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O Barroco em Portugal e no Brasil – a presença da metalinguagem nos
sermões de Pe. Antonio Vieira
Profa. Maria Eneida Matos da Rosa
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Barroco – contexto: O vocábulo “barroco” designava
originalmente um tipo de pérola de forma irregular;
O Barroco tornou-se a arte da Contra-Reforma;
A Contra-Reforma fez da estética barroca uma espécie de estratégia de sua ação catequizadora;
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Barroco - características Tentou conciliar a visão do mundo
medieval, de base teocêntrica, e a ideologia clássica, renascentista, pagã, terrena, antropocêntrica;
Espiritualização da carne e carnalização do espírito;
Tentavam comungar o claro e o escuro, a matéria e o espírito, a luz e a sombra, para anular os apelos do corpo e da alma.
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Estilos - O Barroco divide-se em: Gongorismo – por ser
o poeta espanhol Gôngora o seu principal representante.
Linguagem rebuscada; Emprego de
neologismos, hipérbatos, trocadilhos, que tornam o estilo pesado.
Conceptismo – análise dos objetos no encalço de conhecer a sua essência;
Utilizam-se da inteligência e da Razão;
Serve-se da dialética, no intuito de convencer e ensinar.
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Pe. Antônio Vieira (Lisboa,1608- Bahia, 1697) Partindo das palavras
de A. Bosi (1994), de que “a prosa barroca está representada em primeiro pela oratória sagrada dos jesuítas, logo pensamos na figura central de Pe. Antônio Vieira.
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Segundo Alfredo Bosi, “(e)xiste um Vieira brasileiro, um Vieira
português e um Vieira europeu e essa riqueza de dimensões deve-se não apenas ao caráter supranacional da Companhia de Jesus que ele tão bem encarnou, como à sua estrutura humana”(p. 44).
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Metalinguagem Observa-se em seus sermões uma espécie
de metalinguagem, uma vez que a partir da interpretação dos textos sagrados, enceta-se um diálogo que auto-refere e explica o próprio sermão:
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Exemplos: Posso escrever os versos mais tristes esta
noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite.Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.O meu coração procura-a, ela não está comigo.
(...)
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
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Exemplos: À procura da batida perfeita
Então corre a batida é minhaCheguei primeiroNo ruim faz a fezinhaQue é tudo por dinheiroSolto na BabilôniaE lá procurar a pazPerderam o ManualE agora como faz?
João e MariaCheio de regaliaEntrou no conto do canalha que fazia e aconteciaAgora é artista não se mistura com a plebeDomingo no Faustão, Terça-feira na Hebe
Iate em Botafogo, Apartamento em IpanemaUma vida de bacana se eu entrasse pro esquemaMas eu busco na raiz e lá tá o que eu sempre quisNão é um saco de dinheiro que me deixa feliz
E sim a força do Samba, a Força do RapO MC que é partideiro Bumbo que vira scratchÉ o meu som que mostra muito bem o que eu souOnde cresci onde ando onde fica aonde eu vou
Eu vou no Samba, pra lá que eu vou ( À procura da batida perfeita )
O bicho tá pegando
A chapa esquentaO tempo passa mas a evolução é lenta.Mas não tenho pressaA velocidade é essaNão há nada nesse mundo Compadre que me estressa
Porém Ah! PorémHá um caso diferenteque envolve toda a minha gente
Não se embuxa de ninguémFica do lado do bemAtitude Amor e Respeito também
Eu vou no samba é gente bambaA diferença é claraA gente fuma e eles famaProteja a raiz pra que tenha bons frutosJá diz o velho ditado:"Quem tá junto tá junto"E eu tô juntoE junto carrego o meu orgulhoSuburbano convictoSei meu lugar no mundoHá coisas que o dinheiro não pagaCê sabe como éTipo eu e minha preta só num rolé
À procura da batida perfeita - Marcelo D2
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Exemplos: O FILME DENTRO DO FILME
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Pe. Antonio Vieira “Para o sermão vir nascendo há de ter três
modos de cair: há de cair com queda, há de cair com cadência, há de cair com caso. A queda é para as cousas porque hão-de vir bem trazidas, e em lugar: hão de ter queda. A cadência é para as palavras por que não hão de ser escabrosas nem dissonantes; hão de ter ‘cadência’. O caso é para a disposição, por que hão-de ser tão natural e tão desafetada que pareça ‘caso’ e não estudo”.
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Segundo Saraiva (1999), Para Vieira “as palavras não eram um
instrumento para descobrir uma verdade ao entendimento, mas para motivar a vontade numa ação”(p. 78)
Partindo do pressuposto de que a Metalinguagem trata-se de um enunciado que se refere a outro enunciado, quer dizer é um fenômeno de autotextualidade; a obra citando-se a si própria, faça a análise de um sermão citado por Vieira.
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Sermão da Sexagésima
No texto “Sermão da Sexagésima”, do Padre Antonio Vieira, pregado no ano de 1655, o autor valoriza a pregação pela persistência diante das dificuldades. Tal tema é mencionado a partir da ação do pregador evangélico da divina. A Deus perguntado onde pregar e a quem pregar o evangelho ,responde-lhe o Senhor que a todas as criaturas em todos os lugares.Viera analisando o tema expõe a perseverança do que ao sair para o ofício,encontra vales de espinhos ,montanhas rochosas e todo tipo de terreno e de , dificultando a semeadura e a pregação.E a quem pregar?Aos espinhos?As árvores? As aves?Aos troncos?Sim, pois em cada nação há homens degenerados de toda a espécie. Há “homens espinhos”, que são bárbaros e incultos. Há “homens árvores”, pois há arvores que dão frutos, flores, muitos galhos, e aquelas que estão sempre secas, cheias da sua própria morte. Há “homens aves”, que se sentem tão livres que não tem porto seguro. Há “homens troncos” que só conhecem a brutalidade. Então se há todo tipo de homem há de haver todo tipo de palavra semeadora. E se a palavra prosperar será louvor do semeador não do homem, assim como se a palavra não proceder é do semeador a derrota. Daí a importância do pregador com toda sua bagagem com habilidades de pescador. Frutificar a palavra é plantar amor nos corações dos homens. É perseverar diante das dificuldades, é sentir-se vitorioso de cada pequena semente que vinga. É amar sem limites, mesmo que o limite lhe atropele o caminho. Muita diferença há entre o pregador e o semeador. O pregador, fala. O semeador,semeia, faz com as mãos. O semeador dá o exemplo, faz a obra, vive a palavra. Vieira questiona; Porque hoje há tantos pregadores e tão poucos semeadores?