodo, mas o seu objetivo principal mesmo identificar circunstncias, locais, horrios e pessoas junto aos quais poder atuar para que deixem de ser favorveis ecloso de crimes e fatos antissociais.

    O mtodo da observao policial segundo o ciclo do crime consiste no policial procurar, no local em que trabalha, o que poderia ser utilizado ou poderia fazer parte de alguma das quatro fases da existncia do delito (cogitao, preparao, execuo e consumao), descritas acima.

    Por exemplo:

    - identificar lojas de onde poderiam ser comprados ou furtados produtos necessrios para a prtica de algum delito;

    - identificar locais por onde seria mais fcil algum que furta fugir, etc.

    d) Relacionamento

    O policiamento ostensivo s funciona se proporcionar tranquilidade em todos os sentidos, e para isso preciso que a comunidade confie no policial. Mas confiana no se impe. Confiana se conquista. E no se conquista sem relacionamento.

    O primeiro requisito para despertar a confiana das pessoas deixar-se conhecer. E para o policiamento ostensivo isso vai mais longe: o policial deve fazer-se conhecer, principalmente como um servidor competente e interessado em seu trabalho.

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    O policial que esconde ou dificulta a sua identificao desperta, de imediato, desconfiana na sociedade, podendo tornar-se desde ento, no primeiro contato, motivo de intranquilidade.

    Todo relacionamento em servio deve ser essencialmente profissional. No so admissveis envolvimentos, tratamentos com intimidade, ou certas liberdades que, quando tomadas, levam gradualmente perda do respeito que devido de ambas as partes, tanto do Policial Militar com as pessoas, quanto destas para com o PM.

    Para o servio policial, relacionar-se significa orientar e buscar a orientao da comunidade.

    Apresentamos ento uma srie de relacionamentos positivos com a comunidade, que iro trazer maior confiana e credibilidade da comunidade para com o policial militar:

    Auxiliar crianas, senhoras, pessoas idosas ou deficientes fsicos a atravessarem a rua;

    Prestar informaes que as pessoas solicitarem. Ser atencioso. Recorrer a colegas ou outras pessoas, se for preciso, para solucionar problemas;

    Auxiliar pessoas em dificuldade em locais ermos, mal iluminados ou em horrios imprprios;

    Socorrer pessoas acidentadas ou vtimas de mal sbito, etc.

    e) Averiguaes

    Fatos ou situaes que uma observao superficial no esclarece, demandam pelo menos uma aproximao maior e consulta a terceiros, podendo necessitar de uma abordagem e at de uma busca. Assim, na PM do Estado do Esprito Santo, consideramos Averiguaes as observaes que exigem checagem de dados em situaes nas quais no haja ainda uma fundada suspeita da existncia de um delito especfico.

    A princpio, qualquer situao diferente da rotina de um local tem que ser averiguado.

    O fato das pessoas perceberem que o policiamento est posicionado e atento a tudo e a todos, e que verifica realmente todas as situaes diferentes, j faz, por si s, com que a comunidade confie no policiamento e se sinta segura e desperta tambm, nos criminosos, o medo de virem a ser identificados ou de terem suas atividades descobertas, desanimando-os de agirem no local.

    Em princpio, todas as vezes que o policial desconfiar ou suspeitar da existncia de algum delito deve adotar os procedimentos para abordagem, averiguando assim se procede ou no a sua suspeita. Caso no seja procedente, deve explicar ao abordado o motivo daquela ao. bom lembrar que, na maioria das vezes, uma simples explicao do que se passou, alm de amenizar o constrangimento sofrido, preserva o nome da Instituio e do policial que realizou a averiguao.

    f) Intervenes preventivas

    Seja para advertir algum ou para evitar que discusses esportivas entre amigos terminem em agresses, seja para evitar que uma brincadeira entre crianas termine em atropelamento ou para orientar namorados que circulam em locais

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    perigosos, frequentemente o policial militar tem que intervir em situaes que ainda no se caracterizaram como ocorrncias policiais.

    Ao intervir, seja para advertncias ou orientaes, o policial sempre deve agir com educao e objetividade, nunca dando lies de vida ou moral em quem quer que seja. Se h um risco a ser apontado, que o faa, uma situao a ser corrigida, que indique, mas sempre de maneira corts, sem comentrios jocosos ou desnecessrios.

    As intervenes para orientao e auxlio colocam o policiamento ostensivo em posio positiva na sociedade, fazendo os policiais queridos e respeitados pela ajuda constante.

    Entre as intervenes preventivas mais comuns esto os isolamentos, as guardas e escoltas de pessoas e bens pblicos.

    g) Isolamentos

    Muitas situaes demandam isolamentos, alguns de extenso mnima, outros maiores. Devem ser isolados:

    Locais de crime e locais de acidentes que ofeream riscos;

    Percurso de desfiles;

    Locais onde o trnsito ou a permanncia de pessoas ou veculos possa atrapalhar o andamento ou a realizao de um evento;

    Locais onde se encontram dignitrios ou pessoas ameaadas;

    Locais onde ocorrero eventos previamente programados;

    Locais de ocorrncias especiais (Exemplo: gerenciamento de crises).

    Pode-se isolar um local com obstculos fsicos, apenas demarcando-se o local com um risco ou objetos, ou somente com a presena de um ou mais policiais.

    Quanto maior a necessidade e importncia de um isolamento, mais til se faz a utilizao de obstculos fsicos, como cordas e cavaletes.

    h) Integrao com o Sistema de Segurana

    O policial militar compe um sistema que, se bem utilizado, faz com que a comunidade se sinta apoiada por toda uma instituio e os infratores se sintam muito mais inibidos.

    O cumprimento das determinaes do comando a respeito dos locais a serem policiados e da forma de atuao, garante o emprego mais racional dos recursos e um rendimento maior do policiamento.

    A correta passagem de servio aos companheiros, bem como seu recebimento, passando-se toda informao sobre ocorrncias e suspeitas havidas no subsetor, garante continuidade s aes preventivas.

    O preenchimento correto e detalhado dos relatrios de ocorrncia policial possibilita no s dados para a ao da Polcia Judiciria e da Justia, mas tambm elementos preciosos para os escales superiores avaliarem as formas de emprego do policiamento e localizao das vtimas nos casos de recuperao de objetos roubados, por exemplo.

    O acionamento do Corpo de Bombeiros em caso de prdios com risco de desabamento, do DETRAN em caso de semforos defeituosos e do prprio comando ao tomar conhecimento de eventos que demandaro maior efetivo ou

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    recursos especficos, como isolamento, escoltas, policiamento montado ou reforo do efetivo da Tropa de Choque, mostram comunidade que ali no atua um homem ou grupo isolado, mas todo um complexo para a sua segurana e tranquilidade.

    A passagem de informes sobre o uso e trfico de drogas, receptao de objetos roubados e homizio de criminosos, para seus companheiros de servio e principalmente para os rgos de informaes, auxilia sempre a ao repressiva e a apurao de crimes. Mesmo que no haja resposta aparente, o informe no deve ser desacreditado, pois as investigaes e o planejamento das operaes demandam tempo e mesmo os que no possam ser checados podem ajudar no mapeamento estratgico da rea.

    O bom relacionamento com todos os demais segmentos envolvidos direta ou indiretamente com a Segurana Pblica, como Polcia Judiciria, Juizado da Infncia e Juventude, DETRAN, rgos de Proteo Ambiental, Vigias de Seguradoras Particulares, Guardas Municipais, Conselhos Tutelares, etc, tambm amplia o rendimento do policiamento ostensivo.

    O acionamento do CIODES, para reforos necessrios e para solicitao de informaes sobre veculos suspeitos, tambm recurso que o policial no pode dispensar.

    A orientao populao sobre como e onde prestar queixas, desde crimes contra a vida at crimes contra o consumidor, imprescindvel, da a importncia do policial estar ciente dos recursos e deficincias do sistema, afim de que possa utiliz-lo de forma mais eficaz e profissional.

    i) Acionamento de Servios Pblicos

    Existem muitas situaes que, se no esto diretamente ligadas Ordem ou Segurana Pblica esto, no entanto, diretamente ligadas tranquilidade dos cidados, e quando o policial militar coloca a servio da comunidade o conhecimento e os instrumentos de que dispe para o servio, certamente ele conquista confiana e respeito que revertero em benefcio da sua finalidade de prevenir delitos e proporcionar tranquilidade.

    Exemplos de situaes que justificam acionamento de servios pblicos:

    Vazamentos de gua devem ser comunicados CESAN;

    Buracos em vias pblicas que apresentem risco ou transtorno a pedestre e veculos devem ser motivos de informe s Secretarias de Obras dos Municpios;

    Falta, insuficincia ou defeitos na iluminao pblica devem ser informados a ESCELSA;

    Terrenos baldios cobertos de mato devem ter seus proprietrios, se possvel, localizados e orientados a limp-los, para evitar a utilizao por marginais diversos;

    O policial deve conhecer bem hospitais e prontos-socorros, para auxiliar no encaminhamento de doentes, vtimas de mal sbito, acidentados e vtimas de agresso;

    importante que o policial registre em uma caderneta particular o dia, horrio e nome do funcionrio que o atendeu nesses contatos com servios pblicos, devendo a comunidade saber que o contato foi feito;

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    Se determinada irregularidade ou falha no servio pblico, como falta de iluminao ou buracos perigosos, oferece risco segurana, tambm o comandante imediato do policial militar deve ser informado da situao e dos contatos j feitos sobre o problema.

    Mas lembre-se, no compete Polcia cobrar correo de irregularidades ou falhas nos servios pblicos, muito menos determinar qualquer prioridade ou servio especfico. indispensvel apenas informar aos rgos competentes e orientar a comunidade quanto relao dessas falhas com a segurana (no caso, insegurana) bem como sobre os encaminhamentos possveis, ou seja, quais rgos procurar, qual o horrio de atendimento, qual a localizao ou telefone do rgo, etc.

    3. TCNICAS REPRESSIVAS

    As tcnicas repressivas, ou seja, aquelas que a Polcia Militar utiliza para atendimento aos acontecimentos delituosos, sero posteriormente estudadas. Trata-se das abordagens policiais, das buscas pessoais, da imobilizao, da conduo imediata, dentre outras.

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    CAPTULO 5

    COMPORTAMENTO POLICIAL

    1. CONDICIONAMENTO MENTAL E FSICO

    A sua segurana est relacionada diretamente ao seu preparo mental. O preparo mental consiste em visualizar e ensaiar mentalmente suas aes de modo a planejar suas respostas em razo da maneira de agir dos criminosos.

    A partir de situaes prticas vividas por seus colegas ou propostas nos cenrios de treinamentos, avalie os erros e acertos e pense em como voc poderia agir naquela situao; defina o seu procedimento, visualizando mentalmente suas respostas. Ao fazer isto, voc estar se preparando e estabelecendo um planejamento ttico antecipado para aquela situao e, conseqentemente, estabelecendo rotinas seguras para sua atuao.

    Para agir na vida real, voc tem que treinar o mximo possvel. Lembre-se de que nem todas as situaes so possveis de serem simuladas com realismo durante os treinamentos. Faa-o mentalmente! Se voc no se preparar mentalmente para as situaes, ao se deparar com elas, muito provavelmente ter seu desempenho prejudicado, podendo at ficar paralisado e ser uma vtima dos acontecimentos. Discuta, troque idias, faa simulaes, sozinho ou com sua equipe, aproveitando reportagem de jornais, boletins de ocorrncias, testemunho de colegas e tudo o que for possvel e necessrio.

    Visualize-se no cenrio, no nas proximidades dele, mas dentro dele. Identifique suas possveis respostas para aquela situao (controle com interveno verbal, fora fsica, fora letal e retirada ttica). Voc j pensou que em determinado momento poder, de acordo com a legislao vigente, tirar a vida de um outro ser humano? Imagine-se atingido por um tiro, por uma faca, ou outra agresso, estude respostas para isso. No fcil, mas essencial.

    Ver-se dentro da cena obriga-o a reagir antecipadamente, a atuar escolhendo, com tranquilidade, as melhores respostas. Levanta possibilidades que ainda no haviam sido pensadas e possibilita que voc obtenha informaes que desconhece. Visualizar aes de resposta o faz seguir suas prprias decises e no a ameaa do suspeito e o ajudar a se concentrar. Por ltimo, mesmo se voc for ferido, tendo pensado nisso antes e se informado, ter mais tranquilidade, saber avaliar corretamente a situao, no ficar paralisado, esmagado pelo medo de no saber o que poder acontecer.

    2. ESTADOS DE ALERTA

    Ao atender uma ocorrncia ou ao se aproximar do que pode ser uma situao de crise, voc estar em um certo nvel de alerta, que depender de sua capacidade de antecipao ao perigo.

    Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condio ter para:

    a) operar no nvel apropriado de alerta relativo ao grau de prontido que a situao exige;

    b) detectar sinais de riscos e ameaas;

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    c) passar para um nvel mais alto de alerta e prontido de acordo com a evoluo da ocorrncia.

    De modo geral, o seu estado de alerta, ao se aproximar de um confronto , frequentemente, mais decisivo do que os equipamentos e armas utilizadas, pois ele que determinar sua condio psicolgica de resposta situao apresentada.

    Os diferentes nveis de alerta, antecipao, concentrao e autocontrole podem ser identificados atravs dos seguintes conceitos:

    2.1 Estado Relaxado:

    Estado de no prontido. Existe distrao com o que est acontecendo ao seu redor, relaxamento, pensamento disperso. Pode ser ocasionado por cansao, ou mesmo na crena de que no h possibilidade de problemas. Seu estado mental est despreparado para um eventual confronto, aumentando consideravelmente os riscos em sua atuao.

    O policial distrado e alheio aos riscos durante o patrulhamento estar aumentando sua prpria insegurana e tambm de sua equipe durante o servio policial.

    2.2 Estado de Ateno:

    Voc est atento, precavido, mas no tenso, Apresenta calma, porm mantm constante vigilncia (em 360) das pessoas, lugares, coisas e aes ao seu redor. No h identificao de um ato hostil, mas voc est ciente que uma agresso possvel. Percebe e avalia, constantemente, o ambiente, atento para qualquer sinal que possa indicar uma ameaa potencial. No Estado de Ateno o policial est sempre preparado para empregar aes de respostas adequadas, compatveis e desta forma que um policial deve patrulhar.

    2.3 Estado de Alerta

    O problema j existe e voc est ciente de que um confronto provvel, Baseado em seu treinamento, experincia e bom senso, tenha um planejamento ttico em mente para seguir, nele includo o pedido de cobertura de outros policiais, o uso de abrigos, a identificao de algum que possa apresentar uma ameaa e o uso da fora nas situaes em que se fizer necessrio. Avalie todas as reaes e pense em termos de controlar uma ameaa com arma de fogo, se necessrio. O Estado de alerta diminui os riscos de voc e sua equipe serem surpreendidos e os coloca prontos s aes de resposta que a situao exigir.

    2.4 Estado de Alarme

    O risco real e a reao instantnea necessria. Focalize a ameaa e tenha em mente a ao necessria para control-la, com interveno verbal, fora fsica ou fora letal, conforme as circunstncias exigirem. O seu preparo mental e o seu treinamento o colocam em plenas condies de realizar sua defesa e a de terceiros, e apesar da urgncia, as decises devem ser racionais.

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    2.5 Estado de Pnico

    Quando o perigo se mantm por um perodo de tempo prolongado, ou o policial enfrenta um perigo para o qual ele no est preparado, o organismo entra num processo de sobrecarga. O policial ainda consegue dar respostas compatveis e funcionar com certa adequao. Caso isso se mantenha, ele comear a apresentar reaes inadequadas ao estmulo enfrentado. Podero acontecer inclusive, falhas na percepo da situao em que ele se encontre. Isto caracteriza o Estado de Pnico.

    O pnico o descontrole total que produz paralisia. chamado assim porque a sua mente est em apago, fazendo com que o seu estado mental no lhe proporcione condies de defesa.

    Neste estado, seus olhos podem ver a ameaa, mas sua mente no est preparada para fornecer as respostas corretas de reao, fazendo com que realize atos impensados como ferir, chutar, atracar-se ineficazmente, atirar agressiva e instintivamente ou at mesmo virar-se e correr em desespero. Finalmente pode cair sobre o cho derrotado e ficar paralisado, sem qualquer reao.

    Operar continuamente nesses avanados nveis de prontido pode desencadear reaes adversas, tanto no mbito fsico quanto psicolgico, desencadeando a mdio e longo prazo sndromes de esgotamento. Mas o Estado de Ateno pode ser mantido por um perodo mais prolongado sem forar sua condio fsica e mental. Uma vez que voc tenha atingido os Estados de Alerta e Alarme, e cessada a situao de ameaa, importante que busque um ambiente que lhe oferea possibilidades para retornar ao Estado de Ateno. Desta forma, seu organismo retornar s condies de funcionamento normal, sem desgaste.

    Dessa forma, Estado de Ateno o estado da mente que voc deve operar em todo o tempo em que est patrulhando, dando prioridade para a busca de uma ameaa potencial. Prevendo o perigo, pensando e planejando antecipadamente, voc reduzir o tempo de sua resposta inicial caso a situao se agrave.

    3. CONDICIONAMENTO FSICO

    Assunto de extrema relevncia para atividade policial, o condicionamento fsico do militar vai ser discutido e aprimorado em disciplina exclusiva por profissionais qualificados para o assunto. No entanto, vale frisar que a falta de vigor fsico na atividade fim poder representar riscos ao prprio policial, seu parceiro ou sociedade, uma vez que ao no conseguir transpor um obstculo equipado (farda completa, cinto de guarnio, armamento, carregadores reservas, algemas, colete balstico) ou estar ofegante ao trmino de uma subida em reas de alto risco, principalmente a periferia da Grande Vitria, por exemplo, fatalmente no conseguir cumprir com xito sua misso.

    H ainda que se considerar que devido a atividade executada pela maioria da tropa, PO a p ou patrulhamento motorizado, caso no esteja bem fisicamente, problemas futuros como dor nas costas, varizes, aumento de presso arterial, dentre outras doenas podero ser desenvolvidas.

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    4. PENSAMENTO TTICO

    Agora voc j sabe que, estando de servio ou transitando uniformizado ou ao intervir em uma ocorrncia, deve sempre manter a sua mente ativa taticamente, procurando operar no Estado de Ateno, nunca no Estado de Relaxamento.

    Pensar taticamente analisar a situao encontrada ou que ir encontrar, antecipando situaes e problemas. H um bom pensamento ttico quando voc avalia um perigo imediato identificando ameaas e adotando as medidas apropriadas para venc-las.

    O que governa o pensamento ttico e que deve estar em sua mente : rea de Segurana, rea de Risco, e Ponto Crtico.

    Dominando esses conceitos, voc estar apto para avaliar e reagir, adequadamente, ao risco que est enfrentando. Eles so mecanismos eficientes para superar as situaes enfrentadas e, mesmo sob estresse, direcionar apropriadamente sua ateno para a situao, ajudando-o a:

    dividir em diferentes nveis o cenrio do qual est se aproximando;

    estabelecer prioridades para controle;

    formular um planejamento ttico;

    manter sua segurana enquanto progride na ocorrncia;

    neutralizar ameaas que possam surgir.

    Todos estes conceitos que se seguem devem ser entendidos de maneira ampla, adaptveis s diversas situaes reais que possam aparecer durante a interveno policial.

    4.1 rea de Segurana (verde)

    a rea na qual a polcia tem o domnio total da situao, no havendo riscos integridade fsica e segurana dos policiais. Tambm utilizada para estacionamento de veculos, trnsito de civis em servio, comando de operaes e de onde partem as informaes para o pblico em geral.

    4.2 rea de Risco (vermelha)

    a rea na qual a polcia no detm o domnio da situao. Pode ser pessoa, objeto ou local que represente perigo. Alm de seres humanos, inclui animais (ces), edifcios, veculos, campos abertos, escavaes, escadas, corredores, pistas (avenidas, ruas), armadilhas, qualquer item no cenrio que possa ser uma ameaa, mesmo que no imediatamente visvel ou conhecida. Na realidade, o que est procurando enquanto avalia a rea de Risco so os perigos imediatos.

    4.3 Ponto Crtico

    a localizao exata dentro da rea de Risco de onde possa surgir perigo e/ou agresso. Dentro deste princpio, no entanto, preciso estabelecer e saber reconhecer nveis de perigo ou agresso; sendo assim um indivduo armado com uma faca a dois metros de distncia representa um perigo maior que outro armado com uma pistola e posicionado a dez metros.

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    Sua tarefa ao encontrar qualquer perigo imediato :

    a) Conter;

    b) Isolar;

    c) Controlar qualquer ameaa que possa surgir dele.

    Perigo imediato demanda sua ateno principal. Eles podem se tornar base de seu planejamento ttico. Enquanto trabalha na ocorrncia, elabore trs questes-chave, precavendo-se contra anlises superficiais dos perigos imediatos, ou resolues apressadas de situaes que voc no entende ou que podem ser mais complexas que parecem:

    a) Onde esto meus riscos potenciais nesta situao? Ao se aproximar de uma residncia para atendimento de uma ocorrncia, uma mulher sai em sua direo. Considere: A mulher, em si mesma, uma ameaa? Onde esto as portas e janelas das quais eu posso ser visto e atingido por algum que se encontre dentro da residncia? Que outros locais podem abrigar um agressor no visto?

    b) Eu controlo esses riscos? Na cena descrita, existem locais de ameaa que voc no controla. Qualquer ameaa que possa estar escondida (como algum que possa v-lo atravs da janela, mas que no possa ser visto) um risco que voc no controla. O desconhecido sempre alto risco. Ficar parado no passeio exposto a tais Pontos de Foco, em frente residncia, aumenta o perigo potencial desses locais.

    c) Se eu no controlo atualmente esses riscos, como posso faz-lo? Neste caso, considere os possveis abrigos prximos: uma grande rvore, uma coluna de varanda, um carro estacionado ou outro meio de proteo. Utilizando a verbalizao, identifique e direcione a mulher para uma posio abrigada, checando periodicamente o cenrio em sua volta, avaliando a rea de risco, identificando os pontos de foco e visualizando os pontos quentes. Estando em segurana, entreviste a mulher para obteno de maiores dados.

    5. PROCESSO MENTAL DA AGRESSO

    Como parte da estratgia para se evitar uma ameaa direta necessrio entender o processo mental envolvido em uma agresso. Isto , os estgios de pensamento que uma pessoa tem que seguir para feri-lo.

    Assim como no pensamento ttico, o processo mental aplica-se tanto em situaes em que o suspeito est desarmado, quanto nas em que est armado, sendo especialmente importante quando o uso de fora letal uma possibilidade pelo agressor.

    Para atac-lo com razovel chance de xito, um agressor tem que Identificar, Decidir e Agir:

    Identificar voc pela viso, sons, intuio ou outra forma.

    Decidir o que fazer, isto , preparar-se mentalmente para atac-lo.

    Agir, isto , colocar em prtica aquilo que planejou mentalmente, executar.

    Usualmente esses passos ocorrem nessa sequncia, mas nem sempre. Ele pode, por exemplo, estar com a arma pronta e apontada antes de identific-lo. Qualquer que seja a ordem, um provvel agressor tem apenas esse processo de

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    pensamento para percorrer. Isso coloca voc em desvantagem, pois, enquanto o agressor d trs passos para a agresso, voc ter, necessariamente, QUATRO passos para seguir, a fim de responder a uma ameaa. Voc ter que Identificar, Certificar, Decidir e Agir. Aps voc identificar, ter que se certificar de que o agressor est, de fato, iniciando um ataque, para depois decidir e agir. Saltar esse processo de pensamento pode provocar um erro. Voc pode identificar um ladro armado em uma loja, por exemplo, e decidir reagir sacando sua arma, mas antes de, justificadamente, atirar, ter que se certificar de que um atentado a vida vindo dele provvel ou j aconteceu.

    O processo mental significa construir idias em um pequeno espao de tempo para antecipao do perigo, permitindo-lhe identificar e entender o ato de agresso que est ocorrendo. Sabendo que o tempo para reagir curto, o modo de trabalhar com essa desvantagem alongar e manipular o processo mental do agressor.

    Suponha uma ocorrncia onde um suspeito, que j est rendido e, com as mos para cima, decide agredi-lo. Ele j venceu dois passos que so: Identific-lo e decidir sobre o que fazer, e tem agora s mais um: Agir. Para compensar essa situao, mantenha o suspeito ou o provvel agressor de costas para voc, ento, mova-se para uma posio diferente, se possvel para um abrigo. Voc ter adicionado um passo no processo mental do suspeito ou provvel agressor, que agora, ter que identific-lo novamente antes de agir. Como ainda pode v-lo, voc est em vantagem sobre ele. Na maioria dos casos ele vai gastar mais tempo para identific-lo do que voc para observar seu movimento agressivo.

    Como planejamento ttico para controlar situaes de alto risco, cinco conceitos-chaves iro ajud-lo a compensar sua desvantagem, interferindo no processo de pensamento do suspeito:

    a) Ocultao

    Se o suspeito no sabe exatamente onde voc est, ele ter dificuldades em IDENTIFIC-LO para um ataque. Ele pode atirar ou atacar a esmo, em um esforo cego para atingi-lo, dependendo, desta forma, da sorte.

    b) Surpresa

    Se voc pode se ocultar ou mover-se de modo imperceptvel, o suspeito ter maior dificuldade em identific-lo ou reagir sua presena com um plano de ataque. Surpresa, por definio, anda lado a lado com ocultao, em outras palavras, voc age sem ser percebido e aumenta suas possibilidades de surpreender seu agressor.

    c) Distncia

    De uma maneira geral, quanto mais longe voc puder ficar do potencial agressor, mais difcil ser para ele reagir e atac-lo. Certamente, onde um ataque fsico a preocupao, quanto maior distncia que ele tiver de percorrer para alcan-lo, mais lento o ataque ser e mais tempo voc ter para identificar, certificar, reagir ameaa e controlar a agresso. Lembre-se que quanto mais prximo voc fica de um suspeito, mais aumenta sua chance de ser agredido. Voc est mais seguro, quando permanece alm do alcance de qualquer arma que ele possua.

    d) Autocontrole

    Na nsia de ver o xito de suas atuaes, policiais frequentemente abreviam boas tticas ou se lanam dentro da rea de risco controlada pelo suspeito potencialmente hostil. Por exemplo, se voc raciocina e faz com que ele venha at a

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    rea de segurana, que voc controla, estar provavelmente, interferindo em todo o processo de pensamento do agressor, desarticulando, desse modo a sua agresso.

    NO INVADA A REA DE RISCO PARA SUA PRPRIA SEGURANA

    e) Proteo

    Este princp