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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE FaC CURSO DE TURISMO ÉLVIA LOBO LIMA DIAS A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICÍPIO DE GUARAMIRANGA - CEARÁ FORTALEZA 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE – FaC

CURSO DE TURISMO

ÉLVIA LOBO LIMA DIAS

A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO

MUNICÍPIO DE GUARAMIRANGA - CEARÁ

FORTALEZA

2013

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ÉLVIA LOBO LIMA DIAS

A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO

MUNICÍPIO DE GUARAMIRANGA - CEARÁ

Monografia submetida à aprovação da

Coordenação do Curso de Turismo do Centro

de Ensino Superior do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel.

Orientador: Prof. Ms. Ricardo Cesar de

Oliveira Borges.

FORTALEZA

2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

D541r Dias, Élvia Lobo Lima

A relação entre o turismo e o desenvolvimento local no município de Guaramiranga - Ceará / Élvia Lobo Lima Dias. – 2013.

71f. Il. Orientador: Profº. Ricardo Cesar de Oliveira Borges.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade Cearense, Curso de Turismo, 2013.

1. Turismo – desenvolvimento local. 2. Proteção ambiental. 3. Guaramiranga - Baturité. I Borges, Ricardo Cesar de Oliveira. II. Título

CDU 338.484(813)

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ÉLVIA LOBO LIMA DIAS

A RELAÇÃO ENTRE O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO

MUNICÍPIO DE GUARAMIRANGA - CEARÁ

Monografia como pré-requisito para obtenção

do título de Bacharelado em Turismo,

outorgado pela Faculdade Cearense – FaC,

tendo sido aprovada pela banca examinadora

composta pelos professores.

Data da aprovação: ____/____/_______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. Ms. Ricardo Cesar de Oliveira Borges (Orientador)

_________________________________________________

Profa. Ms. Maria Elia dos Santos Vieira (Examinadora)

_________________________________________________

Profa. Ms. Karla Monise de Souza Silva (Examinadora)

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A Deus e à minha família, base de tudo em

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Gratidão imensurável a Deus, por ter-me dado força de vontade e persistência para

não desistir em meio às dificuldades e dúvidas.

À minha família, em especial a minha mãe, Adriana Lobo Lima, que sempre se

fez presente ao meu lado, orientando-me e ensinando-me que os maiores valores que podem

ser passados como herança: conhecimento, amor, honestidade, humildade e amizade.

Aos professores, que são em minha convicta opinião incentivadores incansáveis

do progresso de seus alunos, possuidores de um invejável histórico, realizadores de aulas

indescritíveis, quando somos postos a provar nossos conhecimentos, defender nossas

convicções e mostrar nossa opinião sobre a luta do dia-a-dia.

Aos amigos conquistados na faculdade, que estiveram ao meu lado no decorrer do

curso, incentivando e trocando experiências acadêmicas, profissionais, com os quais evolui

consideravelmente.

Ao meu caro orientador, professor Ricardo Cesar, que me conduziu com muita

boa vontade, pelo prazer de ensinar e passar o conhecimento à frente.

A Faculdade Cearense, os senhores diretores e coordenadores, que creem no

futuro promissor de seus alunos, oferecendo-nos os melhores mestres e serviços na ânsia de

nos ver verdadeiros profissionais em destaque no concorrido mercado de trabalho.

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“Ele é o Deus que me dá forças e me protege

aonde quer que eu vá”.

Salmos 18:32

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RESUMO

O turismo participa do setor de serviços como o ambiente que mais tem crescido nas

economias industrializadas. Com efeito, o setor de serviços tem apresentado uma grande

importância, seja por sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) das nações

desenvolvidas ou em processo de desenvolvimento, seja por sua capacidade de empregar

pessoas, seja por gerar divisas para os países. Com base no exposto problema, o objetivo

primário desta investigação é examinar a relação do Turismo com o Desenvolvimento Local

na Área de Proteção Ambiental no Maciço de Baturité no Ceará, o estudo será embasado em

uma natureza quanti-qualitativa, o tratamento dos dados será realizado por meio de análise de

conteúdo (BARDIN, 1992; RICHARDSON, 2011) para propor os resultados à pesquisa.

Atendendo aos objetivos específicos do estudo a presente pesquisa identificou, por meio da

percepção dos moradores que Guaramiranga tem um potencial turístico, apenas precisa de

ações coletivas para chamar os turistas ao local, o que seria uma parceria entre população,

órgãos particulares e órgãos públicos. Com a pesquisa foi possível identificar que os

guaraminguenses percebem a importância dos fatores que impactam na cidade desde o bom

relacionamento entre os próprios moradores e turistas a infraestrutura completa da cidade. Os

resultados revelam que em todas as situações discutidas os níveis de concordância total foram

predominantes, exceto as questões referentes à presença de turistas na cidade, se vem a ser

bom ou ruim e as melhorias na cidade pela atual gestão. E nessa busca pelo novo, novos

lugares passam a ser destinos turísticos, atenção a cidade passa a ser maior, por consequência

o desenvolvimento local da mesma vem a crescer, apesar de nem sempre a infraestrutura

acompanhar todo o crescimento da mesma.

Palavras-chave: Desenvolvimento Local. Turismo. Área de Proteção Ambiental. Maciço de

Baturité. Guaramiranga.

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ABSTRACT

Tourism participates in the service sector as the environment that has grown in industrialized

economies. Indeed, the service sector has shown a great importance, either for their

participation in the Gross Domestic Product (GDP) of developed nations or in process of

development, whether for their ability to employ people, either by generating foreign

exchange for countries . Based on the above problem, the primary objective of this research is

to examine the relationship with the Tourism Development in Local Area Environmental

Protection in the Massif Baturite in Ceará, the study will be grounded in a quantitative and

qualitative nature, the data processing will be carried through content analysis (BARDIN,

1992; RICHARDSON, 2011) to propose the research results. Given the specific objectives of

this research study identified, through the perception of the residents who Guaramiranga has a

tourism potential, just need collective action to draw tourists to the site, which would be a

partnership between population, private bodies and public agencies. Through research, we

found that the guara-minguenses realize the importance of the factors that impact the city

since the good relation-tioning between the residents and tourists a complete infrastructure of

the city. The results show that in all situations discussed levels of total agreement were pre-

dominant, except matters relating to the presence of tourists in the city, it has to be good or

bad, and improvements in the city by the current administration. And this search for new, new

places become tourist destinations attention the city becomes larger, therefore the local

development of the same comes to grow, although not always accom-Nhar infrastructure

throughout the growth of the same.

Keywords: Local Development. Tourism. Environmental Protection Area. Massive Baturite.

Guaramiranga.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURA

Figura 1 – Área dos municípios, População Residente (Total, Rural e Urbana - 2000) e

densidade demográfica ......................................................................................................... 41

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1 – Imagem aérea da cidade de Baturité (12/01/2013) .................................................. 30

Foto 2 – Pico Alto em Guaramiranga-Ceará ......................................................................... 34

Foto 3 – Pico Alto em Guaramiranga-Ceará ......................................................................... 34

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – O turismo trouxe melhorias ............................................................................... 45

Gráfico 2 – Chegada do turismo a cidade ............................................................................. 46

Gráfico 3 – Rendimentos pessoais ........................................................................................ 46

Gráfico 4 – Empregos locais ................................................................................................ 47

Gráfico 5 – Comércio local .................................................................................................. 47

Gráfico 6 – Limpeza urbana ................................................................................................. 48

Gráfico 7 – Estradas ............................................................................................................. 49

Gráfico 8 – Calçamentos ...................................................................................................... 49

Gráfico 9 – Iluminação Pública ............................................................................................ 50

Gráfico 10 – Esgoto residencial ............................................................................................ 50

Gráfico 11 – Coleta de lixo .................................................................................................. 51

Gráfico 12 – Escolas públicas .............................................................................................. 52

Gráfico 13 – Ensino profissionalizante ................................................................................. 52

Gráfico 14 – Bares e restaurantes ......................................................................................... 53

Gráfico 15 – Lazer ou recreação ........................................................................................... 53

Gráfico 16 – Segurança pública ............................................................................................ 54

Gráfico 17 – Furtos e roubos ................................................................................................ 54

Gráfico 18 – Policiamento .................................................................................................... 55

Gráfico 19 – Vinda de pessoas ruins a cidade ....................................................................... 55

Gráfico 20 – Violência ......................................................................................................... 56

Gráfico 21 – Consumo de drogas ilícitas .............................................................................. 56

Gráfico 22 – Consumo de álcool .......................................................................................... 57

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Gráfico 23 – Destruição do ambiente da serra ...................................................................... 58

Gráfico 24 – Desmatamento ................................................................................................. 58

Gráfico 25 – Atenção à saúde ............................................................................................... 59

Gráfico 26 – Gravidez precoce ............................................................................................. 59

Gráfico 27 – Exclusão dos moradores locais ........................................................................ 60

Gráfico 28 – Exploração sexual ............................................................................................ 60

Gráfico 29 – Preconceito contra o locais .............................................................................. 61

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Identificação da Macrorregião de Baturité ............................................................ 29

Mapa 2 – Acesso para Guaramiranga saindo de Fortaleza através da CE-060, passando-se

aí por cidades que compõem a subzona de transição do litoral .............................................. 33

Mapa 3 – Sub-regiões homogêneas ...................................................................................... 41

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Movimentação turística no Ceara: 2000/10 ........................................................ 20

Quadro 2 – População Residente 2010 ................................................................................. 33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – O turismo trouxe melhorias ................................................................................. 45

Tabela 2 – Chegada do turismo a cidade .............................................................................. 46

Tabela 3 – Rendimentos pessoais ......................................................................................... 46

Tabela 4 – Empregos locais .................................................................................................. 47

Tabela 5 – Comércio local.................................................................................................... 47

Tabela 6 – Limpeza urbana .................................................................................................. 48

Tabela 7 – Estradas .............................................................................................................. 49

Tabela 8 – Calçamentos ....................................................................................................... 49

Tabela 9 – Iluminação Pública ............................................................................................. 50

Tabela 10 – Esgoto residencial ............................................................................................. 50

Tabela 11 – Coleta de lixo .................................................................................................... 51

Tabela 12 – Escolas públicas ................................................................................................ 52

Tabela 13 – Ensino profissionalizante .................................................................................. 52

Tabela 14 – Bares e restaurantes .......................................................................................... 53

Tabela 15 – Lazer ou recreação ............................................................................................ 53

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Tabela 16 – Segurança pública ............................................................................................. 54

Tabela 17 – Furtos e roubos ................................................................................................. 54

Tabela 18 – Policiamento ..................................................................................................... 55

Tabela 19 – Vinda de pessoas ruins a cidade ........................................................................ 55

Tabela 20 – Violência .......................................................................................................... 56

Tabela 21 – Consumo de drogas ilícitas ............................................................................... 56

Tabela 22 – Consumo de álcool............................................................................................ 57

Tabela 23 – Destruição do ambiente da serra ........................................................................ 58

Tabela 24 – Desmatamento .................................................................................................. 58

Tabela 25 – Atenção à saúde ................................................................................................ 59

Tabela 26 – Gravidez precoce .............................................................................................. 59

Tabela 27 – Exclusão dos moradores locais .......................................................................... 60

Tabela 28 – Exploração sexual ............................................................................................. 60

Tabela 29 – Preconceito contra o locais ................................................................................ 61

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LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS

APA Área de Proteção Ambiental

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e Caribe

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

IPLANCE Instituto de Planejamento do Ceará

PDR Plano de Desenvolvimento Regional

PIB Produto Interno Bruto

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do Ceará

SESA Secretaria da Saúde do Estado do Ceará

SETUR Secretaria de Turismo

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13

2 TURISMO ....................................................................................................................... 16

2.1 Conceitos de turismo ...................................................................................................... 16

2.2 A história do turismo ...................................................................................................... 17

2.3 Turismo no Ceará ........................................................................................................... 19

2.4 Turismo e a Geografia .................................................................................................... 21

2.5 Desenvolvimento Local .................................................................................................. 24

3 BATURITÉ: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO ..................................................................... 29

3.1 Área de Proteção Ambiental – APA ............................................................................... 31

3.2 Guaramiranga: origem, evolução e destino ..................................................................... 31

4 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................... 37

4.1 Natureza e tipologia da investigação ............................................................................... 37

4.2 Definição das variáveis do estudo ................................................................................... 40

4.3 Universo e população-alvo ............................................................................................. 40

4.4 Plano de coleta de dados e instrumento de pesquisa ........................................................ 42

4.5 Plano de tratamento de dados ......................................................................................... 43

4.6 Operacional de estudo .................................................................................................... 43

4.7 Limitantes da pesquisa ................................................................................................... 44

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 45

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 64

APÊNDICE ........................................................................................................................ 70

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1 INTRODUÇÃO

Esta se propõe a apresentar o objeto e os objetivos da investigação. O primeiro, a

Área de Proteção Ambiental (APA) no Maciço de Baturité que é considerada a primeira e

mais extensa área criada pelo Governo no Estado do Ceará1, nos remanescentes de mata

atlântica existentes na cidade, além de trilhas, cachoeiras e um grande acervo cultural de

monumentos e edificações centenárias (SEMACE, 2010).

Em função do objeto de estudo, questiona-se: qual a relação entre o Turismo e o

Desenvolvimento Local na Área de Proteção Ambiental no Maciço de Baturité? Com base

nesse problema, o objetivo primário desta investigação é examinar a relação do Turismo com

o Desenvolvimento Local na Área de Proteção Ambiental no Maciço de Baturité no Ceará.

Para sustentar o objetivo geral aludido, foram elaborados três objetivos

secundários. O primeiro, objetiva discutir o turismo e o desenvolvimento local para identificar

os indicadores de desenvolvimento apropriado à pesquisa na Área de Proteção Ambiental no

Maciço de Baturité no Ceará. O segundo objetivo específico deseja analisar e avaliar os

resultados da pesquisa empírica para, por fim, no último objetivo secundário, posicionar-se

sobre a teoria do Desenvolvimento Local a partir dos resultados empíricos e propor as

contribuições.

Com a elaboração desse Trabalho de Conclusão de Curso, pretende-se estudar

sobre o processo de turismo que vem ocorrendo na Área de Proteção Ambiental no Maciço de

Baturité, bem como estabelecer se o turismo promove Desenvolvimento Local na APA.

Ademais, justifica-se o trabalho para estabelecer a relação percebida pelos moradores da

localidade sobre o Desenvolvimento Local, bem como a relação do Turismo na APA e seus

efeitos no Desenvolvimento Local. Ademais, a pesquisa é motivada por entender os desafios

hodiernos à gestão regional, suas causas e efeitos, a luz da teoria do Desenvolvimento Local.

Por fim, a importância deste estudo decorre da necessidade de melhor entendimento do setor

turístico, seus desafios e oportunidades, gerando e recebendo impactos do desenvolvimento

econômico-social, cultural e ambiental, especificamente na Região Nordeste do País,

notadamente no Ceará e, sobretudo em áreas rurais; ambiente bastante conhecido, vivenciado,

trabalhado tecnicamente e estudado academicamente por Alencar (2006; 2007).

O Brasil é um dos países mais diversos e heterogêneos do mundo (RIBEIRO,

1995), haja vista seus diversos locais e cidades e suas diferentes regiões e sabores. Este

1 Abrange uma área de 32.690 hectares, localizada na porção Nordeste do Estado na região serrana de Baturité.

Instituída pelo Decreto nº 27.290, de 15 de dezembro de 2003.

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caráter híbrido se repete no ambiente das organizações. Dentro da mesma fronteira

geográfica, estão fazendas com mão-de-obra ainda escrava e empresas semi-artesanais ao lado

de organizações de altíssima tecnologia (ALCADIPANI; CRUBELLATE, 2003).

O turismo participa do setor de serviços como o ambiente que mais tem crescido

nas economias industrializadas. Com efeito, o setor de serviços tem apresentado uma grande

importância, seja por sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) das nações

desenvolvidas ou em processo de desenvolvimento, seja por sua capacidade de empregar

pessoas, seja por gerar divisas para os países. Apesar de fazer parte desse setor, o turismo

passou a ser também denominado de „indústria sem chaminé‟, pelo fato de mobilizar uma

quantidade significativa de serviços, levando ao consumo e desencadeando a realização de

novas atividades (BORGES, 2007a).

O turismo, após anos de esforços concentrados da iniciativa privada, fez com que

o Estado entendesse a sua relevância e iniciasse o trabalho de mãos dadas com o

empresariado. A formação de emprego e renda foi essencial nesse momento, diminuindo as

desigualdades existentes e propiciando divisas para as parcas economias dos países em

processo de desenvolvimento. Ainda porque, segundo Borges (2007a), o turismo é uma

atividade aglutinadora, uma vez que estabelece uma combinação complexa entre as atividades

industriais e comerciais. O consumo de produtos turísticos (bens e serviços), por sua natureza

heterogênea, interliga vários setores simultaneamente, gerando um aumento de seus efeitos

em vários segmentos econômicos e financeiros.

De acordo com Kotler (1994), dos 178 países das Nações Unidas, na metade deles

o turismo é o maior ou o segundo maior negócio do país. Atrelado a esse fato, em países do

Caribe, o setor oferece 70% dos empregos. Ademais, o governo americano arrecada por volta

de US$ 40 bilhões anuais de impostos provenientes das atividades turísticas; números que

ressaltam o setor e destacam o turismo com atividade fim de uma nação comtemporânea.

Oliveira (2001) é mais enfático ao frisar que a atividade turistica é considerada como a

atividade que oferece mais empregos em detrimento a qualquer outra atividade econômica no

mundo. Segundo a mesma referência, de cada grupo de onze trabalhadores brasileiros, um

tem emprego vinculado ao turismo.

Assim, o entendimento que move a apropriação dos ambientes pelos atores sociais

– turistas e residentes – têm gênese distinta e, por isso, muitas vezes dicotomicas. Por outro

lado, as diferenças econômicas entre os turistas e os residentes têm trazido problemas, pois

quanto maior esta diferença econômica, maior a subordinação e a descaracterização cultural

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(DENCKER, 2004); motivo pelo qual faz-se necessária a compreensão da relação entre o

turismo e o desenvolvimento local.

Além do aludido, para o mercado, a atual investigação representa um ganho

substancial. O estudo sobre o tema permite identificar a competição entre empresas do trade

turístico na promoção do desenvolvimento local. Soma-se ao fato da possibilidade do estudo

gerar oportunidades de negócios entre associações cearenses na gestão territorial de recursos

locais com o objetivo de desenvolver e promover o turismo, o artesanato, a culinária e

produtos agrícolas, por exemplo.

Para a academia, uma ampliação do tema, visto que os temas Turismo e

Desenvolvimento Local são conceitos em construção, pesquisados e desenvolvidos sem a

pretensão de esgotar-se. O assunto é amplamente discutido, quer pela vertente do Meio

Ambiente (CORIOLANO, 2007), quer pela Sustentabilidade (RABELO, 2008; ABREU;

VASCONCELOS, 2005; MARTINS; VASCONCELOS, 2011); seja pelo Espaço Litorâneo

(BATISTA; LIMA, 2007; ALBUQUERQUE; VASCONCELOS, 2007).

Estudar o Turismo e o Desenvolvimento Local no Estado do Ceará, tendo como

variável básica a evolução da sociedade, associando-as ao tema do presente trabalho de

conclusão de curso, é um desafio que tem uma conotação ética que leva à exigência de

respostas. Buscar respostas a esse desafio, além de uma realização pessoal, é um dever

acadêmico que justifica todo trabalho que será empreendido na elaboração desta investigação.

A proposta aqui apresentada busca alternativas para a discussão da problemática levantada,

uma vez que se constata a necessidade de um novo entendimento daquilo que modernamente

se compreende por desenvolvimento endógeno.

Com efeito, de atender aos objetivos propostos, este trabalho apresentará seis

capítulos; sendo este, a Introdução, o primeiro. O segundo intitulado Turismo apresenta a

história do turismo no Ceará e destaca os conceitos e tipos de Turismo. O terceiro, fala sobre

o Maciço Residual de Baturité, destacando a sua história, geografia e a Área de Proteção

Ambiental. O quarto destinar-se-á ao posicionamento teórico sobre Desenvolvimento Local.

O quinto capítulo menciona os métodos e técnicas da pesquisa aplicada em campo,

informando sobre a sua natureza, a tipologia, os procedimentos operacionais e a tabulação. No

último capítulo serão apresentados e discutidos os resultados da pesquisa. Esta sessão precede

as considerações finais e referências bibliográficas desta.

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2 TURISMO

Este segundo capítulo possui objetivo de apresentar a historia do turismo, seu

desenvolvimento no Brasil e no Ceara, bem como os principais conceitos da área e os

tipos no Estado.

2.1 Conceitos de turismo

Na visão de diversas pessoas que não estão ligadas ao setor turístico

profissionalmente, o turismo é definido como sendo viajar, conhecer novas culturas ou

simplesmente ir a um determinado lugar e descansar. Porém o conceito de turismo é

consideravelmente mais abrangente do que imaginamos, sendo este possuidor das mais

diversas definições.

De acordo com Ignarra (2003, p. 14), o turismo é a junção de setores e indústrias

que se relacionam com a realização de uma viagem: “transportes, alojamentos, serviços de

alimentação, lojas, espetáculos, instalações para atividades diversas e outros serviços

receptivos disponíveis para indivíduos ou grupos que viajam para fora de casa”. No mesmo

raciocínio Oscar de La Torre (1992, apud BARRETTO, 2003, p. 13) acrescenta que:

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivo

de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual

para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada,

gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Trata-se de uma atividade voluntária que por diversos tipos de motivações levam

as pessoas a viajarem para locais distintos do seu ambiente habitual, criando novas relações

culturais, sociais e econômicas de acordo com o local visitado.

Assim o turismo refere-se a todas as atividades realizadas por visitantes os quais

são denominados de turistas. Estes atuam como agentes econômicos que movimentam os

negócios de uma determinada localidade. São pessoas dispostas a vivenciar experiências

novas, nas quais os empresários e autoridades buscam satisfazê-los de acordo com a ética e os

costumes locais (DIAS, 2005). No mesmo raciocínio Vasconcelos e Coriolano (2008, p. 263)

complementam que “através das atividades de consumo e de investimento, o turismo impacta

diversos setores da economia do destino turístico”.

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Portanto, o turismo trata-se de uma atividade multidisciplinar que provoca

alterações econômicas, políticas, culturais, sociais e ambientais numa proporção maior

comparada a outras atividades desenvolvidas ao longo da história da humanidade.

2.2 A história do turismo

A história do turismo tem origem desde a antiguidade, mais precisamente, na

Idade Antiga e sua evolução ao longo do tempo pôde ser percebida. Os deslocamentos

humanos constituem uma característica da humanidade. O homem pré-histórico deslocava-se

em busca de alimentos e proteção em diversas épocas do ano. Até que chegou um período em

que os seres humanos alimentavam-se sem haver necessidade de deslocar-se. No entanto,

esses persistiram, mas por outros motivos (DIAS, 2005).

As viagens tiveram seu desenvolvimento na antiga Grécia. O povo grego não

viajava motivado pelo lazer, mas sim por razões religiosas, esportivas ou por necessidade de

conhecimento nos oráculos de Delfos, entre outros (OLIVEIRA, 2002; DIAS, 2005). Já em

Roma estas prosperaram, atingindo seu apogeu. Os romanos eram mais preparados em relação

ao turismo como atividade de lazer.

A Pax Romana, enquanto período de paz com o fim das guerras civis do Império

Romano, foi fundamental para essas viagens tornando o trajeto desses viajantes tranquilo, sem

hostilidade. Os passeios, as leituras e as conversações se alternavam com a pesca e os banhos

sulfurosos. A infraestrutura viária extensa que formava uma ótima rede de estradas, pontes e

viadutos foram também fatores importantes para o extraordinário desenvolvimento das

viagens. Somente com a queda do Império Romano que estas tiveram um enfraquecimento

devido à falta de segurança, aos constantes saques e assassinatos (OLIVEIRA, 2002).

Com a chegada da Idade Média, características como a ascensão da Igreja

Católica e a atividade comercial foram manifestadas. Houve um aumento essencial do número

de viajantes devido às peregrinações, que ocasionavam visitas a templos e santuários. Como

também aconteciam viagens por motivos comerciais: os viajantes deslocavam-se em busca de

produtos a serem comercializados no Ocidente dando origem as Grandes Navegações

resultando em um aumento significativo das viagens, descobertas de novas terras e de novas

formas de realizar negócio (DIAS, 2005).

Na Idade Moderna o Renascimento Europeu representou a quebra do domínio da

religião e encorajou a satisfação pessoal e o desejo de explorar e de entender o mundo, surge

então nesse período um novo tipo de viajante. Esse levava sua experiência, o seu

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conhecimento diferente daquele encontrado na Idade Média que viajava para experimentar os

mistérios da Igreja (OLIVEIRA, 2002).

Nessa mesma era, na Inglaterra, nasceu o Grand Tour, um exemplo de viagem

educativa que eram realizadas por jovens da nobreza inglesa para complementar seus

conhecimentos e adquirir experiência profissional podendo durar até três anos. Eram sempre

acompanhadas por um instrutor, que orientava esses jovens durante o percurso. No século

XX, após o turismo estabelecido e sistematizado em alguns países da Europa, o mundo então

passaria por duas grandes Guerras Mundiais. Lado a esses conflitos surgem duas importantes

invenções resultando na ampliação de destinos turísticos, o automóvel e o avião. Sendo o

primeiro mais rentável que o trem e o segundo o meio de transporte mais veloz até o

momento, passando a ser utilizado pela indústria turística. Hoje é quase impossível praticar

turismo sem esses meios de locomoção.

No século XXI, com a evolução dos transportes, as mudanças e desemprego nos

setores da produção manufatureira e a pouca mão de obra no campo, o turismo apresenta-se

como uma alternativa econômica viável em diversas localidades utilizando recursos naturais e

culturais sem causar destruição (DIAS, 2005). A exemplo desse tipo de turismo pode-se citar

o turismo religioso, o turismo gastronômico, o turismo de aventura, o ecoturismo, o turismo

cultural, bem como outros, que foram incrementados pelas mudanças ocorridas no início do

século e que possibilitaram a maior mobilidade das pessoas entre os lugares.

A atividade turística, pertencente ao setor terciário, é a que mais cresce no Brasil.

Esta atividade passou a ser vista como a que mais gera, direta ou indiretamente, emprego e

renda para o país. Quando implantada de forma planejada, é capaz de desenvolver varias

localidades por conta de sua gama de serviços e quando não planejada adequadamente pode

comprometer o meio ambiente, o desenvolvimento do local e gerar impactos irreversíveis nos

âmbitos socioculturais da região.

O atual crescimento e a consolidação do Turismo no Brasil estão recebendo a

atenção de governantes, investidores e de possíveis empreendedores, por sua

capacidade em gerar renda e emprego. Essa consolidação esta transformando cada

vez mais, o Turismo em um produto de consumo do brasileiro (SEBRAE, 2012).

De acordo com Borges (2009), o Turismo envolve uma série de produtos e

serviços prestados aos seus consumidores, no caso os turistas. Serviços como hospedagem,

transporte, restaurantes bem como atrações naturais, atrações criadas pelo homem, eventos

especiais formam a cadeia produtiva do turismo criada visando atender e a satisfazer as

necessidades dos visitantes. Fontenele Júnior (2004, p. 48) acrescenta que

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Os turistas têm diferentes necessidades e expectativas que devem ser atendidas por

todos os elos da cadeia, no que se faz necessária a qualidade dos serviços e produtos

ofertados [...] as vias de acesso, bem como os meios de transporte devem apresentar

bom estado de conservação e eficiência operacional. O sistema de hospedagem

devem ser adequado e ofertar leitos de acordo com a previsão da demanda [...].

Vale lembrar que o crescimento do setor turístico, mesmo com a vasta diversidade

de produtos e serviços oferecidos, depende do nível de satisfação do visitante. Assim, a cadeia

turística deve funcionar de forma conjunta, pois de nada adianta, por exemplo, o turista está

satisfeito com o seu roteiro de viagem e não se sentir confortável com as acomodações nas

quais estão hospedados. Caso não haja qualidade no que está sendo oferecido certamente o

crescimento da atividade turística e o desenvolvimento local não acontecerá, pois, uma vez

não satisfeitos, os turistas poderão não retornar ao local visitado.

O nível de satisfação não depende tão somente de um dos produtos turísticos, mas

do funcionamento da cadeia como um todo. Nesse sentido, Teixeira (1999, p. 97) ressalta que

“O produto turístico deve ser compreendido como um aglomerado de serviços que são

utilizados pelo turista durante sua permanência em um destino, e a má qualidade deles afeta a

avaliação do conjunto e compromete os demais”.

Um aglomerado de serviços objetivando o mais alto grau de satisfação para o

turismo local e internacional é percebido no Estado do Ceará, conforme próximo item.

2.3 Turismo no Ceará

Localizado ao Norte da região Nordeste do Brasil, o Estado do Ceará, é conhecido

por sua religiosidade, pela cultura do seu povo e pela exuberância de suas praias. O Ceará

oferece uma diversidade de paisagens; praias, sertões, serras e cidades históricas se mesclam

para formar uma das mais belas paisagens do Brasil. Mas não é só o cenário que encanta. A

hospitalidade do povo, a culinária especial e a cultura rica e original fazem do Ceara um

destino turístico irresistível (SEBRAE, 2005, p. 6).

O Estado é considerado como um dos maiores pólos turísticos do país. Além da

oferta turística natural do litoral, com a presença de dunas, falésias, coqueiros, fontes de água

doce, lagoas, poucas enseadas, há presença de equipamentos nas serras e no sertão;

localidades que garantem uma diversidade ambiental e um diferencial para os produtos

turísticos. Soma-se aos atrativos naturais, a hospitalidade da população local já sobejamente

conhecida e divulgada, bem como o ecoturismo no interior do Estado e a diversão noturna da

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capital Alencarina, que fazem do Ceará um dos pontos turísticos procurados tanto pelo

segmento nacional como estrangeiro.

Ainda conforme o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), a orla marítima do estado é “uma das maiores do País, com 573 quilômetros de

extensão a costa cearense é rica em dunas, falésias, coqueirais e enseadas de água doce”

(SEBRAE, 2005, p. 7). Diante desse cenário, de exuberância e beleza que é oferecido ao

visitante, o seu litoral torna-se o principal atrativo turístico do Ceará. Fontenele Junior (2004)

ratifica que embora o Turismo no Ceará seja mais voltado para exploração das paisagens

litorâneas, o patrimônio natural e cultural do interior do Estado é bem mais vasto e oferece

excelentes possibilidades turísticas aos visitantes.

Movimentação Turística

Anos Capital % Interior % Total

2000 1.507.914 22,3 5.239.917 77,7 6.747.831

2001 1.631.07 25,5 4.755.188 74,5 6.386.260

2002 1.629.422 25,0 4.879.847 75,0 6.509.269

2003 1.550.857 22,7 5.266.687 77,3 6.817.544

2004 1.784.354 23,4 5.826.275 76,6 7.610.629

2005 1.968.856 23,7 6.340.241 76,3 8.309.097

2006 2.062.493 22,5 7.103.255 77,5 9.165.748

2007 2.079.590 21,4 7.639.328 78,6 9.718.918

2008 2.178.395 21,4 8.003.224 78,6 10.181.619

2009 2.466.511 21,5 8.979.520 78,5 11.446.031

2010 2.691.729 21,2 10.008.271 78,8 12.700.000

Quadro 1 – Movimentação turística no Ceara: 2000/10

Fonte:SETUR/CE (2012).

Embora o litoral seja a principal demanda turística do Ceará podem-se encontrar

produtos turísticos diferenciados em outras localidades do estado. O forró e o artesanato da

região, a peregrinação de romeiros, as inscrições rupestres na serra do Araripe, as cachoeiras

como a Bica do Ipu, açudes como o de Pentecostes e Castanhão, cidades serranas como

Guaramiranga e Ubajara (SETUR, 2002) são atrativos turísticos que ressaltam a cultura local

e destacam o Estado do Ceará no cenário turístico brasileiro.

A partir dos números apresentados nota-se que desde o ano de 2000 os principais

atrativos turísticos do Ceará mais procurados pelos visitantes estão no interior do estado.

Pode-se perceber que aumenta a cada ano a superioridade do turismo no interior em relação a

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capital, fator positivo para o desenvolvimento local dessas regiões. “O turismo de serras e

sertões tenta desenvolver novas potencialidades locais, tendo também em vista estimular o

crescimento econômico de comunidades com economias estagnadas” (VASCONCELOS;

CORIOLANO, 2008, p. 261). Nas serras e sertões as paisagens são bastante diversificadas.

Conforme a Secretaria de Turismo (SETUR), municípios serranos como o de Guaramiranga,

situado no maciço de Baturité, é um exemplo dos grandes atrativos turísticos do estado

(SETUR, 1997).

Pode-se elencar ainda mais uma razão do sucesso do turismo no Estado; os

serviços e equipamentos que são colocados à disposição dos turistas. Com efeito, nas duas

últimas décadas, vários restaurantes, hotéis, pousadas foram inaugurados no Ceará,

verificando-se, uma grande inversão do capital estrangeiro nesse segmento, notadamente de

investidores portugueses e espanhóis. Apenas para efeito de ilustração, 387 (trezentos e

oitenta e sete) mil empregados trabalhavam no sistema turístico do Estado, o que correspondia

a 8,47% dos empregados em todo o Brasil (BRASIL, 2000; SETUR, 2002; IPLANCE, 2000).

2.4 Turismo e a Geografia

A preocupação no sentido de conhecer e de explicar as atitudes e os valores da

população frente ao meio ambiente tem na Geografia, como uma das alternativas para essa

abordagem. A pauta fundamental para a percepção geográfica é o espaço que, segundo

Gibson (1960), não é um vazio com linhas que se conectam em ângulos retos, mas sim, o

espaço em que se situam as habitações, os caminhos e as regiões. É o mesmo espaço em que

os homens caminham, valorizam as paisagens, extraem riquezas e alimentos para o seu

sustento e se deslocam para o lazer. Assim, a compreensão cognitiva do espaço torna-se

abrangente, razão pela qual ela tem constituído a preocupação de muitos geógrafos.

O conhecimento do espaço, de seus objetos e de sua movimentação, segundo

Benevides (1996) que deve ser valorizado, uma vez que possibilita a sensação de segurança e

permite o aparecimento de respostas em formas apropriadas, nos momentos de tomada de

decisão. Através da experiência, procura o homem, hoje mais consciente, conhecer seu meio

ambiente. Apreende formas de ação para seu uso, sua valorização e, quando necessário, para

assumir atitudes em relação a ele. É assim que o homem se integra ao seu meio ambiente.

Isso concorre para que, a compreensão do espaço geográfico se torne complexa.

As relações das pessoas com o meio ambiente, do qual fazem parte, processam-se, também, a

partir da percepção que dele se tem, das atitudes nela tomadas e dos valores a ele atribuídos.

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São extremamente variadas as maneiras das pessoas perceberem e avaliarem o meio ambiente.

Do mesmo modo, são inconstantes as atitudes das pessoas, pois, refletem elas variações

individuais, bioquímicas, psicológicas, antropológicas e, de modo relevante, seu estilo de

vida.

Quando o espaço geográfico é analisado sob a ótica do turismo, outras variáveis

fazem parte desse complexo e estabelece uma relação de sincronismo, autonomia e, todavia,

dependência. Para Vera et al. (1997, p. 41), “la geografía del turismo investiga las escalas

territoriales, el análisis de la diversidad ambiental, social y económica de los territorios

dedicados al turismo y la articulación entre espacios emisor-movilidad-destino turístico”.

Assim todos os fatores inerentes a esse contexto devem fazer parte do estudo.

Para Xavier (1999), os significados de percepção, de atitudes e de valores se

superpõem e, se tornam claros dentro do próprio contexto expresso em cada um desses

processos. Ele ainda considera que a atitude, assumida frente ao mundo, é formada por longa

sucessão de percepções e de experiências. As atitudes adotadas pelas pessoas para com o meio

ambiente espelham seus interesses e seus valores, e refletem sua visão de mundo. Trata-se de

uma experiência conceitualizada, parcialmente pessoal e, em grande parte social.

Sabe-se que os fatores culturais e o meio ambiente físico interferem na visão do

mundo. Esses dois componentes constituem os traços fundamentais para um melhor

entendimento da percepção geográfica do turismo, destacando-se a definição dos

componentes naturais e culturais tidos como de valor para uma comunidade e de explicarem

as relações afetivas que se estabelecem entre as pessoas e o lugar, influenciando, assim, à

forma da comunidade para receber os turistas.

Como visto anteriormente, às vezes, no entanto, surgem os conflitos sociais que

tem, características comuns, expressando temores ou esperanças locais em relação às questões

ambientais. É o caso, específico do Estado do Ceará, com algumas construções que estão

sendo erguidas em zonas de praia, em que a população tem manifestado inquietações acerca

dos impactos ambientais que poderão advir com essas construções.

De acordo com Cruz (2002), o turismo é uma prática social, que envolve o

deslocamento de pessoas pelo território e que tem no espaço geográfico seu principal objeto

de consumo. O turismo introduz no espaço objetos definidos pela possibilidade de permitir o

desenvolvimento da atividade. Nessa ótica, o espaço pode vir a ter duas concepções. Uma a

partir de seus moradores, que deve ser desenvolvida a partir da uma realidade prática e

consciente de seus recursos. Outra, do turista, que percebe o espaço de forma diferente, mais

irreal, mais poética. Como afirma Xavier (1999), o turista tem a paisagem como se fosse para

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compor um quadro. Assim a percepção de seu mundo visual é acrescida de valores muitas

vezes relacionados a sonhos e fantasias. Isso porque, enquanto que a população receptora vive

seu cotidiano, numa realidade de trabalho, sendo o lazer uma atividade secundária, o turista,

por sua vez, afasta-se de seu cotidiano, tendo o lazer como atividade principal.

E para isso, é necessária a existência do espaço, aqui considerado além do aspecto

geográfico, as edificações, os equipamentos, as estradas, etc. Apesar do seu crescimento e do

reconhecimento de uma das atividades mais importantes dentro no mundo hodierno, ainda

existem espaços ainda não descobertos pelos turistas. Dentro desse prisma, o turismo pode ser

considerado como instrumento para construção de novos espaços de crescimento e de

desenvolvimento territorial (VERA et al., 1997).

Nesse sentido, é de se ressaltar que a experiência e a visão do mundo

desempenham importante papel no desenvolvimento da percepção geográfica e no

desenvolvimento local. Daí, ser oportuno apontar, de acordo com Pellegrini Filho (1999), que

a interação do indivíduo e o seu meio ambiente são baseadas em oportunidades e

contradições. Segundo esse autor, as oportunidades provêm dos recursos e as contradições,

por sua vez, decorrem dos riscos. Nesse escopo, a dinâmica da produção de territórios

turísticos, ou seja, da apropriação dos espaços pela prática do turismo, comporta, com a

incorporação de novos espaços, o abandono parcial ou total de outros, pois entre os fatores

que determinam sua valorização destacam-se, dentre outros, os modismos, produzidos pela

ação determinante do marketing.

A atividade de turismo envolve vários segmentos das atividades humanas

atingindo diferentes grupos de pessoas, tais como os planejadores, políticos, profissionais da

área, o turista cerne principal da área e, evidentemente, a comunidade local. Essa última

sempre tem sido deixada de lado e enfrenta, dentro de sua percepção, uma eterna luta,

influenciada por inúmeros fatores tais como a possibilidade de trabalho, elevação de renda,

melhoria do conforto em troca da perda de privacidade, além do fato de ver seus bens de uso

se transformando em verdadeiras mercadorias à disposição dos visitantes.

São os conflitos apontados por Knafou (1996), resultantes das diferenças de

territorialidade nômade dos turistas e a territorialidade sedentária dos residentes. Assim, as

lógicas que movem a apropriação dos espaços pelos atores sociais – turistas e residentes – têm

naturezas muito diferentes e, por isso, muitas vezes conflitantes.

Por isso tudo, é importante que se conheçam a conduta e as atitudes das pessoas

envolvidas com o turismo, que se conheçam os valores que essas pessoas atribuem ao meio

ambiente e que respostas são atribuídas ao uso dos recursos pelos turistas. O conhecimento da

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percepção geográfica dos lugares que recebem o turismo poderá exercer, também, grande

contribuição no desenvolvimento de uma conduta ambiental do homem e da melhoria da

qualidade de vida da população, bem como no conhecimento das diferentes formas de

relacionamento entre os moradores e os valores locais.

2.5 Desenvolvimento Local

Na busca por entender como se dá o desenvolvimento local, identificam-se duas

importantes escolas de pensamento: a Teoria Neoclássica da Localização e a Economia do

Desenvolvimento. Muito embora não sejam percebidos seus aspectos nos estudos

contemporâneos sobre desenvolvimento econômico, sua observância remete a elementos que

caracterizam as aglomerações de empresas.

Assim sendo, o economista alemão que viveu entre 1783 a 1850, Johann Heinrich

Von Thünen, fundamentou a Teoria Neoclássica da Localização, em conjunto com os

economistas Alfred Weber [1868-1958], Walter Christaller [1893-1969], August Lösch

[1906-1945] e Walter Isard (nascido em 1919). Essa teoria enfatiza a dispersão geográfica da

produção industrial a partir da questão da localização visando a uma economia dos custos

operacionais, de transporte das matérias-primas e do produto final até ao mercado

consumidor. Dessa forma, apresentando as leis naturais na evolução das estruturas

econômicas, fornecendo indicativos importantes para a análise do uso da terra para a

formação e evolução das concentrações urbanas (KRUGMAN; OBSTFELD, 2004).

Mas foi o economista alemão Friedrich List [1789-1846], na década de 1840,

quem desenvolveu uma tese que enfatizava a importância do espaço geográfico para o

desenvolvimento econômico. Consta como o primeiro a pensar no território como agente

ativo no desenvolvimento econômico. As demais teorias na época concentravam-se em

entender como e por que as atividades econômicas se distribuíam no meio geográfico. List

defendia que um sistema produtivo nacional eficiente dependia também de sua localização

territorial. O autor atestava que as indústrias deveriam ser protegidas por barreiras

alfandegárias até que tivessem plenamente desenvolvidas e em condições de competirem com

as indústrias estrangeiras, pois de início não teriam condições de competir em tecnologias ou

ganhos com economias de escala (VÁZQUEZ BARQUERO, 2001).

As teorias econômicas de Schumpeter, em 1911, sobre o desenvolvimento

econômico colaboram para uma constatação coerente das leis naturais na evolução das

estruturas econômicas, ao fornecer explicações das flutuações econômicas ocorridas como

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consequência das inovações tecnológicas. O que o faz propor a hipótese de que o

desenvolvimento econômico ocorre de forma descontínua em termos de intensidade ao longo

do tempo (SCHUMPETER, 1982).

Entre as teorias e estudos sobre o desenvolvimento econômico dando relevância

ao território, destaca-se com grande influência no Brasil os estudos da Comissão Econômica

para América Latina (CEPAL). Por se tratar de estudos voltados aos países subdesenvolvidos

e com um foco na América Latina, eles nortearam as decisões políticas e planos econômicos

desde o Regime Militar com o Governo de Castelo Branco em 1964 até a intervenção das

ideias Neoliberais a partir do Governo Collor em 1988.

Em 1948, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas criou a Comissão

Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), com o objetivo de incentivar a

cooperação econômica entre os países participantes e discutir ações econômicas

protecionistas, aplicáveis à realidade desses países. Dessa maneira, a América do Sul formada

por países de baixa expressão econômica com produções basicamente agrícolas, permeia a

vanguarda de estudos e debates sobre o desenvolvimento e a industrialização, com vistas à

melhoria de vida e crescimento econômico e social. Foram elaborados diversos diagnósticos

sobre as realidades econômicas desses países, criando uma espécie de “Plano Marshall2” para

a América Latina (MAGALHÃES; TORRES, 2008).

Benko (1999) relata que mesmo com a preocupação da Teoria Neoclássica da

Localização com a dispersão geográfica do espaço produtivo, ainda ignora as questões de

gestão do espaço e como influencia no desenvolvimento.

Dentro desta perspectiva emerge a teoria da Economia do Desenvolvimento,

considerando que o crescimento econômico apesar de ser uma condição indispensável não era

suficiente para haver desenvolvimento. Defendendo que para que ocorra o desenvolvimento,

seria necessária uma transformação estrutural, assim alcançar um crescimento econômico

contínuo, envolvendo mudança de estrutura produtiva e melhoria nos indicadores sociais.

Constituindo um fenômeno de longo prazo que implicaria o fortalecimento da economia

nacional, aumentando a produtividade e endogeneização de progresso técnico e formação de

capital (COSTA, 2010).

2 Programa de Recuperação Europeia, proposto pelos americanos para a reconstrução dos países europeus

aliados após a Segunda Guerra com iniciativa do então Secretário de Estado George Marshall (MARSHALL,

1985).

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“O embrião da Economia do Desenvolvimento foi posto nas décadas de 1940 e

1950 na França, quando François Perroux afirmou que o crescimento econômico não se

manifesta de forma equânime no tempo e no espaço”.

Com a evolução dos tempos, tem-se apresentado o despertar de um novo

paradigma de desenvolvimento, voltado à potencialidade das pessoas e das regiões de

promoverem um crescimento econômico baseado na estrutura local. A interdependência das

economias mundiais com o processo de globalização que fomenta os mercados internacionais

estimulou a procura por novas explicações e enfoques no crescimento econômico que é

suprida pelo pensamento do Neoliberalismo

O surgimento das estratégias locais de desenvolvimento, nos anos 70 e 80, tem

reações diferentes das que ocorreram nas crises e recessões anteriores. Nas crises anteriores,

as administrações centrais do Estado, tomaram ainda mais forças em suas mãos e, como

conseqüência, fortaleceram-se e tornaram-se absolutos em suas políticas. Na atualidade, os

ajustes estão se concretizando na reestruturação espacial e territorial do sistema produtivo,

que exige medidas flexíveis, adaptadas aos problemas de cada região (MENDEZ, 1998).

Na realidade, esse reajuste está gerando o reforço do local e do global, devido ao

aumento da flexibilização na acumulação e na regulação. Nada nega a dimensão internacional

da reestruturação. Mas, ao mesmo tempo se produz uma maior valorização dos espaços não-

metropolitanos (VÁZQUEZ BARQUERO, 1988). A valorização do local deve-se ao aumento

da mobilidade do capital ao desenvolvimento dos sistemas locais de empresas e novas formas

de acumulação não-flexíveis. Com isso, os próprios índices de desenvolvimento humano

tendem a crescer, com a participação mais efetiva dos atores locais, uma vez que não só

melhora a questão da renda, mas também da educação e na diminuição da violência urbana,

na medida em que surge um maior interesse em conhecer com mais profundidade os

problemas e as potencialidades de seu entorno e, por via de conseqüência de sua longevidade.

As novas condições de funcionamento da economia tornam ineficazes os velhos

esquemas intervencionistas no território, já que os modelos estruturalistas de desenvolvimento

regional não produzem os efeitos esperados (VÁZQUEZ BARQUERO, 1988). Cabe ressaltar

que esses velhos modelos são aqueles que eram elaborados nos gabinetes, sem que houvesse,

no processo decisório, uma efetiva participação das comunidades envolvidas e,

conseqüentemente, sem o exato conhecimento de suas realidades. Em todos os enfoques do

Desenvolvimento Local, a importância do entorno tem favorecido também uma reorientação

de políticas de promoção, tendendo a substituir a assistência das empresas em forma de

subvenções, dando uma maior atenção as externalidades e, ao mesmo tempo, a cooperação

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entre os atores do processo, a quem cabe, cada vez mais, um importante papel (CUADRADO,

1988).

O termo desenvolvimento durante muito tempo foi sinônimo de crescimento

econômico. Porém, ao longo dos tempos tem assumido propostas variadas, como por

exemplo, o desenvolvimento local. Vázquez Barquero (2001, p. 41) define este tipo de

desenvolvimento como sendo “[...] um processo de crescimento econômico e de mudança

estrutural, liderado pela comunidade local ao utilizar seu potencial de desenvolvimento que

leva à melhoria do nível de vida da população”.

O desenvolvimento local envolve fatores sociais, econômicos, culturais e

políticos. Portanto é considerado como um processo consistente de mudança consciente e

sustentável da realidade local. Esse tipo de desenvolvimento visa oportunizar a viabilidade

econômica local e competitividade, gerando emprego e renda ao mesmo tempo em que

conserva os recursos ambientais. Para Amaral Filho et al. (2002, p. 262) o conceito de

desenvolvimento local

[...] pode ser entendido como um processo de crescimento econômico que implica

uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre a produção, bem

como a capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do

excedente econômico gerado na economia local e/ou atração de excedentes de outras regiões. Esse processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da

renda do local ou da região.

No processo do desenvolvimento local é fundamental a valorização da diversidade

das potencialidades humanas locais. As iniciativas inovadoras da coletividade, juntamente

com a articulação das potencialidades das comunidades locais promovem esse tipo de

desenvolvimento. Vázquez Barquero (2001, p. 57) enfatiza que “quando a capacidade local é

capaz de utilizar o potencial de desenvolvimento e liderar o processo de mudança estrutural,

pode-se falar de desenvolvimento local endógeno ou, simplesmente, de desenvolvimento

endógeno”.

O desenvolvimento local é um processo endógeno que representa uma

transformação que ocorre em pequenas localidades e agrupamentos humanos capaz de

promover o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida da população

local, explorando as suas capacidades e potencialidades (BUARQUE, 1999). No mesmo

raciocínio, Zapata (2000) complementa que o desenvolvimento local é um processo de

crescimento econômico que busca melhorar a qualidade de vida da população utilizando as

potencialidades da própria comunidade.

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O conceito de desenvolvimento endógeno se baseia na visão de que as localidades

possuem recursos econômicos, culturais, ambientais e humanos constituindo seu potencial de

desenvolvimento. As iniciativas de desenvolvimento local buscam estimular a diversificação

econômica, o fortalecimento de parcerias através da cooperação, e o fomento para o

surgimento e a expansão de micro e pequenas empresas na busca pelo desenvolvimento

endógeno com mais igualdade (ZAPATA, 2000). Deseja, portanto, de forma empírica, aplicar

o conceito Desenvolvimento Local em um objeto de estudo para reconhecer a relação com o

turismo no entendimento dos moradores da localidade, conforme item vindouro.

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3 BATURITÉ: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

Em seu processo histórico, a cidade de Baturité têm origem indígena do Tupi ibi-

tira-eté, que significa dizer „serra verdadeira‟ em sua toponímia. Porém tal versão não é

considerada unânime segundos os estudiosos. As mais antigas referências são de 1746,

quando Inácio Moreira Barros e André Moreira de Moura fizeram uma petição ao Capitão-

mor, Governador da Capitania do Ceará Grande, João de Teive Barreto de Menezes, a

concessão de uma sesmaria entre o rio Choro e a serra de Baturité.

Inicialmente permaneceu-se a denominação de Aldeias das Missões em 1762. Em

seguida o local foi elevado à categoria de vila, assim nomeada por Palmas em 1763 (Carta

Régia datada de 6 de Agosto de 1763 e Portaria de 15 do mesmo mês e ano, e conforme

Edital, publicado a 31 de Março de 1784). Elevado à condição de cidade através da Lei

provincial nº 844, de 09/08/1858, trazendo o nome de Baturité.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

(IPECE), a Macrorregião de Baturité é constituída por um montante populacional de 29.861

habitantes. Segundo divisão administrativa, em 1920, o referido município passou a ter 08

(oito) distritos: Baturite, Caio Prado, Candeia, Castro (atualmente corresponde a cidade de

Itapiúna), Guaramiranga, Pernambuquinho, Putiú e Riachão (Capistrano) (IPECE, 2011).

Mapa 1 – Identificação da Macrorregião de Baturité

Fonte: IPECE (2009 IN BRASIL, 2010).

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Em divisão territorial datada de 01/07/1960, o município de Baturite é constituído

apenas do distrito sede, onde os demais distritos, ao longo dos tempos ou foram extintos, ou

elevados também à categoria de município (Capistrano, Itapiuna e Pacoti), ou então agregados

a novos municípios, como é o caso do distrito de Caio Prado, que ficou para o município de

Itapiuna, e Guaramiranga e Pernambuquinho desmembrou-se para formação do município de

Pacoti. De acordo com a Lei municipal nº 932, datada em 17/01/1991, foram criados mais três

distritos para o município de Baturité: Baturité (distrito sede), Boa vista e São Sebastião,

conforme Mapa 1.

Considerando seus aspectos climáticos, a mesma caracteriza-se por um clima

bastante favorável do tipo tropical quente sub-úmido, onde a temperatura média se mantém

entre os 26º a 28º, podendo também sofrer alterações à noite ou no período chuvoso e possui

uma extensão territorial de aproximadamente 308,78 quilômetros quadrados, conforme

Foto 1.

Foto 1 – Imagem aérea da cidade de Baturité (12/01/2013)

Fonte: Google earth (Image U. S. Geological Survey, 2013).

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3.1 Área de Proteção Ambiental – APA

Área de Proteção Ambiental (APA) de Baturité, legalmente protegida. APA é uma

unidade de conservação criada para compatibilizar o uso, a ocupação humana com a

conservação e preservação do meio ambiente. E destaca-se pela sua localização com o

segundo ponto mais alto do Ceará, o Pico Alto com 1.115 m de altitude.

Este enclave semiúmido possui um clima Tropical Subquente Úmido e Tropical

Quente Úmido são caracterizados por temperatura média em torno de 24ºC e 26ºC durante o

ano com períodos chuvosos nos meses de janeiro a maio (IPECE, 2011). Porém, entre julho e

setembro, no período da noite pode se sentir temperaturas ainda mais amenas, beirando os

14ºC e 15ºC. Característica essa por estar a 600 m acima do nível do mar.

Com uma vegetação exuberante, onde samambaias, orquídeas e flores silvestres

convivem com uma fauna nativa que inclui as mais diversas espécies de pássaros,

Guaramiranga comporta, portanto, restos da Mata Atlântica, sendo considerada pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como um

Patrimônio do Planeta. Seu relevo é ondulado, em função de sua localização em área serrana.

Após o exposto, faz-se necessária a apresentação da cidade em questão e dos métodos e

técnicas de pesquisas conforme item vindouro.

3.2 Guaramiranga: origem, evolução e destino

A área em estudo compreende o município de Guaramiranga e está localizada na

Macrorregião Norte-Cearense, mais precisamente na Microrregião de Baturité em um dos

pontos mais altos do Estado a 4º15‟48” de latitude sul e 38º55‟59” longitude oeste de

Greenwich conforme IBGE/IPECE (2011). De origem indígena, o termo Guaramiranga

significa “passáro vermelho” no Tupi. A serra encontrava-se dentro da área territorial da Vila

de Baturité, em uma área de difícil acesso, com recortes geográficos muito acentuados onde

grande parte do seu território situava-se 800 m acima do nível do mar (PAGLIUCA, 2009).

No dia 04 de setembro de 1890, por meio do Decreto nº 59, o nome do povoado

passa a denominar-se Vila de Guaramiranga (FARIAS, 2001). Quanto à formação legal foi

definitivamente, elevada a categoria de município em 11 de junho de 1957 pela Lei nº 3679

conforme explica Bastos (2005, p. 73-74):

Em 1899, pela lei n° 550, de 25 de agosto, a vila de Guaramiranga foi declarada

extinta, ficando anexada ao Município de Baturité, mas foi restaurada pela lei de n°

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1887, de 15 de outubro de 1921. Novamente suprimido pelo Decreto n° 193, de 20

de maio de 1931, passou a ser simples distrito de Pacoti.

Pagliuca (2009, p. 32) ressalta “[...] os anos 1970 e 1980 foram marcados pela

pouca utilização econômica da região. Todavia o turismo configurou-se como uma atividade

de grande envergadura, movimentando recursos locais”. Contudo, o cultivo do café foi o

responsável pelo apogeu econômico da região, além de propiciar o crescimento das cidades

locais e a construção do patrimônio histórico e arquitetônico.

Ainda em Pagliuca (2009, p. 32), “A economia foi desenvolvida ainda em seus

aspectos mais rentáveis mediante exploração do café, verduras e legumes [...]”. Além do

cultivo de café, que em algumas propriedades era produzido à sombra de outras árvores

nativas possibilitando uma cultura sustentável deste produto conforme outras atividades

agrícolas como: banana, horticultura, milho, feijão e mandioca, merecem também destaque

(BASTOS, 2005; COSTA FILHO, 2004).

O município possui uma área de 59,47 km² correspondendo 0,04% da área do

Estado, de acordo com dados do IBGE/IPECE (2011). O município é constituído de dois

distritos, a Sede e Pernambuquinho. Encontra-se na Área de Proteção Ambiental (APA) de

Baturité, legalmente protegida. APA é uma unidade de conservação criada para compatibilizar

o uso, a ocupação humana com a conservação e preservação do meio ambiente. E destaca-se

pela sua localização com o segundo ponto mais alto do Ceará, o Pico Alto com 1.115 m de

altitude.

Este enclave semiúmido possui um clima Tropical Sub-quente Úmido e Tropical

Quente Úmido são caracterizados por temperatura média em torno de 24ºC e 26ºC durante o

ano com períodos chuvosos nos meses de janeiro a maio IPECE (2011). Porém, entre julho e

setembro, no período da noite pode se sentir temperaturas ainda mais amenas, beirando os

14ºC e 15ºC. Característica essa por estar a 600m acima do nível do mar.

Com uma vegetação exuberante, onde samambaias, orquídeas e flores silvestres

convivem com uma fauna nativa que inclui as mais diversas espécies de pássaros,

Guaramiranga comporta, portanto, restos da Mata Atlântica, sendo considerada pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como um

Patrimônio do Planeta. Seu relevo é ondulado, em função de sua localização em área serrana.

A população de Guaramiranga, dominada por sitiantes, pequenos núcleos

comunitários e fazendas, há indícios de uma boa qualidade de vida, uma vez que a taxa de

analfabetismo e o índice de mortalidade infantil são baixos, comparando com o Ceará, como

afirmam os dados do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE) e da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA), conforme o IPECE

(2011). Ainda tratando do povo guaraminguense, a população total residente é de 4.164

habitantes (IPECE, 2011), com uma densidade demográfica de 41,29 habitantes/km² de

acordo com os dados do IBGE (2010).

População Habitantes %

Rural 1.669 40,08

Urbana 2.495 59,92

Homem 2.099 50,41

Mulher 2.065 49,59

Total 4.164 100%

Quadro 2 – População Residente 2010

Fonte: IPECE, 2011 – Censo Demográfico 2010 (IBGE).

O acesso a Guaramiranga se dá através da CE 021 e CE 115, por Mudubim,

Pacatuba, Guaiuba, Redenção, Aracoiaba e Baturité, distante aproximadamente 115 km de

Fortaleza, ou pela CE 115 e CE 004, por Maranguape, Palmácia e Pacoti, distante, 86 km, ou

ainda pela BR 020 e Ladeira de Pendanga distante apenas 75 km (FARIAS, 2001), conforme

Mapa 2.

Mapa 2 – Acesso para Guaramiranga saindo de Fortaleza através da CE-060, passando-se aí por cidades que

compõem a subzona de transição do litoral

Fonte: Pagliuca (2009).

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A paisagem urbana de Guaramiranga, na área central, é formada por edifícios de

pequeno porte. O seu espaço urbano mantém, no geral, o ambiente agradável predominando o

gosto erudito e urbano.

As edificações que merecem destaque, por sua maior escala e beleza arquitetônica

são a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, construída no estilo barroco em 1892, o Convento dos

Capuchinhos que se localiza na ladeira da gruta, a Biblioteca Municipal Rui Barbosa, a Igreja

Matriz de Nossa Senhora da Conceição construída em 1880, o Teatro Municipal Raquel de

Queiroz com capacidade para 500 pessoas, palco de espetáculos artísticos como o Festival de

Jazz e Blues e o Festival Nordestino (PORTAL GUARAMIRANGA, 2012).

Foto 2 – Pico Alto em Guaramiranga-Ceará

Fonte: Arquivo pessoal.

Foto 3 – Pico Alto em Guaramiranga-Ceará

Fonte: Arquivo pessoal.

Outros pontos por seu caráter turístico merecem ser mencionados como: o Parque

das Cachoeiras, Pico Alto (ponto culminante do Maciço de Baturité) com 1.115m de altitude

onde pode-se desfrutar de um pôr do sol e as melhores vistas da região, a Linha da Serra

(trajeto que começa a 28km da entrada de Baturité) totalizando um percurso de 15km a 1.002

metros de altitude e o Campo Batalha que possui uma trilha ecológica de 3600m voltada para

a educação ambiental (PORTAL GUARAMIRANGA, 2012).

Pode-se ainda destacar a variedade dos hotéis, pousadas e chalés a citar: o

Remanso Hotel de Serra, a Pousada dos Capuchinhos, o Chalé das Montanhas, o Hotel Senac,

Cedros Hotel de Serra, a Pousada Cabanas da Serra, dentre outros.

Na região, as ordens religiosas, atuam desde o final do século XIX. Os primeiros a

chegarem foram os Jesuítas. Na década de 30 chegaram os missionários Capuchinhos vindos

da Itália e em seguida as irmãs Capuchinhas fizeram parte desse grupo no intuito de

trabalharem na educação dos jovens.

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A economia da região, nos anos de 1970 e 1980, foi marcada pela sua pouca

utilização sendo ainda desenvolvida por meio da exploração do café, verduras e legumes que

eram produtos rentáveis naquele momento. Já no final do ano 1980 e inicio de 1990 a

produção de flores tiveram inicio para alavancar a economia local tornando a cidade um

centro de cultura e lazer realizando diversos festivais que fazem deste pequeno município uma

notável atração turística voltada principalmente ao público cearense (PAGLIUCA, 2009).

A cultura nessa região é muito forte. Movimentos culturais são apoiados pela

Secretaria de Cultura da cidade, uma vez que estes tenham a ver com a cultura de

Guaramiranga e que os nativos da região possam se identificar. A Secretaria Cultural, gerida

pelo secretário Almir Franco, apoia e investe em eventos locais e de pequeno porte onde

afirma que eventos dessa categoria podem perdurar (VIEIRA, 2011). Os eventos são

realizados no decorrer de todo o ano. No mês de setembro, são destacados os festivais de

teatro, jazz no período do carnaval, vinho em julho, entre outros, os quais fazem deste

pequeno município uma notável atração turística.

Guaramiranga, mesmo sendo o menor município do Ceará, esbanja beleza e uma

boa receptividade. Hoje, a sua principal atividade econômica é o turismo. Esta, além de

contribuir para o desenvolvimento da cidade é também responsável pela geração de emprego

e renda da população local. Guaramiranga tornou-se um dos municípios mais visitados da

serra devido a sua gama de características, como pode citar: a proximidade da capital e seu

acesso fácil; a exuberância de suas paisagens e florestas; o lazer; produções de flores e plantas

ornamentais; existência de patrimônio histórico e cultural; um rico artesanato; a boa

receptividade da população; as animadas programações de festivais, além de uma boa

infraestrutura de hospedagem, como hotéis, pousadas e chalés e restaurantes (FARIAS, 2001).

A cidade dispõe de ótimas pousadas e hotéis que são bem requisitadas durante a

realização dos eventos culturais ou turísticos. Contudo, com a superpopulação gerada, estes

não conseguem acomodar todos os visitantes, uma vez que não possuem leitos suficientes

para tal situação. Percebe-se, ainda, que a cidade não possui infraestrutura adequada para

receber grandes quantidades de turistas, pois o sistema de destinação final de resíduos sólidos

e a falta de um sistema de abastecimento de água regular trazem transtornos de ordem social,

econômica e ambiental (PAGLIUCA, 2009). De acordo Mamede e Gadelha (2009), a

infraestrutura de Guaramiranga é sempre um ponto delicado. A rede hoteleira e os

restaurantes, por exemplo, são bons, mas muito caros para os serviços que oferecem, deixando

a desejar (VIEIRA, 2011).

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Partindo do pressuposto que o público frequentador de Guaramiranga são pessoas

que possuem um poder aquisitivo de médio a alto capazes de satisfazerem suas necessidades e

vontades, os estabelecimentos locais, precificam seus produtos visando não somente o

pagamento que merece sua infraestrutura e serviços, mas sim pelo fato de estarem numa

região que o turista estará em contato com a natureza, fugindo do estresse da cidade e

encontrando sossego e qualidade de vida. Conforme conversas informais e observações

próprias observa-se que 10% são turistas internacionais, que variando de 30% a 40% são

turistas da capital Fortaleza e por fim, que de 60% a 70% são turistas nacionais.

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4 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

O objetivo deste capítulo é apresentar e fundamentar a estrutura metodológica

utilizada para a realização desta investigação e apresentar e discutir os primeiros resultados da

pesquisa empírica.

4.1 Natureza e tipologia da investigação

O estudo será embasado em uma natureza quanti-qualitativa. O método

quantitativo é a forma de transformar as informações coletadas através de instrumentos de

pesquisa, em números, percentuais, médias ou até aos mais complexos (RICHARDSON,

2011).

Quantitativo por se utilizar de técnicas estatísticas para apurar a opinião dos

entrevistados a partir de perguntas claras e objetivas, com base em questionários, como por

exemplo. Leite (2008) ainda comenta que as pesquisas quantitativas são as que empregam a

estatística e a matemática como principal recurso de analise. E qualitativo por que não há

como se quantificar sem antes qualificar os dados coletados (BAUER; GASKELL, 2007). De

acordo com Diehl e Tatim (2004, p 51), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo:

Uso de quantificação tanto na coleta quanto no tratamento das informações, por meio de técnicas estatísticas, das mais simples, como coeficiente de correlação,

desvio-padrão, às mais complexas, com o objetivo de garantir resultados e evitar

distorções de analise e de interpretação, possibilitando uma margem de segurança

maior quanto a inferências.

A pesquisa quantitativa é aquela em que tudo pode ser quantificado. O que

significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los. Requer

o uso de recursos e técnicas estatísticas como porcentagem, média, moda, mediana, desvio-

padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, dentre outros (GIL, 2002).

As pesquisas de natureza quantitativa são as que utilizam um instrumento de

pesquisa estruturado, cujas perguntas já estão definido-formadas para adquirir as informações

necessárias e usam a estatística para realizar alguma análise durante o estudo. Na investigação

a pesquisadora fez uso de um questionário estruturado para coletar os dados primários.

Posteriormente, este foi submetido a uma análise estatística descritiva utilizada

para sintetizar as informações e apresentar, por meio de gráficos e números, os dados colhidos

em campo. Malhotra (2006, p. 155) complementa que a pesquisa quantitativa é uma

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“metodologia de pesquisa que procura quantificar os dados e, geralmente, aplica alguma

forma de análise estatística”.

Já a natureza qualitativa caracteriza-se por ser um estudo exploratório, que

identifica e analisa dados que não podem ser medidos como percepções, intenções, razões,

motivações dentre outros que não se manifestam claramente, de uma determinada população-

alvo. Esta natureza torna possível, segundo Malhotra (2001, p. 156) “alcançar a compreensão

qualitativa das razões e motivações subjacentes”.

Oliveira (2002) explica que a abordagem qualitativa não emprega dados

estatísticos como centro da análise do problema em estudo. Complementa Malhotra (2006, p.

155) que a pesquisa qualitativa é uma “metodologia de pesquisa não estruturada e exploratória

baseada em pequenas amostras que proporciona percepções e compreensão do contexto do

problema”. O método qualitativo permite ao entrevistado discorrer espontaneamente sobre o

assunto de seu interesse em uma abordagem não estruturada como é o caso de uma entrevista,

por exemplo.

A natureza qualitativa permite a melhor compreensão dos dados e a descrição da

complexidade de um determinado problema e/ou objeto de estudo. Possibilitam ainda o nível

de profundidade adequado para investigações deste porte, gerando o entendimento de

particularidades do comportamento do ambiente e de indivíduos. A adoção das duas naturezas

foi motivada pela consecução dos objetivos desta investigação e melhor análise do objeto de

estudo.

Consonante a tipologia, poderá ser adotada as pesquisas exploratória e descritiva,

quanto aos fins, e bibliográfica e de campo, quanto aos meios (VERGARA, 2009). A pesquisa

exploratória propicia a aproximação do tema e descobrimento do assunto. A pesquisa

descritiva caracteriza-se pela apreciação de um fato sem a intervenção do pesquisador.

Na classificação dos tipos de pesquisas realizadas, utiliza-se a taxonomia de

Vergara (2009). Segundo a autora quanto ao tipo classifica-se a pesquisa em dois critérios:

quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, à pesquisa terá caráter exploratório e

descritivo. Já quanto aos meios esta se caracterizará como bibliográfica documental e de

campo por meio de estudo de caso.

A investigação é classificada como exploratória por ser realizada em área na qual

há pouco conhecimento acumulado e sistematizado como enfatizam Cervo, Bervian e Silva

(2007, p. 64) “[...] recomenda-se a pesquisa exploratória quando há pouco conhecimento

sobre o problema a ser estudado”. Além de se familiarizar com o fenômeno que está sendo

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investigado, de modo que a pesquisa subsequente possa ser concebida com uma maior

compreensão e precisão.

Malhotra et al. (2005, p. 56) esclarece que “como sugere o nome, o objetivo da

pesquisa exploratória é explorar ou examinar um problema ou situação para proporcionar

conhecimento ou compreensão”. Esse tipo de estudo busca o aprofundamento da realidade em

questão, mediante aproximação entre a pesquisadora e o objeto de estudo. Essa fase termina

formalmente com a entrada em campo (MINAYO, 1994).

Por sua vez, também é descritiva. Observa, registra e analisa fatos correlacionados

ao problema pesquisado, levando assim, a um estudo exploratório que favorece a pesquisa

mais ampla e completa (CERVO; BERVIAN, 2002). Ainda expõe caracteristicas de

determinada população ou de determinado fenômeno. Pode estabelecer, também, correlações

entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenomenos que

descreve, embora sirva de base para tal explicação.

O alicerce teórico do estudo foi fundamentado, em pesquisa tipologia

bibliográfica que segundo Carvalho (1989, p. 100) “é a atividade de localização e consulta de

fontes diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de

determinado tema”. Esta pesquisa utilizou livros, artigos científicos, revistas e sites

relacionados aos temas em debate para a coleta das informações. Lakatos e Marconi (2003, p.

183) afirmam que a pesquisa bibliográfica “abrange toda a bibliografia já tornada pública em

relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,

pesquisas, monografias, teses, [...]”.

Tratando-se da pesquisa documental Vergara (2009, p. 43) explica que a

“investigação documental é a realizada em documentos conservados no interior de órgãos

públicos e privados de qualquer natureza ou com pessoas: registros, anais, regulamentos,

ofícios [...]”. Gil (2002) complementa ainda que essa investigação vale-se de materiais/dados

que não foram tratados analiticamente. São documentos de primeira mão, mas que poderão

ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.

A pesquisa de campo de acordo com Vergara (2009, p. 43) “é uma investigação

empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos

para explicá-lo”. Esse tipo de pesquisa é utilizado porque coletará dados primários por meio

de instrumentos de pesquisa como questionário, entrevistas, formulário, dentre outros. Nesse

caso será utilizado o questionário, como instrumento de pesquisa.

Lakatos e Marconi (2003, p. 186) definem pesquisa de campo como uma

investigação que possui “o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de

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um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira

comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”.

4.2 Definição das variáveis do estudo

Os termos utilizados nesse estudo são constituídos de conceitos, e nem sempre

estes conceitos têm definições gerais, muitas vezes, essas definições são ambíguas. Por isso,

necessitam de ser operacionalizadas (TRIVIÑOS, 1987). As categorias analíticas envolvidas

no problema proposto compreendem:

Variável independente: Desenvolvimento local

Variável Auxiliar: Turismo

Variáveis dependentes: padrão de vida da população do Estado do Ceará que se

desmembra nas variáveis sócio-econômicas que seguem: escolaridade; renda; população;

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); nível de emprego; infraestrutura; Produto Interno

Bruto (PIB); rede de saneamento; índice de violência; policiamento e segurança pública;

estradas e calçamentos; escolas públicas; ensino profissionalizante; lazer e recreação; bares e

restaurantes; atenção à saúde e gravidez precoce; consumo de drogas lícitas e ilícitas;

violência e exploração sexual.

Vale lembrar que a condição de vida é estabelecida segundo uma combinação de

renda per capita, assistência médica, expectativa de vida e níveis de educação.

4.3 Universo e população-alvo

Para Vergara (2009), o universo corresponde ao conjunto de elementos (empresas,

produtos ou pessoas) que possuem as características do objeto de estudo. Basta apenas, para

se definir o universo ou população, uma característica em comum em um conjunto de seres

animados ou inanimados (SILVA, 2003 apud BORGES, 2007b). Para fins deste estudo, a

pesquisa possui como universo os 210.000 habitantes (IBGE, 2000), aproximadamente,

predominando a faixa etária entre 0 a 19 anos (49%), conforme dados do Plano de

Desenvolvimento Regional (PDR) do Maciço de Baturité. Fazendo relação com o Mapa 3 a

seguir, de forma muito sucinta posso demonstrar a área abordada para o devido estudo e em

qual universo esta inserido (CEARÁ, 2004).

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Mapa 3 – Sub-regiões homogêneas

Fonte: Ceará (2004, p. 22).

Figura 1 – Área dos municípios, População Residente (Total, Rural e Urbana - 2000) e densidade demográfica

Fonte: Brasil (2010, p. 176).

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A população como define Oliveira (1999, p. 10) é o “conjunto formado pelas

medidas que se fazem sobre os elementos do Universo”. Nesse sentido, analisando a Sub-

Região Serrana (Corredor Verde) do Maciço de Baturité, que inclui as cidades de Aratuba,

Guaramiranga Mulungu, Pacoti e Palmácia (CEARÁ, 2004), motivado pelo objetivo desta

investigação) tem-se que a população desta investigação é composta de 47.758 habitantes nas

cinco cidades conforme Figura 1, contudo, leva-se em consideração somente a localidade de

Guaramiranga e sua população.

A técnica de amostragem não probabilística depende do julgamento pessoal do

pesquisador podendo selecioná-la com base na conveniência ou decidir conscientemente

sobre os elementos que devem ser incluídos na amostra (MALHOTRA et al., 2005).

4.4 Plano de coleta de dados e instrumento de pesquisa

A coleta de dados é a etapa que dará à pesquisa propriamente dita, com a busca

exaustiva dos dados, recorrendo-se aos tipos de pesquisa mais adequados ao tratamento

científico do tema escolhido (CARVALHO, 2009). Para atender aos objetivos mencionados

na Introdução desse trabalho, procurou-se optar por um instrumento de pesquisa simples,

objetivo e fácil de responder, uma vez que o público escolhido não requer de muito tempo

para respondê-lo.

Para que qualquer pesquisador obtenha êxito no desenvolvimento de suas

investigações, a escolha do instrumento de pesquisa é de extrema importância para obtenção

de resultados satisfatórios, pois se trata do “[...] documento através do qual as perguntas e

questões serão apresentadas aos respondentes e onde são registradas as respostas e os dados

obtidos” (MATTAR, 2007, p. 115).

Em 27 de abril de 2013, foi utilizado um instrumento de pesquisa elaborado pelo

orientador, na modalidade de questionário, conforme Apêndice A. Este tratou dos munícipes

guaraminguenses que responderam ao instrumento com o objetivo de identificar os efeitos do

turismo na economia e desenvolvimento local da cidade, notadamente, no tocante as

melhorias ou não oriundas dos turistas, principalmente em relação à limpeza urbana, comércio

local, estradas e transportes, iluminação pública, rendimentos pessoais e com a agricultura,

esgoto residencial, empregos locais, escolas públicas, ensino profissionalizante, bares e

restaurantes, vías asfaltadas, lazer e recreação, segurança pública, atenção à saúde, destruição

do ambiente da serra, furtos, roubos, desmatamentos, consumo de álcool, violência, consumo

de drogas, coleta de lixo exploração sexual e gravidez precoce.

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43

4.5 Plano de tratamento de dados

Para atender a natureza qualitativa, o tratamento dos dados deverá ser realizado

por meio de análise de discurso (BARDIN, 1992) e de conteúdo (RICHARDSON, 2011).

Para atender a natureza quantitativa, o tratamento será realizado de forma estatística com

planilha eletrônica do pacote MS Office 2003/2007.

4.6 Operacional de estudo

Nesse momento, frisa-se, que já tendo a pesquisadora conhecimento da cidade em

questão, e de seus pontos turísticos no dia 27 de abril de 2013 foi aplicado um instrumento de

pesquisa oficial com 149 (cento e quarenta e nove) munícipes de Guaramiranga, região

serrana do Maciço de Baturité.

Observando essa investigação com a população guaramiranguense, foi possível

detectar dois cuidados básicos em abordar esses moradores. O primeiro cuidado é em o

pesquisador estar identificado com o seu nome e a instituição em que estuda e ser o mais claro

possível, uma vez que a população mostrou um bloqueio em responder algo que pudesse

servir de coleta de informações para políticos locais. E o segundo é confeccionar um

instrumento de pesquisa simples e objetivo com um vocabulário acessível, pois foi observado

que uma parte da população não sabe ler e escrever, observando ainda que uma boa

comunicação entre pesquisador e respondente é essencial para a coleta de dados.

Enquanto o público-alvo da investigação é abordado nas ruas de Guaramiranga à

pesquisa é bastante satisfatória pelo fato da abordagem ser externamente, não precisando

adentrar no interior dos estabelecimentos, fato que em alguns casos dificulta a pesquisa. Os

períodos de melhor produtividade são os vespertinos e noturnos, uma vez que as lojas, as

feirinhas, os quiosques, os barzinhos, dentre outros estabelecimentos abrem as portas e a

população como também os turistas saem para as compras e para apreciar a cidade.

O instrumento escolhido foi o questionário, por entender que era o meio mais

adequado e vantajoso para a pesquisa, no intuito de atingir um maior número de respostas em

um curto espaço de tempo. Este totalizou em cinquenta questões, sendo divididos em duas

sessões. A primeira caracterizava o desenvolvimento local da cidade, sua medição, e a

segunda focou na qualificação do desenvolvimento, na qualidade de vida dos moradores de

Guaramiranga.

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No decorrer da aplicação dos questionários não foram encontradas maiores

resistências ou dificuldades para tal, a população mostrou-se receptiva apesar de alguns

insistirem que era coleta de informações políticas. Contudo ainda nota-se que foi satisfatório o

retorno obtido atendendo ao objetivo da pesquisadora e índice de retorno acima do esperado

conforme literatura acadêmica e estatística.

4.7 Limitantes da pesquisa

Apesar do rigor científico, algumas limitações são levantadas, para que não se

tome, o resultado aqui apresentado como definitivo. Em primeiro lugar, deve-se levar em

conta o cerne do presente estudo, onde variáveis difíceis de serem entendidas e/ou

interpretadas dificultam ainda mais a análise dos dados coletados. No caso específico do

turismo, a própria indefinição conceitual do setor, não robustece os estudos que são

desenvolvidos. Na compreensão de Denker (2004, p. 28),

A própria definição do turismo e do turista são conceitos que evoluem ao longo do

tempo, tornando difícil a delimitação do campo de investigação para a constituição

de uma disciplina única. As definições são estruturadas em razão de alguns

elementos, que é importante destacar em um dado momento, como conseqüência, o

turismo utiliza referências da maioria das ciências sociais, o que faz com que a

multidisciplinaridade seja uma de suas principais características.

Vale salientar que as demais limitações encontradas no decorrer do

desenvolvimento da pesquisa serão descritas posteriormente.

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45

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O setor do comércio e de serviços predomina na cidade de Guaramiranga com

51,7% e 30,2% respectivamente. Ainda ha munícipes, mais precisamente 10 dos 149

pesquisados (6,7%), que possuem como atividade laboral a agricultura, e por fim, vindo a ter

o percentual de 11,4% os últimos respondentes que não estão trabalhando.

Não obstante, mais do que identificar o perfil, o instrumento objetivou relacionar

a atividade turística com o desenvolvimento local do municipio, notadamente com variáveis

ambientais, sociais, económicas e culturais. A grande questão levantada no momento da

abordagem ao respondente foi o que o turismo trouxe de melhorias e o que melhorou (e se

sim, muito ou pouco), elencando varias áreas como se perceberá nas ilustrações vindouras,

notadamente, fazendo referência aos últimos dez anos.

Gráfico 1 – O turismo trouxe melhorias Tabela 1 – O turismo trouxe melhorias

Fi Fi/n

Péssimo 2 1,3

Trouxe melhorias regulares 54 36,2

Foi bom 59 39,6

Foi excelente 34 22,8

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Conforme gráfico e tabela acima, 98,7% dos entrevistados acreditam que o

turismo trouxe alguma melhoria para a localidade. Guaramiranga, que possuía a agricultura

como atividade principal, recebe um grande número de visitante todo ano e a percepção dos

moradores é que isso é benéfico. Esse resultado é corroborado pelas ilustrações abaixo, onde

94% dos pesquisados afirmam que a chegada do turista foi regular, boa ou excelente para a

cidade. Uma vez que o setor de serviços e comercio predominam na cidade, entende-se que o

turismo propicia a movimentação físico-financeira necessária para ser bem quisto pela cidade.

Destaca-se neste questionamento e indiferença de um respondente e de oito munícipes que

não aprovam a chegada de turistas na cidade.

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46

Gráfico 2 – Chegada do turismo a cidade Tabela 2 – Chegada do turismo a cidade

Fi Fi/n

Indiferente 1 0,7

A chegada do turismo foi

péssima 7 4,7

A chegada do turismo foi ruim 1 0,7

A chegada do turismo foi

regular 32 21,5

A chegada do turismo foi bom 44 29,5

A chegada do turismo foi

excelente 64 43,0

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Os rendimentos pessoais foram outra variável testada. Dos 149, 113 (75,8%)

afirmam que o ganho pessoal melhorou regular, bastante e muito. Os setores serviço e

comércio juntos representam mais de 80% da economia local e empregam a população local e

circunvizinha; o que gera emprego local, conforme Grafico 3 e Tabela 3, e renda. Renda que

aumenta nos períodos sazonais de festividades e feriados prolongados.

Gráfico 3 – Rendimentos pessoais Tabela 3 – Rendimentos pessoais

Fi Fi/n

A renda melhorou muito pouco

ou nada 5 3,4

A renda melhorou pouco 19 12,8

A renda teve melhora regular 42 28,2

A renda melhorou bastante 37 24,8

A renda melhorou muito 34 22,8

Não sabe ou não avaliou 12 8,1

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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47

Apesar de a percepção de renda ter aumentado em dois terços dos entrevistados,

apenas 65,8% ou 98 respondentes afirmam que os empregos locais melhoram regular,

bastante ou muito. Mais de 20% dos munícipes entrevistados não sentiram o efeito do turismo

no desenvolvimento da localidade em relação a essa variável ou não avaliaram.

Gráfico 4 – Empregos locais Tabela 4 – Empregos locais

Fi Fi/n

Os empregos melhoram muito

pouco ou nada 14 9,4

Os empregos melhoraram

pouco 20 13,4

Os empregos tiveram melhora

regular 41 27,5

Os empregos melhoraram

bastante 29 19,5

Os empregos melhoraram

muito 28 18,8

Não sabe ou não avaliou 17 11,4

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Apenas sete respondentes (menos de 5%) não relacionam o turismo com comércio

local. 135 ou 90,6% atesta que o comercio melhorou com o turismo, destacando que, 80 deles

afirmam que o comercio melhorou bastante ou muito. Conforme aludido, o comércio

representa um terço da atividade econômica da cidade, contudo, muitas vezes, pode-se

confundir com o setor de serviços uma vez que ambos não são mutuamente excludentes.

Gráfico 5 – Comércio local Tabela 5 – Comércio local

Fi Fi/n

O comércio melhorou muito

pouco ou nada 7 4,7

O comércio melhorou um

pouco 16 10,7

O comércio teve melhora regular

39 26,2

O comércio melhorou bastante 43 28,9

O comércio melhorou muito 37 24,8

Não sabe ou não avaliou 7 4,7

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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48

O Gráfico 6 e Tabela 6 iniciam a apresentação das variáveis do desenvolvimento

local em relação ao turismo. A primeira delas, limpeza urbana, objetivou identificar se o

munícipe percebia uma melhora neste quesito em relação a chegada do turista. Dos 149

entrevistados, 125 pessoas (83,8%) acreditam que a cidade está mais limpa nos últimos dez

anos. Não se questionou a questão de políticas públicas ou plano de governo, contudo,

perguntou-se ao munícipe „com o turismo, melhorou a limpeza urbana?‟. Nesse sentido, pode-

se atribuir o resultado da melhoria da limpeza urbana ao turismo, uma vez que, inclusive, o

respondente graduou a sua resposta.

Gráfico 6 – Limpeza urbana Tabela 6 – Limpeza urbana

Fi Fi/n

A limpeza urbana melhorou

muito pouco ou nada 6 4,0

A limpeza urbana melhorou

pouco 12 8,1

A limpeza urbana teve melhora

regular 33 22,1

A limpeza urbana melhorou bastante

41 27,5

A limpeza urbana melhorou muito

51 34,2

Não sabe ou não avaliou 6 4,0

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Outra variável que o estudo objetivo relacionar entre o turismo e o

desenvolvimento local respalda-se nas estradas. Portanto, identificar se com o turismo, as

estradas melhoram foi confirmado com 95 respondentes (63,7%) que assinalaram que as

estradas melhoram de forma regular, bastante ou muito. A pesar da confirmação, o índice não

é elevado e merece uma atenção especial das autoridades públicas. A estrada para

Guaramiranga é estreita, sem proteção na maior parte dela e com sinalização insuficiente. Por

isso, há 35 munícipes (23,5%) que acreditam que a estrada pouco melhorou ou em nada

melhorou com a vinda do turismo nos últimos dez anos.

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49

Gráfico 7 – Estradas Tabela 7 – Estradas

Fi Fi/n

As estradas melhoraram um

pouco ou nada 12 8,1

As estradas melhoraram pouco 23 15,4

As estradas tiveram melhora

regular 30 20,1

As estradas melhoraram

bastante 32 21,5

As estradas melhoraram muito 33 22,1

Não sabe ou não avaliou 19 12,8

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Dentro da cidade, os calçamentos foram mais beneficiados, segundo 112

munícipes entrevistados (75,2%) que responderam o questionamento com um assertiva

regular, bastante ou muito. Mais do que as estradas, o turismo beneficiou o desenvolvimento

local nesta variável, influenciando positivamente os visitantes e, mais do que isso, os

residentes que utilizam as vias todos os dias, a pesar de quase 15% dos respondentes não

perceberem o benefício.

Gráfico 8 – Calçamentos Tabela 8 – Calçamentos

Fi Fi/n

Calçamentos melhoraram muito pouco ou nada

8 5,4

Calçamentos melhoraram

pouco 15 10,1

Calçamentos tiveram melhora

regular 39 26,2

Calçamentos melhoraram bastante

30 20,1

Calçamentos melhoram muito 43 28,9

Não sabe ou não avaliou 14 9,4

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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50

Quase 40% dos pesquisados acreditam que a iluminação pública melhorou

bastante com o turismo. Outros 34,9% ou 52 respondentes afirmam ter pecebido uma melhora

regular ou bastante na iluminação pública. O crescente número de turistas possibilita na

cidade uma movimentação nos três turnos e, como Guaramiranga recebe visitantes de todas as

partes do mundo, é possível inferir que eles possuem demandas específicas igualmente nos

três turnos; motivo pelo qual a cidade precisa está preparada para atender tais demandas.

Gráfico 9 – Iluminação Pública Tabela 9 – Iluminação Pública

Fi Fi/n

A iluminação pública

melhorou muito pouco ou nada 6 4,0

A iluminação pública

melhorou pouco 18 12,1

A iluminação pública teve uma

melhora regular 21 14,1

A iluminação pública

melhorou bastante 31 20,8

A iluminação pública

melhorou muito 59 39,6

Não sabe ou não avaliou 14 9,4

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 10 – Esgoto residencial Tabela 10 – Esgoto residencial

Fi Fi/n

O esgoto residencial melhorou

muito pouco ou nada 6 4,0

O esgoto residencial melhorou

pouco 22 14,8

O esgoto residencial teve

melhora regular 27 18,1

O esgoto residencial melhorou

bastante 22 14,8

O esgoto residencial melhorou

muito 43 28,9

Não sabe ou não avaliou 29 19,5

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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51

A rede de esgoto, na percepção de 43 munícipes respondentes, melhorou muito.

Outros 49 (32,9%) questionados afirmam que com o turismo, a rede de esgoto melhorou

regular e bastante. A serra que possui nascente de agua por vezes não tem agua. Contudo, com

a sua utilização, deve-se dar o correto destino deste residuo. Notadamente, quando o número

de turistas aumenta, a utilização da agua cresce igualmente, necessitando de uma boa rede de

esgoto.

Consonante a questão de infraestrutura, por fim, tem-se a variável coleta de lixo.

Esse quesito não foi destacado pelos respondentes pois mais da metade dos pesquisados não

sabem ou não opinaram sobre o assunto. Contudo, 18 pessoas (12,1%) afirmam que a coleta

de lixo piorou de forma regular, bastante ou muito em relação ao turismo nos últimos dez

anos em discordancia com os 51 respondentes (34,2) que não perceberam a piora ou

perceberam pouco piora em relação a coleta de lixo na cidade.

Gráfico 11 – Coleta de lixo Tabela 11 – Coleta de lixo

Fi Fi/n

Piorou muito pouco a coleta de

lixo 28 18,8

Piorou pouco a coleta de lixo 23 15,4

A coleta de lixo teve uma piora

regular 11 7,4

Piorou bastante a coleta de lixo 6 4,0

Piorou muito a coleta de lixo 1 ,7

Não sabe ou não avaliou 80 53,7

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Em relação a educação, são duas variáveis. A primeira refere-se a melhoria das

escolas públicas e a segunda ao ensino profissionalizante. Aos entrevistados, desejava-se

saber a percepção deles se „com o turismo, melhorou a escola pública e o ensino

profissionalizante‟ nos aspectos de qualidade de ensino, quantidade de vagas ofertadas e

beneficios os docentes. Os resultados foram muito próximos, uma vez que 65,7% dos

entrevistados atestam que as escolas públicas melhoram regular, bastante ou muito com o

turismo nos últimos dez anos. Percentual próximo de 63,9% que afirma que o ensino

profissionalizante do municipio foi incrementado com a presença dos turismo na última

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52

década. Destaque para as 55 pessoas que responderam que o turismo propiciou uma muita

melhora no ensino profissionalizante em Guaramiranga.

Gráfico 12 – Escolas públicas Tabela 12 – Escolas públicas

Fi Fi/n

As escolas públicas

melhoraram muito pouco ou

quase nada

5 3,4

As escolas públicas

melhoraram pouco 18 12,1

As escolas públicas tiveram

melhora regular 30 20,1

As escolas públicas melhoraram bastante

31 20,8

As escolas públicas

melhoraram muito 37 24,8

Não sabe ou não avaliou 28 18,8

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 13 – Ensino profissionalizante Tabela 13 – Ensino profissionalizante

Fi Fi/n

O ensino profissionalizante

melhorou muito pouco ou nada 13 8,7

O ensino profissionalizante

melhorou pouco 16 10,7

O ensino profissionaalizante

teve melhora regular 23 15,4

O ensino profissionalizante

melhorou bastante 17 11,4

O ensino profissionalizante

melhorou muito 55 36,9

Não sabe ou não avaliou 25 16,8

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Dos entrevistados, 116 respondentes (77,8%) afirmam que com o turismo, os

bares e restaurantes melhoraram regular, bastante ou muito. Em uma cidade voltada para ese

tipo de economia, o resultado não causa estranheza. Contudo, a melhora na variável lazer e

recreação foi percebida apenas por 53, 7% pelos respondentes do questionário nos itens

regular, bastante ou muito. Pode-se inferir que os equipamentos melhoraram mais não

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53

necessariamente para a população local, uma vez que a percepção de lazer e recreação está

longe do percentual atingido pela variável bares e restaurantes; ainda que 20,8% dos

entrevistados ateste que o lazer e a recreação melhorou um pouco com a vinda dos turistas nos

últimos dez anos.

Gráfico 14 – Bares e restaurantes Tabela 14 – Bares e restaurantes

Fi Fi/n

Bares e restaurantes

melhoraram muito pouco ou

nada

6 4,0

Bares e restaurantes

melhoraram pouco 17 11,4

Bares e restaurantes tiveram

melhora regular 30 20,1

Bares e restaurantes

melhoraram bastante 48 32,2

Bares e restaurantes

melhoraram muito 38 25,5

Não sabe ou não avaliou 10 6,7

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 15 – Lazer ou recreação Tabela 15 – Lazer ou recreação

Fi Fi/n

O lazer melhorou muito pouco ou nada

5 3,4

O lazer melhorou pouco 31 20,8

O lazer teve melhora regular 31 20,8

O lazer melhorou bastante 32 21,5

O lazer melhorou muito 17 11,4

Não sabe ou não avaliou 33 22,1

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

A variável segurança pública relaciona-se com a variável furtos e roubos;

portanto, com resultados próximos e ambos abaixo de 50% em relação a melhoria que o

turismo impactou no desenvolvimento local. Na primeira, a percepção dos respondentes foi de

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54

40,2% (ou 60 pessoas) que afirmam que o turismo possibilitou regular, bastante ou muito

melhora na segurança pública. Na segunda variável, 65 munícipes (43,6%) afirmar que os

furtos e roubos cresceram regular, bastante ou muito com o turismo na última década.

Gráfico 16 – Segurança pública Tabela 16 – Segurança pública

Fi Fi/n

A segurança pública melhorou

muito pouco ou nada 21 14,1

A segurança pública melhorou

pouco 15 10,1

A segurança pública teve

melhora regular 26 17,4

A segurança pública melhorou

bastante 20 13,4

A segurança pública melhorou

muito 14 9,4

Não sabe ou não avaliou 53 35,6

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 17 – Furtos e roubos Tabela 17 – Furtos e roubos

Fi Fi/n

Cresceram muito poucos os

furtos e roubos 17 11,4

Cresceram pouco os furtos e

roubos 31 20,8

Há um crescimento regular dos

furtos e roubos 31 20,8

Cresceram bastante os furtos e

roubos 18 12,1

Cresceram muito os furtos e

roubos 16 10,7

Não sabe ou não avaliou 36 24,2

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

No campo e conforme diário de atividades, a sensação do pesquisador é que a

cidade não possui policiamento, ainda que algumas poucas viaturas transitem pelas ruas. Essa

sensação se comprova na pesquisa pois 53% (79 pessoas) atestam que o policiamento piorou

de forma regular, bastante ou muito na cidade. Um resultado que merece destaque é que mais

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55

de 30% dos respondentes não sabe ou não opinaram sobre a variável em relação ao turismo

com efeito no desenvolvimento local no municipio nos últimos dez anos.

Não obstante, a primeira grande percepção particular é que os moradores estão

com medo uma vez que (a) há mais pessoas na cidade; (b) o poder aquisitivo do turista é em

media maior do que o poder aquisitivo do local e isso atrai pessoas com finalizades escusas –

69 entrevistados (46,3%) atestam que há vinda de pessoas ruins à cidade, e provavelmente (c)

os índices de criminalidade tendem a aumentar (fato a ser confirmado em pesquisa

documental posteriormente).

Gráfico 18 – Policiamento Tabela 18 – Policiamento

Fi Fi/n

O policiamento piorou muito pouco

7 4,7

O policiamento piorou pouco 18 12,1

O policiamento tem uma piora

regular 25 16,8

O policiamento piorou bastante

20 13,4

O policiamento piorou muito 34 22,8

Não sabe ou não avaliou 45 30,2

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 19 – Vinda de pessoas ruins a cidade Tabela 19 – Vinda de pessoas ruins a cidade

Fi Fi/n

O número de pessoas ruins que

vem a cidade é muito pouco 16 10,7

O número de pessoas ruins que

vem a cidade é pouco 24 16,1

O número de pessoas ruins que

vem a cidade é regular 33 22,1

O número de pessoas ruins que

vem a cidade é bastante 19 12,8

O número de pessoas ruins que

vem a cidade é muito 17 11,4

Não sabe ou não avaliou 40 26,8

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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56

Outras duas variáveis nesse âmbito, que se relacionam com as quatro anteriores,

são a violência e o consumo de drogas ilícitas no município de Guaramiranga. Apesar de

38,3% dos respondentes não saberem ou não opinarem sobre os números da violência, um

terço dos munícipes entrevistados afirmam que a violência aumentou de forma regular,

bastante ou muito com a chegada dos turistas na última década. Essa sensação de violência,

não se sabe, mas pode estar relacionada com o consumo de drogas, e, conforme resultados,

mais de 90% dos pesquisados afirma que esta variável aumentou de forma regular, bastante

ou muito. Longe dos grandes centros urbanos e com menor policiamento, usuários e

traficantes podem desenvolver a sua prática com maior liberdade.

Gráfico 20 – Violência Tabela 20 – Violência

Fi Fi/n

A violência piorou muito

pouco 27 18,1

A violência piorou pouco 20 13,4

A violência teve uma piora

regular 20 13,4

A violência piorou bastante 14 9,4

A violência piorou muito 11 7,4

Não sabe ou não avaliou 57 38,3

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 21 – Consumo de drogas ilícitas Tabela 21 – Consumo de drogas ilícitas

Fi Fi/n

Piorou muito pouco o consumo

de drogas ilícitas 1 ,7

Piorou pouco o consumo de drogas ilícitas

6 4,0

Foi regular a piora do consumo

de drogas ilícitas 15 10,1

Piorou bastante o consumo de

drogas ilícitas 34 22,8

Piorou muito o consumo de drogas ilícitas

86 57,7

Não sabe ou não avaliou 7 4,7

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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No cerne das drogas ilícitas, surge a variável de uma droga lícita; o consumo de

álcool. Dos 149 pesquisados, 105 respondentes (70,4%) afirma que esta variável aumentou de

forma regular, bastante ou muito. O questionamento não distinguiu turista de munícipe, mas a

percepção deste é que mais pessoas estão bebendo em Guaramiranga nos últimos dez anos

com a chegada dos visitantes.

Gráfico 22 – Consumo de álcool Tabela 22 – Consumo de álcool

Fi Fi/n

O consumo de alcool cresceu

muito pouco 8 5,4

O consumo de alcool cresceu

pouco 16 10,7

O consumo de alcool teve

crescimento regular 30 20,1

O consumo de alcool cresceu

bastante 27 18,1

O consumo de alcool cresceu

muito 48 32,2

Não sabe ou não avaliou 20 13,4

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Saindo da questão de segurança e todas as demais variáveis e adentrando no

âmbito ecológico. Guaramiranga é conhecida e reconhecida pelas suas belezas naturais, não

obstante, a destruição do ambiente de serra e o desmatamento são elementos inerentes ao

desenvolvimento da localidade. Quanto ao primeiro, 51,7% dos respondentes atestam

que a destruição do ambiente de serra tem sido muito grande com a vinda do turista

na última década. soma-se aos quase 30% que concordam com o aludido de forma regular

ou bastante.

O desmatamento, por sua, vez, possui um índice ainda maior: 53,7% dos

respondentes afirmam que a chegada do turista nos últimos dez anos possibilitou um aumento

no desmatamento; 121 respondentes (81,2%) afirma que ações necessárias para o

desenvolvimento do turismo desmata.

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Gráfico 23 – Destruição do ambiente da serra Tabela 23 – Destruição do ambiente da serra

Fi Fi/n

A destruição do ambiente tem

sido muito pequena 8 5,4

A destruição do ambiente tem

sido pequena 6 4,0

A destruição do ambiente tem

sido regular 15 10,1

A destruição do ambiente tem

sido grande 27 18,1

A destruição do ambiente tem

sido muito grande 77 51,7

Não sabe ou não avaliou 16 11,4

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 24 – Desmatamento Tabela 24 – Desmatamento

Fi Fi/n

Cresceu muito pouco o

desmatamento 6 4,0

Cresceu um pouco o

desmatamento 10 6,7

Há um crescimento regular do

desmatamento 14 9,4

Cresceu bastante o

desmatamento 27 18,1

Cresceu muito o

desmatamento 80 53,7

Não sabe ou não avaliou 12 8,05

Total 149 100

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

No ambiente da saúde, duas variáveis são relevantes. A primeira, em relação a

atenção básica à saúde, revelou que 43% (64 pessoas) dos respondentes atribuem melhorias

na saúde, desenvolvendo a localidade, em decorrência dos turistas nos últimos dez anos. O

destaque é para os quase 33% que não opinaram ou não souberem responder esse quesito.

Ainda que a atenção à saúde tenha melhorado, a gravidez precoce é uma variável que

incomoda a gestão pública pois quase 70% dos entrevistados afirmam que essa variável

piorou com o turismo na última década.

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Gráfico 25 – Atenção à saúde Tabela 25 – Atenção à saúde

Fi Fi/n

A atenção à saúde é péssima 10 6,7

A atenção à saúde é ruim 26 17,4

A atenção à saúde é regular 30 20,1

A atenção à saúde é boa 15 10,1

A atenção à saúde é excelente 19 12,8

Não sabe ou não avaliou 49 32,9

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Gráfico 26 – Gravidez precoce Tabela 26 – Gravidez precoce

Fi Fi/n

A ocorrência de gravidez

precoce cresceu muito pouco 6 4,0

A ocorrência de gravidez

precoce cresceu pouco 12 8,1

A ocorrência de gravidez

precoce teve crescimento

regular

34 22,8

A ocorrência de gravidez

precoce cresceu bastante 28 18,8

A ocorrência de gravidez

precoce cresceu muito 42 28,2

Não sabe ou não avaliou 27 18,1

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Na questão social, mais três variáveis compõem o estudo do turismo no

desenvolvimento local no município de Guaramiranga na percepção dos munícipes em

relação aos dez últimos anos. A exclusão de moradores locais dos eventos e dos ambientes da

cidade foi um dos relatos registrados nas primeiras ações acadêmicas realizadas em campo. E

o resultado obtido foi de 51,7%, 77 respondentes que afirmam haver condições de

participarem dos eventos e locais onde o objetivo é o turista. Eventos fechados ou preços

acima da média, entre outros, afastam os munícipes de festividades, bares, restaurantes,

floricultura, artesanato e demais formas de entretenimento.

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Gráfico 27 – Exclusão dos moradores locais Tabela 27 – Exclusão dos moradores locais

Fi Fi/n

Muito poucos locais têm sido

excluído dos eventos turísticos 11 7,4

Poucos locais têm sido

excluído dos eventos turísticos 20 13,4

Alguns locais têm sido

excluído dos eventos turísticos 33 22,1

Bastante locais têm sido

excluído dos eventos turísticos 15 10,1

Muito locais têm sido excluído

dos eventos turísticos 29 19,5

Não sabe ou não avaliou 41 27,5

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

A segunda variável social refere-se à exploração sexual. Dos 149 entrevistados, 49

munícipes (32,8%) afirmam que a exploração sexual piorou de forma regular, bastante ou

muito nos últimos dez anos motivado pelo turismo. O assunto ainda gera uma resistência pois

38,9% dos respondentes não souberam responder a pergunta ou não opinaram.

Gráfico 28 – Exploração sexual Tabela 28 – Exploração sexual

Fi Fi/n

A exploração sexual piorou muito pouco

19 12,8

A exploração sexual piorou

pouco 23 15,4

A exploração sexual teve piora

regular 23 15,4

A exploração sexual piorou bastante

10 6,7

A exploração sexual piorou

muito 16 10,7

Não sabe ou não avaliou 58 38,9

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

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Gráfico 29 – Preconceito contra o locais Tabela 29 – Preconceito contra o locais

'

Fi Fi/n

Piorou muito pouco o

preconceito contra os locais 19 12,8

Piorou pouco o preconceito

contra os locais 17 11,4

O preconceito contra os locais

teve um piora regular 17 11,4

Piorou bastante o preconceito

contra os locais 18 12,1

Piorou muito o preconceito

contra os locais 16 10,7

Não sabe ou não avaliou 62 41,6

Total 149 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Fi: Frequência Absoluta e Fi/n: Frequência Relativa (%)

Fonte: Pesquisa de campo.

Por fim, a terceira variável social objetivava identificar se os munícipes percebiam

que os turistas possuíam preconceito contra os moradores da cidade. Apenas um terço dos

respondentes afirma que o preconceito dos turistas com os moradores locais aumentou de

forma regular, bastante ou muito nos últimos dez anos. Das 149 pessoas pesquisadas, 41,6%

não souberam responder a pergunta ou não opinaram; contudo, a sensação particular em

campo é que o quesito não era relevante e os munícipes apresentaram indiferença em relação

à questão. Seguem-se as considerações finais na sessão vindoura.

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6 CONCLUSÃO

O estudo sobre Desenvolvimento Local vem ganhando cada vez mais espaço no

ambiente empresarial brasileiro. Pois que aspectos em estudos contemporâneos sobre o

desenvolvimento econômico local, sua observância remete a elementos que caracterizam as

aglomerações de empresas, que as fazem vê o território como um agente ativo de extrema

importância para todo o desenvolvimento. Com a pesquisa foi possível identificar que os

guaraminguenses percebem a importância dos fatores que impactam na cidade desde o bom

relacionamento entre os próprios moradores e turistas a infraestrutura completa da cidade

em questão.

Guaramiranga é uma das mais belas cidades serranas e a mais procurada por

turistas do todo lugar, desde os turistas nacionais aos internacionais, que buscam desde as

belezas naturais, arquitetônicas, culinária, aos festivais. Seu desenvolvimento surpreende por

não ser maior, por sua infraestrutura não ter crescido acompanhando a demanda turística que é

constante, embora em alguns meses o número de visitantes e turistas seja menor por ser

período de baixa estação, mas, que mesmo assim não deixa de ser movimentada.

A pesquisa de campo foi realizada por meio de um questionário de 65 (sessenta e

cinco) questões aplicadas a 149 moradores do município de Guaramiranga. Os resultados

revelam que em todas as situações discutidas os níveis de concordância total foram

predominantes, exceto as questões referentes à presença de turistas na cidade, se vem a ser

bom ou ruim e as melhorias na cidade pela atual gestão.

Como foi dita, a Área de Proteção Ambiental (APA) de Baturité é uma unidade de

conservação e preservação do meio ambiente a relação existente entre o seu desenvolvimento

local e o turismo são as atividades procuradas por turista que praticam o turismo de aventura,

que se utilizam do espaço sem causar maiores impactos ao local, mas, que movimentam a

economia local por meio de hospedagens e demais consumos.

O turismo no Maciço de Baturité, em Guaramiranga mais precisamente, é muito

presente, por ser um local de clima ameno, por ser um local calmo/pacato, de rotina diferente

das grandes metrópoles e é isso que os turistas buscam um local diferente dos seus de origem,

com novas rotinas, novos a fazeres. E nessa buscar pelo novo, novos lugares passam a ser

destinos turísticos, atenção a cidade passa a ser maior, por consequência o desenvolvimento

local da mesma vem a crescer, apesar de nem sempre a infraestrutura acompanhar todo o

crescimento da mesma.

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63

As análises realizadas após a pesquisa de campo, segundo o respondido pelos

moradores da localidade estudada, teve sim uma melhora no que se diz respeito ao paisagismo

da cidade, sua limpeza, ornamentação, calçadas e calçamentos. Aconteceu de haver algumas

divergências nas respostas, pois alguns disseram que não foi observada melhora nenhuma,

que continua a mesma coisa, que pelo contrário, o movimento na localidade fez foi diminuir.

Avaliando assim os resultados e puxando para o setor turístico, faz-se notório que

o mesmo comercializa e divulga seus produtos de forma individualizada, só trabalha de forma

coletiva com interesse por parte dos órgãos municipais, tornando-se uma divulgação

incipiente que não produz fortes efeitos, ficando restrita a uma propaganda de boca a boca. O

que de um tanto ajuda na divulgação da localidade, mas, não o suficiente para impactar em

melhorias e no desenvolvimento econômico e local.

A teoria do Desenvolvimento Local vê o território como um agente ativo de

extrema importância. Mediante os resultados, o maciço em si também tem um bom

desenvolvimento local, voltado mais para a subsistência ao produzirem para si, mas, o que

vem ocorrendo é o aumento da especulação imobiliária, é a visão do investir no incerto e

esperar que a longo ou curto prazo dê certo. A prova disso são os condomínios de alto padrão

fechados no meio da serra, casas luxuosas que se destaca entre o verde das altas árvores.

Por outro lado, atendendo aos objetivos específicos do estudo a presente pesquisa

identificou, por meio da percepção dos moradores que Guaramiranga tem um potencial

turístico, apenas precisa de ações coletivas para chamar os turistas ao local, o que seria uma

parceria entre população, órgãos particulares e órgãos públicos. A cidade só funciona de

forma integrada, no período de realização de diversos eventos de cunho cultural e turístico. É

quando os órgãos públicos se mobilizam e mobilizam toda a cidade, para atender a demanda

que, na maioria das vezes, ultrapassa a capacidade do município, que não tem estrutura física

e qualificação profissional para suportar eventos de grande porte.

Enfim, o turismo é um setor que vende serviços e produtos, que devem ser

repassados com qualidade aos olhos do seu público alvo (turistas), para garantir a fidelização

e retorno em longo prazo, com isso, além de proporcionar o crescimento, o desenvolvimento

econômico da cidade fica notório a relação entre o turismo em Guaramiranga e o seu

desenvolvimento por completa.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Instrumento de pesquisa utilizado em Guaramiranga(CE)

Questionário aplicado com 149 munícipios em 27 de abril de 2013.

Parte 1. Medição do Desenvolvimento Local Perguntas seleção: O(a) Sr.(a) mora em: Guaramiranga ( )

CRITÉRIO DE INCLUSÃO: Somente os que disserem que moram na cidade poderão participar da pesquisa. 1 Hoje, O ganho de quem trabalha na agricultura aqui é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 2 O ganho de quem trabalha em bares, restaurantes, pousadas e hotéis é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 3 Hoje, o ganho de quem trabalha no comércio é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 4 Hoje, o ganho dos moradores de casas de sítios é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 5 Hoje, os empregos aqui estão Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 6 Hoje, as escolas estão: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 7 Hoje, os transportes estão: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 8 Hoje, a unidade de saúde de é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 9 A segurança que a polícia oferece aos moradores é: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 10 Se não houvesse a aposentadoria rural, os seus ganhos ficariam: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 11 Se não houvesse o Programa de Bolsa Família, os seus ganhos seriam: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 12 Se os turistas deixassem de vir, seus ganhos seriam: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei 13 Se desmatassem a Serra, seus ganhos seriam: Péssimo Ruim Reg. Bom Ex. Não sei

Dê uma nota de 0 a 5 com a presença do turista: 0 1 2 3 4 5

Parte 2. Qualificação. Marque um “X”. 15 Sexo: Masc. ( ) Fem. ( ) 16 Idade Adol. ( ) Adul. ( ) Melhor idade ( ) 17 Trabalha em: Agr.( ) Art. ( ) Com. ( ) Ind. ( ) Pec. ( ) Serv.( )

18 Formação: Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) Fundamental Compl. ( ) Ens. Médio Compl. ( )

Superior Compl. ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) 19 O turismo trouxe algo de bom para a Cidade?

Sim, foi Ex. ( ) Sim, MB. ( ) Sim, mas foi regular ( ) Não, foi péssimo ( ) Não sei ( )

Parte 3. Melhoras. Gostaria de saber se Melhorou ... Quanto? 1, 2, 3, 4 ou 5? 20 ...O sol? ( ) 21 A lua ( ) 22 As Estradas? ( ) 23 A Iluminação Publica? ( ) 24 A Limpeza Urbana? ( ) 25 O Comércio? ( ) 26 A Agricultura? ( ) 27 O Emprego? ( ) 28 A Renda? ( ) 29 Os Esgotos? ( ) 30 Os Bares? ( ) 31 Os Calçamentos? ( ) 32As Escolas Públicas? ( ) 33 Os Cursos Profissionalizantes? ( ) 34 As Amizades? ( ) 35 A Segurança Pública? ( )

Indique “S” para sim; “N” para não; “NS”, não sei.

Dê uma nota uma 1 a 5 para as melhoras. Para melhorou muito pouco é 1. Se melhorou muito é 5.

Parte 4. Pioras. Gostaria de saber se Piorou... Quanto piorou? 1, 2, 3, 4 ou 5? 36 Cantos dos pássaros? ( ) 37 A Destruição do

Ambiente? ( )

38 A Vida em Família 39 O Desmatamento? ( )

40 A Saúde ( ) 41 A gravidez Precoce? ( ) 42 A vinda de pessoas ruins para

cidade? ( )

43 A Polícia? ( )

44 O Alcoolismo? ( ) 45 O Consumo de Drogas? ( )

46 A Violência? ( ) 47 A Exploração sexual? ( )

48 A Exclusão dos nativos nos eventos? ( )

49 O Preconceito contra os nativos? ( )

50 O Lixo na Rua ( )

Indique “S” para sim; “N” para não; “NS”, não sei.

Dê a nota 1 para piorou um pouquinho até a nota 5 para piorou muito.