christian a. schwarz - o desenvolvimento natural da igreja - dni

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  • j Christian A. Schwarz

    Natural da Igreja

    Um guia prtico para as oito marcas de qualidade essenciais das igrejas saudveis

    a s a

    ESPERANA

  • Christian A. Schwarz

    O Desenvolvimento Natural da Igreja

    Um guia prtico para as oito marcas de qualidade essenciais das igrejas saudveis

    2010Curitiba

    ESPERANA

  • "0 Desenvolvimento Natural da Igreja" foi publicado em 40 idiomas e est disposio em 70 pases.

    Todas as edies, nos diversos idiomas, esto disponveis pela Internet:

    www.ncd-international.org

    Leitores registrados deste livro recebero acesso livre ao web site

    www.ncd-intem ational.org/com rnunity. L voc encontrar:

    Os grficos deste livro para uso em suas apresentaes

    Respostas s perguntas mais freqentes

    Seis mini-seminrios do autor dos conceitos bsicos do DNI

    Seu cdigo de acesso para esse web site : NCD-US-S31-246-19 S

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cm ara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Schwarz Christian A.O desenvolvimento natural da igreja : guia prtico para as oito marcas de

    qualidade essenciais das igrejas saudveis / Christian A. Schwarz; Valdemar Kroker. - Curitiba: Editora Evanglica Esperana, 2010.

    Ttulo original: Die Natrliche Gemeindeentwicklung nach den Prinzipien, die Cott selbst in seine Schpfung gelegt hat.Bibliografia

    ISBN 3a edio 978-85-7839-024-2

    1. Igreja - Crescimento 2. Novas igrejas - Desenvolvimento I. Ttulo

    ndice para catlogo sistemtico:1. Igreja : Desenvolvimento natural : cristianismo 254.5

    Ttulo do original em alemo: Die Natrliche Gemeindeentwicklung Copyright 1996 Christian A. Schwarz

    Capa: Heidenreich Kommunikationsdesign Caricaturas: Stefan M. Schwary

    Superviso editorial: Walter Feckinghaus 3a edio brasileira: fevereiro de 2010

    Edio: Sandro Bier Reviso 3a edio: josiane Zanon Moreschi

    Reviso de prova: Sandro Bier

    Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela

    EDITORA EVANGLICA ESPERANA

    02-5201 CDD-254.5

    Rua Aviador Vicente Wolski, 353 Bacacheri - Curitiba - PR

    CEP 82510-420 Fone: (41) 3022-3390 Fax: (41) 3256-3662

    [email protected] www.dni-brasil.org

    www.editoraesperanca.com.br

    ESPERANA

  • 10 anos de DNI: O que foi alcanado?

    Quando a primeira edio do livro O Desenvolvimento Natural da Igreja foi publicada em 1996, ele no s deu incio a uma intensa discusso, e muitas vezes, controvrsia sobre o crescimento da igreja, mas tambm iniciou um movimento mundial pela sade da igreja. Hoje, existem ministrios nacionais de DNI em 70 pases e mais de 50.000 igrejas iniciaram o seu prprio processo de DNI. Recentemente, foram selecionadas todas as igrejas que fizeram trs ou mais Perfis do DNI e comparados os seus nmeros iniciais (no momento de seu primeiro questionrio) com seus resultados do terceiro questionrio, que foi concludo, em mdia, 31 meses depois. Nesse perodo, a qualidade dessas igrejas havia crescido seis pontos em mdia. Estou bem ciente de que este "ndice de qualidade" no diz muito para quem no est familiarizado como DNI, mas aqueles que esto envolvidos sabem que este o indicativo do aumento da presena de amor, perdo, respostas de orao, sabedoria, poder espiritual, e inmeros outros fatores de qualidade nessas igrejas.

    Mas o que dizer da quantidade? Ser que o foco na qualidade (ou sade) da igreja realmente resulta em crescimento numrico, conforme o que anuncia o DNI?Aqui esto os resultados. At o perodo do terceiro questionrio a taxa mdia de crescimento das igrejas participantes havia aumentado em 51%. Em outras palavras, se uma igreja tem crescido a uma taxa de 10 pessoas por ano antes do incio do processo, esse nmero aumentou para 15 pessoas por ano, 31 meses mais tarde. Se uma igreja acrescentasse anteriormente 200 pessoas por ano, agora haveria 302. Tambm foi possvel observar que, devido ao processo de DNI, o percentual de transferncias diminuiu, enquanto o percentual de crescimento de converses aumentou.

    Estes nmeros no so de apenas algumas histrias de sucesso selecionadas. Pelo contrrio, estes so os resultados mdios de todas as igrejas que fizeram trs ou mais Perfis. Eles incluem igrejas que fizeram progressos fantsticos, bem como aquelas que lutaram e fracassaram. Em outras palavras, totalmente possvel adotar estas estatsticas como o resultado final do processo de DNI.

    Pela graa de Deus, o DNI tem avanado a partir da apropriao de princpios globais para uma vida vibrante em um movimento global.

    51% de aumento na taxa de crescimento

    Incluindo as falhas

  • Prefcio

    Mudando para uma nova

    gerao de ferramentas

    Realce as Cores do seu Mundo

    com o Desenvolvimento Natural

    da Igreja, originalmente publicado em Ingls, Espanhol e Alemo,

    agora est disponvel em Portugus vrios outros idio

    mas. utilizado como livro base

    para a implementao do DNI.

    Voc provavelmente pode bem imaginar como os ltimos dez anos foram os mais desafiadores e mais gratificantes anos da minha vida. Quando finalmente pude ver os frutos do ministrio, aps muitos anos de trabalho de base, muitas vezes abstrato, altamente tcnico ou extremamente frustrante que teve de ser feito na dcada anterior publicao do Desenvolvimento Natural da Igreja.

    Pela graa de Deus, o DNI tem avanado a partir da abstrao de princpios globais para uma vida vibrante em um movimento global. Isso verdadeiramente uma razo para dar graas ao Senhor. Tambm uma boa razo para revisar e atualizar este livro, a fim de torn-lo plenamente compatvel com todas as outras ferramentas do DNI que foram desenvolvidas sobre ele h alguns anos.O ano de 2006 marcou o aniversrio de dez anos da primeira edio do Desenvolvimento Natural da Igreja. tambm o ano em que implementamos uma srie de acrscimos e modificaes significativas dentro da "caixa de ferramentas do DNI":1 . O Perfil do DNI est sendo apresentado de uma forma completamente revista. Avaliar os dados de 45.000 igrejas nos permitiu projetar um questionrio novo e melhorado. O progresso tecnolgico tornou possvel a oferta da pesquisa em um formato eletrnico, baseado na Internet.2. 2006 foi o ano da primeira campanha DNI, um esforo conjunto de milhares de igrejas, em todos os seis continentes, para envolver toda a igreja no processo do DNI e, assim, experimentar um progresso significativo, como resultado de um processo de cinco semanas.3. O livro Realce as Cores do seu Mundo com o Desenvolvi

    mento Natural da Igreja, foipublicado em Ingls, Espanhol e

    [ Alemo em 2005, e agora est sendo disponibilizado em Portu-

    : gus e vrios outros idiomas. Enquanto o Desenvolvimento Natural da Igreja foi escrito principalmente para os pastores e lderes da igreja, Realce as Cores do seu Mundo com o DNI foi concebido tendo em mente cada membro ativo da igreja.

    4

  • Publica

    Ministrio

    Pesquisa DNI

    4 Finalmente, a Espiral de Crescimento do DNI foi lanada em 2006. Este conceito que foi desenvolvido pelo parceiro australiano do DNI tem o potencial de revolucionar o processo de implementao. Por essa razo, inclu uma introduo bsica Espiral de Crescimento no ltimo captulo deste livro (pgs. 107-125).

    Embora o livro Realce as Cores do seu Mundo com o Desenvolvimento Natural da Igreja abranja todos os princpios do DNI, assim como este livro faz, o propsito deste descrever as descobertas do projeto de pesquisa original, que foi realizado entre 1994 e 1996, com 1.000 igrejas.Enquanto o Desenvolvimento Natural da Igreja baseia suas concluses na cincia, Realce as Cores do seu Mundo com o DNI se baseia principalmente na experincia. Eu estou em processo de escrita de uma terceira introduo bsica ao DNI, o Desenvolvimento Natural da Igreja e a Palavra de Deus, que ir apresentar a autoridade dos princpios fundamentais por trs do DNI: a Escritura.Estou convencido de que essas trs fontes, a cincia, a experincia e a Escritura, mesmo no tendo o mesmo peso, devem se unir para construir uma base slida para um movimento internacional ardente por experimentar o crescimento sustentvel.

    Maio 2006 Christian A. Schwarz

    Prefcio

    Na Pirmide do Conhecimento do DNI podemos visualizar que, embora as publicaes do DNI tenham grande visibilidade, a maior parte do trabalho investida em ministrios e nas igrejas, em sua pesquisa teolgica e emprica.

    Trs autoridades fundamentais

    5

  • ndice Q Desenvolvimento Natural da Igreja

    Prefcio: 10 anos de DNI ................................................................................. 3

    Introduo 8

    Abandonando a forma tecnocrtica de pensar..................................... 8O que "desenvolvimento natural de igreja"?..................................... 10Descobrindo as foras de crescimento dadas por Deus.................. 12O princpio do "por si mesmo" na Bblia.................................................. 14

    C ap tu lo 1: O ito m arcas de q u a lid ad e 17

    Crescimento da igreja - a queda de um mito........................................ 18O projeto internacional de pesquisa............................................................ 20"Crescimento" o critrio ideal?................................................................. 22Marca n 1: Liderana capacitadora............................................................ 24Marca n 2: Ministrios orientados pelos dons..................................... 26Marca n 3: Espiritualidade contagiante................................................... 28Marca n 4: Estruturas eficazes....................................................................... 30Marca n 5: Culto inspirador........................................................................... 32Marca n 6: Grupos pequenos....................................................................... 34Marca n 7: Evangelizao orientada para as necessidades........... 36Marca n 8: Relacionamentos marcados pelo amor fraternal....... 38Nenhuma marca de qualidade pode faltar............................................. 40O ponto de partida qualitativo....................................................................... 42Por que alvos de crescimento numrico so inadequados.............. 44Como definir objetivos qualitativos............................................................. 46Igrejas grandes so igrejas sadias?................................................................ 48

    Captulo 2: O fator mnimo 51

    Concentrao das foras disponveis.......................................................... 52A figura do barril mnimo.................................................................................. 54Ilustraes da agricultura.................................................................................. 56Fator mnimo ou fator mximo?................................................................... 58Como utilizar seus pontos fortes................................................................... 60Cuidado com "igrejas-modelo".................................................................... 62

  • ndice

    Captulo 3: Seis foras de crescimento 65

    Tecnocrtico ou natural?.................................................................................... 66Por que a tecnocracia no funciona............................................................ 68Primeiro princpio: Interdependncia......................................................... 70Segundo princpio: Multiplicao................................................................. 72Terceiro princpio: Transformao de energia........................................ 74Quarto princpio: Sustentabilidade............................................................... 76Quinto princpio: Simbiose.............................................................................. 78Sexto princpio: Frutificao............................................................................. 80Foras de crescimento de Deus: o contrrio do usual....................... 82Aprender a pensar naturalmente................................................................... 84

    Captulo 4: Um novo paradigma 87

    Imagens equilibradas na Bblia....................................................................... 88Perigos direita e esquerda.......................................................................... 90O paradigma tecnocrtico................................................................................ 92O paradigma da espiritualizao................................................................... 94As conseqncias dos falsos paradigmas.................................................. 96Conseqncias teolgicas................................................................................. 98O que isso significa na prtica?...................................................................... 100Podemos "fazer" uma igreja crescer?......................................................... 102Por que o pragmatismo leva a um beco sem sada?.......................... 104

    Captulo 5: A espiral de crescimento do DNI 107

    Informao, aplicao e transformao..................................................... 108As seis fases do Ciclo............................................................................................ 110A fase de Observao......................................................................................... 112A fase de Teste....................................................................................................... 114A fase de Entendimento................................................................................... 116A fase de Planejamento..................................................................................... 118A fase de Execuo............................................................................................. 120A fase de Vivncia................................................................................................ 122Um processo contnuo........................................................................................ 124

    Eplogo: Crescimento da igreja na fora do Esprito Santo............. 126Os prximos passos ............................................................................................ 128

  • introduo Abandonando a forma tecnocrtica de pensar

    Deixando para trs progra

    mas de sucesso imaginados

    por homens e abraando os princpios de

    crescimento que Deus deu sua

    criao.

    Crescimento de igreja pelas prprias foras

    Por que tantos cristos esto to cticos em relao s propostas do movimento do crescimento de igreja? Ser que porque no querem crescimento na sua igreja? Ou porque rejeitam, categoricamente, a questo da eficcia maior no seu trabalho? Ou ainda porque no reconhecem a prioridade da Grande Comisso? verdade que h pessoas que se encaixam em todos esses aspectos. Mas seria uma simplificao exagerada imaginar que a resistncia venha somente dos grupos citados. A minha experincia a seguinte: muitos cristos que tm um desejo profundo por crescimento, cujos coraes esto ardendo pelos perdidos e que esto dispostos a avaliar criticamente a sua prpria forma de trabalho, nunca se identificaram com o movimento do crescimento de igreja. Eles tm a impresso de que nesse movimento sempre so apresentadas receitas simplistas que, na prtica, no funcionam. Eles esto constantemente desconfiados de que nesse movimento h pessoas pensando que podem fazer com as prprias foras aquilo que s Deus pode fazer. Mas, sem dvida, essa a imagem que muitos tm do movimento de crescimento de igreja: um empreendimento tecnocrtico, inclusive naqueles aspectos em que enfatizado o lado espiritual do empreendimento.

    O que significa, no entanto, crescimento de igreja pelas prprias foras? Observe o desenho abaixo: uma carroa com quatro rodas quadradas, transportando uma enorme quantidade de rodas extremamente teis e funcionais, empurrada e puxada por duas pessoas, que, verdade, esto se esforando muito, mas descobrem que o empreendimento cansativo, vagaroso e frustrante.Para mim, isso mais do que uma simples caricatura. , na verda

    de, uma descrio proftica da situao de muitas reas da Igreja de Jesus. Que a igreja progride

    fato, mas muito lentamente. E por que assim? Se perguntarmos aos

    dois protagonistas da ilustrao o porqu da dificuldade, talvez recebamos a seguinte resposta: "O vento contra est muito forte." Ou: "Porque estamos empurrando a carro

    a morro acima."

  • Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4

    As oito marcas de qualidade

    A estratgia do fator mnimo

    As seis foras de crescimento

    O modelo teolgico

    Quefazer7

    Quandofazer7

    Comofazer7

    Por quefazer7

    Contedo Cronogram a Mtodo Fundamentao

    Captulo 1 Captulo 2 Captulo 3 Captulo 4

    A Espiral de Crescimento: Implementao

    Captulo 5

    Em muitos casos, estas respostas esto corretas. Muitas vezes, o vento est realmente soprando forte contra ns e tambm o caminho que muitas vezes a igreja precisa trilhar ngreme. Mas a ilustrao nos ajuda a entender que esse no o problema real. A dificuldade continuaria, mesmo que as condies externas fossem mais favorveis.Com essa comparao, descobrimos algo essencial: do ponto de vista de Deus todos os meios para a edificao da igreja esto disposio h muito tempo. O problema consiste em no usarmos os meios que Deus nos d. Em vez de usarmos as ferramentas que Deus nos deu, tentamos empurrar e puxar a carroa com as nossas foras. isso que eu quero dizer com tecnocracia de edificao de igreja. No significa que os dois protagonistas do quadro sejam pessoas no espirituais. Tambm no significa que o objetivo de colocar a igreja em movimento esteja errado. Significa simplesmente que o mtodo com que querem alcanar esse objetivo no satisfatrio.

    Este livro est baseado em uma estratgia diferente de edificao de igreja. Ns a denominamos Desenvolvimento Natural da Igreja (DNI). "Natural" porque estamos redescobrindo as leis da natureza na sua aplicao ao funcionamento da igreja. Isso significa liberar os mecanismos automticos de crescimento com que Deus equipou a Igreja, em vez de tentar fazer tudo por esforos prprios.

    Introduo

    Viso geral das cinco partes deste livro em resumo: as primeiras quatro partes respondem a quatro questes bsicas do crescimento da igreja. A parte 5 aborda a aplicao das outras quatro partes do Desenvolvimento Natural da Igreja.

    Alternativanatural

    9

  • introduo o que "desenvolvimento natural de igreja"?

    Muitos conceitos de cresci

    mento de igreja s se fixam

    nos frutos, mas no levam em

    conta as razes que, de fato,

    produzem esses frutos.

    Isso no "teologia natural"?

    Por que chamar nossa abordagem para a edificao de igreja de "desenvolvimento natural de igreja"? Ora, natural porque estamos aprendendo da natureza. Aprender da natureza significa aprender da criao de Deus. Aprender da criao significa aprender de Deus, o criador.Para ilustrar essa forma de trabalho geralmente uso a foto ao lado. Ela nos mostra diversos processos orgnicos de crescimento. A maioria dos autores do crescimento de igreja iria concordar comigo no fato de que importante aprender dessas leis. O problema existe porque alguns dos conceitos, to populares nesse campo, simplesmente no se aprofundam o suficiente. So literalmente superficiais e assim esto cegos em relao realidade existente logo abaixo da superfcie: a constituio do solo, a forma de ao das razes, a funo (to importante) das minhocas.Pergunta: Por que cresce a grama retratada na foto? Ser que ela tem por objetivo "crescer 30 centmetros at junho de 2011"? Pode ser que este seja o seu segredo. Mais tarde vamos voltar ao assunto dos objetivos de crescimento quantitativo. Mas quero, j aqui, chamar a ateno para o fato de que impossvel achar resposta apropriada a essa pergunta, enquanto no dermos o devido valor realidade que est abaixo da superfcie. E esse exatamente o foco estratgico do Desenvolvimento Natural de Igreja.

    H o debate na teologia sobre a convenincia do uso das leis da natureza como modelo para a reflexo teolgica. As ressalvas so justificadas, pois esse procedimento denominado theologia natura- lis, na linguagem tcnica da teologia, realmente problemtico na medida em que trata de teologia estritamente falando, ou seja, do conhecimento de Deus. Levado s ltimas conseqncias, conduz iluso de que podemos conhecer a Deus pelos nossos esforos, sem Cristo, sem cruz e sem revelao. Entretanto, quando falamos de desenvolvimento natural da igreja, no se trata do conhecimento de Deus, mas do conhecimento de princpios de edificao da igreja. E, nesse contexto, a forma que se baseia nos princpios da criao no s me parece legtima como recomendvel.Jesus mesmo, com muita frequncia, se utilizou de comparaes com a natureza, principalmente da agricultura para explicar as leis que regem o reino de Deus: os lrios do campo, o campo arado com os quatro tipos de solo, a rvore com os seus frutos, as leis da semeadura e da colheita e outros mais. Muitos expositores argumentam que Jesus falou dessa forma porque os seus ouvintes10

  • Phot

    o: B

    ayer

    , Le

    verk

    usen

    Introduo

    mm

    viviam em uma regio marcada pelo trabalho no campo e por isso eram especialmente acessveis por meio desse tipo de linguagem figurada. Estou convencido, no entanto, de que essa explicao insuficiente. Se Jesus vivesse e trabalhasse no mundo de hoje ele certamente no substituiria aquelas ilustraes por exemplos do mundo da informtica, como por exemplo, "o reino de Deus como um software de computador; o que voc obtm de resultados depende das suas entradas". Esse tipo de figura tecnocrtica no teria relao alguma com o segredo da vida. Na esfera do mundo orgnico valem leis diferentes daquelas do mundo tcnico.

    Encontramos um exemplo tpico para essa forma de entender as coisas na Bblia, em Mateus 6.28: "Vejam como crescem os lrios do campo". A palavra grega que est por trs de "vejam" ("considerai", na verso Almeida Revista e AtualizadaJ), katamathete, significa mais do que simplesmente "considerar". a forma intensiva de man- thano, e este verbo significa "aprender", "examinar", "pesquisar". Quando no grego o prefixo kata colocado diante de uma palavra, o significado original intensificado. Isso significa que, nesse caso, traduziramos a palavra por "aprender cuidadosamente", "examinar com preciso", "pesquisar com toda dedicao".E o que devemos pesquisar e examinar com tanto cuidado? E claro que no a beleza dos lrios, mas expressamente os seus mecanismos de crescimento ("com o crescem"). Esses devemos estudar, examinar e sobre eles devemos refletir, tudo isso est implcito no imperativo katamathete, para sintonizarmos melhor com as leis do reino de Deus.

    /4s leis do crescimento orgnico: alguns conceitos de crescimento da igreja, literalmente, ficam na superfcie apenas estudando o fruto, enquanto as razes, que so responsveis por produzir o fruto, so negligenciadas.

    Aprendendo com os "lrios do campo"

    11

  • introduo Descobrindo as foras decrescimento dadas por Deus

    O potencial natural o

    conceito que o prprio criador colocou na sua

    criao.

    O potencial natural na igreja

    O princpio da auto-organiza-

    o

    Quem estuda a criao de Deus e os seus mecanismos de funcionamento - seja ele cristo ou no se depara com o que os cientistas chamam de potencial natural. Como definem os ecologistas, trata-se da "capacidade inerente de um organismo ou de uma espcie de se multiplicar e se reproduzir por si mesma". Esse conceito totalmente desconhecido no mundo da tecnologia. Nenhuma mquina tem a "capacidade de se reproduzir por si mesma". verdade que uma mquina de caf produz caf, mas no outra mquina de caf. Na natureza, isso totalmente diferente. Na criao de Deus um p de caf produz gros de caf que por sua vez produzem novos ps de caf. Era inteno de Deus colocar essa perpetuidade em sua criao deste o princpio. Esse o segredo de toda vida. o princpio criador de Deus.Em processos naturais o que vale evidenciar ao mximo esse potencial natural. A diferena entre o potencial natural e o crescimento que acontece em condies tanto de campo natural quanto em laboratrio, chamado de "resistncia do ambiente". O que interessa no produzir crescimento e multiplicao, mas reduzir ao mximo a resistncia do ambiente. A, sim, o crescimento acontece por si mesmo.

    O mesmo vlido para o desenvolvimento de igreja. A nossa tarefa no produzir crescimento de igreja, mas liberar o potencial natural que Deus j colocou na igreja. Cabe a ns, portanto, minimizar os obstculos ao crescimento (a resistncia do ambiente), sejam eles internos ou externos da igreja.Como temos pouco controle sobre os fatores fora da igreja, deveramos nos concentrar nos fatores internos, que podem inibir o crescimento e a multiplicao da igreja. Dessa forma, o crescimento de igreja acontecer por si mesmo. Deus faz o que prometeu: ele d o crescimento (1 Co 3.6).

    Uma lei bsica, presente em toda a criao de Deus, o princpio da auto-organizao. A pesquisa secular de sistemas denomina este fenmeno de autopoiesis (criando-se a si mesmo). Entretanto, este deveria ser denominado de theopoiesis (criado por Deus). Por trs desse princpio est escondido um segredo enorme. Se transferirmos esse conceito para o organismo igreja, vale perguntar: como organizamos auto-organizao? O que podemos fazer para liberar aquilo que denominamos de potencial natural?

    12

  • Como estamos contribuindo para que as foras de crescimento, com as quais Deus equipou a sua igreja, funcionem sem maiores empecilhos? No fundo essas trs perguntas so apenas formulaes diferentes de um mesmo questionamento. As quatro pedras fundamentais do DNI: as "marcas de qualidade", o "fator mnimo", os "princpios da natureza" e o "novo paradigma," giram em torno da resposta a essa pergunta.

    Um fator complicador para a nossa reflexo sobre esse tema o fato de que uma parte da literatura no crist que trata desse princpio tem uma conotao um tanto esotrica. No entanto, a diferena entre Desenvolvimento Natural de Igreja e esoterismo a mesma que a diferena entre astronomia e astrologia! Os no cristos que descobrem e refletem sobre o princpio da auto-organizao dificilmente conseguem escapar do perigo de o associarem a algum contedo "pseudorreligioso". Em vez de relacionarem a sua descoberta com o nico Deus verdadeiro, o pai de Jesus Cristo, o criador dos cus e da terra, alguns autores a associam a figuras da fantasia do ocultismo. Esse fato no depe contra a autoria divina desse princpio - mesmo os princpios divinos interpretados de forma errada pelo ser humano permanecem princpios divinos mas ressalta tanto mais a necessidade de test-lo com base na Bblia.

    Introduo

    Aprendendo com a criao de Deus: o princpio da au- to-organizao evidente em toda a natureza, desde o mais nfimo microorganismo at as leis que regem o universo.

    E isso no esotrico?

    13

  • Introduo Q p r j n C p j 0 d O " p O r S

    mesmo" na Bblia

    A liberao das foras de crescimento dadas

    por Deus o segredo estratgico das igrejas

    que crescem.

    O segredo de igrejas que

    crescem

    Na nossa definio de Desenvolvimento Natural da Igreja (veja o quadro direita) o termo "foras de crescimento" colocado no centro. O conceito bblico que est por trs desse termo descrito em Marcos 4.26-29: "O Reino de Deus semelhante a um homem que lana a semente sobre a terra. Noite e dia, estando ele dormindo ou acordado, a semente germina e cresce, embora ele no saiba como. A terra por si prpria produz o gro: primeiro o talo, depois a espiga e, ento, o gro cheio na espiga. Logo que o gro fica maduro, o homem lhe passa a foice, porque chegou a colheita". Esta parbola mostra claramente o que o homem pode e deve fazer, e o que no pode. Ele pode e deve semear, ele pode e deve ceifar, ele pode e deve "dormir e levantar". O que ele no pode fazer produzir o fruto. Diz o texto que de maneira misteriosa a terra o produz "por si mesma". De acordo com a maioria dos comentrios sobre esse texto, a expresso "por si mesma" a chave para a compreenso dessa parbola. Mas que significa essa expresso?No grego o termo automate, que traduzido literalmente significa "automtico". O texto bblico fala, portanto, explicitamente, de um "processo automtico de crescimento". No entanto, querer explicar esse processo automtico com as leis da natureza no estaria de acordo com o pensamento judaico da poca. No tempo de jesus automate significava simplesmente "sem razo conhecida", e para o judeu que de fato cria em Deus, atrs disso estava sempre a verdade: "algo feito, ocasionado pelo prprio Deus". Se aplicarmos igreja, isso indica que alguns desenvolvimentos parecem acontecer por si mesmos, ou automaticamente. Como cristos sabemos, no entanto (mesmo sem poder provar empiricamente), que aquilo que est acontecendo aparentemente por si mesmo, na verdade uma obra de Deus. O processo "automtico" se revela, sob observao mais detalhada, como um processo "teomtico".

    exatamente isso que queremos dizer quando falamos no Desenvolvimento Natural da Igreja do princpio do "por si mesmo". No estamos falando somente de um belo quadro. Entendemos este princpio como sendo a verdadeira essncia do crescimento da igreja. Igrejas que crescem, quer cientes ou no, fazem uso do processo automtico de crescimento. este o segredo do seu crescimento! Algumas fazem isso com muita reflexo estratgica, outras por instinto. Isso no o mais importante, o que realmente importa a aplicao de fato do princpio de crescimento. Algumas igrejas que o aplicam at o fazem com o tipo de reflexo

    14

  • 0 que significa Desenvolvimento Natural da Igreja?

    Liberao dasforas de crescimento

    com as quais Deus edifica sua igreja.

    completamente errado. Sua prtica exemplar e dela podemos e devemos aprender. Porm a sua prpria teoria no explica o segredo do seu crescimento e, de forma alguma, o conceito poderia ser reproduzido em outras igrejas. Ainda voltaremos a esse problema repetidas vezes neste livro.Eu mesmo aprendi os princpios do Desenvolvimento Natural da Igreja de trs fontes diferentes:1. Pelas nossas pesquisas empricas em igrejas que crescem e

    igrejas que no crescem. Isso no significa que podemos adotar sem questionamentos os modelos que essas igrejas usam para explicar a sua situao.

    2. Pela observao da natureza, ou seja, da criao de Deus. Como j vimos, a Bblia nos exorta a adotarmos esse procedimento.

    3. Pelo estudo dos textos bblicos. Nas Escrituras Sagradas encontramos as foras de crescimento do desenvolvimento de igreja de forma explcita, mesmo que no declarada.

    Mas tanto a observao do desenvolvimento da igreja quanto dos fatos da natureza no podem valer como regra final para a nossa reflexo. Sempre que um conceito contradiz a Bblia, como cristos temos a obrigao de rejeit-lo, mesmo que esteja acompanhado de muito sucesso. Nem tudo que encontramos na natureza so "foras de crescimento" para serem utilizados pelo Desenvolvimento Natural da Igreja. Tambm aqui precisamos, com base na Bblia, analisar cuidadosamente e discernir entre o que teologicamente legtimo e ilegtimo.

    As maiores diferenas entre o Desenvolvimento Natural da Igreja e outros conceitos to divulgados de crescimento de igreja podem ser resumidos em trs declaraes-chave:

    Introduo

    A definio de Desenvolvimento Natural da Igreja, todas as atividades humanas esto centradas na liberao das foras de crescimento dadas por Deus.

    A oriaem do DNI

    Ento, qual a diferena?

    15

  • Introduo

    1. O DNI se coloca contra o procedimento pragmtico e a-teo- lgico ("o fim justifica os meios"), e os substitui pelo procedimento orientado segundo princpios.

    2. O DNI no visa a quantidade ("Com o vamos levar mais pessoas para o nosso culto?"), mas considera a qualidade da vida da igreja como chave estratgica para o seu desenvolvimento.

    3. O DNI no tem a inteno de "fazer" a igreja crescer, mas sim liberar as foras de crescimento com que Deus mesmo constri a sua igreja.

    Desenvolvimento Natural da Igreja significa despedir-se do pragmatismo superficial, da lgica de causa e efeito simplista, da obsesso pela quantidade, dos mtodos manipulativos de marketing e da mentalidade questionvel de sempre querer produzir as coisas. Em outras palavras, deixar para trs programas de sucesso imaginados por homens e abraar os princpios de crescimento que Deus colocou em sua criao.

    Trs termos- Para esclarecer melhor a diferena entre o Desenvolvimento Na- chave tural da Igreja e as abordagens predominantes na igreja de hoje,

    vamos usar em todo esse livro trs conceitos: o paradigma tecnocrtico, o paradigma da espiritualizao, e o paradigma do DNI. Esses conceitos no so nada mais que formas abreviadas representando cosmovises que sero melhor esclarecidas no captulo quatro (pgs. 83-102). Quando entendermos as pressuposies que esto na base de cada um dos trs paradigmas, tambm ficar evidente porque os princpios do Desenvolvimento Natural da Igreja no podero contar de forma alguma com o apoio unnime dos cristos.

    Paradigmatecnocrtico

    O significado de instituies, programas, mtodos, etc superestimado.

    Paradigma da espiritualizao

    O significado de instituies, programas, mtodos, etc subestimado.

    Paradiqma do DNI

    uma tentativa de equilibrar os polos orgnicos e organizacionais.

    16

  • Captulo 1

    Oito marcas de qualidade

    Ser que existem marcas qualitativas que esto mais fortemente desenvolvidas nas igrejas que crescem do que nas que no crescem? Ser possvel que o segredo do crescimento dessas igrejas est no desenvolvimento dessas marcas de qualidade mais do que no esforo de querer "encher mais os nossos cultos"? Este tem sido o foco das nossas pesquisas. Os resultados das pesquisas colocam um ponto de interrogao em muitos aspectos que, at agora, eram considerados automaticamente como "princpios de crescimento de igreja".

  • captulo i: Crescimento da igreja Oito marcas

    de qualidade a queda de um mito

    Aprender de igrejas que

    crescem no significa adotar os modelos com

    que 05 lderes dessas igrejas

    tentam nos explicar o seu

    sucesso.

    Princpios ou modelos?

    Basta olhar a literatura sobre o tema crescimento de igreja e ficamos estupefatos: so oferecidos muitos programas e eventos, em cuja maioria h a promessa "faam como ns e vocs tero o mesmo sucesso". O aspecto desagradvel em tudo isso que a maioria dos conceitos apregoados se contradiz: algumas igrejas defendem a construo de megaigrejas como o meio mais eficaz de saturar a sociedade com o evangelho; outras reduzem o tamanho ideal da igreja a pequenos grupos. H igrejas que creem que o culto totalmente direcionado para incrdulos seja o segredo do sucesso; outras garantem que o culto deva ser o lugar da adorao e de edificao para os cristos. Algumas igrejas exaltam novas estratgias de marketing como o mtodo irrefutvel de crescimento de igreja; outras realizam com sucesso a edificao de igreja sem jamais terem ouvido falar de marketing.Creio que um dos grandes problemas nessa discusso toda seja o fato de no se ter observado com preciso suficiente a diferena entre "modelos" (= conceitos com que alguma igreja em algum lugar tenha tido bons resultados) e "princpios" (= aquilo que vale para todas as igrejas em qualquer parte). Por isso vrios "modelos" tm reivindicado validade universal, enquanto muitos princpios, que podem ser demonstrados como vlidos universalmente, so erroneamente colocados como "um entre muitos modelos".

    No quadro direita procurei mostrar no que consiste a diferena entre esses dois paradigmas. Ao seguirmos um modelo, estamos tentando transportar o programa de uma igreja de sucesso (geralmente uma megaigreja) para a nossa situao. Esse procedimento fascinante porque quase conseguimos "pegar com as mos" aquilo que est faltando na nossa igreja.Quando somos orientados por um princpio isso diferente. Aqui tambm estamos partindo do ponto de que possvel aprender muito de modelos que deram certo na prtica. Entretanto, em vez de nos limitarmos a um modelo, examinamos centenas de igrejas- modelos diferentes, grandes e pequenas, para descobrir quais dos elementos das igrejas pesquisadas tm validade universal (ou seja, so vlidos para todas as igrejas) e tambm para descobrir quais elementos so talvez interessantes, mas, de forma alguma, princpios vlidos para o efetivo crescimento de todas as igrejas. Os princpios a que se chega por meio dessa deduo so, ento, em um segundo passo, aplicados situao concreta de outra igreja. Esse passo duplo de deduo e aplicao para cada caso do prin-

    18

  • Modelos e princpios

    Modelos:imitao

    'J ; 'J

    Princpios:2 .

    Aplicao para cada caso

    cpio faz com que o procedimento baseado em princpios seja, em comparao com a imitao de uma igreja bem sucedida (padro 1:1), uma forma menos atraente aos olhos de muitos cristos.O Desenvolvimento Natural da Igreja baseia-se em princpios. evidente que no totalmente errado se inspirar em uma igreja- modelo. Se, no entanto, formos alm do contgio do entusiasmo e fizermos a transferncia de elementos que devem ser reproduzidos na nova situao, imprescindvel verificar os princpios universais que esto na base de toda forma de edificao de igreja.

    Aprender de igrejas que crescem significa observar de perto a sua prtica do ponto de vista de princpios universais. No significa, no entanto, aceitar e adotar incondicionalmente os modelos explicativos que os lderes dessas igrejas querem nos transmitir como o "segredo do sucesso". Aprendi todos os princpios que esto descritos neste livro de igrejas que esto crescendo, inclusive, por incrvel que parea, daquelas que rejeitam a "nossa" estratgia de Desenvolvimento Natural da Igreja. Mesmo que essas igrejas analisem de forma diferente o seu "sucesso", que usem termos totalmente diferentes e nunca tenham ouvido falar dos princpios do Desenvolvimento Natural da Igreja, ou talvez at classifiquem essa estratgia de "heresia", mesmo assim possvel provar que elas esto trabalhando exatamente de acordo com esses princpios, seja consciente ou inconscientemente.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    Enquanto ''imitao'' melhor descrita como o processo de simplesmente copiar o ministrio de uma nica igreja modelo, a abordagem baseada em princpios compreende duas etapas: "deduo" e ''aplicao para cada caso".

    Que significa "aprender de igrejas que crescem"?

    19

  • ' O projeto internacional deOito marcas \de qualidade p S C | U I S

    Esse estudo tor- nou-se o mais

    abrangente projeto de pesquisa que j foi realizado sobre

    as causas do crescimento de

    igreja.

    Por que todo esse esforo?

    Como possvel descobrir princpios universais de desenvolvimento de igreja? evidente que no podemos responder a essa pergunta com base em sentimentos e, de forma alguma, com base na anlise de alguns poucos modelos de igreja. S h um caminho para achar resposta confivel a essa pergunta: observar e analisar igrejas por meio de padres cientficos em todo mundo.Com essa convico determinamos os limites iniciais do nosso projeto de pesquisa. Para montar uma base de dados suficientemente grande e assim chegarmos a concluses cientificamente significativas, era necessrio um mnimo de 1.000 igrejas espalhadas pelos cinco continentes: igrejas grandes e pequenas, igrejas que crescem e que esto em declnio, perseguidas pelo Estado ou subvencionadas pelo Estado, carismticas ou no carismticas, igrejas-modelo bem conhecidas ou igrejas totalmente desconhecidas. Precisvamos de igrejas de regies que passam momentaneamente por avi- vamentos espirituais, como Brasil e Coreia do Sul, e ainda de igrejas em regies que podem ser consideradas pelos padres mundiais de "pases em desenvolvimento espiritual", como a Alemanha.Esse estudo tornou-se o mais abrangente projeto de pesquisa que j foi realizado sobre as causas do crescimento de igreja. Inicialmente igrejas de 32 pases participaram do projeto. O questionrio que 30 pessoas por igreja responderam foi traduzido para 18 idiomas. Desde ento acumulamos dados de 50.000 igrejas, representando 70 pases. Mais de 1 70 milhes de respostas individuais foram avaliadas. Enquanto os grficos encontrados neste livro representam os resultados da primeira pesquisa de 1000 igrejas, todos os resultados tm sido repetidamente confirmados pelo aumento da base de dados.

    A razo de todo esse esforo era a convico de que, sem uma pesquisa dessas, nunca teramos a oportunidade de descobrir quais dos conceitos denominados de "princpios de sucesso" so de fato princpios verdadeiros (portanto universais) e quais so apenas mitos. Muito do que frequentemente encarado naturalmente como "princpio de crescimento", luz das nossas pesquisas no mais do que uma "ideia de estimao" de algum pastor. claro que essas ideias que vm da experincia pessoal de um autor no so ms em si, tambm queremos aprender delas, mas devemos tomar cuidado para no as identificarmos com princpios de crescimento de igreja.

    20

  • Pesquisa DNI

    ?S0M V h ?

    \

    50.000 igrejas, 70 pases 6 continentes

    Um dos critrios mais importantes da nossa pesquisa foi o alto padro cientfico do projeto. O mestre em estruturas organizacionais e psiclogo Christoph Schalk assumiu tanto a coordenao quanto o acompanhamento cientfico do projeto. Fez isso depois de desenvolver, em conjunto com a "Universidade de Wrzburg", uma anlise sobre a cientificidade da experincia que estava sendo usada como teste por trs anos. J nessa fase, o Dr. Schalk havia apontado algumas deficincias do projeto. Ele elaborou um novo questionrio com altos padres de objetividade, confiabilidade e validade, e implantou parmetros cientficos e sociais de avaliao. Esse projeto o quinto passo de uma srie de pesquisas, iniciadas em 1986 nos pases europeus de lngua alem. Ainda que no incio o mtodo deixasse a desejar, foram feitas algumas descobertas que puderam servir de base para o estudo que seguiria.

    Ao meu ver, nossa pesquisa oferece a primeira resposta cientificamente comprovada pergunta: Quais so os princpios de crescimento de igreja vlidos, independentemente de cultura, direo teolgica ou denominacional? O nosso esforo concentrou-se em achar uma resposta comprovativa pergunta: O que cada igreja e cada cristo deveriam fazer para obedecer Grande Comisso nos dias de hoje?"

    Captulo I;Oito marcasde qualidade

    0 projeto original de pesquisa foi realizado entre1 000 igrejas. Desde ento, nosso banco de dados tem crescido para mais de 50.000 igrejas em 70 pases. Parcerias do DNI existem ou esto em processo em todos os pases da cor verde no mapa.

    O critrio da cientificidade

    As vantagens da pesquisa

    21

  • captulo i: Crescimento" o critrioOito marcas #

    de qualidade I Q C d l ?

    Nem toda igreja que cresce uma igreja

    "sadia".

    Quatro categorias de igrejas

    j f i r Porcentagem de f membros de igrejas c<

    alta qualidade em declnio, que

    responderam a uma pergunta especfica

    positivam ente.

    qualidade alta

    qualidade baixa

    um axioma do movimento de crescimento de igreja - mesmo que no declarado - que "igrejas que crescem" so tambm "igrejas sadias". Nos livros encontramos todo tipo de declaraes sobre esse assunto, mas tudo isso se baseia em suposies e opinies. Isso assim porque enquanto o crescimento quantitativo de uma igreja (tanto o tamanho numrico quanto o seu padro de crescimento) pode ser medido com certa exatido, ainda no existe um procedimento de avaliao objetivo e de eficincia comprovada do crescimento qualitativo da igreja. Nossos esforos ente 1986 e 1996 concentraram-se no desenvolvimento de um teste de avaliao da qualidade da igreja. Agora que encerramos a nossa pesquisa internacional, chegamos a um procedimento pelo qual o ndice de qualidade (IQ) de cada igreja pesquisada pode ser descoberto. Isso baseado nas oito marcas de qualidade descritas adiante (veja pgs. 38-39).

    Observando o diagrama da pgina 23, conclumos que, com base na relao entre qualidade e quantidade, existem quatro categorias de igrejas:a. Quadrante direito superior, igrejas com qualidade acima da mdia (IQ acima de 56, o valor mdio de todas as igrejas que crescem

    mais do que a mdia das igrejas) e, ao mesmo tempo, crescimento na frequncia dos cultos acima da mdia (10% ou mais por ano em um perodo de cinco anos).b. Quadrante esquerdo superior. igrejas com qualidade acima da mdia, mas com diminuio na frequncia dos cultos.c. Quadrante esquerdo inferior. igrejas com qualidade abaixo da mdia (IQ abaixo de 45, o valor mdio de todas as igrejas com diminuio do nmero de pessoas).d. Quadrante direito inferior, igrejas com qualidade abaixo da mdia, mas com crescimento na frequncia dos cultos acima da mdia.

    A ' matriz dos quatro"Porcentagem

    de m em bros de igrejas de alta qualidade errT^ crescim ento, que responderam a uma B pergunta especfica positivam ente.

    22

  • Qualidade e quantidade1 _ _ ________________ '

    igrejasem

    declnio

    q u alid ad e a lta

    ' + [

    + i L_,

    1

    /q u alid ad e b aixa |

    igrejasquecrescem

    Com os resultados obtidos em nossa pesquisa podemos nos livrar de todo tipo de especulao sobre esses quatro tipos de igrejas. Agora podemos observ-los como so na realidade. Nas pginas seguintes, utilizaremos o diagrama "matriz dos quatro" (ver grfico na pg. 22), para ilustrar a realidade do dia a dia da vida da igreja nessas quatro categorias. As explicaes fornecidas lhe ajudaro a entender que tipo de igreja cada barra representa no grfico ao longo deste livro.

    No decorrer deste livro, sempre que voc encontrar o diagrama "matriz dos quatro", no o entenda como se tivssemos feito a pesquisa somente com representantes das quatro categorias de igrejas citadas para, assim, provarmos a validade dos princpios propostos. Com o objetivo de determinarmos quais perguntas seriam os melhores indicadores de qualidade e potencial de crescimento de uma igreja, ns avaliamos todas as igrejas que participaram do projeto, no somente aquelas que se encaixassem nas categorias do diagrama.Entretanto, acredito que as respostas dadas por igrejas nessas quatro categorias especficas, ilustram bem e de forma prtica o significado dos princpios que esto por trs das perguntas.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    Com base na relao entre qualidade e quantidade possvel identificar quatro grupos diferentes de igrejas. A pesquisa permite, pela primeira vez, tirar concluses significativas em relao a cada uma destas quatro categorias de igrejas.

    A matriz dos 4 como diagrama

    Como o diagrama funciona

    23

  • Marca n 1:Captulo 1:Oito marcas # #de qualidade Liderana capacitadora

    Os resultados da pesquisa

    questionam o fato de que a

    maior parte da literatura do

    crescimento da igreja ilustra os

    princpios de liderana com

    base em megai- grejas.

    A real diferena

    Estilo de lideranaSer que pastores de igrejas que crescem so

    menos voltados aos relacionamentos?

    Quando lemos o que a literatura do crescimento da igreja diz sobre o tema "liderana", o tom predominante o seguinte: o estilo de liderana de pastores de igrejas que crescem mais orientado para projetos do que para pessoas, mais preocupado com objetivos do que com relacionamentos, mais baseado em autoritarismo do que em trabalho de grupo. Em sua busca por modelos imitveis, alguns autores se basearam mais em igrejas grandes do que em igrejas que crescem. Certamente as duas no so a mesma coisa.(pg. 46-48). Em nossa pesquisa, chegamos a resultados diferentes daquilo que se poderia supor da literatura do crescimento da igreja (inclusive daquilo que eu mesmo escrevi no passado). Embora ser orientado por objetivos no trabalho seja uma qualidade imprescindvel de todo lder, interessante notar que esse no o aspecto fundamental que diferencia pastores de igrejas que crescem das igrejas que no crescem. Nosso estudo comprovou que embora os pastores de igrejas que crescem no sejam mestres em relacionamentos, e chegam at a se perder em detalhes nos relacionamentos com as pessoas, o fato que, na mdia, o seu estilo de liderana pelo menos um pouco mais orientado para relacionamentos, um pouco mais preocupado com pessoas, um pouco mais direcionado para o trabalho em parceria do que o estilo de seus colegas de igrejas que esto em decrscimo (veja quadro abaixo).

    A chave para a distino talvez seja melhor expressada pela palavra "capacitao". Os lderes de igrejas que crescem concentram seus esforos em capacitar outras pessoas para o ministrio. Eles no usam os seus colaboradores como "ajudantes" para alcanar os seus

    prprios objetivos e implantar sua viso. Pelo contrrio, a pirmide de autoridade invertida e os lderes ajudam cada cristo a chegar medida de plenitude intencionada por Deus para cada um. Eles capacitam, apoiam, motivam, acompanham a todos individualmente para que se tornem aquilo que Deus tem em mente. Se observarmos esse processo mais detalhadamente, entenderemos porque estes lderes precisam ser orientados tanto em relao a objetivos quanto para relacionamentos. A "bipolaridade", da qual falaremos como parte de um paradigma teolgico na parte 4 deste livro, precisa incorporar-se na personalidade do lder.

    Orientado para Orientado para objetivos trabalho em parceria

    24

  • Pastor como telogo Ajuda de fora

    P asto r. "Eu m e aconselho regu la rm ente com um co lega (conse lhe iro ) de fo ra sobre o m eu t ra b a lh o ."

    Dois dos resultados mais interessantes a respeito de liderana: a formao teolgica formal tem uma correlao negativa tanto para o crescimento quanto para a qualidade da igreja ( esquerda).

    Entre as quinze variveis relacionadas liderana, o fator de maior correlao com a qualidade global e o crescimento da igreja, a disponibilidade para aceitar a ajuda de fora ( direita).

    Aqui nos deparamos com o que denominamos de o "princpio do por si mesmo" na introduo. Lderes que veem sua capacitao como instrumento para capacitar outros cristos e lev-los maioridade espiritual, descobrem como esse aspecto leva "por si mesmo" ao crescimento. Em vez de fazer a maior parte do trabalho eles mesmos, esses lderes investem grande parte do seu tempo em discipulado, delegao e multiplicao. Assim, a energia investida por eles pode multiplicar-se quase infinitamente. assim que acontece a "auto-organizao". dessa forma que o poder de Deus liberado, em vez de se tentar pr em movimento a igreja por meio de foras humanas e presso da igreja.Os resultados da pesquisa questionam o fato de que a maior parte da literatura do crescimento de igreja ilustra os princpios de liderana com base em megaigrejas. Nesses casos trata-se, muitas vezes, de gnios da liderana que possuem uma variedade to abrangente e especial de dons, que o modelo no serve para ser reproduzido em outro lugar. A boa notcia a seguinte: pastores no precisam ser superstars para que as suas igrejas cresam. A maioria dos pastores, que nas nossas pesquisas conseguiram os melhores resultados, so pouco conhecidos alm de suas igrejas. Estes, geralmente, nos fornecem princpios bsicos de liderana mais valiosos do que de muitos superlderes espirituais.

    evidente que o modelo de liderana descrito neste livro no provm do paradigma tecnocrtico nem do modelo da espiritualizao. Tec- nocratas, via de regra, tm necessidade de um "guru" (que pode se apresentar na forma do "sacerdote" clssico ou tambm como o "gerente de crescimento da igreja"); os do modelo da espiritualizao geralmente tm dificuldade de se submeter a alguma liderana.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    "Auto-organizao espiritual" na prtica

    De onde vem a oposio?

    25

  • captulo i. Marca n 2: MinistriosOito marcas #

    de qualidade orientados pelos dons

    medida que cristos vivem

    de acordo com os seus dons

    espirituais, eles no agem pelas prprias foras,

    mas o Esprito de Deus age

    neles.

    Os dons espirituais e o "sacerdcio universal

    dos crentes"

    Com base na marca de qualidade "ministrios orientados pelos dons" possvel entender claramente o que significa aquilo que denominamos de "processos de crescimento por si mesmo" dados por Deus. A estratgia de trabalho de acordo com os dons se baseia na seguinte convico: Deus, soberanamente, determinou quais cristos iro efetuar melhor determinados ministrios. medida que cristos vivem de acordo com os seus dons espirituais, eles no agem pelas prprias foras, mas o Esprito de Deus age neles. Assim, pessoas bem comuns podem efetuar tarefas bem especiais. Outro resultado muito interessante da nossa pesquisa que essa questo - se vivemos de acordo com os nossos dons espirituais - uma das que esto em melhor correspondncia com o aspecto subjetivo da alegria de viver. O computador estabeleceu uma correspondncia significativa entre "orientao da vida de acordo com dons" ("As tarefas que executo na igreja correspondem aos meus dons") e a "alegria de viver" ("Eu me considero uma pessoa feliz e satisfeita").Nenhuma outra das oito marcas de qualidade tem influncia to grande sobre a vida pessoal e a vida na igreja do membro do que o ministrio orientado pelos dons. Por isso no me admiro que os recursos de discipulado, material que desenvolvemos para essa marca de qualidade em As 3 Cores dos seus Dons, tenha encontrado a melhor aceitao de todos os livros sobre edificao de igreja que j preparamos. Com isso o desenvolvimento da igreja deixa de ser o tema de uns poucos voluntrios e estrategistas eclesisticos e passa a ser o aspecto fundamental na vida de cada membro.

    Infelizmente, nos ltimos anos, a viso de trabalho orientado pelos dons foi mal interpretada como mais um modismo entre os mtodos de crescimento da igreja. Entretanto, a descoberta e o uso dos dons espirituais a nica forma de colocarmos em prtica novamente o conceito dos reformadores do "sacerdcio universal dos crentes". Como um programa desses poderia ser transformado em realidade se muitos cristos no conseguem reconhecer em que rea Deus os capacitou e, consequentemente, tambm os chamou? De acordo com uma pesquisa que fizemos com 1600 cristos ativos em suas igrejas, na Alemanha, descobrimos que 80% deles no sabem quais so os seus dons espirituais. Parece-me que este um dos principais motivos porque o "sacerdcio universal dos crentes", em sua maior parte, nunca foi alcanado nos pases da Reforma.

    26

  • Captulo ?;Oito marcasde qualidade

    As barreiras contra os ministrios orientados pelos dons esto relacionadas a falsos paradigmas teolgicos, que persistentemente sufocam e reprimem aspectos do cristianismo. Quem trabalha de acordo com o modelo tecnocrtico tem a tendncia de ordenar quais os ministrios que cada cristo deveria assumir para depois sair procura dos "voluntrios" para a realizao das tarefas. Se no se acham os voluntrios, usa-se de presso para consegui-los. As tarefas a serem realizadas esto fixadas e as pessoas devem adaptar-se a elas.Por outro lado, aqueles que tendem para a espiritualizao, frequentemente resistem a enquadrar os seus dons em tarefas bem especficas da igreja por terem problemas em se adequar a estruturas. Isso no seria algo realmente "espiritual". Acrescente-se a isso o aspecto de que muitos identificam os dons espirituais exclusivamente com coisas sobrenaturais, espetaculares, acima do normal de cada dia, e isso, certamente, cria resistncias a que os dons sejam includos no processo de planejamento de crescimento da igreja.

    Abaixo esto duas das dez questes que auxiliaram no clculo do ndice de qualidade dos ministrio orientados pelos dons. Na pergunta sobre a "utilizao de dons" ( esquerda) se destaca, de forma marcante, a diferena entre as igrejas acima e abaixo da mdia. De todas as variveis associadas com esta caracterstica de qualidade, a pergunta sobre "treinamento de obreiros" ( direita) tem a maior correlao com o crescimento da igreja.

    Barreira tecno- crtica e barreira da espiritualizao

    Uso dos dons Treinamento dos participantes

    qualidade alta crescendo

    qualidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam Aplica-se nossa situao"

    "Os obreiros que ocupam cargos eletivos na nossa igreja so treinados para as suas tarefas."

    *

    qualidade alta crescendo

    qualidade baixa decrescend

    Percentual dos que responderam "Aplica-se nossa situao"

    27

  • m 1 Marca n 3:Oito marcasde qualidade Espiritualidade contagiante

    Em igrejas nas quais se per

    cebem " tendncias legalistas"

    a paixo espiritual est abaixo

    da mdia.

    Qualidade em vez de

    quantidade

    qualidade alta r *

    qualidade baixa'-^ decrescendoPercentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao

    Nossa pesquisa comprovou com grande evidncia que a espiritualidade dos cristos no depende do estilo piedoso (carismtico ou no) nem de certas prticas espirituais (como por exemplo, "guerra espiritual" ou oraes litrgicas), que so tidos como motivos de crescimento por vrios grupos. O aspecto que de fato diferencia igrejas que crescem de igrejas que no crescem, igrejas cuja qualidade est acima da mdia de igrejas cuja qualidade est abaixo da mdia, outro. O fator determinante se os crentes de uma determinada igreja vivem a sua f com dedicao, paixo e entusiasmo. J que nesse ponto, passando por todos os tipos de igrejas, foi possvel detectar diferenas significativas entre igrejas que crescem e igrejas que no crescem, denominamos essa marca de qualidade de "espiritualidade contagiante".O conceito da paixo espiritual e as concepes to difundidas da f como "cumprir as obrigaes" parecem se excluir mutuamente. Em geral podemos observar que nas igrejas em que as "tendncias legalistas" esto presentes em maior ou menor grau, (em que ser cristo significa concordar com uma doutrina, moral ou pertencer a uma igreja) a paixo espiritual est abaixo da mdia.

    Para explicar melhor o que significa essa marca de qualidade devemos observar o que acontece na vida de orao dos cristos. Enquanto o tempo (quantidade) que o cristo gasta diariamente para a orao s tem uma pequena relao com a qualidade e

    com o crescimento da igreja, o critrio da "experincia inspiradora" na orao est em correspondncia muito forte com qualidade e quantidade na igreja (veja quadro esquerda). H aspectos semelhantes tambm em relao ao uso pessoal da Bblia e a outros fatores determinantes para a espiritualidade pessoal.

    No passado essa marca de qualidade foi criticada de todos os lados. A acusao era de que "paixo somente no prova de que algum seja leal com a verdade". Tambm as seitas, assim me diziam, eram caracterizadas por forte paixo. Essa observao est perfeitamente correta. Ainda no pesquisei

    28

  • Entusiasmo

    Estou entusiasmado com a minha igreja,

    qualidade alta

    qualidade baixa \ p ^ decrescendo

    Percentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao

    nenhuma seita em busca das razes do seu crescimento. Porm, o entusiasmo presente em muitas delas parece ser um dos fatores principais para o crescimento to expressivo em alguns casos. claro que essa afirmao no valida a teologia das seitas. O seu ensino continua teologicamente errado, mesmo que seja defendido com muito entusiasmo e tenha, inclusive, sucesso - no sentido do crescimento numrico.

    Por outro lado, tambm vale o aspecto de que ter a doutrina correta por si s no garante o crescimento da igreja, como inmeros exemplos demonstraram. Por mais ortodoxa que seja a doutrina de uma igreja, e por melhor que seja o seu conhecimento bblico, ela dificilmente pode esperar crescimento se no aprender a viver e a transmitir a outros a sua f com entusiasmo contagiante. Sempre que a "defesa pela doutrina correta" tomar o lugar de esforos concretos para viver a f pessoal em jesus de forma apaixonada, estamos nos baseando em um paradigma falso. Em um solo assim crescer, no mximo, um fanatismo deformado; a paixo libertadora dificilmente sobreviver. Por isso, a marca de qualidade "espiritualidade contagiante" ( qual se chega empiricamente) expressa de forma to bela quando diz o que tambm interessa teologia: a vida de f como um relacionamento genuno com Jesus Cristo.

    Uma das treze variveis utilizadas para medir o ndice de qualidade para "espiritualidade contagiante'': o entusiasmo pela f medido em igrejas com um alto ndice de qualidade quase sempre est relacionado com o entusiasmo pessoal pela igreja local.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    Ortodoxia e paixo

    29

  • *# - - -Oifo marcasde qualidade Estruturas eficazes

    Marca n 4:

    Se Deus sopra o seu Esprito no barro informe,

    a nasce forma, nasce vida.

    interessante observar que o fator "estruturas eficazes" demonstrou ser o ponto mais controvertido entre as oito marcas de qualidade. Isso, provavelmente, vem do fato de que, nesse aspecto, os paradigmas errados, que marcam a maioria dos cristos consciente ou inconscientemente, tm conseqncias especialmente negativas. Enquanto para os da espiritualizao a questo da estrutura levanta suspeitas de no ser verdadeiramente espiritual, os defensores do modelo tecnocrtico erroneamente atribuem algumas estruturas essncia da igreja de Jesus. Os tradicionalistas que esto entre eles no se sentem ameaados pelo substantivo "estruturas", mas pelo adjetivo "eficazes". Para estes "eficcia" um critrio no teolgico, pragmtico, no espiritual. Nossa pesquisa confirmou, pela primeira vez, uma relao extremamente negativa entre o tradicionalismo e o crescimento e a qualidade de uma igreja (veja o quadro direita).

    A real diferena A avaliao emprica de mais de 1.000 igrejas em todos os continentes foi especialmente interessante em relao a esta marca de qualidade. Mesmo que as igrejas sejam to distintas umas das outras nas diferentes denominaes, culturas e origens h alguns elementos bsicos bem definidos que caracterizam as igrejas com alto ndice de qualidade em todo o mundo. Um dos 15 fundamentos nos quais se baseia a marca de qualidade "estruturas eficazes" o "princpio da liderana por departamento" (veja quadro esquerda). Escolhi este fundamento como ilustrao porque ele me parece o mais apropriado para elucidar a essncia dessa marca de

    SM qualidade. Trata-se, aqui, da elaborao de Lderes de ministrios | estruturas que possibilitam uma multiplica

    o constante do trabalho. Lderes no existem somente para liderar, mas para formar novos lderes.

    Qualquer um que tenha baseado seu trabalho nessa estratgia est sempre testando as estruturas da sua igreja para ver o que pode ser feito para que elas sirvam sempre melhor ao organismo da igreja na sua auto- organizao. Tudo que no alcana esse

    ^ IH H P objetivo (por exemplo, liderana inibidora.. de novos lderes, horrios e durao do cul-

    qualidade baixa decrescendo *rercenua,^ que'apo^ApHca-seno,o > " to inadequados, conceitos desmotivadores

    "Na nossa igreja h lderes para

    30

  • crescendoqualidade alta

    qualidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao"

    Tradicionalismo

    Considero a nossa igreja uma igreja tradicionalista. "

    de administrao das finanas) mudado ou eliminado. Por meio desse processo constante de autorrenovao o surgimento de estruturas enrijecidas evitado em grande parte.

    Uma das maiores barreiras para se compreender a importncia das estruturas para o desenvolvimento de uma igreja considerar os conceitos "estruturas" e "vida" como opostos. interessante notar esta descoberta da pesquisa biolgica, que o que distingue a "matria morta" de um "organismo vivo" no , como o leigo poderia pensar, uma substncia diferente e especial, mas sim, uma estrutura especial que une e relaciona as pequenas partes. Em outras palavras, na natureza criada por Deus, a matria viva e a sem vida, o orgnico e o inorgnico, consistem exatamente das mesmas substncias; o que os distingue apenas a sua estrutura.Esse elo to ntimo que existe entre estruturas e vida se expressa na criao. O ato da criao um ato de formao, ou seja, de tornar-se forma. O oposto forma a terra sem forma, a massa amorfa, o amontoado de terra. Quando Deus sopra o seu Esprito no barro informe, surge a forma, surge a vida. Um ato criativo semelhante ocorre hoje, sempre que Deus derrama o seu Esprito nas igrejas; assim, ele lhe concede estrutura e forma.

    Captulo 7;Oito marcasde qualidade

    O tradicionalismo um polo oposto marca de qualidade "estruturas eficazes". Apesar de apenas uma em dez igrejas com qualidade acima da mdia ter dificuldades com o tradicionalismo, a metade das igrejas em declnio so atingidas por esse problema.

    Estruturas e vida

    31

  • Marca n 5:Captulo I ;Oito marcas # #de qualidade C u l t O l i l S p i r a d O T

    Provavelmente no existe outra rea na vida da

    igreja em que a importante

    diferena entre "modelos" e "princpios " seja to fre

    quentemente ignorada.

    Culto para o visitante luz

    da pesquisa

    Qual o elemento que diferencia os cultos de igrejas que crescem dos cultos das igrejas que no crescem, igrejas que esto acima das que esto abaixo da mdia de qualidade? Em outras palavras, que aspectos cada igreja deveria realmente levar a srio quando o assunto planejamento do culto? Provavelmente no existe outra rea na vida da igreja em que a importante diferena entre "modelos" e "princpios" (veja pgs. 16-1 7) seja to frequentemente ignorada. Muitos cristos pensam que precisam adotar certos modelos de cultos de outras igrejas porque veem neles um princpio de crescimento.A nossa pesquisa colocou-nos na posio de podermos lanar um pouco de luz emprica na neblina da discusso atual sobre o culto. Um exemplo basta para ilustrar esse aspecto. H cristos que esto convictos de que o culto voltado essencialmente para o visitante no cristo, como muito bem realizado pela Willow Creek Community Church e outras, seja um princpio de crescimento de igreja. Tenho conversado com muitos pastores que esto empenhados em transformar o seu culto em um culto para o visitante, sem questionar seriamente se essa forma de evangelizao - uma entre muitas boas possibilidades - a mais apropriada para o seu caso. Eles simplesmente imaginam que o culto para o visitante um princpio vlido universalmente. Mas, tambm, est provado que isso no fato.

    Em nossa pesquisa selecionamos todas aquelas igrejas que declararam que "muito fortemente" seus cultos eram voltados para os no cristos. O resultado foi que essa afirmao no corresponde a praticamente nenhuma categoria de igreja, nem a igrejas que crescem e nem a igrejas que esto diminuindo, nem a igrejas acima da mdia, nem a igrejas abaixo da mdia de qualidade (veja quadro esquerda, pg. 31). Isso no quer dizer que os cultos para os visitantes no sejam uma tima forma de evangelizao e at meream ser imitados. O que isso quer dizer simplesmente que por trs de um culto evangelstico no existe um princpio de crescimento de igreja. Podemos direcionar os nossos cultos totalmente para cristos, ou totalmente para no cristos; podemos realiz-los na linguagem "crist" ou "secular", podemos celebr- los em seqncia litrgica ou de forma livre, tudo isso no essencial para a edificao da igreja. Mas um critrio bem diferente provou ser um fator decisivo, qual seja, "Ser que a participao do culto uma 'experincia inspiradora' para o visitante? (Veja

    32

  • Culto para o visitanteM z .___________ Z j

    "O nosso cu lto e st d irec io nado p rin cipa lm en te

    Inspirao

    " p a rtic ip a o no nosso cu lto um a exp erien ci in sp irado ra p a ra m im ."

    qualidade

    qua lidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam Aplica se a nossa situaci

    crescendo

    decrescendo

    Percentual dos que responderam: ' Aplica-se nossa situam'

    o quadro direita). As respostas s onze perguntas que fizemos s igrejas sobre o tema "Culto" apontaram todas para a mesma direo. esse critrio que comprovadamente separa as igrejas que crescem das que se encontram estagnadas ou em declnio.A palavra "inspiradora" necessita de elucidao. Deve ser entendida no sentido literal de inspiratio e significa a inspirao que vem do Esprito de Deus. bvio que o Esprito Santo quando age (e sua presena no meramente presumida), produz conseqncias evidentes sobre a organizao do culto e sobre a atmosfera perceptvel aos presentes. A concluso unnime dos presentes em cultos verdadeiramente "inspirados" de que "ir para a igreja divertido".

    Com essa pergunta j sabemos de onde vir a oposio a esta marca de qualidade; vir de cristos que entendem que o culto , em primeiro lugar, o cumprimento de um dever cristo. De acordo com esse modelo, as pessoas no vo ao culto porque esperam ter uma experincia agradvel e inspiradora, mas para fazer um favor ao pastor ou a Deus. Alguns at mesmo acreditam que Deus ir abenoar de forma especial a "fidelidade" em suportar o culto como exerccio espiritual chato e desagradvel. Quem pensa de acordo com esse modelo sempre ir usar de presso para motivar os cristos a participarem do culto. Essas pessoas no entenderam nada dos processos automticos de crescimento que podem ser percebidos e estudados, especialmente no aspecto do culto. Ou seja, nas igrejas em que os cultos so celebrados de forma inspiradora, podemos observar que eles "por si mesmos" atraem as pessoas.Tambm o modelo da espiritualizao tem influncia negativa sobre a forma do culto. Esse modelo sugere que a "espiritualidade verdadeira" acontece exclusivamente "no interior do ser". Fatores como uma sala de culto bem arrumada, um ministrio de recepo organizado, um moderador competente, as partes do culto em uma sequencia que tenha sentido so, para pessoas que pensam de acordo com o modelo da espiritualizao, sem importncia, ou so at suspeitas de pertencerem aos aspectos exteriores da f crist.

    Enquanto a pergunta sobre se o culto direcionado principalmente aos no cristos ( esquerda) no tem relao aparente com o crescimento da igreja, certamente h uma forte correlao entre o culto com uma "experincia inspiradora" e a qualidade e a quantidade de uma igreja ( direita).

    E um culto pode ser "agradvel"?

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    33

  • captulo i. Marca n 6:Oito marcas

    de qualidade Grupos pequenos

    Se um dos princpios estudados deve

    ser considerado "o mais importante", este , sem dvida, a multiplicao dos pequenos

    grupos.

    Grupos pequenos ou culto?

    Prioridades

    "Na nossa igreja mais importante que uma pessoa participe do grupo pequeno do que do culto"

    qualidade

    qualidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao"

    Nossa pesquisa sobre igrejas que crescem ou decrescem em todo mundo, nos levou concluso de que a multiplicao constante dos grupos pequenos um princpio universal de crescimento de igreja. Alm disso, nos mostrou como deve ser a vida em pequenos grupos para que influenciem positivamente a qualidade e o crescimento numrico da igreja. O fator decisivo para um grupo pequeno alcanar o seu objetivo que ele seja um grupo integral, ou seja, completo em si mesmo. Isso significa que nesse grupo no s se estudam textos bblicos, mas as verdades bblicas so constantemente relacionadas a fatos concretos da vida diria dos cristos. Os participantes desses grupos tm a possibilidade de levar comunho do grupo questes que realmente mexem com eles no dia a dia.Grupos pequenos so o lugar natural em que cristos aprendem a servir os outros participantes - membros ou no - do grupo com os seus dons. A multiplicao planejada desses grupos possvel pela contnua formao de novos lderes como uma consequencia da vida do grupo. No contexto dos grupos pequenos acontece aquilo que est por trs do conceito "discipulado": transferncia de vida em vez do estudo de conceitos abstratos.

    H um resultado muito interessante em nossa pesquisa nesse aspecto. Apresentamos esta afirmao aos membros: "Para ns mais importante que algum participe de um grupo pequeno do que do culto", e pedimos para que indicassem a resposta que melhor descrevesse a situao em sua igreja. Como pode ser verificado no quadro abaixo, esquerda, essa afirmao negada tanto em igrejas que crescem quanto em igrejas que decrescem,

    em igrejas cuja qualidade est acima da mdia quanto nas em que a qualidade est abaixo da mdia. Dessa forma, podemos ter certeza que esse no um princpio de crescimento de igreja e na nossa forma de avaliao tampouco contribui para determinar o ndice de qualidade de uma igreja. Trata-se aqui de uma posio radical no predominante.Mesmo assim, se observarmos um pouco mais detalhadamente os resultados, percebemos que esta "posio radical no predominante" aparece com maior frequncia em igrejas com qualidade superior mdia do que nas igrejas com ndice de qualidade inferior mdia.

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  • Problemas pessoais Diviso dos grupos

    "Eu tenho um grupo de pessoas na igreja no qual possvel falar sobre problemas pessoais"

    "N a nossa igreja h o estmulo consciente para que os grupos pequenos se multipliquem pela d iv iso"

    qualidade a l t ^ ^ | crescendo

    q ualidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao"

    q ua lidad e a lta crescendo

    qualidade baixa decrescendo

    Percentual dos que responderam: Aplica-se nona situao"

    Isso significa que existe a grande tendncia de as pessoas darem preferncia participao em grupos pequenos e no nos cultos (uma alternativa no mnimo interessante), com maior probabilidade em igrejas com ndice de qualidade superior e em igrejas que crescem. Isso ainda no faz dessa afirmao um princpio de crescimento de igreja, pois um princpio algo que no pode faltar em hiptese alguma em uma igreja. Porm nos faz tirar concluses sobre a importncia que dada aos grupos pequenos nas igrejas que crescem. Eles no so um "hobby" agradvel, descartvel em caso de necessidade; pelo contrrio, nos grupos pequenos acontece muito daquilo que a essncia da igreja de jesus Cristo. Nossa pesquisa confirmou que quanto maior a igreja, tanto maior a importncia do princpio dos grupos pequenos com vistas ao crescimento da igreja.

    Depois de termos processado todas as respostas pesquisa, calculamos quais das 1 70 variveis que estavam na base dos nossos questionrios, tinham a maior correspondncia com o crescimento da igreja. No por acaso que a varivel que o computador escolheu caiu no campo da marca de qualidade "grupos pequenos". E a varivel escolhida foi a reao positiva afirmao, "Na nossa igreja h o estmulo consciente para que o nmero de grupos pequenos aumente pela multiplicao" (quadro acima, direita). Se um dos princpios estudados deve ser considerado "o mais im portante", ento , sem dvida, a multiplicao dos pequenos grupos.

    Para fazer juz importncia dos grupos pequenos desenvolvemos todo o nosso material de edificao de igreja de tal forma que pudesse ser aplicados nesse contexto. Pudemos constatar que existe uma enorme diferena entre a liderana de uma igreja discute e delibera sobre assuntos como "evangelismo", "relacionamentos marcados pelo amor" ou "ministrios orientados pelos dons" e aquela igreja em que cada membro est integrado em um grupo pequeno e passa por um processo em que o participante experimenta na prtica a relao entre esses conceitos e a vida do grupo.

    Nos dois quadros ao lado esto duas das doze perguntas relacionadas a pequenos grupos, cujas respostas revelam uma forte relao com a qualidade e o crescimento numrico da igreja.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    A pergunta "maisimportante"

    Grupos pequenos os pilares da edificao da igreja

    35

  • captulo i: Marca n 7: Evangelizao ori-Oito marcas

    de qualidade entada para as necessidades

    fundamentaldiferenciar

    entre cristos que receberam de Deus o dom

    do evangelismo e cristos a

    quem Deus deu outros dons.

    Cada cristo um evangelista?

    Quem tem o dom do

    evangelismo?

    Dificilmente um aspecto do crescimento de igreja est to preso a clichs, dogmas e mitos como a rea da "evangelizao". Isso tanto para os cticos em relao evangelizao quanto na vida daqueles que fizeram da evangelizao a misso da sua vida. Muito j se debateu a respeito deste tpico a ponto de no haver uma distino clara entre os mtodos da evangelizao, que podem ter sido usados com sucesso por algumas igrejas, e os verdadeiros princpios de evangelizao, que se aplicam a todas as igrejas sem excees. Infelizmente, a "pesquisa de evangelizao" feita at aqui (se que existiu de fato) se limitava observao da eficcia de eventos evangelsticos isolados. Dessa forma, possvel constatar, sem dvida, se aquele evento teve "sucesso", mas no se essa forma de evangelizao um princpio vlido para todas as igrejas (veja pgs. 16-1 7). Sempre que um "evento bem sucedido" transformado em um "princpio de crescimento da igreja" - e este um passatempo no meio cristo - isso causa uma confuso tremenda.

    A nossa pesquisa provou que a tese, defendida com naturalidade nas igrejas evangelisticamente ativas, de que "cada cristo um evangelista", incorreta. O verdadeiro cerne (comprovado empiricamente) desse lema , sem dvida, que a tarefa de cada cristo investir os seus dons especficos para o cumprimento da Grande Comisso. Mas isso, de forma alguma, faz de cada cristo um "evangelista". Evangelista aquele a quem Deus deu o dom espiritual correspondente. Em um de nossos estudos anteriores comprovou-se exatamente a tese de C. Peter Wagner que dizia que isso se aplica a 10% dos cristos.

    fundamental fazer diferena entre cristos que receberam de Deus o dom do evangelismo e cristos a quem Deus deu outros dons. Se "todos os cristos so evangelistas" j no precisamos descobrir aqueles 10% que tm de fato o dom de evangelista. Nessa filosofia de trabalho os 1 0% , que tm esse dom, so negligenciados, enquanto os outros 90% , que no tm o dom, so sobrecarregados. No fim das contas um modelo frustrante, alm de tecnocrtico. A pesquisa mostra que em igrejas com ndice de qualidade elevado a liderana da igreja conhece aqueles que tm o dom do evangelismo (veja quadro acima direita) e os estimula e encaminha para o seu ministrio.

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  • IffippF m ?

    O dom de evangelista

    Pastor: "Conheo as pessoas que tm o dom de evangelista na nossa igreja.

    qualidade alta crescendo

    qualidade b a i x a d e c r e s c e n d oPercentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao"

    a tarefa de cada cristo, no entanto, servir quele no cristo, com quem tem um bom relacionamento, com o dom que Deus lhe deu e engajar-se para que essa pessoa entre em contato com a igreja e oua o evangelho. A chave para o crescimento da igreja que ela direcione as suas atividades evangelsticas para os questionamentos e dificuldades dos incrdulos. Nisso a "evangelizao orientada para as necessidades" difere das "formas manipu- lativas" em que a orientao pelas necessidades substituda, frequentemente, por presso sobre o incrdulo.

    interessante notar que tanto em igrejas que crescem quanto nas que decrescem, no h diferena entre o nmero de contatos que os cristos tm com incrdulos (nos dois casos a mdia por cristo de 8 ,5). Portanto, desafiar os cristos a fazerem novos contatos com no cristos no nenhum princpio de crescimento. O que, interessa de fato, aproveitar os contatos j existentes para a evangelizao. Em cada uma das igrejas pesquisadas (portanto tambm naquelas que se queixam de terem perdido o contato com o mundo l fora) a quantidade de contatos com as pessoas de fora to grande que no h a necessidade de enfatizar o incio de novos contatos.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    Um dos mais importantes princpios da evangelizao: a distino entre aqueles cristos que tm o dom de evangelismo e aqueles que no tm esse dom.

    O que cada cristo deveria fazer

    Aproveitar os contatos existentes

    37

  • captulo i: Marca n g: RelacionamentosOito marcas

    de qualidade marcados pelo amor fraternal

    Igrejas que crescem tm,

    em mdia, um "quociente de

    amor" mensurvel mais

    elevado do que igrejas estagnadas ou em

    declnio.

    Os efeitos do amor cristo

    Quando h alguns anos publicamos o nosso material de trabalho para ajudar grupos de cristos e igrejas inteiras a crescer na arte de expressar o amor cristo uns pelos outros, ouvi de vrios especialistas que isso com certeza no era "material de edificao da igreja". No entanto a nossa pesquisa mostrou que existe uma correspondncia altssima entre a capacidade de demonstrar amor em uma igreja e o seu potencial de crescimento. Igrejas que crescem tm, em mdia, um "quociente de amor" mensurvel mais elevado do que igrejas estagnadas ou em declnio.Para determinar esse "quociente de amor", tentamos descobrir (entre outras coisas) quanto tempo os membros de igreja gastam entre si fora das atividades da igreja. Com que frequncia eles se convidam para uma refeio ou para um cafezinho? Quanto eles se elogiam uns aos outros na igreja? Em que medida o pastor conhece as necessidades pessoais dos seus colaboradores? O quanto se ri na igreja? Duas das 12 variveis que constituem o "quociente de amor" esto nos quadros da pgina direita.A concluso de que atrs dessas perguntas, que muitos estrategistas consideram suprfluas, se escondem princpios fundamentais de crescimento da igreja. Dito objetivamente: enquanto o culto para o visitante no um princpio de crescimento da igreja como no o a campanha evangelstica de massas e nem a "batalha espiritual" (no desmerecendo a importncia desses elementos), o "riso na igreja" tem uma correspondncia significativa com a qualidade e o crescimento numrico de uma igreja. interessante que aspectos como esse, indubitavelmente princpios de crescimento de igreja, no tm importncia alguma na literatura sobre o assunto.

    Amor verdadeiro d igreja um brilho, produzido por Deus, muito mais eficaz do que programas evangelsticos que dependem exclusivamente de comunicao verbal. As pessoas sem Deus no precisam nos ouvir falar sobre amor; elas querem experimentar o amor cristo na prtica do dia a dia.Quanto mais tecnocrtica uma igreja for, maior dificuldade ela ter em transformar em prtica o mandamento do amor cristo, j que no modelo tecnocrtico a f crist entendida em primeiro lugar como o cumprimento de certos padres dogmticos e morais, a j surge um dficit em relao capacidade de amar e de se relacionar dos cristos. Nessas igrejas os esforos para amar tornam-se algo artificial.

    38

  • qualidade alta

    qualidade baixa decrescendoPercentual dos que responderam: "Aplica-se nossa situao'

    O modelo da espiritualizao tambm traz perigos para a capacidade de amar de uma igreja. Em contrapartida ao conceito bblico de amor - amor fruto, ao - nesses crculos geralmente se incentiva o conceito secularizado do amor romntico. O amor como um sentimento que cai sobre algum que tem sorte e depois desaparece novamente da mesma forma misteriosa. De acordo com esse modelo, impossvel examinar empiricamente a capacidade de amar de uma igreja. Esforos planejados para melhorar a capacidade de amar da igreja so considerados esforos em vo.

    interessante observarque o "fator mnimo" mais comum de igrejas que tm mais de 1.000 membros a marca de qualidade "relacionamentos marcados pelo amor fraternal". Sempre que o amor deixado de lado, no entanto, o desenvolvimento da igreja nas outras reas est bloqueado em um ponto crucial.

    qualidade alta

    qualidade baix

  • Captulo I;Oito marcas

    de qualidade

    Toda igreja que quiser crescer em qualidade

    e em quantidade precisa ter todas as oito

    marcas dequalidade.

    O que importa o conjunto

    Nenhuma marca de qualidade pode faltar

    O real desafio do nosso projeto internacional de pesquisa foi desenvolver um procedimento que pudesse medir e comparar empi- ricamente as oito marcas de qualidade, pois a importncia desses padres j havia sido comprovada nos nossos estudo preliminares. Para cada um dos oito aspectos desenvolvemos uma srie de perguntas que tinham como objetivo obedecer a dois critrios:a. As perguntas deveriam estar em correspondncia empiricamen-

    te comprovada (anlise de fatores e de itens) com outras perguntas da mesma escala (ou seja, da mesma marca de qualidade).

    b. As perguntas deveriam estar em correlao comprovadamente positiva com o crescimento quantitativo da igreja (validade do critrio).

    Em cada pas pesquisado os dados encontrados foram fixados em um valor mdio de 50, ou seja, a igreja mdia de cada pas tem em todos os oito campos um ndice de qualidade igual a 50. O resultado da pesquisa foi que igrejas que crescem esto significativamente acima do valor de qualidade em todos os oito campos, enquanto as igrejas que esto em declnio numrico se encontram abaixo do valor mdio de qualidade (veja quadro direita acima).

    O ponto crucial dessa pesquisa que no h fator que por si s possa provocar o crescimento de uma igreja, mas sim a ao conjunta dos oito elementos. Toda igreja que quiser crescer em qualidade e em quantidade precisa ter todos os elementos. Por exemplo, a afirmao entre muitos cristos de que "o crescimento da igreja exclusivamente uma questo de orao" transforma a marca de qualidade "espiritualidade contagiante" em elemento absoluto e o coloca no lugar de todos os outros. Se isso fosse verdade, poderamos tambm dizer que sem amor, sem o engajamento dos dons, sem evangelizao, possvel edificar a igreja. No s possvel provar empiricamente que essa afirmao incorreta, como possvel provar pela Bblia que ela "heresia". Muita orao, mas nada de amor, nem dons, nem evangelizao? Que figura estranha surgiria disso? Nesses pontos possvel notar as contradies daquilo que denominamos de "paradigma da espiritualizao". Tampouco o trabalho em pequenos grupos, o culto, a liderana e nem as estruturas ou outro elemento qualquer so "a chave" para o crescimento de igreja. "A chave" est na ao conjunta, harmoniosa de todos os oito elementos. Se algum, mesmo com

    40

  • r-rvs Resultado da pesquisaIgrejas que esto crescendo se diferenciam

    significativam ente das que esto em declnio em todas as oito m arcas de qualidade.

    Liderana

    Ministrios

    Espiritualidade

    Estruturas

    Culto

    Grupos

    Evangelizao

    Relacionamentos

    \ i'

    / :\ :

    r 'Jr->r J lr J r J l r->r J JrU

    muito boa inteno, quiser nos provar algo diferente da concluso acima, no podemos dar ouvidos.

    Com base nos dados coletados, podemos demonstrar empirica- mente, pela primeira vez, as seguintes trs teses:1. Igrejas que crescem, via de regra, se diferenciam estatistica

    mente, de forma significativa em todos os oito campos das igrejas que esto em declnio. Igrejas que crescem tm, portanto, uma qualidade superior mensurvel.

    2. H excees para essa regra, ou seja, existem igrejas que crescem numericamente e que tm um ndice de qualidade abaixo da mdia. O crescimento numrico pode ser alcanado tambm de outras formas, alm do trabalho com os oito fatores de qualidade (por exemplo, campanhas de marketing, fatores contextuais, etc.).

    3. Para uma regra, no entanto, no achamos uma nica exceo entre as 1.000 igrejas pesquisadas. Toda igreja na qual o ndice de qualidade em todas as marcas de qualidade est acima de 65 , sem exceo alguma, uma igreja que cresce numericamente. Existe, portanto, um valor qualitativo comprovvel estatisticamente, que sempre leva uma igreja ao crescimento. Esse resultado , certamente, uma das descobertas mais reve- ladoras da nossa pesquisa.

    H uma diferena qualitativa entre igrejas em crescimento e em declnio: nossa pesquisa em todas as igrejas nos seis continentes, indica que, na mdia, as igrejas em crescimento tm um maior ndice de qualidade em todas as oito reas do que aquelas em declnio.

    Captulo 1:Oito marcasde qualidade

    Trs concluses importantes

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  • Captulo 1:Oito marcas

    de qualidade

    No DNI nosso ponto de par

    tida no so as manisfestaes

    visveis de crescimento, mas

    sim as causas do crescimento

    qualitativo.

    Qualidade gera quantidade

    O ponto de partida qualitativo

    O ponto de partida qualitativo, como foi descrito nos ltimos captulos, tem conseqncias significativas sobre o trabalho prtico. No partimos da pergunta, "Como conseguiremos levar mais pessoas para o nosso culto?", mas sim de "Como vamos crescer nos oito aspectos da qualidade da n