chrysomelidae
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Universidade Federal de Gois
Programa de Ps Graduao em Cincias Ambientais
CHRYSOMELIDAE (INSECTA/COLEOPTERA) COMO
BIONDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL EM REAS DE
CERRADO NO ESTADO DE GOIS - BRASIL
Mayra Pimenta
Orientador: Prof. Dr. Paulo De Marco Jnior
Goinia Gois
Maro de 2011
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Universidade Federal de Gois
Programa de Ps Graduao em Cincias Ambientais
CHRYSOMELIDAE (INSECTA/COLEOPTERA) COMO
BIONDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL EM REAS DE
CERRADO NO ESTADO DE GOIS - BRASIL
Tese apresentada Universidade
Federal de Gois, como parte dos
requisitos do Programa de
Doutorado em Cincias Ambientais
para a obteno do Ttulo de
Doutor em Cincias Ambientais
Mayra Pimenta
Orientador: Prof. Dr. Paulo De Marco Jnior
Goinia Gois
Maro de 2011
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Universidade Federal de Gois
Programa de Ps Graduao em Cincias Ambientais
CHRYSOMELIDAE (INSECTA/COLEOPTERA) COMO
BIONDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL EM REAS DE
CERRADO NO ESTADO DE GOIS - BRASIL
Tese apresentada Universidade
Federal de Gois, como parte dos
requisitos do Programa de
Doutorado em Cincias Ambientais
para a obteno do Ttulo de
Doutor em Cincias Ambientais
Aprovada em 18 de Maro de 2011
Membros da Banca
Prof. Dra. Cibele Stramare Ribeiro Costa- UFPR
Prof. Dra Rosana TidonUNB
Prof. Dr. Rogrio Pereira Bastos-UFG
Prof. Dr. Fausto Miziara -UFG
Paulo De Marco Jnior-UFG (Orientador)
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minha me, a jardineira mais fiel deste mundo
Dedico....
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Agradecimentos
Desde os primeiro momentos em Goinia me senti bem acolhida e tive a
certeza que uma fase nova, de crescimento, de perspectivas positivas, de grandes
amigos estava por comear. Eu agradeo a todos que fizeram parte deste
momento to importante em minha vida e que tornaram estes seis anos to
especiais.
Agradeo ao Professor Paulo De Marco Jnior, por me receber entre seus
alunos, pelo privilgio de sua orientao. Sou grata pela confiana, pela pacincia,
pela oportunidade de poder observar brotar de uma nica pessoa, novos e
importantes raciocnios em um espao de tempo to curto que me fazia esforar
para acompanhar. Obrigada pela alegria contagiante, pela energia e por ser, como
eu, torcedor do Atltico Mineiro, daqueles que no desistem nunca!
Agradeo ao Professor Rogrio Pereira Bastos, de quem guardo profunda
admirao e respeito. Sua ateno, apoio e confiana, desde os tempos de
mestrado, foram muito importantes durante todo o perodo de minha formao na
UFG, e a ele sou imensamente grata.
Ao Professor Divino Brando por ter me concedido a possibilidade de
convivncia to enriquecedora... Ao Professor Benedito Baptista dos Santos, pelo
incentivo em trabalhar com besouros, por toda ajuda e ateno.
Ao Sr. Ayr de Moura Bello pelo apoio e pela inestimvel ajuda na
identificao das espcies.
Ao CNPQ, pelo suporte financeiro atravs da Bolsa de Doutorado,
FUNAPE e a Anglo American do Brasil pela oportunidade e pelo apoio Logstico
que permitiram a realizao deste trabalho.
Aos professores do Programa de Doutorado em Cincias Ambientais pelos
ensinamentos, assim como aos Professores do Programa de Mestrado e
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Doutorado em Ecologia e Evoluo, todos pessoas muito valiosas, que muito
contriburam neste processo de aprendizado. De forma especial agradeo aos
Professores Viviane Gianluppi Ferro e Adriano Sanches Melo por me receberem
por tanto tempo em seu laboratrio e por toda a ajuda recebida...
Aos meus grandes amigos de laboratrio, de campo, de doutorado: Silvia,
Leonardo Bergamini, Carol Costa, Thiago Santos, Danilo, Diogo, Joana, Leandro,
Mrian, Paulinia, Nelson, Eduardo, Karina, Daniel, Fernanda, Carol, Fbio,
Mariana, Flvia, Juliana, Ktia, Klber, Tereza Cristina, Alexandre. Obrigada pela
amizade verdadeira, pelas sugestes, pela companhia. Vocs estaro sempre
comigo. H um pedacinho da ajuda de cada um de vocs nesta tese. Agradeo de
forma ainda mais sincera e contundente s trs pessoas que contriburam com
tantos pedacinhos que, sem sua ajuda, seria muito mais difcil chegar at aqui:
Leonardo Bergamini, Silvia Leito, Carol Costa. Hoje sou mais feliz por ter tido a
oportunidade de conhecer vocs!
Agradeo as minhas amigas que so irms de corao Maria Thereza A.
Batista e Jhuli D. Ferreira, obrigada por esta amizade. todos os meus amigos
Weslane, Tatiane, Aretuza e Cristiano, Flvio, J, Karla, Alissania e Fernando,
Thalita, Gustavo, Mazinho e Vanuza, pela alegria, pela companhia, pelos bons
momentos.
Agradeo ao meu pai. Sei que ficaria orgulho de mim neste momento.
Saudades...
Agradeo ao amor dos meus irmos Dyane, Regim, Samy, Livia e ao meu
sobrinho Arthur. No foi nada fcil privar-me da convivncia cotidiana com vocs,
mas a certeza deste amor diminua a distncia e tornava as dificuldades mais
suportveis.
Wesley por todo amor. Agradeo por fazer parte de minha vida, pela
companhia, pelo incentivo, por entender e respeitar o meu trabalho.
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pessoa mais importante para mim neste mundo, minha me, pelo amor e
dedicao, pela amizade, pela confiana, pelo incentivo, por existir. Nada que eu
faa ou fale expressar todo o amor e gratido que sinto por voc.
Deus por todas as muitas graas concedidas.....
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SUMRIO
CHRYSOMELIDAE (INSECTA/ COLEOPTERA) COMO BIONDICADORES DE
QUALIDADE AMBIENTAL EM REAS DE CERRADO NO ESTADO DE GOIS -
BRASIL ................................................................................................................. 10
1. INTRODUO GERAL ...................................................................................... 10
2. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 14
CAPTULO 1* ........................................................................................................ 17
COMUNIDADE DE CRISOMELDEOS (COLEOPTERA/CHRYSOMELIDAE) EM
UM MOSAICO DE REAS NATURAIS E ANTROPIZADAS NO CERRADO
BRASILEIRO ......................................................................................................... 17
RESUMO .............................................................................................................. 19
ABSTRACT ........................................................................................................... 20
1. INTRODUO ................................................................................................. 21
2. MATERIAIS E MTODO ..................................................................................... 25
2.1. LOCAIS DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS DE COLETA ........................................... 25
2.2. Anlise dos dados ................................................................................. 30
3. RESULTADOS ................................................................................................. 34
3.1. Espcies como biondicadoras .............................................................. 34
3.2. Gneros como biondicadores ............................................................... 36
3.3. Descrio Geral da Comunidade de Chrysomelidae ............................ 37
3.4. Diversidade beta e padres espaciais da composio de espcies ..... 40
3.5. Ordenao das comunidades de Chrysomelidae ................................. 43
3.6. Proporo de Chrysomelidae ................................................................ 44
4. DISCUSSO ................................................................................................... 46
4.1. Espcies/Gneros como indicadores de qualidade do habitat.............. 46
4.2. Proporo de Chrysomelidae ................................................................ 49
4.3. Estrutura da Comunidade de Chrysomelidae ....................................... 51
4.4. Diversidade beta ................................................................................... 53
5. CONCLUSES ................................................................................................ 57
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 59
CAPTULO 2* ........................................................................................................ 68
RESPOSTA ESCALA - DEPENDENTE AOS ATRIBUTOS DA PAISAGEM DE
UMA ASSEMBLIA DE BESOUROS HERBVOROS TROPICAIS ...................... 68
RESUMO .............................................................................................................. 70
ABSTRACT ........................................................................................................... 71
1. INTRODUO ................................................................................................. 72
2. METODOLOGIA ............................................................................................... 80
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2.1. Local de Estudo .................................................................................... 80
2.2. Dados de Chrysomelidae ...................................................................... 82
2.3. Dados ambientais e de paisagem ......................................................... 82
2.4. Anlise de dados .................................................................................. 85
3. RESULTADOS ................................................................................................. 85
3.1. Relao entre abundncia, riqueza e composio de Chrysomelidae e
descritores da paisagem derivados de NDVI .................................................. 85
3.2. Relao entre Cobertura Vegetal (CV) e riqueza, abundncia e
composio de Chrysomelidae ....................................................................... 89
3.3. Relao dos descritores da paisagem derivados do NDVI e o Habitat
Dominante ...................................................................................................... 91
3.4. Estimativa de Diversidade de Chrysomelidae a partir dos descritores da
paisagem. ....................................................................................................... 93
4. DISCUSSO/CONCLUSO ................................................................................ 97
4.1. Resposta de Chrysomelidae heterogeneidade e complexidade dos
habitas aos atributos da paisagem ................................................................. 97
4.2. Resposta de Chrysomelidae Dominncia do Habitat medida pela
classificao do uso do solo ......................................................................... 101
4.3. Estimativa de diversidade de Chrysomelidae em rea de Cerrado no
Estado de Gois. .......................................................................................... 103
5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 104
CAPTULO 3* ...................................................................................................... 110
DISTRIBUIO DA ABUNDNCIA DE CHRYSOMELIDAE (COLEOPTERA) EM
REAS DE MOSAICO NO CERRADO ............................................................... 110
RESUMO ............................................................................................................ 111
ABSTRACT: ........................................................................................................ 112
INTRODUO ...................................................................................................... 114
METODOLOGIA .................................................................................................... 118
RESULTADOS ...................................................................................................... 124
Distribuio de abundncia de Chrysomelidae em escala local ................... 124
Distribuio de abundncia de Chrysomelidae em escala da paisagem ...... 130
DISCUSSO/CONCLUSO ..................................................................................... 135
Referncias ................................................................................................... 140
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Chrysomelidae (Insecta/ Coleoptera) como biondicadores de qualidade
ambiental em reas de cerrado no estado de Gois -Brasil
1. Introduo Geral
O Bioma Cerrado o segundo maior bioma brasileiro, ocupando cerca de
23% de todo territrio nacional, caracterizado como uma importante rea formada
por mosaicos de diferentes fitofisionomias, por exibir uma rica biodiversidade, com
considervel endemismo de espcies e que, nas ltimas dcadas, teve sua
paisagem profundamente modificada diante de intervenes antrpicas; (Myers et
al., 2000; Klink and Machado, 2005). O processo de fragmentao do Cerrado tem
se intensificado especialmente a partir da abertura da frente agropastoril de
expanso, colocando em risco a manuteno da heterogeneidade ambiental e
elevando o risco de perda de espcies da fauna e flora deste ambiente (Sano et
al., 2001; Klink and Machado, 2005; Silva et al., 2006).
As transformaes antrpicas na paisagem do Cerrado incluem tanto
mudanas no tamanho das reas naturais quanto na reconfigurao dos mosaicos
formados, eliminando ou reduzindo a quantidade de determinado habitat e
isolando os fragmentos remanescentes (Aquino and Miranda, 2008), o que deve
afetar a distribuio e a composio de espcies. A distribuio das reas
remanescentes do Cerrado fortemente estruturada no espao com um gradiente
leste-oeste e norte-sul, tornando a composio da paisagem o resultado da
interao de um conjunto de fatores ecolgicos, fsico, econmicos e sociais
(Diniz-Filho et al., 2009). Um exemplo de ocorrncia deste padro visto nas
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paisagens de Gois nas quais as reas convertidas em pastagem e lavoura no
ocorrem de forma randmica, mas so preferencialmente encontradas em reas
com menor altitude, menor inclinao de terreno e solos mais frteis, localizando-
se principalmente nas regies mais ao sul do estado, refletindo assim a histria de
ocupao do solo nestas regies (Klink and Moreira, 2002; Carvalho et al., 2009;
Sano et al., 2010). A rea foco do presente estudo est situada na regio ao norte
do estado de Gois e inclui os municpios de Niquelndia e Barro Alto, que
resguardam grande parte dos remanescentes naturais do Cerrado no estado. Esta
regio representa importante ligao com outras reas de grande relevncia para
conservao da biodiversidade como o Vale do Paran e o Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros, um conjunto de reas consideradas prioritrias para
conservao, cuja proteo necessria para a continuidade dos processos
ecolgicos e manuteno da biodiversidade.
Entre os conceitos de biondicadores apresentados por McGeoch (2007)
est o de Indicador Ecolgico, direcionamento adotado no presente estudo. O
indicador ecolgico seria uma espcie ou grupo de espcies que demonstram o
efeito de mudanas ambientais (como alterao de habitat, fragmentao ou
mudanas climticas). Organismos biondicadores tm sido freqentemente
utilizados para avaliar o efeito de perturbaes antrpicas, para determinar reas
de rica biodiversidade, bem como reas prioritrias para conservao (Landres et
al., 1988; Caro and O'Doherty, 1998). No entanto, o efeito das mudanas
ambientais deve variar entre diferentes espcies em funo de suas
caractersticas bionmicas, mobilidade, exigncias do habitat, entre outros,
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criando a possibilidade de escolha de uma variedade de grupos indicadores para
as alteraes ambientais.
Insetos tropicais tm recebido considervel ateno em funo do seu
importante papel nos processos ecolgicos e como biondicadores (Landres et al.,
1988; Brown Jr, 1997). A maioria dos grupos estudados tende a possuir
importncia ecolgica e econmica clara (por exemplo, como polinizadores,
pragas ou grupos considerados como carismticos', por serem tipicamente
grandes e ornamentados). Txons de insetos hiper diversos, entretanto, tm sido
negligenciados, em parte devido ao impedimento taxonmico e em parte por que
apesar desses organismos serem bastante diversos, permanecem em sua maioria
sub-amostrados (Baselga and Novoa, 2008). Padres de distribuio e ecologia
dos txons hiper-diversos permitem compreender a estruturao de componentes
crticos do funcionamento dos ecossistemas e podem ser mais eficientes em
detectar o impacto ambiental devido a causas antropognicas (Baldi, 2003).
Mesmo em relao a grupos bem estudados h uma falta geral de informaes
biolgicas e ecolgicas bsicas relacionadas histria natural, distribuio
geogrfica, e seu papel na dinmica dos ecossistemas (Novotny et al., 2002;
Novotny et al., 2006).
Os crisomeldeos (Coleoptera: Chrysomelidae) formam um txon bastante
diverso, com cerca de 35.000 espcies descritas. So majoritariamente herbvoros
tendo como plantas hospedeiras desde brifitas gimnospermas e angiospermas,
alimentando-se de vrias partes da planta como razes, caules, folhas, flores,
plen e frutos (Jolivet and Verma, 2002). A maior parte dos crisomeldeos
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monfoga ou oligfaga, alimentando-se de um txon especfico de planta,
entretanto, outros - sobretudo representantes das subfamlias Eumolpinae,
Cryptocephalinae e Clytrinae - so polfagos, capazes de explorar os recursos de
uma grande variedade de plantas (Fernandez and Hilker, 2007; Sen and Gk,
2009). Algumas espcies so consideradas importantes pragas agrcolas,
enquanto outras tm sido estudadas como agentes potenciais de controle
biolgico de ervas daninhas(Konstantinov et al., 1996; Jolivet and Verma, 2002;
DeLoach et al., 2003).
Nessa tese busco aliar a pesquisa envolvendo grupos e espcies
bioindicadores (na escala local das comunidades), fragmentao de habitats (uma
escala de paisagem) com os objetivos ltimos de conservao de biodiversidade
(na escala regional do estado de Gois). Como ferramenta de estudo da qualidade
de habitats do Cerrado localizados na regio norte do estado de Gois foram
utilizados besouros crisomeldeos, no intuito de gerar informaes que permitam
entender a resposta das comunidades naturais frente s presses ambientais,
fornecendo assim dados que subsidiem o monitoramento e a gesto dos recursos
naturais na regio.
Visando atender a estes objetivos a tese foi dividida em trs captulos,
apresentados no formato de artigos. O primeiro captulo trata da estruturao da
comunidade de Chrysomelidae em diferentes tipos de fitofisionomias e reas com
diferentes nveis de conservao nos municpios de Niquelndia e Barro Alto,
estado de Gois, apontando de forma direta as espcies e grupos de
Chrysomelidae indicadores de diferentes tipos de habitats. No segundo captulo
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atributos da paisagem (complexidade e heterogeneidade ambiental), obtidos
atravs de produtos do sensoriamento remoto, mais precisamente o NDVI
(Normalized Difference Vegetation Index), foram avaliados como preditores da
riqueza, abundncia e composio de Chrysomelidae. Caractersticas das
comunidades naturais foram relacionadas aos componentes ambientais da
paisagem e a partir dos resultados, foram criados modelos de distribuio da
comunidade em uma escala regional. Por ltimo, considerando caractersticas
intrnsecas comunidade de Chrysomelidae amostrada, foram utilizados modelos
de distribuio de abundncia como descritores da integridade dos habitats,
buscando determinar o melhor modelo de predio da abundncia de
Chrysomelidae. Como a distribuio das espcies responde mais rapidamente s
alteraes na paisagem do que as alteraes na riqueza de espcies, esperamos
atravs das informaes de abundncia do grupo no bioma Cerrado, compreender
o efeito de perturbaes antrpicas sobre a comunidade, gerando informaes
teis no monitoramento ambiental.
2. Referncias Bibliogrficas
Aquino, F. G., Miranda, G. H. B., 2008. Consequncias ambientais da
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17
Captulo 1*
Comunidade de Crisomeldeos
(Coleoptera/Chrysomelidae) em um mosaico
de reas naturais e antropizadas no Cerrado
brasileiro
__________________________________________________________________
* Este captulo foi editado segundo s normas da Revista Ecological Indicator
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18
Comunidade de Crisomeldeos (Coleoptera/Chrysomelidae) em um mosaico
de reas naturais e antropizadas no Cerrado brasileiro
Autores:
Mayra Pimenta
Laboratrio de Ecologia de Insetos, ICB1, Sala 222, Universidade Federal de
Gois, Campus Samambaia, Goinia, Gois, Brasil. (+55) 62 3521-1732
E-mail: [email protected]
Universidade Federal de Gois, Goinia, Gois Brasil
Paulo De Marco Jnior
Laboratrio de Ecologia Terica e Sntese - LETS, Universidade Federal de Gois,
Goinia, Gois, Brasil
.
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19
Resumo
O conhecimento da composio das comunidades naturais e de suas
respostas as alteraes antropognicas essencial para determinar o estado de
conservao de um determinado sistema e priorizar aes de manejo. Impactos
antropognicos poderiam causar uma reduo da biodiversidade, no s devido
perda de habitat, mas tambm devido perda de heterogeneidade de habitats em
determinada paisagem, especialmente em sistemas caracterizados por um
mosaico de diferentes elementos (por exemplo, a vegetao de Cerrado no Brasil
Central). Aqui ns avaliamos crisomeldeos (Coleoptera / Chrysomelidae) como
bioindicadores em um sistema com diferentes intensidades de impactos humanos
e diferentes fitofisionomias (de campo aberto s reas florestais). Foram coletados
1117 crisomeldeos, pertencentes a 245 espcies, das quais 12 espcies e 5
gneros foram considerados bioindicadores possveis, baseada na mtrica de
IndVal. Uma maior riqueza de espcies foi observada em florestas e campos de
regenerao, e os habitats com menor riqueza de espcies foram pastagens,
minas e veredas. reas de eucalipto apresentaram uma grande abundncia de
Chrysomelidae, seguido por matas e outros tipos habitats, que no foram
significativamente diferentes entre si. Campos naturais, campos em regenerao,
cerrados e matas apresentaram maiores valores de diversidade beta. Em geral, a
proporo de Chrysomelidae sobre o total de colepteros e de colepteros
herbvoros no foram capazes de apontar variaes entre os tipos habitats. O
grande nmero de espcies raras de crisomeldeos, a alta proporo de espcies
de distribuio restrita e os altos valores de diversidade beta das reas naturais
dificultam a utilizao de espcies como bioindicadores. O uso do gnero de
Chrysomelidae como biondicador da qualidade do habitat, foi considerado mais
eficaz do que a utilizao de espcies individuais. Sistemas biondicadores, que
incluam no apenas a riqueza de espcies e abundncia, mas tambm a
composio das assemblias, so necessrios para permitir um melhor
entendimento da resposta Chrysomelidae s perturbaes ambientais.
Palavras chaves: Biondicadores, diversidade beta, heterogeneidade de habitats,
insetos herbvoros, IndVal
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Abstract
Knowledge of the composition of natural communities and their responses to
anthropogenic alterations is essential for determining the conservation status of a
given system and prioritizing management actions. Anthropogenic impacts could
cause a reduction in biodiversity not only due to habitat loss, but also due the loss
of habitat heterogeneity across given landscape, especially in systems
characterized by a mosaic of different elements (e.g. the Cerrado vegetation in
central Brazil). Here we evaluate leaf beetle (Coleoptera/Chrysomelidae) as
bioindicators in a system whith varying intensities of human impacts and different
phyto-physionomies (from open field to forests). We collected 1117 leaf beetle
belonging to 245 species, of which 12 species and 5 genus were considered
possible bioindicators based on IndVal measure. Higher species richness was
observed in forests and regenerating fields, and habitats with lower species
richness included pastures, mines and veredas. Only the Eucalyptus areas had a
high abundance of Chrysomelidae, followed by forests and the other habitats,
which were not significantly different from each other. Natural fields, regenerating
fields, natural cerrados and forest had higher values of -diversity. In general, the
proportion of Chrysomelidae over total Coleoptera and over herbivorous
Coleoptera were not able to distinguished among the habitats. The large number of
rare leaf beetle species, the high proportion of restricted species and the high -
diversity of the natural areas made it difficult to utilize individual of species as a
bioindicator. The use of the genus Chrysomelidae as a biondicator of habitat
quality, was considered more effective than using individual species. Bioindicator
systems that include not only species richness and abundance but also
assemblage composition are needed to allow for a better understanding of
Chrysomelidae response to environmental disturbance.
Keywords: bioindicators, beta diversity, habitat heterogeneity, herbivorous insects
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21
Comunidade de crisomeldeos (Coleoptera/Chrysomelidae) em reas
naturais e antropizadas no Cerrado brasileiro
1. Introduo
As rpidas mudanas sofridas pelas comunidades naturais do Cerrado
brasileiro, resultantes da desordenada ao humana, tm colocado em risco a
diversidade biolgica neste sistema (Klink and Machado, 2005;Borges and Marini,
2010;Diniz et al., 2010b). Grande parte dos problemas aos quais esto sujeitos as
espcies vegetais e animais conseqncia da fragmentao de habitats
decorrente principalmente da expanso da fronteira agrcola, atividades pecurias
e da expanso urbana (Sano et al. 2001;Ferreira et al. 2004;Silva et al. 2006).
Outros danos ambientais decorrentes de aes antrpicas podem ser ainda
somados perda da biodiversidade como a invaso de espcies, poluio de
aqferos, degradao de ecossistemas, alteraes nos regimes de queimadas,
desequilbrios no ciclo do carbono e possivelmente modificaes climticas
regionais (Klink et al., 2005).
Alteraes antrpicas no ambiente podem gerar uma reduo significativa na
biodiversidade no s pela perda direta de rea, mas tambm pela perda de
heterogeneidade ambiental (Fischer and Lindenmayer, 2007). Carvalho et
al.(2009), demonstraram que reas dominadas por pastagem apresentam menor
intensidade de fragmentao e so mais capazes de manter populaes de
mamferos ameaados do que reas dominadas por lavoura, no estado de Gois.
Em sistemas nos quais mosaicos ambientais so comuns, como o Cerrado
brasileiro (Silva et al., 2006) esperado que a interao dinmica de diferentes
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22
manchas de habitat, principalmente atravs da disperso e seleo de habitats,
afete fortemente a estrutura das comunidades ecolgicas (Halffter, 1998). Este
mosaico rene reas com diferentes fitofisionomias, em um gradiente de cobertura
vegetal que variando de reas abertas (por exemplo campos limpo) reas
florestais (como matas e veredas). A converso dos habitats naturais, mesmo em
paisagens dominadas por pastagem ou agricultura, poder manter um mosaico
diverso de diferentes tipos de vegetao, mas os seus efeitos sobre a manuteno
da biodiversidade ainda so pouco conhecidos. Um exemplo disso so as reas
dominadas por atividades de minerao de nquel no Cerrado de Gois, que
mantm um mosaico de ambientes que incluem reas de minerao, eucaliptais,
campos, lavouras, pastagens, cerrado sensu stricto e matas. Uma premissa
bsica deste estudo considerar que as manchas contidas nos mosaicos
ambientais, se convenientemente conectadas e dependendo da intensidade das
alteraes antrpicas, podem manter uma fauna diversificada no sistema.
Organismos biondicadores podem ser usados para avaliar o efeito de
atividades humanas sobre o ambiente, determinar padres de biodiversidade
regional, mudanas na estrutura e funo de comunidades e estimar valor de
conservao (Staines and Staines, 1998). Embora existam crticas ao uso de
biondicadores (Landres et al., 1988;Simberloff, 1998;Rolstad et al., 2002), vrios
autores tem reafirmado que txons indicadores podem ser efetivamente definidos
e aplicados no monitoramento ambiental (Noss, 1990;McGeoch, 1998;Hilty and
Merelender, 2000;McGeoch, 2007). Para que isso ocorra, tais autores apontam a
necessidade de uma clara definio de objetivos (McGeoch, 2007), o
-
23
estabelecimento das relaes entre os indicadores e o ambiente (Kitching et al.,
2000), o uso de um sistema biondicador (conjunto de espcies, gneros, guildas
trficas) mais do que uma nica espcie biondicadora (O'Connell et al., 2000) e
ainda, de testes dos indicadores, utilizando amostras independentes no tempo ou
no espao (McGeoch et al., 2002).
Em ambientes terrestres, diversos grupos de insetos tm recebido considervel
ateno por apresentarem caractersticas necessrias para serem considerados
bons indicadores tais como: (1) alta diversidade, (2) importncia funcional nos
ecossistemas, (3) sensibilidade a mudanas ambientais e (4) facilidade de
amostragem e identificao (Landres et al., 1988;Pearson, 1994). No presente
estudo vamos utilizar a famlia Chrysomelidae (Insecta: Coleoptera), que rene
esses requisitos esperados de organismos potencialmente biondicadores s
mudanas no ambiente e dos seus nveis de conservao, alm de apresentarem
alta fidelidade ecolgica (Brown, Jr., 1991;Staines et al., 1998;Iannuzzi et al.,
2003;Linzemeyer and Ganho, 2003).
Chrysomelidae est entre as maiores famlias de besouros tanto em termos
nmero de espcies quanto em nmero de indivduos, sendo atualmente descritas
cerca de 35.000 espcies com aproximadamente 2.000 gneros (Suzuki, 1994).
Larvas e adultos de crisomeldeos so considerados essencialmente herbvoros,
se alimentando de diferentes partes de plantas (folhas, frutos, sementes, plen,
razes) (Jolivet and Verma, 2002) pertencentes principalmente as famlias
Asteraceae, Solanaceae, Convolvulaceae, Fabaceae, Malvaceae, Salicaceae e
Verbenaceae (Solorio and Rosales, 2004). Algumas espcies tm grande
-
24
importncia econmica, seja por serem consideradas importantes pragas
agrcolas, seja por seu grande potencial como agente no controle biolgico de
plantas daninhas (Konstantinov et al., 1996;Jolivet et al., 2002;DeLoach et al.,
2003).
Os besouros crisomeldeos por apresentarem estreitas relaes com suas
plantas hospedeiras, sendo provavelmente os mais seletivos entre os insetos
fitfagos (Jolivet, 1992;Staines et al., 1998), dependem sempre de um conjunto
dessas plantas para se manterem em um sistema. Por essa razo esperado que
respondam a alteraes ambientais, especialmente intervenes antrpicas nos
seus habitats naturais. O monitoramento destes indicadores e de suas complexas
interaes e respostas aos impactos podem servir como ferramentas para avaliar
a estrutura ambiental, trazendo consigo informaes sobre os riscos que corre o
sistema natural (Bonvicino et al., 1996;Staines et al., 1998;Linzemeyer et al.,
2003;Ganho and Marinoni, 2006).
A proporo de insetos herbvoros em relao ao total de insetos
considerada uma maneira de se verificar o efeito de distrbios no ambiente sobre
a estrutura da comunidade (Hutcheson, 1990;Marinoni and Ganho, 2006). Insetos
herbvoros, como Chrysomelidae, seriam mais freqentemente encontrados em
habitats pertubardos em comparao queles no pertubardos, pois neles haveria
maior disponibilidade de recursos como plantas jovens e mais palatveis com esta
proporo diminuindo em reas naturais nas quais outras guildas trficas como as
de insetos predadores e detritvoros estariam mais presentes. Ao contrario disto,
-
25
espera-se que insetos predadores e detritivoros aumentem sua representatividade
em reas naturais (Hutcheson, 1990).
Considerando que o conhecimento da composio das comunidades naturais e
das respostas destas frente a alteraes antrpicas fundamental para que sejam
determinadas reas crticas para a conservao biolgica do Cerrado, objetivamos
avaliar os crisomeldeos como biondicadores em um sistema que varia em grau de
alterao antrpica (de reas no alteradas, reas em regenerao, manejadas
para cultivo de Eucalyptus urofilla ST Blake e reas de minerao de nquel) e de
estruturas fitofisionmicas (de reas de campos a reas florestadas). Aqui
buscamos testar duas hipteses gerais sobre o efeito das alteraes ambientais
afetando as comunidades de besouros crisomeldeos em uma paisagem em
mosaico. Em primeiro lugar se a riqueza de espcies e a diversidade beta entre
reas so afetadas pelo estado de conservao dessas reas. Dentro dessa
anlise, buscamos tambm avaliar as principais diferenas de composio de
espcies que ajudem a explicar essas diferenas. Alm disso, tambm testamos a
hiptese de que a proximidade entre diferentes reas pode afetar sua composio
de espcies, evidenciado a importncia da estrutura espacial nesses sistemas.
2. Materiais e mtodo
2.1. Locais de estudo e procedimentos de coleta
Esse estudo foi desenvolvido em reas de interesse para atividades de
minerao de Nquel nos municpios de Barro Alto e Niquelndia no estado de
Gois. A regio compreende reas originalmente do Bioma Cerrado que
-
26
caracterizado por invernos secos e veres chuvosos, um clima classificado como
Aw de Kppen, com temperatura mdia anual variando entre 18-28oC (Ratter et
al., 1997), precipitao mdia anual de 1500mm variando de 750 2000mm
(Ribeiro and Walter, 1998). A regio tambm de reconhecido interesse para
conservao da biodiversidade do Cerrado (MMA/SBF, 2002) em decorrncia do
significativo grau de endemismo das espcies e da alta presso antrpica a que
vem sendo submetida. De acordo com uma recente avaliao dos padres de
fragmentao do Cerrado brasileiro esta regio apresenta proporo relativamente
elevada de remanescentes de Cerrado (Carvalho et al., 2009), principalmente por
causa da sua geomorfologia, j que se caracteriza por numerosos morros e
serras, que dificultam certas prticas agrcolas ou usos de terras que exijam
equipamentos mecanizados.
Foram amostradas reas com diferentes condies ambientais geradas
pelo manejo da propriedade, como reas naturais representativas de diferentes
fisionomias do Cerrado (cerrado, mata, vereda e campo), ambientes antropizados
(pasto, eucaliptais e minerao) e ambientes em estado de regenerao ps-
distrbio (minerao) do estado Gois (Figura 1, Tabela 1). reas antropizadas,
reas de cultivo de Eucalyptus urophylla ST Blake (Myrtaceae) e as fitofisionomias
foram agrupadas de forma gradativa, relacionadas com o tipo de cobertura
vegetal, complexidade estrutural e nvel de conservao, sendo distribudas em
nove tipos de habitat: campos naturais, campos em regenerao, cerrado natural,
cerrado em regenerao, mata, eucaliptais, pasto, mina e vereda (Tabela 1).
-
27
Os crisomeldeos foram coletados em nove campanhas realizadas nos
meses de novembro de 2007, fevereiro e abril de 2008, maro, setembro e
outubro de 2009 no municpio de Niquelndia e nos meses de maio, novembro e
dezembro de 2009 em Barro Alto, durante o perodo chuvoso em que o pico de
abundncia de colepteros maior (Pinheiro et al., 2002;Santos et al., 2003b). As
coletas foram realizadas mediante a utilizao de armadilha Malaise (Townes,
1972), uma armadilha interceptadora de vo freqentemente utilizadas em
levantamentos faunsticos especialmente por sua notvel eficincia na captura de
insetos voadores. As armadilhas foram mantidas no campo por sete dias em cada
campanha, com retirada dos frascos coletores ao final desse perodo. Aps a
triagem, os besouros foram acondicionados em frascos plsticos contendo
soluo alcolica a 70%, sendo posteriormente identificados sempre que
possvel ao nvel de espcie ou, quando no se conseguisse, at o menor grupo
taxonmico possvel. A identificao foi feita mediante o uso de chaves e por
comparao com o material existente nas colees da Universidade Federal de
Gois e de outras instituies e o material depositado na Coleo Entomolgica
da Universidade Federal de Gois.
-
28
Figura 1: Localizao das reas amostradas na regio de Niquelndia e Barro Alto, GO
-
29
Tabela 1: Descrio das reas amostradas, no municpio de Niquelndia e Barro Alto-GO
Descrio das reas Municpio Latitude Longitude Ponto de coleta
Campo natural: reas em
que a cobertura vegetal,
predominantemente
herbceo-arbustiva,
encontra-se inalterada.
NI 1407'43.5" S 4821'00" W Fruta do Lobo
NI 1412'59.4 "S 4822'39.1"W Morro seco
NI 1411'58.6" S 4822'27.5" W Mica Verde
NI 1411'20.1" S 4822'14.1"W Pedra Verde
NI 1423'27.4" S 4841'24.9"W Horto Aranha
BA 15 4'56.60"S 49 0'38.60"W Morro Dois Corregos
BA 15 4'44.50"S 49 0'6.70"W Morro Dois Corregos
BA 15 3'45.00"S 4859'59.70"W Morro Dois Corregos
BA 15 6'32.80"S 49 1'45.30"W Casa de Pedra
Campo em regenerao:
reas em que a cobertura
vegetal,
predominantemente
herbceo-arbustiva, foi
retirada por atividades de
minerao e, atualmente,
encontra-se em fase de
regenerao.
NI 1411'20.1" S 4822'14.1" W Fruta do Lobo
NI 1412'27.4" S 4821'58.1" W Mica Verde
NI 1411'23.6" S 4822'01.8" W Pedra Verde
NI 1412'58.3" S 4822'30.5" W Morro seco
Cerrado natural: reas de
cerrado stricto sensu, com
cobertura vegetal
preservada caracterizado
pela presena de rvores
baixas, inclinadas,
tortuosas, com
ramificaes irregulares e
retorcidas.
NI 1412'39.8" S 4822'46.7" W Morro seco
NI 1411'58.76"S 4822'31.42"W Mica vede
NI 1422'55.1" S 4841'00" W Horto Aranha
BA 15 3'42.60"S 4858'28.90"W Fazenda Pedro Ferreira
BA 15 4'3.30"S 4858'0.90"W Fazenda Pedro Ferreira
BA 15 5'38.70"S 49 1'47.80"W Casa de Pedra
BA 15 6'26.50"S 49 1'11.60"W rea 1A/Anglo
Cerrado em regenerao:
reas de cerrado sensu
stricto, submetidas a
considervel impacto
ambiental e que encontra-
se em regenerao da
vegetao natural
NI 1407'27.6" S 4821'46.6" W Fruta do Lobo
NI 1416'33.1" S 4843'42.1" W Horto Aranha
Matas: reas com
predomnio de espcies
arbreas, prximas a
cursos d'gua, com a
altura mdia do estrato
arbreo entre 20 e 30 m.
NI 1407'57.0" S 4820'54.3" W Fruta do Lobo
NI 1416'20.2" S 4843'39.4" W Horto Aranha/ Mata de
Galeria
NI 1408'57.6" S 4820'13.9" W Mata da Barragem
BA 15 5'36.70"S 49 0'38.20"W rea 1B/Anglo
BA 15 3'46.70"S 4859'31.50"W Fazenda Pedro Ferreira
BA 15 4'23.30"S 4859'51.60"W Morro Dois Corregos
BA 15 5'40.60"S 4859'8.60"W Fazenda Dirani
-
30
Continuao Tabela 1
Florestas de eucaliptos
(clones de Eucalyptus
urophylla S. T. Blake)
plantadas para a produo
de cavaco
NI 1422'23.0" S 4840'59.3" W Horto Aranha
NI 1422'23.3" S 4841'18.4" W Horto Aranha
NI 1421'47.1" S 4841'17.9" W Horto Aranha
Pasto
BA 15 3'58.90"S 4859'1.60"W Fazenda Pedro Ferreira
BA 15 3'24.70"S 4859'2.00"W Fazenda Pedro Ferreira
BA 15 2'36.10"S 4857'15.80"W Fazenda Nossa Senhora de
Lurdes
Mina:rea de minerao
de nquel, caracterizada
por ausncia de vegetao
e revolvimento recente
do solo
BA 15 4'54.60"S 4858'34.80"W rea 2/Anglo
BA 15 3'32.30"S 4857'30.20"W rea 3/Anglo
BA 15 5'36.10"S 4859'40.10"W rea 1C/Anglo
Vereda: Formao
encontrada sobre solos
hidromrficos,
localizadas prximas
cursos d'gua e nas quais
so encontradas
abundantemente buritis
(Mauritia flexuosa),em
meio a agrupamentos
mais ou menos densos de
espcies arbustico-
herbceas.
BA 15 4'38.50"S 4854'44.30"W rea adjacente a Rodovia
Go 437
BA 15 5'46.70"S 49 2'18.80"W Casa de Pedra
BA 15 5'22.00"S 4858'48.50"W Fazenda do Sr. Antnio
2.2. Anlise dos dados
As espcies indicadoras de qualidade do habitat foram buscadas atravs do
mtodo do valor indicador IndVal (Dufrene and Legendre, 1997) que combina a
abundncia da espcie com sua freqncia de ocorrncia em vrios grupos de
locais e, atravs do mtodo de randomizao de Monte Carlo foi avaliada a
significncia dos maiores valores de Indval de cada espcie (p> 0,05). Alta
fidelidade de espcies em um ponto amostral est geralmente associada a uma
alta abundncia de indivduos, que uma caracterstica apresentada por bons
indicadores. Tal mtodo deriva indicadores de qualquer classificao de stios (a
priori ou a posteriori), ou ainda de forma hierrquica ou no hierrquica. Outra
-
31
vantagem apresentada que o IndVal de uma espcie calculado
independentemente do IndVal de outra (McGeoch and Chown, 1998).
O Indval calculado atravs da seguinte frmula:
100xB xA=IndVal ijij
Nindiv
Nindiv=A
i
ij
ij
Em que:
Aij = medida da especificidade
Nindiv ij = nmero mdio de indivduos da espcie i em todos os locais do
grupo j
Nindiv i = a soma da mdia dos indivduos da espcie i em todos os grupos
Nlocais
Nlocais=B
i
ij
ij
Bij = medida de fidelidade
Nlocais ij = nmero de locais no grupo j onde a espcie i est presente,
Nlocais j = nmero total de locais nesse grupo
Nesta anlise, espcies com apenas um ou dois indivduos foram eliminadas, o
que reduziu de 245 para 67 o nmero de espcies avaliadas como biondicadoras
quando consideradas as reas de Niquelndia e Barro Alto juntas e, quando estas
foram avaliadas separadamente, analisamos 45 das 150 espcies de Niquelndia
-
32
e 27 das 124 de Barro Alto. Seguindo a mesma linha, em relao anlise no
nvel de gnero avaliamos 27 dos 47 encontrados em Niquelndia e Barro Alto
juntas, 23 dos 24 de Niquelndia e 14 dos 16 de Barro Alto. A significncia do
valor indicador foi tambm testada pela tcnica de Monte Carlo. As espcies de
Chrysomelidae cujo IndVal seja estatisticamente diferente do acaso (p
-
33
entre duas reas amostradas utilizando para isso o intervalo de confiana de cada
uma delas, tendo sido utilizado em estudos de indicao de qualidade ambiental
(Silva et al., 2010). Esses valores foram estimados utilizando o programa
EstimateS (Chao et al., 2005;Colwell, 2005).
Estimou-se a diversidade para cada uma das reas dos diferentes grupos de
habitats atravs do ndice de dissimilaridade quantitativo de Sorensen (Chao et al.,
2005), que mede o grau de diferena na composio de espcies entre as
diferentes reas amostradas sendo calculado a partir da abundncia relativa das
espcies. De acordo com Chao et al. (2005) o ndice quantitativo o melhor
estimador de diversidade por ser independente da riqueza de espcies.
Ns utilizamos o Teste de Mantel (Manly, 1994) para testar a hiptese de que a
diversidade dependente da distncia geogrfica. Para isso foram construdas
duas matrizes sendo uma a matriz de dissimilaridade entre as reas amostradas
de cada um dos grupos de habitats e outra, uma matriz de distncia geogrfica
que expressasse a conexo entre as reas. Alm disso, para testar a hiptese de
que a diversidade determinada pelo tipo de habitat ns utilizamos uma anlise
de Similaridae-ANOSIM (Clarke, 1993) entre cada um dos grupo de habitats.
Segundo Clarke (1993) se dois grupos de unidades amostrais so realmente
diferentes nas sua composio de espcies, ento a dissimilaridade na
composio entre os grupos ser maior do que aquela dentro dos grupos.
O ndice de Jaccard (J) foi utilizado para medir a dissimilaridade na
composio da comunidade de crisomeldeos entre fitofisionomias, reas naturais
-
34
e no naturais e entre grupos de habitats. O mtodo de Escalonamento
Multidimensional No-Mtrico (NMS, do ingls Non-metric Multidimensional
Scaling) foi utilizado a fim de se sumarizar os padres da comunidade de
crisomeldeos. O NMS considerado o melhor mtodo para descrever gradientes
ecolgicos, sendo mais vantajoso em relao a outros mtodos de ordenao por
no pressupor relaes lineares entre atributos e objetos e, geralmente, resumir
mais informaes em menos dimenses (eixos) (Minchin, 1987;Faith et al., 2004).
Para avaliar o nmero de dimenses em que os dados so mais bem
representados, analisou-se o valor do stress, que avalia a preciso da soluo em
representar uma relao multidimensional, a partir da diferena entre a distncia
real e a distncia aproximada entre todos os pares de objetos. Neste processo,
busca-se a soluo com menor dimenso e maior reduo do valor de stress. Esta
anlise foi realizada para as dez espcies que apresentaram maior abundncia e
para o conjunto total de espcies amostradas e o Teste de Monte Carlo
selecionado para avaliar a confiabilidade da soluo com 100 repeties.
3. Resultados
3.1. Espcies como biondicadoras
Em Niquelndia duas espcies das 45 avaliadas apresentaram IndVal
significativo (p
-
35
Colaspis sp 9 e Leprotina sp 1 (Eucaliptal), Strabala sp 1 e Parasyphraea sp 1
(campo natural) e Alticini sp 50 (mina). O restante das espcies com IndVal
significativo so consideradas como detectoras de mudanas no habitat
(IndVal
-
36
3.2. Gneros como biondicadores
Os gneros avaliados (27) representaram 74% da abundncia total de
crisomeldeos encontrados para as reas de Niquelndia e Barro alto juntas.
Desse total cinco gneros apresentaram IndVal significativo, indicando reas com
interferncia antrpica de minerao, eucalipto e de regenerao de cerrado
(Tabela 3). Quando o conjunto de dados foi avaliado por regies separadamente,
dois gneros foram considerados caractersticos de campos naturais sendo
Parasyphraea e Strabala em Barro Alto e o gnero Colaspis, em Niquelndia,
caracterstico de eucaliptais.
Tabela 3: Valor de INDVAL com resultado significativo (p
-
37
3.3. Descrio Geral da Comunidade de Chrysomelidae
Foram coletados um total 8102 besouros dos quais 1117 indivduos (14%)
pertenciam a famlia Chrysomelidae e encontraram-se distribudos por 245
morfoespcies. A maior parte dos crisomeldeos coletados considerada rara,
sendo que 56% apresentaram um indivduo e 16%, dois indivduos (Figura 2). As
dez morfoespcies de crisomeldeos que apresentaram maior abundncia,
concentrando 45% de todos os indivduos coletados foram Hypolampsis sp 4
(3.8020.45) (mdia desvio padro), Zeteticus sp 1 (2.7610.22), Diphaulaca sp
5 (1.494.71), Altica sp 1 (0.71 2.11), Alticini sp 50 (0.631.85), Leprotina sp 1
(0.631.85), Margaridisa sp 1 (0.611.64), Neothona sp 1 (0.541.23), Parabrotica
sp 1 (0.462.67) e Iphimeina sp 3 (0.412.11). Apenas Iphimeina sp 3 e Leprotina
sp 1 pertencem a Subfamlia Eulmopinae, enquanto as outras oito morfoespcies
de maior abundncia restantes pertencem a Subfamlia Galerucinae sendo sete
delas pertencentes Tribo Alticini.
Entre as morfoespcies coletadas, 178 possuam distribuio restrita
(Apndice 1), com destaque para o nmero de morfoespcies encontradas apenas
em reas de mata (61 espcies restritas), seguido de reas de eucaliptais e
cerrado natural (cada uma delas com 26); campo natural (22); pasto, vereda e
mina (9); campo em regenerao e cerrado em regenerao (8).
-
38
1 3 7 15 31 63 127 255 511
Abundncia de Chrysomelidae
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Fre
quncia
Figura 2: Distribuio das abundncias das espcies de Chrysomelidae em Niquelndia e
Barro Alto - Gois.
As curvas cumulativas de espcies de crisomeldeos para cada rea e para o
conjunto de reas (Figura 3) demonstra que a riqueza destas aumenta medida
que novas reas dentro de uma mesma paisagem so inclusas na amostragem.
-
39
A)
5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Riq
ueza
Sobs (Mao Tau) Jack 1 Mean
B)
4 7
10
13
16
19
22
25
28
31
34
37
40
43
46
49
52
55
58
61
64
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Riq
ueza
Sobs (Mao Tau) Jack 1 Mean
C)
8
15
22
29
36
43
50
57
64
71
78
85
92
99
10
6
11
3
12
0
12
7
13
4
14
1
14
8
15
5
16
2
Amostras
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Riq
ueza
Sobs (Mao Tau)
Jack 1 Mean
Figura 3: Relao entre acumulao de reas e acumulao do nmero de espcies
observadas e estimadas de Chrysomelidae em Niquelndia (A), Barro Alto (B) e reas de
Cerrado_ Niquelndia+ Barro Alto (C).
-
40
Ns comparamos a riqueza estimada e abundncia mdia de crisomeldeos
para os nove tipos de habitats amostrados (Figura 4). Observou-se que as
maiores riquezas foram encontradas em reas de Mata e Campo em regenerao
e os habitas com menor nmero de espcies foram os de pasto, mina e vereda.
No houve diferena entre as abundncias dos diferentes tipos de habitats.
A
Ma
ta
Ce
rra
do
Na
tura
l
Ca
mp
o N
atu
ral
Ca
mp
o e
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eg
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Ce
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do
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g.
Ve
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a
Pa
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Eu
ca
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Min
a
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Riq
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za
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1)
B
Mata
Cerr
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atu
ral
Cam
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atu
ral
Cam
po r
eg.
Cerr
ado r
eg
Vere
da
Pasto
Eucalip
to
Min
a
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
Abundncia
(lo
g)
Figura 4: Riqueza estimada (Jackniffe 1) (A) e Abundncia de Chrysomelidae (B) em
diferentes habitats do Bioma Cerrado localizados no municpio de Niquelndia,
Gois.(Barras representam o intervalo de confiana de 95%.)
3.4. Diversidade beta e padres espaciais da composio de espcies
A variao na diversidade beta de todos os grupos de habitats avaliados foi de
0.323 a 0.868. reas de campo natural, campo em regenerao, cerrado natural e
mata apresentaram maiores valores de diversidade beta possuindo um maior
nmero de espcies restritas a cada uma das reas e poucas espcie
-
41
compartilhadas entre estas, enquanto os menores valores foram registrados para
as reas de mina e eucalipto (Figura 5).
Mata
Cerr
ado N
atu
ral
Cam
po N
atu
ral
Cam
po e
m r
eg.
Vere
da
Pasto
Eucalip
tal
Min
a
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Div
ers
idade B
eta
KW-H(7,39) = 30,30; p < 0.01
Figura 5: Diversidade beta em cada um dos nove grupos de habitat amostrados no
municpio de Niquelndia-GO e Barro Alto -GO . (Barras representam o intervalo de
confiana de 95%).
A diversidade beta total de Chrysomelidae no depende da riqueza estimada
(Jackniffe 1) (Figura 6). A distncia geogrfica entre reas afeta a diversidade beta
total de Chrysomelidae (r=0.267, p
-
42
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Riqueza Estimada (Jackknife1)
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Div
ers
ida
de
Be
ta
r2 = 0.0370, p = 0.2410, y = 0.7644-0.003*x
Figura 6: Relao entre a diversidade beta de Chrysomelidae com a riqueza estimada
(Jackniffe) das espcies.
Tabela 4: Teste de Mantel entre a matriz de dissimilaridade e matriz de distncia
geogrfica para cada grupo de habitat amostrados em Niquelndia GO.
Grupo de Habitat r2 p
Mata -0.061 0.539
Cerrado Natural 0.179 0.262
Campo Natural 0.425 0.021
Campo em Regenerao -0.210 0.701
Vereda 0.376 0.675
Pasto 0.635 1.000
Eucaliptal 0.163 0.668
Mina 0.004 0.492
Geral 0.101 0.010
-
43
3.5. Ordenao das comunidades de Chrysomelidae
H diferenas na composio de espcies entre os diferentes grupos de
habitats (Anosim: r= 0,171, p
-
44
B)
eixo 1 (50.5%)
eix
o 2
(3
1.3
%)
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
-1.4
-1.2
-1.0
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6 MataCerrado Natural
Campo Natural
Campo em Regenerao
Cerrado em Regenerao
Vereda
Pasto
Eucaliptal
Mina
Figura 7: Ordenao das dez espcies mais abundantes de Chrysomelidae (A) e do total
de Chrysomelidae (B) ao longo dos eixos de NMS em reas de Cerrado, Estado de
Gois, Brasil.
3.6. Proporo de Chrysomelidae
Em geral, a proporo da abundncia de Chrysomelidae sobre o total de
Coleoptera foi diferente entre os grupos de habitats amostrados sendo maior em
reas de mata e eucalipto (Figura 8A). J a proporo do nmero de espcies de
Chrysomelidae sobre o total de Coleoptera no apresentou diferenas entre os
grupos de habitats Figura 8D). A anlise da tanto da proporo da abundncia
quanto da riqueza de Chrysomelidae sobre a abundncia e riqueza de colepteros
herbvoros no foi diferente entre cada um dos habitats avaliados.
-
45
A)
Ma
ta
Ce
rra
do
Na
tura
l
Ca
mp
o N
atu
ral
Ca
mp
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m R
eg
.
Ce
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do
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Re
g.
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a
Pa
sto
Eu
ca
lipto
Min
a-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
Ab
un
d
ncia
de
Ch
ryso
me
lida
e/C
ole
op
tera
(sq
rt)
F(8, 161)=2.4314, p=.01655
B)
Ma
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Ce
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Na
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l
Ca
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ral
Ca
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l
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-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Riq
ue
za
de
Ch
ryso
me
lida
e/C
ole
op
tera
F(8, 159)=.60853, p=.76980
C)
Mata
Cerr
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Cam
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ral
Cam
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m R
eg.
Cerr
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m R
eg.
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Eucalip
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a
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
Abundncia
de C
hry
som
elid
ae/C
ole
opte
ra H
erb
ivoro
s
F(8, 158)=.38602, p=.92687
D)
Mata
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ral
Cam
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ral
Cam
po e
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eg.
Cerr
ado e
m R
eg.
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Pasto
Eucalip
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Min
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0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Riq
ueza d
e C
hry
som
elid
ae/C
ole
opte
ra H
erb
voro
F(8, 158)=.25486, p=.97898
Figura 8: Proporo da abundncia (A) e riqueza (B) de Chrysomelidae sobre o total de
Coleoptera (Barras representam o intervalo de confiana de 95%.) e proporo da
abundncia (C) e riqueza (D) de Chrysomelidae sobre o total de colepteros herbvoros
(Barras representam o intervalo de confiana de 95%.)
-
46
4. Discusso
4.1. Espcies/Gneros como indicadores de qualidade do habitat
Algumas espcies restritas aos diferentes habitats avaliados no atingiram o
status de biondicadoras proposto por Dufrene & Legendre (1997), pois, embora
apresentassem preferncias por determinados habitats, no atenderam ao
componente de fidelidade, seja por que no ocorreram em todas as reas do
mesmo tipo de habitat, seja por apresentarem abundncias muito baixas. Uma
abundncia reduzida limita as possibilidades de que estas mesmas espcies
sejam encontradas em outras investigaes (McGeoch, 1998), e seu uso de forma
mais geral como bioindicadores.
Entre as espcies com IndVal significativo ocorreram morfoespcies
consideradas indicadoras de reas naturais (campo e vereda), todavia
predominaram aquelas que indicavam reas antropizadas (cerrado em
regenerao, com cultivo de eucalipto, reas de minerao de nquel). Para a
maioria das morfoespcies indicadoras o gnero a qual pertenciam tambm se
mostrou um bom indicador, reforando seu potencial de indicao. Estes
indicadores devem estar relacionados diretamente composio da flora existente
em cada tipo de habitat, que deve reproduzir o estado de conservao do habitat e
de reas vizinhas a este (Kitching et al., 2000). A reduo na resoluo
taxonmica ao nvel de gnero precisa reter a habilidade de encontrar
biondicadores com as mesmas caractersticas gerais.
-
47
Crisomeldeos dos gneros Parasyphraea Bechyn, 1959 e Strabala Chevrolat
1837 mostraram-se indicadores de reas naturais campestres, sendo apontadas
para o primeiro como plantas hospedeiras espcies do gnero Inga sp
(Mimosaceae) e Cavendishia sp (Ericaceae) e para o segundo o gnero
Spermacoce sp. (Rubiaceae)(Flowers and Janzen, 1997), um gnero que possui
diversas espcies representantes em reas de campo aberto no bioma Cerrado
(Delprete, 2007). Informaes a respeito da biologia e histria natural do gnero
Neothona Bechyn 1955, indicador de reas de cerrado em regenerao, no
foram encontradas. Entre gneros indicadores de reas antropizadas pela
minerao, esto Diphaltica Barber 1941 que um gnero neotropical associado
Solanaceas (Furth, 1989;Flowers et al., 1997) e o gnero Longitarsus Berthold,
1827 encontrado no s na regio neotropical como tambm na nertica, sendo
polfagos, com algumas espcies com larvas minadoras de folha e tendo como
principais plantas hospedeiras gneros de Asteraceae, Boraginaceae,
Convolvulaceae, Lamiaeceae, Linaceae, Solanaceae (Flowers et al.,
1997;Santiago-Blay, 2004).
Em relao s morfoespcies com IndVal significativo encontradas em reas
de eucaliptais vimos que, exceo de Colaspis, as morfoespcies indicadoras
no pertencem a gneros de besouros comumente considerados pragas desta
cultura (Ohmart and Edwards, 1991;Freitas et al., 2002), e no constam entre as
mais abundantes no monitoramento realizado nas mesmas reas de plantao por
Santos et al (2003b), mas utilizando armadilhas luminosas. As espcies do gnero
-
48
Colaspis so conhecidas por atacarem diversas mirtceas incluindo eucalipto
(Costa Lima, 1955;Fao, 2009).
As morfoespcies detectoras identificadas pelo IndVal incluram Zeteticus sp,
Hypolampsis sp1, Iphimeina sp3 e Colaspis sp2 e podem ser consideradas
biondicadoras capazes de detectar mudanas ambientais no habitat. J Colaspis
sp9 e Leprotina sp1, so consideradas caractersticas de eucaliptais. Espcies da
famlia Chrysomelidae podem ser importantes como insetos herbvoros em
plantios de eucalipto, particularmente em rvores jovens (Freitas et al., 2002), mas
o monitoramento de populaes de besouros nesse ambiente feito geralmente
utilizando tcnicas diferentes das aqui utilizadas (principalmente armadilhas
luminosas e armadilhas de queda). As armadilhas Malaise, utilizadas em nosso
estudo, favorecem a captura de Chrysomelidae que voam baixo, uma
caracterstica do grupo que, estando geralmente associados a arbustos e
subarbustos, ocupam os estratos mais baixos da vegetao (Linzemeyer, 2009).
Grupos de indicadores podem ser teis no monitoramento ambiental se
tivermos a capacidade de identific-los corretamente, o que sugere um conflito
relacionado com a escolha da resoluo taxonmica apropriada. Em reas do
mundo nas quais h uma grande quantidade das espcies ainda no descritas,
existem fortes argumentos que favorecem a utilizao de avanos tericos e
tcnicos para buscar uma utilizao produtiva dos dados coletados(Diniz et al.,
2010a). Identificao das espcies de Chrysomelidae geralmente difcil em
reas neotropicais, e informaes gerais sobre esses insetos so raros no
Cerrado (Pinheiro et al., 2002). Uma alternativa importante a utilizao de um
-
49
maior nvel taxonmico, o que pode tornar a identificao mais fcil. Esta escolha
foi feita por vrios pesquisadores estudando bioindicadores especialmente no
nvel da assemblia total (Baldi, 2003;Cardoso et al., 2004), ou no estudo de
surrogates diante de problemas relacionados definio de prioridade de
conservao (Villasenor et al., 2005;Khan, 2006;Heino and Soininen, 2007).
Nossos resultados permitem essa escolha, porque fomos capazes de encontrar
gneros de Chrysomelidae bioindicadores a partir do mesmo conjunto de habitats
que encontramos para os dados de espcies, o que obviamente uma
propriedade desejada da abordagem de txons superiores (Khan, 2006). O uso de
espcies pode ser um avano terico, pois permite uma relao mais adequada e
direta ao conceito de nicho (Hutchinson and MacArthur, 1959), de acordo com
uma perspectiva evolutiva sobre bioindicadores. Entretanto, o uso dos gneros
como bioindicadores deve ser baseada na suposio da conservao do nicho
(Peterson et al., 1999), hiptese que pode ser suportada pela estreita relao
apresentada pela Chrysomelidae e suas plantas hospedeiras especialmente no
nvel de gnero (Staines et al., 1998;Jolivet et al., 2002;Fernandez and Hilker,
2007). Por outro lado, como as espcies raramente alcanam maiores densidades
em reas naturais(Hall and Barney, 2010), a amostragem de dados a nvel de
gnero pode favorecer comparaes e generalizaes em escalas espaciais
maiores (Balmford et al., 1996;Maurer, 2000).
4.2. Proporo de Chrysomelidae
Apesar de uma maior proporo na abundncia de crisomeldeos em reas
florestais (mata e eucalipto) em geral a proporo da riqueza e da abundncia de
-
50
Chrysomelidae sobre o total de Coleoptera e de colepteros herbvoros no se
mostrou uma mtrica vivel para diferenciao de reas naturais e em
regenerao. Embora existam indicaes de que comunidades de besouros
herbvoros predominariam em reas degradadas e ou em incio de regenerao
(Ganho et al., 2006), esta diferena no foi suficiente para diferenciar reas
naturais do Cerrado e reas antropizadas. A mobilidade e a capacidade de
disperso de crisomeldeos seriam suficientes para permitir o intercmbio de
espcies entre reas adjacentes, ocultando possveis diferenas na proporo
destes.
Alm disso, preciso considerar que as diferenas na diversidade de
comunidade de artrpodes entre reas naturais e perturbadas no so facilmente
percebidas em formaes savnicas. Os mesmos resultados foram obtidos para
drosoflideos no-exticos no Cerrado (Mata, 2007) assim como para formigas por
Hoffmann & Andersen (2003), segundo os quais ambientes abertos seriam menos
afetados por impactos antrpicos e mudanas no microclima do que ambientes
florestais.
Os padres aqui encontrados para as comunidades de crisomeldeos devem
ser considerados um resultado de caractersticas ecolgicas fixadas nessas
espcies, com um possvel efeito filogentico e potencial efeito histrico, resultado
das adaptaes desse grupo a um sistema de mosaico com vegetao aberta e
reas de vegetao fechada. Seria importante, do ponto de vista da discusso de
espcies e grupos indicadores de biodiversidade com objetivo de conservao,
considerar a possibilidade de que esses crisomeldeos possam ser usados como
-
51
substitutos ou indicadores (surrogates na literatura em ingls) de outros grupos
com caractersticas ecolgicas semelhantes. No entanto, a falta de conhecimento
da distribuio e associao a plantas hospedeiras dessas espcies impede uma
avaliao imediata dessa hiptese, que merece ser melhor desenvolvida no futuro.
4.3. Estrutura da Comunidade de Chrysomelidae
Entre as 10 espcies mais abundantes e cujos gneros no atingiram o status
de biondicadoras, esto indivduos pertencentes aos gneros Diphaulaca Clark
1865, Altica Mller 1764, Margaridisa Bechyn 1958 e Parabrotica Bechyn &
Bechyn 1961. Apenas para o gnero Parabrotica no foram encontradas
informaes a respeito de plantas hospedeiras e todos os outros gneros
restantes so polfagos. Existem registros de espcies do gnero Diphaulaca
atacando plantaes de eucalipto, e associadas fabceas como soja e feijo
(Loureno and Miranda, 1986;Flowers et al., 1997;Freitas et al., 2002). J o
gnero Altica tem como plantas hospedeiras indivduos pertencentes s famlias
Asteraceae, Lythraceae e Onagraceae (Pettis and Bramam, 1979). O gnero
Margaridisa possui registros de espcies do gnero associadas s plantas das
famlias Melastomataceae e Solanaceae (Flowers et al., 1997). Esses resultados
gerais sugerem um suporte hiptese de que a abundncia desses organismos
maior para as espcies generalistas (Barbosa et al., 2005).
A comunidade amostrada de Chrysomelidae, assim como outros grupos de
insetos fitofgos (Hughes, 1986) apresentou um padro recorrente de grande
nmero de espcies com apenas um ou dois indivduos. Crisomeldeos em
diferentes biomas brasileiros, como Pantanal (Santos et al., 2003a) e Mata
-
52
Atlntica (Linzemeyer, 2009) apresentaram valores superiores a 50% de espcies
com dois ou menos indivduos. Embora muitas espcies possam ser
aparentemente raras, por insuficincia amostral ou inadequao de mtodo de
amostragens, Novotny and Basset (2000) relembram que insetos fitfagos pouco
abundantes so um importante componente da comunidade de insetos tropicais,
sendo possvel que essa condio seja natural nesses grupos. Considerando a
intensidade de nosso trabalho de campo e a escolha de um dos mtodos mais
apropriados para esta fauna, acreditamos que problemas de amostragem podem
ser descartados como um fator explicar a raridade neste estudo. Ressalta-se
ainda que, no bioma Cerrado, as comunidades associadas s plantas como os
insetos fitfagos, tendem a se encontrar difusas na vegetao, notadamente
diversa e distribuda em mosaicos e muitas vezes com grande distncia entre
indivduos da mesma espcie de planta, o que tambm poderia levar a uma baixa
abundncia e alto grau de restrio na distribuio (Pinheiro et al., 1998).
Em sistemas ambientais como o Cerrado a diversidade est diretamente
relacionada com a heterogeneidade ambiental. A reduo da riqueza de
crisomeldeos no gradiente de reas naturais antropizadas reala o efeito
negativo de distrbios causados pela expanso das fronteiras agrcolas e demais
atividades antrpicas sobre a diversidade de determinados grupos da fauna no
Cerrado (Borges et al., 2010;Diniz et al., 2010b). A substituio progressiva de
reas naturais poder, eventualmente, levar a uma simplificao irreversvel do
sistema (Brown Jr, 1997).
-
53
O aumento da riqueza de crisomeldeos medida que novas manchas de
habitat so amostradas numa mesma regio tambm tem implicaes sobre como
devem ser pensadas as estratgias de manejo da biodiversidade em ambientes
em mosaico para os diferentes grupos taxonmicos. Para Chrysomelidae a
existncia de manchas menores e interconectadas em diversos locais da
paisagem parece ser importante para garantir a conservao de um maior nmero
de espcies, corroborando com os resultados obtidos para Coleoptera tambm por
Oertli et.al (2002).
4.4. Diversidade beta
A anlise de ordenao reala a grande dissimilaridade entre os pontos e a
pouca identidade de cada um dos tipos de ambientes. Considerando as espcies
mais freqentes, observamos que as reas de mina e as de eucaliptais formam
um grupo facilmente distinguvel dos demais. Evidentemente tais habitats
representam a mudana mais drstica de composio vegetal no sistema o que
novamente suporta a hiptese de que os padres de comunidades de
crisomeldeos devem estar mais associados composio das plantas (Jolivet,
1992). Se considerarmos que a diferena na estrutura da vegetao e no nvel de
conservao das reas no constituiu uma barreira disperso de Chrysomelidae
entre habitats limtrofes pode-se inferir que as reas naturais das diferentes
fitofisionomias de Cerrado estariam mais sujeitas ocupao por espcies
associadas ao cultivo de eucalipto, que no encontrariam dificuldades para
alcanar reas circunvizinhas.
-
54
H muitas diferentes formas de se estimar a diversidade beta sendo
particularmente importante um estimador que no seja sensvel variaes na
riqueza e de proporo de espcies raras. Os dois problemas, e principalmente a
alta quantidade de espcies raras ocorrem no sistema estudado. No entanto, a
no relao entre diversidade beta e riqueza de espcies confirma que o ndice
quantitativo proposto por Chao et al.(2005), capaz de corrigir esse efeito.
Em geral a diversidade beta de crisomeldeos maior em reas naturais
decrescendo em reas antropizadas. Os altos valores de diversidade beta
encontrados para os habitats naturais de Cerrado refletem uma elevada
heterogeneidade do ambiente e uma baixa dominncia ecolgica, sendo o
contrrio encontrado em reas de mina e eucalipto nas quais haveria tambm um
menor nmero de espcies raras em relao s reas naturais. Em grandes
propores, as alteraes antrpicas tenderiam a homogeneizar os padres da
paisagem, ao menos em escalas finas e intermedirias, podendo trazer srios
danos a diversidade de espcies (Wiens, 2000).
A diversidade beta entre insetos fitfagos est obviamente ligada ao turnorver
das espcies de plantas hospedeiras (Odegaard, 2006): a alta heterogeneidade do
Cerrado, especialmente em relao sua vegetao (Ratter et al.,
2003;Bridgewater et al., 2004), bem conhecida o que diretamente deve afetar a
diversidade de espcies crisomeldeos a ela associados, elevando-a. Alm disso,
a distribuio das espcies deve estar relacionada com a variao nas condies
ambientais, o que implica que todas as partes de um ecossistema no devem ser
equivalentes (Legendre et al., 2005).
-
55
reas com valores altos de diversidade beta, ou seja, fragmentos mais
dissimilares devem ser considerados prioritrios para conservao (McKnight et
al., 2007;He and Zhang, 2009), principalmente em paisagens dominadas por
mosaicos nos quais diferenas de diversidade beta devem ser acentuadas.
Conforme Peterson et al (1993), pequenas reservas, mas cuidadosamente
planejadas, podem ser muito eficientes em conservar as partes mais raras da
diversidade biolgica do que poucas reservas maiores. A escala espacial desse
estudo obviamente muito menor do que aquela dos estudos de planejamento
sistemtico de conservao (Mittermeier et al., 1998;Myers et al., 2000), mas os
conceitos bsicos de como possvel preservar conjuntos raros de espcies
dispersos na paisagem ainda podem ser aplicados. A concepo dessas matrizes
heterogneas deve ser muito semelhante concepo de manuteno da
biodiversidade em ambientes intensificados pela agricultura (Vandermeer et al.,
1998;Carvalho et al., 2009), sendo possvel estender esse conceito para outros
tipos de alterao antrpica da paisagem. Nesses sistemas importante
considerar que mesmo fragmentos pequenos podem ser importantes na
manuteno da diversidade total e da capacidade de recuperao de reas pela
capacidade de disperso, principalmente de insetos. Essa viso ressalta a
importncia da manuteno dos corredores de mata ciliar e reas inclinadas do
terreno, protegidas pela legislao brasileira e da reserva legal (Lei 4771/65)
Avaliaes da diversidade da flora indicam que no bioma Cerrado as espcies
esto pouco difundidas geograficamente, sendo necessrio que vrios stios
sejam selecionados no planejamento de reservas de forma que uma maior
-
56
diversidade de espcies de plantas seja includa (Bridgewater et al., 2004).
Nossos resultados suportam essa viso, j que a curva de acmulo de espcies
entre reas mostra que, tambm para crisomeldeos, so necessrias muitas
reas para representar uma grande proporo da diversidade total do sistema.
Isso revela a grande dificuldade de um planejamento de conservao em reas de
mosaicos ambientais como o do Cerrado aqui estudado.
Como habitats diferentes podem estar adjacentes na paisagem estudada, a
distncia entre as manchas de habitats do mesmo tipo pode ser uma barreira que
limita o compartilhamento de espcies entre estes, enquanto a proximidade com
outros habitats pode facilitar a disperso e compartilhamento de espcies. Esse
mecanismo s explicaria os padres de diversidade observados em trs
situaes: (i) se as espcies forem suficientemente generalistas para utilizar novos
recursos no habitat prximo; (ii) se existe a mesma espcie de planta hospedeira
no novo habitat, ou o besouro capaz de utilizar folhas de plantas
filogeneticamente prximas ali presentes; e (iii) se a ocorrncia do besouro for um
fato acidental, devido a sua mobilidade no ambiente.
Estudos recentes mostram uma alta diversidade beta em comunidades
vegetais de Cerrado, especialmente em paisagens fragmentadas e sob forte
presso antrpica (Felfili and Felfili, 2001). Analogamente, ns encontramos uma
alta diversidade beta entre os habitats naturais estudados o que sugere mais uma
vez que a preservao de apenas algumas reas no capaz de manter toda a
biodiversidade da paisagem. Desta forma, uma maior diversidade seria alcanada
em ambientes que mantenham um mosaico que inclua tipos vegetacionais no
-
57
perturbados, reas em regenerao, clareiras naturais, clareiras resultantes de
atividades antrpicas e reas manejadas (Lawton et al., 1998;Ganho et al., 2006).
Esses resultados reforam que atividades impactantes no Cerrado devem ser
consideradas dentro de um modelo conceitual de Cerrado que privilegia a
heterogeneidade na paisagem como fator determinante dos padres de
diversidade encontrados.
5. Concluses
O grande nmero de espcies de Chrysomelidae consideradas raras, de
restrio dos crisomeldeos em cada uma das reas e a alta diversidade
encontrada em reas naturais, dificultam a deteco de espcies que possam ser
utilizadas como biondicadoras, mesmo que estas tenham reconhecida
sensibilidade a mudanas ambientais. Explica tambm porque a maioria das
morfoespcies com valores de IndVal significativo encontradas so para
ambientes mais homogneos como eucaliptais e mina. Ns consideramos que
utilizao de gneros de Chrysomelidae como biondicadores mais vantajosa em
avaliaes ambientais de qualidade do habitat.
As diferenas no nmero de espcies entre os habitats com nvel de
conservao ou tipo fitofisionmico indicam uma maior riqueza e diversidade em
reas naturais e de regenerao em relao s reas que sofreram os impactos
antrpicos. Estes resultados alertam para o efeito da expanso de atividades
como minerao e agricultura sobre a diversidade de crisomeldeos.
Diferentemente do encontrado em outros ecossistemas a proporo de indivduos
-
58
de Chrysomelidae sobre o total de Coleoptera assim como do nmero de espcies
no se mostrou capaz de detectar mudanas na estrutura do ambiente
Um sistema biondicador incluindo no s informaes sobre a riqueza e
abundncia de espcie, mas tambm a composio de cada tipo de habitat
necessrio para permitir o entendimento das respostas de comunidades naturais
de crisomeldeos s modificaes no ambiente. A relao entre acumulao de
espcies de crisomeldeos e acumulao de reas amostradas assim como a alta
diversidade encontrada para o grupo no Cerrado refora que, especialmente em
ambientes em mosaicos, a manuteno no s de grandes reas mas de vrias
manchas de diferentes habitats pode evitar a perda de espcies como tambm de
que estas manchas precisam estar prximas e interconectadas. O aumento das
distncias entre manchas semelhantes em funo da perda de habitats
decorrentes de alteraes antrpicas no ambiente provavelmente implicaria em
uma reduo do compartilhamento de espcies, podendo ao longo do tempo,
comprometer a persistncia de muitas espcies.
-
59
6. Referncias Bibliogrficas
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