chalmers, a. f. o que é ciência, afinal? capítulo viii thomas kuhn

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CHALMERS, A. F.O que cincia, afinal?Captulo VIIIThomas KuhnComentrios introdutriosPara Kuhn os relatos tradicionais da cincia, fosse indutivista ou falsificacionista, no suportavam uma comparao com o testemunho histrico.

A teoria da cincia de Kuhn foi desenvolvida como uma tentativa de fornecer uma teoria mais corrente com a situao histrica tal como ele a via.

Uma caracterstica-chave de sua teoria a nfase dada ao carter revolucionrio do progresso cientfico, em que uma revoluo implica o abandono de uma estrutura terica e sua substituio por outra, incompatvel.Comentrios introdutriosO quadro de Kuhn da maneira como progride a cincia pode ser resumido no seguinte esquema aberto:

pr-cincia cincia normal crise revoluo nova cincia normal nova crise...

A atividade desorganizada e diversa que precede a formao da cincia torna-se eventualmente estruturada e dirigida quando a comunidade cientfica atm-se a um nico paradigma.Comentrios introdutriosUm paradigma composto de suposies tericas gerais e de leis e tcnicas para a sua aplicao adotadas por uma comunidade cientfica especfica.

Os que trabalham dentro de um paradigma, seja ele a mecnica newtoniana, tica de ondas, qumica analtica ou qualquer outro, praticam aquilo que Kuhn chama de cincia normal.

Os cientistas normais articularo e desenvolvero o paradigma em sua tentativa de explicar e de acomodar o comportamento de alguns aspectos relevantes do mundo real tais como relevados atravs dos resultados de experincias.

Ao faz-lo experimentaro, inevitavelmente, dificuldades e encontraro falsificaes aparentes.Comentrios introdutriosSe dificuldades deste tipo fugirem ao controle, um estado de crise se manifestar.

Uma crise resolvida quando surge um paradigma inteiramente novo que atrai a adeso de um nmero crescente de cientistas at que eventualmente o paradigma original, problemtico, abandonado.

A mudana descontnua constitui uma revoluo cientfica.

O novo paradigma, cheio de promessa e aparentemente no assediado por dificuldades supostamente insuperveis, orienta agora a nova atividade cientfica normal at que tambm encontre problemas srios e o resultado seja uma outra revoluo.Paradigmas e cincia normalUma cincia madura governada por um nico paradigma que: Determina os padres para o trabalho legtimo dentro da cincia que governa.

Coordena e dirige a atividade de soluo de charadas do grupo de cientistas normais que trabalham em seu interior.

o critrio de demarcao para Kuhn. A existncia de um paradigma capaz de sustentar uma tradio de cincia normal a caracterstica que distingue a cincia da no cincia. Os componentes do paradigmaLeis explicitamente declaradas e suposies tericas.

Maneiras padro de aplicao das leis fundamentais a uma variedade de tipos de situao.

A instrumentao e as tcnicas instrumentais necessrias para fazer com que as leis do paradigma se apliquem ao mundo real.

Um componente adicional dos paradigmas consiste em alguns princpios metafsicos muito gerais que orientam o trabalho no interior de um paradigma.No h vcuo e o universo fsico um grande mecanismo em que todas as foras assumem a forma de um impulso.

Recomendaes metodolgicas muito gerais.A cincia normalA cincia normal implica tentativas detalhadas de articular um paradigma com o objetivo de melhorar a correspondncia entre ele e a natureza.

Um paradigma ser sempre suficientemente impreciso e aberto para que se precise fazer muito trabalho desse tipo.

Kuhn retrata a cincia normal como uma atividade de resoluo de problemas governada pelas regras de um paradigma.Os problemas sero tanto de natureza terica quanto experimental.Anomalias Os cientistas normais devem pressupor que um paradigma lhes d os meios para a soluo dos problemas propostos em seu interior.

Um fracasso em resolver um problema visto como um fracasso do cientista e no como uma falta de adequao do paradigma.

Problemas que resistem a uma soluo so vistos mais como anomalias do que como falsificaes de um paradigma.

Kuhn reconhece que todos os paradigmas contero algumas anomalias e rejeita todo tipo de falsificacionismo.Paradigmas e cincia normalUm cientista normal no deve ser crtico do paradigma em que trabalha.Somente assim ele ser capaz de concentrar seus esforos na articulao detalhada do paradigma e de fazer o trabalho esotrico que necessrio para sondar a natureza em profundidade. a necessidade de desacordo a respeito das coisas fundamentais que distingue a cincia normal e madura da atividade relativamente desorganizada da pr-cincia imatura.Segundo Kuhn, esta ltima caracterizada pelo total desacordo e pelo debate constante a respeito dos fundamentos, tanto assim que impossvel se dedicar ao trabalho detalhado, esotrico.Haver quase tantas teorias quanto h trabalhadores no campo, e cada terico ser obrigado a comear de novo e a justificar sua prpria abordagem especfica.ProfundoParadigmas e cincia normalKuhn insiste que h mais coisas num paradigma do que possvel tornar claro sob a forma de regras e orientaes explcitas.

Embora no haja uma caracterizao explcita e completa, os cientistas individuais adquirem conhecimento de um paradigma atravs de sua educao cientfica. Resolvendo problemas-padro, desempenhando experincias-padro e, eventualmente, fazendo pesquisa sob orientao de um supervisor que j um praticante treinado dentro do paradigma, um aspirante a cientista fica conhecendo os mtodos, as tcnicas e os padres daquele paradigma.

O conhecimento de um paradigma , em parte,tcito, adquirido pela exposio direta ao modo de fazercincia determinado pelo paradigma.subentendido, implcitoCrise e revoluoO cientista normal trabalha confiantemente dentro de uma rea bem definida ditada por um paradigma.

O paradigma lhe apresenta um conjunto de problemas definidos justamente com os mtodos que acredita serem adequados para a sua soluo.

Caso ele culpe o paradigma por qualquer fracasso em resolver um problema, estar aberto s mesmas acusaes de um carpinteiro que culpa suas ferramentas.

No entanto, fracassos sero encontrados e podem, eventualmente, atingir um grau de seriedade que constitua uma crise sria para o paradigma e que possa conduzir rejeio de um paradigma e sua substituio por uma alternativa incompatvel.Crise e revoluoA mera existncia de enigmas no resolvidos dentro de um paradigma no constitui uma crise. Kuhn reconhece que os paradigmas sempre encontraro dificuldades. Anomalias haver sempre. somente sob conjuntos especiais de condies que as anomalias podem se desenvolver de maneira a solapar a confiana num paradigma. Uma anomalia ser considerada particularmente sria se for vista atacando os prprios fundamentos de um paradigma e resistindo, entretanto, persistentemente, s tentativas dos membros de uma comunidade cientfica normal para remov-la.As anomalias sero tambm consideradas srias se forem importantes para alguma necessidade social urgente.Crise e revoluoRelacionado tambm com a seriedade de uma anomalia ser o perodo de tempo que ela resista a tentativas de remov-la. O nmero de anomalias srias um fator adicional a influenciar o comeo de uma crise.

Segundo Kuhn, uma anlise das caractersticas de um perodo de crise na cincia exige tanto a competncia de um psiclogo quanto a de um historiador. Quando as anomalias passam a apresentar problemas srios para um paradigma, um perodo de acentuada insegurana profissional comea.

As tentativas de resolver o problema tornam-se cada vez mais radicais e as regras colocadas pelo paradigma para a soluo dos problemas tornam-se, progressivamente, mais frouxas.Crise e revoluoOs cientistas normais comeam a se empenhar Em disputas metafsicas e filosficas e tentam defender suas inovaes de status dbio, do ponto de vista do paradigma com argumentos filosficos.Comeam a expressar abertamente seu descontentamento e inquietao com o paradigma reinante.

Uma vez que um paradigma tenha sido enfraquecido e abalado a tal ponto, que seus proponentes perdem a confiana nele, chega o tempo da revoluo.

A seriedade de uma crise se aprofunda quando aparece um paradigma rival. O novo paradigma, ou um indcio suficiente para permitir uma articulao posterior, surge de imediato, algumas vezes no meio da noite, na mente de um homem profundamente imerso na crise.

O novo paradigma ser diferente do antigo e incompatvel com ele. As diferenas radicais sero de vrios tipos. Cada paradigma ver o mundo como sendo composto de diferentes tipos de coisas.Crise e revoluoNo haver argumento puramente lgico que demonstre a superioridade de um paradigma sobre outro.Uma das razes por que no possvel tal demonstrao o fato de estar envolvida uma variedade de fatores no julgamento que um cientista faz dos mritos de uma teoria cientfica.

Um segundo motivo para que no exista nenhuma demonstrao logicamente obrigatria da superioridade de um paradigma sobre outro origina-se no fato de que os proponentes de paradigmas rivais aderem a conjuntos diferentes de padres, de princpios metafsicos etc. Julgado pelos seus prprios padres, o paradigma A pode ser superior ao paradigma B, ao passo que, se forem usados como premissas os padres, o julgamento poder ser invertido. Partidrios de paradigmas rivais no aceitaro as premissas uns dos outros e assim no sero, necessariamente, convencidos pelos seus argumentos. por este tipo de motivo que Kuhn compara as revolues cientficas s revolues polticas.

Crise e revoluoExatamente da maneira como as revolues polticas objetivam mudar as instituies polticas de formas proibidas pelas prprias instituies e, consequentemente, fracassa o resumo poltico, assim a escolha entre paradigmas prova ser uma escolha entre modos incompatveis de vida em comunidade e argumento algum pode ser lgica ou probabilisticamente convincente.

H, ento, um certo nmero de motivos inter-relacionados para que, quando um paradigma compete com outro, no haja um argumento logicamente convincente que faa com que um cientista racional abandone um pelo outro. No h um critrio nico pelo qual um cientista deva julgar o mrito ou a promessa de um paradigma.

Por isso, paradigmas rivais so incomensurveis.

Crise e revoluoUma revoluo cientfica corresponde ao abandono de um paradigma e adoo de um novo, no por um nico cientista somente, mas pela comunidade cientfica relevante como um todo.

medida que um nmero cada vez maior de cientistas individuais, por uma srie de motivos, convertido ao novo paradigma, h um deslocamento crescente na distribuio de adeses profissionais.

Para que a revoluo seja bem-sucedida, este deslocamento dever, ento, difundir-se de modo a incluir a maioria da comunidade cientfica relevante, deixando apenas uns poucos dissidentes.

Estes sero excludos da nova comunidade cientfica e se refugiaro, talvez, no departamento de filosofia. De qualquer forma, eles provavelmente morrero.A funo da cincia normal e das revoluesKuhn insiste que seu relato constitui uma teoria da cincia porque inclui uma explicao da funo de seus vrios componentes.

Segundo Kuhn, a cincia normal e as revolues servem funes necessrias, de modo que a cincia deve implicar estas caractersticas ou algumas outras que serviriam para desempenhar as mesmas funes.

Vejamos quais so estas funes.A funo da cincia normal e das revoluesOs perodos de cincia normal do aos cientistas a oportunidade de desenvolver os detalhes esotricos de uma teoria. So capazes de executar trabalhos tericos e experimentais rigorosos, necessrios para levar a correspondncia entre o paradigma e a natureza a um grau cada vez mais alto. So capazes de resolver os enigmas detalhados que se lhes apresentam no interior de um paradigma, em vez de se empenharem em disputas a respeito da legitimidade de suas suposies e mtodos fundamentais. necessrio que a cincia normal seja amplamente no-crtica. Caso todos os cientistas fossem crticos de todas as partes do arcabouo no qual trabalhassem todo o tempo, trabalho algum seria feito em profundidade.A funo da cincia normal e das revoluesSe todos os cientistas fossem e permanecessem cientistas normais, ento uma cincia especfica ficaria presa em um nico paradigma e no progrediria nunca para alm dele.

No existem procedimentos indutivos para se chegar a paradigmas perfeitamente adequados. Consequentemente, a cincia deve conter em seu interior um meio de romper de um paradigma para um paradigma melhor. Esta a funo das revolues. Todos os paradigmas sero inadequados, em alguma medida, no que se refere sua correspondncia com a natureza.Quando esta falta de correspondncia se torna sria, isto , quando aparece crise, a medida revolucionria de substituir todo um paradigma por um outro torna-se essencial para o efetivo progresso da cincia.A funo da cincia normal e das revoluesO progresso atravs de revolues a alternativa de Kuhn para o progresso cumulativo caracterstico dos relatos indutivistas da cincia.

Do ponto de vista especfico de Kuhn isto um engano por ignorar o papel desempenhado pelos paradigmas na orientao da observao e da experincia.

Exatamente porque os paradigmas possuem uma influncia to persuasiva sobre a cincia praticada no interior deles que a substituio de um por outro precisa ser revolucionria.