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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
DENISE ARAÚJO SALES
JUCICLEIA SOUZA DOS ANJOS
REVISTA SAÚDE INCASA
FORTALEZA - CE
2013
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DENISE ARAÚJO SALES
JUCICLEIA SOUZA DOS ANJOS
SAÚDE INCASA
Trabalho submetido à aprovação
da Coordenação do Curso de
Jornalismo do Centro Superior do
Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharelado
em Comunicação Social, com
habilitação em Jornalismo.
FORTALEZA (CE)
2013
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DENISE ARAÚJO SALES
JUCICLEIA SOUZA DOS ANJOS
REVISTA SAÚDE INCASA:
Trabalho como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Jornalismo,
outorgado pela Faculdade Cearense - FaC, tendo sido aprovada pelas bancas
examinadoras composta pelos professores: Data de Aprovação:___/___/___
BANCA EXAMINADORA
Professor ...................................................................................................
Professor ..................................................................................................
Professor..................................................................................................
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Dedicamos este relatório primeiramente a Deus, que nos deu sabedoria e saúde. Agradecemos pela força de vontade e a fé, que é nosso ponto de partida. Aos nossos professores, pela colaboração e aprendizado durante nossa graduação, e aos nossos pais e amigos pela paciência e apoio de sempre.
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“Deleita-te também no SENHOR, e Ele te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia Nele, e Ele o fará”. (Salmos 37.4-5.)
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DEDICATÓRIAS
Jucicleia Souza dos Anjos
Agradeço em primeiro lugar a Deus e ao meu esposo Vagner Peres, que sempre
esteve ao meu lado nestes momentos tensos e turbulentos. Sei que muitas vezes
faltei a desejar como mãe e esposa, sem tempo para família.
Dedico também a minha mãe Irismar dos Anjos, guerreira, grande orgulho, inclusive
como amiga, por sempre dedicar-se a mim hoje e sempre.
Também à minha filha Leticya Thaynara, minha razão de viver, por ela sempre corro
atrás de uma vida melhor.
Aos meus professores, pela dedicação e por terem contribuído com meu
aprendizado.
Ao Thiago Cordeiro que nos ajudou bastante, e igualmente à minha parceira Denise
Sales, com quem compartilhei aflições ao longo deste nosso projeto. Verdade,
muitas vezes teve de nos suportar com paciência, mas tudo com um objetivo
grandioso comum. Foi graças à nossa união que damos mais um passo adiante
nesta caminhada.
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Denise Araújo Sales
Quero agradecer primeiramente a Deus, por me dar força para continuar e paciência
para aguentar a jornada.
Aos professores, por tamanho aprendizado durante a graduação.
Dedico de forma incondicional esta conquista aos meus pais, que são meu alicerce e
inspiração para o crescimento.
Aos amigos, em especial a Millena Franco, amiga e responsável por grande
incentivo e ao Thiago Cordeiro.
De forma ampla, dedico a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com meu
aprendizado, aguentaram minhas crises de falta de humor e me deram palavras que
acalentaram meu coração. Muito obrigada a todos.
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SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................................ 11
1. História do Jornalismo ...................................................................................... 13
1.1. Breve história Jornalismo no Brasil ............................................................... 17
1.2. Gêneros Jornalísticos .................................................................................... 19
2. Sistema Único de Saúde (SUS) ...................................................................... 24
2.1. Mudanças e conferências na saúde pública.................................................. 25
3. Projeto gráfico .................................................................................................. 28
4. Diário de campo ............................................................................................... 30
Considerações finais ........................................................................................... 32
Referências ......................................................................................................... 33
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RESUMO
Este projeto consiste na produção de uma revista, em caráter experimental,
intitulada Saúde InCasa; abordará a temática da saúde. Optamos pelo formato
revista pela facilidade que o leitor terá em transportá-la e lê-la, e também pela
proposta editorial, voltada ao mercado de trabalho. Ao longo do relatório Cientifico e
da revista Saúde InCasa o assunto em foco será sobre a saúde pública e Sistema
Único de Saúde- SUS, dentro do cenário da Santa Casa de Fortaleza. O intuito é
mostrar a força do trabalho desenvolvido dentro de uma instituição que atende
prioritariamente pessoas carentes, com verba pública. Também são objetivos da
nossa abordagem jornalística questões como atendimento, acompanhamento e
tratamento oferecidos pela instituição, além de mostrar o funcionamento interno,
como alimentação e ações desenvolvidas para colaboradores.
Palavras chave: Santa Casa; saúde; jornalismo.
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ABSTRACT
This project involves the production of a magazine, on a trial basis, entitled “Saúde
Incasa” and approach the health issue. We opted for the magazine format for the
ease in which the reader will have by carrying it and reading it and also by the
publishing proposal focused on the labor market. Throughout the report of the
Technical-Scientific and Health magazine Incasa will be discussed the public health
and the Sistema Único de Saúde - SUS, within the setting of the Santa Casa de
Fortaleza, in order to show the strength of the work developed within an institution
that attends mainly poor people, with public funds. It is also the objective of our
approach, the service, the attendance and the treatment offered by the institution, as
well as showing the inner workings, as the alimentation and the actions developed for
employees.
Words - Tags: Santa Casa, health, journalism
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INTRODUÇÃO
Este relatório-científico tem como tema principal a saúde e vários fatores
que a cercam. Assim, aborda a temática dos recursos financeiros, gestão e projetos,
além de ser um informativo sobre serviços ofertados nos hospitais de Fortaleza. Ele
também mostra as etapas de criação e desenvolvimento da revista experimental
Saúde InCasa.
A escolha do meio de comunicação - revista - se deu pela possibilidade
de aprofundamento de uma publicação bimestral e pela facilidade de mobilidade,
além de ser mais direcionada para um público-alvo, o que torna possível uma
aproximação como leitor.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “saúde” como não
apenas a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico,
mental e social. Partindo da relevância do assunto e por saber que no mundo corrido
de hoje as pessoas precisam de um material que traga várias abordagens sobre o
mesmo tema que surgiu a ideia de produzir uma revista sobre uma instituição de
saúde.
Na construção das matérias foram utilizados gêneros como editorial,
artigo, entrevista. A revista “Saúde InCasa” pretende esclarecer dúvidas sobre o
tema, dar dicas de saúde e bem-estar. Além disso, é igualmente uma preocupação
informar ao leitor sobre os novos procedimentos realizados dentro de um hospital.
Nesta primeira edição, o hospital escolhido para ser tema foi a Santa
Casa da Misericórdia de Fortaleza, por se tratar de uma instituição filantrópica com
mais de 150 anos de história e a maior do Ceará. As pautas serão em sua totalidade
voltadas para ações e serviços oferecidos e desenvolvidos por esta instituição.
Mostraremos - de maneira abrangente - desde a forma como um cidadão comum -
que precisa de atendimento de urgência/emergência - pode se reportar ao hospital,
passando pela forma como tudo acontece. Também estão pautadas: a preparação
da refeição dos pacientes e o relacionamento entre eles e a empresa, e ainda a
forma como são administradas as dificuldades que a instituição passa para
sobreviver, atendendo de forma eficiente, mesmo com poucos recursos.
O objetivo geral da revista é alcançar e informar o maior número de
pessoas sobre saúde e prioritariamente através de serviços ofertados pela Santa
Casa de Fortaleza. Desta forma, utilizaremos objetivos específicos como criar uma
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revista periódica produzida dentro de um hospital filantrópico que se torne referencial
dentro do setor. É nossa meta também entrevistar a equipe multidisciplinar (médicos,
nutricionistas, terapeutas, psicólogos, entre outros), alinhando as informações
sempre com o nível de serviços do Ceará e do Brasil. Para tanto, será usada uma
linguagem de fácil entendimento com o intuito de não restringir o público-leitor.
O primeiro capítulo abordará uma breve história do Jornalismo, jornalismo
em revista, gêneros jornalísticos partindo do marco histórico da comunicação, desde
o seu surgimento. Segundo capítulo falará sobre o Sistema Único de Saúde - SUS,
e das conferências em saúde pública no Brasil, afim de situar o leitor de forma mais
abrangente a respeito do periódico escolhido para a temática: Saúde InCasa
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1. História do jornalismo
Desde o começo do mundo, o homem sente a necessidade de se
comunicar. Ainda na antiga civilização, o Homo Sapiens comunicava-se através de
gestos e da linguagem oral; esse processo fez parte do marco histórico dos povos
antigos. Na época, o instrumento utilizado para a comunicação eram as paredes das
cavernas.
Com o mundo em constante transformação, foi possível ao
aprimoramento de novas técnicas como a invenção do papel e a evolução dos meios
de comunicação de Gutemberg, que inventou a tipografia. E com a efetivação da
burguesia surgiu a indústria gráfica, que adota o mecanismo da mecânica da
química e da eletrônica até as impressoras computadorizadas, que têm a função de
receber sinais transmitidos por satélite.
O telégrafo, telefone, rádio e finalmente o satélite direcionam o mundo.
Ou seja: atualmente é possível uma notícia chegar a qualquer lugar em fração de
segundos. Assim, a ciência e a tecnologia da comunicação produzem novas
maneiras de inserção cada vez mais modernas, com novos aparatos tecnológicos
que envolvem a precisão e a eficácia da comunicação.
Em todo este retrato situacional é papel da imprensa a atração de grande
parte das sociedades humanas. E com a facilidade de atrair o público-leitor as
informações se tornam criteriosas, articulando assim um campo de atuação
específico: o jornalismo.
Jornalismo é a informação de fatos correntes, devidamente interpretados e transmitidos periodicamente à sociedade, com objetivo de difundir conhecimento e orientar a opinião públicano sentido de promover o bem comum [...] acontecimentos e registros em qualquer setor da vida social, em qualquer parte do universo, em qualquer domínio das ciências, das artes, da natureza e do espírito que sejam capazes de despertar os interesses dos homens reunidos em sociedade. (BELTRÂO, 1960, p. 63).
Pensar em jornalismo nos possibilita entender sua essência, seus
acontecimentos internos e suas conexões sociais em períodos que englobam o
tempo e o espaço. Desde a sua existência, o jornalismo tem a função de relatar os
fatos e repassar os registros acontecidos em todo o mundo.
Partido para a nossa atualidade, as informações ganham espaços nas
redes sociais e logo são repassadas em questão de segundos. A Internet hoje é
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composta de praticidade e de diversos atrativos, além disso, conquista cada vez
mais e espaço e ganha preferência e atenção por parte das pessoas.
A evolução da comunicação abriu portas para novas conversões e
suportes. Assim, resumidamente, destacam-se as fases: do rádio, da telefonia, da
TV e hoje da Internet, inclusive em expansão, já que transmite informações oriundas
de todo o mundo.
De acordo com Marconde:
O jornalismo em quarta fase, que faz parte de toda revolução tecnológica dos meios de comunicação, atinge o sistema de rádio, de televisão e de telefonia em geral as demais formas de comunicação à distância. (MARCONDE, 2009, p. 154).
Apesar desse processo de praticidade/velocidade oferecida pela Internet,
o jornalismo impresso não perdeu a sua circulação, ou seja, a mídia impressa não
foi esquecida dentro dessas novas convergências de veiculação. O público do
impresso compra o jornal para certificar-se que do que foi dito pelas emissoras de
rádio e da TV, além de sites no dia anterior. Faz isso por conta de seus hábitos
tradicionais e também nutrido pela confiança e credibilidade que possui na marca da
mídia escolhida.
A revista tem a mesma função de atrair o seu público específico, já que
atualmente está bastante segmentada. Assim, a produção de um determinado
magazine deve conhecer com precisão o estilo e assunto de determinado tema e
utilizar-se da “autonomia” para melhor identificar o interesse em questão. Deste
modo, em todo este contexto e como resultado, ajuda seu público a construir e
fundamentar sua opinião a respeito dos fatos.
[...] o que é impresso, historicamente, parece mais verdadeiro do que aquilo que não é. Isso pode até mudar com o tempo e com as novas tecnologias, mas por enquanto ainda não é assim. Se ocorre um fato que mobiliza a população e tem ampla cobertura na televisão [...], é certo que os jornais e revistas venderão muito mais na semana seguinte, já que servem para confirmar, explicar e aprofundar a história já revista na TV e ouvida no rádio. Ainda hoje, a palavra escrita é o meio mais eficaz para transmitirem formações complexas. Quem quer informações com profundidade deve, obrigatoriamente, buscá-la sem letras de forma. Jornais, folhetos, apostilas, revistas, livros, não interessa o que: quem quer mais, tem que ler. (SCALZO, 2011, pp. 12-3).
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Os jornais e as revistas são os meios mais conhecidos tradicionalmente
dentro desses periódicos, cada qual com a sua particularidade. O jornal por ter suas
publicações diárias atreladas aos acontecimentos factuais, já as revistas: pelo tempo
disponível com elaboração para trabalhar o conteúdo, desfrutando de sua
homogeneidade diversificada como a reportagem aprofundada, assuntos com
especialistas, dicas, opiniões, sugestões, história de vida, artigos e entretenimentos
de diversos gêneros. E advindo disso tudo: ela interage mais fortemente com o seu
público, e essa reciprocidade ganha confiança.
A revista nos dá liberdade de pensar e tratar o assunto sem nos
preocuparmos com sua limitação. Como explica Tavares (2008): “O objetivo de uma
revista expõe o seguinte surgimento: se preocupa com a necessidade do seu leitor,
se ele pretende abordar o lado visual, e essa particularidade se distingue dos outros
veículos”.
Scalzo (2008, p. 20), complementa afirmando que “no Brasil atualmente,
são vendidos mais ou menos 600 milhões de exemplares por ano. Ao longo do
século XIX, a revista ganhou espaço, virou e ditou moda”.
Além disso, a revista é um gênero específico - entre as diversas vertentes
de caráter comunicacional - que objetiva um público-alvo, direcionado a interesses
específicos. Assim, seja ela institucional, de interesse público ou empresarial,
sempre poderá ter aceitação dentro de algum mercado específico.
Ela também pode ser periódica: semanal, quinzenal, mensal, semestral,
anual, depende da necessidade de quem solicita o produto. Sobre todo o contexto,
explica Scalzo (2003, p. 27), em “Jornalismo de revista": “(...) é um veículo de
comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de
serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento”.
Por ser tão particular, a publicação é definida de acordo com a
necessidade e demanda especifica. Dessa maneira, a personificação estrutural e
visual é uma estratégia diferenciada essencialmente para qualquer revista.
Por sua vez, segundo Collaro, as revistas:
São publicações periódicas que abordam os mais variados ramos do conhecimento humano com os mais diversos graus de abrangência com especificidade. As revistas seguem o visual cada vez mais sofisticado, empregando os mais avançados recursos tecnológicos das artes gráficas. (COLLARO, 2007, p. 32).
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Esse norte faz com que os textos jornalísticos não “rotulem-se”,
permitindo autonomia e leveza em suas produções periódicas. Portanto, o jornalista
de revista pode privilegiar-se em suas atividades, pode construir suas próprias
matérias, não utilizando os métodos adotados pelo jornal impresso, com potencial -
assim - para tornar a publicação um veículo peculiar, criativo e atraente para o seu
público.
Outra característica que diferencia o jornal e a revista é o lead, porque no
jornal tradicional praticamente existe esta forma mecanizada. Já a revista não segue
ordem cronológica, a matéria principal não precisa estar obrigatoriamente na ordem,
ela pode começar com o final da história, não existe um padrão estabelecido, é
basicamente livre. Acrescente-se que todo este contexto na produção de um
magazine requer bastante criatividade.
Historicamente, a primeira revista publicada tem registro no ano de 1663,
em Hamburgo, na Alemanha, intitulada Erbauliches-Monanths-Unterredungen - ou
“Edificantes discussões mensais”. De acordo com Scalzo (2008, p. 19), “tinha cara e
jeito de livro, só era considerada revista porque trazia vários assuntos sobre o
mesmo assunto - teologia - e era voltada para um público específico. Além disso,
propunha-se a sair periodicamente”.
Ainda numa perspectiva histórica, a revista só ganhou essa nomenclatura
no ano de 1704, na Inglaterra. De acordo com Corrêa (2005):
[...] a revista teria sido percebida pelo leitor como se fosse uma loja, onde as pessoas entram, escolhem, e compram somente o que querem consumir. Na revista acontece a mesma coisa: o leitor entra e escolhe o que quer ler. Daí o nome magazine pelo qual as revistas são conhecidas em alguns países da Europa e nos Estados Unidos. (CORRÊA, 2005, p.1).
Este trabalho destaca que desde o início do século XX os Estados Unidos
procuram trabalhar com estratégia e criatividade em seus periódicos, a exemplo das
revistas em quadrinhos inseridas no próprio veículo de comunicação. Explicando
melhor: a primeira revista de notícia semanal é a Times, ela não excluía o público
infantil, inserindo dentro do próprio periódico os chamados “gibis”.
Por sua vez, no Brasil, a primeira revista foi intitulada “Variedades”, ainda
com aparência de livro e - comenta-se usualmente - sem muita criatividade.
Já em outra perspectiva, com o passar dos anos as revistas passaram a
ter modelos mais sofisticados. E segundo Scalzo (2011), na atração do gosto de seu
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público, se dispuseram a aprofundar assuntos específicos “mais do que jornais, mais
do que livros. Os periódicos podem assumir diversas faces no meio de
comunicação. Cabe então ao profissional desenvolver seu próprio estilo (...)”.
1.1. Breve história do jornalismo no Brasil
O século XIX marca definitivamente o nosso país, que esteve - durante o
período - em constante ebulição e vivenciou momentos diversos como a chegada da
família real em 1808 - trazendo a imprensa, os reinados de Dom Pedro I e II, o final
da escravatura e o início do sistema republicano de governo.
Sabe-se, historicamente, que a independência foi declarada em 1822.
Portanto, passamos a maior parte do século XIX sob um regime monárquico,
enquanto o restante do continente era republicano. Segundo Melo:
Embora estabelecida tardiamente em território brasileiro, mais de três séculos nos separam da inovação gutemberguiana, a imprensa aqui se desenvolveu a partir da chegada da Corte de D. João VI em 1808, [...]. Mas sem dúvida durante o Segundo Reinado que a imprensa vive seu melhor período de liberdade, garantido pela sabedoria de Pedro II. Em meio a esse ambiente de conciliação das elites nacionais, os Institutos históricos começaram a resgatar precocemente a trajetória do nosso jornalismo (MELO, 2003, p. 21).
Ou seja: a imprensa só se efetivou após a chegada da corte portuguesa.
No contexto, não é de se espantar que o primeiro jornal brasileiro - Correio
Braziliense - tivesse sido publicado em Londres.
O jornalismo brasileiro tem uma trajetória considerada longa e singular.
De acordo com MELO (2003, p. 13), aborda significantemente o percurso atribuído e
caracterizado por três vertentes: história factual dos sistemas informativos, o
memorialismo dos seus protagonistas e a recuperação profissional/didático e das
experiências peculiares e processos específicos”. Nesse sentido, o profissional
torna-se responsável pelo conteúdo jornalístico e por suas especificidades atribuídas
ao gênero informativo.
No Brasil Hipólito da Costa, é considerado o fundador do jornalismo
brasileiro. Ele atuou como editor do mensário Correio Braziliense (1808-1822). Tal
publicação era genuinamente voltada aos interesses políticos, que proferia espaços
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para abrangência do jornalismo científico. Em torno do assunto, MELO (2003)
sustenta:
Trata-se de publicação essencialmente política, que abriu espaço para a informação de natureza científica, quase sempre divulgando fatos e ideias ocorridas na Europa e que era considerado relevante para ser publicado no Brasil. (MELO, 2003, p. 67).
Por sua vez, na fundação da Associação Brasileira de Imprensa – (ABI),
em 1908 foi implantado o curso de comunicação social, além de ser desenvolvida a
elaboração de um estatuto regulamentador da profissão de jornalista.
E no dia 10 de setembro de 1918 foi homenageado um dos primeiros
jornais editados no Brasil, A Gazeta do Rio de Janeiro, quando apresentaram um
projeto de formação de uma escola de jornalismo, discutindo a respeito da liberdade
de imprensa. Objetivos: mostrar a importância de agregar as técnicas aprendidas
pelo extenso curso de nível superior, o pedido de reconhecimento do diploma para a
o exercício da profissão, e promover a eficácia da ética do profissional habilitado por
formação.
Em 1930, o Brasil passou por diversos avanços tecnológicos
impulsionados por novas transformações estruturais e econômicas. Assim, houve a
construção de uma infraestrutura de transporte na via urbana e o fortalecimento dos
meios de comunicação. No mesmo ano ocorreu a publicação de uma lei que regula
a profissão de jornalista. Trata-se do Decreto-Lei nº 910, de 30 de novembro de
1938. De acordo com o capítulo I, Art. 1º, § 1º, "Entende-se como jornalista o
trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca de informação até a
redação de notícias e artigos e a organização e direção desse trabalho”.
Nessa perspectiva, a função do jornalista é manter um compromisso
periódico com o conteúdo da informação, criar vínculos de confiança com o seu
público-leitor, bem como conquistar respaldo com suas fontes noticiosas. Em foco,
portanto, está a questão da credibilidade. Em torno de tal contexto está Letícia
Matheus:
As marcas do tempo são especialmente sensíveis nos jornais, localizando o leitor num "lugar" na duração. O consumo diário das narrativas jornalísticas fornece um forte parâmetro espaço-temporal. [...] A marcação do tempo foi se tornando função essencial dos jornais, a ponto de lhes ser dada credibilidade para datá-lo. (MATHEUS, 2010, os. 2-3).
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No país atualmente estima-se que existam cerca de 100 mil jornalistas em
diversas áreas, jornal, radio, televisão, revista, assessoria de imprensa, entre outros
gêneros de atuação profissional. É considerado pioneiro na profissão aquele
jornalista que atua como repórter, esse conceito é compreendido por todos como a
essência da profissão. Como ressalta o artigo reportagem Memória do Jornalismo
Brasileiro de Alexandre Bergamo (2011).
Apesar do grande número de profissionais e da variedade de funções, há um léxico, práticas e personagens em comum utilizados para "informar" os critérios, os valores e as formas de atuação na área. Mas, principalmente, há uma atividade, a reportagem, entendida por todos como a essência mesma da profissão. Ainda que nem todos os jornalistas se definam como repórteres, a atividade é considerada "formadora" no exercício da profissão.
Por sua vez, Lage sustenta: (2006, p. 12), que “Jornalismo é a atividade
profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de
informações. Também se define o jornalismo como a prática de coletar, produzir e
publicar informações, eventos atuais”.
Historicamente a imprensa desempenha um destaque importante no
nosso país. O profissional da informação é largamente conhecido como
representante da voz do povo. Por isso, a mídia é chamada de o “quarto poder”.
Precipuamente, tem o ofício de acompanhar os momentos decisivos de
acontecimentos históricos.
Por sua vez, no próximo capítulo abordaremos os gêneros jornalísticos
que se apresentam em formas definidas em informativos, opinativos e diversionais.
1.2. Gêneros jornalísticos
Os gêneros jornalísticos tornam cada texto único e com um propósito,
além de definir o público-alvo. Em consonância com o citado está Costa. Para ele,
um gênero é:
[...] um conjunto de parâmetros textuais selecionados em função de uma situação de interação e expectativa dos agentes do fazer jornalístico, estruturado por um ou mais propósitos comunicativos que resulta em unidades textuais autônomas, relativamente estáveis, identificáveis no todo do processo social de transmissão de informações por meio de uma mídia/ suporte. (COSTA, 2010, p.47).
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Especificadamente, os gêneros jornalísticos utilizados na produção da
revista Saúde InCasa são: informativos, opinativos e o diversional. Segundo José
Marques de Melo, os gêneros informativos concretizam-se através da notícia,
reportagem e entrevista. Por sua vez, os opinativos são o editorial e artigo de
opinião. Há ainda um gênero complementar que decidimos inserir, definido por
Marques de Melo como diversional, que é a história de interesse humano.
NOTÍCIA
Para Erbolato (2006, p. 49), “as notícias são a matéria-prima do
jornalismo, pois somente depois de conhecidas ou divulgadas é que os assuntos aos
quais se referem podem ser comentados, interpretados e pesquisados”.
A notícia informa fatos de maneira mais objetiva e aponta as razões e
efeitos. De forma sucinta e objetiva, é o texto jornalístico escrito muitas vezes sem
uma apuração aprofundada, pois é prioritariamente informativo e trabalha com
dinamismo.
Fatos políticos, sociais, econômicos, culturais entre outros podem
ser notícia se afetarem indivíduos ou grupos significativos para um determinado
veículo de imprensa. A proximidade com o fato ocorrido - geográfica ou apenas de
interesse - pode aproximar a atenção do leitor. São características da notícia a
objetividade, precisão, clareza, generalidade, interesse humano, novidade e
oportunidade com o objetivo único de informar.
A estrutura da notícia é basicamente o título - que visa chamar a atenção
do leitor com uma frase geralmente pequena e impactante; o lead - que é o primeiro
parágrafo do texto e responde a perguntas básicas como “o quê, quem, quando,
onde, como, por que”; e o corpo da matéria - que apresenta o restante das
informações, com o aprofundamento delas.
REPORTAGEM
A reportagem é o gênero que permite uma maior apuração e
aprofundamento dos fatos, traz aspas de especialistas e/ou envolvidos no tema para
dar um maior número de informações sobre o assunto, de forma abrangente.
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Ela deve demonstrar aprofundamento intelectual, criatividade,
sensibilidade quanto aos fatos e uma escrita coerente, que a torna dinâmica e de
fácil assimilação. Para Sodré e Ferrari (1986, p. 9),
a reportagem é onde se contam, se narram as peripécias da atualidade - um gênero privilegiado. E é mesmo, a justo título, uma narrativa – com personagens, ação dramática e descrições de ambiente – separada, entretanto da literatura por seu compromisso com a objetividade informativa.
As principais características de uma reportagem são: caráter opinativo
e o questionamento, as causas e os efeitos dos fatos e a interpretação. É criada a
partir de um fato programado ou ocorrido, não necessariamente precisa ser novo.
Contém traços de subjetividade, ainda que seja em grande parte objetiva, assim
como a presença é prioritariamente narrativa, ainda que contenha descrição de
forma variada.
Ao contrário da notícia, um veículo não tem a obrigação de publicar uma
reportagem acerca de um dado assunto, é decisão editorial, porém, sua ausência
empobrece qualquer revista ou jornal.
Luiz Amaral (2008, p. 45), explica que o gênero é exigente com o repórter
e exige além de cultura, sensibilidade. “O texto final, espécie de ensaio, deve fluir
espontâneo, simples sem ser vulgar, e conciso, sem prejuízo de informações
tendentes a facilitar melhor o entendimento da questão”.
ENTREVISTA
A entrevista é o relato de perguntas e respostas e pode ser classificada,
segundo Lage (2008), em: ritual, temática, testemunhal, em profundidade, ocasional,
em confronto, coletiva ou diagonal.
Para despertar interesse, precisa ser feita de forma que o entrevistado
comente algo de novo ou aborde um assunto já discutido numa nova perspectiva.
Apenas importa entrevistar personagens de destaque, emergentes na atualidade,
protagonistas ou testemunhas de um determinado assunto ou especialistas em
matérias que sejam objeto de interesse de um público-alvo.
Por sua vez, para Luiz Amaral (2008, p. 65), a entrevista é “(...) a busca
de informações. (...) e a finalidade é saber o que se passa, como se passa,
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esclarecer um assunto, ir aos detalhes, descobrir algo supostamente de interesse
público”.
A preparação pressupõe intuição, empatia e delicadeza, que são
imprescindíveis, além de ser importante que o entrevistador estude os assuntos em
pauta e também, se possível, que pesquise sobre a vida do entrevistado. Assim,
será mais fácil fazer perguntas inteligentes e pertinentes e evitará que o
entrevistador interrompa muitas vezes o entrevistado por não ter compreendido o
assunto.
Ao pensar em realizar uma entrevista, deve-se pensar nos seguintes
pontos: a antecedência com que a entrevista deve ser marcada e confirmada, o
local, a duração, algumas perguntas que devem estar memorizadas ou escritas em
um papel de forma organizada.
A entrevista é base para uma notícia ou reportagem, e tem o objetivo de
entender as opiniões do entrevistado. Para entender um pouco do gênero,
relevantemente usado em revistas, notamos que os autores apenas se
complementam em sua linha de raciocínio.
Lage (2003, p. 73), caracteriza a entrevista como “o procedimento
clássico de apuração de informações em jornalismo. É uma expansão da consulta,
objetivando, geralmente, a coleta de interpretações e a reconstituição de fatos”.
HISTÓRIA DE INTERESSE HUMANO
História de interesse humano é um gênero narrativo, fincado à realidade,
porém, tem caráter de entretenimento. É tido como um gênero complementar
diversional e toma um fato mostrando seu lado humano.
Géssica da Silva (2010), explica:
Ao se valer de instrumentos da narrativa de ficção, o bom jornalista, longe de querer embelezar o texto, está empenhado numa indispensável empreitada de sedução - sem a qual corre o risco de simplesmente não ser lido. O gênero é subdividido em história de interesse humano - que retoma um fato que já foi notícia tomando sua dimensão humana. (SILVA, 2010).
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EDITORIAL
O editorial é um texto opinativo e não somente informativo. Nele, o autor
expõe e defende um ponto de vista, a visão da empresa. Difere dos demais gêneros
justamente porque não somente transmitem dados e relata fatos e informações.
Cada jornal, empresa ou instituição define a melhor forma de ser escrito,
já que não é um texto assinado pelo jornalista que o escreve e representa a visão da
empresa. A Folha de São Paulo tem o seu próprio manual que, ao versar sobre tal
gênero, afirma:
seu estilo deve ser ao mesmo tempo enfático e equilibrado. Deve evitar o sarcasmo, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir considerando a posição adotada pela Folha (Unifamma apud Manual de Redação Folha de São Paulo).
Amaral (2008, p. 97), reforça o que é editorial quando diz que “é um texto
de opinião que reflete o ponto de vista do jornal. É a “boca” do jornal, por onde ele
se identifica e diz quem é”.
É comum ter seções destinadas aos editoriais em jornais e revistas. A
subjetividade é uma característica marcante nesse tipo de texto, além de ser
dissertativo, e, portanto, crítico e informativo.
ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião é um gênero que se caracteriza por expressar a
opinião do autor. Diferentemente dos gêneros informativos, como notícia e
reportagem, por exemplo. A ausência de imagens confirma a seriedade do texto,
que geralmente é feito por especialistas no assunto. As publicações cotidianas
geralmente têm um espaço destinado a esse gênero textual.
Segundo Daniel Piza, no artigo de opinião:
o autor pode assumir um tom mais pessoal, mais solto, como um diário de suas opiniões e reflexões, até porque lida também com a continuidade do leitor, que, mesmo que discorde bastante da opinião do colunista, vai sendo cativado por aquela espécie de “amizade intelectual. (PIZA, 2003, p. 79).
O convencimento do leitor acontece geralmente através da persuasão do
autor. Este, por sua vez, usa recursos emotivos, informações de fontes de respaldo
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com detalhes. A escolha do tema é feita a partir de fatos relevantes socialmente no
âmbito da política, economia ou mesmo do cotidiano.
Aprofundando nossa temática, no próximo capítulo abordaremos o
surgimento do Sistema Único de Saúde e as conferências públicas.
2. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Até o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, as verbas
não eram suficientes para desenvolver os recursos de saúde pública. Durante os
anos de 1970 e 1980, foram destinados ao Ministério da Saúde recursos sempre
inferiores a 2% da despesa geral da União.
Nos anos de 1980 e 1990, bem como nos dias de hoje, ainda persistiam
antigos problemas, a exemplo de doenças como tuberculose, malária, hanseníase,
difteria, que era objeto de atuação da vigilância epidemiológica, como enfatizou
Amélia Cunha (2003).
A década de 1970 e o começo dos anos 1980 são conhecidos pela
confluência ao cenário político de novos intérpretes sociais, que entram em
conformidade com os movimentos das classes operárias. Carvalho aborda nesse
processo:
As classes dominadas voltaram a reconstruir a política, gestando uma articulação Estado/Sociedade Civil, na busca do compromisso e pactos na perspectiva de alargamento da Democracia (...). As alterações da economia brasileira e a reformulação de gestão política levam o país entrar em potência emergente. (CARVALHO, 2005, p. 2).
Em todo o contexto, um dos aspectos fundamentais foi inserido no
conceito do princípio de direito à saúde, que é dever do Estado. Como é esclarecido
nos artigos 196 a 200, a seguridade social como direito de todos e dever do Estado,
promovendo a corporeidade da saúde. E, em sistema único, organizado em três
etapas:
I – Descentralização com direção única em toda a esfera de governo;
II - Atendimento integral, com prioridade para ações preventivas;
III - Participação da comunidade.
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As verbas se dará através do fundo de seguridade social e a
coparticipação da iniciativa privada. No período de1980, articulava-se outro contexto
que embasava e partilhava a economia, que promovia a consequência de expansão
das margens da exclusão social.
(...) Imperou [por parte do Estado] a adoção de medidas de caráter antissociais, tais como aprofundamento da contenção dos gastos na assistência médica previdenciária, restrições dos financiamentos concedido a habitação de “interesse social” e a redução pela metade dos investimentos no setor de transporte público. (PEREIRA, 2000, p. 147).
Assim, este retrato situacional demonstra que ocorre a falência de um
conceito de Estado com hegemonia durável e se resume em fragilidade de um órgão
demolido em sua conformidade ditatorialista de inversão à política de pretensão
social construída, mas não efetiva. Emerge diante da fragilidade autenticando a auto
produção do constituído poder à ebulição dos diversos movimentos sociais.
(...) caracterizou-se em primeiro lugar por uma reorganização institucional que culminou com a convocação da Assembléia Constituinte, em 1986, e, em segundo, por uma concepção de proteção social no qual tanto os direitos sociais quanto as políticas concretizadas de esses direitos receberem atenção especial. (PEREIRA, 2000, p. 148).
O Brasil, desde 1988, com o surgimento do SUS, procura buscar novas
estratégias voltadas para inclusão social de políticas públicas, articulando
conferências que viabilizem maior participação efetiva do estado em relação à saúde
pública no país.
2.1. Mudanças e conferências na saúde pública braseira
As conferências de saúde pública têm uma serie de ações reformuladas.
O principal objetivo destas conferências é dimensionar a discussão direcionada para
as diretrizes formuladas e reinventadas ao logo de sua existência, com intuito de
facilitar a compreensão em relação ao que é de direito público a cada usuário.
De acordo com o portal Saúde SUS do Brasil, no ano de 1941 houve a 1ª
Conferência, solicitada pelo Ministro da Educação1, Gustavo Capanema - o setor de
1http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_rh.pdf - acessado: 03/06/2013
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Saúde era um departamento deste ministério, que debateu a respeito dessa nova
inserção.
A 2ª conferência ocorreu em 1950, seguiu com o mesmo estilo da
primeira. Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde, sugestão debatida nas duas
anteriores conferências nacionais de saúde.
Em 1963 ocorreu a 3ª conferência. Havia uma série de ideias inovadoras,
tais como a inserção dos direitos democráticos no âmbito da saúde, disponibilizando
espaços para as articulações, aspecto que envolvia os problemas sanitários no
Brasil. Em síntese: era a primeira vez que o assunto era pautado e discutido, entre
as propostas salientadas, priorizando a melhor que atendesse às necessidades do
plano nacional a fim de dar cobertura às três esferas de governo.
Por sua vez, no período da ditadura militar, as conferências ocorreram
nos anos de 1966, 1975, 1977 e 1980. A participação social das políticas se
encontrava recuada devido aos problemas que enfrentavam pela ditadura, por conta
da opressão do Estado. Entretanto, a seguir, nos meados dos anos de 1980, foi
iniciada a abertura das lutas dos movimentos sociais, dando-se ênfase ao
movimento de reforma sanitária.
Na sequência segue se a 8ª conferência, período de uma nova era
direcionada à saúde no Brasil. A partir dela, houve uma forte mobilização nacional
para a efetivação dos pedidos aprovados pelos movimentos sociais para incluir na
Constituição brasileira as diretrizes do SUS em sua totalidade.
Em 1992, aconteceu a 9ª conferência, reafirmando os princípios
constitucionais em eficácia e foi aprovada estratégia de descentralização e
municipalização, com a participação de mais de 2.000 delegados.
Em 1996 ocorreu a 10ª conferência. Foi um período essencial para o
aprimoramento do órgão, construía uma identidade de atenção para a qualidade de
vida. Estabeleceu se estratégias para lutar pela a inserção do PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) teve êxito em 2000, com a provação da Emenda
Constitucional nº 29.
A 11ª conferência é quando finalmente se efetiva o SUS. Com o tema
qualidade e humanização, Atenção à saúde com controle social” no ano de 2000.
Em 2003 acontece a 12ª conferência, com o tema “Saúde é direito de
todos e dever do estado .A saúde que temos é o SUS que queremos”. Depois
dessa conferência começou outro marco e foi debatido há cerca das dez diretrizes
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que norteavam o Plano Nacional de Saúde, garantindo a democratização do
Concelho Nacional de Saúde (CNS), com um contingente considerado relevante em
torno de cinco mil pessoas.
Essa mesma conferência objetivava definir orientações para o plano
plurianual de saúde do governo e as novas propostas das diretrizes a serem
instaladas no SUS. Foi mencionada a necessidade de equacionar os graves
problemas. Por essa razão, foi criado o instrumento de discussão política como
instrumento de mobilização estadual e municipal, contendo os seguintes eixos
temáticos:
- Direito à saúde
- A seguridade social e a saúde
- A intersetorialidade das ações de saúde
- As três esferas de governo e a construção do SUS
- A organização de atenção à saúde
- O trabalho na saúde, gestão participativa
- Ciência e tecnologia e a saúde
- O financiamento do SUS
- Informação informática
- Comunicação
No ano de 2007, a 13ª conferência teve responsabilidade de observar o
sistema de saúde no período de 20 anos de sua existência. Este acompanhamento
revelou carências básicas e propôs soluções para que o sistema político do Estado
fosse moralizado, mesmo com a mudança de gestão para outra. A ideia é construir
uma agenda de ações eficientes para os desafios na tentativa de melhorar a
condição de vida do usuário.
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3. PROJETO GRÁFICO
A criatividade nos projetos gráficos é o desafio dos profissionais da área
do impresso. O objetivo é criar um produto inovador a fim de ganhar mercado.
Assim, faz-se necessário estudar a ciência da arte gráfica, apresentada nas paginas
e nas colunas dos textos. O objetivo é conduzir a atenção do público-leitor.
A imagem da capa deve também impactar, chamar a atenção do leitor.
Portanto, é importante que os designs igualmente destaquem um visual mais
atraente. Sobre todo este contexto, destaca Jan V. White (2005, p. 143), “imagens
são a primeira coisa que vemos numa página, são rápidas, emocionais, instintivas e
despertam curiosidade”.
Outra maneira de sobrevivência das publicações periódicas é o logotipo,
porque permanece fixado nos olhos do público. É preciso criar a personificação da
revista, para que ela fique conhecida através de suas características, enfatizando-
se, por exemplo, a fotografia, que desperta a curiosidade e atenção do público. Este
é o grande diferencial para o sucesso da capa de uma revista, bem como os
recursos gráficos de designs sofisticados na busca de uma identidade própria.
O projeto gráfico de uma revista é essencial para a divisão de textos e
colunas. Para os profissionais que trabalham na editoração da indústria gráfica, é
importante mesclar as letras e imagens para a composição do mundo gráfico. Assim,
um dos elementos fundamentais é o formato da letra, que se renova desde o início
da civilização até os dias de hoje. Como Collaro sustenta:
Entender um pouco das estruturas das letras ajudará os profissionais da comunicação e áreas afins a usar, avaliar e sugerir escolhas tipográficas sem incorrernos erros mais comuns [...]. Originária da tipografia clássica, seu desenho é insuperável quando se usa um alto grau de visibilidade. (COLLARO, 2009, p. 9).
Toda a junção dos elementos visuais - incluindo a tipologia, cor, imagem,
diagramação, editoração - atrai o interesse do mercado publicitário, que devem ser
atraentes, dinâmicas e criativas para o público da revista.
Já sobre o contexto da diagramação, sustenta Collaro (2009, p. 32): “Uma
regra básica de diagramação é que, quando menor a largura da coluna, menor deve
ser o corpo da letra”.
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E sobre o aspecto informacional relacionado às cores, ainda Collaro (p.
15 e 17) assevera: “A exposição a determinadas cores básicas provocar e ações
diferentes no consciente e no inconsciente de diferentes tipos de pessoas (...) elas
são capazes de codificar informações”.
Este estudo destaca também que as pessoas empregam uma boa parte
do dia ao convívio social baseado no código das cores universais. Como os
semáforos, por exemplo, instrumento de comunicação visual que cada cor significa.
Por sua vez, na revista experimental Saúde InCasa o formato será
padrão, de 17cm x 26cm, o que possibilita uma melhor visualização do conteúdo e o
trabalho com imagens maiores, de melhor definição. A edição terá 20 páginas, com
diagramação e texto leves. Segundo Ribeiro:
A diagramação pode ser projetada para receber a matéria ou em função desta. No primeiro caso, os redatores escrevem as matérias em função do espaço; no segundo, o esboço é feito em função da matéria. Escolhidos títulos, fotos e textos, o diagramador traça os primeiros esboços das páginas, que serão realizadas depois exatamente como ficarão como impressas. (RIBEIRO, 2003, p. 43).
As cores serão neutras como azul claro, verde claro ou amarelo, na busca
por um equilíbrio. Nessa perspectiva, entendemos que reconhecer o significado das
cores ajuda a entender o instrumento de comunicação.
De acordo Collaro (2007, p. 26),
As cores transmitem sensações que transcendem muito mero reconhecimento de tom e matizes. Cada cor pode remeter, para cada grupo de pessoas, a eventos e situações diferentes carregando-se de significados.
Por sua vez, o papel utilizado será o couche 60g na capa e couche 40g
no miolo. A periodicidade da revista será bimestral, o que possibilita colher o máximo
de informações sobre o assunto, sem permitir, no entanto, que ele fique “velho”. A
periodicidade mais longa torna o jornalismo em revista mais interpretativo, analítico,
com reportagens mais aprofundadas e detalhistas. Os assuntos abordados nas
edições serão escolhidos através de eventos relevantes na empresa para a
sociedade.
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4. DIÁRIO DE CAMPO
Por termos mudado nosso tema dois meses antes da defesa, sentimos
uma enorme dificuldade advinda da composição geral da revista, entre relatório e
matérias. A correria foi grande para decidirmos as pautas e, principalmente, para
conseguirmos espaço no horário de trabalho das fontes.
Graças à dedicação e ao empenho, além de afinidade com o tema, foi
possível cumprir nosso cronograma e finalizar a revista.
Seguem as datas que fizemos contatos com as fontes:
Pautas
Dia 21/05/2013
O contato foi feito diretamente no setor de doações, com a auxiliar da
administração, Angélica Silva, que foi de uma receptividade enorme. A construção
do texto a partir do que ela nos informou foi simples. O texto foi intitulado “Um
pequeno gesto que salva vidas”.
Dia 22/05/2013
O setor que acolhe as voluntárias fica junto ao setor de doações, o que
facilitou a aproximação de todos. Os contatos foram com Teresinha Ferreira,
mordoma e responsável pelo setor, Hercília, secretária que recebe contatos para
voluntariado, e Francisca Teresa de Souza, voluntária de 34 anos dedicados a esse
hospital. O titulo da matéria é “Relato do voluntário e da fé”.
Dia 02/06/2013
A gerente de RH, Roberta Maciel, foi de grande importância na
elaboração desta pauta, tendo em vista que forneceu as informações sobre os três
setores, com colaboração também dos funcionários do Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - (SESMT). O título da
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matéria é “Santa Casa concorre a prêmio Melhores Empresas para trabalhar em
2013”.
07/06/2013
Após marcarmos a entrevista, o provedor da Santa Casa, Luiz Marques,
nos recebeu e fez questão de explicar todos os pontos que levam a atual situação
financeira e administrativa de toda Irmandade, formada por Santa Casa da
Misericórdia de Fortaleza, Hospital São Vicente de Paulo e Cemitério São João
Batista. A entrevista foi intitulada “O Desafio de gerir uma instituição
filantrópica”.
10/06/2013
A alimentação continua sendo pauta de estudos no mundo inteiro. Então,
com essa proposta, procuramos a nutricionista Liana Castro. Ela nos abriu espaço -
para um contato direto - tanto com a cozinha do hospital quanto com os métodos
utilizados para o preparo do alimento. A pauta rendeu a matéria “Mais de sessenta
mil refeições por mês são feitas na Santa Casa”.
17/06/2013
O projeto promovido pelo Serviço Social da Santa Casa - que tem como
coordenadora a Assistente Social Ana Caroline Silva Nascimento - é um evento que
acontece há quatro anos. Foi muito agradável e satisfatório acompanhar. Todos
trabalham de forma harmônica e passam as informações na medida do possível. O
resultado foi a matéria Serviço Social promove prestação de serviços no 4°
Socializa-se.
20/06/2013
Após contato com a provedoria, conseguimos o número do chefe da
Oncologia da Santa Casa, Dr. Wilson Meireiles da Trindade, que concordou em
receber as matérias e nos passar um retorno por e-mail, devido à sua agenda cheia
de compromissos. O retorno foi dado no prazo prometido.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revista “Saúde InCasa” é um instrumento de divulgação do trabalho de
conclusão do de comunicação social. A partir disso, pudemos entender que através
das técnicas de jornalismo e fotojornalismo é possível agregar a uma revista de
saúde informações de modo claro e objetivo.
Tendo como intenção de oferecer ao leitor um conteúdo mais apurado e
possibilitar uma melhor compreensão sobre assuntos ligados a saúde pública ao
funcionamento de um hospital, além de abordar uma linguagem fácil e dinâmica aos
assuntos que a revista se propõe abordar. O seu público alvo são pacientes,
acompanhantes, funcionários do hospital, e pessoas com interesse nos serviços de
saúde hospitalar.
Na pesquisa realizada notamos a dificuldade encontrada pelo usuário e
também pelo estabelecimento de saúde em oferecer serviços com pouco recurso.
Tentamos observar ambos os lados na perspectiva jornalística.
Com a conclusão da primeira edição da revista esperamos levar ao
público com transparência as atividades e serviços ofertados, bem como informar a
população onde encontrar os procedimentos necessários para a realização de
tratamentos consultas, diagnósticos, exames, dica de bem estar e saúde.
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REFERÊNCIAS
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