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Autos n° 19611/2016 *oooo9679*

Origem: 07° Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto

REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS -Pedido de Providências - Requerimento deduzido para facilitar o registro em caso de perda ou extravio da DNV ou DO - Lavratura do assento sem a apresentação da 2o

via - Providência que pode ser efetivada com base na cópia certificada pelo Diretor do Hospital e do boletim de ocorrência - Possibilidade - Controvérsia na interpretação das normas regulamentares que não justifica a devolução dos formulários de DNV -Documentos que deverão permanecer na Serventia -Decisão Ratificada.

Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça.

O MM. Juiz de Direito Corregedor Permanente da Comarca

de Ribeirão Preto, Dr. THOMAZ CARVALHAES FERREIRA, deferiu,

em parte, o requerimento formulado pelos D. Oficiais de Registro Civil

das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas, para (a) autorizar, nas

hipóteses de perda ou extravio das Declarações de Nascidos Vivos (DNV)

e de Óbitos (DO), a respectiva lavratura dos assentos de nascimento e de

óbito com base na cópia de tais documentos - certificada pelo Diretor

Clínico do Hospital e extraída da via destinada ao estabelecimento de

saúde ou à Secretaria Municipal de Saúde - desde que acompanhada de

cópia do boletim policial certificando aquela ocorrência acima, bem como

para (b) indeferir o pedido de mudança do procedimento de

preenchimento e emissão das Declarações de Nascidos Vivos (DNV) nas i

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hipóteses de partos havidos sem assistência técnica, fora da rede

hospitalar ou de saúde, cuja responsabilidade continuará a cargo dos

Oficiais de Registro Civil competentes, inclusive quanto à guarda dos

formulários (art. 7o, parágrafo único, do Provimento n° 28/CNJ e art. 54,

§3° da Lei n° 6.015/73).

O expediente administrativo foi instaurado mediante

provocação dos D. Oficiais Registradores (fls.03/05), sob a alegação de

que foram detectados problemas no fluxo de emissão de 2a via da

Declaração de Óbito (DO) e Nascidos Vivos (DNV), nos casos de perda e

extravio, o que estaria prejudicando a gestão e o controle dos formulários

distribuídos pela Secretaria Estadual de Saúde.

No caso de perda ou extravio, poder-se-ia dispensar o

preenchimento de novo formulário padrão (2a via), bastando apenas para a

lavratura do assento de nascimento ou óbito a (a) cópia da Declaração de

Nascido Vivo (DNV) ou Declaração de Óbito (DO) devidamente

certificada pelo Diretor Clínico do hospital, extraída da via destinada ao

estabelecimento de saúde ou à Secretaria Municipal e o (b) Boletim de

Ocorrência.

Para minimizar o alto índice de óbitos infantis ocorridos fora

dos estabelecimentos hospitalares ou de saúde, os Oficiais solicitaram a

devolução, à Secretaria Municipal da Saúde, dos formulários de

Declaração de Nascido Vivo (DNV) atualmente mantidos na serventia,

assim como a interrupção da distribuição de tais documentos às unidades

extrajudiciais localizadas na sede da Comarca.

No caso de partos ocorridos fora da rede oficial, em

residências e sem o auxílio de profissionais da saúde, os Oficiais

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Registradores ficariam incumbidos apenas de prestar orientação às

famílias, esclarecendo sobre a obtenção da Declaração de Nascido Vivo

(DNV) diretamente na Secretaria Municipal de Saúde.

O Ministério Público apresentou manifestação às fls.23/24.

É o relatório.

Os atos praticados pelo oficial de registro civil (art. 5o, VI da

Lei n° 8.935/94) estão diretamente sintonizados com o exercício da

cidadania (art. Io, II da CF) e esta peculiar importância sobressai quando

da regularização dos direitos fundamentais da pessoa natural. A função

pública, recheada de qualidades e com inclinação democrática (amplo

acesso da população), exige do agente delegado e o do juiz corregedor

maior cuidado no tratamento das matérias, justamente para manter a

uniformidade, eficiência e segurança dos serviços relacionados com o

nascimento, nome, morte, capacidade civil, filiação, dentre outros. A

regulamentação de determinadas situações (caráter normativo em busca

de moralização do serviço registrai) não pode contariar a legislação e a

principiologia, até porque "entre o delegado e o Estado estabeleceu-se

uma relação complexa, cujos aspectos fundamentais são a investidura, a

fiscalização técnica e a disciplina" (JOSÉ RENATO NALINI, in

Registro de Imóveis e Notas — responsabilidade civil e disciplinar, RT,

1997, p. 85).

Significa que o delegado, como agente prestador de serviço

público que é, deverá exercer a atividade delegada seguindo as leis,

normas e decisões normativas que são emitidas para preservar a tutela

referente ao estado civil das pessoas naturais, exatamente porque a estrita

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I P O D E R J U D I C I Á R I O iTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÁO PAULO i CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA

observância do princípio da legalidade busca a almejada estabilidade

jurídica que concede dignidade ao usuário (art.l°, III da CF).

No caso de perda ou extravio da DNV ou DO, é possível

simplificar o procedimento para viabilizar os registros de nascimento e de

óbito, tal como fez o MM. Juiz Corregedor Permanente. Assim, o ato

registrai poderá ser praticado em caso de apresentação da cópia da DNV

ou DO, devidamente certificada pelo Diretor Clínico do hospital, extraída

da via destinada ao estabelecimento de saúde ou à Secretaria Municipal,

além do boletim de ocorrência emitido pela autoridade policial. A prática

aceita no âmbito da Corregedoria Permanente irá dispensar a emissão de

novo formulário padrão, a título de 2a via, o que é suficiente para

minimizar a problemática relacionada com o fluxo e o controle da

documentação oficial.

Por outro, a segunda proposição, por esbarrar em obstáculos

insuperáveis, não pode ser objeto de regulamentação contra legem,

cabendo citar o que está escrito no art. 54, §3° da Lei 6.015/731 e no art.

7o, parágrafo único do Provimento n° 28/CNJ .

Cabe reforçar o fundamento do veto ao segundo pedido, por

traduzir uma regulamentação construída para impedir que se cometam

equívocos - até fraudes (adoção à brasileira3) - quando da lavratura do

Art. 54, §3° da Lei n° 6.015/73: "Nos nascimentos frutos de partos sem assistência de profissionais da saúde ou parteiras tradicionais, a Declaração de Nascido Vivo será emitida pelos Oficiais de Registro Civil que lavrarem o registro de nascimento, sempre que haja demanda das Secretarias Estaduais ou Municipais de Saúde para que realizem tais emissões".

Art. 7o, parágrafo único do Provimento n° 28/CNJ: "No registro de nascimento de criança com menos de 3 (três) anos de idade, nascida de parto sem assistência de profissional da saúde ou parteira tradicional, a Declaração de Nascido Vivo será preenchida pelo Oficial de Registro Civil que lavrar o assento de nascimento e será assinada também pelo declarante, o qual se declarará ciente de que o ato será comunicado ao Ministério Público ". 3

De acordo com o Des. ENIO SANTARELLI ZUL1ANI: "Também é importante analisar a questão da adoção à brasileira, conhecido sistema que representa uma falsidade do registro civil (registrar como filho natural a pessoa que deveria ser adotada mediante processo e sentença). Antes de examinar

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assento. A Corregedoria interpreta com severidade as normas para que

não ocorram falhas no registro de nascimento, por omissão ou

deficiências das informações constantes da DNV, especialmente nos

casos de nascimentos ocorridos sem assistência de profissional de saúde.

A Lei n° 12.662/12 alterou o art. 54 da Lei de Registros

Públicos para incluir a alínea IO4, tornando obrigatória, em todo território

nacional, a emissão da DNV por profissionais de saúde, ressalvada a

hipótese de registro tardio. Nos partos realizados fora do estabelecimento

hospitalar, sem a presença do profissional de saúde ou parteira

profissional, cabe ao registrador emitir a DNV, facultando-se a

locomoção, em diligência, até a residência do recém-nascido, nos casos

de dúvida sobre a veracidade das informações apresentadas pelos

interessados5 (art. 52, §1° da Lei n° 6.015/73) ou dos depoimentos

prestados pelas testemunhas6 (art. 54, alínea 9o da Lei n° 6.015/73).

A manutenção da atribuição também servirá para que

Oficiais não percam o foco e obtenham das partes as providências

necessárias para o preenchimento da DNV, medida salutar visando

eliminar os riscos inerentes ao parto desprovido de auxílio profissional.

as repercussões do registro realizado sem correspondência com a verdade, não poderia ser esquecida decisão de 4.3.2009, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (Ação rescisória 154.239-00, relator Desembargador Devienne Ferraz) e que, ao rescindir acórdão que negou pedido de adoção de menina já registrada como filho pelos interessados, admitiu a solução, apesar do erro cometido (adoção simulada), em consideração ao período de permanência do menor na família que a adotou (desde o nascimento). O julgado indica que os fatos anteriores não são importantes para a melhor decisão a ser tomada em favor do menor" (Grandes Temas de Direito de Família e das Sucessões. Adoção no Ordenamento Jurídico Atual, Saraiva, pg.244).

Art. 54, alínea 10: "Número de identificação da Declaração de Nascido Vivo - com controle do dígito verificador, ressalvado na hipótese de registro tardio previsto no art. 46 desta Lei".

Art. 52, §1° da Lei 6.015/73: "Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à casa do recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido ". ' Art. 54, alínea 9o da Lei n° 6.015/73: "Os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica em residência ou fora de unidade hospitalar ou casa de saúde ". ___, m

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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E nítida a preocupação com a situação tratada nos autos e,

embora existam divergências textuais sobre a competência do órgão

emissor, não é lícita a providência que libera o oficial registrador do

preenchimento da DNV, ainda que mediante autorização do Juiz

Corregedor.

Seria sacrifício impor aos familiares que procurem

repartições públicas quando a legislação já prevê o procedimento

adequado para viabilizar o registro através da atuação eficaz dos

registradores civis. Daí o fundamento para, diante do risco de retrocesso

do sistema, seja indeferida a transferência de atribuição para garantir a

manutenção do procedimento no âmbito dos Cartórios de Registro Civil.

Pelo todo exposto, o parecer que, respeitosamente, submeto à

elevada apreciação de Vossa Excelência é no sentido de propor a

confirmação integral da decisão proferida pelo MM. Juiz Corregedor

Permanente.

Sub censura.

São Paulo, 07 de março de 2016.

^^Builhermp-Síamillo Santarelli Zuliani

Juiz Assessor da Corregedoria

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CONCLUSÃO

Em 0% Ma •™^IC*IO.CXG >-íoih , faço estes autos

conclusos ao Desembargador MANOEL DE

QUEIROZ PEREIRA CALÇAS, DD. Corregedor

Geral da Justiça do Estado de São Paulo. Eu,

^J^ ( ^ í - i u ? tikj^-o), Escrevente

Técnico Judiciário do GATJ 3, subscrevi.

Aprovo o parecer do MM. Juiz Assessor da Corregedoria

e, por seus fundamentos, ratifico a decisão preferida pelo MM. Juiz

Corregedor Permanente da Comarca de Ribeirão Preto.

Publique-se.

São Paulo, \ í-U !U

MANOEL DE QUEIROZ PEREIRA CALÇAS Corregedor Geral da Justiça

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