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CENSURA A LIVROS NO BRASIL Aline Conceição Ferreira da Silva Email: [email protected] Apresentação A ditadura é um tipo de regime político no qual o governante possui poder e autoridade absoluta, ou seja, todos os poderes do Estado ficam concentrados em uma única pessoa. Esse tipo de regime originou-se na Roma Antiga, quando ditadores eram nomeados em situações emergenciais, como em período de guerra ou sublevações internas, por exemplo. Entretanto, significado do conceito moderno de ditatura difere do modelo da Antiguidade, já que o ditador romano respondia por seus atos perante a lei e sua permanência no poder tinha um prazo determinado. Segundo Novinsky (2002) 1 , censurar é a mais forte arma que os regimes ditatoriais utilizam para impedir a propagação de ideias que podem colocar em dúvida a organização do Poder e o seu direito sobre a sociedade. A censura aos meios de comunicação de massa é frequentemente utilizada com o intuito de reforçar a dominação política. Desta forma, controlar e manipular as informações às quais a população terá acesso favorece o sucesso do regime. O Brasil enfrentou dois períodos de ditadura política: entre 1937 e 1945, durante o governo de Getúlio Vargas e entre os anos de 1964 e 1985, período conhecido como Ditadura Militar. Em ambos os períodos, todos os meios de comunicação sofreram algum tipo de censura. Com os livros e o setor editorial não foi diferente. É importante salientar que a censura a livros no Brasil antecede esses dois períodos, tendo ocorrido desde os tempos coloniais (século XVI) através da proibição de impressões de livros na Colônia. Todos os livros que circulavam no país precisavam estar autorizados previamente pela Corte. 1 NOVINSKY, A. Os regimes totalitários e a censura. In: Minorias silenciadas: história da censura no Brasil. São Paulo: Fapesp. 2002. 614 p.

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CENSURA A LIVROS NO BRASIL

Aline Conceição Ferreira da Silva

Email: [email protected]

Apresentação

A ditadura é um tipo de regime político no qual o governante possui poder e

autoridade absoluta, ou seja, todos os poderes do Estado ficam concentrados em uma

única pessoa. Esse tipo de regime originou-se na Roma Antiga, quando ditadores eram

nomeados em situações emergenciais, como em período de guerra ou sublevações

internas, por exemplo.

Entretanto, significado do conceito moderno de ditatura difere do modelo da

Antiguidade, já que o ditador romano respondia por seus atos perante a lei e sua

permanência no poder tinha um prazo determinado.

Segundo Novinsky (2002)1, censurar é a mais forte arma que os regimes

ditatoriais utilizam para impedir a propagação de ideias que podem colocar em dúvida a

organização do Poder e o seu direito sobre a sociedade. A censura aos meios de

comunicação de massa é frequentemente utilizada com o intuito de reforçar a

dominação política. Desta forma, controlar e manipular as informações às quais a

população terá acesso favorece o sucesso do regime.

O Brasil enfrentou dois períodos de ditadura política: entre 1937 e 1945, durante

o governo de Getúlio Vargas e entre os anos de 1964 e 1985, período conhecido como

Ditadura Militar. Em ambos os períodos, todos os meios de comunicação sofreram

algum tipo de censura. Com os livros e o setor editorial não foi diferente.

É importante salientar que a censura a livros no Brasil antecede esses dois

períodos, tendo ocorrido desde os tempos coloniais (século XVI) através da proibição

de impressões de livros na Colônia. Todos os livros que circulavam no país precisavam

estar autorizados previamente pela Corte.

1 NOVINSKY, A. Os regimes totalitários e a censura. In: Minorias silenciadas: história da censura no

Brasil. São Paulo: Fapesp. 2002. 614 p.

Page 2: CENSURA A LIVROS NO BRASIL - s3-sa-east-1.amazonaws.com · adotava uma listagem de livros e conteúdos proibidos de serem publicados, o Index Librorum Prohibitorum, criado no século

A presente pesquisa é baseada na relação entre poder e o acesso à informação,

analisando a maneira pela qual a censura imposta pelo Estado foi praticada em relação

aos livros publicados no Brasil.

Existem diversas obras e pesquisas relacionadas aos excessos cometidos durante

a ditadura, mas a bibliografia torna-se escassa no que diz respeito à censura sofrida

pelos livros. Isso pôde ser verificado através de uma prévia pesquisa bibliográfica sobre

o tema. Por esse motivo, surgiu o interesse de se aprofundar e analisar como isso

ocorreu.

O bibliotecário trabalha com a informação de maneira a administrá-la e torná-la

acessível ao usuário final, assim como as bibliotecas constituem-se em um espaço de

acesso e disseminação democrática da informação. É importante analisar o papel que a

política do país pode exercer na atuação das bibliotecas perante a sociedade a partir do

momento que passa a interferir na sua política de seleção e na difusão das informações

às quais a sociedade pode ter acesso.

Nos primeiros séculos, a censura no Brasil era determinada não só por questões

políticas, mas inicialmente pautada na moralidade e manutenção dos bons costumes,

visto que a censura aos livros em Portugal era influenciada pela Igreja Católica que já

adotava uma listagem de livros e conteúdos proibidos de serem publicados, o Index

Librorum Prohibitorum, criado no século XV.

Apesar do cunho religioso, a censura imposta pela Igreja em relação à circulação

de ideias contidas nos livros não difere muito da censura imposta pelos regimes

ditatoriais, pois ambos foram instaurados com o objetivo de manutenção do poder.

Atualmente, o país vive um novo contexto em relação à democratização da

informação através da Lei 12.527 sancionada em 18 de novembro de 2011. Esta lei

permite que haja uma maior participação popular e o controle social das ações

governamentais. A pesquisa permeará este aspecto como forma de traçar uma breve

perspectiva acerca do acesso e difusão da informação e o papel das bibliotecas

atualmente.