Chovia e ninguém podia descer até ao quintal para brincar. Na televisão estava a dar um programa muito aborrecido.

Que fazer?

Com muito má vontade, a

Alice tirou da estante um velho livro de histórias com figuras.

Olhou a primeira página sonolenta, mas na segunda página já estava tão atenta como umCaracol quando ele

levanta as antenas.

Na terceira página, estava tão interessada que escorregou e caiu dentro do livro de cabeça e tudo.

A página estava toda ocupada pela figura da história da “Bela Adormecida no bosque”.

Era Aurora que dormia, quem sabe

há quantos anos, numa cama enorme toda coberta de flores.

Junto com ela, todo o reino também dormia.

Só Alice estava acordada, sentada nas botas do príncipe Filipe que tinha acabado de chegar

para livrarAurora do encantamento. Mas, quando caiu no livro, Alice fez muito barulho.

A Bela Adormecida abriu um olho e, com uma voz fraquinha, perguntou:- És o meu príncipe que chegou?- Não, eu sou a Alice.- Oh, mas isso não está certo! Eu estou à espera de um príncipe que me deverá acordar com um beijo. O que tens tu a ver com a minha história?

E a linda princesa pôs-se a chorar.

Com tanta aflição

que a Alice, todaatrapalhada, caiu na página de

baixo, onde o lobo, deitado na cama da avó com a touca branca na cabeça peluda

esperava ansioso para devorar o Capuchinho Vermelho

- Até que enfim que chegaste! – exclamou o lobo, arreganhando os dentes.- Espere, espere por favor! – implorou a Alice. – Eu não sou o Capuchinho Vermelho, o senhor lobo não me pode devorar.-Nem no almoço, nem no jantar?- Nem mesmo no lanche

-Isso é o que vamos ver – e o lobo levantou-se da cama faminto

Alice pulou para outra página. Ou melhor, por causa da pressa, atravessou mais de cem páginas e foi parar na última figura do livro.

-Se perguntarem – sussurou uma voz ao seu ouvido - responde que és a governanta do Marquês de

Carabás-Eu?! Do Marquês?...

-Sim tu mesma. Eu é que dou as ordens: tudo aqui pertence ao Marquês de Carabás.Quando o rei chegar, trata de não errar senão terás problemas.

Era o gato das botas

Ele trazia um sorriso esperto entre os bigodes mais esperto do que uma raposa.

-Mas é mentira – protestou a Alice – E eu não posso contar mentiras.-Nas fábulas é permitido – sentenciou o gato.

-Mas eu não pertenço às fábulas: eu venho do mundo das coisas de verdade!- Então volta para lá! – exclamou o gato.

E, agarrando a Alice pelo seu rabo de cavalo,

Colocou a Alice fora do livro.

Alice olhou pela janela.

não choviamais e

Alice já podia descer

Até ao quintal para ir brincar. Ufa!