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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
LUCIANO COSTA PONTE LOPES
ALIENAÇÃO PARENTAL E SUA INFLUÊNCIA NAS RELAÇÕES FAMILIARES
FORTALEZA-CE
2014
LUCIANO COSTA PONTE LOPES
ALIENAÇÃO PARENTAL E SUA INFLUÊNCIA NAS RELAÇÕES FAMILIARES
Monografia apresentada no curso de
graduação, submetida ao Centro de
Ensino Superior do Ceará - Faculdades
Cearenses, como exigência final para
obtenção do título de Bacharel em
Direito, sob a orientação do Prof.
Giovanni Augusto Baluz Almeida.
FORTALEZA-CE
2014
DEDICATÓRIA
“Dedico esse obra a Deus, o qual me mostrou
no decorrer dos anos que nunca estaremos
livres das tempestades de nossa vida mortal,
porém Ele nos dá força e resistência, através
de nossa fé, para encará-las como um
chuvisco; e que é por meio delas que
adquirimos nossas maiores experiências,
fazendo com que entendamos que somos,
com Ele, o próprio milagre. Obrigado Deus!”
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre ao meu lado em todos os
momentos da minha vida, que ao longo da vida me preparou, concedendo-me forças
através das experiências, para vencer quaisquer tempestades que tentou e tentará
prejudicar a minha vida e que tem um amor condicional por todos nós e que nos
ensina a amar nossos irmãos.
A minha esposa Raphaela, que foi a precursora desse desafio, com muita
paciência me ajudou a chegar até aqui, a quem agradeço muito e posso contar
sempre; que gastou muitos dias e noites de sono para me ajudar a chegar até aqui,
Louvo a Deus pela sua vida e pelo Senhor ter escolhido ela para viver ao meu lado
para sempre. Mãe dos meus dois filhos, Ana Luiza e João Pedro, ambos têm sido
um presente de Deus na minha vida e tenho muito orgulho de fazer parte desta
família abençoada por Deus.
Aos meus grandes irmãos e minha mãe que apostou em mim e me ajudou
muito a conquistar este sonho e que, além disso, somos principalmente os melhores
amigos; companheiros para todas as horas, especialmente nos momentos negros,
normais da vida.
Aos meus amigos Lucivan Costa e Vanessa Régia, dentre outros, que me têm
como amigo de verdade, que me deram forças para terminar este trabalho de
conclusão de curso, através de seus contínuos elogios e certezas em minhas
conquistas.
Ao meu orientador, professor Giovane, que usou de toda a sua paciência,
atenção e inteligência para nortear-me em caminhos que aumentariam meu
aprendizado, tornando este trabalho o mais completo possível.
Aos meus colegas e amigos de curso, Gustavo Magalhães, Ana Paula e
Marcelo, Leidiane e Creuza, dentre outros (que sofremos muito no trajeto do
exame), dentre outros, que me proporcionaram uma convivência única, fornecendo-
me conhecimentos de todo o tipo.
Por fim, à Faculdade Cearense e a todos os professores que compõem o
curso de Direito da instituição, pelos conhecimentos que utilizarei com êxito na
minha vida prático-profissional.
“Deus é a lei e o legislador do
Universo.”
(Albert Einstein).
RESUMO
A presente monografia tem por objetivo destacar as causas, efeitos e consequências, bem como os principais aspectos da alienação parental e sua influência nas relações familiares, com base na Lei 12.318/10 (Lei da Alienação Parental), que a regulamenta. Serão abordados os relacionamentos entre pais e filhos no determinado contexto das transições familiares, ressaltando-se principalmente os danos psicológicos de crianças e adolescentes vítimas da tão conhecida SAP (síndrome da alienação parental), bem como a implantação de falsas memórias e as necessidades de serem combatidas tais posturas por parte dos genitores, que detêm geralmente a guarda física sobre os filhos, desequilibrando o relacionamento entre eles e outro genitor, porém, quando não identificada a tempo pelo Poder Judiciário a SAP, pode instalar-se e prejudicar o seu desenvolvimento com sequelas se não trabalhadas irreversíveis. Será relatado o advento da mulher, seu crescimento e com isso a inversão de papéis, onde o a esposa trabalha fora e o homem ocupa seu posto cuidando dos filhos e da casa, muitas vezes, por conta dessa confusão de papéis, originam-se as crises conjugais, onde as crianças são as principais vítimas, o processo da Alienação Parental, é instalado naquele núcleo familiar, mesmo antes dos pais estarem separados. O divórcio também será abordado não só com uma perspectiva negativa para a família, mas, como uma forma de minimizar conflitos e com isso cada genitor dedicar tempo de qualidade para seus filhos. Todavia, na maioria das vezes não é bem assim que acontece, pois, com a facilidade com que estão acontecendo os divórcios, acabam os pais recasando com mais facilidade e a partir desses recasamentos, encontros e desencontros, tristezas, frustações e crises, onde a criança não sofre mais com a Alienação parental, e sim com a Síndrome da Alienação Parental, onde o genitor que detém a guarda já não se preocupa com o bem estar psíquico de seus filhos e sim consigo próprio, sempre acusando o outro genitor que não detém a guarda, como já relatado acima, fazendo de tudo para prejudicar o outro, muitas vezes implantando falsas memórias, causando danos irreversíveis, haja vista, a criança na formação de sua personalidade, muitas vezes não diferencia entre o real do imaginário.
PALAVRAS-CHAVE: síndrome de alienação parental (SAP), conceito de família e divórcio, direito de família.
ABSTRACT
This monograph aims to highlight the causes, effects and consequences , as well as key aspects of parental alienation and its influence on family relationships , based on Law 12.318/10 ( Parental Alienation Act ) , which regulates . Relationships between parents and children will be addressed in the specific context of family transitions , emphasizing mainly the psychological damage to children and adolescents victims known as SAP ( parental alienation syndrome ) , as well as the implantation of false memories and needs to be tackled such attitudes on the part of parents , who generally hold physical custody over their children, unbalancing the relationship between them and the other parent , however, are not identified in time by Judiciary SAP may settle and compromise their development with irreversible sequela e if not worked . The advent of women, their growth and this role reversal, where the the wife works outside and the man takes his job taking care of the children and the home, often because of this confusion of roles, originate marital crises will be reported where children are the main victims, the process of parental Alienation, is installed in that household , even before parents are separated . The divorce will be investigated not only with a negative outlook for the family, but as a way to minimize conflicts and thus each parent devote quality time to their children. However , most often not quite what happens , because with the ease with which divorces are happening , eventually remarrying parents more easily and is starting these remarriages , and disagreements , sorrows , frustrations and crises , where child no longer suffers with parental Alienation , but with the parental Alienation Syndrome , where the parent who has custody is no longer concerned with the psychological well-being of their children , but with himself , always accusing the other parent who does not hold custody , as reported above , doing anything to harm another , often implanting false memories , causing irreversible damage , considering the child in the formation of his personality often does not differentiate between the real and the imaginary. Keywords: syndrome (sap): parental alienation: concept of family: divorce, family law.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
1 O CONCEITO DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA E SUAS DIVERSAS
FACES NA ATUALIDADE...............................................................................
11
1.1 Considerações iniciais ............................................................................. 11
1.2 O direito de família brasileiro ................................................................ 13
2 ALIENAÇÃO PARENTAL X SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL.... 14
2.1 Formas de enfrentamento à alienação parental...................................... 17
2.2 Síndrome de alienação parental (SAP)...................................................... 19
2.3 Efeitos e consequências........................................................................ 22
2.4 As comparações das falsas denúncias com a síndrome de alienação
parental................................................................................. ....................
26
3 ALIENAÇÃO PARENTAL DENTRO DO CONTEXTO FAMILIAR............... 27
3.1 Divórcio....................................................................................................... 29
3.2 atuações do direito de família em casos de alienação parental................. 33
CONCLUSÃO................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS................................................................................................ 38
9
INTRODUÇÃO
O conceito de família desde os primórdios da humanidade mostrou que, para
viver mais, tinha que se viver em comunidade, por isso, sempre se andava em
grupos, até como forma de proteção. Desta junção de pessoas nasce a ideia de
família. Hoje, a realidade, tanto no âmbito social quanto no jurídico, depara com a
mudança do conceito de família, que atualmente está muito distante do conceito
descrito em nosso ordenamento jurídico, ou seja, o conceito de família não está
restrito ao modelo convencional.
A mudança do conceito de família vem juntamente com a nova formação de
outros modelos dentro do âmbito familiar, como, por exemplo: a convivência com
famílias recompostas, mono parentais, homo afetivas, entre outras. De acordo com a
Lei 12.318/10, em seu art. 3º, o conceito de alienação parental é a interferência
promovida por um dos genitores na formação psicológica da criança, para que
repudie o outro, bem como atos que causem prejuízos ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculo com este (OLIVEIRA, 2008).
De acordo com Zeanah e Scheeringa (1997), os efeitos do conflito conjugal
eram principalmente determinados pela exposição criança/adolescente a episódios
de discórdias familiares e não somente a uma alteração das práticas educativas por
parte dos pais.
Porém, a síndrome de alienação parental também pode ser provocada pelo
genitor não guardião, que manipula afetivamente a criança nos momentos das
visitas para influenciá-la a pedir para ir morar com ele, a fim de requerer a reversão
judicial da guarda como forma de vingança contra o ex-cônjuge e/ou para afirmar-se
socialmente como “bonzinho” (PERISSINI, 2007).
A Lei como dispositivo legal que constitui nítido avanço ao ordenamento
jurídico, pois veio para resguardar direitos à criança e ao adolescente que
representam o futuro do nosso país, ou melhor, da humanidade. Por outro lado, a
Lei não consegue resguardar a criança ou adolescente dos danos psíquicos
causados pelo alienante no seu ambiente familiar.
Contudo, os arts. 1.583 e 1.584 do Código Civil, que vieram a disciplinar a
guarda compartilhada que veda a monopolização do genitor que detém a guarda
sobre os filhos, contribuindo, assim, para a saúde psíquica das pessoas envolvidas
no processo de separação. Relatarei também sobre uma visão diferenciada, ou seja,
10
positiva a respeito do divórcio parental quando se trata de um tema que causa tantos
danos psíquicos que é a SAP. (síndrome da alienação parental).
Nesse sentido, este trabalho monográfico tem o objetivo tratar sobre a
alienação parental, não só para âmbito jurídico, mas também sobre os danos
psíquicos causados em crianças e adolescentes envolvidos no processo de litígio.
Esta temática é de grande importância para a sociedade nos dias atuais, pois mostra
acima de tudo os benefícios trazidos com a criação e a evolução da Lei 12.318/10
(Lei da alienação parental) ao longo dos anos, haja vista sempre ocorrerem casos
de alienação parental, porém, nunca antes tinham sido trabalhados com tanta
eficiência e eficácia por parte do âmbito jurídico, embora ainda se haja muitas
dificuldades de comprovação por parte dos familiares envolvidos.
11
1 O CONCEITO DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA E SUAS DIVERSAS FACES NA
ATUALIDADE
1.1 Considerações iniciais
O crescimento da economia colaborou grandiosamente com a pressão pelo
consumo de bens e serviços, características típicas do capitalismo, antes produzidas
no espaço domiciliar. Passou a apertar os orçamentos familiares e o trabalho passou
a ser um instrumento também utilizado pelas mulheres. Logo, os costumes que
marcaram época podem ou não estar longínquos dos atuais, pois, os conceitos
evoluíram ou, até mesmo, mudaram de denominação. Podemos até assegurar que
existem novas configurações de arranjos familiares, ou seja, formas de constituir-se
família dentro de uma sociedade. Porém, percebemos que permanece ainda o
desenho de organização nuclear da família, ou seja, o casamento monogâmico
ainda predomina.
Mesmo no século XXI, ainda podemos observar a discriminação e a opressão
feminina das maneiras mais diversas, camufladas, especialmente dentro da
instituição que busca a modernização a cada dia mantendo o seu conservadorismo,
a família. As modificações sociais ocorridas na segunda metade do século XX e
refeitas nesse início do século XXI redefiniram também os laços familiares. A
afirmação da individualidade pode resumir o sentido de tais mudanças, com
implicações nas relações familiares atuais.
Na sociedade moderna, o casamento, muitas vezes, não é verdadeiro. O que
encontramos normalmente é uma busca incessante pela estabilidade financeira, a
satisfação individual e a realização de um sonho: casar-se, o que acaba conduzindo
a um casamento no qual os projetos individuais são esquecidos, em que um se
anula em relação ao outro.
O problema está em compatibilizar a personalidade e a recíproca dos
familiares, ou seja, ao abrir espaço para ser um indivíduo único com seus sonhos e
projetos individuais, faz-se com que se renovem as concepções das relações
familiares. O conflito dessas novas batalhas diárias influencia diretamente no
cotidiano das relações, trazendo diversas consequências.
Podemos ainda dizer que existe uma brusca alteração no núcleo familiar, nas
relações de familiares e na feição das relações na família, novas ações que trazem
12
consequências de modelos familiares e também no convívio social, gerando impacto
profundo na construção do eu de cada membro da família.
A construção da nova identidade formada irá se refletir em todos os outros
tipos de relações sociais ampliadas, não apenas no âmbito familiar. Neste contexto,
encontramos a nova nomenclatura para a “família moderna”, que se distingue pelos
diferentes tipos de reestruturação.
As novas configurações familiares diferenciadas podem ser propostas de
diversas formas, renovando considerações preestabelecidas, redefinindo os papéis
de cada membro do núcleo familiar. Segundo Ferrari & Kaloustian (2002, p.14), cada
vez mais são encontradas famílias cujos papéis estão confusos e difusos se
relacionados com os modelos tradicionais, rigidamente definidos. As relações,
comparadas com as estabelecidas no modelo tradicional estão modificadas, os
próprios membros integrantes da nova família estão diferenciados, a composição
não é mais a tradicional, as pessoas também estão em processo de transformação,
na forma de pensar, nos questionamentos, na maneira de viver no mundo em
constante processo de mudança.
Atualmente, no Brasil, o novo organograma familiar coloca os profissionais
que trabalham com a família e seus próprios membros tentam compreender tal
fenômeno social. Após a legalização do divórcio e com o começo de uma nova
abertura para a discussão referente aos clusters (papeis sociais) de cada
composição de família, têm proporcionado grandes mudanças que nos levam a
pensar e a fazer questionamentos sobre o valor do casamento e da instituição
família como: “indissolúvel e inquestionável”.
Este é a penas um dos fatores que nos mostram as alterações mais intensas
e profundas na estrutura da família brasileira. Não podemos negar o fato de que,
depois de instituído o divórcio, a lei passou a permitir quantos divórcios e posteriores
novos casamentos o homem e a mulher desejassem o que ocasionou profundas
mudanças no âmbito familiar.
A situação atual da família também pode ser observada a partir de um olhar
diferenciado a respeito das transfigurações das diversas formas de vida conjugal,
dos modos de gerenciar a natalidade e no modo de divisão dos papéis para cada
membro da família e principalmente a forma pela qual ela é visualizada atualmente.
Apesar de vários conceitos e temas abordando a família terem passados por
releituras, revisões e aprimorados, ainda estão imersos dentro da realidade dura de
13
cada época. Nos dias de hoje, ainda podemos encontrar determinados conceitos
que se repetem simplesmente com outra roupagem.
Para Roudinesco (2003), a organização familiar contemporânea repousa em
três fenômenos sociais marcantes: a revolução da afetividade, a “maternalização” da
célula familiar, ao conceder um lugar especial para os filhos e a prática sistemática
da contracepção, que permite a organização mais individualizada da família. Os
casamentos são mais tardios e os casamentos arranjados praticamente
desapareceram. Em decorrência destas mudanças, a família nuclear tradicional
começa a tornar-se uma exceção em um universo marcado pelo trinômio:
casamento, separação e recasamento.
1.2 O direito de família brasileiro
O direito de família aqui no Brasil baseia-se em normas de Direito Público e
Privado, que trata a família como um organismo social intermediário entre o Estado
e o indivíduo, o que limita a autonomia da vontade e impõe “normas cogentes,
objetivando uma regulamentação uniforme para as relações que se estabelecem no
âmbito do direito de família.” (CACHAPUZ, 2003, p. 90).
O casamento, apesar de tudo, ainda faz parte da subjetividade da maioria dos
indivíduos que mantêm o sonho de uma união feliz. Quando, porém, um casal
decide-se pela separação, esta escolha representa a resposta final a um conjunto de
frustrações pessoais provocadas pela não realização de esperanças e anseios
mútuos. Estes acontecimentos, durante o processo de divórcio, passam a
desencadear falhas na comunicação e interpretações errôneas permeadas de
mágoas e ressentimentos, gerando, deste modo, conflitos responsáveis pelas
disputas pela guarda, visitas e discussões em torno da pensão de alimentos.
Embora na sociedade brasileira ainda prevaleça a crença de que o Estado,
em sua função jurisdicional, tem capacidade para dirimir os conflitos, também é
verdade que, “no fundo, estamos cada vez mais inclinados a viver segundo o
predomínio social sobre o estatal, preferindo sempre que possível, resolver nossas
questões por nós mesmos.” (REALE, 1996, p. 2).
Atualmente, o modelo cartesiano e tradicional de família, onde os papéis já
estavam definidos, deu espaço a uma gama de outros modelos e formas de
relacionamentos familiares e que têm muitas diferenças do modelo tradicional.
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Essas mudanças são partes de nossas histórias, partes de nossa sociedade, partes
de nossas vidas.
2 ALIENAÇÃO PARENTAL X SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL
Aqui no Brasil a Lei n. 12.318/2010 dispõe sobre a alienação parental. De
acordo com essa lei, alienação parental é a interferência na formação psíquica da
criança ou do adolescente, criada por quem tem autoridade parental sobre ela, com
a intenção de prejudicar o vínculo afetivo do menor com seu parente que não detém
a guarda (artigo 2º, caput, da Lei n. 12.318/2010).
A lei demonstra algumas maneiras pelas quais a alienação parental pode
evidenciar-se. Entre elas, pode-se citar: uma má-interpretação sobre a conduta do
genitor, com a finalidade de apagar toda a referência deste no imaginário infantil;
interromper alguma forma de contato da criança ou adolescente com seu genitor,
bem como o exercício do direito de convivência familiar; alteração de residência,
podendo muitas vezes mudar de bairro ou até mesmo de cidade imotivadamente,
visando atrapalhar o convívio da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avós e outros (artigo 2º, parágrafo único, da Lei n.
12.318/2010).
Todavia, o comportamento alienante de quem provém a autoridade parental
sobre esses menores não é novidade, pois acontece com muito mais frequência do
que imaginamos. Quem nunca escutou amigos, colegas ou pessoas próximas que
dizem: A culpa é do seu pai ou mãe, sempre tratando com desrespeito a figura de
autoridade do outro para o menor? No entanto, a publicação da Lei n. 12.318/2010 é
uma arma a mais que possibilitou identificar e coibir este tipo de conduta alienante,
conservando a integridade psicológica da criança ou do adolescente que está sendo
alienado pela autoridade parental.
O responsável pela guarda do filho está condicionado aos seus interesses. De
acordo com Paulo Lôbo, “o poder familiar é o exercício da autoridade dos pais sobre
os filhos, no interesse destes.”
No entanto, Maria Berenice Dias sustenta que:
o poder familiar é, na verdade, um dever familiar, sendo que a melhor denominação para esse dever seria “autoridade parental”, que deve ser exercida por ambos os genitores, observado o princípio da proteção integral de crianças e adolescentes (artigo 227 da Constituição Federal/88), ou seja,
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o interesse dos pais fica subordinado ao interesse do filho, que deve sempre prevalecer.
Com a separação dos genitores, mesmo que o filho passe a morar com
apenas um deles, não interrompe o poder familiar e o direito da convivência com o
núcleo familiar. Ainda que o genitor que detém a guarda contraia novas núpcias ou
união estável, o novo cônjuge ou companheiro não pode interferir no poder familiar
(artigo 1.636 do Código Civil). Segundo Paulo Lobo,
A formação da criança em sua qualidade de sujeito de direitos fortaleceu o
princípio constitucional da prioridade absoluta (art. 227 da Constituição/88)
de sua dignidade, de seu respeito, de sua convivência familiar, que não
podem ficar comprometidos com a separação de seus pais. Porém, Maria
Berenice Dias sustenta que: “A dissolução dos vínculos afetivos não se
resolve simplesmente indo um para cada lado, quando da união nasceram
filhos”.
O fim do relacionamento dos pais não leva à cisão dos direitos quanto aos
filhos. O rompimento da relação de conjugabilidade dos genitores não pode
comprometer a continuidade dos vínculos parentais, pois o exercício do poder
familiar em nada é afetado pela separação. O estado de família é indisponível.
A afetividade nos laços familiares é a tendência que se busca seguir. De certa
forma, é assim que o legislador constituinte atribuiu ao filho adotivo os mesmos
direitos dos filhos biológicos, vedadas quaisquer designações discriminatórias (artigo
227, § 6º, da Constituição Federal/88).
O direito da criança e do adolescente à convivência familiar está atribuído não
só no Estatuto da Criança e do Adolescente (artigos 4º, caput, 16, inciso V, e 19,
caput), como também está elevado à esfera constitucional, como princípio
fundamental (artigo 227, caput, da Constituição Federal/88).
Sendo assim, a criança ou adolescente que passa pelo processo de alienação
parental sofre desrespeito e grave violação por parte de seus superiores, privando
seus interesses da convivência daquele parente por quem alimenta afetos. Segundo
o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente,
O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
16
Com frequência, a principal vítima da alienação parental é a criança, tendo
em vista que é mais fácil receber as influências daquele genitor que detém a guarda
e está sempre ao seu lado, pois, a criança ainda não tem o discernimento
necessário para diferenciar a fantasia da realidade. Contudo, nada impede que um
adolescente também seja vítima de alienação parental.
Dentre os principais danos causados pela alienação parental, além da perda
da convivência familiar, a criança pode sofrer depressão, baixo rendimento escolar,
introversão ou comportamento antissocial, sentimento de culpa, como se fosse a
causadora do problema entre seus familiares, rebeldia, dentre outros.
As causas da alienação parental são as mais variadas, desde um simples
conflito entre os genitores, ou ciúmes do outro genitor com a criança, até questões
mais complexas, como a quebra de uma relação contra a vontade do alienante ou
uma manipulação para o genitor.
Todavia, em qualquer das hipóteses não se pode perder de vista o melhor
interesse da criança. Se o genitor alienante tem a capacidade de submeter a criança
a traumas psicológicos tão profundos, deve ser culpada e ampliada a convivência da
criança com o genitor alienado e seus demais parentes.
A alienação parental pode ser caracterizada através de uma avaliação
multiprofissional, formada por especialistas na área, como psicólogos e assistentes
sociais do juízo familiar. Estes profissionais devem acompanhar os envolvidos e
observar a convivência entre genitor alienado e a criança, bem como prestar
atenção no discurso e nas ações do genitor alienante, apontando em seus laudos e
pareceres técnicos suas impressões a respeito de eventual alienação parental e as
consequências desta na criança.
Esses profissionais são auxiliares do juiz e estão habilitados a elaborar laudos
técnicos que possibilitam ao juiz analisar o contexto que envolve as partes.
Verificada a ocorrência de alienação parental, o juiz deve adotar as medidas
autorizadas pela Lei n. 12.318/2010 ou outras que se fizerem necessárias, com base
no seu poder geral de cautela, para restabelecer a convivência da criança com o
genitor alienado.
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2.1 Formas de enfrentamento à alienação parental
Como já dito, a alienação parental pode ser identificada com o auxílio de uma
equipe multiprofissional, da confiança do juízo, que atuará diretamente com as
partes envolvidas, procurando analisar o contexto social e psicológico do caso.
Segundo o artigo 151 do Estatuto da Criança e do Adolescente, compete à equipe
Inter profissional, dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência,
e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação,
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.
Pautando-se nos laudos técnicos que apontam a ocorrência de alienação
parental, o juiz deve agir o quanto antes para corrigir as distorções causadas pela
conduta alienante, buscando assegurar à criança o restabelecimento do contato com
o genitor e os demais parentes alienados e do convívio familiar amplo.
Em qualquer ação que haja menor envolvido, o que se pretende é garantir os
superiores interesses da criança e, acima de tudo, sua dignidade (artigo 3º do
Estatuto da Criança e do Adolescente e artigo 227, caput, da Constituição Federal).
Pelo princípio da paternidade responsável (artigo 226, § 7º, da Constituição Federal
combinado com o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente), os pais são
responsáveis pela educação, criação e assistência dos filhos.
Aquele que detém a guarda possui os deveres de prestar à criança ou ao
adolescente assistência material, moral e educacional (artigo 33, caput, do Estatuto
da Criança e do Adolescente). A assistência material visa a suprir as necessidades
básicas do menor, dando-lhe alimentação, saúde, vestuário, lazer, dentre outros. A
assistência educacional consiste no dever de matricular o filho menor em escola de
ensino fundamental ou médio, de lhe fornecer todo o material necessário e de
orientá-lo, com a finalidade de ajudá-lo a construir sua personalidade. Por fim, a
assistência moral relaciona-se com a formação psíquica e social do indivíduo. Nesse
aspecto, a convivência familiar exerce enorme importância, pois é com base nela
que a criança formará sua personalidade.
Se o genitor que detém a guarda não cumprir com seu poder-dever de prestar
ao menor assistência material, moral e educacional, a guarda pode ser revogada
(artigo 35 do Estatuto da Criança e do Adolescente). Dessa forma, havendo
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embaraços à visitação do outro genitor, ficando comprovada a alienação parental, o
genitor alienante pode ter a guarda revogada, uma vez que o guardião não está
respeitando um dos direitos fundamentais deste indivíduo em formação, que é o
direito à convivência familiar em seu sentido mais amplo, que engloba os parentes
do genitor alienado.
Considerando que a alienação parental compromete o desenvolvimento
psíquico do menor, qualquer prática que vise a impedir o convívio da criança com o
genitor alienado e seus parentes deve ser imediatamente coibida. Jorge Trindade,
doutor em Psicologia Clínica, aponta como sintomas da alienação parental na
criança a mudança de seu comportamento, passando a apresentar sentimentos,
falta de organização, dificuldades escolares, culpa, dentre outros, podendo até
chegar a comportamento suicida.
Mesmo os profissionais mais qualificados têm dificuldade de identificar logo
de início um caso de alienação parental. Por vezes, o genitor alienante faz
denúncias falsas de maus-tratos ou de abusos sexuais sofridos pela criança. Esses
casos demandam uma atenção especial. Na dúvida sobre a ocorrência ou não de
maus-tratos ou abuso sexual, para resguardar a integridade física e psicológica da
criança, o juiz prefere afastá-la do convívio.
O falso abuso e as falsas memórias tornam-se reais na psique da criança,
que se torna incapaz de discernir o que de fato ocorreu. Nesse sentido, Maria
Berenice Dias explica que:
Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba acreditando naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias.
Verificada a ocorrência de alienação parental, após a realização de todas as
provas, inclusive os laudos técnicos elaborados pelos peritos, com a oitiva da
criança e de seus genitores, o juiz pode aplicar as medidas previstas no artigo 6º da
Lei n. 12.318/2010. São elas: declarar a ocorrência de alienação parental e advertir
o alienador; ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
estipular multa ao alienador; determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial; determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
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inversão; determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente e
declarar a suspensão da autoridade parental.
Estas medidas podem ser aplicadas cumulativamente ou não, sem prejuízo
de eventual responsabilização civil ou criminal do genitor alienante e têm como
objetivo a manutenção dos laços familiares e de afeto entre pais e filhos. Tanto é
assim que o artigo 7º da Lei n. 12.318/2010 dispõe que “a atribuição ou alteração da
guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da
criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a
guarda compartilhada.”
Não se trata de aplicar uma punição ao genitor alienante, pois o que se busca
é atender ao melhor interesse da criança. Contudo, deve-se reconhecer que o
rompimento brusco da convivência paterno-filial caracteriza um grave desrespeito
aos direitos daquele que precisa ser prioritariamente protegido.
Uma forma que pode se mostrar efetiva para o restabelecimento da
convivência familiar é através da mediação e de programas institucionais que tentam
conscientizar o genitor alienante dos malefícios da alienação parental para a
formação da criança. Se esta tentativa não se mostrar eficaz, dependendo do grau
de alienação parental, resta ao juiz partir para medidas mais drásticas, como, por
exemplo, a inversão da guarda.
Entretanto, deve-se ressaltar que a inversão de guarda, embora admitida
(artigo 6º, inciso V, da Lei n. 12.318/2010), deve ser utilizada em último caso, pois a
modificação brusca na guarda da criança pode causar-lhe mais prejuízos do que a
falta de convivência com o genitor alienado, tendo em vista a mudança em sua
rotina e os conflitos psicológicos que já vivencia.
Contando com o apoio de equipes multidisciplinares habilitadas para tratar
deste problema, o Judiciário aparece como um importante personagem na luta pela
defesa dos direitos das crianças e adolescentes vítimas de alienação parental,
buscando a aproximação entre estes e os genitores alienados.
2.2 Síndrome de alienação parental (SAP)
A síndrome de alienação parental (SAP) foi definida pela primeira vez nos
Estados Unidos por Richardn Gardner em 1987, anos depois passou a ser
disseminada pela Europa por F. Podevyn em 2001. Despertou mais tarde um
20
interesse na área de psicologia e do direito, por tratar-se de um problema que afeta
as duas áreas. A psicologia jurídica se une para um melhor entendimento dessa
série de fenômenos emocionais que acontecem com os atos processuais, que no
caso seriam os envolvidos no divórcio ou separação, os filhos.
Depois das ideias de Podevyn, entende-se a síndrome de alienação parental
como um processo que consiste em programar uma criança para que odeie o outro
genitor, sem justificativa, fazendo uma espécie de campanha para a desmoralização
deste. Após um olhar histórico no qual Jorge Trindade relata que a mulher sempre
foi mais habilidosa do que o homem para o cuidado com os filhos, atribuindo-se ao
homem a tarefa de subsistência econômica.
Porém, foi em meados da década de 60 que tudo começou a modificar-se; foi
acontecendo vagarosamente, porém, radical, a transformação destes novos papéis
assumidos pelo sexo antes frágil e sem condições para assumir posições ligadas ao
mercado de trabalho. As mulheres foram se aperfeiçoando no conhecimento formal
e na carreia profissional, competindo, nestes aspectos, lado a lado, com os homens
que, por sua vez, envolveram-se mais nas atividades de casa.
Com o divórcio se tornando mais comum, a mulher obteve mais liberdade no
seu agir e um maior tempo para se dedicar a outras atividades não apenas restritas
ao núcleo familiar. E, então, neste contexto, as disputas judiciais pelas guardas dos
filhos se tornaram mais frequentes nos tribunais.
François Podevyn esclarece que, normalmente, a síndrome irá se manifestar
principalmente no ambiente da mãe, por conhecer historicamente que a mulher é a
mais indicada para exercer a guarda dos filhos: a síndrome se manifesta,
geralmente, no ambiente feminino, melhor dizendo na casa da mãe das crianças,
claramente porque sua instalação necessita muito tempo e porque é ela que tem a
guarda na maior parte das vezes. Todavia, pode se apresentar em ambientes de
pais instáveis, ou em culturas onde tradicionalmente a mulher não tem nenhum
direito concreto.
No final dos anos 90, o pai, antes ausentes por funções do trabalho, agora
passam cada vez mais tempo com seus filhos, oferecendo-lhes tempo de qualidade.
Nas hipóteses de guarda compartilhada, não resta dúvida que a síndrome de
alienação parental é uma forma de maltrato e abuso a qual devemos estar atentos,
principalmente os praticantes e estudiosos do direito.
21
A alienação é um processo que consiste em programar uma criança para que
odeie o outro genitor e normalmente acontece sem uma justificativa plausível. A
primeira manifestação ocorre com um dos pais fazendo campanha para difamar o
outro genitor, é uma combinação de ensinamentos sistemáticos com intervenções
na vida da criança e no seu modo de agir ou pensar.
Esta síndrome se caracteriza por um elevado número de separações e
divórcios da sociedade atual, na qual Rada Kepes em seu estudo sobre o assunto
enaltece: “Geralmente, ela costuma ser desencadeada nos movimentos de
separações ou divórcios dos casais, mas sua descrição ainda constitui uma
novidade, sendo pouco conhecida por grande parte dos profissionais da área do
direito.”
Após separações complicadas, os pais, por quererem mostrar superioridade
ao outro genitor, transformam a consciência dos seus filhos, com formas de agir
muito especificas, muitas vezes por estratégia e com o desejo de obstruir e tirar todo
o vinculo da criança para o outro pai e obter a guarda definitiva somente para si.
“Dessa maneira, podemos dizer que o alienador educa seus filhos no ódio contra o
outro genitor, seu pai ou sua mãe, até conseguir, que eles, de modo próprio, levem a
cabo esse rechaço.”
Com uma maior frequência que se supõe, reiteradas barreiras colocadas pelo
guardião com relação às visitas, estes artifícios e manobras vão desde
compromissos de última hora, doenças inexistentes e o pior disso tudo é que ocorre
por um egoísmo fruto da animosidade dos ex-cônjuges, com a criança sendo
utilizada como um instrumento de vingança.
A criança, que está sofrendo dessa alienação, irá se negar a manter contato
com o seu genitor, sem um motivo aparente. E isso pode ocorrer por vários anos
seguidos com gravíssimas consequências de ordem comportamental e psíquica,
como veremos adiante e geralmente a superação acontecerá somente quando a
criança e o adolescente alcançarem a independência e se derem conta do que
aconteceu.
Enquanto na síndrome a criança terá condutas de recusas ao contato de um
dos genitores, a alienação parental será no caso de um processo de um genitor para
afastar o outro genitor da vida do filho.
22
2.3 Efeitos e consequências
Como a criança é levada a odiar o outro genitor, acaba perdendo um vínculo
muito forte com uma pessoa importante para a sua vida, com consequências para si
e também para o pai vítima. Segundo Podevyn, “o vínculo entre a criança e o genitor
alienado será irremediavelmente destruído.” Com efeito, não se pode reconstruir o
vínculo entre a criança e o genitor alienado se houver um hiato de alguns anos. O
genitor alienado acabará se tornando alguém estranho para a vida de criança,
podendo desenvolver diversos sintomas e transtornos psiquiátricos. Sem tratamento
adequado, poderão aparecer sequelas capazes de perdurar para o resto da vida,
implicando em um comportamento abusivo para a criança.
Jorge Trindade define que esta síndrome vai também gerar uma identificação
com o abuso e a negligência, até os mal tratos e abuso infantil:
a síndrome de alienação parental tem sido identificada como uma forma de negligência contra os filhos. Para nós, entretanto, longe de pretender provocar dissensões terminológicas de pouca utilidade, a síndrome de alienação parental constitui uma forma de maltrato e abuso infantil.
Alguns outros efeitos comuns que podem ser provocados na criança poderão
variar de acordo com a idade, sua personalidade e o tipo de vínculo que ela possuía
com os pais. Normalmente, os conflitos gerais que aparecem: ansiedade, medo e
insegurança, isolamento, depressão, comportamento hostil, falta de organização
dificuldades na escola, dupla personalidade, entre outros. Mas isso não permanece
para sempre, de acordo com o psicólogo Cuenca:
A angústia e ansiedade pelas quais as crianças passam em todos os processos de separação e divórcio tende a desaparecer à medida que elas retornam à rotina de suas vidas. É o grau do conflito e o envolvimento das crianças neste conflito, que determinam o tipo e o nível de consequências da separação da família, na criança.
Pais que induzem a esta síndrome normalmente deixam as crianças com
vizinhos, babás, amigos, mas evitam deixar com o outro pai, usando desculpas, não
aceitando deixar os filhos porque está fora do horário pré-determinado, ou dizendo
23
que o pai poderá deixar em risco a família e outras coisas deste gênero, que irão
cada vez mais afastar os filhos, tanto de um quanto do outro genitor.
A criança, além do fato de perder um contato, um vinculo com o genitor
alienado, terá seus pensamentos interrompidos e coagidos em direção a
determinados padrões patológicos, que não irão parar até os próprios pais agirem
contra isso. Mas, caso não aconteça, estes abusos emocionais e psicológicos irão
passar de geração a geração, ou seja, quando o menor chegar à fase adulta, poderá
padecer de um grave complexo de culpa, por ter sido fruto de uma injustiça e o
genitor alienante, papel de principal e único modelo para a criança, poderá fazer que
no futuro que ela repita o mesmo comportamento.
Por estas razões, instigar a alienação parental em criança é considerado por
muitos como um comportamento abusivo, comparado a abuso sexual e físico e não
apenas o genitor alienado irá sofrer com isso, mas todos os que fazem parte da vida
da criança, como os familiares, amigos, privando o menor de uma convivência
afetiva e que deveria permanecer integrada.
Síndrome de alienação parental exige uma abordagem terapêutica específica
para cada uma das pessoas envolvidas, havendo a necessidade de atendimento da
criança, do alienador e do alienado. O filho pode assumir uma postura de se
submeter ao que o alienador determina, pois teme que se desobedecer ou
desagradar, poderá sofrer castigos e ameaças.
A criança criará uma situação de dependência e submissão às provas de
lealdade, ficando com medo de ser abandonada do amor dos pais. Ocorre um
constrangimento para que seja escolhido um dos genitores, trazendo dificuldades de
convivência com a realidade, entrando num mundo de duplas mensagens e vínculos
com verdades censuradas, favorecendo um prejuízo na formação de seu caráter.
Para identificar uma criança alienada é mostrado como o genitor alienador
confidencia a seu filho seus sentimentos negativos e às más experiências vividas
com o genitor ausente. Dessa forma, o filho vai absorvendo toda a negatividade que
o alienador coloca no alienado, levando-o a sentir-se no dever de proteger, não o
alienado, mas, curiosamente, o alienador, criando uma ligação psicopatológica
similar a uma “folie a deux”. Forma-se a dupla contra o alienado, uma aliança
baseada não em aspectos saudáveis da personalidade, mas na necessidade de dar
corpo ao vazio.
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Entre as patologias psíquicas verificadas nos adultos, está a síndrome de
alienação parental. Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da
separação, desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de
descrédito do ex-cônjuge. Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com
o filho, quer vingar-se, afastando este do genitor. Para isto, cria uma série de
situações, visando dificultar ao máximo ou a impedir a visitação. Leva o filho a
rejeitar o pai, a odiá-lo.
Tal síndrome até poderia se limitar a um tipo de conduta, que é gerar o
afastamento do progenitor no guardião da prole, mas, geralmente, quando acontece
um quadro mais patológico, os efeitos são mais nocivos. A pessoa alienante vai
além, por um sentimento de ódio e raiva, com um desejo de vingança, acaba
acusando o outro de abuso sexual ou agressões físicas, sem isto ter ocorrido (falsas
memórias).
Essa falsa denúncia irá relatar um lado mais pesado da vingança, pois
sacrifica o próprio filho e lamentavelmente ocorre nos casos de separação mal-
resolvidos, em que surge uma tendência vingativa muito grande. No universo
jurídico, diante de uma denúncia de abuso, o juiz poderá assegurar uma proteção
integral para a criança, não tendo muitas alternativas a não ser expedir uma ordem
em que se determine no mínimo uma suspensão temporária das visitas, ou com elas
reduzida, mediante o monitoramento por uma terceira pessoa. E, com isso, o genitor
alienador consegue parcialmente uma vitória, pois o tempo e a limitação de contato
entre o genitor alienado e o filho jogam a seu exclusivo favor.
O processo acabará operando a favor de quem fez a acusação, pois até que
se esclareça a verdade, mesmo com urgência na avaliação e na perícia, a demora
prejudicará quem for inocente. Primeiramente, com o abuso sexual deverá ser
constatado o que aconteceu, pois ele é uma forma de violência doméstica contra os
menores e como nem sempre deixa marcas físicas é muito complicado de ser
percebido.
Jorge Trindade esclarece e conceitua o abuso: “A criança não tem
capacidade de consentir na relação abusiva, porque o elemento etário desempenha
papel importante na capacidade de compreensão e de discernimento dos atos
humanos.” O abuso acontece em todas as classes e etnias e normalmente não
depende do nível cultural que os envolvidos se encontram e como existe no meio
familiar.
25
Em contrapartida, não se pode esquecer que muitos abusos realmente
acontecem e merecem especial atenção, necessitando sempre de uma investigação.
Não obstante, o fato de imputar falsamente a ocorrência de abuso, com o objetivo de
prejudicar a imagem do outro, por si só merece reprimenda social, a par de também
ser um forte indicativo de alienação, porque, em última instância, produz um
sentimento de abuso na medida em que a criança passa a vivenciar situações antes
comuns e aceitas como abusivas.
Ao perceber a possibilidade de o genitor estar realizando uma implantação de
falsas memórias, tirando uma realidade inexistente, nota-se a outra forma de abuso,
extremamente grave que com certeza prejudicará o desenvolvimento da criança,
criando uma confusão psíquica irreversível. Maria Berenice Dias esclarece muito
bem esta questão, na qual as crianças são submetidas a uma mentira, sendo
emocionalmente manipuladas e abusadas e por causa disso deverão enfrentar
diversos procedimentos como análise, tanto psiquiátrica quanto judicial: nem sempre
a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba acreditando
naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida.
Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e
mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas
personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias. Além
do prejuízo da falsa denúncia, nunca se terá certeza sobre o ocorrido e essas
pessoas adultas são doentes o suficiente para expor os filhos a tal situação,
submetendo-os a exames, entrevistas e acabam também os privando da
convivência normal e elas mesmas acabam acreditando na sua versão, ficando
convencidos de sua posição, acabam angariando amigos e profissionais como
advogados, psicólogos e juízes sobre a falsa implantação.
O abuso emocional, de falsas memórias, por ter dificuldade de avaliação,
torna difícil a convivência com o genitor alienado, inclusive gerando um medo por
parte dos filhos. Estas notícias inclusive desencadeiam na pior situação que o
profissional irá investigar e enfrentar, pois terá o dever de tomar uma atitude, pois
caso se verifique que a denúncia não seja verdadeira, será traumática para a criança
envolvida, pois ela foi levada a um jogo.
Ressalta Jorge Trindade: “Tudo isso traz dificuldade para a criança conviver
com a verdade, pois sendo constantemente levada a um jogo de manipulações,
acaba por aprender a conviver com a mentira e a expressar falsas emoções”. A
26
criança entra num mundo de duplo ambiente, com verdades censuradas, e não é
raro que às vezes ela toma um partido desse conflito, pois essa noção de certo e
errado fica incerta, o que favorece ao prejuízo do caráter.
2.4 As comparações das falsas denúncias com a síndrome de alienação
parental
A psicologia forense no Poder Judiciário na questão da síndrome de
alienação parental, um aspecto muito importante a ser observado é a utilização do
perito, conforme verificamos nas jurisprudências citadas e normalmente eles são
assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras e que são chamados especialistas da
área de psiquiatria forense.
Os profissionais dessa área atuam como peritos, por designação formal de
autoridade judicial ou administrativa, ou como assistentes ou assessores técnicos,
contratados pelas partes interessadas. Para propiciar o exercício destas funções, a
psiquiatria forense utiliza conhecimento científico e clinico (mais que terapêutico),
visando a fornecer noções técnicas indispensáveis à solução de questões de ordem
técnica psiquiátrica ou afins nos procedimentos jurídicos.
Como vimos, exige-se deste perito uma competência técnica e específica
para esta tarefa, este problema. Para Denise Maria, deve-se ter conhecimento
teórico e também prático sobre a psicologia infantil, a saúde mental da criança e do
adolescente e sua família: um bom perito deve ser, antes de tudo, um bom médico
(psiquiatra) ou psicólogo, com no mínimo dois anos de prática clínica, a fim de
conhecer o diagnóstico. A partir daí, saber articular o discurso médico ou psicológico
com o forense.
No próximo passo, iremos verificar os direitos fundamentais da criança, como
liberdade, o respeito e a dignidade, conforme os artigos do ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente) abaixo:
Artigo 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processos de desenvolvimento e como sujeitos de direito civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Artigo 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I – Ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários ressalvados as restrições legais;
27
II – opinião e expressão; III – crença e culto religioso; IV – brincar, praticar esportes e divertir-se; V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI – participar da vida política, na forma da lei; VII – buscar refúgio, auxílio e orientação. Artigo 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Artigo 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
3 ALIENAÇÃO PARENTAL DENTRO DO CONTEXTO FAMILIAR
Atualmente, a alienação parental se dá com a criação de uma relação de
caráter exclusivo entre a criança e o genitor que detém a sua guarda física, com o
objetivo de deixar o outro genitor “de fora” do convívio com o menor. A criança,
quando alienada, não quer ter qualquer tipo de contato com um dos progenitores,
devido às influências de um deles contra o outro, tendo sentimentos positivos por
aquele que está diariamente ao seu lado e sentimentos negativos por aquele que
não faz parte do seu convívio diário. Assim, perde totalmente o vínculo, apego,
confiança e a sensibilidade do afeto natural que deveria existir por ambos os
genitores (SOUZA, 2003).
A guarda permite ao genitor monopolizar o controle sobre a pessoa do filho,
como um “manipulador”, tratando-o como um fantoche, com o intuito de exercer um
poder excessivo, desequilibrando o relacionamento entre este e o outro genitor. Na
maioria das vezes, pelos mais variados motivos, aquele que detém a guarda resolve
adotar diferentes medidas que dificultam a convivência do outro genitor com o filho
menor. Logo que isso acontece, o maior prejudicado é o filho menor. A violência que
este sofre não é física nem facilmente perceptível. Muitas vezes, nem mesmo o
genitor que causa a alienação parental tem noção das trágicas consequências para
seu filho.
É estabelecido o direito à convivência familiar e aparece em diversas normas
do Estatuto da Criança e do Adolescente, como direito fundamental (artigos 4º, 16,
28
inciso V, e 19, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente) e também no artigo
9.3 da Convenção dos Direitos da Criança, segundo o qual “Os Estados Partes
respeitarão o direito da criança que esteja separada de um ou de ambos os pais de
manter regularmente relações pessoais e contato direto com ambos, a menos que
isso seja contrário ao interesse maior da criança.”
Conforme o artigo 3º da Lei n. 12.318/2010, o menor vítima de alienação
parental sofre violação em seu direito fundamental de convivência familiar, prejuízo
nas relações afetivas com a família e abuso moral. O genitor alienante descumpre
gravemente os deveres inerentes à autoridade parental. Havendo indícios de
alienação parental, o genitor alienado deve, o quanto antes, buscar socorro no
Judiciário, que tomará as medidas necessárias para preservar a integridade
psicológica do menor e permitir a convivência familiar.
A força do conflito conjugal sobre a experiência de segurança emocional
ocorre na medida em que as situações de discórdia geram estados de ansiedade na
criança, medo e insegurança (DAVIES & CUMMINGS, 1994). A exposição ao
conflito conjugal teria o papel de interferir na qualidade destas representações
familiares, no momento em que se associam experiências de estresse ligadas às
figuras parentais, fonte das vivências afetivas de estabilidade da criança.
Em termos gerais, o construto segurança emocional corresponde a um
processo dinâmico envolvendo subsistemas regulatórios compostos pelos
componentes (a) de regulação emocional, ou a capacidade da criança em reduzir,
aumentar e manter seu estado emocional quando frente a conflitos; (b) de
representações das relações familiares, ou o significado dos acontecimentos na
família em relação à experiência de segurança emocional e (c) de regulação da
exposição ao afeto, ou dos comportamentos regulatórios que controlam a exposição
da criança aos afetos resultantes das discórdias familiares.
Desta maneira, quando face às situações estressantes envolvendo discórdias
e conflitos familiares, a criança reage ao afeto negativo e à ansiedade, esforçando-
se por criar mecanismos mediadores de controle, tanto em nível de seus próprios
estados de ansiedade interna, como também do controle do comportamento dos
próprios adultos envolvidos na disputa.
Assim, o estado emocional negativo, ativado pela exposição ao conflito
conjugal, perturba o sentido de segurança emocional interna, fazendo com que a
criança procure acionar mecanismos que restabeleçam a segurança emocional.
29
Podem ocorrer tentativas de controle da disputa parental, por meio de interferência
direta da criança ou de condutas de mau comportamento, de agressividade ou de
choro (SMITH, BERTHELSEN & O´CONNOR, 1997).
A capacidade de regulação emocional é determinante da experiência da
criança face ao conflito. Portanto, os efeitos negativos da exposição não resultam
diretamente das características menos ou mais intensas do conflito parental, mas,
sim, da percepção de ameaça à capacidade de manutenção da segurança
emocional interna da criança, alterada pelo conflito. São várias as formas de
alienação parental consideradas, devido à manipulação pelo genitor guardião no
comportamento da criança, bem como, pelo comportamento do próprio genitor, que
age de forma a realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor não
guardião no exercício da paternidade ou maternidade; que dificulta o exercício do
poder familiar; o contato da criança com o outro genitor; que dificulta o exercício do
direito regulamentado de visita; que omite deliberadamente informações pessoais
relevantes sobre a criança ao outro genitor; que apresenta falsa denúncia contra o
outro genitor; que muda de domicílio para locais distantes sem justificativa visando
com isso dificultar a convivência do outro genitor; além dos atos assim declarados
pelo juiz ou constatados por equipes multidisciplinares e os praticados diretamente
ou com auxílio de terceiros (OLIVEIRA, 2008).
3.1 Divórcio
A separação dos pais muitas vezes implica em descontinuidades, rupturas no
holding familiar, gerando sentimentos de perda e desamparo. No entanto, essa
concepção deve ser distinguida do modelo de déficit, como já foi citado, contido nas
pesquisas iniciais sobre divórcio, que trazia implícita uma ideia preconcebida e
determinista a respeito das consequências do divórcio.
No entanto, em certos casos, os efeitos do divórcio não são necessariamente
adversos; muitos filhos se envolvem em uma situação familiar conflituosa para uma
situação mais harmônica e mostram inclusive uma diminuição de problemas após a
separação dos pais. Não é necessariamente a presença do casal parental vivendo
juntos que promove a saúde mental. Às vezes, conviver com pais em constante
conflito prejudica o desenvolvimento dos filhos. Uma das alternativas que alguns
30
estudos apontam é a guarda compartilhada, referida como fator de proteção,
proporcionando para os filhos um melhor ajustamento emocional e comportamental.
O divórcio trouxe um leque de novas configurações e organizações familiares.
Em relação à frequência, nos EUA, o divórcio parental é experienciado por 1,5
milhão de crianças a cada ano (WOLCHIK et al, 2002). No Brasil, o IBGE aponta
que em 2005 foram registrados 717.650 casamentos e 150.714 divórcios. Neste
mesmo ano, o registro total de filhos de casais envolvidos em divórcios somou
227.580.
Sabemos que estes são os dados notificados, mas também temos
conhecimento de uniões e separações não oficializadas que não estão enquadradas
nestas estatísticas. Numa revisão de pesquisas realizadas nas décadas de 1960 e
1970, Hetherington e Stanley-Hagan (1999) constataram que eram baseadas no
modelo de déficit; ou seja, o divórcio era encarado como um evento traumático,
partindo-se do pressuposto de que a saída de um dos pais do lar implicaria em uma
séria consequência para os filhos.
Algumas pesquisas mostram também que com o divórcio, determinadas
crianças amadurecem mais cedo, pois recebem responsabilidades adicionais na
falta da convivência com um dos progenitores, têm maior independência e,
consequentemente, aumenta o poder de decisão (WALSH, 1993). É perfeitamente
compreensível também que a maioria dos filhos sintam-se muito melhor com os pais
separados ou em novas uniões, do que num casamento infeliz, que ocasiona
tensões e desconfortos dentro da família (MALDONADO, 1987).
Nota-se que as consequências do divórcio nos filhos estão diminuindo, à
medida que este está se tornando, a cada dia, mais comum e aceitável. Em seu
estudo, Mazur (1993) constatou que não existem diferenças entre as opiniões de
crianças, com pais divorciados ou não, sobre casamento, divórcio e recasamento.
Algumas pesquisas comparativas entre filhos de famílias divorciadas e
famílias originais revelam que:
- existem mais problemas de ajuste psicológico e social nos
filhos de famílias divorciadas do que nos de famílias originais
(WALSH, 1993);
- ainda que os adolescentes de famílias divorciadas
apresentem atitudes de amor para com seus pais, os de
31
famílias originais tendem a ser mais carinhosos (PARISH &
NECESSARY, 1994).
Por outro lado, nota-se que as consequências do divórcio nos filhos estão
diminuindo, à medida que este está se tornando, a cada dia, mais comum e
aceitável. Em seu estudo, Mazur (1993) constatou que não existem diferenças entre
as opiniões de crianças, com pais divorciados ou não, sobre casamento, divórcio e
recasamento.
Ainda que a complexidade do relacionamento do núcleo familiar reconstituído
seja maior, devido a fatores relativos às experiências prévias de vida matrimonial
dos cônjuges, a necessidade de harmonizar visões educacionais de filhos já
existentes e a interferência dos ex-cônjuges sobre os respectivos filhos, o
recasamento pode ser a construção de uma forma relacional nova e não
simplesmente a repetição e a tentativa de reconstrução de uma relação rompida
(MALDONADO, 1987; PENSO, COSTA & CARNEIRO, 1992).
Especificamente no que se refere às famílias reconstituídas com filhos
adolescentes, encontram-se na literatura padrões de relacionamento peculiares que
caracterizam estes núcleos familiares. Diante dos novos parceiros da mãe e do pai,
a reação inicial dos adolescentes costuma ser bastante ambivalente. Inicialmente,
aparece a relutância em aceitar os novos parceiros dos pais, o que, algumas vezes
se deve ao medo de começar a gostar destas novas pessoas e voltar a perdê-las,
caso elas desfaçam o relacionamento conjugal. Por outro lado, o jovem também se
sente ameaçado e enciumado pelo fato de ter seus pais menos disponíveis para ele.
Nesta mistura de sentimentos, o fato de refazer-se o vínculo conjugal de um
de seus progenitores também faz diminuir a esperança do adolescente em ver seus
pais unidos novamente (MALDONADO, 1987; BARBER & LYONS, 1994; CARTER &
MCGOLDRICK, 1995; TEYBER, 1995).
O papel crucial da família, como responsável pela construção dos projetos de
vida do adolescente, assim como dos seus valores e crenças, se dá na medida em
que ela é o palco onde se vivem e aprendem as primeiras cenas, buscando o
equilíbrio entre o real e o imaginário. Deste modo, à luz da compreensão sistêmica,
em que cada sujeito somente pode ser entendido no contexto familiar, considerando
que qualquer mudança na família afeta todo o sistema, procuramos entender neste
estudo quais as relações existentes entre as crenças e valores dos adolescentes a
partir da configuração dos seus núcleos familiares.
32
A disparidade de papéis pode ser vivenciada pelas mulheres de forma
bastante dolorosa, uma vez que quebra a promessa de igualdade de funções,
alimentada por atitudes dos próprios homens, o que se constitui em uma fonte
adicional de conflitos, numa área já carregada de problemas. Para as mulheres,
mais diretamente as de classe média, em contexto urbano, isoladas, com poucos
parentes e tendo como companhias constantes apenas vizinhos quase que
indiferente o que resulta é um agravamento de sentimentos negativos: solidão, tédio,
aborrecimento, cansaço e tensão (COONTZ, 1997; JABLONSKI, 1998).
A discussão em torno da nova identidade masculina vem crescendo, dentro e
fora do âmbito acadêmico, tornando-se alvo de debates na sociedade
contemporânea. As demandas agora parecem estar mudando o modelo tradicional
de pai distante, provedor e autoritário, dando lugar a alguém participativo, envolvido
nas questões de sua prole. São transformações significativas, que remexem
sentimentos e relacionamentos e fazem com que, ao se tornar pai, o homem procure
resgatar a experiência que teve com o seu próprio pai, o que pode gerar sofrimento
e desconforto (DANTAS, 2003).
Até algum tempo atrás, os relacionamentos entre pais e filhos eram marcados
pelo distanciamento e por uma postura autoritária dos pais. Hoje, assiste-se a uma
proximidade do contato, incentivando a demonstração de afeto e a participação
ativa, durante o crescimento das crianças. Ainda segundo a autora, estar-se-ia
presenciando maior flexibilidade nos papéis paterno e materno, que podem sair dos
estereótipos rígidos e experimentarem-se novas situações.
Com isso, a expectativa de permanência conjugal deu lugar a um padrão de
sucessões conjugais, já que a maioria dos indivíduos irá casar-se novamente, dados
plenamente confirmados por pesquisas mais recentes, tanto no que diz respeito aos
índices de separação quanto aos de recasamento (COONTZ, 1997).
O relacionamento precisa ser alimentado e a criança ter o seu lugar
assegurado e respeitado. Almeida, Wethington e McDonald (2001) afirma que o
relacionamento entre pai e filho é bem mais forte, quando ambos se encontram
frequentemente, sendo que a continuidade desses encontros proporciona ao pai a
capacidade de impor disciplina ao filho. Como auxiliar pais e filhos no processo de
separação de forma a conscientizá-los sobre os danos causados aos seus filhos e a
eles próprios em casos de alienação parental?
33
No âmbito jurídico iniciam-se com um processo com a mediação em ambas
as partes, quando identificado alienador e alienado através de laudo técnico por
parte de uma equipe multidisciplinar, já no âmbito psicológico geralmente é iniciado
o tratamento psicoterápico principalmente se no caso o alienado for criança.
3.2 ATUAÇÕES DO DIREITO DE FAMÍLIA EM CASOS DE ALIENAÇÃO
PARENTAL
O direito de família, entre todos os ramos do direito civil, é aquele que mais
envolve nossa afetividade e abarca nossas relações e vidas. Para o direito de
família, o núcleo familiar é a célula mãe da sociedade humana cuja importância é
revelada pela própria tutela oferecida pela atual e vigente Constituição Federal
Brasileira. Muito embora que, a família não se reconheça personalidade jurídica,
sendo uma entidade amorfa e não possa sofrer a desconsideração da personalidade
jurídica.
Clóvis Beviláqua definiu o direito de família como: “é complexo das normas
que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele
resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução
desta, as relações entre pais e filhos, o vínculo de parentesco e os institutos
complementares da tutela e curatela”.
No direito de família vão repercutir aqueles graves problemas que atraem as
atenções de sociólogos e políticos ante o crescimento demográfico e a disparidade
entre o aumento populacional e dos meios de produção alimentícia, o que faz surgir
em debate a questão do controle de natalidade, preocupa também o Estado, é há
uma disposição constitucional no art. 226, sétimo parágrafo que informa que o
planejamento familiar é livre decisão do casal, duna dado nos princípios da
dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Portanto,
contemporaneamente o Direito de Família ampliou definitivamente sua incidência
não se limitando a disciplinar apenas as famílias inauguradas pelo casamento mas
também todo e qualquer arranjo familiar (tipificado ou não).
Com o advento da Constituição Federal Brasileira de 1988 é defendida a
prevalência do direito de família constitucional. Principalmente porque o Código Civil
de 191,6 eivado do espírito patrimonialista, matrimonia lista e patriarcal foi superado
pelo vigente Código Civil de 2002, o que corrobora com a assertiva de Cristiano
Chaves de Faria:
34
A entidade familiar deve ser entendida, hoje como grupo social fundado, essencialmente, em laços de afetividade, pois outra conclusão não se pode chegar à luz do Texto Constitucional, especialmente do art. 1º, III que preconiza a dignidade da pessoa humana como princípio vetor da República Federativa do Brasil.
Muito embora permaneça a discriminação quanto à concubina seja na seara
do direito de família como na sucessória, quanto a prole não vige mais essa injusta
distinção. Embora o direito de família de fato contenha preceitos de ordem pública
não se identifica com o direito público, tanto que a família, por toda sua extensa
importância social por ser a base de toda a sociedade, o que requer certa
intervenção de natureza institucional, em obediência aos interesses maiores de
preservação dos direitos provenientes das relações jurídico-familiares.
Tal distúrbio pode afetar tanto crianças como adolescentes que são vítimas
de interferência psicológica indevida realizada por um dos pais com o propósito de
fazer com que repudiem o outro genitor. Há um jogo de lealdade e a criança é
manipulada para rejeitar o outro e provar seu amor e admiração ao outro genitor.
Porém, com esta não se confunde, vez que a alienação está ligada a
situações envolvendo a guarda de filhos ou a algo análogo por pais divorciados ou
em via de separação litigiosa, ao passo que a AFH ou ambiente hostil familiar seria
mais abrangente e presente em quaisquer situações em duas ou mais pessoas
ligadas à criança ou adolescente e que estejam divergindo sobre educação, valores,
religião etc.
A doutrina estrangeira também menciona a HAP (hostile aggressive
parenting), o que veio a ser denominada por AFH ou ambiente familiar hostil que é
uma situação muitas vezes tida como sinônima de alienação parental ou síndrome
do pai adversário. Enfim, divergem sobre o que seria o melhor para a criança ou
adolescente. Na doutrina internacional, uma das principais diferenças apontadas
reside no fato que o AFH estaria ligado a decisões concretas que afetam crianças e
adolescentes, ao passo que a síndrome SAP se verifica relacionada com as
questões voltadas à mente e ao fator psicológico. E, por causa de seus
devastadores efeitos, o legislador aprovou em 26 de agosto de 2010 a Lei 12.318,
que dispõe sobre a alienação parental no Brasil.
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Adiante expõe o art. 3º que a prática de ato de alienação parental fere direito
fundamental de ter convivência familiar saudável, prejudica a realização do afeto e
constitui abuso moral contra a criança e o adolescente, além de significar grave
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrente da
tutela ou guarda.
Exemplifica a lei quais condutas podem ser caracterizadas como alienação
parental, seja direta ou indiretamente realizada (por meio de terceiros), sem prejuízo
de outros comportamentos ainda que não delineados em lei e reconhecidos pelo juiz
ou por perícia. São atos de alienação parental: realizar campanha de
desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade,
dificultar o exercício da autoridade parental ou o direito de visitação, à convivência
familiar, ou omitir deliberadamente informações sobre o genitor, apresentar falsa
denúncia contra o genitor, ou contra seus familiares, com o fito de obstar ou dificultar
o contato com a criança ou adolescente. Mudar de domicílio para local distante, sem
justificativa, visando dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro
genitor e com demais familiares.
Em nível processual, a fim de se aplicar sanções legais, não exigiu a lei prova
suficiente da ocorrência dos atos de alienação parental que passam a ser ilícitos, se
contentando com meros indícios. É assegurada à criança e ao adolescente a
garantia mínima da visitação assistida, ressalvados os casos em que há riscos à sua
integridade física ou psíquica ou mediante atestado profissional eventualmente
designado pelo juiz para o acompanhamento de visitas.
A priori, a exigência legal de mera matéria indiciária poderia parecer que
afrontaria nosso sistema constitucional, que prevê a ampla defesa, mas não procede
tal entendimento, posto que se objetiva dar a mais absoluta prioridade à defesa da
própria criança e adolescente, que são vítimas de terrível programação psicológica e
que tanto dificulta a reconstrução fática da prova em juízo.
Cuidou ainda a nova lei de fixar as sanções cabíveis a serem impostas ao
alienador, sem prejuízo de se buscar sua responsabilização civil e criminal cabível.
São especificadas tais sanções nos incisos do art. 6º, que vão desde a advertência
ao alienador até ao máximo da suspensão da autoridade parental. Mesmo que
inverta a obrigação de levar ou retirar a criança ou adolescente da residência do
genitor. De qualquer forma, será igualmente garantido o contraditório e a ampla
defesa sob pena de nulidade processual.
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Não prevê a lei o mínimo prazo para suspensão do poder familiar, o que faz
presumir que pode perdurar até que o filho venha a galgar a plena capacidade civil,
caso em que se extingue o próprio poder familiar. Também há a estipulação
pecuniária de multa que não conta com apoio de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona
Filho, até porque não surge o efeito sócio-afetivo esperado.
O que se visa com a aplicação da multa ao alienador é que deixe de praticar o
comportamento nocivo. Mais uma vez procurou-se a tutelar a criança e o
adolescente e principalmente a necessidade de se ter uma convivência saudável
mesmo no caso do rompimento das relações conjugais dos pais, prestigiando-se
novamente o princípio da afetividade e da paternidade ou maternidade responsável.
E, nesses casos é indispensável a atuação do Ministério Público do Trabalho,
principalmente em razão dos interesses dos filhos menores que todas tinham,
principalmente para garantir equânime divisão entre os dependentes e o justo
cálculo da meação. O que nos remete ao tema complexo que é saber se a
monogamia pode ser considerada como princípio em nosso ordenamento jurídico
concerne às relações familiares. Em verdade, refletimos a fidelidade em um valor
juridicamente tutelado e tanto o é que o mesmo é erigido como dever legal seja
decorrente de casamento ou união estável.
Ademais, a violação do dever de fidelidade aliada à insuportabilidade da vida
em comum não somente pode resultar na dissolução da união conjugal ou estável
como pode também admitir compensações indenizatórias. Outra parte da doutrina,
no entanto, propõe situar a monogamia como princípio do direito de família, sendo
um ponto crucial para as conexões morais e organizadores das relações conjugais
(In Pereira, Rodrigo da Cunha. Uma Principiologia para o Direito de Família – Anais do V Congresso
Brasileiro do Direito de Família, Belo Horizonte, IBDFAM, 2006, p. 848-9).
Todavia, em respeito da intervenção mínima do estado no direito de família,
não há de impor coercitivamente a estrita observância da fidelidade recíproca.
Portanto, é recomendável, mormente entender a monogamia apenas como nota
característica do nosso sistema jurídico, não a colocando como princípio em face
principalmente de sua intensa carga normativa.
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CONCLUSÃO
A vida é sempre dinâmica e constantemente evolutiva e às vezes aparecem
situações que o direito não pode conter dentro de sua normalidade. Dessa forma, é
preciso a criação de técnicas no mundo jurídico para alcançar situações de
anormalidade. A Lei como dispositivo legal que constitui nítido avanço ao
ordenamento jurídico, veio para resguardar direitos à criança e adolescente que
representam o futuro do nosso país, ou melhor, da humanidade. Por outro lado, a
Lei não consegue resguardar esta criança ou adolescente dos danos psíquicos
causados pelo alienante no seu ambiente familiar.
Conclui-se que alienação parental é um tema bastante complexo e ainda está
em constante evolução, principalmente dentro do âmbito judiciário. Pudemos
observar após esse trabalho que apesar do surgimento da Lei 12.318/10,
ferramentas, técnicas e profissionais capacitados estamos diante uma síndrome que
ultrapassa os tribunais e consultórios e a não identificação dessa síndrome traz
danos irreversíveis ao ser humano. Cabe a nós profissionais do Direito estarmos
cada vez mais familiarizados com o tema, nos aprimorando e ampliando o universo
de estudo, para que com isso possamos ajudar as famílias, principalmente das
crianças e adolescentes que passam por traumas com sequelas irreparáveis.
Nosso trabalho, como operadores do Direito, visou, juntamente com a equipe
multidisciplinar, procurar reparar os danos causados por quem sofre a síndrome da
alienação parental, pois sabemos que as crianças e adolescentes são o futuro do
país e como estaremos com estes pais e mães no futuro, se não passaram por um
tratamento adequado com relação à SAP?
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REFERÊNCIAS
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