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Proibida a reprodução ou duplicação deste fascículo. Todos os direitos reservados.

enemDISPONÍVEL NO SITE FARIASBRITO.COM .BR

F A S C Í C U L O

CIÊNCIAS HUMANASE SUAS TECNOLOGIASHISTÓRIA, GEOGRAFIA, FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E ATUALIDADES

5FASCÍCULO

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 5

FASCÍCULO

CARO ALUNO,Neste fascículo, onde estaremos trabalhando com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, revisaremos três relevantes objetos do conhecimento. Trabalharemos com o Multiculturalismo e Xenofobia no cenário geopolítico Europeu, o Estado Democrático enfatizando as conquistas dos direitos Civis, Políticos, Sociais e Humanos na construção de uma cidadania Plena no Brasil. Para finalizar, abordaremos os impactos ambientais causados pelo crescimento acelerado da atividade industrial e o aumento da população mundial.

Bom trabalho!

INTRODUÇÃO

Olá, caro estudante,

Através desse fascículo, você terá a oportunidade de compreender determinados fenômenos históricos que se acham associados aos mais diversos temas da contemporaneidade, como base de estudo dos temas transversais que fazem parte da grade curricular do Exame Nacional do Ensino Médio, a fim de preparar-lhe, no campo das Ciências Humanas, para o ENEM 2015. Nesse sentido, nós focamos a nossa atenção na Competência de Área 1, visando compreender os elementos culturais que constituem as identidades, sobretudo nas habilidades relativas à interpretação histórica de fontes documentais; à análise da produção cultural e da memória social e política e à identificação de manifestações ou representações do patrimônio cultural nas sociedades humanas. Também escolhemos a Competência de Área 3, para compreendermos a produção e o papel histórico das instituições sociais, política e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais, dentro da perspectiva exposta nas habilidades que identifiquem registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço; analisando o papel da justiça como instituição organizadora e a atuação dos movimentos sociais no que concerne às mudanças ou rupturas em processos de dialética de poder e, enfim, avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos e econômicos.

Essa infraestrutura cognitiva estará pautada sob a tematização de assuntos como a Globalização; os efeitos do Ataque Terrorista do World Trade Center; a recente Crise Capitalista de 2008; os fenômenos migratórios em caráter global; o multiculturalismo; a xenofobia; o fundamentalismo religioso e sua contraposição com a liberdade de imprensa, a partir do ataque à sede do jornal Charlie Hebdo.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Multiculturalismo e Xenofobia no Cenário Geopolítico Europeu

A GlobalizaçãoNão é assunto desconhecido de todos que a Globalização

é um conceito atual, entretanto, o seu comportamento estrutural é algo que vem se repetindo ao longo da História.

A expressão parece ser tão fluida que já foi aplicada ao desenvolvimento de civilizações como a Fenínia e a Cretense, em face do caráter supra comercial desenvolvido pelas mesmas, ultrapassando fronteiras e adequando processos e métodos de interação com outros povos para fins de sustentabilidade das suas respectivas atividades econômicas, mediante a formulação de feitorias, desenvolvimento de uma classe mercantil e a consequente descaracterização cultural entre povos, naquele momento histórico singular.

O próprio mundo macedônico, reunindo princípios culturais polarizados do Ocidente e do Oriente, criou uma perspectiva que situava o homem grego como um cosmopolita, equivalente a uma espécie de homem global, sem fortes enraizamentos nacionalistas ou sectaristas.

Muitos analistas contemporâneos têm estendido a compreensão do conceito de Globalização para analisar situações semelhantes de consecução da integração de mercados.

O mercantilismo, durante a Idade Moderna teve esse tipo de comportamento, na medida em que exigiu das nações europeias e Estados Modernos, recém constituídos, a formulação da acumulação primitiva de capital; necessidade que se ajustou à Expansão Marítima Europeia, de modo a buscar esse tal lastro de enriquecimento a partir da definição de produtos atrativos no mercado externo.

A integração de matérias-primas e produtos da África, Europa, Ásia e América refletem um fenômeno de globalização, mesmo que, sem fundamentação teórica definida.

O século XIX também testemunhou algo similar, na medida em que a Segunda Revolução Industrial desencadeou a necessidade de busca de subsídios primários nos continentes africano e asiático, mediante a também instrumentação de colônias, para fins exploratórios extorsivos, conforme se pode verificar por diversas fontes historiográficas.

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2 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em nenhum desses fenômenos geopolíticos e econômicos da História houve o efetivo respeito pelas culturas locais, desenvolvendo verdadeiras alterações culturais, mediante o reforço de sistemas etnocêntricos ou eurocêntricos.

De 1970 para os dias atuais, a Globalização “teorizada”, “fundamentada” ou “propriamente dita”, revelou-se por elementos mais complexos e adaptações mais diversificadas, conforme a política neoliberal desenvolvida por diversas nações, com fins de racionalização do Estado e do seu processo de intervenção na economia; surgiu a ideia do Estado com funções essenciais, que permitisse a livre entrada de capitais sem fortes instrumentos de concorrência interna.

Em síntese, a base ou lógica das chamadas “Aldeias Globais”, pode ser definida pela livre circulação de pessoas, mercadorias, capitais e, por que não dizer ideologias, culturas, modelos políticos e econômicos!

O Ataque Terrorista ao WTCPode-se afirmar que, de um certo modo, o processo

de Globalização foi abalado no “11 de setembro”, tendo em vista que a confiabilidade entre as nações no concernente à segurança nacional das mesmas foi abalada.

Não seria exagerado dizer que a Globalização, naquele ao de 2001 passou por um processo de retração, com a criação de mecanismos de controle e fiscalização dos fenômenos migratórios, mercadológicos e de comunicação em geral.

A partir daquele momento e, em face de se apontar na AL QAEDA a geratriz do atentado, os meios de comunicação de massa nos Estados Unidos e, por efeito dominó, na Europa e diversos países latino-americanos passaram a situar uma atmosfera de suspeita no entorno do homem islâmico a visão estereotipada e preconceituosa de terror.

Essa é a base de um fenômeno que irá se estender e se multiplicar, a partir de insinuações diretas ou indiretas, veladas ou não, de modo a ampliar desconfianças e um verdadeiro estado de paranoia, reforçado pelas ameaças de grupos islâmicos fundamentalistas, extremistas ou radicais.

Diversas políticas, então, foram criadas em diversos países, de modo a desenvolver sistemas de segurança mais eficazes e preventivos contra novos ataques.

Uma avalanche de iniciativas militares, originadas nos Estados Unidos que contou com o constante apoio da Inglaterra, com ou sem a sansão da ONU, também contribuíram decisivamente para cristalização, sutilmente, uma mentalidade de suspeição gratuita contra povos e indivíduos de origem islâmica.

Em paralelo, o Conflito Palestina-Israel, tendo que enfrentar o radicalismo de grupos terroristas como o Hamas, consolidava, pari-passo essa visão generalizante, difusa e, por vezes, distorcida, responsável por algum intervencionismo governamental justificado pela necessidade do estabelecimento da segurança nacional.

Começava, a partir desses eventos, de modo não consciente e pouco evidente um processo de islamofobia.

A Crise Capitalista de 2008É de domínio público a compreensão de que o sistema

capitalista, frente às experiências socialistas (algumas fracassadas e outras sob significativas alterações), desde o seu nascedouro tem sofrido fenômenos de adaptação, uniformização, dialética, convenção e mutação em um ou mais princípios constitutivos do seu arcabouço teórico-estrutural.

A crise de escassez de metais preciosos, durante a Idade Moderna; a incompatibilização entre mercado consumidor Europeu e produção industrial, no século XIX, levando ao desenvolvimento do Imperialismo/Neocolonialismo e o clássico colapso da Bolsa de Valores de Nova Iorque são exemplos poderosos que estão na base desses fenômenos supracitados.

Com a Globalização e a aplicação da Política Neoliberal, acreditou-se que a formulação do “Estado Mínimo”, restrito às funções de manutenção da saúde, segurança e educação fosse capaz de perenizar a sustentabilidade do sistema, numa espécie de ajuste que mesclava elementos do liberalismo e do keynesianismo.

Entretanto, a ampliação da rede de crédito imobiliário em países como os Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha, só pra citar alguns, dinamizou a economia de imóveis, porém, não contou com o hipertrofiamento de produtos e de capitais nos multimercados dos megablocos, uniões aduaneiras e áreas de livre comércio.

Fenômenos cambiais acompanhados pela desvalorização crescente da moeda, balanças comerciais e PIBs abaixo do previsto, bem como a ampliação dos juros e o início de um processo recessivo que culminou com a inadimplência e o calote propriamente dito, sobretudo, entre indivíduos de pessoa física.

A crise Prime, como se convencionou chamar, alastrou-se por diversos setores da economia que tinham o seu lastro de investimento no reduto financeiro imobiliário, atingindo, em cheio, principalmente os Estados Unidos e a Europa, convivendo, em paralelo, com uma difusa “blindagem” do Brasil e o crescimento do “Gigante Asiático”, a China.

O Processo Migratório no Mundo GlobalDissemos outrora que o fenômeno da Globalização se

desenvolve sob a premissa da quebra de barreiras alfandegárias, com desdobramentos não somente na área econômica, como também política e social e, neste último aspecto, no que se refere ao fluxo e circulação de pessoas entre nações, principalmente de um mesmo bloco ou união aduaneira.

O processo migratório obedecia a um caráter turístico, às vezes atrelado à especificidade das atividades de algumas empresas multinacionais e transnacionais, mas não se limitava apenas a esse caráter de natureza econômica, tendo em vista que as turbulências do mundo oriental também contribuíram para o crescimento do movimento migratório dos países de base muçulmana para o ambiente da União Europeia, principalmente.

A ace s s ib i l i dade aos con teúdos de rede , instrumentalizados pela Internet, desdobramento tecnológico da própria globalização, permitiu que cidadãos comuns da sociedade civil entrassem em contato com diversos aspectos da democracia e também se articulassem na formação de movimentos reivindicatórios, já que o contexto em que viviam na Tunísia, no Egito, na Líbia e na Síria se achavam caracterizados pela centralização do poder em ditaduras com a idade média de 30 anos.

Os movimentos em prol da democratização desses espaços geográficos produziram comoções e conflitos profundos, levando alguns deles a guerras civis de elevadas proporções, repercutindo na política internacional e organismos dos Direitos Humanos.

Em paralelo, o mundo oriental não tivera ainda uma trégua ou solução definitiva quanto aos ataques terroristas de grupos extremistas, fato preponderante para o desencadeamento de fluxos migratórios na direção do continente europeu.

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3Ciências Humanas e suas Tecnologias

Acrescente-se a esse conjunto de elementos os efeitos da crise de 2008 que, ao produzirem uma grave recessão, também provocam o movimento de grandes contingentes populacionais, agravando o cenário de depressão econômica de algumas nações, tais como França, Espanha, Alemanha, entre outras.

Esse cenário difuso tem se aprofundado e se ampliado na Europa e, sobretudo, no território francês tem levantado dilemas políticos e sociais, com o desenvolvimento de sentimentos de oposição à presença de imigrantes, sobretudo, muçulmana e foi nesse contexto que jornais como Charlie Hebdo passaram a satirizar de modo sistemático os terroristas, os muçulmanos e até o profeta Maomé.

Liberdade de Imprensa × Fundamentalismo Religioso

Desde a Imprensa de Guttemberg, o processo de difusão do conhecimento extrapolou, gradativamente, os limites estreitos e exclusivistas de determinados segmentos sociais, inclusive, pelo enfraquecimento do Latim como língua proeminentes das obras publicadas, com a tradução de inúmeras às línguas nacionais, num fenômeno que reforçava o Absolutismo Monárquico em recrudescimento.

Talvez ninguém imaginasse que aquele invento fosse tão útil ao desenvolvimento dos futuros processos revolucionários, sobretudo, quando o Iluminismo foi elaborado das cabeças geniais de homens como Locke, Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot e D’alembert. O fato é que as suas ideias correram a Europa e o mundo...

Palavras como liberté, egalité, fraternité, tornaram-se pilares da utopia revolucionária, encontrando nos movimentos liberais, sobretudo na Revolução Francesa, o ápice do seu desenvolvimento. A invenção do Dr. Guilhiotin funcionara intensamente para a defesa desses ideais.

A palavra liberdade ganhou estatuto, identidade e direito de manifestação, de modo que, para um francês, não se trata de um mero dispositivo jurídico, mas um patrimônio, um monumento intelectual, natural de todo ser humano.

O desdobramento do princípio da liberdade no ambiente da imprensa foi levado a limites inimagináveis, quer dizer, à total ausência de limites quanto ao que se possa expressar, dizer, publicar, divulgar, enfim...

Esse é um polo da dicotomia que tomou conta do cenário francês, no início de 2015. Há dois anos, aproximadamente, jornais da França e chargistas satirizavam, de um modo mais intenso e direto, aspectos variados da política, da sociedade e da religião. Neste último, em função de todo aquele contexto migratório e dos dilemas da economia francesa, as charges atingiram níveis culminantes que passaram a ser encaradas como ataques diretos ao profeta Maomé, causando protestos públicos em diversos países que seguem os princípios do Corão.

O que poderia se radicar apenas como uma manifestação natural da imprensa, acabou se transformando numa forma de instrumentação da xenofobia econômica e migratória já existente e uma nova palavra, um neologismo passou a tomar conta dos textos jornalísticos: “islamofobia”.

Segundo o Corão, os seus adeptos devem crer em Aláh por único e supremo Deus e em Maomé, como o seu profeta. O misticismo islamita, maometano ou muçulmano acredita que o profeta tenha recebido o livro sagrado das mãos do próprio Deus e, também, segundo o seu texto, o “muslim” (submisso à vontade de Aláh) não deve fazer, produzir ou reproduzir imagens do que há no céu ou na terra; algo similar ao que prega o judaísmo.

Essa breve exposição tem a finalidade de nos fazer

entender o que é ser muçulmano, para termos uma dimensão

de como as charges do Charlie Hebdo chegaram a repercutir

nesse tipo de mentalidade ou cultura religiosa.

Aquele 7 de janeiro de 2015 ficou marcado na imprensa

francesa como um ataque ao direito inalienável e inexpugnável

da liberdade; uma ameaça aos direitos humanos; uma afronta

violenta e radical ao princípio do liberalismo, garantido pela

sua Constituição e o resultado de sangrentas lutas no passado.

O jornal satírico francês Charlie Hebdo foi invadido pelos

irmãos Saïd e Chérif Kouachi como provável reação extremista à

edição Charia Hebdo, recebido como um insulto aos muçulmanos.

Doze pessoas foram mortas e onze ficaram feridas entre

seguranças, integrantes do jornal e agentes de polícia.

Outro ataque ocorreu contra o Montrouge, articulado

por Coulibaly, um francês muçulmano, somando dezessete

mortes entre 7 e 11 de janeiro. Em um vídeo publicado no

Youtube, Coulibaly afirma-se integrante do Estado Islâmico do

Iraque e do Lavante.

Em face disso a frase “Je suis Charlie” converteu-

se numa espécie de manifesto em favor da liberdade de

imprensa e de solidariedade com as vítimas do atentado, bem

como uma forma de protesto contra a violência do Estado

Islâmico e o terrorismo.

Uma Análise

A polêmica convertida em atentado e comoção mundial não é de fácil equalização, tendo em vista os elementos em jogo, quais sejam a crença na liberdade ou a crença no profeta. O fato é que em ambos os polos contemporizadores poderiam levantar a hipótese do extremismo. Extremismo da imprensa francesa que vai além dos limites ao direito de crença, superestimando a liberdade e extremismo do Estado Islâmico que é capaz de assassinar como forma de protesto contra as ofensas feitas ao profeta.

De um lado e de outro temos crentes... os crentes defensores da liberdade a qualquer custo e os crentes defensores da integridade religiosa a qualquer preço.

Como não podemos dirimir esse dilema com tantos desdobramentos e vinculações variadas com os mais diversos temas da história, encerramos essa exposição com algumas perguntas:• O direito à liberdade está acima do direito individual à

crença?• É a liberdade absoluta ou ela se limita ao nível do que venha

a ser ofensiva para outrem?• A exigência do respeito à crença dos grupos ou povos teria

o direito de matar?• Os protestos pela indignação teriam o direito ao massacre?• Qual a posição do direito à vida nesse contexto?• O que é a liberdade para um francês?• O que é o profeta Maomé para os muçulmanos?• O jornal Charlie Hebdo poder vir a ser considerado

islamofóbico?

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4 Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

01. “As diferenças sutis, mas cruciais, entre Hamas, Hizbollah e Al Qaeda são ignoradas quando se designa o terrorismo como o inimigo. Israel é vista como a base avançada da civilização ocidental em luta contra a ameaça existencial lançada pelo islã radical.”

Lorde Wallace de Saltaire, em discurso na Câmara dos Lordes em julho de 2006.

Há, no fragmento acima uma análise da relação entre Terrorismo e Estado de Israel. Pode-se inferir que o autor está:a) manifestando uma radical oposição à política inglesa no

combate ao Terror. b) exigindo uma política mais amplamente intervencionista

da ONU. c) posicionando a União Europeia como o principal foco

de tensões culturais. d) situando o terrorismo como um fenômeno estritamente

econômico. e) denunciando a existência de uma política fundamentalista

norte-americana.

Compreendendo a Habilidade– Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre

determinado aspecto da cultura.C-1

H-4

02. “Felizmente, a Revolução Francesa ainda está viva. Pois a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, os valores da Razão e do Iluminismo – os valores que construíram a civilização moderna (...) – são mais necessários do que nunca, na medida em que o irracionalismo, a religião fundamentalista, o obscurantismo e a barbárie estão, mais uma vez, avançando sobre nós. É, portanto, uma boa coisa que, no ano de seu bicentenário (1989), tenhamos a ocasião de pensar novamente sobre os acontecimentos históricos que há dois séculos transformaram o mundo. Para melhor.”

HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa: Dois séculos reveem a Revolução Francesa. São Paulo: Companhia da Letras, 1996. p. 127.

Com a ampla defesa da liberdade de imprensa, podemos concluir quanto a assertividade do autor ao afirmar “a Revolução Francesa ainda está viva”. Concernente a isso, pode-se depreender que:a) somente, em parte, esse conceito se acha adequando

aos tempos contemporâneos, tendo em vista que as motivações fundamentais que moveram a Revolução Francesa não são mais mobilizadoras de movimentos contemporâneos.

b) os resquícios do passado estão mais fortemente associados aos elementos das estruturas do Antigo Regime do que aos caracteres relativos ao pensamento iluminista burguês que atuaram nas bases do fenômeno revolucionário francês.

c) os e lementos não são apenas semelhantes;

são absolutamente iguais, tendo em vista que vários movimentos ainda se util izam do lema “igualdade, liberdade e fraternidade” que serviu aos interesses da burguesia francesa.

d) dois fenômenos históricos tem especificidades próprias e não podem ser comparados em termos de similitude como está exposto no fragmento de Hobsbawm, pois, o fato é produto exclusivo de determinado meio histórico-social.

e) a história torna possível estabelecer paralelos entre os agentes sociais, na busca de correlações de semelhanças, em face de verificar-se que os embates da contemporaneidade ainda tem origem nas mesmas demandas presentes nas revoluções do passado.

FIQUE DE OLHO!

O ASSASSINATO DE 30 CRISTÃOS ETÍOPES NA LÍBIA PELO ESTADO ISLÂMICO

No Cairo a exibição de imagens expunha militantes do grupo Estado Islâmico atirando e decapitando 30 cristãos etíopes na Líbia. Apesar da impossibilidade de verificação da autenticidade do vídeo, as imagens seguem um roteiro similar de violência articulado por esse grupo ultrarradical e fundamentalista, cuja irradiação tem alcançado as mais diversas regiões do Iraque e da Síria, alcançando também a Líbia.

Os integrantes do Estado Islâmico alegam que esses cristão estaria planejando matar islamitas, daí o fato de serem sumariamente executados.

Os grupos de homens são expostos na filmagem como “adoradores da cruz pertencentes à Igreja etíope hostil”, origem não confirmada pelo governo da Etiópia que condenou o ato terrorismo como atroz.

Em face do episódio, o governo da Etiópia afirmou que auxiliará no processo de repatriação dos etíopes interessados em deixar a Líbia, no entanto, esse mesmo governo não possui embaixada naquele país. Enquanto isso, os militantes do Estado Islâmico prosseguem renovando suas ameaças contra estrangeiros no país, recordando a decapitação de 21 cristãos do egípcios em fevereiro deste ano, com ataque ao Hotel Corinthia, em Trípoli. O atentado fez Abdel Fattah al-Sisi determinar diversos ataques aéreos ao Estado Islâmico na Líbia.

Outra chancela usada pelos integrantes radicais do Estado Islâmico é “Sangue de muçulmanos derramado pelas mãos das suas religiões não é barato”, em nova emissão de vídeo, assim declarado por um homem encapuzado e, também: “Para a nação da cruz: agora estamos de volta”. O ativista exige a conversão dos cristão sob pena de novas execuções e que nenhum infiel estará a salvo, a não ser que paguem por proteção.

Atualmente o Estado Islâmico tem atuação em regiões que vão do Iraque à Síria, com a pretensão de refazer a estrutura geográfica de todo o Oriente Médio. Não há ainda estatísticas sobre o número de integrantes desse grupo ultrarradical.

Sabe-se apenas que eles já contam aos milhares, tendo migrado do Sinai para a Líbia, sobretudo, quando houve a deposição, em 2013, do presidente Mohamed Mursi, pertencente à irmandade muçulmana.

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5Ciências Humanas e suas Tecnologias

INTRODUÇÃO

Se costuma discutir as ações afirmativas como um meio de que o Estado dispõe para atenuar as desigualdades e os privilégios de alguns indivíduos em relação à outros. As ações afirmativas e inclusivas se apresentam como instrumentos de estabilização, ainda que provisórios, garantindo a inclusão da parcela vulnerável. Analisa estatísticas que atribuem à alguns segmentos sociais piores índices de salário, saúde, educação e saneamento básico, entre outros, quando comparado a outra parcela privilegiada, e indica as medidas a serem tomadas pelo Estado para promover a cidadania dos que dela carecem. Neste fascículo, pretendemos mergulhar no estudo filosófico e sociológico destas questões – sempre recorrentes nas questões do Enem – afim de analisarmos que desequiparações podem ser feitas sem ferir o ideal da igualdade, requisito básico para a construção de uma cidadania plena em nosso país.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Estado Democrático

Breves consideraçõesA ideia de igualdade está vinculada com a democracia.

Não se pode falar em democracia sem que se aborde a questão da igualdade. Trata-se do princípio que norteia a discussão de como se compreender o Estado democrático de Direito.

Preliminarmente, é necessário frisar-se a importância de se debater e defender a igualdade atualmente. A doutrina neoliberal conquistou sua hegemonia ao longo dos últimos vinte e poucos anos, mais precisamente, nas décadas de oitenta e noventa. Apesar de não ser mais considerada como a única solução, continua obtendo conquistas significativas nas áreas política e econômica. Por esta razão, devemos ressaltar qualquer iniciativa de defesa da igualdade como princípio indispensável para a estruturação da democracia.

Nossa Constituição Federal de 1988 proclama em seu artigo 5º que Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...). Já no preâmbulo, a igualdade é mencionada como um dos valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Podemos dizer que, tanto quanto a liberdade, a igualdade é um princípio, um direito e uma garantia que pretende se firmar como cosmopolita.

O princípio da igualdade por ela consagrado, permite à lei tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, não devendo cometer o erro de conceber a isonomia como um fator que impeça o estabelecimento de situações jurídicas distintas entre as pessoas. O princípio postula que as desigualdades de fato decorram das diferenças das aptidões pessoais, dando tratamento diferenciado as pessoas diferenciadas.

Ações AfirmativasKarl Marx, histo-

http://inclusaosocialreal.blogspot.com.br

riador alemão (1818-1883), um dos teóricos do socialismo científico, afirmou durante sua v ida “a soc iedade capitalista é antes de tudo uma sociedade de classes” e a “história do homem é a própria luta de classes”.

Para tentar superar as mazelas sociais e promover a inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990, o Brasil tem sido alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente ao longo da história.

Joaquim Barbosa Gomes, um dos maiores estudiosos brasileiros no que diz respeito às ações afirmativas, assim se manifesta sobre o seu surgimento: “A introdução das políticas de ação afirmativa representou, em essência, a mudança de postura do Estado, que em nome de uma suposta neutralidade, aplicava suas políticas governamentais indistintamente, ignorando a importância de fatores como sexo, raça e cor”.

GOMES, 2001:38-39

Ação Afirmativa é um conjunto

http://wp.clicrbs.com.br/

de políticas que compreendem que, na prática, as pessoas não são tratadas igualmente e, consequentemente, não possuem as mesmas oportunidades, o que impede o acesso destas a locais de produção de conhecimento e de negociação de poder. Este processo discriminatório atinge de forma negativa pessoas que são marcadas por estereótipos que as consolidam socialmente como inferiores, incapazes, degeneradas, etc., alocando-as em situações de sub cidadania e precariedade civil. Dito de outra forma, o racismo, o machismo, a xenofobia, a homofobia, entre outras ideologias discriminatórias, vincularam e vinculam determinadas pessoas à características coletivas e pejorativas que as impedem de receber prestígio, respeito e valoração social como um indivíduo qualquer, por meio de discriminações, que, na maioria das vezes, são executadas indiretamente, ou seja, “por baixo dos panos”, nos bastidores, sem testemunhas e alarde.

Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural.

Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas, podemos mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização identitária.

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6 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Sob essa rubrica, podemos, portanto, incluir medidas que englobam tanto a promoção da igualdade material e de direitos básicos de cidadania como também formas de valorização étnica e cultural. Esses procedimentos podem ser de iniciativa e âmbito de aplicação público ou privado, e adotados de forma voluntária e descentralizada ou por determinação legal.

A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente anti-discriminatórias por atuar preventivamente em favor de indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser entendido tanto como uma prevenção à discriminação quanto como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente anti-discriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de repressão aos discriminadores ou de conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios.

Conforme afirmam Silva e Bonin (2006, p. 84), a d ivers idade soc iocu l tura l prec i sa ser abordada interdisciplinarmente como questão antropológica, filosófica, sociológica e política – porque ela traz consigo a questão de como nos representamos e como representamos os outros, e traz também a tensão entre os saberes historicamente constituídos sobre estes povos e suas próprias narrativas e resistências. Nos últimos anos, “diversidade cultural” tornou-se uma ideia comum e em torno dela se formalizam leis, diretrizes, princípios. A diversidade, como conceito, está presente na LDB, no Plano Nacional de Educação, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, nos projetos político pedagógicos de muitas escolas e Universidades.

“Ações af i rmativas são medidas especia is e temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros”.

Ministério da Justiça, 1996, GTI População Negra.

De uma forma geral e breve as ações afirmativas pretendem: concretizar a igualdade de oportunidades; transformar cultural, psicológica e pedagogicamente; implantar o pluralismo e a diversidade de representatividade dos grupos “minoritários”; eliminar barreiras artificiais e invisíveis que emperram os avanços dos negros, das mulheres e de outras minorias; criar as personalidades emblemáticas, exemplos vivos da mobilidade social ascendentes para as gerações mais jovens; aumentar a qualificação; promover melhoria de acesso ao mercado de trabalho; apoiar empresas e outros atores sociais que promovam a diversidade; garantir visibilidade e participação nos distintos meios de comunicação. Ou seja, há uma relação de afinidade muito grande entre os objetivos a serem alcançados pelas ações afirmativas e o pluralismo democrático vigente como a mais preponderante forma de exercício dos governos.

Políticas Públicas de Inclusão SocialNeste ensejo, a inclusão social é um conjunto de

meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela diferença de classe social, origem geográfica, educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais. É oferecer aos mais necessitados, oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais aptos.

Uma escola pode ser considerada inclusiva quando não faz distinção entre pessoas, não seleciona ou diferencia com base em julgamentos de valores, como “perfeitos e não perfeitos”, “normais e anormais”, “iguais ou desiguais”.

Todo e qualquer processo, para ser democrático, demanda igualdade substancial. O princípio da igualdade deve ser dinâmico no sentido de promover a igualização das condições entre as partes de acordo com as respectivas necessidades.

Desta forma é proposto o paradigma da inclusão social. Este consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.

Por este motivo, os inclusivistas (adeptos e defensores do processo de inclusão social) trabalham para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns e atitudes em aspectos, tais como: educação, trabalho, saúde, lazer.

Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois cada política pública foi formulada e basicamente executada por decretos e leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito internacional (como o Tratado de Madrid).

Por estas razões, surge a necessidade de uma atualização das diversas políticas sociais. Ora se sobrepondo em alguns pontos, ora apresentando lacunas históricas, muitas das atuais linhas de ação estão em conflito ideológico com as novas situações, parecendo uma colcha de retalhos.

É necessário mudar o prisma pelo qual são observados os direitos já ordenados e os que precisam ser acrescentados, substituindo totalmente o paradigma que até então é utilizado, até mesmo inconscientemente, em debates e deliberações.

O processo de inclusão vem sendo aplicado em cada sistema social. Assim, existe a inclusão na educação, no lazer, no transporte, etc. Quando isto acontece, podemos falar em educação inclusiva, no lazer inclusivo, no transporte inclusivo e assim por diante. Uma outra forma de referência consiste em dizermos, por exemplo, educação para todos, lazer para todos, transporte para todos.

Quanto mais sistemas comuns da sociedade adotarem a inclusão, mais cedo se completará a construção de uma verdadeira sociedade para todos – a sociedade inclusiva.

Infelizmente estamos em uma sociedade em que, apesar de ser democrática, segue sim a ditadura. A ditadura da beleza, da magreza, da moda, do estereótipo, da cor, da raça, do credo, dos perfeitos, não perfeitos, etc. Com isso as pessoas que não são exatamente como esses padrões exigem, são descriminadas da sociedade.

As ações afirmativas são um tema extremamente relevante como objeto de estudo no que diz respeito à democracia. Sua importância primordial reside no fato de que pode representar um verdadeiro avanço nas lutas contra a exclusão social, inserindo o indivíduo no sistema democrático, promovendo sua autonomia.

Em que pese existir ainda uma deficiência, no que se refere ao Brasil, acerca do seu real conteúdo, as ações positivas são o reconhecimento, por parte do Estado, da existência de diferenças culturais, sociais, econômicas, físicas etc., que necessitam da atuação deste, no sentido de buscar mitigar a situação excludente.

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7Ciências Humanas e suas Tecnologias

Não se pretende, com as ações positivas, tornar os indivíduos iguais buscando uma identidade entre eles, mas sim de se reconhecer a sociedade como plural, assumindo suas diferenças e buscando enfrentá-las de modo a garantir a diversidade cultural.

Uma das máximas a serem alcançadas com as políticas afirmativas está o de induzir transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica aptas a subtrair do imaginário coletivo a ideia de supremacia e subordinação de uma raça em relação a outra, ou de uma pessoa em relação a outra.

Com isso, cumpre ao Estado prover políticas focalizadas e afirmativas quando as diferenças significarem inferiorização, e também prover políticas universalistas quando a diferença não caracterizar, capacitar ou autonomizar o suficiente grupos ou pessoas – as duas formas podem e devem se combinar, e não se excluir.

É de fundamental importância que se compreenda os programas de ações afirmativas não como mecanismo fim, e sim como políticas públicas ou privadas que servem de meios direcionados na redução das desigualdades sociais. Bem como as políticas inclusivas, compreender que é preciso deixar de lado essas ditaturas, e abrir o coração para o seu lado humano e aceitar as diferenças.

Algumas questões importantes para a construção da cidadania

Sistema de cotas

As políticas públicas brasileiras historicamente podem ser caracterizadas por medidas de cunho assistencialistas contra a pobreza, mediante a exigência de alguns movimentos sociais que propunham uma participação mais ativa do Poder Público em relação às questões de nação, gênero, etnia, como também soluções específicas para efetivar a solução de tais questões, como as ações afirmativas.

Para que possamos compreender as implicações que tal medida representa, devemos levantar fatos históricos e sociais que estão intrínsecos na conjuntura política para que possamos apreender como tais medidas foram tornando-se possíveis.

O debate em torno desta questão foi balizado a partir de 1968, através do Ministério do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho, na qual os técnicos posicionaram-se a favor da criação de uma lei que exigisse que os empresários destinassem uma parcela mínima de suas vagas de emprego destinadas a trabalhadores de etnia específica (afrodescendentes), no entanto, tal lei não foi efetivada.

Somente mais tarde em 1980 houve a primeira formulação de uma lei nesse âmbito, pretendendo formular políticas de caráter compensatório mediante a questão dos afrodescendentes com a intenção de combater a discriminação. Entre as medidas elaboradas, podemos identificar: reserva de 20% de vagas para mulheres negras e 20% para homens negros na seleção de candidatos ao serviço público; bolsas de estudos; incentivos às empresas do setor privado para a eliminação da prática da discriminação racial; bem como introdução da história das civilizações africanas e do africano no Brasil.

Porém esse projeto não foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas as mobilizações em torno desta pauta continuaram através de alguns setores do Movimento Negro, que insistiam em denunciar o “mito da democracia racial”.

Em 1988, através da abertura política e a implantação da Constituição Federativa, por meio do artigo 37, é estabelecido um percentual dos cargos públicos para os portadores de deficiência, é neste âmbito que começam as primeiras deliberações em torno da política de ações afirmativas. Essas primeiras iniciativas advindas do Poder Público apontaram parcialmente para o reconhecimento de algumas problemáticas como as questões raciais, étnicas, de gênero e em relação aos deficientes físicos, de forma que foi no ano de 1995 adotado nacionalmente a primeira política de cotas, correspondendo à reserva de 30% das vagas para as mulheres exercerem atividade em cargo político.

Em meio a essa configuração social foi realizado em 1996 a “Marcha Zumbi” grande manifestação, na qual foi elaborado um documento com suas proposições e seguidamente encaminhado ao Presidente da República. Ainda neste mesmo ano é lançado um Programa Nacional dos Direitos Humanos, onde se procurou desenvolver ações afirmativas com o objetivo de promover o acesso aos cursos de graduação e tecnólogos de ponta, como também a elaboração de políticas públicas compensatórias para a comunidade negra.

Nesse contexto foram apresentadas algumas propostas, tais como: bolsas de estudo, o pagamento de indenizações para os descendentes de escravos, o governo deve garantir a presença nas instituições públicas de ensino em todos os níveis, a criação de um Fundo Nacional para o desenvolvimento de tais ações, alteração no processo seletivo de ingresso ao Ensino Superior, com a criação de ações afirmativas voltadas para determinados grupos étnicos. Os projetos estabelecidos ressaltam exclusividade para questão raciais, étnicas ou sociais. Com relação aos grupos raciais o público alvo são os negros, afro-brasileiros, descendentes de africanos, como também setores socialmente discriminados, como a população indígena, alunos oriundos da instituição pública.

Com relação às proporções dos beneficiados pela lei, não há padrões que determinem o percentual das vagas reservadas, uns definem todo o grupo, racial ou social, outros definem porcentagens específicas para cada grupo.

Algumas das justificativas que salientam para a importância de tais medidas é o fato de que a educação é um instrumento que possibilita a ascensão social, através de dados que demonstram o escasso acesso da população pobre e negra no Ensino Superior brasileiro. Entram nessa questão razões históricas, como a escravidão, fatores que contribuíram para efetivar as desigualdades que representam uma dívida do Poder Público em relação a esses setores da sociedade.

União civil e casamento homoafetivo: entenda a diferença

Quando o assunto são as propostas concretas voltadas para Lésbicas, Gays, Bissexuais, travestis (LGBT), dois conceitos ganham espaço na discussão. O primeiro seria a criação da “união civil” no Brasil direcionada ao público gay, e o outro termo é o “casamento homoafetivo”, garantido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Entenda as diferenças de cada um:

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• União Civil e União Estável

O termo “união civil” não é encontrado na legislação brasileira e significa que a união é reconhecida e formalizada pelo Estado, como é o caso do casamento. A união civil é um termo que vem de outros países, que já adotaram a possibilidade da união entre pessoas do mesmo sexo, mas que ainda restringem direitos conquistados pelo casamento como a adoção de filhos, por exemplo.

A união civil tem finalidade conjugal, que o estado reconhece e atribui direitos. Quando se fala em união civil para pessoas do mesmo sexo, isso, na realidade, significa um casamento de segunda classe, que nega direitos aos casais homoafetivos.

A intenção de criar um novo instituto (a união civil), específico para casais homoafetivos, será feito para conceder direitos diferentes, possivelmente menores, dos já conquistados e pode ser uma manobra para regulamentar as relações homoafetivas de maneira a restringir direitos.

União estável é uma situação, de fato, criada para proteger famílias que não formalizaram a união. No casamento, por exemplo, a simples apresentação da certidão comprova o vínculo. No caso da união estável, é necessário apresentar algum tipo de prova que comprove as obrigações em comum dos conviventes. O casal também pode fazer uma declaração de união estável no cartório.

• Casamento Homoafetivo

No Brasil, apesar de estar fora da Constituição Federal e do Código Civil Brasileiro, que prevê apenas a união entre casais heterossexuais, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo está assegurado por decisão do Superior Tribunal Federal (STF), e pela Resolução nº 175, de 14 de maio de 2013, do Conselho Nacional de Justiça, que obriga os cartórios a realizarem a cerimônia.

A decisão da Suprema Corte do Brasil se baseou nos princípios de liberdade, igualdade e a promoção do bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, previstos na Constituição. Mesmo com o direito já garantido pelas decisões do judiciário, militantes de direitos humanos e o do movimento LGBT lutam por alterações na Constituição e no Código Civil.

Tramita na Câmara um projeto de autoria da então deputada Marta Suplicy que disciplina a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O Projeto de Lei (PL) 1151/95 está pronto para ser votado desde 1997. Entre as conquistas, o projeto reconhece aos parceiros o direito de composição de rendas para aquisição da casa própria e todos os direitos relativos a planos de saúde. Mas não altera o estado civil do casal. O Projeto de Lei é considerado uma espécie de contrato, como já é feito hoje por meio da união estável.

• Casamento Gay

O PL 5120/2013, de autoria dos deputados Jean Wyllys (PSOL/RJ) e Érika Kokay (PT/DF), altera o Código Civil (Lei nº 10.406 de 2002) para reconhecer o casamento civil e a união estável entre pessoas do mesmo sexo. A proposta se opõe ao modelo de união civil.

A proposta foi apensada ao PL 580/2007, do já falecido deputado Clodovil Hernandes (PTC/SP) e está na Comissão de Seguridade Social e Família.

• Adoção por casais homoafetivos

O Supremo Tribunal Federal editou acordo inédito, no qual pacifica a questão da permissão de adoção de crianças por casais homoafetivos.

Na fundamentação, a relatora citou o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.277, onde o STF já havia decidido que qualquer união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo pode ser reconhecida como entidade familiar, segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. Disse ainda que a Constituição Federal não distingue a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que se constitui por pessoas de inclinação homoafetiva.

Como opinião própria, acredito que, como sociedade, devemos “comemorar” a decisão. Isso porque, cada vez mais, a união de pessoas do mesmo sexo tem se tornado comum. Olhando pela ótica da legalidade, se às pessoas que constituem união homoafetiva foram dados os mesmos direitos que já possuíam pessoas que constituem união heteroafetiva, não existe razão para cercear o direito de adoção, desde que o casal que pretende fazê-lo preencha os requisitos para propiciar uma vida digna para a criança.

Intolerância religiosa

O ataque à revista Charlie Habdo, no início deste ano, bem que poderia exemplificar o tema. Mas muito mais do que um caso isolado, a intolerância religiosa é grande tanto no Brasil como em outros países.

Ao debater esse tema, precisamos lembrar da laicidade do Estado e do respeito aos diferentes tipos de crenças e rituais religiosos, podendo destacar, ainda, no caso do Brasil, o grande preconceito existente com religiões de origem africana.

Justiça com as próprias mãos: Linchamentos desafiam ordem e Estado

Tema bastante polêmico em 2014 e que pode ser discutido com mais imparcialidade esse ano. O combate à violência através da justiça com as próprias mãos é válido? Definições de justiça, casos de linchamentos, rebeldia com a ordem e segurança públicas são alguns pontos que abordam essa temática.

A violência aumenta, o sistema de segurança pública falho e a sensação de impotência e insegurança cresce. Diante disso, grupos de pessoas resolvem se reunir para, elas mesmas, julgar e penalizar suspeitos de cometer crimes. Se auto intitulam como “justiceiros”, que buscam fazer a justiça, que aparentemente não é feita pelo poder público, com as próprias mãos.

As “penas” vão de amarrar suspeitos a postes, humilhação, espancamento e, em alguns casos, até execução.

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O Brasil, no entanto, é um Estado Democrático de Direito, ou seja, um país regido por leis que defendem o direito à julgamento pelo sistema judiciário e a aplicação de penas não degradantes e que também não incluem a pena de morte. Portanto, justiceiros também estariam cometendo crimes, de acordo com a lei.

BibliografiaBOAVENTURA, Edivaldo. O ensino da Cultura afro-brasileira. A tarde, Salvador, 18 de janeiro 2003. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.DWORKIN, Ronald. Uma Questão de Princípio. Tradução de Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000.DEMO, Pedro (2003). “Focalização” de políticas sociais. Debate perdido, mais perdido que a “agenda perdida”. Serviço Social e Sociedade, XXIV, 76 (nov.), pp. 93-117. FREITAG, Bárbara. Escola, estado e sociedade, 4. Ed. São Paulo: Moraes, 1880GOMES, Joaquim B. Barbosa (2002). Ação afirmativa: aspectos jurídicos. In Abong, Racismo no Brasil. São Paulo: Petrópolis: ABONG, pp. 123-143.GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.GHEDIN, Evandro (Org.). Temas em filosofia da educação. Manaus: Valer, 2006. p. 81-96._____ “Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça na era pós-socialista”. In: SOUZA, J. (org.). Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática contemporânea. Brasília: UnB, 2003.HÖFLING, Eloisa de Mattos. Estado e Políticas (Públicas) sociais. Campinas: Cad. CEDES, v. 21, n. 55, novembro / 2001.MOEHLECKE, Sabrina. AÇÃO AFIRMATIVA: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 117, novembro/ 2002.SANTOS, B. de S. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade, p.56.SANTOS, Sales Augusto dos et al. (2008). Ações Afirmativas: polêmicas e possibilidades sobre igualdade racial e o papel do Estado. Estudos Feministas, 16, 3 (setembro-dezembro), pp. 913-929. SACHS, I. Desenvolvimento, direitos humanos e cidadania. In: PINHEIRO, P. S.; GUIMARÃES, S. P. (orgs.). Direitos humanos no século XXI. Brasília: Ipri, Fundação Alexandre de Gusmão, 1998.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às

mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.C-5

H-22

03. A Convenção da ONU sobre Direitosdas Pessoas com Deficiências, realizada, em 2006, em Nova York, teve como objetivo melhorar a vida da população de 650 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo.

Dessa convenção foi elaborado e acordado, entre os países das Nações Unidas, um tratado internacional para garantir mais direitos a esse público. Entidades ligadas aos direitos das pessoas com deficiência acreditam que, para o Brasil, a ratificação do tratado pode significar avanços na implementação de leis no país.

Disponível em: http://www.bbc.co.uk. Acesso em: 18 mai. 2010 (adaptado).

No Brasil, as políticas públicas de inclusão social apontam para o discurso, tanto da parte do governo quanto da iniciativa privada, sobre a efetivação da cidadania. Nesse sentido, a temática da inclusão social de pessoas com deficiência a) vem sendo combatida por diversos grupos sociais,

em virtude dos elevados custos para a adaptação e manutenção de prédios e equipamentos públicos.

b) está assumindo o status de política pública bem como representa um diferencial positivo de marketing institucional.

c) reflete prática que viabiliza políticas compensatórias voltadas somente para as pessoas desse grupo que estão socialmente organizadas.

d) associa-se a uma estratégia de mercado que objetiva atrair consumidores com algum tipo de deficiência, embora esteja descolada das metas da globalização.

e) representa preocupação isolada, visto que o Estado ainda as discrimina e não lhes possibilita meios de integração à sociedade sob a ótica econômica.

Compreendendo a Habilidade– Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.C-5

H-24

04. Leia com atenção os dois textos a seguir:

Texto I

O Homossexualismo é punido com pena de morte no Irã, diz ativista. Segundo o ativista Arsham Parsi, diretor executivo da IRQO (Iranian Queer Organization), uma organização iraniana que luta pelos direitos dos homossexuais – de acordo com a lei islâmica Sharia, os homossexuais podem ser perseguidos e condenados à morte por apedrejamento, forca, empalhamento, corte por espada ou sendo jogados do alto de um penhasco. Um juiz da corte islâmica decide como ele deve ser morto.

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10 Ciências Humanas e suas Tecnologias

“É impossível saber os números de execuções por homossexualismo porque eles não são divulgados pelo Ministério da Justiça”, afirma o diretor da IRQO. O ativista, no entanto, acrescenta que a homofobia no Irã não parte apenas do governo. “No ano passado, por exemplo, soubemos do caso de um pai que ateou fogo e matou o próprio filho, de 18 anos, quando descobriu que ele era gay, para manter a honra da família.” “Muitos não chegam a ser presos ou perseguidos pela polícia, mas são executados pela própria família”, diz Parsi. “Em geral, a sociedade apoia a perseguição aos gays.”

http://www.bbc.co.uk/portuguese/ reporterbbc/story/2007/09/070925_irangays_ba2dt.shtml

Texto II

O Brasil tem um triste recorde: é o campeão mundial de crimes contra homossexuais. A informação é do Grupo Gay da Bahia, que coleta informações, pois não há medições precisas sobre morte de homossexuais no mundo, apenas estudos. Em 2000, 130 gays foram assassinados no país. As estatísticas mostram que nos Estados Unidos, que têm cerca de 250 milhões de habitantes – 80 milhões a mais do que o Brasil –, cem pessoas são mortas por este motivo.

“A cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil”, disse Luiz Mott, 55, presidente do Grupo Gay da Bahia e professor de antropologia da Universidade Federal da Bahia. (...) “... não existem no Brasil estatísticas oficiais sobre crimes de ódio. Não há vontade política para contabilizar crimes raciais, contra a mulher e contra os homossexuais”, disse Mott.

O chamado crime de ódio – intolerância contra minorias raciais, sexuais, físicas, religiosas ou políticas – caracteriza-se por insulto, destruição do patrimônio, agressão física e assassinato, praticados com requintes de crueldade, como tortura, uso de múltiplos instrumentos e muitos golpes. (...)

A longo alcance, a educação sexual pode ensinar as pessoas a respeitar minorias sexuais, e a justiça deveria ser mais severa na apuração e punição. A conscientização da comunidade homossexual também é importante. As situações de risco devem ser evitadas e as agressões, denunciadas.

27/06/2001 – JANAINA FIDALGO, Folha Online http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/comportamento/ult561u37.shtml

A partir da análise dos textos podemos afirmar quea) Tanto no Brasil quanto no Irã os homossexuais são

tratados da mesma forma: com violência, entretanto, no Irã, a lei permite a violência.

b) Tanto no Irã quanto no Brasil as estatísticas não revelam o número real de crimes de ódio para com homossexuais, a explicação disso pode ser a preocupação das autoridades responsáveis, em não aumentar o ódio a estes grupos.

c) No Brasil, somente os homossexuais são vítimas de crimes de ódio, no passado, também sofreram esses crimes os negros e mulheres, hoje, no entanto estes grupos já são aceitos pela sociedade em geral.

d) No Brasil, a justiça age eficientemente na resolução dos casos e na punição dos culpados, tendo como objetivo penalizar exemplarmente os autores deste tipo de criminalidade.

e) Por não ter dados oficiais emitidos pelas entidades governamentais, não podemos considerar verdadeiros os índices de violência contra as minorias LGBT, até porque é notório as conquistas obtidas por estes grupos nos últimos anos.

FIQUE DE OLHO!

APROVADA REDUÇÃO DA MAIORIDADE EM CRIMES HEDIONDOS

Após duas votações, manobras e muito bate-boca, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada do último dia 02 de julho, a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, nos casos de crimes hediondos (estupro, sequestro, latrocínio, homicídio qualificado e outros), homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.

O texto aprovado é uma emenda dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e André Moura (PSC-SE) à proposta de emenda à Constituição da maioridade penal (PEC 171/93). Foram 323 votos a favor e 155 contra, em votação em primeiro turno. Os deputados precisam ainda analisar a matéria em segundo turno.

A emenda deixa de fora da redução da maioridade outros crimes previstos no texto rejeitado, como roubo qualificado, tortura, tráfico de drogas e lesão corporal grave.

Mantém-se, porém, a regra de cumprimento da pena em estabelecimento separado dos destinados aos maiores de 18 anos e dos menores inimputáveis. A União, os Estados e o Distrito Federal serão responsáveis pela criação desses estabelecimentos diferenciados.

Por outro lado, o disposit ivo que impedia o contingenciamento de recursos orçamentários destinados aos programas socioeducativos e de ressocialização do adolescente em conflito com a lei não consta da emenda aprovada.

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL...

A maioridade penal (ou maioridade criminal) define a idade mínima da qual o sistema judiciário considera que um indivíduo pode se responsabilizar pelos seus atos, reconhecido, então, como um adulto. É bom reforçar que a maioridade penal não é, necessariamente, a mesma que a maioridade civil ou outras idades mínimas para votar, dirigir, casar, trabalhar etc.

Esses limites são assuntos que abrangem a psicologia, neurologia e a sociologia, pois discutem o limite de idade em que um indivíduo pode responder por seus atos. Entretanto, não existe uma resposta concreta, afinal, esses limites dependem, geralmente, do quadro cultural de cada país. No Brasil, um adolescente de 14 anos tem, por lei, o direito de manter relações sexuais com adulto, desde que seja consentido, não é considerado estupro presumido.

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No Xingu, por exemplo, não existem dúvidas que um rapaz de 14 anos já é um adulto. Em alguns estados dos EUA não há uma lei específica sobre a idade mínima para responsabilização penal. Em países como Japão, Irlanda, Suécia e Argentina, adolescentes que cometem crimes graves são julgados e responsabilizados como adultos.

A maioridade penal no Brasil ocorre aos 18 anos, segundo o artigo 228 da Constituição Federal de 1988 reforçado pelo artigo 27 do Código Penal, e pelo artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/90 – Fique também de olho, pois ela está fazendo 25 anos). É importante ressaltar que parte da doutrina considera que o art. 228 da Constituição Federal protege um direito individual e, por consequência, torna-se uma cláusula pétrea, o que inviabiliza a sua revogação.

Hoje, quem comete um crime até a véspera do aniversár io de 18 anos é encaminhado à uma Delegacia da Criança e do Adolescente. Pode ficar preso até 45 dias enquanto aguarda uma decisão do juiz. Depois disso, independentemente da gravidade do crime, o infrator ficará no máximo três anos detido.

Fatores como casos de crimes cometidos por menores de idade e a crise econômica que o país passa, intensificaram a discussão sobre a redução da maioridade penal do Brasil de 18 anos para 16 anos de idade. O projeto já foi autorizado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

A decisão dividiu a população entre dois pontos de vista. De um lado estão parlamentares de siglas como PSDB, DEM, PR e PSD, apoiados por familiares de vítimas de crimes cometidos por menores. De outro, bancadas de PT, PSOL, PPS e PC do B, além de entidades e ONGs de defesa da criança e do adolescente.

Argumentos contra a redução da maioridade penal

Problemas como desigualdade e exclusão social, impunidade, falhas na educação familiar, desestruturação da família, deterioração dos valores ou comportamento ético, individualismo, consumismo e a cultura do prazer estão diretamente ligados à violência do Brasil.

Os que se opõem contra a medida da redução da idade penal afirmam que alterar a idade mínima não surtirá efeitos, porque a desigualdade social é uma das principais causas de violência no país. Afirmam que, de certo modo, será somente mais uma forma de colocar jovens negros e pardos de comunidades e das periferias atrás das grades. Ou seja, a redução provocará a punição de jovens afetados por uma realidade social da qual eles não tiveram a menor culpa de serem inseridos.

O sistema carcerário brasileiro, na teoria, deveria garantir recursos necessário para a reinclusão do indivíduo na sociedade, porém, não é o que acontece na prática.

A superlotação e falta de vagas nas prisões tornam as cadeias brasileiras ambientes desumanos e incapazes de cumprir sua finalidade de recuperar alguém. A inclusão de adolescentes infratores tende a aumentar o número de reincidentes. Além disso, defendem que a cadeia comum não é um lugar apropriado para um jovem infrator. Um menor de idade, ao entrar em contato com presos mais velhos, entrariam em uma realidade ainda mais nefasta, o que retiraria qualquer chance de reabilitação.

Por fim, a diminuição poderia acarretar em desastres estruturais para as futuras gerações. Em pouco tempo, o clamor popular iria pressionar para que a maioridade penal fosse ainda mais reduzida.

http://negrobelchior.cartacapital.com.br/ 2015/03/23/ccj-pode-aprovar-reducao-da-maioridade-penal-

esta-semana-e-preciso-impedir/

Argumentos favoráveis a redução da maioridade penal

Os que se mantêm a favor da medida, alegam que, se um menor de 18 anos pode trabalhar, contratar, casar, votar e manter relações sexuais, por que não se responsabilizar pelos seus crimes na cadeia?

De acordo com alguns especialistas, a limitação da idade de 18 anos foi estabelecida em outros tempos, com outros estímulos. Não se pode dizer que, hoje, um jovem de 18 anos é o mesmo que de décadas passadas. O acesso à informação e à tecnologia favorece o desenvolvimento precoce do cérebro.

A impunidade é outro motivo dos que são a favor, uma vez que um adolescente, em conflito com a lei, ao saber que não receberá as mesmas penas que um adulto, não se inibe em cometer atos infracionais, cometendo quantos delitos puder, na percepção que terá uma pena branda. Ainda, muitos criminosos recrutam menores de idade (conhecidos como “buchas”) para executar suas atividades criminosas. O menor é arrancado de sua infância com a promessa de uma vida de ostentação, cometendo crimes que muitas vezes adultos teriam receio de cometer por causa das altas penas. Devido a esse sistema cruel, a demanda por mão de obra menor de idade nunca é mitigada no mundo do crime.

Depois que o menor de idade é detido pelo crime são encaminhados para instituições que, muitas vezes, não conseguem ressocializar seus detentos que saem de lá e são promovidos para cadeia comum depois de adultos.

Outro ponto é a sensação de impunidade que famílias sentem ao perder um ente querido no ato de violência de um menor infrator que logo são soltos para voltar ao crime. O resultado disso são famílias afetadas que passam a ter medo do convívio social, desenvolvendo doenças psicológicas em função do pânico. Muitos estabelecimentos sofrem com assaltos por menores e se veem obrigados a terem que contratar formas de segurança e esse gasto acaba chegando ao consumidor. O que torna toda a sociedade cumplice da tolerância.

Em consequência, a maior parte da população se vê a favor da redução da maioridade penal. Alegam que o brasileiro está cansado de pagar impostos para que a sua segurança seja cada dia mais mitigada.

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12 Ciências Humanas e suas Tecnologias

O tema é conflituoso porque está cercado de mistificações e conceitos pseudocientíficos, alguns deles solidificados em dogmas que impedem que a discussão ocorra nos seus devidos termos.

Parece muito simples quando nos deparamos com uma opinião formada sobre ele, porém, esse é um daqueles assuntos que precisam ser debatidos de maneira pragmática, de olho nos efeitos que cada solução pode trazer.

Portanto, é necessário debater, discutir, opinar e, também, ouvir os dois lados da moeda entes de impor qualquer tipo de julgamento.

https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/policiais-civis-se-declaram-contra-reducao-da-maioridade-penal-em-nota-onu-tambem-critica-proposta/

E você, é a favor ou contra a redução da maioridade penal?

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

ARGUMENTOS A FAVOR

ARGUMENTOS CONTRA

Com 16 anos, ojovem já tem plena

consciência deseus atos

Se o adolescentejá pode votar

aos 16 anos, eletambém pode ir

para a cadeiacom essa

idade

O Eca (Estatutoda Criança e doAdolescente) eo Código Penal

estão defasados. Oprimeiro é de 1990e o outro, de 1940

Os adolescentescometem crimesporque sabemque não vãoser punidos

A Fundação Casanão promovereintegraçãosocial e os

jovens reincidemno crime

O ECA (Estatutoda Criança e do Adolescente) jáprevê punições

aos adolescentesque cometem atos

infracionais

A reduçãoda maioridade

penal nãovai reduzir a

criminalidade. Épreciso educação,

prevenção e certeza do castigo

Colocar umadolescente paracumprir pena com

um adulto farácom que ele

se torne aindamais violento

O sistema penitenciário

brasileirojá está

superlotado

Aos 16 e 17 anoso adolescente

ainda estádesenvolvendo

sua personalidadee maturidade

INTRODUÇÃO

Com o final da Segunda Guerra Mundial, o acelerado crescimento da atividade industrial, somado ao aumento expressivo da população humana, intensificaram os problemas ambientais, que a partir desse momento, assumiram uma dimensão planetária.

Em 1968, foi criado o Clube de Roma, formado por cientistas, políticos e industriais, que tinham a missão de analisar os limites do crescimento econômico com base no uso dos recursos naturais. Foi elaborado o estudo intitulado “os limites do desenvolvimento”, que demonstrava a pressão do crescimento populacional sobre o meio ambiente, e apontava como solução a estagnação do crescimento industrial e populacional.

Preocupada com o funcionamento das sociedades industriais e a implicação sobre o meio ambiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) já organizou quatro grandes conferências internacionais.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Conferência de Estocolmo (1972)

A Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente ocorreu na capital da Suécia, e reuniu 113 países e mais de 400 instituições governamentais e não governamentais (ONGs). Nessa conferência, os países desenvolvidos defendiam a necessidade de controlar o crescimento industrial (“desenvolvimento zero”), pois esse era considerado o grande responsável pelos problemas ambientais e esgotamento dos recursos naturais. Por outro lado, as nações subdesenvolvidas, entendiam que as preocupações ambientais não poderiam interromper o crescimento econômico, pois viam na industrialização, a forma de atingir o desenvolvimento econômico e social (“desenvolvimento a qualquer custo”).

Conferência do Rio (Eco-92)Conhecida também como

Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra, contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado. Divulgou para o mundo a ideia de desenvolvimento sustentável, que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Entre os vários documentos elaborados nessa conferência, destacam-se a Carta da Terra e a Agenda 21.

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13Ciências Humanas e suas Tecnologias

Rio+10

Foi realizado em Johanesburgo, capital da África, e reuniu representantes de 189 países, e centenas de Organizações Não Governamentais (ONGs). Foram debatidos temas relevantes como o compartilhamento de água, saneamento básico, energia renováveis, saúde, agricultura e biodiversidade, além de cobrar a implementação da Agenda 21. Porém, o resultado dessas discussões não foi significativo, pois, os países desenvolvidos não aceitaram cancelar as dívidas das nações subdesenvolvidas, bem como os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não concordaram na substituição de parte da matriz energética mundial, por fontes energéticas renováveis. Um ponto positivo foi o comprometimento das nações em reduzir pela metade, o número de pessoas que não possuem acesso à água potável nem saneamento básico até 2015.

Rio+20Ocorreu na cidade do

Rio de Janeiro e contou com a participação de l íderes dos 193 países componentes da ONU. Seu principal objetivo foi renovar e reafirmar o compromisso com o desenvolvimento sustentável, e a p r e s e n t a r a o m u n d o a importância da economia verde, que segundo os ambientalistas, é capaz de assegurar desenvolvimento econômico associado à conservação dos recursos naturais, estabelecendo justiça social.

O resultado da conferência frustrou o movimento ambiental, pois interesses divergentes entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas jogou para os próximos anos a definição de medidas concretas para garantir a proteção do meio ambiente.

Impactos ambientaisImpacto ambiental é a alteração no meio ambiente

ou algum de seus componentes naturais, provocando um desequilíbrio. Pode ser originado por eventos naturais (choque de meteoros, erupção de um vulcão etc.) ou antropicos. Todavia, com o desenvolvimento do sistema produtivo, e o estabelecimento de novos padrões de consumo, que estão conduzindo o planeta à exaustão, a espécie humana esta cada vez mais comprometendo à qualidade de vida do planeta. A cada ano, temos o “Dia da Sobrecarga” antecipado em dois ou três dias.

Podemos constatar que os impactos ambientais ocorrem em escala local, regional ou global. Também é possível agrupá-los em impactos que acontecem no sistema urbano e no sistema rural. No entanto, embora ocorrido apenas em reduzida escala, a soma dos impactos pode assumir consequências globais.

Impactos ambientais locais

Ilhas de Calor

Absorção eretenção de

calor

Transpiração dasplantas e

evaporaçãoda água do

solo.

Penetraçãode água

Menor

ZONA RURAL CIDADE

3° A 10°CMAIS QUENTE

Maior

É um fenômeno climático que ocorre nas zonas urbanas, a partir da elevação da temperatura média da sua zona central, em comparação com as zonas periféricas ou rurais, com oscilações térmicas variando entre 4 ºC ou 11 ºC.

A origem desse fenômeno está relacionada às alterações da paisagem realizadas pelo homem, como a retirada de áreas verdes e a construções de edificações, que alteram a capacidade térmica do solo. Esses fatores, associados à pavimentação excessiva por camadas de asfalto ou concreto, máquinas com motores ligados, e o próprio calor antropogênico, contribuem para concentrar mais calor. A formação de ilha de calor provoca também a redução da umidade do ar, alterações das precipitações e circulação do vento e são responsáveis pela intensificação do fenômeno do aquecimento global.

Inversão térmica

Fluxo Normal

Ar mais frio

Ar frio

Ar frio

Ar frioAr quente

Ar quente

Inversão Térmica

Nos centros urbanos industrializados, principalmente aqueles cercados por cadeias serranas, é comum acontecer um fenômeno que altera a circulação vertical da atmosfera.

As massas de ar movimentam-se verticalmente porque a atmosfera sofre resfriamento nas camadas mais elevadas. A Constância desse movimento provoca a dispersão dos gases poluentes, gerados nas camadas mais baixas. Nas madrugadas frias (outono e inverno), as temperaturas próximas ao solo ficam mais baixas, dessa forma, ocorre uma inversão das camadas de ar: o ar frio (mais pesado) não consegue subir, e o ar quente (mais leve) não chega a desce.

Outro agravante provocado pela inversão térmica é a retenção próxima ao solo, de uma grande concentração de gases poluentes, formando uma camada de cor cinza, provocando doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações.

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14 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Impactos Ambientais Regionais

Chuvas Ácidas

Emissões

SO2

+SO

2,NO

2

NO2

H2O

ÁcidoNítrico

Chuvas ácidas

ÁcidoSulfúrico

Em 1872, o climatologista inglês Robert Angus Smith, elaborou o termo “chuva ácida” para relacionar a elevação dos índices de poluição na cidade de Manchester, ao fenômeno da Revolução Industrial. São comuns nos grandes centros urbanos e industrializados, mas podem ser levados pelas corretes de vento para regiões mais distantes.

As chuvas ácidas são oriundas das emissões de gases resultantes da queima de combustíveis fosseis, sobretudo o carvão mineral, que provocam a liberação de óxidos de nitrogênio (NO), dióxido de carbono (CO

2) e do dióxido de

enxofre (SO2). Ao serem lançados na atmosfera, os compostos

químicos são combinados com o vapor d’água, transformando-se, respectivamente, em ácido sulfúrico (H

2SO

4) e ácido nítrico

(HNO3). Ocorrendo a condensação na atmosfera, os compostos

químicos chegam por gravidade à superfície na forma de chuva, com PH inferior a 5,4, alterando a composição química dos solos e ecossistemas aquáticos, provocando a corrosão de materiais, a morte da vegetação, entre outros.

A maior ocorrência de chuvas ácidas é registradas nas nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, Japão e países componentes da União Europeia. Entretanto, com a transferência de parte dos parques fabris para as nações em desenvolvimento, esse fenômeno passou a ser presente em outras partes do mundo, sobretudo na China, que responde pela metade do consumo de carvão mineral no mundo, superado os Estados Unidos no índice de emissão de poluentes. No Brasil, a chuva ácida é mais comum nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Desertificação

Seca sub-húmida Semiárida Áridas Hiperáridas

DesertificaçãoÉ a degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e sub-úmidasdevido a vários fatores, entre os quais alterações climáticas e atividadehumana, criando condições semelhantes às dos desertos.

População

Nome dos países

Terras secas

Segundo as Nações Unidas, desertificação e a degradação de solos em ambientes áridos, semiáridos ou sub-úmidos, resultante de vários fatores, dentre eles as mudanças climáticas e as atividades humanas. Nesse processo, a vegetação é reduzida ou totalmente dizimada, e o solo perde suas propriedades naturais, tornando-se infértil.

Nos últimos tempos vem ocorrendo um aumento significativo do processo de desertificação, onde segundos as estatísticas, 20% do planeta poderão se transformar em desertos, onde residem mais de 2 bilhões de indivíduos. As principais áreas atingidas são: a região do Sahel na África, oeste da América do Sul, Oriente Médio, o oeste da China, sudoeste dos Estados Unidos, Austrália e sul da Ásia.

A desertificação gera vários problemas de ordem ambiental, social e econômica. Com a formação de regiões áridas, temos como consequência a elevação da temperatura, a redução do nível de umidade do ar e da biodiversidade. A infertilidade do solo prejudica o desenvolvimento da agricultura, diminuindo a produção de alimentos, altera os padrões de fome e pobreza, estimulando o fenômeno das migrações.

No território brasileiro, a desertificação atinge diferentes regiões: o sertão, nordestino, os pampas gaúchos, Cerrado do Tocantins e o norte do Mato-Grosso e Minas Gerais.

Impactos ambientais globais

Efeito estufa

A

A - A radiaçãosolar atravessaa atmosfera.A maior parteda radiaçãoé absorvidapela superfícieterrestre e aquece-a.

B - Uma parte da radiaçãosolar é refletida de voltapara o espaço.

Efeito de Estufa

C - Outra parte da radiação infravermelhaé refletida pela superfície da Terra mas nãoconsegue deixar a atmosfera.Ela é refletida novamente em direção à Terrae de novo absorvida pela camada de gasesque envolve a atmosfera.

BC

O efeito estufa é um fenômeno natural da atmosfera, onde parte da radiação solar é armazenada no planeta, mantendo o seu desequilíbrio térmico. Contudo, em 1975 surgiu a teoria do aquecimento planetário, onde os seus teóricos afirmam que a retenção da radiação solar está causando o aumento gradual das temperaturas do planeta.

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15Ciências Humanas e suas Tecnologias

O problema não está no efeito estufa, mas na sua intensificação, causada pelo lançamento de gases (metano, dióxido de carbono, CFC, óxido nitroso e HFC), fazendo com que a atmosfera retenha cada vez mais calor. Desde a Primeira Revolução Industrial até os dias de hoje, o planeta Terra já ficou 1 grau acima da média.

Segundo o IPCC (Painel intergovernamental de mudanças climáticas), as principais consequências do efeito estufa para o planeta são:• Mudanças climáticas: algumas partes do planeta poderão

ficar 6 graus acima do normal, provocando mudanças na circulação do vento, consequentemente do tempo;

• Derretimento das calotas polares. Segundo os estudos, o polo Norte deverá derreter até a metade do século XXI;

• Aumento do nível do oceano, provocando alagação nas regiões costeiras, onde moram 80% da humanidade;

• Algumas regiões serão transformadas em desertos, agravando a problemática da fome;

• Intensificação de doenças tropicais.Visando o enfretamento do problema, foi realizada em

1997 a Convenção da ONU, sobre as Mudanças Climáticas, em Kyoto (Japão). Nessa reunião foi firmado um acordo, denominado de Protocolo de Kyoto, para a redução da emissão de gases do efeito estufa, com base nos níveis de 1990. Esse documento definiu uma redução média de 5,2%, por parte dos países desenvolvidos, meta a ser atingida em 2012.

Em 2005 o Protocolo entrou em vigor, onde já conta com a participação de mais 150 países. Contudo, Os Estados Unidos se recusaram em ratificar esse documento. Esse protocolo abre a possibilidade da venda dos créditos de carbono.

Em 2012, em Dora, no Catar, ocorreu a COP 18, que estendeu a validade do Protocolo de Kyoto até 2020, quando os países pretendem pôr em ação um novo acordo, que estabeleça metas para todas as nações.

Buraco na camada de ozônio

Raios

ultra

violet

as

Raios

ultra

violet

as

Camada de OzônioCamada de Ozônio

50 Km50 Km

15 Km15 Km

Altaatmosfera

Altaatmosfera

Baixaatmosfera

Baixaatmosfera

Globo terrestreGlobo terrestre

Camada de ozônio fica situada na estratosfera, entre 25 a 35 km de altitude, e possui a capacidade de absorve 98% da radiação ultravioleta de alta frequência emitida pelo Sol. Sem a presença dessa camada o planeta seria calcinado.

Pesquisadores descobriram em 1983 a existência de um buraco na camada de ozônio, sobre o território da Antártica e outras porções da estratosfera. Na verdade não se trata de um buraco, mas sim do enfraquecimento da camada de ozônio devido ao lançamento do CFC (clorofluorocarbonetos), utilizados pelo homem em gases para refrigeração, em aerossóis e principalmente empresas petroquímicas.

Após lançado, o CFC chega até a estratosfera, sendo quebrado quimicamente pela radiação ultravioleta e liberando o cloro, que reage com o ozônio, transformando-se em oxigênio simples. As baixíssimas temperaturas registradas na Antártica aceleram a mudança dos clorofluorocarbonetos em cloro, o que explica a existência desse buraco na porção meridional do planeta. As principais consequências são a intensificação do aquecimento global e elevação no número de casos de câncer, pois a radiação ultravioleta altera o DNA das células.

Para impedir que essa situação se agrave, foi assinado em 1987 o Protocolo de Montreal, onde as nações signatárias se comprometeram a eliminar o CFC. De acordo com pesquisas, a camada de ozônio deve se normalizar por volta de 2050, caso a redução no uso dos CFCs continue nos níveis atuais.

Impactos ambientais urbanos

Erosão dos solos urbanos

Com o crescimento exponencial da população urbana brasileira, especialmente na década de 1960 e 1980 e a intensificação por fenômeno da migração, a infraestrutura urbana não foi capaz de suportar todo esse contingente, gerando uma urbanização desordenada. Uma das principais consequências foi o surgimento de submoradias em áreas topograficamente instável, como nas encostas dos morros. Esse processo, associado à retirada da formação vegetal, é responsável pelos deslizamentos de terra, fenômeno que atinge principalmente a região dos mares de morros.

Impermeabilização dos solos urbanos

Enchentes urbanas

A pavimentação excessiva dos solos urbanos através de asfalto ou concreto reduz a capacidade de infiltração das águas pluviais, acelerando o seu escoamento e provocando as enxurradas. Grande parte dos rios ou córregos que cortam as zonas urbanas das cidades brasileiras estão assoreados, agravando ainda mais as enchentes.

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16 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Problemática do lixo

Com a intensificação da atividade urbano/industrial, aumentou também a quantidade de resíduos gerados pela população. Atualmente no Brasil são produzidas 80.000 toneladas de lixo por dia. Dessa gigantesca quantidade, apenas 42.000 são coletadas, sendo que o resto é colocado em terrenos baldios ou cursos d’água. A maior parte do lixo coletado é depositada em lixões, que não obedecem aos padrões de segurança, gerando mau-cheiro, contaminação do solo e lençóis freáticos a partir do chorume (líquido escuro resultante do apodrecimento de diversas massas orgânicas), e se tornando um grande vetor de doenças que são propaladas por insetos e roedores.

Impactos ocorridos no meio rural

Poluição com agrotóxicos

A moderna agriculta de excedente, com base do sistema de monocultura tem provocado desequilíbrio ambiental, com a proliferação de certos insetos, que se tornaram verdadeiras pragas. O uso maciço de agrotóxico tem contribuído para o extermínio de espécies, contaminação do solo e do meio aquático, além de provocar contaminação dos agricultores que manipulam tais produtos, bem como das pessoas que ingerem alimentos contaminados.

Uso excessivo de fertilizantes

Eutrofização da água

Fertilizantes são compostos químicos utilizados na agropecuária, com o objetivo de aumentar a produtividade dos solos. Contudo, o seu uso excessivo, associado ao processo de lixiviação, pode provocar a eutrofização das águas. Esse processo eleva a concentração de matéria orgânica acumulada nos ambientes aquáticos, fazendo com que ocorra a ploriferação de aguapés, que, por sua vez, reduz a quantidade de oxigênio contido na água, e, consequentemente, provoca a mortandade de peixes.

Erosão dos solos agrícolas

No meio rural, a erosão é motivada pelo manejo

inadequado do solo, a partir de técnicas não conservacionistas,

como as queimadas praticadas pela agricultura itinerante, ou

o plantio em áreas de encosta sem obedecer às curvas de

nível. A pecuária também tem a sua parcela de contribuição,

pois o pisoteamento realizado pelo gado contribui para a

compactação dos solos, dificultando o processo de infiltração

da água, contribuindo para o escoamento superficial e o seu

posterior carregamento.

Desmatamento

O desmatamento é um problema que atinge proporções

globais, pois atinge praticamente todos os países, em particular

as nações desenvolvidas, onde praticamente quase toda a

cobertura vegetal foi retirada para a construção de cidades ou

fornecimento de matérias-primas. No território brasileiro, esse

processo teve início à época da colonização portuguesa, com

a extração de pau-brasil. Nos dias atuais, a expansão do setor

agropecuário é o principal responsável pelo desmatamento.

A retirada da cobertura vegetal provoca, como

consequência:

• aumento do processo erosivo, que muitas vezes inviabiliza

a agricultura;

• assoreamento de rios e lagos, que provocam enchentes e

dificultam a navegação;

• extinção de nascentes, que provocam problemas de

abastecimento de água;

• diminuição dos índices pluviométricos, provocando

alteração no meio natural.

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17Ciências Humanas e suas Tecnologias

Poluição da água

A poluição dos rios e lagos ocorrem, em grande parte, devido ao lançamento de efluentes, oriundos de esgotos domésticos, resíduos industriais ou agrícolas. Como consequência desse processo, temos a perda da biodiversidade e a propagação de doenças, seja pelo consumo direto da água, ou indireto através da agropecuária.

Nos mares e oceanos mais de 40% da superfície se encontra sob forte pressão humana, correndo o grave risco de se tornar um deserto biológico. Segundo especialistas, os oceanos apresentam mais de 400 zonas mortas, onde existe um baixo nível de oxigênio e pouca ou nenhuma vida marinha. Dentre as causas da poluição marinha podemos citar o derramamento de petróleo e o lançamento de esgotos e efluentes industriais.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais

em diferentes contextos histórico-geográficos.– Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no

planeta nas diferentes escalas.

C-6H-28

H-30

05. (Enem/2014) Antes de o sol começar a esquentar as terras da faixa ao sul do Saara conhecida como Sahel, duas dezenas de mulheres da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas e verduras alimentam a população local. É um pequeno terreno que, visto do céu, forma uma mancha verde – um dos primeiros pedaços da “Grande Muralha Verde”, barreira vegetal que se estenderá por 7000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de um plano conjunto de vinte países africanos.

GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. Paulo. 20 maio 2013 (adaptado).

O projeto ambiental descrito proporciona a seguinte consequência regional imediata:a) Facilita as trocas comerciais. b) Soluciona os conflitos fundiários. c) Restringe a diversidade biológica. d) Fomenta a atividade de pastoreio. e) Evita a expansão da desertificação.

Compreendendo a Habilidade– Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e

as relações da vida humana com a paisagem.– Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio

físico, levando em consideração aspectos históricos e/ou geográficos.– Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais

em diferentes contextos histórico-geográficos.– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico,

relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.– Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no

planeta nas diferentes escalas.

C-6H-26

H-27

H-28H-29

06. Leia o texto.

Sobrevoando o Oceano Ártico, a sensação era de estar diante de um espelho gigante, estilhaçado em milhões de pedacinhos. Em vez de vidro, placas de gelo quebradas, resquícios dos últimos dias de verão refletiam de forma descontínua os raios de sol. Vistos do alto de um helicóptero os pedaços, já frágeis, ocupavam quilômetros de mar, mas, a cada minuto, ondas engoliam mais um trecho da cobertura branca. Diante dos nossos olhos, a geleira que cerca o Polo Norte se desfazia, materializando números que, no dia 27 de agosto [2012], já haviam acionado o alarme sobre a situação. Este ano, foi registrado o recorde de derretimento da cobertura de gelo no oceano, desde que as medições começaram a ser feitas, em 1979.

www.ihu.unisinos.br/noticias/ 514247-artico-registra-recorde-de-degelo-e- -aquece-disputa-internacional

Considerando as informações do texto e os conhecimentos sobre a região do Polo Norte, é correto afirmar que o crescente derretimento das geleiras árticas apresenta como uma de suas consequências geopolíticasa) a tentativa de povos nativos da região, como os inuits

(esquimós), de criar um Estado autônomo.b) o retorno das divergências políticas entre os Estados

Unidos e a Rússia, semelhante à época da Guerra Fria.c) a disputa entre as potências econômicas sobre o petróleo

e outros recursos naturais existentes na região.d) a expressiva circulação de navios mercantes chineses na

região, o que tem gerado protestos da Rússia e da Suécia.e) a tentativa de criação de um Conselho de segurança do

Ártico, composto pelo G8 mais a China e a Coreia do Sul.

FIQUE DE OLHO!

A França foi oficialmente nomeada país sede da

21ª Conferência do clima em 2015 (Paris 2015) durante a

19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das

Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP19).

A COP21, a qual chamamos também de Paris 2015, será

uma das maiores conferências internacionais já organizadas em

território francês.

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18 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Nesse contexto, a França enfrenta um duplo desafio:• Como país sede, deverá receber durante duas semanas,

nas melhores condições possíveis, milhares de delegados e expectadores sob os auspícios das Nações Unidas;

• Enquanto país que detém a presidência da COP, deverá agir como facilitador em todas as etapas da negociação, estabelecendo um clima de confiança, conciliando pontos de vista e permitindo a adoção de um acordo por unanimidade.

Uma Conferência das partes com desafios sem precedentes

Essa conferência surge em um momento crucial, já que deve resultar em um acordo internacional sobre o clima que irá conter o aquecimento global abaixo de 2° C.

Com base nos trabalhos da COP20 em Lima, trata-se de estabelecer, em dezembro de 2015, uma série de decisões.

Antes de tudo, face ao desafio das alterações climáticas, um acordo ambicioso e vinculativo que se aplicaria a todos os países.

Em seguida, contribuições nacionais (iNDC), que

representam o esforço que cada país espera poder realizar.

O financiamento da luta contra as mudanças climáticas será

também um componente crucial, do qual uma das etapas foi

concluída com a primeira capitalização do fundo verde com

uma quantia que chega a 9,3 bilhões de dólares – dos quais

aproximadamente 1 bilhão foi concedido pela França. Enfim, as

iniciativas desenvolvidas a nível infra-estatal pelas coletividades

locais, organizações da sociedade civil e empresas vão ampliar

a mobilização e se somar às contribuições dos Estados.

De fato, a futura presidência francesa optou por

apoiar, tendo em vista Paris 2015, uma agenda de soluções.

Trata-se do conjunto de iniciativas complementares ao acordo

internacional, empreendidas a nível local pelos governos, por

autoridades locais, assim como por agentes não estatais, e

que contribuem para reforçar o compromisso dos Estados em

matéria de redução das emissões de gases do efeito estufa,

de adaptação aos impactos das alterações climáticas e de

financiamento. Essa agenda de soluções se baseia em uma

troca de boas práticas, de transferência de conhecimento

e de tecnologias necessárias para que seja realizada uma

transição para economias de baixo carbono.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Compreendendo a Habilidade– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às

mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.C-5

H-22

Desde o in íc io de 2011, revoluções jovens,

modernas e seculares depuseram os ditadores da Tunísia

e do Egito, causando uma onda de revoltas que avançou

além de suas fronteiras.

Esses movimentos de protesto ganharam o nome de

Primavera Árabe. [...]

No entanto, a Primavera Árabe, que, num primeiro

momento, encheu de esperança a população árabe, tomou

rumos complexos, com os choques de interesses entre grupos

políticos e forças econômicas e militares. A repressão aos

protestos provocou levantes armados de grupos com apoio

estrangeiro, intervenções militares externas e multiplicou áreas

de conflitos. A Primavera..., 2013. p. 72.

01. (Uneb/2014) Os conflitos e tensões no mundo árabe

tornaram-se motivo de grande preocupação mundial, neste

início do século XXI, porém não são os únicos na história

das sociedades.

Em relação aos conflitos internacionais, pode-se afirmar:

a) O Império Napoleônico, ao tentar impedir o

estabelecimento de regimes liberais e a abolição

do Antigo Regime, na Europa, o que iria ameaçar a

supremacia industrial francesa no continente europeu,

deflagrou um conflito de dimensões continentais.

b) A corrida imperialista do século XIX, tendo como foco

principal a África, relegou o Oriente Médio ao segundo

plano, o que permitiu que essa região se desenvolvesse

de forma autônoma e independente em relação aos

interesses capitalistas europeus.

c) A disputa pelas áreas produtoras de petróleo, no

Oriente Médio, opôs os interesses alemães e ingleses,

no contexto da Primeira Guerra Mundial, fato agravado

pela construção da Estrada de Ferro Berlim – Bagdá.

d) A imposição de regimes democráticos no Oriente Médio

e no norte da África, pelos Estados Unidos, durante

a Guerra Fria, funcionou como um mecanismo de

contenção à imposição de regimes autoritários apoiados

pela União Soviética.

e) Os grupos terroristas Al Qaeda e Hamas, interessados

na instabilidade política do Oriente Médio, têm

fornecido armas e munições aos movimentos rebeldes,

enquanto Israel, temeroso da instalação de regimes

fundamentalistas islâmicos na região, apoia os

governos autoritários sírio e iraniano.

Page 20: CH2

19Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

02. (Mackenzie/2014) Desde janeiro de 2011, a Síria se encontra em uma guerra civil que adquiriu dimensões que preocupam a comunidade internacional. Enquanto a oposição almeja destituir o presidente Bashar al-Assad e inaugurar um regime democrático, o governo sírio responde aos protestos, que considera como ação terrorista para desestabilizar o regime. A respeito desse conflito interno, é correto afirmar que:a) o conflito interno sírio é decorrente das disputas

religiosas e divergências a respeito da prática islâmica no mundo árabe.

b) foi somente em agosto de 2013 que os protestos liderados pela oposição síria assumiram a dimensão de revolta armada.

c) os meios de comunicação e a imprensa do país atuam sem restrição à liberdade de expressão, apesar do conflito e da revolta armada.

d) o uso de armas químicas em Damasco causou milhares de mortes. Esse ato foi condenado internacionalmente.

e) a guerra civil síria reaproximou os presidentes Obama, dos EUA, e Putin, da Rússia, confirmando o interesse político mútuo nessa região.

Compreendendo a Habilidade– Analisar o papel da justiça como instituição na organização das

sociedades.C-3

H-12

03. (Enem-PPL/2012)

ZIRALDO. 20 anos de prontidão, 1984.

Os aparelhos televisores se multiplicam nas residências do Brasil a partir da década de 1960. A partir da charge, os programas televisivos eram controlados para atender interesses dos a) artistas críticos. b) grupos terroristas. c) governos autoritários. d) partidos oposicionistas.e) intelectuais esquerdistas.

Compreendendo a Habilidade– Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e

suas implicações socioespaciais.C-4

H-18

04. Observe a ilustração a seguir.

Isto não erao que eu

esperava quandoeles falavam em

globalização!

Disponível em: <http://www.tc.umn.edul/ ~kama0044/my20photoalbum.html>. Acesso em: 10 out. 2005.

A partir do que se acha expresso na imagem, dentro da perspectiva de análise do Mundo Global, é possível afirmar que: a) A multiplicidade de culturas está na base justificadora

do abismo social existente entre as classes no mundo inteiro, uma vez que a globalização é seletiva, de conformidade com o pertencimento dos indivíduos a grupos e nacionalidades específicas.

b) O fenômeno global do capitalismo contemporâneo permitiu a expansão dos níveis de empregabilidade, sobretudo no âmbito do trabalho formal, com a ampliação dos direitos trabalhistas, mediante o ostensivo processo de terceirização.

c) Com o desenvolvimento da mentalidade globalizante da economia, houve uma ampla redução do “gueto” dos excluídos, em face da gigantesca expansão dos mercados consumidores, sob a perspectiva de aumento do poder aquisitivo geral.

d) Mesmo com a expansão dos mais diversificados ambientes de mercado, uma considerável parte da população planetária se acha envolvida com a inacessibilidade aos produtos básicos de manutenção da sobrevivência.

e) A imagem se refere ao fenômeno do neoliberalismo que integra a globalização, no sentido de garantir a plena entrada de multinacionais, pelo processo ostensivo de estatização geral de indústrias, empresa, fábricas etc.

Compreendendo a Habilidade– Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.C-5

H-25

05. “Grupos religiosos, étnicos, nacionais, racionais etc., quando negativamente avaliados, discriminados e/ou segregados, constituem as chamadas “minorias” ou “grupos minoritários”. Às vezes, apesar do grupo minoritário ser demograficamente majoritário, é considerado minoritário por ocupar uma posição subordinada na estrutura de poder de uma dada sociedade”.

QUEIROZ, Renato da Silva. Não vi e não gostei; o fenômeno do preconceito. São Paulo, Moderna, 1996 p.41-43.

Page 21: CH2

20 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em relação as minorias contemporâneas, podemos afirmar que:a) O princípio da maioria nasceu com o movimento

iluminista. Na França, excluindo-se os escravos, os estrangeiros, os artesãos, os comerciantes, as mulheres e os menores de 18 anos, os demais eram considerados cidadãos.

b) Nas Ciências Sociais, a ideia de maioria está, muitas vezes, relacionada à normalidade. Por essa visão, aquilo que é comum a todos é considerado anômalo.

c) O uso indiscriminado da estatística não colaborou na disseminação de princípios segregadores. Os números (índices e taxas), conforme seu uso transformam em quantidades e sempre são exatas e precisas na sua descrição.

d) As minorias sempre foram prioridade pelos regimes representativos, pelos levantamentos estatísticos e pelas políticas públicas de inclusão.

e) Entre as conquistas das minorias no Brasil estão: união civil entre pessoas do mesmo sexo; sistema de cotas para negros e indígenas nas universidades; estatuto do idoso e da criança e do adolescente.

Compreendendo a Habilidade– Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.

C-3H-11

H-15

06. “Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia.

Nefandus: o que não pode ser dito.

A Assembleia de Clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário a lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado”, e, por isso mesmo, nefando.

NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA, L. História da vida privada no Brasil. V. 1. São Paulo. Companhia das Letras, 1997 (adaptado)

O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País.

Disponível em: www.alemdanoticia.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=3871.

Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).

A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no País estão associadas:a) à baixa representatividade política de grupos organizados

que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.b) à falência da democracia no País, que torna impeditiva a

divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.

c) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer os seus direitos políticos.

d) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formar recorrentes de tabus e intolerância.

e) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

07. De um ponto de vista filosófico, a violência pode ser definida como uma ação ou movimento contrário à ordem estabelecida pela natureza. Foi deste modo que Aristóteles distinguiu o movimento segundo a natureza e o movimento por violência. Enquanto este afastaria as coisas de seu lugar natural, aquele as levaria sempre de encontro a ele. Assim, uma ação violenta é aquela que contraria o estabelecimento de todo tipo de ordem (jurídica, moral, cultural, política).A história dos homens, desde a Antiguidade, é a história da violência e dos modos como as sociedades buscaram controlá-la, através de regras, leis e punições. A convivência humana seria o objetivo de tais ações.

http://educacao.globo.com/ sociologia/assunto/conflitos-e-vida-em-sociedade/violencia.html

Sobre o tema violência, é correto afirmar que:a) A violência não é um fato social, pois corresponde a atos

isolados que não afetam diretamente a vida coletiva.b) A redução da maioridade penal e o investimento em

políticas públicas direcionadas para crianças e jovens é uma estratégia ineficiente de combate à violência.

c) As questões econômicas – desemprego, baixos salários, juros bancários exorbitantes e altos impostos – por si sós explicam o alto índice de violência no Brasil.

d) As raízes históricas da violência no Brasil são de diversas ordens: cultural, econômica, política, social, tecnológica, científica.

e) O racismo; a violência infantil e juvenil; a violência praticada com os velhos e as mulheres; o sexíssimo; o descaso com a educação, a saúde e as populações indígenas e a intolerância religiosa são problemas estruturais e forjam as diversas faces da violência no Brasil.

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

08. Leia o texto a seguir:

“[...] Na verdade, raça, no Brasil jamais foi um termo neutro; ao contrário, associou-se com frequência a uma imagem particular do país. Muitas vezes, na vertente mais negativa de finais do século XIX, a mestiçagem existente no país parecia atestar a falência da nação [...]”

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In: NOVAIS, Fernando & SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.) História da Vida Privada no Brasil. Contrastes da intimidade contemporânea,

São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 177.

Sobre o tema da diversidade étnica, podemos afirmar que:a) Vigorou no Brasil, do século XIX, uma visão elitista que

privilegiava a cor branca e via na mistura de raças a causa de seu atraso.

b) Os termos raça e etnia se equivalem. Ambos fazem referência à composição de grupos de pessoas com características fisiológicas e biológicas comuns.

c) Os estudos centrados na noção de raça classificam a humanidade por meio da seleção natural e da organização genética, defendendo a superioridade do branco sobre as demais etnias.

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21Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) Por ser o Brasil o país com o maior número de negros e afrodescendentes depois do continente africano, não é pertinente discutir no Brasil o racismo.

e) Nas décadas seguintes à abolição da escravatura, a integração dos negros à sociedade brasileira foi marcada pela adoção de mecanismos de inclusão que resultaram, recentemente, na implantação das chamadas políticas de ação afirmativa.

Compreendendo a Habilidade– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às

mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.C-5

H-22

09. A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque: a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas. b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira. c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua

cultura. d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à

educação. e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico racial

do país.

Compreendendo a Habilidade– Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em

diferentes contextos histórico-geográficos.– Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no

planeta nas diferentes escalas.

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H-30

10. O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX.

TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009.

Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a:a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica.b) expansão da irrigação por aspersão das lavouras.c) intensificação do controle do desmatamento de

florestas.d) adoção de técnicas tradicionais de produção.e) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos

orgânicos.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam

as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.C-4

H-19

11. (Enem/2013) Reaproveitar resíduos orgânicos é bom tanto para quem o transforma em adubo quanto para quem protege a saúde do planeta e da humanidade. (...) A relação custo-benefício desse reaproveitamento, tanto em residências individuais quanto em condomínios e empresas, é positiva não apenas levando-se em conta o futuro do meio ambiente, mas pensando no retorno imediato para a saúde humana. Dados de 2011 mostram que, só no estado do Paraná, os resíduos orgânicos são formados por mais de 50% do lixo doméstico, sendo este descartado em aterros ou lixões. Porém, somente entraram nessa estatística os aterros licenciados para receber resíduos sólidos urbanos.

Disponível em: <http://geracaosustentavel.com.br>. Acesso em: 25 jul. 2013. Adaptado.

Das possibilidades de reaproveitamento de rejeitos orgânicos caseiros e de empresas, destaca-se o processo de:a) nitrogenação do solo.b) reciclagem de fertilizantes.c) produção de adubos químicos.d) reaproveitamento de cálcio e fosfato.e) compostagem de resíduos alimentares.

Compreendendo a Habilidade– Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no

planeta nas diferentes escalas.C-6

H-30

12. A CARTA DA TERRA

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que o meio de uma diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a esse propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para os outros, com grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. (...)

Preâmbulo da Carta da Terra. Em: www.eartcharter.org.

Diante das questões ambientais e do desenvolvimento sustentável que permeiam as discussões da sociedade atual, é correto afirmar que:a) O conceito de desenvolvimento sustentável começou a

ser elaborado no início do século XVI, antes mesmo da Primeira Revolução Industrial.

b) Em 1972, em Estocolmo, na Suécia, representantes de 113 países reuniram-se para debater questões relativas ao meio ambiente. Este encontro é considerado como a primeira mobilização em torno desse tema.

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22 Ciências Humanas e suas Tecnologias

c) Em 1992, o Rio de Janeiro abrigou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). Nesse encontro foi assinado o Protocolo de Kyoto por todos os países que participaram do evento.

d) Em 2002, foi a vez do Egito abrigar a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável; nesse encontro foram discutidas somente questões relacionadas ao meio ambiente. Esse encontro recebeu a denominação de Rio+10, pois aconteceu 10 anos após a conferência do Rio-92.

e) Em 2012, o Brasil foi o palco do encontro da maior conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável. Foram discutidas nessa ocasião a Agenda 21 e economia verde. Infelizmente, devido à crise econômica, países da União Europeia não participaram do evento.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico,

relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.C-6

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13. Relatório ambiental de 2010 da ONU calcula que 50 milhões de toneladas de produtos descartáveis e altamente tóxicos são produzidas anualmente. Oriundos principalmente dos Estados Unidos e da Europa, esses produtos descartados são levados, sobretudo, para a Ásia e a África, onde rendem dinheiro, mas geram inúmeros problemas de saúde. A obsolescência programada virou regra nesses produtos: nos anos 90 a sua vida média era de quatro anos, hoje, é de apenas um ano e meio.

Veja, dezembro de 2011. Adaptado.

O texto refere-se a um dos problemas ambientais de mais rápido crescimento no mundo, o do lixo, que contém:a) garrafas pet. d) eletrônicos.b) derivados do petróleo. e) latas de alumínio.c) plásticos.

GABARITOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 02 03 04 05 06

e a b a e c

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01 02 03 04 05 06 07

c d c d e d e

08 09 10 11 12 13

a e a e b d

ANOTAÇÕES

Supervisão Pedagógica: Marcelo PenaSupervisão Gráfica: Felipe Marques e Sebastião PereiraGerente do SFB: Fernanda Denardin

Projeto Gráfico: Antônio Nailton, Daniel Paiva e João LimaEditoração Eletrônica: Antônio NailtonIlustrações: Arte FBRevisão: Jarina

OSG.: 095838/15

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