chaui, marilena. resumo indicativo. o que é ideologia

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Em seu livro, “O que é Ideologia”, Marilena Chauí tem como objetivo a desconstrução do significado popular da palavra ideologia. Segundo a autora, ideologia para o senso comum tem sentido de conjunto de ideias, quando na verdade deveria ser visto como um conjunto de ideias sociais, políticas ou históricas que tem como função modificar e ocultar a realidade, mantendo certos aspectos de dominação em diversos âmbitos. No capítulo II, a Autora, desenvolve a ideia de dominação histórica através da filosofia grega e posteriormente medieval. A teoria das quatro causas, elaborada por Aristóteles e posteriormente assim denominada pelos filósofos medievais é constituída da seguinte maneira: causa material; causa formal; causa motriz e causa final. Um aspecto que fornece indícios de dominação através desta teoria é a valoração de cada uma das causas, elas não equivalentes, assim: “são concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior à causa superior.” (CHAUÍ, 2012, p. 10). Ou seja, a causa mais importante é a final, que justificaria a dominação do servo pelo senhor feudal através da vontade de Deus (causa final). Ainda no capítulo II, mas agora tratando da sociedade moderna, a Autora mostra através de exemplos como a sociedade moderna eliminou a ideia medieval onde a causa final justificava a exploração, rompendo então com a hierarquia de causas e se vendo livre para escolhas e vontades. Cria-se então uma nova valorização, em torno do trabalho que fornece margem para o surgimento do homem livre moderno que pode ser

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Recomendo a leitura do livro original e não a cópia do meu trabalho.

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Em seu livro, O que Ideologia, Marilena Chau tem como objetivo a desconstruo do significado popular da palavra ideologia. Segundo a autora, ideologia para o senso comum tem sentido de conjunto de ideias, quando na verdade deveria ser visto como um conjunto de ideias sociais, polticas ou histricas que tem como funo modificar e ocultar a realidade, mantendo certos aspectos de dominao em diversos mbitos. No captulo II, a Autora, desenvolve a ideia de dominao histrica atravs da filosofia grega e posteriormente medieval. A teoria das quatro causas, elaborada por Aristteles e posteriormente assim denominada pelos filsofos medievais constituda da seguinte maneira: causa material; causa formal; causa motriz e causa final. Um aspecto que fornece indcios de dominao atravs desta teoria a valorao de cada uma das causas, elas no equivalentes, assim: so concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior causa superior. (CHAU, 2012, p. 10). Ou seja, a causa mais importante a final, que justificaria a dominao do servo pelo senhor feudal atravs da vontade de Deus (causa final). Ainda no captulo II, mas agora tratando da sociedade moderna, a Autora mostra atravs de exemplos como a sociedade moderna eliminou a ideia medieval onde a causa final justificava a explorao, rompendo ento com a hierarquia de causas e se vendo livre para escolhas e vontades. Cria-se ento uma nova valorizao, em torno do trabalho que fornece margem para o surgimento do homem livre moderno que pode ser dividido em dois tipos diferentes: o burgus (fim) e o trabalhador (meio). O burgus detentor dos meios de trabalho e o trabalhador que no possui tais meios se relacionam de maneira que o trabalhador promove a maneira pela qual o burgus ir alcanar sua finalidade, portanto o trabalhador, trabalha por uma finalidade que na maioria das vezes ele jamais conseguir visualizar. O homem tende a fixar seu modo de sociabilidade e de produzir ideias ou representaes que procurem explicar sua vida individual, essas ideias tendem a esconder do homem o modo real como as relaes sociais foram produzidas e a origem das exploraes. Em seu terceiro Captulo, a Autora exemplifica diversos usos histricos da Ideologia. Para A. Comte a concepo prtica a de que as aes humanas estariam subordinadas teoria (conhecimento cientfico da realidade) de maneira que deveriam caminhar de maneira ordenada, no a contradizendo. J Durkheim diz que a separao do sujeito do conhecimento e objeto do conhecimento so primordiais para que uma ideologia no seja criada e mantenha-se a neutralidade do que se est analisando. A Autora conclui que essa concepo neutra do objeto social um positivismo ideolgico e que a ideologia por si s um fato social produzido pelas relaes sociais.

O quarto captulo do livro trata da Ideologia segundo Marx. A Autora comea demonstrando a forte influncia sofrida por Marx pela dialtica Hegeliana e de que modo isso influncia para que enfim, este possa definir Ideologia como a inverso entre as ideias e o real. Marx, atravs de seu materialismo histrico, desconstri o conceito primitivo onde Ideologia designava a cincia natural da aquisio para construir o de um sistema de ideias que culmina no desconhecimento da realidade.Para Marx, aplicada a sociedade capitalista moderna, a ideologia surge quando h a separao da classe de pensadores e de trabalhadores braais. Essa ideologia, trata a formao de diferentes nveis scias como coisa e no como resultado da prpria ao do homem, gerando uma aceitao pela classe que sofre dominao pela incapacidade se auto identificar no contexto social como grupo prejudicado. Ou seja, as ideias das classes dominantes so incorporadas na sociedade como um todo, provocando aceitao, conformidade e uniformidade de ideais. Quinto e ltimo captulo do livro discorre sobre a ideologia no sculo XX (fordismo) onde as empresas passam a valorizar um tipo de meritocracia do conhecimento. Ou seja, dividida novamente a sociedade entre especialistas detentores de conhecimento cientfico e os comandados que executam as tarefas designadas.

Bibliografia: CHAU, Marilena. O que Ideologia. So Paulo: Brasiliense, 2012.