centro de ciÊncias agrÁrias programa de pÓs … · 2007-08-06 · isernhagen, a.j. herpet 9...

81
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ALLAN JÜRGEN ISERNHAGEN MENINGOENCEFALITE HERPÉTICA EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO. LONDRINA PARANÁ 2005

Upload: others

Post on 11-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ALLAN JÜRGEN ISERNHAGEN

MENINGOENCEFALITE HERPÉTICA EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO.

LONDRINA – PARANÁ 2005

Page 2: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

2

ALLAN JÜRGEN ISERNHAGEN

MENINGOENCEFALITE HERPÉTICA EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciência Animal (Área de

concentração: Sanidade Animal) da Universidade

Estadual de Londrina para a obtenção de título de

Mestre em Ciência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Júlio Augusto Naylor Lisbôa

Co-orientador: Prof. Dr. Amauri Alcindo Alfieri

LONDRINA – PARANÁ

2005

Page 3: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

3

O presente trabalho foi realizado no setor de Grandes Animais do Hospital

Veterinário, no Laboratório de Virologia Animal, no Laboratório de Patologia Clínica e no

Laboratório de Anatomia Patológica, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de

Londrina como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal pelo Programa

de Pós-graduação em Ciência Animal, sob orientação do Prof. Dr. Júlio Augusto Naylor

Lisbôa.

Os recursos financeiros para o desenvolvimento do projeto foram obtidos

junto às agências e órgãos de fomento à pesquisa abaixo relacionados:

1. CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

2. CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

3. Fundação ARAUCÁRIA: Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento

Científico e Tecnológico do Paraná

4. PROPPG: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual de

Londrina

Page 4: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

4

Candidato:

ALLAN JÜRGEN ISERNHAGEN

Título da dissertação:

MENINGOENCEFALITE HERPÉTICA EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO.

Comissão examinadora:

Prof. Dr. Júlio Augusto Naylor Lisbôa

Prof. Dr. Rogério Martins Amorim

Profa. Dra. Alice Fernandes Alfieri

Londrina, 24 de junho de 2005.

Page 5: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

5

À minha família, pelo amor e carinho em todos os momentos da minha vida

Page 6: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por tudo que tem me dado durante toda a minha vida.

Aos meus pais Walter e Maria Teresinha por todo carinho, amor e apoio em todos os

momentos de minha vida.

À minha irmã Allana por estar sempre ao meu lado.

A toda minha família que sempre me apoiou pra continuar seguindo em frente.

Ao professor e orientador Julio Augusto Naylor Lisbôa, pela amizade e enorme

colaboração na minha formação.

Ao professor e co-orientador Amauri Alcindo Alfieri pelas orientações e auxílio na

realização deste trabalho.

Aos professores do Programa de Mestrado em Ciência Animal.

Aos professores da graduação e a todos aqueles que passaram pela minha vida.

Aos professores Dr. Amauri Alcindo Alfieri, Dra Alice Fernandes Alfieri e Dra Ana

Paula Frederico Rodrigues Loureiro Bracarense, membros da banca de qualificação, pelas

colaborações neste trabalho.

Aos estagiários e amigos Mariana Cosenza, Márcio, Vitor, Romerson e Mariana.

Aos Residentes de Grandes Animais pela amizade e ajuda na realização deste trabalho.

A professora Mara Regina Stipp Balarin, a professora Ana Paula Frederico Rodrigues

Loureiro Bracarense, a Kerlei Cristina Médici e a residente Karina Keller Marques da Costa

Flaiban pelo auxílio na realização do trabalho.

Aos colegas de mestrado.

A todos os meus amigos.

Page 7: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

7

Aos colegas do Laboratório de Virologia Animal Gustavo, Michele, Glei, Betinha,

Marlise e Sheila.

Aos funcionários do Hospital Veterinário da UEL.

E a todos que de alguma forma contribuíram e fizeram parte deste trabalho e da minha

vida, muito obrigado.

Page 8: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

8

RESUMO

ISERNHAGEN, A.J. Meningoencefalite herpética em bezerros: evolução clínica e diagnóstico. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Ciência Animal) – Centro de Ciências Agrárias – Universidade Estadual de Londrina – 2005.

A encefalite causada pelo BoHV-5 acomete bovinos de todas as faixas etárias, principalmente os jovens, e determina baixa morbidade e alta letalidade. No Brasil, surtos da doença têm sido relatados de forma crescente. Alguns aspectos sobre essa enfermidade ainda merecem maior esclarecimento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a evolução clínica e aspectos do diagnóstico da meningoencefalite herpética em bezerros infectados experimentalmente com o BoHV-5. Sete bezerros machos, sadios, da raça Holandesa com até 60 dias de idade foram infectados por instilação de 0,5mL de inóculo (107,42 TCID50) em cada cavidade nasal. A estirpe viral utilizada foi a AA PAR. Durante o período experimental pós-infecção (p.i.) realizaram-se exames físicos duas vezes ao dia e hemogramas a cada 48 horas. Amostras de líquor foram colhidas e analisadas a cada 48 horas a partir do início dos sinais de encefalopatia. Nove subdivisões do encéfalo (córtex anterior, córtex dorso-lateral, córtex ventro-lateral, córtex posterior, diencéfalo, mesencéfalo, ponte, medula oblonga e cerebelo) e os gânglios do nervo trigêmeo foram colhidos após a morte e submetidos ao exame histopatológico. A presença do vírus foi investigada, por meio da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e do isolamento em cultivo celular, nas diferentes porções do encéfalo, no líquor e nos gânglios do nervo trigêmeo. Quatro bezerros manifestaram sinais de encefalopatia a partir dos dias 9 (n=2) e 11 p.i. (n=2) e evoluíram para a morte em 12 horas (n=1), 3 dias (n=2) ou 10 dias (n=1). Os demais bezerros (n=3) não manifestaram qualquer evidência de encefalopatia e foram submetidos à eutanásia 30 dias p.i.. Os principais sintomas observados foram: depressão, disfagia, amaurose, manias (atos compulsivos), ataxia, sialorréia, mioclonias na face e convulsões. As freqüências respiratória e cardíaca não variaram significativamente ao longo do tempo, e a temperatura corporal exibiu uma tendência a se elevar entre 9 e 12 dias p.i. As alterações no leucograma foram discretas e inespecíficas coincidindo com o início do quadro. A elevação de células mononucleares no líquor foi a alteração mais importante de auxílio ao diagnóstico ainda em vida, apresentando-se tanto nos bezerros sintomáticos quanto nos assintomáticos. O genoma viral foi identificado em várias localizações do encéfalo e nos gânglios dos nervos trigêmeos, assim como, no líquor de dois bezerros que manifestaram encefalopatia. O exame histopatológico confirmou, por fim, que todos os bezerros estudados exibiram processo inflamatório encefálico, indicando que a encefalite causada pelo BoHV-5 pode, eventualmente, ser branda e assintomática.

Palavras-chave: Bezerro; BoHV-5; encefalite; sinais clínicos; evolução; diagnóstico

Page 9: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

9

ABSTRACT

ISERNHAGEN, A.J. Herpetic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Ciência Animal) – Centro de Ciências Agrárias – Universidade Estadual de Londrina – 2005.

The encephalitis caused by BoHV-5 affects cattle of all ages, mainly young, and is characterized by low morbidity rate and high case fatality rate. Outbreaks of this disease have increasingly been reported in Brazil. Some aspects of this disease are still unclear. In this study, cases of herpetic meningoencephalitis were experimentally induced in calves to investigate clinical pictures and diagnosis. Seven healthy male Holstein calves, up to 60 days old, were infected with 0,5mL of virus suspension (107,42 TCID50) in each nasal cavity. The AA PAR viral strain was used in this experiment. During the experimental postinfection (p.i.) period, physical examinations were conducted twice a day and routine complet blood counts were performed every 48 hours. Cerebrospinal fluid (CSF) analysis was performed in samples collected every 48 hours from the onset of neurological signs on. Nine encephalic portions (anterior cortex, dorsolateral cortex, ventrolateral cortex, posterior cortex, diencephalon, mesencephalon, pons, medulla oblongata and cerebellum) and the trigeminal ganglia were obtained at necropsy and submitted to histopathology. Virus detection was investigated in each encephalic portion, trigeminal ganglia and CSF by means of polimerase chain reaction (PCR) and virus isolation in cells culture. Four calves developed signs of neurologic disease beginning at days 9 (n=2) and 11 p.i. (n=2) and died in 12 hours (n=1), 3 days (n=2) and 10 days (n=1). The other three calves remained asymptomatics and were euthanized 30 days p.i.. Depression, dysphagia, amaurosis, mania (compulsive behavior), ataxia, sialorrhea, facial myoclonia and convulsion were the main signs. No significant changes occurred in the heart and respiratory rates; but the rectal temperature tended to increase between days 9 and 12 p.i..The changes in leukogram were slight and unspecific coinciding with the onset of clinical signs. Increases in CSF mononuclear cell counts occurred in all symptomatic and asymptomatic calves, as the most important diagnostic aid before death. The BoHV-5 genome was detected in several areas of the encephalon and in the trigeminal ganglia; as well as in the CSF of two calves showing neurological signs. Histologically, all calves developed encephalic inflammatory process which confirms that the encephalitis caused by BoHV-5 may, sometimes, be mild and asymptomatic.

Key words: Calf; BoHV-5; encephalitis; clinical signs; diagnosis

Page 10: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

10

LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Cortes histológicos de sistema nervoso central de bezerros acometidos por meningoencefalite causada pelo BoHV-5, corados por HE. A. Área de malácia no córtex frontal (10x). B. Acentuado infiltrado inflamatório perivascular de células mononucleares (seta) (20x). C. Gliose focal (seta) (20x). D. Acentuado infiltrado inflamatório mononuclear em leptomeninges (seta) (20x)............................................ 60

Gráfico 1 Variação da temperatura retal aferida diariamente à tarde em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro sintomático........................................................................................................ 48

Gráfico 2 Variação do número total de leucócitos presentes no sangue de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro......................................................................................................................

52

Gráfico 3 Variação do número de segmentados presentes no sangue de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro............................................................................................................................

52

Gráfico 4 Variação da concentração do fibrinogênio plasmático em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro............................................................................................................................

53

Gráfico 5 Variação dos leucócitos mononucleares presentes no líquor de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro......................................................................................................................

56

Page 11: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Aspectos clínicos individuais da evolução da meningoencefalite herpética induzida experimentalmente em bezerros. Londrina/Paraná, 2005............................... 44

Tabela 2 Valores das funções vitais (x ± s) aferidas diariamente à tarde em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5...................................................... 47

Tabela 3 Valores do eritrograma (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5...................................................... 50

Tabela 4 Valores do leucograma e do fibrinogênio plasmático (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5.... 51

Tabela 5 Valores liquóricos (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5................................................................ 55

Tabela 6 Resultados da presença de DNA viral detectado pela PCR e do isolamento viral em porções do sistema nervoso e em amostras de líquor dos bezerros sintomáticos e assintomáticos inoculados com BoHV-5............................................... 61

Tabela 7 Alterações histológicas das porções do sistema nervoso dos bezerros que desenvolveram quadro de encefalopatia (n=4) e dos que permaneceram assintomáticos (n=3) após inoculação experimental com BoHV-5............................... 62

Page 12: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

12

SUMÁRIO

1 REVISÃO DE LITERATURA

ENCEFALITE PELO BoHV-5 – REVISÃO DE LITERATURA Introdução...........................................................................................................

14 Etiologia.............................................................................................................. 14 Epidemiologia..................................................................................................... 17 Patogenia............................................................................................................. 18 Sinais clínicos..................................................................................................... 20 Achados patológicos........................................................................................... 20 Diagnóstico......................................................................................................... 21 Diagnóstico diferencial....................................................................................... 23 Profilaxia............................................................................................................. 24 Referências ......................................................................................................... 25

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral.................................................................................................

31 2.2 Objetivos específicos.....................................................................................

31

3 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO

INFECÇÃO EXPERIMENTAL PELO BoHV-5 EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO

Resumo................................................................................................................

33 Abstract............................................................................................................... 34 Introdução........................................................................................................... 35 Material e métodos.............................................................................................. 38 Resultados e discussão........................................................................................ 43 Referências.......................................................................................................... 63

4 CONCLUSÕES............................................................................................

68

5 APÊNDICE

Apêndice A – Lista de tabelas............................................................................. 70

Page 13: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

13

1 REVISÃO DE LITERATURA

Page 14: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

14

ENCEFALITE PELO BoHV-5 - REVISÃO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

A meningoencefalite herpética bovina é uma infecção viral do Sistema

Nervoso Central (SNC) causada pelo herpesvírus bovino 5 (BoHV-5), que acomete bovinos

de todas as faixas etárias, principalmente os jovens (D’ARCE et al., 2002; SALVADOR et al.,

1998; SOUZA et al., 2002). A infecção é caracterizada por uma meningoencefalite não

purulenta, associada a lesões necróticas do córtex cerebral e inflamatórias nas substâncias

branca e cinzenta, sendo geralmente fatal (CARRILO et al., 1983; RIET-CORREA et al.,

1989).

ETIOLOGIA

O BoHV-5 é um membro da família Herpesviridae, subfamília

Alphaherpesvirinae, gênero Varicellovirus. É um vírus DNA de fita dupla, com

aproximadamente 137 Kilobases (Kb) constituído por uma região única longa (UL) e uma

região única curta (US), nucleocapsídeo icosaédrico com 162 capsômeros e envelope

glicoprotéico (FAUQUET et al., 2004). Os membros dessa subfamília são reconhecidos pela

sua grande variedade de hospedeiros, rápido crescimento em culturas e habilidade em causar

lise nas células. Porém, a principal propriedade biológica dessa subfamília é a capacidade de

estabelecer latência em neurônios dos gânglios sensoriais após a infecção aguda

(ASHBAUGH et al., 1997; CHOWDHURY et al., 2002; SILVA et al., 1998).

A reativação do vírus está geralmente associada a fatores de estresse como

transporte, parto, desmama ou confinamento e pelo tratamento sistêmico com

Page 15: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

15

corticosteróides. Ocorre com ou sem sinais clínicos e pode haver liberação de partículas virais

infecciosas nas secreções nasais (BELKNAP et al., 1994; COLODEL et al., 2002; HALFEN;

VIDOR, 2001; MEYER et al., 2001).

O BoHV-1 também pertence à subfamília Alphaherpesvirinae e é

responsável por várias enfermidades como a rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR),

vulvovaginite/balanopostite infecciosa (IPV), conjuntivite e abortamentos, estando raramente

associado a quadros de encefalite (PEREZ et al., 2002; ROELS et al., 2000; SOUZA et al.,

2002).

Durante o período de latência não é possível o isolamento do vírus e

antígenos virais não são demonstrados na célula infectada. Entretanto, técnicas moleculares

como a reação em cadeia pela polimerase (PCR) e hibridização in situ são capazes de detectar

o DNA viral e identificar os sítios de latência, como o gânglio trigeminal para o BoHV-5 e

linfonodos e mucosa nasal para o BoHV-1. Em contraste com a infecção ativa, onde a

replicação viral é comumente seguida de lise celular, a infecção latente geralmente não

determina a lise da célula infectada e ocorre em células de vida longa, com baixa taxa de

replicação e altamente diferenciadas, como os neurônios e células linfóides (ASHBAUGH et

al., 1997; CARON et al., 2002; ENGELS; ACKERMANN, 1996).

A replicação viral ocorre no núcleo celular. São descritas pelo menos dez

glicoproteínas do envelope viral, as quais são importantes para desencadear resposta imune do

hospedeiro. A entrada do herpesvírus na célula também é mediada por várias dessas

glicoproteínas, que fazem a ligação, a fusão e a penetração do vírus na célula hospedeira e

têm importante função na difusão do vírus célula a célula (SCHWYZER; ACKERMANN,

1996; WILD et al., 1998). As três principais glicoproteínas são gB, gC e gD

(CHOWDHURY, 1995).

Page 16: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

16

Os primeiros isolamentos de herpesvírus a partir de animais com sinais de

encefalopatia, por carência de métodos adequados para a caracterização viral, foram

atribuídos ao BoHV-1, agente etiológico dos quadros de IBR e IPV, devido ao grau de

homologia entre estas estirpes (D’OFFAY et al., 1993; FRENCH, 1962; RIET-CORREA et

al., 1989). Posteriormente, foi denominado BoHV tipo 1, subtipo 3 (BoHV-1.3) e, finalmente,

pelas suas características moleculares, epidemiológicas e antigênicas distintas, foi

reclassificado como BoHV-5 (COLODEL et al., 2002; TEIXEIRA et al., 1998).

Embora tanto o BoHV-1 como o BoHV-5 sejam vírus neurotrópicos, eles

diferem em sua capacidade de causar encefalite (ASHBAUGH et al.,1997; CHOWDHURY et

al., 2002). O BoHV-1 pode ocasionalmente ser neuroinvasivo, mas raramente causa

encefalite, enquanto o BoHV-5 tem forte neurotropismo, freqüentemente levando a

encefalites fatais (PEREZ et al., 2002).

A infecção pelo BoHV-1 geralmente determina alta morbidade e baixa

mortalidade. Já a infecção pelo BoHV-5 costuma se apresentar com baixa morbidade e alta

letalidade (D’ARCE et al., 2002; ROEHE et al., 1997; SOUZA et al., 2002).

Com relação à composição genômica, o DNA do BoHV-5 apresenta

similaridade de 85% com o do BoHV-1. Sugere-se que as diferenças na seqüência de

nucleotídeos entre esses dois vírus estejam distribuídas por todo o genoma (CHOWDHURY

et al., 2002). Análises com anticorpos monoclonais (MAbs) têm demonstrado diferenças

antigênicas entre as principais glicoproteínas (gB, gC e gD) do BoHV-5 e BoHV-1

(CHOWDHURY et al., 1997; COLLINS et al., 1993).

Page 17: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

17

EPIDEMIOLOGIA

Devido à grande similaridade genômica, ocorre uma forte reação sorológica

cruzada entre os diferentes BoHV, o que dificulta os levantamentos epidemiológicos

geográficos da ocorrência do BoHV-5 (COLODEL et al., 2002; HALFEN et al., 2000). Desta

forma é desconhecida a prevalência do BoHV-5 no mundo (ROEHE et al., 1997). Inquéritos

sorológicos indicam que o BoHV-1 está disseminado nos rebanhos de todo o país, embora

uma parte dos bovinos soropositivos para o BoHV-1 possa estar infectada pelo BoHV-5, já

que não existem meios de diferenciar os anticorpos produzidos contra os dois vírus

(HALFEN; VIDOR, 2001).

Surtos de meningoencefalite herpética têm sido relatados em vários países

como Austrália (FRENCH, 1962; GARDINER et al., 1964; HILL et al., 1984), Estados

Unidos (BARENFUS et al., 1963), Canadá (GOUGH; JAMES, 1975), Argentina (CARRILO

et al., 1983) e Escócia (WATT et al., 1981).

No Brasil, encefalites causadas por BoHV-5 têm sido confirmadas de forma

crescente nos rebanhos, com casos descritos nos Estados do Rio Grande do Sul (RIET-

CORREA et al., 1989; WEIBLEIN et al., 1989), Rio de Janeiro, Minas Gerais (GOMES et al.,

2002; SOUZA et al., 2002), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo (COLODEL et al.,

2002; SALVADOR et al., 1998) e Paraná (CLAUS, 2002). Embora não existam relatos da

infecção em outros Estados, sugere-se que o BoHV-5 seja enzoótico em todo o país (ROEHE

et al., 1997). No Rio Grande do Sul, casos de encefalites por BoHV-5 foram a segunda maior

causa de encefalites com etiologia definida, sendo a primeira, a raiva (SANCHES et al.,

2000).

Os surtos não apresentam caráter sazonal, sendo acometidos bovinos de

diferentes raças e independente do sexo, afetando principalmente animais jovens, porém

Page 18: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

18

surtos acometendo animais com mais de 60 meses já foram relatados (ELIAS; SCHILD;

RIET-CORREA., 2004; SALVADOR et al., 1998).

PATOGENIA

Alguns trabalhos de infecção experimental em coelhos, ovinos e bezerros

têm sido realizados na busca do melhor entendimento da patogenia da infecção pelo BoHV-5

(BAGUST; CLARK, 1972; BELTRÃO et al., 2000; MEYER et al., 1996; PEREZ et al.,

2002; SILVA et al., 1999; VOGEL et al., 2003).

As principais portas de entrada do vírus são as superfícies mucosas do trato

respiratório. A transmissão é geralmente associada ao contato íntimo com essas superfícies,

mas o vírus também pode ser propagado por meio de aerossóis (HALFEN; VIDOR, 2001).

Beltrão et al. (2000), utilizando coelhos como modelos experimentais,

mostraram que a inoculação pela via intranasal foi mais eficiente na indução da doença

nervosa do que pela via conjuntival. Coelhos sacrificados 24 horas pós-inoculação (p.i.)

intranasal demonstraram replicação viral somente na cavidade nasal. Em coelhos sacrificados

posteriormente, detectou-se a replicação viral no bulbo olfatório (48h p.i.) e no córtex

olfatório (48 a 72h p.i.). Com 72h p.i. o vírus foi detectado também no gânglio do trigêmeo e

na ponte, além do córtex cerebral. No quarto dia após a inoculação, a infecção já se

encontrava distribuída por várias áreas do SNC. Estes estudos sugerem o sistema olfatório

como a principal via de acesso do BoHV-5 ao encéfalo após a inoculação intranasal.

Chowdhury et al. (1997) também utilizaram a inoculação intranasal do

BoHV-5 em coelhos, associada ao tratamento com dexametasona. Dados de isolamento e

identificação viral, histopatológicos, imunoistoquímicos e de hibridização in-situ mostraram

que o BoHV-5 foi capaz de invadir e se replicar nas estruturas olfatórias do coelho, sugerindo

que o vírus alcance o SNC, predominantemente, pelo bulbo olfatório.

Page 19: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

19

Perez et al. (2002), para estudar a patogenia da infecção pelo BoHV-5 em

bovinos, utilizaram bezerros inoculados pela via intranasal com uma estirpe viral isolada de

um bovino com quadro de encefalite na Argentina. Os bezerros foram separados em dois

grupos: animais com infecção aguda (grupo 1) e animais com infecção latente (grupo 2). Três

meses p.i., os animais do grupo 2 receberam dexametasona por via intravenosa na dose de 0,1

mg/kg/dia, por 5 dias. A excreção do BoHV-5 em secreções nasais e oculares foi evidenciada

em 75% dos animais do grupo 1 e em 91% dos animais do grupo 2. Em ambos os grupos, o

córtex anterior foi a área mais gravemente afetada. As lesões se desenvolveram

simultaneamente no córtex anterior, bulbo, ponte e gânglio do trigêmeo, sugerindo que o

BoHV-5 alcance o cérebro por transporte axonal nos neurônios bipolares dos nervos

olfatórios para o bulbo olfatório.

Vogel et al. (2003), para estudar a distribuição do BoHV-5 no SNC,

inocularam 12 bezerros pela via intranasal com uma estirpe viral isolada de um surto de

meningoencefalite no sul do Brasil, sendo que outros dois animais permaneceram como

controle negativo. Cinqüenta e cinco dias p.i., quatro bezerros inoculados (grupo A) foram

submetidos à eutanásia para coleta de amostras do SNC. Os outros oito animais (grupo B)

foram tratados com dexametasona por 5 dias a partir do dia 60 pi e submetidos à eutanásia 55

dias após o tratamento com dexametasona. Verificou-se que todos os animais inoculados

apresentaram excreção viral por vários dias durante a infecção aguda. Após o tratamento com

dexametasona (grupo B), cinco dos oito animais apresentaram excreção viral, porém, por

menos dias do que na infecção aguda. Em ambos os grupos, o DNA viral foi detectado em

várias porções do SNC, porém a distribuição foi mais ampla nos bezerros do grupo B. Foi

demonstrado que o DNA do BoHV-5 está presente em diversas áreas do SNC de bovinos com

infecção latente, sendo que após a reativação outras áreas também apresentaram DNA viral.

Page 20: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

20

SINAIS CLÍNICOS

Os principais sintomas observados em casos de meningoencefalite herpética

bovina são: isolamento do rebanho, depressão, secreção nasal e ocular, sialorréia, nistagmo,

opistótono, amaurose, andar em círculo, ataxia, hipermetria, tremores musculares, flacidez de

língua, bruxismo, convulsões, decúbito permanente, coma e morte. O período de evolução da

doença é apontado como variável de 1 a 15 dias, sendo mais comum entre 4 e 7 dias

(COLODEL et al., 2002; RIET-CORREA et al., 1996; SALVADOR et al., 1998; SANCHES

et al., 2000).

Os sinais clínicos podem variar de acordo com a área do SNC acometida.

Assim, em um mesmo foco, os animais acometidos não necessariamente irão apresentar os

mesmos sinais clínicos e na mesma intensidade (LISBÔA et al., 2003).

ACHADOS PATOLÓGICOS

À necropsia, com freqüência não são evidenciadas lesões significativas

(SALVADOR et al., 1998). As principais alterações macroscópicas descritas no encéfalo são

áreas de malácia corticais, achatamento das circunvoluções, protrusão cerebelar pelo forâmen

magno, congestão e hemorragia (RIET-CORREA et al., 1989; SALVADOR et al., 1998;

WEIBLEIN et al., 1989). As lesões macroscópicas no SNC aparentemente não têm relação

com o tempo de evolução da doença, uma vez que as lesões de malácia do córtex cerebral

ocorrem tanto nos bovinos com curso clínico de 2 a 3 dias como naqueles em que a evolução

da doença é superior a 7 dias (ELIAS; SCHILD; RIET-CORREA, 2004).

Microscopicamente, as principais alterações caracterizam-se por

meningoencefalite não supurativa difusa, presença de manguitos perivasculares de células

Page 21: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

21

mononucleares, satelitose, necrose neuronal, gliose multifocal, meningite e hemorragias.

Corpúsculos de inclusão intranucleares, geralmente eosinofílicos, podem ocorrer em

neurônios, sendo mais freqüentes nos astrócitos (ELIAS; SCHILD; RIET-CORREA, 2004;

MEYER et al., 2001; PEREZ et al., 2002; SALVADOR et al., 1998; SANCHES et al., 2000).

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico ante-mortem é difícil de ser estabelecido, visto que não

existem sintomas patognomônicos da enfermidade, a qual pode se confundir com qualquer

outro quadro de encefalopatia. O diagnóstico post-mortem com auxílio de métodos

laboratoriais é, portanto, de importância fundamental (HALFEN; VIDOR, 2001). As taxas de

morbidade e de letalidade podem ajudar no direcionamento do diagnóstico, bem como excluir

outras enfermidades.

Testes sorológicos têm valor limitado no diagnóstico, pois não diferenciam

animais infectados pelo BoHV-5 dos infectados pelo BoHV-1, devido à intensa reação

cruzada entre os vírus (ROEHE et al., 1997; TEIXEIRA et al., 1998).

A confirmação do envolvimento do BoHV-5 pode ser realizada pelo

isolamento do vírus em cultivo celular e posterior caracterização do isolado por meio de

técnicas que empregam anticorpos monoclonais para a identificação de proteínas virais

específicas (ROEHE et al., 1997); e/ou por técnicas moleculares (CLAUS, 2002; D’OFFAY

et al., 1993).

Kunrath et al. (2004), utilizando anticorpos monoclonais (AcM) produzidos

com uma estirpe brasileira do BoHV-5, padronizaram técnicas rápidas para o diagnóstico de

infecções por herpesvírus. A detecção de antígenos virais por imunofluorescência em células

descamativas (IFCD) foi comparada com o isolamento viral em secreções nasais de bezerros,

Page 22: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

22

apresentando uma concordância nos resultados de 89,6%. Testes com AcM também foram

utilizados para detectar antígenos do BoHV-5 em impressões frescas do cérebro de bezerros

acometidos de enfermidade neurológica e em células de cultivo utilizadas na técnica de

soroneutralização, permitindo a obtenção dos resultados em 24 horas. A técnica, denominada

de soroneutralização rápida, apresentou sensibilidade de 97,3%, especificidade de 95,5% e

precisão de 96,2% em comparação com a soroneutralização tradicional, mostrando que os

AcM podem ser úteis para uso em técnicas rápidas para o diagnóstico de infecções suspeitas

de BoHV-5.

Atualmente, técnicas de biologia molecular como a PCR para a detecção do

genoma viral são empregadas com sucesso no diagnóstico da infecção pelo BoHV-5. Além

disso, a técnica de PCR não exige a viabilidade da partícula viral e possibilita a utilização de

uma ampla variedade de amostras. Esta característica assume grande importância em

Medicina Veterinária onde, principalmente em animais de produção, os materiais biológicos

colhidos a campo para o diagnóstico muitas vezes são conservados inadequadamente e

demandam longo intervalo de tempo para o transporte até o laboratório (ASHBAUGH et al.,

1997; CLAUS, 2002). Quanto a este último aspecto a técnica de PCR seria mais vantajosa do

que o isolamento em cultivo celular, além de fornecer resultado mais rápido.

Trabalhando com a infecção experimental em bezerros, Meyer et al. (2001)

puderam demonstrar que as partículas virais não se distribuem uniformemente por todo o

encéfalo, gerando resultados de cultivo celular negativos de acordo com a área que originou o

fragmento estudado. O sucesso do diagnóstico depende, portanto, da escolha apropriada da(s)

amostra(s) a ser(em) encaminhada(s). É ausente na literatura qualquer menção a respeito da

possibilidade da utilização de amostras de líquor com fins diagnósticos e das alterações no

líquor de animais acometidos de encefalite pelo BoHV-5 sendo, entretanto, a pleiocitose

Page 23: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

23

mononuclear e/ou aumento na concentração de proteína um achado comum em encefalites

herpéticas em outras espécies (CALLAN; VAN METRE, 2004).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Como os sinais neurológicos presentes nas infecções pelo BoHV-5 podem

ser observados em diversas situações onde haja comprometimento das funções do encéfalo, o

diagnóstico diferencial é de fundamental importância (CLAUS, 2002). Os principais

diagnósticos diferenciais são a raiva, a polioencefalomalácia, algumas intoxicações por

plantas, encefalites bacterianas (HALFEN; VIDOR, 2001; SALVADOR et al., 1998) e

intoxicação por chumbo (CALLAN; VAN METRE, 2004).

Sanches et al. (2000) realizaram um estudo retrospectivo das necropsias de

bovinos no Sul do Brasil, onde em cerca de 10% dos casos estavam presentes sinais de

distúrbios neurológicos. Dos casos em que foi possível concluir o diagnóstico, cerca de 50%

foram diagnosticados como raiva (151 animais) e aproximadamente 5% como

meningoencefalite herpética bovina (14 animais).

Spilki et al. (2003) descreveram o isolamento de BoHV-5 de um caso

confirmado de raiva em um bezerro com sinais de encefalopatia. O diagnóstico de raiva foi

confirmado por meio de imunofluorescência direta e inoculação em camundongos. Já o

isolamento do BoHV-5 foi realizado em cultivo de células MDBK. Os autores sugerem que

este caso de infecção mista pode ter sido causado pela reativação do herpesvírus após a

infecção pelo vírus rábico, levando o animal a uma situação de estresse. Porém, não foi

possível estimar se o BoHV-5 teve um papel ativo durante o quadro.

Page 24: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

24

PROFILAXIA

As manifestações clínicas da infecção pelo BoHV-5 podem ser controladas e

prevenidas por meio de procedimentos adequados de manejo e programas de vacinação

(HALFEN; VIDOR, 2001).

Devido às similaridades em aspectos biológicos e moleculares entre o

BoHV-5 e o BoHV-1, ocorrem significativas reações sorológicas cruzadas entre os dois vírus.

Dessa forma, a mesma tecnologia utilizada para a produção de vacinas contra o BoHV-1 é

apontada como alternativa para o controle dos surtos de meningoencefalite pelo BoHV-5

(HALFEN et al., 2000). Apesar de não impedir as infecções pelos BoHV-1 e BoHV-5, a

vacinação reduz significativamente a incidência da doença (HALFEN; VIDOR, 2001).

Vogel et al. (2002) realizaram um estudo para determinar a atividade

neutralizante antiBoHV-5 conferida por três vacinas contendo antígenos do BoHV-1. Bovinos

soronegativos foram divididos em três grupos e imunizados três vezes (5mL via intramuscular

nos dias 0, 30 e 180) com vacinas que continham antígenos do BoHV-1 (vacina A e B) ou

com uma vacina contendo antígenos do BoHV-1 e BoHV-5 (vacina C). O soro coletado no

dia 210 foi testado pela técnica de soroneutralização frente ao BoHV-1 e BoHV-5. Nos três

grupos, os títulos médios antiBoHV-1 não diferiram dos títulos antiBoHV-5. A vacina C

resultou no maior número de reagentes contra o BoHV-5 (96,9%), enquanto as vacinas A e B

resultaram, respectivamente, em 85,7% e 92,9% de animais sororreagentes. Com isto, a

inclusão de antígenos do BoHV-5 em vacinas a serem utilizadas em regiões onde as duas

espécies de vírus estão presentes parece ser desejável para ampliar o grau e espectro da

resposta imunológica.

Para a imunoprofilaxia das herpesviroses no Brasil, são disponíveis dois

tipos de vacinas: vacinas com vírus inativados, e vacinas com vírus atenuados termo-sensíveis

Page 25: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

25

(mutante ts), de uso intramuscular. Essas vacinas são comprovadamente seguras para uso em

todas as categorias de animais, inclusive fêmeas gestantes, sendo que na primo vacinação são

necessárias duas doses com intervalos de três a quatro semanas (ALFIERI; ALFIERI;

MÉDICI, 1998).

Animais, filhos de mães vacinadas e que receberam adequadamente o

colostro, deverão ser vacinados, com duas doses, entre o quinto e sexto mês de vida. Animais

filhos de vacas negativas e não vacinadas poderão receber a primeira dose já a partir de dois a

três meses de idade. Para as revacinações, que deverão ocorrer num intervalo máximo de nove

meses a um ano, apenas uma dose de vacina é necessária (ALFIERI; ALFIERI; MÉDICI,

1998). Este esquema de vacinação é recomendado para prevenção de infecções pelo BoHV-1,

podendo ser utilizado também para profilaxia da meningoencefalite herpética bovina.

REFERÊNCIAS

ALFIERI, A.A.; ALFIERI, A.F.; MÉDICI, K.C. Conseqüências da infecção pelo herpesvírus bovino tipo 1 sobre o sistema reprodutivo de bovinos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.19, n.1, p.86-93, 1998.

ASHBAUGH, S.E.; THOMPSON, K.E.; BELKNAP, E.B.; SCHULTHEISS, P.C.; CHOWDHURY, S.; COLLINS, J.K. Specific detection of shedding and latency of bovine herpesvirus 1 and 5 using a nested polymerase chain reaction. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, Lawrence, v.9, n.4, p.387-394, 1997.

BAGUST, T.J.; CLARK, L. Pathogenesis of meningo-encephalitis produced in calves by infectious bovine rhinotracheitis herpesvirus. Journal of Comparative Pathology, Edinburgh, v.82, p.375-383, 1972.

BARENFUS, M.; QUADRI, C.A.D.; MCINTYRE, R.W.; SCHROEDER, R.J. Isolation of Infectious Bovine Rhinotracheitis Virus from Calves with Meningoencephalitis. Journal of American Veterinary Medical Association, Chicago, v.143, n.7, p.725-728, Oct. 1963.

BELKNAP, E.B.; COLLINS, J.K.; AYERS, V.K., SCHULTHEISS, P.C. Experimental infection of neonatal calves with neurovirulent bovine herpesvirus type 1.3. Veterinary Pathology, Lawrence, v.31, p.358-365, 1994.

Page 26: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

26

BELTRÃO, N.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; SILVA, A.M.; ROEHE, P.M.; IRIGOYEN, L.F. Infecção e enfermidade neurológica pelo herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5): coelhos como modelo experimental. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.20, n.4, p.144-150, out./dez. 2000.

CALLAN, R.J.; VAN METRE, D.C. Viral diseases of the ruminant nervous system. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Philadelphia, v.20, n.2, p.327-362, July 2004.

CARON, L.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R. SCHERER, C.F.C.; IRIGOYEN, L.F.; ROEHE, P.M.; ODEON, A.; SUR, J.-H. Latent infection by bovine herpesvírus type-5 in experimentally infected rabbits: virus reactivation, shedding and recrudescence of neurological disease. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.84, n.4, p.285-295, Feb. 2002.

CARRILO, B.J.; AMBROGI, A.; SCHUDEL, A.A.; VASQUEZ, M.; DAHME, E.; POSPICHIL, A. Meningoencephalitis caused by IBR virus in calves in Argentina. Zentralblatt Für Veterinärmedizin Reihe B, Berlin, v.30, p.327-332, 1983.

CHOWDHURY, S.I. Molecular basis of antigenic variation between the Glycoproteins C of respiratory bovine herpesvirus 1 (BHV-1) and neurovirulent BHV-5. Virology, New York, v.213, n.2, p.558-568, Nov. 1995.

CHOWDHURY, S.I.; LEE, B.J.; MOSIER, D.; SUR, J.-H.; OSORIO, F.A.; KENNEDY, G.; WEISS, M.L. Neuropathology of Bovine Herpesvirus Type 5 (BHV-5) Meningo-encephalitis in a Rabbit Seizure Model. Journal of Comparative Pathology, Edinburgh, v.117, p.295-310, 1997.

CHOWDHURY, S.I.; ONDERCI, M.; BHATTACHARJEE, P.S.; AL-MUBARAK, A.; WEISS, M.L.; ZHOU, Y. Bovine herpesvirus 5 (BHV-5) Us9 is essential for BHV-5 neuropathogenesis. Journal of Virology, Washington, v.76, n.8, p.3839-3851, Apr. 2002.

CLAUS, M.P. Detecção do herpesvírus bovino tipos 1 e 5 por amplificação parcial do gene da glicoproteína C e estudo retrospectivo da meningoencefalite herpética bovina. 2002. Dissertação (Mestrado em Sanidade Animal) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

COLLINS, J.K.; AYERS, V.K.; WHETSTONE, C.A.; van DRUNNEN LITTEL-van den HURK, S. Antigenic differences between the major glycoproteins of bovine herpesvirus type 1.1 and bovine encephalitis herpesvirus type 1.3. Journal of General Virology, London, v.74, p.1509-1517, 1993.

COLODEL, E.M.; NAKAZATO, L.; WEIBLEN, R.; MELLO, R.M.; SILVA, R.R.P.; SOUZA, M.A.; FILHO, J.A.O.; CARON, L. Meningoencefalite necrosante em bovinos causada por herpesvírus bovino no estado de Mato Grosso, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.2, p.293-298, 2002.

D’ARCE, R.C.F.; ALMEIDA, R.S.; SILVA, T.C.; FRANCO, A.C.; SPILKI, F.; ROEHE, P.M.; ARNS, C.W. Restriction endonuclease and monoclonal antibody analysis of Brazilian isolates of bovine herpesviruses types 1 and 5. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.88, n.4, p.315-324, Sep. 2002.

Page 27: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

27

D’OFFAY, J.M.; MOCK, R.E.; FULTON, R.W. Isolation and characterization of encephalitic bovine herpesvirus type 1 isolates from cattle in North America. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v.54, n.4, p.534-539, Apr. 1993.

ELIAS, F.; SCHILD, A.L.; RIET-CORREA, F. Meningoencefalite e encefalomalacia por Herpesvírus bovino-5: distribuição das lesões no sistema nervoso central de bovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.24, n.3, p.123-131, jul./set. 2004.

ENGELS, M.; ACKERMANN, M. Pathogenesis of ruminant herpesvirus infections. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.53, n.1,2, p.3-15, Nov. 1996.

FAUQUET, C. M.; MAYO, M. A.; MANILOFF, J.; DESSELBERGER, U.; BALL, L. A. Virus Taxonomy. The eighth report. San Diego: Academic Press, 2004, 1162 p.

FRENCH, E.L. A specific virus encephalitis in calves: isolation and characterization of the causal agent. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.38, p.216-221, Apr. 1962.

GARDINER, M.R.; NAIRN, M.E.; SIER, A.M. Viral meningoencephalitis of calves in Western Australia. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.40, p.225-228, June 1964.

GOMES, L.I.; ROCHA, M.A.; COSTA, E.A.; LOBATO, Z.I.P.; MENDES, L.C.N.; BORGES, A.S.; LEITE, R.C.; BARBOSA-STANCIOLI, E.F. Detecção de herpesvírus bovino 5 (BoHV-5) em bovinos do Sudeste Brasileiro. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.54, n.2, p.217-220, 2002.

GOUGH, A.; JAMES, D. Isolation of IBR virus from a heifer with meningoencephalitis. Canadian Veterinary Journal, Guelph, v.16, n.10, p.313-314, Oct. 1975.

HALFEN, D.C.; VIDOR, T. Infecções por herpesvírus bovino-1 e herpesvírus bovino-5. In: RIET-CORREA,F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.D.C.; LEMOS, R.A.A. Doenças de ruminantes e eqüinos. 2.ed. São Paulo : Varela, 2001. v.2, p.97-108.

HALFEN, D.C.; VIDOR, T.; BRAGA, F.M.; VAN DER LAAN, C.W. Imunogenicidade do herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5) em vacinas inativadas de diferentes formulações. Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.5, p.851-856, 2000.

HILL, B.D.; HILL, M.W.M.; CHUNG, Y.S.; WHITTLE, R.J. Meningoencephalitis in calves due to bovine herpesvirus type 1 infection. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.61, n.7, p.242-243, July 1984.

KUNRATH, C.F.; VOGEL, F.S.F.; OLDONI, I.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; DEZENGRINI, R.; TORRES, F.D.; PAN, K.A. Soroneutralização e imunofluorescência utilizando anticorpos monoclonais no diagnóstico rápido de infecções pelo herpesvírus bovino tipos 1 e 5 (BHV-1 e BHV-5). Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.6, p.1877-1883, nov.-dez. 2004.

Page 28: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

28

LISBÔA, J.A.N.; ALFIERI,A.A.; BALARIN, M.R.S.; CLAUS, M.P.; ISERNHAGEN, A.J. Aspectos clínicos e diagnóstico da encefalite causada por HVB-5 em bezerros. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE BUIATRIA, 11., 2003, Salvador. Anais... Salvador, 2003. p.19.

MEYER, G.; LEMAIRE, M.; LYAKU, J.; PASTORT, P.-P., THRY, E. Establishment of a rabbit model for bovine herpesvirus type 5 neurological acute infection. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.51, n.1-2, p.27-40, 1996.

MEYER, G.; LEMAIRE, M.; ROS, C.; BELAK, K.; GABRIEL, A.; CASSART, D.; COIGNOUL, F.; BELAK, S.; THIRY, E. Comparative pathogenesis of acute and latent infections of calves with bovine herpesvirus types 1 and 5. Archives of Virology, Vienna, v.146, n.4, p.633-652, 2001.

PEREZ, S.E.; BRETSCHNEIDER, G.; LEUNDA, M.R.; OSORIO, F.A.; FLORES, E.F.; ODEÓN, A.C. Primary infection, latency, and reactivation of bovine herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology, Lawrence, v.39, n.4, p.437-444, 2002.

RIET-CORREA, F.; MOOJEN, V.; ROEHE, P.M.; WEIBLEN, R. Viroses confundíveis com febre aftosa. Ciência Rural, Santa Maria, v.26, n.2, p.323-332, maio/ago. 1996.

RIET-CORREA, F.; VIDOR, T.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C. Meningoencefalite e necrose do córtex cerebral em bovinos causadas por herpes vírus bovino-1. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.9, n.1/2, p.13-16, 1989.

ROEHE, P.M.; SILVA, T.C.; NARDI, N.B.; OLIVEIRA, L.G.; ROSA, J.C.A. Diferenciação entre os vírus da rinotraqueíte infecciosa bovina (BHV-1) e herpesvírus da encefalite bovina (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 41-44, jan./mar. 1997.

ROELS, S.; CHARLIER, C.; LETELLIER, C.; MEYER, G.; SCHYNTS, F..; KERKHOFS, P.; THIRY, E.; VANOPDENBOSCH, E. Natural case of bovine meningoencephalitis in an adult cow. Veterinary Record, London, v.146, n.20, p.586-588, May 2000.

SALVADOR, S.C.; LEMOS, R.A.A.; RIET-CORREA, F.; ROEHE, P.M.; OSÓRIO, A.L.A.R. Meningoencefalite em bovinos causada por herpesvírus bovino-5 no Mato Grosso do sul e São Paulo. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.76-83, abr./jun. 1998.

SANCHES, A.W.D.; LANGOHR, I.M.; STIGGER, A.L.; BARROS, C.S.L. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no Sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.20, n.3, p.113-118, jul./set. 2000.

SCHWYZER, M.; ACKERMANN, M. Molecular virology of ruminant herpesviruses. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.53, n.1,2, p.17-29, Nov. 1996.

SILVA, A.M.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; BOTTON, S.A.; IRIGOYEN, L.F.; ROEHE, P.M.; BRUM, M.C.S.; CANTO, M.C. Infecção aguda e latente em ovinos inoculados com o herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.18, n.3/4, p.99-106, jul./dez. 1998.

Page 29: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

29

SILVA, A.M.; WEIBLEN, R.; IRIGOYEN, L.F.; ROEHE, P.M.; SUR, H.J.; OSORIO, F.A.; FLORES, E.F. Experimental infection of sheep with bovine herpesvírus type-5 (BHV-5): acute and latent infection. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.66, p. 89-99, 1999.

SOUZA, V.F.; MELO,S.V.; ESTEVES, P.A.; SCHMIDT, C.S.; GONÇALVES, D.A.; SCHAEFER, R.; SILVA, T.C.; ALMEIDA, R.S.; VICENTINI, F.; FRANCO, A.C.; OLIVEIRA, E.A.; SPILKI, F.R.; WEIBLEN, R.; FLORES, E.F.; LEMOS, R.A.; ALFIERI, A.A.; PITUCO, E.M.; ROEHE, P.M. Caracterização de herpesvírus bovinos tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de janeiro, v.22, n.1, p.13-18, jan./mar. 2002.

SPILKI, F.R.; FRANCO, A.C.; TEIXEIRA, M.B.; ESTEVES, P.A.; SCHAEFER, R.; SCHMIDT, E.; LEMOS, R.A.; ROEHE, P.M. Bovine herpesvírus type 5 (BHV-5) in a calf with rabies. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.23, n.1, p.1-4, jan./mar. 2003.

TEIXEIRA, M.F.B.; ESTEVES, P.A.; COELHO, C.S.S.; SILVA, T.C.; OLIVEIRA, L.G.; ROEHE, P.M. Diferenças em níveis de anticorpos neutralizantes contra herpesvírus bovinos tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5). Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v.4, n.1, p.61-65, 1998.

VOGEL, F.S.F.; CARON, L.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; WINKELMANN, E.R.; MAYER, S.V.; BASTOS, R.G. Distribution of bovine herpesvirus type 5 in the central nervous systems os latently, experimentally infected calves. Journal of Clinical Microbiology, Washington, v.41, n.10, p.4512-4520, Oct. 2003.

VOGEL, F.S.F.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; KUNRATH, C.F. Atividade neutralizante anti-herpesvírus bovino tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5) no soro de bovinos imunizados com vacinas contra o BHV-1. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.5, p.881-883, 2002.

WATT, J.A.; JOHNSTON, W.S.; MACLEOD, N.S.; BARLOW, R.M. Infectious bovine rhinotracheitis and encephalitis. Veterinary Record, London, v.108, n.3, p.63-64, Jan. 1981.

WEIBLEN, R.; BARROS, C.S.L.; CANABARRO, T.F.; FLORES, I.E. Bovine meningo-encephalitis from IBR virus. Veterinary Record, London, v.124, n.25, p.666-667, June 1989.

WILD, P.; SCHRANER, E.M.; PETER, J.; LOEPFE, E.; ENGELS, M. Novel Entry Pathway of Bovine Herpesvirus 1 and 5. Journal of Virology, Washington, v.72, n.12, p.9561-9566, Dec. 1998.

Page 30: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

30

2 OBJETIVOS

Page 31: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

31

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar aspectos da evolução clínica e do diagnóstico da meningoencefalite herpética em

bezerros experimentalmente infectados com o herpesvírus bovino 5.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar os sintomas e a evolução do quadro de meningoencefalite herpética em

bezerros.

Identificar as alterações hematológicas e liquóricas ao longo da evolução.

Verificar as alterações histológicas em diferentes áreas do encéfalo e no gânglio do nervo

trigêmeo.

Verificar a presença do vírus em diferentes áreas do encéfalo, no gânglio do nervo

trigêmeo e no líquor.

Page 32: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

32

3 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO

Page 33: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

33

INFECÇÃO EXPERIMENTAL PELO BoHV-5 EM BEZERROS: EVOLUÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO

RESUMO

A encefalite causada pelo BoHV-5 acomete bovinos de todas as faixas etárias, principalmente os jovens, e determina baixa morbidade e alta letalidade. No Brasil, surtos da doença têm sido relatados de forma crescente. Alguns aspectos sobre essa enfermidade ainda merecem maior esclarecimento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a evolução clínica e aspectos do diagnóstico da meningoencefalite herpética em bezerros infectados experimentalmente com BoHV-5. Sete bezerros machos, sadios, da raça HPB com até 60 dias de idade foram infectados por instilação de 0,5mL de inóculo (107,42 TCID50) em cada cavidade nasal. A estirpe viral utilizada foi a AA PAR. Durante o período experimental pós-infecção (p.i.) realizaram-se exames físicos duas vezes ao dia e hemogramas a cada 48 horas. Amostras de líquor foram colhidas e analisadas a cada 48 horas a partir do início dos sinais de encefalopatia. Nove subdivisões do encéfalo (córtex anterior, córtex dorso-lateral, córtex ventro-lateral, córtex posterior, diencéfalo, mesencéfalo, ponte, medula oblonga e cerebelo) e os gânglios do nervo trigêmeo foram colhidos após a morte e submetidos ao exame histopatológico. A presença do vírus foi investigada, por meio da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e do isolamento em cultivo celular, nas diferentes porções do encéfalo, no líquor e nos gânglios do nervo trigêmeo. Quatro bezerros manifestaram sinais de encefalopatia a partir dos dias 9 (n=2) e 11 p.i. (n=2) e evoluíram para a morte em 12 horas (n=1), 3 dias (n=2) ou 10 dias (n=1). Os demais bezerros (n=3) não manifestaram qualquer evidência de encefalopatia e foram submetidos à eutanásia 30 dias p.i.. Os principais sintomas observados foram: depressão, disfagia, amaurose, manias (atos compulsivos), ataxia, sialorréia, mioclonias na face e convulsões. As freqüências respiratória e cardíaca não variaram significativamente ao longo do tempo, e a temperatura corporal exibiu uma tendência a se elevar entre 9 e 12 dias p.i. As alterações no leucograma foram discretas e inespecíficas coincidindo com o início do quadro. A elevação de células mononucleares no líquor foi a alteração mais importante de auxílio ao diagnóstico ainda em vida, apresentando-se tanto nos bezerros sintomáticos quanto nos assintomáticos. O genoma viral foi identificado em várias localizações do encéfalo e nos gânglios dos nervos trigêmeos, assim como, no líquor de dois bezerros que manifestaram encefalopatia. O exame histopatológico confirmou, por fim, que todos os bezerros estudados exibiram processo inflamatório encefálico, indicando que a encefalite causada pelo BoHV-5 pode, eventualmente, ser branda e assintomática.

Palavras-chave: Bezerro; BoHV-5; encefalite; sinais clínicos; evolução; diagnóstico

Page 34: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

34

BoHV-5 EXPERIMENTAL INFECTION IN CALVES: CLINICAL FEATURE AND DIAGNOSIS

ABSTRACT

The encephalitis caused by BoHV-5 affects cattle of all ages, mainly young, and is characterized by low morbidity rate and high case fatality rate. Outbreaks of this disease have increasingly been reported in Brazil. Some aspects of this disease are still unclear. In this study, cases of herpetic meningoencephalitis were experimentally induced in calves to investigate clinical pictures and diagnosis. Seven healthy male Holstein calves, up to 60 days old, were infected with 0,5mL of virus suspension (107,42 TCID50) in each nasal cavity. The AA PAR viral strain was used in this experiment. During the experimental postinfection (p.i.) period, physical examinations were conducted twice a day and routine complet blood counts were performed every 48 hours. Cerebrospinal fluid (CSF) analysis was performed in samples collected every 48 hours from the onset of neurological signs on. Nine encephalic portions (anterior cortex, dorsolateral cortex, ventrolateral cortex, posterior cortex, diencephalon, mesencephalon, pons, medulla oblongata and cerebellum) and the trigeminal ganglia were obtained at necropsy and submitted to histopathology. Virus detection was investigated in each encephalic portion, trigeminal ganglia and CSF by means of polimerase chain reaction (PCR) and virus isolation in cells culture. Four calves developed signs of neurologic disease beginning at days 9 (n=2) and 11 p.i. (n=2) and died in 12 hours (n=1), 3 days (n=2) and 10 days (n=1). The other three calves remained asymptomatics and were euthanized 30 days p.i.. Depression, dysphagia, amaurosis, mania (compulsive behavior), ataxia, sialorrhea, facial myoclonia and convulsion were the main signs. No significant changes occurred in the heart and respiratory rates; but the rectal temperature tended to increase between days 9 and 12 p.i..The changes in leukogram were slight and unspecific coinciding with the onset of clinical signs. Increases in CSF mononuclear cell counts occurred in all symptomatic and asymptomatic calves, as the most important diagnostic aid before death. The BoHV-5 genome was detected in several areas of the encephalon and in the trigeminal ganglia; as well as in the CSF of two calves showing neurological signs. Histologically, all calves developed encephalic inflammatory process which confirms that the encephalitis caused by BoHV-5 may, sometimes, be mild and asymptomatic.

Key words: Calf; BoHV-5; encephalitis; clinical signs; diagnosis

Page 35: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

35

INTRODUÇÃO

O herpesvírus bovino 5 (BoHV-5) é um vírus DNA de fita dupla, com

envelope glicoprotéico, pertencente à família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae,

(FAUQUET et al., 2004). O BoHV-5 é o agente etiológico da meningoencefalite herpética

dos bovinos, que acomete principalmente animais jovens e apresenta baixa morbidade e alta

letalidade (D'ARCE et al., 2002; SALVADOR et al., 1998). O herpesvírus bovino 1 (BoHV-

1) também pertence a essa mesma subfamília, e é responsável por várias enfermidades como a

rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), vulvovaginite/balanopostite pustular infecciosa (IPV),

conjuntivite e abortamentos (KAHRS, 1977). A principal diferença entre o BoHV-5 e o

BoHV-1 é a habilidade de cada um causar doença neurológica. Tanto o BoHV-5 quanto o

BoHV-1 são vírus neurotrópicos, mas apenas o BoHV-5 é capaz de se replicar

significativamente no sistema nervoso central (SNC) e causar a doença neurológica

(ASHBAUGH et al., 1997; BELKNAP et al., 1994; STUDDERT, 1989).

Surtos de meningoencefalite pelo BoHV-5 têm sido relatados em vários

países do mundo como Austrália (FRENCH, 1962; GARDINER et al., 1964; HILL et al.,

1984), Estados Unidos (BARENFUS et al., 1963), Canadá (GOUGH; JAMES, 1975),

Argentina (CARRILO et al., 1983) e Escócia (WATT et al., 1981). No Brasil, encefalites

causadas pelo BoHV-5 têm sido confirmadas de forma crescente nos rebanhos, com casos

descritos no Rio Grande do Sul (RIET-CORREA et al., 1989; WEIBLEN et al., 1989), Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo (COLODEL et al., 2002; SALVADOR et al., 1998),

Rio de Janeiro, Minas Gerais (GOMES et al., 2002; SOUZA et al., 2002) e Paraná (CLAUS,

2002). No Brasil, casos de meningoencefalite pelo BoHV-5 foram a segunda maior causa de

encefalites em bovinos com etiologia definida, sendo a primeira, a raiva (SANCHES et al.,

2000).

Page 36: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

36

Devido à grande similaridade genômica, o BoHV-1 e o BoHV-5 apresentam

forte reação sorológica cruzada, e com isso os testes sorológicos têm valor limitado no

diagnóstico (ROEHE et al., 1997; TEIXEIRA et al., 1998). O isolamento viral a partir de

fragmentos do SNC pode ser utilizado para a confirmação do envolvimento do BoHV-5,

porém alguns autores relatam dificuldade para isolar o vírus de tecidos cerebrais de bezerros e

coelhos experimentalmente infectados, principalmente após a reativação viral induzida com

aplicação de dexametasona (CARON et al., 2002; PEREZ et al., 2002; VOGEL et al., 2003).

Técnicas de biologia molecular como a reação em cadeia pela polimerase (PCR) têm sido

empregadas com sucesso no diagnóstico da infecção pelo BoHV-5, apresentando a vantagem

de não exigir viabilidade viral (ASHBAUGH et al., 1997; CLAUS, 2002). Meyer et al. (2001)

demostraram que o vírus não está distribuído uniformemente por todo o encéfalo, sendo então

importante a escolha apropriada das amostras a serem encaminhadas para o diagnóstico.

Os principais sintomas observados na meningoencefalite herpética são

nistagmo, bruxismo, opistótono, amaurose, sialorréia, andar em círculos, ataxia, tremores

musculares e convulsões. O período de evolução da doença é apontado como variável de 1 a

15 dias, sendo mais comum entre 4 e 7 dias (COLODEL et al., 2002; ELIAS; SCHILD;

RIET-CORREA, 2004; SALVADOR et al., 1998; SANCHES et al., 2000). À necropsia, as

principais alterações macroscópicas relatadas são áreas de malácia, achatamento das

circunvoluções, congestão e hemorragias, porém é freqüente a ausência de lesões (RIET-

CORREA et al., 1989; SALVADOR et al., 1998; WEIBLEN et al., 1989). As principais

alterações microscópicas caracterizam-se por meningoencefalite não supurativa difusa,

manguitos perivasculares de células mononucleares, satelitose, necrose neuronal, gliose,

meningite, hemorragias e corpúsculos de inclusão intranucleares principalmente em astrócitos

(ELIAS; SCHILD; RIET-CORREA, 2004; MEYER et al., 2001; PEREZ et al., 2002;

SALVADOR et al., 1998; SANCHES et al., 2000).

Page 37: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

37

Com o objetivo de estudar a patogenia da doença, alguns trabalhos têm sido

realizados por meio da indução experimental da infecção em coelhos (BELTRÃO et al., 2000;

CARON et al., 2002; MEYER et al., 1996), em cordeiros (SILVA et al., 1998) e em bezerros

(BELKNAP et al., 1994; MEYER et al., 2001; PEREZ et al., 2002; VOGEL et al., 2003).

Alguns pesquisadores sugerem o sistema olfatório como a principal via de acesso ao SNC

(BELTRÃO et al., 2000; PEREZ et al., 2002), enquanto outros sugerem que a invasão do

SNC seja via gânglio do nervo trigêmeo (BAGUST; CLARK, 1972). Entretanto, muitos

fatores relacionados a essa enfermidade ainda necessitam maiores esclarecimentos, tais como

os aspectos clínicos e os relacionados ao diagnóstico. Esse trabalho teve por objetivos

caracterizar os sintomas e a evolução do quadro de meningoencefalite herpética

experimentalmente induzida em bezerros, assim como avaliar aspectos do diagnóstico da

doença.

Page 38: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

38

MATERIAL E MÉTODOS

Células e vírus

Todos os procedimentos de multiplicação e quantificação do BoHV-5, bem

como as tentativas de isolamento viral foram realizados em células da linhagem Madin Darby

bovine kidney (MDBK) mantidas em Meio Essencial Mínimo (MEM) (Invitrogen®, EUA)

suplementado com 8% de soro fetal bovino (Gibco, BRL®, EUA), gentamicina (55 µg/mL) e

anfotericina-B (2,5 µg/mL). A estirpe viral utilizada foi a AA PAR isolada do cérebro de um

bovino apresentando sinais de encefalite e caracterizada como BoHV-5 por meio de

imunoperoxidase com anticorpos monoclonais (SOUZA et al., 2002), sendo confirmada como

BoHV-5 pela técnica da PCR (CLAUS, 2002) . O título viral, expresso em doses infecciosas

para cultura de tecidos 50% (DICT50) foi obtido segundo Reed e Muench (1938).

Bezerros

Foram utilizados sete bezerros machos, clinicamente sadios, da raça

Holandesa, entre 20 e 58 dias de idade, procedentes de propriedades rurais de exploração

leiteira da região de Londrina/Pr. Selecionaram-se animais frutos de partos eutócicos e que

haviam mamado colostro espontaneamente e com vigor. Excluíram-se aqueles que

apresentavam anticorpos séricos contra o herpesvírus bovino.

Os bezerros foram mantidos em baias individuais durante todo o período do

experimento e eram alimentados duas vezes ao dia com um substituto de leite comercial

(Bovilac, Nutron), obedecendo-se um volume total de aproximadamente 10% do peso vivo

(PV). Recebiam água e feno de Coast-cross à vontade. Ração peletizada era mantida à

disposição cuidando-se para que a ingestão diária não ultrapassasse 10% PV.

Page 39: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

39

Infecção experimental e acompanhamento da evolução

Os bezerros foram inoculados com o BoHV-5 pela via intranasal com

instilação de 0,5mL do inóculo em cada narina, totalizando uma dose viral de 107,42 DICT50.

Após a inoculação, exames físicos com o emprego dos métodos semiológicos clássicos

(DIRKSEN; GRÜNDER; STÖBER, 1993) foram realizados duas vezes ao dia avaliando-se as

funções vitais, a presença e o tipo de secreção nasal e/ou ocular, bem como a presença de

sinais específicos de encefalopatia.

Colheita das amostras

Amostras de sangue total foram colhidas por venopunção da jugular externa

e acondicionadas em frascos contendo anticoagulante EDTA, para posterior realização do

hemograma, ou em frascos sem anticoagulante para a posterior obtenção do soro sangüíneo

após a retração do coágulo e centrifugação. A primeira colheita antecedeu, imediatamente, o

procedimento de infecção experimental. As demais colheitas foram realizadas

seqüencialmente, ao longo de todo o período experimental, a cada 48 horas, no caso das

amostras com anticoagulante, e a cada 72 horas no caso das amostras sem anticoagulante.

As colheitas de líquor foram realizadas por meio de punção no espaço

atlanto-occipital (MAYHEW, 1989) utilizando-se o mandril metálico de um cateter

intravenoso com calibre 18G e 5,1cm de comprimento (Safty Cateter, Boin Medica).

Permitiu-se o gotejamento espontâneo de aproximadamente 6mL e aspirou-se, por fim, 0,5mL

com auxílio de uma seringa estéril com capacidade para 1mL. A primeira colheita antecedeu,

imediatamente, o procedimento de infecção experimental. A próxima colheita foi realizada no

dia em que se iniciaram os sinais de distúrbio neurológico, e repetida a cada 48 horas até a

morte. Nos bezerros que permaneceram assintomáticos as colheitas seguintes se fizeram nos

dias 21, 23, 26 e 30 pós-infecção (p.i.).

Page 40: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

40

Após a morte natural ou a eutanásia, realizada aos 30 dias p.i. nos bezerros

assintomáticos, procedeu-se imediatamente a necropsia, onde foram registradas as alterações

macroscópicas observadas. Dez porções distintas do sistema nervoso foram colhidas

separadamente: córtex anterior (frontal), córtex posterior (occipital), córtex dorso-lateral

(parietal), córtex ventro-lateral (temporal), diencéfalo, mesencéfalo, ponte, medula oblonga,

cerebelo e gânglios dos nervos trigêmeos. Onde era possível, a colheita foi realizada

bilateralmente. As amostras foram divididas em duas porções, sendo uma fixada em formol

tamponado a 10% para a realização do exame histológico, e outra refrigerada e destinada às

técnicas de isolamento viral e da PCR.

Determinações laboratoriais

As amostras de sangue total, recém-colhidas, foram submetidas aos métodos

tradicionalmente empregados em hematologia (COLES, 1984), determinando-se as seguintes

variáveis: contagem total de hemácias, volume globular, concentração de hemoglobina e

contagem total e diferencial de leucócitos, e calculando-se os índices hematimétricos (volume

globular médio e concentração de hemoglobina globular média). O fibrinogênio plasmático

foi determinado por refratometria.

Com as amostras de líquor, recém-colhidas, avaliaram-se as características

físicas (cor, aspecto e coagulação espontânea), as contagens celulares globais e diferenciais, e

determinaram-se os valores de proteína, glicose, atividade da aspartato aminotransferase

(AST), pH e densidade (COLES, 1984).

As amostras de soro sangüíneo obtidas foram conservadas a -20ºC e

descongeladas unicamente para a realização do exame de soroneutralização, descrito por

Britsch (1978), com a finalidade de verificar a presença de anticorpos contra o herpesvírus

bovino.

Page 41: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

41

Para a tentativa de isolamento viral processaram-se, individualmente, as

amostras de líquor frescas aspiradas com a seringa e os diferentes fragmentos do sistema

nervoso obtidos. Cada alíquota de 500µL de líquor foi inoculada diretamente em células

MDBK mantidas por uma hora a 37°C para adsorção e, em seguida, adicionou-se meio de

cultivo (MEM). Os fragmentos do sistema nervoso foram macerados (20% p/v) em MEM,

homogeneizados e centrifugados. O sobrenadante foi recolhido, tratado com antibiótico e

antifúngico e uma alíquota de 500µL inoculada em células MDBK, com adsorção por uma

hora a 370C. O inóculo era então recolhido, as células lavadas com solução salina e

adicionado meio de cultivo para sua manutenção. As células foram incubadas a 370C em

sistema roller com observação diária por no máximo sete dias para a visualização de possíveis

efeitos citopáticos (ECP). As amostras foram consideradas negativas quando não eram

observados ECP após três passagens cegas. As amostras onde eram observados ECP

compatíveis com o BoHV-5 e as consideradas negativas foram submetidas posteriormente à

técnica da PCR para confirmação do resultado.

Para a realização da técnica da PCR foram utilizadas amostras de líquor, que

permaneceram conservadas a -20ºC, e uma alíquota de 500µL do sobrenadante dos macerados

de cada fragmento do SNC. As amostras de líquor foram submetidas à técnica da PCR sem a

etapa de extração do DNA. As demais amostras foram submetidas a uma associação das

técnicas do fenol/clorofórmio/álcool isoamílico (THEIL et al., 1981) e da sílica/tiocianato de

guanidina (BOOM et al., 1990) com modificações descritas por Alfieri et al. (2004) para a

extração do DNA. As amostras extraídas e as de líquor foram submetidas à técnica da PCR de

acordo com o descrito por Claus (2002), empregando-se oligonucleotídeos iniciadores

desenhados com base na seqüência do gene que codifica a glicoproteína C: B5, específico

para o BoHV-5 (5’CGG ACG AGA AGC CCT TGG 3’-NT 322-339); e Bcon, primer

consenso [5’AGT GCA CGT ACA GCG GCT CG 3’-nt 461-480 (BoHV-5)].

Page 42: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

42

Para o exame histopatológico as amostras do SNC fixadas em formol

tamponado a 10%, submetidas à desidratação em soluções crescentes de álcoois, diafanização

em xilol, inclusão em parafina, cortadas com 5 µm de espessura e coradas pelo método de

hematoxilina-eosina (HE). As alterações encontradas no SNC foram classificadas em

discretas, moderadas e acentuadas de acordo com as características de cada lesão. A presença

de manguitos perivasculares foi considerada discreta quando apresentava até duas camadas de

células inflamatórias, moderada quando apresentava até quatro camadas, e acentuada quando

tinha cinco ou mais camadas de células.

Métodos estatísticos

O comportamento das variáveis quantitativas ao longo do tempo foi avaliado

por meio da análise de variâncias de medidas repetidas (SAMPAIO, 1998). Esse método foi

aplicado distintamente considerando-se, em separado, os resultados dos bezerros sintomáticos

e dos assintomáticos, de tal forma que não se estabeleceram comparações entre os mesmos.

Quando a estatística F resultou significativa, empregou-se o teste t de Bonferroni para

comparações entre as médias. Admitiu-se uma probabilidade de erro de 5%. Apresentaram-se

medidas de tendência central e de dispersão para a descrição dos resultados.

Page 43: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

43

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os principais aspectos clínicos e da evolução dos quadros induzidos estão

apresentados na tabela 1. Quatro dos sete bezerros infectados manifestaram sinais de

encefalopatia, os quais se iniciaram nos dias 9 ou 11 p.i. e, em sua maioria, evoluíram para a

morte natural. Períodos de incubação semelhantes a esses foram também observados, sob

condições de infecção induzida experimentalmente, por Belknap et al. (1994), Meyer et al.

(2001) e Perez et al. (2002) em bezerros, e por Beltrão et al. (2000) e Caron et al. (2002) em

coelhos.

A duração do quadro clínico variou consideravelmente entre os animais

(tabela 1). O bezerro 7 apresentou quadro superagudo, levando cerca de 12 horas desde o

início dos sinais até a morte, após uma crise convulsiva grave. Os bezerros 6 e 11, por sua

vez, exibiram quadros agudos apresentando evolução de três dias com agravamento

progressivo. No caso do bezerro 1 o quadro teve curso estacionário e duração mais

prolongada, desenvolvendo desidratação como conseqüência da disfagia e da anorexia. Em

parte, a sua sobrevivência se prolongou por ter sido alimentado artificialmente (administração

de leite e de água por meio de sondagem esofagiana). Realizou-se a eutanásia devido a

complicações do seu estado geral no 10º dia de evolução. Observações anteriores em bezerros

experimentalmente infectados (BELKNAP et al., 1994; MEYER et al., 2001; PEREZ et al.,

2002) ou em casos naturais da doença (LISBÔA et al., 2003; SALVADOR et al., 1998)

apontaram igualmente a possibilidade de que se manifestem tais extremos de evolução, isto é,

quadros superagudos ou de duração mais prolongada.

Os primeiros sintomas consistiram em depressão moderada a acentuada,

anorexia, amaurose e disfagia. Os sinais que se seguiram foram hipotonia de língua, sialorréia,

bruxismo, ataxia, hipermetria, manias (atos compulsivos), mioclonias na face, convulsões,

Page 44: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

44

paresia e decúbito (tabela 1), caracterizando sinais de excitação e de deficiência

(RADOSTITS; BLOOD; GAY, 1994). Os distúrbios neurológicos manifestados, assim como

a intensidade dos mesmos, variaram entre os animais e ao longo da evolução. Sinais clínicos

semelhantes também foram verificados em outros experimentos onde se induziu a infecção

experimental em bezerros (BELKNAP et al.,1994; MEYER et al., 2001; VOGEL et al.,

2003), em cordeiros (SILVA et al., 1998) e em coelhos (MEYER et al., 1996), e também em

relatos de infecções naturais pelo BoHV-5 (COLODEL et al., 2002; GOMES et al., 2002;

RIET-CORREA et al., 1989; SALVADOR et al., 1998).

Tabela 1 Aspectos clínicos individuais da evolução da meningoencefalite herpética induzida experimentalmente em bezerros. Londrina/Paraná, 2005.

Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

Idade (dias) 58 45 22 22 23 20 45

Quadro de encefalopatia Presença de sinais + - + + - + - Início do quadro (dias p.i.) 11 - 11 9 - 9 - Duração do quadro 10d - 3d 12h - 3d - Morte eutanásia eutanásia natural natural eutanásia natural eutanásia

Depressão + - + + - + - Manias (atos compulsivos) + - + - - + - Amaurose + - + + - + - Disfagia + - + + - + - Hipotonia da língua - - + - - + - Bruxismo + - - - - + - Ataxia + - + - - + - Hipermetria + - - - - - - Sialorréia + - + - - - - Mioclonias na face + - + + - - - Convulsão tônica - - + - - - - Convulsão clônica - - - + - - - Paresia e decúbito + - + - - + -

Outras manifestações Anorexia (dias p.i.) 11 a 20 - 11 a 14 9 - 7 a 11 - Secreção nasal serosa (dias p.i.)

7; 11 a 20

7; 9 e 14

3 a 13 - 10 a 12 5 a 11 4; 13 e 16

Secreção ocular (dias p.i.) - - - - - 5 a 11 16 e 17 Tosse esporádica (dias p.i.) - - 6 e 7 4 a 8 10 a 27 - 9 a 13 Desidratação + - - - - - -

(p.i.) pós-infecção; (+) presente; (-) ausente.

Page 45: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

45

Exceto o bezerro 7, todos os demais apresentaram secreção nasal serosa em

algum momento da evolução (tabela 1), o que demonstra coerência com as citações de

Belknap et al. (1994), Perez et al. (2002) e Vogel et al. (2003). Em alguns animais a secreção

se manteve por vários dias consecutivos, enquanto que em outros foi intermitente. O volume

eliminado era, de forma geral, pequeno. Muito embora alguns bezerros tenham exibido tosse

seca e esporádica, essa não coincidiu, na maioria das vezes, com a eliminação de secreção

nasal. De fato, nenhum bezerro estudado chegou a desenvolver qualquer tipo de

comprometimento das vias aéreas posteriores. Quanto à secreção ocular, somente os bezerros

11 e 12 apresentaram-na em pequeno volume, contrariando as evidências de Perez et al.

(2002).

A infecção experimental com o BoHV-5 não foi capaz de induzir quadro de

encefalopatia em todos os bezerros estudados. Ao longo do período de observação de 30 dias

p.i., três animais não exibiram qualquer manifestação de distúrbio neurológico e foram

considerados assintomáticos. Esse resultado não é surpreendente e reforça as evidências

citadas por outros pesquisadores de que a infecção com esse vírus pode se manter na forma

latente e inaparente (ASHBAUGH et al., 1997; BELKNAP et al., 1994; BELTRÃO et al.,

2000; CARON et al., 2002; MEYER et al., 2001). Dentre os estudos que infectaram

experimentalmente um número maior de bezerros, Meyer et al. (2001) verificaram menor

ocorrência da condição de animais assintomáticos (1/8 bezerros). Vogel et al. (2003), por

outro lado, não conseguiram provocar, de início, doença aparente em nenhum dos 12 bezerros

estudados; e poucos (3/8 casos) desenvolveram sinais de encefalopatia após a reativação da

infecção latente induzida pela administração de dexametasona. A permanência “silenciosa”

dos herpesvírus no organismo do hospedeiro é uma condição bem conhecida (ROCK, 1993).

A diversidade dos resultados experimentais reflete, possivelmente, as diferenças dos

potenciais de patogenicidade entre as estirpes de BoHV-5 utilizadas nos estudos.

Page 46: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

46

As funções vitais não sofreram variações significativas ao longo da evolução

tanto nos bezerros que desenvolveram encefalopatia quanto nos assintomáticos (tabela 2).

Apenas a temperatura corporal apresentou uma tendência a assumir valores mais elevados nos

dias 8 a 12 p.i. (gráfico 1), o que reforça os achados de Perez et al. (2002). Vogel et al. (2003)

também não observaram elevação significativa da temperatura. Apenas Meyer et al. (2001)

relataram um discreto aumento da temperatura nos dias 4 a 10 p.i., o que não caracterizou,

contudo, hipertermia, pois os valores médios não ultrapassaram 39,5ºC. Nesse mesmo

trabalho, os bezerros infectados com o BoHV-1 exibiram, ao contrário, hipertermia marcante

nos primeiros dias p.i.. A análise conjunta dos resultados científicos sugere que a infecção

com o BoHV-5 não é definitivamente acompanhada por síndrome febre.

Page 47: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

47

Tabela 2 Valores das funções vitais (x ± s) aferidas diariamente à tarde em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5.

Dias PI

Temperatura

Retal a

(°C)

Freqüência Cardíaca b

(bpm)

Freqüência

Respiratória b

(mpm)

sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos

0 39,9 ± 0,7 39,5 ± 0,4 75,5 ± 11,7 86,0 ± 7,2 31,0 ± 3,8 32,7 ± 6,4 1 39,6 ± 0,6 39,2 ± 0,5 79,0 ± 15,2 77,3 ± 20,5 25,0 ± 4,8 26,7 ± 5,0 2 39,8 ± 0,7 39,2 ± 0,8 79,5 ± 15,2 87,3 ± 7,6 30,0 ± 6,3 28,7 ± 5,0 3 39,9 ± 0,5 39,0 ± 0,6 78,5 ± 13,7 70,7 ± 12,2 31,5 ± 7,2 25,3 ± 6,1 4 40,0 ± 0,6 39,1 ± 0,7 88,0 ± 8,4 90,0 ± 12,5 30,5 ± 5,7 30,0 ± 2,0 5 39,8 ± 0,3 39,4 ± 0,4 86,0 ± 16,3 80,0 ± 12,0 30,0 ± 7,1 30,0 ± 6,0 6 39,9 ± 0,3 39,5 ± 0,3 81,5 ± 13,3 84,7 ± 16,3 32,5 ± 8,5 33,0 ± 8,2 7 39,9 ± 0,7 39,6 ± 0,4 84,0 ± 13,4 87,3 ± 15,3 29,0 ± 12,3 34,7 ± 2,3 8 40,1 ± 0,8 39,7 ± 0,4 80,0 ± 14,1 92,0 ± 24,3 32,0 ± 14,3 36,0 ± 5,3 9 39,5 ± 0,3 40,1 ± 0,7 81,3 ± 22,0 76,0 ± 6,0 33,3 ± 4,2 32,0 ± 4,0 10 39,6 ± 0,2 40,2 ± 0,9 82,0 ± 16,4 83,3 ± 12,1 31,3 ± 12,2 39,3 ± 11,7 11 40,4 ± 0,6 39,9 ± 0,9 80,0 ± 17,1 86,0 ± 2,0 33,0 ± 16,3 47,3 ± 18,1 12 40,4 ± 0,5 39,7 ± 1,3 99,0 ± 24,0 76,7 ± 13,3 24,0 ± 5,7 37,3 ± 2,3 13 39,8 ± 0,0 39,6 ± 0,9 104,0 ± 48,1 82,0 ± 12,2 24,5 ± 3,5 41,0 ± 12,5 14 39,5* 39,3 ± 0,9 96* 75,3 ± 3,1 20* 31,3 ± 5,0 15 39,2* 39,2 ± 0,8 140* 73,3 ± 14,5 16* 34,3 ± 9,6 16 39,3* 39,5 ± 0,9 128* 78,3 ± 11,9 18* 36,0 ± 8,0 17 39,5* 39,3 ± 0,3 104* 85,3 ± 4,2 18* 32,0 ± 6,9 18 38,9* 39,6 ± 0,4 82* 81,3 ± 13,3 16* 34,7 ± 22,0 19 38,5* 38,9 ± 0,8 122* 82,7 ± 6,1 17* 29,3 ± 5,0 20 39,4 ± 0,5 98,0 ± 7,2 43,3 ± 15,3 21 39,4 ± 0,5 89,3 ± 2,3 41,0 ± 20,1 22 39,2 ± 0,2 77,3 ± 6,1 40,0 ± 14,0 23 39,3 ± 0,8 79,3 ± 14,2 29,3 ± 8,3 24 39,2 ± 1,2 84,7 ± 4,6 33,3 ± 14,7 25 39,4 ± 0,9 87,3 ± 11,4 31,7 ± 5,7 26 39,3 ± 0,6 89,3 ± 9,2 38,7 ± 9,0 27 39,1 ± 0,4 86,7 ± 12,1 32,0 ± 4,0 28 39,2 ± 0,2 82,3 ± 9,1 35,7 ± 8,1 29 38,9 ± 0,3 85,3 ± 4,6 34,0 ± 5,3 30 38,9 ± 0,3 90,0 ± 0,0 34,0 ± 5,7

* valores obtidos em apenas um bezerro a 0,05<p<0,10 b p>0,05

Page 48: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

48

Gráfico 1 Variação da temperatura retal aferida diariamente à tarde em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro sintomático.

Com relação à avaliação hematológica, como seria de se esperar nenhuma

variação significativa foi observada para as variáveis do eritrograma (tabela 3). Mesmo nos

bezerros que manifestaram distúrbio neurológico, a disfagia, presente em maior ou menor

intensidade em todos os casos, não chegou a ser acompanhada por desidratação devido à

rapidez da evolução até a morte em três dos quatro animais. Os resultados do leucograma, por

outro lado, caracterizam, nos bezerros com encefalopatia, uma tendência à elevação dos

leucócitos acompanhada por elevação significativa dos neutrófilos segmentados circulantes

(tabela 4 e gráficos 2 e 3). Tais alterações se estabeleceram a partir do 10º dia p.i. coincidindo

com o início da manifestação dos sintomas e não chegam a caracterizar uma condição de

leucocitose. Os neutrófilos atingiram valores médios próximos aos dos linfócitos circulantes,

o que pode ser interpretado como provável conseqüência de um adrenocorticismo provocado

pelo estresse da doença (COLES, 1984; JAIN, 1986). Nos bezerros assintomáticos não se

observaram tais variações no leucograma.

Quanto à concentração do fibrinogênio plasmático, todos os bezerros que

manifestaram sinais de encefalopatia exibiram hiperfibrinogenemia, muito embora não se

38,0

38,5

39,0

39,5

40,0

40,5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias p.i.

ºC

sintomáticos assintomáticos

*

*

*

*

*

Page 49: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

49

tenha comprovado diferença estatística significativa (tabela 4). Os valores médios exibidos na

tabela 4 e no gráfico 4 não refletem o comportamento de elevação dessa proteína.

Considerando-se os valores individuais, no entanto, fica evidente que, durante a evolução da

doença, concentrações tão elevadas quanto 900 a 1200mg/dL foram alcançadas. O

fibrinogênio plasmático é considerado uma proteína de fase aguda que se eleva precocemente

durante a evolução de processos inflamatórios em bovinos, podendo anteceder até mesmo as

alterações leucocitárias (JAIN, 1986). É coerente, portanto, que o mesmo comportamento

dessa variável não tenha sido observado nos bezerros assintomáticos.

Page 50: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

50

Tabela 3 Valores do eritrograma (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5.

Dia

p.i.

Hemácias a

(x106/mm3)

Hemoglobina a

(mg/dL)

Volume Globular a

(%)

VGM a

(fL)

CHGM a

(%)

sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos

0 7,43±1,45 5,66±1,11 11,6±2,26 8,9±1,94 35,7±6,39 26,3±4,51 48,2±1,18 46,8±3,69 32,5±1,19 33,9±1,67 2 7,23±1,44 5,88±1,18 11,8±2,03 9,7±1,98 34,7±6,39 27,6±5,03 48,2±1,18 47,3±2,88 34,0±1,81 35,3±4,09 4 7,18±1,57 5,66±1,32 11,8±1,62 9,0±2,12 34,5±7,00 27,3±5,86 48,2±1,19 48,4±1,44 34,6±2,78 32,9±3,07 6 7,07±1,65 5,32±1,75 11,2±2,13 8,7±2,76 34,0±7,39 25,6±8,08 48,2±1,23 48,4±1,35 33,3±4,18 33,8±2,38 8 6,94±1,20 5,08±1,67 10,8±1,83 8,2±2,90 33,2±5,37 24,6±8,02 48,0±1,45 48,6±1,22 32,7±5,06 32,8±2,04

10 7,17±1,59 5,16±1,53 11,5±2,20 8,8±2,61 34,6±7,02 25,0±7,21 48,5±1,29 48,5±1,42 33,3±3,86 35,4±1,86 12 6,56±1,37 5,30±1,42 10,3±0,14 8,5±2,00 32,0±5,65 25,6±6,66 48,9±1,61 48,5±1,28 32,6±5,33 33,1±1,67 14 5,59* 5,44±1,27 12,0* 8,8±1,62 28* 26,3±5,86 50,1* 48,5±1,32 42,8* 33,9±3,84 16 6,99* 5,58±1,33 13,0* 8,9±1,71 35* 27,0±6,08 50,1* 48,5±1,29 37,1* 33,2±4,05 18 6,99* 5,72±1,09 12,4* 9,2±0,91 35* 27,6±4,72 50,1* 48,5±1,30 35,4* 33,7±3,71 20 7,56* 6,02±1,19 12,7* 9,2±1,16 36* 28,6±5,68 47,6* 47,6±0,04 35,3* 32,7±4,47 22 6,01±1,05 9,3±1,45 28,6±5,03 47,7±0,13 32,8±3,04 24 5,87±0,42 9,7±0,15 28,0±2,00 47,7±0,05 34,8±1,97 26 5,97±0,62 9,6±0,26 28,3±2,89 47,5±0,22 34,1±3,11 28 6,85±1,54 9,2±1,30 29,0±1,73 43,4±7,36 31,8±2,73 30 6,61±1,63 9,0±0,23 28,3±2,31 43,9±6,41 32,0±2,97

* valores obtidos em apenas um bezerro a p>0,05

Page 51: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

51

Tabela 4 Valores do leucograma e do fibrinogênio plasmático (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5.

Dia

p.i.

Leucócitos b

(x103/mm3)

Linfócitos a

(x103/mm3)

Segmentados c

(x103/mm3)

Monócitos a

(x103/mm3)

Fibrinogênio a

(mg/dL)

sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos

0 9,70±0,56 8,91±1,93 6,14±1,73 7,16±1,56 3,37±1,17 1,61±0,46 0,12±0,11 0,12±0,10 525±250 333±115 2 6,98±1,01 7,90±3,39 4,82±1,63 6,67±2,91 2,03±1,47 1,07±0,41 0,02±0,04 0,07±0,06 650±191 333±115 4 8,60±2,06 8,43±1,72 5,93±1,91 5,83±1,48 2,37±0,74 2,48±0,20 0,14±0,20 0,08±0,09 450±191 433±153 6 8,43±1,97 9,60±0,43 6,21±1,88 7,99±0,47 2,07±1,36 1,36±0,78 0,10±0,19 0,09±0,16 550±100 433±153 8 9,35±3,32 7,82±2,89 6,17±1,34 6,36±1,92 2,77±2,27 1,33±0,99 0,30±,056 0,10±0,09 450±191 600±200

10 12,9±7,99 6,08±0,84 5,61±1,02 4,18±0,56 5,96±5,48 1,83±0,82 0,80±1,22 0,02±0,04 675±359 600±200 12 12,2±3,89 7,20±1,17 6,33±2,40 5,42±1,33 5,27±5,44 1,66±0,55 0,59±0,84 0,06±0,11 600±283 600±200 14 12,40* 6,08±1,20 8,93* 4,67±0,95 3,47* 1,24±0,49 0* 0,14±0,14 600* 466±115 16 9,80* 6,41±1,33 6,37* 5,22±1,29 3,43* 1,12±0,37 0* 0,02±0,04 1000* 733±115 18 12,65* 7,25±1,06 7,34* 5,61±1,33 5,31* 1,46±0,38 0* 0,11±0,10 1000* 633±153 20 25,20* 7,75±4,44 6,30* 5,33±0,93 17,89* 2,23±0,76 0,75* 0,10±0,09 1200* 666±305 22 6,91±0,63 4,40±0,75 2,22±1,20 0,24±0,16 433±252 24 8,71±0,99 5,53±1,25 3,10±2,29 0,05±0,09 500±100 26 9,33±1,80 4,94±0,36 3,74±1,64 0,41±0,41 433±208 28 6,63±0,45 4,71±1,22 1,85±0,93 0,02±0,04 466±115 30 6,71±1,68 5,09±1,40 2,30±1,13 0,12±0,05 500±360

* valores obtidos em apenas um bezerro a p>0,05 b 0,05<p<0,10 (somente para os bezerros sintomáticos) c p<0,05 (somente para os bezerros sintomáticos)

Page 52: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

52

Gráfico 2 Variação do número total de leucócitos presentes no sangue de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro.

Gráfico 3 Variação do número de segmentados presentes no sangue de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias p.i.

/mm3

sintomáticos assintomáticos

*

*

*

*

0

5000

10000

15000

20000

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias p.i.

/mm3

sintomáticos assintomáticos

*

*

*

*

Page 53: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

53

Gráfico 4 Variação da concentração do fibrinogênio plasmático em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro.

Distintamente das alterações discretas e inespecíficas observadas no leucograma,

as alterações liquóricas foram consistentes e marcantes, particularmente no que se refere à sua

celularidade (tabela 5), comprovando, ainda em vida, a instalação do processo inflamatório

encefálico. Nos bezerros com sinais de encefalopatia o quadro foi acompanhado, desde o início

de sua evolução, por uma acentuada pleiocitose com predomínio de células mononucleares

(gráfico 5) o que é esperado e característico em processos de encefalites virais (MAYHEW,

1989). Com exceção de um caso (bezerro 9), os bezerros que permaneceram assintomáticos

exibiram as mesmas alterações celulares observadas naqueles com encefalopatia, indicando que

mesmo sem manifestarem distúrbios neurológicos esses animais também desenvolveram

encefalite. É interessante observar que houve uma redução do número de células até o término do

período de acompanhamento experimental.

A hiperproteinorraquia, que pode naturalmente acompanhar a pleiocitose, não

foi evidenciada nos bezerros estudados, com exceção do bezerro 1 ao final da evolução de seu

quadro (tabela 5). Deve-se destacar esse bezerro como distinto em função do curso prolongado de

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

dias p.i.

mg/dL

sintomáticos assintomáticos

*

*

*

*

Page 54: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

54

sua doença. Quanto à atividade da AST no líquor verificou-se apenas uma tendência à sua

elevação e unicamente nos bezerros sintomáticos. Assim como a concentração de proteína,

destacaram-se valores particularmente altos no bezerro 1 ao final da evolução. A interpretação

conjunta dos resultados permite afirmar que dentre as variáveis liquóricas as alterações no padrão

celular possuem maior importância na caracterização da encefalite que se estabelece na doença

estudada, pois se apresenta desde o início do quadro e independe do tempo de duração do mesmo.

O líquor se apresentou incolor e límpido na maioria das colheitas realizadas,

estando, em alguns casos, levemente xantocrômico e turvo. Os valores de pH e densidade

encontravam-se dentro dos parâmetros normais, variando de 7 a 8 e de 1005 a 1010,

respectivamente (MAYHEW, 1996; SCOTT, 2004).

Page 55: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

55

Tabela 5 Valores liquóricos (x ± s) observados ao longo do tempo em bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5.

Dia

p.i.

Células

nucleadas c

(/mm3)

Leucócitos

mononucleares c

(/mm3)

Neutrófilos a

(/mm3)

Proteínas a

(mg/dL)

AST b

(UI/L)

Glicose a

(mg/dL)

sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos sintomáticos assintomáticos

0 5,7±2,3 9,3±7,0 4,0±3,4 7,7±7,5 0,70±0,5

1,0±1,0 17,5±13,4 14,2±4,6 12,7±10,0 13,9±9,2 35,4±15,6 52,3±2,4 9 81* 79* 2* 12,1* 15,6* 45,5*

11 242±199,3 234±194,4

8,3±5,5 34,5±12,4 20,8±14,2 38,2±29,9 13 200±13,4 193±9,2 7,0±4,2 32,2±32,5 76,6±88,6 42,8±2,5 15 187* 181* 6* 60,4* 132,2* 69,7* 19 178* 167* 11* 108,7* 172,3* 80,0* 21 46,0±40,6 44,0±40,6 1,3±1,1 36,3±24,5 26,6±23,6 55,8±14,6 23 168±72,8 159±60,8 9,5±12,0 49,6±6,8 22,6±17,2 76,9±4,4 26 67,0±59,4 66,0±59,4 1,0±0,0 32,6±27,7 30,4±23,3 43,8±0,8 30 20,3±14,2 18,3±15,9 0,7±0,5 22,4±6,7 23,7±14,8 41,9±0,7

* valores obtidos em apenas um bezerro a p>0,05 b 0,05<p<0,10 (somente para os bezerros sintomáticos) c p<0,05

Page 56: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

56

Gráfico 5 Variação dos leucócitos mononucleares presentes no líquor de bezerros que desenvolveram sinais de encefalopatia (n=4) ou permaneceram assintomáticos (n=3) após a infecção experimental com o BoHV-5. (*) valores obtidos em apenas um bezerro.

A soroconversão foi observada em todos os bezerros estudados, entretanto

houve variação individual considerável na magnitude do título alcançado assim como no

tempo necessário para atingi-lo. Os títulos mais elevados, da ordem de 32 e 64, foram

alcançados pelos bezerros assintomáticos aos 21 dias p.i., e isso é coerente com os resultados

de Vogel et al. (2003). Perez et al. (2002), pelo contrário, detectaram títulos de anticorpos

séricos neutralizantes muito mais elevados em bezerros com infecção latente e mais

precocemente, já aos 14 dias p.i.. Porém, distintamente da condição do presente experimento,

esses autores induziram a infecção em bezerros muito mais velhos (12 meses de idade), o que

talvez possa explicar a diferença.

Na tabela 6 são apresentados os resultados da presença do DNA viral obtidos

por meio da técnica da PCR e também os resultados das tentativas de isolamento viral das

diferentes porções do sistema nervoso e do líquor. Condizendo com evidências anteriores

(LISBÔA et al., 2003), a presença do DNA viral se confirmou no líquor de dois bezerros que

desenvolveram o quadro de disfunções encefálicas, em ambos os casos em amostras colhidas

em momento final da evolução da doença. Esse resultado reforça a hipótese de que amostras

0

50

100

150

200

250

0 9 11 13 15 19 21 23 26 30

dias p.i.

/mm3

sintomáticos assintomáticos

*

*

*

Page 57: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

57

de líquor poderiam ser utilizadas para a confirmação, ainda em vida, do diagnóstico etiológico

dessa enfermidade.

O DNA viral foi confirmado, com maior ou menor distribuição, no sistema

nervoso de todos os animais estudados. Mesmo nos três bezerros assintomáticos o DNA se

distribuiu por 3 a 5 localizações diferentes do sistema nervoso (tabela 6). No caso dos

bezerros que manifestaram distúrbios neurológicos o DNA viral foi detectado em maior

número de localizações do sistema nervoso, ou seja com distribuição mais ampla. O cerebelo

e a medula oblonga foram os locais onde menos freqüentemente se confirmou a presença do

vírus. O telencéfalo, o diencéfalo e a ponte foram localizações freqüentes para o vírus em

todos os bezerros estudados. Esses resultados são, de forma geral, compatíveis com os de

Belknap et al. (1994) e de Meyer et al. (2001) reafirmando não haver uma localização

predileta nos casos de encefalopatia evidente. Somam-se às evidências de Vogel et al. (2003)

reforçando o conceito de que o BoHV-5 se distribui pelo encéfalo do hospedeiro mesmo na

condição de infecção latente. A presença do DNA viral nos gânglios dos nervos trigêmeos de

cinco bezerros é coerente com a afirmação de que este é um sítio comum de localização desse

vírus (ASHBAUGH et al., 1997).

As tentativas para isolar o vírus foram bem sucedidas unicamente em dois

bezerros que manifestaram encefalopatia (tabela 6), e coerentemente em porções nas quais o

DNA viral estava presente. No caso dos outros dois bezerros sintomáticos a presença do

BoHV-5 como causador dos efeitos citopáticos não foi confirmada posteriormente. O

isolamento não foi possível em nenhuma das amostras dos bezerros assintomáticos. As

dificuldades para isolamento do BoHV-5 são bem documentadas tanto em situação

experimental (CARON et al., 2002; PEREZ et al., 2002; VOGEL et al., 2003), quanto em

casos de ocorrência natural da doença (CLAUS, 2002; COLODEL et al., 2002; SALVADOR

et al. 1998). Quanto aos bezerros assintomáticos, Vogel et al. (2003) obtiveram resultados

Page 58: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

58

similares, devendo-se atribuir a impossibilidade de isolamento ao fato de o vírus se encontrar

na sua forma latente e não apresentar, portanto, o seu potencial de infectividade.

O bezerro 6 foi o único que apresentou alterações macroscópicas encefálicas

(congestão e área de malácia no córtex anterior). Nos demais animais não se detectou lesão

alguma no sistema nervoso ou em outros sistemas orgânicos. Outros autores também

verificaram congestão e áreas de malácia em animais experimentalmente infectados

(ASHBAUGH et al., 1997; PEREZ et al., 2002) e em casos naturais da doença (COLODEL et

al., 2002; ELIAS; SCHILD; RIET-CORREA, 2004). A ausência de lesões significativas à

necropsia foi relatada por outros pesquisadores (MEYER et al., 2001; SALVADOR et al.,

1998).

Microscopicamente, todos os bezerros apresentaram algum tipo de alteração

no sistema nervoso, porém com localizações e intensidade diferentes. Em geral, as alterações

encontradas estavam distribuídas por todo o encéfalo dos bezerros, e também no gânglio do

nervo trigêmeo. Os bezerros 1, 6, 7 e 12 apresentaram acentuadas alterações em várias

porções do sistema nervoso, enquanto os bezerros 3, 9 e 11 apresentaram alterações mais

discretas (tabela 7). O bezerro 11, apesar de manifestar sinais de encefalopatia, exibiu

alterações histológicas discretas. O bezerro 12, apesar de assintomático, apresentou alterações

moderadas em várias porções do sistema nervoso. As alterações observadas confirmaram o

processo estabelecido de meningoencefalite caracterizando-se por: manguitos perivasculares

com infiltrado de células mononucleares, necrose laminar cortical, malácia, gliose e meningite

(figura 1), compatíveis com outras citações (COLODEL et al., 2002; ELIAS; SCHILD; RIET-

CORREA, 2004; RIET-CORREA et al., 1989; SILVA et al., 1998). Corpúsculos de inclusão

intranucleares eosinofílicos, localizados principalmente em astrócitos, são freqüentemente

evidenciados em casos naturais da doença (COLODEL et al., 2002; ELIAS; SCHILD; RIET-

CORREA, 2004; RIET-CORREA et al., 1989), porém não foram observados nos bezerros

Page 59: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

59

estudados, o que condiz com outras investigações experimentais (BELKNAP et al., 1994;

PEREZ et al., 2002).

As evidências histopatológicas confirmam que mesmo os bezerros que se

mantiveram assintomáticos desenvolveram processo de inflamação no sistema nervoso, o que

explica a pleiocitose observada previamente no líquor desses animais. É possível que a

magnitude da meningoencefalite instalada, somada à localização e distribuição das lesões,

tenha sido insuficiente para determinar a manifestação da doença. Pode-se admitir que o

BoHV-5 tenha determinado infecção, distribuindo-se por localizações diversas no encéfalo, e

provocado, contudo, um processo inflamatório menos grave e não progressivo que cursou

assintomático. A forma latente da infecção deve ter se estabelecido em seguida a essa fase

inicial. Essas hipóteses encontram sustentação nos resultados publicados por Vogel et al.

(2003), os quais afirmaram que a forma de apresentação da doença deve-se às propriedades de

neuroinvasividade e de neurovirulência particulares da estirpe de BoHV-5 envolvida. Estirpes

virais, como a utilizada por esses autores, podem ser altamente neuroinvasivas e pouco

neurovirulentas e provocar, por conseqüência, um número elevado de infecções que cursarão

de forma inaparente. Se esse é um conceito correto, parece lógico suspeitar-se que os índices

de morbidade dessa doença possam ser, na realidade, mais altos do que aparentam. Os índices

de letalidade, por outro lado, podem não ser realmente tão elevados. Essas são hipóteses que

merecem uma investigação mais detalhada.

Em suma, pode-se depreender dos resultados obtidos que a infecção com o

BoHV-5 causa encefalite em bezerros, não obrigatoriamente acompanhada pela manifestação

de distúrbios neurológicos. Os sinais de encefalopatia e o tempo de evolução do quadro são

variáveis e não possuem um padrão característico. A elevação de células mononucleares no

líquor é a alteração mais importante de auxílio ao diagnóstico ainda em vida. As alterações do

leucograma são discretas e inespecíficas. Não são esperadas lesões macroscópicas e as

Page 60: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

60

alterações histológicas com infiltrado de células mononucleares e áreas de malácia são

características, variam em gravidade e não se distribuem uniformemente pelo encéfalo. O

vírus pode se encontrar, com maior ou menor distribuição, em locais diversos do encéfalo, no

gânglio do nervo trigêmeo e, eventualmente, no líquor.

Figura 1 Cortes histológicos de sistema nervoso central de bezerros acometidos por meningoencefalite causada pelo BoHV-5, corados por HE. A. Área de malácia no córtex frontal (10x). B. Acentuado infiltrado inflamatório perivascular de células mononucleares (seta) (20x). C. Gliose focal (seta) (20x). D. Acentuado infiltrado inflamatório mononuclear em leptomeninges (seta) (20x).

A

B

C

D

Page 61: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

61

Tabela 6 Resultados da presença de DNA viral detectado pela PCR e do isolamento viral em porções do sistema nervoso e em amostras de líquor dos bezerros sintomáticos e assintomáticos inoculados com BoHV-5.

___Bez 1__

__Bez 3__

__Bez 6__

__Bez 7__

__Bez 9__

__Bez 11_

__Bez 12_

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

PORÇÃO DO SNC DNA Viral

CC DNA Viral

CC DNA Viral

CC DNA Viral

CC DNA Viral

CC DNA Viral

CC DNA Viral

CC

Nº de bezerros com DNA viral

positivo/nº de bezerros

Córtex anterior + ECP* - - + - + ECP - - + - + - 5/7

Córtex posterior + ECP* + - + - + - - - + ECP

- - 5/7

Córtex dorso-lateral + ECP* + - + - + ECP* + - + - + - 7/7

Córtex ventro-lateral + ECP* - - + ECP

+ ECP* - - + - + - 5/7

Diencéfalo + - - - + ECP

+ ECP + - - - + - 5/7

Mesencéfalo + ECP* - - - - + - - - + - + - 4/7

Ponte + - + - + - + - + - + - - - 6/7

Medula oblonga + - - - - - - - - - + - - - 2/7

Cerebelo - - + - - - + - - - + - - - 3/7

Gânglio do trigêmeo + - + - + - + - - - + - - - 5/7

LÍQUOR + - - - - - + - - - - - - - 2/7

DNA viral – testado através da técnica de PCR CC – cultivo celular ECP – efeito citopático (+) positivo (-) negativo * presença de DNA viral confirmado no CC através de PCR

Page 62: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

62

Tabela 7 Alterações histológicas das porções do sistema nervoso dos bezerros que desenvolveram quadro de encefalopatia (n=4) e dos que permaneceram assintomáticos (n=3) após inoculação experimental com BoHV-5.

Porção do SNC Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

Sintomático Assintomático Sintomático Sintomático Assintomático Sintomático Assintomático

Córtex anterior MPV (++)

Meningite (++) Malácia (+++)

NLC (+) Meningite (+)

Gliose (+)

MPV (+++) NLC (++)

Meningite (+++) Gliose (++) Malácia (+)

MPV (+++) NLC (++)

Meningite (+++)

MPV (+) NLC (+)

Meningite (+) Gliose (+)

MPV (+)

MPV (++) NLC (++)

Meningite (++) Gliose (++)

Córtex posterior

MPV (++) NLC (+)

Meningite (++) Gliose (+)

NLC (+) Meningite (+)

MPV (++) NLC (+)

Meningite (+) Meningite (+) NLC (++) Hemorragia (+)

MPV (++) NLC (+)

Gliose (++)

Córtex dorso-lateral

MPV (+++) NLC (++)

Meningite (+++) Gliose (++)

NLC (+) MPV (++)

Meningite (+) Gliose (+)

MPV (++) Meningite (+)

Gliose (+) NLC (+) Hemorragia (+) Meningite (++)

Córtex ventro-lateral

MPV (+++) NLC (++)

Meningite (+++) Malácia(+)

(-) MPV (+)

Meningite (+) Gliose (+)

MPV (++) NLC (+)

Meningite (++) Meningite (+) Hemorragia (+)

MPV (++) NLC (+)

Meningite (+) Gliose (+)

Diencéfalo MPV (+++)

Meningite (+++) Gliose (++)

MPV (+) MPV (+++) Malácia (+)

MPV (+++) Gliose (+)

Necrose (+) Hemorragia (+) MPV (+++)

Meningite (++) Gliose (++)

Mesencéfalo

MPV (+++) Necrose (++)

Meningite (+++) Gliose (++)

Meningite (+) MPV (+) Gliose (+)

MPV (+++) Necrose (+) Gliose (+)

(-) Meningite (+)

Hemorragia (+) MPV (++) Gliose (+)

Ponte MPV (+++)

Meningite (+++) Gliose (++)

MPV (+) MPV (+) Gliose (++) MPV (++)

Hemorragia (+) (-)

MPV (+) Gliose (++)

Medula Oblonga MPV (+++) Gliose (+)

(-) MPV (++) Gliose (+)

MPV (+) Meningite (++)

Gliose (+) (-) Hemorragia (+) MPV (+)

Cerebelo MPV (+++)

Meningite(+) Gliose (+)

MPV (+) Meningite (+)

Gliose (+)

MPV (+) Gliose (++)

Meningite (++) Hemorragia (+)

MPV (++) (-) (-)

Gânglio do trigêmeo MPV (+) Necrose (+)

MPV (+) MPV (+) (-) (-) Necrose (+) Necrose (+)

MPV – Manguitos perivasculares NLC – Necrose laminar-cortical (-) Ausência de alterações (+) Alteração discreta (++) Alteração moderada (+++) Alteração acentuada

Page 63: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

63

REFERÊNCIAS

ALFIERI, A.F.; ALFIERI, A.A.; BARREIROS, M.A.B.; LEITE, J.P.G.; RICHTZENHAIN, L.J. G and P genotypes of group A rotavirus strains circulating in calves in Brazil, 1996-1999. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.99, n.3-4, p.167-173, Apr. 2004.

ASHBAUGH, S.E.; THOMPSON, K.E.; BELKNAP, E.B.; SCHULTHEISS, P.C.; CHOWDHURY, S.; COLLINS, J.K. Specific detection of shedding and latency of bovine herpesvirus 1 and 5 using a nested polymerase chain reaction. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, Lawrence, v.9, n.4, p.387-394, 1997.

BAGUST, T.J.; CLARK, L. Pathogenesis of meningo-encephalitis produced in calves by infectious bovine rhinotracheitis herpesvirus. Journal of Comparative Pathology, Edinburgh, v.82, p.375-383, 1972.

BARENFUS, M.; QUADRI, C.A.D.; MCINTYRE, R.W.; SCHROEDER, R.J. Isolation of Infectious Bovine Rhinotracheitis Virus from Calves with Meningoencephalitis. Journal of American Veterinary Medical Association, Chicago, v.143, n.7, p.725-728, Oct. 1963.

BELKNAP, E.B.; COLLINS, J.K.; AYERS, V.K., SCHULTHEISS, P.C. Experimental infection of neonatal calves with neurovirulent bovine herpesvirus type 1.3. Veterinary Pathology, Lawrence, v.31, p.358-365, 1994.

BELTRÃO, N.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; SILVA, A.M.; ROEHE, P.M.; IRIGOYEN, L.F. Infecção e enfermidade neurológica pelo herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5): coelhos como modelo experimental. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.20, n.4, p.144-150, out./dez. 2000.

BOOM, R.; SOL, C.J.A.; SALIMANS, M.M.M.; JANSEN, C.L.; WERTHEIM-van DILLEN, P.M.E.; NOORDAA, J. van der. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. Journal of Clinical Microbiology, Washington, v.28, n.3, p.495-503, Mar. 1990.

BRITSCH, V. The modification of the infectious bovine rhinotracheitis virus serum neutralization test. Acta Veterinaria Scandinavica, Kobenhavn, v.19, p. 497-505, 1978.

CARON, L.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R. SCHERER, C.F.C.; IRIGOYEN, L.F.; ROEHE, P.M.; ODEON, A.; SUR, J.-H. Latent infection by bovine herpesvírus type-5 in experimentally infected rabbits: virus reactivation, shedding and recrudescence of neurological disease. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.84, n.4, p.285-295, Feb. 2002.

CARRILO, B.J.; AMBROGI, A.; SCHUDEL, A.A.; VASQUEZ, M.; DAHME, E.; POSPICHIL, A. Meningoencephalitis caused by IBR virus in calves in Argentina. Zentralblatt Für Veterinärmedizin Reihe B, Berlin, v.30, p.327-332, 1983.

Page 64: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

64

CLAUS, M.P. Detecção do herpesvírus bovino tipos 1 e 5 por amplificação parcial do gene da glicoproteína C e estudo retrospectivo da meningoencefalite herpética bovina. 2002. Dissertação (Mestrado em Sanidade Animal) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

COLES, E.H. Patologia Clínica Veterinária. 3.ed. São Paulo: Manole, 1984. 566p.

COLODEL, E.M.; NAKAZATO, L.; WEIBLEN, R.; MELLO, R.M.; SILVA, R.R.P.; SOUZA, M.A.; FILHO, J.A.O.; CARON, L. Meningoencefalite necrosante em bovinos causada por herpesvírus bovino no estado de Mato Grosso, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.2, p.293-298, 2002.

D’ARCE, R.C.F.; ALMEIDA, R.S.; SILVA, T.C.; FRANCO, A.C.; SPILKI, F.; ROEHE, P.M.; ARNS, C.W. Restriction endonuclease and monoclonal antibody analysis of Brazilian isolates of bovine herpesviruses types 1 and 5. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.88, n.4, p.315-324, Sep. 2002.

DIRKSEN, G.; GRÜNDER, H.D.; STÖBER, M. Rosenberger: Exame clínico dos bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 419p.

ELIAS, F.; SCHILD, A.L.; RIET-CORREA, F. Meningoencefalite e encefalomalacia por Herpesvírus bovino-5: distribuição das lesões no sistema nervoso central de bovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.24, n.3, p.123-131, jul./set. 2004.

FAUQUET, C. M.; MAYO, M. A.; MANILOFF, J.; DESSELBERGER, U.; BALL, L. A. Virus Taxonomy. The eighth report. San Diego: Academic Press, 2004, 1162 p.

FRENCH, E.L. A specific virus encephalitis in calves: isolation and characterization of the causal agent. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.38, p.216-221, Apr. 1962.

GARDINER, M.R.; NAIRN, M.E.; SIER, A.M. Viral meningoencephalitis of calves in Western Australia. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.40, p.225-228, June 1964.

GOMES, L.I.; ROCHA, M.A.; COSTA, E.A.; LOBATO, Z.I.P.; MENDES, L.C.N.; BORGES, A.S.; LEITE, R.C.; BARBOSA-STANCIOLI, E.F. Detecção de herpesvírus bovino 5 (BoHV-5) em bovinos do Sudeste Brasileiro. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.54, n.2, p.217-220, 2002.

GOUGH, A.; JAMES, D. Isolation of IBR virus from a heifer with meningoencephalitis. Canadian Veterinary Journal, Guelph, v.16, n.10, p.313-314, Oct. 1975.

HILL, B.D.; HILL, M.W.M.; CHUNG, Y.S.; WHITTLE, R.J. Meningoencephalitis in calves due to bovine herpesvirus type 1 infection. Australian Veterinary Journal, Sydney, v.61, n.7, p.242-243, July 1984.

JAIN, N.C. Shalm’s Veterinary Hematology. 4.ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1986. 1220p.

Page 65: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

65

KAHRS, R.F. Infectious bovine rhinotracheitis: a review and update. Journal of American Veterinary Medical Association, Chicago, v.171, n.10, p.1055-1064, Nov. 1977.

LISBÔA, J.A.N.; ALFIERI,A.A.; BALARIN, M.R.S.; CLAUS, M.P.; ISERNHAGEN, A.J. Aspectos clínicos e diagnóstico da encefalite causada por HVB-5 em bezerros. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE BUIATRIA, 11., 2003, Salvador. Anais... Salvador, 2003. p.19.

MAYHEW, I.G. Large Animal Neurology: a handbook for veterinarians clinicians. Philadelphia: Lea & Febiger, 1989. 380p.

MEYER, G.; LEMAIRE, M.; LYAKU, J.; PASTORT, P.-P., THRY, E. Establishment of a rabbit model for bovine herpesvirus type 5 neurological acute infection. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.51, n.1-2, p.27-40, 1996.

MEYER, G.; LEMAIRE, M.; ROS, C.; BELAK, K.; GABRIEL, A.; CASSART, D.; COIGNOUL, F.; BELAK, S.; THIRY, E. Comparative pathogenesis of acute and latent infections of calves with bovine herpesvirus types 1 and 5. Archives of Virology, Vienna, v.146, n.4, p.633-652, 2001.

PEREZ, S.E.; BRETSCHNEIDER, G.; LEUNDA, M.R.; OSORIO, F.A.; FLORES, E.F.; ODEÓN, A.C. Primary infection, latency, and reactivation of bovine herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology, Lawrence, v.39, n.4, p.437-444, 2002.

RADOSTITS, O.M.; BLOOD, D.C.; GAY,C.C. Veterinary Medicine: a textbook of the diseases of cattle, sheep, pigs, goats and horses. 8th ed. London: Baillière Tindall, 1994. 1763p.

REED, R.H.; MUENCH, H. A single method of estimating fifty percent end points. American Journal Hygiene, v.27, p.493-497, 1938.

RIET-CORREA, F.; VIDOR, T.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C. Meningoencefalite e necrose do córtex cerebral em bovinos causadas por herpes vírus bovino-1. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.9, n.1/2, p.13-16, 1989.

ROCK, D.L. The molecular bases of latent infections by alphaherpesviruses. Seminars in Virology, v.4, p.157-165, 1993.

ROEHE, P.M.; SILVA, T.C.; NARDI, N.B.; OLIVEIRA, L.G.; ROSA, J.C.A. Diferenciação entre os vírus da rinotraqueíte infecciosa bovina (BHV-1) e herpesvírus da encefalite bovina (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 41-44, jan./mar. 1997.

SALVADOR, S.C.; LEMOS, R.A.A.; RIET-CORREA, F.; ROEHE, P.M.; OSÓRIO, A.L.A.R. Meningoencefalite em bovinos causada por herpesvírus bovino-5 no Mato Grosso do sul e São Paulo. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.76-83, abr./jun. 1998.

Page 66: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

66

SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 1998. 221p.

SANCHES, A.W.D.; LANGOHR, I.M.; STIGGER, A.L.; BARROS, C.S.L. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no Sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.20, n.3, p.113-118, jul./set. 2000.

SCOTT, P.R. Diagnostic techniques and clinicopathologic findings in ruminant neurologic disease. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Philadelphia, v.20, n.2, p.215-230, July 2004.

SILVA, A.M.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; BOTTON, S.A.; IRIGOYEN, L.F.; ROEHE, P.M.; BRUM, M.C.S.; CANTO, M.C. Infecção aguda e latente em ovinos inoculados com o herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.18, n.3/4, p.99-106, jul./dez. 1998.

SOUZA, V.F.; MELO,S.V.; ESTEVES, P.A.; SCHMIDT, C.S.; GONÇALVES, D.A.; SCHAEFER, R.; SILVA, T.C.; ALMEIDA, R.S.; VICENTINI, F.; FRANCO, A.C.; OLIVEIRA, E.A.; SPILKI, F.R.; WEIBLEN, R.; FLORES, E.F.; LEMOS, R.A.; ALFIERI, A.A.; PITUCO, E.M.; ROEHE, P.M. Caracterização de herpesvírus bovinos tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de janeiro, v.22, n.1, p.13-18, jan./mar. 2002.

STUDDERT, M.J. Bovine encephalitis herpesvírus. Veterinary Record, London, v.125, n.3, p.584, Dec. 1989.

TEIXEIRA, M.F.B.; ESTEVES, P.A.; COELHO, C.S.S.; SILVA, T.C.; OLIVEIRA, L.G.; ROEHE, P.M. Diferenças em níveis de anticorpos neutralizantes contra herpesvírus bovinos tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5). Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v.4, n.1, p.61-65, 1998.

THEIL, K.W.; McCLOSLEY, C.M.; SAIF, L.J.; REDMAN, D.R.; BOHL, E.H.; HANCOCK, D.D.; KOHLER, E.M.; MOORHEAD, P.D. Rapid, simple method of preparing rotaviral doublé-stranded ribonucleic acid for analysis by poliacrylamide gel eletrophoresis. Journal of Clinical microbiology, Washington, v.14, p.273-280, 1981.

VOGEL, F.S.F.; CARON, L.; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; WINKELMANN, E.R.; MAYER, S.V.; BASTOS, R.G. Distribution of bovine herpesvirus type 5 in the central nervous systems os latently, experimentally infected calves. Journal of Clinical Microbiology, Washington, v.41, n.10, p.4512-4520, Oct. 2003.

WATT, J.A.; JOHNSTON, W.S.; MACLEOD, N.S.; BARLOW, R.M. Infectious bovine rhinotracheitis and encephalitis. Veterinary Record, London, v.108, n.3, p.63-64, Jan. 1981.

WEIBLEN, R.; BARROS, C.S.L.; CANABARRO, T.F.; FLORES, I.E. Bovine meningo-encephalitis from IBR virus. Veterinary Record, London, v.124, n.25, p.666-667, June 1989.

Page 67: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

67

4 CONCLUSÕES

Page 68: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

68

CONCLUSÕES

A infecção pelo BoHV-5 nem sempre vem acompanhada pela manifestação de sinais

de distúrbios neurológicos. Os sinais clínicos apresentados pelos bezerros e o tempo

de evolução são variáveis e não possuem um padrão característico.

A pleiocitose mononuclear é uma alteração marcante no líquor e auxilia no

diagnóstico ainda em vida. As alterações do leucograma são discretas e inespecíficas.

As alterações histológicas do sistema nervoso caracterizam-se por infiltrado

mononuclear e áreas de malácia, variam em intensidade e ocorrem principalmente no

telencéfalo e no diencéfalo.

O vírus pode se encontrar em diferentes locais do encéfalo, no gânglio do nervo

trigêmeo e, eventualmente, no líquor. A presença do genoma viral nem sempre é

acompanhada pelo isolamento bem sucedido.

Page 69: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

69

5 APÊNDICES

Page 70: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

70

APÊNDICE A – LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores individuais da temperatura retal (ºC) aferida à tarde nos bezerros experimentalmente infectados com o BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 39,0 39,1 39,9 40,7 39,8 39,9 39,5 1 39,3 39,5 39,2 40,4 39,5 39,3 38,7 2 39,1 39,5 40,0 40,7 39,7 39,4 38,3 3 39,5 39,4 39,8 40,6 39,3 39,9 38,4 4 39,3 39,5 39,8 40,6 39,6 40,3 38,3 5 39,4 39,6 39,8 40,1 39,6 40,0 39,0 6 39,8 39,7 39,6 40,2 39,7 40,0 39,2 7 39,30 39,7 39,6 39,9 40,0 40,9 39,2 8 39,3 39,3 39,6 40,3 39,7 41,2 40,1 9 39,5 39,3 39,8 - 40,4 39,3 40,6

10 39,6 39,2 39,8 - 40,8 39,5 40,7 11 40,2 39,2 39,9 - 41,0 41,0 39,6 12 40,7 39,3 40,0 - 41,2 - 38,6 13 39,8 39,3 39,8 - 40,7 - 38,9 14 39,5 39,1 - - 40,3 - 38,6 15 39,2 39,2 - - 40,0 - 38,4 16 39,3 39,2 - - 40,5 - 38,9 17 39,5 39,4 - - 39,6 - 39,0 18 38,9 39,7 - - 39,9 - 39,2 19 38,5 39,1 - - 39,6 - 38,1 20 - 39,3 - - 39,9 - 38,9 21 - 39,4 - - 39,9 - 38,9 22 - 39,2 - - 39,4 - 39,0 23 - 38,8 - - 40,2 - 38,9 24 - 38,8 - - 40,6 - 38,2 25 - 39,0 - - 40,5 - 38,8 26 - 38,9 - - 40,0 - 39,0 27 - 38,9 - - 39,6 - 38,8 28 - 38,9 - - 39,3 - 39,3 29 - 38,6 - - 39,0 - 39,2 30 - 38,6 - - - - 39,0

Page 71: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

71

Tabela 2 Valores individuais da freqüência cardíaca (batimentos por minutos) aferida à tarde dos bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 88 88 62 70 78 82 92 1 100 100 64 74 72 78 60 2 100 96 68 68 82 82 84 3 98 84 68 70 68 78 60 4 98 94 88 78 76 84 100 5 110 92 82 78 68 74 80 6 100 92 82 74 66 70 96 7 102 84 84 70 74 80 104 8 98 80 82 76 76 64 120 9 96 82 92 - 70 56 76

10 96 96 86 - 82 64 72 11 64 84 78 - 86 98 88 12 82 92 116 - 68 - 70 13 70 88 138 - 68 - 90 14 96 78 - - 76 - 72 15 140 90 - - 66 - 64 16 128 92 - - 73 - 70 17 104 84 - - 82 - 90 18 82 90 - - 88 - 66 19 122 84 - - 76 - 88 20 - 100 - - 90 - 104 21 - 92 - - 88 - 88 22 - 84 - - 72 - 76 23 - 92 - - 82 - 64 24 - 90 - - 82 - 82 25 - 84 - - 100 - 78 26 - 100 - - 84 - 84 27 - 98 - - 74 - 88 28 - 86 - - 89 - 72 29 - 88 - - 88 - 80 30 - 90 - - - - 90

Page 72: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

72

Tabela 3 Valores individuais da freqüência respiratória (movimentos por minuto) aferida à tarde dos bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 36 28 32 28 30 28 40 1 30 26 20 22 22 28 32 2 36 24 34 22 28 28 34 3 42 20 30 28 24 26 32 4 38 28 30 24 30 30 32 5 40 30 30 26 24 24 36 6 44 35 34 26 40 26 24 7 44 32 20 18 36 34 36 8 40 30 22 18 38 48 40 9 32 28 30 - 36 38 32

10 42 26 18 - 44 34 48 11 26 28 22 - 50 52 64 12 20 36 28 - 40 - 36 13 27 29 22 - 40 - 54 14 20 32 - - 26 - 36 15 16 24 - - 43 - 36 16 18 28 - - 44 - 36 17 18 28 - - 40 - 28 18 16 24 - - 60 - 20 19 17 30 - - 34 - 24 20 - 30 - - 40 - 60 21 - 27 - - 32 - 64 22 - 30 - - 34 - 56 23 - 32 - - 20 - 36 24 - 28 - - 22 - 50 25 - 27 - - 30 - 38 26 - 30 - - 38 - 48 27 - 32 - - 28 - 36 28 - 30 - - 45 - 32 29 - 30 - - 40 - 32 30 - 30 - - - - 38

Page 73: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

73

Tabela 4 Valores individuais do número de hemácias sanguíneas (milhões/mm3) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Tabela 5 Valores individuais do volume globular (%) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 29 22 37 33 31 44 26 2 28 23 36 32 33 43 27 4 27 23 37 31 34 43 25 6 25 21 35 33 35 43 21 8 27 24 34 32 33 40 17

10 28 23 34 - 33 42 19 12 28 24 36 - 33 - 20 14 28 24 - - 33 - 22 16 35 24 - - 34 - 23 18 35 24 - - 33 - 26 20 36 24 - - 35 - 27 22 - 24 - - 34 - 28 24 - 26 - - 30 - 28 26 - 25 - - 30 - 30 28 - 27 - - 30 - 30 30 - 27 - - 31 - 27

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 5,80 4,40 7,76 6,93 6,50 9,24 6,08 2 5,60 4,60 7,56 6,72 6,93 9,02 6,10 4 5,40 4,59 7,77 6,51 7,14 9,03 5,25 6 4,99 4,20 7,35 6,93 7,34 9,02 4,41 8 5,40 4,80 7,14 6,88 6,87 8,33 3,56

10 5,60 4,59 7,13 - 6,90 8,78 4,00 12 5,59 4,80 7,53 - 6,90 - 4,19 14 5,59 4,80 - - 6,90 - 4,62 16 6,99 4,80 - - 7,11 - 4,82 18 6,99 4,80 - - 6,92 - 5,44 20 7,56 5,04 - - 7,34 - 5,67 22 - 5,04 - - 7,13 - 5,85 24 - 5,45 - - 6,30 - 5,87 26 - 5,25 - - 6,35 - 6,30 28 - 5,67 - - 8,60 - 6,29 30 - 5,67 - - 8,50 - 5,67

Page 74: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

74

Tabela 6 Valores individuais da hemoglobina plasmática (g/dL) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Tabela 7 Valores individuais do volume globular médio (fl) calculado em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 9,5 7,3 11,4 10,8 11,1 14,8 8,5 2 10,2 8,9 11,6 10,6 12 14,7 8,3 4 10,4 8,2 12,1 10,8 11,4 14 7,4 6 9,8 7,6 10,9 9,8 11,8 14,3 6,6 8 10,7 8,3 9,8 9,3 11 13,4 5,2

10 10,4 8,6 10 - 11,6 14 6,4 12 10,2 8,4 10,4 - 10,5 - 6,5 14 12 9,2 - - 10,3 - 7,1 16 13 9,1 - - 10,5 - 7,1 18 12,4 9,1 - - 10,2 - 8,4 20 12,7 9,1 - - 10,5 - 8,2 22 - 8,6 - - 11 - 8,4 24 - 9,6 - - 9,9 - 9,7 26 - 9,4 - - 9,5 - 9,9 28 - 7,8 - - 9,7 - 10,3 30 - 9,3 - - 8,9 - 8,9

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 50,0 50,0 47,7 47,6 47,7 47,6 50,0 2 50,0 50,0 47,6 47,6 47,6 47,7 50,0 4 50,0 50,1 47,6 47,6 47,6 47,6 50,1 6 50,1 50,0 47,6 47,6 47,7 47,7 50,0 8 50,0 50,0 47,6 46,5 48,0 48,0 50,0

10 50,0 50,1 47,7 - 47,8 47,8 50,1 12 50,1 50,0 47,8 - 47,8 - 50,0 14 50,1 50,0 - - 47,8 - 50,0 16 50,1 50,0 - - 47,8 - 50,0 18 50,1 50,0 - - 47,7 - 50,0 20 47,6 47,6 - - 47,7 - 47,6 22 - 47,6 - - 47,7 - 47,6 24 - 47,7 - - 47,6 - 47,7 26 - 47,6 - - 47,2 - 47,6 28 - 47,6 - - 34,9 - 47,6 30 - 47,6 - - 36,5 - 47,6

Page 75: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

75

Tabela 8 Valores individuais da concentração de hemoglobina globular média (%) calculada em bezerros experimentalmente infectados com o BoHV-5.

p.i. – pós-infecção

Tabela 9 Valores individuais dos leucócitos sanguíneos (/mm3) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 10.350 9.350 9.600 9.850 6.800 9.000 10.600 2 5.600 6.300 6.950 7.450 5.600 7.950 11.800 4 10.050 9.450 6.750 6.900 6.450 10.700 9.400 6 10.350 9.200 7.700 6.000 9.550 9.700 10.050 8 8.570 5.920 7.450 7.150 6.400 14.250 11.150

10 7.000 5.700 9.700 - 7.050 22.000 5.500 12 9.450 6.400 14.950 - 6.650 - 8.550 14 12.400 4.700 - - 6.850 - 6.700 16 9.800 5.750 - - 7.950 - 5.550 18 12.650 8.400 - - 6.300 - 7.050 20 25.200 7.600 - - 7.400 - 8.250 22 - 6.350 - - 6.800 - 7.600 24 - 8.000 - - 9.850 - 8.300 26 - 7.250 - - 10.400 - 10.350 28 - 7.150 - - 6.450 - 6.300 30 - 7.700 - - 4.775 - 7.670

p.i. – pós-infecção

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 32,8 33,2 30,8 32,7 35,8 33,6 32,7 2 36,4 38,7 32,2 33,1 36,4 34,2 30,7 4 38,5 35,7 32,7 34,8 33,5 32,6 29,6 6 39,2 36,2 31,1 29,7 33,7 33,3 31,4 8 39,6 34,6 28,8 29,1 33,3 33,5 30,6

10 37,1 37,4 29,4 - 35,2 33,3 33,7 12 36,4 35,0 28,9 - 31,8 - 32,5 14 42,9 38,3 - - 31,2 - 32,3 16 37,1 37,9 - - 30,9 - 30,9 18 35,4 37,9 - - 30,9 - 32,3 20 35,3 37,9 - - 30,0 - 30,4 22 - 36,0 - - 32,4 - 30,0 24 - 36,9 - - 33,0 - 34,6 26 - 37,6 - - 31,7 - 33,0 28 - 28,9 - - 32,3 - 34,3 30 - 34,4 - - 28,7 - 33,0

Page 76: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

76

Tabela 10 Valores individuais dos leucócitos segmentados sanguíneos (/mm3) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 2.484 1.496 4.608 2.266 1.224 4.140 2.120 2 952 1.197 4.170 1.192 616 1.829 1.416 4 1.910 2.646 3.105 1.587 2.258 2.889 2.538 6 1.449 460 3.465 480 1.815 2.910 1.809 8 1.114 533 3.129 1.001 1.024 5.843 2.453

10 1.050 969 4.947 - 2.609 11.880 1.925 12 1.418 1.088 9.120 - 2.195 - 1.710 14 3.472 799 - - 1.779 - 1.139 16 3.430 690 - - 1.272 - 1.388 18 5.313 1.512 - - 1.827 - 1.058 20 17.892 3.116 - - 1.850 - 1.733 22 - 1.016 - - 2.244 - 3.420 24 - 1.440 - - 5.713 - 2.158 26 - 1.885 - - 4.992 - 4.347 28 - 1.144 - - 2.903 - 1.512 30 - 1.309 - - 3.533 - 2.071

p.i. – pós-infecção

Tabela 11 Valores individuais dos linfócitos sanguíneos (/mm3) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 7.742 7.854 4.896 7.485 5.372 4.410 8.268 2 4.368 5.103 2.710 6.183 4.872 6.041 10.030 4 7.537 6.709 3.510 5.313 4.127 7.383 6.674 6 8.694 8.280 4.235 5.520 7.447 6.402 8.241 8 7.027 5.328 4.321 6.077 5.184 7.268 8.585

10 5.670 4.674 4.559 - 4.299 6.600 3.575 12 8.032 5.248 4.635 - 4.187 - 6.840 14 8.928 3.666 - - 4.795 - 5.561 16 6.370 5.002 - - 6.598 - 4.051 18 7.337 6.888 - - 4.221 - 5.709 20 6.300 4.408 - - 5.328 - 6.269 22 - 5.206 - - 4.284 - 3.724 24 - 6.560 - - 4.137 - 5.893 26 - 5.292 - - 4.576 - 4.968 28 - 5.934 - - 3.482 - 4.725 30 - 6.237 - - 3.533 - 5.522

p.i. – pós-infecção

Page 77: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

77

Tabela 12 Valores individuais dos monócitos sanguíneos (/mm3) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez 1 Bez 3 Bez 6 Bez 7 Bez 9 Bez 11 Bez 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 0 0 96 99 136 270 212 2 0 0 0 0 112 80 118 4 0 0 135 0 65 428 188 6 0 0 0 0 288 388 0 8 0 0 0 72 192 1.139 112

10 0 0 194 - 71 2.200 0 12 0 0 1.195 - 201 - 0 14 0 141 - - 276 - 0 16 0 0 - - 80 - 0 18 0 0 - - 189 - 141 20 756 0 - - 148 - 165 22 - 64 - - 272 - 380 24 - 0 - - 0 - 166 26 - 0 - - 416 - 828 28 - 72 - - 0 - 0 30 - 77 - - 96 - 177

p.i. – pós-infecção

Tabela 13 Valores individuais do fibrinogênio plasmático (mg/dL) em bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 200 400 800 600 400 500 200 2 400 400 800 800 400 600 200 4 400 600 600 600 400 200 300 6 400 400 600 600 600 600 300 8 200 800 600 400 600 600 400

10 200 800 600 - 400 900 600 12 400 600 800 - 800 - 400 14 600 400 - - 600 - 400 16 1000 800 - - 800 - 600 18 1000 600 - - 800 - 500 20 1200 600 - - 1000 - 400 22 - 400 - - 700 - 200 24 - 400 - - 500 - 600 26 - 200 - - 600 - 500 28 - 400 - - 600 - 400 30 - 100 - - 800 - 600

p.i. – pós-infecção

Page 78: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

78

Tabela 14 Valores individuais das células nucleadas (/mm3) presentes no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 7 2 - 3 16 7 10 9 - - - 81 - - -

11 133 - 472 - - 121 - 13 191 - 210 - - - - 15 187 - - - - - - 19 178 - - - - - - 21 - 54 - - 2 - 82 23 - 220 - - - - 117 26 - 25 - - - - 109 30 - 27 - - 4 - 30

p.i. – pós-infecção

Tabela 15 Valores individuais dos leucócitos mononucleares (/mm3) presentes no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 6 0 - 0 15 6 8 9 - - - 79 - - -

11 130 - 458 - - 113 - 13 187 - 200 - - - - 15 181 - - - - - - 19 167 - - - - - - 21 - 52 - - 0 - 80 23 - 202 - - - - 116 26 - 24 - - - - 108 30 - 26 - - 0 - 29

p.i. – pós-infecção

Page 79: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

79

Tabela 16 Valores individuais dos neutrófilos (/mm3) presentes no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 1 0 - 0 1 1 2 9 - - - 2 - - -

11 3 - 14 - - 8 - 13 4 - 10 - - - - 15 6 - - - - - - 19 11 - - - - - - 21 - 2 - - 0 - 2 23 - 18 - - - - 1 26 - 1 - - - - 1 30 - 1 - - 0 - 1

p.i. – pós-infecção

Tabela 17 Valores individuais da proteína (mg/dL) presente no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 14,3 9,5 - 6 14,4 32,2 18,8 9 - - - 12,1 - - -

11 26 - 28,8 - - 48,8 - 13 55,2 - 9,2 - - - - 15 60,4 - - - - - - 19 108,7 - - - - - - 21 - 30 - - 15,5 - 63,3 23 - 44,7 - - - - 54,4 26 - 13 - - - - 52,2 30 - 17,3 - - 20 - 30

p.i. – pós-infecção

Page 80: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

80

Tabela 18 Valores individuais da AST (UI/L) presente no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 6,9 3,4 - 6,9 17,4 24,3 20,8 9 - - - 15,6 - - -

11 17,4 - 8,6 - - 36,5 - 13 139,2 - 13,9 - - - - 15 132,2 - - - - - - 19 172,3 - - - - - - 21 - 12,1 - - 13,9 - 53,9 23 - 10,4 - - - - 34,8 26 - 13,9 - - - - 46,9 30 - 34,8 - - 6,9 - 29,5

p.i. – pós-infecção

Tabela 19 Valores individuais da glicose (mg/dL) presente no líquor de bezerros experimentalmente infectados com BoHV-5.

Dias p.i. Bez. 1 Bez. 3 Bez. 6 Bez. 7 Bez. 9 Bez.11 Bez. 12

sintomático assintomático sintomático sintomático assintomático sintomático assintomático

0 46,3 51,5 - 42,4 55 17,5 50,3 9 - - - 45,5 - - -

11 69,4 - 35,4 - - 9,7 - 13 44,6 - 41 - - - - 15 69,7 - - - - - - 19 80,0 - - - - - - 21 - 72,5 - - 49,6 - 45,2 23 - 73,8 - - - - 80 26 - 43,2 - - - - 44,3 30 - 41,4 - - 41,5 - 42,7

p.i. – pós-infecção

Page 81: CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS … · 2007-08-06 · ISERNHAGEN, A.J. Herpet 9 ABSTRACT ic meningoencephalitis in calves: clinical feature and diagnosis. Dissertação

This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com.The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.This page will not be added after purchasing Win2PDF.